DIRETRIZES CURRICULARES e FORMAÇÃO de PROFESSORES: … · 2014-03-16 · • Como um dos...

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DIRETRIZES CURRICULARES e FORMAÇÃO de PROFESSORES:

cultura escolar, cultura da escola e diversidade –passos, com-passos e

(des)com-passos para uma docência em formação no

Ensino Religioso

ESCOLA, QUE LUGAR É ESTE?

PASSOS

COM-PASSOS

(DES)COM-PASSOS

Passos compreendidos como movimentos constituintes de uma dada dança, um processo de mover-se à luz de certo ritmo ou ritmos;

Com-passos como cadências ou regularidades nos passos;

(Des)com-passos como uma negação e/ou desacordo entre e nos passos.

• O ser humano, segundo Freire (2000), de natureza finita e inconclusa, percebe-se condicionado, mas não determinado.

• Entretanto, movido pela curiosidade, transcende limites, buscando formas de ser mais e melhor, pois possui a história como possibilidade de superação.

• Como um dos resultados de suas buscas, experiências, mediações e práticas sociais,o ser humano elaborou diferentes conhecimentos, significados e sentidos.

• Cada grupo e/ou sujeito (re)presenta, (re)cria e (re)elabora um conjunto de conceitos e padrões individuais e coletivos constituindo assim sua(s) própria(s) cultura(s).

• A escola, lugar de trânsito, encontros e desencontros de e entre culturas, conhecimentos, saberes e sujeitos, constitui-se, portanto, em um espaço da diversidade.

• Meninos e meninas, homens e mulheres, portadores de diferentes identidades, crenças, sonhos e projetos constroem e são construídos cotidianamente na e com a escola.

• Cada qual traz consigo práticas, saberes e sabores provenientes de contextos sócio-histórico-culturais próprios, a partir e com os quais selecionam e excluem alguns elementos propostos pela cultura escolar (DAYRELL, 2001).

• A cultura escolar é entendida por Forquin (1993),

como um conjunto de saberes que, selecionados,

organizados e rotinizados, constituem habitualmente

objeto de transmissão deliberada em todas as

escolas, que tendem a unificar e (con)formar a ação

dos sujeitos.

• Cultura da Escola é constituída e organizada sob diferentes lógicas e dimensões, uma vez que os sujeitos não são seres passivos diante da estrutura, ao contrário, interagem por meio de uma série de relações, conflitos e negociações.

• A cada instante acontece o confronto entre a reprodução da tradição e a possibilidade da construção do novo pelo papel ativo dos sujeitos na vida social e escolar (DAYRELL, 2001).

• A Cultura da Escola épolissêmica e apresenta diferentes passos, com-passos e (des)com-passos em seu interior, a partir da multiplicidade de realidades, relações, significados e sentidos, que aí circulam e se movimentam, o que a torna heterogênea e, ao mesmo tempo, singular.

• A presença do Outro, do diferente, em sua alteridade infinita, desestabiliza a lógica e instaura a possibilidade da existência de uma outra escola, com outros passos e com-passos.

• Esse des-com-passo (sinalizado por educandos

e educadores) entre a cultura escolar e a cultura

da escola demanda exercícios de docência em

formação inicial e continuada.

• Tempos/espaços/lugares/teorias/práticas, que

permitam reconhecer a diversidade dos sujeitos,

valorizando a complexidade das relações,

integrando as múltiplas realidades de cada

escola.

• A Proposta de Diretrizes Curriculares para

Cursos de Licenciatura de Graduação Plena em Ensino Religioso (FONAPER,

2004) encaminha um conjunto de

indicadores para uma docência em formação e não os percebe como algo

pronto e acabado.

• Apresenta-se como uma proposta a mobilizar reflexões, discussões e urgentes

encaminhamentos visando a construção de caminhos inovadores e superadores

para o atual status quo que historicamente

envolve este componente curricular.

Um dos egressos de um dos Cursos de Licenciatura em Ensino Religioso relata algumas de suas vivências na

diversidade de suas interações formadoras:

“No curso [...] encontramos o primeiro

diferente; o colega que sentava atrás, ao lado, à frente, os colegas que se reuniam no grupo para fazer as leituras, os colegas que se chocavam nas idéias, nas percepções diferentes de entendimento daquilo que se trabalhava, nos muitos momentos do grupo na sala de aula. O primeiro “diferente” com o qual nos deparamos foi o nosso próprio grupo”.

• Para iniciar um novo ritmo são

necessárias:

- pesquisas;

- conversas;

- escuta;

- partilha;

- compreensão;

- acolhida e a

- valorização das identidades e

histórias pessoais e coletivas.

Trata-se do desenvolvimento de um passodiferenciado visando a construção de uma formação docente subsidiada pelo:

• conhecimento e sensibilidade diante qualquer discriminação religiosa no trato cotidiano;

• respeito à identidade na alteridade dos diferentes e suas opções de fé;

• admiração percebida na delicadeza da tessitura no encontro com as diferentes expressões religiosas;

• possibilidade da descoberta de afinidades entre os diferentes;

• conscientização dos sujeitos se flagrarem também um diferente num universo de diferentes.

• O (re)conhecimento da diversidade pressupõe

um outro tom epistemológico, que possibilite

identificar e situar as diferenças, as que

inferiorizam daquelas que não inferiorizam, no

contexto social de desigualdade e de exclusões

no qual coexistem (SOUSA SANTOS, 1999).

• Um ritmo que (re)conheça a presença de

diversas racionalidades, portadoras de

legitimidades históricas, constituídas por sujeitos

no seio de suas culturas, abrindo possibilidades

para diálogos e interações, que rompam

conceitos cristalizados e práticas

estigmatizadoras, buscando participar na

construção de outros mundos melhores e

possíveis (CECCHETTI e OLIVEIRA, 2007).

• Um ritmo que:

- Denuncie a impropriedade da forma excludente de compreender a complexidade dos sujeitos e de suas práticas sociais;

- Execre o analfabetismo epistemológico e monocultural a impedir o (re)conhecimento da beleza na diversidade;

- Sensibilize educadores e educandos diante de qualquer discriminação com identidades e sujeitos/grupos sociais, culturais, étnicos ou religiosos;

- Proponha mudanças nos processos de formação inicial e continuada propiciando outros movimentos de docência em formação em uma perspectiva intercultural;

• No entanto, buscar construir um outro passo,quebrar o ritmo posto é muitas vezes pagar um

preço alto pela busca de outras sintonias e

danças, “pela coerência entre o que se faz, o

que se diz, o que se escreve. A coerência do

educador não se limita à atividade docente”

(GADOTTI, 1989, p.98), transcende o espaço

educativo formal e se encarna no cotidiano, que

o constitui.

Ousemos fazê-lo!

Me. Elcio CecchettiDra. Lilian Blanck de Oliveira

Brasília, primavera 2008

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