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Teresa Sofia Aires de Matos Nóbrega
Nº de Aluno 2010382
Turma 7
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
6º ANO | 2015-2016
Regente
Prof. Doutor Miguel Xavier
NOVA Medical School | Faculdade de
Ciências Médicas
ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE
RELATÓRIO FINAL
Mestrado Integrado em Medicina
Relatório Final de Estágio 2015/2016 Teresa Nóbrega
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ÍNDICE
1. Introdução .................................................................................................................................................. 3
2. Objetivos ..................................................................................................................................................... 3
3. Descrição Sumária das Atividades Curriculares ............................................................................. 3
3.1. Estágio Profissionalizante .................................................................................................................. 3
3.1.1.Estágio parcelar de Saúde Mental .............................................................................................. 3
3.1.2. Estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar ........................................................................ 4
3.1.3. Estágio parcelar de Pediatria ...................................................................................................... 4
3.1.4. Estágio parcelar de Ginecologia e Obstetrícia ......................................................................... 5
3.1.5. Estágio parcelar de Cirurgia ....................................................................................................... 5
3.1.6. Estágio parcelar de Medicina ..................................................................................................... 6
3.2. Estágio Cínico Opcional – Serviço de Urgência de Pediatria (SU) ............................................. 6
3.3 Preparação para a Prática Clínica ..................................................................................................... 6
4. Atividades Extracurriculares ................................................................................................................. 7
5. Reflexão Crítica ......................................................................................................................................... 7
Anexos ........................................................................................................................................................... 11
Anexo I – SUMÁRIO DOS ESTÁGIOS PARCELARES 2015/2016 .................................................. 11
Anexo II – SUGESTÕES PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DO SEXTO ANO ...………….11
Anexo III - ATIVIDADES EXTRACURRICULARES ............................................................................. 11
“ Por isso a educação dum Médico é complexa; não pode ser apenas a aprendizagem de gestos
e atitudes que lhe permitam prática profissional. Requer cultura, sem o que a sua compreensão
do indivíduo doente será sempre limitada; formação científica sólida, sem o que não dominará as
razões da sua actuação e não poderá progredir e inovar; impõe sentido ético e moral e interesse
pelo próximo, sem o que não poderá apreender e viver o espírito de serviço que deve ser o
paradigma da sua profissão.”
in O Licenciado Médico em Portugal, 2005.
SIGLAS AEFCM - Associação de Estudantes da Nova Medical School | Faculdade de Ciências Médicas DGS - Direção Geral de Saúde MGF - Medicina Geral e Familiar MIM - Mestrado Integrado em Medicina
NMS|FCM - Nova Medical School | Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa SU - Serviço de Urgência
UC - Unidade Curricular
UNL - Universidade Nova de Lisboa
USF - Unidade de Saúde Familiar
Mestrado Integrado em Medicina
Relatório Final de Estágio 2015/2016 Teresa Nóbrega
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1. Introdução: A formação médica pré-graduada da NMS|FCM prima por aliar a aquisição de
conhecimento teórico rigoroso e atualizado à aprendizagem de competências e aptidões práticas
que visam promover o exercício profissional de excelência e de dedicação ao cuidado da vida
humana, seja direcionado a uma carreira clínica ou de investigação. O sexto ano do MIM
corresponde à etapa final deste percurso e, enquanto ano profissionalizante, promove o ensino
baseado na prática tutelada. Assim, este relatório procura sintetizar o trabalho desenvolvido no
ano letivo 2015-2016 ao explanar os objetivos previamente definidos, descrever sumariamente as
atividades curriculares tendo em conta o sistema de rotação em estágios parcelares pelas áreas
médicas nucleares, enumerar elementos valorativos e, por fim, apresentar uma análise crítica.
2. Objetivos: Um modelo pedagógico regido por objetivos orientados às necessidades na prática
clínica é uma dinâmica de consenso internacional. Como tal, reunindo as metas estabelecidas
para o 6º ano profissionalizante, iniciei este ano na perspetiva de cumprir os seguintes objetivos:
No âmbito teórico-prático: consolidar conhecimentos previamente adquiridos; desenvolver
e aperfeiçoar competências clínicas e aptidões técnicas indispensáveis à boa prática clínica; e,
por fim, conquistar a autonomia e confiança desejadas no exercício do ato médico.
No âmbito social e humano: aprimorar atitudes responsáveis e competências humanas
necessárias a uma conduta ética e solidária; desenvolver competências de comunicação e
empatia; aperfeiçoar a capacidade de trabalho multidisciplinar; e, por fim, adquirir uma maior
compreensão sobre as componentes do modelo bio-psicossocial.
3. Descrição Sumária das Atividades Curriculares
3.1. Estágio Profissionalizante
3.1.1.Estágio parcelar de Saúde Mental: Sob a regência do Prof. Doutor Miguel Xavier, que
dirigiu os primeiros dois dias de estágio com exposição de situações reais com que qualquer
médico pode ser confrontado, realizei o estágio de quatro semanas em Saúde Mental, no Serviço
de Pedopsiquiatria do Hospital São Francisco Xavier onde acompanhei o Dr. Volker Dieudonné
na Consulta Externa de Psiquiatria da Infância e Adolescência e Psiquiatria de Ligação, bem como
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Relatório Final de Estágio 2015/2016 Teresa Nóbrega
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as atividades da equipa. Este estágio predominantemente observacional permitiu um contacto
próximo com a criança com patologia psiquiátrica e respetiva família. As patologias mais
frequentes foram as Perturbações do Neurodesenvolvimento, tendo sido largo o espectro de
situações observadas e do qual destaco as crianças sinalizadas pela Comissão de Proteção de
Crianças e Jovens por abusos ou maus-tratos. Adicionalmente, integrei o projeto de investigação
sobre Mental health needs assessment in prisons que me motivou a apostar no desenvolvimento
de competências em metodologia de investigação e revisão sistemática.
3.1.2. Estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar: Durante quatro semanas, sob a
regência do Prof. Doutora Isabel Santos, estagiei na USF São João Evangelista dos Loios.
Orientada pela Dra. Mafalda Carmona Ribeiro, tive a oportunidade de colaborar ativamente nas
consultas de Saúde do Adulto, Saúde Infantil, Planeamento Familiar, Saúde Materna bem como
nas visitas domiciliárias. Contatei ainda com os cuidados de enfermagem e familiarizei-me com
as normas da DGS, registo informático e codificação dos Problemas de Saúde segundo o ICPC-
2. Redigi o Diário de Exercício Orientado que foi alvo de discussão e avaliação. A distribuição
etária, socioeconómica, cultural e a diversidade de patologias tornaram este estágio muito rico.
3.1.3. Estágio parcelar de Pediatria: Realizei o estágio de Pediatria, regido pelo Prof. Doutor
Luís Varandas, durante quatro semanas no Serviço 5.1 do Hospital Dona Estefânia onde
acompanhei o meu tutor, Dr. Luís Ribeiro Silva, no Internamento, Serviço de Urgência e Consulta
Externa. No internamento observei patologias raras como por exemplo lisencefalia,
neuroblastoma metastizado, doença de kawazaki ou síndrome de west, e a passagem pelo SU
permitiu-me contactar com as patologias mais incidentes na infância como é a patologia infeciosa
e treinar exame objetivo em idade pediátrica. Por outro lado, a integração em outras
subespecialidades, nomeadamente Imunoalergologia e Cardiologia Pediátrica, foram um
complemento precioso à minha formação. Assisti às várias sessões clínicas e reuniões de Serviço,
tendo apresentado o trabalho sobre odores e cheiros intitulado “Do Cheiro ao Diagnóstico”. Com
o avançar da tecnologia, a arte do diagnóstico clínico baseado na anamnese e semiologia tem
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sido negligenciada, como tal escolhemos este tema com vista à valorização dos sentidos. Elaborei
ainda uma história clínica relativa a lactente de 29 dias internado por irritabilidade e leucocitúria
cuja hipótese de diagnóstico mais provável foi infeção do trato urinário de etiologia a esclarecer.
3.1.4. Estágio parcelar de Ginecologia e Obstetrícia: O estágio parcelar, sob regência Prof.
Doutora Teresa Ventura, decorreu no Hospital de Vila Franca de Xira durante quatro semanas.
Tutelada pela Dra. Rita Marquez Passarinho, frequentei as Consultas de Ginecologia Geral,
Patologia do Colo, Planeamento Familiar, Obstetrícia, Ecografias Obstétrica e Ginecológica, a
Enfermaria, o Bloco Operatório, o SU e o Bloco de Partos. Assisti a histerossalpingografias para
investigação de infertilidade, conizações e vaporizações a laser. No que respeita à Ginecologia,
consolidei conhecimentos de rastreio, diagnóstico e terapêutica e assisti a diversas colposcopias
que permitiram aprofundar conhecimentos não só sobre a técnica mas também sobre
procedimentos de follow-up para cada alteração detetada. Em Obstetrícia, participei no
seguimento da grávida, nos vários momentos de avaliação da saúde materno‐fetal, obtendo uma
visão global do acompanhamento. Apresentei um trabalho sobre Patologia Benigna da Mama.
3.1.5. Estágio parcelar de Cirurgia: Estagiei, sob a regência do Prof. Doutor Rui Maio, no
Hospital da Luz, onde durante cinco semanas acompanhei o Dr. César Resende num estágio com
um caracter prático único, exemplo de como todos os estágios deveriam funcionar. Assisti a cerca
de 50 cirurgias eletivas sendo que participei como ajudante em 12 cirurgias e pratiquei técnicas
de sutura dentro e fora do Bloco. A patologia observada foi maioritariamente do trato
gastrointestinal tanto maligna como benigna. Destaco também a observação de cirurgias por
tecnologia robótica. Durante duas semanas, realizei estágio de Anestesiologia sob a tutela da Dra.
Cristina Pestana sendo que esta especialidade tomou particular relevância no meu percurso pela
oportunidade impar de intubar doentes, colocar cateteres venosos periféricos e centrais, cateteres
arteriais periféricos, sondas nasogástricas e orogástricas e ainda realizar anestesia loco-regional.
Realizei história clínica de um doente submetido a cirurgia por doença isquémica dos membros
inferiores, aneurisma da aorta abdominal e oclusão da artéria subclávia esquerda concomitantes.
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Durante uma semana frequentei o Serviço de Atendimento Médico Permanente. Assisti
semanalmente a sessões clínicas e reuniões multidisciplinares e apresentei o trabalho “Um mal
nunca vem só” – um caso de Feocromocitoma Bilateral no mini Congresso de Cirurgia da UC.
3.1.6. Estágio parcelar de Medicina: O meu estágio de Medicina Interna, UC regida pelo Prof.
Doutor Fernando Nolasco, teve lugar na Medicina 1.2 do Hospital de São José sob a tutela do Dr.
José Ribeiro durante 8 semanas. Neste período foi-me dada grande autonomia e responsabilidade
na observação diária dos doentes, redação de informação clínica, pedido de exames
complementares de diagnóstico e prescrição terapêutica. A frequência do SU facilitou
indubitavelmente a aquisição de experiência quanto à abordagem do doente com doença súbita
ou agravamento de doença de base, o que reforçou a necessidade de estabelecer prioridades na
marcha diagnóstica e identificar critérios de internamento ou necessidade de seguimento em
consulta. De forma complementar participei diariamente nas reuniões, jornal club, sessões
clínicas, discussão de casos clínicos e de ECG e consulta multidisciplinar com radiologia ou
neurorradiologia. Apresentei um trabalho sobre “Síncope”, tema escolhido dada a elevada
incidência na população em geral e a dificuldade detetada mesmo entre clínicos experientes tanto
na definição inequívoca de síncope bem como no seu seguimento ou critérios de gravidade.
3.2. Estágio Opcional – SU de Pediatria: Durante duas semanas, sob a regência do Prof. Doutor
José Alves, estagiei na Equipa Fixa de Urgência do Hospital Dona Estefânia, orientada pelo Dr.
António Marques. Subjacente a esta escolha esteve a vontade de consolidar competências de
colheita de história e exame objetivo em idade pediátrica e o reconhecimento da riqueza clínica
destas circunstâncias, pelo exercício de diagnóstico diferencial e contexto epidemiológico.
Participei ativamente na admissão, observação, instituição terapêutica e acompanhamento da
evolução clínica das crianças. Frequentei todas as valências do SU, nomeadamente Sala de
triagem, Balcão, Sala de Tratamentos, Serviço de Observação e Sala de Reanimação.
3.3 Preparação para a Prática Clínica: Sob a visão de integrar conhecimentos e regida pelo
Prof. Doutor Roberto Palma dos Reis, esta UC permite aos estudantes desenvolver o raciocínio
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clínico, consolidar conhecimentos e clarificar a marcha em diagnóstico diferencial através da
abordagem multidisciplinar de um sinal/sintoma comum com diferentes apresentações.
4. Elementos valorativos: Ao longo do sexto ano, bem como dos restantes anos letivos de curso,
procurei envolver-me em atividades extracurriculares e complementar a minha formação médica
e pessoal. Desta forma, destaco as que considero mais relevantes e a serem valorizadas:
Participação em congressos e formações, dos quais destaco no 6º ano: Curso de Controlo
Sintomático da Dor, 33º Encontro Nacional de MGF e iMed Conference 7.0
Membro do Conselho de Ação Social da UNL entre Janeiro de 2015 e Janeiro de 2016
Administradora da Comissão Organizadora dos Campeonatos Nacionais Universitários 2016
Vice-Presidente da Federação Académica de Lisboa no mandato 2015/2016
Membro da Comissão para a Revisão Estatutária da AEFCM entre março e novembro de 2015
Participação na UNICA Student Conference 2014 em representação da UNL
Presidente da AEFCM no mandato 2013/2014
Membro da Comissão Organizadora da 1ª Edição do Projeto Saúde Porta à Porta no ano letivo
2012/2013 organizado pela AEFCM em parceria com a CUF-Infante Santo
Vogal do Departamento de Ação Social da AEFCM no mandato 2012/2013
Participação em projeto de voluntariado internacional em Cabo Verde em Agosto de 2012
Em anexo explano a importância destas atividades na minha formação e respetiva certificação.
5. Reflexão Crítica: Na NMS aprendi que ao longo da minha formação e carreira médicas devo
primar sempre por me dedicar ao conhecimento científico e à compreensão do doente tendo em
conta todas as suas dimensões de forma a conseguir responder de forma efetiva às suas reais
necessidades. Como tal, no sexto ano procurei que a frequência de cada estágio fosse fiel a este
princípio e que fosse capaz de desenvolver competências de forma autónoma.
De uma breve análise de cada atividade, concluo que o estágio parcelar de Saúde Mental em
Pedopsiquiatria me permitiu uma proximidade única com a realidade de cada criança em todas
as suas dimensões e a compreensão da sua necessidade de acompanhamento a longo prazo.
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Interiorizei o valor do silêncio na conversa com a criança e com a família, a importância de ouvir
todas as partes, o valor da comunicação não-verbal e da capacidade para estabelecer uma
relação de confiança e empatia com o doente. Como ponto negativo destaco que a escolha por
Pedopsiquiatria me limitou o contacto com a patologia de adulto. No que respeita ao trabalho de
investigação considero que foi muito útil dado que este tipo de atividades não são promovidas
com efetividade ao longo do curso, o que considero constituir uma lacuna no ensino da NMS.
Quanto à Medicina Geral e Familiar, foi uma experiência muito enriquecedora onde constatei
diariamente a importância dos CSP na manutenção da saúde, não só pelo tipo de cuidados
prestados bem como pela abordagem holística centrada na pessoa que preconiza a respetiva
articulação com os cuidados de saúde secundários. Destaco o desenvolvimento de aptidões no
âmbito da relação médico-doente, exame objetivo, raciocínio clínico, adaptação do discurso a
diferentes contextos e aprofundamento de conhecimentos em medicina preventiva. Gostaria de
ter adquirido mais autonomia o que nas condições logísticas da USF em questão não foi possível.
O estágio de Pediatria foi desafiante pela abordagem do doente nesta faixa etária bem como
pelas particularidades da interação com a criança e a família. Como negativo devo apontar que a
os procedimentos e capacidades descritos como exigidos na ficha da UC não são passíveis de
ser realizados neste tipo de estágio maioritariamente observacional. Adicionalmente a
sobrelotação de estudantes e internos prejudicou o alcance da autonomia e profissionalização
desejadas no âmbito da Pediatria Geral. Ainda assim faço um balanço positivo, em particular
destaco a diversidade de patologia observada e a oportunidade de frequentar o SU.
O estágio de Ginecologia e Obstetrícia foi um despertar de consciência para a complexidade
da abordagem da saúde da mulher, não só na gravidez mas também na doença aguda. Confesso
que iniciei o estágio com receio por reconhecer as lacunas em gestos técnicos e conhecimentos
dado o carácter observacional do estágio do 4º ano. Considero que a organização do estágio está
otimizada e possibilita uma visão global da especialidade, bem como a vertente prática e
diversidade de procedimentos observados permitiram o treino de exame objetivo ginecológico,
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mamário e realização de colpocitologia. Destaco o caracter inspirador desta especialidade por ser
espelho do impacto dos métodos de rastreio e avanços tecnológicos na morbilidade da mulher.
Relativamente ao estágio de Cirurgia Geral, independentemente da especialidade, qualquer
médico irá invariavelmente contactar com patologias do foro cirúrgico, razão pela qual se torna
determinante uma boa preparação individual nesta área. A equipa em que fui integrada estimulou-
nos a investigar e a desenvolver raciocínio clínico sobre os casos observados, o que contribuiu
para o alargamento dos nossos horizontes e conhecimentos. Ressalvo a passagem pela opcional
de Anestesiologia onde tive a oportunidade impar de praticar técnicas de forma supervisionada
diariamente. Em relação às minhas expectativas, posso dizer que foram largamente superadas
tendo em conta que iniciei o estágio com algumas reticências pelo facto de não ser uma área para
a qual me sinta particularmente vocacionada e que pretenda seguir como carreira. No entanto,
senti-me muito bem integrada e com liberdade para discutir, executar novas técnicas e
desenvolver competências sociais tendo participado em algumas cirurgias como primeira ajudante
e, mais importante, gostado de o fazer. Tive também a oportunidade de treinar diferentes técnicas
de sutura, fundamentais para qualquer médico, contudo considero que o treino não foi suficiente.
Quanto ao estágio de Medicina Interna, estou ciente de que foi a vertente deste ano que mais
contribuiu para a aquisição de autonomia dada a responsabilidade subjacente e por ter suscitado
a ambição de ser o meu melhor em cada tarefa, o que constitui um estímulo adicional para o
estudo. Outro aspeto bastante positivo foi a valorização da componente formativa contínua
oferecida pelo serviço. Durante estes dois meses, tive a oportunidade de aprofundar a minha
perspetiva acerca dos cuidados hospitalares, em especial a abrangência de cuidar de doentes
com múltipla patologia e a relevância do apoio social numa sociedade cada vez mais envelhecida
e com poucos recursos. Adicionalmente, notei as dificuldades encontradas na necessidade de
conciliar expetativas e objetivos tanto do médico, como da família e do doente e o reconhecimento
da importância de uma comunicação clara e efetiva adaptada a cada pessoa no seu contexto.
Realço a possibilidade de escolha de um Estágio Clínico Opcional que permite não só
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complementar o estágio profissionalizante mas principalmente adaptar o currículo aos interesses
ou necessidades de cada aluno. Considero que a minha passagem pelo SU Pediátrico foi uma
experiência muito enriquecedora e que ultrapassou as expectativas por constituir um desafio
constante ao raciocínio clínico, ao desenvolvimento de competências clínicas e de comunicação.
Ressalvo que a oportunidade de estagiar em diferentes sectores da saúde e a dispersão
geográfica dos mesmos, passando por hospitais públicos, hospitais privados e parcerias Público-
privadas, do grande centro urbano à periferia são fatores muito positivos que promovem desde
cedo um contacto com as diferentes realidades e tipologias de gestão de cuidados de saúde.
Quanto ao percurso extracurricular, acredito que constituiu um complemento determinante à
minha formação médica e humana, não só por ser força motriz do desenvolvimento de soft-skills
difíceis de cultivar no âmbito formal e que constituem fatores de diferenciação, bem como por me
incitar a saber mais e a dar o meu melhor em tudo a que me dedico.
Termino assim com muita satisfação quanto à experiencia adquirida, convicta de que as metas
foram globalmente cumpridas. Apesar de considerar que o propósito de aquisição de autonomia
não foi plenamente cumprido, este ano proporcionou-me momentos de vivência equiparáveis aos
de um profissional de saúde formado, muito enriquecedores a nível científico e humano. Com vista
à melhoria da qualidade do ensino na NMS deixo algumas sugestões em Anexo II. Acredito que
a prática mais do que qualquer exame teórico me permitiu consciencializar-me das minhas reais
lacunas, limitações e fragilidades e procurar ferramentas para as superar.
Com nostalgia, despeço-me da FCM, instituição da qual me orgulho fazer parte e onde cresci,
com a certeza que esta escola médica forma não só médicos e investigadores de qualidade mas
também Pessoas com sentido cívico, ética e responsabilidade. E da NOVA, uma Universidade
focada no estudante, no mérito e na inovação que se alicerça numa proximidade e abertura entre
docentes e discentes sem par, essencial para a aprendizagem e partilha de conhecimento. Por
fim, deixo o meu sincero agradecimento a todos os profissionais que acompanharam e marcaram
o meu percurso, em especial professores e assistentes pela sua partilha, orientação e exemplo.
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Anexos
Anexo I – SUMÁRIO DOS ESTÁGIOS PARCELARES 2015/2016
PERÍODO DE ESTÁGIO UNIDADE CURRICULAR
14 de Setembro de 2015 -
9 de Outubro de 2015
Saúde Mental Regente: Professor Doutor Miguel Xavier Local: Serviço de Pedopsiquiatria | Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental – Hospital de São Francisco Xavier Tutor: Dr. Volker Dieudonné
12 de Outubro de 2015 -
6 de Novembro de 2015
Medicina Geral e Familiar Regente: Professora Doutora Isabel Santos Local: Unidade de Saúde Familiar de São João Evangelista dos Loios Tutor: Dra. Mafalda Carmona Ribeiro
9 de Novembro de 2015 -
4 de Dezembro de 2015
Pediatria Regente: Professor Doutor Luís Varandas Local: Serviço 5.1 de Pediatria Médica | Centro Hospitalar de Lisboa Central – Hospital Dona Estefânia Tutor: Dr. Luís Ribeiro Silva
7 de Dezembro de 2015 -
15 de Janeiro de 2016
Ginecologia e Obstetrícia Regente: Professora Doutora Teresa Ventura Local: Serviço de Obstetrícia/Ginecologia | Hospital de Vila Franca de Xira Tutor: Dr.ª Rita Marquez Passarinho
25 de Janeiro de 2015 -
18 de Março de 2016
Cirurgia Geral Regente: Professor Doutor Rui Maio Local: Serviço de Cirurgia Geral | Hospital da Luz Tutor: Dr. César Resende
Anestesiologia (Opcional de 2 semanas) Tutor: Dra. Cristina Pestana
Serviço de Atendimento Médico Permanente (1 semana) Orientação: Dra. Helena Brazão
28 de Março 2016 -
20 de Maio de 2016
Medicina Interna Regente: Professor Doutor Fernando Nolasco Local: Unidade Funcional Medicina 1.2 | Centro Hospitalar de Lisboa Central – Hospital de São José Tutor: Dr. José Ribeiro
23 de Maio de 2016 -
3 de Junho de 2016
Estágio Clínico Opcional – Equipa fixa de urgência de Pediatria Médica Regente: Professor Doutor José Delgado Alves Local: Serviço de Urgência do Hospital Dona Estefânia Tutor: Dr. António Marques
4 de Fevereiro de 2016 -
5 de Maio de 2016
Preparação para a Prática Clínica Regente: Professor Doutor Roberto Palma dos Reis Local: Faculdade de Ciências Médicas
Anexo II – SUGESTÕES PARA MELHORIA DA QUALIDADE DO SEXTO ANO
Dado que em alguns estágios existe uma discrepância significativa de exigência consoante o
serviço e hospital de acolhimento, sugiro:
- Uniformização não só dos critérios e metodologia de avaliação mas também da carga horária;
- Sensibilização dos tutores para a necessidade de promover aquisição de autonomia progressiva;
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- Diminuição da carga teórica de algumas UC com temas previamente lecionados e que interferem
no aproveitamento prático dos estudantes devendo para isso promover-se o estudo individual e
discussão dos respetivos temas;
- Articulação das UC do sexto ano com as UC dos restantes anos clínicos de forma a colmatar as
lacunas teóricas sentidas.
Adicionalmente, considero que seria vantajoso lecionar a disciplina de Preparação para a
Prática Clínica a todos os estudantes durante o 1º semestre o que forneceria ferramentas para
um aproveitamento da oferta formativa mais completo desde os primeiros estágios do ano.
Ressalvo ainda a necessidade de criar condições para a integração precoce de estudantes em
projetos de investigação ao longo do curso dada a importância de aquisição de competências
neste âmbito. Neste contexto, acredito que seria muito vantajosa a inclusão da possibilidade de
realização de Tese de Mestrado no Regulamento sobre avaliação da aprendizagem da NMS como
alternativa à realização do Relatório Final. Em especial no contexto internacional esta poderia ser
muito valorizada e permitiria uma adaptação do currículo aos objetivos de cada estudante.
Anexo III – ATIVIDADES EXTRACURRICULARES
Ao longo do sexto ano e de todo o meu percurso foi preocupação constante expandir a minha
formação, ganhar experiência e aprender com todos os que comigo se cruzaram.
A nível científico, procurei frequentar congressos e formações cujos temas considerei
relevantes para a fase de aprendizagem em que me encontro e adaptar o meu currículo às minhas
áreas de interesse, em especial tratamento da dor, cuidados paliativos e as especialidades de
Pediatria e Medicina Geral e Familiar. Por outro lado, a iMed Conference ocupa na minha opinião
um lugar privilegiado para expandir horizontes quanto às mais recentes novidades da ciência.
A responsabilidade cívica e social, área que desperta particularmente o meu interesse e na
qual me sinto na obrigação de intervir, esteve sempre presente ao longo do meu percurso. Integrei
a AEFCM como vogal de Ação Social onde tive oportunidade de organizar e colaborar em
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diferentes projetos de cariz social a nível intra e extra-hospitalar, do qual destaco ter feito parte da
Comissão Organizadora da 1ª Edição do Projeto Saúde Porta à Porta que tem vindo a crescer ao
longo dos anos e a revelar o seu impacto positivo na vida da população abrangida. Esta iniciativa
visa não só colmatar as necessidades de uma população em risco como combater a solidão e
sensibilizar os estudantes para a importância da humanização dos cuidados de saúde.
Posteriormente, fui Presidente da AEFCM, uma das experiências mais enriquecedoras que já tive
pela oportunidade de crescer com os meus colegas e contribuir para a oferta de uma vivência do
estudante da NMS mais completa a nível científico, social e cultural. Adicionalmente foi muito
gratificante poder dar um contributo à própria Faculdade e Universidade. Ainda na AEFCM integrei
a Comissão para a Revisão Estatutária da estrutura que constituiu um ponto de consolidação de
uma associação que tem vindo a dar provas da sua excelência no meio académico.
Adicionalmente, após este período integrei a Federação Académica de Lisboa (FAL) onde
desempenhei o cargo de Vice-Presidente para o Empreendedorismo e Responsabilidade Social
onde tive a oportunidade de propor à Câmara Municipal de Lisboa um projeto designado
Academia Consciente que está de momento em fase de implementação. Também da minha
passagem pela FAL resultou a integração na Comissão Organizadora dos Campeonatos
Nacionais Universitários 2016 evento que recebeu mais de 3000 atletas de todo país.
A nível internacional, de referir a participação num projeto de Voluntariado na Ilha de São
Vicente em Cabo Verde, integrada numa equipa multidisciplinar de 6 estudantes, onde dinamizei
campos de férias e formações no âmbito da saúde, cidadania e desenvolvimento sustentável.
Este projeto implicou um período de preparação e formação num total de 119 horas ao longo de
9 meses. Adicionalmente, no âmbito da preparação, colaborei semanalmente com a Associação
Nacional de Fibrose Quística. Noutra dimensão, marquei presença na Unica Student Conference
2014, onde durante 4 dias representei a UNL numa ampla discussão sobre como tornar realidade
a Universidade ideal com vista à criação de um plano de ação a nível europeu neste sentido. Esta
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foi uma oportunidade única de trabalhar com colegas das mais variadas nacionalidades e
conhecer o funcionamento do Ensino Superior no resto da Europa.
Com todas estas experiências tornei-me mais tolerante e humilde, adquiri competências de
gestão não só organizacional mas também de equipas de pequena e grande dimensão,
desenvolvi a minha criatividade no planeamento e resolução de problemas, aprendi a estabelecer
prioridades e a rentabilizar o meu tempo e, principalmente, desenvolvi a minha capacidade de
comunicação e de trabalho multidisciplinar tão importantes ao exercício clínico, científico e
humano.
Os documentos que comprovam estas atividades encontram-se de seguida.
Certificado de
participação:
Curso de Controlo
Sintomático da Dor
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Certificado de participação: 33º Encontro Nacional de MGF
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Certificado de participação: iMed Conference 7.0
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Certificado de participação: Conselho de Ação Social da Universidade Nova de Lisboa
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Certificado de participação: Comissão Organizadora dos Campeonatos Nacionais Universitários
Lisboa 2016
Certificado de participação: Comissão para a Revisão Estatutária da AEFCM
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Certificado de participação: Vice-Presidente da Federação Académica de Lisboa no mandato
2015/2016
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Certificado de participação: UNICA Student Conference 2014
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Certificado de participação: Presidente da AEFCM
Mestrado Integrado em Medicina
Relatório Final de Estágio 2015/2016 Teresa Nóbrega
22
Certificado de participação: Comissão Organizadora do Projecto Saúde Porta à Porta
Mestrado Integrado em Medicina
Relatório Final de Estágio 2015/2016 Teresa Nóbrega
23
Certificado de participação: Vogal do Departamento de Ação Social da AEFCM
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