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Ministério da EducaçãoSecretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia GoianoCurso de Agronomia
ATLAS DE DESCRIÇÕES MICOLÓGICAS
Turma 2º. Semestre 2011.
1
Urutaí, 01 de fevereiro de 2012.
2
SUMÁRIO
Aspectos gerais e morfológicos de Pythium aphanidermatum ............................ 3
Aspectos gerais e morfológicos do fungo Aphanomyces euteiches Drechsler .... 9
Aspectos gerais e morfológicos de Beltrania sp. ............................................... 12
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris cynodontis ................................... 15
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris sorokiniana .................................. 20
Aspectos gerais e morfológicos de Alternaria padwickii. .................................... 25
Aspectos gerais e morfológicos de Colletotrichum truncatum ........................... 29
Aspectos gerais e morfológicos do fungo Monilia fructicola (Wint.) Honey ....... 33
Aspectos gerais e morfológicos do fungo Alternaria dianthicola ....................... 35
Aspectos gerais e morfológicos de Cylindrocladium pteridis ............................. 39
Aspectos gerais e morfológicos de Coemansia aciculifera ................................ 46
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris spicifera ....................................... 49
Aspectos gerais e morfológicos de Colletotrichum falcatum .............................. 54
Aspectos gerais e morfológicos de Nectria galligena ......................................... 57
Aspectos gerais e morfológicos de Coniothyrium sp. ........................................ 61
Aspectos gerais e morfológicos de Cylindrocarpon destructans ....................... 66
Aspectos gerais e Morfológico de Fusarium solani ............................................ 70
Aspectos gerais e morfológicos de Fusarium semitectum ................................. 74
Aspectos gerais e morfológicos de Fusarium graminearum .............................. 80
Aspectos gerais e morfológicos de Fusarium decemcellulare ........................... 83
3
Aspectos gerais e morfológicos de Pythium aphanidermatum
AdrianoMartins Barbosa
INTRODUÇÃO.
Foi descrito pela primeira vez por Edson Fitzp, em 1923 e sua
classificação taxonômica se dispõe da seguinte forma:, pertencente ao reino
Chromista. sub-reino Chromobiota, filo Oomycota, domínio Eukaryota, família
Pythiaceae, classe Oomycetos, ordem Pythiales. Possui como sinonímias
Nematosporangium aphanidermatum Fitzp (1923) e Rheosporangium
aphanidermatum Edson (1915) (INDEXFUNGORUM, 2011)
Apresenta como forma teleomórfica, Thanatephorus cucumeris, não é
conhecida forma anamórfica para este fungo. (ITFNET, 2011)
Se trata de um patógeno cosmopolita (ocorre em todo o mundo), com
uma ampla gama de hospedeiros.
O Pythium aphanidermatum produz uma proteína que as vezes
apresenta semelhanças estruturais com toxinas citolítica produzida por
organismos marinhos (actinoporins).(NCBI, 2011)
Na ausência do hospedeiro, sobrevive saprofiticamente
(Obtendo os nutrientes necessários para seu desenvolvimento a partir de
tecidos mortos) em restos culturais ou permanece dormente no solo, através de
seu oósporo. Apresentam celulose em sua parede celular ao invés de quitina
(BERGAMIN & KIMATIET al., 1995).
O gênero Pythium apresenta em torno de 210 espécies, dentre as
quais, as 100 mais conhecidas são P. abappressorium, P. acanthicum, P.
acanthophoron, P. acrogynum, P. adhaerens, P. afertile, P. akanense, P.
amasculinum, P. anandrum, P. anguillulae, P. anguillulae-aceti, P. angustatum,
P. aphanidermatum, P. apleroticum, P. aquatile, P. aristosporum, P.
arrhenomanes, P. ascophallon, P. attrantheridium, P. australe, P. betae • P.
bifurcatum, P. boreale, P. borealis, P. buismaniae, P. butleri, P. campanulatum,
P. canariense • P. capillosum, P. carbonicum, P. carolinianum, P. catenulatum, P.
chamaehyphon, P. chlorococci, P. chondricola, P. circumdans, P. citrinum, P.
coloratum, P. complens, P. conidiophorum, P. connatum, P. contiguanum, P.
cryptoirregulare, P. cucurbitacearum, P. cylindrosporum, P. cystogenes, P.
4
cystosiphon, P. dactyliferum, P. daphnidarum, P. de-baryanum, P. debaryanum,
P. deliense, P. destruens, P. diacarpum, P. diameson • P. dichotomum • P.
diclinum • P. dictyospermum • P. dictyosporum • P. dimorphum, P. dissimile, P.
dissotocum, P. drechsleri, P. echinocarpum, P. echinulatum, P. elongatum, P.
epigynum, P. equiseti , P. erinaceum, P. fabae, P. fecundum ,P. ferax , P.
fimbriatum • P. flavoense • P. flevoense • P. fluminum var. flavum • P. fluminum
var. fluminum ,P. folliculosum, P. fragariae, P. gibbosum, P. globosum, P.
glomeratum, P. gracile • P. graminicola • P. grandilobatum • P. grandisporangium
• P. helicandrum • P. helicóides, P. hemmianum, P. heterothallicum, P.
hydnosporum, P. hydrodictyorum, P. hypoandrum, P. hypogynum, P.
imperfectum, P. incertum, P. indigoferae, P. inflatum,P. insidiosum, P.
intermedium. (ZIPCODEZOO, 2011)
É uma espécie agressiva de Pythium, suas ações de patogenia em
plantas incluem tombamento de raiz, caule e também apodrecimento, é
também praga de gramíneas e frutas. É de preocupação econômica na maioria
dos anuários. O fungo prefere temperaturas entre 27 e 34°C e piso molhado
(potencial hídrico de 0 a -0,01 bars). Tem uma ampla gama de hospedeiros,
provoca perdas econômicas na produção de beterraba, pimentão, crisântemo,
cucurbitáceas, algodão e gramíneas. Sobrevive e cresce melhor em solos
úmidos. Temperaturas quentes favorecem seu desenvolvimento, o que o torna
um problema na maioria estufas. (CALS, 2011)
Existem no mundo 576 relatos de Pythium aphanidermatum em 236
hospedeiros diferentes, estes casos ocorreram nos seguintes países: África do
Sul, Austrália, Brasil, Bulgária, Canadá, Chile, China, Costa Rica, Espanha,
França, Geórgia, Gana, Grécia, Havaí, Honduras, Hong Kong, Índia, Inglaterra,
Indonésia, Israel, Itália, Jamaica, Japão, Kênia, Koreia, Malauí, Península
Malaia, Malásia, México, Nepal, Noruega, Panamá, Polônia, Porto Rico,
Rússia, Sudão, Taiwan, Tanzânia, Tailândia, Venezuela, Ilhas Virgens, Zâmbia
e Zimbábue. (FARR E ROSSMAN, 2011).
No Brasil P. aphanidermatum foi encontrado nos seguintes
hospedeiros: Arachis hypogaea, Capsicum sp., Citrus sp., Cucumis sativus,
Luffa acutangula, Lycopersicon esculentum, Phaseolus vulgaris, Saccharum
officinarum, Solanum gilo, Solanum melongena, Stapelia grandiflora, Vigna
unguiculata e Zea mays (FARR E ROSSMAN, 2011).
5
Podridões radiculares causadas por espécies de Pythium
aphanidermatum são um importante problema em cultivos hidropônicos.
Sintomas de subdesenvolvimento são observados nas plantas parasitadas pelo
patógeno, sendo muitas vezes não diagnosticados pelo produtor. A inoculação
das plantas com Pythium aphanidermatum ocasionou o subdesenvolvimento,
sendo essa diminuição de 20%. (CORRÊA, BETTIOL, SUTTON, 2010)
As podridões de raízes e de colos de plantas encontram-se entre os
problemas fitossanitários de maior importância mundial. Vários são os
fitopatógenos de solo associados às podridões e ao tombamento de plântulas,
e algumas espécies do gênero Pythium estão entre as mais preocupantes, pois
estão amplamente distribuídas e afetam uma grande variedade de culturas de
importância econômica (MARTIN & LOPER, 1999 apud LUCON et al. 2008).
Quando as condições ambientais encontram-se favoráveis aos patógenos e
adversas às plantas, esses podem causar grandes prejuízos aos produtores,
principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura (KUCHAREK,
2000; TANAKA et al., 2003 apud LUCON et al. 2008).
Canagallo (2009) lista Pythium aphanidermtum (Edson) Fitzpatrick, P.
aristoporum Vanterpool, P. arrhenomanes Drechs, P. Subrum graminicola, P.
Irregulare, P. myriotylum Drechs, P. volutum, P. vanterpooli Kouy & Kouy, como
espécies de Pythium que podem infectar raízes e coroas de espécies de
gramíneas na estação inverno. Os sintomas podem aparecer em qualquer
época do ano, embora são mais associados com períodos de chuvosos, ou
com irrigação excessiva, também solos com pouca drenagem ou muito
compactados.
As cucurbitáceas, principalmente o pepino, são bastante suscetíveis ao
ataque de Pythium spp.; em condições de temperaturas mais elevadas, a
espécie P. aphanidermatum é encontrada com grande freqüência (Kucharek,
2000).
Os principais agentes causais da prodidão incluem Pythium
aphanidermatum, Pythium dissotocum, Pythium ultimum var. Ultimum.
Atcacam diversas culturas hidropônicas, dentre as quais incluem-se pepino,
tomate, pimentão, espinafre, alface, capuchinha, rúcula, rosa, e crisântemo.
(SUTON, et al.2006)
6
O gengibre é uma importante cultura comercial em países tropicais e
subtropicais. O caule (rizoma),é utilizado mundialmente como uma especiaria
para aromatizar uma infinidade de alimentos e derivados. Ele também é usado
em medicamentos, especialmente em medicamentos tradicionais da Índia
(LAWRENCE 1984;. SELVAN et al 2002) apud (P.G. KAVITHA & G. THOMAS).
A Índia é o maior produtor e exportador de gengibre do mundo, seguido pela
China, Nigéria, Indonésia, Bangladesh e Tailândia. Na Índia,o estado de Kerala
ocupa o primeiro lugar em termos de área plantada e produção total (SELVAN
et al. 2002 apud (P.G. KAVITHA & G. THOMAS 2004)
A podridão mole é uma doença altamente destrutiva no gengibre; em
algumas áreas do mundo, a podridão mole é conhecida por destruir 80 a 90%
da safra anual (LAWRENCE 1984; DAKE, 1995) apud (P.G. KAVITHA G.
THOMAS). Muitas espécies do patógeno Pythium têm sido associadass a
podridão mole, mas, deles, a espécie mais prevalecente e amplamente
distribuída é Pythium. aphanidermatum (DAKE E EDISON 1989) apud (P.G.
KAVITHA G. THOMAS)
É uma espécie agressiva de Pythium, causando tombamento de raiz,
caule e também apodrecimento, é também praga de gramíneas e frutas. É de
preocupação econômica na maioria dos anuários O fungo prefere temperaturas
entre 27 e 34°C e piso molhado (potencial hídrico de 0 a -0,01 bars). Tem uma
gama de hospedeiros muito ampla, provoca perdas econômicas na produção
de beterraba, pimentão, crisântemo, cucurbitáceas, algodão e gramíneas. Ele
sobrevive e cresce melhor em solos úmidos. Temperaturas quentes favorecem
o patógeno, tornando-se um problema na maioria estufas. (CALS, 2011)
Como praga, pode ser combatido com controle biológico, utilizando
microrganismos como as Pseudomonas fluorescens, Clonostachys rósea,
Bacilluss subtilis, Trichoderma spp.(PORTALHIDROPONIA, 2011)
Não existem relatos oficiais a respeito de infecções em seres humanos
causadas a partir de P. aphanidermatum. (JCM, 2011)
Não existem relatos oficiais a respeito de infecções causadas a
partir de Pythium aphanidermatum em seres humanos. (JCM, 2011)
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos
do fungo Pythium aphanidermatum
7
2. MATERIAIS E MÉTODOS.
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Instituto
Federal Goiano Campus Urutaí, sob a supervisão do professor Dr. Milton Luiz
da Paz Lima.
Os propágulos fungicos foram extraídos de uma amostra de pepino
contaminada que foi enviada ao laboratório, com o uso do microscópio
estereoscópico, observou-se a região lesionada, depois de observada, a
amostra foi levada a bancada.
Com o auxílio de uma pinça, uma lâmina foi flambada no bico de
Bunsen e colocada sobre a bancada, e no seu centro foi gotejada uma gota de
corante azul de algodão lactophenol. Com uma agulha esterilizada em bico de
Bunsen, extraíram-se os propágulos por meio de raspagem, em seguida os
propágulos foram depositados na gota de corante presente no centro da
lâmina.
Logo em seguida uma lamínula foi sobreposta a região da lâmina
aonde se encontrava os propágulos, o excesso de corante removido com papel
higiênico, e a lamínula vedada a lâmina com o uso de esmalte.
Após preparada, a lâmina semi-permanente foi levada ao microscópio
óptico, onde se utilizou da objetiva menor de 4x para a localização das
estruturas fungicas presentes na lâmina. Depois de localizadas, foram
observadas com objetivas maiores, de 10x e posteriormente de 20x e também
de 40x.
Utilizando uma objetiva métrica, foram também medidas as estruturas
fungicas, e estabelecida uma média para o tamanho das mesmas.
Fazendo uso de uma câmera digital modelo Canon PowerShot a580,
as estruturas foram microfotografadas e comparadas a literaturas e imagens,
com base nas comparações, identificou-se o fungo pertencente ao gênero
Pythium aphanidermatum.
As microfotografias foram editadas com o software Paint, e com o auxílio do
também software PowerPoint, foi confeccionada uma prancha para facilitar a
visualização da descrição micológica.
8
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.
9
A B C
D
E
G
HBarbosa, A. M & Paz Lima, M.L
I
F
C1
c2
d1 d2
i1
i2
Figura 1. Aspectos morfológicos de Pythium aphanidermatun em folhas de pepino A – Esporângio maduro (bar= 16,8 µm), B- Esporângio jovem (bar= 17,5 µm), C. Esporângios (c2) em diferenciação para formação de zoósporo (c1)(bar= 11,25 µm), D. Oogônio (d1)(bar= 19,28 µm) esporângio (d2), E. Hifas e esporângios (bar= 15 µm), F. Esporângios imaturos, maduros e diferenciados (bar= 3,71 µm), G – Esporângios em processo de liberação de zoósporos (bar= 5,45 µm), H. Esporângios (bar= 15,6 µm), I. Oogônios (i1) e anterídios (i2) (bar= 12,6 µm).
Descrição Micológica:
Esporângios(FIG.A, FIG.B, FIG.C, c2) lobulados, simples ou
ramificadas. Oogônio(FIG.D.d1) terminal, principalmente, tendo um único
anterídio por oogônio. Oósporos apleuríticos. Anterídios cilíndricos ou em forma
de barril, muitas vezes intercalados e terminais.
Dimensões: esporângios (FIG.C) 107-200 x 7-13,4 μ m; Vesículas 30-
50 μ m de diâmetro. Oogônio 25-32,5µm de diâmetro, oósporos 17,5-25 µm de
10
diâmetro, oósporo parede 0,5-2,8 μ m de espessura. Anterídio(FIG.I. i2) 10-
22,5 x 10-12,5 μm.
Micélios brancos, bem desenvolvidos, mas não tão abundantes e
robustos como Pythium butleri. Hifas(FIG.E) até 7,5 μ m de diâmetro.
Zoosporângio produzido apenas na cultura líquida, geralmente menor e menos
e ramificados que aqueles Pythium butleri. Zoósporos(FIG.G)(FIG.H) Encistado
diâmetro 9 μm. Oogônios(FIG.I.i1) normalmente abundantes na cultura e no
hospedeiro terminal, sobre as hifas(FIG.E) laterais, 19-29μm, parede lisa.
Anterídio terminais ou intercalados, em forma de barril e amplamente clavados,
9-11 x 10-14μm, mais geralmente produzido ao lado do oogônio. Oósporo
muito solto no oogônio, parede 2μm grosso, liso
Quadro comparativo
Estruturas Barbosa, A.M. (2011) FITZP, E.
Esporângios 95-210x11-14,6 µm 107-200x7-13,4 µm
Oogônio 20-28 µm diâmetro 25-35,5 µm diâmetro
Oósporo 14,75-27 µm diâmetro 17,5-25 µm diâmetro
Anterídio 7-20,5x8,5-12 µm 10-22,5x10-12,5
LITERATURA CITADA.
BUZINA, W.; BRAUN, H., SCHIMPL, K., & Heinz STAMMBERGER, H. Bipolaris
spicifera Causes Fungus Balls of the Sinuses and Triggers Polypoid Chronic
Rhinosinusitis in an Immunocompetent Patient. 2003
11
CALLS, Pythium aphanidermatum. Disponível em <
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CORREA, E. B.; BETIOL, W.; SUTON, J.C. Controle biológico da podridão
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Pseudomonas chlororaphis 63-28 e Bacillus subtilis GB03 em alface
hidropônica. Summa phytopathol. vol.36 no.4 Botucatu Oct./Dec. 2010
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12
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2011.
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B.; HALL,J. C.; BENCHIMOL, R. L. Etiology and epidemiology of Pythium root
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Acesso em: 20 de outubro de 2011.
BERGAMIN F., A. KIMATI, H. AMORIM, L. et al. Manual de Fitopatologia.3
ed.São Paulo -SP:Agronômica Ceres LTda. 2005.
13
14
Aspectos gerais e morfológicos do fungo Aphanomyces euteiches Drechsler
Caio Abdalla Kehdy
Alguns fungos oomicetos podem ser considerados os patógenos mais
destrutivos da natureza e de plantas domesticadas. Um acontecimento de
grande importância associado à um fungo oomiceto foi a fome da batata, em
1845, na Irlanda, onde a presença do agente etiológico, causador da requeima
da batata, desencadeou uma epidemia da doença, levando à grandes perdas
nas lavouras e a morte de mais de dois milhões de irlandeses (AGRIOS, 1988).
Os oomicetos se assemelham a fungos verdadeiros (pertencentes ao
Reino Fungi) em morfologia (crescimento micelial) e no estilo de sobrevivência
de muitas espécies patogênicas. No entanto, há muito tempo se sabe que eles
diferem dos fungos verdadeiros em muitos aspectos fisiológicos, por exemplo,
sua parede celular é composta principalmente de celulose em vez de quitina
(BALDAUF et al., 2000).
O gênero Aphanomyces pertence a uma ordem de oomicetos
(Saprolegniales) que é filogeneticamente separados de outras ordens, como a
Peronosporales e Pythiales, onde outros patógenos de plantas importantes são
encontrados (PETERSEN e ROSENDAHL, 2000).
O fungo Aphanomyces euteiches Drechsler é um teleomorfo pertence à
classe Oomycota, ordem Saprolegniales, gênero Aphanomyces, espécie A.
euteiches (INDEX FUNGORUM, 2011).
De acordo com o Index Fungorum (2011), não há descrição e/ou
identificação da fase anamórfica e nenhuma sinonímia para fungo em questão
(INDEX FUNGORUM, 2011).
A espécie A. euteiches foi relatada infectando hospedeiros como Avena
byzantina, Avena sativa, Festuca elatior, Festuca rubra, Setaria viridis, Stipa
viridula, Phaseolus vulgaris, Capsicum frutescens, Linum usitatissimum,
Lycopersicon esculentum, Monochoria korsakowii, Spinacia oleracea, Viola sp,
Equisetum palustre, Lathyrus palustris, Rorippa amphibia e Beta vulgaris, em
15
países como EUA, Nova Zelândia, Austrália, Taiwan, Coréia, Japão, África do
Sul, Colômbia, Rússia, Reino Unido e Brasil (FARR E ROSSMAN, 2011).
A. euteiches é o patógeno responsável por causar em plantas, uma
doença chamada podridão radicular. Espécies deste patógeno podem infectar
uma grande variedade de legumes (MALVICK e PERCICH, 1998).
Os sintomas geralmente são semelhantes entre os vegetais infectados,
no entanto o ciclo da doença pode diferir entre plantas anuais e perenes. A
podridão de Aphanomyces raramente resulta em podridão de sementes e/ou
tombamento pré-emergente (PERSSON e OLSSON, 2000).
A podridão radicular causada por A. euteiches é um exemplo de uma
doença monocíclica, causando danos apenas em um ciclo de infecção por
temporada, ao contrário de doenças policíclicas, que podem infectar novos
hospedeiros e produzir ciclos múltiplos de doença dentro de uma única
temporada. A. euteiches geralmente não é um saprófita na natureza e podem
ser cultivados em meio de cultura em laboratório (WAKELIN et al., 2006).
O patógeno pode potencialmente infectar hospedeiros a qualquer
momento na estação de crescimento, mas a infecção normalmente começa
durante a emergência das plântulas. A principal fonte de inóculo são os
oósporos, que podem ser encontrados tanto no solo ou em restos de plantas
hospedeiras infectadas (WAKELIN et al., 2006).
Os sintomas na planta aparecem dentro de 10 dias após a infecção do
patógeno, e oósporos podem ser formados entre 7 e 14 dias. Os oósporos se
tornam dormentes depois de ser formado, e pode sobreviver por mais de 10
anos (LEVENFORS et al., 2003).
De acordo com a Embrapa Banco de Dados Brasileiro de Micologia
(2011), já houve relatos de A. euteiches no Brasil em lentilha. E segundo a
Secretaria de Defesa Agropecuária, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (2011), atualmente, o Brasil encontra-se livre da doença
causada pelo patógeno durante o ciclo da cultura da lentilha, podendo ser
exportador de sementes e grãos.
16
A. euteiches desenvolve-se em condições de clima quente e solo úmido,
mas podem sobreviver a uma gama de temperaturas moderadas. A infecção é
mais comum quando as plantas hospedeiras estão em fase de mudas, e
quando as temperaturas ficam entre 22-28ºC. A infecção torna-se mais fácil na
presença de água, que favorece a movimentação do oósporos (LEVENFORS
et al., 2003).
O objetivo deste trabalho foi apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo Aphanomyces euteiches.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Instituto
Federal Goiano Campus Urutaí, onde foi analisado em microscópio óptico,
uma lâmina semi- permanente, pertencente à coleção micológica do
Laboratório de Microbiologia. Nesta lâmina semi-permanente estavam
presentes as estruturas do fungo, colocadas em corante azul de algodão, sob
lamínula e vedadas com esmalte.
As lâminas foram visualizadas em microscópio óptico 10x e 40x para
identificação das estruturas do fungo presentes na lâmina. Foram feitas as
medições das estruturas do patógeno em microscópio óptico e tiradas fotos
com câmera digital Canon® modelo Power Shot A580, dos frutos de pêssego
com os sintomas e sinais do patógeno em microscópio estereoscópio e das
estruturas do fungo presentes nas lâminas visualizadas no microscópio óptico
em ocular 40x. A prancha de fotos foi confeccionada utilizando o programa
Microsoft Office Power Point e programa de edição de imagens PhotoScape.
17
RESULTADOS E DISCUSSÃO
18
Descrição micológica
A. euteiches é um oomiceto hialino (Fig. 1CD), apresentando oósporos
de 20-35 μm de diâmetro, com paredes espessas (Fig.1A) (Tab.1)
(NECHWATAL, WIELGOSS e MENDGEN, 2007).
A germinação do oósporo pode ser de forma direta ou indireta. De
qualquer maneira, infecção começa na célula da extremidade da raiz da planta
hospedeira. Na germinação direta, o oosporo produz hifas que penetram
diretamente nas células da planta hospedeira (Fig. 1B). Na germinação
indireta, o oosporo produz esporângios que liberam zoósporos. Os zoósporos
então encistam sobre as células da planta hospedeira, e germinar. Após a
germinação direta ou indireta, as hifas A. euteiches colonizam o tecido
hospedeiro através de crescimento inter e intra-celular. Para a reprodução
sexual, as hifas desenvolvem gametângios masculino e feminino chamado,
respectivamente, anterídio e oogônio (BERGAMIN FILHO et al., 1995).
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de Monilia fructicola do isolado em estudo com os descritos por Assis et al.. (2011).
Descrição morfológica e morfométrica
Isolado em estudo Assis et al. (2011)
Coloração Hialino Hialino
Paredes Espessas nd
Diâmetro dos oósporos 20-35 μm 28 (22-32) μm
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRIOS, G. N. Plant Pathology. Academic Press, London. 1988.
ASSIS, L.A.G., COELHO NETTO, R.A., DEZORDI, C., HANADA, R.E.
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22
Aspectos gerais e morfológicos de Beltrania sp.
Carlos Alessandro de FreitasAcadêmico do Curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
De acordo com KIRK et al. (2001) Beltrania sp. foi registrada em 1882
por Penz, e é a forma anamórfica de um ciclo desconhecido da divisão
Ascomycota. Sendo, um fungo pertencente ao Reino Fungi, Insertae sedis
(grupo incerto), Fungos Mitospóricos, subgrupo Hyphomycetes, e não
apresenta sinonímia (INDEX FUNGORUM, 2011).
Estima-se que, em termos mundiais, os Fungos Mitospóricos sejam
constituídos por 2.600 gêneros e 15.000 espécies (GRANDI, 2011). Dentre
esses gêneros está Beltrania, que, segundo INDEX FUGORUM (2011),
atualmente apresenta, 15 espécies válidas descritas, como: Beltrania africana
S. Hughes (1951), B. circinata Bhat & W.B. Kendr (1993), B. concurvispora
Matsush (1975), B. eremochloae M. Zhang & T.Y. Zhang (2003), B. indica
Subram (1952), B. magnoliae M. Morelet & Vivant (2001), B. malaiensis Wakef
(1931), B. mangiferae Munjal & J.N. Kapoor (1963), B. muelleri V.G. Rao &
Varghese (1978), B. multispora H.J. Swart (1958), B. mundkurii Piroz. & S.D.
Patil (1970), B. onirica Lunghini (1981), B. querna Harkn (1884), B. rhombica
Penz (1882) e B. santapaui Piroz. & S.D. Patil (1970). Além dessas espécies,
há uma variedade: B. rhombica var. rhombica Penz (1882).
De acordo com FARR e ROSSMAN (2011) existem 165 registros de
ocorrência no mundo em 90 espécies de plantas hospedeiras de Beltrania, que
são: Alchornea triplinervia Müller (Pau-óleo), Ananas comosus L. (abacaxi),
Apeiba sp. (pau-jangada amazônico), Archontophoenix alexandrae (F. Muell.)
H. Wendl. & Drude (palmeira real), Artocarpus communis Forst (fruta do pão),
A. heterophyllus Lam. (jaca), Averrhoa carambola L. (carambola), Bonnetia sp.,
Caesalpinia pulcherrima L. (flamboianzinho), Camellia sinensis L. (chá-verde),
Canavalia sp.; Castanopsis cuspidata Thumb., Castanopsis cuspidata var.
sieboldii Makino, C. fissa Champ., Chrysalidocarpus lutescens H. Wendl.
(palmeira-areca), Chrysophyllum cainito L. (caimito ou abio-do-pará), Cicer
arietinum L. (grão-de-bico), Cinnamomum burmannii Blume., C. osmophloeum
23
Kaneh., C. zeylanicum Blume (canela), Citrus limonum Risso (limão), Clusia
rosea Jacq. (clúsia miniatura), Cocos nucifera L. (coco), Cornus controversa
Hemsl. (variegata), Cunninghamia lanceolata (Lamb.) Hook. (pinheiro chinês),
Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf. (flamboyant), Dichopsis gutta (Hook.) Benth.
(isonandra), Diospyros discolor Willd. (caqui), Eichhornia crassipes (Mart.)
Solms (aguapé), Eperua falcata Aubl. (espadeira), Eremochloa ciliaris (L,)
Merr., Esenbeckia macrocarpa Hub. (angelim do cerrado), Eucalyptus
camaldulensis Dehnh. (eucalipto), E. grandis W. Hill (eucalipto), E. robusta Sm.
(eucalipto), Eucalyptus sp. (eucalipto), E. tereticornis Sm. (eucalipto), Eugenia
aromatica O. Berg (cravo-da-índia), Eugenia sp. (pitanga), Euphoria longana
Lamk (longan), Exostema sp. (pers.) Rich., Ficus cuspidatum-caudata Hayata
(ficos), F. pleurocarpa F. Muell. (ficos), Ficus sp. (ficos), Garcinia spicata Hook.
(fukuyi), Gossypium herbaceum L. (algodão), Gyranthera caribensis Pittier
(imbiriçu-vermelho), Juncus roemerianus Scheele (junco), Laurus nobilis L.
(louro), Liquidambar macrophylla Oerst, L. styraciflua L. (liquidambar), Livistona
chinensis (Jacq.) R. B. (palmeira-de-leque), Magnolia denudata Desr.
(magnólia), Mangifera indica L. (manga), Miconia cabussu Hoehne (cabussú,
fruta de mico), Musa paradisiaca L. (banana-da-terra), Myrica nagi Thumb.,
Ochrocarpos longifolius Benth. & Hook, Ocotea leucoxylon (Sw.) Menz.(itaúba),
O. nemodaphne Menz., Palaquium gutta (Hook.) Burk (gutta-percha), Pasania
edulis Makino, Persea caerulea (Ruiz &Pav.) Mez (canela rosa), Phoenix
hanceana Naudin (palmeira fênix), Pimenta dioica (L.) Merr. (pimenta-da-
jamaica), Pinus caribaea Morelet (pinus), P. elliottii Engelm. (pinus), P. khasya
Royle ex Hook. F., P. merkusii Jungh. & de Vriese (pinus), Podocarpus sp.
(pinheiro), Poeciloneuron indicum Bedd., Psidium guajava L. (goiaba), Quercus
agrifolia Née (carvalho), Q. coccifera L. (carvalho), Q. germana Schltdl. &
Cham. (carvalho), Q. ilex (azinheira), Q. myrsinaefolia Blume., Q. sartorii
Liebm., Quercus sp. (carvalho), Q. virginiana Mill., Q. xalapensis Bonpl.,
Roystonea regia (Kunth) O. F. Cook (palmeira-real), Sassafras albidum (Nutt.)
Nees. (sassafrás), Sterculia apetala (Jacq.) H. Karst. (mandovi), Swietenia
macrophylla King (mogno), Syzygium cumini (L.) Skeels (jambo), Terminalia sp.
(sete-copas-africana), Theobroma cacao L. (cacau) e Thuja orientalis L. (tuia).
Em café (Coffea arabica L.) Beltrania sp. foi registrado por URTIAGA (2004) na
Venezuela. Além dessas, ainda existem mais sete registros de Beltrania sp. em
24
seis espécies hospedeiras e substratos apresentados por: Heredia-Abarca (1994) em Belize e no Peru, Heredia-Abarca e Mercado Sierra (1998) no
México e Castaneda-Ruiz et al. (2003) na Venezuela em folhas mortas e
deterioradas de vegetais terrestres; Heredia-Abarca e outros (1997) no
México em serapilheira; Pirozynski (1963) em Moçambique em soja; Heredia-Abarca (1997) no Congo e na Costa do Marfim e por e Zhuang (2001) em
Hong Kong em espécie desconhecida. Vale ressaltar que das espécies que
hospedam Beltrania sp. o maior número de registros incide sobre os gêneros:
Cinnamomum sp., Eucalyptus sp., Ficus sp., Pinus sp. e Quercus sp.. E ainda
que, as espécies Beltrania rhombica, B. querna e B. africana são as mais
citadas nesses registros (FARR e ROSSMAN, 2011).
Beltrania sp. é muito difundido e comumente encontrado em folhas
mortas e restos de plantas em áreas subtropicais para tropical (AEROTECHPK,
2011). De modo geral, Beltrania sp. já foi descrito nos seguintes países:
Austrália, Belize, Brasil, China, Congo, Costa do Marfim, Cuba, Estados
Unidos, Inglaterra, Guiana Francesa, Geórgia, Gana, Grécia, Havaí, Hong
Kong, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Península da Malásia, Malásia, México,
Moçambique, Nova Caledônia, Serra Leoa, Ilhas Salomão, Taiwan, Tailândia,
Reino Unido, Rússia e Venezuela. No Brasil foram descritos os fungos: B.
malaiensis, B. querna e B. rhombica (FARR e ROSSMAN, 2011).
No Brasil, segundo MENDES e URBEN (2011), Beltrania sp. já foi
encontrado em folhas em decomposição de: Alchornea triplinervia Müll.
(tanheiro, capuva, copuva ou tapiá); Caesalpinia peltophoroides Benth. (sibipira
ou coração-de-negro); Miconia cabussu Hoehne. (Pixiricuçú, cabuçí, pixirica,
pixiricão, quina-brava, cabussú ou fruta de mico); e, Tibouchina pulchra Cogn.
(Jacatirão ou Manacá-da-Serra). No estado do Ceará foi encontrado em
Anacardium occidentale L. (cajueiro); e, em Manilkara achras Mill. Fosberg.
(zapoti). Também foi observado em Esenbeckia sp. (guarantã). No Estado do
Pará foi encontrado em Apeiba sp. Aubl. (pau-jangada amazônico).
Em estudos realizados por BARBOSA et al. (2009) em fragmento de
Mata Atlântica, No Estado da Bahia, Brasil, o fungos Beltrania sp. foi um dos
mais frequentes, em relação aos demais encontrados, em folhelo de Clusia
melchiorii Gleason (Clúsia), e C. nemorosa G. Mey. (Orelha de Burro ou
pororoca). Também foi registrado por SILVA et al. (2008), quando identificava
25
fungos associados ao germoplasma, presente em mudas de café (Coffea
arabica) procedentes da Guiana Francesa. Em estudos realizados por
NECHET et al., (2009), houve a ocorrência da associação de Beltrania sp. a
açaizeiro, no período seco e chuvoso, nas áreas de viveiro, nativas e
reflorestadas provenientes da Base Urucu em Coari-AM após exploração
petrolífera.
Embora Beltrania sp. esteja associado a vegetais em decomposição, em
pesquisa realizada por DIAS et al. (2004) juntamente com a Empresa
Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA) no Centro de Pesquisa
Agroflorestal do Amapá, foi detectada, ao estudar o comportamento de
pupunheiras sem espinhos (Bactris gasipaes Kunth. var. gasipaes Henderson)
para a extração de palmito, no Município de Porto Grande – AM, a presença de
manchas foliares nas plantas, que progrediram produzindo um aspecto de
queima. Não foram identificados frutos infectados. A identificação do agente
causal foi baseada na classificação de Barnett & Hunter, concluindo que se
tratava do fungo Beltrania sp..
Em KIMATI et al. (2005) e FERREIRA (1989) Beltrania sp. não foi
encontrado causando doenças em plantas cultivadas. Segundo VIDOTTO
(2004) o gênero não foi relatado causando doenças em humanos. E, de acordo
com SAMSON et al. (2010) não está associado a alimentos e interiores.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos de
Beltrania sp..
MATERIAIS E MÉTODOS
26
Os propágulos do fungo foram retirados de folhas de café (Coffea
arabica L.). As mesmas foram levadas ao Laboratório de Micologia da Embrapa
Cenargem, Brasília - DF, em uma caixa do tipo Gerbox, onde foram
visualizadas em microscópio estereoscópico.
Em seguida, ocorreu o início do processo para a confecção da lâmina
microscópica através do método de pescagem direta. Após serem coletados,
com auxílio de uma pinça (flambada no bico de Bunsen), os propágulos do
fungo foram colocados na lâmina contendo uma gota do fixador azul de
metileno (acido lático, acido acético, glicerina, água destilada, etanol), de
acordo com protocolo utilizado na rotina de produção.
Os propágulos foram bem dispersos a fim de melhorar as estruturas
fúngicas no momento da visualização, colocou-se a lamínula, retirou-se o
excesso de corante com papel higiênico e fez a vedação da lâmina com
esmalte, para não ocorrer à remoção do liquido. Em posse da lâmina, levou-a
ao microscópio óptico.
A visualização e descrição do fungo foram realizadas no Laboratório de
Microbiologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano –
campus Urutaí.
As estruturas observadas foram comparadas com as descritas em
literatura para identificar o fungo. Conclui-se que se tratava de Beltrania sp..
Para fazer a descrição morfométrica utilizou-se a ocular micrométrica
(WF10X/18), com as estruturas sendo visualizadas na objetiva de 40x. A
medida encontrada foi multiplicada pelo fator de correção da objetiva (2,5)
correspondente ao microscópio óptico utilizado. Foram medidas 50 unidades
de conídios e de apêndices de conídios e 10 conidióforos.
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas
fúngicas no microscópio óptico utilizando câmera digital: Canon® modelo Power
Shot A580. Para edição e confecção da prancha de fotos foram utilizados os
seguintes softwares: Microsoft Office Picture Manager e Microsoft Office Power
Point 2007, respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
27
Figura 1. Aspectos morfológicos de Beltrania sp. A-B. Hifa, conidióforos e
conídio (barA = 42 µm e barB = 11,4 µm), C. Conidióforo (cf) e conjunto de
conídios (cn) (bar = 30 µm), D. Conidióforo longo (cf) célula conidiogênica (cc)
e conídios (cn) apendiculados (bar = 14,1 µm), E. Conidióforo (cf) longo e
célula conidiogênica (cc) poliblástica (bar = 25 µm), F. Conidióforo (cf) curto,
célula conidiogênica (cc) discreta e conídio (cn) (bar = 8,6 µm), G. Conídio
28
amerosseptado com apêndice (ap) e célula de separação (cs) hialina (bar = 5,6
µm).
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA
Existem, algumas características descritivas de Beltrania sp. que não
puderam ser observadas. Beltrania sp. se mostra em colônias espalhadas,
marrom ao preto. Possuem micélio todo imerso ou parcialmente superficial.
Geralmente traz estroma, muitas vezes confinado a epiderme. Apresenta
cerdas simples, escuras, lisas ou verrucosas, de paredes espessas,
decorrentes de planos, radialmente lobados. Hifopódio ausente (ELLIS, 1971).
Além dessas características Beltrania sp. se apresenta com conidióforo
(Fig. 1 A-F) macronematoso, mononematoso, reto ou ligeiramente flexuoso,
não ramificado, septado, castanho-claro, com as seguinte medida: >27 x 4-(5)-
9; célula conidiogênica (Fig. 1 D-F) poliblástica, terminal, integrada, simpodial,
lisa, subhialina; conídio (Fig. 1 A, B, C, D, F e G) solitário, amerosseptado,
bicônico, apendiculado, base em forma de “V”, liso, subhilino, com dimensões
de 17-(24)-30 x 7-(10)-15 µm e com uma célula de separação (Fig. 1G)
transversal, hialina; apêndice (Fig. 1 D e G) no ápice do conídio, pontiagudo,
hialino, apresentando 5-(9)-17 μm de comprimento.
Figura 2. Comparação de elementos morfométricos de Beltrania sp. com
os elementos de B. rhombica e B. africana descritos por Ellis (1971).
Estrutura Beltrania sp. (µm)
Beltrania rhombica *
(µm)
Beltrania africana *(µm)
Conidióforo >27 x 4-(5)-9 >130 x 4-8 20-80 x 5-7
Conídio 17-(24)-30 x 7-(10)-15 15-30 x 7-14 35-45 x 17-20
Apêndice 5-(9)-17 3-20 Não apresenta
* Realizadas por Ellis (1971).
Levando em consideração a descrição morfométrica de Beltrania sp. e
outras presentes em literatura (Fig. 2) além de comparações com visualização
em CARMICHAEL (1980), nota-se que a espécie desta descrição se trata de
Beltrania rhombica.
29
LITERATURA CITADA
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32
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris cynodontis
Danilo dos Santos OliveiraAcadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O fungo Bipolaris cynodontis descrito por R. R. Nelson (1964), apresenta
a taxonomia da forma teleomorfa o Reino Fungi , divisão Ascomycota, subfilo
Pezizomycotina, subdivisão Dothideomycetes, classe dos Ascomicetos,
subclasse Pleosporomycetidae, ordem Pleosporales, família Pleosporaceae, e
gênero Bipolaris. O gênero Bipolaris sp. apresenta 115 espécies válidas em
literaturas, não apresenta formae especiales nem variedades segundo Index
Fungorum (2011). A anamorfa ou seja Bipolaris cynodontis pertence ao Reino
Fungi, Grupo dos Fungos Mitosporicos, subgrupo Hifomicetos. (KIRK et al.,
2001)
Segundo Index Fungorum (2011), Bipolaris cynodontis apresenta as
seguintes sinonímias: Helminthosporium cynodontis, Drechslera cynodontis. A
forma teleomorfa do gênero B. cynodontis é o Cochliobolus cynodontis.
Segundo Farr & Rossman (2011) o fungo Bipolaris cynodontis é
hospedeiro das seguintes hospedeiras: Arthraxon hispidus (Roane e Roane,
1996), Axonopus affinis (Sivanesan, 1987), Brachiaria brizantha (braquiaria)
(Macedo e Barreto, 2007), Brachiaria platyphylla (Pratt, 2006), Cynodon
dactylon (Mendes et al., 1998), Dactyloctenium aegyptium (Sivanesan, 1987),
Eleusine indica (Roane, 2009), Elymus riparius (Roane, 2004), Eragrostis
pectinacea (Roane, 2009), Hordeum sp. (Sivanesan, 1987), Hordeum vulgare
(aveia) (Sivanesan, 1987), Leptochloa fascicularis (Roane e Roane, 1997),
Microstegium vimineum (Roane, 2004), Miscanthus sinensis (Roane, 2004),
Miscanthus sinensis var. purpurescens (Roane, 2009), Muhlenbergia mexicana
(Roane, 2004), Muhlenbergia schreberi (Roane e Roane, 1997), Muhlenbergia
sylvatica (Roane, 2009), Muhlenbergia tenuiflora (Roane, 2009), Oryza sativa
(arroz) (Sivanesan, 1987), Panicum maximum (braquiarão) (Lenne, 1990),
Pennisetum clandestinum (Lenne, 1990), Pennisetum purpureum (milheto)
(Sivanesan, 1987), Senecio mesogrammoides (Caretta et al., 1999), Setaria
geniculata (Lenne, 1990), Setaria glauca (Pratt, 2006), Setaria pumila (Caretta
33
et al., 1999), Sorghum halepense (sorgo) (Pratt, 2006), Triticum sp. (trigo)
(Sivanesan, 1987) e Zea mays (milho) (Sivanesan, 1987). Os registros de
ocorrência procederam na Austrália, Brasil, Guinea, Quênia, Malásia,
Nicarágua, Paquistão, Zâmbia, Zimbabwe, Índia, Turquia, Nova Zelândia,
Yugoslávia, Trinidad e Tobago, Brunei Darussalam e Estados Unidos da
América.
A ocorrência de fungos em sementes e plantas medicinais,
condimentares e aromáticas no Brasil é grande, porém, podem-se destacar
Alternaria, Aspergillus, Bipolares, Cladosporium, Curvularia, Epicoccum,
Fusarium, Mucor, Penicillium, Pestalotiopsis, Phoma, Rhizopus e
Tricoderma,como os de maior freqüência. As espécies dos gêneros Aspergillus,
Epicoccum, Mucor, Penicillium, Rhizopus e Tricoderma são considerados
contaminantes em sementes. Os gêneros Alternaria, Bipolaris, Fusarium e
Phoma possuem espécies que podem causar importantes doenças em plantas
conforme o hospedeiro envolvido (KRUPPA & RUSSOMANO, 2009).
A Produção de mirtilo (Vaccinium corymbosum) na Argentina tem
crescido notavelmente nos últimos oito anos, devido à alta demanda mundial
no mercado de entressafra fresco. Uma vez que é uma nova safra no país, as
doenças estão apenas começando a tornar-se problemáticas para os
agricultores. Levantamentos têm sido realizados desde 2000 para detectar
associações de novos patógenos e avaliar sua distribuição, incidência e
severidade em diferentes variedades de mirtilo e localidades.
Plantas de mirtilo cv. com queima do broto e ramo, foram observados no
inverno de 2006 em La Plata, província de Buenos Aires, após a analise
observou-se a presença do fungo B. cynodontis sendo este o primeiro relato do
mesmo sobre mirtilo na Argentina (SISTERNA et al., 2008).
Na região do Submédio São Francisco BA foi encontrada a espécie
Biporalis cynodontis infectando Heliconia spp. As características observadas
permitiram identificar o gênero como agente etiológico de manchas necróticas
em helicônias. . Este é o primeiro relato da mancha de Bipolaris em Heliconia
spp. Ainda não havia sido relatado na região do Submédio São Francisco
causando doença em espécies de helicônia. Outros relatos de Bipolaris
34
cynodontis, associado a helicônias foi descrito em Pernambuco e no Distrito
Federal (SANTANA et al. 2009).
Uma amostra aleatória de lotes de sementes de seis regiões produtoras
de arroz no Estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil, ano de colheita 2004, foi
examinada em teste blotter de sanidade de sementes. Fungos semelhantes a
espécies de Bipolaris e Drechslera foram isolados para identificação das
espécies. A observação de estruturas da fase permitindo a identificação de três
espécies (anamorfo/teleomorfo): Bipolaris cynodontis (Cochliobolus
cynodontis); B. curvispora (C. melinidis) e B. oryzae (C. miyabeanus). Todas as
espécies estavam distribuídas nas seis regiões produtoras no Rio Grande do
Sul. Este é o primeiro relato de B. cynodontis associada a sementes de arroz
no Brasil (FARIAS et al., 2011).
Isolados fúngicos com características de fungos causadores de
helmintosporiose foram encontrados associados à sementes de aveia preta
produzidas no Estado do Rio Grande do Sul. Observações de características
morfológicas permitiram a identificação das seguintes espécies: Bipolaris
sacchari, B. cynodontis, B. sorokiniana, Drechslera avenaceae, D. dematioidea
e D. gramineae. Sementes inoculadas artificialmente apresentaram redução
drástica de germinação no teste padrão em rolo de papel. Todas as espécies
demonstraram ser patogênicas à plântulas de aveia-preta, quando inoculados
com suspensão de conídios, causando sintomas típicos de helmintosporiose e
resultando em 20 a 50% de plântulas mortas (FARIAS et al., 2005).
De acordo com Vidotto (2004), não são encontrados doenças em
humanos causadas pelo fungo B. cynodontis.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo Bipolaris cynodontis.
35
MATERIAIS E METODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Micologia da Embrapa
Cenargem, localizada na Asa Norte, Brasilia-DF em 2006. Os propágulos de
semente de sorgo assim que chegaram foram plaqueados e deixados em
condição de câmara úmida, e após este processo foram analisadas em
microscópio estereoscópico para localizar suas estruturas fúngicas.
Essas estruturas foram pescadas com auxílio de um estilete ou uma
pinça ponta fina e transferidos para uma gota de fixador a base de lacto fenol
(composto por ácido lático, ácido acético, glicerina e água) em uma lâmina na
qual foi depositada uma lamínula. Logo depois foi levada ao microscópio óptico
onde foram localizadas as estruturas, as quais foram comparadas com
literatura constatando o gênero Bipolaris cynodontis, logo após a lâmina foi
vedada com esmalte e etiquetada.
No microscópio óptico a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor
(4x) para que se possam focalizar os propágulos depositados na lâmina, após
a observação destes aumentou-se a objetiva para 10x e logo em seguida para
a objetiva de 40x onde se observou com mais detalhes as estruturas fúngicas.
Foram medidos os conidióforos, células conidiogênicas e conídios, utilizando a
lente micrométrica (WF10 X 118).
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas
fúngicas no microscópio ótico utilizando câmera digital Canon modelo Power
Shot A580. Para confecção da prancha de fotos que foram editadas com o
Windows Live Galeria de Fotos e a prancha confeccionada no Microsoft Office
PowerPoint 2007.
36
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos morfológicos do fungo Bipolaris cynodontis. A. Conídios
presos à célula conidiogênica, (Bar=10µm) B. Conidióforo simples, pálido,
sinuosos e castanho médio, (Bar=6µm) C. Ascósporos muitas vezes rodeado
por uma fina bainha micilaginosa, (Bar=9 µm) D. Hilo bipolar germinação não
protuberantes, (Bar=5,2µm) E. Conídio fusiforme – elipsoidal arredondado em
ampla as extremidades de coloração escura (Bar=7,3µm).
Descrição micológica:
Ascomata preta, globosa a elipsóide, diametro 280-460 µm, com um bico
para subconical astiolar parabolóide. Pseudoparaphyses filiformes, hialinos,
septados, ramificados. Ascos cilíndricos a clavados (fig1-c), curto bitunicado, 1-
8-septos, 140-210 x 16-28 µm. Ascósporos septados, 160-320 x 5-10µm,
muitas vezes rodeado por uma fina bainha micilaginosa.
Conidióforos simples ou em grupos pequenos, sinuosos, pálido ao
castanho médio, simples, suave, septado, cilíndrico de até 170µm (fig1-b),
longa 5-7µm de espessura. Nos conidióforos e na parede superfície abaixo
deles verruculose. Conídios em sua maioria ligeiramente curvada, às vezes
quase cilíndrico, mais amplo geralmente no meio afinando em direção as
extremidades arredondadas, pálidas e meados marrom dourado, lisas, de
paredes finas (fig1-e), 3-9 (normalmente 7-8) distoseptate, 30-75 x 10 - 16µm.
Germinação de conídios é bipolar, mas as células incham final, por vezes, para
formar um mais ou menos globoso, vesícula de parede fina a partir do qual dá
origem os tubos germinativos. (SIVANESAN, 1987).
Figura 2. Comparação de elementos morfométricos de Bipolaris cynodontis.
Estruturas Oliveira (2011) Sivanesan (1987)Conídio 6-(14,4)-45 µm 10-(23)-75 µmConidióforo 31-(37)-68 µm até 170 µmNº de septos 8-14 7-8
37
LITERATURA CITADA
FARIAS, C. R. J. de; AFONSO, A. P. S.; PIEROBOM, C. R.; DEL PONTE, E.M.
Levantamento regional e identificação de Bipolaris spp. associadas às
sementes de arroz no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural
[online]. 2011, vol.41, n.3, pp. 369-372. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
84782011000300001&script=sci_abstract> acessado em 5 de novembro de
2011.
FARIAS, C. R. J. de; DEL PONTE, E. M.; LUCCA FILHO, O. A.; PIEROBOM, C.
R. Fungos causadores de helmintosporiose associados às sementes de aveia-
preta (avena strigosa, schreb). Disponível em:
<http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/epidemiologia/wp-
content/uploads/2009/09/2004-Farias_fungos_Agrociencia.pdf> acessado em 5
de novembro de 2011.
FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and
Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Disponível em:< http://nt.ars-
grin.gov/fungaldatabases/> acessado em 5 de novembro de 2011.
INDEX FUNGORUM.Banco de dados para pesquisa de táxons fúngicos.
Disponível em: < http://www.indexfungorum.org/names/NamesRecord.asp?
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KIRK, P.M , CANNON, P.F , DAVID, J.C e STALPERS, J.A. Dictionary of the
Fungi, 9º Edition, CABI Publishing, 2001.
KRUPPA, P. C.; RUSSOMANO, O. M. R. Fungos em plantas medicinais,
aromáticas e condimentares – solo e semente. 2009. Disponível em:
38
<http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/Fungos/index.htm> acesso em:
5/11/2011
SANTANA, C. V. S.; SANTOS, A. S.; ALMEIDA, A. C.; NASCIMENTO, A. R. P.;
FRANÇA, F. S. Mancha de Bipolaris em Helicônias (Heliconia spp.) no
Submédio São Francisco. Revista Verde (Mossoró – RN – Brasil) v.4, n.2, p.
05, 2009. Disponível em: <
http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/viewFile/182/182>
acessado em 5 de novembro de 2011.
SISTERNA, M. N.; PÉREZ, B. A.; DIVO DE SESAR, M. & WRIGHT, E. R.
Blueberry blight caused by Bipolaris cynodontis in Argentina. Disponível em:
<http://www.ndrs.org.uk/article.php?id=017034> acessado em 05 de novembro
de 2011.
SIVANESAN, A. Graminicolous Species of Bipolaris, Curvalaria, Drechslera,
Exserohilum and their Teleomorphs. Issued: CAB International Mycological
Institute, 1987. 260p.
VIDOTTO, V. Manual de Micologia Médica; Ribeirão Preto – SP, Ed. Tecmedd,
2004. 204 p.
39
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris sorokiniana
Danilo MessiasAcadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
A espécie Bipolaris sorokiniana foi descrita por Shoemaker (1959) não
exibindo nenhum revisor. O gênero Bipolaris apresenta 116 espécies, não
apresentando nenhuma formae especialis e nenhuma variedade descrita em
literatura Index Fungorium (2011).
B. sorokiniana apresenta as seguintes sinonímias, Cohlioboluss
tenospilus, Bipolaris Drechslera). Helminthosporium sorokinianum Sacc.
Descrito por Sorok e publicado na revista Transactions of the Society of
National University of Kazan 22:15,1890. Helminthosporium sativum
Pammel,descrito por King & Blake, 1910. Helmithosporium acrothecioides
descrito por Lindfors,1918. Helmithosporium californicum descrito por Mackie&
Paxton,1923 de acordo com Sivaneson (1990).
Segundo a taxonomia, sua fase anamorfo pertence ao Reino Fungi,Filo
Ascomycota ,Sub-Filo Dothideomycetes ,Ordem Pleosporomycetidae , Classe
Pleosporales, Família Pleosporacea.(INDEX FUNGORUM 2011).Não
possuindo assim fase teleomorfa pois se reproduz por esporos .
O fungo B.sorokiniana caracteriza-se pelo saprofitismo, a sobrevivência
pode ocorrer em sementes ou ainda na forma de conídios livres, dormentes no
solo.Pela miscostase, estes esporos podem manter sua variabilidade por um
período de até 37 meses nas condições do Rio Grande do Sul
40
.Nutricionalmente dependem , portanto do hospedeiro , não trocando de
substrato saprofítico.(REIS &FORCELINI,1995).
Com base em literatura FARR E ROSSMAN que catalogam, ocorrências
fungicas no mundo inteiro, o fungo B. sorokiniana e fitopageno em
aproximadamente 210 hospedeiros pelo o mundo inteiro valendo destacar os
seguintes casos, Agropyron cristatum (gramíneas), tendo incidência no Canada
(Conners, I.L. 1966), Agrostis sp (gramíneas grande grupo de
monocotiledôneas), com ocorrência no Canada (Ginns, J.H. 1986), Virginia
(Roane, C.W., and Roane, M.K. 1996) e Hawaii(Raabe, R.D., Conners, I.L., and
Martinez, A.P. 1981.), Avena Byzantina( aveia amarela) registrando ocorrência
no Brasil e Avena Sativa (aveia-cultivada),o fungo B.sorokiniana também e
fitopatogéno em Brachiaria plantaginea, Digitaria sanguinalis (capim colchão),
Festuca arundinacea(gramínea), , Glycine max , ocorrendo também Oryza sativa
(arroz), Triticum secale(trigo),Triticum aestivum (trigo), (Mendes, M.A.S., da
Silva, V.L., Dianese, J.C., and et al. 1998), Soil na China estes são os
hospedeiros mais frequentes e importantes , infectados por B.sorokiniana, com
base neste mesmo pressuposto indica-se que o fungo B. sokiniana, é praga
comum em culturas como a de trigo aveia e em gramíneas tendo casos
esporádicos entretanto importante em culturas de arroz.
Em simpósios anuais de fitopatologia o fungo B. sorokiniana foi citado
com relação aos danos causando manchas foliares de cevada, e a
experimentos relacionados com a indução de resistência em plantas de
cevada, sendo tratadas co m extrato de gengibre é apresentando 90% de
resistência perante a variabilidade do fungo.(SILVA, A. A. & BACH, E. E ,2005).
No anual de 2006 MELO. E. R & TREZZI. R. C , o fungo B. sorokiniana
foi citado como praga chave na cultura de trigo.
O fungo B.sorokiniana é fitopatógeno em gramíneas, incluindo cereais
(cevada, aveia, centeio, trigo) e outras plantas.
Os efeitos mais notórios de B.sorokiniana é uma necrose causada pela
mancha - marrom que é notada no pé e na raiz de cereais de clima temperado.
A podridão de raízes causada por B. sorakiniana, é o mesmo agente da
moléstia em trigo e cevada. Todavia os sintomas em aveia são bem menos
intensos , uma vez que o fungo não se multiplica nesta cultura , o que permite a
41
inclusão da aveia na rotação de culturas com trigo ou
cevada(SIVANESSON,1990).
Bipolaris sorokiniana é um fungo fitopatógenico também em
gramíneas(que também podem ser infectadas por mancha-parda), sendo mais
importante nas culturas de trigo e de cevada, ocasionando moléstias como a
podridão comum da raiz, carvão do nó, ponta preta dos grãos e mancha
marrom. No Brasil esse fitopatógeno encontra-se disseminado em todas as
regiões tritícolas. O uso de sementes sadias ou tratadas adequadamente com
fungicidas é de grande importância para o controle dofungo .Haja visto que o
diagnóstico é dificultado pela grande variabilidade fisiológica e morfológica que
o patógeno apresenta (LUME, 2011).
A patogenicidade de B. sorokiniana em trigo (Triticum vulgare) causa a
mancha –marrom(Triticuma estivum). As principais doenças que afetam o
sistema radicular do trigo são a podridão comum, causada por Bipolaris
sorokiniana.O controle mais eficaz para essas doenças é a utilização de
sementes sadias, pois Bipolaris é transmitido por sementes, e a rotação de
culturas, visando a redução do inoculo na palha (Santos et al., 1999).Como na
cultura do trigo estadoença apresenta duas fases distintas , caracterizadas pelo
ataque aos órgãos aéreos e ao sistema radicular. Em cultivares á mancha
reticular e a mancha – marrom tornam-se os principais fitopatógenicos.
Contudo na cevada o patógeno desenvolve- sena fase final da cultura
.Esta condição vem aliada ao fato que o produtor suspende a aplicação de
fungicida, isto determina a maior incidência de B.sorokiniana na semente
podendo chegar ate a 90%. As condições que favorecem a proliferação deste
fungo consistem em molhamento superior a 20 horas e temperaturas acima de
20º e 25ºC.(FORCELLINI e REIS, 1995).
Segundo VIDOTTO (2004) e LUZ (2009), em suas respectivas obras,
não foram descritos casos de B.sorokiniana causando doenças em seres
humanos, tendo em vista que o mesmo e fitopatógeno e saprófago .
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo Bipolaris sorokiniana.
MATERIAIS E MÉTODOS.
42
O trabalho foi conduzido no laboratório de Micologia Cenargem,
localizada em Brasília, DF.
Os propágulos do fungo foram retirados de sementes de cevada. As
sementes foram colocadas em uma caixa do tipo Gerbox com papel filtro e
água destilada para o desenvolvimento das colônias fúngicas , após 48h
(quarenta e oito horas ) apanhou-se as sementes da caixa foram utilizadas
para a visualização em microscópio estereoscópio com a finalidade de se
encontrar propágulos fúngicos. As amostras foram colocadas em uma lâmina
contando uma gota de fixador a base de azul metileno. Logo foi colocada uma
lamínula sobre a lâmina preparada . Após esse procedimento vedou-se a
lâmina com esmalte .
A lâmina foi levada para a visualização no microscópio ótico .A primeira
objetiva a ser usada deve ser a menor(4x).Nessa objetiva faremos a
focalização dos propágulos fúngicos que estão depositados na lâmina . A
próximo objetiva a ser aproveitada será a de (10x) e posteriormente a de (40x),
com o intuito de observar as estruturas fúngicas com mais detalhes.
O fungo foi identificado e descrito com o apoio da literatura de Sivaneson
(1990) .O fungo identificado foi B.sorokiniana.
Para realizar a descrição morfometrica utilizou-se a ocular micrométrica
(WF 10x118 sendo medida as 50 unidades das dimensões dos conídios e
conidióforos.
Posteriormente foram realizados micro e macro fotografias das
estruturas fúngicas no microscópio e estereoscópio utilizando câmera digital
Sony® modelo Power Shot modelo N50 , do acadêmico Danilo Messias do
Vale. Para confecção da prancha de fotos que foram editadas com o Windows
Live Galeria de Fotos e a prancha confeccionada no Microsoft Office Power
Point 2007.
43
RESULTADOS E DISCUSSÕES
44
Figura 1. Aspectos morfológicos de Bipolaris sorokiniana A.Conidióforo germinando o conídio (bar=1,16µm) ,B. Conidióforo e célula conidiogênica (bar=1,8µm), C.Conidióforo apresentando crescimento simpodial (bar=3,6µm), D.Conidióforo em crescimento simpodial (bar=2,84µm), E.Conídio mostrando em detalhe o hilo (bar=1,3µm),F. Seqüência de conídios (bar=2,8), G.Conídio sendo germinado(bar=1,1µm).
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA :
O fungo B.sorokiniana apresenta , Conidióforos solitários ou em
pequenos grupos, (fig. 1A), direto, às vezes geniculado. Conídio retilíneo com
proliferação simpodial (Fig. 1B), pálido(Fig. 1C) e meados de castanho escuro,
Células conidiogênicas(Fig.1B) , integrada, terminação, simpodial cilíndrica.
45
Conídios pseudo-septados(Fig.1E), fusiformes amplamente elipsoidal. Conídios
pseudo septados com atividade metabólica(Fig1G). hilo na região basal do
conídio (Fig. 1E), os seu conídios apresentam uma coloração verde-oliva são
curvos afilados nas extremidades contendo de 3 a 13 pseudoseptos(Pereira
2005). (Fig. 1C e Fig. 1D), mostrando dois conidióforos em crescimento
simpodial evidencializando cicatrizes obtidas pela atividade metabólica de
formação de conídios, (Fig. 1F) conídios variando de 8 a 10 pseudo-septos.
Os aspectos morfológicos foram comparados com as informações
apresentadas por Sivaneson (1997).
Ascósporos hialinos a marrom claro,pseudo septados filiformes,
muitas vezes rodeado por uma fina bainha mucilaginosa.
Tabela 1.Elementos morfológicos e morfometricos de Bipolaris sorokiniana.
Diâmetro (µm) Sivanesan Pereira
Conídio
(µm)
55-(67,5)-82,5 x
12,5-(18,2)-22,5
160-360 x 6-9 10-17 x 30-115
Conidióforo
µm
132,5-(89,95)-50 x
17,5-(9,05)-5
220 x 6-10 130-340 x 6-9
As medidas descritas em literatura do autor Sivanesan (1997) pertencem
ao fungo Bipolaris sorokiniana e que foram utilizadas com o intuito de realizar-
se a comparação morfométrica.a Identificação com base em Bipolaris
sorokiniana não e pertinente segundo esta descrição .Entretanto a espécie
Bipolaris maydis descrito na etiologia de (Pereira 2005) e compatível com a
realizada neste trabalho.
46
LITERATURA CITADA
INDEX FUNGORUM, Banco de Dados para Consulta de Táxons Fúngicos. Disponível em:http://www.indexfungorum.org/Names/NamesRecord.asp?RecordID=293701. Acessado em : Outubro de 2011.
FARR E ROSMAM, SBML Systematic Botany of Mycological
Resources.Disponível em:<http://nt.ars-
grin.gov/fungadatabase/fungushost.cfm>Acessado em: 26/10/2011.
FORCELLINI C.A. REIS E. M. Doenças da cevada. IN: KIMATI H.; AMORIM L. ; REZENDE J.A.M. ; BERGAMIN FILHO, A. Manual de Fitopatologia V. 2. 4º edição , ED. Agronômica Ceres São Paulo, 2005.
LUME. (Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/11233 acessado em 25-10-2011 as 20:40)
LUZ , W . C . Fungos de importância médica do Filo Ascomycota .IN : LUZ , W . C. ; INÁCIO , C. A. Micologia avançada . Taxonomia de Ascomiceto Ed. RAPP. Passo Fundo , RS. 400 p. , 2009
PEREIRA ET AL ,Doenças do milho, In : Kimati, H . et al , Manual de Fitopatologia 4° Ed, Ed. Agronômica Ceres Ltda. , São Paulo, SP , 2005 , vol. 2 , pg. 481- 482 .
REIS & FORCELINI In FILHO , A BERGAMIN et al .Manual de Fitopatologia volume 1 : princípios e conceitos terceira edição.Editora Agronômica Ceres Ltda. , São Paulo – SP .1995
REIS . M. E & CASA.T . R MANEJO SUSTENTADO DE DOENÇAS DO TRIGO. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária , 2009 S 175.
SILVA, A. A. & BACH, E. E . Aumento de proteínas e beta-glucanase indicam indução de resistência em plantas de cevada tratadas com extrato de gengibre contra Bipolaris sorokiniana.. Fitopatol. bras. (Suplemento), agosto 2005 S 77.
47
SIVANESAN, A. List of sets, index of species, and list of accepted names some obsolcie species names in , CMDI Descriptions of Pathogenic Fungi and Bacteria sets 1-100, nos. 1-1000 , Micropathelogia 111:91-108,1990).
48
Aspectos gerais e morfológicos de Alternaria padwickii.
Aline Suelen da SilvaAcadêmica do Curso de Agronomia
1. INTRODUÇÃO
A agricultura brasileira é bastante diversificada e abrange praticamente
todo o território nacional, entre as cultivares que mais se destacam está o
arroz, produto de suma importância para a população, pois abrange metade da
ingestão energética de cada indivíduo (Naves e Bassinelo, 2006). Um dos
fatores que atinge sua produção é a ocorrência de pragas e doenças que
podem ser causadas por insetos, pássaros e fungos, entre outros (COUCEIRO,
1995).
Dentre os fungos que prejudicam a produção da cultura de arroz os mais
incidentes são: Pyricularia grisea, Bipolaris oryzae, Cercospora janseana,
Rhizoctonia solani, Gerlachia oryzae, Phoma sorghina, Alternaria padwickii,
Alternaria spp., Curvularia lunata e Nigrospora oryzae. Alguns desses
patógenos costumam causar as chamadas manchas dos grãos. No Brasil
existem registros da ocorrência dessa doença causada pelo fungo A. padwickii,
encontrada no Rio Grande do Sul em associações com sementes de arroz
(FARIAS et al., 2007).
As espécies de fungos do gênero Alternaria sp., que possuem como
planta hospedeira o arroz (Oryza sativa) são A. alternata, descrita por Shaw, D. E. publicado em Microorganismos em Papua Nova Guiné.Departamento
Primário Ind., Res. Touro. 33: 1-344 (1984) , A. longíssima, descrita por
Deighton, F. C., na revista de Micologia. 113: 1-15. (42123) (1968), A. oryzae,
descrita por Shaw, D. E. na revista Microorganismos em Papua Nova
Guiné.Departamento Primário Ind., Res. Touro. 33: 1-344. (6277) (1984), A.
padwickii, descrita por Richardson, M. J. na revista Uma lista anotada de
Seed-Borne Diseases. Quarta Edição. Teste internacional de Associação de
sementes, 387 (1990), A. raphani. Descrita por Tai, F. L. em Sylloge Fungorum
Sinicorum. (1979), A. tenuis, descrita por Wu, W. em A sobrevivência de
fungos nas sementes de arroz em Taiwan 78: 316. (1994) e A. tenuissima,
49
descrita por Ahmad, S. et al em Fungos do Paquistão.,Sultan Ahmad
Sociedade Micológica do Paquistão(1997) (FARR & ROSSMAN 2011).
Entre os anos de 2004 e 2005 foram conduzidos estudos nas regiões de
Vilhena, em Rondônia, Sinop, no Mato-Grosso e em Santo Antônio de Goiás
com o obejtivo de avaliar a qualidade de sementes de arroz onde foi registrada
a ocorrência do fungo A. padwickii (LOBO et al., 2006).
A nomenclatura atual do patógeno causador da doença conhecida como
mancha do grão é A. padwickii, que foi descrita por M.B. Ellis, publicada na
revista Índex of Fungi 4: 55 (1971-1980) (INDEX FUNGORUM 2011).
Apresenta como sinonímias Trichoconiella padwickii (Ganguly) BL Jaiin
1976 e Trichoconis padwickii Ganguly 1948 (Zipcodezoo 2011) e Lewia
scrophulariae (Desm.) ME Barr & EG Simmons, em Simmons (1986) (INDEX
FUNGORUM, 2011).
A forma teleomórfica de A. padwickii pertence ao filo Ascomycota, classe
Ascomycetes, ordem Pleosporales, família Hypogastruoidea e gênero
Alternaria (ZIPECODEZOO, 2011).
De acordo com o Index Fungorum (2011) a forma anamórfica pertence
ao reino Fungi, filo Ascomycota, classe Dothideomycetes, ordem
Pleosporomycetidae, sub-ordem Pleosporales, família Pleosporaceae e ao
gênero Lewia.
A doença da mancha nos grãos de arroz é causada por a mais de um
fungo ou bactéria. As espécies de patógenos mais ocorrentes são Dreschslera
oryzae (Breda de Haan) Subram & Jain, Phoma sorghina (Sacc.) Boerema,
Dorenbosch & Van Kesteren, A. padwickii (Ganguly) Ellis (EMBRAPA, 2011a).
Os sintomas aparecem desde o surgimento de panículas até o
amadurecimento. As condições climáticas interferem no agravamento da
doença sendo os principais fatores umidade e precipitação, que favorecem o
surgimento de manchas (EMBRAPA, 2011a).
Milheto e Sorgo são espécies hospedeiras de A. padwickii,
apresentando as mesmas características da doença que ocorrem no
50
arroz(Ufpel, 2011). Outras hospedeiras encontradas foram Brachiara
Decumbens e Pinus khasya (FARR e ROSSMAN 2011).
De acordo com Vidotto (2004) não houve nenhum registro de
A.padwickii em micologia médica, como era de se esperar, pois este fungo é de
importância fitopatogênica uma vez que provoca a mancha nos grãos de arroz
(Oryza sativa), causando perdas significativas na cultura do arroz em diversos
estados nacionais e internacionais.
Os primeiros relatos da doença foram registrados em Paiva, no norte da
Itália, em 1995. A doença foi identificada pelas colônias presentes em
sementes incubadas em meios agar batata dextrose e pela sua morfologia de
conídios (APSNET, 2011).
A mancha nos grãos de arroz estão associadas a mais de um patógeno.
Os principais são Drechslera oryzae, Phoma sorghina, Pyricularia grisea,
Microdochium oryzae, Sarocladium Pyricularia grisea, Microdochium oryzae,
além de dIferentes espécies de Sarocladium, Nigrospora e Fusarium
(EMBRAPA, 2011a).
Segundo a Embrapa (2011b), entre as cultivares recomendadas para
plantio no estado do Tocantins nenhuma oferece total resistência a doença da
mancha nos grãos, existem apenas variedades que apresentam moderada
resistência, como as cultivares BRS Alvorada e BRSGO Guará, moderada
suscetibilidade nas cultivares Mética 1, BRS Formoso, BRS Biguá e BRS
Jaçanã, e suscetibilidade, apresentada apenas na BRS Jaburu.
Os métodos de controle existentes para o tratamento da doença são a
aplicação de fungicidas, como estratégia para diminuir o inóculo inicial, e a
utilização de práticas culturais já empregadas em outros cultivos, buscando
diminuir a incidência das manchas nos grãos (EMBAPA, 2011a).
Nas literaturas não foram encontrados registros do uso industrial do
fungo A. padwckii.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos de
Alternaria padwickii.
MATERIAIS E MÉTODOS
51
O trabalho foi realizado no laboratório de micologia da EMBRAPA
Cenargem, localizada na Asa Norte, Brasilia-DF,2010.Os propágulos de
semente de arroz foram plaqueados e deixados em condição de câmara úmida,
e após este processo foram analisados em microscópio estereoscópico onde
foram encontradas estruturas fúngicas.
Essas estruturas forma pescadas com auxílio de um estilete ou uma
pinça de ponta fina e transferidas para uma lâmina contendo uma gota de
fixador a base de lacto fenol (composto por ácido lático, ácido acético, glicerina
e água) na qual logo após foi depositada uma lamínula e levada ao microscópio
óptico, onde foram encontradas estruturas, as quais comparadas com a
literatura constatou-se que eram do fungo pertencente ao gênero Alternaria da
espécie padwickii, após isso a lâmina foi vedada com esmalte e etiquetada.
Os fungos foram classificados, conforme as suas características
morfológicas e morfométricas, medindo o tamanho dos conidióforos, células
conidiogênicas, conídios e rostros, utilizando a ocular micrométrica (WF10 X
118), totalizando 25 medições para cada estrutura diferente encontrada, e
confeccionando fotos micrométricas das estruturas citadas.
No microscópio óptico a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor
(4x) para que se possam focalizar os propágulos depositados na lâmina, após
a observação destes aumentou-se a objetiva para 10x e logo em seguida para
a objetiva de 40x onde se observou com mais detalhes as estruturas fúngicas.
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas
fúngicas no microscópio ótico utilizando câmera digital Canon® modelo Power
Shot A580 do professor Milton Luiz da Paz Lima para confecção da prancha de
fotos que foram editadas com o Windows Live Galeria de Fotos e a prancha
confeccionada no Microsoft Office Power Point 2007.
52
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos morfológicos de Alternaria padwckii em folhas de arroz. A. conídio ovalado com septos tranversais, ligado a conidióforo (bar = 81 µm), B. Conidióforo em formação e célula conidiogênica (bar = 143 µm), C. Conídio jovem com formato ovóide, com septos tranversais e rosto (bar = 86 µm), D. Conídio maduro feodicto com septos tranversais (bar = 104 µm).
53
54
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA
Apresenta conidióforos com até 260 μm (Figura 1A), muitas vezes
minunciosamente equinulados. Conídio em linha reta (Figura 1C), fusiforme,
obclavado e rostrado, muitas vezes o bico é mais da metade com comprimento
dos conídios, primeiro hialino (Figura 1C), depois cor-de-palha ao marrom
dourado(Figura 1D), lisas ou minunciosamente equinulado, muitas vezes
equinulado somente perto da cicatriz, 40-92,5 (64,75)μm de comprimento, 10-
17,5 (12)μm de espessura na parte mais larga, com 3-6 (mais comum 4) septos
transversais(Figura 1 A).
O fungo cresce bem em cultura de batata em dextrose-ágar, formando
colônias acinzentadas, muitas vezes rosa ou roxa o sentido inverso, livre
esporulação, especialmente quando expostos a radiação UV próxima.
Esclerócios pretos e pequenos com paredes distintamente reticuladas e
são formados em culturas antigas.
Manchas necróticas nas raízes e coleóptilos levam a morte de mudas.
As manchas foliares são circulares ou ovais, até um centímetro fraca, com uma
margem escura, o centro torna-se pálido e tem os esclerócios negros. As
sementes são invadidas e se tornam descoloridas ou murchas. Os esclerócios
são formados em toda a área infectada (SIVANESAN, 1990)
55
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de
Alternaria padwickii com os elementos morfológicos e morfométricos
descritos por outros autores.
Caracterí
sticasIsolado encontrado
Ellis,
(1971).
Resultad
o
Dimensõe
s de
Conídio
(µm)
40-92,5 (64,75) x 10-17,5 (12) 95-170 (130) x 11-20 (15,7)
A
diferença
foi pouca
Conidiófo
ro (µm)80-260 (151,5) 180x3-4
A
diferença
foi pouca
Rosto
(µm)25-317,5 (126,5) ________
Não foi
possível
realizar
compara
ção
LITERATURA CITADA
APSNET. Disponível em:
<http://www.apsnet.org/publications/PlantDisease/BackIssues/Documents/1996
Abstracts/PD_80_1208D.htm> Acessado em: 26/10/2011.
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do Tocantins. Disponível em:
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58
Aspectos gerais e morfológicos de Colletotrichum truncatum
José Carlos Marra FilhoAcadêmico do curso de agronomia
INTRODUÇÃOColletotrichum truncatum (Schwein) possui apenas uma espécie descrita
em literatura, não possuindo subespécie, e quem o descreveu pela primeira
vez foi Andrus e W. D. Moore (1935). A sua posição quanto à classificação na
forma anamórfica é Glomerellaceae, Incertae sedis, Sordariomycetidae,
Sordariomycetes, Ascomycota, Fungi (INDEX FUNGORUM, 2011).
O C. truncatum é um fungo mitospórico, cujo teleomorfo pertence ao
gênero Glomerella classificado como pertencente ao filo Ascomycota, ordem
Phyllachorales, família Phyllacoraceae (HAWKSWORTH ET AL., 1995).
Segundo Cannon (2005), C. truncatum possui alguns sinônimos como,
Vermicularia truncata, Colletotrichum dematium f. truncatum.
Existem 265 registros de ocorrência de C. truncatum infectando diversas
hospedeiras no mundo. Deste total de registros ocorridos no mundo, 118
hospedeiras de C. truncatum foram encontradas registradas no banco de
dados Farr e Rosmman (2011).
As famílias botânicas que são infectadas com maior frequência por C.
truncatum são: Fabaceae, Poaceae, Solanaceae, Malvaceae (FARR E
ROSMMAN, 2011).
No Brasil, 20 hospedeiras encontram-se registradas, segundo Farr e
Rosmman (2011), representadas por Aeschynomene paniculata (LENNE,
1990), Galactia striata (LENNE, 1990), Glycine max (MENDES ET AL., 1998),
Lupinus albus (MENDES ET AL., 1998), Lupinus luteus (MENDES ET AL.,
1998), Phaseolus lunatus (Anthracnose.) (MENDES ET AL., 1998), Phaseolus
lunatus var. macrocarpus (MENDES ET AL., 1998), Phaseolus
vulgaris (Anthracnose; stem anthracnose) (MENDES ET AL., 1998) , (DAMM,
2009), Stylosanthes capitata (LENNE, 1990), Stylosanthes guianensis (LENNE,
1990), Stylosanthes hamata (LENNE, 1990), Stylosanthes humilis (LENNE,
1990), Stylosanthes pilosa (LENNE, 1990), Stylosanthes scabra (LENNE,
1990), Stylosanthes sp. (MENDES ET AL., 1998), Vigna unguiculata (MENDES
59
ET AL., 1998), Zornia glabrata (LENNE, 1990), Zornia glochidiata (LENNE,
1990), Zornia latifolia (LENNE, 1990), Zornia sp. (LENNE, 1990).
A antracnose é uma das principais doenças do cerrado. Em ambiente de
alta umidade ela causa a abertura das vargens, o apodrecimento das vargens e
sementes da soja, à morte prematura das vargens e germinação dos grãos em
formação (YORINORI ET AL., 1993).
O fungo pode atacar também regiões como, São Paulo, Minas Gerais e
sul do Brasil. Apesar de causar bastantes danos em locais com umidade alta,
plantios densos ou em caso da planta madura ficar no campo por questão de
chuvas, a antracnose de modo geral não se mostra como prejuízo sério de
maneira geral para as lavouras. Em tais condições observam-se plantas
amareladas o que é referido como “mosqueado” (ELKE, 1980).
A doença pode prejudicar também a haste e outras partes das plantas
causando manchas castanho-escuras, além de possivelmente ser causadora
da podridão do pecíolo que, nos últimos anos, tem trazido muitos danos e
perdas nas lavouras do cerrado (YORINORI ET AL., 1993).
Segundo Yorinori, et al. (1993), na região sul, em épocas com um
prolongamento maior da chuva, após o plantio direto da soja sobre a palhada
do trigo, há bastante morte entre os trinta dias de plântulas, dependendo das
vezes tendo que fazer o replantio do mesmo. Alta incidência de morte de
plântulas por antracnose tem sido observada nas variedades Primavera e
Invicta. Algumas observações feitas no campo mostram que, a doença não
atinge a cultura por inteiro mais sim alguns grupos de plantas, o que alguns
pesquisadores pensam que certas plantas têm resistência genética.
Inóculo proveniente de restos de cultura e sementes infectadas pode
causar necrose dos cotilédones, que pode acabar se estendendo para o
hipocólito, causando o tombamento de pré e pós-emergência. O fungo ataca as
partes laterais da planta, pecíolos e vargens em qualquer estagio de formação.
A doença pode causar a queda total das vargens ou deterioração das
sementes em colheita retardada. Nos estágios R3-R4 as plantas começam a
adquirir as manchas e ficam retorcidas. Em altas umidades o fungo já começa
a ser visível por pontuações negras na planta, ou seja, são as frutificações do
fungo (ALMEIDA ET AL., 2005).
60
No período de março de 2004 a janeiro de 2005 foi avaliada a
resistência de 48 cultivares comerciais de soja a Colletotrichum
truncatum. Plântulas de soja foram inoculadas no estádio V1/V2 e, após as
inoculações, foram mantidas em casa de vegetação, sob condições de
umidade relativa do ar acima de 95%, durante 10 dias. Após esse período, as
plântulas foram avaliadas para determinar a reação das cultivares. A
severidade dos sintomas foi obtida pela avaliação das lesões nas folhas,
determinando-se os graus de resistência das plântulas através de uma escala
de notas de severidade, com valores de 1 a 9. Somente as cultivares Tabarana,
Cometa e EMGOPA 316 foram suscetíveis a Colletotrichum truncatum
(SCIELO, 2011).
C. truncatum é um patógeno de plantas que vem mostrando resultados
como um bio-herbicida contra a planta daninha Sesbania exaltata. Estudos
anteriores mostraram uma quantidade similar de esporos produzidos por
mililitros de meio de cultura em fermentação líquida e em estado sólido. Neste
estudo, os esporos do fungo foram produzidos em líquido (LC), sólido por
vermiculita (SV) e sólido por perlite, fubá e ágar (SP). Após a secagem à
temperatura ambiente com fluxo de ar, SV e SP manteve com mais viabilidade.
Cada produto foi então armazenado há 4º, 15º e 25º C. Dos três produtos
armazenados, SP manteve maior viabilidade. Eficácia com base em ensaios
utilizando o mesmo número de esporos viáveis, os esporos do meio SV e SP,
mostraram sintomas da doença mais grave do que no meio LC (SCIENCI
DIRECT, 2011).
O fungo C. truncatum não é utilizado em alimentos e não tem
importância industrial, pois ele é um patógeno vegetal, não fazendo mal algum
a animais e seres humanos (PAUL, 2005).
A espécie em estudo é um parasita obrigatório podendo ocorrer em
variadas espécies de plantas (SBFITO, 2011).
O gênero desse fungo possui aproximadamente 706 espécies válidas
em literatura, onde a maioria são fitopatogênicos (INDEX FUNGORUM, 2011).
O objetivo deste trabalho é apresentar os aspectos gerais e morfológicos
do fungo Colletotrichum truncatum.
61
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi feito no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal
Goiano campus Urutaí.
O processo para encontrar os propágulos do e verificar suas estruturas é
a visualização em microscópio estereoscópico.
Após a visualização dos propágulos devemos coletá-los da superfície
foliar com o auxílio de uma pinça e colocá-los em uma lâmina contendo uma
gota de fixador lactofenol cotton-blue, em seguida colocar-se uma lamínula
sobre a lâmina. Retirar-se o excesso de corante com papel higiênico, logo após
vedar-se com esmalte e levar o conjunto para visualização em microscópio
ótico. No microscópio a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor (4x),
para que possamos observar se os propágulos foram depositados na lâmina,
após a observação destes, aumentamos as objetivas para os aumentos de 10x
e 40x, para se observar as estruturas fúngica com mais detalhes.
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas
fúngica no microscópio ótico e das frutificações fúngica no microscópio
estereoscópico, utilizando câmera digital Canon® modelo Power Shot A580 do
professor Milton Luiz da Paz Lima.
62
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos morfológicos de Colletotrichum truncatum. A., B. e C. setas
(s) (bar = 62c µm) e acérvulos (ac), D. e E. Conídios hialinos (c) (bar = 17,5c
µm x 51 µm).
63
Descrição Micológica:O fungo Colletotrichum truncatum possui ciclo sexual ou forma
teleomórfica desconhecida ou ausente (NEYLSON, 1993).
Na amostra analisada foi encontrado o fungo na sua forma anamórfica,
onde os acérvulos eram circulares (Fig. 1B e C). Os conídios podem ser em
formato hialino, oval, oblongo ou falcado. Na figura o fungo tem formato hialino
(Fig. 1D e E). A massa de conídios com coloração rósea. Podem estar
presentes no acérvulo com setas longas, septadas e pigmentadas podendo se
formar juntamente ao tecido de seu hospedeiro, setas escuras com tonalidades
pretas (Fig. 1A) com célula basal arredondada (CARDOSO, 1978).
Os conídios são levemente curvos, mais largos no centro e
gradativamente mais finos em direção às extremidades, onde a largura
corresponde a aproximadamente metade da região central. Quando maduros,
possuem coloração marrom e freqüentemente germinam através das células
apicais e basais. Os tubos germinativos originários destas células formam
apressório. O número de núcleos presentes em cada célula do conídio pode
variar de 1-14, sendo mais comumente encontradas células binucleadas
(UESB, 2011).
Alguns fatores do ambiente podem influenciar o desenvolvimento do
fungo. A temperatura ótima para esporulação está em torno de 28°C, embora
possa ocorrer esporulação desde 10 até 35°C. A liberação de esporos não é
muito influenciada pela temperatura e normalmente ocorre na faixa de 15 a
35°C. Em relação à germinação, temperaturas compreendidas entre 25 e 28°C
favorecem o processo. Quanto à umidade, a produção de conídios sobre as
lesões tem início quando a umidade relativa atinge no mínimo 93%. Para a
germinação, há necessidade de água livre, pois raramente o esporo germina
sob condições de ar saturado. O desenvolvimento do micélio é favorecido por
umidade relativa próxima de 93% também. A luz também pode ter influência
sobre o micélio e os esporos. Embora o crescimento do micélio, a germinação
de conídios e a elongação do tubo germinativo sejam processos inibidos pela
luz, a alternância da mesma tem um papel importante sobre a produção de
esporos. Estes começam a ser liberados tão logo escureça, alcançam um
64
máximo em poucas horas e praticamente cessam na alvorada; sob condições
de luz ou escuro contínuo, a esporulação cai a níveis muito baixos, voltando a
aumentar quando os períodos de luz e escuro novamente voltarem a se
alternar (UESB, 2011).
Tabela 1. Comparação dos elementos morfométricos de C. truncatum.
Descrição Morfológica
Marra (2011) Eken e Demirci (2000)
Paz Lima (2011)
Conídios 15-19,5 x 3-5,1 16,3-20,6 x 3,1-4,5 8-16 x 2-5,5
Setas 60,5-72 x 6,3-8 - 62-70,3 x 6-8,3
Eken e Demirci (2000) desenvolveram um estudo sobre o fungo C.
truncatum na Turquia onde eles observaram o primeiro caso do mesmo em
alfafa. Ao desenvolverem o estudo eles fizeram a descrição micológica e a
medida das estruturas (Fig. 2) como os conídios, que se apresentavam
hialinos, unicelulares, falcados e quase reto, com uma área de destaque clara
no centro do citoplasma altamente granular (APS, 2011).
Com base na tabela pode-se dizer que as medidas ficaram
proporcionais, ou seja, não houve uma variação muito grande entre as medidas
de cada autor.
LITERATURA CITADA.
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consulta de publicações. Disponível em:<www.apsnet.org>, acessado em
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Editora Berkeley Toronto – USA, 2005.
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para consulta de publicações. Disponível em:<www.sbfito.com.br>, acessado
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66
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banco de dados para consulta. Disponível
em:<http://www.uesb.br/utilitarios/modelos/monta.asp?
site=fitopatologia&tex=iii_09_arroz.html>, acessado 31 de outubro de 2011.
67
Aspectos gerais e morfológicos do fungo Monilia fructicola (Wint.) Honey
Amauri de Queiroz Júnior
Os fungos constituem um grupo numeroso de organismos, bastante
diversificado filogeneticamente e de grande importância ecológica e
econômica. Um grupo numeroso e diversificado infecta as plantas e seus
produtos, causando os mais variados tipos de sintomas, acarretando prejuízos
na produção (alimentos, fibras e energia) (BERGAMIN FILHO et al., 1995).
Fungos mitospóricos são também denominados de fungos imperfeitos
pois há a ausência ou não constatação de estruturas sexuais de reprodução. A
classe Hiphomycetes, pertencente à divisão dos fungos mitospóricos, se
caracteriza pela ausência de corpo de frutificação e presença de conídios que,
quando presentes, são livres (BERGAMIN FILHO et al., 1995).
O gênero Monilia possui espécies como M. acremonium, M. alpina, M.
angustior, M. aureofulva, M. brunnea - (Raffaelea brunnea), M. carbonaria, M.
cinerea - (Monilia laxa), Monilia cinerea f. americana - (Monilia fructicola), M.
concentrica, M. corni, M. coryli, M. crassa, M. crataegi, M. cydoniae, M.
fragrans, M. fructicola, M. fructigena, M. geophila, M. hammonis, M. implicata -
(Acremonium implicatum), M. laxa, M. linhartiana, M. martinii, M. mespili, M.
peckiana, M. pistaciae, M. polystroma, M. pruinosa, M. roreri - (Moniliophthora
roreri), M. sitophila - (Chrysonilia sitophila), M. urediniformis, M. vaccinii-
corymbosi e M. versiformis (FARR e ROSMAN, 2011).
Monilia fructicola (Wint.) Honey é um teleomorfo pertence à classe dos
Hyphomycetes, ordem Moniliales (Hyphales), família Moniliaceae, gênero
Monilia, espécie M. fructicola (INDEX FUNGORUM, 2011).
De acordo com o Index Fungorum (2011), não há descrição e/ou
identificação da fase anamórfica do fungo em questão.
Para M. fructicola, são descritas as seguintes sinonímias: Ciboria
fructicola G. Winter, Monilia fructicola L.R. Batra, Sclerotinia americana
(Wormald) Norton & Ezekiel e Sclerotinia fructicola (G. Winter) Rehm (INDEX
FUNGORUM, 2011).
68
A espécie M. fructicola foi relatada infectando hospedeiros como
Manihot esculenta, Saccharum officinarum, Cydonia oblonga, Prunus sp. Vitis
vinifera, Theobroma cacao, Malus asiatica, Chaenomeles japonica e Corylus
avellana, em países como Canadá, Itália, Polônia, Ucrânia, Estados Unidos,
Austrália, Japão, Coréia, China, África do Sul e Brasil (FARR e ROSMAN,
2011).
M. fructicola é um patógeno saprófita, responsável por causar em
plantas, uma doença chamada moniliose ou podridão parda, que incide
principalmente em frutas, como pêssego e nectarina. As frutas são excelentes
substratos para o desenvolvimento de patógenos, com açúcares, ácidos,
vitaminas e água e, à medida que vão amadurecendo, sofrem uma série de
modificações em sua morfologia e metabolismo, que explicam a sua maior
sensibilidade aos processos patológicos que originam as podridões (KLUGE et
al., 2002).
O consumo excessivo de frutos infectados com o patógeno pode causar
intoxicações alimentares e infecções intestinais (BASSETTO, 2006).
A podridão causada por M. fructicola pode causar sérios danos atacando
ramos, flores e principalmente frutos, diminuindo consideravelmente a
quantidade e qualidade da produção (MARTINS et al., 2006).
Os sintomas da infecção de M. fructicola em flores são necroses das
anteras, prosseguindo para o ovário e pedúnculo. As infecções podem se
estender internamente até o ramo, resultando no desenvolvimento de cancros,
anelando-o e conseqüentemente ocasionando a morte da parte terminal. Flores
infectadas murcham, tornam-se marrons e fixadas ao ramo por uma goma
exsudada. Na fase de pré-colheita, frutos infectados apresentam lesões
pequenas pardacentas, com aspecto encharcado que evoluem para manchas
marrons (FITOPATOLOGIA.NET, 2011).
Frutificações acinzentadas das estruturas do patógeno são facilmente
vistas no campo, sobre a podridão. Com o passar do tempo os frutos
infectados tornam-se completamente cobertos de esporos, que contribuem com
inóculo para novas infecções no pomar. Infecções quiescentes podem ocorrer
69
nos frutos verdes. Os frutos maduros depois de colonizados desidratam-se,
ficando mumificados e presos à planta ou caem sobre o solo
(FITOPATOLOGIA.NET, 2011).
O desenvolvimento de M. fructicola é favorecido por temperaturas de
25°C e umidade acima de 80%. Um período de no mínimo 18 horas a 10°C e 5
horas a 25°C é necessário para a ocorrência de infecção do patógeno na
planta. Os conídios são facilmente dissemidados pelo vento, água e insetos
(mosca das frutas, afídeos, entre outros), se constituindo em uma importante
fonte de inóculo (ABREU, 2006).
Sob certas condições, os escleródios do fungo são formados e
germinam formando apotécios onde são produzidos os ascos. Por meio desta
estrutura, os ascósporos são projetados e disseminados (BASSETTO, 2006).
No Brasil a podridão-parda é causada pelo fungo M. fructicola, porém
em outros países da América do Sul e do Norte esta doença também pode ter
como agente causal fungos da espécie M. laxa e na Europa fungos das
espécies M. laxa e M. fructigena (ABREU, 2006).
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo Monilia fructicola.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Instituto
Federal Goiano Campus Urutaí, onde foi analisado em microscópio óptico,
uma lâmina semi- permanente, pertencente à coleção micológica do
Laboratório de Microbiologia. Nesta lâmina semi-permanente estavam
presentes as estruturas do fungo, colocadas em corante azul de algodão, sob
lamínula e vedadas com esmalte.
As lâminas foram visualizadas em microscópio óptico 10x e 40x para
identificação das estruturas do fungo presentes na lâmina. Foram feitas as
medições das estruturas do patógeno em microscópio óptico e tiradas fotos
com câmera digital Canon® modelo Power Shot A580, dos frutos de pêssego
com os sintomas e sinais do patógeno em microscópio estereoscópio e das
70
estruturas do fungo presentes nas lâminas visualizadas no microscópio óptico
em ocular 40x. A prancha de fotos foi confeccionada utilizando o programa
Microsoft Office Power Point e programa de edição de imagens PhotoScape.
71
RESULTADOS E DISCUSSÃO
72
Descrição micológica
O fungo M. fructicola é um hifomiceto, com conidióforos e conídios
hialinos (Fig.1C), catenulados, com dimensões de 14,5-17 x 10-13 μm (Fig.1D)
(Tab. 1) (BERGAMIN FILHO et al., 1995).
Os frutos infectados apresentam lesões pequenas pardas, com aspecto
encharcado que evoluem para manchas marrons (Fig. 1A). Frutificações
branco-acinzentadas das estruturas do patógeno são facilmente vistas no
campo, sobre a podridão (Fig. 1B). Com o passar do tempo os frutos infectados
tornam-se completamente cobertos de esporos (FITOPATOLOGIA.NET, 2011)
No Brasil, há relatos de Monilia fructicola nos estados de São Paulo, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul em pêssego,
nectarina e ameixa (EMBRAPA BANCO DE DADOS BRASILEIRO DE
MICOLOGIA, 2011).
Além do Brasil, houve relatos M. fructicola no Uruguai, Argentina,
Nigéria, Japão, Coréia, Canadá, Hungria e África do Sul, em Prunus mume,
Prunus pendula f. ascendens, Prunus pendula f. pendula, Prunus persica e
Manihot esculenta (FARR E ROSMAN, 2011).
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos do isolado em estudo com os descritos por Batista et al. (2011).
Descrição morfológica e morfométrica
Isolado em estudo Batista et al. (2011)
Coloração Hialino Hialino
Disposição dos conídios
Catenulado Catenulado
Dimensões 14,5-17 x 10-13 μm14 (12-16) x 11 (9-12)
μm
73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, F.M. Quantificação de danos e controle pós-colheita de podridão parda
(Monolinia fructicola) e podridão mole (Rhizopus spp.) em pêssegos.
Piracicaba, 2006. 49p. Dissertação (mestrado) – Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, 2006.
BASSETTO, E. Quantificação de danos ao longo da cadeia produtiva de
pêssegos e avaliação de métodos alternativos de controle de doenças pós-
colheita. Piracicaba, 2006. 126p. Tese (doutorado) – Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, 2006.
BATISTA, D.C., BARBOSA, M.A., AMORIM, C.C., BARBOSA, J.S. Identificação
de fungos em frutos de pêssego e ameixa apresentando podridão. In: XLIV
Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 2011. Bento Gonçalves - RS. Summa
Phytopatologica, 2011. v. 37.
BERGAMIN FILHO, A.; Kimati, H.; Amorim, L. Manual de Fitopatologia. 3 ed.
vol. 1. São Paulo. Agronômica Ceres, 1995.
EMBRAPA BANCO DE DADOS BRASILEIRO DE MICOLOGIA. Disponível em:
<http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/micbanco01a.asp>
Acessado em: 06/11/2011.
74
FARR E ROSMAN, SBML Systematic Botany of Mycological Resources.
Disponível em: <http://www.ars.usda.gov/main/site_main.htm?modecode=12-
75-39-00>. Acessado em: 05/11/2011.
FITOPATOLOGIA.NET. Disponível em:
<http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/fitopatologia/ficha.php?id=111>
Acessado em: 04/11/2011.
INDEX FUNGORUM. Disponível em:
<http://www.indexfungorum.org/Names/Names.asp>. Acessado em:
03/12/2011.
KLUGE, R.A; NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C.; BILHALVA A.B. Fisiologia
e manejo pós-colheita de frutas de clima temperado. 2.ed. Piracicaba: Livraria e
Editora Rural, 214 p. 2002.
MARTINS, M.C.; LOURENÇO, S.A.; GUTIERREZ, A.S.D.; JACOMINO, A.P.;
AMORIM, L. Quantificação de danos pós-colheita em pêssegos no mercado
atacadista de São paulo. Fitopatologia Brasileira, v. 31, n1, p.5-10, 2006.
75
Aspectos gerais e morfológicos do fungo Alternaria dianthicola
Alexandre José Rosa
Acadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
Alternaria dianthicola foi descrita em 1945 por Neerg, e apresenta como
forma anamórfica o fungo Lewia scrophulariae Simmons (1986), com a
seguinte classificação taxonômica: Fungi, Ascomycota, Dothideomycetes,
Pleosporomycetidae, Pleosporales, Pleosporaceae, Lewia, scrophulariaecom. A
forma teleomórfica possui a seguinte classificação taxonômica: Reino Fungi,
Insertae sedis (grupo incerto), Fungos Mitospóricos, subgrupo Hyphomycetes.
Não apresentando sinonímia (INDEX FUNGORUM, 2011).
Atualmente, existem, segundo Index Fungorum (2011), 636 espécies,
formae speciales e variedades descritas de Alternaria sp..
Alternaria dianthicola foi registrada em nove diferentes espécies de
hospedeiros, como: Dianthus barbatus, D. caryophyllus, D. chinensis, D.
plumarius, D. sinensis, D. superbus var. longicalycinus , Liquidambar styraciflua,
Withania somnifera (Farr e Rossman, 2011).
Sendo registrada 28 vezes, nos seguintes países: Armênia, Austrália,
Canadá, Chile, China, Dinamarca, Estados Unidos, Hawaii, Índia, Koréa, Líbia,
Malaui, Malásia, México, Nova Zelândia, Rússia, África do Sul e Zimbábue
(Farr e Rossman, 2011).
Em todo o mundo, as alternarioses, estão entre as mais comuns
doenças fúngicas em hortaliças. Causadas por fungos do gênero Alternaria
caracterizam-se por afetar plântulas, folhas, caules, hastes, flores e frutos de
várias hortaliças tais como solanáceas, apiáceas, aliáceas, crucíferas,
curcubitáceas e chichoriáceas. (TÖFOLI E DOMINGUES, 2010).
A alternaria sp é um fungo prejudicial a saúde humana, pois é um alérgeno
comum nos seres humanos, causando a chamada febre dos fenos ou reações
de hipersensibilidade que às vezes levam à asma. Prontamente podendo
causar ainda, infecções oportunistas em pessoas imunodeprimidas, como
doentes de AIDS. (Worldingo, 2010).
76
As éspecies de alternaria maléficas ao homem, lembradas como agentes
de feohifomicoses descritas em literatura são: Alternaria alternata, A.
chartarum, A. dianthicola, A. infectoria, A. stemphyloides, A. Tenuissima, sendo
bem distrubuídas em todo o mundo. (Vidotto, 2002).
Uma característica comum, observada em algumas espécies de
Alternaria, está na baixa capacidade ou mesmo ausência de esporulação em
meio de cultura. Um grande número de trabalhos indica diferentes métodos
para induzir esporulação com variações quanto à luz utilizada, meios de
cultura, ferimentos do micélio, temperaturas e idades das colônias.(TÖFOLI E
DOMINGUES, 2010).
Os fungos causadores de manchas, por serem parasitas facultativos,
são capazes de sobreviver nos restos de cultura, na matéria orgânica do solo,
em sementes, em hospedeiros alternativos ou mesmo nos tecidos da planta no
caso de hospedeiro perene; as estruturas de sobrevivência envolvem
principalmente micélio e conídios.
A disseminação dos propágulos é mais comumente realizada pelo vento,
respingos de água e sementes contaminadas. O vento e as sementes são
responsáveis pela dispersão a longas distâncias enquanto a água promove a
distribuição do patógeno nas proximidades da fonte de inóculo.
Os conídios ou ascósporos, entando em contato com a superfície foliar
de um hospedeiro suscetível, iniciam a etapa de infecção. A germinação das
estruturas reprodutivas exige condições de alta umidade, geralmente na forma
de um filme de água sobre a lâmina foliar, o qual é normalmente decorrente da
deposição de orvalho. Os conídios germinam, formando um promicélio ou um
tubo germinativo que se fixa na superfície vegetal através de um apressório. A
hifa originária do apressório penetra de forma direta a superfície íntegra da
folha, com o auxílio de enzimas e pressão mecânica; os ferimentos e
estômatos também se constituem em portas de entrada para os patógenos.
A colonização desenvolve-se com a produção de toxinas e enzimas que
matam o tecido vegetal e promovendo a sua decomposição, liberando os
nutrientes requeridos para o crescimento do patógeno. Várias toxinas de
77
origem fúngica tem sido identificadas, como a toxina produzida por Alternaria.
(FILHO, et al., 1995).
Relatos sobre Alternaria dianthicola são encontrados na Áustria, Chile,
Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Jamaica, Malawi, Malásia, Holanda, Nova
Zelândia, EUA, (Ellis M. B., 1971). No Brasil não e comum relatos sobre essa
espécie de Alternaria.
Sobre as espécies Dianthus incluindo cravo; causa comum de botão de
flor pálida rot. Induces esbranquiçada a amarelo acastanhado, escuro com
bordas, manchas geralmente oval 5-10mm de comprimento, áreas, por vezes
confluentes e formando vários centímetros de comprimento , nos caules,
folhas, e brotos e produzindo imediatamente sobre a exposição das pétalas
densas manchas verde-oliva de conídios que tornam botões florais
invendáveis.Botões florais atacados em um estágio inicial girar o marron e
murchar, sem abertura, o interior sendo completamente destruídos pelo
patógeno. (ELLIS, 1971).
De maneira geral, as alternarioses são doenças típicas de primavera e
verão, todavia podem causar danos importantes em outonos e invernos
atípicos. Os sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais velhas e
evoluem posteriormente para as partes mais novas da planta. A doença
costuma apresentar alto poder destrutivo em condições de altas temperaturas e
umidade. A ocorrência de epidemias severas da doença está sempre associada
à temperaturas diárias de 25 a 32º C. A literatura cita que as temperaturas
mínimas, ótimas, e máximas necessárias para a germinação dos conídios são
as de 5 - 7, 25 - 27 e 30 - 32º C, respectivamente. A umidade, fator importante
na germinação de conídios, pode ser conferida pela chuva, água de irrigação
ou orvalho. A presença de água livre na superfície foliar é fundamental para a
germinação, infecção e esporulação do fungo. De maneira geral, os maiores
índices de mancha de alternaria ocorrem em condições de 40% de umidade
relativa durante o dia e 95% durante a noite. A esporulação abundante do fungo
ocorre na faixa de 14 a 26ºC, com umidade relativa de 100% durante 24 horas
(INSTITUTO BIOLÓGICO, 2011).
A adoção conjunta de diferentes práticas é fundamental para o efetivo
controle das alternarioses em hortaliças. O estabelecimento de um programa
de manejo para a doença deve incluir medidas como: plantio de sementes
78
sadias, plantio de cultivares e híbridos tolerantes, rotação de cultura, redução
do estresse das plantas pela correta adubação e irrigação, bem como a
aplicação de fungicidas. (INSTITUTO BIOLÓGICO, 2011)
Este trabalho tem como objetivo descrever os aspectos físicos e
morfológicos do fungo Alternaria dianthicola.
MATERIAIS E MÉTODOS
79
O trabalho foi realizado no laboratório de micologia da EMBRAPA
CENARGEM, localizada na Asa Norte, Brasilia-DF,2010.Os propágulos de folha
de fumo assim que chegaram foram plaqueados e deixados em condição de
câmara úmida, e após este processo foram analisadas em microscópio
estereoscópico onde encontrou-se estruturas fúngicas.
Essas estruturas forma pescadas com auxílio de um estilete ou uma
pinça ponta fina e transferidos para uma gota de fixador a base de lacto fenol
(composto por ácido lático, ácido acético, glicerina e água) em uma lâmina na
qual logo após foi depositada uma lamínula, levada ao microscópio óptico onde
foram encontradas estruturas, as quais comparadas com a literatura constatou-
se que eram do fungo da gênero Alternaria espécie dianthicola,após isso a
lâmina foi vedada com esmalte e etiquetada.
Os fungos foram classificados, conforme as suas características
morfológicas e morfométricas ,medindo o tamanho dos conidióforos, células
conidiogênicas, conídios e rostros, utilizando a micrométrica (WF10 X 118)
confeccionando fotos micrométricas das estruturas citadas .
No microscópio óptico a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor
(4x) para que se possam focalizar os propágulos depositados na lâmina, após
a observação destes aumentou-se a objetiva para 10x e logo em seguida para
a objetiva de 40x onde se observou com mais detalhes as estruturas fúngicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
80
Figura 1. Estruturas microscópicas do fungo Alternaria dianthicola. A. Ramificação e septação da hifa(bar = 20 µm), B. Conidióforo e células
conidiogênicas(bar = 10 µm), C. Conidio imaturo e apêndices ligados ao rostro
(bar = 13 µm),D. Conidióforo, célula conidiogênica e conídio dictioseptado ( bar
= 14 µm), E. Conídio maduro dictiseptado com germinação lateral( bar = 22
µm).
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA
81
Algumas características da Alternaria dianthicola, por serem fungos
mitospóricos apresentam hifa como estruturas reprodutivas neste caso hifa
septada (Figura 1A) conidióforos decorrentes individuais ou em grupos, eretos
ou ascendentes 75 µm x 09 µm ,dando origem a células conidiogênicas (Figura
1B) , conídio imaturo apresentando apêndice, ligado ao rostro (Figura 1C)
conídioforo dando origem a um conidio dictiseptado e a uma célula
conidiogênica ( Figura 1D) conidio ja na fase madura dictioseptado 35 µm x 08
µm(Figura 1E).
Colônias efusas, geralmente cinza escuro, castanho-escuro ou preto.
Micélio todos imersos ou parcialmente suerficial; hifas incolores, verde-escuro
ou marrom ( Figura 1 A). Estroma raramente formado. Cerdas e hifopodio
ausente. Conidióforos (Figura 1B,D) macronematoso, mononematoso, simples
ou de forma irregular e pouco ramificada, septos incolor ou marrom, solitários
ou em células conidiogênicas terminais, integrado tornando-se, poliblastica,
simpodial, ou às vezes monoblastica, cicatrizada.(ELLIS, 1971).
Dimensões do fungo Alternaria dianthicola
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de
Alternaria com os elementos morfológicos descritos por outros autores:
Descrição morfológica Diâmetro (µm) Ellis, (1971)Conidióforo 75 µm x 09 µm até 150 µm x 4-6 µmConidio 35 µm x 08 µm 93 µm x 13 µmRostro 23 µm x 05 µm ___________________
LITERATURA CITADA
82
ELLIS, M. B. Dematiaceous Hyphomycetes. Ed. CAB - Commonwealth
Mylocogical Institute Kew, Surre, England. 1971.
FARR E ROSMAM, SBML Systematic Botany of Mycological
Resources.Disponível em:<http://nt.ars-
grin.gov/fungadatabase/fungushost.cfm>Acessado em: 26/10/2011.
FILHO et. al. Manual de Fitopatologia. Principios e Concetos .Editora
Agronimica Ceres Ltda. São Paulo- Sp. 1995.
INDEX FUNGORUM disponível em: <
<http://www.indexfungorum.org/Names/NamesRecord.asp?RecordID=7106>
acesso em : 07/10/2010.
INSTITUTO BIOLÓGICO disponível em:
<http://www.biologico.sp.gov.br/artigos_ok.php?id_artigo=11acesso>
em:01/11/2011.
VIDOTTO, V.Manual de Micologia médica.São Paulo: Novo conceito. 2002.
WORLDLINGO ALTERNARIA. Disponivel em: <http://www.ipm.ucdavis.edu/PMG/r108100911.html> Acesso: 04/11/2011.
Aspectos gerais e morfológicos de Cylindrocladium pteridis
83
Lucas Macedo MarçalAcadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O fungo Cylindrocladium pteridis decrito por F. A. Wolf (1926) segundo
sua taxonomia pertence ao reino Fungi, filo Ascomycota, subfilo
Pezizomycotina, subdivisão Sordariomycetes, classe dos Ascomicetos,
subclasse Hypocreomycetidae, ordem Hypocreales, família Nectriaceae e
gênero Cylindrocladium apresentando 93 espécies, 11 variedades e 1 formae
speciales descritas em literatura INDEX FUNGORUM (2011).
De acordo com Crous (2002) o gênero Cylindrocladium pteridis apresenta
como forma teleomorfa o gênero Calonectria. Espécies deste anamorfo são
patógenos extremamente devastadores em folhas de espécies florestais e
também de espécies de interesse agronômico no mundo.
O gênero Cylindrocladium pteridis apresenta aproximadamente 54
espécies: C. angustatum, C. asiaticum, C. avesiculatum, C. avesticulatum, C.
buxicola, C. camelliae, C. canadense, C. candelabrum, C. chinense, C. citri, C.
clavatum, C. colhounii var. macroconidiale, C. colhounii var. multiphialidicum, C.
multiseptatum, C. musae, C. naviculatum, C. oumaiensis, C. ovatum, C.
pacificum, C. parasiticum, C. parvum, C. pauciramosum, C. penicilloides, C.
perseae, C. peruvianum, C. pini, C. pseudogracile, C. pseudonaviculatum, C.
pseudospathiphylli, C. pteridis, C. reteaudii, C. rumohrae, C. scoparium, C.
scoparium var. brasiliense, C. scoparium var. brasiliensis, C. scoparium var.
scoparium, C. spathiphylli, C. sumatrense (ZIPCODEZOO, 2011).
Farr et al. (2011) registraram 64 fungos associados à palmeira Cariota no
mundo, dentre estes observa-se o registro de C. pteridis.
A palmeira rabo-de-peixe ou cariota-de-touceira [Caryota mitis Loureiro
(Arecaceae)] é uma espécie originária da Índia e da Malásia, bastante utilizada
no Brasil com fins paisagísticos. No ano de 2002, em viveiro e em plantas
adultas na cidade de Manaus, AM, foi observada a ocorrência de manchas
foliares circulares a elipsoidais ou irregulares, de coloração parda, com bordas
escuras, terminada por um halo clorótico (COELHO et al., 2003).
84
Em inspeções realizadas em floriculturas e viveiros de plantas
ornamentais, verificou-se que a mesma doença ocorrida em Palmeira de
Manilla [Veitchia merrilli (Becc) H.E. Moose] causando manchas necróticas de
coloração marrom avermelhadas, afetando grandes áreas do tecido foliar.
Testes de patogenicidade em mudas de palmeira da Califórnia e palmeira de
Manilla comprovaram etiologia da doença. Cylindrocladium pteridis tem sido
relatado em representantes da família Palmae no Brasil, tais como coqueiro
(Cocos Nucifera L.; Mauritia flexuosa L.; Cariota mitis Loureiro). Este e o
primeiro relato de C. pteridis causando doença em W. filifera e Veitchia (SILVA
et al., 2005).
Em maio de 2006, foram coletados em uma floricultura no município de
Paço do Lumiar, Maranhão, mudas e folhas de palmeira princesa
[Dictyosperma album (Bory) Scheff.], sabão anão Sabal minor (JAcq.) Persoon
e palmeira da Califórnia (Washingtonia filifera H. Wendl) que apresentavam
lesões foliares de aspecto úmido (anasarca) circulares ou ovais e de tamanho
variado que ao coalescerem comprometem grandes porções do limbo foliar.
Plantas mais jovens chegaram a morrer em razão da queima generalizada das
folhas. O exame direto dos materiais revelou a presença de conídios e
vesículas características de C. pteridis (SILVA & PEREIRA, 2006).
Há muito se reconhece a importância de espécies de Cylindrocladium
como patógeno de essências florestais no Brasil. Todavia, nos últimos oito anos
tem sido feitas varias constatações de doenças por Cylindrocladium em
culturas agronômicas, causadas principalmente por C. clavatum e C. pteridis
(FERREIRA, 1989).
Os grupos de essências florestais apresentam atualmente inegável
importância econômica, principalmente para alguns estados do país, como por
exemplo, na região sul. Não obstante disso, pouco se sabe a respeito dos
problemas fitossanitários dessas plantas, particularmente o estudo das
doenças que ocorrem sobre eucaliptos e sobre Pinus sp. tem sido relegado a
um plano secundário, apesar da importância dessas espécies florestais. Entre
os diversos fungos que causam danos às espécies florestais as espécies de
Cylindrocladium sp. se destaca por causar grandes prejuízos principalmente
em áreas de viveiros (ROMERO, 1968).
85
No Estado do Pará a queima de acículas de Pinus spp. tem sido
observada em viveiros e plantações da espécie C. pteridis mais sempre de
maneira esparsa, sem a mínima importância no que se refere aos danos às
plantas.Cylindrocladium pteridis Wolf, ataca também Pinus oocarpa e P. keshia,
além de causas manchas foliares em outros hospedeiros, como Polystichum
adiantiforma, Washingtonia robusta e Eucalyptus cinérea (FERREIRA, 1989).
A queima de acículas causadas por C. pteridis tem sua ocorrência
limitada às regiões Nordeste e Norte, onde foi observada em viveiros e plantios
de Pinus caribaea var. hondurensis e Pinus oocarpa. O patógeno possui outros
hospedeiros, como os eucaliptos e palmáceas podendo afetar grande
porcentagem de árvores em alguns casos e causar severa desfolha,
notadamente em plantios jovens. Entretanto, a ameaça não e grande para a
cultura, pois mesmo árvores intensamente atacadas recuperam-se com
facilidade (KRUGNER & AUER, 2005).
Os sintomas iniciais, em quaisquer porções das acículas, são lesões de
coloração amarelo-amarronzada, medindo 2-5 mm de comprimento. Mais
tarde, a lesão anela, constrigentemente, a acícula. A porção desta, além da
lesão, morre e adquire coloração marrom-avermelhada. Por isso, as plantas
intensamente atacadas aparentam ter sido chumascadas por fogo.
Posteriormente, as acículas tornam-se marrom-pardas e finalmente caem. Em
plantação fortemente atacada observam-se plantas totalmente sadias rodeadas
por outras muito atacadas, o que sugere a possibilidade de se controlar a
doença por meio de resistência de plantas (FERREIRA, 1989).
As espécies de fungos de solo que causam doenças em plantas
pertencem aos gêneros Cylindrocladium, Fusarium, Phytophthora, Pythium,
Rizoctonia, Rosellina, Sclerotium e Verticillium. São parasitas facultativos que
sobrevivem, na ausência do hospedeiro, em restos de cultura e na matéria
orgânica do solo. Alguns são considerandos habitantes do solo, outros são
invasores. O patógeno penetra nas raízes através de ferimentos de natureza
mecânica ou provocados por insetos e nematóides. As ocorrências mais
freqüentes de fungos de solo que causam doenças em plantas medicinais,
condimentares e aromáticas no Brasil. Pode ser encontrado também em
espécies de chá-preto (Camellia sinensis), cupuaçu (Theobroma grandiflorum),
86
erva-mate (Ilex paragueriensis) e guaraná (Paullinia cupana) (KRUPPA &
RUSSOMANO, 2009).
De acordo com Vidotto (2004), não foram relatados casos de
Cylindrocladium pteridis causando doenças em humanos. Esse gênero é de
importância fitopatogênica provocando doenças somente em plantas de
espécie florestal e ornamental.
Em Gasga (1997) não há relatos de ocorrência de micotoxinas
relacionadas com alimentos causadas pelo gênero Cylindrocladium.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo Cylindrocladium pteridis.
87
MATERIAIS E MÉTODOS
Os propágulos do fungo foram coletados na cidade de Taguatinga-DF em
visita a uma propriedade de comercialização de mudas de Palmeira Cariota,
observou-se a incidência de manchas necróticas. Estas foram coletadas e
analisadas no Laboratório de Micologia em microscópio estereoscópico e
composto. As folhas permaneceram em condições de câmara úmida por um
período de 48 horas. Observou-se na região central da lesão estruturas do
patógeno. Após a observação, exsicatou-se uma parte do material e a outra foi
examinada diretamente em microscópio estereoscópico, preparando-se assim
lâminas semi-permanentes (corante azul de algodão). Com base em
morfometria e morfologia das estruturas encontradas e com auxílio de
literaturas especializadas, identificou-se o fungo como pertencente ao gênero
Cylindrocladium.
Embora a fase teleomórfica do fungo tenha sido descrita como
Calonectria pteridis Crous, no presente estudo as estruturas sexuais não foram
encontradas.
Em seguida as lâminas foram levadas ao microscópio composto para
identificação e caracterização morfológica e morfométrica das estruturas com
finalidade de identificação da espécie.
Com base nas características morfológicas, morfométricas e
comparações com literaturas, o espécime analisado foi identificado como
sendo Cylindrocladium pteridis.
Uma das lâminas foi trazida para o Instituto Federal Goiano Campus
Urutaí pelo professor Dr. Milton Lima, que foram guardadas no laboratório de
Microbiologia da Instituição, aonde foram levadas ao microscópio óptico, para
serem novamente analisadas. Inicialmente utilizamos a objetiva de 4x, no
intuito de adquirir uma visão macrométrica da lâmina, a fim de localizar a
estrutura fúngica presente na mesma. Após devidamente localizada, foi
utilizada uma objetiva de 10x, e depois também uma de 40x, buscando uma
visualização mais detalhada das estruturas fungicas presentes. À medida que
as estruturas eram localizadas no microscópio, eram devidamente fotografadas
com uma câmera digital modelo Canon® modelo Power Shot SD750
7.1megapixels.
88
Em seguida as fotos foram editadas com o auxilio do software PowerPoint
2007, confeccionou-se uma prancha com as imagens adquiridas, a fim de
possibilitar uma melhor descrição.
89
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos morfológicos de Cylindrocladium pteridis infectando folhas de palmeira cariota. A. Mancha foliar, B. detalhe da lesão de formato esférico a elíptica, e sinais de coloração esbranquiçada e pulverulenta, C. Células conidiogênicas blástica (Bar=23µm), D. Conídios unisseptados, hialinos, filiformes (Bar=20µm), E. Conídio com extremidades obtusas (Bar=26µm).
Descrição micológica:
A folha atacada da pameira cariota apresenta necroses arredondadas de espaçamentos menores entre elas de acordo com o grau de infestação (figura 1A) mancha foliar da Palmeira Cariota possui micélio de coloração esbranquiçado e pulverulento (Figura 1B) de formato esférico a elíptico, hialino e septado. Apresenta célula conidiogênica blástica (Figura 1C), enteroblástica, filídica e apresentou as variações de comprimento. Os conídios são unisseptados (Figura 1C), cilindricos, hialinos, filiformes e com extremidades obtusas (Figura 1D) reunindo-se em cabeças úmidas, apresentando as dimensões de 5-(6,2)-7µm.
Figura 2. Comparação de elementos morfométricos de Cylindrocladium pteridis.
Estruturas MARÇAL (2011) PAZ LIMA FERREIRA (1989)Conídios 5-(6,2)-7µm 3,6-(2,7)-2,4µm 7-(5,5)-4,5µm
Célula Conidiogênica 1,6-(0,5)-0,3µm 1,8-(0,8)-0,5µm ------------------
90
LITERATURA CITADA
COELHO NETO, R. A.; FERREIRA, F. A.; ASSIS, L. A. G. Cylindrocladium pteridis, agente causal de mancha foliar em Caryota mitis. Fitopatologia Brasileira, v.28, n. 5, p. 569, 2003.
CROUS, P.W. Taxonomy and pathology of Cylindrocladium (alonectria) and allied genera. APS press, St. Paul, Minnesota, 2002.
FARR, D. F.; ROSSMAN, A. Y.; PALM, M. E. & MCCRAY, E.B. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology laboratory, ARS, USDA. Disponível em: <http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/> acessado em: 5 de novembro de 2011.
FERREIRA, F. A. Patologia Florestal: Principais Doenças Florestais no Brasil. Viçosa, MG. Ed. Sociedade de Investigações Florestais, 1989.
GASGA. Micotoxinas em grãos. Publicado por: CTA Centro Técnico para a Cooperação Agrícola e Rural ACP-EU, Postbus 380 6700 AJ Wageningen Países Baixos, n.3.1997. Disponível em: <http://www.fao.org/WAIRDOCS/X5012O/X5012o01.htm#2. Micotoxinas relacionadas com alimentos> acessado em: 5 de novembro de 2011.
INDEX FUNGORUM. Banco de dados para consulta de táxons fungicos. Disponível em: <http://www.indexfungorum.org/Names/NamesRecord.asp?RecordID=275533> acessado em 26 de outubro de 2011.
KRUGNER, T. L. & AUER, C. G. Manual de Fitopatologia. Doenças das Plantas Cultivadas. Ed. Agronomias Ceres. 4º edição. São Paulo, 663 p. 2005.
KRUPPA, P. C.; RUSSOMANO, O. M. R. Fungos em plantas medicinais, aromáticas e condimentares – solo e semente. 2009. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/Fungos/index.htm> acessado em: 5 de outubro de 2001.
91
ROMERO, J. P. Manual de Fitopatologia. Doenças das Plantas e seu Controle. Ed. Agronômica Ceres. São Paulo, 640 p. 1968.
SILVA, G. S.; ALFENAS, A. C.; ALFENAS, R. F. & ZAUZA, E. V. Cylindrocladium pteridis em Palmeiras Ornamentais. Fitopatologia Brasileira, v. 30, n. 3, p. 313, 2005.
SILVA, G. S. & PEREIRA, A. L. Novas ocorrências de Cylindrocladium pteridis em Palmeiras Ornamentais. Fitopatologia Brasileira, v.31, n. 4, p. 412, 2005.
VIDOTTO, V. Manual de Micologia Médica. Ed. Tecmedd. Ribeirão Preto, p. 204, 2004.
ZIPCODEZOO. Disponível em: <http://zipcodezoo.com/Fungi/C/Cylindrocladium_pteridis/> acessado em 21 de outubro de 2011.
92
Aspectos gerais e morfológicos de Coemansia aciculifera
Marianne Monteiro Silva Mota
Acadêmica do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O fungo Coemansia aciculifera foi descrito por Linder (1943) é um fungo
cosmopolita, que apresenta como sinonímia Coemansia
aciculifera var. aciculifera e Coemansia aciculifera var. suhagensis B. R.
Mehrotra & Kakkar 1971 (ZIPCODEZOO, 2011; INDEX FUNGORUN, 2011).
Os zigomicetos são fungos terrestres formados por hifas de paredes
quitinosas. Alguns são parasitas, mas na sua maioria são saprófitas, vivendo
no solo e alimentando-se de matéria orgânica morta. Dentre dessa grande
gama de microrganismos saprófitas Coemansia aciculifera é o membro mais
comum da família Kickxellaceae. Não possuem esporos flagelados e na
reprodução sexuada produzem zigósporos, ou seja, zigotos de parede espessa
e resistente, podendo sobreviver em condições adversas (INFOPEDIA 2011.).
O fungo Coemansia sp, pode ser encontrados no esterco, solo, e menos
comumente em insetos mortos, poucas espécies parasitas ou parasitas
facultativas em outros fungos. A família é, intimamente relacionada com o
Dimargaritaceae por causa da maneira de formação de zygosporos e o número
reduzido de esporos. Algumas espécies podem ser relativamente comuns,
como C. aciculifera. E, portanto, pode ser isoladas em várias localidades por
ser um fungo saprófito. Os gêneros são diferenciados com base na natureza
dos esporangióforos e esprocládio.
93
A maioria das nossas informações sobre Coemansia sp, é baseada nos
estudos de Linder (1943) e Benjamin RK (1958). Coemansia aciculifera possui
estrutura taxonômica da seguinte forma: Seu posicionamento e categorização
taxonômica são representados por: Reino Fungi, Divisão Zygomycota,
Subdivisão Kickxellomycotina, Classe Zygomycetes, Ordem Kickxellales,
Família Kickxellaceae, Gênero Coemansia, Espécie aciculifera. Apresentando,
assim, como nome científico Coemansia aciculifera Linder 1943
(ZIPCODEZOO, 2011).
O fungo Coemansia possui a forma anamórfica que pertence ao Reino
Fungi tendo como sua divisão zygomycota(INDEX FUNGORUM 2011). Não
foram encontrados registros da forma teleomórfica.
De acordo com Index Fungorun (2011), o fungo Coemansia aciculifera,
Coemansia suhagensis, Reino Fungi, Filo Zigomycota, Subfilo
Kickxellomycotina, Ordem Incertae sedis, Subordem Incertae sedis, Familia
Kickxellaceae. ( INDEX FUNGORUN, 2011).
Em 1943 foi descrito por Linder o fungo Coemansia sp. Sendo
pertencente á família Kickxellaceae. Existem registrados em literaturas 22
espécies variadas que podem sem observadas a seguir.
O fungo Coemansia aciculifera var. suhagensis descrito por B.R.
Mehrotra & Kakkar (1971). C. alma-atensis foi descrito por Schwarzman
( 1957). C.bainier foi descrito por Kwásna, M. J. Richardson & G.L. Bateman
(2002). C. brasiliensis foi descrito por Thaxt. Ex Linde (1943). C breviramosa foi
descrito por Linder (1943). C.ceylonensis foi descrito por Linde (1943). C.
erecyta foi descriito por Bainier (1906). C. furcata foi descrito por Kurihara,
Tokum & C. Y. Chien (2000). C.guatemalensis foi descrito por Linder (1943) C.
interrupta foi descrito por Linder (1943). C. Kamerunensis foi descrito por Linder
(1943). C. linderi foi descrito por Kwásna, M. J. Richardson & G.L. Bateman
(2002). O fungo C. mojavensis foi descrito por R.K. Benj. (1958). O fungo C.
nantahalensis foi descrito por C.Y. Chien (1971). O Fungo C. pectinata foi
descrito por Bainier (1906). C. reversa foi descrito por Tiegh. & G. Le Monn.
(1873). O fungo C. scorpioidea por Linder (1943).O fungo C. spiralis foi
descrito por Eidam (1888). O fungo C. spiralis foi descrito por Bainier (1906). O
fungo C. thaxteri foi descrito por Linder (1943) ( INDEX FUNGORUM 2011).
94
Em FARR ROSSMAN não foi encontrado nenhum registro de ocorrência
a respeito do fungo Coemansia aciculifera. Indicando que não se trata de um
fungo de tamanha impôrtancia fitopatogênica, e que possui incidência e não
cosmopolita como a maioria dos fungos reconhecidos.
Hesseltine e Ellis (1973) em chave de identificação de famílias e gêneros
de mucorales apontaram que para se identificar Coemansia sp. há necessidade
de verificar esporângios formando pseudofiálides arranjadas transversalmente
da superfície septada do esporocládio. Esporocládio acrógeno, contudo pode
ser pleurógeno, sendo observada a continuação do esporangioforo em relação
ao ápice. Esporangiósporos alongados-elípticos ou alongado ovóide. As
pseudofiálides organizam-se transversalmente ao esporangíolo. Apresenta
septação no esporocládio. Esporangióforo indeterminado. Esporocladio
formado lateralmente ou apicalmente (axial). Esporangióforo reto ou
ligeiramente curvado ou ramificado. A fase imperfeita apresenta um esporângio
que produz apenas um esporangiósporo. Este microrganismo não produz
esporângios propriamente ditos. Este microrganismo não produz esporângios
ou esporocarpos em raízes de plantas superiores.
A nomenclatura atual do fungo descrito Coemansia aciculifera, que foi
descrita por Linder (1943) publicado na revista Index of fungi 1:78 (1941-1950)
( INDEX FUNGORUM 2011).
No Congresso Brasileiro de Fitopatologia não foram encontrados
nenhum registro do fungo Coemansia aciculifera.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos de
Coemansia aciculifera.
95
MATERIAIS E MÉTODOS .
O trabalho foi realizado no laboratório de micologia da EMBRAPA
Cenargen, localizada na Asa Norte, Brasília-DF, 2010. As amostras de solo
assim que chegou foram plaqueados e deixados em condição de câmara
úmida, e após este processo foram analisadas em microscópio estereoscópico
onde se encontrou estruturas fúngicas.
Essas estruturas foram pescadas com auxílio de um estilete ou uma
pinça ponta fina e transferida para uma gota de fixador a base de lacto fenol
(composto por ácido lático, ácido acético, glicerina e água) em uma lâmina na
qual logo após foi depositada uma lamínula, levada ao microscópio óptico onde
foram encontradas estruturas, as quais comparadas com a literatura constatou-
se que, era um fungo, do gênero Coemansia espécie aciculifera, após isso a
lâmina foi vedada com esmalte e etiquetada.
Os fungos foram classificados, conforme as suas características
morfológicas e morfometrias, medindo o tamanho dos esporangióforos,
esporangiosporos e esporangíolos, utilizando à micrométrica (WF10 X 118)
confeccionando fotos micrométricas das estruturas citadas.
No microscópio óptico a primeira objetiva a ser usada deve ser a
menor (4x) para que se possam focalizar os propágulos depositados na lâmina,
após a observação destes aumentou-se a objetiva para 10x e logo em seguida
para a objetiva de 40x onde se observou com mais detalhes as estruturas
fúngicas.
96
Descrição Micológica
Na amostra analisada foi observada a fase assexual ou imperfeita do
microrganismo. Este microrganismo não produz esporângios propriamente
ditos. Este microrganismo não produz esporângios ou esporocarpos em raízes
de plantas superiores.
Esporangióforo indeterminado, reto ou ligeiramente curvado ou
ramificado e suas dimensões podem ser de 10,3-(13,5)-12,5 µm.
Foi observado esporangíolos ou esporocládios formando pseudofiálides
arranjadas transversalmente (Figura C) na superfície septada do esporocládio
(Figura D). Esporocládio acrógeno, contudo pode ser pleurógeno, sendo
observada a continuação do esporangioforo (Figura A) em relação ao ápice.
Apresenta septação no esporocládio. Esporocladio formado lateralmente ou
apicalmente (axial), e estas estruturas apresentam as dimensões de 1,8-(2,5)-
1,8 µm.
A pseudofiálide que produz apenas um esporangiósporo.
Esporangiósporos podem ser alongados-elípticos (Figura E, F) ou
alongado-ovóide, e apresentam as dimensões de 2,5-(3.8)-3,8µm. As
pseudofiálides organizam-se transversalmente ao esporangíolo.
A descrição foi realizada sensu Hesseltine e Ellis (1973).
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de
Coemansia aciculifera com os elementos morfométricos descritos por outros
autores.
Descrição
morfológic
Diâmetro (µm) Ellis,
97
a (1973).
Não foram
encontrado
s dados
para
realizar
comparaçõ
es.
Dimensões
do
Esporangió
foro
10,3-(13,5)-12,5 µm. __________
Esporoclád
io
1,8-(2,5)-1,8 µm.__________
Esporangió
sporo2,5-(3.8)-3,8µm. __________
LITERATURA CITADA.
EMBRAPA CENARGEN. Disponível em: <http://www.cenargen.embrapa,br>, acessado 23/10/2011.
FARR E ROSSMAN, Disponível em:<http://www.nt.ars-grin.gov>, acessado outubro de 2011.
HESSELTINE, C.W., ELLIS, J.J. Mucorales. In:AINSWORTH, G.C., SPARROW, F.K., SUSSMAN, A.S. The fungi – an advanced treatise. A taxonomix review with keys: basidiomicetes and lower fungi. Academic Press, New York, USA, 1973.
INDEX FUNGORUM, Banco de Dados para consulta de táxons fúngicos. Disponível em:<http://www.indexfungorun.org>, acessado 15/10/ 2011.
INFOPEDIA. Disponível em <:http://www.infopedia.pt, acessado 23/10/ 2011.
SANSON, R. A.; HOUBRAKEN, J; THRANE, U, FRISVAD, J. C; ANDERSEN. B, Food and Indor Fungi. Utrich, Necrherlandes, CBS-RNAW, Fungal Biodiversity Centre 2010.
98
VIDOTTO, V. Manual de micologia médica; Ribeirão Preto-SP, Editora Tecmedd, 2004.
ZIPECODEZOO. Disponível em: <http://zipcodezoo.com/Fungi/A/Coemansia_aciculifera/> acessado 23/10/ 2011.
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris spicifera
Fabrício SantanaAcadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
Bipolaris é um dos vários fungos graminicolous (que vivem em plantas,
principalmente gramíneas) e é uma causa freqüente de Phaeohyphomycosis.
Muitas vezes é apontado como agente causal de sinusite fúngica, meningite,
peritonite e doença disseminada em recém-nascido. O gênero Bipolaris
atualmente acomoda três espécies, como B. Australiensis, hawaiiensis B. e B.
spicifera. Sua morfologia colônia em SDA se assemelha a Drechslera. O teste
de tubo germinativo é de grande importância para diferenciar Bipolaris e
Drechslera.B. spicifera é uma causa incomum de abscesso da córnea, a
precisa identificação do fungo causador da estratégia e instituição de
tratamento adequado pode salvar o olho por esta causa evitável de cegueira.
Patil, 2011.
Um homem de 38 anos apresentou-se no departamento de oftalmologia
com dor, vermelhidão e secreção aquosa do olho direito durante oito dias.
Havia histórico de trauma vegetativo no olho direito sofrido na atividade de
corte de cana, quatro dias antes do início dos sintomas. No exame, houve leve
edema palpebral, conjuntiva congestionadas, e a visão parcialmente
prejudicada. O exame biomicroscópico mostrava abscesso corneano medindo
3 mm × 2 mm na área pupilar, com raia de hipópio e presença de lesões
satélites. Raspados de córnea foram coletados sob condições assépticas e
foram submetidos a microscopia e isolamento em meio de cultura. Em meio de
cultura observou-se o surgimento de estruturas que foram identificadas como
99
pertencentes a espécie Bipolaris spicifera com base na morfologia dos
conídios. Patil, 2011.
Isolamento e identificação de fungos tem contribuído para um rápido
estabelecimento do diagnóstico dessa entidade clínica. Fungos dematiáceos
responsável por 7-16% dos casos de keratomicosis. [1] Há relatos escassos na
Bipolaris spicifera como causa de keratomicosis na literatura. Hemashettar et
al. (Apud patil, 2011) e Koshy et al. (Apud patil, 2011) relataram um caso cada
em 1992 e 2002, respectivamente, em pacientes com hanseníase. Patil, 2011.
Como B. spicifera é uma causa incomum de abscesso da córnea, a precisa
identificação do fungo causador da estratégia e instituição de tratamento
adequado pode salvar o olho por esta causa evitável de cegueira.Patil, 2011.
Em julho de 2009, uma doença foi observada em plantações de sorgo na
província de Sakarya, causando manchas foliares. A incidência e severidade da
doença foi avaliada em 45% e 25-75%, respectivamente. Os sintomas típicos
são, cor de palha, lesões necróticas com margens mais escuras. As lesões
eventualmente se fundiram, resultando na secagem das folhas. Um fungo foi
isolado das lesões em ágar batata dextrose (PDA) incubadas sob luz
ultravioleta próximo para 12 h por dia a 22 ° C por 2 semanas. O fungo causal
foi identificado como Bipolaris spicifera que possui como teleomorfo
Cochliobolus spicifer Nelson . Ünal, et al,2011.
Houve poucos relatos no Japão de pacientes com sinusite fúngica alérgica
(AFS). Descrevemos dois casos causados por Bipolaris spicifera e
Schizophyllum comungar. Os pacientes eram um homem de 70 anos (caso 1) e
uma mulher de 55 anos (caso 2). Amboss apresentaram obstrução nasal e
secreção nasal purulenta. Exames revelaram que cada um tem uma massa de
tecido mole que se estende desde o seio etmoidal para o seio esfenoidal. Além
disso, estudos patológicos sobre o conteúdo dos seios paranasais de ambos os
pacientes revelaram a presença de elementos fúngicos na mucina alérgica.
Estudos microbiológicos resultaram na recuperação de Bipolaris spicifera de
Caso 1 e de Schizophyllum comungar no Caso 2. Até o momento não houve
relatos de AFS. É muito importante o diagnóstico de AFS para demonstrar a
presença de elementos fúngicos na mucina alérgica. Tagushi, et al. 2004.
100
Pela sua classificação taxonômica, Bipolaris specifira pertence ao reino
Fungi, filo Ascomycota, classe Euascomycetes, ordem Pleosporales, familia
Pleosporaceae, gênero Bipolaris. DOCTORFUNGUS, 2011
Bipolaris é um fungo, dematiáceos, cosmopolita por natureza e vive isolado
em detritos vegetais e solo. O gênero Bipolaris contém diversas espécies.
Entre estas, três espécies são conhecidas como patogênicas são elas,
Bipolaris spicifera, Bipolaris australiensis e Bipolaris hawaiiensis .
DOCTORFUNGUS, 2011
Não foram encontradas literaturas a respeito deste produzindo toxinas,
entretanto pode ser contaminante em laboratórios, medidas profiláticas para
este risco consistem apenas nos cuidados comuns dentro do laboratório.
DOCTORFUNGUS, 2011
Foi descrito pela primeira vez em 1971, por Bainier Subram.
(INDEXFUMGORUM, 2011)
Bipolaris specifira é a espécie mais comum de Bipolaris citada como agente
causador de doenças no homem, é uma uma causa freqüente de
Phaeohyphomycosis, também é frequentemente apontada como causa de
sinusite fúngica , especialmente no sul e sudoeste dos EUA, e outras áreas de
clima temperado. Tem sido relatado também como um agente de doença
cutânea , ceratite micótica, e sinusite fúngica alérgica . Em animais, há relatos
de causa de Torulopsis glabrata em um cão. (DOCTORFUNGUS, 2011)
Literaturas confirmam que Bipolaris spicifera produz a micotoxina
sterigmatocystin, que se mostrou causadora de danos ao fígado de animais de
laboratório.(EESINC, 2011)
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos físicos e morfológicos de
Bipolaris specifira.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido no Laboratório de Micologia da Embrapa
Cenargen. Foram enviadas ao laboratório amostras de sementes de algodão
infectadas, estas foram levadas a bancada, e observadas em um microscópio
estereoscópico, a fim de se localizar o agente contaminante.
101
Uma agulha foi esterilizada, e com a pinça, as sementes eram pegas, e
com a agulha por meio de raspagem os propágulos eram extraídos, e logo em
seguida depositados no centro da lâmina, aonde estava a gota de fixador. Após
depositados, foram devidamente macerados com a agulha, para diminuir o
tamanho dos propágulos e evitar quebra da lamínula que em seguida seria
sobreposta a região central da lâmina.
Após sobreposta a lamínula, utilizou-se de papel toalha para a remoção
do excesso de fixador, e esmalte para vedar a lamínula junto à lâmina.
Assim confeccionou-se a lâmina semi-permanente, que em seguida foi
levada ao microscópio óptico, onde se foi possível localizar as estruturas
graças a visão macro da mesma proporcionada pela objetiva menor, de 4x.
A medida em que as estruturas eram localizadas com a objetiva de 4x,
utilizava-se de objetivas maiores para uma visualização mais detalhada das
estruturas, que eram micro fotografadas com uma câmera digital Canon
modelo Power Shot A580.
Comparando a morfologia das estruturas encontradas a imagens e literaturas,
além de efeitos do indivíduo sobre seu hospedeiro, identificou-se sendo um
fungo, sendo ele Bipolares spicifera.
102
As microfotografias foram editadas com auxílio do software paint, tiveram seu
tamanho reduzidas, para que a foto contemplasse as estruturas que eram
realmente importantes, em seguida,foram organizadas em forma de prancha no
software Power Point com a finalidade de ilustrar a descrição micológica. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris spicifera. A. Conídio pseudo septado com conidióforo retilíneo com proliferação simpodial, B. Conidioforo entre conídios pseudo septados C. Conidióforo retilinio com proliferação simpodial D. Conídios pseudo septados E.Conidio pseudo-septado em atividade metabólica.
Descrição micológica:Conidióforos 70-218 (96) x 7-10 (7) μm, macronemáticos, monemáticos, lisos,
septados, simples, flexuosos, geniculados no ápice com muitas cicatrizes
conidiais e marrons. Células conidiogênicas integradas, politréticas, terminais e
frequentemente intercalares, simpodiais e cicatrizadas.
As colônias crescem rapidamente, chegando a um diâmetro de 3 a 9 μm em
incubação a 25 ° C por 7 dias em ágar batata dextrose. A colônia torna-se
madura dentro de 5 dias. A textura é aveludada para lanoso. A superfície da
colônia é inicialmente de branca a castanho-acinzentada e torna-se verde-
azeitona a preto com uma periferia cinzenta, que é levantada à medida que
amadurece.
As hifas são septadas e marrons. Conidióforos (C)(4,5-6 μm de largura) são
marrom, simples ou ramificados, geniculados e simpodiais, dobrando os pontos
onde cada conídios surge(A, B). Esta propriedade leva ao aparecimento de
ziguezague do conidióforo. Os conídios, que são também chamados
poroconidia, são 3-6 μm, unicelulares, fusoides de forma cilíndrica, a luz de cor
marrom escuro(D) e têm padrão de crescimento simpodial geniculado. O
poroconidium (30-35 M x 11-13,5 mm) é distoseptado e tem um pouco
protuberante hilo, pigmentadas. Esta cicatriz basal indica o ponto de ligação ao
conidióforo. A partir da célula terminal do conídios, tubos germe podem se
desenvolver e alongadar na direção do eixo longitudinal do conídios(E).
LITERATURA CITADA.
103
DOCTORFUNGUS, Bipolares specifira. Disponível em < http://www.doctorfungus.org/Thefungi/bipolaris.php>. Acessado em novembro de 2011.
EESINC, Descriptions of several individual mold species. Disponível em < http://www.eesinc.cc/downloads/MoldSpecies.pdf>. Acessado em novembro de 2011.
INDEXFUNGORUM, Bipolares spicifera. Disponível em < http://www.indexfungorum.org/names/NamesRecord.asp?RecordID=309557>. Acessado em outubro de 2011.
PATIl, S.; KULKARNI, S.; GADGIL, S.; JOSH, A. Corneal abscess caused by Bipolaris spicifera. Indian J Pathol Microbiol 2011 ;54:408-10
TAGUCHi, K.; OHARASEKI,T.; YOKOUCHI,Y.; KAWABATA, T. ; WAKAYAMA, M.; OGOSHI,T.; IWABUCHi, S.; SHIBUYA,K.; NISHIMURA, K.;TAKAHASH, K. Allergic fungal sinusitis caused by Bipolaris spicifera and Schizophyllum commune. Med Mol Morphol. 2006 Dec ;39 (4):187-192 17187180
ÜNAL, F.; TURGAY, E. B.; & YILDIRIM, A. F. First Report of Leaf Blotch on Sorghum Caused by Bipolaris spicifera in Turkey. Plant Disease, April 2011, Volume 95, Number 4Pages 495.2 - 495.2.
104
Aspectos gerais e morfológicos de Colletotrichum falcatum
Gustavo Rodrigues da CunhaAcadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
Colletotrichum falcatum foi descrito em 1893 por Arch. Java
Suikerindustrie. (INDEX FUNGORUM, 2011).
Segundo Dictionary of the Fungi (2008) C. falcatum possui algumas
sinonímias como, Blennorella Kirschst., Colletostroma Petr., Colletotrichopsis
Bubák., Dicladium Ces.,
Didymariopsis Speg., Ellisiella Sacc., Ellisiellina Souza da Câmara, Fellneria
Fuckel, Fominia Girz., Gloeosporiopsis Speg., Lophodiscella Tehon, Peresia H.
Maia, Publções., Phellomyces A.B., Frank, Ber. dt. bot. Ges., Rostrospora
Subram. & K. Ramakr., Schizotrichella E.F., MorrisSteirochaete A. Braun &
Casp., Vermicularia e Tode.
O fungo Colletotrichum falcatum segundo sua taxonomia pertence ao
domínio Eukariota, reino fungi, subreino Dikarya, filo Ascomycota, subfilo
Pezizomycotina, classe Ascomycetos, ordem Phyllachorales, família
Phyllachoraceae, gênero Colletotrichum. (ZIPCODEZOO, 2011).
De acordo com Index Fungorum (2011) o Colletotrichum falcatum possui
706 espécies, 56 formae speciales e 81 variedades.
Existem, segundo Farr e Rossman (2011) 23 espécies descritas que
hospedam Colletotrichum falcatum, estas são: Carica papaya (mamão),
Cynodon dactylon, Dactylis glomerata, Dichorisandra sp., Echinochloa crus-
galli, Eremochloa ophiuroides, Erianthus giganteus, Imperata cheesemanii,
Ophiopogon japonicus, Pisum sativum var., Macrocarpon sp., Saccharum
officinarum, Saccharum sp., Sorghum arundinaceum var. sudanense, Sorghum
bicolor, S.halepense, S. vulgare, S. vulgare var. saccharatum, S. vulgare var.
susdanense, S. vulgare var. technicum, Syngonium sp., Zebrina pendula,
Soysia japônica, Z. tenuifolia.
O Colletotrichum falcatum foi resgistrado nos seguintes países: Australia,
Bangladesh, Brasil, China, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, El
Salvador, EUA, Ghana, Guatemala, Hawaii, Honduras, Índia, Indonésia,
Jamaica, Japão; Malásia, Mauritius, México, Mississippi, Myanmar, Nepal,
105
Holanda, Nova Caledonia, Nicaragua, Nigeria, Panama, Filipinas, Samoa, Ilhas
Salomon, África do sul, Southern Africa, Sri Lanka, Taiwan, Tonga, Trinidad and
Tobago, Vanuatu, Venezuela (FARR E ROSSMAN, 2011).
De acordo com Tokeshi e Rago (2005), o fungo Colletotrichum falcatum
é um parasita obrigatório causando em sua fase teleomórfica a Podridão
Vermelha – Glomerella tucumanensis na cana-de-açúcar. A doença causa
prejuízos importantes á cultura, principalmente pela inversão da sacarose. São
freqüentes os relatos de perda de 50 a 70% da sacarose em colmos atacados
simultaneamente pelo fungo e pela Broca da Cana – Diatraea saccharalis.
Reduções em toneladas de canas são bem menores, variando de 12 a 41,5% .
O agente causal é o Colletotrichum falcatum que corresponde, na fase
perfeita, a Glomerella tucumanensis. Produz acérvulos sub-epidérmicos
eruptivos com setas ou tortuosas, pardo escuras, septadas, abundantes e
facilmente visíveis com lupa manual. Na base das setas estão conidióforos
curtos, simples, hialinos, com conídios falcados (acanoados) unicelulares
hialinos, granulosos e envoltos em massa gelatinosa que dá ao conjunto tom
levemente rosado. Peritécios podem ser observados nas lesões foliares velhas
e senescentes onde apenas o rosto é visível, pois a base do peritécio está
embebida no tecido. Os ascósporos são hialinos, unicelulares, restos ou
ligeiramente fusóides.(TOKESHI; RAGO, 2005, p. 191).
No Brasil o C. falcatum também foi relatado causando doenças em
outros hospedeiros, tais como o lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii)
apresentando manchas necróticas irregulares no limbo foliar, Singônio
(Syngonium angustatum), milho (Zea mays), causando doenças como
antracnose (LACERDA et al., 2006).
O C.falcatum foi relatado causando a mancha- café em feijão-fradinho
na primavera-verão na zona da mata de minas gerais (Vieira et al., 2000).
Não foram encontrados relatos de que o fungo C. falcatum seja utilizado
na indústria farmacêutica, médica ou que ele possua alguma aplicação
industrial (VIDOTO, 2004).
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo C.falcatum.
106
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho de identificação e descrição dos aspectos gerais e
morfológicos do fungo Colletotrichum falcatum foi conduzido no Laboratório de
Microbiologia do Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí.
Inicialmente, foram enviadas ao laboratório, amostras de cana de açúcar
infectadas com alguma espécie de patógeno. Realizou-se cortes histológicos
para verificar as áreas lesionadas, em seguida, as amostras foram levadas ao
microscópio estereoscópico, proporcionando assim, uma visão macro
detalhada da região lesionada. Uma lâmina microscópica havia sido preparada
para receber os propágulos que seriam extraídos da lâmina, foi pega com uma
pinça esterilizada, flambada em bico de bunsen e colocada na bancada ao lado
do microscópio estereoscópico. No centro da lâmina foi gotejada uma gota de
corante azul de algodão lactofenol.
Com luvas nas mãos, utilizando uma agulha previamente esterilizada,
observando-se no microscópio estereoscópico, os propágulos foram
delicadamente extraídos por meio do uso da técnica de raspagem, e em
seguida despejados delicadamente sobre a região da lâmina aonde se
encontrava o corante.
Os propágulos foram cuidadosamente macerados sobre a lâmina, a fim
de se reduzir o risco de quebra da lamínula, e também facilitar a visualização
de um maior número de estruturas.
A lamínula foi sobreposta a região da lâmina onde se encontravam os
propágulos macerados em corante azul de algodão, o excesso de corante
observado após essa operação foi limpo utilizando papel toalha.
Após removido todo o excesso de corante, com o uso de esmalte, a
lamínula foi devidamente vedada a lâmina microscópica, aguardou-se alguns
minutos para a secagem do esmalte, então a lâmina semi-permanente foi
levada ao microscópio óptico.
Com a objetiva menor, de 4x, foi possível se ver quais espaços as
estruturas ocupavam dentro da lâmina, na medida em que eram localizadas,
eram acionadas objetivas maiores, no caso deste trabalho, utilizaram-se
objetivas de 10x e também de 40x, para possibilitar uma visão mais detalhada
107
das estruturas. Estas foram micro fotografadas com o auxílio de uma câmera
digital Canon® modelo Power Shot A580.
As estruturas encontradas foram sendo comparadas com literaturas,
também a origem dos propágulos e sintomas, e no fim de tudo, acabou
identificando-se como agente causal daquela lesão na cana de açúcar o fungo
Colletotrichum falcatum.
Para a conclusão do trabalho, as microfotografias foram editadas com o
auxílio de softwares de fotografia, como o Paint, Photoscape, a fim de
contemplar na fotografia as estruturas mais importantes, e também reduzir o
tamanho dos arquivos, sem perder a qualidade, para a confecção de um
documento mais leve.
108
Com o software Power Point, as microfotografias foram selecionadas e
organizadas em formato de prancha de fotos para possibilitar maior agilidade e
visibilidade a descrição micológica.RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos gerais e morfológicos de Colletotrichum falcatum. A. acérvulos sub-epidérmicos, conídios e setas (Bar=40µ) B. organização acervular, C. organização acervular emitida através das aberturas estomatais (Bar=88µ) D. Conídios hialinos E. Conídio hialino, falcado, amerosseptado e não gutulado(Bar=9µ).
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA:
Produz acérvulos sub-epidérmicos errompentes (Fig.1A.), com setas retas
ou tortuosas, pardo-escuras, septadas, abundantes e facilmente visíveis com
lupa manual (Fig.1B, b1). O fungo é um parasita obrigatório que infecta a planta
por meio de conídios e lesões nos tecidos vegetais. (Kimati,2005).O C.
falcatum apresenta colônias brancas acinzentadas com micélio aéreo espeso e
pequenas manchas densas, as massas de conídios são de cor rosa salmão
(Fig. 1D), algumas culturas apresenta abundante micélio branco acinzentado,
esporulação aérea branca pobre e não distintas dos acervulos. Escleródios
ausentes ambas as raças. Cerdas espesas. Na base das setas estão
conidióforos curtos, simples, hialinos, com conídios fusiformes unicelulares,
hialinos (Fig.1E), e envoltos em massa gelatinosa que dá ao conjunto tom
levemente rosado (Sutton, 1980).
Tabela 1: Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de Colletotrichum falcatum com os elementos morfológicos e morfométricos descritos por outro autor.
Características Da descrição CMI DESCRIPTIONS OF PATHOGENIC FUNGI
AND BACTÉRIADimensões do conídio 30x5µm 26.5x4Forma do conídio Falcada fusiforme Falcado fusiformeCor da colônia Branca acinzentada Branca acinzentadaCor da assa gelatinosa Salmão rosa Salmão RosaProdução de Escleródio Ausete Ausente
109
Os Elementos morfológicos e morfométricos que sofreram sucessitivas medições foram comparados com os elementos morfológicos e descritos em CMI DESCRIPTIONS OF PATHOGENIC FUNGI AND BACTÉRIA e tiveram uma variação considerável entre as dimensões do conídio e não apresentou nenhuma variação entre os demais itens citados.
LITERATURA CITADA.
FARR E ROSSMAN, Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology
Laboratory, ARS, USDA. Disponível em < http://nt.ars-
grin.gov/fungaldatabases/fungushost/new_frameFungusHostReport.cfm/>.
Acessado em dezembro de 11.
INDEXFUNGORUM, Colletotrichum falcatum. Disponível em<
http://www.indexfungorum.org/names/NamesRecord.asp?RecordID=157602>.
Acessado em novembro de 2011.
INDEXFUNGORUM, Colletotrichum. Disponível em<
http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp?pg=4>. Acessado em
Dezembro de 2001
LACERDA, J. P., SOUZA, R.M., PFENNING, L.H. &
ALVES, E. Ocorrência de Colletotrichum falcatum em lírio da paz e
singônio no Brasil.Revista oficial da Sociedade Brasileira de Fitopatologia,
vol.31, ano 2006. Lavras: MG, 2006.
SUTTON, B.C. The Coelomycetes. Surrey. CMI Kew. 1980.
TOKESHI, H E RAGO, A. Doenças da cana-de-açucar. In: KIMATI, H.,
AMORIM, L., REZENDE , J..A.M., BERGAMIM FILHO, A., CAMARGO, L.E.A.
Manual de fitopatologia – doença das plantas cultivadas. Editora Ceres, 4ª Ed.,
São Paulo, SP, Vol,2. 2005.
110
VIEIRA R. F.; VIEIRA C.; CALDAS M. T., Comportamento do feijão-fradinho na
primavera-verão na zona da mata de minas gerais, Pesq. agropec. bras.,
Brasília, v.35, n.7, p.1359-1365, jul. 2000.
VIDOTO, V. Manual de Micologia médica. São Paulo: Tecmedd, 2002. 204 p.
ZIPCODEZOO, Colletotrichum falcatum. Disponível em
<http://zipcodezoo.com/Fungi/C/Colletotrichum_falcatum/>.Acessado em
novembro de 2011.
Aspectos gerais e morfológicos de Nectria galligena
Iara Silva Rocha
Acadêmica do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
A classificação dos fungos baseia-se em características morfológicas
das hifas, corpos de frutificação e esporos, assim como seus ciclos de vida. A
reprodução pode ser sexual ou assexual. Os fungos septados e que
apresentam estádio dicariótico (Ascomycota e Basidiomycota) são chamados
fungos superiores (Microbiologia e Bioquímica do Solo, 2006).
Nectria galligena Bres. 1901, forma teleomórfica, pertence ao reino
Fungi, filo Ascomycota, classe Ascomycetes, ordem Hypocreales, família
Nectriaceae e gênero Nectria (NATURDATA, 2011). A forma anamórfica,
Cylindrocarpon heteronema (Berk. & Broome) Wollenw., se classificada
segundo o Index Fungorum (2011) em reino Fungi, filo Ascomycota, classe
Sordariomycetes, ordem Hypocreales, família Nectriaceae.
O gênero é representado por 1062 espécies, 126 variedades, 3
subespécies e 1 formae speciale descritas em literatura (INDEX FUNGORUN,
2010).
111
Os ascomicetos constituem o grupo mais numeroso de fungos. Ocorrem
nos mais variados habitats, exercendo saprofitismo ou parasitismo, causando
diversos tipos de doenças em plantas. Sua característica básica é a formação,
após a meiose, de esporos sexuais, os ascósporos, dentro de uma estrutura
em forma de saco, o asco (BERGAMIN FILHO et al., 1995).
Segundo o Index Fungorum (2011) Nectria Galligena apresenta como
variedades Nectria galligena var. galligena Bres. 1901 e Nectria galligena var.
major Wollenw. 1926, pertencentes a família Nectriaceae e como sinonímias
Dialonectria galligena (Bres.) Petch ex EW Mason & Grainger , em Mason &
Grainger,: 32 (1937) e Neonectria galligena (Bres.) Rossman & Samuels , em
Rossman, Samuels, Rogerson & Lowen,Stud. Mycol. 42 : 159 (1999).
De acordo com Farr e Rossman Nectria galligena está distribuído pela
Europa, América do Norte (Canadá, EUA), Ásia (Japão, China), África (África
do Sul, Madagascar). Também relatado na América do Sul (Argentina, Chile,
Uruguai) e da Nova Zelândia (CMI mapa 38) e tem como substratos para
desenvolvimento casca, madeira, frutas e provoca doenças como cancro, coroa
dieback e podridão de frutos de maçã e pêra.
A fase perfeita apresenta peritécios, estruturas esféricas de cor
avermelhada e tamanho semelhante ao do ovo do ácaro vermelho das
macieiras (Panonychus ulmi). Essas estruturas desenvolvem-se durante o
período de repouso das plantas, em grupos ou espalhados na superfície dos
cancros velhos e, as vezes, nos cancros novos.
A partir da primavera, os ascósporos podem ser ejetados e
disseminados pelo ar, ou acumulados no ápice do peritécio, formando uma
massa gelatinosa que dispersa os esporos, quando atingida por respingos de
água.
Outra forma deste fungo é a assexuada ou imperfeita que produz
aglomerados de esporos que podem apresentar cor branca, creme, amarela ou
rosa-claro formados de preferência sob condições de chuva ou de alta umidade
relativa, no centro das lesões dos ramos. Esta fase do fungo (Cylindrocarpon
heteronema) é disseminada pelo vento e pode ocorrer durante todo o período
de desenvolvimento da cultura na presença de temperaturas amenas e de
umidade (VALDEBENITO-SANHUEZA, 1998).
112
O cancro europeu é também conhecido como cancro das macieiras ou
cancro por Nectria. Este fungo que tem como forma imperfeita Cylidrocarpon
heteronema é uma doença quarentenária para o Brasil. A infecção inicia-se,
geralmente, pela contaminação dos ferimentos da queda das folhas, da base
das gemas, nas feridas causadas pela poda no início do outono, ou em
qualquer outro tipo de lesão das plantas. Os sintomas são evidentes somente
na primavera, e consistem de manchas com margens definidas, de tonalidade
avermelhada e marrom-escura, que se encontram ao redor das cicatrizes
foliares, nos ramos novos, ou centros de frutificação, estrangulando, às vezes,
os ramos afetados. Na medida em que a lesão se desenvolve, forma-se um
cancro constituído por áreas concêntricas ao redor de um setor central mais
deprimido. Esses cancros podem afetar ramos de um mais anos e o tronco das
plantas. A casca nessas lesões rompe-se e nas margens pode ser observada a
epiderme solta como papel. Na presença de umidade, os frutos podem ser
contaminados pelo fungo em pré-colheita ou após caírem no chão,
desenvolvendo uma podridão firme, de cor marrom-escura, geralmente iniciada
pela infecção das lenticelas, cálice ou ferimentos. O controle desta doença é
fundamentado principalmente na poda dos ramos afetados, na proteção dos
cortes de poda e no uso de tratamentos com fungicidas. A poda e queima dos
ramos doentes devem ser feitas no verão, para diminuir a população do
patógeno no pomar quando se iniciar a queda das folhas. Os ramos infectados
devem se removidos do pomar e destruídos, para evitar que deles se originem
novas infecções. Calda bordalesa, outras formas de cobre, ziram, captan ou
benzimidazóis devem se aplicados nas doses recomendadas para cada
produto, durante a queda das folhas, e no estádio B, no início da brotação
(Manual de Fitopatologia, 2005).
Perdas de 10-60% na produção foram relatadas no
passado em várias partes do mundo (Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia, 2011). De acordo com SIR -
Sistema de Informação Rural, N. galligena pode infectar além das macieiras, as
pereiras européias e o marmeleiro. A susceptibilidade de cada variedade é
variável consoante o local.
Cortes de poda, cicatrizes foliares e galerias de insetos constituem
“portas de entrada” naturais e mais frequentes para a penetração do fungo.
113
O desenvolvimento do fungo afeta o líber e o lenho, circunda o ramo e acaba
por provocar a sua morte (SAPEC AGRO, 2011).
É comum em pomares situados em zonas mais úmidas e em anos de
invernos amenos. A temperatura ótima 10 - 16ºC + umidade relativa elevada,
presença de feridas nas plantas. As fases mais susceptíveis são: início da
queda da folha (pomares atacados e/ou anos chuvosos) 50 % da queda, após
a queda total das folhas e após poda. Em resposta a infecção por
Nectria Galligena a macieira produz uma fitoalexina simples, o ácido benzóico.
Tais fitoalexinas são sintetizados através de três caminhos matabólicos:
acetato-mevalonato, acetato-malonato e acetato-shiquimato. Essas fitoalexinas
são definidas como compostos antimicrobianos de baixo peso molecular, que
são sintetizadas pelas plantas e que se acumulam nas células vegetais em
resposta à infecção microbiana (Manual de Fitopatologia, 1995).
Como estratégias de proteção SIR – Sistema
de Informação Rural cita o uso de variedades mais resistentes ou menos
susceptíveis, a eliminação dos restos da cultura, eliminar os órgãos da planta
atacado, não abusar das fertilizações azotadas, realizar adubações
equilibradas, podar com o tempo seco, implementar a poda em verde e a
desinfecção dos instrumentos de corte, concentrar as colheitas, pois colheitas
muito repartidas em períodos de chuva aumentam a possibilidade de
contaminações, pelas feridas que causam e combater as pragas que provocam
feridas ou galerias na árvore. Foi relatado por Hanada, R.E et al. na revista
Fitopatologia Brasileira em 2007, pela primeira vez, ocorrência de cancro em
rambutazeiro (Nephelium lappaceum L., família Sapindeceae) pelo agente
causal Nectria sp.. A espécie frutífera tradicional no sudeste asiático foi
introduzida no Estado do Amazonas em 1980 encontrando condições
favoráveis ao seu estabelecimento. No segundo semestre de 2006 foram
observados rambutazeiros apresentando cancros nos galhos e troncos e
secamento dos ramos mais finos. Foi realizada análise no Laboratório de
Patologia da Madeira do INPA e após estudos taxonômicos revelaram ser o
fungo.
Como hospedeiras foram encontradas Acer circinatum (Index…, 1960),
Acer macrophyllum (Index…, 1960), Acer palmatum (Spauliding, 1961), Acer
pseudoplatanus (Ginns, 1960-1980; Spauliding, 1961), Acer rubrum (bordo
114
vermelho) (Ginns, 1960-1980; Index…, 1960; Manion & French, 1967), Acer
saccharum (Ginns, 1960-1980; Index…, 1960), Acer sp. (Conners, 1967),
Aesculus sp. (Dennis, 1978), Alnus incana (Index…, 1960), Alnus rubra
(Index…, 1960), Alnus sp. (Ginns, 1960-1980; Spauliding, 1961), Amelanchier
laevis (Index…, 1960), Betula alleghaniensis (Ginns, 1960-1980), Betula lenta
(Index…, 1960; Sylvia & Tattar, 1978; Anagnostakis & Ferrandino, 1998;),
Betula lutea (Conners, 1967), Betula nigra (Index…, 1960), Betula papyrifera
(Ginns, 1960-1980; Conners, 1967; Manion & French, 1967), Betula populifolia
(Sylvia & Tattar, 1978), Betula pubescens (Spauliding, 1961), Betula spp.
(Spauliding, 1961; Dennis, 1978), Carpinus betulus (Spauliding, 1961),
Carpinus caroliniana (Index…, 1960), Carpinus sp. (Spauliding, 1961), Carya
cordiformis (Index…, 1960), Carya glabra (Index…, 1960), Carya illinoensis
(Alvarez, 1976), Carya sp. (Index…, 1960), Carya tomentosa (Index…, 1960),
Cercis canadensis (Booth, 1967), Citrus sinensis (Alvarez, 1976), Cornus
nuttallii (Index…, 1960; Shaw, 1973), Corylus sp. (Conners, 1967), Crataegus
oxyacantha (Spauliding, 1961), Crataegus sp. (Shaw, 1973), Cydonia oblonga
(Index…, 1960; Shaw, 1973; Alvarez, 1976), Fagus grandifolia (Ginns, 1960-
1980; Index…, 1960; Booth, 1967; Cotter & Blanchard, 1981; Mielke et al.,
1982), Fagus sylvatica (Spauliding, 1961; Foister, 1961), Fraxinus bungeana
(Spauliding, 1961), Fraxinus excelsior (Spauliding, 1961; Foister, 1961),
Fraxinus mandshurica (Kobayashi & Zhao, 1989), Fraxinus nigra (Index…,
1960), Fraxinus spp. (Dennis, 1978; Spauliding, 1961), Ilex aquifolium (Foister,
1961; Shaw, 1973), Juglans cinerea (Index…, 1960), Juglans nigra (Grand,
1985; Thomas & Hart, 1986), Juglans regia (Booth, 1967; Grand, 1985),
Juglans sp. (Index…, 1960), Malus domestica (Grove 1997; Sampson & Walker,
1982), Malus domestica (Pennycook, 1989), Malus pumila (Mujica & Oehrens,
1967), Malus pumila var. domestica (List…, 1979), Malus sp. (Dennis, 1978),
Malus sylvestris (Nichols & Wilson, 1956; Index…, 1960; Foister, 1961;
McCartney, 1967; Pantidou, 1973; Shaw, 1973; Dubin & English, 1975; Grove,
1997), Pyrus malus (Alvarez, 1976), Pyrus pyrifolia (Pennycook, 1989), Pyrus
sp. (Dennis, 1978), Quercus alba (Index…, 1960), Quercus bicolor (Index…,
1960), Quercus borealis (Index…, 1960), Quercus coccinea (Index…, 1960),
Quercus garryana (Index…, 1960; Shaw, 1973), Quercus glandulifera
(Spauliding, 1961), Quercus montana (Index…, 1960), Quercus rubra
115
(Spauliding, 1961), Quercus sp. (Booth, 1967), Rhus typhina (Index…, 1960),
Salix alba (Spauliding, 1961), Salix amygdalina (Spauliding, 1961), Salix
purpurea (Spauliding, 1961), Salix spp. (Spauliding, 1961; Shaw, 1973; Dennis,
1978), Sorbus aria (Spauliding, 1961), Tilia americana (Index…, 1960; Manion
& French, 1967), Tilia sp. (Spauliding, 1961), Ulmus americana (Index…, 1960),
Viola sp. (Index…, 1960), Wisteria sp. (Index…, 1960) (Embrapa recursos
genéticos e biotecnologia, 2011).
O fungo ocorre em toda a região produtora de pomáceas do Chile e,
ocasionalmente, no Uruguai e Argentina. No Canadá e nos Estados Unidos da
América, está presente em diversos estados. É bastante agressivo no noroeste
dos Estados Unidos e no norte da Califórnia. Diversos países europeus
produtores de pomáceas tem constatações de N. galligena. As maiores perdas
ocorrem na 'Red Delicious' e outras cultivares relacionadas. Austrália, Nova
Zelândia, África do Sul e Japão também apresentam esta doença
(VALDEBENITO SANHUEZA, 1998). Não foi encontrado nenhum registro de
doenças em humanos causadas pelo fungo Nectria galligena (Vidotto, 2004);
registro de uso industrial do fungo também não foram encontrados.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e
morfológicos do fungo Nectria galligena.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi feito no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal
Goiano campus Urutaí.
Os propágulos do fungo foram retirados de caule de maciera (Malus sp.)
coletado na cidade de Utrecht, localizada na Holanda. O caule com lesão foi
levado para a visualização em microscópio estereoscópico com a finalidade de
se encontrar propágulos fúngicos.
Após a visualização dos propágulos foram coletados da superfície caulinar
com o auxílio de uma pinça e colocados em uma lâmina contendo uma gota de
fixador lactofenol cotton-blue, em seguida colocou-se uma lamínula sobre a
lâmina. Retirou-se o excesso de corante com papel higiênico, logo após vedou-
se com esmalte e levou-se o conjunto para visualização em microscópio ótico.
No microscópio a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor (4x), para que
116
possamos observar se os propágulos foram depositados na lâmina, após a
observação destes, aumentamos as objetivas para os aumentos de 10x e 40x,
para se observar as estruturas fúngicas com mais detalhes.
Comparamos as estruturas observadas com estruturas descritas em
literatura para identificar o gênero ao qual o fungo pertence. Nesse trabalho o
fungo identificado pertenceu ao gênero Nectria.
Com o auxílio de uma objetiva métrica, foram medidas as estruturas e
estabelecidas médias de tamanho entre elas.
Ainda para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas
fúngicas no microscópio ótico e das frutificações fúngicas no caule de macieira
no microscópio estereoscópico, utilizando câmera digital Canon® modelo Power
Shot A580 do professor Milton Luiz da Paz Lima.
Por fim, as fotografias foram editadas no programa Microsoft Office Picture
Manager e organizadas na forma de prancha no programa Microsoft Office
Power Point 2007.
117
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos morfológicos de Nectria galligena. A. Lesão de cancro
europeu em caule de macieira (Malus sp.). B. Peritécios do cancro por N.
galligena (bar = 1,06 µm). C. Peritécios (corpo de frutificação de teleomorfos)
118
(bar = 1,06 µm). D. Ascos agrupados (bar = 1,36 µm). E. Asco e ascósporos
(esporos sexuais); paráfise (bar = 0.75 µm). F. Ascósporos hialinos,
didimoseptados (bar = 1,7 µm)
.
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA
Os peritécios, de cor vermelho-brilhante para alaranjado (Fig. 1B),
desenvolvem-se sobre os cancros velhos no inverno. Esta doença, além de
provocar a deformação (Fig. 1A) da planta devido à presença do cancro,
provoca a redução do crescimento ou a morte, além de facilitar a quebra dos
ramos pelo vento. O fungo também pode infectar o fruto por meio das
lenticelas, cálice e ferimentos, formando lesões necróticas com leve depressão.
Lesões originadas das lenticelas são circulares, necróticas e marrom, com
centro marrom-claro (Embrapa recursos genéticos e biotecnologia, 2011).
Peritécio, ostiolado e agregado na superfície e margens do
cancro (Fig. 1B). Ascos são clavados (Fig. 1D) e ascósporos (Fig. 1F), os quais
são hialinos, bicelulares, unitunicados, ovais, elipsóides ou longos e finos,
sendo que geralmente possuem uma leve constrição no septo central.
Apresenta peritécios como corpo de frutificação na fase teleomórfica ou
fase perfeita. Paráfises cilíndricas, retas ou curvas com extremidades
arredondadas (Fig. 1E). Filtrado de culturas mostram atividade pectolítica. 3-
Indolacético ácido é secretado por N. galligena e acredita-se ser a causa do
cancro de formação. Pequenas quantidades dessa substância estimula o
crescimento em cultura, mas as concentrações mais elevadas inibem o
crescimento. A presença de outros fungos ou a adição de anti-auxinic
metaboliza, como pirúvico, cítrico ou málico vai neutralizar o efeito de 3-
Indolacético ácido (CMI DESCRIPTIONS OF PATHOGENIC FUNGI AND
BACTÉRIA).
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de
Nectria galligena com os elementos morfológicos e morfométricos descritos por
outros autores.
119
Os elementos morfológicos e morfométricos que sofreram sucessivas
medições foram comparados com os elementos morfológicos descritos em CMI
DESCRIPTIONS OF PATHOGENIC FUNGI AND BACTÉRIA e tiveram uma
variação entre os ascos e menor variação quanto aos ascósporos.
120
LITERATURA CITADA
BERGAMIN-FILHO, A.; KIMATI, H. & AMORIM, L.: Manual de fitopatologia.
Agronômica Ceres. 3. ed. São Paulo, 1995. v. 2.: il.
CMI DESCRIPTIONS OF PATHOGENIC FUNGI AND BACTÉRIA. nº. 147.
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Farr, DF, & Rossman, AY Fungal Databases, Systematic Mycology e
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121
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Acesso em: 03/11/2011.
VIDOTTO, V. Manual de micologia médica. Ribeirão Preto-SP: Tecmedd, 2004.
122
Aspectos gerais e morfológicos de Coniothyrium sp.
Jean César da Silva GomesAcadêmico do curso de Agronomia
1. INTRODUÇÃO
O fungo coniothyrium sp, ,foi descrito por Sacc., (1884), possui como
sinonímia, Leptosphaeria (1863), Pezizomycotina (1891), Melanommataceae
(1970) e Schizoparme (1923) (INDEX FUNGORUM, 2011).
O Coniothirium sp, possui forma anamórfica e é classificado nessa
posição taxonômica no Reino: Fungi, Filo: Ascomycota, Classe: Ascomycetes,
Ordem: Pleosporales, Família: Leptosphaeriaceae. O gênero é representado
por 891 espécies descritas em literatura, 44 variedades e 23 formae speciales
(INDEX FUNGORUM, 2011).
Existem 265 registros de ocorrência de Coniothyrium sp, infectando
diversas hospedeiras no mundo. Deste total de registros ocorridos no mundo
118 hospedeiras de Coniothyrium sp foram encontradas registradas no banco
de dados Farr e Rosmman (2011).
As famílias botânicas que são infectadas com maior freqüência por
Coniothyrium sp são: Fabaceae, Poaceae, Solanaceae, Malvaceae.
Uma das doenças causadas pelo coniothyrium sp, é o cancro da haste
que é uma doença em plantas ornamentais. A doença afeta a haste da roseira
produzindo cancros, os quais iniciam-se por uma mancha avermelhada a
parda, com centro claro e bordas escuras. Nesse estádio surgem pequenas
fendas longitudinais na casca da área doente, de onde aparecem picnídios
(KIMATI et al., 1997).
No Brasil, 4 hospedeiras encontra-se registradas representadas
por Agave sisalana (LENNE, 1990), Astronium urundeuva (LENNE,
1990), Inga sp.(MENDES et al., 1998), Theobroma cacao (DAMM,
2009).
123
Uma característica comum, observada em algumas espécies de
Coniothyrium, está na baixa capacidade ou mesmo ausência de esporulação
em meio de cultura. Um grande número de trabalhos indica diferentes métodos
para induzir esporulação com variações quanto à luz utilizada, meios de
cultura, ferimentos do micélio, temperaturas e idades das colônias. Os fungos
do gênero Coniothyrium sobrevivem entre um cultivo e outro em restos de
cultura infectados, e hospedeiros intermediários, podendo sobreviver ainda em
equipamentos agrícolas, estacas e caixas usadas ou mesmo nas sementes.
Além destas formas de sobrevivência, existe a possibilidade de o patógeno
permanecer viável no solo na forma de micélio, esporos ou clamidósporos. Os
conídios de Coniothyrium sp. São altamente resistentes a baixos níveis de
umidade, podendo permanecer viáveis por até um ano nestas condições
(TÖFOLI & DOMINGUES, 2010).
De acordo com Vidotto (2004), o fungo Coniothyrium sp, não apresenta
nenhum relato de importância médica não causando doenças em humanos ou
animais.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo Coniothyrium sp.
124
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Foi observado em um jardim na Holanda, num canteiro de lírios,
algumas manchas presentes nas folhas destes. Foram coletadas amostras das
folhas de lírio com os sintomas visíveis e enviadas ao laboratório de
Microbiologia geral do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí.
As amostras foram levadas ao microscópio estereoscópico, aonde
analisou-se cuidadosamente a área de sintoma, buscando-se localizar sinais
da presença do agente causador da mancha, após uma análise minuciosa,
encontrou-se sinais deste indivíduo.
A bancada foi então preparada para a confecção de uma lâmina semi-
permanente do indivíduo causador da mancha. Utilizando uma pinça, a lâmina
e também a ponta da pinça foram flambadas em um bico de bunsen, após
devidamente flambada, a lâmina foi levada a bancada, e em seu centro foi
gotejada uma gota de corante azul de algodão, em seguida colocada próxima
ao microscópio estereoscópico. Uma agulha também foi flambada no bico de
bunsen, e com o auxílio da visualização do microscópio estereoscópico, foi
possível se extrair propágulos do indivíduo com a agulha, através da técnica de
raspagem.
Os propágulos extraídos foram cuidadosamente colocados sobre a
região central da lâmina onde estava o corante azul, e com o auxílio da agulha,
foram macerados, a fim de reduzir o seu tamanho e tornar maior a visibilidade
das estruturas. Uma lamínula foi sobreposta a região central da lâmina, com o
uso de papel toalha, removeu-se o excesso de corante da lâmina, e com
esmalte sem cor, a lâmínula foi vedada a lâmina, aguardou-se então um
período de secagem.
Depois de passado o período de secagem, a lâmina foi levada ao
microscópio óptico, onde inicialmente utilizou-se uma objetiva de 4x buscando
uma visão macro da lâmina, a fim de localizar dentro da mesma, as estruturas
do indivíduo em questão. Após devidamente localizadas, utilizou-se de
125
objetivas de 10x e também 40x, buscando uma visibilidade mais detalhada das
estruturas, a fim de tornar possível a caracterização do mesmo.
Com o uso de uma câmera digital Canon, modelo Power Shot A580, as
estruturas foram microfotografadas, em seguida comparadas com diversas
literaturas e ao fim de tudo, observou-se o indivíduo como sendo um fungo do
gênero Coniothyrium sp.
Estas microfotografias foram editadas no software photoscape, e
organizadas no software power point em formato de prancha, para tornar mais
visível a descrição micológica. A lâmina foi novamente levada ao microscópio
óptico, entretanto desta vez utilizou-se uma objetiva milimetrada, a fim de se
medir as estruturas fungicas e obter-se uma média dos seus respectivos
tamanhos, a fim de fornecer certo parâmetro na visualização.
126
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos gerais e morfológicos de Coniothyrium sp. A. células
conidiogenicas, conídios e setas (Bar=30 u) B. C. massa de conídios
pigmentados (Bar= 80) D.Conídios, (Bar=10)
4. Descrição Micológica
Micélio imerso, septado, marrom ou hialino, ramificado(Fig. 1A). Conidiomas
picnídios, separados, globosos, marrom escuro ou claro, imerso unilocular, de
paredes finas; paredes marrons, de parede espessa textura angular ou
globulosa(Fig.1C).Ostiole circular, central, às vezes com papilas. Conidióforos
ausente. Células Conidiogeneous holoblásticos, annellidic, indeterminado,
discretas, doliiform para hialina cilíndrica ou castanho claro, liso, com 1-4 perto
ou annellations amplamente separados, formados a partir das células internas
da parede picnídios. Conídios marrom(Fig.1D), verruculose, ápice obtuso, base
truncada (às vezes com um folho marginal), cilíndrica, esférica, elíptica ou
amplamente clavada.
Dimensões do fungo Coniothyrium sp.
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de
Coniothyrium sp, com os elementos morfológicos descritos por outros autores:
As medidas descritas em literatura do autor Watanabe (1994),
pertencem ao fungo Coniothyrium sp, e que foram utilizadas com o intuito de
127
realizar-se a comparação morfométrica. Comparou – se a medição do fungo
estudado em laboratório com literatura pertinente descrita acima.
5. Referencias Bibliográficas
INDEXFUNGORUM, Coniothyrium sp. Disponível
em<http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp>.Acessado em
novembro de 2011.
KIMOTI, H., REZENDE, A.M, BERGAMIN FILHO, A. Manual de fitopatologia,
vol. 2. 4 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. 774 p.
ZIPCODEZOO, Coniothyrium sp. Disponível em <
http://zipcodezoo.com/Key/Fungi/Coniothyrium_Genus.asp>. Acessado em
novembro de 2011.
WATANABE, T. Atlas Pictórico de fungos de solos e de sementes. Tókio: Lewis
Publisher, 1994.
DOMINGUES R.J.; TÖFOLI, J.G. Alternarioses em hortaliças: sintomas,
etiologia e manejo integrado. <http://www.biologico.sp.gov.br/artigos_ok.php?
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DAMM, U., WOUDENBERG, J.H.C., CANNON, P.F., AND CROUS, P.W.
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Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Disponivel em: < http://nt.ars-
grin.gov/fungaldatabases/fungushost/new_frameFungusHostReport.cfm>
acessado em 12 de Dezembro de 2011.
LENNE, J. M.. World Listo f Fungal Diseases of Tropical Pasture Species.
Phytopathol. Pap. 31: 1-162. 1990.
MENDES, M.A.S., DA SILVA, V.L., DIANESE, J.C., AND ET AL. Fungos em
plants no Brasil. Embrapa-SP/Embrapa-Cenargen, Brasilia, 555 pages. 1998.
VIDOTTO, V. Manual de Micologia Médica. Ribeirão Preto, SP:Tecmedd, 2004.
204 p.
129
Aspectos gerais e morfológicos de Cylindrocarpon destructansLuan Carlos Paiva
Acadêmica do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O fungo Cylindrocarpon destructans foi descrito a primeira vez por Zinssm
Scholten em 1964, e pela sua taxonomya, pertence ao reino Fungi, filo
Basidiomycota, classe dos Basidiomycetos, ordem dos Polypolares, família
Meripilaceae, gênero Abortiporus. Existem atualmente 144 descrições de
Cylindrocarpon sp. Dentre espécies, formas especiais e variedades. E a
espécie C. destructans possui uma forma especial: Cylindrocarpon
destructans.sp. panacis. E três variedades: C. destructans var. coprosmae, C.
destructans var. crassum, C. destructans var. destructans.(INDEXFUNGORUM,
2011)
Apresenta como forma teleomórfica, Neonectria radicícola. (OLIVEITA,
2003)
Existem em torno de 64 espécies para este gênero: C. abuense, C.
aequatoriale,C. álbum, C. album var. álbum, C. album var. majus, C. angustum,
C. aquaticum, C. bambusicola, C. bonaerense, C. boninense, C. candidum, C.
candidum var. minus, C. carneum, C. chiayiense, C. chlamydosporium, C.
congoense, C. curtum,C. cylindroides · C. decumbens, C. destructans var.
coprosmae, C. destructans panacis, C. destructans var. coprosmae, C.
destructans var. crassum, C. destructans var. destructans, C. didymum, C.
effusum, C. faginatum, C. formicarium, C. fractum, C. fusiforme, C. gracile · C.
hederae, C. heteronemum, C. hydrophilum, C. ianthothele, C. ianthothele var.
ianthothele, C. ianthothele var. majus, C. ianthothele var. minus, C. ianthothele
var. rugulosum, C. lichenicola, C. liriodendri, C. luteoviride, C. macroconidialis,
C. macrodidymum, C. macrosporum, C. magnusianum, C. mali var. flavum, C.
mirum, C. musae, C. obtusisporum, C. olidum, C. olidum var. crassum, C.
olidum var. olidum, C. olidum var. suaveolens, C. orthosporum, C. ovatum, C.
panacis, C. peronosporae, C. reteaudii, C. sagittariae, C. sclerotigenum, C.
stilbophilum, C. supersimplex, C. tênue, C. theobromicola, C. vaginae, C.
willkommii var. willkommii. (ZIPCODEZOO, 2011)
130
O fungo Cylindrocarpon spp. tem uma larga distribuição geográfica,
ocorrendo em todos os continentes, podendo ser encontrado desde as florestas
tropicais até em solo da tundra Ártica. É encontrado desde as camadas mais
superficiais do solo até vários centímetros de profundidade, podendo crescer
em baixas concentrações de oxigênio. Considerado como colonizador pioneiro
de raízes jovens devido à habilidade competitiva, rápida germinação dos
esporos e rápido crescimento micelial, além de certas características
fisiológicas, como a utilização de nitrogênio orgânico e inorgânico. A gama de
plantas hospedeiras varia dentro das espécies do gênero Cylindrocarpon.
Diferenças entre isolados, quanto a sua virulência, têm sido relatadas em C.
destructans . Por essas características se apresenta como um parasita
obrigatório. (BRAYFORD, 1993 apud GARRIDO, 2004).
Existem, segundo Farr e Rossman (2011) 86 espécies descritas que
hospedam Cylindrocarpon destructans, estas são: Abies alba, A. sp., Agrostis
sp., Allium sp., Ammophila sp., Anthurium andraeanum, Arachis hypogaea,
Ardisia crenata, Avena sativa, Betula pendula, Calluna vulgaris, Camellia
sinensis, Cocos sp., Cornus florida, Cryptomeria japonica, Dactylis glomerata,
Daucus carota, Eucalyptus sp., E. tereticornis, Foeniculum vulgare, Fragaria
sp., Fragaria ×ananassa, Gynoxys oleifolia, Heterodera glycines, Hevea sp.,
Hyoscyamus albus, Ilex aquifolium, Juglans regia, Lilium sp., Lupinus luteus,
Malus sp., Malus sylvestris, Musa sp., Musa textilis, Narcissus
pseudonarcissus, Narcissus sp., Paeonia lactiflora, Paeonia suffruticosa, Panax
ginseng, Panax quinquefolius, Panax schinseng, Panax sp., Pastinaca sativa,
Phleum sp., Phormium sp., Picea abies, Picea glauca, P. sp., Pinus densiflora,
P. nigra, P. parviflora, P pinaster, P. radiata, P. sp., P. sylvestris, P. thunbergii,
Poa pratensis, Populus balsamifera, Populus tremuloides, Prunus armeniaca,
P. cerasus, P. communis, P. mahaleb, P. mume, P. sp., Pseudotsuga menziesii,
Pteridium aquilinum, Pyrus communis, Quercus faginea, Q. ilex, Q. suber,
Rhododendron metternichii, Rhododendron sp., Robinia pseudoacacia, Rosa
sp., Saintpaulia ionantha, Secale cereale, Solanum sp., Solanum tuberosum,
Trifolium pratense, Triticum aestivum, Vitis sp., V. vinifera e Xanthosoma sp..
131
Estes relatos aconteceram nos seguintes países: África do Sul, Austrália, Canadá, China, Equador, Estados Unidos, Inglaterra, França, Grécia, Holanda, Índia, Irã, Irlanda, Itália, Jamaica, Japão, Korea, Líbia, Malásia, Nova Zelândia, Nigéria, Polônia, Tanzânia e País de Galles (FARR E ROSSMAN, 2011)
Em 1966, Booth citado por Brayford (1993) dividiu as espécies do gênero
Cylindrocarpon em quatro grupos: Grupo 1 (clamidósporos ausentes e
microconídios presentes); Grupo 2 (clamidósporos ausentes e microconídios
ausentes); Grupo 3 (clamidósporos presentes e microconídios presentes) e
Grupo 4 (clamidósporos presentes e microconídios ausentes). Samuels &
Brayford (1990) discordaram dessa divisão, pelo fato de uma mesma espécie
poder se localizar em mais de um grupo. O anamorfo, C. destructans var.
destructans, é caracterizado pelo crescimento rápido em meio de cultura e pela
formação de clamidósporos discretos, enquanto que, C. destructans var.
coprosmae tem uma taxa de crescimento lento e não forma clamidósporos.
(GARRIDO, 2004)
O primeiro relato da doença da podridão radicular preta foi constatado na
década de 90 em viveiros comerciais no Chile, onde provocou a morte de mais
de 22000 plantas envasadas, num período de dois anos. Os sintomas na parte
aérea compreendem clorose e necrose foliar, perda de torgos nas folhas, seca
de ponteiros, evoluindo até a morte da planta. No sistema radicular, são
encontradas leões escuras. O agente causal identificado foi Cylindrocarpon
destructans. (PICCININ, 2005)
No ano de 2001, em 15 municípios da Serra Gaúcha foram observadas
diversas plantas de uvas americanas (Vitis labrusca L.) das variedades Bordô,
Niágara e Concord com menos de cinco anos de idade, apresentando
escurecimento na região do colo, redução do vigor, secamento da parte aérea,
declínio e morte. Desde 1999, já haviam sido constatados, em algumas plantas
de videira da região, estes mesmos sintomas. Por outro lado, o histórico de
ocorrência de outros patógenos de solo na região vitivinícola da Serra Gaúcha
como Fusarium oxysporum, Armilaria mellea, tem sido bastante comum,
principalmente do primeiro. Foi diagnosticada a doença “black foot”, e seu
agente causal, Cylindrocarpon destructans, foi este o primeiro relato de “black
132
foot” no Brasil. (SCHECK et al., 1998; REGO et al., 2000 apud GARRIDO
2004).
Os mesmos sintomas foram observados em videiras de diversos países da
Europa, como em Portugal, onde o declínio de videiras jovens foi observado
em Portugal no início da década de 90, causado por Cylindrocarpon
destructans (Rego et al., 2000 apud Garrido 2004). Em 1975, foi relatado na
Itália, a morte de plantas causada por C. obtusisporum (Grasso & Magnano di
San Lio, 1975 apud Garrido 2004). Nos Estados Unidos, de amostras de
plantas de videiras novas com sintomas de declínio, também foram isolados C.
obtusisporum, além de Phaeoacremonium inflatipes, P. chlamydosporum.
(Scheck et al., 1998 apud Garrido 2004). Na Espanha, em 140 vinhedos, foram
identificadas as espécies de fungos presentes nas plantas que apresentavam
sintomas de declínio. As espécies encontradas foram: Botryosphaeria obtusa
(65,4%), Phaeoacremonium aleophylum (26,4%), Cylindrocarpon spp. (20%),
P. chlamydospora (18,6%) e Fomitiporia punctata (15%) e, ocorrendo em
menor freqüência Botryosphaeria dothidea (6,4%), Eutypa lata (2,1%) e
Stereum hirsutum (1,4%) (Armengol et al., 2001 apud Garrido 2004). Na
Grécia, no período de 1998 a 2001, amostras de diferentes cultivares
enxertadas em vários porta-enxertos apresentaram declínio alguns meses ou
anos depois de plantadas. Os fungos isolados foram: P. chlamydospora, F.
punctata, S. hirsutum, Phaeoacremonium sp., Cylindrocarpon sp. e
Botryosphaeria sp. (RUMBOS & RUMBOU, 2001 apud GARRIDO 2004).
O Brasil tem intensifi cado à introdução de genótipos de uva para os seus
programas de melhoramento. A Estação Quarentenária Vegetal Nível 1 (EQVN
1), da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia recebeu em 2006 mudas
de 27 variedades de V.vinifera procedentes da Itália com o objetivo de detectar,
identifi car e interceptar pragas exóticas. As amostras representativas deste
material foram submetidas a análises micológicas, sendo empregados os
métodos de exame direto e isolamento em meio de cultura BDA para a
detecção de fungos. Pelas características morfológicas e fisiológicas foram
identificados em 100 % das estacas (raiz e caule) Cylindrocarpon
obtusisporum, exótico para o Brasil e Cylindrocarpon destructans, “agentes da
podridão do pé”, além de Macrophoma sp. não registrado nesta cultura no
133
Brasil. Por meio do trabalho realizado pela EQVN 1 tem-se evitado a introdução
de pragas exóticas ao Brasil. (MENDES, 2007)
Na Grécia, no período de 1998 a 2001, amostras de diferentes cultivares
enxertadas em vários porta-enxertos apresentou declínio alguns meses ou
anos depois de plantadas. Os fungos isolados foram: P. chlamydospora, F.
punctata, S. hirsutum, Phaeoacremonium sp., Cylindrocarpon sp. e
Botryosphaeria sp. (RUMBOS & RUMBOU, 2001).
Sobre a ação patógena deste fungo em humanos, existe o relato de um
homem de 39 anos de idade, natural de Antigua, nas Antilhas, conviveu por 12
anos com inchaço no pé esquerdo. Extrairam-se 3 amostras da biopsia, uma
amostra do material extraído foi levada a laboratório, cultivada em meio de
cultura e se viu crescer Cylindrocarpon destructans. O fungo foi identificado por
sua morfologia microconidial, a presença de clamidósporos, e um pigmento
marrom intenso. O principal efeito observado foi uma lenta destruição óssea.
(ZOUTMAN, 1991)
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos de
Cylindrocarpon destructans.
MATERIAIS EMÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Instituto
Federal Goiano Campus Urutaí. Os propágulos fungicos foram extraídos a
partir de amostras de videira lesionadas.
As amostras foram levadas ao microscópio estereoscópico, a fim de se
obter uma visão de em qual região haveria maior possibilidade da extração do
agente causador da lesão.
Uma lâmina havia sido flambada no bico de bunsen com o auxílio de uma
pinça, colocada sobre a bancada, em seu interior gotejada uma gota de corante
azul de algodão lactofenol, colocada sobre a bancada ao lado do microscópio
óptico. Com uma agulha esterilizada, os propágulos foram cuidadosamente
extraídos por meio da técnica de raspagem, colocados sobre a gota de corante
e devidamente macerados, para reduzir seu tamanho e diminuir o risco de
quebra da lamínula.
134
Em seguida, uma lamínula foi sobreposta à região da gota de corante, com
papel higiênico retirou-se o excesso, e a lamínula foi vedada junto a lâmina
com esmalte.
135
Após confeccionada, a lâmina semi-permanente foi levada ao microscópio
óptico, com a objetiva de 4x, com uma visão macro da lâmina, pode se localizar
as estruturas, e com as de 10x e 20x pôde se oberva-las com maior riqueza de
detalhes. Usando uma câmera digital modelo Canon Power Shot A580, as
estruturas foram microfotografadas, com o software Picasa, foram devidamente
editadas, e no software Power Point organizadas em forma de prancha, para
tornar mais clara a visualização da descrição micológica. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos gerais e morfológicos de Cylindrocarpon destructans. Fig.A
e Conídios(a1) e hifas(a2) (bar=5,8µm), B Conídios e hifas, C. célula
conidiogenica (bar=6,5µm), D. Macroconídios (bar=5,1µm) cilíndricos com
extremidades arredondadas.
Descrição micológica:
Características da colônia. Moderadamente espalhadas, flocose,
esbranquiçadas, bege ao marrom pálido ou marrom, esporodóquios com cor de
creme . Macroconídios cilíndricos(22-55 x 4,8-10μm)(Fig.D) com extremidades
arredondadas, retas ou curvas e um pouco truncados na base, principalmente
1-3-septadas; microconídios claramente não diferenciado dos macroconídios,
1-2 unicelulares, 60-10 x 3,5-4,0 μm. Clamidósporosmarrom amarelado, ovate
ao elipsóide, muitas vezes abundantes, intercalados ou terminais, isolados ou
em cadeias, são esférico, 14,09 μm de diametro, acastanhadas ou lisas.
Conídios(Fig.A, a1; Fig.B) são terminais e dimórficos, podendo
apresentar de 1 a 4 células.
136
Conidióforos(FIG.C) com65μmde comprimento, eretos, hifas aéreas, de
forma irregular branqueadas, septadas, tendo fiálides em seus ápices.
Macroconidiophoros formados como ramos laterais alongados, com
ápice da haste e frouxamente ramificado.
Hifas aéreas(Fig.A, a2 ; Fig. B), de forma irregular branqueadas,
septadas, tendo fiálides em seus ápices.
Fialosporos obliquamente em ambas as extremidades arredondadas.
.
Quadro comparativo
Estruturas Medidas PAIVA,L. Medidas WILTSHIRE, K.Conidióforos 58-67μm 65μmMacroconídios 18-47x5-12μm 22-55x4,8-10μmClamidosporos 13,5-20μm diâmetro 14,09μm
LITERATURA CITADA.
FARR E ROSSMAN, Banco de dados para consulta de hospedeiros de táxons
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138
Aspectos gerais e Morfológico de Fusarium solani
Marcos Felipe de Castro LourençoAcadêmico do Curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O gênero Fusarium pertence a um grande e heterogêneo grupo de
fungos importantes para os campos de alimentos, medicamentos e agricultura
(Luginbuhl, 2010). Neste artigo a espécie de destaque comentada é a
Fusarium solani (Mart.) Sacc. que tem como forma anamórfica a seguinte
posição taxonômica: Reino Fungi, Insertae sedis (grupo incerto), Fungos
Mitospóricos, supgrupo, Hyphomycetes (KIRT et al.,2001). Sua forma
teleomorfica (Nectria haematococca) pertence ao Reino Fungi, Filo
Ascomycota, Subfilo Pezizomycotina, Classe Sordariomycetes, Subclasse
Hypocreomycetidae, Ordem Hypocreales, Familia Nectriceae que está
representada por 32 espécies e 18 variedades, e tem como sinonímia
denominada de Fusarium javanicum (INDEX FUNGORUM,2011).
Ele é fungo fitopatogênico que causa várias doenças em determinadas
culturas como apodrecimento do caule de ervilha, síndrome da morte súbita da
soja, podridão do pé de feijão e podridão seca de batata (LUGINBUHL, 2010).
A morfologia da espécie F. solani (Mart.) Sacc. foi no principio descrita
pelo pesquisador Von Martius em 1842 com o nome de Fusisporium solani de
tubérculos de batata, solanum turbesum. Com o passar do tempo à espécie de
fungo foi mudada para o gênero Fusarium pelo micologista A. Saccardo em
1881, e F. solani foi descrito por Snyder e Hansen em 1941, que completa um
amplo campo de espécies distribuídas por todo o mundo que apodrece raízes e
caules em varias espécie de plantas (LUGINBUHL, 2010).
A taxonomia utilizada neste vem baseada no desenvolvimento
taxonômico de Snyder e Hansen (2012) e utilizado por Nelson et al. O estudo
neste conceito de especie vem a cada dia pela analises filogenetica sendo
ampliados e se tornado mais complexo. Há algum tempo esta sendo
descobertas um grande numero de novas especie biologicas dentro de F.
139
solani, espécie que tende a heterotálico e homotalico (LESLIE & SUMMERELL,
2006).
Cada especie é necessaria ser descrita de acordo com o conceito de
filogenetica de cada especie como conceitos de caracteristicas, pigmentação
em meios artificiais, produção de toxinas, virulência dos patógenos (LESLIE &
SUMMERELL, 2006).
O fungo F. solani pertence a um importantae grupo de fungos que
causam danos no sistema radicular em plantas cultivadas pelo mundo.
Segundo Farr e Rossman (2011). os paises que se á registros de infectaçao
em Phaseolus vulgaris são: Nebraska (Steadman et al., 1975), México
(McGuire Jr., 1967), Canáda (Ginns, 1986) China (Zhuang et al., 2005) África
do Sul (Gorter, 1977), Malawi (Allen, 1995), Brasil (Mendes, et al., 1998) ,
Grécia (Holevas et al., 2000) , Polônia (Mulenko et al., 2008), Fiji (Firman,
1972), Mauritius (Allen, 1995), Venezuela (Urtiaga, 1986), Costa Rica (McGuire
Jr., 1967), Nicarágua (McGuire Jr., 1967)( Delgado, 2011), Rwanda (Allen,
1995), Arábia Saudita (Abdel-Hafez, 1984), Bulgária (Bobev, 2009) e Burundi
(Allen, 1995).
F. solani é uma das poucas espécies de Fusarium que são encontrados
em vários tipos de solo, de florestas tropicais. São observados em campos
úmidos e áreas temperadas. Este fungo é consciderado um fitopapogenico que
atingi um número diversificado de plantas hospedeiras, como as leguminosas e
outras plantas tropicais (LESLIE & SUMMERELL, 2006). F. solani tem vários
registros de ocorrencia em muitas culturas encontradas no Brasil,
representadas por: Abelmoschus esculentus (quiabo) (MENDES et al.,1998),
Allium cepa (cebola) (MENDES et al.,1998), A. sativum (alho) (MENDES et
al.,1998), Anacardium occidentale (caju) (MENDES et al.,1998), Ananas sp.
(abacaxi) (MENDES et al.,1998), Arachis hypogaea (amendoim) (MENDES et
al.,1998), Asparagus officinalis (aspargo) (MENDES et al.,1998), Beta vulgaris
(beterraba) (MENDES et al.,1998), Capsicum annuum (pimenta) (MENDES et
al.,1998), Chrysanthemum sp. (margarida) (MENDES et al.,1998), Coffea
Arabica (café) (MENDES et al.,1998), Colocasia esculenta (inhame) (MENDES
et al.,1998), Cucumis sativus (pepino) (MENDES et al.,1998), Daucus carota
(cenoura) (MENDES et al.,1998), Glycine max (soja) (MENDES et al.,1998)
(ARRUDA et al., 2005), Gossypium hirsutum (algodão) (MENDES et al.,1998),
140
Hevea sp. (seringueira) (MENDES et al.,1998), Hibiscus sabdariffa (vinagre)
(MENDES et al.,1998), H. sp. (hibisco) (RICHARDSON, 1990), Lycopersicon
esculentum (tomate) (MENDES et al.,1998), Manihot esculenta (mandioca)
(MENDES et al.,1998), Musa × paradisiaca (banana) (MENDES et al.,1998),
Oryza sativa (arroz) (MENDES et al.,1998), Passiflora edulis f.sp. flavicarpa
(maracujá) (MENDES et al.,1998), Phaseolus lunatus (feijão) (MENDES et
al.,1998), P. vulgaris (feijão) (MENDES et al.,1998), Piper nigrum (pimenta-do-
reino) (MENDES et al.,1998), Pisum sativum (ervilha) (MENDES et al.,1998),
Riccinus communis (mamona) (MENDES et al.,1998), Solanum tuberosum
(batata) (MENDES et al.,1998), Sorghum bicolor (sorgo) (MENDES et al.,1998),
Triticum aestivum (trigo) (MENDES et al.,1998), Urena lobata (malva-roxa)
(MENDES et al.,1998), Vigna sinensis (feijão) (MENDES et al.,1998), V.
unguiculata (feijão) (MENDES et al.,1998), Vitis vinífera (uva) (MENDES et
al.,1998) e Zea mays (milho) (MENDES et al.,1998) (FARR & ROSSMAN,
2011).
Na Europa e nas Americas onde pesquizas monstram redução de até
86% na produção de grão causado pelo insuficiencia radicular , quando o fungo
ataca as raizes da planta ele apresenta uma coloração avermelhada no
hipocótilo e na raiz primária, mas também pode se estender e torna-se marron
escuro até chega a superficie do solo (OLIVEIRA e COSTA, 2003).
Segundo Lobo Jr., M. et al.,(2005).O controle biológico tem sido indicado
para o controle de podridões radiculares do feijoeiro, mas há poucos resultados
de testes em campo. Para controlar F. solani e R. solani, foi instalado um
experimento no PAD-DF (DF), em outubro de 2004. Uma formulação de
Trichoderma harzianum em suspensão oleosa com 2 x 109 conídios/mL foi
aplicada em jato dirigido aos sulcos de plantio da cv. Pérola, nas dosagens de
0, 600, 800, 1000, 1200 e 2000 mL/ha. Todas as sementes receberam
tratamento fungicida, e foram comparadas a uma testemunha absoluta. Aos 30
dias após o plantio, foi observado que T. harzianum nas dosagens de 800 e
1000 mL/ha foi capaz de reduzir o inóculo de R. solani em até 85%, e de F.
solani em até 67%. Nos mesmos tratamentos, houve aumento do antagonista
no solo (LOBO JR., M. et al.,2005).
Na soja o F. solani causa uma doença conhecida como síndrome da
morte súbita, está doença foi identificada pela primeira vez em Minas Gerais na
141
safra de 1981, e hoje em dia tem sido encontrada na região sul e nas regiões
altas do cerrado, os sintomas são as manchas avermelhadas nas raízes das
plantas (OLIVEIRA e COSTA, 2003).
As praticas agrícolas que causam alterações da temperatura, umidade,
matéria orgânica, densidade do solo, pH, macro e micronutrientes, além de
processos biológicos que ocorrem no solo. Estas variáveis podem ser
relacionadas às populações de patógenos e ao desenvolvimento de doenças
(LOBO, 2009)
A várias espécies de Fusarium que são consideradas patógenos
emergentes na espécie humana (VIDOTTO, 2004). Segundo Leslie e
Summerell, (2006). F. solani pode ser um patogeno de humanos, F. solani
recuperado dos olhos, unhas e pele, cavidades nasais, feridas infectadas, e
câncer sistemicamente infectadas e doentes com HIV. Pacientes com ceratite
resultante da infecção por F. solani também tinham maior probabilidade de ser
HIV positivo. F. solani também pode causar endocardite e doença pulmonar, e
foi monstrado para ser alergênicas. F. solani é mais resistente ao ataque de
fagócitos humanos do que a maioria dos outros são fungos, que poderiam ser
responsáveis por sua associação relativamente freqüente com infecção,
especialmente em pacientes imunossuprimidos.
O objetivo desse trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológico de
F. solani.
142
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Instituto Federal Goiano - Campus Urutai no
Laboratorio de Microbiologia.
A amostra foi retirada de um tecido radicular de feijao (P. vulgaris L.), os
propagulos coletados da amostra ficaram em repouso em caixa Gerbox com
papel filtro e água destilada para o desenvolvimento das colônias fungicas,
apanhou-se o tecido radicular e levou-o para visualização com finalidade de
encontrar algum propagulo fungicos.
Após encontrar o propagulos fungicos no tecido vegetal coletou
amostras da superficie com auxilio de uma pinça e colocou os propagulos em
uma lamina contendo uma gota de fixador e corante , em seguida colocou uma
lamiluna sobre a lamina, retirou o excesso de corante com papel higienico
secando completamente a lamina para fazer a vedação da lamiluna na lamina
com ajuda de esmalte. Logo após que o esmalte secou levou o conjunto para a
visualização em microscopio otico. No microscópio para facilitar a focalização
do propagano utilizou a objetiva de 4X, quando conseguiu a visualizaçao do
propagulos aumentou para as objetivas de 10X e 40X para que fosse possivel
ser feita a visualização de estruturas fúngicas com maiores detales.
Após anlisar todo tipo de estruturas na placa foi comparada com as
estruturas ja descritas em literaturas para identificação do gênero que o fungo
pertence, depois de ser feito as comparações foi possivel indentificar que o
fungo presente no tecido radicular do feijão era do gênero F. solani.
Para realizar esse trabalho foram realizados microfotografias das
estruturas fúngicas no microscopio ótico utilizando camera digital Canon
modelo Shtot A580 e para a confeccionar a prancha de fotos foi utilizado o
progama Microsoft Office Power Point 2010.
143
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 01. Aspectos morfológicos F. solani. A. Conidioporos (bar =27,70 µm),
B. e C. clamidósporos (bar = 7,5µm), D. e F. microconídios e macroconidios
(bar =11,87µm), D. macroconidios. (bar = 20,78µm), G. microconídios (bar =
20,08µm).
144
Descrição Micológica
F. solani nunca apresenta pigmentação rosea, ele produz massas de
esporos de cor marron claro (URBEN et. al,2009). O gênero F. solani possui
hifas septadas que forma um micélio branco-acinzentado, flocos variando de
esparso a denso. O fungo produz dois tipos de esporos assexuados,
denominados de microconídios e macroconídios (Fig. 1D).Os microconídios
(Fig.1G) são ovalados, uni ou bicelulados, são formados em grande
quantidade, nas extremidades de microconidióforos. Os macroconídios (Fig. 1E
e F) são fusiformes, multiseptados, originam-se a partir de conidióforos (Fig.
1A) emergentes de esporodóquios e são, em media, quatro vezes maiores que
os microconídios. Clamidósporos (estruturas de resistência) (Fig. 1B e C)
também são produzidos abundantemente pelas hifas, variam de globosos a
ovais, apresentam parede lisa ou rugosa e são formados no ápice de ramos
laterais curtos ou podem ser intercalares em relação á hifa. A forma
teleomórfica de F. solani corresponde a Nectria haematococca, um ascomiceto
que produz peritécios, no interior dos quais se formam os ascos. Os peritécios
são superficiais em relação aos tecidos de hospedeiro, ligeiramente globosos,
de cor laranja-claro a marrom-claro e ocorrem em profusão sob alta umidade
nas regiões tropicais. Os ascos são cilindros e formam oito ascósporos
elipsoidais, hialinos, que posteriormente, adquirem coloração marrom-claro
(BEDENDO, 1995).
Quadro 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de F.
solani com os elementos morfológicos descritos por outros autores.
Descrição morfológica
Dimensões(µm)
PPS (2011)(µm)
Leslie e Summerell (2006)
Samson (2010)
145
(µm) (µm)
Macroconídios 39-48,5x5-7,5 35-55x4,5-8 39,70-50x4,41-7,35 8-16(24)x2-4(5)
Microconídios 7,5-17,5x2,5-5,5 8-16x4,5-8 7,35-22,05x2,2-5,88
27-52(65)x4,4-6,8
Septosmacroconídios 3-7 5-9 3-7 3-5(-7)
Septos microconídios 0-1 X 0-1 0-1
Os resultados obtidos foram comparados com resultados descritos por
Leslie e Summerell (2006), citados por PPS (2011) e por Samson (2010) e
percebeu-se uma pequena variação nas dimensões das estruturas fúngicas,
comprovando que o fungo encontrado na amostra era realmente de F. solani.
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148
Aspectos gerais e morfológicos de Fusarium semitectum
Mariana Silva P. de PaulaAcadêmica do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O gênero Fusarium foi classificado e descrito pela primeira vez, pelo
micólogo alemão LINK, em 1809. (URBEN et al, 2009).
A classificação do gênero Fusarium, geralmente se baseia em estudos
morfológicos e fisiológicos, e mais recentemente em características
moleculares. O genêro Fusarium apresenta grandes dificuldades taxonômicas
devido sua grande variabilidade e mesmo à instabilidade de certas
características usadas em sua classificação. (URBEN et al, 2009).
Mais de mil espécies foram descritas para o gênero, muitas delas
indevidamente. Diversos sistemas de classificação foram propostos. Os mais
usados são o de Booth, que reconhece 51 espécies distribuídas em 12 seções
e o proposto por Snyder & Hansen, com 9 amplas espécies. A identificação de
espécies de Fusarium é baseada na morfologia dos macro e microconídios,
conidióforos, clamidósporos e na disposição dos conídios no conidióforo.
Marcante é o fato das características morfológicas sofrerem influência do
ambiente e das condições nutricionais do substrato. Especialistas no gênero
149
utilizam meios de cultura e condições padronizadas para identificação.
(PORTAL PATOLOGIA DE SEMENTES, 2011).
Existem, atualmente, segundo INDEX FUNGORUM (2011), 1419
descrições, dentre espécies, formae speciales, variedades e subespécies de
Fusarium sp. A maioria das espécies de Fusarium sp. possuem a fase
anamórfica do fungo que é denominada Gibberella.
Em 1881, Cooke & Harkn descreveram o Fusarium acaciae. Em 1995,
Summerell descreveu o Fusarium babinda. Sacc. em 1906, descreveu o
Fusarium calidariorum. Já em 1974 o fungo descoberto foi o Fusarium
enterolobii, que foi descrito por P.K.S. Gupta. Em 1910 Appel & Wollenw
descreveram o Fusarium falcatum. Schwabe em 1839 descreveu o Fusarium
graminearum, que possui como a forma anamórfica a Gibberella zeae. O
mesmo descritor do F. calidariorum, quatro anos mais tarde em 1910,
descreveu o Fusarium heidelbergense. Oudem em 1889 descreveu o Fusarium
iridis. Em 1904 o Fusarium jaruanjum foi descrito por Henn. Peck em 1903
descreveu pela primeira vez o Fusarium laxum. O Fusarium mangiferae foi
descrito em 2002 por Britz. Em 1997, T. Aoki & Niremberg descreveram o
Fusarium nisikadoi. Oudem descreveu outro fungo, em 1902, o Fusarium opuli.
Sacc novamente em 1886 deu outra contribuição, descreveu o Fusarium
pandani. O Fusarium quercicola foi descrito em 1902 por Oudem, no mesmo
ano que foi descrito o F. opuli. Wollenw em 1914 descreveu o Fusarium
radicicoola. E outra contribuição dada por Sacc. foi a descrição do Fusarium
solani que não apresenta forma anamórfica, em 1881. O Fusarium tritici foi
descrito em 1981 por Ericks. Rostr em 1980 descreveu o Fusarium ustilaginis.
Alguns anos depois em 1982 o Fusarium vasinfectum foi descrito por G.F.Atk.
Lindau, em 1909 descreveu o Fusarium willkommii. O Fusarium xylarioides foi
descrito em 1948 por Steyaert (INDEX FUNGORUM, 2011).
Essas são apenas algumas espécies do fungo Fusarium sp. entre as
1419 descritas em literatura, as demais podem ser encontradas no site do
Index fungorum.
A maioria das espécies de Fusarium são parasitas facultativos de
plantas e, em alguma fase do ciclo de vida, são encontrados no solo,
associadas à matéria orgânica viva e morta, na forma de micélio, conídios ou
de clamidósporo. (URBEN et al, 2009).
150
As espécies parasitas de plantas causam doenças de diferentes tipos
como: tombamento de mudinhas, podridões de frutos e de tecidos jovens,
murchas, superalongamento de colmos, podridões de raízes e do colo,
deformações e entre outros, além de produzirem toxinas importantes por
afetarem plantas (ácido fusárico, licomarasmina, etc.), micotoxinas
(tricoecanois, tricotecenos, zealearona,etc.) com graves efeitos sobre os
animais e o próprio homem, além de hormônio vegetal (ácido giberélico)
envolvido em processos patológicos resultando em distúrbios de alongamento
de colmos e outras alterações. De ocorrência cosmopolita, freqüentemente
estão associados com sementes. (URBEN et al, 2009).
As principais espécies encontradas em sementes são: Fusarium
acuminatum, Fusarium avenaceum, Fusarium acuminatum, Fusarium
avenaceum, Fusarium cerealis, Fusarium culmorum, Fusarium dimerum,
Fusarium equiseti, Fusarium graminearum, Fusarium moniliforme, Fusarium
nivale, Fusarium oxysporum, Fusarium Semitectum, Fusarium
rigidisculum, Fusarium poae, Fusarium roseum var. arthrosporioides, Fusarium
sambucinum, Fusarium solani, Fusarium sporotrichioide,s Fusarium
tricinctum, Fusarium fusarioides. Os hospedeiros mais comuns são: trigo, arroz,
soja, algodão, feijão, milho, sorgo, cenoura, tomate, girassol, azevém, ervilha e
cebola. (PORTAL PATOLOGIA DE SEMENTES, 2011).
Dentre estas espécies destacamos Fusarium semitectum, cuja
taxonomia variou ao longo do tempo. Foi descrita pela primeira vez em 1875 e
reconhecida por Wollenweber & Reinking, Booth, Gerlach & Nirenberg e Nelson
et al. Gerlach & Nirenberg descreveu três variedades, F. semitectum var.
semitectum, F. semitectum var. majus e F. semitctum var. violaceum. Trabalhos
preliminares com técnicas moleculares indicam que F. semitectum
provavelmente é uma espécie complexa, mas neste momento temos a
descrição restrita a uma única nomenclatura. Booth então propôs o nome F.
pallidoroseum para essa espécie, mas como apontado por Nirenberg o epíteto
incarnatum antecede pallidoroseum por aproximadamente 30 anos e se o
epíteto fosse mudado teria que ser F.incarnatum. Diante dessa dificuldade
nomenclatural eles preferiram usar o nome Fusarium semitectum, amplamente
mais reconhecido. (LESLIE e SUMMERELL, 2006).
151
A forma anamórfica de Fusarium semitectum pertence ao Reino Fungi,
Divisão Ascomycota, classe dos Sordariomycetes, ordem Hypocreales, família
Nectriaceae, gênero Fusarium e espécie Fusarium semitectum. A espécie
apresenta 4 variedades descritas em literatura, em 1875 Berk. & Ravenel
descreveu Fusarium semitectum, Fusarium semitectum var. majus Wollenw em
1930, Fusarium semitectum var. semitectum Berk. & Ravenel em 1875,
Fusarium semitectum var. violaceum Batikyan & Abramyan em 1969, não se
conhece a forma teleomórfica e tem como sinonímias Fusarium pallidoroseum
e Fusarium incarnatum. (INDEX FUNGORUM, 2011).
Esta espécie pode ser confundida com F. subglutinans sensu lato, F.
polyphialidicum e F. sporotrichioides, pois todos produzem microconídios
fusiformes e vários fiàlides em meio carnation-leaf-ágar (CLA). Estes
microconídios normalmente são produzidos em pares e parece “orelha de
coelho”, portanto assemelha-se ao microconídio fusiforme do Fusarium
semitectum em CLA. Há várias características que distinguem estas espécies
incluindo a produção de pigmentos marrons em meio potato-dextrose-ágar
(PDA), o tamanho e a forma do microconídio e o macroconídio se assemelha
aos encontrados em F. equiseti e F. heterosporum, mas estes não produzem
microconídios que são comuns de F. semitectum. Descrição espécies atuais:
Gerlach e Nirenberg S Nelson et al. (LESLIE e SUMMERELL, 2006).
O fungo Fusarium semitectum comumente é isolado do solo e de
diversas partes da planta aérea em áreas tropicais e sub-tropical, por exemplo,
frutas da bananeira e folhas de palmeira, mas também podem ser recuperados
a partir de solos no Ártico e desertos. F. semitectum pode estar implicado em
várias doenças, muitas vezes, não é considerado um patógeno de plantas
importantes. Tem sido relatado por causar um cancro de nogueira, uma praga
da planta Pata de Canguru Ornamental e podridão de sementes de feijão a
germinação de sementes, reduz o crescimento das plântulas de sorgo,
podridão seca de melões, problemas de armazenamento, podridão de
cogumelos, bananas e outras frutas e é uma dos fungos dominante no grão de
milheto. Pólen de sorgo e milheto promover a germinação de conídios de F.
semitectum e poderia explicar a freqüente associação desta espécie com o
molde da cabeça e grãos desses hospedeiros. (LESLIE e SUMMERELL, 2006).
152
A luz influência no controle químico de Fusarium semitectum patógeno
em sementes de soja. Ela causa eficiência no controle do fungo e da própria
semente. (GOULART e EMBRAPA, 2005).
Segundo SILVA et.al, (2006) houve incidência de doenças da mamoneira
no estado de Alagoas causada por Fusarium semitectum onde houve a
podridão dos racemos.
Há na literatura várias espécies de Fusarium relatados como agente
causal da fusariose, dependendo do órgão atacado. Em germinadores e
viveiros de café no estágio de “palito de fósforo” têm sido relatadas as
seguintes espécies: F. solani , F. oxysporum , F. equiseti , F. moniliforme e F.
semitectum . Tais espécies mostraram-se fitogênicas às cultivares Catuaí e
Mundo Novo. Portanto, são várias as espécies de Fusarium que podem atacar
o cafeeiro desde a fase de viveiro de crescimento das plantas no tronco até na
fase de frutificação. (KIMATI et al.,2005).
Segundo FARR e ROSSMAN, (2011) o Fusarium semitectum foi encontrado em 246 espécies de hospedeiros diferentes distribuídas por todo o mundo dentre elas: Acacia polyacantha na Zâmbia, Bellis perennis e Dactylis glomerata na Polônia, Cajanus cajan e Helianthus annuus e Vicia faba na Índia, Elaeis guineensis no Congo, na Malásia e Papua Nova Guiné, Ficus carica no Irã, Gloxinia sylvatica e Rhododendron sp., Ilex cornuta e Jasminum sp. e Washingtonia robusta na Florida, Lactuca indica na Malásia, Mangifera indica na Brunei Darussalam e West Indies, Ocimum sp. e Pelargonium sp. e Tectona grandis na Tanzânia, Ribes nigrum na USSR, Ricinus communis na Brunei Darussalam, na Tanzânia e na Venezuela, Saccharum officinarum no Barbados e na Venezuela, Theobroma cacao na Papua Nova Guiné e na Tanzânia, Zea mays na Brunei Darussalam, na Guinea, no Irã, na Malásia, na Polônia e nos Estados Unidos e de Fusarium semitectum var. semitectum temos: Dactylis glomerata na Russia, Helianthus annuus na Yugoslavia, Salix caprea na USSR e entre muitas outras espécies que podem ser encontradas no site dos autores (FARR e ROSSMAN, 2011).
O uso de F. semitectum como controle biológico e patógeno de aguapé e
Mimosa invisa em arroz tem sido proposto. F. semitectum pode ser um
153
controle biológico da cravagem de milheto reduzindo a formação e
desenvolvimento de sclerotia e parasitismo de Rhizoctonia solani e
Sclerospora graminicola. Fusarium semitectum é resistente à maioria dos
antifúngicos por exemplo: itraconazol, miconazol e flucitosina, a anfotericina B
e natamicina relatado como o mais eficaz por causar endocardite na pele e
disseminar infecções imunocomprometedoras e queimar pacientes. (LESLIE e
SUMMERELL, 2006).
Segundo VIDOTTO, (2004) micetos do gênero Fusarium são agentes
comuns de ceratites, bem como possíveis agentes de infecção nas unhas
(onimicose), das quais são isolados com certa frequência. Às vezes estes são
respónsaveis por graves oftalmias supurativas, de decurso em boa parte dos
casos, dramaticamente rápido, com possivel perda de visão, em pouquissimos
dias. Várias espécies de Fusarium são consideradas patógenos emergentes na
espécie humana, mas a espécie F. Semitectum não foi relatada como patógeno
em seres humanos. (VIDOTTO, 2004).
Fusarium semitectum não foi relatado por FERREIRA, (1989) causando
doenças florestais no Brasil.
Segundo levantamento etiológico de fungos e bactérias feito por DUTRA
et.al,(2009) houve constatação de Fusarium semitectum associados à
podridão pré e pós colheita de rizomas de gengibre para expotação.
Fusarium semitectum está sendo utilizado na síntese extracelular de
nanopartículas de prata em solução de nitrato de prata (ou seja, através da
redução de Ag + para Ag0). Nanopartículas de prata altamente estável e
cristalinas são produzidas em solução, tratando-se o filtrado do fungo F.
semitectum com a solução aquosa de nitrato de prata. As formações de
nanopartículas são compreendidos a partir do UV-vis e estudos de difração de
raios X. Microscopia eletrônica de transmissão das partículas de prata
indicaram que variaram em tamanho 10-60 nm e são em sua maioria de forma
esférica. Curiosamente as suspensões coloidais de nanopartículas de prata
são estáveis por muitas semanas. Possíveis aplicações medicinais destas
nanopartículas de prata estão previstas (SCIENCEDIRECT, 2011).
Fusarium semitectum tem sido associada com enfisema pulmonar
bovina, uma doença normalmente associada a F. solani. Ele também pode
causar uma importante doença: um amolecimento da casca de tartarugas e
154
pode parasitar os ovos do Toxocara canis. Fusarium semitectum é conhecido
por produzir apicidins, beauvericin, equisetin, fusapyrone, maniliformin,
sambutoxin, tricotecenos, zearalenona e alguns extratos de culturas de F.
semitectum têm atividade inseticida, mas os compostos responsáveis pela
atividade inseticida não foram identificados. F. semitectum também tem
atividade inseticida que não podem ser atribuíveis à atividade de toxina.
(LESLIE e SUMMERELL, 2006).
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do
fungo Fusarium Semitectum
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de Microbiologia do Instituto
Federal Goiano campus Urutaí.
Os propágulos do fungo foram retirados de sementes de soja. As
sementes foram colocadas em uma caixa do tipo Gerbox com papel filtro e
água destilada para o desenvolvimento das côlonias fúngicas, após 48h
(quarenta e oito horas) apanhou-se as sementes da caixa e levou-as para a
visualização em microscópio estereoscópico com a finalidade de se encontrar
propágulos fúngicos.
Após a visualização dos propágulos devemos coletá-los da superfície
das sementes com o auxílio de uma pinça e colocá-los em uma lâmina
contendo uma gota de corante fixador fuccina (ácido lático, ácido acético,
glicerina e água), em seguida colocou-se uma lamínula sobre a lâmina.
Retirou-se o excesso de corante com papel higiênico, logo após vedou-se com
esmalte e levou-se o conjunto para visualização em microscópio ótico. No
microscópio a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor (4x), para que
possamos observar se os propágulos foram depositados na lâmina, após a
observação destes, aumentamos as objetivas para os aumentos de 10x e 40x,
para se observar as estruturas fúngicas com mais detalhes.
Comparamos as estruturas observadas com estruturas descritas em
literatura para identificar o gênero e a espécie ao qual o fungo pertence. Nesse
trabalho o fungo identificado foi de Fusarium Semitectum.
155
Após a identificação do gênero e da espécie fungica foi feita medições
do macroconídio, microconídio, clamidósporo, fiálides e célula coniciogênica,
estrututras presentes nesta espécie, utilizando a ocular (WF10X/18), com as
estruturas sendo visualizadas na objetiva de 40x, utilizando como fator de
correção a medida encontrada na ocular multiplicada pelo fator correspondente
ao microscópio óptico utilizado (2,5)e compararam-se os resultados com outros
de literatura descrita.
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas
fúngicas no microscópio ótico utilizando câmera digital Canon® modelo Power
Shot A580 do professor Milton Luiz da Paz Lima para confecção da prancha de
fotos que foram editadas com o Windows Live Galeria de Fotos e a prancha
confeccionada no Microsoft Office Power Point 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
156
Figura 1. Aspectos morfológicos de Fusarium semitectum. A. Conidióforo, célula conidiogênica, macroconídios e microconídios de Fusarium semitectum (bar=20µm) B. Conidióforo (cf), célula conidiogênica (cc) (bar=7µm), C. Fiálide (f) clamidósporo (cl) (bar=2,75µm), D. Macroconídeo (mac) (bar=2,16µm) e microconídio (mic) (bar=1,20µm), E. Clamidósporo (cl) (bar=2,75µm), F. Macroconídio (mac) (bar=2,16 µm) e microconídio (mic) (bar=1,20µm ), G. microconídio (mic) (bar=1,20µm).
157
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA
A espécie Fusarium semitectum (fig.1A) apresenta micélio aeréo
filamentoso, denso e cotonoso, inicialmente branco, passando a pêssego,
azulado e finalmente marrom, formado de hifas ramificadas, septadas com 3-5
septos; dois tipos de conídios; macro 20 - 30 x 5 - 7,5 e microconídeos 12,5 –
17,5 x 2,5 – 5 (fig.1F e fig.1D). Macroconídios são formados a partir fiálides
(fig.1C) típicos que são geralmente agrupados delgados e afinalados, curto e
pode ter uma abertura fértil (monofialide) ou várias aberturas férteis (polifialide).
Microconídios (fig.1G) são produzidos por conidióforos a partir da célula
conidiogênica (fig. 1B) não ramificados ou ramificados com moderação
decorrentes do micélio aéreo, ou diretamente a partir da superfície do ágar. Há
estruturas assexuadas de resistências; clamidósporos (fig.1E). Quando
presentes os clamidósporos podem ser terminais, intercalados, isolados ou em
cadeias, hialino tornando-se marrom claro. Estes elementos morfológicos se
adequaram às informações descritas para o gênero por LESLIE e
SUMMERELL (2006).
Dimensões do fungo Fusarium semitectum.Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de
Fusarium semitectum com os elementos morfológicos e morfométricos
descritos por outros autores.
Descrição
morfológica
Diâmetro (µm) Tamanho dos
conídios por
Sivanesan
Resultados
Conídios
Macro
Micro
20 - 30 x 5 - 7,5
12,5 – 17,5 x
2,5 – 5
22 - 40 x 3 - 4,5
17 - 28 x 2,5 - 4
Houve pequena variação de
tamanho dos conídios que
se foram medidos com a
literatura descrita.
158
LITERATURA CITADA.
DUTRA, D. C.; MOREIRA, S. I.; RODRIGUES, A. C.; OLIVEIRA, J. R.; DHINGRA, O. D.; PEREIRA, O. L.; Levantamneto etiológico de fungos e bactérias associados às podridões pré e pós colheita de rizomas de gengibre para exportação Fitopatologia/ UFV Tropical Plant Pathology 34 ( Suplemento) S 222, 2009.
FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Ddisponível em: <http:// http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/fungushost/new_frameFungusHostReport.cfm >. Acessado em: 12/12/2011.
FERREIRA, F. A.; Patologia Florestal – Principais doenças florestais no Brasil
Viçosa, Sociedade de Investigações Florestais, 1989.
GOULART, A. C. P.; EMBRAPA – CPAO, C. P. 661, 79804-970, DOURADOS,
MS; Influência da luz no controle químico dos principais patógenos de
sementes de soja Fitopatol. Bras. 30 (Suplemento), S 127, 2005.
INDEX FUNGORUM Site para consultas de táxons fúngicos disponível em:
<http://www.indexfungorum.org/Names/Names.asp.> Acessado em 23 de
outubro de 2011.
KIMATI, H.; AMORIN, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIM, F.; CAMARGO,
L.E.A. Manual de Fitopatologia Doenças das plantas cultivadas Vol.2 Ed. 4°
Editora Agronômica, Ceres. SP, 2005.
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<http://faem.ufpel.edu.br/dfs/patologiasementes/cgibin/sementes/detalhes.cgi?
praga=96>Acessado em 23 de outubro de 2011.
SCIENCEDIRECT Extracellular biosynthesis of silver nanoparticles using the
fungus Fusarium semitectum Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0025540807002358>
Acessado em 18 de dezembro de 20011.
SILVA, A. P.; ASSUNÇÃO, I. P.; AMORIM, E. P. R.; LIMA, G. S. A.; Incidência de
doenças da mamoneira no estado de Alagoas Lab. de Fitopatologia,
159
Universidade Centro de Ciências Agrárias, Campus Delza Gitaí, Rio largo, AL
Fitopatol. bas. 31 (Suplemento) S 156, 2006.
SIVANESAN, A. List of sets, index of species, and list of accepted names for
some obsolute species names in CMI description of pathogenie fungi and
bacteria nº 1-1000, MYCOPATHOLOGIA, 111:91-108, 1990.
UNBEN, A. F.; MENDES, M. A. S.; VENTURA, J. A.; PAZ LIMA, M. L. Curso
Taxonomia de Fusarium, Embrapa, Brasília-DF, 2009
VIDOTTO V. Manual de Micologia Medica, Ed.DreampixComunicaçao. Pg.
204, São Paulo, SP 2004.
160
Aspectos gerais e morfológicos de Fusarium graminearum
Natália Santana RinconAcadêmica do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
A maioria das espécies de Fusarium sp. Link ex Fr. são parasitas
facultativos de plantas e, em alguma fase da vida, são encontradas no solo,
associadas à matéria orgânica viva ou morta, na forma de micélio, conídios ou
de clamidósporos (TORTORA et al., 2005).
Foram descritas 1419 espécies em literaturas (INDEX FUNGORUM,
2001).
As espécies parasitas de plantas causam doenças de diferentes tipos
como: tombamento de mudinhas, podridões de frutos e de tecidos jovens,
murchas, superalongamento de colmos, podridões de raízes e de colo,
cancros, deformações, etc., além de produzirem toxinas importantes por
afetarem plantas (ácido fusárico, licomarasmica, etc.), micotoxinas
(tricoecanos, tricotecenos, zealearona, etc.) com graves efeitos sobre animais e
o próprio homem, além de hormônio vegetal (ácido giberélico) envolvido em
processos patológicos, resultando em distúrbios de alongamento de colmos e
outras alterações. Por outro lado, proteína “não vegetal e não animal”,
produzida em cultura por Fusarium graminearum constitue-se em alimento
humano dietético comercializado na Inglaterra, sob o nome “Kuorn”.
(TORTORA et al., 2005).
O gênero Fusarium apresenta grandes dificuldades taxonômicas devido
à grande variabilidade e mesmo à instabilidade de certas características
usadas em sua classificação por certos autores como é o caso de tamanho de
conídios e septação de conídios. A coloração da colônia, apesar de instável é
usada em taxonomia de Fusarium, com devida padronização do meio de
cultura e das condições ambientais.
Em geral, pode-se dizer que Fusarium é um gênero de hifomiceto
moniliáceo com as seguintes características principais:
161
1. Micélio e conidióforos hialinos, podendo estes serem ramificados e
terminando em tufos ou esporodóquios de fiálides, as quais dão
origem a dois tipos de conídios;
2. Macroconídios com 1 ou vários septos transversais, hialinos,
fusóides, acrógenos e frequentemente pedicelados;
3. Microconídios também hialinos, geralmente sem septos, produzidos
isoladamente, formando cabeças úmidas ou em cadeias;
4. Clamidósporos terminais ou intercalares, unicelulares ou com septo,
paredes grossas;
5. Teleomorfos nos gêneros Nectria, Colonectria, ou Giberella .
(TORTORA et al., 2005).
O Fusarium graminearum foi descrito por Schwabe (1839). Também
pode ser chamado de Gibberella zeae, (Schwein,1936), forma do teleomorfo.
Existem 2 formae speciales: Fusarium graminearum var. caricis ( Wollenw.
1931) e Fusarium graminearum var. graminearum (Schwabe 1839), (INDEX
FUNGORUM 2011).
O F. graminearum pertence ao Reino Fungi; Filo Ascomycota;
Classe Sordariomycetes; Ordem Hypocreales; Família Nectriceae; Gênero
Fusarium (ZIPCODEZOO, 2009).
Fusarium graminearum é um ascomiceto que produz esporos sexuais
em um saco conhecido como asca. A fase assexual do fungo produz esporos
denominados de macroconídios e a fase sexual produz esporos denominados
de ascósporos (APS NET, 2011).
As espécies de F. gramienarum são bastante difundidas, sendo
registrados em diversos países dos continentes Americano, Europeu, Asiático,
Africano e Oceania. Foram registradas 364 ocorrências de F. graminearum em
plantas hospedeiras. Uma das principais hospedeiras é a cevada (Hordeum
vulgare), com mais de 20 registros de ocorrências. (FARR & ROSSMAN, 2011).
Ocorrem em cereais e outras gramíneas, mas também em uma vasta
gama de plantas dicotiledôneas. (GARY J. SAMUELS, et. al., 2006)
Foram encontrados relatos de F. graminearum hospedando 164
espécies de plantas em por todo o mundo. No Brasil eles parasitam as
espécies de Brachiaria brizantha, B. plantaginea, B. ruziziensis, Digitaria
sanguinalis(capim colchão), Echinochloa crus-galli(capim-arroz), Hordeum
162
vulgare (cevada), Oryza sativa (arroz), Pennisetum purpureum (capim
elefante), Richardia brasiliensis (poaia branca), Secale cereale (centeio),
Triticum aestivum (trigo), Triticum secale (trigo), Vigna unguiculata (feijão-de-
corda), Zea mays (milho) (FARR & ROSSMAN, 2011).
As condições climáticas das principais regiões produtoras de trigo, do
Brasil e de outros países tradicionalmente fornecedores, favorecem o
aparecimento de doenças importantes dessa cultura, dentre elas a fusariose
(ou giberela) causada principalmente pelo fungo Fusarium graminearum
(Schwabe). No Brasil a fusariose alcançou status de principal doença nas
regiões tritícolas, principalmente na região Sul do país (DEL PONTE et al.,
2004)
Além dos danos diretos à cultura causados pela doença, os grãos
infectados podem apresentar contaminação com micotoxinas, sendo tóxicas
tanto para o homem quanto para os animais. Dentre as micotoxinas, destacam-
se o desoxinivalenol (DON ou vomitoxina), que pode causar vômitos,
desordens intestinais e recusa alimentar no homem e em animais
principalmente suínos (RENATA ALMEIDA, 2006).
A quitosana, uma forma desacetilada da quitina, é um produto
biodegradável derivado do exoesqueleto de crustáceos e abundantes na
natureza. Tem sido utilizada com sucesso no controle fitonematóides e fungos
causadores de podridões radiculares como Fusarium sp. (FITOPATOL. BRAS,
2006)
O objetivo desse trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos
de Fusarium graminearum.
MATERIAIS E MÉTODOS
163
O trabalho foi realizado no Laboratório de Microbiologia do Instituto
Federal Goiano campus Urutaí.
Os propágulos do fungo foram retirados de grãos de sorgo (Sorgum
bicolor). Os grãos foram colocados em uma caixa do tipo Gerbox com papel
filtro e água destilada, para o desenvolvimento das colônias fúngicas, após 48h
(quarenta e oito horas), apanhou-se os grãos para observação em microscópio
ótico, com a finalidade de se observar propágulos fúngicos.
Após a visualização dos propágulos devemos coletá-los da superfície
granular com o auxílio de uma pinça e colocá-los numa lâmina contendo uma
gota de corante fixador fuccina (ácido lático, ácido acético, glicerina e água),
em seguida colocou-se uma lamínula sobre a lâmina. Retirou-se o excesso de
corante com papel higiênico e em seguida a lâmina foi vedada com esmalte
levar o conjunto para ser observado em microscópio ótico. No microscópio a
primeira objetiva a ser usada deve ser a menor (4x), para que possamos
observar se os propágulos foram depositados na lâmina, após a observação
destes, aumentamos as objetivas para os aumentos de 10x e 40x, para se
observar as estruturas fúngicas com mais detalhes.
Comparamos as estruturas observadas com estruturas descritas em
literatura para identificar o gênero ao qual o fungo pertence. Nesse trabalho o
fungo identificado pertenceu ao gênero Fusarium graminearum.
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas
fúngicas no microscópio ótico e das frutificações fúngicas na epiderme dos
grãos no microscópio estereoscópico, utilizando câmera digital Canon® modelo
Power Shot A580.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
164
Figura 1. Aspectos Morfológicos de Fusarium graminearum. A. Placa com meio de cultura contendo F. graminearum (bar = foto em tamanho real), B. Célula conidiogenica (bar =3,5-4x2 -3 µm), C. Conidiósporo (bar =2,5-4,5x2-3 µm), D. Conídio-macroconídio (bar =3,75-5,0x2,5-5,0 µm).
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA:
O gênero Fusarium graminearum apresenta macroconídios
relativamente delgados em forma de foice para quase reta, com uma célula
apical cônica e uma célula basal em forma de pé (Fig. 1D). Os esporodóquios
são muitas vezes escassos, mas quando aparecem são de cor laranja pálido e
se escondem sob o micélio. Produz grande quantidade de micélio que pode
variar do vermelho marrom ao laranja (Fig. 1A). Não apresenta microconídios.
Possuem de 5 a seis septos que podem ser bem identificados. A formação de
clamidósporos varia, e muitas vezes eles são formados na macronídia. Possui
ascósporos hialinos à luz (Fig. 1 B). Ascos clavados 4-8 septos (Fig. 1C).
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de
Fusarium graminearum com os elementos morfológicos e morfológicos
descritos por outros autores.
Descrição
MicológicaDiâmetros (µm)
Tamanho dos
Conídios por
Sivanesan
Resultados
Dimensões dos
macroconídios.
3,37-5,0 x 2,5-
5,0
5,0-5,0 x 3,0-
4,0
Houve uma pequena
alteração nas medidas
dos conídios com as
descritas em literatura
165
Obj100
Número de
septos5 a 6 5 a 6
O número de septos
apresentados é o
mesmo que está
descrito em literatura
LITERATURA CITADA
ALMEIDA, RENATA RODRIGUES – Ocorrência de Fusarium graminearum e desoxinivalenol em grãos de trigo utilizados no Brasil, 2006; Piracicaba.
Disponível em : <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-
02032007-084649/pt-br.php> Acesso em : 25/10/2011.
APS NET Disponível em : <
http://www.apsnet.org/edcenter/intropp/lessons/fungi/ascomycetes/Pages/Fusar
iumPort.aspx> Acesso em : 25/10/2011.
DEL PONTE, E. M.; FERNANDES, J.M.C. ; PIEROBOM, C.R.;BERGSTROM,
G.C. Giberela do trigo- aspectos epidemológicos e modelos de previsão.
Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 29, n. 6, p. 587-606, 2004.
FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Ddisponível em: <http://nt.ars-
grin.gov/fungaldatabases/>. Acesso em: 08/10/2011.
GARY J, Samuel, Amy V. Rossman, Priscila Choverri, Bavie E. Overton e Kadri
; Hypocreales of the Southeostern United States: On Identification on Guide,
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166
GILSON S. S.; In: Substancias Naturais: Uma alternativa para o controle de doenças; Fitopatol. bras. 31(Suplemento),; 14; São Luiz do Maranhão, MA,
2006
INDEX FUNGORUM Disponível em:
<http://www.indexfungorum.org/Names/NamesRecord.asp?RecordID=200256>.
Acesso em: 08/10//2011.
INDEX FUNGORUM Disponível em:
<http://www.indexfungorum.org/Names/Names.asp>. Acesso em: 08/10/2011.
SIVANESAN, A. List of sets, índex os species and list of accepted names for
some absolecete species names in description of pathogenie fungi and bacteria
sets 1-1000, nº 1-1000, Micopathologia 111: 91- 108, 1990
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ZIPCODEZOO Disponível em :
<http://www.zipcodezoo.com/Fungi/F/Fusarium_graminearum/> Acesso em :
25/10/2011.
167
Aspectos gerais e morfológicos de Fusarium decemcellulare
Osvânio Lino Nunes JuniorAcadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
Existem atualmente, segundo Index Fungorum (2011), 1419 descrições,
dentre espécies, formae speciales, variedades e subespécies de Fusarium sp.,
dentre essas espécies está fungo Fusarium decemllulare foi descrito pela
primeira vez em 1908 por Angew Vereinigt, segundo sua taxonomia
pertencente aos fungos anamórficos, ordem Moniliales e família
Tuberculariaceae, possui como teleomorfo Albonectria rigidiuscula, sinonímia
Calonectria rigidiuscula. (INDEXFUNGORUM, 2011)
O gênero Fusarium abriga 725 espécies e subspécies, como: Species:
ZipcodeZoo has pages for 775 species and subspecies in the Genus Fusarium:
F. acaciae · F. acicola · F. acremoniopsis · F. acridiorum · F. acuminatum · F.
acuminatum armeniacum · F. acutatum · F. adesmiae · F. aecidii-tussilaginis · F.
aeruginosum · F. affine · F. agaricorum · F. ailanthinum · F. alabamense · F.
albertii · F. album · F. album var. album · F. aleurinum · F. aleyrodis · F.
alkanophilum · F. allescherianum · F. allii-sativi · F. ambrosium · F. amentorum ·
F. amethysteum · F. andinum · F. andiyazi · F. andropogonis · F. anguioides · F.
anguioides caudatum · F. anguioides var. anguioides · F. angustum · F.
annulatum · F. anomalum · F. anthophilum · F. apii var. apii · F. apii var. pallidum
168
· F. apiogenum · F. aquaeductuum · F. aquaeductuum var. aquaeductuum · F.
aquaeductuum var. elongatum · F. aquaeductuum var. medium · F. aqueductum
· F. arachnoideum · F. arcuatum · F. arcuatum var. arcuatum · F. arcuatum var.
majus · F. arcuosporum · F. argillaceum · F. aridum · F. arthrosporioides · F.
arthrosporioides var. asporotrichum · F. arundinis · F. arvense · F. asclepiadeum
· F. asperifoliorum · F. atrovirens · F. audinum · F. aurantiacum · F. aureum · F.
avenaceum subsp. aywerte · F. avenaceum f. fabae · F. avenaceum nurragi · F.
avenaceum var. volutum · F. azedarachinum · F. babinda · F. baccharidicola · F.
bacilligerum · F. bactridioides · F. bagnisianum · F. bambusicola · F. baptisiae ·
F. barbatum · F. bartholomaei · F. batatas var. batatas · F. batatatis · F. batatatis
var. vanillae · F. begoniae · F. beomiforme · F. berenice · F. betae · F.
biasolettianum · F. biforme · F. bipunctatum · F. biseptatum · F. blasticola · F.
bonordenii · F. bostrycoides · F. botrycoides · F. brachygibbosum · F. brassicae ·
F. brevicatenulatum · F. briosianum · F. bucharicum · F. bufonicola · F.
bugnicourtii · F. buharicum · F. bulbicola · F. bulbigenum · F. bulbigenum var.
blasticola · F. bulbigenum var. coffeae · F. bulbigenum var. nelumbicolum · F.
bullatum · F. bullatum roseum · F. bullatum var. roseum · F. butleri · F. buxicola ·
F. calcareum · F. calidariorum · F. callosporum · F. camerunense · F.
camptoceras · F. candidulum · F. candidum · F. cannabis · F. capitatum · F.
caricis · F. caries · F. carneolum · F. carneoroseum · F. carneum · F. carpineum
· F. carpini · F. cataleptum · F. catenulatum · F. caucasicum · F. caudatum · F.
caudatum solani · F. caudatum volutum · F. cavispermum · F. celosiae · F.
celtidis · F. cepae · F. cerasi · F. cerealis · F. chaetomium · F. chilense · F.
chlamydosporium · F. chlamydosporum var. chlamydosporum · F.
chlamydosporum var. chlamydosporum · F. chlamydosporum var. fuscum · F.
chrysanthemi · F. ciliatum · F. cinctum · F. cinerea · F. cinereum (Imitator
Damsel) · F. cinnabarinum · F. circinatum · F. cirrosum · F. citrinum · F. citrulli ·
F. clavatum · F. clypeaster · F. coccidicola · F. coccinellum · F. coccineum · F.
coeruleum · F. coffeicola · F. commune · F. commutatum · F. compactum · F.
concentricum · F. concolor · F. conglutinans · F. conglutinans callistephi · F.
conglutinans var. citrinum · F. congoense · F. coniosporiicola · F. constrictum ·
F. corallinum · F. cromyophthoron · F. crookwellense · F. cubense · F.
cucumerinum · F. cucurbitariae · F. culmorum · F. culmorum leteius · F.
culmorum var. leteius · F. cuneiforme · F. cyclogenum · F. cydoniae · F.
169
cymbiferum · F. cypericola · F. de-tonianum · F. decemcellulare · F.
decemcelulare · F. deformans · F. delacroixii · F. denticulatum · F. desciscens ·
F. dianthi · F. didymum · F. diffusum · F. dimerum · F. dimerum var. dimerum · F.
dimerum var. nectrioides · F. dimerum var. pusillum · F. dimerum var. violaceum
· F. dimorphum · F. diplosporum · F. discoideum · F. discolor · F. discolor
sulphureum · F. diversisporum · F. dlamini · F. dlaminii · F. effusum · F. elasticae
· F. elegans · F. elongatum · F. ensiforme · F. epicoccum · F. episphaeria · F.
episphaericum · F. epistroma · F. epithele · F. equinum · F. equiseti · F. equiseti
var. bullatum · F. equiseti var. caudatum · F. equiseti var. intermedium · F.
equiseticola · F. equisetorum · F. erubescens · F. eucalypticola · F.
eucalyptorum · F. eumartii · F. expansum · F. falcatum · F. falcatum fuscum · F.
ferruginosum · F. fijikuroi · F. filiferum · F. filisporum · F. fissum · F. flavidum · F.
flavum · F. flocciferum · F. foeni · F. foetens · F. foliicola · F. fractiflexum · F.
fractum · F. fragrans · F. fraxini · F. fructigenum · F. fujikuroi · F. fuliginosporum ·
F. funicola · F. fusariodes · F. fuscum · F. gaditjirri · F. gallinaceum · F.
gemmiperda · F. genevense · F. georginae · F. gibbosum · F. gigas · F. gladioli ·
F. glandicola · F. globosum · F. globulosum · F. gloeosporioides · F. glumarum ·
F. gracile · F. graminearum · F. graminum · F. granulosum · F. guttiforme · F.
gymnosporangii · F. hakeae · F. heidelbergense · F. heleocharidis · F.
helotioides · F. herbarum · F. heteronemum · F. heterosporoides · F.
heterosporum · F. heterosporum var. congoense · F. heveae · F. hibernans · F.
hippocastani · F. hordearium · F. hordei · F. hostae · F. hymenula · F.
hyperoxysporum · F. hypocreoideum · F. idahoanum · F. illosporioides · F.
inaequale · F. incarcerans · F. incarnatum · F. inflexum · F. inseptatum · F.
insidiosum · F. iridis · F. japonicum · F. javanicum · F. javanicum javanicum · F.
javanicum var. ensiforme · F. javanicum var. radicicola · F. juglandinum · F. junci
· F. juruanum · F. konzum · F. kyushuense · F. laboulbeniae · F. laceratum · F.
lacertatum · F. lactis · F. lagenariae · F. lagenarium · F. lanceolatum · F. laricis ·
F. larvarum var. rubrum · F. larvarum var. larvarum · F. larvarum var. rubrum · F.
lateritium · F. lateritium f. crotalariae · F. lateritium f. pini · F. lateritium var. buxi ·
F. lateritium var. minus · F. lateritium var. mori · F. lateritium var. tenue · F.
lateritium var. uncinatum · F. laxum · F. leguminum · F. leucoconium · F.
lichenicola · F. limonis · F. limosum · F. lineare · F. lini · F. loliaceum · F. lolii · F.
longipes · F. longisporum · F. longissimum · F. longum · F. lucidum · F.
170
lunulosporum · F. luteum · F. lutulatum · F. lutulatum var. zonatum · F. lutulatum
zonatum · F. lycopersici · F. macroceras · F. maculans · F. magnusianum · F.
mali · F. malli · F. mangiferae · F. marginatum · F. martii · F. martii minus · F.
martii phaseoli · F. martii viride · F. matuoi · F. mauroi · F. maydiperdum · F.
maydis · F. medicaginis · F. melanochlorum · F. melonis · F. merismoides · F.
merismoides var. acetilereum · F. merismoides var. chlamydosporale · F.
merismoides var. crassum · F. merismoides var. merismoides · F. merismoides
var. violaceum · F. mesentericum · F. metachroum · F. microcera · F. microcera
var. cerasi · F. microphlyctis · F. micropus · F. microspermum · F. microsporium
· F. mikaniae · F. miniatulum · F. miniatum · F. minimum · F. minutissimum · F.
minutulum · F. miscanthi · F. moniliforme · F. moniliforme f. moniliforme · F.
moniliforme f. subglutinans · F. moniliforme var. fici · F. moniliforme var.
intermedium · F. moniliforme var. minus · F. moniliforme var. moniliforme · F.
moronei · F. moschatum · F. musarum · F. mycophilum · F. myosotidis · F.
napiforme · F. neglectum · F. nelsonii · F. neoceras · F. nervisequum · F.
nervisequum f. platani · F. nicotianae · F. nigrum · F. nisikadoi · F. nitidum · F.
nivale · F. niveum · F. nygamai · F. obtusatum · F. obtusisporum · F.
obtusiusculum · F. obtusum · F. ochraceum · F. oidioides · F. opuli · F.
orobanches · F. orthoceras · F. orthoceras triseptatum · F. orthoceras var. lathyri
· F. orthoceras var. longius · F. orthosporum · F. osiliense · F. ossicola · F.
osteophilum · F. oxydendri · F. oxysporum apii · F. oxysporum aechmeae · F.
oxysporum albedinis · F. oxysporum apii · F. oxysporum asclerotium · F.
oxysporum asparagi · F. oxysporum basilici · F. oxysporum batatas · F.
oxysporum betae · F. oxysporum bouvardiae · F. oxysporum callistephi · F.
oxysporum cannabis · F. oxysporum carthami · F. oxysporum cassiae · F.
oxysporum cattleyae · F. oxysporum cepae · F. oxysporum chrysanthemi · F.
oxysporum ciceris · F. oxysporum citri · F. oxysporum coffeae · F. oxysporum
conglutinans · F. oxysporum crotalariae · F. oxysporum cubense · F. oxysporum
cucumerinum · F. oxysporum cucurbitacearum · F. oxysporum cyclaminis · F.
oxysporum dianthi · F. oxysporum elaeidis · F. oxysporum f. apii · F. oxysporum
f. batatas · F. oxysporum f. betae · F. oxysporum f. callistephi · F. oxysporum f.
cepae · F. oxysporum f. conglutinans · F. oxysporum f. cubense · F. oxysporum
f. cucumerinum · F. oxysporum f. cyclaminis · F. oxysporum f. dianthi · F.
oxysporum f. fabae · F. oxysporum f. gladioli · F. oxysporum f. lini · F.
171
oxysporum f. lupini · F. oxysporum f. lycopersici · F. oxysporum f. medicaginis ·
F. oxysporum f. melongenae · F. oxysporum f. melonis · F. oxysporum f. narcissi
· F. oxysporum f. nicotianae · F. oxysporum f. niveum · F. oxysporum f.
oxysporum · F. oxysporum f. passiflorae · F. oxysporum f. perniciosum · F.
oxysporum f. phaseoli · F. oxysporum f. pini · F. oxysporum f. pisi · F.
oxysporum f. psidii · F. oxysporum f. raphani · F. oxysporum f. spinaciae · F.
oxysporum f. tracheiphilum · F. oxysporum f. tuberosi · F. oxysporum f. udum ·
F. oxysporum f. vasinfectum · F. oxysporum fabae · F. oxysporum fatshederae ·
F. oxysporum fragariae · F. oxysporum gladioli · F. oxysporum glycines · F.
oxysporum hebes · F. oxysporum lagenariae · F. oxysporum lentis · F.
oxysporum lilii · F. oxysporum lini · F. oxysporum lupini · F. oxysporum
lycopersici · F. oxysporum matthiolae · F. oxysporum medicaginis · F.
oxysporum melongenae · F. oxysporum melonis · F. oxysporum narcissi · F.
oxysporum nicotianae · F. oxysporum niveum · F. oxysporum opuntiarum · F.
oxysporum oxysporum · F. oxysporum passiflorae · F. oxysporum perniciosum ·
F. oxysporum phaseoli · F. oxysporum pini · F. oxysporum pisi · F. oxysporum
psidii · F. oxysporum radicis-lycopersici · F. oxysporum ranunculi · F. oxysporum
raphani · F. oxysporum rauvolfiae · F. oxysporum resupinatum · F. oxysporum
rhois · F. oxysporum sesami · F. oxysporum spinaciae · F. oxysporum
tracheiphilum · F. oxysporum tuberosi · F. oxysporum tulipae · F. oxysporum
vanillae · F. oxysporum var. lycopersici · F. oxysporum var. medicaginis · F.
oxysporum var. meniscoideum · F. oxysporum var. nicotianae · F. oxysporum
var. redolens · F. oxysporum var. trifolii · F. oxysporum vasinfectum · F.
oxysporum zingiberi · F. pallens · F. pallidoroseum · F. pallidulum · F. pallidum ·
F. pampini · F. pandani · F. pannosum · F. parasiticum · F. paspali · F.
paspalicola · F. peckii · F. pelargonii · F. peltigerae · F. penicillatum · F.
pentaclethrae · F. personatum · F. pestis · F. pezizaeforme · F. pezizoides · F.
phacidioideum · F. phaseoli · F. phormii · F. phyllogenum · F. phyllophilum · F.
pisi · F. platani · F. platanoidis · F. poae · F. poincianae · F. polymorphum · F.
polyphialidicum · F. proliferatum · F. proliferatum var. minus · F. proliferatum var.
proliferatum · F. protractum · F. prunorum · F. pseudoanthophilum · F.
pseudocircinatum · F. pseudograminearum · F. pseudoheterosporum · F.
pseudonectria · F. pseudonygamai · F. pteridis · F. pulvinatum · F. punctiforme ·
F. putaminum · F. putrefaciens · F. pyriforme · F. pyrochroum · F. quercicola · F.
172
radicicola · F. radicis-lycopersici · F. ramigenum · F. redolens · F. redolens
dianthi · F. redolens solani · F. reticulatum var. negundinis · F. reticulatum var.
negundinis · F. reticulatum var. reticulatum · F. rhabdophorum · F. rhizogenum ·
F. rhizophilum · F. ricini · F. rimicola · F. rimosum · F. robiniae · F. robustum · F.
rollandianum · F. rosae · F. roseolum · F. roseum · F. roseum f. cereale · F.
roseum var. avenaceum · F. roseum var. lupini-albi · F. rostratum · F.
roumegueri · F. ruberrimum · F. rubi · F. rubicolor · F. rubiginosum · F. rubrum ·
F. sacchari · F. sacchari var. elongatum · F. sacchari var. sacchari · F. salicicola
· F. salicicolum · F. salicinum · F. salicis · F. salmonicolor · F. samararum · F.
sambucinum · F. sambucinum var. coeruleum · F. sambucinum var. ossicolum ·
F. sambucinum var. sambucinum · F. samoense · F. sanguineum · F.
sapindophilum · F. sarcochroum · F. sarcochroum var. robiniae · F. schawrowi ·
F. schiedermayeri · F. schnablianum · F. schribauxii · F. schweinitzii · F. scirpi ·
F. scirpi var. caudatum · F. scirpisensu · F. sclerodermatis · F. sclerodermatis
var. lycoperdonis · F. sclerotioides · F. sclerotioides brevius · F. sclerotium · F.
scolecoides · F. secalis · F. semitectum · F. semitectum var. majus · F. setosum
· F. socium · F. solani · F. solani cucurbitae · F. solani cyanum · F. solani f.
cucurbitae · F. solani f. eumartii · F. solani f. mori · F. solani f. phaseoli · F. solani
f. piperis · F. solani f. pisi · F. solani f. radicicola · F. solani f. robiniae · F. solani
f. solani · F. solani f. xanthoxyli · F. solani fabae · F. solani minus · F. solani
phaseoli · F. solani piperis · F. solani pisi · F. solani solani · F. solani var.
javanicum · F. solani var. minus · F. solani var. petroliphilum · F. solaris · F.
sophorae · F. sorghi · F. spartinae · F. speiranthis · F. spermogoniopsis · F.
sphaeriae · F. sphaeroideum · F. sphaerosporum · F. spicaria-colorantis · F.
splendens · F. sporotrichioides · F. sporotrichioides var. minor · F.
sporotrichioides var. minus · F. sporotrichioides var. sporotrichioides · F.
staphyleae · F. stercorarium · F. stercoris · F. sterilihyphosum · F. sticticum · F.
stictoides · F. stilboides var. stilboides · F. stillatum · F. stoveri · F. striatum · F.
strobilinum · F. stromaticola · F. stromaticum · F. subcarneum · F. subglutinans ·
F. subglutinans var. subglutinans · F. sublunatum · F. sublunatum var.
elongatum · F. sublunatum var. sublunatum · F. subnivale · F. subpallidum · F.
subpallidum roseum · F. subtectum · F. subulatum · F. subulatum brevius · F.
subviolaceum · F. succisae · F. sulphureum · F. tabacivorum · F. tasmanicum ·
F. tenellum · F. tenue · F. tenuissimum · F. tenuistipes · F. thapsinum · F.
173
theobromae · F. thuemenii · F. tomentosum · F. tortuosum · F. torulosum · F.
tracheiphilum · F. translucens · F. tremelloides · F. trichothecioides · F.
tricinctum · F. tritici · F. tubercularioides · F. tuberis · F. tuberivorum · F.
tucumaniae · F. tumidum · F. udum · F. udum solani · F. udum var. crotalariae ·
F. uncinatum · F. uredinicola · F. urticearum · F. ustilaginis · F. vasinfectum · F.
vasinfectum pisi · F. vasinfectum var. pisi · F. vasinfectum var. zonatum · F.
venenatum · F. ventricosum · F. versicolor · F. versiforme · F. vinosum · F.
violaceum · F. violae · F. virguliforme · F. viride · F. viticola · F. vogelii · F.
volutella · F. wilkomii · F. willkommii · F. xylaroides · F. zavianum · F. zeae · F.
zealandicum · F. ziziphinum · F. zizyphinum · F. zonatum. (ZIPCODEZOO,
2011)
O fungo Fusarium decemcellulare corresponde a um indivíduo com certas
particularidades em relação aos outros indivíduos da espécie Fusarium,
possuem uma grande macroconídia e características morfológicas que facilitam
sua identificação. ( LESLIE, J.F, 2006)
Fusarium decemellulare é normalmente encontrado em áreas tropicais e
subtropicais, onde ele é associado com superbrotamento e posterior morte de
uma série de árvores frutíferas como abacate, cacau, guaraná e manga.
(LESLIE, J.F, 2006)
O superbrotamento do guaranazeiro causado por Fusarium decemcellulare,
é um dos principais problemas do guaranazeiro que possui uma grande
importância econômica no Estado do Amazonas. (GASPAROTO, 2006)
De acordo com Farr e Rossman (2011) foram realizadas 31 registros de
ocorrência de Fusarium decemcellulare em 22 espécies de hospedeiros
diferentes: Annona xatemoya, Araucaria heterophylla (araucária), Bumelia
tenax, Carya illinoensis, Cedrelinga cateniformis, Centrosema pubescens,
Cordia alliodora, Cordia goeldiana, Crataegus flora, Ficus carica (figo) , F.
tinctoria, Gliricidia sepium, Mangifera indica (manga) , Manilkara bidentata,
Oryza sativa (arroz) , Paullinia cupana, Pinus resinosa, P. strobus, Psidium
guajava (goiaba) , Tectona grandis, Theobroma cacao (cacau) e Ziziphus
mauritiana. Estas descrições foram realizadas nos seguintes países: Austrália,
Brasil, Canada, Costa do Marfim, Equador, El Salvador, Estados Unidos,
Guatemala, Índia, Japão, Malásia, Nicarágua, Polônia, Porto Rico e Tanzânia.
No Brasil, Fusarium decemcellulare foi descrita nas seguintes hospedeiras:
174
Cordia alliodora, C. goeldiana, Mangifera indica, Paullinia cupana, Psidium
guajava e Theobroma cacao.
Diversas variedades de fungos Fusarium, que são fungos comuns do solo,
hábitos saprófitas, produzem várias micotoxinas diferentes do grupo dos
tricotecenos, como o desoxinivalenol (DON), o nivalenol (NIV), a toxina T-2 e a
toxina HT-2, bem como outras toxinas (zearalenona e fumonisinas), entretanto
não foram encontradas informações referentes a produção de toxinas
especificamente por parte de Fusarium decemcellulare. (QUALFOOD, 2011)
Nas literaturas consultadas não foram encontrados relatos sobre Fusarium
decemcellulare agindo como patógeno humano ou de animais, nem deste
sendo comestível ou utilizado na indústria farmacêutica, entretanto inúmeros
são os relatos deste atuando como patógeno em plantas.
A cancrose é uma doença caracterizada pela formação de cancros nos orgãos
lenhosos da planta de qualquer idade. As plantas jovens podem morrer e, nas
adultas, acarreta rachaduras longitudinais e deformações nos galhos que, com
o tempo podem matar a planta ou torná-la inutil. É causada pela forma
anamórfica de Fusarium decemcellulare, Albonectria rigidiuscula, entretanto a
infecção inicial é feita pelos conídios ou esporos do próprio Fusarium
decemcellulare. É uma doença de grande expressão para a cultura da pinha no
cerrado de Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. (JUNQUEIRA, et al., 2001)
A erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma espécie florestal cultivada no sul do
Brasil e, em alguns municípios, é a principal atividade econômica. Sua
ocorrência natural é restrita ao Brasil, Paraguai e Argentina, abrangendo cerca
de 540.000Km². No Brasil, sua área está dispersa, sobretudo nos estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.Em 2004 foram constatados
sintomas da doença podridão-de-raízes em ervais nos municípios da região
alta do Vale do Taquari, RS. Com o auxílio de técnicos da EMATER, fez-se um
levantamento dos municípios que possuíam ervais com sintomas. Em 10% dos
ervais afetados, coletaram-se amostras de raízes que foram enviadas para
análise no Laboratório de Fitopatologia pertencente ao Departamento de
Defesa Sanitária/CCR/UFSM. Foram isoladas e identificadas cinco diferentes
espécies do fungo Fusarium, dentre elas, Fusarium decemcellulare.
(POLETTO,et al.2004)
175
O limão-de-Caiena (Averrhoa bilimbi L.) também conhecido por bilimbizeiro,
da família Averrhoaceae, produz frutos que geralmente são processados
salgados ou doces para confecção de conservas em picles, condimentos e
molhos. Quando maduros esses são utilizados em geléias e compotas,
constituindo boa fonte de vitamina C (Donadio et al., Frutas Exóticas, 1998
apud Bastos & Santos, 2001). Recentemente foi observado no município de
Icoaraci, Pará, pés de limão-de-Caiena apresentando anormalidade nas
inflorescências. Os sintomas se manifestam tanto no tronco, como nos ramos e
caracterizam-se pelo desenvolvimento anormal de superbrotamento das
inflorescências a partir do eixo floral, com inchamento dos talos florais. As
flores e frutos jovens, geralmente caem prematuramente e os talos ficam
totalmente secos. Material infetado foi coletado e levado para o laboratório de
Fitopatologia da Ceplac, em Belém, Pará, para isolamento do agente causal.
Os isolamentos procedidos em BDA, a partir de fragmentos de tecidos retirados
de ramos infetados, revelaram a constante presença de um fungo, cujas
características morfológicas identificou com agente causal Fusarium
decemcellulare. (BASTOS & SANTOS, 2001)
Cateniformis cedrelinga é uma árvore leguminosa indígena que ocorre
naturalmente nas regiões amazônicas do Equador, Peru e Colômbia. Esta
árvore é economicamente valiosa para a produção de madeira e também é
culturalmente importante para comunidades rurais e indígenas desses países
que utilizam a ultilizam medicinalmente e também religiosamente. Em 2002 e
2003 observou-se sintomas de cancrose nestas árvores no Equador, através
do isolamento de tecidos sintomáticos, descobriu-se a presença de Fusarium
decemcellulare, sendo este também o agente causal. (LOMBARD, et al.2008)
Nos Estados Unidos, em Miami, observou-se por 20 anos, galhas grandes
em árvores de manga, no pomar da USDA (United States Department of
Agriculture) em Miami, Florida. Eles variam de 45 cm de diâmetro, têm áspera,
exteriores escamosa, e normalmente são encontrados no tronco principal,
analisando os tecidos internos das galhas observou-se a presença do fungo
Fusarium decemcellulare, foi este o primeiro caso divulgado do indivíduo
infectando uma mangueira nos EUA. (PLOETZ, R. 1996)
No Amazonas um dos principais problemas do guaranazeiro vem sendo o
superbrotamendo das árvores de guaraná. A doença afeta ramos novos e
176
inflorescências. Nos ramos ocorre emissão de brotações sucessivas formando
uma massa densa e desuniforme, em conseqüência da multiplicação
exagerada de células. Nas inflorescências ocorre multiplicação exagerada de
células, dando às flores um aspecto de cálice compacto e endurecido,
impedindo a polinização e causando o secamento precoce. (SBFITO , 2011)
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos
do fungo Fusarium decemcellulare.
177
MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi conduzido inicialmente no Laboratório de Micologia da
Embrapa Cenargem e também no Laboratório de Microbiologia do Instituto
Federal Goiano Campus Urutaí.
Os propágulos fungicos foram extraídos de sementes de cacau que foram
enviadas ao Laboratório de Micologia da Embrapa Cenargem, a área lesionada
das sementes foram analisadas com um microscópio estereoscópico, após
verificada a área da lesão, tomou-se uma agulha previamente flambada no bico
de bunsen, e iniciou-se a extração dos propágulos por meio de raspagem da
região.
Com uma pinça, uma lâmina foi cuidadosamente flambada no bico de
bunsen, e no seu centro colocou-se uma gota de corante azul de algodão, na
região da gota foram colocados cuidadosamente os propágulos, em seguida
uma lamínula foi sobreposta à região, e o excesso de corante removido com o
auxílio de papel toalha, e por fim a lamínula foi devidamente vedada com o uso
de esmalte.
Levou-se então a lâmina para o microscópio óptico, inicialmente utilizou-
se objetivas menores, como a de 4x a fim de localizar as estruturas fungicas
presentes na lâmina, na medida em que eram localizadas, utilizava-se objetivas
maiores para uma visualização mais detalhada das estruturas, de 10X e 40X.
Após analisadas as estruturas e comparações com literaturas, identificou-se o
fungo como pertencente ao gênero Fusarium sp., sendo este da espécie
decemcellulare.
A lâmina semi-permanente foi trazida ao Instituto Federal Goiano
Campus Urutaí por intermédio do professor Dr. Milton Lima, foram levadas ao
microscópio óptico, com o objetivo de se micro fotografar as estruturas
fungicas. Após localizadas com as menores objetivas, a imagem era
aproximada com as objetivas maiores, e então fotografadas com uma câmera
digital Canon modelo Shot A580 para a confecção da prancha de fotos a fim de
tornar mais visível a descrição.
Com o auxílio do software paint, as fotos tiveram seu tamanho reduzido,
em seguida organizadas em formato de prancha no software Power point.
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Utilizando uma objetiva com unidades de medição, mediu-se também
algumas as estruturas fungicas, a fim de estabelecer uma média de tamanho
das estruturas.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Descrição micológica:
Figura 1. Aspectos morfológicos de Fusarium decemcellulare. A. Esporodóquio hialino (Bar=7,7 μm), B. Conídio, célula conidiogênica (bar=20 μm), C.Esporodóquio (bar=20 μm), D.Conidióforos com conídios (bar=14 μm),
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E. Macroconidio septado, hialino e falcado (bar=62 μm), F. Microconídio hialino (bar=25,4 μm)
Descrição Micológica
Os macroconídios (Fig. E) raramente são confundidos com os de
qualquer outra espécie por serem muito grandes tanto longos quando largos,
em linha reta ou ligeiramente curvada e robusta com paredes espessas. Eles
apresentam entre 5 e 9 septações, com uma célula apical e uma célula em
forma de pé achatado. Macroconídios são produzidos em monophialides, em
conidióforos ramificados, em esporodóquios e nas hifas.
Microconídios são encontrados em longas cadeias, produzidos a partir
de monophialides, em conidióforos (Fig. D) ramificados ou diretamente a partir
das hifas, tem forma oval e normalmente não são septados. Ausência de
chlamidosporos. Esporodóquios hialinos (Fig. A), normalmente têm morfologia
geral de aredes muito longas, robustas e espessas. Geralmmente abundante
em esporodóquios, os macroconídios (Fig. E) de esporodóquios geralmente
são uniformes em tamanho e forma.
Microconídios (Fig. F) adormecidos tipicamente em esporodoquios (Fig.
C) onde eles dão origem a caracteristica em forma de massa.
Quadro comparativo:
Estruturas Dimensões NUNES, O.L.2011 (μm)
Dimensões VEREINIGT, A.1908 (μm)
Conídios 12-18,5x4-9,5 13-17,5x5-10,5
Microconidio 45-71,5x5,75 50-65 x 5-7
Esporodóquio 85-125x12-16 80-120x10-15
Macroconidios 37-49x6-8,5 39-48,5x5,75
As médias de Nunes, 2011 foram obtidas a partir da medição de 50 exemplares de cada estrutura, observasse uma leve variação em comparação as estruturas apresentadsa pelo autor Vereingt,1908
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