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^DcmâdAo- í% «4m /ÇdkasJáa, - Q)^d~
EXMO SR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL
(Dvd&m doá S dwogat/oá doIQi
CxDo t(fí>M
H FEDERALO(L
0*1
01
C:OC'J
un CD
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil, serviço público dotado de personalidade jurídica, regulamentado pela
Lei 8906, com sede no Edifício da Ordem dos Advogados, Setor de
Autarquias Sul, Quadra 05, desta Capital, representado por seu Presidente
(doc. 01), Reginaldo Oscar de Castro, brasileiro, casado, advogado inscrito
na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Distrito Federal, sob o n° 767,
com escritório no SAS, Q. 06, ed. Belvedere, sala 701, desta Capital, e por
advogado constituído (doc. 02), vem, nos termos do artigo 103, VII, da
Constituição Federal, ajuizar
ação direta de inconstitucionalidade,
com pedido de liminar.
contra a Portaria n° 796, de 08 de setembro de 2000, de Sua Excelência, o
Senhor Ministro da Justiça, cuja redação é a seguinte:
0/pdom doâ S$duo^adoá do (dfywzátd
Sftwzâtáa-
“O Ministro de Estado da Justiça, no uso de suas
atribuições, e
Considerando que compete à União exercer a
classificação, para efeito indicativo, de diversões
públicas e de programas de rádio e televisão, de
acordo com os arts. 21, inciso XVI, e 220, § 3o,
inciso I, da Constituição;
Considerando a urgência de se estabelecer a
uniformização dos critérios classificatórios das
diversões públicas e de programas de rádio e
televisão;
Considerando ser dever do Poder Público
informar sobre a natureza das diversões e
espetáculos públicos, as faixas etárias às quais
não se recomendem, bem como os locais e
horários em que sua apresentação se mostre
inadequada;
Considerandot ainda, que o artigo 254 da Lei n
Estatuto da
Criança e do Adolescente - proíbe a transmissão,
por intermédio de rádio ou televisão, de
8.069, de 13 de julho de 1990
0wdem doá S$dvo4 zdoá do Ç$b<zôèé
fücm&e/Aa d^êctwtaé S&wUâa,-
espetáculos em horários diversos do autorizado ou
sem aviso de sua classificação;
Considerando a necessidade de adaptar-se os
novos parâmetros de classificação indicativa à
legislação superveniente, resolve:
Art. I o-As diversões e espetáculos públicos são
classificados previamente como livres ou
inadequados para menores de doze, quatorze,
dezesseis e dezoito anos.
Parágrafo único. Os espetáculos públicos, com
bilheterias, estão sujeitos à classificação prévia.
Art. 2o -O s programas para emissão de televisão,
inclusive ((trailers", têm a seguinte classificação,
sendo-lhes terminantemente vedada a exibição em
horário diverso do permitido:
I - veiculação em qualquer horário: livre;
II - programa não recomendado para menores de
doze anos: inadequado para antes das vinte horas;
III - programa não recomendado para menores de
quatorze anos: inadequado para antes das vinte e
uma horas;
(Üdenv doá S$dvo^adoá do-
f$<mAeéAo- d^édewd Cdjmáêâa -
IV - programa não recomendado para menores de
dezesseis anos: inadequado para antes das vinte e
duas horas;
V - programa não recomendado para menores de
dezoito anos: inadequado para antes das vinte e
três horas.
Parágrafo único. Os programas de indução de
sexo, tais como “tele-sexo ” e outros afins, somente
poderão ser veiculados entre zero e cinco horas.
Art. 3o-São dispensados de classificação os
programas de televisão e rádio transmitidos ao
vivo, responsabilizando-se o titular da empresa, ou
seu apresentador e toda a equipe de produção,
pelo desrespeito à legislação e às normas
regulamentares vigentes.
Art. 4o - Sujeitam-se à responsabilidade pelo
descumprimento à legislação e às normas
regulamentares
classificados apenas pela sinopse, principalmente
as telenovelas, minisséries e outros do mesmo
gênero.
vigentes os programas
(Dwdem c/oâ- S $ d v w ^ id o â c/o
/ooMâe/Aa
Art. 5°-A classificação informará a natureza das
diversões e espetáculos públicos, considerando-se,
para restrições de horários e faixa etária, cenas de
violência ou de prática de atos sexuais e
desvirtuamento dos valores éticos e morais.
Art. 6o-A classificação indicativa; atribuída em
portaria do Ministério da Justiça, será publicada
no Diário Oficial da União.
Art. 7o-As classificações de filmes para cinema e
vídeo/DVD terão seus utrailers ” com a mesma
classificação etária atribuída ao longa metragem.
Art. 8o-As distribuidoras ou representantes,
quando solicitarem a classificação indicativa para
filmes e programas de televisão (canal aberto),
video/DVD e cinema, são obrigados a remeter a
respectiva fita VHS, DVD ou película (filme), no
prazo mínimo de até quinze dias antes de sua
apresentação.
Art. 9o-As fitas de programação de vídeo/DVD
devem exibir, no invólucro, informação sobre a
natureza da obra e a faixa etária a que não se
doá S^dw^fadoá do
foowAe/Ào dfóx/e&cd
recomenda, observada a classificação estabelecida
no art. 10 desta Portaria.
Art. 10 - Os responsáveis pelas diversões e
espetáculos públicos deverão afixar; em lugar
visível e de fácil acesso, à entrada do local de
exibição, informação destacada sobre a natureza
do espetáculo e a faixa etária especificada na
respectiva portaria de classificação indicativa.
Parágrafo único. Nenhum programa de televisão
será apresentado sem aviso prévio de sua
classificação, exposto de maneira visível, antes e
durante a transmissão.
Art. 11 - A classificação etária e horária deve ser
apresentada, com destaque de fácil visualização,
na publicidade impressa ou televisiva de filmes ou
vídeos/DVD e em outros espetáculos públicos.
Art. 12- A s chamadas dos programas sujeitos à
presente portaria devem obedecer à respectiva
classificação.
Art. 1 3 - 0 certificado de que trata o parágrafo
único do art. 74 da Lei n° 8.069, de 1990, assumirá
0wd&m doá S^duc^adoá <d> ^ b a ô ié
focmAd/w- d/^idewaé ídbaóéáa, -
a forma de portaria publicada no Diário Oficial da
União.
Art. 14 - Cabe à Coordenação-Geral de Justiça,
Classificação, Títulos e Qualificação, da
Secretaria Nacional de Justiça, zelar pelo fiel
cumprimento da classificação atribuída a cada
produto a ser exibido.
Art. 15-Nopedido de classificação, o interessado
deverá anexar cópia do Certificado de Registro de
Obras Audiovisuais expedido pela Secretaria do
Audiovisual do Ministério da Cultura.
Art. 1 6 - 0 descumprimento do disposto nesta
Portaria sujeita o infrator às penalidades previstas
na legislação pertinente.
Parágrafo único. Sempre que a Secretaria
Nacional de Justiça constatar infração ao
estabelecido na presente Portaria, dará imediata
ciência ao Ministro da Justiça, que comunicará o
Ministério Público, para os fins do disposto no
artigo 194 da Lei. 8.069, de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente).
0'rdam doá S^duo^adoú- da 0$w zói/
fpow&dÁa d/*édewd Çdjmâtíia - ÇD*^
Art. 17 - Esta Portaria entra em vigor na data de
sua publicação.
Art. 18 - Fica revogada a Portaria Ministerial n
773, de 19 de outubro de 1990. ”
O ato fustigado é inconstitucional por violência aos
artigos 5o, inciso II; 220, §§ 2o e 3o; 221, IV, e 224, os quais detêm os
seguintes teores:
"Art. 5o...
II - ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”
“Art. 220 A manifestação do pensamento, a
criação, a expressão e a informação, sob
qualquer forma, processo ou veiculo não sofrerão
qualquer restrição , observado o disposto nesta
Constituição.
§ 2 ° É vedada toda e qualquer censura de
natureza política, ideológica ou artística.
(Dvd&m dm S^dow^adm da
fp&náeMo- d/édewd dfcmMâa-
§ 3o Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos,
cabendo ao Poder Público informar sobre a
natureza deies, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua
apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à
pessoa e à família a possibilidade de se
defenderem de programas ou programações de
rádio e televisão que contrariem o disposto no art
221, bem como da propaganda de produtos,
práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde
e ao meio ambiente;"
“Art. 221A produção e a programação das
emissoras de rádio e televisão atenderão aos
seguintes princípios:
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa
e da família. ”
Art. 224 Para os efeitos dos disposto neste
capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como
(Dwc/em c/m S ^ c /w ^ a d m c/o
1Í)<mòeJAa SBm-oUa-
órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação
Social, na forma da lei. ”
Cabimento da presente ação
Calha asseverar, preliminarmente, que se mostra
cabível a presente ação direta de inconstitucionalidade. A Portaria contra a
qual investe o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
configura-se como ato normativo autônomo, sem apoio em lei que esteja a
regulamentar. Pretendeu o ato ora impugnado extrair diretamente da
Constituição Federal seu poder normativo, o que o toma passível de ser
objeto de controle concentrado de constitucionalidade, nos termos de assente
jurisprudência:
ADIMC-1590 / SP
Relator; Ministro Sepúlveda Pertence
Publicação D J 15-08-97 PP-37034
Ementa:
Ação direta de inconstitucionalidade: objeto.
Tem-se objeto idôneo à ação direta de
c/oó- S^s/vo^ccc/os c/o
fl)&me/Ao //Ãx/eva/ ^BrmCâa, - Çj/íW
inconstitucionalidade quando o decreto
impugnado não é de caráter regulamentar de lei,
mas constitui ato normativo que pretende derivar
o seu conteúdo diretamente da Constituição. ”
De fato. Do exame dos “considerando” do ato
normativo, percebe-se que a Portaria pretendeu derivar seu conteúdo
diretamente da Lei Fundamental, em especial dos artigos arts. 21, inciso XVI,
e 220, § 3o, inciso I, da Constituição. Entendeu lhe ser possível “legislar
sobre ... condições para o exercício das profissões ” (art. 21, XVI), assim
como “regular as diversões e espetáculos públicos ”, informando “sobre a
natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e
horários em que sua apresentação se mostre inadequada” (art. 220, § 3o).
Retirou da Magna Carta a competência para prescrever o que estabeleceu.
Há, é bem verdade, nos “considerando " da norma,
referência ao art. 254 da Lei 8.069, e, em seus artigos 13 e 16, menção aos
artigos 74 e 194 da mesma Lei. Exame desses preceitos, porém, indica que
não serviram de suporte ao ato, posto que, da leitura do que neles se contêm,
percebe-se não atribuírem em momento algum ao Ministro da Justiça
competência, poder, para reg u la r as diversões e espetáculos
públicos; verbis:
Lei 8.069
dm ^SÍdi o adm do $b<zóil
foímôe/AoS&rndâa-
“Art. 74 O Poder Público, através do órgão
competente, regulará as diversões e espetáculos
públicos, informando sobre a natureza deles, as
faixas etárias a que não se recomendem, locais e
horários em que sua apresentação se mostre
inadequada. ”
“A rt 194 O procedimento para a imposição de
penalidade administrativa por infração às normas
de proteção ã criança e ao adolescente terá início
por representação do Ministério Público, ou do
Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado
por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e
assinado por 2 (duas) testemunhas, se possível
§ I oNo procedimento iniciado com o auto de
infração, poderão ser usadas fórmulas impressas,
especificando-se a natureza e as circunstâncias da
infração.
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração
seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se,
em caso contrário, dos motivos do retardamento. "
k
Capítulo II
(^hc/em c/m S^c/vo^ac/oá c/a ^fyyaôi/
'êanóe/Aa d&tméâa - ÇfíW
Das infrações administrativas
“Art. 254 Transmitir; através de rádio ou
televisão, espetáculo em horário diverso do
autorizado ou sem aviso de sua classificação:
Pena - multa de 20 (vinte) a 100 (cem) salários de
referência; duplicada em caso de reincidência a
autoridade judiciária poderá determinar a
suspensão da programação da emissora por até 2
(dois) dias. ”
Mais. Os referidos preceitos legais não contêm
nenhum comando de natureza material, norma que estabeleça, como fez
a fustigada Portaria, critérios de classificação das diversões e
espetáculos públicos.
O ato normativo ora impugnado, portanto, por
pretender regular a Constituição, em especial seu artigo 220, § 3o, I, admite
sua impugnação por meio de ação direta de inconstitucionalidade.
Das ofensas à Constituição Federal
A primeira violência à Lei Fundamental decorre da
incompetência do Senhor Ministro da Justiça para tratar da matéria. A
0 wdom dm t^duo^adm do
~(o<mâeiAo- S&MMâa -
Constituição Federal, ao estabelecer que, quanto "as diversões e espetáculos
públicos”, compete ao ... “Poder Público informar sobre a natureza deles,
as faixas etárias a que não se recomendem, tocais e horários cm que sua
apresentação se mostre inadequada ” (art. 220, § 3o, I), não lhe identificou
com “Poder Público”, não dispôs que “Poder Público ” seja o Ministro da
Justiça. Ao contrário, prescreveu que
“Conselho de Comunicação Social ”, nos termos do que estabelece seu artigo
224, supra transcrito. Com efeito. O inciso I, § 3o, do artigo 220 está inserto
no Capítulo V, do Título VIU, da Constituição Federal. O artigo 224 da Lei
Maior, por sua vez, determina que “para os efeitos do disposto nesse
capitulo”, ou seja, para os fins nele previstos, deverá ser instituído o
Conselho de Comunicação Social. Daí, é de se concluir que Poder Público
hábil a “ informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre
inadequada” é o Conselho de Comunicação Social. Houve violência ao
artigo 224 da Constituição. Por tal razão, a íntegra da Portaria há de ser
declarada inconstitucional.
Poder Público ” há de ser o
Mesmo que não fosse do Conselho de
Comunicação Social essa competência, porém, é de se concluir que ainda
assim seria inconstitucional a Portaria, uma vez que o “informar” previsto
na Constituição deve ser feito nos termos de lei federal, obedecendo a
regulamentação nela estabelecida, como expressamente prevê o § 3o do
artigo 220 citado. Ives Gandra Martins, in Comentários à Constituição do
Brasil, editora Saraiva, pág. 890, 2000, é taxativo: “A lei federal deve
fiocmáe/Âo ///'édewz/3òmáéâa- & &
& w dem c/m S ^ í d w ^ a d m d o S fy m â é /
estabelecer critérios para que o Poder Público informe à sociedade a
natureza de cada um dos espetáculos e diversões. A Portaria, porém,
pretendeu, quanto às diversões e espetáculos públicos, informar “sobre a
natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e
horários em que sua apresentação se mostre inadequada ”, sem qualquer
apoio em lei, independentemente dela, ofendendo o artigo 220, § 3o, I, e o
artigo 5o, II, da Constituição Federal. Por tal razão, a íntegra da Portaria há
de ser declarada inconstitucional.
Por outro lado, é inconstitucional a Portaria ao
estabelecer verdadeira censura horária prévia, fixando horários nos quais
programas de televisão podem ou não ser exibidos. De fato. O seu artigo Io
determina que “as diversões e espetáculos públicos são classificados
previamente” como livres ou inadequados a certas idades. Seu artigo 2o, por
outro lado, estabelece que “os programas de televisão, inclusive “trailers ”,
têm a seguinte classificação, sendo-lhes terminantemente vedada a
exibição em horário diverso do permitido ”. A Portaria, portanto, proibiu a
apresentação de programas de televisão em horários que especificou. Ora,
vedar a exibição de tais programas em certos horários, tendo em vista prévia
classificação realizada pelo Estado, configura censura, restrição à liberdade
de expressão artística, em violência ao que estabelecem os comandos
contidos no artigo 220, caput e seu § 2o. A Constituição, data vénia, não
permite sejam estabelecidas tais coibições, mormente por prever
expressamente que os excessos dos meios televisivos, as ofensas aos
comandos do artigo 221, inciso, IV, sejam objeto de contestação por parte de
fD<mádAo dfiêde#af 0jmâtáa - Çl)/W
(Owdom dm S^dzw^adm do
quem se sinta ofendido através de “meios legais que garantam à pessoa e à
família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de
rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221 ” (artigo 220, § 3o,
II, da Constituição Federal). Em face dessas violações à Lei Fundamental,
são inválidos os artigos Io e 2o da Portaria, assim como os artigos 3o e 4o,
que atribuem, sem qualquer respaldo em lei (em ofensa também ao artigo 5o,
II, da C.F.), ao “titular da empresa, ou seu apresentador e toda a equipe de
produção” responsabilidade, quanto a “programas de televisão e rádio
transmitidos ao v/vo”, pelo desrespeito à legislação e às normas
regulamentares vigentes ”, ou seja, à Portaria, bem como pela classificação
realizada apenas “pela sinopse” de “telenovelas, minisséries e outros do
mesmo gênero”. Por tais razões, devem ser julgados inconstitucionais os
artigos Io, 2o, 3o e 4 ° do ato fustigado.
O artigo 5o do ato impugnado também macula-se de
especial vício, quando intentou estabelecer os critérios para as restrições de
horários e faixas etárias das diversões e espetáculos públicos, quais sejam,
“cenas de violência ou de prática de atos sexuais e desvirtuamento de
Isso porque, a par da fixação de tais critérios
depender de lei, como já foi assinalado, é certo que a prescrição ora
fustigada, acaso pudesse ser objeto de mera portaria, carece de densidade
normativa suficiente para nortear os atos dos agentes públicos que deverão
realizar a classificação. O artigo vulnera desse modo especialmente o
princípio da legalidade, uma vez que toda lei ao atribuir poder ao
Administrador deve fixar critérios claros e precisos de atuação, pena, até
valores éticos e morais.
0'wdem doá S^dvo^adm do $baôid
fDanâe/Ac d/féde&aé0Lhtmdia. -
mesmo, de ofensa ao Estado de Direito. Na hipótese, permitir ao agente do
Estado impor restrições de horários e faixa etária com apoio em
“desvirtuamento dos valores éticos e morais”, importa conferir-lhe poder
sem parâmetros, poder que peca pelo excesso de subjetividade, em ofensa ao
artigo 5o, II, da Constituição. Por tais razões, deve ser julgado
inconstitucional o artigo 5o do ato fustigado.
A bem da verdade, a Portaria como um todo é
inconstitucional, quando estabeleceu um sistema de censura prévia para
todas as diversões e todos os espetáculos públicos. Permitir o ato fustigado
sejam classificados por idade os espetáculos com bilheterias (Parágrafo
único do artigo Io), os filmes para cinema, vídeo e DVD (artigo 7o),
estabelecendo que tal classificação deverá ser solicitada para filmes,
programas de televisão, vídeo, DVD e cinema, pelo distribuidor ou
representante, “no prazo mínimo de até quinze dias” antes de suas
apresentações (artigo 8o), prescrevendo ainda que devem as fitas de
programação de video e DVD “exibir, no invólucro, informação sobre a
natureza da obra e a faixa etária a que não se recomenda” (artigo 9o), bem
como que os “responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos deverão
afixar; em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição,
informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária
especificada na respectiva portaria de classificação indicativa ” (artigo 10),
sob pena do “descumprimento do disposto” sujeitar “o infrator às
penalidades previstas na legislação pertinente” (artigo 16), configura
censura artística que a Constituição não tolera. A ameaça explícita de
$vd&m doá S$dwxjfitdm da Sfym óié
sanção adminisrtativa, por provocação do Ministro da Justiçaeiniciativa do
Ministério Público (Parágrafo único do artigo 16), ante eventual
inobservância dos comandos contidos na Portaria,não de coadunacom a
m eraprescriçãofeitaaoPoderPúblicodeinfbrm ar sobreanatu rezadas
diversõeseespetáculos públicos,as faixas etáriasaque não de recomendem,
oslocaís eho rário sem que suas apresentações semostrem inadequados,
como estabelece o artigo 22Õ, 3°, I, da Constituição Federal. D ato
normativo fi i muito além do permitido. Por tais razões, devem ser julgados
inconstitucionais os artigos 10,7 ° ,8 0,9 ° , l õ e 16 ,assim com ooartigo6°
(que estabelece queaclassificação deverá ser publicada no Diário Dficial),
os a r t ig o s l le l2 (que estabelecem que as propagandas das diversõesedos
espetáculos públicos devem indicar a classificação realizada pelo Poder
Públicoeobedeceráprópria classificação), o a rtig o l3 (que estabelece que
Da/ãa”), o artigo 14 (que atribui á Coordenação-Ceral do Ministério da
Justiça zelarpelo fiel cumprimento da classificação),oartigo 15 (que dispõe
sobre documentos que deverão instruir o pedido de classificação), e os
artigos 1 7 e l8 (q u e dispõem sobreadata de publicação da Portaria fustigada
e da revogação de portaria anterior). Isso porque, declarados
inconsfitucionaisosartigosI0, 7 0, 8 0,9 ° , I Õ e l 6 , ficam sem sentido esses
outros preceitosnormativos Aliás, declaradaainconstitucinnalidadedo
artigo 5° da Portariam qne estabeleceu os critérios de classificação, todos
09<d&m dm S$dva<fadm da Sfywzâtf
fooMAe/Ao ídkaáéâa - ÇD/W
os demais preceitos deverão ser expurgados do ordenamento jurídico,
uma vez que há de ser aplicada a lição (cf. RTJ, vol. 69, p. 643):
"Quando, portanto, uma parte da lei é
inconstitucional, esse fato não autoriza os
tribunais a declarar ineficaz a parte restante - that
fact does not authorize the courts the remainder
void also - a menos que todas as prescrições sejam
conexas, dependentes uma da outra, atuando para
o mesmo fim, ou de tal modo associadas no
sentido, que se deve legitimamente presumir que o
legislador não adotaria uma desacompanhada de
outra - the legislature would not have passed one
without other".
Da liminar
Urge seja concedida liminar. Como é público e
notório, restrições à liberdade de expressão estão sendo perpetradas por meio
da viciada Portaria. Espetáculos públicos estão sendo censurados, em face da
odiosa volta da censura prévia que a Constituição Federal de 1988
severamente condenou e proibiu. A cada dia, por atos abusivos e ilegítimos,
$/t<dem> doá S^duo^adm do $baôi/
agentes do Estado, sem qualquer apoio em lei ou na Constituição, restringem
a apresentação de diversões públicas, televisivas ou não, em manifesto
desrespeitoáliberdadeeádem ocracia. D anoéprovocadoaoE stado de
Direito com am anutenção do texto impugnado no ordenamento jurídico
pátrio. A censura às artes por critérios eminentemente subjetivos, ante a
lacunosidade do ato fustigado, ainda que por meio de restrições borárias, não
encontra respaldo na Lei Eundamentalesua manutenção lesaaliberdade de
expressão.
Caracterizados, pelas razões deduzidas, o fumus
b o m ju ris ,o p e ricu lu m in m o raea in d aaco n v em ên cm da suspensão da
norma fustigada, bá de serconcedida liminar p a ra o f im d e suspender na
integraaPortaria 796,d e8 d e setembro de 2ÕÕÕ.
Do pedido
Por todo o exposto, pede o autor seja suspensa
bminanmenteamtegra da P o rta ria7 9 6 ,d e8 d e setembro de 2ôôô ,do^r.
Minisbo da Justiça.
Pede,
ínconstítncíonabdade da íntegra da P ortaría796 ,de8de setembro de 2ÔÔ0,
do 8r Mínístro da Justiça
final. se^a declaradaao a
(Owdom doá S íduo^udm do $baóid
/Dowée/Ao d/éde#af S&mdâa-
Requer seja citado o Advogado-Geral da União,
nos termos do artigo 103, § 3o, da Constituição Federal, para defender o ato
impugnado, na Praça dos Três Poderes, Palácio do Planalto, Anexo IV, em
Brasília, Distrito Federal.
Requer, outrossim, seja oficiado o Sr. Ministro da
Justiça para prestar informações no prazo legal.
Protesta pela produção de provas porventura
admitidas (art. 9o , §§ Io e 3o da Lei 9.868).
Dá à causa o valor de mil reais.
Brasília, 03 de janeiro de 2001.
Reginaldo Oscar de Castro \ Presidente do Conselho Federal)Da Ordem dos Advogados do Brasil
Marcelo Mello Martins OAB DF 6541
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