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CONVÊNIO Nº 107/2009
DIAGNÓSTICO DA VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE EM ITABUNA - BA
(Versão Compacta)
Alan Azevedo Pereira dos Santos
ITABUNA
2012
ARTE DA CAPA
George Lessa
DESIGNER E EDITORAÇÃO
Alan Azevedo Pereira dos Santos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S237 Santos, Alan Azevedo Pereira dos. Diagnóstico da violência e criminalidade em Itabuna - BA / Alan Azevedo Pereira dos Santos. – 1. ed. – Itabuna, BA: Instituto - PROSEM, 2012. 140 p. : il. ISBN: 978-85-9134-342-3 Referências: p. 122-125.
1. Violência – Itabuna (BA). 2. Crime – Itabuna (BA). I. Titulo.
CDD 364.98142
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que
citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas.
CONVÊNIO Nº 107/2009
Instituto - PROSEM
Diretor Presidente
Marcus Vinícius de Oliveira Júnior
Diretor de Pesquisas
Marcus Vinícius de Oliveira
Coordenação Geral da Pesquisa
Alan Azevedo Pereira dos Santos
Coordenação da Pesquisa de Opinião
Santina Maria Gonçalves
Supervisão
Mércia Socorro Ribeiro Cruz
Redação Final
Alan Azevedo Pereira dos Santos
Revisão Geral
Maria Márcia Gabrielli França
Equipe Técnica de Dados Estatísticos e Geoprocessamento
Alan Azevedo Pereira dos Santos
Cristiano Marcelo Pereira de Souza
Gilmar Rocha de Oliveira Dias
Glauber Cassimiro Santos Guirra
Heibe Santana da Silva
Pesquisadores de Campo
Cládio Moisés Valiense de Andrade
José Miranda Oliveira Júnior
Keyth Fabianne Machado C. da Silva
Leandro de Oliveira Panta
Lis Pimentel Almeida
Marivaldo Oliveira da Silva
Rafael Simões Mendes de Oliveira
Veronica Isabel Loduvico Nascimento
Viviane Barreto Souza
Prefeitura Municipal de Itabuna
Prefeito: José Nilton Azevedo Leal
Sede: Av. Princesa Isabel, 678 –
São Caetano. Itabuna - Bahia
Presidente da República
Luís Inácio Lula da Silva
Ministro da Justiça
Tarso Fernando Herz Genro
Secretaria Nacional de Segurança
Pública
Luis Brisolla Balestreri
IV
Índice Geral
Apresentação ........................................................................................................... 11
Objetivos ............................................................................................................ 12
Metodologia e Abordagem .................................................................................. 12
Caracterização do Município de Itabuna ............................................................. 15
Antecedentes históricos e crescimento demográfico ........................................... 18
A centralidade exercida pela cidade de Itabuna ................................................... 23
Parte 1: Análise e Discussão dos Dados Criminais ............................................... 30
As Múltiplas Escalas do Problema ...................................................................... 32
Perfil das Vítimas de Homicídio em Itabuna ........................................................ 53
Zoneamento dos Homicídios em Itabuna ............................................................ 60
Mapa dos Homicídios em Itabuna: Distribuição Espacial .................................... 72
Crimes Contra o Patrimônio - Roubo a Transeunte ............................................ 83
Crimes Contra o Patrimônio - Roubo a Ônibus Urbano ....................................... 97
Outros Crimes Contra o Patrimônio .................................................................. 107
Violência Contra a Mulher .................................................................................. 110
Parte 2: Conclusões .............................................................................................. 115
Aspectos gerais da violência e criminalidade em Itabuna ................................. 115
Os bairros ou zonas críticas .............................................................................. 117
Relação drogas e homicídios ............................................................................ 119
Articulação multissetorial e banco de dados ..................................................... 119
Apontamentos .................................................................................................. 121
Referências ............................................................................................................ 122
Anexos .................................................................................................................... 126
V
Índice de Figuras
Apresentação
Figura A.1 – Vista parcial do Rio Cachoeira em Itabuna ...................................... 17
Figura A.2 – Paisagem da periferia de Itabuna, bairro Gogó da Ema .................. 21
Figura A.3 – Vista parcial da Avenida Cinquentenário ........................................ 25
Figura A.4 – Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães .................................... 26
Parte 1: Análise e Discussão dos Dados Criminais
Figura 1.1 – Vista parcial do trânsito de veículos em Itabuna ............................. 43
Figura 1.2 – Paisagem da periferia de Itabuna, bairro Maria Pinheiro ................ 69
Figura 1.3 – Sala de vídeomonitoramento da Polícia Militar de Itabuna .............. 90
Índice de Quadros
Parte 1: Análise e Discussão dos Dados Criminais
Quadro 1.1 – Homicídios por bairros do perímetro urbano de Itabuna
(2007-2010) ......................................................................................................... 63
Quadro 1.2 – Homicídios por zonas do município de Itabuna (2007-2010) .......... 65
Índice de Tabelas
Apresentação
Tabela A.1 – Crescimento populacional de Itabuna (1920-1980) ........................ 18
Tabela A.2 – Área territorial e taxa de crescimento populacional em Itabuna
(1950-1980) ........................................................................................................ 19
Tabela A.3 – Evolução demográfica de Itabuna e seus municípios limítrofes
(1980-2000) ........................................................................................................ 20
Tabela A.4 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em Itabuna
(1991-2000) ........................................................................................................ 22
Tabela A.5 – Itabuna: População total, Urbana e Rural; Taxa de urbanização
(2010) ................................................................................................................. 22
Tabela A.6 – Número de municípios por tamanho populacional na Microrregião
Itabuna-Ilhéus ..................................................................................................... 23
VI
Parte 1: Análise e Discussão dos Dados Criminais
Tabela 1.1 – Taxa de homicídios por 100 mil habitantes
nos municípios mais populosos da Bahia ........................................................... 37
Tabela 1.2 – Roubo a transeunte em Itabuna (2007-2009) ................................. 83
Tabela 1.3 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo o dia da semana
(2007-2009) ........................................................................................................ 84
Tabela 1.4 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo a faixa de hora
(2007-2009) ....................................................................................................... 85
Tabela 1.5 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo o gênero do autor
(2007-2009) ........................................................................................................ 87
Tabela 1.6 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo o tipo de arma utilizada
(2007-2009) ........................................................................................................ 89
Tabela 1.7 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo a faixa de hora entre os
bairros mais afetados (2007-2009) .................................................................... 94
Tabela 1.8 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna (2007-2010) ........................... 97
Tabela 1.9 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo a faixa de hora
(2007-2009) ........................................................................................................ 98
Tabela 1.10 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo o gênero do autor
(2007-2009) ...................................................................................................... 100
Tabela 1.11 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo o tipo de fuga
(2007-2009) ...................................................................................................... 101
Tabela 1.12 – Roubo seguido de morte, furto e roubo de veículo em Itabuna
(2007-2010) ...................................................................................................... 107
Tabela 1.13 – Encaminhamento das ocorrências da DEAM de Itabuna
(2009-2010) ...................................................................................................... 112
Índice de Gráficos
Parte 1: Análise e Discussão dos Dados Criminais
Gráfico 1.1 – Homicídios registrados em Itabuna (1981-2010) ............................ 33
Gráfico 1.2 – Homicídios por décadas em Itabuna (1980-1990-2000) ................. 34
Gráfico 1.3 – Homicídios em Itabuna segundo diferentes fontes ........................ 35
Gráfico 1.4 – Homicídios por municípios entre 100 e 250 mil hab.
na Bahia (2007-2010) .......................................................................................... 36
VII
Gráfico 1.5 – Homicídios por 100 mil habitantes na Bahia e em Itabuna
(2005-2010) ......................................................................................................... 39
Gráfico 1.6 – Mortalidade por causas externas em Itabuna (2006-2010) ............. 40
Gráfico 1.7 – Mortes por acidentes de trânsito em Itabuna (2006-2010) .............. 41
Gráfico 1.8 – Mortes por acidentes de trânsito segundo o município de residência
das vítimas (2006-2010) ..................................................................................... 41
Gráfico 1.9 – Frota de veículos, automóveis e motocicletas
com placa Itabuna/BA (2007-2011) ..................................................................... 42
Gráfico 1.10 – Homicídios em Itabuna, segundo o tipo de instrumento
(2007- 2009) ....................................................................................................... 44
Gráfico 1.11 – Apreensões de arma de fogo em Itabuna, Ilhéus, Juazeiro e Vitória
da Conquista (2007-2010) .................................................................................. 45
Gráfico 1.12 – Homicídio em Itabuna, segundo o local de ocorrência
(2006- 2010) ........................................................................................................ 48
Gráfico 1.13 – Homicídios em Itabuna por dias da semana (2006-2010) ............. 49
Gráfico 1.14 – Homicídios em Itabuna segundo o dia da semana
(2006-2010) ......................................................................................................... 50
Gráfico 1.15 – Homicídios em Itabuna segundo o horário (2006-2010) ............... 50
Gráfico 1.16 – Homicídios em Itabuna segundo o horário (2006-2010) ............... 51
Gráfico 1.17 – Incidência mensal de homicídios em Itabuna (2009-2010) ........... 52
Gráfico 1.18 – Homicídios por semestre em Itabuna (2009-2010) ....................... 52
Gráfico 1.19 – Homicídios em Itabuna, segundo o gênero (2006-2010) .............. 53
Gráfico 1.20 – Homicídios em Itabuna por faixa etária (2006-2010) .................... 54
Gráfico 1.21 – Homicídios por faixa etária em Itabuna (2006-2010) .................... 54
Gráfico 1.22 – Homicídios em Itabuna, por raça/cor (2006-2010) ........................ 55
Gráfico 1.23 – Percentuais de Homicídio em Itabuna por escolaridade
(2006-2010) ......................................................................................................... 56
Gráfico 1.24 – Homicídios em Itabuna por escolaridade (2006-2010) .................. 57
Gráfico 1.25 – Homicídios em Itabuna segundo estado civil (2006-2010) ............ 59
Gráfico 1.26 – Homicídios por zonas do município de Itabuna em 2007 .............. 60
Gráfico 1.27 – Homicídios por zonas do município de Itabuna em 2008 .............. 61
Gráfico 1.28 – Homicídios por zonas do município de Itabuna em 2009 .............. 61
Gráfico 1.29 – Homicídios por zonas do município de Itabuna em 2010 .............. 62
Gráfico 1.30 – Homicídios por zonas do município de Itabuna (2007-2010) ........ 62
Gráfico 1.31 – Bairros mais violentos em número de homicídios em Itabuna
(2007-2010) ........................................................................................................ 66
VIII
Gráfico 1.32 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo a faixa de hora
(2007-2009) ........................................................................................................ 85
Gráfico 1.33 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo o gênero dos lesados
(2007-2009) ........................................................................................................ 86
Gráfico 1.34 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo o tipo de arma
(2007-2009) ........................................................................................................ 88
Gráfico 1.35 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo o tipo de fuga
(2007-2009) ........................................................................................................ 89
Gráfico 1.36 – Roubo a transeunte em Itabuna segundo o local de ocorrência
(2007-2009) ........................................................................................................ 91
Gráfico 1.37 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo a faixa de hora
(2007-2009) ........................................................................................................ 99
Gráfico 1.38 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo a empresa mais
afetada (2007-2009) ........................................................................................... 99
Gráfico 1.39 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo o tipo de arma
utilizada (2007-2009) ........................................................................................ 100
Gráfico 1.40 – Roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo o local de ocorrência
(2007-2009) ...................................................................................................... 102
Gráfico 1.41 – Registro mensal de furtos e roubos de veículos em Itabuna no ano
de 2010 ............................................................................................................ 108
Gráfico 1.42 – Ocorrências criminais registradas pela DEAM em Itabuna (2009)
......................................................................................................................... 110
Gráfico 1.43 – Ocorrências criminais registradas pela DEAM em Itabuna (2010)
......................................................................................................................... 111
Índice de Mapas
Apresentação
Mapa A.1 – Microrregião Itabuna – Ilhéus ........................................................... 15
Mapa A.2 – Localização da Mesorregião Sul Baiana, Microrregião
Itabuna-Ilhéus e dos municípios que fazem limite com Itabuna .......................... 16
Mapa A.3 – Localização estratégica de Itabuna no território baiano ................... 24
Parte 1: Análise e Discussão dos Dados Criminais
Mapa 1.1 – Territorialidades do tráfico de drogas na cidade de Itabuna ............. 68
IX
Mapa 1.2 – Homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2007 ....................... 73
Mapa 1.3 – Homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2008 ....................... 74
Mapa 1.4 – Homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2009 ....................... 75
Mapa 1.5 – Homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2010 ....................... 76
Mapa 1.6 – Homicídios por zonas da cidade de Itabuna (2007-2010) ................. 77
Mapa 1.7 – Homicídios por bairros das zonas norte e nordeste de Itabuna
(2007-2010) ........................................................................................................ 79
Mapa 1.8 – Homicídios por bairros das zonas noroeste, oeste e centro de Itabuna
(2007-2010) ........................................................................................................ 80
Mapa 1.9 – Homicídios por bairros das zonas leste, sul e sudeste de Itabuna
(2007-2010) ........................................................................................................ 81
Mapa 1.10 – Homicídios por bairros da zona sudoeste de Itabuna
(2007-2010) ........................................................................................................ 82
Mapa 1.11 – Roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna em 2007 ....... 93
Mapa 1.12 – Roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna em 2008 ....... 94
Mapa 1.13 – Roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna em 2009 ....... 95
Mapa 1.14 – Roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna
(2007-2009) ......................................................................................................... 96
Mapa 1.15 – Roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna
em 2007 ............................................................................................................. 103
Mapa 1.16 – Roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna
em 2008 ............................................................................................................. 104
Mapa 1.17 – Roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna
em 2009 ............................................................................................................. 105
Mapa 1.18 – Roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna
(2007-2009) ....................................................................................................... 106
X
ACRÔNIMOS
BPM – Batalhão de Polícia Militar
BR – Rodovia Federal
CEDEP – Coordenação de Documentação e Estatística Policial
CEPLAC – Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CID – Classificação Internacional de Doenças
COORPIN – Coordenadoria Regional de Polícia do Interior
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social
CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social
DATASUS – Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde
DEAM – Delegacia Especial de Atendimento à Mulher
DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito
DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito
DIREC – Diretoria Regional de Educação
DIRES – Diretoria Regional de Saúde
GCM – Guarda Civil Municipal
GGIM – Gabinete de Gestão Integrada Municipal
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IML – Instituto Médico Legal
MJ – Ministério da Justiça
PC – Polícia Civil
PIB – Produto Interno Bruto
PM – Polícia Militar
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais do Estado da Bahia
SENASP – Secretaria Nacional de Segurança Pública
SETTRAN – Secretaria de Transporte e Trânsito de Itabuna
SIG – Sistema de Informação Geográfica
SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde
SSP/BA – Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia
UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz
11
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Apresentação
A Prefeitura de Itabuna – Bahia, em parceria com o Instituto de Promoção da
Segurança Pública Municipal - PROSEM, apresenta o “Diagnóstico da Violência e
Criminalidade em Itabuna”, desenvolvido entre os anos de 2010 e 2011, com o apoio
da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça.
O presente Diagnóstico da Violência e Criminalidade é o resultado da primeira
etapa do Projeto de Segurança: “Por uma Cidade mais Segura”, implementado pelo
Instituto - PROSEM, em parceria com a Prefeitura de Itabuna. Esse Projeto de
Segurança nasceu da preocupação dos gestores municipais com as altas taxas de
homicídios e de violência no município, além do reconhecimento do papel que a este
cabe desempenhar na construção de uma cidade mais segura.
Historicamente, as questões relacionadas à Segurança Pública sempre foram
consideradas um problema restrito ao governo estadual, por ser ele o responsável
pela Polícia Civil, Militar e os Sistemas de Justiça e Penitenciário. Mas essa visão vem
mudando e o Instituto - PROSEM aposta no potencial dos municípios e suas Guardas
Municipais na prevenção da violência, afinal ninguém nasce, cresce, vive e morre fora
de um município e aí, é onde o melhor serviço de Segurança Pública deve ser
prestado.
Fundado em 2001, o Instituto - PROSEM é uma organização da sociedade civil
que tem como missão a disseminação de projetos que mobilizem a sociedade e o
poder público na construção de uma cultura de paz que seja pautada pelos valores da
democracia, da justiça social e dos direitos humanos. Além de contribuir para a
efetivação no Brasil de políticas públicas de segurança eficazes ao enfrentamento da
violência e da criminalidade com foco específico na prevenção.
Nestes dez anos de profícua atuação em nosso País, sendo cinco ininterruptos
só no Estado da Bahia, o Instituto - PROSEM colaborou com diversos municípios em
um conjunto de trabalhos voltados à Promoção da Segurança Pública Municipal, todas
essas atividades marcadas pelo sólido suporte técnico e o aporte de uma rica
experiência. Essa atuação consistiu em inúmeras realizações de Diagnósticos da
Violência e Criminalidade, bem como a elaboração de Planos Municipais de
Segurança Urbana e aplicação de Cursos de Formação em Segurança Pública para
as Guardas Municipais, dentre outros.
12
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Seu princípio metodológico baseia-se no estímulo ao trabalho em rede,
entendendo que essa é a melhor forma de formular, implantar e difundir políticas no
âmbito da Segurança Pública que possam servir como referência para a formulação
de ações massivas, abrangentes e sustentáveis com continuidade no tempo.
Objetivos
O objetivo geral do Diagnóstico da Violência e Criminalidade do Município de
Itabuna é aprofundar a análise dos principais problemas de violência e criminalidade,
bem como a percepção da população sobre os mesmos, buscando identificar os
principais fatores de risco e oportunidades de solução dos problemas enfrentados e
mobilizar os atores governamentais e não-governamentais, facilitando assim a
implementação das estratégias de intervenção propostas pelo projeto. A sua
importância não está apenas na divulgação de dados estatísticos sobre a segurança
pública no município, mas na transformação desses dados estatísticos brutos em algo
que possa servir para orientar ações futuras.
Parcerias
A realização deste projeto não seria possível sem a parceria com a Guarda
Civil Municipal (GCM) de Itabuna e a Secretaria Municipal de Administração, além das
outras Secretarias Municipais, das Polícias Civil e Militar que apoiaram nossas
investigações na busca de dados e realização de entrevistas. A parceria com o Centro
de Referência em Assistência Social - CRAS, o Centro de Referência Especializado
em Assistência Social - CREAS e o Conselho Tutelar. Também precisamos destacar
como parceira a própria Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do
Ministério da Justiça, responsável pelo financiamento, fomento e incentivo ao
aperfeiçoamento das Guardas Municipais.
Metodologia e Abordagem
Como tem sido a marca dos trabalhos de pesquisa realizados pelo Instituto -
PROSEM, recorremos à combinação de métodos diferenciados de pesquisa e fontes
variadas de informação. Dito de forma geral, utilizamos dois métodos: (1) análise de
13
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
dados agregados, utilizando recursos estatísticos de sistematização e análise de
informações a exemplo do geoprocessamento; (2) pesquisa de opinião sobre
percepções da população a respeito da violência. As informações obtidas por cada um
desses caminhos têm importância por si própria mas, adicionalmente, concorrem para
a melhor compreensão ou para a abordagem crítica das informações obtidas pelas
demais técnicas.
A identificação dos problemas se fez com base em indicadores como formas de
medir a realidade, do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Buscamos com esses
indicadores cumprir duas funções: primeiro, revelar os problemas de violência e
criminalidade no município, segundo, que estes levantamentos permitam acompanhar
ao longo do tempo a melhoria ou o agravamento da situação. Desse modo, este
“Diagnóstico” deverá ser usado ao mesmo tempo para planejar ações e para avaliar os
resultados obtidos. No “Plano Municipal de Segurança Pública”, ele possibilitará definir
ações com metas muito claras.
Assim, esse trabalho foi formatado em um conjunto de indicadores que não só
serviram para medir os diferentes aspectos da Segurança Pública Municipal, indicando
quais são os problemas, como também, apontou quando e onde estão os mesmos.
Por essa razão, no trabalho de pesquisa verificamos as questões de territorialidade e
sazonalidade. Ele não só mediu a situação da violência no município como um todo,
mas em cada pequena região da cidade. Foi feito com informações consolidadas
bairro a bairro, para se poder saber claramente onde está cada problema e montar
ações diretamente voltadas para solucioná-los.
Apresenta-se, a seguir, a lista das fontes de informação e instrumentos de
coletas utilizados.
Os dados quantitativos foram coletados de fontes secundárias:
Dados populacionais, demográficos, territoriais e de condições de vida:
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI e Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE;
Dados criminais: Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia -
SSP/BA, 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior - 6ª COORPIN,
Delegacia Circunscricional de Itabuna, Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, Departamento de Vigilância
Epidemiológica de Itabuna e Delegacia Especial de Atendimento à Mulher -
DEAM;
14
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Dados de infraestrutura e equipamentos públicos: Secretarias Municipais de
Desenvolvimento Urbano, Infraestrutura, Saúde, Educação, Assistência Social,
Transporte e Trânsito e Diretoria Regional de Educação - DIREC 7.
Já os dados qualitativos foram coletados por meio de entrevistas, participação
em reuniões e visitas em bairros da cidade:
Entrevistas com representantes das Secretarias Municipais de Saúde,
Educação, Assistência Social, Infraestrutura e do Departamento Municipal de
Vigilância Epidemiológica;
Entrevistas com representantes das instituições de Segurança Pública local:
Guarda Civil Municipal e Polícias Civil e Militar;
Entrevistas com equipes técnicas do Centro de Referência da Assistência
Social - CRAS, Centro de Referência Especializada em Assistência Social -
CREAS e Conselho Tutelar;
Reuniões com representantes de entidades civis e centros comunitários;
Visitas para tomar conhecimento dos equipamentos públicos e entrevistas com
os gestores;
Visitas às escolas municipais de Itabuna e entrevistas com equipes técnicas e
alunos;
Visitas monitoradas aos bairros periféricos do município.
15
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Caracterização do Município de Itabuna
O município de Itabuna encontra-se localizado na “Mesorregião Sul do Estado
da Bahia1” e divide com Ilhéus o posto de capital regional da “Microrregião Itabuna-
Ilhéus”. Tradicionalmente conhecida como Região Cacaueira, esta microrregião é
composta por 41 municípios - a maior microrregião do Estado da Bahia em número de
municípios - e ocupa uma área de aproximadamente 21.308 Km² (localizada entre as
coordenadas de 14º 00’ e 16º 73’ de latitude sul e 39º 00’ a 41º 03’ de longitude
oeste). Mapa A.1 (Abaixo)
1 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1990), agrupou sobretudo para fins
estatísticos, os 417 municípios baianos em sete Mesorregiões e cada uma delas em um certo número de Microrregiões Geográficas. Segundo classificação da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI, Itabuna está localizado na região econômica Litoral Sul.
35 - São José da Vitória 36 - Teolândia 37 - Ubaitaba 38 - Ubatã 39 - Una 40 - Uruçuca 41 - Wenceslau Guimarães
01 - Almadina 02 - Arataca 03 - Aurelino Leal 04 - Barra do Rocha 05 - Barro Preto 06 - Belmonte 07 - Buerarema 08 - Camacan 09 - Canavieiras 10 - Coaraci 11 - Firmino Alves 12 - Floresta Azul 13 - Gandu 14 - Gongogi 15 - Ibicaraí 16 - Ibirapitanga 17 - Ibirataia 18 - Ilhéus
19 - Ipiaú 20 - Itabuna 21 - Itacaré 22 - Itagibá 23 - Itaju do Colônia 24 - Itajuípe 25 - Itamari 26 - Itapé 27 - Itapebi 28 - Itapitanga 29 - Jussari 30 - Mascote 31 - Nova Ibiá 32 - Pau Brasil 33 - Santa Cruz Vitória 34 - Santa Luzia
MICRORREGIÃO ITABUNA-ILHÉUS
16
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
O município possui uma localização estratégica no território baiano e funciona
como um importante eixo rodoviário, na confluência das BR-101 e BR-415 - duas
importantes rodovias no sistema rodoviário do Estado da Bahia e elementos
indispensáveis para a configuração da rede urbana regional. Por essas rodovias,
Itabuna interliga-se ao norte com Feira de Santana e Salvador (cidade da qual dista
429 km) e ao sul com Eunápolis, Porto Seguro, Teixeira de Freitas e o Estado do
Espírito Santo pela BR-101, e à oeste com Itapetinga (a 130 km), Vitória da Conquista
(a 240 km) e região Sudoeste da Bahia e à leste com Ilhéus pela BR-415 (a 28 km).
Itabuna ocupa uma área territorial de 443,20 km² e conta atualmente com uma
população de 204.667 (duzentos e quatro mil, seiscentos e sessenta e sete)
habitantes e uma taxa de urbanização superior a 97%, segundo dados do IBGE
(Censo 2010). É a quinta maior população entre os municípios do Estado da Bahia
atrás de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Camaçari, ocupando o
correspondente a 1,46% da população do Estado, sendo sua densidade demográfica
de 473,50 habitantes por Km².
Seus limites são:
ao norte - Itajuípe e Barro Preto;
a oeste - Ibicaraí e Itapé;
ao sul - Buerarema e Jussari;
a leste - Ilhéus.
Mapa A.2 - Localização da Mesorregião Sul Baiano, Microrregião Itabuna-Ilhéus e dos Municípios que fazem limite com Itabuna
Fonte: IBGE, 2007.
17
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
O município apresenta um clima tropical úmido, com média anual de
temperatura de 25ºC e precipitação média anual de 1.400 mm, com os maiores
índices mensais nos bimestres de março/abril e novembro/dezembro. Seu território
está situado na parte mais baixa da expansão nordeste da Grande Bacia do Sudeste
Baiano (Depressão Itabuna-Itapetinga), com altitude média inferior a 100 m; seu relevo
é de colinas de topo e vertentes convexas, cuja energia diminui à medida que se
aproxima das margens do rio Cachoeira2 (Figura A.1) e de seus afluentes principais. A
vegetação do município é tipicamente da zona úmida.
Figura A.1 - Vista parcial do Rio Cachoeira ao longo do perímetro urbano de Itabuna
Foto: Carlos Maia.
2 Recebe essa designação a partir da confluência dos rios Colônia e Salgado, a aproximadamente
500 m a montante da cidade de Itapé (município limítrofe a Itabuna). No seu percurso de 50 Km, banha os municípios de Itapé, Itabuna e Ilhéus, onde, após haver confundido suas águas com as dos rios Santana e Fundão no local conhecido sob o nome de “Coroa Grande”, lança-se no Oceano Atlântico, a cerca de 3,5 Km a jusante daquele ponto (ROCHA FILHO, 1976).
18
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Antecedentes históricos e crescimento demográfico
Os registros históricos demarcam a origem da cidade de Itabuna3 em meados
do século XIX, a partir do povoamento do interior da região sul do Estado da Bahia.
Sua gênese está diretamente relacionada à expansão e ao fortalecimento da lavoura
cacaueira4 e o seu povoamento é fruto da migração de tropeiros e viajantes
sertanejos, principalmente de sergipanos que desbravaram toda a região.
Segundo Trindade (2009, p. 120), “associado ao desenvolvimento da
cacauicultura e ao consequente incremento das atividades comerciais, toda uma rede
de fluxos inter-regionais passa a se estabelecer. Os núcleos do povoamento inicial
expandem-se espacialmente e passam a adquirir o status de cidades em um meio
eminentemente rural”. Fica claro, nesta análise proposta pelo autor, que a dinâmica
econômica, política e social da microrregião Itabuna-Ilhéus desde o princípio esteve
fortemente atrelada à atividade cacaueira. O município de Itabuna não fugiu a regra,
surgiu funcionalmente comercial, tendo a cultura cacaueira como a base de sua
economia e vetor do seu espetacular crescimento demográfico observado, sobretudo,
entre as décadas de 1920 e 1980 (Tabela A.1), período no qual o município passou de
aproximadamente 42 mil para 153 mil habitantes, um crescimento superior a 300%. No
nível intra-urbano, esse período marca o surgimento e desenvolvimento de grande
parte dos bairros e loteamentos existentes hoje em Itabuna.
Tabela A.1 - População absoluta no município de Itabuna segundo Censos do IBGE
(1920-1980)
Ano 1920 1940 1950 1960 1970 1980
População 41.980 96.878 147.730 118.417 114.772 153.342
Fonte: IBGE - Censos Demográficos.
O período de 1930 a 1980, o mais importante da lavoura cacaueira, “foi um
tempo de conquista da terra, cultivo, colheita, comercialização e exportação do cacau,
3 A cidade de Itabuna, como ocorreu com a maioria das cidades do mundo, nasceu às margens de
um rio: o rio Cachoeira (ROCHA, L., 2001).
4 A expansão da lavoura cacaueira para além da estreita faixa litorânea contribuiu decisivamente
para o surgimento de pequenos núcleos e povoados, que com o passar dos anos se transformaram nas atuais cidades da região sul da Bahia. É oportuno salientar ainda, que por muitas décadas a atividade cacaueira foi o principal sustentáculo econômico do Estado da Bahia.
19
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
de muita riqueza e muitas distorções sociais. Este período constituiu-se num tempo
em que a região foi conhecida como ‘pobre região rica5’ (....) foi o período áureo da
Região do Cacau, da febre da riqueza, dos valores centrados no ter” (SIMÕES, 1998,
p. 122 apud ROCHA, L., 2001, p. 27).
Dentro deste período há de se salientar, de forma especial, a década de 1960,
quando Itabuna registrou momentos de perda populacional e territorial, devido ao
desmembramento de alguns dos seus distritos. No entanto, constata-se a esse tempo
também um fenômeno importante, a sobreposição em números absolutos do
contingente populacional urbano (67.687 hab.) em relação ao rural (50.730 hab.) - pela
primeira vez o número de pessoas que viviam na área urbana superou o das que
residiam na área rural - tendência que se seguiu nas décadas seguintes. Em 1970
Itabuna já contava com mais de 84% de urbanização e sua área territorial já estava
reduzida a 937 km².
Tabela A.2 - Variações - População Urbana, Rural e Total; Taxa de urbanização e Área territorial do Município de Itabuna (1950-1980)
Ano Urbana Rural Total Taxa de
urbanização Área (km²)
Densidade demográfica %
1950
1960
1970
1980
45.621
67.687
96.818
142.353
102.109
50.730
17.954
10.989
147.730
118.417
114.772
153.342
30.80%
57.15%
84.35%
92.55%
4.210
3.010
937
937
35,09
39,3
122,48
153,98
Fonte: IBGE - Censos Demográficos.
Após longas décadas de crescimento econômico tendo como base a atividade
cacaueira, no decorrer da década de 1980 e início da década de 1990, a coincidência
de vários fatores adversos como quedas sucessivas da produção, acentuada
drasticamente pela dizimação do cacau pela “vassoura-de-bruxa” e pela emergência
de novas áreas produtoras dessa cultura agrícola no continente africano, exerceram a
função de desestabilizar toda a estrutura econômica e social da região Sul da Bahia. O
primeiro impacto das transformações se deu com a eliminação dos postos de trabalho
e a migração dos trabalhadores rurais para a periferia das maiores cidades da região
5 A expressão “pobre região rica”, cunhada pelo sociólogo da CEPLAC, Selem Rachid, significava
que, apesar da riqueza, campeavam na região profundas distorções sociais e, sobretudo, a miséria do trabalhador rural (ROCHA, L., 2001, p. 27).
20
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
(Itabuna e Ilhéus), piorando as condições de habitação, de saúde e de educação que
já eram bastante precárias (CHIAPETTI, 2009).
Na década de 1990 houve um claro aumento da pobreza nos municípios da
microrregião Itabuna-Ilhéus, com consequência do grande número de indivíduos sem
emprego e da intensificação dos fluxos migratórios nas zonas rurais e nas pequenas
cidades da região para os dois maiores centros regionais, como pode ser observado
na tabela a seguir.
Tabela A.3 - Evolução demográfica de Itabuna e municípios limítrofes (1980-2000)
Fonte: IBGE - Censos Demográficos.
É oportuno observar que todo esse acentuado processo de urbanização
verificado no município de Itabuna, esteve assentado sob uma incontrolável e
desordenada ocupação do espaço urbano, com a maior parte da população habitando
em ocupações irregulares, subnormais e carentes de infraestrutura e serviços públicos
essenciais. A esse propósito, são relevantes as reflexões constantes no Plano
Estratégico Municipal para Assentamentos Subnormais (PEMAS) em Itabuna, acerca
da urbanização que se verifica no município por:
(...) um crescimento populacional acelerado e fortemente
concentrado na zona urbana, provocando sérios problemas
habitacionais, principalmente para a população de baixa renda (...)
invasões e consolidação de ocupações informais. Desta forma,
verifica-se que atualmente, boa parte da população itabunense mora
em assentamentos subnormais (PEMAS, 2001, p. 01).
Município Censo 1980 Censo 1991 Censo 2000
Barro Preto 8.209 10.601 8.602
Buerarema 24.868 20.819 19.118
Ibicaraí 30.985 30.560 28.861
Ilhéus 131.454 223.750 222.127
Itabuna 153.342 185.277 196.456
Itajuípe 24.991 24.931 22.511
Itapé 11.386 15.644 14.639
Jussari 9.059 8.470 7.556
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Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
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Figura A.2 - Paisagem da periferia de Itabuna, bairro Gogó da Ema.
O estudo dos intensos fluxos migratórios registrados nas mais diversas regiões
do País, constitui um tema de ampla discussão em muitas pesquisas e trabalhos na
área da segurança pública. Esse interesse se deve, sobretudo, às sérias
consequências não só sociais, como econômicas, políticas e culturais, que os fluxos
migratórios acarretam tanto para as cidades receptoras quanto para as cidades em
que parte de seu contingente populacional tem uma saída forçada pela falta de
oportunidades.
Conforme observou Oliveira Jr. (2009), acompanhado do quadro expressivo de
desemprego e de favelização verificado na cidade de Itabuna na década de 1990,
houve também um constante crescimento das atividades ligadas ao tráfico de drogas
e, por conseguinte, da marginalidade e da violência, essencialmente concentradas nas
favelas e periferias de baixa renda.
No período de 1991 a 2000, Itabuna registrou uma taxa de crescimento
populacional ao ano de 0,69%, passando de 185.277 em 1991 para 196.456 em 2000.
Se comparada essa taxa de crescimento com a de décadas anteriores verifica-se a
existência de perdas líquidas de população no município, sobretudo, na zona rural.
Nesse período a taxa de urbanização cresceu 1,43, passando de 95,84% em 1991
para 97,21% em 2000 - uma das maiores taxas de urbanização do Estado da Bahia.
De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano desenvolvido pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Itabuna registra no
ano 2000 - quase uma década após a crise - cerca de 20% da sua população vivendo
em situação de extrema pobreza e 43% com renda per capita inferior a meio salário
mínimo, o que representam elevados índices de indigência e pobreza.
22
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Paradoxalmente, o mesmo estudo aponta que o IDH-M (considerando-se os níveis de
renda, longevidade e educação) do município era de 0,748, o terceiro melhor do
Estado da Bahia, o que necessariamente não signifique muito, posto que, de acordo
com o mesmo índice, a Bahia ocupava a 22º colocação entre as 27 unidades da
federação do País.
Tabela A.4 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em Itabuna (1991-2000)
1991 2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDH - M 0,654 0,748
Educação 0,727 0,848
Longevidade 0,607 0,733
Renda 0,627 0,673
Fonte: PNUD - Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.
Em relação aos outros municípios do País, Itabuna apresentava em 2000 uma
situação intermediária: ocupava a 2.277º posição, dos 5.507 municípios que tinha o
Brasil no ano desta edição do Atlas de Desenvolvimento Humano.
Dados do Censo 2010 mostram um incremento populacional de 8.254
habitantes entre 2000 e 2010 e um pequeno aumento da concentração urbana em
Itabuna. Com uma população de 199.643 pessoas residindo na área urbana6 e apenas
5.024 residindo na área rural do município, a taxa de urbanização aumentou para
97,54%. Assim, após muitas décadas de concentração populacional e consequente
desorganização do espaço urbano, Itabuna tem a frente enormes desafios
relacionados à melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.
Tabela A.5 - População Total, Urbana e Rural; Taxa de urbanização (2010)
Ano Pop. Total Urbana Rural Taxa de urbanização
2010
204.667
199.643
5.024 97,54%
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010.
6 A sede do município de Itabuna se divide em 45 bairros urbanos e 44 loteamentos.
23
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
A centralidade exercida pela cidade de Itabuna
Itabuna exerce influência sobre vasta área, com centralidade considerada
muito forte em âmbito regional, sendo referida como destino para um conjunto de
atividades (comércio e serviços especializados), por grande número de municípios. Na
microrregião Itabuna-Ilhéus, há predomínio de municípios com até 20.000 habitantes,
como pode ser observado na Tabela A.6.
Tabela A.6 - Microrregião Itabuna-Ilhéus: número de municípios por tamanho populacional
CLASSE DE TAMANHO MUNICÍPIOS POPULAÇÃO TOTAL
Hab./Município Nº % Nº %
Menos de 10.000 11 26,82 73.586 7,21
De 10.001 a 20.000 14 34,15 192.594 18,87
De 20.001 a 40.000 13 31,71 321.169 31,46
De 40.001 a 100.000 1 2,44 44.390 4,35
De 100.001 a 200.000 1 2,44 184.236 18,06
Mais de 200.000 1 2,44 204.667 20,05
TOTAL 41 100,00 1.020.642 100,00
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010.
Apenas dois municípios têm mais de 100 mil habitantes: Ilhéus e Itabuna,
segundo dados do IBGE (Censo 2010). Do total, 25 municípios (60,9%) têm até 20 mil
habitantes, 13 (31,7%) têm entre 20.001 e 40.000 habitantes e somente um município
situa-se na faixa entre 40.001 e 100.000 habitantes: Ipiaú (44.390). Na rede urbana
em torno de Itabuna, seguem em importância de centralidade (depois de Itabuna e
Ilhéus), Ipiaú, Camacan, Gandu e Ibicaraí (com variação entre fraco e médio).
Em todos os municípios da microrregião Itabuna-Ilhéus, a população residente
nas sedes municipais aumentou, mas as funções tipicamente urbanas (ex: serviços
bancários7) reduziram-se em função do declínio da atividade cacaueira. Na maioria
dos municípios não há serviços e comércio com grau de complexidade mais elevado,
como exames médicos laboratoriais ou cirurgias especializadas. Para tanto, há
necessidade de se recorrer a Itabuna.
7 Itabuna possui o maior número de agências bancárias na microrregião Itabuna-Ilhéus.
24
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Em análise sobre as cidades baianas, a Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais da Bahia (1997), constatou que “a localização geográfica de
Itabuna, às margens da BR-101 e no eixo viário central da interligação com inúmeros
outros municípios, possibilitou-o de exercer com maior intensidade que Ilhéus, o papel
de concentrador da oferta terciária de toda a área de influência regional”. Note-se que
um dos fatores que consolida a formação da rede urbana regional, tendo Itabuna como
nó, resulta da acessibilidade construída em torno da cidade, conforme evidencia o
mapa abaixo.
Mapa A.3 - Localização geográfica estratégica de Itabuna no território baiano
Fonte: TRINDADE (2010).
Elaboração: TRINDADE, G., 2010.
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Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
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Figura A.3 - Vista parcial da Avenida Cinquentenário, Itabuna - 2010.
A figura acima oferece uma vista parcial da Avenida Cinquentenário, a mais
importante via das atividades de comércio e de serviços na cidade de Itabuna.
Símbolo coletivo dos “velhos e novos tempos”, a Avenida Cinquentenário é segundo o
sociólogo Agenor Gasparetto (2001), “a via na qual pulsa a cidade e a alma
itabunense. O palco de todos os momentos da vida pública da cidade, das procissões
do padroeiro São José às manifestações políticas, dos humildes, tristes e
constrangedores cortejos fúnebres às comemorações das vitórias coletivas”. Outra
centralidade no espaço intra-urbano de Itabuna, vinculada também às atividades de
comércio e de serviços, é o Jequitibá Plaza Shopping, equipamento inaugurado no
ano 2000 que recebe diariamente um público de mais de 18 mil frequentadores e
consumidores.
Segundo Oliveira Jr. (2009:171), para além de situar-se enquanto o principal
centro de comércio e serviços da região, a cidade de Itabuna dispõe da concentração
de uma variada gama de outros serviços dos quais se servem as demais cidades,
como serviços de comunicação, educação e saúde, por exemplo. A propósito deste
último, o caráter de atendimento regional extrapola os limites da microrregião Itabuna-
Ilhéus. Os municípios circunvizinhos e pertencentes a outras microrregiões
geográficas são polarizados por Itabuna, principalmente na procura por atendimento
médico-hospitalar especializado. Assim, pacientes procedentes das microrregiões de
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Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
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Brumado, Vitória da Conquista, Itapetinga, Porto Seguro, Valença e Jequié são
atendidos em número significativo nos hospitais de Itabuna.
Nesta direção, cumpre observar que o município de Itabuna é sede da sétima
Diretoria Regional de Saúde (7ª DIRES) do Estado da Bahia, que abrange um total de
29 municípios. Por outro lado, são mais de 90 o número de municípios que se utilizam
dos equipamentos médicos alocados na cidade por meio da aquisição de serviços de
saúde. O principal hospital no atendimento aos demais municípios da região é o
Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães (Figura A.4). Conforme estimativas para o
ano de 2006, esse hospital recebia um fluxo diário de aproximadamente 100
ambulâncias oriundas de municípios da região, além de atender entre 300 e 400
pacientes por dia no pronto-socorro (OLIVEIRA JR., 2009:171-173).
Figura A.4 - Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, Itabuna - 2011.
Além da área da saúde, Itabuna exerce polaridade sobre vários municípios na
oferta de serviços educacionais. Oliveira Jr. (2009), destaca que o município8 possui a
maior rede de ensino da região sul da Bahia, nos níveis fundamental e médio. Os
8 Na área da educação, Itabuna também exerce importância regional representada pela presença da
Diretoria Regional de Educação (DIREC 7), com 59 escolas estaduais jurisdicionada, sendo 20 só em Itabuna e 39 distribuídas entre 19 municípios.
27
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
demais municípios da sua área de influência servem-se com maior expressividade das
escolas de nível médio, dos cursos preparatórios para vestibulares e concursos
públicos, dos cursos técnicos e das instituições de nível superior que apresentam uma
diversidade de cursos nas modalidades presencial e ensino a distância (EAD).
Convém observar ainda que, no ensino superior, nos próximos anos Itabuna
apresentará significativa alteração na relevância dos serviços oferecidos. Isso porque
foi aprovado o Projeto de Lei 2207/2011 que prevê a implantação de uma universidade
federal com sede no município.
O crescimento da oferta de cursos e vagas nas faculdades particulares, além
da perspectiva de implantação de uma universidade federal, com consequente
aumento do número de alunos de fora do município de Itabuna, já motivam
investimentos do setor de empreendimento imobiliário, principalmente na construção
de prédios residenciais com pequenos apartamentos para serem locados para os
futuros discentes.
Dessa maneira, com o funcionamento de várias unidades de formação
superior, Itabuna se tornará ainda mais importante como cidade de centralidade
regional, principalmente porque haverá provavelmente mais incremento no comércio,
nos serviços prestados e no mercado imobiliário.
Esta breve visão panorâmica do município de Itabuna buscou fornecer alguns
elementos básicos para a análise subsequente dos dados sobre violência e
criminalidade no município. Muitos dados fornecidos aqui serão posteriormente
utilizados, vinculados à identificação dos lugares de maior incidência criminal, zonas
de risco, focalizando sempre a distribuição espacial do problema.
A análise que segue está estruturada da seguinte forma:
Parte 1 - Discute os principais indicadores estatísticos da violência e
criminalidade no município, observando tanto sua variação no tempo, como no espaço
por meio do uso de técnicas de geoprocessamento;
Parte 2 - Traz uma breve conclusão destacando os principais pontos
discutidos no estudo.
28
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
MUNICÍPIO DE ITABUNA – BAHIA
Regionalização
Mesorregião Geográfica: Sul Baiano
Microrregião Geográfica: Itabuna/Ilhéus
Região Econômica: Litoral Sul
Região Administrativa: Itabuna
Eixo de Desenvolvimento: Mata Atlântica
Território de Identidade: Litoral Sul
Legislação Político/Administrativa
Lei de Criação: nº 692
Data: 13/09/1906
Lei Vigente: nº 628
Data: 30/12/1953 – Diário Oficial: 13/02/1954
Município de Origem: Vila de São Jorge dos Ilhéus (Capitanias Hereditárias)
Distritos: Itabuna
Limites Intermunicipais: ao NORTE, Barro Preto e Itajuípe; ao SUL, Jussari e
Buerarema; ao OESTE, Itapé e Ibicaraí; a LESTE, Ilhéus.
Informações Geográficas
Área: 443 Km²
Coordenadas geográficas: Latitude Sul: -14º47’08’’ - Longitude Oeste: 39º16’49’’
Altitude: 54 m - Distância da Capital 433 Km
Tipo Climático: Úmido a Subúmido e Subúmido Seco
Temperatura média anual: 24ºC
Período chuvoso: novembro a abril
Pluviosidade anual: média: 1.500 mm
Vegetação: Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Semidecidual
Geomorfologia: Depressão de Itabuna-Itapetinga, Serras, Maciças Pré-Litorâneos e
Tabuleiros Pré-Litorâneos
Ocorrências minerais: Pedra para construção e Rocha Ornamental
Bacia Hidrográfica: Bacias do Leste
Rios principais: Rio Cachoeira, Rio do Braço, Rio Piabanha, Rio dos Cachorros e
Ribeirão Grande.
Parte 1
Análise e Discussão dos Dados
Criminais
30
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
1. Análise e Discussão dos Dados Criminais
Notas Técnicas
Entender como se produzem, se expressam e se distribuem as diversas formas
de violência é uma etapa necessária na luta para diminuir o peso deste problema na
sociedade (SATANA, et al. 2002). Assim, dentro do contexto geral desta pesquisa,
uma das atividades fundamentais consistiu na coleta e análise dos dados oficiais de
violência e criminalidade do município de Itabuna.
Os dados avaliados nesta etapa provêm das seguintes fontes:
Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP - BA) - que tem dados
atualizados provenientes das delegacias e Coordenadorias Regionais de Polícia do
Interior - COORPINS. Oficialmente as estatísticas criminais divulgadas pela SSP/BA
na sua página da internet, têm por base de dados os Boletins de Ocorrência
produzidos pelas unidades policiais e encaminhados, formalmente, ao CEDEP -
Centro de Documentação e Estatística Policial da Secretaria de Segurança Pública.
Essa política de transparência idealizada pela SSP/BA, além de permitir o
acompanhamento da tendência da criminalidade no Estado, possibilita também um
melhor planejamento operacional das atividades policiais e de investimentos no setor.
A partir das estatísticas criminais, foram levantados dados mensais e anuais sobre
crimes violentos e não violentos em Itabuna, como homicídio doloso, tentativa de
homicídio, estupro, latrocínio, roubo a ônibus urbano, furto e roubo de veículo,
usuários de drogas e apreensão de arma de fogo. Estes dados circunscreveram o
intervalo de tempo compreendido entre os anos de 2007 a 2010. Para esta série
temporal, foram calculadas a proporção e as taxas dos delitos por ano, por 100 mil
habitantes.
6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN) - cuja
sede funciona no município de Itabuna e onde foram coletados os dados referentes
aos crimes de homicídio doloso registrados no período de 2007 a 2010, além dos
dados de roubo a transeunte e assaltos a ônibus urbano referentes ao período de
2007 a 2009. O formato pré-estabelecido da coleta dessas informações, foi ajustado
de forma a permitir que o levantamento das estatísticas de ocorrências criminais
determinasse com precisão, a distribuição espacial dos crimes como também, os
horários de incidências criminais e outras singularidades, funcionando como
coordenadas para a composição do mapa da criminalidade em Itabuna.
31
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde
(SIM) - que disponibiliza um completo banco de dados a partir das informações
presentes nas declarações de óbitos preenchidas pelos médicos dos Institutos de
Medicina Legal em todo o território nacional. O critério de seleção das informações
sobre mortalidade por causas externas pertinentes a esta pesquisa, obedeceu à
Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, Décima
Revisão, no qual os homicídios e agressões encontram-se classificados no capítulo
XX sob os códigos X85 e Y09. Já os acidentes de trânsito, correspondem aos códigos
V01 e V99. Tal fonte constitui uma das mais utilizadas por sociólogos e demais
estudiosos da área de segurança pública, justamente por conter informações mais
específicas sobre o perfil das vítimas e por ser considerada a que possui maior grau
de confiabilidade. As variáveis estudadas foram sexo, idade, raça/cor, estado civil,
escolaridade, meio de perpetração das mortes, natureza da lesão, assistência médica,
data, horário, local da ocorrência e município de residência da vítima. Essas
informações foram analisadas sob a forma de números absolutos, proporções para o
período compreendido entre os anos de 2006 e 2010. Utilizamos os dados do local de
falecimento (ocorrência), conscientes de que uma parte dos fatos ocorridos em um
município pode ser computada a outro, notadamente quando as vítimas que residem
em um determinado município são conduzidas a outro para receberem atendimento
médico. Esse aspecto é emblemático em Itabuna, haja vista que o município possui
um dos mais importantes aparelho hospitalar do interior da Bahia.
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) - A unidade da
DEAM instalada em Itabuna oferece serviços policiais, registro, apuração e
investigação de ocorrências, além de acolhimento e orientação para as vítimas de
violência. A partir das estatísticas policiais, foram levantados dados sobre as principais
ocorrências delituosas, o número mensal de registros de ocorrências e as estatísticas
ligadas aos procedimentos investigatórios no período de 2009 a 2010.
É oportuno salientar que, a análise dos dados estatísticos desenvolvida aqui,
não é uma análise policial e seu objetivo não é combater diretamente a criminalidade,
mas sim, apontar e esclarecer algumas características do crime e da violência no
município de Itabuna, bem como a sua evolução no tempo e no espaço, indicando as
diferentes fontes de dados às quais se pode recorrer para planejar ações eficazes na
área de segurança pública. Cruzadas entre si, as informações abrem um vasto leque
de interpretações e podem servir como ferramentas no planejamento de consistentes
políticas públicas (não apenas no âmbito da segurança!).
32
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
As Múltiplas Escalas do Problema
“Expressões tais que violência urbana, criminalidade violenta e
delinquência, encobrem frequentemente relações sociais concretas e
podem nos impedir em uma determinada medida de pensar os fatos sociais
de outro modo” (Cláudio Luiz Zanotelli).
“Se podes olhar, vês. Se podes ver, repara” (José Saramago).
A convivência com um problema, cujos limites e possibilidades num passado
recente, eram definidos nas escalas regional e local. No momento atual, revela-se
confuso e resistente a qualquer tentativa de enquadramento particularizado. Isso se
deve ao fato de que hoje, mais do que nunca, refere-se a um problema que atravessa
múltiplas escalas. Assim, pode ser compreendido o recente aprofundamento do
processo de interiorização da violência e da criminalidade no território brasileiro,
sobretudo entre os municípios de médio porte do País, notadamente aqueles que se
destacam como núcleos concentradores das atividades econômicas de certa região, a
exemplo de Itabuna, consagrado pólo regional do Sul da Bahia.
Conforme apontaram os estudos deste diagnóstico, a transformação da
criminalidade no município de Itabuna se deu junto às rápidas transformações urbanas
e socioeconômicas processadas no recorte temporal compreendido entre as três
últimas décadas (1980-2010). De modo geral, essas transformações resultaram na
ampliação e densificação do seu tecido urbano que, a exemplo do que se registrou
nas grandes cidades do País, ocorreu em total descompasso com a oferta de serviços
e dotação de infraestruturas urbanas, bem como da incapacidade de planejamento e
gestão da cidade em face desse crescimento. No bojo desse processo, a cidade
assistiu ao incremento da violência urbana, notadamente dos crimes contra a pessoa e
ao patrimônio.
A rigor, não é uma verdade absoluta o fato de haver crescimento urbano e se
ter aumento da criminalidade e violência urbana, porém, o que se constata é que os
aglomerados urbanos imersos nas péssimas condições urbanísticas e
socioeconômicas, desprovidos de condições mínimas de sobrevivência, são mais
atingidos pela violência letal e a morbidade decorrente dela (CANO e SANTOS, 2001).
Tal tendência de expansão da violência, concomitante à expansão da cidade, se
relaciona também a processos de enfraquecimento do sistema de justiça criminal -
sistema criado exatamente para administrar os conflitos que conduzem a violência e o
crime.
33
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
A observação da série histórica de dados referentes ao crime de homicídio
registrados nas últimas três décadas em Itabuna (Gráfico 1.1), dá a exata dimensão do
problema social e de segurança pública que enfrenta o município.
Gráfico 1.1 - Total de homicídios dolosos registrados em Itabuna (1981-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
A performance dos números de homicídios observados no gráfico acima
emolduram um quadro que, a julgar pela dinâmica do problema de violência e
insegurança pública no País, não parece nem um pouco promissor. A constatação da
trajetória ascendente desse tipo de crime nos últimos 30 anos em Itabuna, é inegável.
Ao longo desse período, a taxa de mortalidade9 por homicídios oscilou do mínimo de
20,8 em 1982 ao máximo de 111,4 em 2009 por 100 mil habitantes.
Há um forte acréscimo no total de homicídios em Itabuna, a partir dos anos
iniciais do século XXI, conforme evidencia o Gráfico 1.1, com destaque para o
expressivo crescimento de homicídios verificados no curto espaço de tempo entre os
anos de 2003 a 2009. Até o ano de 2001, o crescimento era pouco acentuado com
modestas oscilações. Na análise agregada do total de homicídios por décadas, a
porcentagem variou de 21% e 24% nas décadas de 80 e 90 respectivamente, para
impressionantes 55% na década de 2000.
9 Taxa de mortalidade = número total de homicídios / população x 100.000 habitantes.
0
50
100
150
200
250
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3
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Nº
de
ho
mic
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s
Homicídios
34
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.2 - Percentual de homicídios por décadas em Itabuna (1980-1990-2000)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
O Gráfico 1.2 revela uma nítida concentração dos crimes de homicídio na
primeira década do novo século. Não obstante, tal ampliação parece estar
estreitamente ligada à expansão do tráfico de drogas e de outras atividades delituosas
que adquirem relativa expressão já na década de 90. Nas palavras de Silva (2010, p.
168), “o caráter mutante da atividade criminosa acompanha a transformação e
evolução da cidade, bem como se estabelece de forma diferenciada dentro da rede
urbana”.
A esta altura, é oportuno ressaltar que o levantamento das informações sobre
homicídio sofre variação segundo a instituição responsável por fazê-lo. A diversidade
de metodologias e procedimentos, muitas vezes deixa de fora uma parcela dos
homicídios ou aqueles que são computados por uma fonte não o são por outra. No
entanto, devemos assinalar a melhora da qualidade dos dados oficiais nos últimos
anos, particularmente os da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia por
meio do CEDEP (Centro de Documentação e Estatística Policial) e os do
SIM/DATASUS (Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde).
Essas instituições mantêm a base de dados mais atualizada sobre os homicídios na
Bahia.
Assim, o Gráfico 1.3 aponta para um distanciamento dos dados de homicídios
em Itabuna segundo as fontes oficiais depois de 2006, apesar de apresentarem a
mesma tendência. Em suma: não existe um número certo e um número errado.
Existem números gerados por lógicas diferentes. Devemos, no entanto, alertar para o
21%
24%
55% Anos 80
Anos 90
Anos 2000
35
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
fato de que o número maior de vítimas de homicídios contabilizados na esfera da
saúde, deve-se entre outros aspectos, a incorporação de fatos ocorridos em outros
municípios ao cômputo geral de homicídios registrados em Itabuna. Exemplo disso,
são os casos de pessoas residentes em municípios menores da região, que dão
entrada nos hospitais de Itabuna vítimas de tentativa de homicídio ou de algum tipo de
lesão corporal grave e logo depois vem a óbito, contabilizando-se ao final, mais um
homicídio para o município. O mesmo raciocínio é válido para as estatísticas de óbitos
no trânsito e demais causas de mortalidade. Na Bahia esse caso é significativo no
município de Itabuna e, em medida menor, em Vitória da Conquista, dois municípios
que possuem um aparelho hospitalar importante.
Gráfico 1.3 - Vítimas de homicídio em Itabuna segundo diferentes fontes (2004-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil; CEDEP -
Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
No entanto, não queremos minimizar os problemas da violência em Itabuna,
pois mesmo se considerarmos apenas as estatísticas divulgadas pela SSP/BA,
perceberemos um número ainda bastante alto. No caso da Bahia, observa-se que as
cidades que possuem população acima de 100 mil habitantes (Salvador, Feira da
Santana, Vitória da Conquista, Camaçari, Itabuna, Juazeiro, Ilhéus, Lauro de Freitas,
Jequié, Alagoinhas, Teixeira de Freitas, Barreiras, Porto Seguro, Paulo Afonso,
Simões Filho e Eunápolis) são concentradoras de 70% a 80% de alguns crimes
cometidos no Estado, conforme indicadores da Secretaria de Segurança Pública da
Bahia, muito embora, somem apenas 40% da população do Estado no ano de 2010.
0
50
100
150
200
250
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
SIM/DATASUS SSP/BA
36
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
A fim de proporcionar um panorama mais consistente da posição de Itabuna
em relação a outros municípios de médio porte do Estado da Bahia, no que tange à
mortalidade por homicídios, segue abaixo um gráfico contendo o total dessas
ocorrências no período compreendido entre 2007 e 2010, para os municípios com
população entre 100 e 250 mil habitantes.
Gráfico 1.4 - Total de homicídios por municípios entre 100 e 250 mil hab. na Bahia (2007-2010)
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
O gráfico acima confirma Itabuna como o 1º município mais violento em relação
à mortalidade por homicídio entre os municípios com população entre 100 e 250 mil
habitantes na Bahia no referido período. Quando considerado o volume de dados de
homicídio da capital Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, Itabuna passa
a figurar na 4ª posição desse ranking.
É oportuno observar que, essas estatísticas confirmam o quadro de
agravamento continuado da problemática da violência que está longe de se restringir
às metrópoles e às grandes cidades. Mesmo em cidades médias (como em algumas
do interior da Bahia) nota-se, há alguns anos, uma nítida deterioração. Por outro lado,
apesar de todo esse aumento de complexidade, é notável também a escassez de
iniciativas em matéria de políticas públicas de segurança com unidade sistêmica, haja
vista que o cerne dos esforços de redução da criminalidade violenta tem se
111
132
135
261
264
305
306
318
359
428
455
499
564
0 100 200 300 400 500 600
Jequié
Paulo Afonso
Barreiras
Alagoinhas
Eunápolis
Teixeira de Freitas
Simões Filho
Porto Seguro
Juazeiro
Ilhéus
Lauro de Freitas
Camaçari
Itabuna
Total de Homicídios (2007-2010)
37
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
concentrado nos investimentos públicos de modernização da polícia e no aumento do
número de policiais, que apenas proporcionam um alívio passageiro.
Em uma perspectiva de longa duração, reprimir, inibir e castigar sozinhos, não
são suficientes para ocasionar nenhuma redução duradoura e satisfatória da
criminalidade violenta (SOUZA, 2008). Isto porque uma política pública eficaz, eficiente
e sustentável é aquela que consegue não apenas prevenir o crime, mas, sobretudo,
elevar a qualidade de vida dos cidadãos.
Os dados da tabela abaixo mostram o volume total e as taxas de homicídio
para o ano de 2010 dos municípios mais populosos da Bahia. Muito embora esses
municípios possuam características regionais, econômicas e culturais distintas, a
criminalidade violenta é um traço comum entre os mesmos, guardada suas devidas
proporções. Um aspecto que não deve passar despercebido e para o qual esses
dados apontam, é que o tamanho populacional nem sempre é a variável determinante
para um maior quantitativo de homicídios.
Tabela 1.1 - Volume total e taxas de homicídio por 100 mil habitantes dos municípios mais populosos da Bahia
Municípios
População 2010
Ocorrências de Homicídio Doloso
Número Absoluto 2010
Taxa por 100.000 habitantes
Salvador 2.675.656 1.639 61,2
Feira de Santana 556.642 362 65,0
Vitória da Conquista 306.866 212 69,1
Camaçari 242.970 150 61,7
Itabuna 204.667 148 72,2
Juazeiro 197.965 81 40,9
Ilhéus 184.236 96 52,1
Lauro de Freitas 163.449 116 70,9
Jequié 151.895 55 36,2
Alagoinhas 141.949 68 47,9
Teixeira de Freitas 138.341 100 72,2
Barreiras 137.427 42 30,5
Porto Seguro 126.929 89 70,1
Simões Filho 118.047 96 81,3
Paulo Afonso 108.396 50 46,1
Eunápolis 100.196 69 68,8
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2010; CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
38
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Outra observação não menos importante, é que oscilações conjunturais são
frequentes em matéria de taxas de crimes violentos. Além do mais, não é difícil de se
aceitar que após atingirem números elevadíssimos, as taxas recuem para patamares
mais baixos, ao menos durante alguns anos, sob efeito de medidas repressivas e
preventivas em sentido restrito, ditadas pela pressão do clamor público (SOUZA,
2008). O que não quer dizer que as reduções se deem em relação a todos os tipos de
crimes violentos, nem que elas cheguem a patamares verdadeiramente baixos como
os europeus (3,1 homicídios por 100.000 hab.) ou japoneses (0,8 homicídios por
100.000 hab.) e, muito menos, que isso indique uma situação promissora no que tange
à sustentabilidade das melhorias.
Sobre o aspecto citado acima, vale a pena reproduzir a matéria do jornal
Tribuna da Bahia, em sua edição de 13/07/2011:
SSP comemora redução de 16% dos homicídios na Bahia
Apesar dos 2.273 assassinatos em todo o estado da Bahia, somente
nesse primeiro semestre de 2011, o Secretário de Segurança Pública, Maurício
Teles Barbosa, comemorou uma redução de 16%, em comparação ao mesmo
período do ano passado, que computou 2.706 mortes violentas. O balanço foi
divulgado ontem pela manhã, em uma audiência que contou com a participação
do delegado Geral da Polícia Civil, Hélio Jorge, do comandante da Polícia Militar,
Alfredo Braga Castro, dentre outras autoridades. Na capital baiana, os registros
de homicídios são de 793 pessoas assassinadas nesses seis meses de 2011,
cujos dados, segundo o secretário, apresentaram uma queda de -13,5%. Já na
Região Metropolitana, o órgão somou 281 assassinatos e também teve uma
redução de -8,2%. Somando Salvador e Região Metropolitana, teve um saldo de
1.074 homicídios, mas, em comparação ao mesmo período do ano passado, que
quando foram registrados 1.223 assassinatos, o órgão teve uma diminuição de
16% ou seja, uma diferença de 430 pessoas. Em contrapartida, os dados de
lesão corporal dolosa aumentaram 37,3% em toda a Bahia, que computou
18.331 ocorrências esse ano, enquanto no ano passado houve 13.355 casos. Os
registros de roubo seguido de morte também aumentaram 19,6%, em todo o
Estado. Para o secretário Maurício Barbosa, os dados positivos são reflexos de
todo um estudo, investimento e integração entre os setores da sociedade. “Com
o programa do governo, Pacto Pela Vida, começamos a ver resultados positivos
nos bairros onde a criminalidade era alta. Essa diminuição dos homicídios é
resultado de operações policiais de combate ao tráfico de drogas, desarticulação
de quadrilhas e prisões dos traficantes”.
SSP comemora redução de 16% dos homicídios na Bahia
Apesar dos 2.273 assassinatos em todo o estado da Bahia, somente nesse
primeiro semestre de 2011, o Secretário de Segurança Pública, Maurício
Teles Barbosa, comemorou uma redução de 16%, em comparação ao
mesmo período do ano passado, que computou 2.706 mortes violentas. O
balanço foi divulgado ontem pela manhã, em uma audiência que contou
com a participação do delegado Geral da Polícia Civil, Hélio Jorge, do
comandante da Polícia Militar, Alfredo Braga Castro, dentre outras
autoridades. Na capital baiana, os registros de homicídios são de 793
pessoas assassinadas nesses seis meses de 2011, cujos dados, segundo o
secretário, apresentaram uma queda de -13,5%. Já na Região
Metropolitana, o órgão somou 281 assassinatos e também teve uma
redução de -8,2%. Somando Salvador e Região Metropolitana, teve um
saldo de 1.074 homicídios, mas, em comparação ao mesmo período do ano
passado, que quando foram registrados 1.223 assassinatos, o órgão teve
uma diminuição de 16% ou seja, uma diferença de 430 pessoas. Em
contrapartida, os dados de lesão corporal dolosa aumentaram 37,3% em
toda a Bahia, que computou 18.331 ocorrências esse ano, enquanto no ano
passado houve 13.355 casos. Os registros de roubo seguido de morte
também aumentaram 19,6%, em todo o Estado. Para o secretário Maurício
Barbosa, os dados positivos são reflexos de todo um estudo, investimento e
integração entre os setores da sociedade. “Com o programa do governo,
Pacto Pela Vida, começamos a ver resultados positivos nos bairros onde a
criminalidade era alta. Essa diminuição dos homicídios é resultado de
operações policiais de combate ao tráfico de drogas, desarticulação de
quadrilhas e prisões dos traficantes”.
39
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Note-se que é preciso avaliar com moderação e menor otimismo, a notícia de
redução do número de homicídios na Bahia no primeiro semestre de 2011, haja vista
que, mesmo considerando o “impacto” das recentes políticas de segurança do
governo, a partir do programa Pacto Pela Vida, as taxas de violência homicida e de
outros crimes continuam extremamente elevadas.
Analisando-se as taxas de crimes violentos praticados na Bahia em paralelo às
taxas de homicídio de Itabuna no período compreendido entre os anos de 2005 a 2010
(Gráfico 1.5), constata-se a trajetória crescente desse tipo de crime, principalmente
após o ano de 2006. Quanto a Itabuna, é sensato admitir que apesar das contínuas
oscilações ao longo dos anos, a taxa anual em torno de 66,5 homicídios por 100 mil
habitantes é uma das mais altas do Estado.
Gráfico 1.5 - Taxa de homicídio por 100 mil habitantes na Bahia e em Itabuna (2005-2010)
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
Impõe-se aqui, grifar que os homicídios participam com mais de 50% do total
de óbitos por causas externas em Itabuna (Gráfico 1.6). Entre os anos de 2006 e
2010, as causas externas produziram 1.750 óbitos, numa média de 350 por ano e
mais de 6 por semana, variando de 294 em 2006, a 385 em 2009. No mesmo período,
foram registrados um total de 939 homicídios. No Brasil, as causas externas têm se
mantido como nos últimos anos, no segundo lugar entre as situações que causam
mais mortes na população, ultrapassadas apenas pelas doenças cardiovasculares.
21,3 22,3 25,8
29,7 32,1 32,8
61,1 62,5 60,5 63,1
79,6
72,2
0
10
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2005 2006 2007 2008 2009 2010
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Taxa de homicídios na Bahia Taxa de homicídios em Itabuna
40
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.6 - Percentual de mortalidade por causas externas, segundo o tipo em Itabuna (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Em conjunto, os homicídios e os outros acidentes respondem por mais de dois
terços das mortes violentas em Itabuna. A categoria outros acidentes engloba uma
variedade de causas externas, a exemplo de quedas, afogamentos, choques elétricos,
queimaduras, envenenamentos, asfixia, acidentes de trabalho e eventos cuja causa é
indeterminada. No total, foram registradas 417 mortes por acidentes no período de
2006 a 2010, o que representa uma média de 83 ao ano. Somente os casos cuja
causa é indeterminada responderam por cerca de 30% (123) dessas mortes. No que
se refere às mortes por intervenção legal (ação policial), os dados apontam para uma
sub-notificação de casos, ou seja, o número real de mortes decorrentes da ação
policial não aparece notificado nas estatísticas de fontes oficiais.
Ainda sobre as causas externas de mortalidade, verificou-se que os acidentes
de trânsito constituíram a terceira maior causa de mortes no município (310 mortes),
com média de 62 vítimas fatais ao ano. Ao longo do período analisado, o número de
vítimas de acidentes de trânsito oscilou do mínimo de 48 em 2006 ao máximo de 69
em 2008 (Gráfico 1.7). As vítimas fatais desses acidentes são majoritariamente do
sexo masculino (cuja proporção variou de 74% em 2006 a 86% em 2010), com
destaque para a faixa etária de 20 a 29 anos, seguida pela faixa de 40 a 49 anos. São
os veículos de passeio os que mais se envolvem em acidentes fatais, seguidos pelas
motocicletas com crescimento contínuo durante o período analisado.
55%
18%
3%
24%
Homicídios
Acidentes de trânsito
Suicídios
Outros acidentes
41
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.7 - Número de vítimas fatais por acidentes de trânsito em Itabuna (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Convém lembrar conforme havíamos chamado a atenção anteriormente, os
problemas relacionados à contabilização de fatos ocorridos em outros municípios que
levam a um entendimento distorcido sobre a realidade em Itabuna. A esse propósito,
podemos observar no gráfico a seguir, o total de vítimas fatais de acidentes de trânsito
segundo o município de residência.
Gráfico 1.8 - Número de vítimas fatais por acidentes de trânsito segundo o município de residência (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
0 10 20 30 40 50 60 70
2010
2009
2008
2007
2006
63
66
69
64
48
Mortes no trânsito
136
6 10 8
8 5 5
9 10
5
100 8
Itabuna
Buerarema
Camamu
Coaraci
Ibirapitanga
Iguaí
Ilhéus
Itajuípe
Itapetinga
Ubaitaba
Outros
Ignorado
42
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Conforme observado no Gráfico 1.8, dentre os municípios que mais
contribuíram (de modo negativo!) para o quantitativo de óbitos no trânsito em Itabuna
no período de 2006 a 2010, encontram-se Camamu (10), Itapetinga (10), Itajuípe (9),
Coaraci (8), Ibirapitanga (8), Buerarema (6), Iguaí (5), Ilhéus (5) e Ubaitaba (5). Outros
54 municípios totalizaram no período uma participação que variou de 1 a 4 vítimas.
Segundo informações da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito
(SETTRAN), registra-se desde os últimos anos um acentuado aumento no número de
acidentes envolvendo motocicletas, quase sempre provocados por falta de atenção,
embriaguez e excesso de velocidade dos condutores. A falta de sinalização e de
condições para o tráfego, são fatores que também contribuem para o crescimento do
número de acidentes e da mortalidade por esse agravo. É preciso atentar-se também,
para o crescimento da frota de motocicletas que somente entre os anos de 2007 e
2011 (considerados os dados até dezembro de 2011) foi superior a 100%. Essa
tendência de crescimento foi ainda constatada para a frota geral de veículos segundo
informações do Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN.
Gráfico 1.9 - Crescimento da frota de veículos10, automóveis e motocicletas com placa Itabuna/BA (2007-2011)
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN.
10
A frota total de veículos em Itabuna (a 4ª maior do interior da Bahia atrás de Feira de
Santana, Vitória da Conquista e Juazeiro) variou de 39.853 em 2007 para 58.406 em 2011,
numa média de crescimento ao ano em torno de 3.710 novos veículos e mais de 10 por dia.
39.853
44.559
49.359
54.307 58.406
22.030 23.338 25.174
27.089 28.540
8.232 10.909
13.025 14.889 16.573
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
2007 2008 2009 2010 2011
Total de veículos Automóveis Motocicletas
43
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), em
2001 havia 628.481 veículos em circulação na Bahia, sem contar a capital, Salvador.
No último levantamento, até dezembro de 2011, o volume já era de 1.983.647, número
três vezes maior. “O problema é que não houve planejamento para absorver a
demanda crescente, o que vem sufocando o tráfego nos grandes centros do interior a
exemplo de Itabuna”, admite o Secretário de Transporte e Trânsito de Itabuna
(SETTRAN), Wesley Melo. O despreparo para receber uma frota que cresce sem
freios é evidente na cidade de 204 mil habitantes.
No início da década passada (2000), o município tinha 21.003 veículos
cadastrados, número que quase triplicou atingindo o total de 58.406 veículos em 2011,
puxado pela facilidade de financiamentos dirigidos para a classe média e também para
as classes mais populares. Contudo, em descompasso com o inchaço no trânsito,
Itabuna não sofreu nenhuma grande intervenção viária nas últimas duas décadas.
Conta-se ainda o incremento diário de cerca de 20% à já saturada frota do município
oriundo dos municípios da sua hinterlândia.
É oportuno destacar que, o superacúmulo de veículos na cidade de Itabuna,
tem promovido um efeito inverso nas estatísticas de óbitos no trânsito, ou seja, uma
diminuição do número de acidentes envolvendo vítimas fatais em função da redução
da velocidade média que é motivada pela pouca disposição de vias para a sua
circulação. Por outro lado, verifica-se o aumento do número de acidentes leves
(acidentes sem vítimas fatais ou em que não há vítimas), sobretudo envolvendo
motocicletas. Além da poluição sonora e atmosférica, o aumento do tempo de
percurso, e os já notáveis engarrafamentos (comuns nas Avenidas Inácio Tosta Filho e
Amélia Amado), são responsáveis pela crescente agressividade dos condutores e pela
decrescente qualidade de vida no meio urbano de Itabuna.
Figura 1.1 - Na cidade de vias estreitas, como a rua Ruffo Galvão, os engarrafamentos são rotineiros.
44
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No que se refere ao suicídio, o mesmo manteve uma média anual de 3% no
total das mortes por causas externas, com taxas de mortalidade de 3,8 por 100 mil
habitantes.
A arma de fogo foi o meio de agressão mais usado nos homicídios registrados
em Itabuna no período entre 2006 e 2010 (737 casos), segundo informações do
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Em todos os
anos do período analisado, correspondeu a mais de 70% dos casos e a diferença para
o segundo instrumento, a arma branca, está sempre acima da razão de 5:1 chegando
a ser doze vezes maior em 2010 (168 casos).
Gráfico 1.10 - Óbitos por homicídio em Itabuna, segundo o tipo de instrumento (2006- 2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
A propósito desses dados, não se pode deixar de colocar a incômoda questão:
até que ponto a acumulação social da criminalidade violenta em Itabuna não está
diretamente ligada a uma maior presença do tráfico de drogas e de outros mercados
informais ilegais, sobretudo o de armas de fogo no município? Precisamente essa
dúvida vale, em especial, para as instituições de segurança e o sistema judicial do
município.
78%
10%
8%
4%
Arma de fogo
Arma branca
Objeto contundente
Outros
45
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Segundo informações da SSP/BA, no período de 2007 a 2010 foram
apreendidas em Itabuna um total de 787 armas de fogo, numa média de 196
apreensões ao ano (a segunda maior média/ano de apreensões do interior da Bahia,
atrás apenas de Feira de Santana). No Gráfico 1.11, apresenta-se um panorama mais
conciso da posição de Itabuna em relação a outros municípios do interior baiano no
que tange às apreensões de arma de fogo.
Gráfico 1.11 - Total de apreensões de arma de fogo nos municípios de Itabuna, Vitória da Conquista, Ilhéus e Juazeiro (2007-2010)
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
Embora o “número de armas apreendidas” pela polícia seja um daqueles
indicadores que pode ser tanto interpretado como evidência da disponibilidade de
armas em circulação (apreende-se mais armas porque há mais armas nas ruas)
quanto como um indicador de atividade policial (apreendem-se mais armas porque a
polícia está realizando mais operações para tirar armas de circulação). Pelo menos no
caso de Itabuna, o número de armas apreendidas parece refletir mais a primeira
dimensão (disponibilidade de armas) do que a segunda (esforço policial). Esta tese é
sustentada pelo fato do município possuir uma localização estratégica no território
baiano e funcionar como um importante eixo rodoviário, na confluência das BR-101 e
BR-415 - duas importantes rodovias no sistema rodoviário do Estado da Bahia -, o que
se configura em um contexto vantajoso para a articulação e dinâmica do mercado
ilegal de armas e munições (Itabuna por assim dizer, funcionaria como um entreposto
157
211
246
173
113 105
122 123
86 94
126 110 115
196
140 133
0
50
100
150
200
250
300
2007 2008 2009 2010
Arm
as
de
fo
go
ap
ree
nd
ida
s
Itabuna Vitória da Conquista Ilhéus Juazeiro
46
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Acerv
o: R
ada
r N
otícia
s
de recepção e distribuição tanto de armas, munições quanto de drogas no interior do
Estado).
Por essas rodovias, Itabuna interliga-se ao norte com Feira de Santana e
Salvador (cidade da qual dista 429 km) e ao sul com Eunápolis, Porto Seguro, Teixeira
de Freitas e o Estado do Espírito Santo pela BR-101, e à oeste com Itapetinga (a 130
km), Vitória da Conquista (a 240 km) e região Sudoeste da Bahia e à leste com Ilhéus
pela BR-415 (a 28 km). Esta localização é de crucial importância não apenas para o
mercado ilegal de armas e munições, mas também para o tráfico de drogas instalado
no município.
Um caso altamente ilustrativo dessa nossa tese foi divulgado no blog Radar
Notícias, em 13/07/2011:
Uma adolescente de 17 anos foi apreendida pela Polícia Civil na manhã
desta terça-feira (12), em Itabuna. A garota estava em posse de dois
revólveres11, dois coletes a prova de balas e 28 munições. O flagrante aconteceu
próximo ao bairro Lomanto, em um ponto de ônibus na Avenida J.S. Pinheiro. De
acordo com o delegado Moisés Damasceno, o material seria levado para
Itapetinga, a mando de um homem identificado como “Jack Bombom”, preso no
presídio de Itabuna. A adolescente recebeu R$ 130,00 para realizar o serviço. A
mesma afirma que é a primeira vez que faz esse tipo de transação e que não
sabia o que havia dentro da mochila. Ainda segundo informações da polícia a
adolescente já foi apreendida antes por tráfico de drogas.
11
A maior parte das armas apreendidas em Itabuna são revólveres (tipo de arma comercializada a um baixo preço no mercado ilegal). Depois seguem as pistolas e as armas artesanais, com uma participação bem menor.
47
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Embora tráfico de drogas e criminalidade urbana violenta não sejam sinônimos,
pois nem o tráfico precisa sempre e em todas as instâncias da violência, nem a
criminalidade violenta, se reduz aos crimes vinculados ao tráfico (SOUZA, 2008). É
indiscutível que a dinâmica da violência urbana em Itabuna passou, na última década,
a estar fortemente marcada pelos efeitos diretos (conflitos entre quadrilhas e entre
estas e a polícia) e indiretos (ampliação do mercado ilegal de armas de fogo e de
delitos praticados por viciados etc.) do tráfico de drogas.
As seguintes reportagens12 extraídas do Jornal Agora, em suas edições de 28
de janeiro e 20 de abril de 2011, são a respeito dos parágrafos anteriores,
suficientemente ilustrativas:
12
Procuramos ocultar os nomes das pessoas que possam estar transitando em julgado.
Traficantes são presos com armas, drogas e munição numa casa no
bairro Santa Inês
Policiais militares cumpriram na madrugada desta terça-feira (19) dois
mandatos de apreensão no bairro Santa Inês. Os mandatos expedidos pela
Juíza da I Vara Crime, Antônia Marina Faleiros, foram cumpridos após
uma série de denúncias feitas ao serviço 190 da PM apontando a
existência de forte armamento e munição em poder de pessoas do bairro.
No endereço situado à rua São Paulo, foram presos J. F., 19 anos, I. C., 22
anos, e um menor de 15 anos que tem passagens pela polícia por porte
ilegal de arma e formação de quadrilha.
Com os acusados a polícia encontrou duas espingardas calibre 12, um
revólver calibre 38 municiado, dois cartuchos para escopeta e 12
munições para armas calibre 32. Na casa os policiais encontraram 54
buchas de maconha.
(Jornal Agora, edição de 20/04/2011)
Guerra do tráfico faz 24ª vítima em Itabuna
A polícia investiga a 24ª morte registrada em Itabuna durante este mês de
janeiro. A vítima foi Robert John Collin Silva, o Dentinho, 19 anos,
executado com seis tiros de revólver calibre 38, na travessa Vila Nova,
no bairro Pedro Jerônimo. A vítima foi identificada por familiares e
segundo a polícia, teria envolvimento com o tráfico de drogas e várias
passagem pela delegacia.
(Jornal Agora, edição de 28/01/2011)
48
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Sobre o conteúdo das reportagens acima, é oportuno sublinhar dois aspectos
fundamentais: em primeiro lugar o amplo poder de fogo que dispõe algumas
quadrilhas de traficantes e o cenário de crimes relacionados ao tráfico de drogas em
bairros da periferia de Itabuna. Em segundo lugar, a faixa etária dos indivíduos que
figuram nas reportagens, que varia de 15 a 22 anos, mesma faixa etária em que se
verifica a prevalência das vítimas de homicídio. De um modo geral, jovens do sexo
masculino de baixa renda, com pouca escolaridade e residentes nas áreas periféricas
do município, como confirmaremos mais adiante. Tal aspecto direciona para a
compreensão de que os riscos de mortalidade por homicídio é bastante diferenciado
segundo as condições de vida dos grupos sociais.
Com relação aos locais onde ocorreram os óbitos por homicídio, a maior
concentração foi registrada nas vias públicas (48%). Tal dado parece justificar o
porquê da percepção generalizada da deterioração do clima social e dos padrões de
sociabilidade em Itabuna, conforme foi constatado nas pesquisas de campo. Em
segundo lugar, aparece a categoria hospital com 31% dos casos. Os óbitos cujo local
não é especificado (outros) respondem por 12% e aproximadamente 8% ocorreram
em domicílios.
Gráfico 1.12 - Percentuais de homicídio em Itabuna, segundo o local de ocorrência (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
31%
8%
48% 12%
1% Hospital
Domicílio
Via pública
Outros
Ignorado
49
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Em virtude da arma de fogo ser o principal instrumento para a execução do
homicídio, a maior parte destas vítimas não se beneficia da assistência médica, o que
é confirmado pelos dados acima. Isso significa dizer que a alta letalidade da arma de
fogo, diminui o percentual de sua participação nos casos hospitalizados por agressão.
Os lugares dos homicídios, as populações atingidas pelos homicídios, a faixa etária, o
sexo, etc. têm uma regularidade e uma evolução impressionante em Itabuna na última
década.
Quando observados os dias da semana em que os crimes de homicídio foram
mais frequentes, nota-se uma maior concentração durante os finais de semana (39%),
sobretudo no domingo, com princípio de queda nas segundas-feiras. Os dados
revelam que o dia com menor registro de homicídios é a quinta-feira (Gráfico 1.13).
Gráfico 1.13 - Percentuais de homicídio em Itabuna por dias da semana (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Um exame mais detalhado das estatísticas do SIM/DATASUS, revela que dos
939 casos de homicídio ocorridos no município entre 2006 e 2010, um total de 216
ocorreu aos domingos (23%), 151 aos sábados (16%), 142 às segundas-feiras (15%),
117 às quartas-feiras (13%), 108 às terças-feiras (12%), 107 às sextas-feiras (11%) e
98 às quintas-feiras (10%).
15%
12%
13%
10% 11%
39%
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado e Domingo
50
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.14 - Registro de homicídios segundo o dia da semana (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Entre os homicídios com horário conhecido, a maior parte (em torno de 37%
dos casos) se concentra no período entre 18h e 23h59mim. Oito e dez horas da noite
são horários particularmente críticos. Os dados confirmam também uma maior
prevalência dos homicídios durante a noite e a madrugada (59%). Apenas 30 casos
não possuem a informação sobre o horário do crime (Gráfico 1.15).
Gráfico 1.15 - Registro de homicídios segundo o horário (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
0
10
20
30
40
50
60
2006 2007 2008 2009 2010
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sáb
Dom
22%
18%
20%
37%
3%
entre 00:00 e 05:59
entre 06:00 e 11:59
entre 12:00 e 17:59
entre 18:00 e 23:59
Ignorado
51
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Essa maior concentração de homicídios à noite e aos finais de semana, dá-se
de acordo com algumas hipóteses, por causa da maior interação entre as pessoas e
do contexto dessas interações. Esse período coincide com momentos de maior
consumo de bebidas alcoólicas e de drogas, embora não seja possível estabelecer
com exatidão, uma relação direta entre essas atividades e a ocorrência de homicídios.
Ainda sobre esses dados, convém destacar o aumento dos registros de
homicídios durante os turnos da manhã e da tarde, conforme descrito no gráfico a
seguir. Isso se deixa explicar, em parte, por dois motivos: 1) o aumento objetivo da
criminalidade violenta; 2) um maior sentimento de impunidade. Esse sentimento faz o
agressor cometer o crime em plena luz do dia, mesmo com o risco maior de contar
com testemunhas. Também o faz acreditar que as possíveis testemunhas não irão
delatar para a polícia.
Gráfico 1.16 - Registro de homicídios segundo o horário (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Ao se analisar a incidência de homicídios ao longo dos anos de 2009 e 2010
com base nos dados da SSP/BA, pode-se observar uma maior concentração desses
crimes durante o primeiro semestre de cada ano, 52% e 67% respectivamente, com os
picos de ocorrência em março e maio, conforme descrição nos gráficos abaixo. É
necessário que se atente, todavia, para a sujeição dos dados criminais a variações
cíclicas, sazonais e irregulares, mediadas na maior parte do tempo por alterações nas
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
2006 2007 2008 2009 2010
entre 00:00 e 05:59
entre 06:00 e 11:59
entre 12:00 e 17:59
entre 18:00 e 23:59
Ignorado
52
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
atividades sociais e econômicas, dentre outras. Assim, é quase impossível formular
projeções de tendência que possibilitem fazer predições sobre o comportamento das
taxas de homicídio e demais crimes (aumento ou redução) sem considerar uma série
de inúmeros outros fatores.
Gráfico 1.17 - Incidência mensal de homicídios em Itabuna (2009-2010)
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
Gráfico 1.18 – Incidência de homicídios por semestre em Itabuna (2009-2010)
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
0
5
10
15
20
25
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2009 2010
67% 33%
1º Semestre 2010
2º Semestre 2010
52%
48%
1º Semestre 2009
2º Semestre 2009
53
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Perfil das Vítimas de Homicídio em Itabuna
A distribuição dos homicídios segundo grupos de gênero em Itabuna, aponta
para um risco excessivo de morte na população masculina. De um total de 939
homicídios ocorridos entre os anos de 2006 a 2010, 93% (866) envolveram pessoas
do sexo masculino e apenas 7% (64) do sexo feminino (Gráfico 1.19). O risco de ser
assassinado chega a uma razão de quinze homens para cada mulher.
Gráfico 1.19 - Vítimas de homicídio em Itabuna, segundo o gênero (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Em Itabuna, a maior frequência dos homicídios encontra-se entre os
adolescentes e adultos jovens, incluídos na faixa etária de 15 a 39 anos, com cerca de
80% dos casos, consistindo como perfil dominante das vítimas. O Gráfico 1.20 permite
visualizar que a maior concentração de vítmas está no grupo com idade entre 20 e 29
anos, seguida pela faixa dos adolescentes e adultos jovens de 15 a 19 que durante o
período apresentou um crescimento contínuo, vindo depois a faixa dos adultos de 30 a
39. Já o Gráfico 1.21 permite visualizar a participação percentual de cada faixa etária
no total de homicídios registrados entre 2006 e 2010.
93%
7%
Masculino
Feminino
54
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.20 - Vítimas de homicídio em Itabuna por faixa etária (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Gráfico 1.21 - Percentuais de vítimas de homicídio por faixa etária em Itabuna (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
0
20
40
60
80
100
120
2006 2007 2008 2009 2010
0 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
Acima de 70
Ignorada
2% 19%
44%
17%
9%
3%
1% 2%
3%
0 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
Acima de 70
Ignorada
55
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Relacionando-se a média anual de vítimas com idade entre 20 e 29 anos (82)
com o respectivo contingente populacional do município dessa faixa etária (39.464),
constata-se uma taxa anual de 20,9 homicídios por grupo de 10 mil habitantes.
Segundo dados do Ministério da Saúde mais 65% das vítimas de homicídios
intencionais perpetrados no Brasil, são jovens e adultos entre 15 e 34 anos e embora
não existam dados consistentes sobre a autoria, tudo leva a crer que também entre os
autores a concentração está entre jovens.
De acordo com o que foi apurado nas pesquisas de campo (pesquisa
qualitativa), os adolescentes e jovens estão associados ao aumento do consumo de
drogas ilícitas e lícitas, sobretudo o álcool, o aumento de roubos, homicídios,
acidentes de trânsito e incidência de agressões em função do surgimento de gangues.
Atualmente, muitos daqueles que a imprensa e a sociedade caracterizam como
criminosos “perigosos” são crianças e adolescentes, jovens de quinze, quatorze anos
ou menos (SOUZA, 2008). Pequenos furtos, roubos e assaltos são as primeiras ações
dos recém-iniciados na vida criminal.
Outro aspecto em que as mortes por homicídio se distribuem de maneira
absolutamente desigual, é a variável raça/cor, conforme designação do IBGE. A
maioria das vítimas de homicídio, em todos os anos analisados, foi classificada como
parda (83% das vítimas do período), ficando em segundo lugar os negros (10% das
vítimas). A quantidade de situações em que não há informações relativas a este
quesito, superou o número daqueles classificados como brancos. Não houve registro
de vítimas de pele amarela.
Gráfico 1.22 - Percentuais de vítimas de homicídio em Itabuna, por raça/cor (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
10%
3%
83%
4%
Negros
Brancos
Pardos
Ignorado
56
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Segundo informações constantes do último censo do IBGE em 2010, os negros
e os pardos em Itabuna representavam o equivalente a 77% da população (157.070
hab.) e os brancos, 22% (45.215 hab.). No entanto, quando verificado o percentual de
vítimas de homicídio em 2010 percebe-se que 95% do total eram pardos e negros
(195), o que é superior à participação dessa categoria na população total. Em
compensação, somente 3% dos brancos foram vítimas de homicídio (6), ou seja,
inferior em 0,2 à participação dos brancos na população do município. As chances
para os pardos ou negros serem vítimas de homicídio são doze vezes superiores
àquelas de um branco.
A escolaridade das vítimas de homicídio também se apresenta desigualmente
distribuída, estando a maioria dos indivíduos (43% das 939 vítimas), na faixa de 1 a 3
anos de estudo, ficando em segundo lugar a faixa de 4 a 7 anos com 29%. Vale
lembrar que ambas as faixas não alcançam a escolarização mínima obrigatória de oito
anos de estudos, estabelecida pela Constituição Federal de 1988, o que significa dizer
que 72% das vítimas de homicídio em Itabuna, não chegaram sequer a concluir o
ensino fundamental ou 1º grau. A propósito, esse número é ainda maior quando
somados ao percentual de vítimas sem nenhuma escolaridade, que corresponde a
10% (Gráfico 1.23). Diante desses dados, qualquer tentativa de minimizar a
permanência de antigas desigualdades sociais, só pode naturalmente, soar falsa.
Gráfico 1.23 - Percentuais de vítimas de homicídio em Itabuna por escolaridade (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
10%
43% 29%
8%
1%
9%
Nenhuma
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 a 11 anos
12 e mais
Ignorado
57
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
A análise sobre o total de vítimas por faixa de escolaridade no período de 2006
a 2010 revela novos aspectos importantes, como as tendências de crescimento no
período do número de vítimas nas faixas de 1 a 3 anos (+24%), 4 a 7 anos (+281%) e
de 8 a 11 anos de estudo (+375%), e ainda a diminuição do número de vítimas sem
escolaridade (-38%). O risco de ser assassinado é até oito vezes maior entre os
indivíduos que não possuem o 1º grau completo. A quantidade de situações em que
não há informações relativas a este quesito, superou em muito o número de vítimas
com 12 ou mais anos de estudo (nível médio completo ou nível superior). Conforme
apontam inúmeros estudos, os jovens que estão entrando na vida criminal pertencem
a uma classe social menos favorecida e possuem um baixo nível de escolaridade. A
estrutura e o contexto no qual estes jovens convivem potencializam, em muitos casos,
o seu ingresso na criminalidade, principalmente no tráfico, que além de trazer consigo
o sustento do vício, também representa uma fonte de renda.
Gráfico 1.24 - Vítimas de homicídio em Itabuna por escolaridade (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Apesar de não termos maiores evidências empíricas sobre a relação entre o
aumento da média de anos de estudos da população e a evolução da criminalidade
violenta, esses dados podem ser importantes e merecem exploração em profundidade
no futuro.
0
20
40
60
80
100
120
2006 2007 2008 2009 2010
Nenhuma
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 a 11 anos
12 e mais
Ignorado
58
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Um estudo do IPEA sobre o perfil da discriminação no mercado de trabalho
divulgado em 2001, revelou que os rendimentos percebidos por homens negros e
mulheres brancas e negras são consideravelmente inferiores aos rendimentos dos
homens brancos. Entre os homens negros, o rendimento salarial representava apenas
46% do rendimento dos homens brancos.
A combinação de ascensão social desigual em função da posição da classe e
da cor, faz com que os brancos com 12 anos de escolaridade tenham em média três
vezes mais chances do que os não-brancos de chegar ao fim dos estudos
universitários, uma vez que com o diploma, os brancos continuam tendo três vezes
mais de chances que os demais de se tornarem profissionais mais bem remunerados.
Essa situação é devida a uma combinação da posição de classe inicial e das
desvantagens diante do sistema educacional, parcialmente herdada do nosso passado
escravocrata e, de outro lado, de uma posição francamente racial quando se alcança
os níveis de competição nas classes mais elevadas presentes no mercado de trabalho
(RIBEIRO, 2006).
A situação social parece, pelo menos parcialmente, explicar a vitimização maior
dos pardos e negros nos homicídios ocorridos em Itabuna. Essa pista deve ser mais
bem explorada com a realização de estudos quantitativos e qualitativos sobre a
questão das desvantagens dos homens jovens, pardos e negros, diante da vida e da
morte.
No que diz respeito ao estado civil, aproximadamente 90% dos homicídios
ocorrem entre os solteiros prematuramente. O número de indivíduos casados
respondeu por 3%. Já, a categoria viúvo participou apenas com 1%, mesmo
percentual das vítimas separadas judicialmente. A quantidade de situações em que
não há informações relativas a este quesito foi de 5% (Gráfico 1.25). As dificuldades
quanto à definição do estado conjugal ou do tipo de união (civil, consensual13 ou livre)
que mantinham as vítimas, explica de certo modo esses resultados.
No entanto, convém ressaltar que na Bahia a idade média de nupcialidade é de
30 anos entre os homens e de 26 anos entre as mulheres (IBGE, 2003), apontando
para um fator etário importante. Os homens jovens solteiros, são os mais atingidos
pelos homicídios e o grupo mais vitimado está abaixo dos trinta anos de idade, como
foi constatado na análise dos homicídios segundo a faixa etária.
13
Por definição, considera-se como união consensual quando uma pessoa vive em companhia do cônjuge, sem ter contraído casamento civil ou religioso.
59
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.25 - Percentuais de vítimas de homicídio em Itabuna segundo o estado civil (2006-2010)
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
90%
3%
1% 1%
5%
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado judicialmente
Ignorado
60
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Zoneamento dos Homicídios em Itabuna
Não só as chances de morrer são diferenciadas entre os indivíduos, como
também são diferentes a distribuição dessas chances no espaço da cidade. Em que
pese o medo generalizado da população e o sensacionalismo bem alimentado pela
mídia, é forçoso reconhecer que a violência não se distribui homogeneamente no
município de Itabuna. Inequivocadamente, são os moradores das áreas pobres e com
escassos serviços urbanos, os mais expostos a uma morte violenta.
Todavia, o raciocínio acima não exclui a percepção de que aquilo que
determinará a ocorrência do fenômeno da criminalidade é, em primeiro lugar, uma
combinação de fatores qualitativos, devidamente contextualizados no tempo e no
espaço. A despeito disso, a análise dos percentuais de homicídios dolosos por zonas
do município de Itabuna no período de 2007 a 2010 e dos totais por bairros, apontam
alguns aspectos interessantes.
Gráfico 1.26 - Percentuais de homicídios por zonas do município de Itabuna em 2007
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
3%
17%
5%
17%
6% 3%
16%
16%
13%
4%
Centro
Norte
Nordeste
Noroeste
Oeste
Leste
Sudoeste
Sul
Sudeste
Zona rural
61
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.27 - Percentuais de homicídios por zonas do município de Itabuna em 2008
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
Gráfico 1.28 - Percentuais de homicídios por zonas do município de Itabuna em 2009
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
4%
18%
5%
11%
8%
1%
18%
13%
16%
6%
Centro
Norte
Nordeste
Noroeste
Oeste
Leste
Sudoeste
Sul
Sudeste
Zona rural
3%
17%
6%
13%
8% 3%
12%
12%
20%
6%
Centro
Norte
Nordeste
Noroeste
Oeste
Leste
Sudoeste
Sul
Sudeste
Zona rural
62
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.29 - Percentuais de homicídios por zonas do município de Itabuna em 2010
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
Gráfico 1.30 - Percentuais de homicídios por zonas do município de Itabuna (2007-
2010)
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
8%
18%
5%
15%
3% 4%
15%
13%
16%
3%
Centro
Norte
Nordeste
Noroeste
Oeste
Leste
Sudoeste
Sul
Sudeste
Zona rural
5%
19%
5%
14%
6% 3%
15%
13%
16%
4%
Centro
Norte
Nordeste
Noroeste
Oeste
Leste
Sudoeste
Sul
Sudeste
Zona rural
63
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Quadro 1.1 - Total de homicídios por bairros/loteamentos do perímetro urbano de Itabuna (2007-2010)
ZONAS BAIRROS/LOTEAMENTOS 2007 2008 2009 2010 TOTAL
CENTRO
Centro 3 4 4 7 18
Centro Comercial 1 1 1 5 8
NORTE
Alto Maron - - 1 - 1
Antique 2 - 4 1 7
Caixa D’água 1 - - 1
Califórnia 13 6 7 6 32
Castália 1 - - 1
Monte Cristo 1 5 - 1 7
Nova Califórnia 7 6 7 8 28
Parque Boa Vista - - 2 1 3
Santa Inês 6 4 6 8 24
NORDESTE
Fátima 6 4 6 7 23
João Soares - 1 1 - 2
Parque Verde - - 1 - 1
Vila da Paz - 1 1 - 2
Vila das Dores - - 1 - 1
NOROESTE
Corbiniano Freire - 1 - - 1
Jardim Alamar - 1 - - 1
Jardim Italamar - - 2 - 2
Nossa. Srª das Graças - - 1 - 1
Novo Horizonte 6 5 3 2 16
Pontalzinho - - 1 1 2
Santo Antônio 10 5 7 11 33
São Lourenço - 1 6 5 12
São Roque 5 - 1 2 8
64
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Continuação
ZONAS BAIRROS/LOTEAMENTOS 2007 2008 2009 2010 TOTAL
OESTE
Bananeira 2 3 1 - 6
Jardim Grapiúna - - 4 1 5
Mangabinha 3 2 6 1 12
Manuel Leão 2 4 2 2 10
Zildolândia - 1 - - 1
LESTE
Conceição - 1 2 4 7
Góes Calmon 1 - 1 1 3
São Judas Tadeu 2 - 2 1 5
SUDOESTE
Brasil Novo 1 - - - 1
Fernando Gomes 1 2 - 2 5
Ferradas 3 6 6 2 17
Jorge Amado 2 1 - 2 5
Lomanto 1 - 3 5 9
Nova Esperança - - 2 2 4
Nova Ferradas 4 6 4 4 18
Nova Itabuna 1 - 3 3 7
Novo Lomanto - 1 1 1 3
Odilon 1 1 - - 2
Santa Catarina - 1 1 - 2
Santa Clara 3 1 - - 4
Sinval Palmeira 1 2 1 1 5
Urbis IV 1 - 1 - 2
SUL
Banco Raso 1 1 - 1 3
Gogó da Ema 2 2 - 4 8
Jaçanã 1 - 4 - 5
Jardim Primavera 1 1 1 - 3
Novo Jaçanã - - 1 - 1
Novo São Caetano - - 1 1 2
São Caetano 8 3 8 9 28
Sarinha 3 6 4 3 16
Vila Anália 3 2 - 1 6
65
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Conclusão
ZONAS BAIRROS/LOTEAMENTOS 2007 2008 2009 2010 TOTAL
SUDESTE
Daniel Gomes - 2 7 - 9
Fonseca 1 3 2 1 7
Maria Pinheiro 4 3 4 6 17
Novo Fonseca 1 - - - 1
Pedro Jerônimo 2 6 5 11 24
São Pedro 5 4 12 3 24
Zizo 2 1 1 2 6
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
Quadro 1.2 - Total de homicídios por zonas do município de Itabuna (2007-2010)
Zonas Total de Homicídios
CENTRO 26
NORTE 104
NORDESTE 29
NOROESTE 76
OESTE 34
LESTE 15
SUDOESTE 84
SUL 72
SUDESTE 88
ZONA RURAL 27
Ñ Informado 9
Total 564
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
O conjunto de dados acima, mostra que as ocorrências de homicídios
registrados pela 6ª COORPIN no período entre 2007 e 2010, concentraram-se
sobretudo, nas Zonas Norte, Sudeste e Sudoeste de Itabuna, com variações dos
percentuais ao longo dos anos (a maioria dos óbitos por homicídio é também de
residentes nessas três zonas). Do total de 564 registros de homicídios nos quatro anos
66
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
analisados, apenas 16 bairros foram o palco para mais de 40% (251) desses crimes,
conforme evidencia o gráfico a seguir.
Gráfico 1.31 - Bairros mais violentos em números de homicídio em Itabuna (2007-2010)
Fonte: 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (6ª COORPIN).
Constatamos assim, que os homicídios são mais concentrados em
determinadas zonas/bairros da cidade, em espaços onde uma série de eventos e onde
certas condições sociais e econômicas, associadas a uma evolução particular
favorecem a eclosão da criminalidade violenta. Em geral esses espaços são aqueles
destituídos de serviços e equipamentos públicos ou precariamente atendidos (salvo
raras exceções), com elevada densidade demográfica e onde as relações sociais
0 5 10 15 20 25 30 35
São Lourenço
Mangabinha
Sarinha
Novo Horizonte
Maria Pinheiro
Ferradas
Centro
Nova Ferradas
Fátima
Santa Inês
Pedro Jerônimo
São Pedro
São Caetano
Nova Califórnia
Califórnia
Santo Antônio
12
12
16
16
17
17
18
18
23
24
24
24
28
28
32
33
Homicídio Doloso
67
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
podem ser tensas e grupos podem fazer valer a lei do silêncio e operarem diversas
atividades criminosas, sobretudo o micro-sistema do tráfico de drogas de varejo.
Não é possível desconectar o volume de crimes violentos, que aumentou
consideravelmente a partir da primeira década do novo século, das características e
da extensão dos mercados ilegais (drogas e armas) em Itabuna, embora variadas
circunstâncias se mesclem nos dados, desde os crimes passionais, até os acertos de
conta próprios das atividades criminosas.
Sem exceção, todos os atores entrevistados, desde responsáveis por
entidades da sociedade civil até representantes das Polícias Civil e Militar e da Guarda
Municipal, identificaram como uma das principais causas de homicídio o tráfico e o
consumo de drogas. A imprensa local também reforça diariamente no ideário coletivo
essa conclusão. A esse propósito, alguns fragmentos extraídos de jornais locais são
ilustrativos dessa presença negativa do tráfico de drogas em diversos bairros do
município. Vejamos alguns exemplos:
Sexta-feira santa e domingo de páscoa são marcados pela violência
em Itabuna
No feriado da Sexta-feira da Paixão, foi morto a tiros no bairro Fernando
Gomes, o jovem Danilo Batista dos Santos, 18 anos. Já na noite do domingo
de páscoa foi assassinado um rapaz identificado apenas como “Galego”, na
Favela do Bode (bairro Jardim Grapiúna). Ambas as vítimas tinham
envolvimento com as drogas, segundo a polícia e familiares.
Nos bairros palcos dos homicídios, não houve pistas dos assassinos nem tão
pouco da autoria, segundo a polícia, nesses casos o que prevalece é a lei do
silêncio. “Ninguém viu ou ouviu nada”, diz um PM.
(Jornal Diário do Sul, edição de 26/04/2011)
Gangues disputam território na Zona Noroeste de Itabuna
Três jovens suspeitos de aterrorizar os bairros Corbiniano Freire e Novo
Horizonte, na Zona Noroeste da cidade, foram presos pela Polícia Militar,
sob acusação de porte ilegal de armas. O grupo inclui, ainda, um adolescente
apreendido em uma residência no bairro Novo Horizonte, durante a mesma
operação. Além da prisão, a polícia apreendeu uma pistola 765, um revólver
calibre 38, uma escopeta calibre 12, munições, dinheiro e um colete à prova
de balas. De acordo com informações policias, os presos são suspeitos de
pertencer a uma das gangues que disputam territórios e pontos de vendas de
drogas em Itabuna.
(Jornal Agora, edição de 16/10/2010)
68
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
A elevada densidade populacional agregada aos limites de uma pequena área
urbana torna passível a cidade de Itabuna aproximar uma série de problemas
socioespaciais em seu território (a criminalidade violenta ligada ao tráfico de drogas é
mais um desses problemas). Assim podemos dividir em três grandes áreas ou
territórios (Mapa 1.1), os bairros cuja presença do tráfico de drogas e do conflito entre
grupos rivais que resultam em homicídios são mais expressivos: o primeiro território é
formado pelos bairros Santo Antônio, Novo Horizonte e São Lourenço (Zona
Noroeste); o segundo agrega os bairros Califórnia, Nova Califórnia, Santa Inês (Zona
Norte) e Fátima (Zona Nordeste); o terceiro e também maior território é composto por
São Caetano, Sarinha, Gogó da Ema (Zona Sul), Pedro Jerônimo, São Pedro, Maria
Pinheiro, Fonseca, Daniel Gomes e Zizo (Zona Sudeste).
Mapa 1.1 - Territorialidades do tráfico de drogas na cidade de Itabuna
Afora o problema da territorialização de quadrilhas que atuam no tráfico de
varejo nos bairros destacados no mapa, em muitos deles adicionam-se ainda, o
elevado índice de desemprego, a concentração de pobreza e miséria, o alto número
69
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
de crianças em situação de risco, as moradias insalubres, a carência de saneamento
básico, iluminação pública, calçamento e de políticas públicas em geral. Esse corolário
de condições sociais, econômicas e estruturais competem decisivamente para o
aprofundamento de um grave problema como a criminalidade.
Em uma análise mais detalhada sobre a geografia desses territórios, observa-
se que no entorno de grandes bairros como o Califórnia, o Santo Antônio e o São
Caetano existe a formação de verdadeiros enclaves territoriais do tráfico de drogas
(transformados em zonas de irradiação da criminalidade violenta), isto porque estes
bairros estão adensados por grandes favelas, nas quais as casas de alvenaria
misturam-se a barracos construídos nas encostas dos morros de topografia
inadequada à sua ocupação (Figura 1.2), mas que se constituem áreas
extraordinariamente vantajosas para a instalação do comércio de drogas, haja vista a
dificuldade criada para incursões da polícia. Assim, tanto a localização quanto a
estrutura espacial das favelas são de crucial importância para o estabelecimento e
manutenção do comércio varejista de drogas (SOUZA, 2000).
Figura 1.2 - Paisagem da periferia de Itabuna, bairro Maria Pinheiro.
A exemplo de outras cidades brasileiras, em Itabuna, o tráfico de drogas de
varejo se disseminou a partir da década de 90, utilizando em larga escala espaços
pobres (favelas, loteamentos e conjuntos habitacionais) como bases de apoio
70
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
logístico. Obviamente que o universo de pessoas envolvidas com o tráfico (grandes e
pequenos traficantes, seus sócios e facilitadores, além dos usuários) se restringia a
um número bastante modesto se comparado aos dias atuais. Por sua vez, o consumo
antes limitado a maconha e a cocaína divide espaço hoje com as mais diversas
drogas, sobretudo o crack que cresce em escala assustadora.
Todavia, nunca é demais ressaltar que “as favelas e bairros pobres estão muito
longe de serem os únicos espaços que servem de suporte logístico para o tráfico de
drogas de varejo” (SOUZA, 2000), pois para além dos exageros e estigmas
preconceituosos, não podemos perder de vista o papel dos espaços não-segregados,
como apartamentos de classe média, o comércio de drogas que acontece em boates,
bares, instituições de ensino e também no Centro da cidade. De um ponto de vista
espacial, a geografia do tráfico de drogas em Itabuna é muito mais diversificada. Outra
observação não menos importante, é que alguns bairros de Itabuna onde se verifica a
existência do comércio de drogas, se localizam muitas vezes, perto ou encravados em
bairros de classe média, o que significa uma proximidade e facilidade a este mercado
consumidor e explica a rentabilidade que a venda de drogas adquire na cidade.
Em seu estudo sobre a territorialização da criminalidade violenta em Itabuna,
Silva (2009), observou ser comum entre os traficantes locais o estabelecimento dos
pontos de venda de drogas em logradouros públicos como forma de dificultar o seu
combate, bem como possibilitar mais rápido a sua mobilidade. O autor informa ainda
que “o envolvimento de 52%14 das vítimas de homicídios no submundo do tráfico de
drogas foi o principal motivo da sua eliminação por esse poder paralelo, pois as
vicissitudes ocorridas são resolvidas pelo poder do mais forte, ou seja, a lógica do
“ferro e do fumo”, isto é, do poder de logística do traficante, por deter armas (ferro) e
fumo (drogas)”.
Outro aspecto alarmante sobre a criminalidade em Itabuna, segundo indícios
das pesquisas de campo, é que muitos menores vêm sendo utilizados com frequência
pelos traficantes mais velhos para comerciar a droga, bem como informar sobre a
aproximação da polícia, trabalhos que são praticados em troca de um rendimento
regular, embora, possa vir também sob a forma de compensações não-regulares
(drogas para o consumo pessoal). Note-se ainda que uma parcela desses
adolescentes15 se oferece regularmente para substituir os que foram presos ou
14
Pesquisa em Inquéritos e/ou Dossiês de Inquéritos registrados entre os anos de 2003 a 2007.
15 Nessa direção, Silva e França (2009), analisando o perfil sócio-econômico dos adolescentes
assediados pelo submundo do tráfico de drogas, afirmam que estes são em sua maioria, oriundos da periferia Itabunense, possuem baixa escolaridade e normalmente evadem da escola com pouco tempo de envolvimento no referido submundo.
71
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
mortos, de modo a manter o “movimento” (nome que se dá ao varejo do tráfico). Via
de regra, esses menores tornam-se vítimas de uma engrenagem que os devora pouco
a pouco.
Não obstante a dificuldade maior de se colherem dados e informações sobre o
tráfico de drogas em Itabuna, algumas informações fornecidas por diferentes fontes
dão conta daquilo que muita gente não quer ver revelado: não se trata de um punhado
de bandidos vivendo mais ou menos isolados do restante da comunidade, mas de uma
estratégia de sobrevivência que envolve homens e mulheres, jovens e não-jovens
moradores das muitas áreas vulneráveis do município. Como nos lembra SOUZA
(2008, p. 61), a caracterização dos traficantes de drogas de varejo é uma tarefa que
merece bastante cautela:
“Por um lado, há uma “demonização” de seu comportamento e uma
magnificação de seu papel no discurso típico da imprensa, que
raramente contribui para que se compreenda a “fabricação social” de
indivíduos que, de fato, muitas vezes cometem atos brutais e cruéis
(inclusive ou sobretudo contra outros indivíduos nascidos e criados em
favelas) e, ao mesmo tempo, colabora para que o grande público
concentre suas atenções - e seus medos e ódios - apenas na ponta do
varejo, deixando na sombra os verdadeiros grandes traficantes e seus
sócios e facilitadores” (SOUZA, 2008, p. 61).
72
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Mapa dos Homicídios em Itabuna: Distribuição Espacial
A realização de um estudo exploratório dos mapas de densidade de homicídios
proporciona uma visão ampla desses crimes, tendo por perspectiva sua temporalidade
e distribuição espacial. Mais ainda, possibilita identificar diferenciais intra-urbanos em
relação à criminalidade, isto é, o enfoque passa a ser os impactos diferenciais dentro
do espaço urbano e não apenas a relativização quanto à magnitude absoluta do
problema.
Inicialmente, para analisar os padrões dos assassinatos ocorridos no perímetro
urbano de Itabuna entre 2007 e 2010, foram criados mapas temáticos utilizando um
estimador de densidade simples em uma plataforma de Sistemas de Informações
Geográficas (SIG) combinado com os dados de homicídios dolosos disponibilizados
pela 6ª COORPIN e divididos por zonas, conforme metodologia adotada pelo Núcleo
de Geoprocessamento e Estatística do Instituto - PROSEM.
A densidade de homicídios é entendida como uma importante referência para
indicar áreas prioritárias nas ações contra a violência – projetos e políticas de combate
ao crime, de atenuação dos conflitos sociais e de redução da sensação de
insegurança. Essas ações necessitam ter precedência onde se observa a recorrência
de intensas concentrações de homicídios no decorrer do tempo.
Entre 2007 e 2010, verificam-se médias e altas concentrações de homicídios
em diversas partes do território itabunense: no Centro (Zona Centro); nos bairros
Califórnia, Nova Califórnia e Santa Inês (Zona Norte); no Fátima (Zona Nordeste); no
Santo Antônio, Novo Horizonte, e São Lourenço (Zona Noroeste); no Mangabinha e
Manuel Leão (Zona Oeste); no Nova Ferradas e Ferradas (Zona Sudoeste); no São
Caetano e Sarinha (Zona Sul); no Pedro Jerônimo, São Pedro e Maria Pinheiro (Zona
Sudeste).
Ainda que alguns bairros da cidade de Itabuna não apresentem grandes
problemas no que tange ao crime de homicídios, é preciso compreender que cada
lugar possui problemas específicos que estão relacionados a condicionantes
específicos. Há regiões, como será observado nos mapas a seguir, nas quais o
homicídio é um sério problema, mas em outras o roubo, o furto, o tráfico de
entorpecentes, a violência sexual, os maus-tratos a mulheres, crianças e idosos
podem ser problemas ainda mais graves. Além disso, se o homicídio torna-se uma
ocorrência de alta gravidade, isso não acontece necessariamente pelas mesmas
razões em todos os lugares.
73
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Mapa 1.2 - Densidade de homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2007
Resultado de um processo de maturação teórica, a representação cartográfica
(mapas), os gráficos e tabelas elaborados nesta pesquisa, mais do que simplesmente
ilustrar alguns resultados, têm o objetivo maior de dialogar com a teoria e contribuir
para fazer progredir o conhecimento sobre a dinâmica da violência e criminalidade no
município de Itabuna.
Assim, o mapa acima evidencia a densidade de homicídios por zonas da
cidade de Itabuna para o ano de 2007. Nele, é possível observar que as maiores
densidades foram registradas nas Zonas Norte e Noroeste. Todavia, não se deve
perder de vista que existem múltiplas realidades dentro de uma zona (e mesmo no
interior de um bairro). Precisamente na Zona Norte, foram os bairros Califórnia, Nova
Califórnia e Santa Inês os que somaram as maiores ocorrências (ao todo 26
homicídios de um total de 31 registrados em 2007). Já na Zona Noroeste, foram os
bairros Santo Antônio, Novo Horizonte e São Roque que sozinhos somaram 21
homicídios (todo o total desta zona no ano de 2007).
74
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
O mapa a seguir revela a densidade de homicídios para o ano de 2008. Os
territórios de maior densidade correspondem às Zonas Norte e Sudoeste. Na Zona
Norte, se destacaram os bairros Califórnia, Nova Califórnia, Monte Cristo e Santa Inês
(respondendo por todos os 21 homicídios dessa zona), enquanto na Zona Sudoeste,
os bairros Ferradas e Nova Ferradas somaram sozinhos 10 homicídios de um total de
21 que registrou a zona.
Mapa 1.3 - Densidade de homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2008
O mapa a seguir mostra a densidade de homicídios para o ano de 2009. Os
territórios de maior densidade corresponderam às Zonas Sudeste, Norte, Sudoeste e
Noroeste, respectivamente. Na Zona Sudeste, tiveram destaque os bairros São Pedro,
Daniel Gomes e Pedro Jerônimo (respondendo por 24 homicídios dos 31 que registrou
esta zona no ano). Na Zona Norte, os bairros Califórnia, Nova Califórnia e Santa Inês
(20 homicídios dos 27 desta zona no ano). Na Zona Sudoeste, os bairros Ferradas e
75
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Nova Ferradas somaram sozinhos 10 homicídios de um total de 22 que registrou a
zona. Na Zona Noroeste, os bairros Santo Antônio e São Lourenço (13 homicídios dos
21 que registrou esta zona no ano).
De acordo com os dados da 6ª COORPIN, o ano em que aconteceu o maior
número de homicídios foi 2009, quando 161 pessoas foram assassinadas e março foi
o mês mais violento. Neste ano, foram registrados acirrados conflitos entre grupos
rivais pelo domínio territorial de pontos de vendas de drogas e também a execução de
usuários com dívidas no submundo do tráfico de drogas. É esse contexto que explica
a maior parte desses homicídios e a sua dispersão por mais zonas da cidade,
conforme indica o mapa abaixo.
Mapa 1.4 - Densidade de homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2009
76
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
A seguir apresenta-se o mapa de densidade de homicídios para o ano de 2010.
Mapa 1.5 - Densidade de homicídios por zonas da cidade de Itabuna em 2010
O mapa acima evidencia que os territórios com a maior densidade de
homicídios em 2010 corresponderam às Zonas Norte, Sudeste e Sudoeste,
respectivamente. Na Zona Norte, tiveram destaque os bairros Santa Inês, Nova
Califórnia e Califórnia que somaram sozinhos 24 homicídios dos 25 registrados no
ano. Na Zona Sudeste, os bairros Pedro Jerônimo e Maria Pinheiro (17 homicídios dos
23 ocorridos no ano). Na Zona Sudoeste, os bairros Lomanto, Nova Ferradas e Nova
Itabuna (12 homicídios dos 22 registrados no ano).
Podemos dessa forma, perceber que a localização em determinados
bairros/zonas obedece a certas condições sociais, econômicas e infraestruturais. No
77
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
entanto há aqui também uma mobilidade do crime e dos delitos, e sendo assim, eles
não podem ser ancorados em uma área precisa.
A seguir apresenta-se o mapa geral de homicídios do período 2007-2010.
Mapa 1.6 - Densidade de homicídios por zonas da cidade de Itabuna (2007-2010)
78
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Não pretendemos a partir dos mapas anteriores, a criação de estigmas
territoriais16, posto que incorrendo em tal equívoco, tornaríamos algumas zonas da
cidade de Itabuna em locais a serem evitados por pessoas externas. Também não é
objetivo desta análise, generalizar que os crimes de homicídio estão circunscritos a
todo território de uma zona. É bem verdade que o medo e a insegurança parecem se
multiplicar em maior proporção do que a criminalidade violenta. Mas qual é a razão
para tantos crimes violentos em algumas zonas da cidade?
O que esses mapas evidenciam, é o fato de que a distribuição dos homicídios é
desigual nas diversas zonas da cidade e algumas delas se destacam (bem como
alguns bairros que as compõem), no sentido de apresentarem a maior densidade dos
registros de homicídios. Assim, o mapa geral para todo o período 2007-2010 revela
que a maior densidade de homicídios foi registrada na Zona Norte de Itabuna, na
sequência aprecem em destaque as Zonas Sudeste e Sudoeste. Tal como se discutiu
no tópico anterior, as zonas que apresentaram as maiores densidades de homicídios
concentram uma série de desvantagens econômicas e estruturais que, associadas a
uma evolução particular favorecem a eclosão da criminalidade. Inclui-se também (e
mais decisivamente para o crescente número de homicídios), a existência no interior
destas zonas de verdadeiras áreas de irradiação da criminalidade violenta ligadas ao
tráfico de drogas, o que representa um maior risco de morte para os seus moradores.
Não há como negligenciar que o tráfico de drogas vem territorializando
gradualmente os espaços segregados onde vivem percentuais expressivos da
população itabunense. Nesse contexto é imperativo fazer o máximo possível para
evitar que o processo se instale de uma vez e se cristalize. Conforme aponta SOUZA
(2008), “isso pressupõe, por exemplo, que se combata eficazmente tudo aquilo que
consolida a posição dos traficantes de varejo: a pobreza, a estigmatização sócio-
espacial, a repressão policial arbitrária... Daí se conclui, aliás, que a contribuição de
uma conjuntura político-administrativa favorável no nível estadual é um complemento
importantíssimo das ações locais”.
Note-se que as informações sobre crimes violentos apresentadas até aqui, não
possuem o intento de justificar17 estratégias de repressão, vigilância e controle, muito
menos alimentar discursos e estigmas segregacionistas.
16
Conforme alerta Wacquant (2001), a estigmatização territorial entre os moradores pode criar estratégias sociófobas de evasão e distanciamento mútuos, além de ampliar os processos de diferenciação social interna, que conspiram em diminuir a confiança interpessoal e em minar o senso de coletividade necessário ao engajamento na construção da comunidade e da ação coletiva.
17 Queremos alertar para o fato que muito resta a fazer para compreender as reais causas da
criminalidade e que não pretendemos ter respostas simples e acabadas a um problema de tamanha complexidade.
79
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Com a finalidade de possibilitar uma idéia mais particularizada da densidade
dos homicídios nos diversos bairros da cidade de Itabuna, abaixo seguem
apresentados novos mapas.
Assim, o Mapa 1.7 apresenta a densidade de homicídios dos bairros das Zonas
Norte e Nordeste de Itabuna. Nele é possível observar que os bairros Califórnia, Nova
Califórnia, Santa Inês e Fátima detêm a maior parte dos crimes de homicídio destas
zonas. Em tese, esses quatro bairros configuram uma complexa zona de irradiação da
criminalidade violenta na cidade de Itabuna (rever discussão da página 68), uma área
cuja presença do tráfico de drogas e do conflito entre grupos rivais é bastante
expressiva. Não obstante, de tempos em tempos, as comunidades desses bairros
assistem a alguns rearranjos de poder dentro da estrutura local do tráfico de drogas,
que acontece devido ao surgimento ocasional de novas quadrilhas, que tentam tomar
o poder do grupo já instalado.
Mapa 1.7 - Homicídios por bairros das Zonas Norte e Nordeste de Itabuna (2007-2010)
80
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No mapa abaixo apresenta-se a densidade de homicídios dos bairros das
Zonas Noroeste, Oeste e Centro. O destaque fica por conta do bairro Santo Antônio
que ocupa o primeiro lugar no ranking dos bairros mais violentos em número de
homicídios da cidade. Além disso, o Santo Antônio faz fronteira com dois outros
bairros importantes neste cenário, a saber: Novo Horizonte e São Lourenço. Esses
três bairros compreendem a segunda zona de irradiação da criminalidade violenta em
Itabuna.
Mapa 1.8 - Homicídios por bairros das Zonas Noroeste, Oeste e Centro de Itabuna (2007-2010)
81
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No Mapa 1.9 apresenta-se a densidade de homicídios dos bairros das Zonas
Leste, Sul e Sudeste. O destaque fica por conta dos bairros São Caetano, São Pedro,
Pedro Jerônimo, Maria Pinheiro e Sarinha que sozinhos detêm a maior parte desses
crimes. Não seria sensato, contudo, subestimar a participação dos bairros Gogó da
Ema, Daniel Gomes, Fonseca e Zizo neste cenário. Em tese, esses nove bairros
compreendem a terceira zona de irradiação da criminalidade violenta em Itabuna.
Mapa 1.9 - Homicídios por bairros das Zonas Leste, Sul e Sudeste de Itabuna (2007-2010)
82
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No Mapa 1.10 apresenta-se a densidade de homicídios dos bairros da Zona
Sudoeste. O destaque fica por conta dos bairros Ferradas18 e Nova Ferradas que
respondem sozinhos pela maior parte desses crimes. Conta-se ainda a participação
dos bairros Lomanto e Nova Itabuna neste cenário.
Mapa 1.10 - Homicídios por bairros da Zona Sudoeste de Itabuna (2007-2010)
18
Este histórico bairro de Itabuna está localizado às margens da BR-415, rodovia que liga o município de Itabuna ao Sudoeste da Bahia.
83
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Crimes Contra o Patrimônio
Análise do Roubo a Transeunte e seus Microdados
A realidade contraditória apresentada pela cidade de Itabuna quanto aos seus
aspectos sociais, urbanos e econômicos, usadas até aqui para uma análise das
ocorrências dos crimes de homicídio, também é a mesma que gera outro tipo de
violência: aquela que é perpetrada contra o patrimônio, no caso em análise, o roubo a
transeunte. A Tabela 1.2 mostra o total de ocorrências dos crimes de roubo a
transeuntes registrados pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de
Itabuna no período compreendido entre 2007 e 2009. Nessa tabela pode-se ver que o
roubo a transeunte é um crime de grande expressão no município, com uma média
anual de 811 ocorrências e uma média mensal de 68 ocorrências.
Tabela 1.2 - Registros de crimes de roubo a transeunte em Itabuna (2007-2009)
ROUBO A TRANSEUNTE
MÊS 2007 2008 2009 Total Mensal
Janeiro 100 85 57 242
Fevereiro 46 76 64 186
Março 50 64 69 183
Abril 66 65 67 198
Maio 53 78 72 203
Junho 48 102 70 220
Julho 70 95 69 234
Agosto 59 71 75 205
Setembro 55 81 79 215
Outubro 57 85 68 210
Novembro 50 61 53 164
Dezembro 60 43 70 173
TOTAL 714 906 813 2.433
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
84
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Conforme se verifica na tabela acima, o ano de 2007 foi, durante o período,
aquele em que houve o menor número de casos, com um total anual de 714 registros,
uma média de 59 registros por mês e 13 por semana. Já em 2008, o ano com maior
número de casos, o total anual chegou a 906 registros, ou seja, uma média de 75
casos mensais e mais de 15 por semana. Observando a série como um todo, a maior
incidência aconteceu no mês de junho de 2008, com 102 casos, equivalente a 11,2%
do total anual.
Comparando-se os totais anuais, nota-se que os valores mostram uma
tendência “estável”, situando-se entre 34,8 em 2007 e 39,7 em 2009 para grupos de
10 mil habitantes. Mesmo com essa suposta “estabilidade”, as taxas de roubo a
transeunte do município de Itabuna figuram entre uma das maiores do interior do
Estado. Convém salientar ainda que, a estatística registrada pela 6ª COORPIN,
corresponde apenas a uma parte dos casos e não à sua totalidade, haja vista que nem
todas as vítimas deste e de outros delitos recorrem a Delegacia para o registro da
ocorrência.
A Tabela 1.3 fornece a informação sobre os dias da semana em que ocorreram
os crimes de roubo a transeunte, conforme os dados disponíveis da Polícia Civil. No
período analisado, domingo foi o dia da semana de menor ocorrência, no total de 85
registros, já o sábado foi o dia com a maior incidência, com 115 registros. Como esse
crime está associado à maior circulação de pessoas na rua, justamente os dias de
trabalho e estudo obtiveram uma maior incidência, enquanto o domingo que é um dia
de lazer para a grande maioria das pessoas, teve a menor incidência dos casos.
Tabela 1.3 - Registros de crimes de roubo a transeunte segundo o dia da semana (2007-2009)
DIA 2007 2008 2009 TOTAL
Domingo 93 106 100 299
Segunda-feira 98 130 112 340
Terça-feira 95 137 137 369
Quarta-feira 103 126 114 343
Quinta-feira 104 132 106 342
Sexta-feira 99 124 106 329
Sábado 122 151 138 411
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
85
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Ainda sobre os dados acima, convém informar que nos registros de ocorrência
da Polícia Civil há duas datas: a data do fato propriamente dito, e a data da
comunicação do fato, ou seja, a data em que a Polícia Civil tomou conhecimento do
evento e preencheu o registro de ocorrência. Por exemplo, um delito qualquer pode
ser informado à Polícia Civil dias, semanas, meses ou anos depois de acontecido
(PROVENZA, 2011). Optou-se nesta análise, pela apresentação dos dados segundo o
dia da ocorrência do fato.
A Tabela 1.4 e o Gráfico 1.32 fornecem os dados de acordo com a faixa de
hora do fato. Nota-se que este é um típico crime de horário noturno, com a maior
incidência dos três anos pesquisados ocorrendo na faixa das 18 horas às 23h59min.
Tal período coincide com a saída do trabalho para grande parte da população,
significando um grande contingente de pessoas circulando no trajeto do trabalho para
casa. A menor incidência aparece quase sempre na madrugada, na faixa entre 0 hora
e 05h59min, porque novamente é um período de menor circulação de pessoas na rua.
Tabela 1.4 - Registros de crimes de roubo a transeunte segundo a faixa de hora (2007-2009)
Período 2007 2008 2009 TOTAL
00:00 às 05:59 53 46 71 170
06:00 às 11:59 130 131 148 409
12:00 às 17:59 186 204 190 580
18:00 às 23:59 345 525 404 1.274
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
Gráfico 1.32 - Registros de crimes de roubo a transeunte segundo a faixa de hora (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
53
130
186
345
46
131
204
525
71
148 190
404
0
100
200
300
400
500
600
00 a 5:59 06 a 11:59 12 a 17:59 18 a 23:59
2007
2008
2009
86
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Sobre o perfil dos lesados/vítimas de roubo, é necessário informar que, apesar
de nos dados da Polícia Civil aparecer a titulação “vítima”, para efeitos jurídicos, a
vítima de crimes contra o patrimônio recebe a denominação de “lesado”. Considera-se
vítima a pessoa que é alvo dos crimes contra a vida (homicídio, tentativa de homicídio,
lesão corporal). Em um crime contra o patrimônio não necessariamente o lesado é
uma pessoa física, pode ser uma pessoa jurídica (PROVENZA, 2011).
Um registro de roubo a transeunte pode conter mais de um lesado, contudo o
que é contabilizado para ser publicado nas estatísticas “oficiais” da Secretária de
Segurança Pública do Estado da Bahia é o número de ocorrências. O Gráfico 1.33
apresenta os dados dos lesados segundo gênero. A maioria dos lesados é mulher,
caracterizando nos três anos pesquisados mais de 50% dos casos. Os homens
representaram em torno de 47% dos lesados. Em geral, as mulheres apresentam
maior probabilidade de serem vítimas de crimes contra o patrimônio devido a sua
menor capacidade de reação.
Gráfico 1.33 - Percentuais de crimes de roubo a transeunte segundo o gênero dos lesados
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
Embora nos dados cedidos pela 6ª COORPIN não constem informações sobre
o perfil dos lesados segundo a faixa etária, algumas informações fornecidas por
diferentes fontes dão conta que a faixa etária de maior risco situa-se dos 20 aos 49
anos.
53%
47%
Feminino
Masculino
87
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Constata-se que as análises das variáveis necessárias para a construção de
um perfil dos lesados indicam a necessidade de continuar melhorando a captação da
informação por parte das pessoas responsáveis em preencher o registro de ocorrência
para que se possa melhorar o planejamento, a estratégia de ação e a tomada de
decisões por parte dos gestores públicos.
A Tabela 1.5 mostra que a quase totalidade dos autores de roubo a transeunte
é do sexo masculino, caracterizando nos três anos pesquisados cerca de 99,6%. A
participação feminina não chegou a alcançar sequer 1% do total. Apesar de existir
essa espetacular diferença entre o universo masculino e feminino, o envolvimento de
mulheres em crimes violentos é um fenômeno em ascensão na cidade de Itabuna.
Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), em quase dez
anos, a população feminina encarcerada no Brasil cresceu mais de 300%. No ano de
2000, eram 3.240 mulheres presas e no ano de 2009, o número saltou para 10.701. É
possível apreender ainda das informações abaixo, que a prática do roubo a transeunte
conta quase sempre com mais de um autor.
Tabela 1.5 - Registros de crimes de roubo a transeunte segundo o gênero do autor (2007-2009)
Período 2007 2008 2009 TOTAL
Masculino 1.219 1.548 1.414 4.181
Feminino - 15 8 23
Total 1.219 1.563 1.422 4.204
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
A Tabela 1.6 e o Gráfico 1.34 revelam os tipos de armas utilizadas na prática
desse delito. Assim como ocorre nos crimes de homicídios, a arma de fogo é o
instrumento mais utilizado na prática deste delito, com 65% de participação no período
analisado. A ameaça/intimidação foi utilizada em 9% dos casos. Enquanto a arma
branca esteve presente em 6% dos casos. A agressão vem em seguida com
participação em 5% dos casos. O percentual de tipo de arma não informado nos
registros correspondeu a 13%. Ao descartamos os registros onde não consta o tipo de
arma, o total de delitos cometidos com arma de fogo sobe para 74%, e o de ameaça
para 10%.
88
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Tabela 1.6 - Registros de crimes de roubo a transeunte segundo o tipo de arma utilizada (2007-2009)
Período 2007 2008 2009 TOTAL
Arma de fogo 463 515 599 1.577
Arma branca 90 58 36 184
Agressão 50 44 60 154
Ameaça 54 79 79 212
Ignorado 66 210 39 315
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
Gráfico 1.34 - Percentuais de crimes de roubo a transeunte segundo o tipo de arma utilizada (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
O Gráfico 1.35 fornece os dados de acordo com o tipo de fuga empregado nos
crimes de roubo a transeunte. No período entre 2007 e 2009, a moto foi o meio de
fuga mais utilizado nesse crime, com 47%. Na sequência aparece a fuga empreendida
a pé, com 36%. A bicicleta foi utilizada em 16% dos casos. Já o carro figura com
apenas 1%. Optou-se, nesta análise, em desprezar os dados ignorados e considerar
apenas as informações completas.
65% 7%
6%
9%
13%
Arma de fogo
Arma branca
Agressão
Ameaça
Ignorado
89
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.35 - Percentuais de crimes de roubo a transeunte segundo o tipo de fuga (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
Do total de 2.433 registros de roubo a transeunte em Itabuna nos três anos
pesquisados, apenas seis bairros somaram mais de 60% desses casos. Somente o
Centro comportou 854 ocorrências, correspondendo a 35,1% das incidências de todo
o município. Em segundo lugar ficou o bairro de Fátima, com 166 ocorrências, ou 6,8%
do total, em terceiro lugar ficou o São Caetano, com 160 ocorrências, ou 6,6% do total,
e na sequência aparecem Pontalzinho (6,3%), Santo Antônio (5,6) e Conceição (4%).
Muito embora o Centro não possua uma população residente numerosa, este bairro
abrange uma volumosa população flutuante ou seja, pessoas que não moram no
bairro mas nele estão presentes durante algumas horas do dia por motivos vários,
como trabalho, comércio, serviços bancários, etc. Ele também abarca um imenso fluxo
de pessoas não residentes no município, pois trata-se de um local onde se
concentram agências bancárias, lojas, casas lotéricas, restaurantes, hotéis, terminal
rodoviário e por esse mesmo motivo, exige a presença ostensiva da Polícia Militar e da
Guarda Civil Municipal visando coibir furtos e roubos.
Uma das alternativas usadas para diminuir o alto número de crimes contra o
patrimônio e diminuir a sensação de insegurança na área central de Itabuna, foi a
implementação em 2008 de um sistema de vídeomonitoramento controlado pela
Polícia Militar (Figura 1.3) Tal alternativa visava a partir de uma vigilância constante,
minimizar a distância entre a ação e a reação. Conforme Silva (2010), a implantação
36%
16%
47%
1%
A pé
Bicicleta
Moto
Carro
90
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
do sistema de vídeomonitoramento foi extremamente positivo para redução da
sensação de insegurança e também contribuiu com a dinâmica e rapidez do
policiamento preventivo. O resultado imediato, foi uma redução dos índices de furtos e
roubos nesta área da cidade e com efeito, houve uma migração desses delitos para
outras áreas da cidade que não possuíam cobertura do vídeomonitoramento. Entre os
anos de 2008 e 2009 foi registrada uma redução de mais de 25% dos roubos a
transeunte no Centro de Itabuna. No entanto, não se deve considerar essa redução
efeito apenas da implantação desse sistema, haja vista que esse crime possui um
componente sazonal importante e muitos dos lesados não registram a ocorrência.
Atualmente, apenas três das dez câmeras instaladas em 2008 estão em
funcionamento.
Figura 1.3 - Sala de vídeomonitoramento da Polícia Militar de Itabuna. Foto: SILVA, R. J.
Os bairros Fátima e São Caetano19 respectivamente o segundo e o terceiro em
registros de roubo a transeunte, além de apresentarem um alto grau de população
residente, também abrangem um expressivo fluxo de população flutuante. A presença
de estabelecimentos comerciais, restaurantes e bares, são alguns dos vetores que
atraem essa população.
19
Considerado um centro secundário, o bairro São Caetano é hoje praticamente independente do centro tradicional da cidade, pois oferece diversas opções em mercados, padarias, lanchonetes, academias, lojas de materiais de construção, farmácias, clínicas e consultórios médicos, escolas, além de contar com uma importante feira livre.
91
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.36 - Registros de roubo a transeunte em Itabuna segundo o local de ocorrência (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
Em seu estudo sobre o Rio de Janeiro, Cano (1997) observou que
contrariamente aos homicídios, são os moradores das áreas mais abastadas e de
maior desenvolvimento urbano os que estão expostos a um maior risco de serem
vítimas de roubos e furtos. A incidência desses delitos é especialmente elevada entre
as pessoas do estrato social médio e alto. Essa mesma constatação é válida para a
cidade de Itabuna.
Na tabela a seguir, é possível verificar os períodos em que ocorreram as
maiores incidências de roubo a transeunte nos bairros mais afetados por esse delito. A
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Não informado
Outros
São Roque
Monte Cristo
Banco Raso
Jardim Primavera
Mangabinha
Califórnia
Góes Calmon
Castália
Zildolândia
Jardim Vitória
Conceição
Santo Antônio
Pontalzinho
São Caetano
Fátima
Centro
12
320
31
36
38
38
43
43
60
79
84
88
97
136
154
160
166
854
Roubo a transeunte (Total)
92
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
partir desse conhecimento fica facilitada a compreensão dos locais em relação aos
períodos em que deverão ser adotadas diversas medidas de prevenção, a fim de se
reduzir a ocorrência desta modalidade de crime.
Tabela 1.7 - Registros de roubo a transeunte segundo a faixa de hora entre os bairros mais afetados por esse delito (2007-2009)
Bairro Total de delitos
Período de incidência dos roubos a transeuntes
00h00min 05h59min
06h00min 11h59min
12h00min 17h59min
18h00min 23h59min
Centro 854 43 158 210 441
Fátima 166 29 12 38 86
São Caetano 160 15 18 33 83
Pontalzinho 154 6 25 33 89
Santo Antônio 136 6 24 26 70
Conceição 97 8 16 17 55
Jardim Vitória 88 3 15 24 46
Zildolândia 84 2 14 23 44
Castália 79 1 13 17 47
Góes Calmon 60 1 13 16 27
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR). 6ª COORPIN.
É notório que não só os homicídios, mas também os crimes contra o patrimônio
se concentram mais em algumas áreas da cidade do que em outras, e que o
conhecimento dessa distribuição interna, com o máximo de detalhes possível, é
fundamental para se desenhar políticas eficazes de redução da criminalidade violenta.
Nesse sentido, a seguir serão apresentados os mapas de densidade de roubo a
transeunte por zonas da cidade de Itabuna.
93
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Mapas de Roubo a Transeunte
O mapa abaixo evidencia a densidade das ocorrências de roubo a transeunte
para o ano de 2007. Nele, é possível observar a alta concentração desta modalidade
de crime na Zona Centro; média concentração na Zona Noroeste; média variando para
baixa concentração nas Zonas Norte e Sul; baixa concentração nas Zonas Leste,
Nordeste, Sudeste, Oeste e Sudoeste.
Mapa 1.11 - Densidade de roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna 2007
94
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No Mapa 1.12 destaca-se mais uma vez a alta concentração de roubo a
transeunte na Zona Centro; média concentração nas Zonas Norte, Noroeste e Sul;
média variando para baixa concentração nas Zonas Leste e Nordeste; baixa
concentração nas Zonas Sudeste, Oeste e Sudoeste.
Mapa 1.12 - Densidade de roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna 2008
95
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No Mapa 1.13 constata-se a alta concentração de roubo a transeunte na Zona
Centro; média concentração nas Zonas Norte, Noroeste e Sul; média variando para
baixa concentração nas Zonas Leste, Nordeste e Oeste; baixa concentração nas
Zonas Sudeste e Sudoeste.
Mapa 1.13 - Densidade de roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna 2009
96
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
O mapa geral para todo o período de 2007-2009 revela que a maior densidade
de roubo a transeuntes foi registrada nas Zonas Centro, Noroeste e Sul. Nessas duas
últimas zonas os bairros que mais se destacaram foram Pontalzinho, Santo Antônio,
São Caetano e Jardim Vitória. Média concentração na Zona Norte, e média variando
para baixa, nas Zonas Leste, Nordeste e Oeste. Não se deve perder de vista que
alguns dos bairros mais afetados por esse tipo de crime aparecem nessas zonas, a
saber: Fátima, Conceição e Zildolândia. As Zonas Sudeste e Sudoeste apresentaram
baixa concentração desse delito.
Mapa 1.14 - Densidade de roubo a transeunte por zonas da cidade de Itabuna (2007-2009)
97
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Análise do Roubo a Ônibus Urbano e seus Microdados
Esta seção compreende uma análise sobre os crimes de roubo a ônibus
urbano. A Tabela 1.8 mostra o total de ocorrências desse delito registrado pela
Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) de Itabuna, no período
compreendido entre 2007 e 2010. Nessa tabela pode-se ver que o roubo a ônibus
totalizou o número de 252 registros durante os quatro anos pesquisados. Uma média
anual de 63 ocorrências e uma média mensal superior a 5 ocorrências.
Tabela 1.8 - Registros de crimes de roubo a ônibus urbano em Itabuna (2007-2010)
ROUBO A ÔNIBUS URBANO
MÊS 2007 2008 2009 2010 Total Mensal
Janeiro 10 2 6 - 18
Fevereiro 5 4 21 - 30
Março 8 9 6 4 27
Abril 7 2 4 - 13
Maio 4 6 4 1 15
Junho 6 1 1 7 15
Julho 1 8 17 5 31
Agosto 6 5 7 7 25
Setembro 6 3 2 1 12
Outubro 7 11 1 10 29
Novembro 2 3 - 6 11
Dezembro 3 13 3 7 26
TOTAL 65 67 72 48 252
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
98
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Conforme se verifica na tabela acima, o ano de 2010 foi aquele em que houve
o menor número de casos, com um total anual de 48 registros, equivalente a uma
média de 4 registros por mês. Já em 2009, o ano com maior número de casos, o total
anual chegou a 72 registros, com uma média de 6 casos mensais. Observando a série
como um todo, a maior incidência aconteceu no mês de fevereiro de 2009, com 21
casos, equivalente a 29% do total anual. Comparando-se os totais anuais, nota-se que
os valores entre 2007 e 2010 mostram uma tendência de redução (entre 2009 e 2010
essa redução foi superior a 30%).
Os roubos a ônibus, geralmente direcionado aos cobradores, constituem uma
típica modalidade criminosa nas médias e grandes cidades brasileiras. Costumam ser
repetitivos com relação a algumas localidades e sua incidência sendo maior nas áreas
periféricas e afastadas do centro. “Apesar do pequeno impacto econômico desses
roubos, são eles motivadores de muitos danos às pessoas, tanto aos trabalhadores do
setor quanto aos usuários” (PAES-MACHADO e LEVENSTEIN, 2002).
A Tabela 1.9 e o Gráfico 1.37 fornecem os dados de acordo com a faixa de
hora do fato no período de 2007 a 2009. Nota-se que este é um típico crime de horário
noturno, com a maior incidência dos três anos pesquisados, ocorrendo na faixa entre
18 horas e 23h59min. A menor incidência aparece quase sempre na madrugada, na
faixa entre 0 hora e 05h59min, porque é bastante rarefeita a circulação desses
veículos na rua durante essa faixa de hora.
Tabela 1.9 - Registros de crimes de roubo a ônibus urbano segundo a faixa de hora (2007-2009)
Período 2007 2008 2009 TOTAL
entre 00:00 e 05:59 2 2 3 7
entre 06:00 e 11:59 5 5 9 19
entre 12:00 e 17:59 5 14 17 36
entre 18:00 e 23:59 53 46 43 142
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
99
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.37 - Registros de crimes de roubo a ônibus urbano segundo a faixa de hora (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
Durante o período pesquisado, a empresa de transporte coletivo urbano que
mais foi afetada por esse delito, foi a Viação São Miguel, com 99 casos, na sequência
aparecem a Viação Rio Cachoeira, com 74 casos, e a extinta Viação Itabuna
(comprada pela Viação São Miguel), com 17 casos (Gráfico 1.38).
Gráfico 1.38 - Registros de crimes de roubo a ônibus urbano segundo a empresa mais afetada (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
2 5 5
53
2 5
14
46
3
9
17
43
0
10
20
30
40
50
60
00 a 5:59 06 a 11:59 12 a 17:59 18 a 23:59
2007
2008
2009
28
16 17
4
20
43
4
26
40
6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Rio Cachoeira São Miguel Viação Itabuna Ignorado
2007
2008
2009
100
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
A Tabela 1.10 mostra que a exclusiva totalidade dos autores de roubo a ônibus
urbano é do sexo masculino, caracterizando o percentual de 100%. É possível
apreender ainda das informações abaixo, que a prática desta modalidade criminosa
conta quase sempre com mais de um autor.
Tabela 1.10 - Registros de crimes de roubo a ônibus urbano segundo o gênero do autor (2007-2009)
Período 2007 2008 2009 TOTAL
Masculino 112 101 127 340
Feminino - - - -
Total 112 101 127 340
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
O Gráfico 1.39 revela os tipos de armas utilizadas na prática do roubo a ônibus
urbano. Assim como ocorre nos crimes de homicídios e roubo a transeunte, a arma de
fogo é também o instrumento mais utilizado na prática deste delito, estando presente
em 118 casos no período analisado. O total de registros em que o tipo de arma
utilizada não é informado, foi superior aos casos envolvendo a arma branca e outras
armas.
Gráfico 1.39 - Registros de crimes de roubo a ônibus urbano segundo o tipo de arma utilizada (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
42
3 1
19
43
24
33
12
27
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Arma de fogo Arma Branca Outros Ignorado
2007
2008
2009
101
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Sobre as informações acima, é oportuno ressaltar que a omissão dos eventos,
revela sérios problemas, à medida que termina por prejudicar uma visão mais realista
da situação.
A Tabela 1.11 fornece os dados de acordo com o tipo de fuga empregado nos
crimes de roubo a ônibus urbano. No período entre 2007 e 2009, a fuga empreendida
a pé, foi o meio de fuga mais utilizado nesse crime, aparecendo em 70 casos. A
bicicleta foi utilizada em apenas um caso durante todo período pesquisado. O total de
registros em que este dado aparece ignorado respondeu por 133 casos.
Tabela 1.11 - Registros de crimes de roubo a ônibus urbano segundo o tipo de fuga (2007-2009)
Período 2007 2008 2009 TOTAL
A pé 44 13 13 70
Bicicleta - - 1 1
Ignorado 21 53 59 133
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
.
Do total de 204 registros de roubo a ônibus urbano em Itabuna nos três anos
pesquisados, apenas oito bairros somaram mais de 39% desses casos. Somente os
bairros São Pedro e Nova Itabuna responderam cada um por 23 ocorrências,
correspondendo a 11,27% das incidências de todo o município. Em segundo lugar
ficou o bairro Jorge Amado, com 22 ocorrências, ou 10,7% do total, em terceiro lugar
ficou o Nova Califórnia, com 18 ocorrências, ou 8,8% do total. Na sequência,
aparecem Ferradas e Centro com 5,8%, Santo Antônio e Urbis IV com 4,9%. Como se
verifica, muitos dos bairros que apresentam alta incidência de roubos a ônibus urbano
estão situados em áreas da periferia de Itabuna, locais que muitas vezes
potencializam a ação dos assaltantes, na medida em que suas ruas são carentes de
iluminação e pavimentação. Os assaltos nos fins de linha, são feitos por grupos de
jovens (quadrilhas) que controlam territórios nos bairros populares e este domínio, é
estendido aos ônibus que por ali circulam.
Conforme indicam Paes-Machado e Levenstein (2002), nas ações visando o
cobrador nos veículos em movimento, um ou mais de um assaltante rende e toma os
valores do primeiro. Nesse evento, sobretudo quando é protagonizado apenas por um
102
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
ladrão, este rouba o trabalhador sem ser visto pelos demais. Em outros casos, o roubo
do cobrador envolve dois assaltantes – um na parte dianteira e outro na parte traseira
– e é presenciado por todos.
Gráfico 1.40 - Registros de roubo a ônibus urbano em Itabuna segundo o local de ocorrência (2007-2009)
Fonte: Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR); 6ª COORPIN.
A seguir serão apresentados os mapas de densidade de roubo a ônibus urbano
por zonas da cidade de Itabuna.
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Outros
Califórnia
Daniel Gomes
Santa Inês
Parque Boa Vista
Pedro Jerônimo
Lomanto
Santo Antônio
Urbis IV
Centro
Ferradas
Nova Califórnia
Jorge Amado
São Pedro
Nova Itabuna
39
5
5
5
6
6
8
10
10
12
12
18
22
23
23
Roubo a Ônibus Urbano (total)
103
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Mapas de Roubo a Ônibus Urbano
O mapa abaixo evidencia a densidade das ocorrências de roubo a ônibus
urbano para o ano de 2007. Nele, é possível observar a alta concentração desta
modalidade de crime nas Zonas Sudoeste (maiores ocorrências nos bairros Nova
Itabuna e Jorge Amado) e Sudeste (maiores ocorrências nos bairros São Pedro e
Pedro Jerônimo); média concentração nas Zonas Norte, Noroeste e Centro; baixa
concentração nas Zonas Leste, Nordeste, Sul e Oeste.
Mapa 1.15 - Densidade de roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna 2007
104
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No Mapa 1.16 destaca-se mais uma vez a alta concentração desse crime na
Zona Sudoeste (maior número de ocorrências no bairro São Pedro); média
concentração nas Zonas Norte e Sudeste; baixa concentração nas Zonas Centro,
Leste, Nordeste, Noroeste, Oeste e Sul.
Mapa 1.16 - Densidade de roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna 2008
105
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
No Mapa 1.17 constata-se a alta concentração de roubo a ônibus urbano na
Zona Sudoeste (maiores ocorrências nos bairros Ferradas, Nova Itabuna e Urbis IV);
média concentração nas Zonas Norte e Sudeste; baixa concentração nas Zonas
Centro, Leste, Nordeste, Noroeste, Oeste e Sul.
Mapa 1.17 - Densidade de roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna 2009
106
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
O mapa geral para todo o período de 2007-2009 revela que a maior
concentração de roubo a ônibus urbano foi registrada na Zona Sudoeste (nesta zona
os bairros que tiveram as maiores incidências foram Nova Itabuna, Jorge Amado,
Ferradas e Urbis VI); média concentração nas Zonas Norte e Sudeste (destaque para
os bairros Nova Califórnia e São Pedro); baixa concentração nas Zonas Centro, Leste,
Nordeste, Noroeste, Oeste e Sul.
Mapa 1.18 - Densidade de roubo a ônibus urbano por zonas da cidade de Itabuna (2007-2009)
107
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Outros Crimes Contra o Patrimônio
Esta seção compreende uma breve análise dos dados de crimes contra o
patrimônio registrados em Itabuna e divulgados nos boletins estatísticos da SSP/BA. A
Tabela 1.12 mostra o total de ocorrências dos crimes de roubo seguido de morte
(latrocínio), roubo ou furto de veículo no município durante os anos de 2007 a 2010. O
maior destaque fica por conta do crime de roubo de veículo que registrou durante o
período um excessivo aumento. Já o crime de furto de veículo registrou uma ligeira
queda indicando uma tendência à redução. O roubo seguido de morte foi a ocorrência
mais “estável20” nesse período.
Tabela 1.12 - Total de ocorrências de roubo seguido de morte, furto de veículo e roubo de veículo em Itabuna (2007-2010)
Qualificação 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Roubo seguido de morte 7 5 4 5 21
Furto de veículo 71 51 64 43 229
Roubo de veículo 42 49 87 168 346
TOTAL 120 105 155 216 596
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
O Gráfico 1.41 mostra a distribuição mensal dos crimes de roubo de veículo e
furto de veículo no ano 2010. Nesse gráfico pode-se observar que não existe uma
relação de proximidade entre essas duas modalidades de crimes, uma vez que suas
tendências são desiguais. Sobre o crime de roubo de veículo, percebe-se que a sua
maior incidência ocorreu no mês de dezembro, com 28 casos registrados. Já o crime
de furto de veículo registrou uma incidência menor ao longo do ano, no término da
série apresentando ligeira tendência de redução. É necessário que se atente, todavia,
20
Embora o roubo seguido de morte não apresente números tão expressivos, é oportuno destacar que o total desses crimes em Itabuna é três vezes superior ao apresentado pela cidade de Vitória da Conquista no mesmo período.
108
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
para a sujeição desses dados criminais a variações cíclicas, sazonais e irregulares,
mediadas na maior parte do tempo por alterações nas atividades sociais e econômicas
dentre outras.
Tabela 1.41 - Registro mensal de furtos e roubos de veículos em Itabuna no ano de 2010
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
De acordo com informações colhidas em diferentes fontes, as motocicletas21
têm figurado como alvo principal nos casos de roubo de veículos (ver reportagem na
página seguinte). Por sua vez, quando roubadas, essas motocicletas são utilizadas
para o cometimento de novos crimes (furtos, roubos, homicídios e outros delitos). Esta
é hoje uma das modalidades criminosas que mais tem desafiado os órgãos de
segurança pública: o cometimento de crimes mediante o uso de motocicletas. Os
marginais-motociclistas, beneficiam-se pela ausência de identificação do seu rosto, por
causa do capacete e pela agilidade do veículo de duas rodas, o que permite passar
por becos estreitos, subir escadarias, passar pelo meio de passeios públicos e
canteiros de vias.
21
As motocicletas são mais fáceis de serem roubadas ou furtadas, face ao seu peso e tamanho.
6
2
7 6
2
6
3 3 2 1
5
0
10
3
10
16
8
18
10
13 12
25
15
28
0
5
10
15
20
25
30
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Furto de Veículo Roubo de Veículo
109
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Quadrilha aterroriza motociclistas
Uma quadrilha especializada em roubar motos vem agindo há duas
semanas nas estradas vicinais de Ferradas, Roça do Povo e Itamaracá, em
Itabuna.
Um roubo aconteceu nesta quarta-feira (18/05), pela manhã, na estrada que
liga Ferradas à Roça do Povo. Nas últimas duas semanas, quatro pessoas
foram assaltadas e perderam suas motos na estrada de acesso à Roça do
Povo. Outros dois assaltos ocorreram na ponte que liga Ferradas à
Itamaracá. E tudo facilitado pela falta de policiamento e a proximidade
com a BR-415.
(Jornal Agora, edição de 19/05/2010)
110
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Violência Contra a Mulher
Segundo informações do Departamento de Crimes Contra a Vida (DCCV) da
SSP/BA no Brasil, a cada minuto quatro mulheres são espancadas. Em 100
brasileiras, mais de 20 são agredidas dentro de casa. Sete em cada dez dessas
vítimas são agredidas por algum conhecido, especialmente o atual ou ex-namorado,
companheiro, noivo ou marido. As agressões podem ser de natureza física, sexual e
psicológica, ocorrendo tanto dentro como fora de casa.
A presente seção se baseia em uma análise dos dados obtidos junto à
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Itabuna referente aos anos de 2009 e
2010. Durante esses dois anos foram registradas um total de 3.358 ocorrências. O tipo
de processo mais incidente foi ameaça responsável por 39% (670) no ano de 2009 e
os mesmos 39% (642) em 2010, seguida de perto por lesão corporal dolosa com 34%
(580) das ocorrências registradas em 2009 e também 34% (563) em 2010, injúria com
15% (254) das ocorrências em 2009 e 15% (238) em 2010 e ainda difamação com 9%
(148) das ocorrências em 2009 e 8% (137) em 2010. Com menos de 5% das
ocorrências no período segue calúnia, 2% (34) em 2009 e 2% (41) em 2010; estupro,
2% (35) em 2009 e 1% (14) em 2010.
Gráfico 1.42 - Ocorrências criminais registradas pela DEAM em Itabuna (2009)
Fonte: Delegacia Especial de Atendimento à Mulher - DEAM.
34%
39%
1% 15% 2%
9%
Lesão Corporal Dolosa
Ameaça
Estupro
Injúria
Calúnia
Difamação
111
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Gráfico 1.43 - Ocorrências criminais registradas pela DEAM em Itabuna (2010)
Fonte: Delegacia Especial de Atendimento à Mulher - DEAM.
Aparentemente sem gravidade, a violência psicológica pode se transformar em
uma ocorrência fatal22, além de gerar danos irreversíveis ao desenvolvimento das
vítimas e, por isso, a sua notificação é urgente e obrigatória.
Em 2010, o total de vítimas de ameaças em Itabuna foi de 642, o que
representa uma média mensal de pouco mais de 53 vítimas. É expressivo também o
número de vítimas de lesão corporal dolosa. Somente em 2010 foram 563 vítimas
desse tipo de violência, o equivalente a mais de 10 vítimas por semana. Com relação
ao estupro, os percentuais apresentados deixam perceber muito pouco a dimensão
real da sua ocorrência, haja vista que nem todas as mulheres vítimas submetem-se ao
constrangimento de procurar a polícia, graças às implicações sociais que este tipo de
criminalidade acarreta. Como faz notar Noronha e Daltro (1991), um fato que
comprova o alto índice de violência sexual é o de que, quando se noticia a prisão de
um estuprador, é frequente destacar-se a possibilidade do autor ser responsável por
vários outros atos semelhantes.
A violência doméstica é sempre fruto do abuso da força física, psicológica,
econômica, cultural e social, onde o agressor não é um desafeto, um inimigo, um
22
Nota-se ainda que a violência psicológica em parte dos casos representa o início de agressões mais “graves”, visto que, ainda que prevista pela lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), por vezes não é identificada pelas mulheres como forma de agressão.
34%
39%
2% 15% 2%
8%
Lesão Corporal Dolosa
Ameaça
Estupro
Injúria
Calúnia
Difamação
112
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
marginal desconhecido, mas aquele com quem se convive, sob o mesmo teto. É
aquele que sabe a hora, o momento, a vez de agradar, humilhar, acariciar, ferir, beijar,
bater, matar. É difícil para as vítimas perceberem seus parceiros, maridos, pais, filhos,
irmãos, como homens criminosos, apesar de eles terem infringido as leis da civilidade
humana. A percepção da situação delituosa é tão marcante, que é comum a mulher
que denuncia buscar uma série de qualificativos para os seus agressores: “ele é um
bom filho”; “um homem muito trabalhador”; “quando ele não bebe, é um bom marido”.
Percorrendo a literatura sobre violência contra a mulher, encontra-se, quase
que em unanimidade, o registro de que a mulher silencia por longo período até falar
sobre a violência - o que se pode supor pela responsabilidade de preservação da
família socialmente a ela atribuída; pela dependência emocional/financeira; por tratar-
se de uma relação afetiva com as implicações que lhe são peculiares. Esse drama não
faz distinção entre barracos e mansões – nestas, certamente, o grito será cada vez
mais abafado, tanto maior o nível socioeconômico da vítima. Em termos gerais a
violência doméstica praticada contra a mulher é um tipo de violência invisível. Por
medo, vergonha, baixa autoestima, dependência emocional ou material, os casos de
violência não são notificados aos serviços de apoio, o que os torna um fenômeno difícil
de ser quantificado, conhecido, analisado e tratado.
A denúncia caracteriza-se pelo rompimento do silêncio e pelo ato de tornar
público a situação vivida no âmbito privado, mas não implica, necessária e
imediatamente, no rompimento da situação violenta. Situação que é reforçada pelo
baixo número de inquéritos policiais instaurados, uma vez que grande parte das
mulheres ao registrar queixa na Delegacia da Mulher, não têm intenção de punir os
acusados ou desistem desse intento no decorrer do processo, fato explicitado nos
dados relativos ao total de ocorrências e seus encaminhamentos na Delegacia da
Mulher no período de 2009 e 2010:
Tabela 1.13 - Encaminhamento das ocorrências da DEAM de Itabuna (2009-2010)
2009 2010
Ocorrências Registradas 1.794 1.746
Inquéritos Instaurados 352 174
Inquéritos Remetidos 172 122
Fonte: Delegacia Especial de Atendimento à Mulher - DEAM.
113
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Listam-se entre os principais motivos de não encaminhamentos de ocorrências:
O significativo número de casos encaixado como preservação de direitos, pois
não representam nenhum crime específico, a exemplo de mulheres que querem
se separar e são aconselhadas a ir à Delegacia da Mulher para justificar seu
procedimento e, assim, impedir que o cônjuge as acuse de algo que não é
verdade;
Averiguações, denúncias que não se encaixam em nenhuma categoria, muitas
vezes, solicitações das mulheres para que haja uma conversa com o marido ou
relatos incoerentes a serem averiguados;
Ocorrências que dependem de manifestação das partes para continuar, ou
seja, necessitam do depoimento das pessoas citadas, ou de que a autora da
queixa dê continuidade, voltando à delegacia quando solicitada;
Embora seja crime, a violência doméstica praticada contra a mulher exige uma
articulação interinstitucional, envolvendo diferentes áreas, como saúde, educação,
assistência, social, segurança e comunidade para o seu correto encaminhamento e
tratamento. Muitas vezes uma intervenção social e psicológica pode ser mais efetiva
do que uma intervenção policial. O fundamental é saber identificar os casos de
violência, saber como acolher e para onde encaminhar e haver uma rede sólida de
serviços. Por isso, o governo municipal tem plena governabilidade para implantar
ações e serviços para prevenção e tratamento da violência doméstica, por meio das
suas áreas de saúde, educação, assistência social e assistência judiciária.
Parte 2
Conclusões
115
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
3. Conclusões
Este trabalho buscou contribuir para a compreensão de alguns aspectos
essenciais da dinâmica da violência e criminalidade no município de Itabuna. Assim,
as conclusões do presente estudo foram organizadas em tópicos que sintetizam, de
modo temático, as reflexões e principais análises produzidas diante dos resultados
alcançados.
Aspectos gerais da violência e criminalidade em Itabuna
Conforme apontaram os estudos deste diagnóstico, a transformação da
criminalidade no município de Itabuna se deu junto às rápidas transformações urbanas
e socioeconômicas processadas no recorte temporal compreendido entre as três
últimas décadas (1980-2010). Já o seu aprofundamento só ficou evidente a partir dos
anos iniciais do século XXI, com destaque para o expressivo crescimento do número
de homicídios verificados em um curto espaço de tempo.
A constatação da trajetória ascendente desse tipo de crime nos últimos 30
anos no município, é inegável. Ao longo deste período, a taxa de mortalidade por
homicídio oscilou do mínimo de 20,8 em 1982 ao máximo de 111,3 em 2009 por 100
mil habitantes. Itabuna é hoje, o 1º município mais violento em relação à mortalidade
por homicídio entre os municípios com população entre 100 e 250 mil habitantes na
Bahia (os dados são referentes ao período de 2007 a 2010)23. Quando considerado os
volumes de dados de homicídio da capital Salvador, Feira de Santana e Vitória da
Conquista, Itabuna passa a figurar na 4ª posição desse ranking.
Segundo os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do
Ministério da Saúde, a maior parte dos homicídios concentra-se na população
masculina24 incluída nas faixas etárias de 15-19 e 20-29 anos, pardos ou negros, com
baixa escolaridade, proveniente de estratos sociais inferiores, no desempenho de
atividades que demandam pouca qualificação e baixa remuneração. Os dados
também apontam para uma maior concentração de homicídios à noite (entre 18h e
23h59mim) e aos finais de semana.
23
De acordo com o Ministério da Saúde, entre os anos de 2007 e 2010 foram registrados em Itabuna o total de 805 homicídios, número bem acima daquele divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, exatamente 564 homicídios.
24 O risco de ser vítima de homicídio é até 12 vezes maior entre homens do que entre as mulheres.
116
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Os dados do Ministério da Saúde revelaram ainda, que as agressões
envolvendo disparo de arma de fogo respondem por mais de 70% dos homicídios.
Conforme informações da SSP/BA, aproximadamente 196 armas são apreendidas por
ano em Itabuna (a segunda maior média/ano de apreensões do interior da Bahia, atrás
apenas de Feira de Santana), número que pode ser interpretado como evidência da
grande disponibilidade de armas no município.
Entre os fatores determinantes relacionados ao crescimento da criminalidade
violenta em Itabuna listam-se: a) a estrutura social e a desigualdade evidenciadas por
meio de taxas de desemprego, baixa renda e analfabetismo; o difícil acesso aos
serviços públicos, tais como hospitais, escolas, e justiça; as precárias condições de
vida e a alta densidade domiciliar encontrada nas periferias do município e; b) o
crescimento dos mercados ilícitos de drogas e armas, além da ampliação das redes de
organizações criminosas.
Do total de 2.433 registros de roubo a transeunte em Itabuna nos três anos
pesquisados, apenas seis bairros somaram mais de 60% desses casos. Somente o
Centro comportou 854 ocorrências, correspondendo a 35,1% das incidências de todo
o município. Em segundo lugar ficou o bairro Fátima, com 166 ocorrências, ou 6,8% do
total, em terceiro lugar ficou o São Caetano, com 160 ocorrências, ou 6,6% do total, e
na sequência aparecem Pontalzinho 6,3%, Santo Antônio 5,6% e Conceição 4%.
Muito embora o Centro não possua uma população residente numerosa, este bairro
abrange uma volumosa população flutuante ou seja, pessoas que não moram no
bairro mas nele estão presentes durante algumas horas do dia por motivos vários,
como trabalho, comércio, serviços bancários, etc. Ele também abarca um imenso fluxo
de pessoas não estritamente locais, pois trata-se de uma área onde se concentram
agências bancárias, lojas, casas lotéricas, restaurantes, hotéis, terminal rodoviário e
por esse mesmo motivo, exige a presença ostensiva da Polícia Militar e da Guarda
Civil Municipal visando coibir furtos e roubos.
Não se deve concluir com isso que esse seja necessariamente o crime de
maior repercussão em Itabuna, mas apenas considerar o fato de que a maior parte
das solicitações feitas à polícia são direcionadas para este tipo de crime.
Do total de 204 registros de roubo a ônibus urbano em Itabuna nos três anos
pesquisados, apenas oito bairros somaram mais de 39% desses casos. Somente os
bairros São Pedro e Nova Itabuna responderam cada um por 23 ocorrências,
correspondendo a 11,27% das incidências de todo o município. Em segundo lugar,
ficou o bairro Jorge Amado com 22 ocorrências, ou 10,7% do total. Em terceiro lugar
117
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
ficou o Nova Califórnia com 18 ocorrências, ou 8,8% do total e na sequência aparecem
Ferradas e Centro com 5,8%, Santo Antônio e Urbis VI com 4,9%. Como se verifica,
muitos dos bairros que apresentam alta incidência de roubos a ônibus urbano estão
situados em áreas da periferia de Itabuna, locais que muitas vezes potencializam a
ação dos assaltantes visto que nas suas ruas há carência de iluminação e
pavimentação. Os assaltos nos fins de linha, são feitos por grupos que jovens
(quadrilhas) que controlam territórios nos bairros populares e este domínio é estendido
aos ônibus que por ali circulam.
A visita ao CREAS, CRAS e Delegacia Especial de Atendimento à Mulher,
revelou que um dos principais problemas da cidade está relacionado ao abuso do
álcool e à violência doméstica, contra mulheres, crianças e adolescentes. Esses
problemas aparecem principalmente nos bairros da periferia e na zona rural de
Itabuna, o que fazem por merecer uma atenção especial.
No município ainda são poucos os programas voltados diretamente para o
atendimento de dependentes químicos e para a prevenção à violência doméstica e
são poucos os dados que respaldam o tipo de trabalho preventivo que vem sendo
conduzido.
Os bairros ou zonas críticas
A elevada densidade populacional agregada aos limites de uma pequena área
urbana torna passível a cidade aproximar uma série de problemas socioespaciais em
seu território (a criminalidade violenta ligada ao tráfico de drogas é mais um desses
problemas). Assim podemos dividir em três grandes áreas ou territórios, os bairros
cuja presença do tráfico de drogas e do conflito entre grupos rivais que resultam em
homicídios são mais expressivos: o primeiro território é formado pelos bairros Santo
Antônio, Novo Horizonte e São Lourenço (Zona Noroeste); o segundo agrega os
bairros Califórnia, Nova Califórnia, Santa Inês (Zona Norte) e Fátima (Zona Nordeste);
o terceiro e também maior território é composto por São Caetano, Sarinha, Gogó da
Ema (Zona Sul), Pedro Jerônimo, São Pedro, Maria Pinheiro, Daniel Gomes, Fonseca
e Zizo (Zona Sudeste).
118
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Alguns desses bairros listados acima estão adensados por grandes favelas,
nas quais as casas de alvenaria misturam-se a barracos construídos nas encostas dos
morros de topografia inadequada à sua ocupação, mas que se constituem áreas
extraordinariamente vantajosas para a instalação do comércio de drogas, haja vista a
dificuldade criada para incursões da polícia. As áreas de favelas são locais de grande
vulnerabilidade social e nelas podemos observar não apenas a incidência de
homicídios, mas também outros crimes que atentam diretamente contra a integridade
física da pessoa como a violência doméstica e os crimes de abuso sexual.
Ao longo da pesquisa, foi possível verificar que a Prefeitura tem buscado
urbanizar algumas áreas carentes de infraestrutura na cidade e, ao mesmo tempo,
montar uma rede de atendimento envolvendo as áreas de saúde e assistência social
com o intuito de apoiar a população vulnerável nessas localidades. No entanto, a
existência dessas ações pontuais não autoriza a enxergar em Itabuna enormes
avanços em matéria de desenvolvimento socioespacial.
Entre os problemas diagnosticados como mais corriqueiros nas áreas rurais de
Itabuna contam-se, além das brigas em bares, a violência sexual e a violência
doméstica.
O roubo a transeunte ocorre geralmente no entorno das ruas comercias do
Centro tradicional da cidade - representado também pela Av. Amélia Amado e Centro
Comercial - e em bairros como o Fátima, o São Caetano, o Pontalzinho, o Santo
Antônio e o Conceição. Entre as áreas nobres destacam-se o Jardim Vitória, o
Zildolândia, o Castália e o Góes Calmon etc. A prevenção desses crimes pode
beneficiar-se desta alta concentração, por meio da definição de algumas políticas
pontuais nos locais críticos, como por exemplo, o uso de vigilância eletrônica (câmeras
e sistemas de alarme), o patrulhamento a pé e o policiamento motociclístico realizado
pela Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal.
Os roubos a ônibus urbano são mais frequentes nas áreas da periferia de
Itabuna, em bairros como o São Pedro, o Nova Itabuna, o Jorge Amado e o Nova
Califórnia, locais que muitas vezes potencializam a ação dos assaltantes, à medida em
que suas ruas são carentes de iluminação e pavimentação.
119
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Relação drogas e homicídios
O uso e o tráfico de drogas constituem um grande problema para Itabuna, tanto
da perspectiva da população como dos profissionais da área da segurança. No âmbito
dos registros oficiais, as ocorrências de tráfico vêm aumentando significativamente.
Sem exceção, todos os atores entrevistados, desde responsáveis por entidades da
sociedade civil até representantes das Polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal,
identificaram como uma das principais causas de homicídio o tráfico e o consumo de
drogas. Segundo a percepção da população, tanto o uso como o tráfico estão
presentes em várias localidades, escolas inclusive, envolvendo adolescentes e jovens
e gerando insegurança aos moradores.
Em situações mais específicas, como no bairro Santo Antônio, sabe-se de
muitos casos de pessoas, principalmente jovens, que se iniciam no tráfico e terminam
se envolvendo em outras atividades criminosas, assassinatos ou sendo presos.
Informações da Polícia Militar também indicam esta associação, principalmente nas
regiões e bairros mais carentes, como no caso do Maria Pinheiro.
Todavia, nunca é demais ressaltar que as favelas e bairros pobres estão muito
longe de serem os únicos espaços que servem de suporte logístico para o tráfico de
drogas de varejo, pois para além dos exageros e estigmas preconceituosos, não
podemos perder de vista o papel dos espaços não-segregados, como apartamentos
de classe média, o comércio de drogas que acontece em boates, bares, instituições de
ensino e também no Centro da cidade. Outra observação não menos importante, é
que alguns bairros de Itabuna onde se verifica a existência do comércio de drogas,
localizam-se muitas vezes, perto ou encravados em bairros de classe média, o que
significa uma proximidade e facilidade a este mercado consumidor e explica a
rentabilidade que a venda de drogas adquire na cidade.
Articulação multissetorial e banco de dados
Em Itabuna são muitas as instituições que coletam informação sobre violência
e criminalidade, entre as quais destacam-se as instituições policiais e as instituições
de saúde que prestam atendimento às vítimas. Estas informações, quando coletadas
rotineiramente e de forma padronizada, constituem-se em fontes valiosas para o
planejamento estratégico e construção de ações conjuntas em matéria de segurança
120
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
pública. No entanto, a investigação da violência e criminalidade no município revelou
inúmeras falhas nos sistemas de coleta, processamento, análise e disponibilização
dessas informações, além da total ausência de articulação entre os diversos atores, e
o desconhecimento do trabalho recíproco. Assim, acreditamos que a tarefa de criação
de bancos de dados padronizados e integrados, tanto de ocorrências como de
programas, pode ser um passo importante de ação contra a violência e a criminalidade
em Itabuna.
Esta é contudo, uma tarefa delicada, pois envolve uma articulação
multissetorial de diferentes esferas do poder público e da sociedade civil. Para a
articulação desses atores, faz-se necessário a criação ou a efetivação de fóruns de
integração entre eles, a exemplo do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM),
que reúne as instituições de segurança pública e justiça criminal das três esferas de
governo e cuja missão é identificar oportunidades e alternativas de ações conjuntas
que reflitam diretamente na melhoria da segurança pública a partir da prevenção e
repressão ao crime e à violência.
A realização de um plano de segurança realmente eficaz, pode tanto partir
destes fóruns já existentes, aperfeiçoando-os, como criar novas formas instâncias de
deliberação sujeitas aos mesmos desafios. É necessário também apoiar novas
pesquisas na área, particularmente no que se refere às causas, consequências, custos
e indicadores de avaliação de políticas públicas.
121
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
Apontamentos
Sete apontamentos resultam da análise apresentada:
Apontamentos para um Plano Municipal de Segurança Pública
1. Desenvolver ações que promovam a redução do número de homicídios e dos
crimes contra o patrimônio
2. Criar e implementar políticas públicas inovadoras de prevenção da violência,
especialmente voltadas para a população jovem
3. Desenvolver estratégias para redução das desigualdades socioespaciais e
geração de emprego e renda
4. Promover ações de urbanização que aumentem a oferta de equipamentos
públicos nas áreas mais vulneráveis e violentas
5. Ampliar a conscientização sobre a importância e os benefícios da denúncia de
violência contra a mulher, alertando para os riscos da omissão e informando os
dispositivos existentes
6. Criar mecanismos para a implementação de ações integradas e multissetoriais
para a prevenção da violência incluindo-se aí, a efetivação do Gabinete de Gestão
Integrada Municipal - GGIM e do Conselho Comunitário de Segurança
7. Implementar o Sistema de Informações Criminais e criar por meio de convênio
técnico entre Guarda Civil Municipal, Polícia Militar e Polícia Civil, um Centro de
Coleta e Monitoramento de Informações Criminais Compartilhadas
122
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
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123
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
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124
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
espaços do medo à “psicoesfera” da civilidade, a premência de uma nova economia
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125
Diagnóstico da Violência e Criminalidade em Itabuna
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DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO. www.denatran.gov.br
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. www.ibge.gov.br
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. www.ipea.gov.br
MINISTÉRIO DA SAÚDE. www.saude.gov.br
SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DA BAHIA. www.ssp.ba.gov.br
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DA BAHIA.
www.sei.ba.gov.br
126
Anexos
***
127
População residente, por situação de domicílio, segundo os municípios da Microrregião Itabuna-Ilhéus - 2010
Fonte: Censo Demográfico 2010 (IBGE).
Município População residente
População Total Urbana Rural
Almadina 6.357 5.080 1.277
Arataca 10.392 5.588 4.804
Aurelino Leal 13.595 11.426 2.169
Barra do Rocha 6.313 3.806 2.507
Barro Preto 6.453 5.295 1.158
Belmonte 21.798 11.420 10.378
Buerarema 18.605 15.277 3.328
Camacan 31.472 24.685 6.787
Canavieiras 32.336 25.903 6.433
Coaraci 20.964 19.130 1.834
Firmino Alves 5.384 4.337 1.047
Floresta Azul 10.660 7.343 3.317
Gandu 30.336 24.848 5.488
Gongogi 8.357 5.358 2.999
Ibicaraí 24.272 17.885 6.387
Ibirapitanga 22.598 6.163 16.435
Ibirataia 18.943 15.742 3.201
Ilhéus 184.236 155.281 28.955
Ipiaú 44.390 40.384 4.006
Itabuna 204.667 199.643 5.024
Itacaré 24.318 13.642 10.676
Itagibá 15.193 9.572 5.621
Itaju do Colônia 7.309 5.860 1.449
Itajuípe 21.081 16.839 4.242
Itamari 7.903 5.839 2.064
Itapé 10.995 7.180 3.815
Itapebi 10.495 8.268 2.227
Itapitanga 10.207 7.591 2.616
Jussari 6.474 4.876 1.598
Mascote 14.640 11.679 2.961
Nova Ibiá 6.648 2.807 3.841
Pau Brasil 10.852 7.382 3.470
Santa Cruz da Vitória 6.673 5.076 1.597
Santa Luzia 13.344 8.072 5.272
São José da Vitória 5.715 5.162 553
Teolândia 14.836 5.068 9.768
Ubaitaba 20.691 17.598 3.093
Ubatã 25.004 17.951 7.053
Una 24.110 15.030 9.080
Uruçuca 19.837 15.779 4.058
Wenceslau Guimarães 22.189 7.511 14.678
TOTAL 1.020.642 803.376 217.266
Óbitos por acidentes de trânsito contabilizados para Itabuna, segundo o município de residência das vítimas (2006-2010)
Município de Residência Vítimas fatais de Acidentes de Trânsito
2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Aiquara - - - - 1 1
Almadina - - - 1 - 1
Arataca - - 2 2 - 4
Aurelino Leal - - - 1 1 2
Barra do Choça - 1 - - 1 2
Barra do Rocha 1 - - - - 1
Barro Preto - - - - 1 1
Buerarema 1 2 2 1 - 6
Camacan - - 1 1 1 3
Camamu - 4 1 2 3 10
Caravelas 1 - - - - 1
Coaraci 1 1 1 4 1 8
Eunápolis 1 1 - 1 - 3
Firmino Alves - - 1 - - 1
Floresta Azul 1 - - - - 1
Gandu - 1 - 1 - 2
Ibicaraí 2 1 - 1 - 4
Ibicuí - - 2 - - 2
Ibirapitanga - - 3 1 4 8
Ibirataia - - 1 - - 1
Igrapiúna - - - 1 - 1
Iguaí 1 1 2 - 1 4
Ilhéus - 1 - 2 2 5
Ipiaú 2 - - - 2 4
Itabela - 1 - - - 1
Itabuna 17 35 30 28 26 136
Itacaré - 1 1 - - 2
Itagi 1 - - - - 1
Itagibá - 1 - - - 1
Itagimirim - 1 - - - 1
Itajuípe 1 - 1 3 4 9
Itamaraju 2 - - 1 - 3
Itapé - - - 1 - 1
Itapetinga 1 2 4 2 1 10
Itapitanga - - 1 - 1 2
Itarantim - 1 - - - 1
Itororó 1 2 - - 1 4
Ituberá 1 - - - - 1
Jacobina - - - - 1 1
Jequié 1 - 1 - - 2
Jussari - - - 1 - 1
Livramento de Nossa Senhora 1 - - - - 1
128
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Maraú - - 1 - 2 3
Mascote - 1 1 1 - 3
Mucuri 1 - - - - 1
Nova Ibiá 1 - - - - 1
Nova Viçosa 1 - - - - 1
Pau Brasil 1 - - - - 1
Planaltino - - - 1 - 1
Poções - - - - 1 1
Porto Seguro 2 - 1 - 1 3
Potiraguá - - - 1 - 1
Salvador - 1 1 1 - 3
Santa Cruz Cabrália 1 - - - - 1
Santa Cruz da Vitória - - 1 - 1 2
Santa Luzia - 1 - - 1 2
São José da Vitória - - 1 1 - 2
Teixeira de Freitas 1 1 - - - 2
Teolândia 1 - - - - 1
Ubaitaba - - 3 1 1 5
Ubatã 1 1 - 1 1 4
Uruçuca - 1 1 - - 2
Valença - - 1 1 1 3
Vitória da Conquista - - - 1 - 1
Wenceslau Guimarães - - - 1 1 2
129
Óbitos por homicídio contabilizados para Itabuna, segundo o município de residência das vítimas (2006-2010)
Município de Residência Vítimas de Homicídio
2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Almadina - - 2 1 - 3
Arataca - - 1 - - 1
Aurelino Leal - 2 - - - 2
Buerarema - 2 1 1 1 5
Camacan - 1 2 4 1 8
Camamu 1 1 2 - - 4
Canavieiras - - - - 1 1
Coaraci 1 2 5 3 2 13
Eunápolis - - - 1 - 1
Firmino Alves - 1 1 - - 2
Floresta Azul 1 - - - - 1
Gandu 1 2 - 1 1 5
Gongogi 1 - - - - 1
Ibicaraí 3 3 4 3 1 17
Ibicuí - - 1 2 1 4
Ibirapitanga - - 1 - 2 3
Ibirataia - - 1 - - 1
Igrapiúna - - - 1 - 1
Iguaí 1 2 2 4 - 9
Ilhéus 1 4 5 9 4 23
Ipiaú 1 - - - - 1
Itabuna 105 125 143 178 163 714
Itacaré - - - 1 - 1
Itaju do Colônia - 1 1 - - 2
Itajuípe 3 1 4 2 4 14
Itamaraju - 1 - - - 1
Itapé - 1 - - 1 2
Itapebi 1 - - 1 - 2
Itapetinga 1 1 1 3 1 7
Itapitanga - - - - 3 3
Itororó 1 2 1 - 3 7
Ituberá - - 2 - 1 3
Jequié - - 1 - - 1
Macarani - - - - 1 1
Maiquinique - - - - 1 1
Maraú 2 - - 2 - 4
Mascote 1 1 1 - - 3
Município ignorado - BA 4 6 7 5 8 30
Nilo Peçanha - - 1 - - 1
Pau Brasil - 2 1 2 1 6
Salvador 1 - - - 1 2
Santa Cruz da Vitória 1 - 2 - - 3
130
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Santa Luzia - 2 2 1 - 5
São José da Vitória - 2 - - 3 5
Teolândia - - - 2 - 2
Ubaitaba 1 - 2 1 - 4
Ubatã - 1 1 - - 2
Uruçuca - 2 4 - - 6
Vitória da Conquista - 1 - - - 1
Wenceslau Guimarães 2 1 - - - 3
131
132
Resumo da Estatística de Homicídios em Itabuna (2006-2010)
Distribuição mensal
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Jan 10 17 23 17 22 95
Fev 7 12 18 18 22 84
Mar 10 19 13 26 27 97
Abr 12 11 18 16 21 79
Mai 19 10 11 23 22 86
Jun 19 18 22 18 23 100
Jul 4 13 9 19 12 58
Ago 9 8 18 17 12 67
Set 10 13 14 19 8 65
Out 13 7 19 20 9 70
Nov 9 10 15 21 15 72
Dez 12 17 13 13 12 66
Total 134 155 193 227 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Distribuição por dia da semana
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Seg 17 30 29 40 26 142
Ter 19 11 24 28 26 108
Qua 17 14 24 29 33 117
Qui 14 15 28 21 20 98
Sex 13 19 26 24 25 107
Sáb 26 32 25 38 30 151
Dom 28 49 46 48 45 216
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
133
Distribuição por faixa de hora
2006 2007 2008 2009 2010 Total
entre 00:00 e 05:59 26 41 38 51 53 209
entre 06:00 e 11:59 18 29 52 34 31 164
entre 12:00 e 17:59 23 33 44 53 39 192
entre 18:00 e 23:59 65 61 58 84 76 344
Ignorada 2 6 10 6 6 30
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Distribuição por local de ocorrência
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Hospital 45 59 52 66 70 292
Domicílio 9 13 14 27 13 76
Via pública 65 77 107 101 97 447
Outros 15 21 20 30 24 110
Ignorado - - 9 4 1 14
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Distribuição por causa básica
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Disparo de arma de fogo 105 127 150 187 168 737
Agressão por objeto cortante ou penetrante 16 22 22 20 13 93
Agressão por objeto contundente 11 10 24 14 12 71
Outras agressões 2 11 6 7 12 38
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
134
Distribuição por município de residência
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Itabuna 105 125 143 178 163 714
Outro 25 39 52 45 34 195
Ignorado 4 6 7 5 8 30
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Distribuição por sexo
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Masculino 122 158 185 210 191 866
Feminino 12 11 11 17 13 64
Ignorado - 1 6 1 1 9
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Distribuição por raça/cor
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Negros 15 18 19 27 21 100
Brancos 1 4 7 7 6 25
Pardos 116 135 163 190 174 778
Ignorada 2 13 13 4 4 36
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
135
Distribuição por faixa etária
2006 2007 2008 2009 2010 Total
0 a 14 - 3 10 5 4 22
15 a 19 24 32 32 43 51 182
20 a 29 61 72 90 106 84 413
30 a 39 26 34 35 34 27 156
40 a 49 10 15 17 18 20 80
50 a 59 7 3 5 9 7 31
60 a 69 1 4 2 4 1 12
Acima de 70 1 5 3 3 3 15
Ignorada 4 2 8 6 8 28
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
Distribuição por escolaridade
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Nenhuma 18 28 24 15 11 96
1 a 3 anos 78 82 88 60 97 405
4 a 7 anos 16 31 56 107 61 271
8 a 11 anos 4 8 20 27 19 78
12 ou mais 3 - - 2 3 8
Ignorada 15 21 14 17 14 81
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
136
Distribuição por estado civil
2006 2007 2008 2009 2010 Total
Solteiro 116 147 186 206 190 845
Casado 5 4 5 12 4 30
Viúvo 2 3 - - 1 6
Separado judicialmente 3 2 - 2 - 7
Ignorado 8 14 11 8 10 51
Total 134 170 202 228 205 939
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)/Ministério da Saúde, Brasil.
137
Total de ocorrências policiais registradas pela 6ª COORPIN de Itabuna, divulgado pela Secretária de Segurança Pública do Estado Bahia (2007-2010)
REGISTROS DE OCORRÊNCIAS 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Homicídio Doloso 125 128 162 149 564
Tentativa de Homicídio 56 57 72 89 274
Estupro 13 21 14 23 71
Roubo Seguido de Morte 7 5 4 5 21
Roubo a Ônibus Urbano 72 67 75 48 262
Furto de Veículo 71 51 64 43 229
Roubo de Veículo 42 49 87 168 346
Usuário de Drogas 90 80 104 103 377
Veículos Recuperados 88 46 64 85 283
Pessoas Autuadas em Flagrante 507 689 759 680 2 635
Apreensão de Arma de Fogo 157 211 246 173 787
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
Total de ocorrências policiais registradas pela 6ª COORPIN de Itabuna em 2009
REGISTROS DE OCORRÊNCIAS 2009
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Homicídio Doloso 11 8 20 14 18 13 16 14 13 10 17 8
Tentativa de Homicídio 4 11 6 7 5 6 10 6 4 3 2 8
Estupro - 1 2 - - 1 4 - 1 3 1 1
Roubo Seguido de Morte - - - 1 - - 1 - - 1 - 1
Roubo a Ônibus Urbano 11 22 7 4 4 2 12 2 7 1 1 2
Furto de Veículo 8 5 6 3 1 6 6 14 5 2 6 2
Roubo de Veículo 2 8 5 5 5 5 8 12 8 8 9 12
Usuário de Drogas 8 4 10 7 14 7 3 10 8 21 5 7
Veículos Recuperados 3 3 4 4 6 6 6 10 4 5 5 8
Pessoas Autuadas em Flagrante 58 47 61 52 53 61 63 48 55 65 130 66
Apreensão de Arma de Fogo 20 15 21 17 19 17 13 18 19 44 21 22
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
138
Total de ocorrências policiais registradas pela 6ª COORPIN de Itabuna em 2010
REGISTROS DE OCORRÊNCIAS 2010
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Homicídio Doloso 9 14 22 17 20 18 8 10 5 7 10 9
Tentativa de Homicídio 6 5 7 11 11 6 4 3 10 9 7 10
Estupro 8 3 2 1 2 - 4 1 - - 1 1
Roubo Seguido de Morte - - 1 - 1 - - 1 - - 2 -
Roubo a Ônibus Urbano - - 4 - 1 7 5 7 1 10 6 7
Furto de Veículo 6 2 7 6 2 6 3 3 2 1 5 -
Roubo de Veículo 10 3 10 16 8 18 10 13 12 25 15 28
Usuário de Drogas 9 14 4 6 7 9 4 13 10 10 11 6
Veículos Recuperados 8 7 6 - 8 3 8 3 - 14 10 18
Pessoas Autuadas em Flagrante 123 32 47 69 53 30 58 46 50 48 55 69
Apreensão de Arma de Fogo 20 12 17 13 27 21 12 14 5 11 5 16
Fonte: CEDEP - Centro de Documentação e Estatística Policial da SSP/BA.
139
15 maiores frotas de veículos do Estado da Bahia - 2011
Fonte: Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN; Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN*.
Relação Habitantes por Veículo - 2011
Município População total Veículos Habitantes p/ veículo
Salvador* 2 675 656 694 309 3,8 habitantes por veículo
Feira de Santana 556 642 189 364 2,9 habitantes por veículo
Vitória da Conquista 306 866 90 015 3,4 habitantes por veículo
Juazeiro 197 965 66 469 2,9 habitantes por veículo
Itabuna 204 667 58 406 3,5 habitantes por veículo
Camaçari 242 970 57 030 4,2 habitantes por veículo
Barreiras 137 427 52 769 2,6 habitantes por veículo
Lauro de Freitas 163 449 51 375 3,1 habitantes por veículo
Jequié 151 885 43 152 3,5 habitantes por veículo
Teixeira de Freitas 138 341 41 227 3,3 habitantes por veículo
Paulo Afonso 108 396 39 595 2,7 habitantes por veículo
Santo Antônio de Jesus 90 985 34 006 2,6 habitantes por veículo
Guanambi 78 833 30 744 8,8 habitantes por veículo
Eunápolis 100 196 29 686 2,5 habitantes por veículo
Ilhéus 184 236 28 685 6,4 habitantes por veículo
Fonte: Censo Demográfico 2010 (IBGE); Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN; Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN*.
Município Frota
Total Auto Camioneta Caminhão Ônibus Microônibus Moto Outros
Salvador* 694 309 483 488 28 476 18 468 7 432 3 590 87 891 64 962
Feira de Santana 189 364 86 379 17 454 10 091 1 236 1 047 55 468 17 689
Vitória da Conquista 90 015 41 619 11 091 4 628 1 189 629 24 589 6 270
Juazeiro 66 469 24 366 7 759 3 163 885 882 25 589 3 825
Itabuna 58 406 28 540 6 089 2 185 809 72 16 573 4 138
Camaçari 57 030 27 204 5 104 3 387 1 312 430 14 038 5 555
Barreiras 52 769 18 756 6 915 3 109 381 115 17 197 6 296
Lauro de Freitas 51 375 30 389 6 937 2439 673 454 7 631 2 852
Jequié 43 152 15 364 3 977 1 817 384 86 17 808 3 716
Teixeira de Freitas 41 227 15 159 4 220 1 854 333 90 14 256 5 315
Paulo Afonso 39 595 18 409 3 274 1 023 336 301 13 243 3 009
Santo A. de Jesus 34 006 14 051 3 136 2 108 173 210 12 028 2 300
Guanambi 30 744 8 868 3 744 1 289 156 74 14 481 2 132
Eunápolis 29 686 10 379 2 932 1 418 340 100 11 081 3 436
Ilhéus 28 685 16 098 3 445 836 342 159 6 401 1 404
140
Relação Habitantes por Automóvel - 2011
Município População total Automóveis Habitantes p/ automóvel
Salvador* 2 675 656 483 488 5,5 habitantes por automóvel
Feira de Santana 556 642 86 379 6,4 habitantes por automóvel
Vitória da Conquista 306 866 41 619 7,3 habitantes por automóvel
Juazeiro 197 965 24 366 8,1 habitantes por automóvel
Itabuna 204 667 28 540 7,1 habitantes por automóvel
Camaçari 242 970 27 204 8,9 habitantes por automóvel
Barreiras 137 427 18 756 7,3 habitantes por automóvel
Lauro de Freitas 163 449 30 389 5,3 habitantes por automóvel
Jequié 151 885 15 364 9,8 habitantes por automóvel
Teixeira de Freitas 138 341 15 159 9,1 habitantes por automóvel
Paulo Afonso 108 396 18 409 5,8 habitantes por automóvel
Santo Antônio de Jesus 90 985 14 051 6,4 habitantes por automóvel
Guanambi 78 833 8 868 8,8 habitantes por automóvel
Eunápolis 100 196 10 379 9,6 habitantes por automóvel
Ilhéus 184 236 16 098 11,4 habitantes por automóvel
Fonte: Censo Demográfico 2010 (IBGE); Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN; Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN*.
Sobre o autor
Alan Azevedo Pereira dos Santos é baiano natural de Itabuna, Licenciado em
Geografia pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. Atualmente, trabalha
como Pesquisador no Instituto - PROSEM. Desde 2010 participa de pesquisas
sobre a criminalidade e a violência nas cidades da Bahia, entre as suas
publicações mais recentes estão os Diagnósticos da Violência e Criminalidade dos
Municípios de Eunápolis, Ilhéus e Itabuna.
E-mail: alansantos_18@hotmail.com
O Instituto - PROSEM é uma organização da sociedade civil
sem fins lucrativos que desenvolve pesquisas, projetos e ações
com foco na Segurança Pública Municipal. Seu princípio
metodológico baseia-se no estímulo ao trabalho em rede,
entendendo que essa é a melhor forma de formular, implantar e
difundir políticas de segurança que possam servir como
referência para a formulação de ações massivas, abrangentes
e sustentáveis com continuidade no tempo.
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