View
214
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
1
FGV DIREITO SP
MESTRADO PROFISSIONAL
DIREITO DOS NEGÓCIOS – TURMA 4 (2016)
MEIOS DE PAGAMENTO ELETRÔNICO:
INOVAÇÃO E DESAFIOS JURÍDICOS
Bruna Jachemet
Projeto de dissertação de mestrado apresentado
ao Mestrado Profissional da FGV Direito SP
Orientadora: Monica Steffen Guise Rosina
SÃO PAULO
2016
São Paulo
2
2016
SUMÁRIO
1 Delimitação do tema e tratamento pretendido 3
2 Formato do trabalho de conclusão 7
3 Principais questões ou problemas 7
4 Objetivos pretendidos, perspectivas de análise e resultados esperados 8
5 Justificação da relevância prática e do potencial inovador 9
6 Fontes de pesquisa e métodos de investigação 10
7 Familiaridade com o objeto, acessibilidade de informações e envolvimento pessoal 11
8 Literatura especializada e obras de referência 11
9 Sumário preliminar 14
10 Principais etapas e cronograma de execução 15
11 Estimativa das horas de dedicação necessárias à realização de cada etapa do trabalho 16
3
1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E TRATAMENTO PRETENDIDO
O tema de pesquisa ora proposto é a inovação e seus desafios jurídicos no contexto
dos meios de pagamento eletrônico. Para tanto, a abordagem partirá da contextualização da
prática negocial e seu enquadramento legal e regulatório. Na sequência, serão feitos estudos
de caso que ilustram a inovação nos meios de pagamento eletrônico e, por fim, uma análise
dos desafios jurídicos inerentes a este mercado.
Inicialmente, cabe contextualizar o tema, definindo o que se entende por meios de
pagamento eletrônicos. Os meios de pagamentos eletrônico correspondem à rede através da
qual compradores e vendedores realizam negócios, utilizando-se da troca de “bits” por
“dinheiro” para pagamento (ASOKAN, 1998). Para que isso ocorra, há o desenvolvimento de
uma rede de tecnologia, a qual coliga as instituições participantes e que é organizada pelas
bandeiras. A estas redes filiam-se as instituições financeiras, que mantém relação contratual
com os compradores por meio do fornecimento de dispositivos de pagamento e prestação de
serviços correlatos; assim como instituições que mantém relação contratual com os
vendedores, por meio do fornecimento de tecnologia para recebimento de pagamentos.
As redes de pagamento eletrônico são, assim, desenvolvidas pelas bandeiras de
cartões, que licenciam duas marcas para a operação de empresas que emitem os cartões
(tradicionalmente, os bancos) e empresas que credenciam estabelecimentos comerciais,
proporcionando-lhes a tecnologia de aceitação de pagamentos com cartões (popularmente
conhecidas como “maquininhas”). Entre a bandeira e os emissores de cartões e entre a
bandeira e os credenciadores de estabelecimentos comerciais fica estabelecida uma rede de
contratos de licenciamento.
A rede de pagamentos também abrange outros atores. Os exemplos mais evidentes
talvez sejam os usuários finais (os portadores que realizam os pagamentos) e os
estabelecimentos comerciais ou prestadores de serviços (que recebem pagamentos pela
mencionada rede). Além destes, há também a atuação de outras partes, como as câmaras e
agentes de liquidação1, agentes de garantia2, facilitadores de pagamentos3, entre outros.
1 Em 2011, a Lei n. 10.214, definiu que o sistema de pagamentos brasileiro compreende as entidades, os sistemas
e os procedimentos relacionados com a transferência de fundos e de outros ativos financeiros, ou com o
processamento, a compensação e a liquidação de pagamentos em qualquer de suas formas. As câmaras de
compensação e liquidação são, nos termos da Resolução CMN nº 2.882, de 30 de agosto de 2001, as pessoas
jurídicas que exercem, em caráter principal, a atividade de serviços de compensação e de liquidação que
4
Mais uma vez, existe uma rede contratual unindo todos estes atores, por meio da
qual são atribuídas as responsabilidades e distribuídos os riscos da operação. A este respeito,
o presente trabalho busca apreciar tal rede contratual, como forma de análise dos desafios
jurídicos trazidos pela tecnologia em si, qual seja, o pagamento eletrônico.
O mercado de meios de pagamento eletrônicos opera no Brasil há pelo menos seis
décadas, sem que houvesse uma regulamentação nacional estruturada, apenas regras esparsas
sobre assuntos específicos, conforme será abordado no item 10 deste projeto.
Em 2013, foi promulgada a Lei n. 12.865, a qual dispõe sobre os arranjos de
pagamento e as instituições de pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro.
Tal lei previu a denominação jurídica de cada um dos personagens das redes de pagamento e
previu o papel de cada um deles da seguinte forma:
I - Arranjo de pagamento - conjunto de regras e procedimentos que
disciplina a prestação de determinado serviço de pagamento ao
público aceito por mais de um recebedor, mediante acesso direto pelos
usuários finais, pagadores e recebedores; (Regras das bandeiras)
II - Instituidor de arranjo de pagamento - pessoa jurídica responsável
pelo arranjo de pagamento e, quando for o caso, pelo uso da marca
associada ao arranjo de pagamento; (Bandeiras)
III - instituição de pagamento - pessoa jurídica que, aderindo a um ou
mais arranjos de pagamento, tenha como atividade principal ou
acessória, alternativa ou cumulativamente: [...] emissão de
instrumento de pagamento, gestão e prestação de serviços
relacionados às contas de pagamento, credenciamento a aceitação de
instrumento de pagamento; (Emissores e Credenciadores)
IV - Conta de pagamento - conta de registro detida em nome de
usuário final de serviços de pagamento utilizada para a execução de
transações de pagamento;
V - Instrumento de pagamento - dispositivo ou conjunto de
procedimentos acordado entre o usuário final e seu prestador de
serviço de pagamento utilizado para iniciar uma transação de
pagamento; e
resultem em movimentações interbancárias e que envolvam pelo menos três participantes diretos para fins de
liquidação, dentre instituições financeiras ou demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil. Os agentes de liquidação são, segundo a definição trazida pela mesma resolução, participantes diretos que
assumem a posição de parte contratante para fins de liquidação, no âmbito do sistema integrante do sistema de
pagamentos, perante a câmara ou o prestador de serviços de compensação ou outro participante direto. 2 Ainda de acordo com a Lei n. 10.214/2011, os agentes de garantia fornecem mecanismos e salvaguardas que
permitem às câmaras e aos prestadores de serviços de compensação e de liquidação assegurar a certeza da
liquidação das operações neles compensadas e liquidadas, como de contratos e de garantias aportadas pelos
participantes. 3 Nos termos do Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro de 2014, os facilitadores são “as
instituições que agora passam a ser denominadas de emissores de moeda eletrônica” . Também chamados de
subadquirentes, atuam no credenciamento de estabelecimentos comerciais sob a licença de adquirentes, ou seja,
dos credenciadores.
5
VI - moeda eletrônica - recursos armazenados em dispositivo ou
sistema eletrônico que permitem ao usuário final efetuar transação de
pagamento.
Desde então, o Banco Central emitiu circulares para disciplinar as atividades do
Sistema de Pagamentos Brasileiro. Nota-se que as regras trazidas refletem, de uma forma
geral, a prática consolidada no mercado, cristalizando-a4. Tanto é assim que a regulamentação
reconhece a existência das regras das bandeiras e autoriza sua manutenção, desde que em
consonância com os princípios da regulamentação.
Tais regramentos, por outro lado, trouxeram mudanças que têm gerado a
necessidade de adaptação das empresas que atuam no mercado de meios de pagamento. Este é
o caso, por exemplo, das alterações às regras das bandeiras que ocorram após a aprovação dos
arranjos de pagamento, as quais dependerão de comunicação ou aprovação pelo Banco
Central, conforme o caso.
Dado tal contexto, sobrevém a indagação sobre em que medida a nova
regulamentação permitirá a o desenvolvimento de soluções de pagamento inovadoras. Por
inovação, no presente trabalho, entende-se novas formas de realizar pagamento eletrônicos,
seja por meio de diferentes dispositivos de pagamento ou de aceitação ou, ainda, novas
maneiras de interação entre os participantes da rede de pagamentos.
Para abordar a inovação nos meios de pagamentos, será feito um estudo de caso
sobre o uso de dispositivos vestíveis como instrumentos de pagamento eletrônico. As
tecnologias vestíveis (do inglês wearables) “são dispositivos de rede que podem coletar
dados, acompanhar as atividades e personalizar experiências com as necessidades e desejos
dos usuários” (THIERER, 2015, p. 1). Como dispositivos eletrônicos que se comunicam com
redes, são capazes de servir como instrumentos de pagamentos eletrônicos. Tanto o são que
recentemente foi feito o anúncio de lançamento de produtos que possibilitam pagamento
eletrônico por meio de anéis e pulseiras5. Casos como esse serão objetos de estudo do
4 Nos termos do Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro de 2013, “A partir de outubro de
2013, com a edição da Lei nº 12.865, os arranjos e as instituições de pagamento passaram, também, a integrar o
SPB. Tendo por base o arcabouço regulatório aplicável, a atividade de vigilância no Brasil abrange (i) a
autorização de funcionamento ou de alterações relacionados a IMF e arranjos; (ii) o acompanhamento das
atividades das infraestruturas, seja de forma indireta por dados coletados regularmente, ou diretamente, por
intermédio de inspeções in-loco; e (iii) as avaliações dos procedimentos adotados pelas infraestruturas em
relação às melhores práticas e padrões internacionais.” 5 Santander e Mastercard lançam pulseira contactless: https://www.dinheirovivo.pt/banca/santander-e-
mastercard-lancam-pulseira-contactless/
Visa lança anel de pagamento com funcionalidade NFC para ser utilizado pelos atletas patrocinados da Equipe
Visa nos Jogos Olímpicos Rio 2016: http://exame.abril.com.br/negocios/dino/noticias/visa-lanca-anel-de-
6
trabalho, especificamente no que toca ao contexto de regulação e inovação nos meios de
pagamento eletrônico.
Os dispositivos vestíveis apresentam capacidade de comunicação com redes e,
assim, consistem um subgrupo da Internet das Coisas. A Internet das Coisas (internet of
things ou IoTs), por sua vez, “consiste nos protocolos e tecnologias relacionadas que
permitem que esses dispositivos se comuniquem através de canais de comunicações
electrónicas a criação de uma nova perspectiva sobre a concepção e utilização da Internet”
(DUTTON, 2013, p. 8).
Importante ressaltar que a conceituação de internet das coisas é ora feita a título de
esclarecimento apenas, eis que não será objeto do presente trabalho. O que se pretende é
avaliar a viabilidade regulatória da inovação por meio do uso de dispositivos vestíveis como
instrumentos de pagamentos.
Uma vez ultrapassadas a contextualização e o estudo de caso como previamente
mencionado, o presente trabalho estudará os desafios jurídicos da inovação nos meios de
pagamento eletrônico no contexto pós-regulação. Dada a amplitude dos impactos jurídicos e a
limitação da pesquisa, o objeto foi delimitado em um desafio jurídico específico: a
interoperabilidade.
A interoperabilidade é um dos princípios que regem a regulamentação ora
abordada. Por interoperabilidade, entende-se a capacidade de intercomunicação entre os
dispositivos e redes que compõem um sistema. De acordo com Gasser, não há definição
tamanho único de interoperabilidade, mas pode-se dizer que, “no sentido mais geral, no
contexto das tecnologias de informação, a interoperabilidade é a capacidade de transferir e
processar dados úteis e outras informações entre sistemas, aplicativos ou componentes”
(GASSER, 2012, 9. 5).
O principal objetivo da teoria da interoperabilidade, segundo o autor, é ajudar a
definir o nível ótimo de interconectividade e desenhar um caminho par alcança-lo. Isto porque
a interoperabilidade traz não só benefícios, mas também efeitos como “perda de diversidade,
preocupações cada vez mais prementes sobre os seus efeitos sobre privacidade e segurança
individual e o risco de bloqueio em tecnologias mais antigas e que dificultem a inovação”.
pagamento-com-funcionalidade-nfc-para-ser-utilizado-pelos-atletas-patrocinados-da-equipevisa-nos-jogos-
olimpicos-rio2016.shtml
Brasileiros criam pulseira que permite fazer pagamentos: http://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,brasileiros-
criam-pulseira-que-permite-fazer-pagamentos,10000049874
7
Por esta razão, o autor, usando os cartões de crédito como exemplo, afirma que “nem sempre
queremos que as coisas interoperem completamente”, mas que, às vezes, queremos freios em
interoperabilidade para evitar fraudes (GASSER, 2012, p. 4).
Ainda sobre a importância da interoperabilidade e em relação à internet das coisas,
Kominers ressalta que a preocupação tem origem na própria forma pela qual a tecnologia é
desenvolvida. Como muitos sistemas de internet das coisas são “desenvolvidos
separadamente, por diferentes empresas em diferentes padrões proprietários, não está claro
se e como interoperabilidade surgirá no nível sistêmico” (KOMINERS, 2012).
Por todo o exposto, o que se pretende ao final da pesquisa é entender em que
medida a regulamentação permite a instituição de modelos inovadores de meios de pagamento
eletrônico, bem como em que extensão a regulamentação demanda a efetivação do princípio
da interoperabilidade na dita inovação.
2 FORMATO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO
O formato do trabalho será de reflexão sobre a prática jurídica, com viés
exploratório sobra a prática de mercado e a regulação e, ainda, estudos de casos concretos.
Para tanto, serão estudadas as práticas gerais do setor e trazidos exemplos pontuais de
inovação, de forma a ilustrar a problemática do trabalho. O exame será exploratório e partirá
de um retrato do funcionamento do mercado, segundo as figuras e modelos previstos pelo
Banco Central. Na análise regulatória, a proposta busca entender como a prática atual e a pós-
regulação enquadram-se nas regras.
Quanto ao estudo de caso sobre pagamentos eletrônicos por meio de dispositivos
vestíveis, serão analisados os produtos lançados no Brasil para pagamento, com anéis e
pulseiras; assim como o possível enquadramento regulatório nacional dos smartwatches já
lançados no mercado global.
3 PRINCIPAIS QUESTÕES OU PROBLEMAS
As questões dizem respeito à adaptação das atividades desenvolvidas antes da
regulamentação às novas diretrizes, bem como ao enquadramento de soluções inovadoras às
regras vigentes.
O problema de pesquisa que se pretende responder com este trabalho é se a
regulamentação, ao cristalizar a prática de mercado corrente, viabiliza modelos inovadores de
8
negócio. Diante da amplitude da questão, a análise será restrita ao estudo de caso do
pagamento por meio de dispositivos vestíveis.
De outro lado, no tocante aos desafios jurídicos, o que se pretende analisar é em
que medida a interoperabilidade deve ser implementada.
Portanto, duas são as questões centrais:
A regulamentação do sistema de pagamentos brasileiro permite o advento de
soluções inovadoras como o pagamento por meio de dispositivos vestíveis?
Qual é a extensão da obrigação de aplicação do princípio da interoperabilidade nas
atividades dos participantes do sistema de pagamentos brasileiro com relação a soluções
inovadoras de pagamento?
4 OBJETIVOS PRETENDIDOS, PERSPECTIVAS DE ANÁLISE E RESULTADOS
ESPERADOS
O objetivo da pesquisa é entender em que medida a regulação dos meios de
pagamento eletrônico permite a inovação, sob a perspectiva do estudo de caso de dispositivos
vestíveis como meios de pagamento. Adicionalmente, pretende-se demonstrar a extensão da
aplicabilidade do princípio da interoperabilidade, ainda sob a mesma perspectiva.
O resultado final esperado é o adequado enquadramento regulatório do problema,
mapear e jogar luz sobre os problemas que surgem a partir dos casos concretos.
9
5 JUSTIFICAÇÃO DA RELEVÂNCIA PRÁTICA E DO POTENCIAL INOVADOR
A importância do tema reside principalmente na demanda de modernização dos
pagamentos, como demonstram as conclusões do relatório de vigilância do sistema de
pagamentos brasileiro de 2015:
A respeito da utilização dos canais de acesso pelos clientes das
instituições financeiras, cerca de 60% das transações foram realizadas
nos canais não presenciais (internet, telefones móveis e centrais de
atendimento). Destaque para os dispositivos moveis, canal em que a
quantidade de transações mais do que dobrou em relação a 2014,
atingindo 20% da quantidade total de transações de clientes, mesmo
percentual dos terminais ATM. Já o atendimento tradicional em
agências, postos de atendimento e correspondentes no pais continua
em queda, com 22% das transações realizadas nesses canais, em 2015.
A relevância também é evidenciada pela pujança econômica da indústria de
pagamentos eletrônicos, que ultrapassou o marco de um trilhão de reais no ano de 2015, como
também demonstra o mencionado relatório:
Em 2015, os faturamentos de R$678 bilhões com cartões de crédito e
de R$390 bilhões com cartões de debito representaram aumentos, em
relação aos valores do ano anterior, de cerca de 9% e de 12%,
respectivamente. Foram realizadas 5,7 bilhões de transações com
cartões de crédito e 6,5 bilhões de transações com cartões de débito
emitidos no país, cerca de 3% e 15% de crescimento em relação a
2014, respectivamente.
De outro lado, há a diversificação dos atores do mercado, especialmente pela
entrada das empresas de tecnologia no mercado financeiro, as denominadas Fintechs6. Neste
sentido, a regulamentação do Banco Central demanda que as regras dos arranjos de
pagamento prezem pela não discriminação entre seus participantes. Com isto, não só a entrada
de novos participantes é incentivada, como também são ditadas regras mais benéficas à
participação de múltiplos atores, propiciando a concorrência.
Esta diversificação também permite a capilarização das atividades. Isto porque, ao
incentivar a atuação diversificada dos participantes de arranjos de pagamentos e, por
6 O conceito de Fintechs é ora feito a título de esclarecimento apenas, eis que não será objeto do presente
trabalho. Na definição de Arner, o termo “Financial technology” ou “FinTech” “refere-se à utilização de
tecnologia para fornecer financeira soluções”. Aduz que “FinTech não é um desenvolvimento inerentemente
novo para a indústria de serviços financeiros” e descreve suas três etapas de evolução: FinTech 1.0, de 1866 a
1967, a indústria de serviços financeiros permaneceu; FinTech 2.0, de 1967 a 2008, desenvolvimento dos
serviços financeiros digitais tradicionais; FinTech 3.0, a partir de 2008, quando “novas empresas e empresas de
tecnologia estabelecidas começaram a oferecer produtos e serviços financeiros diretamente para as empresas e
o público em geral”. (ARNER, 2015, p. 3-6)
10
consequência, favorecer a concorrência, permite-se que os serviços alcancem públicos ainda
não atendidos pelo sistema de pagamentos.
Tais aspectos revelam a relevância prática tema, em especial diante das
perspectivas de inovação no mercado de pagamentos eletrônicos. No que se refere à inovação,
a proposta é abarcar as novas tecnologias cujos lançamentos já foram divulgados, mas
também antever como a atual regulação é capaz de permitir a inovação, análise que será feita
a partir do estudo de caso ora proposto.
6 FONTES DE PESQUISA E MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
A pesquisa partirá da análise legislativa e regulatória, permeada pelo aspecto
prático, isto é, pela observação direta da realidade.
Há pouca literatura jurídica específica sobre meios de pagamento eletrônico no
Brasil. Quando ela existe, limita -se a aspectos restritos como os direitos do consumidor de
cartão de crédito. Por esta razão, a presente pesquisa recorrerá a trabalhos de outras áreas do
saber, especialmente a Administração de Empresas e a Economia.
De outro lado, será feito uso de pesquisas em andamento sobre internet das coisas
e interoperabilidade, sobre as quais se dispõe de mais insumo.
A análise legislativa e regulatória terá por base os seguintes diplomas:
- Lei no 10.214, de 27 de março de 2001: Dispõe sobre a atuação das câmaras e
dos prestadores de serviços de compensação e de liquidação, no âmbito do sistema de
pagamentos brasileiro, e dá outras providências.
- Lei 12.865, de 9 de outubro de 2013 (Artigo 6º a Artigo 15): Dispõe, entre
outros, sobre os arranjos de pagamento e as instituições de pagamento integrantes do Sistema
de Pagamentos Brasileiro (SPB).
- Resolução CMN 4.282, de 4 de novembro de 2013: Estabelece as diretrizes que
devem ser observadas na regulamentação, na vigilância e na supervisão das instituições de
pagamento e dos arranjos de pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro
(SPB), de que trata a Lei no 12.865, de 9 de outubro de 2013.
- Circular BCB 3.765, de 25 de setembro de 2015: Dispõe, no âmbito de Arranjos
de Pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro, sobre a compensação e a
liquidação de ordens eletrônicas de débito e de crédito e sobre a interoperabilidade e altera a
Circular no 3.682, de 4 de novembro de 2013.
11
- Circular BCB 3.735, de 2014: Disciplina as medidas preventivas aplicáveis aos
instituidores de arranjos de pagamento que integram o Sistema de Pagamentos Brasileiro
(SPB), com o objetivo de assegurar a solidez, a eficiência e o regular funcionamento dos
arranjos de pagamento.
- Circular BCB 3.721, de 2014: Dispõe sobre a obrigação de utilização, por
instituições financeiras e instituições de pagamento, de arquivos padronizados de agenda de
recebíveis.
- Circular BCB 3.682, de 2013: Aprova o regulamento que disciplina a prestação
de serviço de pagamento no âmbito dos arranjos de pagamentos integrantes do Sistema de
Pagamentos Brasileiro (SPB), estabelece os critérios segundo os quais os arranjos de
pagamento não integrarão o SPB e dá outras providências.
7 FAMILIARIDADE COM O OBJETO, ACESSIBILIDADE DE INFORMAÇÕES E
ENVOLVIMENTO PESSOAL
A autora é advogada regional de uma bandeira, ou seja, de uma instituidora de
arranjos de pagamento de origem americana e de operação global. Atuou na preparação do
regulamento da bandeira, submetido à aprovação do Banco Central; trabalha na
área contenciosa com a elaboração de contratos e com o consultivo geral da empresa.
Desde já, é importante ressaltar que a proposta de trabalho e eventuais conclusões
e proposições não refletem a opinião da empresa, mas, sim, da autora.
8 LITERATURA ESPECIALIZADA E OBRAS DE REFERÊNCIA
AGARWAL, Sumit et al. Regulating consumer financial products: evidence from credit
cards. Working paper. New York: Working paper, last version: August 2014. SSRN-
id2330942.
ANDREZA, Andrea Fernandes. O sistema contratual do cartão de crédito no Brasil. In
Estudos em homenagem ao acadêmico ministro Sydney Sanches. Coordenadores: Antonio
Rulli Neto, Luiz Fernando do Vale de Almeida Guilherme. 2.ed. Fiuza, 2003. p. 29-46
ARNER, Douglas W. and Barberis, Janos Nathan and Buckley, Ross P., The Evolution of
Fintech: A New Post-Crisis Paradigm? (1o de outubro de 2015). University of Hong Kong
Faculty of Law Research Paper No. 2015/047; UNSW Law Research Paper No. 2016-62.
Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=2676553
12
ASOKAN, N.; JANSON, Phil; STEINER, Michael; WAIDNER, Michael. Electronic
Payment Systems. Zurich, IBM Research Division, 1998. Disponível em
https://pdfs.semanticscholar.org/1ae9/c9841435ef40ffe1263efce286d76b79b413.pdf
AZEVEDO, Renato Olimpio Sette de. Cartão de crédito: aspectos contratuais. Dissertação
apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, como requisito para
obtenção do título de Mestre em Direito. São Paulo: USP, 2007.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Circular nº 3.682, de 4/11/2013. Disponível em
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=circ&ano=2013&numero=3
682
__________. Resolução nº 4.282, de 4/11/2013. Disponível em
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=res&ano=2013&numero=4
282
__________. Circular nº 3.721, de 25/9/2014. Disponível em
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=circ&ano=2014&numero=3
721
__________. Circular nº 3.735, de 27/11/2014. Disponível em
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?tipo=circ&ano=2014&numero=3
735
__________. Circular 3.765, publicada no DOU de 28/9/2015, Seção 1, p. 21/22. Disponível
em
http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/normativo.asp?numero=3765&tipo=Circular&d
ata=25/09/2015.
__________. Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro 2013. Disponível
em
http://www.bcb.gov.br/htms/novaPaginaSPB/RELATORIO_DE_VIGILANCIA_SPB2013.pd
f
__________. Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro 2014. Junho/2015.
Disponível em
http://www.bcb.gov.br/htms/novaPaginaSPB/Relatorio_de_Vigilancia_do_SPB_2014.pdf
__________.. Relatório de vigilância do sistema de pagamentos brasileiro 2015. Disponível
em http://www.bcb.gov.br/htms/novaPaginaSPB/Relatorio_de_Vigilancia_do_SPB_2015.pdf
BARBOSA, Renato César Ottoni. Os impactos da assimetria informacional no spread
bancário. Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito
para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas. São Paulo: Mackenzie,
2008.
BRASIL. Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013. Dispõe sobre dispõe sobre os arranjos de
pagamento e as instituições de pagamento integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro
13
(SPB), et. al. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12865.htm.
BRASIL. Lei nº 10.214, de 27 de março de 2001. Dispõe sobre a atuação das câmaras e dos
prestadores de serviços de compensação e de liquidação, no âmbito do sistema de pagamentos
brasileiro, e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10214.htm
CAFFAGGI, Fabrizio (Org.). Contractual Networks, Inter-firm Cooperation and Economic
Growth. Edward Elgar Publishing Limited: Glos, 2011.
COHEN, Benjamin J. The future of money. Princeton: Princeton University Press, 2004. p.
186-202.
CONDE, Diogo Matheus Rubio. A relação entre business intelligence e o processo de
inovação no mercado de cartões de crédito brasileiro: um estudo de caso. Dissertação
apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio
Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas.
São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 2012.
DUTTON, William H., The Internet of Things (20 de junho de 2013). Disponível em SSRN:
http://ssrn.com/abstract=2324902 ou http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2324902
EDWARDS, Lilian, Privacy, Security and Data Protection in Smart Cities: A Critical EU
Law Perspective (5 de janeiro de 2016). European Data Protection Law Review (Lexxion),
2016, Forthcoming. Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=2711290 ou
http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2711290
FITTIPALDI, Silvia Labriola Cavalieri. Considerações sobre teoria geral dos títulos de
crédito e os arranjos de pagamento. Revista de Direito Empresarial: ReDE, v. 3, n. 8, p. 135-
151, mar./abr. 2015
FORD, Chris; KAY, John. Why regulate Financial Services? In: The future for the global
securities market. Legal and regulatory aspects. Oxford: Clarendon Press, 1996. p. 145-156.
GASSER, Urs; PALFREY, John. Interop: The Promise and Perils of Highly Interconnected
Systems. New York, Harvard University, 2012. Disponível em
http://cyber.harvard.edu/sites/cyber.harvard.edu/files/Interop-PalfreyGasser-Introduction.pdf
HARVEY, Campbell R. Cryptofinance. Durham and Cambridge: Working Paper. Current
version: January 14, 2016. SSRN-id2438299
HEERMANN, Peter W. The status of Multilateral Synallagmas in the law of connected
Contracts. In Networks: Legal issues of multilateral co-operation. Edited by Marc Amstutz
and Gunther Teubner. Oregon: Oxford and Portland, 2009. p. 103- 118.
KOMINERS, Paul, Interoperability Case Study: Internet of Things (IoT) (April 1, 2012).
Berkman Center Research Publication No. 2012-10. Disponível em SSRN:
http://ssrn.com/abstract=2046984 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2046984
14
ONADO, Marco. Economia e regolamentazione del sistema finanziario. Seconda edizione.
Bologna: Mulino, 2004. p. 65-83.
PEPPET, Scott R., Regulating the Internet of Things: First Steps Toward Managing
Discrimination, Privacy, Security & Consent (March 1, 2014). Texas Law Review,
Forthcoming. Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=2409074
PEREIRA NETO, Caio Mario da Silva. Externalidades de rede e condutas
anticoncorrenciais no sistema financeiro: um olhar sobre o mercado de meios de pagamentos.
In: Daniel K. Goldberg. (Org.). Sistema financeiro: o desafio da concorrência. 1ed.São Paulo:
Singular, 2008, v. 1, p. 111-136.
SEGURA, C., & Hildebrand, H. R. (2015). Internet das coisas, design thinking e os
paradigmas do consumo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
TRAN, Alexander H., The Internet of Things and Potential Remedies in Privacy Tort Law (7
de março de 2016). Disponível em SSRN: http://ssrn.com/abstract=2769675
THIERER, Adam D., The Internet of Things and Wearable Technology: Addressing Privacy
and Security Concerns without Derailing Innovation (18, de fevereiro de 2015). Adam
Thierer, The Internet of Things and Wearable Technology: Addressing Privacy and Security
Concerns without Derailing Innovation, 21 RICH. J.L. & TECH. 6 (2015). Disponível em
SSRN: http://ssrn.com/abstract=2494382 ou http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2494382
VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Arranjos e instituições de pagamento
(regulamentação e crítica). Revista de Direito Empresarial: ReDE, v. 2, n. 1, p. 77–122,
jan./fev., 2014.
VISCONTI, Roberto Moro; GENTILI, Massimo Paolo. Come valutare gli intermediari
finanziari: Sim, Sgr, fiduciaie, fondi chiusi e Sicav, hedge fund, fondi immobiliari, venture
capital e private equity. Holding, broker assicurativi, money transfer, securitization. Roma:
Edibak, 2005. p. 373-394.
9 SUMÁRIO PRELIMINAR
I. O Sistema de Pagamentos Brasileiro e sua rede contratual
1. Visão geral sobre a regulação pelo Banco Central
2. Composição dos Arranjos de Pagamentos
a. Bandeiras: Instituidor do arranjo
b. Emissores: Instituições financeiras e instituições de pagamento
c. Credenciadores: prestadores de serviço de rede e facilitadores de
pagamento
d. Câmaras e agentes de liquidação
3. Relações contratuais
a. Modelos de três partes e quatro partes
b. Contrato com portadores de cartões
c. Contrato de licença
d. Contratos de credenciamento de estabelecimentos comerciais
e. Contrato de liquidação
f. Contrato de domicílio bancário
15
g. Contrato de interoperabilidade
h. Contrato de carteira digital
i. Instrumentos de garantia
i) Garantias exigidas pelo Banco Central
ii) Garantias exigidas pelo Instituidor do Arranjo de Pagamentos
iii) Garantias exigidas pelos credenciadores
II. Meios de pagamento eletrônico e inovação
1. Internet das coisas
a. Pagamentos com dispositivos vestíveis
III. Desafios jurídicos
1. Interoperabilidade
a. Pagamentos com dispositivos vestíveis
10 PRINCIPAIS ETAPAS E CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
As principais etapas do trabalho de conclusão serão executadas de acordo com o
cronograma abaixo:
Principais etapas e cronograma de execução
Elaboração do anteprojeto de pesquisa 03/05/2016 a 05/07/2016
Elaboração da versão ao orientador do projeto de pesquisa 01/08/2016 a 16/08/2016
Elaboração da versão final do projeto de pesquisa 31/08/2016 a 14/09/2016
Elaboração da versão provisória do trabalho de conclusão
Pesquisa bibliográfica
Fichamento de obras de referência
Estudos de caso
Organização e preparação de rascunhos
Redação do texto
Consolidação do texto
Revisão final
15/09/2016 a 07/11/2017
Avaliação em seminário 21/12/2017
Elaboração da versão definitiva do trabalho de conclusão 22/12/2017 a 07/03/2018
Banca de avaliação Até 07/05/2018
16
11 ESTIMATIVA DAS HORAS DE DEDICAÇÃO NECESSÁRIAS À REALIZAÇÃO
DE CADA ETAPA DO TRABALHO
As etapas da elaboração da versão provisória do trabalho de conclusão serão
executadas de acordo com o cronograma e estimativas de horas de dedicação necessárias à
realização de cada etapa do trabalho a seguir ilustrada:
Elaboração da versão provisória do trabalho de conclusão
Out/
2016
Dez/
2016
Jan/2
017
Fev/
2017
Ma/2
017
Abr/
2017
Mai/
2017
Jun/2
017
Jul/2
017
Ago/
2017
Set/2
017
Out/
2017
Nov/
2017
Pesquisa
bibliográfica e
fichamento 24h 24h 24h
Estudos de caso 24h 24h 24h
Redação do texto 30h 30h 30h
Consolidação do
texto 30h 30h
Revisão final 30h 30h
Recommended