View
213
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGOGICA
Por: Angela da Silva Varella Macedo
Orientador
Prof. Solange Monteiro
Rio de Janeiro
2014
DOCU
MENTO
PRO
TEGID
O PEL
A LE
I DE D
IREIT
O AUTO
RAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A INTERVENÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NA NÃO
AUTORIZAÇÃO DO CRESCIMENTO DA CRIANÇA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia Institucional
Por:. Angela da Siva Varella Macedo.
3
AGRADECIMENTOS
....à Deus...amigos...em especial minha
amiga Marcia Luz....
4
DEDICATÓRIA
.....dedico à minha orientadora Solange
Monteiro pela atenção, amizade e
incentivo....e a amiga e companheira
Marcia Luz.
5
RESUMO
Escola e família constituem dois contextos de desenvolvimento
fundamentais para a trajetória de vida das pessoas. Neste trabalho, são
destacadas as contribuições de contextos para a promoção do
desenvolvimento humano, enfatizando suas implicações nos processos
evolutivos. Questões sobre configurações, vínculos familiares e a importância
da rede social de apoio para o desenvolvimento da família são discutidas.
Focalizam-se as funções da escola, considerando sua influência nas pessoas
em desenvolvimento.
Apontam-se algumas considerações sobre a necessidade de
compreender as inter-relações entre escola e família, visando facilitar a
aprendizagem e desenvolvimento humano. A integração entre esses dois
contextos é destacada como desafio para a prática profissional e pesquisa
empírica.
A não autorização do crescimento da criança pelos pais, hoje talvez
seja um dos maiores problemas enfrentados pela instituição escolar,
principalmente na educação infantil e nos primeiros segmentos, pois a escola é
o segundo meio social com o qual a criança se depara.
Os pais desejam que seus filhos mostrem bom desempenho em suas
notas, mas não permitem que eles desenvolvam autonomia, sejam eles
próprios com suas capacidades. Com isso, dificilmente as boas notas
aparecerão, o bom desenvolvimento surgirá.
Faz-se necessária então, a interferência do profissional de
Psicopedagogia para intermediar esse conflito família- aluno-escola.
Palavras-chave: Psicopedagogia. Intervenção Psicopedagógica. Família.
Escola
6
METODOLOGIA
Esse trabalho se dá frente a necessidade da compreensão, do
entendimento das dificuldades que as crianças/alunos enfrentam como
consequência do excesso de zelo, de proteção da família, não autorizando o
desenvolvimento natural da criança, não permitindo que ela crie a sua
identidade.
Ademais a família é o foco deste trabalho tendo em vista seu papel
educativo que não pode ser ignorado nem tão pouco assumido pela instituição
educacional.
Hoje a Psicopedagogia é fundamental nessa construção, visto que o
seu profissional, com habilidades e competências desenvolverá meios
motivacionais para desconstruir essa dependência da família, do adulto para
plantar ou desatar a autonomia, a auto-estima dessa criança/aluno.
Quanto aos meios tem por fim uma abordagem específica, sustentada
a partir de opiniões, estudos de especialistas, de teóricos como Wallon,
Vygotsky, Piaget, em livros, revistas, artigos, material disponibilizado durante
as aulas. E como fonte de consulta bibliográfica os ensinamentos de Rubem
Alves, Alicia Fernandez, Albertina de Mattos, Elizabeth Polity, João Beauclair,
Lou de Olivier, Claudio J. P. Saltini entre outros
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O PERFIL DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA 11
CAPÍTULO II
A ESCOLA 22
CAPÍTULO III
APRENDA FILHO, MAS NÃO CRESÇA... 32
CONCLUSÃO 45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47
ÍNDICE 48
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa intitulada
caracterização da relação família-escola, que precisa identificar, sistematizar e
investigar a intervenção pedagógica na escola e, além disso, para caracterizar
a relação estabelecida entre duas instituições que visam educar o indivíduo e
contribuir para a sua formação em conjunto com relação sociedade
conceituada na área de conhecimento.
Evidencia-se na literatura sobre psicopedagogia pouca reflexão acerca
da escuta psicopedagógica aos professores na escola. Entretanto, a escuta é
um elemento relevante e vem ocupando constantemente seu espaço nas mais
variadas áreas, como: na psicanálise, na psicologia, bem como na própria
psicopedagogia. Neste contexto, o principal objetivo deste artigo foi analisar a
forma como o profissional formado em psicopedagogia exerce sua escuta aos
professores na instituição escolar. O presente estudo pretende contribuir para
a literatura sobre o assunto, apresentando possíveis estratégias para
aprimorar/desenvolver a escuta psicopedagógica.
O olhar e a escuta são elementos complementares no processo de
análise de fenômenos sociais, pois, o ver e o escutar contribuem nesse
processo. Para Weffort (1997), não ouvimos realmente o que os outros falam,
e sim o que se quer ouvir. Neste sentido, o ver e o ouvir demandam
implicações e entregas ao outro.
A escuta também é um elemento que pode contribuir acerca da
atuação do psicólogo no ambiente escolar, esta pode ser utilizada como
mecanismo capaz de apreender os fenômenos que se efetivam no interior das
escolas. Entretanto, a escuta está atrelada ao olhar que precisam ser clínicos,
conforme salienta Adronio apud Barbier (1985), afirmando que o procedimento
clínico e sua teoria devem constantemente conquistar o lugar que lhe foi até
então recusado, o que se caracteriza como importante ao procedimento clínico
9
é o respeito, ou melhor, a sensibilidade ao que é ambíguo, ao duplo sentido e
a hipercomplexidade. Com isso, a observação se constitui também como
relevante no desenvolvimento de uma escuta clínica.
Aconselhamento com os pais e a atuação do psicopedagogo, em
instituições escolares, requer postura/atitude clínica frente às diversas
produções sejam elas explícitas ou implícitas dos indivíduos a quem se propõe
intervenção psicopedagógica. Nesta perspectiva, a escuta psicopedagógica
clínica insere-se como mecanismo de verificar e tratar os diferentes fenômenos
que se apresentam no cotidiano do trabalho docente nas escolas.
Para se apropriar da utilização da escuta clínica na psicopedagogia, é
relevante antes, caracterizar o olhar clínico como aquele que toma em
consideração um campo – de pesquisa ou de intervenção – estruturado por um
jogo de relações e de intervenções dinâmicas e complexas. No entanto, ele
também supõe que o prático e o pesquisador estejam convenientemente
deslocados da relação, isto é, que eles assumam uma postura de implicação-
distanciamento. Tal postura, por sua vez, possibilitar-lhes-á estar efetivamente
co-presente na situação que eles analisam, sem perder, para tanto, suas
especificidades e suas competências. Martins (2003, p. 43).
O alcance da escuta psicopedagógica está conectada a apropriação de
um fazer-se terapeuta. Em virtude disso, ao se propor um estudo em torno da
dessa escuta, aos professores na escola, laça-se um olhar, segundo Macedo e
Falcão (2009), para a importância dado pelo terapeuta às falas, gestos,
movimentos, etc. de seu analisado, isso demonstrou o papel da escuta deste
em relação a si próprio, em sua investigação pessoal. Pois, a escuta da
psicopedagogia encontra sua vitalidade na capacidade do analista em
perceber e reconhecer o valor e a necessidade de ser ele próprio escutado,
gerando em si uma capacidade que está fora do domínio da rigidez ou da
padronização, e que por isso abre espaço à escuta do outro.
O psicopedagogo deve “escutar e traduz Fernandez (1991, p. 127) de
modo transcendente o que lhe é apresentado, buscando a atitude clínica
10
necessária no trato dos dados obtidos através de sua escuta e análise. Pois,
“são as palavras, ou sua ausência, associados com a cena penosa, as que dão
ao sujeito os elementos que impressionarão sua imaginação” (Mannoni apud
Fernandez, 1991, p. 127). Assim, a função da escuta psicopedagógica não é
fazer o paciente confessar o tido como importante, mas sim, garantir ao
indivíduo a possibilidade de que fale do que realmente carece de importância.
11
CAPÍTULO I
O PERFIL DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
Personalidade é a organização dos traços no interior do Eu, formado a partir de genes particulares que herdamos, das existências singulares que suportamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar seu papel social. (BALLONE, 2003)
Na história do nosso Brasil-Colônia, marcado pela escravidão e pela
produção rural às exportações, o modelo era uma família extensa, patriarcal e
os casamentos baseavam-se em interesses econômicos.
A mulher era destinada aos afazeres domésticos e à educação dos
filhos.
Desde cedo, a menina era educada para desempenhar seu papel de
mãe e esposa, zelar pela educação dos filhos e pelos cuidados com o lar.
O homem era somente o provedor, o mantenedor da casa
financeiramente.
Nos últimos vinte anos, várias mudanças no plano socioeconômico e
cultural, relacionadas ao processo de globalização, vêm interferindo na
dinâmica e estrutura familiar e, consequentemente, estimulando alterações em
seu padrão tradicional de organização. Embora, esse processo tenha
começado com a Revolução Industrial, a interferência nas configurações
familiares passa por grandes mudanças; depois da II Guerra mundial, a mão
de obra feminina aumentou em virtude da ausência masculina no mercado de
trabalho.
12
Contudo, a tradicional divisão de papéis entre o homem e a mulher
teve grandes alterações. No que se referem a gênero, ambos já não recebem
uma educação formal diferenciada.
A partir das últimas décadas do século XIX, identifica-se um novo
modelo de família. Com o fim do trabalho escravo, com as novas práticas
sociais e com o início da modernização do país, criou-se um terreno fértil à
proliferação do modelo de família nuclear burguesa, originário da Europa.
Trata-se de uma família constituída por pai, mãe e poucos filhos. O homem
não mais é o detentor da autoridade, enquanto a mulher assume uma nova
posição: profissional também.
As mulheres pleiteiam as mesmas faculdades e ocupam espaços
cada vez maiores no mercado de trabalho. Com isso, a clássica divisão de
tarefas pai/provedor, mãe/rainha do lar é quase inexistente. Isso parece muito
bom!
A mulher fez um movimento que lhe garantiu uma posição diferente no
mundo.
O problema parece surgir quando, por não enfrentar sua nova
condição, a mulher se cobra e faz coisas demais, como uma espécie de
punição por ter abandonado os filhos, passando tanto tempo fora de casa.
Deve-se lembrar de que muito embora o perfil da família tenha
mudado atualmente, essa não deixa de ser um importante núcleo de
crescimento e fundamentação de valores.
A família é indispensável à garantia da sobrevivência e da proteção
integral dos filhos, independentemente da estrutura familiar, ou da forma como
vêm se estruturando.
É a família que propicia a construção dos laços afetivos e a
satisfação das necessidades no desenvolvimento da pessoa. Ela desempenha
13
um papel decisivo na socialização e na educação. É na família que são
absorvidos os primeiros saberes, e onde se aprofundam os vínculos humanos.
A educação bem sucedida serve de apoio à criatividade e ao
comportamento produtivo escolar. A família tem sido, e será, a matriz do
desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. A família,
presente em todas as sociedades, é um dos primeiros ambientes de
socialização do indivíduo, atuando como mediadora principal dos padrões,
modelos e influências culturais. (Amazonas, Damasceno, Terto & Silva, 2003;
Kreppner, 1992, 2000).
Os membros de famílias contemporâneas têm se deparado e
adaptado às novas formas de coexistência oriundas das mudanças nas
sociedades, isto é, do conflito entre os valores antigos e o estabelecimento de
novas relações (Chaves, Cabral, Ramos, Lordelo & Mascarenhas, 2002).
1.1 A importância da família no contexto do desenvolvimento
da criança
É também considerada a primeira instituição social que, em conjunto
com outras, busca assegurar a continuidade e o bem estar dos seus membros
e da coletividade, incluindo a proteção e o bem estar da criança. A família é
vista como um sistema social responsável pela transmissão de valores,
crenças, ideias e significados que estão presentes nas sociedades. (Kreppner,
2000).
A família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade
futura, mas é o centro da vida social. Sobre a fundamental importância da
família, "não há livros, não há métodos artificiais que possam substituir a
educação em família. A melhor história ou o quadro mais emocionante visto
num livro são para a criança como a visão de um sonho sem vínculos, sem
seguimento, sem verdade interior. Pelo contrário, o que se passa em casa, sob
14
os olhos da criança, liga-se, naturalmente, no seu espírito, a mil outras
imagens precedentes, pertencendo à mesma ordem de ideias e, portanto, têm
para ela uma verdade interior".
Ela tem, portanto, um impacto significativo e uma forte influência no
comportamento dos indivíduos, especialmente das crianças, que aprendem as
diferentes formas de existir, de ver o mundo e construir as suas relações
sociais.
Como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a família
constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo
que estão imersas nas condições materiais, históricas e culturais de um dado
grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem humana, com significados e
práticas culturais próprias que geram modelos de relação interpessoal e de
construção individual e coletiva.
Os acontecimentos e as experiências familiares propiciam a formação de
repertórios comportamentais, de ações e resoluções de problemas com
significados universais (cuidados com a infância) e particulares (percepção da
escola para uma determinada família). Essas vivências integram a experiência
coletiva e individual que organiza, interfere e a torna uma unidade dinâmica,
estruturando as formas de subjetivação e interação social. E é por meio das
interações familiares que se concretizam as transformações nas sociedades
que, por sua vez, influenciarão as relações familiares futuras, caracterizando-
se por um processo de influências bidirecionais, entre os membros familiares e
os diferentes ambientes que compõem os sistemas sociais, dentre eles a
escola, constituem fator preponderante para o desenvolvimento da pessoa.
Portanto, as transformações tecnológicas, sociais e econômicas
favorecem as mudanças na estrutura, organização e padrões familiares e,
também, nas expectativas e papéis de seus membros. E a constituição e a
estrutura familiar, por sua vez, afetam diretamente a elaboração do
conhecimento e as formas de interação no cotidiano das famílias (Amazonas &
Cols. 2003; Campos & Francischini, 2003). Logo, ela é a principal responsável
15
por incorporar as transformações sociais e inter geracionais ocorridas ao longo
do tempo, com os pais exercendo um papel preponderante na construção da
pessoa, de sua personalidade e de sua inserção no mundo social e do trabalho
(Távora, 2003; Volling & Elins, 1998).
No ambiente familiar, a criança aprende a administrar e resolver os
conflitos, a controlar as emoções, a expressar os diferentes sentimentos que
constituem as relações interpessoais, a lidar com as diversidades e
adversidades da vida (Wagner, Ribeiro, Arteche & Bornholdt, 1999).
Essas habilidades sociais e sua forma de expressão, inicialmente
desenvolvidas no âmbito familiar, têm repercussões em outros ambientes com
os quais a criança, o adolescente ou mesmo o adulto interagem, acionando
aspectos salutares ou provocando problemas e alterando a saúde mental e
física dos indivíduos (Del Prette & Del Prette, 2001)
O próprio conceito de família e a configuração dela têm evoluído para
retratar as relações que se estabelecem na sociedade atual. Não existe uma
configuração familiar ideal, porque são inúmeras as combinações e formas de
interação entre os indivíduos que constituem os diferentes tipos de famílias
contemporâneas (Stratton, 2003): nuclear tradicional, recasadas,
homossexuais, dentre outras combinações.
Portanto, a família, hoje, não é mais vista como um sistema privado de
relações; ao contrário, as atividades individuais e coletivas estão intimamente
ligadas e se influenciam mutuamente.
A família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade
futura, mas é o centro da vida social.
Os problemas vividos nas relações familiares vêm acentuando-se,
gradativamente, ao longo da história. Porém, nos últimos anos, as mudanças
foram significativas. A falta de tempo, os desencontros e a solidão denotam as
dificuldades dos adultos dentro de suas casas. Parece que a maioria dos seres
humanos precisa de bolsos forrados de dinheiro, mas possivelmente sem
16
saúde, e principalmente sem familiares à sua volta. Trabalhar é necessário,
porém deve-se analisar o contexto familiar no qual se vive e as necessidades
desse.
A educação bem sucedida serve de apoio à criatividade e ao
comportamento produtivo escolar. A família tem sido, e será, a matriz do
desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
A família é responsável pelo processo de amadurecimento psíquico e
proporciona uma sustentação necessária à individuação.
A reorganização das pessoas em grupo é um processo constante, pois
é através dela que acontece a evolução pessoal e a estrutura necessária à
formação de novas bases e identificações.
A criança precisa de segurança, estabilidade, afetividade e
compreensão para sentir-se adequada diante dos processos de aprendizagem.
Um ambiente desfavorável incrementa a agressividade, o sentimento
de incapacidade e, consequentemente, o comportamento não sociável.
A falta, ou escassez, de relações familiares adequadas, devido ao
pouco tempo de convívio, ou desajustamentos pessoais, provoca a carência
das funções materna e paterna, fragiliza os laços amorosos.
Os pais são responsáveis pela sustentação emocional dos filhos, para
que estes encontrem sucesso na aprendizagem escolar, orientando-os para
lidar com as frustrações em relação aos modelos de aprendizagem formal,
busca por estabilidade, as famílias contam ou não com o suporte de uma rede
social de apoio, que permite a elas superarem (ou não) as dificuldades
decorrentes de transições do desenvolvimento (Dessen & Braz, 2000).
Independente das que ocorrem no âmbito familiar, elas são produtoras
de mudanças que podem funcionar como aspectos propulsores ou inibidores
do desenvolvimento, influenciando, direta ou indiretamente, os modos de
17
criação dos filhos. No entanto, a principal rede de apoio da família é oriunda
das próprias interações entre seus membros.
Contatos negativos, conflitos, rompimentos e insatisfações podem
gerar problemas futuros, particularmente nas crianças. Por outro lado, relações
satisfatórias e felizes entre marido e esposa constituem fonte de apoio para
ambos os cônjuges, sobretudo para a mulher.
Todo ser humano procura identificação e aceitação em um grupo. Se
sua família não estiver provendo essa identificação e organização necessária,
ele irá buscá-las fora do convívio parental. Logo, surge o transtorno de
aprendizagem, que pode levar o sujeito à marginalização, ao fracasso escolar,
o que comumente percebemos.
O alongamento da jornada de trabalho, devido tanto à necessidade de
trabalhar mais para aumentar o rendimento familiar quanto ao crescimento das
cidades, diminuiu consideravelmente o tempo que os pais dispunham para
compartilhar com os filhos. Mas a criança carece de muito afeto e de uma troca
com os adultos que vá além da satisfação das suas necessidades fisiológicas.
A diminuição desse afeto, dessa troca, empobrece consideravelmente a
criança e limita suas possibilidades de amadurecimento. Paradoxalmente, para
poder satisfazer as necessidades fisiológicas e materiais dos filhos, os pais
precisaram trabalhar cada vez mais, reduzindo, com isto, o tempo de contato
direto com eles.
É no sistema familiar que são expressas as inquietações, as
conquistas, os medos e as metas pessoais. Para tanto, é necessário preservar
a individualidade dos seus membros e, ao mesmo tempo, o sentimento
coletivo. Isso representa uma forma de apoio mútuo em família. Embora não
exista uma concordância quanto ao papel desempenhado pelos afetos no
processo de conhecer, é consenso o fato de que os estados afetivos interferem
no cognitivo. Também parece haver uma certa concordância quanto ao fato de
que as funções afetivas e cognitivas são de natureza distinta, embora
18
indissociáveis, uma vez que não existe conduta afetiva sem elementos
cognitivos, nem tão pouco elementos cognitivos desvinculados do afeto.
Se a família não oferecer a base necessária ao desenvolvimento da
criança, ou do adolescente, este irá buscá-la em outros grupos. O perigo se
instala nesse momento, pois, se o sujeito não encontrar apoio e atenção nos
membros do seu grupo mais próximo, certamente irá buscá-los fora. Assim, a
fragilidade do adolescente aflora quando não vislumbra expectativas de
crescimento e autonomia no futuro.
O papel da família vai além de prover os meios necessários à
sobrevivência. Para o casal que decide ter filhos, a responsabilidade é ampla.
A criança deve ter suas necessidades básicas satisfeitas, receber afeto,
usufruir do aprendizado que permita tornar-se um ser capaz de viver em
sociedade.
Se a família não oferecer a base necessária ao desenvolvimento da
criança, ou do adolescente, este irá buscá-la em outros grupos. O perigo se
instala nesse momento, pois, se o sujeito não encontrar apoio e atenção nos
membros do seu grupo mais próximo, certamente irá buscá-los fora. Assim, a
fragilidade do adolescente aflora quando não vislumbra expectativas de
crescimento e autonomia no futuro.
A individuação é um processo que passa pela diferenciação, por uma
condição de auto expressão. Teoricamente, a criança ou adolescente são
membros garantidos no grupo, visto que nascem e crescem nesse meio. Mas,
não basta nascer e crescer, essa criança ou adolescente necessita do apoio
da família e de um lugar na relação parental. Nesse sentido, o sujeito vai
constituindo sua maturidade e iniciando o processo de individuação.
Poderíamos dizer que a família é uma célula reprodutora de outras, pois o
indivíduo ao atingir a maturidade e individuação irá formar outra célula, no
caso, outra família.
19
As palavras têm um significado, pois uma comunicação eficiente diminui
a chance de desvios de compreensão. Portanto, é necessário o diálogo na
tarefa de educar. Poderíamos dizer que as relações parentais, regidas pelo
comprometimento e diálogo, são essenciais para uma situação confortável
entre as pessoas na família.
Ao analisar as relações cada vez mais distantes entre pais e filhos,
vemos que os filhos procuram de alguma forma, suprir a necessidade de afeto,
assim como buscar meios para atrair a atenção dos pais. Na sociedade atual,
a situação escolar é importante para os pais e perturba-os constatar que seus
filhos não estão bem nas atividades escolares, em muitos casos.
A dificuldade de aprendizagem de uma criança, ou um adolescente,
pode não ser mais do que uma forma encontrada de manifestar a falta, a
precariedade dos vínculos familiares, nesse sentido, educar não é uma tarefa
tão simples, como pode parecer.
Entende-se como família um sistema em constante transformação,
evoluindo graças à capacidade de buscar a estabilidade e, então,
recuperando-a por meio de reorganizações de suas estruturas sob novas
bases. Ou seja, a família é um sistema que passa por transformações
constantes. Na formação de uma família, espera-se que as pessoas tenham
uma relativa independência emocional das famílias de origem. Isso é
importante, pois facilita o processo no qual o cônjuge, na formação do novo lar,
torna-se uma pessoa significativa no novo contexto. Porém, a maioria dos
jovens só começa a vida conjugal na dependência financeira dos pais, o que
pode ser um problema. A autonomia, um dos principais desafios dessa fase,
acaba ficando de lado, logo, a dependência econômica prejudica o processo
de formação da nova família em termos de responsabilidade e autonomia.
Portanto, a família, hoje, não é mais vista como um sistema privado de
relações; ao contrário, as atividades individuais e coletivas estão intimamente
ligadas e se influenciam mutuamente. O que ocorre na família e na sociedade
20
é sintetizado, elaborado e modificado provocando a evolução e atualização
dela e de sua história na sociedade (Kreppner, 1992).
A família também é a responsável pela transmissão de valores
culturais de uma geração para outra. Essa transmissão de conhecimentos e
significados possibilita o compartilhar de regras, valores, sonhos, perspectivas
e padrões de relacionamentos, bem como a valorização do potencial dos seus
membros e de suas habilidades em acumular, ampliar e diversificar as
experiências. De acordo com Kreppner (2000), a família e suas redes de
interações asseguram a continuidade biológica, as tradições, os modelos de
vida, além dos significados culturais que são atualizados e resgatados,
cronologicamente.
Ao desempenhar suas funções, dentre as quais a socialização da
criança, a família estabelece uma estrutura mínima de atividades e relações
em que os papéis de mãe, pai, filho, irmão, esposa, marido, e outros são
evidenciados. Todavia, a formação dos vínculos afetivos não é imutável, pelo
contrário, ela vai se diferenciando e progredindo mediante as modificações do
próprio desenvolvimento da pessoa, as demandas sociais e as transformações
sofridas pelo grupo sociocultural. De acordo com este autor, além de se
adaptar às mudanças decorrentes do crescimento dos seus membros, a
família ainda tem a tarefa de manter o bem estar psicológico de cada um,
buscando sempre nova estabilidade nas relações familiares.
Educar vai muito além de prover os meios para a criança vir ao mundo
e ser mantida nele, é um processo e, dentro desse estamos inseridos,
enquanto família e escola, pois as crianças aprendem de acordo com o que
vivenciam com seus modelos de identificação. Assim, crianças e adolescentes,
constantemente, observam, analisam atitudes, comportamentos sociais e
profissionais. Daí a importância da organização familiar, porque, ninguém, ao
vir ao mundo, sabe o que é certo e o que é errado. O ser humano, ao nascer,
não tem uma personalidade definida. São os pais que têm a tarefa de
fundamentar e consolidar a personalidade da criança.
21
A família deveria ser a célula da sociedade, mas está se esfacelando
aos poucos, dando lugar ao liberalismo descontrolado, à procura de segurança
no trabalho, no dinheiro, resumindo, em coisas materiais. Seus integrantes
encontram-se perdidos, inseridos em um meio que não percebe a família como
a base ou a sustentação para a resolução dessas dificuldades de ordem
individual e coletiva.
22
CAPÍTULO II
A ESCOLA
A escola, segundo Mahoney (2002), constitui um contexto diversificado
de desenvolvimento e aprendizagem, isto é, um local que reúne diversidade de
conhecimentos, atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos,
problemas e diferenças. É nesse espaço físico, psicológico, social e cultural
que os indivíduos processam o seu desenvolvimento global, mediante as
atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (Rego, 2003).
O sistema escolar, além de envolver uma gama de pessoas, com
características diferenciadas, inclui um número significativo de interações
contínuas e complexas, em função dos estágios de desenvolvimento do aluno.
Segundo Oliveira (2000) trata-se de um ambiente multicultural que abrange
também a construção de laços afetivos e preparo para inserção na sociedade.
Davies & Cols. (1997) e Rego (2003) “A escola emerge, portanto, como
uma instituição fundamental para o indivíduo e sua constituição, assim como
para a evolução da sociedade e da humanidade.”
É preciso que se estabeleça uma sintonia muito fina entre os pais e a
escola, na qual a contribuição de cada parte seja acolhida e respeitada em
benefício do bem-estar e do crescimento da criança. 'Infelizmente, em muitas
escolas, ainda persiste a visão de que a família não sabe educar, o que é um
equívoco', observa Stela Maris Lagos Oliveira, coordenadora de Educação
Infantil do Ministério da Educação (MEC). 'Quando a escola parte desse
princípio, impede o diálogo e coloca a família fora do processo. Ela precisa
respeitar o conhecimento que os familiares da criança trazem', defende a
coordenadora Stela. (Revista Crescer – Ed. 105)
23
Pais e professores também não precisam ficar amarrados ao programa
formal de reuniões bimestrais ou semestrais para trocar ideias e informações
sobre a criança. Quando se trata de crianças pequenas, essa 'troca de
figurinhas' precisa ser constante. Como ela ainda não consegue expressar
direito suas necessidades e sensações, os adultos que a acompanham, em
casa e na escola, é que precisam fazer o intercâmbio de informações. A
disciplina é algo que se constrói em parceria, na família é a união dos pais e os
filhos, na escola é o professor e o aluno.
2.1- O olhar da escola sobre a importância da família na
construção da identidade da criança.
Coerente com essa concepção, à escola compete propiciar recursos
psicológicos para a evolução intelectual, social e cultural do homem. Ao
desenvolver, por meio de atividades sistemáticas, a articulação dos
conhecimentos culturalmente organizados, ela possibilita a apropriação da
experiência acumulada e as formas de pensar, agir e interagir no mundo,
oriundas dessas experiências. Concomitantemente, ela proporciona o emprego
da linguagem simbólica, a apreensão dos conteúdos acadêmicos e
compreensão dos mecanismos envolvidos no funcionamento mental,
fundamentais ao processo de aprendizagem. Assim, a atualização do
conhecimento cultural e sua organização constante são premissas importantes
para entender o papel dela e sua relação com a pessoa em desenvolvimento.
A escola é uma instituição social com objetivos e metas
determinadas, que emprega e reelabora os conhecimentos socialmente
produzidos, com o intuito de promover a aprendizagem e efetivar o
desenvolvimento das funções psicológicas superiores: memória seletiva,
criatividade, associação de ideias, organização e sequência de conhecimentos,
dentre outras. Ela é um espaço em que o indivíduo tende a funcionar de
maneira preditiva, pois, em sala de aula, há momentos e atividades que são
24
estruturados com objetivos programados e outros mais informais que se
estabelecem na interação da pessoa com seu ambiente social. Por exemplo,
na escola, o aluno tem rotinas como hora do intervalo e do lanche, em que os
objetivos educacionais se dirigem à convivência em grupo e à inserção na
coletividade. No tocante às atividades acadêmicas, espera-se, por exemplo,
que os alunos dominem a interpretação, as regras fundamentais para
expressão oral e escrita e realizem cálculos de forma independente.
O currículo escolar estabelece objetivo e atividades, conforme a série
dos alunos, facilitando o acompanhamento do processo de ensino-
aprendizagem nas diferentes faixas etárias. Desde o maternal até a educação
de adultos, a escola tem peculiaridades em relação à sua estrutura física, à
organização dos conteúdos e metodologias de ensino, respeitando e
considerando a evolução do aprendiz, bem como articulando os
conhecimentos científicos às experiências dos alunos. Por exemplo, no ensino
médio, espera-se que o aluno apresente um raciocínio hipotético- dedutivo,
demonstre autonomia nos estudos e pesquisas, enquanto que, no
fundamental, os objetivos se dirigem ao domínio das operações complexas,
empregando materiais concretos e experiências advindas do contexto familiar
do aluno (Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental,
2001).
Marques destaca que a função da escola no século XXI tem o objetivo
precípuo de estimular o potencial do aluno, levando em consideração as
diferenças socioculturais em prol da aquisição do seu conhecimento e
desenvolvimento global. Sob este prisma, ele aponta três objetivos que são
comuns e devem ser buscados pelas escolas modernas:
1. estimular e fomentar o desenvolvimento em níveis físico, afetivo, moral,
cognitivo, de personalidade;
2. desenvolver a consciência cidadã e a capacidade de intervenção no
âmbito social;
25
3. promover uma aprendizagem de forma contínua, propiciando, ao aluno,
formas diversificadas de aprender e condições de inserção no mercado
de trabalho. Isto implica, necessariamente, em promover atividades
ligadas aos domínios afetivo, motor, social e cognitivo, de forma
integrada à trajetória de vida da pessoa.
Ele enfatiza também a importância das tarefas desempenhadas em
sala de aula que favorecem as formas superiores de pensar e aprender, tais
como memória seletiva, criatividade, raciocínio abstrato, pensamento lógico,
tendo o professor uma função preponderante nesta mediação.
Já para Wallon, a ideia da mediação do conhecimento realizada pelo
professor, por meio de materiais concretos, padrões e modelos de
aprendizagem e comportamento, permitem que, na sala de aula, se incorpore
uma ação coletiva que se estrutura e funciona graças ao uso de estratégias
específicas, como o trabalho em grupo e aos pares e a realização de
atividades recreativas, competitivas e jogos.
O uso de estratégias deve ser adaptado às realidades distintas dos
alunos e professores, às demandas da comunidade e aos recursos
disponíveis, levando em conta as condições e peculiaridades de cada época
ou momento histórico. Neste sentido, é importante identificar as condições
evolutivas dos segmentos: professores, alunos, pais e comunidade, em geral,
para o planejamento de atividades no âmbito da escola.
Acredita-se que a família e a instituição escolar compartilham a mesma
função educacional, embora uma não possa fazer o serviço da outra. Nos
tempos atuais, o desempenho dos pais deixa muito a desejar, principalmente,
nos modelos de ensino e aprendizagem, pois isto exige prática,
acompanhamento e sustentação emocional, já que a criança ou adolescente
não apresenta maturidade suficiente para enfrentar suas dificuldades sem a
presença e os limites colocados pelo adulto.
26
Uma família disfuncional não responde às exigências internas e
externas de convivência entre seus membros, tem papéis pouco discriminados
e modelos de comportamento inadequado.
A relação entre pais e filhos, que se mostra rígida, parece não permitir
possibilidades de alternativa de crescimento e diferenciação. Com isso, ocorre
um bloqueio no processo de comunicação.
A aprendizagem demanda pesquisa, mas como pesquisar se não há
apoio e, por falta desse, motivação. Logo, esse trabalho quer sensibilizar a
sociedade com relação à aprendizagem, esclarecendo e mostrando situações
nas quais temos tido altos índices de enfraquecimento no desempenho
escolar.
Ao analisar os processos de desenvolvimento e de aprendizado, um
educador propôs um complexo estudo sobre o tema. Um dos pontos de
reflexão que esse autor destacou é que o bom ensino leva ao bom
desenvolvimento. Creio que as reflexões desses autores abrem caminho para
esse estudo. Esse conceito de desenvolvimento e aprendizagem pode ser
compreendido como a distância entre o que o aluno é capaz de aprender16,
em seu desenvolvimento normal, e aquilo que ele não consegue desenvolver
sozinho, mas consegue realizar no contexto da interação com o meio escolar e
familiar, na mediação com o outro.
É possível planejar ou mesmo executar o processo de educação
escolar independentemente das condições familiares?
Essa questão merece um tratamento cuidadoso, que leve em conta
aspectos sociais e culturais.
A aprendizagem é um processo individual, mas se dá no contexto
sociocultural no qual o indivíduo está inserido, promovendo uma articulação
entre a inteligência e as experiências afetivas.
27
A escola pode contribuir para diferentes trajetórias de
desenvolvimento.
No sentido, pelo acesso à educação básica, a criança pode alcançar
estágios cognitivos mais elevados. Essa condição lhe possibilita melhores
oportunidades profissionais.
O ato de aprender não ocorre de forma solitária, é um processo
vincular que exige interação. Vivemos em um modelo de sociedade no qual os
saberes são discutidos e, de certa forma, possibilitam a reconstrução de
saberes anteriores. Essa troca de informações proporciona à pessoa
conclusões sobre saberes em construção. A aprendizagem se dá em um
contexto social, no qual as possibilidades de troca de informações são
exercidas proporcionando o crescimento do grupo.
Para que o sujeito participe, exponha seus saberes e incertezas, ele
precisa pertencer a um grupo e sentir-se aceito nele. Essa aceitação permitirá
que assuma a autoria de ideias, forme convicções, estabeleça diálogos com o
outro e com aprendizagem formal.
Cada um possui uma forma diferente de organizar-se, seja social ou
mentalmente.
Cada sujeito, inserido em um meio, deve compreender o seu modo de
organização, suas possibilidades e modalidades de aprendizagem.
Todos podem discernir entre o que é certo ou errado e, frente às
escolhas, tornarem-se responsáveis por seus atos. Porém, uma criança em
fase de amadurecimento psicossocial, relativamente dependente dos cuidados
dos outros, não pode ser responsabilizada por seus fracassos. Isso deve ser
repartido com seu grupo familiar, com as pessoas que a orientam quanto às
escolhas e às possíveis consequências de seus atos, que lhe transfiram
responsabilidades.
28
Seu desempenho escolar mostra uma "corresponsabilidade" com os
pais. Já o adolescente precisa assumir responsabilidades sobre seus atos e
decisões. Para que isso aconteça, a família deve promover os meios para que
este se sinta seguro ao iniciar o processo de individuação e separação
progressiva das figuras parentais. A adolescência é um período que demanda
alterações no grupo familiar e, principalmente, no jovem, para fortalecer sua
identidade pessoal. Por isso, é um processo que deve ser acompanhado de
perto pela família e não basicamente pela escola, como tem ocorrido em
muitos casos.
É necessário destacar a grande importância dos adultos, inicialmente
os pais, na educação das novas gerações. Isso também se refere à vida
escolar do filho. Se por um lado a família começa a abrir mão de suas
obrigações elementares, enquanto segmento responsável pela orientação e
conduta básica da pessoa, por outro, a escola incentiva e acolhe esta opção,
não fazendo, muitas vezes, nenhum chamamento que destaque a importância
da presença dos pais.
Assim, a escola se coloca em uma posição cômoda, pois não
necessita dar satisfação de sua diretriz educacional às famílias. Isso é uma
irresponsabilidade, pois deixa de comunicar aos pais os principais
acontecimentos da vida do filho, não assume seus próprios equívocos, deixa
de se comunicar com os pais por saber que isso exige esforço e acaba por
fechar-se em si mesma, não toma decisões em parceria com os pais sobre o
melhor método educacional.
Os pais, por sua vez, mostram um distanciamento da vida dos filhos no
que diz respeito à escola. Para muitos, não participar é mais interessante, uma
vez que têm outras atividades que não podem deixar de assumir. Para a
escola, a ausência da família significa que pode decidir sozinha, levar em conta
seus próprios interesses.
O professor é o primeiro a observar qualquer problema com a criança,
pois é quem passa a maior parte do tempo com a criança na escola.
29
Os professores devem procurar conhecer o que pensam e fazem os
pais de seus alunos, obter informações sobre a criança, interagir com eles. E
tudo isso se faz num contato mais estreito, com uma comunicação quase
diária.
Segundo Tiba (1996, p.117), disciplina “é uma qualidade de
relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos em uma sala de
aula e, consequentemente, na escola.”
Quando o professor está à frente da sala de aula, ele deve saber o que
fazer e como agir diante da turma, assim não passará insegurança aos alunos.
Se o docente for totalmente liberal, não importando com a
movimentação da classe, as conversas, como ele poderá cobrar depois. Se no
início ele não colocou limites.
O professor ele deve chamar a atenção dos educandos, para sua
disciplina quando o adolescente se sente motivado, ele terá motivos para
aprender. Assim a ordem será estabelecida dentro da sala de aula.
As crianças só aprendem quando têm algum motivo, algum interesse profundo em assimilar novos conhecimentos ou em adquirir novos hábitos. Esta motivação tem raízes nos desejos e nas necessidades de cada ser humano. Quando os objetivos da aprendizagem confundem-se com a satisfação destas necessidades, então teremos as melhores condições imagináveis para a assimilação de novos conhecimentos ou aquisição de novos hábitos. (WELL, 1956, p. 114)
Tiba (2006) ainda afirma que o ambiente interfere muito na disciplina,
como salas que há bastante barulho, salas com péssima iluminação, quentes,
e que não tem acomodação para comportar todos os alunos. Tudo isso causa
a desordem, pois ficam inquietos e sem lugar. Além de afetar o aprendizado.
Quando a criança vai pela primeira vez a escola, ali ele iniciará o
convívio com outras pessoas diferente de si. Muitos reagem de forma desigual
alguns não há problema de adaptar ao ambiente, outros já possuem uma
30
maior dificuldade. Isso vai passando a cada momento que muda de escola, de
classe e assim por diante. Quando chegam à fase da adolescência os
problemas de relacionamento fica mais frequente, são inimizades dentro da
sala de aula, formando grupinhos que brigam entre si, ficam mais competitivos,
iniciando-se um círculo de disputa e ofensas.
Tiba (2006, p. 153) ainda aponta os distúrbios da autoestima, “[...] são
a perda de limites, a autodesvalorização, o excesso de autoestima, o ego
inflado, o ego murcho, o falar que vai fazer algo e não seguir adiante.”
Esse distúrbio acarreta a indisciplina, a falta de respeito pelas pessoas,
causando brigas, procura ser diferentes do que realmente são, procura uma
saída em coisas que só lhe prejudica, como o álcool, drogas, e outros refúgios
que provocam danos em si mesmos.
Todas essas atitudes provocam a indisciplina nas escolas, em casa, no
seu convívio social. Mas o que realmente acarreta é a violência nas escolas, o
que tem sido cada vez mais comum. Além do letramento, conteúdos, das
diversas culturas que ali possui, a criança aprenderá a conviver com outras
pessoas que possui valores diferentes do seu, ela verá o mundo com seus
olhos e não apenas com a visão de sua família, formará suas opiniões
sabendo expressa-las.
Tiba (2006, p.178) “O contexto escolar é menos permissivo e
proporciona menor envolvimento e desgaste afetivo do que o meio familiar.”
A escola sendo menos afetiva do que o seio familiar, torna as suas
normas mais evidentes do que as de dentro de casa.
A sociedade requer que cada indivíduo esteja preparado dentro de
suas normas para se inserir a ela. Em qualquer segmento da sociedade tanto
no mercado de trabalho ou no meio social é necessário que o indivíduo saiba
respeitar as normas, as regras, as leis impostas pela sociedade, caso contrário
haverá um punição para cada ato inflacionado ou insano.
31
Tiba (1996) ressalta que a sociedade não ensina quase nada, apenas
sinaliza as regras a serem obedecidas. Ainda afirma que o desrespeito aos
pais pode ser justificado, aos mestres implicará em uma advertência, já na
sociedade, onde houve desacato às autoridades será punido.
A escola será, portanto, o seio onde ensinará que a vida é cheia de
regras e que devemos cumpri-las, caso contrário teremos consequências.
Todo o trabalho da escola, só fará sentido, com uma boa intervenção
de sua coordenadora e de sua orientadora, devido aos seus olhares
específicos e que servem como mediadoras entre a família, o professor e o
aluno, tornando esse trabalho mais edificado.
Entender o desenvolvimento, suas fases e formas de atuação, são
fundamentais para o bom aprendizado do aluno e facilitar o trabalho do
professor e do psicopedagogo.
Todos devem estar engajados no desenvolvimento educacional e no
bem estar da criança.
32
CAPÍTULO III
APRENDA FILHO, MAS NÃO CRESÇA!
Não queremos deter-nos na manipulação do indivíduo com o objetivo de consertar sua máquina pensante de maneira que possa adequar-se à cadeia, mas promover nele, ao mesmo tempo que um máximo de independência e autovalorização, a realização de uma sociedade na qual seu problema não seja possível. FERNANDEZ (1991) apud PAÍN
O psicopedagogo, enquanto terapeuta é um sujeito que “legaliza a
palavra do paciente, [...] alguém que com sua escuta outorga valor e sentido à
palavra de quem fala, permitindo-lhe organizar-se (começar a entender-se),
precisamente a partir de ser ouvido” (Fernandez, 1991, p. 126). Com isso, a
escuta psicopedagógica torna-se fator preponderante no atendimento a
heterogeneidade de/dos professores na escola, possibilitando-lhes, vez e voz
para expressarem-se oralmente e/ou através de mensagens subliminares.
O psicopedagogo terapeutizando, precisa posicionar-se em um lugar
capaz de proporcionar-lhe a análise eficaz, de modo a permitir “ao paciente
organizar-se e dar sentido ao discurso a partir de um outro que escuta e não
desqualifica, nem qualifica”. “Somente a partir das fraturas do discurso, por um
lado, e de nos aproximarmos, por outro lado, por encontrar o dramático,
resgataremos o interessante, o original dessa história”. Fernandez (1991, p.
126).
O papel da família é fundamental para o processo educativo dos filhos.
Família e escola são os dois contextos mais importantes para a criança,
durante os primeiros anos da infância, não só como a principal referência em
suas vidas diárias, mas também têm um papel inquestionável nos processos
de crescimento e desenvolvimento pessoal. Ambos os ambientes influenciam
33
uns aos outros e, portanto, não podem ser vistos sem o aluno apresentar a sua
realidade familiar.
A importância da família como um sistema deve ser realçada,
proporcionando um espaço de socialização e desenvolvimento emocional nas
crianças, por conseguinte, é o protagonista no desenvolvimento da
problemática ou das soluções, que se refletem nos alunos através de seus
comportamentos.
Na teoria de Kernberg (2005), considera-se que, se no processo de
desenvolvimento as falhas de personalidade que ocorrem na família, terá
grande influência na estrutura psíquica, ou seja, pode influenciar capacidade
do sujeito para estabelecer relações empáticas outros e a capacidade de
controle e regulação dos afetos e libidinal agressivo.
Seguindo o método de Barudy e Dantagnan (2005), para um bom
desenvolvimento da personalidade é essencial que as crianças recebem de
adultos: cuidado, proteção (funções maternas) e padrões (função paterna).
No lado do papel da mãe, a criança internaliza e identifica-se com a
capacidade de autocuidado e cuidado do outro, desenvolvendo a
independência, autonomia e capacidade de estabelecer relações empáticas
com os outros, porque eles podem proteger e cuidar do outro, assim como nos
deveres parentais, a criança interioriza e se identifica com a capacidade de
atender aos padrões sociais e cumprir as regras processos apropriados para o
desenvolvimento da sua própria identidade.
Os pais, sujeitos à dinâmica social e familiar saudável aprendem a
responder à necessidades básicas de seus filhos e ter sido capaz de satisfazer
um conjunto de múltiplas e novas necessidades.
Algumas crianças que apresentam dificuldades comportamentais, em
sua maioria não internalizaram o cuidado e regras. Uma das causas desses
comportamentos podem ser negligência ou abuso, e outras dificuldades
familiares. Nessas famílias disfuncionais cujas relações estão danificados, há
34
negligência, falta de limites e papéis definidos, entre outras deficiências. Dada
a acima, pode ver-se que as relações familiares pode tornar determinar o
comportamento dos alunos. É através da família que a cultura é internalizado,
como menciona Winnicott (1957) a forma como organizamos nossas famílias,
demonstra na prática como é a nossa cultura, como o retrato de um rosto
reflete o indivíduo. A família tem o seu próprio crescimento, e que a criança
experimenta o inerente à expansão gradual das mudanças da família e
dificuldades que isso implica.
Tendo em conta que a família está inicialmente no palco estudantes
internalizar este sistema regulatório é o lugar onde deve receber proteção,
cuidado, carinho e orientação, durante todas as primeiras relações da criança
estabelecida com algarismos significativos primário, citado por Kernberg (2007)
sugere que a relação é gratificante quando internalizado e facilitado o
crescimento emocional e seu filho, desenvolvendo uma relação adequada com
o mundo externo, enquanto as relações insatisfatório internalizado
caracterizado pela ansiedade e frustração das necessidades, ajudar a
estabelecer um senso de auto inadequada.
Em termos gerais, a investigação é necessária por parte dos pais
quando eles percebem a necessidade da ajuda, por um melhor processo
educativo dos seus filhos e não há muito conhecimento sobre o assunto.
Winnicott (1965) afirma que as principais funções da família são: proteger a
criança contra trauma, facilitar os processos de maturação e desenvolvimento
de uma linguagem apropriada. Estas funções estão orientadas a habilidade
dos pais de se relacionar com as crianças, para que elas possam responder
empaticamente às suas necessidades e assim ter a capacidade de entender
as expressões emocionais e gestuais de seus filhos, proporcionar educação e
promoção adequada aprender e ter a capacidade de encontrar os recursos ou
apoios sociais se você precisar deles.
O papel educativo da família é de extrema importância, pois é através
da educação das crianças que entram no mundo social. A educação prepara a
35
criança pertencer ao tecido social e, nessa medida, em que deve educar as
crianças para colaborar na construção de uma boa comum. A família
basicamente às duas funções: em primeiro lugar, proteção psicossocial de
seus membros, favorecendo o desenvolvimento integral de cada uma, e por
outro lado, a inclusão do indivíduo na cultura. Quintero (2004).
Barudy e Dantagnan (2005) sugerem que para o bom desenvolvimento
da personalidade dos filhos, eles devem ter recebido um bom tratamento por
seus pais, que também posaram para a chance de dar bom tratamento aos
seus outros, no que se refere a capacidade de competências parentais, eles
devem cuidar, proteger e educar seus filhos assegurando-lhes
desenvolvimento saudável. Portanto, nestas funções incompetência pai pode
causar o desenvolvimento de maus-tratos a crianças, falhas de geração no
desenvolvimento da personalidade.
Velasquez (2007) define a família como a plataforma de identificações
da criança que requer carinho para mais tarde ter um bom desenvolvimento
emocional. Da mesma forma, Bandura (1982), citado por Velasquez (2007)
afirma que as crianças aprendem por imitação atos seus pais e outras pessoas
significativas emocionalmente.
Barudy e Dantagnan (2005) descrevem ainda que, para além dos
poderes parental, a paternidade social, diz respeito à capacidade prestação de
cuidados e proteção, onde não havia nenhum (na família). É anterior ao
objetivo de alguns professores que, além da transmissão de conhecimentos,
fornece proteção e cuidado. Os estudantes que não têm competências
parentais, não são apenas representados pelos pais biológicos; também pode
ser representados por outras pessoas que estão envolvidas no processo de
desenvolvimento social. Então, podemos dizer que, se crianças em suas
famílias estão expostos a falhas que tem a ver com cuidado, mas se eles
recebem proteção oportuna e adequada, ter um além do reparo, uma vez que
a ligação adequada com as outras pessoas, pode se tornar significativo
reparação dos danos causados Portanto, é possível pensar em instituições
36
como redes de apoio, as instituições educacionais, como proteção, uma vez
que através eles podem fazer contribuições fundamentais para a prevenção e
desenvolvimento de competências pessoais e sociais mais saudáveis para
interação entre diferentes contextos.
Bowlby (1986), em seu texto faz ligações afetivas: treinamento,
desenvolvimento e perda, afirma que o ser humano não é um organismo vivo
capaz, independente e requer uma instituição da ordem social (chamada
família ou na escola) para ajudá-lo em seu período de imaturidade. Esta
instituição deve ajudar de duas maneiras fundamentais: em primeiro lugar,
dando-lhe a satisfação de necessidades biológicas primárias e segundo,
proporcionando um ambiente propício para o desenvolvimento de seu
desenvolvimento físico, mental e social para a potência máxima, de modo que
quando se trata de adultos é capaz de lidar com as circunstâncias físico e
social de forma eficaz, quando o estudante decide fazer processos de
mudanças positivas.
Quintero (2004) afirma que, para entender o indivíduo, seu
desempenho e as perspectivas, você precisa ter uma compreensão de a
instituição familiar e, assim, compreender que, quando a família não está
envolvida em processos de seus filhos, possivelmente porque está dentro as
mesmas dificuldades graves surgem também requerem intervenção, na
medida em que ajuda uma família, é promoção de um ambiente melhor para a
criança que está em desenvolvimento.
Diretrizes a seguir podem ser úteis para as instituições educacionais
com projetos e propostas de intervenção da psicologia para integrar o grupo
familiar. Ele identifica a relevância de forma como equipamento trabalho
interdisciplinar, assim, para refletir e responder às necessidades as famílias e
as instituições educativas de uma perspectiva holística, contexto em que elas
reconhecem as novas formas de família, novas maneiras de abordar esse e,
especialmente, suas necessidades atuais.
37
É importante que as orientações institucionais estabelecidas e o
trabalho legislativo que levou à intervenção psicoeducacional, envolvam a
família, também do modelo pedagógico que surge a importância de envolver as
famílias no processo educativo, o que sua missão e visão do apoio da família é
um pilar importante e caráter, e desta forma o ator se torna visível em nosso
contexto é cada vez mais removido do ambiente escolar.
Instituições que viabilizam transformações exigem a dedicação maior
porcentagem de tempo para que os profissionais convocar e participar das
famílias como atores e jogadores-chave no processo de educação.
É importante para criar diferentes espaços para as escolas tradicionais
que permitem que a motivação das famílias aproximar-se da escola, não
apenas receber, mas o participação na construção de espaços alternativos
para a solução de dificuldades que envolvem tanto a escola quanto a família.
3.1- Relação Família-Escola e Escola-Família com a
Intervenção Psicopedagógica
Promover a integração família-escola uma vez que nenhuma prestação
de contas diretamente ou com os erros que foram cometidos em ambos os
lados com a falta acompanhamento, mas a partir da intenção de promover
oportunidades para interesse, ouvindo os seus interesses, necessidades e
problemas para assim, construir propostas.
Uma escola beneficiaria em seu relacionamento com a família,
proporciona oportunidades de treinamento, instalações recreativas e
esportivas, espaços cuidados e apoio psicológico, etc.
Se o pai se sente bem-vindo, ajudou, foi ouvido, foi entendido, é muito
mais viável para ser ligada aos processos educacionais.
38
Dedicar tempo e esforço para a realização de chamadas, em linha com
as necessidades e motivação para incentivar a participação ativa.
Nas reuniões do grupo de promover, através de workshops para pais e
cuidadores, o desenvolvimento de capacidades e competências parentais
geração espaços de reflexão onde os adultos responsáveis por crianças e
adolescentes realizar auto-observação constante de suas práticas. Promover
cuidadores adultos no entendimento de que a adequada atitude e sentimentos
para as crianças estão normalmente relacionados com alguma experiência de
sua própria infância. É importante que certos prontidão organizacional para
permitir esses processos, e que de outra forma surgir dificuldades tempo e
dedicação dos professores, ambos devem cumprir outras responsabilidades de
trabalho.
Com base na experiência e resultados obtidos, parece que a
pertinência das intervenções baseadas na escola, centrada na família, com
apoio de profissionais de diversas áreas tem chegado a excelentes resultados.
Na intervenção pedagógica, deve incluir a família e não se esquecendo
de conceber ao aluno como parte ativa do mesmo, e de cunhagem palavras
Bronfenbrenner (1987), lembre-se que cada um desses sistemas: família,
escola, estudante, professor, psicólogo, administrativo, local aonde mora,
influenciam e são influenciados de forma bidirecional, de modo que eles estão
a estar em constante interação para permitir um benefício e um transformação
positiva.
Considere a família não se refere apenas à instituição de convocar ser
responsável por aquilo que às vezes não se sentem capazes ou não querem
enfrentar; é pensar em outras estratégias, talvez de conhecer e reconhecer os
interesses comuns para escola-família realmente chamado de assistência
social e interesse.
A necessidade de as instituições de ensino que ratificaram os recursos
humanos, tempo e infraestrutura para o processo de intervenção sequencial e
39
estruturado envolvendo os olhos diferentes profissionais e beneficiários, e
intervenção pedagógica na construção da escola como um cenário de rede
que permite apoio da família e dos alunos fatores de proteção para a geração
de subsequente confronto sujeito a diferentes contextos de ação.
No contexto escolar em que professores, administradores, pais
interagem com os familiares, estudantes e pessoal de apoio da educação,
caracterizados por conflitos inerentes nas relações humanas, muitas vezes
integrar elementos ou equipes de suporte psicopedagogia, cujo papel,
seguindo as ideias de Cesar Coll (1999), é o de facilitar os processos de
mudança em situações disfuncionais de sua perspectiva e treinamento,
ajudando a prevenir e resolver certos problemas e trabalhar com a escola para
o ensino ,ensina-se cada vez mais adaptados às necessidades reais do aluno
e sociedade em geral.
Para compreender os processos de desenvolvimento e seus impactos
na pessoa, é preciso focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas
inter-relações Polonia & Dessen (2005). Por exemplo, o planejamento de
pesquisa sobre violência na adolescência deve incluir tanto as variáveis
familiares, que podem contribuir significativamente para a manutenção de
comportamentos antissociais na escola, quanto as relacionadas diretamente
com a escola, como o baixo desempenho acadêmico, que, aliadas aos fatores
interpessoais, acentuam este problema Ferreira & Marturano, e Oliveira & cols.
(2002).
Outros exemplos bastante conhecidos são a evasão e repetência
escolar. Sabe-se que a estrutura familiar tem um forte impacto na permanência
do aluno na escola, podendo evitar ou intensificar a evasão e a repetência
escolar. Dentre os aspectos que contribuem para isto estão as características
individuais, a ausência de hábitos de estudo, a falta às aulas e os problemas
de comportamento Fitzpatrick & Yoles, (1992). Em todos estes fatores, a
família exerce uma poderosa influência. Embora um sistema escolar
transformador possa reverter esses aspectos negativos, faz-se necessário que
40
a escola conte com a colaboração de outros contextos que influenciam
significativamente a aprendizagem formal do aluno, incluindo a família
Fantuzzo, Tighe & Childs (2000).
É importante ressaltar que a família e a escola são ambientes de
desenvolvimento e aprendizagem humana que podem funcionar como
propulsores ou inibidores dele. Estudar as relações em cada contexto e entre
eles constitui fonte importante de informação, na medida em que permite
identificar aspectos ou condições que geram conflitos e ruídos nas
comunicações e, consequentemente, nos padrões de colaboração entre eles.
Nesta direção, é importante observar como a escola e, especificamente, os
professores empregam as experiências que os alunos têm em casa. Face à
leitura, é muito importante que a escola conheça e saiba como utilizar as
experiências de casa para gerir as competências imprescindíveis ao
letramento. A interpretação de textos ou a escrita podem ser estimuladas pelos
conhecimentos oriundos de outros contextos, servindo de auxílio à
aprendizagem formal.
As pesquisas têm demonstrado que os pais estão constantemente
preocupados e envolvidos com as atividades escolares dos filhos e que dirigem
a sua atenção à avaliação do aproveitamento escolar, sendo isto independente
do nível socioeconômico ou escolaridade Polonia & Dessen (2005). Os pais
supervisionam e acompanham não somente a realização das atividades
escolares, mas também adotam, em suas residências, estratégias voltadas à
disciplina e ao controle de atividades lúdicas. Estas ações permitem a eles
analisarem, identificarem e realizarem intervenções nos processos de
desenvolvimento e aprendizagem dos filhos Sanders & Epstein (1998).
Ainda, neste aspecto, Epstein, citado por Marques (2002) destaca o
envolvimento dos pais em atividades, em casa, que afetam a aprendizagem e
o aproveitamento escolar. Este envolvimento ocorre sob diferentes formas de
acompanhamento das tarefas (monitorar a sua realização), ou, ainda, em
orientações sistemáticas do comportamento social e engajamento dos filhos
41
nas atividades da escola, realizadas por iniciativa própria ou por sugestão da
escola.
Os laços afetivos, estruturados e consolidados tanto na escola como
na família permitem que os indivíduos lidem com conflitos, aproximações e
situações oriundas destes vínculos, aprendendo a resolver os problemas de
maneira conjunta ou separada. Nesse processo, os estágios diferenciados de
desenvolvimento, característicos dos membros da família e também dos
segmentos distintos da escola, constituem fatores essenciais na direção de
provocar mudanças nos papéis da pessoa em desenvolvimento, com
repercussões diretas na sua experiência acadêmica e psicológica; dependendo
do nível de desenvolvimento e demandas do contexto, é possibilitado à
criança, quando entra na escola, um maior grau de autonomia e independência
comparado ao que tinha em casa, o que amplia seu repertório social e círculo
de relacionamento. Neste caso, a escola oferece uma oportunidade de
exercitar um novo papel que propiciará mecanismos importantes para o seu
desenvolvimento cognitivo, social, físico e afetivo, distintos do ambiente
familiar.
Apesar dos esforços, tanto da escola quanto da família, em
promoverem ações de continuidade, há barreiras que geram descontinuidade e
conflitos na integração entre estes dois microssistemas. Uma das dificuldades
na integração família-escola é que esta ainda não comporta, em seus espaços
acadêmicos, sociais e de interação, os diferentes segmentos da comunidade e,
por isso, não possibilita uma distribuição equitativa das competências e o
compartilhar das responsabilidades. Carneiro (2003) afirma que a mudança
deste paradigma depende de uma transformação na cultura vigente da escola
e que o projeto político-pedagógico poderia ser um dos meios para promover
esta inserção. Ainda, as formas de avaliação adotadas, bem como as
estratégias para superar as dificuldades presentes no processo ensino-
aprendizagem, de maneira a incluir a família, exigem que as escolas insiram
essa discussão no projeto pedagógico, como forma de assegurar a sua
compreensão e efetivar a participação dos pais que é ainda um ponto crítico na
42
esfera educacional. Com isso, pode-se romper o estereótipo presente da
preocupação centrada apenas nos resultados acadêmicos Kratochwill,
McDonald, Levin, Bear-Tibbetts & Demaray (2004).
Apesar da complexidade e dos desafios que a escola enfrenta, não se
pode deixar de reconhecer que os seus recursos são indispensáveis para a
formação global do indivíduo. Conhecendo a escola e suas funções, devem-se
acionar fontes promotoras de saúde tais como as redes sociais com a
comunidade escolar, os profissionais da escola – psicopedagogos e
orientadores educacionais, que são gabaritados (ou deveriam ser) para realizar
intervenções coletivas. É nesse espaço que as reflexões sobre os processos
de ensino-aprendizagem e as dificuldades que surgem em sala ou em casa
são realizadas. Rocha, Marcelo & Pereira (2002); Soares, Ávila & Salvetti,
(2000). Entretanto, como sublinham Soares e Cols (2000), apesar de a escola
desenvolver aspectos inerentes à socialização das pessoas e ser responsável
pela construção, elaboração e difusão do conhecimento, ela vem passando por
crises vindas do cotidiano, que geram conflitos e descontinuidades como a
violência, o insucesso escolar, a exclusão, a evasão e a falta de apoio da
comunidade e da família, entre outros. Neste caso, o cenário político passa a
exercer uma influência preponderante para a solução das crises, que
extrapolam o cotidiano das escolas. Para superar os desafios que enfrentam,
hoje, uma das alternativas é promover a colaboração entre escola e família
Polonia & Dessen (2005), tarefa complexa que tem despertado o interesse de
vários pesquisadores.
A família e a escola constituem os dois principais ambientes de
desenvolvimento humano nas sociedades ocidentais contemporâneas. Assim,
é fundamental que sejam implementadas, políticas que assegurem a
aproximação entre os dois contextos, de maneira a reconhecer suas
peculiaridades e também similaridades, sobretudo no tocante aos processos
de desenvolvimento e aprendizagem, não só em relação ao aluno, mas
também a todas as pessoas envolvidas social e emocionalmente.
43
O saber psicopedagógico, segundo Alicia Fernandez (1991), se obtém
a partir de duas vertentes: da experiência, mergulhando na tarefa e através de
tratamento psicopedagógico didático.
Posicionando-se como observador ou como juiz, é muito difícil contatar
com o saber.
Um espaço importante de gestação do saber psicopedagógico é o
trabalho de autoanálise das próprias dificuldades e possibilidades no aprender,
pois a formação do psicopedagogo, assim como requer a transmissão de
conhecimentos e teorias, também requer um espaço para a construção de um
olhar e uma escuta psicopedagógicos a partir de uma análise de seu próprio
aprender.
Somente a possibilidade de apropriar-se (fazer próprios os
conhecimentos) constrói o saber. Incorporar os conhecimentos, fazer o
processo de digestão dos mesmos, supõe incorporar os próprios líquidos e
substâncias digestivas, que não vão ser iguais às de nenhum outro, e
transformá-las em partes do corpo. O saber permite apropriar-se dos
conhecimentos e o aprender os supõe.
Alicia construiu um guia para conseguir uma escuta psicopedagógica
com todos os vícios, esquematismos e perigos de uso que possa ter:
1. Escutar-olhar: o primeiro momento da intervenção
psicopedagógica supõe escutar-olhar o outro e mais nada. De
acordo com Fernandez (1991, p. 131), “escutar não é sinônimo
de ficar em silêncio, como olhar não é de ter os olhos abertos”;
2. Deter-se nas fraturas do discurso: estar atento aos aspectos
trazidos através do discurso verbal, assim como ao corporal, ao
agir subjetivo do sujeito;
3. Observar e relacionar como que aconteceu previamente à fratura:
registrar as fraturas, as formas diferentes de expressar-se;
44
4. Descobrir o “esquema de ação subjacente”: “para encontrar o
esquema de ação, não é necessário deter-se no conteúdo do
mesmo, mas no processo e nos mecanismos” Fernandez (1991,
p.132);
5. Buscar a repetição dos esquemas de ação: buscar detectar em
que outras situações e com que outros contextos e conteúdos
repetem-se este esquema;
6. Interpretar a operação, mais do que o conteúdo: levantar as
concepções e ideias inconscientes sobre a aprendizagem,
estabelecendo relações com a “operação particular que constitui
o sintoma” Fernandez, (1991, P.133).
“O psicodrama é essa praia entre o sólido e o líquido, entre a mãe e o
mundo, entre a pulsão e o pensamento”. Alicia Fernandez(1991) apud Didier
Anzieu.
45
CONCLUSÃO
Ao propor uma reflexão sobre Relação Família/ Escola, a não
autorização doa pais no crescimento da criança, constata-se que esse tipo de
atitude vem comprometendo muito o desenvolvimento da criança seja no
aspecto social, comportamental, e emocional.
Vê-se claramente que é um papel dos pais e da escola, o trabalho de
transformar a criança imatura e inexperiente, em um cidadão maduro,
participativo, atuante, consciente dos seus deveres e direitos, possibilidades e
atuações... E que este ser em formação seja futuramente um cidadão
consciente, crítico e autônomo, desenvolvendo valores éticos, espírito
empreendedor capaz de interagir no meio em que vive.
Nessa perspectiva, família e escola devem aproveitar ao máximo, as
possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas deve
redundar, sem sombra de dúvidas, num elemento facilitador de aprendizagem
e de formação do ser humano.
Uma escola é funcional quando conta com forte aliança entre a
comunidade, o corpo docente e o administrativo, os quais trabalham os seus
conflitos através da colaboração e diálogo.
Esses elementos são flexíveis em sua maneira de lidar com os
conflitos, utilizando-se do conhecimento de várias técnicas e métodos
adequados. Cada membro do sistema escolar tem seu papel determinado.
Cabe ao Psicopedagogo observar e diagnosticar o sistema escolar, e
então, cria condições favoráveis para a resolução dos problemas encontrados.
46
Esse estudo foi muito importante no que tange a confirmação de
pensamentos, abordagens, experiências já vividas no meu cotidiano dentro da
escola.
Sigo com as mesmas preocupações, ou até preocupações maiores, a
partir, desse estudo, quanto ao futuro, quanto à construção da identidade e
autonomia dessas crianças.
Observo e observei nesta pesquisa, que um fator indicador, nesta
relação, mãe-pai- criança, a falta de tempo. Gostaria que este trabalho
provocasse uma nova consciência familiar, onde os pais compensadores
sejam substituídos, pelos pais educadores, ao estarem exercendo suas
funções.
47
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDRADE, Marcia Siqueira de. A Escrita inconsciente e a leitura invisível. São Paulo: Mennon, 2002.
CECCON, Claudius Oliveira.; OLIVEIRA, Miguel Darcy de. A vida na escola e a escola na vida. Petrópolis: Vozes,1999.
DONETTO, Monica. Em nome do pai, da mãe e do filho. Ed Publit,2010.
FERNANDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Ed Artmed,1991.
FREINET, C. Conselhos aos pais. São Paulo:Estampa, 1974.
GOKHALE. S. D. A família desaparecerá? Revista Debates Sociais, 1980.
KALOUSTIAN, S. M. Família brasileira, a base de tudo. São Paulo: Cortez, 1988.
MAHONEY, A. A. Contribuições de H. Wallon para a reflexão sobre as questões educacionais. In V.S. Placco (Org.), Psicologia & Educação: Revendo contribuições (pp. 9-32). São Paulo: Educ., 2002.
PAIN, Sara. Subjetividade e Objetividade: Relações entre desejo e conhecimento. Petropolis:Vozes, 2009.
PILETTI, N. Psicologia educacional. São Paulo: Ática, 1984.
POLITY, Elizabeth. Psicopedagogia: um enfoque sistêmico. Ed Vetor, 2004.
REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva sócio-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1998.
ROMERO, J.F. Os atrasos maturativos e as dificuldades na aprendizagem. In: Desenvolvimento psicológico e educação. v.3. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
TIBA, I. Disciplina: o limite na medida certa. 2ª ed. São Paulo: Gente,1996.
______. Quem ama educa. São Paulo: Gente, 2002.
VYGOTSKY. L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O PERFIL DA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA 11
1.1 - A importância da família no contexto do desenvolvimento da criança. 13
CAPÍTULO II
A ESCOLA 22
2.1- O olhar da escola sobre a importância da família na construção da
identidade da criança. 23
CAPÍTULO III
APRENDA FILHO, MAS NÃO CRESÇA... 32
3.1- Relação Família-Escola e Escola-Família com a Intervenção
Psicopedagógica 37
49
CONCLUSÃO 45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47
ÍNDICE 48
Recommended