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Epidemiologia: Conceito e

Definições – Um Breve Histórico

Prof. Dra.Thalyta Cardoso Alux Teixeira

UNIVERSIDADE PAULISTAUNIVERSIDADE PAULISTAGRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E NUTRIÇÃOGRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E NUTRIÇÃO

Introdução

• Qual o conceito de epidemiologia?

Epidemiologia

EPI (Sobre)

DEMO (População)

LOGOS (Tratado)

Epidemiologia

• “A epidemiologia é o campo da ciência médica preocupada com o inter-relacionamento de vários fatores e condições que determinam inter-relacionamento de vários fatores e condições que determinam a freqüência e a distribuiçãoa freqüência e a distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em uma comunidade humana” (1951)

• “Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúderelacionados com a saúde” (1978)

• “Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades estuda o processo saúde-doença em coletividades humanashumanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletivacoletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúdesaúde” (Rouquayrol, 1999)

Epidemiologia

• De onde emergiu este conceito?!

Os Pilares da Epidemiologia

• Clínica (Ciências Biológicas)

• Estatística (Ciências Exatas)

• Medicina Social (Ciências Sociais)

Medicina Individual X Coletivadesde os primórdios do pensamento

ocidental na Grécia Antiga

As duas filhas do Deus Asclépios:

padroeira da medicina curativa, realizada

por meio de manobras,

encantamentos, preces e uso de

pharmakon

apregoava a saúde como resultante da harmonia dos homens e dos ambientes, por ações preventivas e coletivas

Panacéia e Higéia

Hipócrates

• sempre considerar na avaliação do paciente: o o clima, maneira de viver, hábitos de comer e beberclima, maneira de viver, hábitos de comer e beber

• estudou doenças epidêmicas doenças epidêmicas e as variações variações geográficasgeográficas das endemias

Seu Juramento: a ética médica e a importância do exame minuncioso para correto diagnóstico e fiel descrição da história natural da doença

doença: produto da relação complexaconstituição do indivíduo X ambiente que o

cerca

Filhos de Hipócrates• estabeleceram o individualismoindividualismo e o senso

mercadológico para garantir a hegemonia de sua prática frente a inúmeras seitas

• Roma: médicos eram escravos gregos valiosos, trabalhavam para a corte, exército e famílias nobres, “receitadores de muitos fármacos para poucos enfermos”

• Contribuição romana para Epidemiologia:somente os sensos periódicos e registro sensos periódicos e registro compulsóriocompulsório de nascimentos e óbitos

Idade Média• Catolicismo romano e invasões dos

bárbaros práticas de saúde de caráter práticas de saúde de caráter mágico-religioso.mágico-religioso.

• prática médica para os pobres exercida por religiosos (por caridade) e por leigos, boticários, barbeiros-cirurgiões (por profissão)

• Durante este período a medicina árabemedicina árabe, sob os princípios hipocráticos, apresenta avanço tecnológico e caráter coletivoavanço tecnológico e caráter coletivo, com Avicena e Averroés

Os Hospitais• Eram originalmente hospedarias de ordens hospedarias de ordens

religiosasreligiosas (Cavaleiros Hospitalários) destinadas a viajantes e que recebiam doentes, assim, passaram a ser o local onde os médicos deixavam sua prática privada para ter contato com “séries” de pacientes e contato com “séries” de pacientes e patologiaspatologias (investigação sistemática de enfermos)

• LutaLuta contra os físicos, leigos e religiosos, criando uma corporação médica

• construção de um saber técnico e instituição de saber técnico e instituição de práticaspráticas (início de uma clínica científica)

Idade Moderna

• Aparição do Estado ModernoEstado Moderno: necessidade de contar o povo (produção) e o exército (poder) com surgimento da EstatísticaEstatística (Estado=status + isticum=contar)

• Primeiros registros anuais registros anuais de mortalidade e morbidade realizados pelo estado (“SIS”)

• Razoável integração entre a Clínica Clínica Moderna e a EstatísticaModerna e a Estatística – porém com a falta de algo essencial – “preocupação sociológica”.

Início da Medicina Social• Revolução Burguesa – Diferentes SocialismosRevolução Burguesa – Diferentes Socialismos• Inglaterra: Revolução Industrial

Movimento hospitalário e o assistencialismo geraram a Medicina da “Força de Trabalho” – Medicina da “Força de Trabalho” – Engels.Engels.

• Alemanha: Polícia Médica

Medidas compulsórias de controle e vigilância das doenças: Medicina de Estado (Policial)Medicina de Estado (Policial)

• França: Revolução Francesa

Necessidade de sanear as cidades, ventilar ruas e construções isolando os miasmas: Medicina Sanitarista (Urbana)Medicina Sanitarista (Urbana)

Epidemiologia Científica

• Os avanços da Fisiologia, patologia, bacteriologia – fortalecimento da fortalecimento da Medicina OrganicistaMedicina Organicista.

• Retardo no processo da Epidemiologia como ciência Epidemiologia como ciência autônomaautônoma.

• Entretanto, esta hegemonia da “medicina científica” não representou obstáculo para o desenvolvimento científico da Epidemiologia.

Teoria Miasmas X Germes

• Miasmas: má qualidade do ar advindo da decomposição de material orgânico

(Malária = Mal + ar)

• Germes: Louis Pasteur identifica e comprova que várias doenças são causadas por microorganismos transmissíveis (agente etiológico) comprovação laboratorial

Conseqüências• Fortalecimento da medicina organicista medicina organicista

em detrimento da medicina social em detrimento da medicina social com centralização novamente no “curativo” e não no “higiênico”

• Criação de Institutos de Pesquisa, clínica Institutos de Pesquisa, clínica e patologiae patologia subordinadas ao laboratório (identificação do agente etiológico)

• Contudo o trabalho de alguns estudiosos focados na medicina social medicina social se mantiveram, mesmo sem grande sem grande expressãoexpressão neste contexto.

Destaques neste Processo• Pierre Louis ( 1787-1872) utilizou

método estatístico na investigação clínica método estatístico na investigação clínica de doenças e tratamentosde doenças e tratamentos, analisou a letalidade da pneumonia em relação à época que a sangria era realizada

• Louis Villermé (1782-1863) investigou a investigou a pobreza, as condições de trabalho pobreza, as condições de trabalho e suas repercussões sobre a saúde, foi um dos pioneiros nos estudos sobre a etiologia social das doenças

• Willian Farr ( 1807-1883) Trabalhou no Registro Geral inglêsRegistro Geral inglês, seus relatórios permitiram verificar as desigualdades, desigualdades, regionais e sociaisregionais e sociais nos perfis de saúde, fazendo com que muitos estudiosos alardeassem estes problemas, como Engels e Chadwick, advogado de cujos relatórios deram subsídios à reforma sanitária inglesa.

• John Snow (1813-1858) Realizou grande investigação de epidemias de cólera investigação de epidemias de cólera em Londres, elucidando com um minucioso trabalho de campo a relação da cólera com o fornecimento de água (contaminada) de uma certa companhia de abastecimento londrina

Destaques neste Processo

A Sagração da Epidemiologia

• 1918 – John Hopkins School and Public Health – o programa “Escola “Escola de Saúde Pública” de Saúde Pública” difundido pelo mundo.

• 1929 – Crise Econômica Mundial – num momento com fragmentação do fragmentação do cuidado em saúdecuidado em saúde, com elevação do custos e elitização da saúde.

• Caráter social e cultural das doenças – retorno triunfal do social retorno triunfal do social pelo recurso da Epidemiologia.

A Sagração da Epidemiologia

• Década de 20 e 30 - Caráter científico do conceito de RISCO, com expansão da disciplina expansão da disciplina para um objeto mais ampliado, além das doenças infectocontagiosa.

• Inserção da medicina medicina preventivapreventiva, inserindo esta prática nos currículos médicos.

Atualidades da Epidemiologia

Ênfase nas pesquisas:

• Pós - II Guerra Mundial - Determinação das condições de saúde da população (indicadores / inquéritos)

• Investigações de fatores causadores de doença

– Estudos de Coorte: papel dos fatores de risco nas doenças não transmissíveis (Ex: d. cardiovasculares)

– Estudos Caso-controle: conhecer a etiologia de doenças crônicas (Ex: tabagismo X CA pulmão)

• Avaliação de Intervenções

• Medicina Baseada em Evidência

Situação Atual: Multicausalidade• Fatores Físicos, Biológicos e

Psicossociais– Tornou-se claro que os agentes

microbiológicos e físicos não explicavam totalmente as questões de as questões de etiologia e prognósticoetiologia e prognóstico

• Necessidade de incorporar incorporar conceitos e técnicasconceitos e técnicas de outras áreas, como sociologia e psicologia

Tendências Atuais

• Epidemiologia Clínica:– MBE: aplicação da epidemiologia no aplicação da epidemiologia no

diagnóstico clínico e no cuidado direto do diagnóstico clínico e no cuidado direto do pacientepaciente, com maior rigor científico na prática médica (“Panacéia”)

• Epidemiologia Social:– Renascer do estudo da determinação social determinação social

da doençada doença, busca melhorar o atendimento à saúde da população, especialmente as mais subdesenvolvidas, de maneira multidisciplinar, procurando trabalhar na diminuição das desigualdades sociais e prevenção de doenças evitáveis (“Higéia”)

Referencias

• Rouquayrol MZ, Almeida Filho N. Epidemiologia e saúde. 6ª ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.

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