Epílogo: "Os Lusíadas". Ler epopéias não é uma tarefa fácil, pode-se afirmar, com...

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Epílogo: "Os Lusíadas"

Ler epopéias não é uma tarefa fácil, pode-se afirmar, com certeza, e t00rço quando em pauta está o "analisar e entender", em especial quando

nos deparamos com obras cuja genialidade poética atravessa os tempos e cerca-se de mistérios provenientes da obra e do autor.

Camões, gênio máximo da literatura portuguesa (lusitana) e uma das maiores do Renascimento, é um grande expoente desse universo cercado de mitos (que compõem a obra e, por vezes, vão

além dela), pois se pode dizer que a vida dele é o reflexo de sua obra.

É possível verificar o que aqui se afirma através do estudo histórico do

último canto de "Os Lusíadas", complementado pelo epílogo da obra.No canto X tornam-se mais evidentes que nos demais cantos os aspectos

históricos, como a narração das grandes navegações e em especial

seu desfecho (temáticas principais da obra) que, ainda que apresentados

sob uma perspectiva mítica,

adentram mais no caráter “real” dos fatos. Faz alusão às cruzadas, novo

intento ao qual Portugal se lançava em nome de sua fé, pois a fé lusitana era a força desse povo e era por intermédio

dela que o país vinha se fortalecendo e a nobreza desse mesmo povo vinha sendo

reconhecida. Fazia-se necessário conquistar o território tomado pelos infiéis e mais ainda submeter esses povos ao domínio português, pois a

Portugal Deus destinava a soberania.

Além dos motivos que levaram Portugal às cruzadas, para melhor entender este capítulo faz-se mister entender o porque

de uma aventura marítima. O expansionismo lusitano deveu-se, mais do que à privilegiada localização geográfica

(proximidade do mar e rota central do comércio europeu), aos estudos

realizados por seus cientistas náuticos da escola de Sagres, “intelectuais” que

conseguiram desenvolver ainda mais os instrumentos de navegação.

Mas não podemos nos encerrar por aqui, pois como já falado, a obra possui mitos próprios.

Camões dedica sua obra ao “Adormecido”, um dos títulos atribuídos ao mais jovem rei lusitano, D.Sebastião que muito lhe ajudara e que trazia

em seu “ventre” a esperança Portuguesa de novos tempos áureos, ao menos era nisso que o

poeta acreditava e boa parte de seus contemporâneos, de forma tal que o poeta

promete ao rei que quanto mais este fizer mais o poeta lhe renderá homenagens.

Voltando aos comentários que se podem tecer a respeito do epílogo da obra, é perceptível certo

tom melancólico nas palavras do poeta que, prevendo o fim dos bons tempos de Portugal,

aproveita para fazer sua “voz rouca” ser ouvida novamente ao criticar a corte que cercava

D.Sebastião e a perda dos bons costumes da sociedade, a corrupção que por sua vez levaria o

país ao “caos”, como se pode notar na estrofe 145 do último canto: