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Destaque Setorial - BradescoD
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Regina Helena Couto Silva
01 de fevereiro de 2016
Shoppings Centers
Retração da atividade econômica deverá impor menor ritmo de lançamentos de shoppings centers neste ano
Evolução do número de inaugurações no Brasil (em unidades)2000 - 2016
Fonte e projeções (*): ABRASCE Elaboração: BRADESCO
Acompanhando o ritmo de crescimento da economia brasileira, foram lançados em média 26 shoppings centers por ano entre 2010 e 2014. Os lançamentos tem apresentado ritmo mais lento, em resposta à desaceleração da economia nos últimos anos. Assim, entre 2012 e 2014, da previsão de unidades a serem lançadas no início de cada ano, em média 42% foram postergadas. No ano passado, a taxa de postergação foi um pouco menor, atingiu 31%, ou seja, dos 26 empreendimentos previstos, 8 foram adiados. Para 2016, estão previstos 30 lançamentos segundo a Abrasce, sendo resultado de investimentos já contratados anteriormente
e das postergações do ano passado. Neste mês, a Abrasce revisou sua estimativa anterior que previa lançamento de 40 novas unidades, para 30 inaugurações. Ainda assim, fizemos um ajuste para baixo, considerando que 17 empreendimentos estão previstos para serem lançados no segundo semestre e esses estariam mais sujeitos a uma maior lentidão das obras ou até cancelamento, ficando a inauguração para o ano seguinte, em razão do fraco desempenho da economia brasileira. Assim, o ano fecharia com 13 lançamentos ao invés de 30 previstos e a taxa de postergação atingiria 57%.
Apesar da continuidade de lançamentos de shoppings centers no País, o segmento está enfrentando as mesmas dificuldades do comércio varejista em geral, como recuo de vendas e elevação de custos com energia elétrica e mão-de-obra. Desde 2014, o comércio vem registrando desaquecimento, já em resposta à desaceleração econômica e, no ano passado, a queda do consumo se acentuou. As vendas no comércio varejista, medidas pelo IBGE, devem fechar 2015 com queda de 4,0% (o dado efetivo será divulgado em fevereiro). Entre os artigos mais vendidos em shoppings, destacamos negativamente
os segmentos de móveis e eletrodomésticos, que apresentaram recuo de 14%, seguidos por vestuário e calçados, com queda de 7,5%. Para este ano, ainda refletindo os efeitos da elevação do desemprego, estimamos contração de 3,4% das vendas gerais no comércio varejista. Para os produtos como móveis e eletrodomésticos e vestuário e calçados, estimamos retração de 5,0% e 3,5%, nessa ordem. Esperamos recuperação das vendas no comércio varejista, embora ainda em ritmo moderado, a partir de 2017, com a retomada do emprego e dos níveis de confiança do consumidor.
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*
Evolução do número de inaugurações no Brasil 2000 - 2016
Inaugurados
Previstos
Em unidades Fonte e projeção: ABRASCE Elaboração: Bradesco
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Fonte: IBGEElaboração e projeção: BRADESCO
Fonte: Censo - IBGEElaboração: BRADESCO
Volume de vendas do comércio varejista restrito 2001 - 2018
Distribuição de classes sociais (A, B e C) por tamanho de município - 2010
-1,6-0,7
-3,7
9,2
4,8
6,2
9,7 9,1
5,9
10,9
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4,3
2,2
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0,9
3,5
-5,500
-3,500
-1,500
,500
2,500
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6,500
8,500
10,500
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2011
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2014
2015
2016
2017
2018
Volume de vendas do Comércio Varejista Restrito - 2001 - 2018 Fonte: IBGE Elaboração e Projeção: Bradesco
Municípios por população Número de municípios AB C ABC
Menos de 100 mil 5.282 5,9% 42,6% 48,5%
Entre 150 mil e 200 mil 150 11,3% 54,8% 66,1%
Entre 200 mil e 300 mil 54 12,8% 56,9% 69,7%
Entre 300 mil e 400 mil 27 14,3% 55,2% 69,4%
Entre 400 mil e 500 mil 14 18,2% 55,7% 73,9%
Mais de 500 mil 38 21,7% 52,1% 73,8%
Brasil 5.565 12,3% 48,7% 61,0%
Temos observado ampliação de serviços em shoppings, como pet shops, agências bancárias, salas de cinema e de teatros, laboratórios de análises clínicas e ampliação de áreas de alimentação, o que tem impedido recuo mais acentuado da atividade nesses centros comerciais. Diante da retração econômica, combinada à queda de renda real da população, a demanda por serviços também deverá ser menor neste ano, embora em menor magnitude ante a queda do comércio em geral. Estimamos recuo de 3,5% do PIB de serviços em 2016 após queda estimada de 3,0% no ano passado. Para 2017 nossa expectativa é de recuperação bastante gradual, com ampliação de 1%.
Neste ano ainda, o segmento de shoppings terá à frente alguns desafios como uma interrupção no processo de mobilidade social, já que a classe C vem sendo muito
afetada pelo desemprego e pela queda de renda real. Esse é um ponto relevante, uma vez que a expansão dos shoppings vem ocorrendo em cidades com até 500 mil habitantes, nas quais há participação mais relevante da classe C na população do município. De fato, nas cidades com população entre 300 e 500 mil habitantes, a participação da classe C é de 55%, ante a participação de 48% no País como um todo, como ilustrado na tabela a seguir. Além disso, devemos observar desaceleração da expansão das redes de franquias, o que somado às dificuldades dos comerciantes em manter a atividade diante da queda de vendas, está levando ao fechamento de lojas e provocando ampliação da vacância. Diante desse cenário, o risco que se coloca é a possibilidade de fechamento de empreendimentos em cidades menores, nas quais há forte concentração da classe C.
De todo modo, independentemente dos efeitos da retração da economia, o espraiamento regional, que já foi observado em anos recentes, deverá continuar como tendência para os novos empreendimentos, com as áreas não metropolitanas ganhando peso. Em 2014, 25% dos shoppings que foram abertos estão localizados nas capitais e 75% no interior. Em 2015, quase 67% das inaugurações ocorreram em cidades do interior, sendo quase metade em municípios com até 500 mil habitantes.
Ainda deveremos observar expansão dos lançamentos nos anos à frente, porém as inaugurações deverão seguir em ritmo mais fraco daqui para frente, em resposta à moderação da atividade econômica ante a forte expansão registrada em anos anteriores. Comparativamente com os países de renda per capita mais elevada, é possível notar que quanto mais elevada a renda, maior é a quantidade de shoppings centers no país. Nos EUA, país com o maior número de shoppings do mundo, a ABL1 em m2 para cada mil
1 ABL – Área Bruta Locável.
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Fonte: Abrasce, FMI Elaboração: BRADESCO
Comparativo Internacional - ABL por mil habitante versus PIB per capita
habitantes é de 2.210. Nos países europeus e no Japão, a média é de 300. Países como México e Colômbia a medida é de 150 e 88 nessa ordem.
Feita essa comparação, parece-nos que no Brasil, ainda há reduzido número de shoppings, já que temos 64 m2 de ABL para cada mil habitantes. Mas devemos levar em conta que a renda per capita no País tem diferenças regionais relevantes, o que nos leva a crer que nem toda a população brasileira realiza compras em shoppings centers. De fato, essas unidades de venda representam 19% do comércio varejista nacional,
ante uma participação de 25% no México e no Chile e de 55% nos EUA. De todo modo, levando em consideração a ampliação de renda per capita e uma expansão do número de lançamentos pouco superior ao crescimento do PIB, nos próximos anos, a ABL para cada mil habitantes deverá saltar dos atuais 64 para 100, ainda abaixo da média europeia. A comparação internacional aponta que o potencial brasileiro não se esgotou por completo, apesar de ter-se reduzido nos últimos anos. Importante ressaltar que as principais capitais já atingiram esse nível de 100 m2 de ABL por mil habitantes.
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500
1.000
1.500
2.000
2.500
10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000 50.000 55.000 60.000
ABL por mil habitante
PIB per capita (US$)
Comparativo Internacional - ABL por mil habitante versus PIB per capita Fonte: Abrasce e FMI Elaboração: Bradesco
Brasil
México
Canadá
Colômbia
África do Sul JapãoFrança
EUA
Alemanha
Austrália
Espanha
Itália
75,0
82,9
89,2
90,0
90,4
91,9
100,8
102,6
105,5
60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 110,0
Recife
Belém
Curitiba
Porto Alegre
Belo Horizonte
São Paulo
Rio de Janeiro
Salvador
Fortaleza
ABL por mil habitantes nas capitais brasileiras - 2015 Fonte: Abrasce Elaboração: Bradesco
ABL por mil habitantes nas capitais brasileiras
2015
Fonte: Abrasce Elaboração: BRADESCO
Em suma, levando em conta a forte expansão já ocorrida recentemente, os próximos lançamentos deverão passar por estudos mais elaborados para decisão de construção de novos shoppings, de forma a enquadrar o empreendimento dentro dos padrões de consumo do município/bairro, tornando os investidores
no setor mais cautelosos. Entres os itens a serem levados em conta na avaliação de potencial de mercado, destacamos: área de influência, população residente e flutuante do município/bairro, renda familiar, número de shoppings concorrentes instalados e custo de terreno.
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Perfil Setorial
• O comércio em shopping center representa 19% do varejo nacional, com faturamento de R$ 142,3 bilhões em 2014.
• O Brasil possui 538 shoppings com 14,6 milhões de m² de ABL, 100,7 mil lojas e 1.035,1 mil empregos gerados.
• O Sudeste concentra a maior parte dos empreendimentos (54,4%), seguido por: Sul (16,8%), Nordeste (14,7%), Centro-Oeste (9,3%) e Norte (4,8%). O estado de São Paulo responde, sozinho, por 32,2% dos shoppings no País.
• A demanda é maior nas datas comemorativas: Maio – Dia das Mães, Junho – Dia dos Namorados, Agosto – Dia dos Pais, Outubro – Dia das Crianças, Novembro – Black Friday, Dezembro – Natal.
• Lançado no Brasil em 2012, o Black Friday, realizado em novembro, vem ganhando participação relevante no calendário do comércio varejista brasileiro. Considerando apenas o e-commerce, o Black Friday já ultrapassou datas relevantes para o varejo como o Dia das Mães e movimentou R$ 1,6 bilhão no ano passado. O faturamento ainda é baixo quando comparado à Black Friday norte-americana, que movimenta o equivalente a R$ 10,8 bilhões, mas cresce a passos largos, registrando expansão de quase 40% em 2015, na comparação com a edição do ano anterior.
• Entre os frequentadores de shoppings, cerca de 80% são da classe A e B; 53% possuem entre 17 e 34 anos.
• Entre as motivações para a visita, destacamos: 40% para compras, 16% para passeio e 15% para alimentação.
Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos EconômicosMarcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivoEconomia Internacional: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Daniela Cunha de Lima / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves Bast / Ariana Stephanie ZerbinattiAnálise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi BarufiEstagiários: Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito / Gustavo Assis Monteiro
Equipe Técnica
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