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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
MIRIAM LEVINBOOK
DESIGN DE SUPERFCIE: TCNICAS E PROCESSOS EM ESTAMPARIATXTIL PARA PRODUO INDUSTRIAL
DISSERTAO DE MESTRADO
MESTRADO EM DESIGN
PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU
So Paulo, junho de 2008
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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
MIRIAM LEVINBOOK
DESIGN DE SUPERFCIE: TCNICAS E PROCESSOS EM ESTAMPARIATXTIL PARA PRODUO INDUSTRIAL
DISSERTAO DE MESTRADO
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em Design Mestrado, da
Universidade Anhembi Morumbi, como requisitoparcial para a obteno do ttulo de Mestre em Design
Orientadora: Profa. Dra. Kathia Castilho
So Paulo, junho de 2008
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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
MIRIAM LEVINBOOK
DESIGN DE SUPERFCIE: TCNICAS E PROCESSOS EM ESTAMPARIATXTIL PARA PRODUO INDUSTRIAL
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em Design Mestrado, daUniversidade Anhembi Morumbi, como requisitoparcial para a obteno do ttulo de Mestre emDesign. Aprovada pela Banca Examinadora:
Prof. Dr. Jos Jorge BoueriUniversidade de So Paulo (USP)
Profa. Dra. Mnica MouraMestrado em Design Anhembi Morumbi
Profa. Dra. Kathia CastilhoOrientadora
Mestrado em Design Anhembi Morumbi
Prof. Dr. Jofre Silva, PhDCoordenador
Mestrado em Design Anhembi Morumbi
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So Paulo, junho de 2008
Todos os direitos reservados. proibida a reproduo total ou parcial dotrabalho sem autorizao da Universidade, do autor e do orientador.
MIRIAM LEVINBOOK
Graduada em Artes Plsticas pela Fundao Armando lvares Penteado e
ps-graduada em Moda e Comunicao pela Universidade Anhembi Morumbi. especialista no mercado txtil, em design de superfcies txteis com foco emestamparia, promovendo workshops e palestras na rea. Atua como docente,consultora e designer no desenvolvimento de projetos e experimentos para osegmento txtil.
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meu pai Lowell Levinbook e minha me Sonia Moritz Levinbook, pelaeducao, respeito, amor, e principalmente pacincia, meu eterno
agradecimento...
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Agradecimentos
Que jornada !!!
Dela fez parte ativa e carinhosamente prxima, minha orientadora KathiaCastilho. Pelo respeito, disponibilidade, animao com meu texto, incentivo eorientaes precisas, meu muito, muito, muito obrigado!
s professoras Ana Mae Barbosa, Cludia Marinho, Gisela Beluzzo e RosanePreciosa, agradeo pela pacincia, e por colaborarem com seus conselhos eensinamentos.
Profa. Dra. Evelise Anicet Rtchilling, incansvel ao trabalhar pelo design desuperfcie no Brasil como rea de conhecimento especfica. Agradeoimensamente por seu apoio e correes, que tanto ajudaram na construodesta escrita.
Aos designers, Daniela Gabriel da Silva, Daniela Orlov, Geraldo Coelho LimaJnior, Juliana Tanigushi e Patrcia de Miranda, agradeo imensamente.Mesmo em tendo suas correrias dirias, pararam para responder questes que
auxiliaram no dilogo com os autores citados, e temas propostos ao longo dotexto.
Felipe Guimares Fleury de Oliveira, pelas longas conversas e trocas sobrenosso fazer no dia a dia. Obrigado por sua jovial amizade!
meus irmos, cunhadas e sobrinhos, agradeo pela compreenso e carinhona minha falta de tempo em dedicar-me a eles durante o perodo desta escrita.
Eloize Navalon, leitora e crtica, agradeo por no me deixar desistir... por me
manter atenta aos detalhes... por me estender a mo... pela amizadeincondicional...
Apesar da distncia, meu corao e eterno agradecimento a Rachel Levinbook,que mesmo longe fisicamente, nunca deixou de se interessar por este trabalho,me incentivando sempre a acreditar...
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Saio da estamparia, no de casa.Carlos Drummond de Andrade
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RESUMO
O design de superfcie em estamparia txtil no Brasil uma rea do design emconstruo de conhecimento e de produo cientfica no que se refere suahistria e aos desenvolvimentos tcnicos, como tambm, ainda de algumaforma, desconhecida em suas principais relaes com a sociedade. A partir dolevantamento que se delineia atravs do design e suas conexes com a reatxtil, esta pesquisa investiga o dilogo entre estes universos,procurandoorganizar consideraes que possibilitem um fazer metodolgico emestamparia txtil industrial para a moda. Por meio da elucidao de tcnicas eprocessos de estamparia, prope-se uma reflexo sobre o desenvolvimentoprojetual para a produo industrial de txteis estampados. So abordadosaspectos relacionados elementos formais, visto que o desenho txtil temcomo uma de suas caractersticas um determinado equilbrio cromtico nadistribuio dos motivos e composio visual.
Palavras-chave: Design de superfcie. Estamparia txtil. Processos. Moda.
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ABSTRACT
The textile prints on surface design in Brazil is an area of design in constructionof the knowledge field and scientific production concerning his history andtechnical developments, also in some way, it's mostly unknown on its majorconceptual characteristics about its relations with the society. Starting from theissues formed through the design and the textile area, this project investigatesthe dialogue between these universes and tries toorganize considerations that
allow a methodological making process to industrial textile prints for fashion.While explaining techniques and printing processes, it seeks to reflect on theproject development of textile printed designs for industrial production. Theformal elements are addressed, since the textile design has, as one of itscharacteristics, a certain chromatic balance in the arrangement of motives andvisual composition.
Keywords: Surface design. Textile prints. Processes. Fashion.
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SUMRIO
INTRODUO...................................................................................................14
1. DESIGN DE SUPERFCIE.............................................................................16
1.1. Design de superfcie txtil..........................................................................201.1.1 Fibras e fios.....................................................................................221.1.2 Tecidos............................................................................................24
2. TCNICAS EM ESTAMPARIA TXTIL PARA A MODA.............................29
2.1 Breve relato sobre a origem dos txteis estampados................................342.2 Processos tcnicos.................................................................................36
2.2.1 Estamparia Artesanal....................................................................382.2.1.1 Batik..................................................................................39
2.2.1.2 Carimbos de madeira........................................................402.2.1.3 Tie Dye ou Shibori.............................................................412.2.1.4 Estencil..............................................................................42
2.2.2 Estamparia Industrial.....................................................................432.2.2.1 Quadros.............................................................................43
2.2.2.1.1 Quadros para estampas corridas......................442.2.2.1.2 Quadros para estampas localizadas.................47
2.2.2.2 Cilindros............................................................................492.2.2.3 Estamparia Digital.............................................................52
3. MTODOS E PROCESSOS EM ESTAMPARIA TXTIL INDUSTRIALDIRECIONADOS MODA..............................................................................54
3.1 Planejamento estrutural..........................................................................57
3.2 Pesquisas...............................................................................................60
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3.3 Processo de Criao..............................................................................643.4 Composio do desenho.................................................................... 673.5 Variantes de cor..................................................................................743.6 Produo industrial.............................................................................78
CONSIDERAES FINAIS.............................................................................81
REFERNCIAS............................................................................................... 83
GLOSSRIO....................................................................................................87
ANEXOS..........................................................................................................89
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificao das fibras txteis.........................................................23Quadro 2 Categorizao das reas de abrangncia e aplicaes do design desuperfcie txtil...................................................................................................27Quadro 3 Fluxo produtivo da Cadeia Txtil.......................................................30 Quadro 4 Seqncia de processos tcnicos.....................................................38 Quadro 5 Ficha de produto para produo.......................................................79
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 A pequena usina...............................................................................31Figura 2 Pucci original da dcada de 1960.....................................................32Figura 3 Emilio Pucci criando em seu estdio de desenho............................32Figura 4 Floral em pinceladas. Coleo Balenciaga Vero 2008...................33Figura 5 Publicidade da marca Dolce&Gabbana............................................33
Figura 6 Editorial de moda com referncias na arte.......................................34Figura 7 Estampa desenvolvida com a tcnica deBatik. ...............................39Figura 8 Bloco de Madeira............................................................................. 40Figura 9 Estampa feita com bloco de madeira...............................................40Figura 10 Resultado em tecido da tcnicaTie Dye .......................................41Figura 11 Tcnica estncil em estamparia de camiseta..................................42Figura 12 Rgua para estampar.......................................................................44Figura 13 Elemento visual................................................................................44Figura 14 Moldura de referncia ou mdulo.....................................................45Figura 15 Estampa corrida............................................................................... 45Figura 16 Vista de uma estamparia quadro manual......................................46Figura 17 Vista de mquina de estampar quadro industrial..........................47Figura 18 Exemplo de estampa localizada.......................................................48Figura 19 Mquina tipo carrossel para estamparia localizada.........................48Figura 20 Mquina de estampar com cilindro rotativo..................................... 51Figura 21 Mquina de estampar digital............................................................53Figura22 Alguns desenhos da coleo com referncia no tema Ecologiadesenvolvidos para a Primavera - Vero 2008..................................................58Figura 23 Documentos de processo..................................................................64Figura 24 Mdulos repetio.............................................................................66Figura 25 Movimento do desenho na distribuio dos elementos visuais nosmdulos em repetio....................................................................................... 66Figura 26 Pincel digital. Exemplo de textura pontilhada....................................67
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Figura 27 Ferramenta que oferece a opo de saltos em medidas diferentes..69Figura 28 Representao dorapport de forma direta........................................69Figura 29 Salto na metade.................................................................................70Figura 30 Buracos na composio do desenho.................................................71Figura 31 Buracos preenchidos com os mesmos elementos............................71Figura 32 Organizao visual que causa p no desenho...............................72Figura 33 Organizao visual de forma a no causar p no desenho............73Figura 34 Pantone txtil.....................................................................................74Figura 35 Representao do crculo cromtico.................................................75Figura 36 Imagens de caixas de ferramentas do programaTex-Design ..........75
Figura 37 Variante elaborada com cores quentes............................................76Figura 38 Variante elaborada com cores frias..................................................76Figura 39 Variante elaborada com cores complementares.............................77Figura 40: Variante elaborada com cores anlogas.........................................78
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INTRODUO
De que forma trazer a experincia prtica na produo industrial em estamparia
txtil para a teoria? Como elucidar tcnicas e processos industriais apontandoque este, um conhecimento fundamental para o fazer do designer em
estamparia txtil? Qual a rea do design que poderia contribuir com as
questes relacionadas aos processos de criao e composio visual de um
desenho com foco especfico em estamparia txtil? Como evidenciar a inter-
relao da estamparia txtil com a moda? Qual a maneira de organizar
conhecimentos advindos desta rea de impresso de desenhos txteis e suas
caractersticas de tcnica e de produo industrial?
Estas inquietaes conduziram pesquisa, que se deparou, em um primeiro
momento, com uma rea do design relativamente nova no Brasil, e que talvez,
poderia identificar aspectos que se relacionassem com o campo do design em
estamparia txtil, campo este denominado design de superfcie. Tratou-se
ento de identificar autores que alinhados s questes pertinentes ao design
de superfcies, apresentassem seus conceitos, elucidando suas caractersticas.
O objetivo foi o de verificar se haveria a possibilidade de estabelecer relaes
entre a estamparia txtil e o design de superfcies, como tambm, o de expor,
por meio de conhecimentos tcnicos, a importncia da construo dos tecidos.
Apesar de trazer brevemente aspectos sobre a origem dos txteis estampados
em suas tcnicas e processos artesanais, optou-se nesta pesquisa, em dar a
conhecer mais profundamente, os aspectos voltados estamparia txtil,
conduzidos produo em escala industrial, e com aplicao para a moda.
Esta definio de foco deu-se por conseqncia da escassez de publicaes
tcnicas a respeito de procedimentos e processos organizadores da
estamparia txtil na indstria brasileira, como tambm, em virtude do desejo
desta autora, de teorizar sua experincia especfica de mais de 30 anos de
atuao na rea txtil, advinda de seu trabalho em estamparias, indstrias
txteis, confeco de vesturio e em seu prprio estdio de design, anos estes,
dedicados moda.
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Em vista do conjunto de informaes levantadas ao longo da pesquisa, tornou-
se necessrio refletir a respeito dos possveis procedimentos estruturais, na
organizao das etapas advindas dos processos e desenvolvimento dos
produtos, cujo resultado o design de superfcie em estamparia txtil para
produo industrial, direcionado moda. Para tanto, e reforando a prtica em
design com abordagem em torno da estamparia txtil para a moda,
participaram desta pesquisa atravs de entrevistas que podem ser encontradas
nos anexos deste trabalho, designers atuando em estamparias, malharias, e
importadoras, como tambm, aqueles que tm seu prprio estdio. Esta
diversidade de fazeres, possibilitou a compreenso de questes voltadas
importncia dos conhecimentos tcnicos pelo designer, como tambm, da
maneira como se pode tornar vivel, a organizao na elaborao projetual dos
produtos txteis estampados.
Com o objetivo de situar os aspectos levantados na pesquisa relacionados a
processos de criao, tcnicas de composio do desenho e combinao de
cores, tratou-se de explanar, finalmente, de que forma se d em seu
desenvolvimento, a produo industrial em estamparia txtil.
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1. DESIGN DE SUPERFCIE
Por ser uma rea relativamente nova e em construo, o design de superfcieno Brasil oferece aos pesquisadores em design um frtil caminho de estudo ereflexo. Em meio s pesquisas a respeito dos conceitos que envolvem odesign de superfcie, encontram-se referncias que abrangem superfciesdiversas como papel, vidro, pisos em geral, cermica e txtil. O design desuperfcie abrange o design txtil (em todas as especialidades), o de papis(idem), o cermico, o de plsticos de emborrachados, desenhos e/ou coressobre utilitrios (por exemplo, loua) (...) (RUBIM, 2004, p. 22).
Evelise Anicet Rtchilling, coordenadora do Ncleo de Design de Superfcie daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, (NDS/UFRGS)1 afirma ementrevista2, que o design de superfcie surgiu no Brasil como ampliao dodesign txtil, sendo esta ento, a maior rea de aplicao do design desuperfcie e com maior diversidade de tcnicas de produo. A Associao deDesign de Superfcie sediada nos Estados Unidos A Surface DesignAssociation (DAS) por exemplo, refere-se apenas rea txtil, e tem declaradoem seu site 4 como misso: aumentar a conscincia, a compreenso, e aapreciao dos txteis nas comunidades da arte e do design, assim como nopblico geral. Esta associao promove encontros e eventos, e tem comoessncia o design de superfcie txtil, denominando-o design de superfcie.
No sentido de buscar o aprofundamento do entendimento desta rea especfica
do design e sua abrangncia, parte-se aqui para a investigao do termodesign, e como este se relaciona com o universo dos txteis, aplicadosprincipalmente indstria do vesturio e da moda.______O Ncleo de Design de Superfcie da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NDS-UFRGS) o rgo responsvel pela interlocuo entre universidade e indstria, e atuadesenvolvendo desenhos para superfcies com aplicao em estamparia, malharia, tecelagem,papelaria, entre outros. Localizado no Instituto de Artes da UFRGS, conta com uma equipe dedesigners especializados em um conjunto de softwares especficos de criao de imagens paraatender s necessidades do mercado. Disponvel em: www.arcoweb.com.br/design/design27.asp Acesso em: 08/06/2008 Disponvel em: www.nds.ufrgs.br Acesso em: 08/06/20084 Disponvel em: www.surfacedesign.org/mission.asp Acesso em: 08/06/2008
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Lbach (2001, p.11) afirma que com tantos pontos de vista diferentes emrelao s questes que envolvem o design, e pela expanso do termodesign, ficamos confrontados com inmeros conceitos tais como projeto,plano, esboo, desenho, croqui, construo, configurao, ou modelo. Cardoso(2004) acredita que para entender o sentido da palavra design, deve-se justamente partir de sua origem na lngua inglesa onde:
(...) o substantivo design se refere tanto idia de plano,desgnio, inteno, quanto a de configurao, arranjo, estrutu-ra (e no apenas de objetos de fabricao humana, pois
perfeitamente aceitvel, em ingls, falar do design do universoou de uma molcula). A origem mais remota da palavra estno latimdesignare , verbo que abrange ambos os sentidos, ode designar e o de desenhar. Percebe-se que, do ponto devista etimolgico, o termo j contm nas suas origens umaambigidade, uma tenso dinmica, entre um aspecto abstratode conceber / projetar / atribuir outro conceito de registrar /configurar / formar. (CARDOSO, 2004, p. 19)
Observando-se as caractersticas j determinadas pela anlise etimolgica dapalavra design, nos deparamos no design de superfcie com um corpo ouobjeto, que ser manipulado independentemente de ser uma produo emsrie que visa um grupo de consumo, ou uma pea nica produzidaartesanalmente. Em qualquer dos casos parte-se de um projeto quetransformar atravs de seus desenvolvimentos tcnicos e criativos, a rea de
suporte disponvel para tratamento, a qual se denomina de superfcie, ou seja,o primeiro contato exterior, a parte externa, visvel e ttil dos corpos, suaaparncia, que emerge de uma estrutura recoberta por ela mesma ou por algoque aderido a um corpo em sua parte externa (MACIEIRA;RIBEIRO, 2007p.15).
Reforando as questes que envolvem o projeto para posterior tratamento em
uma superfcie, e relacionando-o com a criao de imagens, Evelise AnicetRthschilling, afirma que o design de superfcie:
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(...) uma atividade tcnica e criativa cujo objetivo a criaode imagens bidimensionais (texturas visuais e tcteis),projetadas especificamente para a constituio e/outratamento de superfcies, apresentando solues estticas e
funcionais adequadas aos diferentes materiais e processos defabricao artesanal e industrial. (RTHSCHILLING, 2006)5
Por meio deste conceito, podemos entender que os processos de criao parauma superfcie, dialogam com os mtodos de desenvolvimento do projeto,refletindo seu resultado atravs da pesquisa e anlise da definio do estilo devida de seus usurios. Sendo assim, interferncias, modificaes e
sobreposies sobre uma superfcie preparada para receber informaesvisuais ou tteis, so aes que resultam em um design de superfcie. Se acriao de texturas tambm se configura como caracterstica do design desuperfcie, as imagens grficas (livros, impressos em geral, placas,embalagens, entre outros) tambm contm elementos caractersticos do designde superfcie, visto que, antes de se tornarem mensagens visuais, eramoriginariamente pensados de forma a recobrir determinada superfcie. Refora
esta constatao, a afirmao de Flsser (2007) que considera:
Uma imagem , entre outras coisas, uma mensagem: ela tem umemissor e procura por um receptor. Essa procura uma questo detransporte. Imagens so superfcies. Como elas podem sertransportadas? Depende dos corpos em cujas superfcies as imagenssero transportadas. (FLSSER, 2007, p. 152)
Assim, podemos refletir a respeito do processo de interferncia visual em umasuperfcie. Um papel em branco, texturado ou no, uma superfcie. Namedida em que esta folha de papel recebe informaes impressas em suasuperfcie, ou ainda, atravs de texturas diversas que compe sua aparncia ecaracterstica visual ttil, o projeto vai se configurando por meio de umadeterminada representao visual.
______5Disponvel em: www.nds.ufrgs.br/novo/index.html Acesso em: 08/06/2008
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Segundo Marcos Mello6, a partir dos elementos que constituem o designgrfico tais como, texturas, formas, cores entre outros, encontramos uma
aproximao entre esta rea e o design de superfcie. Cssia Macieira (2007,p.102) destaca a aproximao do design de superfcie do design grfico, namedida em que existem pontos em comum entre estes campos como a criaode desenhos, texturas, ilustraes e diversos tipos de composies visuais.
Apesar das especificidades de produo e desenvolvimento que envolvemetapas de processos criativos diferentes, nas vrias reas de aplicaes do
design de superfcie como papelaria (papis de parede, papis para presente,embalagens, blocos, cadernos, agendas, guardanapos, copos e pratos depapel, com desenhos em alto ou baixo relevo, com textura tipoverg , entreoutros) ou cermica (revestimentos como azulejos e pisos em geral paraconstruo civil e decorao, acessrios para banheiro, canecas, louas, etc.) um projeto dimensionado em suas caractersticas metodolgicas e pesquisasdistintas, pode ser elaborado por um designer, aqui pontualmente denominado
de superfcie, que domine os processos tcnicos especficos, pertencentes aocampo em questo.
Em virtude das reas citadas acima tambm incorporarem por sua constituiode superfcie e imagem o termo design de superfcie, utilizarei ao longo destetrabalho a nomenclatura design de superfcies txteis, que constituem em seuprocesso de construo as peas artesanais, a tecelagem plana ou malharia ea estamparia localizada ou corrida para a moda e vesturio.
Estas so especialidades que contm em seu desenvolvimento caractersticastcnicas distintas, e que sero aqui tratadas como: design de superfcie txtil______6Anotaes realizadas em entrevista dia 08/05/2008. Marcos Mello artista plstico e designergrfico. Formado pela escola alem Waldorfschulen com curso profissionalizante em ArtesGrficas. Curso superior de Artes Plsticas pela Fundao Armando lvares Penteado (FAAP),Pedagogia (Unicastelo) e Ps-Graduao em Design Grfico na Faculdade de Belas Artes deSo Paulo. mestre em Educao, Arte e Histria da Cultura pela Faculdade Presbiteriana,Mackenzie. Doutorando em Histria Social - USP. Professor da Universidade AnhembiMorumbi e colaborador da revista Tupigrafia.
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artesanal, design de superfcies txteis (tecidas e/ou com acabamentosespeciais) e design de superfcies em estamparia txtil para a moda evesturio.
1.1 Design de superfcie txtil
Por meio de seus signos, o tecido utilizado em roupas, trajes,moda e utilitrios um dos mais fortes e antigos meios decomunicao. (CHATAIGNIER,2006, p.20)
Nas palavras de Saltzman (2004, p. 49), a superfcie uma zona limite de umaforma e que como tal, rodeia, circunda, cobre e envolve algo, sendo por suavez o plano de contato entre este objeto (o sujeito) e o entorno. Abordandoaspectos relacionados s matrias txteis, estas formas relacionam-se com astexturas, diretamente conectadas com a linguagem visual e ttil produzindocriaes por intermdio destas intervenes sensoriais.
Para Pompas, (1994, p. 03), uma superfcie do tipo txtil constituda de umconjunto de propriedades subdivididas em dois componentes principais: de umlado a peculiaridade da matria, que depende da composio e daestrutura tcnico-construtiva especificando o tecido do ponto de vistasensorial e ttil; do outro lado, trata dos requisitos formais, estilsticos ecromticos, o que determina a qualidade esttico-expressiva do tecido.
Ao tomar contato com o txtil, a superfcie corporalexperimenta um acmulo de sensaes, e tambm modificasua fisionomia. O desenho, a cor, a textura, as pregas e obrilho se recriam em cada depresso, convexidade,concavidade, articulaes e movimentos do corpo. Asuperfcie do txtil se define em relao com a topografia docorpo: indica caminhos, cria vestgios e cicatrizes, efeitos deluz e sombra, e assim construir signos que se associam a uma
situao e ao contexto. Revela e se esconde entre o ttil e o
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visual entre o exposto e o imperceptvel. (SALTZMAN, 2004,p. 52).
De fato, como aponta Andra Saltzman acima, as sensaes do tecido emcontato com o corpo so das mais diversas. Quando falamos em superfciestxteis h que se considerar, alm dos aspectos visuais e funcionais, o confortoou no, em relao ttil com o corpo. Os designers txteis atualmente, devembuscar materiais e desenvolver produtos, de forma a proporcionar ao vestiruma experincia confortvel. Em virtude do vesturio estar diretamente emcontato com a pele humana, estimulando sensaes mecnicas, trmicas evisuais, alguns autores denominam tal caracterstica de conforto sensorial,
como um domnio relativamente novo na pesquisa do conforto do vesturio.Conforto sensorial o conjunto de vrias sensaes neurais quando um txtilentra em contato direto com a pele (BROEGA; SILVA, 2007, p. 26).
Para que se possa projetar de forma a que se obtenham estes resultados deconforto e funcionalidade, de fundamental importncia para o designer txtil,entender as propriedades das fibras e tecidos, j que algumas superfcies, para
receberem determinado tratamento, precisam estar de acordo com os corantes,pigmentos, e tcnicas especficas. Para a construo de tecidos jacquard 7, porexemplo, em padres opacos ou brilhantes, com mais ou menos elasticidade, necessrio conhecer as caractersticas das fibras em geral, para que se possaprojetar sob tal superfcie (descritas no prximo sub-captulo).
No podemos deixar de notar, que alguns engenheiros txteis envolvem-se
tambm com a rea de design, e que muitos designers se aventuram na tramae urdume dos fios aqui tratados industrialmente. Surge desta forma, umaaproximao entre a engenharia e o design, reforando ainda a idia daimportncia dos conhecimentos tcnicos por parte do designer. Wollner (inADG, 2004, p.20) afirma que (...) se o designer for s tcnico, vira engenheiro;no pode ser s intuitivo, seno artista. Vai precisar de um ferramentaltcnico, de uma linguagem, de uma tecnologia (...).
_____
7Consultar glossrio
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Na determinao dos fios que constituiro o tecido, devem ser levadas emconsiderao as propriedades que os compem. Isto levar criao edesenvolvimento de produtos txteis, que recebero tratamentos e tcnicasideais para a estamparia.
1.1.1 Fibras e fios
Uma fibra txtil a menor parte do tecido, algo como um tomo, ou seja, amenor partcula de matria com caractersticas qumicas definidas.(CHATAIGNIER, 2006, p. 28). As principais caractersticas das fibras so suatitulagem (finura do fio), resistncia, flexibilidade (capacidade de alongamento),elasticidade, absoro por umidade e a capacidade de no transmitir calor.
As fibras txteis so classificadas em naturais e qumicas. As naturais podemser de origem vegetal, animal e mineral. Os materiais produzidos porintermdio das fibras vegetais so o algodo, proveniente das sementes da
prpria flor do algodo, linho, rami e bambu extrados dos talos das plantas,cnhamo, juta e sisal, provenientes das folhas, e os tecidos desenvolvidos coma fibra de coco, retirada do prprio fruto. As fibras animais so derivadas dopelo ou da crina de alguns animais, tais como os tecidos de l proveniente docarneiro, pele de coelho, lhama e alpaca, assim como tambm a seda, que produzida originalmente pelo bicho da seda. J as fibras de origem mineral seencontram na natureza, sobre formas fibrosas como o amianto, para a
confeco de tecidos anti-chamas, por exemplo.
As fibras qumicas, desenvolvidas pelo homem e manipuladas em laboratrio,so tambm conhecidas por suas caractersticas para o desenvolvimento deprodutos txteis com alta tecnologia como, por exemplo, os tecidosimpermeveis, anti-transpirantes, hidratantes, que protejam dos raios solares,
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entre outros. Distribuem-se entre artificiais (obtidas atravs da transformaode uma base natural tais como a celulose e o lnter8 do algodo) e sintticas(derivadas do petrleo como o polister, polipropileno, poliamida, acrlico eelastano). As fibras artificiais mais conhecidas na tecelagem e malharia so aviscose, o rayon e o tri-acetato, enquanto que as fibras sintticas maisutilizadas pela indstria txtil so o polister, a poliamida (nylon), o acrlico e oelastano.
Quadro 1 - Classificao das fibras txteis. (Fonte: Renata Pompas, 1994).
Ressalta-se ento, a importncia dos conhecimentos tcnicos pelo designer,conhecimentos aqui relacionados fibras e fios, que na ao de projetar, devesaber relacionar as caractersticas das matrias primas aos processosprodutivos. Temos no exemplo da estamparia portransfer 9 um processo querequer a estamparia do desenho no papel, e que posteriormente sertransferido para o tecido. Essa transferncia s acontece se o tecido contiverem sua composio fibras sintticas, de preferncia polister. Se no for assim,a tinta no fixa no tecido, ficando o mesmo com aspecto de envelhecido,
______8 e 9Consultar glossrio
F I B R A S T
X T E I S
Artificiais Raiom viscoseRaiom acetatoTriacetato
PoliesterPoliamidaPoliacrlicoElastanoOleflica
Minerais Amianto
Animais
CauleFolhas
Frutos
Algodo
Paina
Secrees
Pelos
Linho
Rami
JutaSisalCoco
Seda
LAngor
Lhama
QUMICAS
Sintticas
Vegetais
NATURAISSementes
F I B R A S T
X T E I S
Artificiais Raiom viscoseRaiom acetatoTriacetato
PoliesterPoliamidaPoliacrlicoElastanoOleflica
Minerais Amianto
Animais
CauleFolhas
Frutos
Algodo
Paina
Secrees
Pelos
Linho
Rami
JutaSisalCoco
Seda
LAngor
Lhama
QUMICAS
Sintticas
Vegetais
NATURAISSementes
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(termo comumente utilizado na indstria txtil referindo-se a falta de brilho eopacidade nas cores da estampa).
Para a construo de tecidos mais pesados ou leves, com maior ou menorelasticidade, as informaes sobre os fios apropriados para cada um deles esua correta determinao so importantes em sua constituio. Isto, em virtudedas inmeras possibilidades de entrelaamentos, como veremos a seguir.
1.1.2 Tecidos
Considerada uma das artes mais antigas do mundo, a tecelagem manualsurgiu entre os homens como forma de linguagem, hierarquizao, decorao,embelezamento e tambm de proteo ao corpo.
Substncias da natureza, como terra, folhas, troncos, frutas,plos, peles, penas, ossos, escamas, cinzas, pedras, todasexistentes ao redor dos humanos, serviam de proteo para
seus corpos contra as intempries do tempo e tambm paraproporcionar uma sensao de conforto, prazer e um esboode primitivas situaes estticas. (CHATAIGNIER,2007, p. 20)
O tecido artesanal composto pelo entrelaamento ordenado de doisconjuntos de fios, longitudinais e transversais, formando a trama. O princpio deseu funcionamento calcado em elementos essenciais como o urdume, (fiostensos e colocados no sentido do comprimento do tear), trama (segundoconjunto de fios passados no sentido transversal, cala (abertura entre os fiosmpares e pares da urdidura, por onde passa a trama) e pente (pea bsicaque permite levantar e abaixar alternadamente os fios do urdume, para permitira abertura da cala e a posterior passagem da trama). (CHATAIGNIER, 2006, p.21;PEZZOLO, 2007, p. 144).
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Industrialmente, os processos de fiao que transformam as fibras em fios, soutilizados na elaborao dos tecidos que podem ser divididos em: penteados(processo que confere qualidade, resistncia e regularidade no permitindo aformao de bolinhas na malha acabada), cardados (fio cru com impurezas, oque permite a formao de bolinhas), fantasia (lurex10, por exemplo) e fiostintos (como o prprio nome j diz, so fios tingidos antes de entrar naproduo do tecido) (PEZZOLO, 2007, p.141).
Segundo alguns autores (CHATAIGNIER, 2005; PEZZOLO, 2007), em suaformao ou construo, dependendo da utilizao de determinados fios, ostecidos so classificados em tecidos planos, malhas, tecidos de laada,especiais e notecidos.
Os tecidos planos formam-se atravs do entrelaamento de fios, constitudopor fios horizontais (trama) e verticais (urdume), formando um ngulo reto,podendo ser lisos, maquinetados (efeitos de leves texturas; relevos provocadosquando do processo de tecimento, como por exemplo, em alguns tecidos decamisaria), jacquard (muito aplicado em revestimentos para decorao como
os adamascados, por exemplo) ou estampados (imprime desenhos atravs deprocedimentos especficos).
As malhas podem ser formadas por trama ou urdume, e surgem doentrelaamento de laadas de um ou mais fios, podendo ser lisas ou formandopadronagens11 diferenciadas. Tecidos chamados de laada so os queremetem s rendas, fils12, tules13, alguns cobertores, entre outros.
As matrias txteis classificados de especiais so de origem mista em suacomposio de fios diferenciados, e se apresentam em tecidos planos ou nasmalhas. Dependendo do tipo de fios na mistura dos tecidos, quando em seutingimento, vrios aspectos podem ser verificados na superfcie txtil como porexemplo, efeitos opaco X brilhante.
______10 , 11 , 12 e 13
Consultar glossrio
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Tecidos que recebem tratamentos diferenciados em seus acabamentos taiscomo lavagens ou que so laminados (filme especial aplicado atravs decilindros de cobre ou quadros, aplicado sobre peas prontas ou em tecidoscorridos), tambm so considerados especiais.
Os notecidos so obtidos sem o uso do tear, diretamente de camadas quese prendem umas s outras atravs do entrelaamento das fibras (agentesmecnicos, que emaranham as fibras entre si, aglomerando-as em camadas,como por exemplo, os feltros) e se unem pela ao de adesivos para a fusodas fibras (processo qumico que se encarrega da unio das fibras, caso doperfex, toalha de cozinha que suporta vrias lavagens).
Para Chataignier (2006, p. 51), justamente no beneficiamento, queencontramos um dos processos mais importantes para a construo do tecido,aonde os acabamentos daro origem qualidade do tecido, no levando emconta apenas aspectos tcnicos, mas sendo desenvolvidos e tambmprojetados dentro de aspectos estticos e comerciais. Assim, o tecido seconstitui por vrias etapas que comeam com a limpeza das fibras por
intermdio de tcnicas qumicas que eliminam impurezas, passando portingimentos e estamparia, at tratamentos finais fsicos como pr-encolhimento(sanforizao), impermeabilizao, anti-encolhimento, plissagem, efeitos debrilho (chintz e sir), aspectos felpudos ou em relevo, aplicao de amaciantese resinas, entre outros (PEZZOLO, 2007, p. 161;POMPAS, 1994, p. 134). Oprocesso de mercerizao, por exemplo, um beneficiamento que proporcionamais brilho e maciez aos tecidos, que desta forma, so especialmente
preparados para receber tingimentos (uso de corantes em temperaturaselevadas, que produzem efeitos nicos na superfcie do tecido) e estampas;tecidos ou malhas podem ser mercerizados (CHATAIGNIER, 2006, p. 53).
Conhecidos os processos de transformao das fibras em fios, dos fios para aconstruo dos tecidos e dos acabamentos que preparam as superfcies paraseus determinados fins, podemos categorizar as reas de abrangncia e
aplicao do design de superfcie txtil conforme mostra o quadro a seguir.
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Design de superfcie txtil
reas de abrangncia Aplicaes
Design de superfcies txteis
Malharia e tecido plano, notecidos,aviamentos, bordados industriais eacabamentos especiais. Segmentos:de vesturio e cama, mesa e banho;acessrios; revestimentos em geral;decorao;
Design de superfcies txteisestampadas
Em tecidos a metro, ou localizados empeas de vesturio, ou estampas parao segmento de decorao; cama,mesa e banho; revestimentos emgeral; decorao;
Design de superfcies txteisartesanais
Tapetes tecidos por artesos emteares manuais, wearable art, tricotsem peas nicas, bordados feitos mo e tecidos pintados mo.
Quadro 2 - Categorizao das reas de abrangncia e aplicaes do design desuperfcie txtil (Fonte: a autora, 2008).
Alm de esclarecer aspectos intrnsicos ao design de superfcie e seusprincipais conceitos, este captulo trz informaes relativas a fibras, fios etecidos, visto que, sua importncia destacada pela maioria dos designers queforam entrevistados para a documentao desta pesquisa. Para Daniela
Gabriel da Silva14
, que desenha as estampas para a coleo de vesturio daempresa na qual designer de moda, o conhecimento do designer deveabranger todos os elos da cadeia txtil: se voc estiver desenvolvendo umtecido que vai ser estampado depois, todo conhecimento de fibras e os taisprocessos de estampagem, podem influenciar no design final do produtocompleta a designer.
______14 Entrevistas em anexo
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Daniela Orlov15, responsvel pelo desenvolvimento de colees, cartelas decores e estampas em uma malharia industrial, acredita ser muito importante oconhecimento das bases txteis para que se possa utilizar desenhos coerentescom a matria prima desenvolvida.
Concentrar-nos-emos no prximo captulo, na explanao da investigaosobre o design de superfcie em estamparia txtil, conceituando-o em suascaractersticas, assim como, analisando seus principais aspectos tcnicos efuncionais.
______15 Entrevistas em anexo
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2. TCNICAS EM ESTAMPARIA TXTIL PARA A MODA
A finalidade da verdadeira estamparia a de tornar o tecido
mais atraente e chamar a ateno de um possvel usurio e,claro, a de renovar a moda permanentemente e conquistarnovas posies no mercado consumidor (CHATAIGINIER,2006, p. 82)
Alm de sua utilizao na moda, a presena de estampas em desenhos,motivos e cores diversos, constante em outros segmentos industriais comopor exemplo, o setor automobilstico em forros de bancos ou tetos, na
decorao de interiores, entre outros. O foco especfico desta pesquisa, estconcentrado no design de superfcie em estamparia txtil industrial na rea demoda.
A moda segundo alguns estudiosos (LIPOVETSKY, 1989; BRAGA, 2005) reconhecida como sistema e apreciao pela troca peridica do traje, a partirdo final da Idade Mdia. Neste momento acentua-se ainda o traje como forte
diferenciador social, acelerando estas mudanas. De acordo com Joo Braga,(...)um gosto durava enquanto no era copiado, pois, se assim acontecesse,novas propostas suplantariam as, ento, vigentes (2005, p. 40).
Pelas palavras dos autores acima citados, podemos dizer que a moda tem umcarter de mudana em sua prpria natureza. A cada lanamento de coleo,movimentos so apontados como difusores de tendncias em busca de novasoportunidades de mudanas e assim sucessivamente j que a moda nossa
lei porque toda a nossa cultura sacraliza o Novo e consagra a dignidadepresente (LIPOVETSKY, 1989, p. 269).
Todos os elos integrantes da cadeia txtil (Fig. 2), acompanham essaefemeridade da moda, da concepo do fio comercializao do produto,buscando entre si uma articulao que facilite a criao e o desenvolvimentodos produtos correspondentes a cada etapa do processo.
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Esta conexo entre as vrias etapas do fluxo produtivo, pode ser constatadapor intermdio das vrias fases que se seguem no desenvolvimento de umproduto, como podemos observar no quadro seguir.
Quadro 3 - Fluxo produtivo da Cadeia Txtil. Fonte: A autora (2008).
Apesar do tempo de produo entre uma fase e outra deste processoprodutivo, o acompanhamento dos movimentos que acontecem ao redor damoda, e esta necessidade cada vez mais rpida nas modificaes das formasdos produtos, possibilitam s estampas tornarem-se uma ferramenta para ocriador de moda. Nos projetos de coleo de alguns designers, percebe-se apresena da estamparia de forma a orientar e contribuir com a organizao dacoleo. Alguns desfiles so muito simples do ponto de vista da modelagem,porque jogam suas variaes e diversificaes sobre os tecidos levando emconta, cores, peso do tecido, estampas etc. (POMPAS, 1994, p. 158).
Beneficiamento de Fibras naturais Fabricao de Fibras Qumicas
Fiao
Tecido Plano Malharia Circular
Acabamentos
Indstria de Confeco
Atacado
Consumidor FinalConsumidor Final
Fluxo Produtivo da Cadeia Txtil
Malharia Retilnea No Tecidos
Varejo Venda por catlogo Venda Eletrnica
Tecelagens
Aviamentos
Exportao
Estamparia corridaTingimentos
Estamparialocalizada
Beneficiamento de Fibras naturais Fabricao de Fibras Qumicas
Fiao
Tecido Plano Malharia Circular
Acabamentos
Indstria de Confeco
Atacado
Consumidor FinalConsumidor Final
Fluxo Produtivo da Cadeia Txtil
Malharia Retilnea No Tecidos
Varejo Venda por catlogo Venda Eletrnica
Tecelagens
Aviamentos
Exportao
Estamparia corridaTingimentos
Estamparialocalizada
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O design de superfcie em estamparia txtil assume ento um papel importantequando se trata da moda, visto que os tecidos estampados so uma daspossibilidades de diferencial para seus produtos, e desempenham um papelforte e importante em qualquer coleo de moda (MACIEIRA;RIBEIRO, 2007,p.107). Neste contexto, os acabamentos baseados em estampas representamum meio importantssimo para agregar valor aos tecidos lisos (POMPAS,1994, p. 136).
Para exemplificar estes modos de inter-relao entre os projetos de tecidosestampados direcionados moda, temos um importante momento queaconteceu entre o costureiro Paul Poiret, clebre por libertar as mulheres doespartilho e por rejuvenescer a ilustrao de moda (MACKRELL, 2005, p. 118),e o artista francs Raoul Dufy. Poiret oferece a Dufy, a possibilidade de criarpadres txteis no seu ateli de impresso sobre tecidos chamado de apequena usina (Fig. 1). neste espao que Dufy desenha os motivos, gravaos quadros de impresso, estuda as tcnicas qumicas necessrias e passa eleprprio a estampar suas criaes, que contribuem para o sucesso das colees
de Alta Costura de Poiret.
Figura 1: A pequena usina (Fonte: Judith Miller, 2006)
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Outro exemplo que nos conduz uma aproximao entre estamparia txtil e
moda o do criador Emilio Pucci (Fig. 2),conhecido no campo da moda como o prncipedas estampas. Percebendo as cinturas marcadase a austeridade das mulheres no vestir do ps-guerra, Pucci criou estampas geomtricas quecombinavam cores vibrantes, como azul, rosa,roxo, verde e amarelo com formas arredondadas eelementos geomtricos, imprimindo-as em suascolees de vesturio para moda, principalmenteem calas afuniladas at a altura do tornozelo.Estes desenvolvimentos em desenhos paraestamparia, tornaram-se o que at os dias de hojechama-se de estilo Pucci, pelo qual reconhecido no mundo inteiro.
Figura 2: Acima, Pucci original da dcada de 1960. (Disponvel emwww.mimifroufrou.com/scentedsalamander/images/Pucci_1966.jpgAcesso em: 21/06/2008)
Figura 3: Emilio Pucci em seu estdio de desenho, 1959. (Disponvel emhttp://www.nytimes.com/2007/08/26/style/tmagazine/26pucci.html.Acesso em: 13/06/2008)
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Uma diversidade de estampas persiste nos dias de hoje,apontando para referncias que transitam pela toy art16,na obra do autor de cinema Tim Burton17, e nos florais emgrandes pinceladas (Fig.4). O designer de moda MrioQueiroz18, em palestra proferida sob o ttulo Os caminhosdo design de moda contemporneo19, trs a arte comoum dos pontos referenciais para o desenvolvimento deestampas, salientando que este um sinal que j vem setornando recorrente h alguns anos. Editoriais de modabrasileiros (Fig.5) e estrangeiros mostram suas modelos,utilizandoateliers de pintura como pano de fundo parasuas produes (Fig.6).
Figura 4: esquerda floral em pinceladas. Coleo BalenciagaVero 2008. (Fonte: Revista Vogue, USA. Janeiro, 2008).
Figura 5: direita publicidade da marcaDolce&Gabbana. (Fonte: Revista Vogue Brasil.
Jan.2008).
______16Manifestao contempornea que se apropria de brinquedos para mesclar design, moda eurbanidade, com pitadas de ironia e bom humor.17Irreverncia, ironia e humor, compem o estilo visual sombrio dos filmes deste autoramericano.18Mrio Queiroz designer de moda, e coordenador do curso de design de moda daUniversidade Anhembi Morumbi. Participa dos principais eventos de moda no Brasil, entre eleso So Paulo Fashion Week.19Palestra proferida em 27/05/2008 na Universidade Anhembi Morumbi.
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Figura 6: Editorial de moda comreferncias na arte. (Fonte: RevistaVogue Brasil. Janeiro, 2008).
Depois de constatar algumas aproximaes entre o desenho de estamparia e amoda, mostra-se a seguir, um breve relato sobre a origem dos txteis,objetivando localizar o surgimento de alguns processos de estamparia, para emseguida, descrever as tcnicas mais tradicionalmente conhecidas e utilizadasat os dias de hoje.
2.1 BREVE RELATO SOBRE A ORIGEM DOS TXTEIS ESTAMPADOS
Do corpo, a pintura passou para o couro, e depois para os tecidos. (PEZZOLO, 2007, p. 183)
a partir dos mtodos de estampar originados das culturas indianas (sem datadefinida) e expandido para a Indonsia, que se tem notcia dos primeirostecidos estampados. Tambm, nas paredes pintadas das tumbas dos antigosegpcios j apareciam indcios de vestes decoradas que se presumia ser de
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desenhos impressos em tecido. Relatos de autores romanos durante o sculo Idescrevem detalhadamente, sobre a pintura em tecidos com corantes naturais.
Fibras naturais como, a l, o linho e o algodo so as mais antigas ecultivadas, fiadas e tecidas desde a Idade do Bronze, trs mil anos antes deCristo. Durante toda a Antiguidade, at o fim da Idade Mdia, as fibras txteiscomumente utilizadas na Europa eram a l e a seda, de origem animal, ealgumas de origem vegetal como linho e cnhamo (...) (PEZZOLO, 2007, p.33).
Em finais da Idade Mdia, Vasco da Gama trouxe da ndia para a Europa,tecidos finos de algodo estampados, que eram destinados s altas classessociais. Foram to bem aceitos, que os fabricantes de l e seda europeus,insistiam com seus governos pela proibio destes estampados. Em 1686 naFrana, um edital do rei Lus XIV impunha restries s importaes, comotambm, proibia o uso de tecidos de algodo estampado ou pintado(ENCICLOPDIA DOS TXTEIS, 1972, p. 452). Devido esta proibio,pessoas que portassem tecidos indianos, seriam condenadas e presas.
Em 1690, foi fundada em Portugal, a primeira manufatura de impresso sobrealgodo. Na primeira metade do sculo seguinte, quase todas as cidadeseuropias j possuam fbricas de estamparia (PEZZOLO, 2007, p. 51). Porm,a mecanizao da tecelagem foi uma adaptao feita aos teares manuais, porvolta do ano de 1733 aumentando a produo e a oferta de tecidos, dificultandoa produo de tecidos artesanais e gerando a falta de fios.
Com o estabelecimento da fbrica Oberkampf em 1759 nasce a grande era dostecidos estampados, elevada a fina arte pelas mos de Christophe PhilippeOberkampf, colocando a Frana como lder neste tipo de indstria. Em Maio de1760, a primeiraToile de Jouy 20 desenhada, estampada e recebe tratamentopara seu acabamento (ENCICLOPDIA DOS TXTEIS, 1972, p. 452).
______20Consultar glossrio
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Filatrios21 automticos foram sendo desenvolvidos ao longo dos anos,alavancando juntamente com os teares mecnicos o desenvolvimento industrialtxtil, que se acelera no perodo da Revoluo Industrial, quando so tambmdesenvolvidas as primeiras fibras artificiais (PEZZOLO, 2007, p. 146).
A primeira operao com mquinas de estampar foi sucesso pelas mos doescocs Bell, que em 1785 colocou este tipo de tcnica para funcionar emPreston, Inglaterra, aprimorando-se o processo para ser desenvolvido em 6cores. Em 1850 aproximadamente, Lyon, na Frana, foi a primeira cidade aindustrializar tecidos estampados com a tcnica de quadros. No incio dos anos1900 vrias tentativas de promover esta tcnica foram feitas na Inglaterra eEstados Unidos, mas foi s em 1920 que isto se torna realidade. Em 1926,Frana, Sua, Alemanha, Gr Bretanha, e Estados Unidos, comercializavamcom sucesso produtos produzidos pelo mtodo de quadros de estampar.(ENCICLOPDIA DOS TXTEIS, 1972, p. 453).
A partir de ento, as tcnicas de estampar so as mesmas, porm foram sendoaprimoradas at as mais avanadas utilizadas atualmente, como a estamparia
a jato de tinta de alta definio, que veremos ao final deste captulo.
2.2 PROCESSOS TCNICOS
Os primeiros softwares criados especificamente para o desenho de estamparia,comearam a ser introduzidos no Brasil em meados dos anos 1990. Enquanto
as repeties dos motivos txteis e variantes de cor eram feitos mo edemoravam horas ou at mesmo dias para serem finalizados, os programas deestamparia digital comeam a permitir, a partir deste momento, um ganho detempo relevante para as mudanas impostas pela moda, facilitando com isso oprocesso de desenvolvimento e criao do designer de superfcie txtil.
______21Consultar glossrio
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Nas palavras de Neves (2000, p. 20) estes novos sistemas digitais nosubstituem o designer, uma vez que no passam de uma ferramenta que lhesvai facilitar o trabalho libertando-o das aes repetitivas e permitindo-lhe umafatia de tempo mais ampla para se dedicar parte criativa. Isto se confirma apartir dos depoimentos das designers entrevistadas, Patrcia de Miranda22 eJuliana Tanigushi23, que utilizam como mtodo de trabalho na composio dedesenhos, tanto o processo manual como os programas grficos.
Rubim (2004, p. 57) aponta que importante o designer de superfcie ter emmente, que o sucesso de um projeto depende muito de se conhecer aspossibilidades tcnicas que envolvem o desenvolvimento do produto, o queimplica na soluo de problemas e gesto dos processos produtivos.Rthschilling (2006) destaca tambm que o designer dever ter conhecimentosobre as tcnicas e processos (...) para controlar os efeitos visuais desejadosem sua criao.
Geraldo Coelho Lima Junior24, designer de moda que desenvolve estampaspara sua marca de moda masculina denominada Urnio, afirma que os motivos
que desenvolve em seus desenhos so criados de acordo com as tcnicas eno caso de suas colees, tambm nos efeitos sensoriais. Um toqueinadequado pode alterar o tipo de processo a ser utilizado. Geraldo salientaque uma pesquisa inicial sobre as tcnicas de estamparia/bordado/tingimentose lavanderia so fundamentais.
Assim, possvel a identificao da parte visual da pea e o toque resultanteaps sua aplicao completa o designer. A partir da constatao de JorgeNeves (2000) e Renata Rubim (2004), para a importncia dos aspectostcnicos na formao de conhecimentos por parte do designer, assim comodos depoimentos dos designers quanto aos mtodos que utilizam em seusdesenvolvimentos, passamos a descrever os processos tcnicos artesanais eindustriais (Quadro 4), relacionados estamparia txtil.
______22,23 e 24 Entrevistas em anexo
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Quadro 4 - Seqncia de processos tcnicos. Fonte: A autora (2008)
2.2.1 ESTAMPARIA ARTESANAL
De acordo com Pompas, (1994, p. 178) apesar de antiqssimas (segundomilnio A.C.), algumas tcnicas artesanais de estampagem mesmo tendopassado de gerao a gerao, sobrevivem e se mantm inalteradas at hoje,como o caso do batik , dos processos que utilizam carimbos de madeira, do
tie dye , o stencil e tambm as pinturas feitas mo livre.
As aplicaes da estamparia artesanal so as mais diversas: acessrios emgeral como bolsas e echarpes, almofadas, painis de decorao, cama, mesa ebanho, cangas de praia, entre outros, e em sua grande maioria, sodesenvolvidas em tecidos naturais tais como o algodo, seda ou linho.
Processos tcnicos em estamparia txtil
Digital
Impresso
Estampacorrida
Artesanal
BatikTie DyeCarimboStencil
Corantedireto
Quadro Rotativa
Manual Mesa
Estampalocalizadaou corrida
Silk Screen
Estampacorrida
Transfer
Mquina
Cilindros
Industrial
Pintura mo
Processos tcnicos em estamparia txtil
Digital
Impresso
Estampacorrida
Artesanal
BatikTie DyeCarimboStencil
Corantedireto
Quadro Rotativa
Manual Mesa
Estampalocalizadaou corrida
Silk Screen
Estampacorrida
Transfer
Mquina
Cilindros
Industrial
Pintura mo
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2.2.1.1 Batik
Esse mtodo artesanal muitas vezes associado tintaaplicada com a mo e a detalhes estampados com auxlio depranchas de madeira gravadas em relevo, usadas comocarimbo. (PEZZOLO, 2007, p. 187)
Nascido na ndia e difundido para Indonsia, Tailndia, Sri Lanka e depois paraa Europa o batik um processo caracterizado por fissuras ou nervuras, comefeito craquelado em seu resultado final (Fig. 7). Chegou na frica pela mo
dos holandeses onde se tornou tradio e forma de expresso artstica(PEZZOLO, 2007, p. 187).
Figura 7: Estampa desenvolvida com a tcnica deBatik. (Disponvel em:
diapering.wallypop.net/wetbags.html Acesso em: 11/06/2008)
A tcnica consiste em vedar partes do tecido utilizando-se cera quentederretida, que impermeabiliza as reas aonde no se deseja que penetrem ospigmentos. Em seguida, o tecido imerso em um banho de tintura, e a ceradissolvida em gua quente (as partes cobertas no recebem tinta), revelandoos motivos. A operao repetida tantas quantas forem as cores empregadasno desenho. (POMPAS, 1994, p. 178).
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2.2.1.2 Carimbos de Madeira
A partir dos conhecimentos bsicos do processo debatik , vrias so as formasde se obter os efeitos e resultados como, por exemplo, amassar o tecido antesde mergulh-lo para tingimento de modo a quebrar a cera em algumas reas,ou impermeabilizar as partes com pincel ou carimbos de madeira.
A estampagem de tecidos feita com blocos de madeira esculpida, foi usada pela primeira vez na Itlia no sculo XVI.Pouco a pouco o mtodo foi se espalhando pela Europa, e nosculo XVIII, Inglaterra e Frana, pases possuidores de
manufaturas de grande renome, se destacavam nessa rea.Ainda hoje o processo utilizado em trabalhos artesanais.(PEZZOLO, 2007, p. 190)
O carimbo deve ser construdo em madeira rgida e resistente, para que possaser esculpido em relevo (Fig. 8). Depois de composto o desenho e passadopara o bloco de madeira, utilizam-se ferramentas especiais para a retirada de
pedaos de madeira, das reas aonde no h desenho, e que, portanto norecebero tinta. Este bloco pressionado sobre a superfcie, e somentesobressairo os espaos em relevo (Fig. 9). Se houver a necessidade deimpresso em mais de uma cor, feito um registro na prpria madeira, paraque se possa alcanar um encaixe perfeito das tonalidades, em um processolento e trabalhoso (ENCICLOPDIA DOS TXTEIS, 1972, p. 458).
Figura 8: Bloco de Madeira. Figura 9: Estampa feita com bloco de madeira.(Disponvel em: (Disponvel em:bigcrow.com/anna/journal/may05.html bigcrow.com/anna/journal/may05.htmlAcesso em 11/06/2008) Acesso em 11/06/2008)
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2.2.1.3 Tie Dye ou Shibori
Outro processo antigo, porm oriundo da frica do Norte otie dye, (temposdepois chamado pelos japoneses de Shibori ), estilo popularizado nos anos1960 e 1970, caracterizado por reas tingidas e no tingidas ao longo dotecido, podendo ser tambm tecnicamente processado em peas prontas.
No caso de tecidos aonde a estampa se repete de forma contnua, o primeiropasso a lavagem e secagem do tecido para a retirada de leos ou sujeirasimpregnados, tanto em sua construo na tecelagem, como em outrosprocessos pelos quais a matria prima possa ter passado.
Depois deste pr-tratamento, ou feito um desenho sobre o tecido com umamarcao em tinta que possa ser lavada posteriormente, e que desapareacompletamente da rea de trabalho depois de processado, ou o tecido amarrado aleatoriamente, passando por um processo de tingimento qumico. Omesmo procedimento repetido vrias vezes, ter criado vrios aspectosmanchados ou no, em cores diferentes na superfcie do tecido (Fig. 10).
Figura 10: Resultado em tecido da tcnicaTie Dye. (Disponvel em:www.accessgambia.com/.../arts-and-crafts.html Acesso em 11/06/2008)
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2.2.1.4 Estncil
Esta uma tcnica de se imprimir desenhos em vrios tipos de superfciescomo, por exemplo, paredes, papis ou tecidos, utilizando-se um molde vazadoaonde se quer que o desenho aparea. De preferncia, a chapa suporte desteprocesso deve ser desenvolvida em materiais firmes e durveis tais como:folha de acetato, fotolito, chapa de raio X, plstico grosso ou lmina deeucatex, permitindo assim que o molde seja reutilizado.
Figura 11: Tcnica estncil em estampariade camiseta. (Disponvel em:www.customiz.blogspot.com/2007/06Acesso em 11/06/2008).
A impresso com mscaras em estncil foi desenvolvida pelos japoneses emum estgio antigo de sua cultura. reas do desenho eram cortadas em umpedao de papel, e este colocado sobre o tecido. Nas reas aonde se desejavaque aparecesse o desenho, era passado um pincel com tinta. Com o passar do
tempo, foram sendo utilizadas finas placas de metal, ou at mesmo o prpriopapel, recoberto com uma camada de leo que os pudesse manter sedosos,porm firmes para receber a tinta.
Logo as chapas suporte do estncil foram sendo aprimoradas, colocando-semolduras de madeira em volta do papel, o que alavancou o processo deconfeco de quadros, aos quais chamamos de silk-screen (ENCICLOPDIADOS TXTEIS, 1974, p. 459), processo que ser descrito a seguir.
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2.2.2 ESTAMPARIA INDUSTRIAL
A estamparia industrial composta basicamente por 3 processos: quadros,cilindros e impresso jato de tinta.
2.2.2.1 Quadros
A estamparia a quadro, o processo de impresso usado no Oriente desde osculo VIII, teve incio no setor txtil (PEZZOLO, 2007, p. 192), e conhecidocomo serigrafia ousilk-screen , que significa tela de seda. Originalmente, astelas eram confeccionadas em seda, por ser esta uma matria prima fina eleve, prpria para ser esticada em molduras de madeira. A partir da dcada de1940, com o desenvolvimento das fibras qumicas, a poliamida e o polisterforam sendo incorporados na montagem dos quadros, substituindo as telas deseda, assim como, as molduras dos quadros, que tambm poderiam serfabricados em alumnio ou ao.
A estabilidade do tecido utilizado na confeco dos quadros, resulta em umamaior definio do desenho, como tambm promove a durabilidade do quadro,que poder ser reutilizado para impresso. A gravao do desenho feita dolado externo do quadro, e determinada pelo desenho dos fotolitos25, quepodem ser desenhados mo ou tratados atravs de computao grfica, jque necessria a separao das cores. Para cada cor utilizada no desenho,
dever ser desenvolvido um quadro.
As telas so gravadas por meio de um processo fotogrfico, onde minsculospontos escuros so vazados em sua superfcie, correspondendo esta aberturana tela, aos motivos pelos quais passar uma determinada cor. Portanto, napassagem das rguas pelo quadro, o que ser impresso no tecido ou no papelser a cor correspondente quela determinada pelo desenho original.
______25Consultar glossrio
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As rguas so uma ferramenta utilizada para a passagem do corante ou tinta
despejada sobre o interior do quadro deestampar, de um lado para outro do tecidocorrido ou da pea confeccionada, sendoque, em ambos os casos, o processo deestampagem, pode ser mecnico ouautomtico.
Fig. 12: Rgua para estampar. (Disponvel em: www.instructables.com Acesso em11/06/2008)
2.2.2.1.1 Quadros para estampas corridas
As estampas chamadas de corridas so aquelas cujos motivos/elementosvisuais26 (Fig. 13) repetem-se ao longo do tecido. Para um perfeito encaixe dodesenho, os elementos devem ser distribudos dentro de um mdulo, ou o queWucius Wong (2001, p.347) denomina de moldura de referncia27 (Fig. 14). Oagrupamento dos mdulos repetidamente dispostos e impressos sobre otecido, determinaro a aparncia e contedo final, obtido com a disposio dosmotivos, e que resultaro no que chamamos aqui de composio visual dodesenho, o que caracteriza assim o desenho corrido (Fig. 15).
Figura.13 : Elemento visual. Fonte: A autora (2008)
______26Elementos visuais so os que formam a parte mais proeminente de um desenho, pois soaquilo que podemos ver de fato (WONG, 2001, p.43).27
A borda circundante de uma composio. Esta pode ser a margem do papel que contm odesenho ou uma moldura linear especialmente traada para definir a rea do desenho.
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Figura 14: direita moldura dereferncia ou mdulo, repetindo omesmo elemento visual. Fonte: Aautora (2008).
Figura 15: Estampa corrida. A linha preta ao fundo, demarca o mdulo que serrepetido e encaixado igualmente ao longo do desenho. Fonte: A autora (2008).
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Nos tecidos com estampas corridas, a estamparia manual (Fig. 16) ou aestamparia automtica (Fig. 17) a quadro plano, realizada atravs de quadroscom medidas de 90cm de largura no minmo, e altura de aproximadamente1,60m., e mesas com comprimentos entre 15 e 20 mts, e larguras que variamentre 1,55m. 1,65m., para que possam receber vrias larguras de tecidos. Nocaso da estamparia a quadros manual, o tecido colado na mesa porintermdio de um cilindro com cola especial acoplados a um carrinho, e a mesapreparada manualmente na medida do quadro. Nesta preparao soutilizados bastidores ou chavetas, que marcam o exato encaixe de uma batidapara outra da estampa, garantindo seu perfeito encaixe.
Chama-se de batida, a passagem da rgua de um estampador a outro,estampadores estes, que esto posicionadas cada um de um lado da mesa.D-se uma batida, pula-se um bastidor, para depois voltarem ao incio damesa, e novamente estampar-se os espaos que ficaram entre as batidasanteriores. A presso exercida pelos estampadores de fundamentalimportncia para que no apaream manchas, ou para que no aconteamproblemas de mais quantidade de corante de um lado e menos do outro, o que
pode causar estampa a impresso de um lado mais forte e de outro maisfraca. Este um processo de baixo rendimento de produo, e pouco utilizadonos dias de hoje, a no ser para pequenas metragens, o que eleva seu custode produo.
Figura 16: Vista de uma estamparia quadro manual. O tecido est estendidosobre a mesa, e por meio dosestampadores os quadros se movem,reproduzindo a repetio do desenho.(Fonte: Enciclopdia dos txteis, p.464)
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Para maiores escalas de produo, dependendo do resultado que se quer,utiliza-se a estamparia com quadros automtica, que aplicada tecidoscorridos ou a metro. As mquinas de estampar a quadro, so formadas por umtapete/esteira que se movimenta e sobre ele os quadros, aonde deslizam asrguas em movimentos descendentes e ascendentes. O rapport, o nmero depassagens, o tipo de rgua, a presso e a velocidade das rguas dependem dodesenho, processo e tipo de material a estampar (NEVES, 2000, p. 26).
Conforme a esteira rolante vai se movimentando, os quadros descem, asrguas se movimentam de um lado para outro do quadro, os quadros sobem eo processo vai sendo repetido ao longo da metragem a ser estampada.
Figura 17: Vista de mquina deestampar quadro industrial.(Disponvel em :http://www.austromaquinas.com.br/pt/ Acesso em:11/06/2008)
2.2.2.1.2 Quadros para estampas localizadas
Para as estampas localizadas, os quadros tambm so desenvolvidos damesma forma, ou seja, atravs do processo desilk-screen , porm em quadrosde tamanhos menores visto que sero estampados em peas prontas jconfeccionadas, ou abertas, o que significa estampar antes de costurar as
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partes de frente ou verso, golas, mangas etc. Deste modo, no h anecessidade de preocupao com encaixe ou repetio dos mdulos, vistoque, o desenho estampado diretamente em peas cortadas ou mesmo nas jprontas.
Figura 18: Exemplo de estampalocalizada. Neste caso, o desenho estlocalizado na parte inferior da pea e emuma das mangas. Pode ser localizado noverso da camiseta, centralizado nafrente, na lateral etc. Fonte: A autora(2008).
Podem ser utilizados na estamparia localizada, tanto o processo manual comoo automtico. No processo manual, a pea confeccionada ainda aberta e nocosturada colada mesa, (desde camisetas, e tops em geral at calas,bermudas, vestidos, casacos, saias, etc) sendo que neste processo, bastaapenas um estampador que passa a rgua de um lado a outro da pea. Parapeas fechadas, tambm utiliza-se uma mquina comumente chamada decarrossel (Fig. 19), com placas de tamanho que possa acomodar amodelagem. Estas placas so vestidas com a pea fechada (camisetas, etops em geral) e os quadros j posicionados sobre a pea vo semovimentando de forma circular, conforme a programao feita na mquina.
Figura 19: Mquina tipo carrosselpara estamparia localizada.(Disponvel em:www.equipmentzone.com/manualtextileprinters.html Acesso em11/06/2008)
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No caso dos localizados, uma das bases qumicas de impresso que promoveuma textura plastificada e bem definida nos motivos, o que comumente nasestamparias chama-se de plastisol. Glitter (efeito de brilho) matizados(possibilita a estampa em fundos escuros), flocagem (fibra em p tinturada) oufoil (folha metalizada) so acabamentos considerados especiais, visto queconferem aspectos diferenciados de relevo e brilho aos produtos prontos.
Para a obteno de um resultado fotogrfico, ou seja, que parte de umaimagem/fotografia original, utiliza-se o processo de sublimao outransfer . Odesenho diretamente estampado em um papel especfico para este fim, etransferido por intermdio de uma mquina de presso a altas temperaturas,para a pea pronta. Aqui, os quadros so gravados com tela especial, assimcomo os corantes utilizados preparados especificamente para a execuodeste processo.
2.2.2.2 Cilindros
O rolo de cobre, cromado aps a gravao e esculpido em baixo-relevo,consiste em transferir sob presso, o desenho gravado para o tecido. ummtodo que caiu em desuso devido ao peso e tamanho dos rolos, ao elevadocusto e a no ser aplicvel em tecidos delicados (NEVES, 2000, p. 25).
J os cilindros rotativos gravados em nquel, so empregados para aestampagem em grandes produes, e tem o mesmo princpio de produodas mquinas de estampar pelo processo de quadro plano. A gravao destescilindros passa pelo processo de fotogravura como os quadros de serigrafia,porm a tela neste caso uma chapa de inox, que tecnicamente cilndrica emicro perfurada, com suporte de anis de metal em suas extremidades, e 64cmde rapport.
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Estes cilindros so utilizados na estamparia direta, ou seja, quando o processode estampagem acontece direto no tecido, como tambm, em transferncia ousublimao, quando se estampa primeiramente o papel, e depois se transfere aestampa para o tecido. Nestes casos, os cilindros confeccionados para umdeterminado processo no podem ser utilizados para outro, visto que oscorantes utilizados para cada tipo de tcnica so distintos e requerem ummesh 28 diferente.
Na mquina utilizada para o processo direto, os cilindros so encaixados sobreuma esteira ou tapete aonde o tecido j est estendido, que se movimentarapidamente. A rotao dos cilindros apoiados sobre o tecido sincronizadacom a velocidade da esteira rolante, de modo contnuo. (PEZZOLO, 2007, p.193). O corante29 especial para estamparia, bombeado para o interior docilindro, e por intermdio de uma rgua passa a tinta de dentro para fora,aparecendo nos locais com a abertura especfica para cada cor. Nesteprocesso, necessrio fixar o corante atravs de vaporizao e posteriorlavagem e acabamento.
Esse processo apresenta grandes vantagens, principalmenteem relao ao que utiliza quadros: elimina o encaixe doquadro, aumenta a rapidez da produo, estampa qualquertipo de desenho, oferece maior nitidez e permite grandevariedade de cores. (PEZZOLO, 2007, p. 193)
No processo de estampagem por transferncia as tcnicas diferem, j que, odesenho ser estampado diretamente em um papel especfico para tal, eposteriormente transferido para o tecido por meio de termotransferncia30. Paraque o papel seja transferido ao tecido, necessrio que sua construo sejacomposta por fibras qumicas (de preferncia polister ou misturas quecontenham 50% de polister no mnimo) sendo que esta estrutura, dever estarlimpa e sem acabamento.
______28,29 e 30Consultar glossrio
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Figura 20: Mquina de estampar com cilindro rotativo. (Disponvel em:http://www.austromaquinas.com.br/pt/ Acesso em 21/06/2008)
Tanto na estamparia direta ou por transferncia, existe uma limitao tcnicade cores por desenho, para quadro entre 6 e 7 cores e para cilindro de 7 cores,tambm dado ao custo de cada quadro ou cada cilindro por cor. Este aspecto importante e deve ser considerado pelo designer, visto que a criao dodesenho j se inicia com este limitador: o nmero reduzido de cores pordesenho, especificamente neste tipo de processo.
Assim, e segundo Jorge Neves (2000, p. 17), os procedimentos envolvidos nasetapas de produo dos tecidos estampados industrialmente a quadros oucilindros so os seguintes:
Criao e adaptao de um original31; Separao de cores do desenho; (preparao de fotolitos para
gravao) ; Gravao de quadros ou cilindros; Preparao do tecido;
______31O termo original, comumente utilizado na indstria txtil referindo-se ao desenho que foi
criado, ou seja o primeiro original, ainda no preparado para estampar. Esta preparao dizrespeito organizao dos mdulos em repetio, para que sejam utilizados na gravao doquadro ou cilindro, e posteriormente estampados.
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Estampagem propriamente dita, incluindo a preparao de pastas para
estampar; Secagem; Fixao (calor, seco, vaporizao); Lavagem; Tratamentos posteriores;
A sequncia tcnica proposta por Neves (2000), necessria quando tratamosda produo industrial, em estampas corridas ou localizadas, desenvolvidaspor meio de quadros ou cilindros. Estas etapas diminuem consideravelmente,quando tratamos da estamparia digital, processo que veremos a seguir.
2.2.2.3 ESTAMPARIA DIGITAL
Convm ressaltar o aspecto ecolgico deste processo: apenascerca de 10% da gua necessria nos processos tradicionais,
uma vez que no necessrio lavar os quadros, no hpraticamente desperdcios de corante e evita-se o uso demetais necessrios construo dos quadros. (NEVES, 2000,p. 37)
Considerada tambm como estamparia a jato de tinta, este processo deimpresso caracterizado por imprimir digitalmente os desenhos atravs de
impressoras, compostas por tinteiros que cobrem uma vasta gama de cores. Amquina digital, possibilita a impresso de amostras e pequenas quantidades,o que no acontece na estamparia a quadros ou cilindros, pois a produonestes processos desenvolvida em larga escala. Muitas empresas utilizam oprocesso digital para imprimir seus mostrurios, e depois, a produo final processada industrialmente em mquinas especficas.
A partir da digitalizao das imagens, dentro das normas tcnicas de tamanhoe medidas de repetio corretas, introduz-se o desenho no computador, que o
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transfere digitalmente para a impressora. A alta definio de imagens sem anecessidade da gravao de cilindros ou quadros, ainda torna seu custoelevado em relao a estes processos tradicionais.
Figura 21: Mquina de estampar digital. (Disponvel em:www.textronic.com/fabric_printer.htmAcesso em 11/06/2008)
A estamparia digital mais uma possibilidade de se processar o desenho naproduo industrial. Uma das vantagens deste tipo de tcnica, estabelece-sena medida em que a quantidade de cores maior do que nos processosconvencionais, promovendo a criao de estampas mais elaboradas, com maiselementos visuais, e maior variao nas combinaes de cores.
A partir das tcnicas industriais apresentadas neste captulo, faz-se a seguiruma reflexo a respeito de possveis procedimentos projetuais, abordando oplanejamento de colees voltado criao de estampas corridas para amoda.
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3. MTODOS E PROCESSOS EM ESTAMPARIA TXTILINDUSTRIAL DIRECIONADOS MODA
H aes recorrentes presentes em grande parte dos projetos.Compreend-las e refletir a seu respeito ajuda a compreender e arefletir sobre o prprio design. (Melo, 2005, p. 63)
Gerao de idias e alternativas, coleta de informaes, conceituao, criao edesenvolvimento, avaliao de produo, domnio da tcnica, conhecer o estilo devida do usurio, so algumas das aes apresentadas por vrios autores (LOBACH,2001, p. 143; NOJIMA, 2006, p. 123; MACIEIRA;RIBEIRO 2007, p. 105; SANCHES,2008, p. 270; BURDEK, 2006, p. 252) como sendo uma prtica de processos emprojetos de design em diversos campos tais como o grfico, de produtos e de moda.Assim, trataremos aqui de tais aspectos como estruturantes para a composio deum projeto em design de superfcie, direcionado nesta pesquisa, em colees32 deestamparia txtil industrial para a moda. Para verificar a prtica dos procedimentosrelativos rea, foram entrevistados cinco designers que atuam em empresastxteis e importadoras de tecidos, como tambm, em confeces de vesturio.Desta forma, investigamos diferentes fazeres que ilustram, com suas falas e relatos,o universo de criao e produo de estamparia txtil para o mercado brasileiro.
No senso comum entende-se mtodo como um modo de proceder, uma maneira deagir (Cipiniuk;Portinari, 2006, p. 17), um caminho para se chegar a um fim. Prope-se aqui, uma reflexo a respeito de um possvel procedimento projetual em designde superfcies txteis estampadas, levando-se em considerao que o design um
fazer interdisciplinar, (Cipiniuk;Portinari, 2006, p. 31) e que, mtodo, como afirmaLuis Antnio L. Coelho, (2006, p. 40) no receita de bolo salientando que suacientificidade estar no rigor da reflexo, e no na mera reproduo de tcnicas.
______32Conjunto integrado de desenhos que se relacionam entre si atravs de um denominador comum, aoqual chamamos de tema. O tema pesquisado e definido pelo designer, trazendo com suasinformaes referncias em cada um dos desenhos, o que unifica e agrupa a composio da coleo.
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Chico Homem de Melo (2005, p. 63) ao descrever o processo em um projeto dedesign grfico, tambm concorda que as etapas so menos uma receita e maisuma reflexo sobre as facetas do processo de projetar design visual.
O estudo e a aplicao de mtodos para o desenvolvimento deprojetos de design so tarefas rduas no cotidiano. Por um lado,verifica-se que as diferentes possibilidades abertas produo, aosprodutos e mesmo s opes dos consumidores tornamincomensurvel o universo de variveis a serem consideradas. Sotantos e to diversos os meios de produo e distribuio deprodutos, os materiais de fabricao, as idiossincracias das
tendncias de moda que no seria exagro supor que cada projetoter sempre e necessariamente um mtodo prprio. Por outro lado,a complexidade crescente de fatores envolvidos nos projetos dedesign no permite mais que o seu desenvolvimento se fundamenteapenas na intuio ou na experincia adquirida. (Cipiniuk;Portinari,2006, p. 34,35)
Deste modo, podemos considerar este estudo, como uma tentativa de pensar,
refletir, e at mesmo organizar um mtodo projetual flexvel em suas etapas, vistoque, em um projeto de design com foco em colees de estampas txteis para amoda, no s comum acontecerem imprevistos que levam a caminhos diferentespara a finalizao das etapas de produo, como tambm, deve-se levar em conta,questes especficas para cada projeto, que so inerentes ao processo de criaode cada designer.
Uma das questes relacionadas a estes imprevistos durante o desenvolvimento doprojeto, e formulada aos designers entrevistados foi a seguinte: existe algum motivopelo qual o projeto de coleo pode ser modificado em relao sua concepooriginal? De fato, todas as respostas obtidas confirmam a possibilidade de mudanade direo do projeto de coleo em qualquer uma das etapas de seudesenvolvimento. Algumas das situaes que impem a mudana conforme relatadonas entrevistas (disponveis em anexo), a informao diferenciada na rea
comercial, sobre as estampas de maior aceitao por parte do mercado consumidor.
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Novas tendncias, constatadas durante o percurso de criao e desenvolvimento,podem gerar o redirecionamento do processo projetual. Daniela Orlov, responsvelpor colees de estamparia em malharia, relata que: no meio do caminho quasetodas as colees sofrem mudanas, infelizmente, pois no incio tudo muitopensado e elaborado, e tudo acontece por diversos motivos, como o desenho ficoumuito chapado33, as variantes ficaram muito apagadas para determinada base34, eassim por diante.
Com tantas variveis envolvidas no desenvolvimento das etapas do projeto, desdeos processos tcnicos de fabricao, os imprevistos inerentes organizao eplanejamento apontados acima at a elaborao final do produto,(desenho/estampa) e sua produo, h que se ter um mtodo de trabalho queminimize as questes que deflagram os ajustes necessrios a serem executados emcada uma das fases. Fica assim evidente que as ferramentas de projeto, iropromover a sistematizao do processo criativo e sua interao com o mercado esistemas produtivos (SANCHES, 2008, p. 294).
Respeitadas as especificidades tcnicas no campo do design de superfcies txteis
em estamparia industrial apontadas no captulo anterior, as atividades projetuaisconvergentes entre os designers entrevistados, e a orientao de alguns autorescitados no incio deste captulo para o entendimento dos mtodos e processos emreas diversas do design, organizam-se aqui os procedimentos na estruturaprojetual de uma coleo de estampas da seguinte maneira:
Planejamento estrutural; Pesquisas em reas diversas; Processo de criao, esboo de idias; Concepo: composio do desenho e variantes de cor; Produo industrial;
______ 33O desenho chapado aquele que no detalhado, ou seja, sua forma plana, delimitada ou nopor um contorno.34Variantes so a denominao comumente utilizada na indstria txtil para combinaes de cores.
Estas podem ficar com um aspecto de cores no intensas ou no vivas em suas tonalidades,(apagadas como menciona a designer), pois as fibras e fios utilizados na construo dos tecidos, noeram compatveis com os corantes utilizados em sua produo.
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As pesquisas, a criao, e a composio do desenho, apontam para o fazerprtico/criativo de um desenho, mostrando os caminhos da concepo e criao dacoleo como um todo. J a produo industrial cuidadosamente acompanhadapelo designer, para que o planejamento estrutural seja seguido, conforme odirecionamento do projeto. Estas etapas so analisadas, e desenvolvidas a seguir.
3.1 Planejamento estrutural
Para as decises desta fase importante que se mantenha o foconas necessidades/desejos do consumidor, se atente para as
influncias sazonais de moda e comportamento e sejam conhecidasas possibilidades de materiais, tecnologias e capacidade produtiva.(SANCHES, 2008, p. 294).
Esta a etapa de organizao do inicial caminho a ser percorrido, ondeindentificam-se as necessidades e objetivos para a estruturao de uma coleo emdesign de estamparia txtil com foco em moda, levando-se em considerao, abusca de dados e coleta de informaes que contribuam na construo do projeto.Entre estas informaes recolhidas, temos s pesquisas em reas diversas, taiscomo: bibliogrficas, tecnolgicas, de materiais, em design, comportamentais, emviagens de pesquisa entre outras, que quando se delineiam as caractersticasreferenciais dos desenhos, o que Sanches (2008, p. 294) denomina de ConceitoGerador, traduzido atravs dos temas que servem como fio condutor de integraoe harmonia do conjunto de produtos que so lanados simultaneamente. Estesaspectos permeiam a coleo que, desta forma, sero desenvolvidos por elementos
de ordem conceitual que se identificam e se relacionam entre si (Fig. 22).
Para alguns dos designers entrevistados, o planejamento do mix de produtos35 acontece junto com as pesquisas. Juliana Tanigushi, designer especializada emimportao de tecidos da China, afirma que o planejamento vem depois dapesquisa, onde decido as bases que sero estampadas e as quantidades decompra.
______35Quantidade de desenhos/estampas que devem compor o projeto da coleo, separada por tipos detecido que sero estampados.
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nesta fase que se decide em quais tecidos os desenhos sero estampados, vistoque, segundo Richard Fisher e Dorothy Wolfthal, (1987, p. 3) um importante fator aser considerado pelo designer txtil o material aonde a estampa ser impressa.Como vimos no sub-captulo 1.1, que trata do design de superfcie txtil, cada tipode tecido apresenta em suas composies de fibras, qualidades fsico/qumicas quereagem diferentemente cor e estampagem, com caractersticas e propriedadesde absoro de corantes, distintas entre si. Novamente enfatiza-se a importnciados conhecimentos tcnicos por parte do designer responsvel pelo projeto, paramelhor planejamento e realizao do produto.
Daniela Gabriel da Silva, relata em entrevista (ver anexos), que desenvolve umcronograma para a confeco na qual atua, com 4 colees anuais: inverno,primavera, vero e alto-vero: dentro de cada uma dessa fases, determinada aquantidade total de desenhos, e o que vai ter estampa corrida e localizada.
Figura 22: Alguns desenhos da coleo com referncia no tema Ecologia desenvolvidospara a Primavera - Vero 2008. Fonte: A autora (2007).
A diversidade de modelos no nmero de peas das colees anuais de moda, faz dodesign de superfcie em estamparia txtil uma ferramenta moda, como tambm,uma forma de trazer exclusividade e identidade para a marca(MACIEIRA;RIBEIRO, 2007, p. 107). Um exemplo de como a estamparia pode trazeresta identidade foi vista no captulo 2, quando trouxe alguns exemplos de
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aproximaes entre a moda e o desenho txtil, ao mostrar que o criador de modaEmilio Pucci, tornou-se um estilo, ao imprimir nos tecidos que confeccionava peaspara suas colees de vesturio, elementos formais nas estampas que tornaramreconhecvel a marca Pucci.
Na busca de produtos que supram suas necessidades de individualidade36, e sob oefeito de alteraes climticas cada vez mais provocadas pelas aes da natureza,(por exemplo, o vero se estendendo em meses que so caractersticos para o inciodo inverno), a velocidade das mudanas de colees de estampas que atendam moda, passa a ser comum.
A vertiginosidade na gerao de novos produtos em tempo recordelevou ao extremo a prpria lgica do sistema da moda. Ao diminuiros tempo de produo e o ciclo de vida do produto no contextodessa indstria (especificamente, dentro da rea de moda), ns nosenfrentamos, dentre outras coisas, com uma permanente mudanade produtos e significados. (FIORINI, 2008, p. 105).
Estes movimentos da moda geram o que se tem denominado de micro-colees,que prevem o lanamento mensal de um menor nmero de produtos em relao scolees sazonais, tornandose esta, uma das estratgias da indstria txtil nosentido de atender a demanda do mercado consumidor.
Pudemos constatar pelos depoimentos colhidos por meio das entrevistas, que opercurso de concepo e desenvolvimento projetual parecido entre os designersque desenvolvem estamparia para txteis em diferentes tipos de empresas. Parece
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