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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ALTERAÇÕES DO DECRETO-LEI N. 911/69
Mariana Dias Vieira
ORIENTADOR: William Rocha
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Direito
ALTERAÇÕES DO DECRETO-LEI N. 911/69
(DENTRO DA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM
MÓVEL)
Rio de Janeiro
2016
3
AGRADECIMENTOS
A todos que de alguma forma
colaboraram para que eu chegasse até aqui,
primeiro à Deus, depois a minha filha Ana Maria,
por ser a razão de tudo isso estar acontecendo;
aos meus pais, ao meu padrasto, minha
madrasta, minha tia Zilma, que sempre me
incentivaram e me ajudaram de forma física e
psicológica; ao meu namorado Fernando, por
estar sempre do meu lado em momentos bons e
ruins, me ajudando a conclusão deste curso e
minha irmã Marina, por ser minha grande amiga e
incentivadora.
4
DEDICATÓRIA
Dedica-se a todos que estão sempre
ao meu lado e que me encheram de atenção,
ajuda, incentivo e esperança.
5
RESUMO
Adentramos o assunto desta monografia, que são as mudanças
ocorridas no Decreto-Lei nº. 911/69, pela Lei nº. 13.043/2014, onde
conseguimos esclarecer quais as dúvidas existentes, como por exemplo a
desnecessidade da Carta precatória, da substituição das notificações
cartorárias para os avisos de recebimentos entregues pelos correios, sendo
estes não necessariamente entregues em mãos, podendo ser entregues à
terceiros, bem como falaremos da teoria do adimplemento substancial e os
princípios essenciais para utilizar tal teoria, por fim falaremos da extensão das
regras ao arrendamento Mercantil (leasing).
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a apresentação da presente, foi a
leitura de muitas jurisprudências, bem como artigos na internet, visto ser uma
matéria recente e específica.
Inicialmente, foi analisada o Decreto-Lei nº 911/69 na sua pura
estrutura, posteriormente a Lei nº 10.931/2004, é responsável pela atual
redação do art. 3º, § 2º, do mencionado Decreto-lei, e, por fim a análise da Lei
nº 13.043, de 13 de novembro de 2014, que é a mais atual, também as
jurisprudências e artigos na internet
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Modificações Significativas do Decreto-Lei 911/69 10
CAPÍTULO II
Teoria do Adimplemento Substancial 26
CAPÍTULO III
Liminar Obtida e/ou Cumprida em Comarca diversa: Dispensa de
Carta Precatória - A Grande Mudança 31
CAPÍTULO IV
Extensão das Regras ao Arrendamento Mercantil (Leasing) 34
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 42
8
INTRODUÇÃO
O Decreto-lei nº 911, de 1º de outubro de 1969, editado pelos
Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, tudo com
amparo nos Atos Institucionais nº 12 e nº 5, sendo certo que o auge daquilo
que historicamente chamamos de Ditadura Militar, continua em vigor,
entretanto é verdade que vem sofrendo grandes e importantes alteração, que
serão apontadas e discutidas, sendo certo que todas as alterações são
voltadas para beneficiar a posição jurídica do credor fiduciário.
Em 2004, a Lei 10.931 ampliou sobremaneira o instituto da
alienação fiduciária no âmbito das empresas finceiras. Permitiu-se a alienação
fiduciária em garantia de bens móveis, além de importantes modificações no
procedimento de busca e apreensão, o que repercutiu no mecanismo de
purgação de mora.
A Lei nº 10.931/2004, é responsável pela atual redação do art. 3º, §
2º, do mencionado Decreto-lei, que gerou diversas discussões até que o STJ
pacificasse o entendimento que o devedor fiduciante terá o bem restituído, livre
do ônus, desde que, no prazo de cinco dias contados da efetivação da liminar
de busca e apreensão, pague a integralidade da dívida pendente, segundo os
valores apresentados pelo credor fiduciário na petição inicial.
Pelo Decreto 911/69, despachada a inicial e executada a liminar, o
réu era citado para em três dias apresentar contestação e/ou se já tivesse pago
40% do preço financiado, purgar a mora. No caso da contestação, o devedor
poderia somente alegar ou o pagamento do débito ou o cumprimento das
obrigações contratuais. Para a purgação da mora, o juiz, tempestivamente
agendava prazo final não superior a dez dias. Se, mesmo assim, a mora não
fosse purgada (independentemente da contestação), cinco dias após o decurso
do prazo de defesa o juiz proferiria a sentença, consolidando a propriedade
plena e exclusiva nas mãos do proprietário fiduciário (art. 3º, §§). Tínhamos,
dessa forma, um procedimento que garantia um prazo de quinze dias para a
purgação da mora e direito de contestação anterior à consolidação da
9
propriedade. Embora não tão ágil o sistema seguramente alicerçava-se nos
princípios do devido processo legal, ampla defesa e contraditório, garantindo
assim, tanto o devedor fiduciante, como o credo fiduciário.
Mencionadas as alterações de 2004, dez anos depois, óbvio que o
intuito do legislador com a lei 13.041, foi agilizar ainda mais a venda dos bens
retomados, conferindo fluidez e mais dinâmica ao mercado, bem como
celeridade ao sistema processual. Aliás, esse tem sido o foco das l
Vale ressaltar que a Lei nº 13.043, de 13 de novembro de 2014, vem
tratando de inúmeros temas em seus 114 artigos, entretanto o tema que nos
interessa é aquele relacionado com a chamada ação de busca e apreensão de
bem móvel alienado fiduciariamente, uma vez que ocorreram interessantes
modificações na seara do processo judicial destinado a tutelar a posição
jurídica do credor fiduciário.
Será demonstrada de forma simples a visão panorâmica das
modificações, destinada a lidar com as inovações.
10
CAPÍTULO I
MODIFICAÇÕES SIGNIFICATIVAS DO
DECRETO-LEI Nº 911/69
Podemos enumerar diversas modificações ocorridas, no Decreto-lei
ora mencionado, entretanto, inicialmente iremos discorrer sobre as mais
significativas, dentro do contexto usual e dos tribunais.
Na prática, a Alienação Fiduciária de bens móveis é comum
quando um comprador adquire um bem, normalmente um automóvel, a
crédito e permanece como possuidor direto e depositário do mesmo,
respondendo por todos os encargos civis e penais a ele relacionados. O
credor, por sua vez, toma o próprio bem em garantia e a propriedade
consolida em suas mãos com o inadimplemento da obrigação. O instituto é
amplamente utilizado no Brasil, sobretudo, na compra de automóveis, sendo
a alienação registrada no documento de transferência do veículo (DUT) a fim
de certificar.
1.1. Credor Fiduciário Vendendo o Bem
De acordo com o artigo 2º, caput, do Decreto Lei 911/69, tivemos
uma modificação realizada, que está apenas na parte do dispositivo, no ponto
que impõe a prestação de contas, que pode ser extrajudicial ou judicial.
A jurisprudência já encontrava-se entendendo cabível a exigência de
prestação de contas em face do credor fiduciário, na hipótese de venda
extrajudicial do bem alienado fiduciariamente, portanto, a legislação vem
apenas para consolidar aquilo que já praticado, portanto não podemos ver
como inovação.
Da redação dada ao art. 2º, caput, do Decreto Lei nº 911/69, é
importante destacar, tão somente, que agora o credor fiduciário deverá prestar
11
contas ao devedor fiduciante quanto ao preço da venda do bem, ao pagamento
de seu crédito e das despesas decorrentes, in verbis:
No caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante alienação fiduciária, o proprietário fiduciário ou credor poderá vender a coisa a terceiro, independentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, salvo disposição expressa em contrário prevista no contrato, devendo aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes e entregar ao devedor o saldo apurado, se houver, com a devida prestação de contas.
Antes da Lei 13.043, só havia previsão expressa sobre a
possibilidade de venda extrajudicial do bem na ação de busca e apreensão, ou
seja, o credor fiduciário, após consolidar a propriedade plena sobre o bem,
pode vendê-lo a terceiros da forma como lhe for mais conveniente.
Já na ação de reintegração de posse decorrente do arrendamento
mercantil, o credor é o proprietário pleno da coisa, pois ele somente transferiu a
posse direta para o arrendatário.
Sendo assim, faz mesmo sentido unificar os procedimentos, pois se
o autor da ação de busca e apreensão tem autorização legal expressa para a
venda extrajudicial, o autor da ação de reintegração de posse deve ter também.
1.2. Comprovação da Mora
Originariamente em sua redação havia a exigência, como requisito
indispensável para a propositura da ação de busca e apreensão, a notificação
extrajudicial do devedor, mediante o envio de carta registrada pelo Cartório de
Títulos e Documentos ou mediante protesto do título, a critério do credor.
O tema, inclusive, foi objeto da Súmula nº 72 do STJ que assim
dispõe:
A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente.
12
Essa regra trouxe discussões sobre notificação, que haveria de ser
encaminhada pelo Cartório, situado no foro de residência do devedor, ou seja,
o foro competente para a própria ação de busca e apreensão.
O STJ teve oportunidade de transformar o entendimento consoante
o qual não se exige que o Cartório de Títulos e Documentos seja aquele
localizado no foro do domicílio do devedor ou no foro onde se processará a
busca e apreensão.
Esta alteração, que visou reduzir o custo das notificações e isentar
as instituições financeiras do pagamento dos emolumentos dos cartórios, já
vinha sendo empregada na prática pelo STJ, como podemos verificar da leitura
de trecho do julgado a seguir.
“(…) Esta Corte consolidou entendimento no sentido de que, para a constituição em mora por meio de notificação extrajudicial, é suficiente que seja entregue no endereço do devedor, ainda que não pessoalmente. (…)”
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 419.667/MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/05/2014.“
A vigência da Lei n, 13.043/2014, não traz mais essa discussão, não
mais se colocando-a, tendo em vista que o legislador não exige notificação
promovida pelo Cartório de Títulos e Documentos, bastando o envio de carta
registrada com aviso de recebimento, não se exigindo, ainda, que a assinatura
constante do AR seja a do próprio destinatário.
Eis a nova redação do artigo 2º, § 2º, do DL 911/69:
A mora decorrerá do simples vencimento do prazo para pagamento e poderá ser comprovada por carta registrada com aviso de recebimento, não se exigindo que a assinatura constante do referido aviso seja a do próprio destinatário.
A notificação prévia, continua, constituindo requisito indispensável
para comprovação da mora, entretanto as formalidades anteriores deixaram de
13
ser exigidas, visto que, atualmente, o envio de carta registrada com aviso de
recebimento, através dos serviços dos correios e telégrafos, constitui meio
idôneo de demonstração da mora, mesmo que a assinatura, no AR, não seja
do próprio destinatário, desde que a correspondência seja recebida no
endereço indicado, não importando quem seja o recebedor, contanto que haja
alguém que tenha recebido a carta e assinado o AR.
A lei não soluciona a discussão que se trava quando a
correspondência é devolvida com resultado negativo, esclarecendo que não é
incomum a hipótese em que o devedor, posteriormente a informação do seu
endereço no contrato de financiamento, mude-se de residência sem informar
tal circunstância ao credor, gerando a devolução da correspondência por esse
motivo.
1.2.1. Comprovação da Mora em Relação ao Endereço
Na redação originária do § 2º do artigo 2º do Decreto-Lei nº 911/69,
havia a possibilidade, de ocorrência de notificação por edital, promovida pelo
Cartório de Títulos e Documentos, ou até mesmo o protesto do título,
entretanto essas formalidades foram superadas pela legislação nova.
O objetivo da nova lei foi o de facilitar a comprovação da mora,
mediante a adoção da informalidade, através da carta registrada com AR, de
sorte que a adoção de mecanismos mais solenes, como por exemplo, a
notificação ficta pelo Cartório Extrajudicial ou protesto, não poderia ser
considerada inidônea para comprovação da mora do devedor.
O endereço de destino da correspondência deverá ser aquele
informado pelo próprio contratante, no momento da contratação.
Assim, o envio da carta com aviso de recebimento para aquele
endereço presume-se capaz de fazer com que o comunicado chegue ao
conhecimento do devedor, comprovando-se a mora, mesmo que terceiro
assine o aviso de recebimento, entretanto, desde que o devedor não tenha
14
informado, no decorrer da relação contratual, um novo endereço para
correspondência.
Recente julgamento, na Vigésima quarta Câmara Cível Consumidor,
sobre o assunto, diz o seguinte:
Apelação cível. Ação de busca e apreensão. Direito do consumidor. Contrato de alienação fiduciária. Mora do devedor. Sentença que julgou o pedido procedente. Inconformismo da ré, sob a alegação de que se faz necessária perícia, diante das abusividades financeiras supostamente perpetradas. O juiz é o destinatário da prova, cabendo-lhe aferir sobre a necessidade ou não de sua realização, conforme inteligência da súmula 156 deste tribunal de justiça. Válida a notificação extrajudicial promovida por cartório de títulos e documentos situado em comarca diversa daquela em que o devedor é domiciliado, conforme entendimento já pacificado neste tribunal de justiça, na súmula 55. Recurso desprovido. (APELAÇÃO Nº 0007852-46.2012.8.19.0068, TJRJ, data de julgamento 21/03/2016).
1.3. Plantão Judiciário: Liminar de Busca e Apreensão
O consentimento de liminar na ação de busca e apreensão de bem
objeto de alienação fiduciária, [e uma regra dentro do Decreto-Lei nº. 911/69,
mesmo que sem o requisito da urgência, sendo essa concessão existente
desde a redação originária do Decreto-Lei nº 911/69, onde o sistema assim
previa, não ocorrendo na Lei nº 13.043/2014 qualquer inovação, sendo certo
que na redação diz que será concedida busca e apreensão do bem, ocorrendo
apenas a alteração na viabilidade de o requerimento de liminar ser apreciado
em plantão judiciário, o que não ocorria anteriormente.
Confira-se a nova redação do art. 3º, caput:
O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na forma estabelecida pelo § 2º do art. 2º, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário.
15
Com essa disposição amplia-se a competência dos órgãos
jurisdicionais que funcionarem em regime de plantão judiciário, de sorte que a
petição inicial da busca e apreensão pode ser distribuída durante o plantão e
não se descarta que algum requerimento incidental de liminar de busca e
apreensão seja viável em sede de plantão judiciário.
Noutra perspectiva, a interpretação sistemática da legislação agora
em vigor permite que se obtenha em sede de plantão judiciário a ordem de
busca e apreensão com base no singelo requerimento a que alude o § 12 do
mesmo artigo 3º do Decreto-Lei nº 911/69, também introduzido pela Lei nº
13.043/2014.
Embora ainda haja a necessidade de intervenção judicial prévia, a
decisão liminar poderá ser deferida no plantão judiciário. Esta é a primeira
alteração que se deve registrar.
O escopo de imprimir celeridade fica evidente no dispositivo, mas a
questão que se levanta a respeito da inclusão dos pedidos de busca e
apreensão no plantão judiciário é se este pedido preenche o requisito da
urgência, que seria necessário para submetê-lo ao regime plantonista, visto
que as decisões antecipatórias de efeitos de um pedido inicial podem ser
deferidas mediante juízos de evidência ou de urgência, sendo que estas
últimas se caracterizam pelo requisito do periculum in mora, e que por esta
razão poderiam ser apreciadas no Plantão Judiciário.
1.4. Da Recuperação do Veículo após o cumprimento da
liminar
Após a apreensão do veículo se concretizar, a instituição financeira
será intimada a retirá-lo do local no prazo de 48 horas, ficando o devedor
obrigado a entregar amigavelmente o veículo e toda a documentação, nos
termos dos parágrafos 13 e 14 do artigo 3º do decreto supracitado.
§ 13. A apreensão do veículo será imediatamente comunicada ao juízo, que intimará a instituição financeira para retirar o veículo do local depositado no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas.
16
§ 14. O devedor, por ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão, deverá entregar o bem e seus respectivos documentos.
Esta modificação normativa certamente aumentará o número de
apreensões judiciais, o que, até então, nem sempre era possível em curto
espaço de tempo, diante dos inúmeros casos em que os devedores, ao
tomarem conhecimento da existência das ações judiciais, passavam a
esconder os veículos, até mesmo em municípios vizinhos aos seus, para
dificultar o cumprimento das medidas liminares.
Existindo interesse na revogação da liminar, o réu poderá realizar o
pagamento integral do débito (artigo 3º, § 2º, do Decreto-Lei nº 911/69) ou até
mesmo quando ocorre o chamado adimplemento substancial, assunto que
discorreremos mais abaixo, e, fenômeno que, segundo a jurisprudência, afasta
a possibilidade da busca e apreensão. Seja qual for o motivo, certo é que se
admite que o réu traga argumentos tendentes a inviabilizar a manutenção da
liminar de busca e apreensão.
Até pouco tempo atrás, a doutrina e a jurisprudência admitiam que o
conceito de integralidade da dívida, previsto no Decreto Lei nº 911/69, se
referia apenas as parcelas vencidas dos contratos e não ao total do saldo
devedor apresentado pelas instituições financeiras quando da propositura das
ações de busca e apreensão, ou seja, naquele recente período, uma vez
cumprida a medida liminar, cabível, deveria o devedor, cinco dias após a
medida devidamente cumprida, efetuar a chamada purgação da mora, que
representava o mero pagamento das parcelas vencidas do contrato com o
intuito de recuperar o bem apreendido.
Com a entrada em vigor da Lei nº 10.931/04 este direito à purgação
da mora deixou de existir, haja vista que o conceito de “integralidade da dívida
pendente” ganhou uma maior amplitude, passando, então, a englobar todo o
saldo devedor apurado pela parte credora no momento do ajuizamento da ação
de busca e apreensão, entendendo-se como tal o somatório das parcelas
vencidas e vincendas do contrato, acrescidas dos encargos contratuais de
17
juros, multa e correção monetária, verificando-se desta forma uma queda
acentuada na recuperação do veículo pelo devedor, face a impossibilidade de
quitação dos contratos pelos devedores.
Vale ressaltar que o tema acima foi decidido em sede de recurso
repetitivo, tendo o STJ firmado a seguinte conclusão, que será aplicada em
todos os processos semelhantes:
Nos contratos firmados na vigência da Lei n. 10.931/2004,
que alterou o art. 3º, §§ 1º e 2º, do Decreto-lei 911/1969,
compete ao devedor, no prazo de cinco dias após a
execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar a
integralidade da dívida – entendida esta como os valores
apresentados e comprovados pelo credor na inicial –, sob
pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto
de alienação fiduciária.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.418.593-MS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 14/5/2014 (recurso repetitivo).
Para os contratos de alienação fiduciária celebrados antes do início
de vigência da Lei nº 10.931/04, permanece válida a purgação da mora e,
portanto, a possibilidade de pagamento apenas das parcelas vencidas dos
contratos de financiamento, nos cinco dias seguintes ao do cumprimento da
liminar, de forma a permitir que os devedores recuperem os veículos
apreendidos, desde que já quitados mais de 40% do valor total financiado, por
força da Súmula 284 do Superior Tribunal de Justiça.
Súmula 284-STJ: A purga da mora, nos contratos de alienação fiduciária, só é permitida quando já pagos pelo menos 40% (quarenta por cento) do valor financiado.
Como é verificada na jurisprudência colacionada, a purgação de
mora é entendida atualmente quando há o pagamento da integralidade da
dívida, segue a decisão da Apelação nº 0006084-02.2014.8.19.0073, decidida
pela vigésima sexta câmara cível consumidor do Tribunal de Justiça do Rio de
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Janeiro, tendo como relatora Natacha Nascimento Gomes Tostes Gonçalves
De Oliveira, data do julgamento 31/03/2016:
Apelação Cível. Ação de Busca e Apreensão. Pedido Contraposto. Revisão contratual. Alegação de Cerceamento de Defesa, ineficácia da notificação extrajudicial e adimplemento substancial do contrato. A sentença julgou procedente o pedido formulado na ação de busca e apreensão para consolidar a propriedade e a posse do veículo descrito na peça inicial, além de converter a ação de busca e apreensão em depósito, em vista da não apreensão do bem. Inconformado, o réu recorre pugnando pela extinção do feito sem apreciação do mérito, tendo em vista a ausência de condição específica da ação, anulação da r. sentença para que seja realizada a perícia técnica, alegando cerceamento de sua defesa ou a improcedência do pedido ou ainda que seja determinada a devolução das parcelas já pagas. O cerne da questão que está sendo discutida no presente recurso é verificar se tem abusividade nas cláusulas contratuais decorrentes de contratos firmados entre as partes no tocante a cobrança dos juros aplicados, no qual está sendo requerido pelo réu e sua consequente revisão, bem como a prática de anatocismo, além da ineficácia da comprovação da mora, purga da mora que deve ser considerada somente os valores vencidos e o reconhecimento do adimplemento substancial. Capitalização de juros permitida. Contrato firmado após 31/03/2000. Juros de mora legalmente pactuados. A jurisprudência dos Tribunais Superiores é assente no sentido de que os juros remuneratórios cobrados pelas instituições financeiras não sofrem a limitação imposta pelo Decreto nº 22.626/33 (Lei de Usura), a teor do disposto na Súmula 596/STF. Cerceamento de defesa que não prospera, visto que a mera análise do contrato ou a planilha de débito se mostram suficientes à conclusão pela incidência, ou não, de juros capitalizados e/ou abusivos, bem como as demais ilegalidades elencadas. Notificação extrajudicial válida. A jurisprudência uníssona do STJ é no sentido de que na alienação fiduciária comprova-se a mora do devedor pelo protesto do título, se houver, ou pela notificação extrajudicial feita por intermédio do Cartório de Títulos e Documentos, que é considerada válida se entregue no endereço do domicílio do devedor, ainda que não seja entregue pessoalmente a ele. Necessidade da purga integral da mora para que o devedor seja mantido na posse do bem. O Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento, a partir do julgamento do Resp 1.418.593, julgado sob o rito dos recursos repetitivos, em que foi interpretado o art. 3º. do DL 911/69, em que afastou a possibilidade de purgação da mora - pagamento apenas das parcelas vencidas. O pagamento da integralidade da dívida, ou seja, das parcelas vencidas e vincendas, passou a ser a única hipótese pela
19
qual o devedor poderia permanecer na posse direta do bem. Recurso a que se conhece e a que se nega provimento
1.5. Restrição judicial: inclusão na base de dados do
RENAVAM
Os dispositivos abaixo mencionados aplicam-se exclusivamente
para a busca e apreensão de veículos.
Com base no § 9º do artigo 3º do Decreto-Lei nº 911/69, o juiz não
apenas decretará a liminar de busca e apreensão como também inserirá
restrição judicial na base de dados do RENAVAM, entretanto essa restrição
ocorrerá somente quando não apreendido o veículo, entretanto, uma vez
cumprida a liminar de busca e apreensão, a restrição deverá ser excluída do
mencionado banco de dados.
Segue a redação do § 9º do artigo 3º do Decreto-Lei nº 911/69:
Ao decretar a busca e apreensão de veículo, o juiz, caso tenha acesso à base de dados do Registro Nacional de Veículos Automotores – RENAVAM, inserirá diretamente a restrição judicial na base de dados do Renavam, bem como retirará tal restrição após a apreensão.
A inserção e a exclusão da restrição judicial independem de
requerimento da parte interessada, podendo o juiz atuar ex officio,
esclarecendo que ocorrendo o cumprimento da liminar imperativo que o juiz
exclua a restrição da base de dados do RENAVAM.
Caso o juiz não tenha acesso ao sistema de inclusão e exclusão da
restrição judicial, deverá expedir ofício ao departamento de trânsito competente
para que:
I – registre o gravame referente à decretação da busca e apreensão
do veículo;
20
II – retire o gravame após a apreensão do veículo, conforma o
disposto no § 10 do artigo 3º do alterado Decreto Lei presentemente discorrido.
A lei propõe a criação de um banco de mandados, no âmbito do qual
também será inserido o mandado de busca e apreensão, de acordo com o § 11
do artigo 3º, entretanto ainda não implementado.
A Corte do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, tem entendido de
acordo com a Lei 13.043/14, onde o Ilustríssimo desembargador relator Murilo
Kieling, da vigésima terceira câmara cível, no julgamento do agravo de
instrumento nº 0063896-90.2015.8.19.0000, entendeu da seguinte forma:
Agravo de Instrumento interposto por SANTANDER LEASING S/A ARRENDAMENTO MERCANTIL, em razão da decisão do Juízo a quo que indeferiu a inclusão de restrição judicial no RENAVAM, através do sistema RENAJUD. Ação de Reintegração de Posse, alienação fiduciária. A nova redação dada ao § 2º, do art., 2º do DL nº 911/69, pela Lei 13.043/2014, com a recente inclusão do § 9º ao art. 3º do DL 911/69, dispõe que: “O Juiz, ao decretar a busca e apreensão do veículo, deverá inserir diretamente a restrição judicial na base de dados do RENAVAM, salientando-se que tal restrição deverá ser retirada pelo magistrado após a apreensão do bem”. O sistema visa dar efetividade ao cumprimento das decisões judiciais, prestigiando os princípios da economia e da celeridade processual. A previsão de possibilidade de inserção de restrições no prontuário do veículo, por meio judicial é medida reconhecidamente aplicável pelo CNJ, que editou a norma sobre este mecanismo de efetividade das ações judiciais que visem à restrição de veículos automotores perante o Órgão de Trânsito. Sob tais fundamentos, na forma autorizada pelo art. 557 § 1º - A do Código de Processo Civil, RECURSO CONHECIDO E DADO PROVIMENTO.
1.6. Conversão da Busca e Apreensão em Execução
A partir da Súmula Vinculante nº 25/STF, inframencionada, vedou-se
a prisão civil do depositário infiel, portanto, a conversão da busca e apreensão
em depósito tornou-se inócua, já que todas as hipóteses de ação de depósito
desaguam numa execução por quantia certa.
21
Súmula Vinculante nº 25/STF É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
Agora há a possibilidade de converter a busca e apreensão em
execução fundada em título extrajudicial, decorrendo esse entendimento da
própria lei, consoante a redação do art. 4º, caput, in verbis:
Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, fica facultado ao credor requerer, nos mesmo autos, a conversão do pedido de busca e apreensão em ação executiva, na forma prevista no Capítulo II do Livro II da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.
A conversão também é admissível nos casos em que o juiz indeferir
ou revogar a liminar com base na teoria do adimplemento substancial, assunto
abaixo discorrido.
O novo texto legislativo reafirma a admissibilidade do credor
fiduciário valer-se diretamente da execução, isto é, sem passar pelo sistema
da conversão da busca e apreensão em execução. Com efeito, a exemplo do
que já ocorria na redação originária, o art. 5º, caput, do DL 911/69, disposto da
seguinte forma:
Se o credor preferir recorrer à ação executiva, direta ou a convertida
na forma do art. 4º, ou, se for o caso ao executivo fiscal, serão penhorados, a
critério do autor da ação, bens do devedor quantos bastem para assegurar a
execução.
A maioria da jurisprudência vem entendendo que deverá converter
em ação de execução, de acordo com o artigo 4º do Decreto Lei 911/69,
conforme o julgado da apelação nº 0020662-62.2014.8.19.0204, realizada por
Sérgio Wajzenberg, relator da vigésima quarta câmara cível consumidor, tendo
a data do julgamento dia 30/03/2016, que assim diz:
22
Apelação. Ação de busca e apreensão do Dec-Lei 911/69. Liminar deferida. Diligência não realizada. Sentença de procedência consolidando o credor na posse do bem. Impossibilidade. Quem está na posse do veículo é o devedor, seja diante da situação fática ou por força do contrato. Sentença cassada para determinar o prosseguimento do feito, buscando-se a apreensão do veículo e, se for o caso, oportunizando-se ao credor requerer a conversão da ação em execução, na forma do art. 4º do Dec-Lei 911/69, com a redação dada pela Lei 13043/14. Precedentes desta Corte de Justiça. Não tendo a parte requerido a gratuidade de justiça, não pode o juiz deferi-la de ofício. Recurso provido.
1.7 Lei nº 13.043/14 Torna Necessária Prestação de Contas
ao Devedor Após a Alienação do Bem
Uma vez realizada a alienação do bem apreendido que pode ser
realizada pela instituição financeira independentemente de leilão, hasta pública
ou avaliação prévia, deverá a parte credora, com o advento introduzido pela Lei
nº 13.043/14 na parte final do artigo 2º do Decreto Lei nº 911/69, realizar uma
prestação de contas ao devedor, de modo que o mesmo tenha ciência do valor
da alienação do veículo e possa ainda, se for o caso, receber eventual
diferença apurada em seu favor, uma vez debitadas as despesas com a venda
do bem.
Artigo 2º – No caso de inadimplemento ou mora nas obrigações contratuais garantidas mediante alienação fiduciária, o proprietário fiduciário ou credor poderá vender a coisa a terceiros, independentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, salvo disposição expressa em contrário prevista no contrato, devendo aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes e entregar ao devedor o saldo apurado, se houver, com a devida prestação de contas.
Na realidade, a única diferença que resulta da nova redação do Art.
2º, caput do Decreto-Lei 911/69, é que agora a lei exige expressamente uma
prestação de contas, pelo credor, o que já vinha sendo aplicado pela
jurisprudência.
23
A este respeito, Silas Silva Santos, em artigo apresentado à Escola
Paulista de Magistratura, tece os seguintes esclarecimentos:
A modificação operada está apenas na parte final do dispositivo, no ponto em que impõe a prestação de contas, que pode ser extrajudicial ou judicial. Aliás, a jurisprudência já vinha entendendo cabível a exigência de prestação de contas em face do credor fiduciário, na hipótese de venda extrajudicial do bem alienado fiduciariamente. Então, a legislação vem apenas para consolidar aquilo que já praticávamos, não se tratando de uma verdadeira inovação. (SANTOS, 2014)
Como bem destacou o autor citado, observa-se, na Lei 13.043/14, a
previsão normativa de alguns entendimentos já consolidados na jurisprudência.
Recentes decisões, como por exemplo a abaixo descrita, que
fundamentada no artigo 2º do Decreto Lei 911/69, fala sobre a obrigatoriedade
de prestação de contas referente a venda do bem alienado, com a publicação
em 30/11/2015, da decisão de apelação nº 1305604-5, do Tribunal de Justiça
do Paraná:
DECISÃO: ACORDAM os Desembargadores integrantes da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso de apelação. EMENTA: AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO COM GARANTIA FIDUCIÁRIA. BEM APREENDIDO. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. DETERMINAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS APÓS A VENDA EXTRAJUDICIAL DO BEM. POSSIBILIDADE. DETERMINAÇÃO DA VENDA DO BEM OBSERVAR O SEU VALOR DE MERCADO. IMPOSSIBILIDADE DE SUJEITAR A VENDA A QUAISQUER CONDIÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 2º DO DECRETO LEI Nº 911/69. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A obrigação de o credor prestar contas ao devedor após a venda extrajudicial do bem retomado em ação de busca e apreensão está ínsita no procedimento que o Decreto-Lei nº 911/69 coloca à sua disposição para viabilizar o recebimento do seu crédito, quando o devedor deixa de pagar voluntariamente. Se de um lado o credor pode vender extrajudicialmente o bem dado em garantia, de outro, tem a obrigação de prestar contas ao devedor depois da venda, oportunidade em que o resultado poderá ser positivo (com saldo a favor do devedor), negativo (com saldo a favor do credor) ou
24
satisfativo (com quitação da dívida e solução final do contrato). 2. A sentença não pode impor o preço mínimo em leilão, quando sequer conhece as condições de uso e de conservação do veículo apreendido. (TJPR - 17ª C.Cível - AC - 1305604-5 - Pato Branco - Rel.: Lauri Caetano da Silva - Unânime - - J. 11.11.2015)
1.8 Da Preferência Do Concurso de Credores Através Do
Valor De Venda do Bem
Caso o devedor possuía outros credores além da instituição
financeira com quem tenha firmado o contrato de alienação fiduciária, não
haverá a possibilidade de apreensão do bem alienado por qualquer dos outros
credores, por força do que prescreve o artigo 7º-A, introduzido no DL 911/69
pela Lei nº 13.043/14, sendo necessário, pois, que eventual concurso de
preferência de credores seja solucionado através do valor de venda do veículo
após a sua apreensão.
Artigo 7-A. Não será aceito bloqueio judicial de bens constituídos por alienação fiduciária nos termos deste Decreto-Lei, sendo que, qualquer discussão sobre concursos de preferências deverá ser resolvida pelo valor da venda do bem, nos termos do art. 2o
1.9 Apreensão Do Veículo Alienado Fiduciariamente Nos
Casos De Recuperação Judicial
A Lei nº 13.043/14 passou permitir a realização de busca e
apreensão dos veículos alienados fiduciariamente ainda que os devedores
estejam em processo de recuperação extrajudicial ou judicial, como se verifica
da leitura do artigo 6º-A do DL 911/69, que foi introduzido pela nova legislação
em comento. Artigo 6-A.
O pedido de recuperação judicial ou extrajudicial pelo devedor nos
termos da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, não impede a distribuição
e a busca e apreensão do bem.
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A Lei nº 13.043/14 passou permitir a realização de busca e
apreensão dos veículos alienados fiduciariamente ainda que os devedores
estejam em processo de recuperação extrajudicial ou judicial, como se verifica
da leitura do artigo 6º-A do DL 911/69, que foi introduzido pela nova legislação
em comento.
Artigo 6-A. O pedido de recuperação judicial ou extrajudicial pelo devedor nos termos da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, não impede a distribuição e a busca e apreensão do bem.
26
CAPÍTULO II
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
2.1. Origem da Teoria do Adimplemento Substancial
A teoria do adimplemento substancial goza de grande prestígio
doutrinário e jurisprudencial na atualidade do Direito Contratual Brasileiro. Por
essa teoria, nos casos em que o contrato tiver sido quase todo cumprido,
sendo a mora insignificante, não caberá sua extinção, mas apenas outros
efeitos jurídicos, como a cobrança ou o pleito de indenização por perdas e
danos.
A origem da teoria se encontra no Direito Costumeiro Inglês,
especialmente na utilização do termo substancial performance, sendo
mencionado como um dos seus primeiros casos a contenda Boone v. Eyre, de
1779. No Código Civil Italiano, há previsão expressa sobre o adimplemento
substancial, no seu art. 1.455, segundo o qual o contrato não será resolvido se
o inadimplemento de uma das partes tiver escassa importância, levando-se em
conta o interesse da outra parte.
No caso brasileiro, a despeito da ausência de previsão expressa na
codificação material privada, tem-se associado o adimplemento substancial
com os princípios contratuais contemporâneos, especialmente com a boa-fé
objetiva e a função social do contrato. Nesse sentido, na IV Jornada de Direito
Civil, evento promovido pelo Conselho da Justiça Federal e pelo Superior
Tribunal de Justiça em 2006, aprovou-se o Enunciado n. 361 CJF/STJ,
estabelecendo que “O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais
contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o
princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do artigo 475”.
Vale lembrar que o artigo 475 do Código Civil trata do
inadimplemento voluntário ou culposo do contrato, preceituando que a parte
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lesada pelo descumprimento pode exigir o cumprimento forçado da avença ou
a sua resolução por perdas e danos.
2.2. Utilização e Princípios da Teoria do Adimplemento
Substancial
Essa teoria é utilizada para superar os exageros do formalismo
exacerbado na execução dos contratos em geral
A teoria do adimplemento substancial, não tem previsão legal no
direito brasileiro, entretanto, há associado, no direito privado, princípios
contratuais contemporâneos, principalmente o da boa-fé objetiva, a vedação ao
abuso de direito, enriquecimento sem causa e a função social do contrato,
utilizando-se a aplicação do artigo 475 do Código Civil que trata do
inadimplemento voluntário culposo do contrato, preceituando que a parte
lesada pelo descumprimento pode exigir o cumprimento forçado da avença ou
a sua resolução por perdas e danos.
Segue abaixo o artigo 475 do Código Civil, in verbis:
A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
O artigo 421 do Código Civil, onde reza a função social do contrato,
também é utilizado na teoria do adimplemento substancial, pois visa a
preservação da autonomia privada e da conservação do negócio jurídico,
conforme segue demonstrado:
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
28
A boa-fé objetiva está descrita no artigo 422 do Código Civil, onde
diz que os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
O princípio do enriquecimento sem causa encontra-se no artigo 884
do mesmo diploma legal, que diz o seguinte:
Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Por fim vemos a vedação ao abuso do direito no artigo 187 do CC,
versando da seguinte forma:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Na seara da busca e apreensão de bem móvel, há entendimentos na
jurisprudência que há a impossibilidade de retomada do bem, com a
consequente extinção do negócio, inclusive nesses casos a liminar de busca e
apreensão é afastada, considerando-se o pequeno montante da dívida em
relação ao valor do bem, analisando ainda o fato de ser a coisa essencial à
atividade do devedor.
Na seara do leasing, também é utilizada a teoria do adimplemento
substancial, utilizando-se os mesmos princípios anteriormente discutidos.
A análise do adimplemento substancial não é realizada de forma,
apenas, quantitativa, importante verificar também o aspecto qualitativo,
afastando a incidência, por exemplo, em situações de moras sucessivas,
purgadas reiteradamente pelo devedor, em claro abuso de direito.
A presente teoria visa garantir aos devedores de boa-fé a esperança
para saldar suas dívidas sem sofrer privações e medidas coercitivas no caso
concreto.
Esta teoria tem sido bastante debatida nos tribunais, frequentemente
impondo que nas hipóteses em que a extinção da obrigação pelo pagamento
29
esteja muito próxima do final, exclua-se a possibilidade de resolução contratual,
sendo coerente o credor procurar a tutela adequada à percepção da prestação
faltante, por meio de uma ação de cobrança do saldo em aberto.
Na lição de Flávio Tartuce pela teoria de adimplemento substancial
“em hipóteses em que o contrato tiver sido quase todo cumprido, não caberá a
sua extinção, mas apenas outros efeitos jurídicos, visando sempre a
manutenção da avença”. (Direito Civil, vol. 3, Ed. Método, 2011, p.251)
Em suma, o adimplemento substancial consiste em afastar a
resolução do contrato tendo em vista os princípios que o fundamenta, quando o
devedor não executa perfeitamente o contrato ou não atinge plenamente o fim
proposto, mas aproxima-se consideravelmente do seu resultado final.
Pelas razões acima, os julgamentos referentes a cerca deste
assunto, são realizados de forma a utilizar os princípios citados no decorrer do
texto.
Por fim, vale ressaltar julgamento realizado pelo Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro, pela vigésima sexta câmara cível consumidor, tendo como
relatora a Desembargadora Natacha Nascimento Gomes Tostes Gonçalves de
Oliveira, onde há o seguinte entendimento:
Agravo de instrumento. Ação de busca e apreensão. Financiamento com alienação fiduciária em garantia. Decisão que indefere liminar com base na teoria do adimplemento substancial. Entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1418593/MS, submetido ao rito dos recursos repetitivos (art.543-C, do CPC), no sentido de que "compete ao devedor, no prazo de 5 (cinco) dias após a execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida - entendida esta como os valores apresentados e comprovados pelo credor na inicial -, sob pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto de alienação fiduciária". Na forma decidida pelo STJ, assim, e por ser o deferimento da liminar condição de procedibilidade da demanda, não se coaduna com o rito da BUSCA E APREENSÃO o indeferimento da liminar. Sendo entendimento do julgador haver substancial adimplemento que desautorize a apreensão do bem, deve oportunizar ao credor a possibilidade de conversão da demanda em ação executiva, onde se buscará o valor, sem apreensão do bem. Compatibilização entre os princípios de
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direito processual e direito material. Teoria do diálogo das fontes. Recurso a que se conhece e que se dá parcial provimento
31
CAPÍTULO III
LIMINAR OBTIDA E/OU CUMPRIDA EM COMARCA
DIVERSA: DISPENSA DE CARTA PRECATÓRIA
3.1. Dispensa de Precatória
Os dispositivos aqui comentados disciplinam apenas a busca e
apreensão de veículos.
A regra geral que impõe a expedição de carta precatória para a
prática de ato processual fora da sede do juízo foi mitigada pelo § 12 do artigo
3º do Decreto-Lei nº 911/69.
Independentemente de carta precatória, o que pode facilitar muito a
ação pretendida, a parte interessada na busca e apreensão de veículos poderá
requerer diretamente ao juízo da comarca onde foi localizado o veículo o
cumprimento da liminar, sempre que o bem estiver em comarca distinta
daquela da tramitação do processo.
O texto legal é o seguinte:
A parte interessada poderá requerer diretamente ao juízo da comarca onde foi localizado o veículo com vistas à sua apreensão, sempre que o bem estiver em comarca distinta daquela da tramitação da ação, bastando que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e, quando for o caso, a cópia do despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo.
Ao tratar dos requisitos desse requerimento, a lei exige,
necessariamente, a cópia da petição inicial, levando-se a entender, com
facilidade, que a ação de busca e apreensão já fora ajuizada em comarca
diversa daquela em que localizado o bem.
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Ocorre que a lei não exige cumulativamente, para todos os casos, a
instrução daquele requerimento com cópia da decisão que concede a liminar.
Ocorrerão casos em que, antes mesmo da concessão da liminar
pelo juízo competente, a parte interessada poderá, com simples cópia da
petição inicial já distribuída, requerer diretamente a outro juízo, em cuja
comarca tiver sido localizado o bem, a concessão e o cumprimento da liminar
de busca e apreensão, vemos então a eficácia da desnecessidade de
comprovação de mora por notificações extrajudiciais, visto que o bem pode
estar em comarca distinta daquela em que a inicial foi distribuída.
Desta forma há ampliação da competência jurisdicional do órgão
perante o qual não tramita a demanda, limitando-se tal competência à
apreciação da liminar e ao seu respectivo cumprimento.
Há possibilidade que esses requerimentos sejam formulados em
sede de plantão judiciário, conforme preconiza o artigo 3º, caput, do DL 911/69.
Já há no Tribunal de Justiça do Paraná enunciado orientativo, que
menciona o requerimento de cumprimento de busca e apreensão em comarca
distinta daquela em que tramita a ação por simples requerimento por petição,
conforme abaixo:
ENUNCIADO ORIENTATIVO N.º 11 – CUSTAS PROCESSUAIS. Custas pela prática dos atos previstos no art. 3º, parágrafo 12, do Decreto-Lei 911/1969, com a redação dada pela Lei 13.043/2014. Alienação fiduciária. Busca e apreensão em comarca distinta daquela em que tramita a ação. Requerimento por simples petição. Custas a serem cotadas com base no item 1 da Tabela IX (incidentes procedimentais).
3.2. Cumprimento do Mandado de Busca e Apreensão e
os Deveres do Réu
O legislador, expressamente, diz que o devedor, ou terceiro, por
ocasião do cumprimento do mandado, terá de entregar o bem e seus
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respectivos documentos, independente se for por petição dispensada a Carta
Precatória ou mandado regular de Busca e apreensão.
Parece, desta forma, lícito entender que o não cumprimento desse
dever poderá sujeitar o réu, ou o terceiro em poder de quem estiver o bem, às
sanções previstas no artigo 77, inciso IV, § 2º do Novo Código de Processo
Civil Brasileiro, conforme abaixo:
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação;
§ 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.
34
CAPÍTULO IV
EXTENSÃO DAS REGRAS AO ARRENDAMENTO
MERCANTIL (LEASING)
4.1. Regras Estendidas Para o Arrendamento Mercantil
Uma das alterações mais importantes promovidas pela recente lei
13.043/2014, foi a de igualar alguns aspectos procedimentais da ação de busca
e apreensão com a de reintegração de posse.
Pode-se dizer, na verdade, que restaram pouquíssimas diferenças
entre e uma e outra.
O conteúdo do artigo 2º, caput, que é a possibilidade de alienação
da coisa independentemente de leilão, hasta pública, avaliação prévia ou outra
medida judicial ou extrajudicial, com prestação contas ao final, e, também do
seu § 2º, onde há a comprovação da mora com base em simples carta
registrada com aviso de recebimento, aplicam-se igualmente às hipóteses de
arrendamento mercantil (leasing) de veículos.
Portanto, as mesmas facilidades criadas para os contratos com
alienação fiduciária, especialmente no campo da comprovação da mora, são
extensíveis aos contratos de arrendamento mercantil, o que dá celeridade e
facilita o processo.
Toda a disciplina prevista no artigo 3º, nos seus quatorze
parágrafos, incidem também nas operações de arrendamento mercantil,
conforme o § 15 do artigo 3º do DL 911/69.
Desta forma, todas as inovações anteriormente comentadas,
advindas da nova redação do artigo 3º, do DL 911/69, são utilizados no
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processo judicial de reintegração de posse de bem alvo de arrendamento
mercantil.
A jurisprudência já vinha admitindo a extensão das normas
processuais da alienação fiduciária ao arrendamento mercantil, o texto legal
agora não deixa mais dúvidas.
Com efeito, a nova lei unificou a ação de busca e apreensão com a
reintegração de posse em dois aspectos fundamentais: na alienação
extrajudicial do bem objeto do contrato e na constituição e comprovação da
mora do devedor.
4.2. Limites da Extensão do Decreto Lei para o
Arrendamento Mercantil
Importante esclarecer, porém, para o fato de a nova lei ter
disciplinado as hipóteses em que se admite essa extensão, portanto, se a lei
cuidou de explicitar os casos específicos, a extensão não se dá fora das
hipóteses legais.
Inadmissível, por exemplo, que o réu, na ação de reintegração de
posse, exerça o direito de efetuar o pagamento integral do débito e de, com
isso, retomar a posse do bem livre do ônus (artigo 3º, § 2º, do DL 911/69).
Bem como inadmissível a conversão da ação de reintegração de
posse para ação de execução, como veremos no julgado abaixo, realizado em
28/03/2016, por acórdão de agravo de instrumento sob o número 0013945-
93.2016.8.19.0000, pela vigésima quinta câmara cível consumidor, do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, proferido pela relatora Leila Maria
Rodrigues Pinto de Carvalho e Albuquerque, onde há decisão impossibilitando
a aplicação analógica do artigo 4º do Decreto Lei 911/69.
36
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL DE VEÍCULO AUTOMOTOR. Impugnação à decisão de indeferimento do pedido de convolação da Ação em Execução. A incompatibilidade de ritos impede a aplicação do artigo 264 do Código de Processo Civil. Assim como há impossibilidade de aplicação analógica do artigo 4º do Decreto-Lei nº 911/69. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO
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CONCLUSÃO
Diante do exposto, conclui-se que boa parte das alterações
legislativas examinadas é mera positivação de alguns entendimentos que já
vinham sendo aplicados, na prática, pelos tribunais, como a possibilidade de
venda extrajudicial, pelo arrendador, no contrato de leasing, e a possibilidade
de purgação da mora nesta modalidade contratual.
As mudanças ocorridas no Decreto Lei 911/69, pela Lei nº
13.043/2014, foram significativas, não apenas para regularizar jurisprudências
consolidadas, mas para dar celeridade no procedimento adotado, bem como
não é possível afirmar que tais alterações procedimentais poderão influenciar o
comportamento dos agentes econômicos, a ponto de estimular o
reaquecimento econômico no setor, como foi alardeado.
Mas o que é certo, em mais uma reforma legislativa realizada no
Decreto-Lei 911/69, é que as diferenças entre o leasing e a alienação fiduciária
se reduziram ainda mais, sendo que a mais notável alteração ocorreu no
contrato de leasing, cuja caracterização da mora agora independe de
interpelação extrajudicial, podendo-se dizer que a Súmula 369 do STJ
caducou.
Em termos jurídicos, facilitou os procedimentos, bem como sanou
dúvidas, desburocratizou e regularizou pendências, como por exemplo, a
notificação que deixou de ser territorial e não havia necessidade de exigir mais
a realizada por Cartório de Notas e protestos.
Foram grandes as mudanças implementadas pela Lei nº 13.043/14
no regime de alienação fiduciária de veículos, mais precisamente no Decreto
Lei nº 911/69 que o regulamenta, muitas das quais, inclusive, já vinham sendo
aplicadas na prática pelos nossos Tribunais e pelo Superior Tribunal de Justiça,
como é o caso da desnecessidade de assinatura do destinatário nas
notificações extrajudiciais para efeitos de comprovação de mora do devedor.
Embora a maioria delas tenha sido positiva, algumas das mudanças
trazidas pela Lei nº 13.043/14 darão margem para novas controvérsias no
judiciário nacional, por talvez terem mitigado determinados direitos já
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consagrados dos consumidores em prol do fortalecimento das grandes
corporações.
O que se espera, no entanto, é o respeito dos magistrados ao novo
comando legal, mesmo ante a sua clara tentativa de preservação dos terceiros
de boa-fé detentores de créditos privilegiados ou não.
Como visto, se as alterações trazidas pela Lei Federal nº
13.043/2014 ao Decreto-Lei nº 911/69 forem bem aplicadas pelos Juízes e
Tribunais e interpretadas sob a ótica da necessidade de preservação das
garantias contratuais existentes, como claramente quis o legislador, não restam
dúvidas de que a médio e a longo prazo haverá não só uma reoxigenação do
mercado de crédito, mas também a retomada da certeza jurídica de que a Ação
de Busca e Apreensão é um remédio jurídico rápido, seguro e economicamente
viável para a recuperação de créditos pelo mercado.
39
BIBLIOGRAFIA
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brito, 20 edição, revista atualizada e aumentada de acordo com o código civil
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BRASIL.http://www.epm.tjsp.jus.br/Internas/Artigos/DirCivilProcCivilV
iew.aspx?ID=25054 Acesso em: 12/03/2016.
BRASIL. http://www.oab-sc.org.br/artigos/as-alteracoes-do-decreto-
lei-91169-e-busca-pela-facilitacao-recuperacao-bens-alienados-
fiduciariamen/1614. Acesso em: 12/03/2016.
41
BRASIL. http://www.serjus.com.br/temp/noticia.php?id=3709. Acesso
em: 12/03/2016.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
MODIFICAÇÕES SIGNIFICATIVAS DO DECRETO-LEI 911/69
10
1.1.
Credor Fiduciário Vendendo o bem 10
1.2.
Comprovação de Mora 11
1.3.
Plantão Judiciário: Liminar de Busca e Apreensão 14
1.4.
Da recuperação do Veículo após o cumprimento da liminar de Busca e
Apreensão 15
1.5.
Restrição Judicial: Inclusão na base de dados do RENAVAM 19
1.6.
Conversão da Busca e Apreensão em execução 20
1.7.
Lei nº 13.043/14 Torna Necessária Prestação de Contas após a
Alienação do Bem 22
43
1.8.
Da Preferência do Concurso de Credores Através do Valor da Venda do
Bem 24
1.9.
Apreensão do Veículo Alienado Fiduciariamente nos Casos de
Recuperação Judicial 24
CAPÍTULO II
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL 26
2.1.
Origem da Teoria do Adimplemento Substancial 26
2.2.
Utilização e Princípios da Teoria do Adimplemento Substancial 27
CAPÍTULO III
LIMINAR OBTIDA E/OU CUMPRIDA EM COMARCA DIVERSA:
DISPENSA DE CARTA PRECATÓRIA 31
3.1.
Dispensa de Precatória 31
3.2.
Cumprimento do Mandado de Busca e Apreensão e os Deveres do Réu
32
CAPÍTULO IV
EXTENSÃO DAS REGRAS AO ARRENDAMENTO MERCANTIL
(LEASING) 34
4.1.
Regras Estendidas para o Arrendamento Mercantil 34
4.2.
Limites da Extensão do Decreto Lei para o Arrendamento Mercantil
35
CONCLUSÃO 37
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 42
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