DIREITO DO TRABALHO - Faculdade Legale · “inclusão e exclusão”, “silogismo”(Premissa...

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DIREITO DO TRABALHO

Prof. Antero Arantes Martins

“On line” – Aula 3

• INTERPRETAÇÃO DA NORMA

JURÍDICA

Introdução.

• A norma jurídica, como produto cultural (e não natural), demandauma análise na busca de seu significado.

• Tal como acontece com desenhos, quadros, esculturas, tambémacontece com os textos escritos. As palavras são símbolos que,reunidos, formam um resultado cujo significado precisa serdescoberto.

• E porque deve conter elevado grau de generalidade, a fim dealcançar múltiplas relações sociais, as normas jurídicas demandama necessidade de fixação de seu conteúdo.

• Para isto é necessário, inicialmente, fixar as regras gerais queorientarão esta atividade. Estas regras gerais são os postuladoshermenêuticos.

• Os postulados hermenêuticos constitucionais tem por finalidadeorientar a interpretação da norma jurídica infraconstitucional à luzda Constituição Federal.

Introdução.

• A atividade do intérprete é uma atividade humana, posto que aprópria ciência jurídica é humana e não exata.

• A interpretação não é, portanto, algo exato que produz sempre omesmo resultado.

• A própria escolha dos postulados hermenêuticos e a priorização do(s) método (s) de interpretação é subjetiva, ou seja, não pode serdissociada do sujeito que realiza a interpretação, sua história devida, seus valores e sua visão de mundo.

• No Brasil há uma tendência a dizer que a interpretação deve serobjetiva, matemática, posto que o direito é a norma e a norma éexata.

• Esta é uma equivocada visão da teoria pura do direito de Kelsen,pois o próprio autor admitia que, embora direito fosse norma, ainterpretação da norma depende das escolhas aqui mencionadas.

• A própria afirmação no sentido de que não se pode atribuir valor ànorma já é, em si mesma, uma escolha.

Introdução.

• O objetivo desta introdução é mostrar que a Lei não éinexorável e nem tem sentido único.

• Como produto cultural, a lei não pode alterar a natureza dascoisas.

• A Lei não pode ter significado diverso das verdades (ouassertivas) que fundamentam a própria ciência jurídica(Princípios gerais do direito) e nem o ramo específico ondeserá aplicada (Princípios específicos do direito do trabalho).

• Ademais, deve ser interpretada à luz dos preceitosconstitucionais que delimitam o poder de atuação dolegislador ordinário.

• Conceito: Interpretar a norma é atribuir-lhe umsignificado, medindo-lhe a exata extensão e apossibilidade de sua aplicação no caso concreto.

• Consiste em buscar a razão de ser da norma, no sentidode existência, da sua utilidade social, no seu caráter dejustiça.

• Fundamental para que o operador do direito não setransforme em mero “leitor” da norma.

Interpretação da norma jurídica. Classificações.

• Quanto ao intérprete;

– Autêntica;

– Doutrinária;

– Jurisprudencial;

• Quanto à forma;

– Gramatical;

– Lógico;

– Sistemático;

– Teleológico;

– Histórico-evolutivo;

• Quanto ao efeito;

– Declarativa;

– Extensiva;

– Restritiva

Interpretação da norma jurídica. Intérprete.

• Autêntica: Consiste na interpretação danorma feita pelo próprio legislador. Éencontrada, comumente na própria lei, naexposição de motivos da Lei, nos anais dacasa legislativa que registram os debatespolíticos sobre a norma e em outras leis quea ela se referem.

Interpretação da norma jurídica. Intérprete.

• Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondenteà relação de emprego.

• Itens 44 a 46 da exposição de motivos:

– “44. ...o deliberado propósito de se reconhecer a correspondência eequivalência entre a ‘relação de emprego’ e o ‘contrato de trabalho’, para osefeitos da legislação social, ...

– 45. ... Admitido, como fundamento de contrato, o acordo tácito, é lógico quea ‘relação de emprego’ constitui o ato jurídico suficiente para provocar aobjetivação das medidas tutelares ...

– 46. O conceito firmado na consolidação é tanto mais justo e relevantequanto é o que se evidencia em face de contratos formalmente nulos ousubstancialmente contrários à ordem pública dos preceitos da legislação deproteção”

Interpretação da norma jurídica. Intérprete.

• Art. 2º, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cadauma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção,controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial,comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para osefeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresaprincipal e cada uma das subordinadas.

– Há solidariedade ativa e passiva ou apenas passiva?

– Item 52 da exposição de motivos: “... Inseriu adefinição de empregador, que integra o conceitodefinitivo da relação de emprego, acompanhando-a danoção legal de empregadora única dada pela Lei 435de 17/05/1937...”

Interpretação da norma jurídica. Intérprete.

• Doutrinária: Consiste na interpretação danorma feita pela “opinio juris”, que decorreda pesquisa científica, sem o compromissode solucionar uma hipótese concreta.

Interpretação da norma jurídica. Intérprete.

• Art. 2º, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada umadelas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ouadministração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualqueroutra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

– Há solidariedade ativa e passiva ou apenas passiva?

– “A revogada Lei 435, de 17 de maio de 1937 dispunha que (...).No parágrafo único a mesma lei dispunha que ‘..., a não serpara o fim único de se considerarem todas elas com um mesmoempregador’. Neste ponto a lei fixava a solidariedade ativa.

– Este parágrafo que estabelecia a solidariedade ativa foirevogado. A CLT (art. 2, § 2º) manteve (...) a solidaridadepassiva.

– Discutível é a concepção do grupo econômico comoempregador único, afirmada por parte da doutrina mas aindasem base legal”

– (Nascimento, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho –Saraiva – 23ª Edição, p. 687)

Interpretação da norma jurídica. Intérprete.

• Jurisprudencial: Realizada pelos Tribunais(envolve todos os profissionais da áreajurídica, ou seja, os advogados, o MinistérioPúblico e os Magistrados). Nascerá ajurisprudência baseada na fundamentação decada um destes profissionais. Tem porobjetivo a solução de hipóteses concretas

Interpretação da norma jurídica. Intérprete.

• Art. 2º, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada umadelas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ouadministração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualqueroutra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego,solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

– Há solidariedade ativa e passiva ou apenaspassiva?

– Nº 129 CONTRATO DE TRABALHO. GRUPOECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e21.11.2003

– A prestação de serviços a mais de uma empresa domesmo grupo econômico, durante a mesma jornada detrabalho, não caracteriza a coexistência de mais de umcontrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Gramatical: o método é o básico, mera análise sintáticada construção gramatical.

• A norma jurídica é uma figura de linguagem com sujeitosinterlocutores e objeto.

– Interlocutor ativo: Emissor da norma.

– Interlocutor passivo: Destinatário da norma.

– Objeto: Conteúdo da norma.

• Consiste na verificação da construção gramatical eanálise sintática do texto.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diáriase quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horáriose a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva detrabalho

• O acordo também deve ser coletivo ou pode serindividual?

– Pode ser individual. Se o adjetivo “coletiva” sereferisse também ao sujeito “acordo”, então teria queser colocado no plural e no masculino: “coletivos”

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Ocorre que nem sempre o legislador prima pela boatécnica redacional.

• Assim, a mera interpretação gramatical nos leva adilemas insuperáveis para determinar o exato alcance danorma jurídica.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência,para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerandotransferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio .

• “Domicílio”: O lugar onde o cidadão tem a suaresidência permanente.

• Dilema:– Se não transfere o domicílio, não é transferência

segundo o “caput” supra transcrito.

– Se transfere o domicílio a transferência é definitiva e nãotem direito ao adicional do parágrafo terceiro do mesmoartigo.

– Quanto o adicional será devido?

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 495 - Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica oempregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direitono período da suspensão.

• Reintegração pressupõe o retorno ao posto de trabalho com opagamento dos salários e demais vantagens contratuais desde ailegal dispensa. Retorno ao “status quo”.

• Readmissão considera o período entre a dispensa e o retorno comosuspensão do contrato de trabalho.

• É readmissão ou reintegração?

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Evidente que o exame gramatical do textonormativo é o primeiro passo para o trabalho deinterpretar.

• Claro está, porém, que a busca do sentido exatoda norma não passa pelo mero exame gramaticaldo texto normativo, sendo necessárias outrastécnicas de hermenêutica.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Lógica: Consiste no uso do raciocínio indutivo e dedutivo,através de proposições lógicas, como, por exemplo, “se, então”,“inclusão e exclusão”, “silogismo” (Premissa maior, premissamenor e conclusão).

• É algo que fazemos inconscientemente, porque a mente rejeitaconclusões que sejam logicamente contrárias entre si.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestarserviços de natureza não eventual a empregador, sob adependência deste e mediante salário. (Premissa maior)

• João é pessoa física que trabalha de forma subordinada aempregador de forma não eventual, pessoal e mediante salário(premissa menor).

• Logo, João é empregado (conclusão).

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Nº 331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE

• I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-seo vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalhotemporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).

• ...

• III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços devigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem comoa de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde queinexistente a pessoalidade e a subordinação direta.

• Quando forma vínculo de emprego com o tomador deserviços conforme previsão do inciso I?

• Quando for em atividade-fim, porque não forma ematividade-meio (exclusão).

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços denatureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediantesalário.

• Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos osefeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador,como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.

• Se gorjeta não se confunde com salário, sendoespécie diversa de remuneração. (Art. 457).

• Se o contrato de trabalho tem como elemento deonerosidade o salário e não a remuneração (art.3º)

• Então, a gorjeta não compõe o elemento deonerosidade do contrato de trabalho.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Sistemática: Consiste na análise da norma em face à suaposição dentro do sistema jurídico como um todo e, ainda, buscaro sentido do dispositivo onde está inserido. O parágrafo guardarelação com o “caput” do artigo, o artigo, com a seção, a seçãocom o Título, o Título com o Livro e o Livro com o Código.

• Um dispositivo de Lei não pode ser examinado sem o seureferencial, sob pena de perder (o intérprete), a noção da estruturaorganizacional do ordenamento jurídico.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• CF: Art. 7º, XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de

trabalho;

• A leitura isolada deste inciso pode fazer crer ao intérpreteque devem ser reconhecidas todas as convençõescoletivas e todos os acordos coletivos de trabalho.Façamos a leitura com o “caput”.

• CF: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros quevisem à melhoria de sua condição social:

• ...

• XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

• Percebe-se que o reconhecimento das Convenções eAcordos Coletivos é um direito dos trabalhadores e nãodos empregadores e quando visem a melhoria de suacondição social.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• CLT: Art. 651 § 3º- Em se tratando de empregador que promova realização deatividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregadoapresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dosrespectivos serviços.

• A Leitura deste dispositivo isoladamente pode fazer crer que todavez que o empregado realizar trabalho em localidade diversa docontrato tem este o direito de optar por interpor a ação no local daprestação de serviços ou no local de trabalho. Vamos ler o art. 651,§ 3º em conjunto com o seu “caput”.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinadapela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços aoempregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

• § 3º- Em se tratando de empregador que promova realização de atividades forado lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentarreclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dosrespectivos serviços.

• Vê-se, portanto, que a regra é no sentido de que areclamação será proposta no local da prestação deserviços mesmo que tenha sido contratado em outrolocal. Como interpretar o § 3º em relação ao “caput”?

• A opção ocorre apenas quando o empregador promoveratividades fora do seu local, ou seja, ao empregadoritinerante. (Circo, por exemplo).

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Teleológica: Também chamada de finalística, consisteem buscar a “mens legis” da norma e protege três sentidos básicos

– “ratio leges” - razão da lei

– “vis leges” - sentido da lei

– “ocasio leges” - época da lei.

• O art. 5º da L.I.N.D.B. determina ao intérprete que se faça aseguinte pergunta: Por que a norma existe?

• Art. 5° - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e àsexigências do bem comum.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:

• II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:

• b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

• Para qual razão existe tal norma?

• A mim parece que a norma surgiu para evitar a dispensadiscriminatória, ou seja, dolosa, aquela em que o empregador, aoter confirmada a gestação, dispensa a empregada para “livrar-se doproblema”.

• Daí a expressão “confirmação”.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aosprincípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,também, ao seguinte:

• II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia emconcurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e acomplexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas asnomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação eexoneração;

• A quem esta norma protege?

• A mim protege a sociedade e não a administraçãopública. Aliás, protege a sociedade daadministração pública, preservando o Princípio daImpessoalidade

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Histórica-evolutiva: O sistema histórico-evolutivo, parte dapremissa de que a norma tem vida própria, tem força expansiva,pelo qual é possível ao interprete atribuir-lhe um sentido novo, deacordo com a sociedade atual, no momento da aplicação da norma.

• Consiste em analisar qual era a sociedade ao tempo em que anorma foi promulgada e verificar se tais condições continuam asmesmas ou foram alteradas.

• Fundamental na aplicação da teoria tridimensional de MiguelReale (Fato-valor-norma), ou seja, verificar se o fato ainda existee, em caso afirmativo, qual é o seu valor atual.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:

• f) embriaguez habitual ou em serviço;

• A interpretação meramente gramatical nos leva àconclusão que a expressão “ou”, que é disjuntiva,permite a dispensa por justa causa do empregado que éébrio contumaz mesmo fora do serviço.

• Historicamente a embriaguez habitual era vista comodesvio de caráter.

• Atualmente, sabe-se, é doença.

• Ninguém pode ser dispensado, e muito menos por justacausa, porque é doente.

Interpretação da norma jurídica. Forma.

• CF: Art. 7º, IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capazde atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdênciasocial, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendovedada sua vinculação para qualquer fim;

• A interpretação gramatical da parte em destaque (a que, aliás, foifeita pelo STF na Súmula vinculante nº 04) nos leva à conclusãode que nenhum benefício pode ser calculado sobre o saláriomínimo.

• Sabe-se, porém, que historicamente (em 1.988) o país viviaperíodo de alta inflação e, para proteger-se da corrosão da moeda,contratos civis, comerciais, etc eram celebrados em saláriomínimo.

• Para evitar a corrosão da moeda ainda maior, o governo nãoaumentava o salário mínimo, prejudicando os trabalhadores.

• Esta, portanto, é uma norma de proteção aos trabalhadores (como,aliás, está no “caput’ - sistemática) e não para seu prejuízo.

Interpretação da norma jurídica. Conflito.

• Por vezes a aplicação dos diversos métodos de

interpretação nos leva a resultados interpretativos

diferentes.

• Nestas ocasiões, no Direito do Trabalho,

especificamente, há que se aplicar o Princípio “in dubio

pro operario”.

• Nos demais ramos do Direito (e também no Direito do

Trabalho), o intérprete deve valer-se de uma base teórica

sólida, consistente em Princípios Gerais e específicos do

direito e equidade, sobre os quais trataremos adiante.

Interpretação da norma jurídica. Extensão.

• Declarativa: quando a sua interpretação for suficiente em simesma para o entendimento.

• Restritiva: quando a interpretação diminuir o alcance da norma, ouseja, quando o texto disser mais do que seu objetivo. Ocorre comos contratos benéficos, as cláusulas penais, e as normas de exceçãoem geral.

• Extensiva: quando a interpretação ampliar o alcance da forma,quando o texto disser menos do que seu objetivo. Ocorre com aanálise de dispositivos que versem sobre direitos humanosfundamentais e direitos constitucionais fundamentais, porexemplo.

• PRÁTICA

Interpretação da norma jurídica. Prática

1. Sendo o Juiz relativamente incompetente (em

razão do local), poderá declarar “ex officio” esta

incompetência? Justifique. (antes de responder,

examine o art. 795, § 1º, da CLT).

2. João trabalhou 3 anos, 11 meses e 15 dias na

empresa. De quanto tempo será seu aviso

prévio?

Interpretação da norma jurídica. Prática

3. O empregador concedeu 05 períodos de férias

de 06 dias cada um, devidamente remunerados,

inclusive com abono de 1/3. O empregado terá

direito a este período de férias, inclusive à

dobra, após o vencimento do período

concessivo? E ao abono?

4. Com fundamento no art. 453 da CLT é possível

concluir que a aposentadoria por tempo de

serviço é causa de extinção do contrato de

trabalho?

Interpretação da norma jurídica. Prática

5. O art. 373-A da CLT veda a revista íntima às

empregadas. Aplica-se aos empregados?

Aplica-se às empregadas domésticas?

Interpretação da norma jurídica. Prática

• Art. 4º - Parágrafo único - Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço,para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregadoestiver afastado do trabalho prestando serviço militar ... (VETADO) ... e pormotivo de acidente do trabalho.

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• Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ouexpressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ouindeterminado.

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• Art. 472 - O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviçomilitar, ou de outro encargo público, não constituirá motivo para alteração ourescisão do contrato de trabalho por parte do empregador.

• § 2º - Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assimacordarem as partes interessadas, não será computado na contagem do prazopara a respectiva terminação.

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7. Qual o efeito da ausência do ajuste de que trata o art. 472, § 2º da CLT?Extingue o contrato no prazo fixado originalmente ou há transmutação paracontrato por prazo determinado?

Interpretação da norma jurídica. Prática

• 1. Não. Há evidente erro gramatical no art. 795, 1º da

CLT. Ao se referir à incompetência de “foro” queria

dizer em relação à matéria, na medida em que a

incompetência territorial deve ser arguida por exceção,

entendimento que já existia no art. 800 da CLT,

reforçado pela sua nova redação (Lei 13.467/2017).

• 2. O aviso prévio é de 30 dias, mais três dias por ano

completo de trabalho. Norma benéfica interpreta-se

restritivamente. Logo, serão 39 dias de aviso prévio.

Haverá projeção de todo período por expressa

determinação do art. 487, 1º da CLT.

Interpretação da norma jurídica. Prática

• 3. Há que se considerar como não concedidas as férias

porque um dos períodos deve ser igual a 14 dias (na

regra atual) e nenhum dos períodos concedidos

alcançou este mínimo, afastando a finalidade de

proteção biológica da norma. Deverá conceder novo

período de férias (se o contrato estiver em vigor).

Deverá remunerar a dobra (e não o dobro, porque uma

vez já foi pago).

• 4. Não. Interpretaçao sistemática. O art. 453 da CLT

não está inserido no capítulo que trata da extinção do

contrato de trabalho e, por esta razão, não pode ali

fixar formas desta extinção.

Interpretação da norma jurídica. Prática

• 7. O contrato estará extinto. Embora as

cláusulas contratuais possam ser tacitamente

ajustadas, esta regra geral não se aplica quando

a legislação exigir ajuste expresso.

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