Folha da Rua Larga 20

Preview:

DESCRIPTION

Folha da Rua Larga é um periódico bimestral distribuído gratuitamente no Centro do Rio e Zona Portuária.

Citation preview

folha da rua largaCariocas unidos em defesa do cofre do estado

Tropas da Guarda Municipal iniciam a inspetoria na Rua Acre, Avenida Marechal Floriano e arredores, sob orientação da Secretaria Municipal de Segurança.

Chico Anysio reafirma o amor à região já estampado em sua arte

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 20 ANO IIIRIO DE JANEIRO | ABRIL DE 2010

Rio Antigo em fotografias, postais, manuscritos e confetes imperiais

página 8 e 9

Manifestação popular no Centro do Rio buscou reverter a resolução da Câmara dos Deputados que prevê a diminuição da arrecadação do estado com os royalties do petróleo.

Operação Choque de Ordem no Centro

A psicóloga e arte-terapeuta Mariana Florenzano analisa como seria a noção de mundo se não fossem as mentiras sociais para moldá-lo. Em artigo pautado pelo dia da mentira, a articulista questiona se seríamos capazes de viver sem esse mal.

página 6

página 13 Página 3

O sentido regulador de nossas mentiras brancas

página 14

página 15

Uma referência em educação para todo o paísO escritor André Luís Mansur traz a história do Colégio Pedro II, construído em homenagem ao então imperador menino. Segundo a pesquisa, no local, funcionara o Seminário de São Joaquim, onde se misturavam órfãos e jovens de classe abastada.

lazer

opinião

Lielzo Azambuja

página 5Alimentação saudável na Rua Larga

gastronomia

folha da rua larga

cultura

Sacha Leite

Alberto Cohen abre seus arquivos raros para a Folha da Rua Larga. Relíquias expressivas da memória da cidade já passaram pelas mãos do antigo leiloeiro, como os confetes do baile do Império e um manuscrito inédito do poeta Carlos Drummond de Andrade. Ele também nos apresenta alguns de seus belos retratos do Rio de Janeiro em branco e preto.

O humorista fala sobre o que o motivou a escrever o argumento do filme O camelô da Rua Larga, de 1958. Ele também relembra de quando lia anúncios do Dragão e da importância que o programa de rádio A turma da maré mansa representou para os comediantes da época.

Ana Carolina Monteiro

abril de 2010

nossa rua

Se essa Rua fosse minha

Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos

Pousa, Francis Miszputen, João Carlos Ventura,

Mário Margutti, Mozart Vitor Serra

Direção Executiva - Fernando Portella

Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite

Colaboradores - Ana Carolina Monteiro, Ana

Carolina Portella, André Luís Mansur, Carolina

Calvente Ribeiro, Erica Miszputen, Fabiola

Buzim, Karina Howlet, Lielzo Azambuja, Mariana

Florenzano, Nilton Ramalho, Teresa Speridião

Viviane Moreira NobreFisioterapeuta

“Trataria as calçadas, o asfalto, e encon-traria uma solução para a sinalização que está caótica. O cruzamento da Visconde de Inhaúma com a Rio Branco é um exemplo disso. Investiria também na estrutura de se-gurança, que está precária.”

Renato SantosConsultor em assistência médica

“Melhoraria as condições do Largo de Santa Rita. Não bebo chope, mas gosto de comer sardinhas na companhia dos meus amigos. Comeria os petiscos com mais prazer se a estrutura das calçadas, a limpeza e a ilumi-nação fossem melhores.”

“Como sou estudante de Pedagogia, elabo-raria um projeto social, mas não dependeria do auxílio do governo. Procuraria uma ONG para encaminhar a população de rua a uma instituição de ensino, pois, quando chove, o problema se agrava.”

Paulo César RibeiroAtendente de telemarketing

Sacha Leite

Sacha Leite

Sacha Leite

folha da rua larga

cartas dos leitores

2folha da rua larga

Redação do jornalRua São Bento, 9 - 1º andar - Centro

Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690

www.folhadarualarga.com.br redacao@folhadarualarga.com.br

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Designer assistente - Jade Mariane e Mariana

Valente

Diagramação - Suzy Terra

Revisão Tipográfica - Raquel Terra

Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos

Impressão - Mávi Artes Gráficas Ltda.

www.maviartesgraficas.com.br

Contato comercial - Juliana Costa

Tiragem desta edição: 5.000 exemplares

Anúncios - comercial@folhadarualarga.com.br

A Folha da Rua Larga acolhe opiniões de todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultu-osas ou desacompanhadas de documentação. Devido às limi-tações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para: Rua São Bento, 9, sala 101, CEP 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico leitor@folhadarualarga.com.br

Descaso na Rua da Quitanda

A Rua da Quitanda está toda esburacada, com vaza-mento de esgoto, em um es-tado lamentável. O cheiro é insuportável e é impossível chegar até a calçada. A Ce-dae foi duas vezes ao local e não resolveu o problema. Continuamos enfrentando esse obstáculo para atra-vessar a rua, faça chuva ou faça sol. O descaso con-tinua e a rua está cada dia pior: difícil de caminhar e totalmente poluída. Um ab-surdo o descaso das autori-dades, que abandonaram o Centro da cidade.

Patrícia Regina Ribeiro

Chuva na Saúde

No bairro da Saúde, em frente ao Moinho da Bun-ge, próximo ao Hospital dos Servidores, as águas atingiram um nível caótico, paralisando todo o bairro e impedindo os moradores de irem trabalhar na terça-feira, 6/4.

Leandro Luiz dos San-tos

Chuva na Rua Larga

Terça-feira (6/4), hou-ve uma grande catástrofe climática na cidade, cer-tamente a maior de to-dos os anos. E como não poderia deixar de ser, a Avenida Marechal Flo-riano encheu. A lateral do Palácio Itamaraty se transformou num grande lago. Pelo que ouço falar, o problema nas galerias pluviais da rua é antigo. Fica aqui a sugestão para

que esse aspecto seja re-visto nesse contexto de revitalização.

R. S. S.

Vazamento de esgoto na Rua do Senado

Desde novembro de 2009, o esgoto jorra na Rua do Senado com a Rua Dídimo, no Centro. Nesta rua, circulam cen-tenas de moradores que são obrigados a passar por “pontes” improvisa-das para não pisar no es-goto in natura. A Cedae já foi comunicada, esteve no local e nada fez. Com-pleto descaso que merece multa e até suspensão do direito de funcionar.

Reinaldo Hingel

Onde encontrar a Folha da Rua Larga

Olá, primeiramente, pa- rabenizo-os pelo trabalho. O conheci por acaso e adorei. Gostaria de saber onde posso encontrá-lo. Trabalho aqui na Rua da Candelária.

Renan Cabral

Pontos fixos de distribuição

Em resposta à carta do leitor Renan Cabral, a Folha da Rua Larga informa que é conve-niada com os jornalei-ros da Rua Visconde de Inhaúma e Avenida Ma-rechal Floriano. Nesses pontos, os leitores po-dem retirar a publicação gratuitamente, todo dia 15 do mês.

abril de 2010

3folha da rua larga

nossa rua

da redação

redacao@folhadarualarga.com.br

Fórum Urbano Mundial versus Fórum Urbano SocialFUS critica FUM5 e promove evento paralelo para pensar habitação mundial includente

da redação

redacao@folhadarualarga.com.br

Estado se une contra medida de deputadoManifestantes vão às ruas reivindicar os dólares que o Rio perdeu com emenda Ibsen

Manifestação da sociedade civil em frente à Candelária

18 anos após o impeachment de Collor, uma nova manifestação cara-pintada

Miriam Fontenelle: “Quero que meus filhos e netos tenham uma vida melhor”

De acordo com dados divulgados pela ONU-Habitat no contexto do 5º Fórum Urbano Mundial (FUM5), ocorrido de 23 a 26 de março, na Zona Portuária do Rio de Janei-ro, mais da metade da po-pulação mundial vive em cidades. Depois de déca-das de declínio, este seria um momento de concen-tração de forças de todo o mundo para a recuperação dos núcleos urbanos de-

A manifestação contra a redução de arrecadação dos royalties de petróleo pelo estado do Rio de Janeiro, organizada pelo governo do estado, no dia 17 de março, reuniu 100 mil pessoas na Avenida Presidente Var-gas. Trabalhadores foram dispensados mais cedo do serviço para participarem desta que se pretendia ser a maior ação da sociedade civil depois do impeach-ment de Fernando Collor, em 1992. A intenção dos organizadores era demons-trar a indignação do carioca perante a proposta do depu-tado federal Ibsen Pinheiro de dividir igualmente os royalties de petróleo entre os estados brasileiros.

“Quero que meus filhos e netos tenham uma vida melhor e essa medida dimi-nuiu a possibilidade de isso se concretizar”, disse a ad-vogada Miriam Fontenelle, funcionária do Instituto Es-tadual do Ambiente (Inea), alegando que a medida representa menos R$ 7 mi-lhões para o Fundo Estadu-al do Controle Ambiental.

“Não dá para mudar as regras do jogo depois de iniciada a partida. Você es-tará rompendo a Constitui-ção, que diz que os estados produtores têm direito a contabilizar os royalties do petróleo”, disse Francisco

de Almeida, chefe de ga-binete do Inea. “Acho que falta divulgação de que essa medida vai afetar a popula-ção do Rio de Janeiro como um todo”, acrescentou.

“Decidimos que essa não seria uma festa de discur-sos, mas uma festa com a cara do Rio, com muita música e generosidade”, declarou o prefeito Eduar-do Paes, único político au-torizado pela organização a discursar.

Na oportunidade, o go-vernador Sérgio Cabral

declarou aos veículos de comunicação que não vê problema em negociar a distribuição dos royalties do pré-sal não licitado, mas que não aceitaria mudanças no pós-sal e no pré-sal já li-citado. O governador lem-brou ainda que o Rio é o 20º estado em recebimento de recursos, embora seja o 2º em contribuição.

Durante a manifestação, o ministro do Trabalho, Carlo Lupi, pediu que o impasse sobre os royalties do petróleo fosse resolvi-do sem que houvesse pre-juízo para o estado do Rio de Janeiro.

A diretora e atriz Carla Camurati, uma das repre-sentantes da classe artís-tica presentes na mani-festação, disse que, em

sua opinião, a emenda do deputado é arbitrária e não deveria ter sido aprovada sem discussão. “Se é para mudar as regras, é preciso se discutir de forma mais ampla. O Brasil não tem só petróleo, também tem minérios e outras rique-zas”, afirmou.

De acordo com a artista e atual presidente da Fun-dação Theatro Municipal, o gesto de Ibsen Pinheiro possui motivações políti-cas, em um ano eleitoral, e irá prejudicar o Rio de Janeiro, que, no seu pon-to de vista, já apresenta sinais de avanço nas áreas de saúde e educação.

gradados. O objetivo do FUM,

criado em 2001, está em reunir, regularmente, uma ampla gama de parceiros governamentais, da socie-dade civil e do setor priva-do, em torno dos grandes desafios colocados pela crescente urbanização. Nos debates, são pautadas as economias nacionais e a organização das socie-dades. A última edição do FUM foi realizada na

cidade de Nanjing, China, sobre o tema “Urbaniza-ção harmoniosa – o desa-fio de um desenvolvimen-to territorial equilibrado”.

FSU procura soluções mais comunitárias

e menos globais

Em paralelo ao even-to mundial, que recebeu aproximadamente mais de 20 mil participantes nacionais e internacio-

nais ao longo dos quatro dias de evento, o Fórum Nacional de Reforma Ur-bana (FNRU) organizou o Fórum Urbano Social, para desenvolver os mes-mo temas levantados pela programação oficial do evento mundial. O FUS foi realizado simultanea-mente ao FUM, com aces-so gratuito.

As edições anteriores do FUM tiveram a parti-cipação de organizações

como Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Asiático de Desen-volvimento (BAD), Pro-grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Aliança de Ci-dades, entre outras. A pro-posta do FUS, segundo seus organizadores, seria a de promover discussões sociais mais comunitárias e menos globais sobre ha-bitação.

Os mentores do FUS se preocupam com a possi-bilidade de as cidades de todo o mundo, em particu-lar nos países periféricos, serem pensadas sob a óti-ca de modelos excludentes que aprofundariam as si-tuações de desigualdades.

Sacha LeiteSacha Leite

Sacha Leite

abril de 2010

Cliques Rua Larga boca no trombone

gabriel provocador

gabriel@folhadarualarga.com.br

Caos no trânsito da Avenida Marechal Floriano, em 5 de abril, véspera do dia em que o Rio de Janeiro ficou paralisado pelo efeito dos temporais. O prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral se dirigiram aos meios de comunicação para pedir às pessoas que não saíssem de suas residências.

Nos dias de semana, durante o horário comercial, a Pedra do Sal tem se transformado em um estacio-namento irregular. O lugar, onde era descarregado o sal pelos estivadores e se reuniam mestres como Donga, Pixinguinha e João da Baiana, é considerado o berço do samba.

4folha da rua larga

nossa rua

Sacha Leite

Sacha Leite

Larga, largada e alagada

CHOVE tristeza, desli-zam pensamentos, lixo na rua, restos entopem buei-ros, pessoas constroem ca-sas em áreas de risco, sem alternativas de moradia, acabam sendo riscadas. Planejamento não houve – haverá? A bela vista des-valorizada pelos ricos de outrora, hoje é cobiçada – favelas. Temos esta mania de agir só na dor. Governo federal libera milhões para as enchentes no estado do RIO DE...

JANEIRO 40 graus de fevereiro quente, 6 de abril se vinga, transborda muita água imprevista pela previ-são meteorológica. No meio dos escombros, surgem he-róis comuns que ajudam a tirar pessoas da lama, vivas ou mortas. Bombeiros apa-gando as águas, poucos he-róis de farda. São vidas que se foram, ficaram sem nada – pessoas enroladas em sa-cos pretos – famílias intei-ras não existem mais. São Gonçalo amargou grande dor. O Morro dos Prazeres perdeu o prazer. Rio das Pedras – rolam. Em Niterói, o Morro do Bumba perdeu seu Boi, o rumo – saudades da pobreza do Nordeste! Casas construídas em cima do lixo, permitidas e omi-tidas pelo poder público, que urbanizou o conjunto condenado à morte. Politi-cagem, irresponsabilidade, não há culpado. Será que CHEGOU MESMO A...

HORA, sem aviso, des-sa gente partir para o outro lado? É o Destino? Poderia ser evitado? Chico Xavier enche os cinemas – quem explica o inexplicável? O Cristo Redentor, todo em-brulhado, de olhos fecha-dos para obras, não pode ver o desastre. Ficamos jo-gados à sorte. LÁ SE FO-RAM...

AS COISAS PAGAS em muitas prestações: fo-gões, geladeiras, TVs, fotos – a memória de tanta gen-

te sumiu do museu de casa. Quem sobreviveu, depois dessa Semana Santa, terá que ressuscitar sem chocolate e construir uma nova histó-ria: “Perdi tudo, não sobrou nada” – disse Severino Silva. SÃO MAIS...

DE 200 MORTOS, aqui, acolá, estatísticas, dados de ontem comparados aos de hoje, helicópteros, flashes, um milhão de cliques para mostrar detalhes das cenas-espetáculo do jornalismo tecnológico. O casal Nardoni foi condenado – isso já foi notícia, é passado. Na dor, os mais simples, a Cruz Verme-lha, entidades se mobilizam e REVELAM...

SOLIDARIEDADE, en-viando mantimentos, roupas, remédios... “Por favor, nada perecível, já bastam os ho-mens, mulheres e crianças fora da validade!”. Na qua-dra de samba da Mangueira, ninguém desfilava, não havia ensaio. O prefeito suspendeu as aulas e a escola sem samba abrigou desabrigados. Ali, as crianças corriam, brincavam, sem saber – são vidas come-çando tudo de novo. A porta-bandeira abaixou o mastro, o mestre-sala se calou, as baianas pararam de rodar e as alas dispersaram em suas alegorias guarda-chuvas. Na bateria, só a cuíca chorava. AQUI NA QUERIDA...

RUA LARGA alagada, largada pelo poder público, homens subiram as esca-das dos prostíbulos com a desculpa da enchente e não voltaram para casa. O sinal embora verde parou o Centro da cidade. Engarrafados no trânsito, as pessoas dormiam nos carros. A Lei Seca ficou molhada e teve que tomar um gole. Um trabalhador que voltava ao lar, colocou seu crachá e retornou ao traba-lho. A gente esquece.

folha da rua largaabril de 2010

entrevista

sacha leitesacha@folhadarualarga.com.br

5

Chico Anysio propõe a volta do nome Rua Larga

Ana Carolina Monteiro

Ana Carolina Monteiro

Humor e memória a serviço do povãoChico Anysio já expressou afinidade com a região em filme, programas de rádio e no teatro

Na época, ele ainda assi-nava “Francisco Anysio”. O articulista do filme O came-lô da Rua Larga, de 1958, guarda até hoje um grande carinho pela região. Um exemplo disso é que já con-firmou a apresentação, pelo terceiro ano consecutivo, no teatro do Centro Cultural Li-ght, do seu espetáculo Rindo à toa com Chico Anysio e seus amigos – uma stand-up comedy em que ele conta piadas, casos engraçados e recebe convidados. Chico se orgulha em divulgar que as apresentações são gratui-

tas e ficam completamente lotadas: “O show é um des-bunde. Três da tarde já tem fila para pegar os ingressos, adoro trabalhar para o po-vão”, revela o humorista.

Já o filme fala sobre Vi-cente, um camelô com o dom da palavra e da malan-dragem, vivido por Zé Trin-dade. O personagem está com o aluguel da pensão onde mora oito meses atra-sado, encontra uma mala de dinheiro falso e arruma uma grande confusão. No final, tudo acaba bem. O longa-metragem tem participações

de Maysa, Nelson Golçalves e Julie Joy, além da direção musical de Radamés Gna-talli.

Chico Anysio recebeu a reportagem da Folha da Rua Larga em sua resi-dência para rememorar os seus tempos de escritor de chanchadas. O humorista lembrou ainda do caso de Augusto Sampaio, o camelô da Rua Larga que se trans-formou no dono da loja Im-pecável, patrocinadora do programa de rádio A turma da maré mansa, do qual par-ticipou algumas vezes.

Você é autor do argu-mento do filme O camelô da Rua Larga. Qual foi a ins-piração para o fio condutor do longa-metragem?

Eu tinha um amigo que vendia coisas como ambu-lante. Ele se transformou no dono da Impecável Maré Mansa. Ele escrevia. Criou o programa A turma da Maré mansa e o patrocinou duran-te anos. O material mofou, então ele, num gesto de tris-teza, queimou tudo.

Trata-se de um filme fei-to sob encomenda?

Éramos poucos que escre-víamos para cinema. O Zé Trindade me pediu: “você faz um filme pra mim?” E eu fiz.

De Rua Larga o filme só tem o título. Por que não fo-ram feitas locações na Ave-nida Marechal Floriano?

O povo não respeitava, não tinha ainda essa cultura. Não era comum fazer loca-ções naquela época. A câme-ra era pesadíssima, não tinha steadicam (sistema em que a câmera é acoplada ao corpo do operador através de trilho, braço isoelástico e colete, permitindo estabilizar ima-gens captadas em movimen-

to). Era um tipo de cinema muito diferente de hoje.

Por qual motivo escolheu a Rua Larga como chama-riz para o filme?

Coloquei Rua Larga por-que era uma rua famosa, uma rua importante para a história do Rio de Janeiro.

Quantos filmes em estilo chanchada foram roteiriza-dos ou dirigidos por você?

Escrevi 12 filmes, 12 chan-chadas. Escrevia o que me pediam. Escrevi Alegria de viver, Sinfonia carioca e vá-

rios outros. As músicas eram todas de carnaval.

Você acompanhava o trabalho do humorista Zé Trindade?

O Zé Trindade não era um bom ator. Ele tinha uma voz engraçada e um tipo maravi-lhoso. Mas ele só funcionava quando falava. Já fazíamos bordões. A Zezé Macedo fa-zia quase todos os meus fil-mes, era o tipo caricato. Ela fez O homem do Sputnik. Ela, Violeta Ferraz e Nancy Vanderlei eram as grandes mulheres da chanchada na época. Os homens eram pou-

entrevistacos, basicamente Costinha, Oscarito e Zé Trindade.

Como se chamava o ca-melô que o inspirou a es-crever o filme?

Augusto Sampaio. Ele patrocinou o programa de rádio. Ele era muito bom. Es-crevia direito, o humor dele era bom. A turma da maré mansa eu fiz porque gostava muito dele, eu não precisava, graça a Deus. Agora, muita gente viveu da Maré Mansa, durante anos. Foi a tábua de salvação de muito comedian-te brasileiro. Eu pensei nele, mas não que eu tivesse feito o filme baseado nele.

De que maneira podemos ter acesso ao registro desses programas?

Ele queimou todas as fitas que estavam mofadas, por tristeza, porque achava que não tinha jeito. Se tivesse guardado, hoje teria como recuperar. Foi uma tristeza para o humor brasileiro.

Além do caso do Augusto Sampaio houve algum outro caso inspirador para o filme?

O Silvio Santos. A Rua Larga era uma rua de muito movimento, então era um bom lugar para camelô. O fil-

me não podia se chamar “O camelô da Praia do Flamen-go”. Tinha que ser um lugar por onde circulava muita gente. Nunca vi um camelô como o Silvio Santos. Ele era incrível, como é até hoje. Na época, fazíamos locução e ele já era insuperável.

Ouvi trechos do progra-

ma A turma da maré man-sa no Youtube. Gostaria de revisitá-lo?

Não vou ao Youtube. Acho que está errado pegar o tra-balho do cara e botar ali sem autorização.

Você ainda atua como incentivador de novos ta-lentos?

Sempre que posso estou no Teatro e levo novos humoris-tas, convidados, mas estou na geladeira da Globo. Faço um quadro no Zorra e olhe lá. Em 2001, eles tiraram a Escolinha do ar. Eles me pagam, reno-varam o meu contrato, mas... Ninguém sabe o que houve. E não volta. Nem eu faria mais. Ficou no ar por 49 anos e cin-co meses. Faltavam sete me-ses para completar 50 anos... Formou Costinha, Castrinho, Tom Cavalcante, Cláudia Ro-drigues, Heloísa Perissé, meu Deus, olha... Vamos mudar de assunto.

Voltando a Rua Larga... Você já frequentou a região em alguma época de sua vida?

Não frequentei muito, mas adoro a Rua Larga. Li anún-cios do “Dragão, a fera da Rua Larga” quando fui locu-tor. Conheci o casal que era o dono do estabelecimento. A loja Dragão da Rua Larga patrocinou alguns programas de rádio.

Tem alguma sugestão para o processo de revita-lização e resgate histórico e cultural da região?

Tem que botar o nome de Rua Larga de novo. Tirar Ma-rechal Floriano. Voltar para Rua Larga. Tem muito mais a ver. Que nem a Praça do Lar-go do Machado. Mudaram para Praça Duque de Caxias. Depois voltaram com Largo do Machado. Não ia pegar! Outra troca necessária: a Ci-dade da Música tinha que se chamar Tom Jobim e o aero-porto internacional, Roberto Marinho. Patrão igual a ele não existe.

O humorista participou do programa de rádio A Turma da Maré Mansa

abril de 2010

mariana florenzanomariflorenzano@hotmail.com

6folha da rua larga

Quem nunca mentiu atire a primeira pedraA revitalização começa a se desenhar

sacha leitesacha@folhadarualarga.com.br

opinião

Uma pesquisa feita por um grupo de cientistas do núcleo de Ciências Sociais da FAAB, em 2009, detec-tou que todos nós contamos mais de 100 mentiras por dia. Tendo isso em vista, somos obrigados a nos per-guntar: o que seria a verda-de em nossa vida, se a falta dela é algo constante, que se repete tantas vezes por dia? Será que vivemos num mundo de faz de contas como a maioria das crian-ças? Bom, isso não parece muito razoável.

Ao longo da vida, embar-camos em relacionamentos amorosos, construímos fa-mília, trabalhamos, incor-poramos grandes respon-sabilidades. Afinal, somos adultos e lidamos com a impiedosa verdade da vida. Será que alguém poderia vir me dizer que minha conta de luz é uma farsa, ou que a fatura do meu cartão de crédito é uma bela lorota, ou ainda que o possível rombo em minha conta corrente não passa

de uma historinha cretina e mentirosa?

Imagine um dia daque-les em que você acaba de saber que perdeu o namo-rado, o emprego está por um fio, a luz foi cortada, o filho caiu doente, e você entra no elevador e encon-tra seu vizinho de porta que sorri um bom-dia e lhe pergunta “como vai?”. Não vou nada bem, estou num péssimo dia, perdi o namo-rado, talvez perca também o emprego, meu filho me enlouquece adoecendo e meu vizinho faz o tipo sim-pático que acena e sorri, mas não sabe o meu nome. Como esse discurso pode-ria resultar em constrangi-mento, prefiro responder que sim, estou ótima e en-solarada como aquela ma-nhã de terça-feira.

Esse é só um pequeno exemplo de situação em que mentir parece inevi-tável. Se parássemos para pensar em outras cenas corriqueiras em que Pinó-quio não se acanha em dar

as caras, encontraríamos centenas de casos pareci-dos. Mas importante mes-mo é perceber que, por ne-cessidades diversas, todos nós nos vemos obrigados a mentir em algum momento, e em qualquer meio social.

A contradição reside no culto à moral e aos bons costumes. Julgamos a in-verdade algo terrível, con-denável e menor. A sinceri-dade sempre foi muito lou-vável e é o que se aprende desde cedo em qualquer lar minimamente ajusta-do. Por outro lado, é muito desconfortável aceitar que sejamos identificados pura e simplesmente como gran-des mentirosos no exercí-cio diário de sua falcatrua. Deveria haver algum tipo de classificação ou hierar-quia para essas mentiras. Por exemplo, para a men-tira de tipo 1, pena de re-clusão por tempo indeter-minado; para a mentira de tipo 2, condenação com a perda do emprego; para a mentira de tipo 3, privação

do namorado e dos fondues aos domingos; para a men-tira de tipo 4, condenação em se tornar um grande empresário; para a mentira de tipo 5, parabéns! Você será eleito o presidente da nação.

Parece sensato supor que cada um de nós tem sua maneira de equilibrar a ba-lança interna escolhendo ritmo e andamento de suas atitudes. O saldo pode ser negativo para alguns, mas, independentemente do que se faz ou diz, é bom lem-brar que verdades ou men-tiras podem ser legítimos recursos de sobrevivência, que cedo ou tarde virão bater à porta para cobrar as consequências. Aliás, a pesquisa desta coluna é ficcional, mentirosa e frau-dulenta. Uma fábula inven-tada apenas para promover esta reflexão.

Nilton Ramalho

A região começa a experi-mentar os esperados investi-mentos com vistas na reno-vação urbana. O projeto de fechar a Avenida Rio Branco para pedestres já se iniciou: agora existe uma empresa licitada trabalhando. Como ficará a organização do trân-sito e como a ação se refleti-rá nos costumes do carioca é o que nos cabe questionar. Além disso, o processo de instalação de uma UPP no centenário Morro da Provi-dência também já está defla-grado. Investir na segurança e reformular o espaço urba-no de maneira que ele volte a ter o brilho de outrora é o que propõem poder público e iniciativa privada nesse momento.

São muitas as polêmi-cas em torno do tema, mas é possível observar alguns casos interessantes: a expe-riência de Hoboken, trazida nesta edição pela entrevista com a produtora executiva do Instituto Cultural Cidade Viva, Francis Miszputen. A cidade norte-americana é um exemplo em que o espa-ço urbano foi melhorado, no entanto o aumento dos cus-tos não foi desproporcional à realidade dos habitantes da região.

Em abril, vivemos uma época de experiências cli-máticas complicadas. A Avenida Marechal Floriano alagou, sobretudo no trecho próximo aos Palácios Ita-maraty e Duque de Caxias. A seção Se essa rua fosse minha já recebeu uma série de sugestões de mudança no sistema de galerias pluviais, que seguidamente transbor-dam com as chuvas, inde-pendentemente da intensida-de do fenômeno climático.

Apesar das chuvas, a re-gião ficou animada com a apresentação do The Fevers, grupo de rock nacional for-mado na década de 1960 que se mantém até os dias de hoje. O show no teatro do Centro Cultural Light a

preço popular superlotou, provocando catarse em fãs, aposentados e fun-cionários em horário de almoço.

O jornalista André Luiz Mansur cedeu à seção Baú da Rua Larga o texto em que resgata a história da criação do Colégio Pedro II, que inicialmente abri-gava o Seminário de São Joaquim. O pesquisador levantou a história do lo-cal, que acolhia tanto ór-fãos, os quais pagavam o seminário com serviços, como o acompanhamento de enterros, participação no coro da Igreja, além de pedir esmolas nas ruas.

A ação de ordenamento urbano na região também foi acompanhada pela reportagem da Folha da Rua Larga. Os homens da Guarda Municipal dis-seram que, no primeiro dia de “choque de ordem”, nenhuma mercadoria foi apreendida. Segundo a equipe, comandada pela Secretaria Municipal de Segurança, o objetivo inicial é conscientizar a população e estimular li-beração das vias. Nessa linha, eles provocaram a saída de comerciantes de-sautorizados que vendiam churrasquinho em frente ao Largo de Santa Rita.

Prejudicados com a ação, Marcos e Lourdes, do ML Bar, decidiram procurar o Polo Empresa-rial Nova Rua Larga com o objetivo de se unir aos vizinhos comerciantes, em busca de uma solução co-mum, visando a melhoria das condições para todos. Esse é o espírito do asso-ciativismo que fortalece e constrói, que, fazemos votos, se materialize para o bem dos trabalhadores e frequentadores da região.

folha da rua largaabril de 2010

empresa

Governador de Sergipe afirma: todo brasileiro deveria conhecer uma indústria nuclear

7

carolina calvente ribeirocarola@eletronuclear.gov.br

Divulgação

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, visita a Central Nuclear Almirante Álvaro Barreto

O presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, guia Marcelo Déda, em Angra dos Reis

Uma comitiva sergipana, liderada pelo governador Marcelo Déda e compos-ta por quatro secretários de estado, seis deputados, dois reitores, três prefeitos, o presidente da Assembleia Legislativa, o ouvidor geral, o chefe do Gabinete Militar e diversos empresários, visi-tou a Central Nuclear Almi-rante Álvaro Alberto, no dia 5 de março.

A Secretaria do Desen-volvimento Econômico, da Ciência e Tecnologia e do Turismo de Sergipe, já havia manifestado apoio em docu-mento enviado à presidência da Eletronuclear. A institui-ção argumentava que “Sergi-pe apresenta todos os requisi-tos básicos necessários à ins-talação de empreendimentos desse porte”. O governador também comunicou ao pre-

Por que o governador resolveu trazer a cúpu-la do governo de Sergipe para visitar a Central Nu-clear?

Sergipe tem interesse em sediar a central nuclear nordestina. Viemos conhe-cer uma usina nuclear em funcionamento, para saber de todas as implicações de um empreendimento como esse. Para ver as normas de segurança, regras de prote-ção ambiental, importância da empresa com as comuni-dades do entorno da região, enfim, para ter uma noção objetiva do significado de um projeto desse porte no estado de Sergipe, ou em qualquer outro estado nor-destino.

Saio daqui convencido de que deveremos dispu-tar, junto com os demais colegas dos outros esta-dos, a localização dessa usina. Claro que não será uma briga ou uma guer-

ra entre os estados. Além de produzir energia para o desenvolvimento do país, essa central vai produzir uma alavancagem nas con-dições sociais da região. E o estado de Sergipe é um estado pobre, mas um es-tado que reúne condições técnicas, ali no eixo do Rio São Francisco, se afirman-do como produtor de ener-gia, com uma boa infraes-trutura no ponto de vista da distribuição dos cabos das redes de transmissão. Acho que, além disso, temos uma comunidade preparada pra incorporar em sua vida econômica, e na vida coti-diana, um empreendimento desse porte.

O que foi visto?

O que assistimos aqui em Angra é que a presença da usina nuclear significou um imenso nível de investimen-to de infraestrutura. São ro-dovias, investimentos em

segurança, em defesa ci-vil, em estradas, hospitais, meio ambiente, preserva-ção ambiental, saneamento, investimentos em uma série de outras áreas que são ne-cessárias no suporte.

Terminamos a visita aprendendo muito e esse aprendizado derrubou vá-rios mitos que, ao longo do tempo, criamos sobre a energia nuclear. Aqui, tes-temunhamos, em primeiro lugar, com muito orgulho, uma tecnologia que tem grande parte dela como fru-to da pesquisa nacional. E, em segundo lugar, a ques-tão da água. A água do São Francisco não será apro-priada. Ela entrará na usina e voltará sem nenhum tipo de poluição. Simplesmente será utilizada e devolvida sem agregar poluentes.

Fiquei muito satisfeito com o que vi. Primeiro, como brasileiro, se todos pudessem fazer uma visita como essa, a autoestima do

Brasil subiria ainda mais. O que testemunhamos foi uma planta industrial de produ-ção de energia com a mais alta tecnologia.

Como o secretário de Meio Ambiente, Genival Nunes Silva, vê a questão ambiental?

Entendemos que é uma energia limpa, no entan-to, é necessário se fazer uma avaliação sobre o ponto de vista do licen-ciamento: onde a central nuclear vai se estabele-cer, o que vai estar no seu entorno, que tipo de am-biente vai ser escolhido. Aquela história de que a usina, a priori, é um dano, não existe. Não se pode ter essa visão, não se pode radicalizar com conceitos de 20, 30 anos atrás. O conceito deve ser racional, de uma ana-lise técnica na área am-biental.

sidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o inte-resse do estado em sediar a primeira central nuclear do Nordeste.

Além do governador Marcelo Déda,

estavam na comitiva: • Os secretários Jorge San-tana de Oliveira (Desenvol-vimento Econômico e da Ciência e Tecnologia); José de Oliveira Júnior (chefe da Casa Civil); Genival Nunes Silva (Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos); e Car-los Roberto da Silva (Co-municação)• O deputado Ulices de Andrade Filho, presidente da Assembleia Legislativa estadual; os deputados es-taduais Rogério Carvalho Santos; Maria da Concei-ção Vieira; Luiz Garibaldo Rabelo de Mendonça; e

Qual seria o ponto de vista do secretário-chefe da Casa Civil, José de Oliveira Júnior, sobre a interação com a comuni-dade?

Além dos inúmeros fa-tores de ordem econômica, ambiental, geológica que tem que ser analisados, uma coisa importante para a po-pulação local é a capacida-de desse empreendimento de interagir com a indústria que já esta instalada em Sergipe. Isso é muito positi-vo, é animador, a instalação das usinas nucleares per-mite que os fornecedores de insumos, enfim, aquela economia que já está ins-talada naquela região, pos-sa se tornar eventualmente fornecedora tanto para o dia a dia da operação das usinas como, sobretudo, da mão de obra capacitada. Como foi destacado pelo presidente da Eletronuclear, antes mes-mo de uma usina funcionar

deve se pensar em escolas técnicas que qualifiquem a mão de obra.

Como o governador de Sergipe vê o necessário debate com a sociedade?

Nós trouxemos aqui a

comunidade acadêmica, jornalistas de todos os ve-ículos da capital, prefeitos da região, onde, teorica-mente, a usina poderá vir a ser instalada, temos auto-ridades de meio ambiente, parlamentares integrantes da Assembleia Legislativa, fundamentais nessa discus-são. Portanto, essa visita já é um capítulo desse debate que trabalhamos com a so-ciedade. Mas, até lá, é fun-damental que o governo do estado aja para manifestar e expressar o seu interesse.

Arnaldo Bispo de Lima; e os deputados federais Albano Franco (PSDB); Eduardo Alves do Amo-rim; e José Iran Barbosa Filho (PT).• Os prefeitos Orlando Por-to de Andrade (Canindé do São João); Ivan Santos Leite (Estância); e Ricardo José Silva Cruz (Santana do São Francisco).• Os reitores Jouberto Uchoa de Mendonça Jr (UNIT); e Josué Modesto dos Passos Subrinho (UFS).• O ouvidor geral do estado, Luiz Eduardo Costa; o che-fe do Gabinete Militar, Car-los Augusto de Lima Bispo; e o presidente da Energisa, Eduardo Mantonvani.• Os empresários Luiz Eduardo Magalhães; e Antônio Fernando Pereira Carvalho.

entrevista

abril de 2010

cultura

Colecionador de fragmentos do Rio AntigoAlberto Cohen abre sua coleção de imagens raras que retratam o estilo carioca ao longo do tempo

8folha da rua larga

Sacha Leite

Praça dos Estivadores

Alberto Cohen mostra imagens antigas da Rua Larga, Saúde, Gamboa e Santo Cristo

Autor de livros como Rio de Janeiro ontem e hoje, O cotidiano do Rio de Janeiro no início do século XX e A elite cario-ca e os fatos mundanos no Rio de Janeiro 1920 - 1945, Alberto Cohen re-vela a Folha da Rua Lar-ga a sua grande coleção de imagens do Rio Antigo. Ele dispõe de, aproxima-damente, 300 fotografias e 3500 postais do Rio de Janeiro até 1940. Cohen não só resgatou o leilão de livros, papéis e afins, como também introduziu o leilão virtual no Brasil.

Carioca, nascido na Lapa e engenheiro de for-mação, Alberto Cohen en-carou como missão reim-pulsionar os leilões de impressos – livros, pos-tais, fotografias, gravu-ras, aquarelas e guaches, que costumavam ser pra-ticados até 1940. “Isso fez tanto sucesso que, hoje em dia, tem três leilões inspirados no AA Cohen Colecionáveis”, aponta o escritor e pesquisador.

Confetes imperiais e inédito de Drummond

Certa vez, faturou R$ 50 mil ao leiloar um ma-nuscrito inédito de Carlos Drummond de Andrade: “A imprensa caiu toda em cima de mim por conta des-se livro de poesias, que não tinha sido publicado em lugar nenhum. Valeu uma matéria de capa do caderno de cultura do Globo”.

Alberto Cohen se sente animado com os objetos que conseguiu garimpar. Além da obra inédita de Drummond, Cohen che-gou a leiloar confetes do último baile do Império. “Naquela época, eram bolinhas de algodão co-loridas e perfumadas”, explica Cohen. O projeto de um arquiteto francês para mudança de trânsito

feitura participava da se-guinte forma: um funcio-nário ia lá, identificava os produtos de interesse e a prefeitura reservava por telefone”, conta.

Cohen recorda que o dono da livraria que abri-gou seu leilão por muitos anos foi Joaquim Monteiro de Carvalho, o “baby”, um amante dos livros: “Eu me considerava um bibliófilo, mas desenvolvi uma aler-gia a papel, comecei a abrir os livros com máscara e equipamentos especializa-dos”, lamenta. O colecio-nador passou, desde então, a vender grande parte de sua biblioteca: “Mantive somente os livros sobre o Rio de Janeiro. Os títulos de arte, literatura, gravu-ra, fui me desfazendo aos poucos”.

A respeito da Avenida Marechal Floriano, Cohen percebe um declínio do ponto de vista comercial: “Até 1970, existia o Dra-gão, a fera da Rua Larga. Concentrou o Itamaraty, que foi projetado para festas e só tem salões, não tem aposentos. Tem a Li-ght, que tem a sua impor-tância simbólica”.

O escritor e engenheiro lembrou também do Colé-gio Pedro II, que, segundo ele, foi referência para o ensino em todo o Brasil: “Quase todos os livros de ensino da época eram fei-tos pelos professores do CPII da Rua Larga, que era uma forte referência da Educação nacional”. Cohen lembra também de outro monumento da rua: a Igreja de Santa Rita, que era conhecida como mila-grosa.

Rua Larga: mar de gente de um lado para

o outro

De acordo com a análi-se de Cohen, a Rua Lar-ga teve a sua importância

no governo Getúlio Var-gas também passou pelo evento do escritor: “Era um leilão muito badalado, muito lúdico”, se orgulha Alberto.

Ele conta que tinha o hábito de comprar pelo portal eletrônico E-Bay. Um dia resolveu fazer o próprio leilão de cole-cionáveis pela internet e o manteve entre 2000 e 2003. Depois disso, o site francês E-Bazar teria compado o AA Cohen Co-lecionáveis.

Quando questionado se o poder público costuma-va frequentar seus leilões, para alimentar museus e centros de memória, ele esclareceu que a presença não era oficial. “A pre-

Divulgação

9abril de 2010 folha da rua larga

cultura

Divulgação

sacha leite

sacha@folhadarualarga.com.br

comercial reduzida com a abertura da Avenida Presidente Vargas, assim como a Rua do Ouvidor teria perdido o seu status quo com a inauguração da Avenida Rio Branco. Ele lamenta que hoje não se possa ver muitas árvores, além de não ter ocorrido uma manutenção correta das luminárias tipo Rio Antigo na região: “Fora do país, eles mantêm as coisas de época, origi-nais. Temos que fazer o mesmo”, reivindica.

Outro aspecto levantado por Cohen é relativo à fia-ção da Avenida Marechal Floriano: “Tem que colo-car subterrânea. Deixar de ser aérea já vai deixar de poluir e melhorar o as-pecto”, sugere. Ele lem-bra que, pela antiga Rua Larga, circulavam diver-sas linhas de bonde que vinham até o Arsenal de Marinha e atravessavam a Avenida Passos.

Questionado sobre um possível retorno ao nome Rua Larga, ele opina: “O que é importante é que a população segure essa bandeira. Não pode ser uma imposição e eu acho improvável que os mais novos tenham esse dese-jo, por não terem ideia do que a Rua Larga significou para a vida das pessoas”.

Alberto Cohen se lem-bra da Rua Larga como acesso natural para a Cen-tral do Brasil. Portanto, comportava, no passado, e abriga até hoje um trân-sito enorme de pedestres: “Era um mundo de gente, um mar de gente de um lado para o outro. To-dos caminhavam na Rua Larga para a Central do Brasil”. Além disso, Co-hen lembra que, quando se desejava comprar algo diferente, era necessário vir ao Centro e, necessa-riamente, passar pela Rua Larga.

Coleção de postais

A partir da observa-ção do próprio acervo, Alberto Cohen decidiu organizar um livro com-parando cartões pos-tais. “Na publicação, há fotografias da antiga Mesbla e outras coisas que não existem mais”, define ele.

O escritor afirma que a pesquisa que mais lhe deu prazer foi Ouvidor, a rua do Rio. “Como já tinha muito material nas mãos, fui fundo no tema. O Rio de Janei-ro foi capital da Re-pública, tudo passava por aqui. O imperador D. Pedro I tinha uma amante na Rua do Ouvi-dor e foi um importante ponto para o movimento abolicionista”, sintetiza Cohen.

Ele descobriu em sua pesquisa que a primei-ra rua a ser calçada no Rio de Janeiro foi a Rua do Ouvidor, com pé de moleque. Muitos anos depois trocaram o piso para paralelepípedo.

Quando questionado sobre uma imagem re-presentativa da mudan-

ça de costumes cariocas ao longo do tempo, Al-berto Cohen descreve uma fotografia incluída no livro O cotidiano do Rio de Janeiro no início do século XX, que mos-tra a cena de um rapaz sendo conduzido por uma viatura puxada a cavalo, por ter bolina-do uma mulher. Assim como outros grandes pesquisadores do tema, Cohen considera Au-gusto Malta, Juan Gu-tierrez e Marc Ferrez os grandes fotógrafos do Rio Antigo.

O amante da cultura esclarece que as foto-grafias e postais não o interessam mais quando passam a ser coloridos, devido ao fato de serem muito recentes, e diz que guarda raridades e ícones expressivos, como o postal que in-dica a abertura da Rua Acre e o retrato da Igre-ja de São Joaquim sen-do demolida.

Divulgação

Divulgação

Divulgação

Vista aérea do Rio de Janeiro

Rua do Sacramento, hoje Avenida Passos

Um trecho da Rua Camerino

Morro do Livramento

Rua Acre com Rua Larga

abril de 2010

social

Francis Miszputen traz o caso de Hoboken, cidade-dormitório de Nova York

Revitalização é fenômeno social das cidades contemporâneas

10folha da rua larga

sacha leitesacha@folhadarualarga.com.br

Erica Miszputen Erica Miszputen

A menina dos olhos da revitalização nos Estados Unidos é Hoboken, peque-na cidade de 2,5 km², a 15 minutos de metrô do centro de Manhattan, Nova York. A produtora executiva Francis Miszputen, do Ins-tituto Cultural Cidade Viva (ICCV), visitou a cidade e traçou alguns paralelos com a região da Rua Larga no quesito evolução urbana.

De acordo com ela, Ho-boken, situada em New Jer-sey, sofreu um processo de revitalização, iniciado em 1970, e conseguiu manter suas construções históricas, seus sobrados e acrescentar novos prédios, de forma compatível com a arquite-tura original. A produtora cultural acompanhou por um mês esse exemplo de revitalização, que não cos-tuma ser citado no Brasil.

Francis observou seme-lhanças entre Hoboken e a região da Rua Larga no que se refere ao tipo de co-mércio: “Você tem casas de material de construção, res-taurantes de todos os tipos,

Hoboken, cidade natal de Frank Sinatra• Em meados de 1800, Hoboken foi palco do primeiro jogo organizado de baseball.

• Enquanto a cidade se aproximava da virada do século, tornava-se um polo industrial de navegação e transporte, com ênfase na construção naval.

• Empresas como Lipton Tea surgiram no local.

• Em 1980, um grupo de artistas, seguido por jovens profissionais, começou a descobrir Hoboken. Tratava-se de uma alternativa barata a Manhattan. Lá, os artesãos podiam encontrar opções de aluguel menores que R$ 200 por mês. • Os investidores começaram a se interessar.

• Depois de anos de mudanças difíceis e lutas provocadas pelo aumento dos custos e reajustes de taxas, a cidade se tornou a menina dos olhos da revitalização urbana mundial.

• No último 6 de abril, a cidade completou 155 anos de fundação

• O filho favorito de Hoboken, Frank Sinatra, nasceu em 12 de dezembro de 1915, na Monroe Street, nº 415. Filho de imigrantes italianos, ele começou a vida como garçom, mas, com 20 anos, já estava realizando o sonho de ser artista após conhecer seu mentor, Bing Crosby.

• O píer, o Sinatra Park e o Terminal Ferroviário de Hoboken foram redesenhados e adaptados.

• O local sempre foi frequentado por estivadores, banqueiros, advogados, programadores de computador e trabalhadores, em geral, que iam jogar frisbee com suas famílias.

enfim, é um comércio mui-to variado”. Além disso, ela notou outra forte identidade entre a cidade-dormitório e os arredores da Avenida Marechal Floriano: a coe-xistência do antigo com o novo. “Vi supermercados tradicionais convivendo com delicatessens ultra-

modernas e sofisticadas”, conta.

“Visite Hoboken. To-dos falam do Soho como exemplo, mas Hoboken a gente sente que é algo fei-to pela comunidade. O que faz a diferença nesse caso é o trabalho comunitá-rio”, garante ela. Segundo

a produtora e professora universitária, o ponto alto do caso de Hoboken está na ocupação do território pela moradia. A experiên-cia mostra que esse tipo de investimento costuma gerar um alto nível de en-volvimento e cuidado com o entorno.

Respeito aos direitos humanos no que con-

cerne aos antigos mora-dores

A pesquisadora Myriam Axel-Lute disponibili-zou na internet o texto Tales of three cities, em que analisa os processos de revitalização em mais duas cidades além de Ho-boken: Newark e New Brunswick. Ela conversou com ativistas e moradores das três regiões dos EUA, que sofreram processos de enobrecimento urba-no. Segundo ela, o mais complicado é a situação dos moradores de baixa renda, que dificilmente conseguem permanecer no lugar revitalizado.

De acordo com Myriam, essa tendência de evacua-ção dos moradores antigos poderia ser contornada com investimentos no sis-tema escolar e em toda a estrutura de serviços bási-cos e gratuitos para a po-pulação. Conforme a tese da pesquisadora Axel-Lu-te, após a revitalização, a opinião da maioria dos

moradores é a de que o processo tornou a cidade mais bonita e atraente, no entanto, os serviços bási-cos, como saúde e educa-ção, não melhoraram.

Nesse aspecto da par-ticipação governamen-tal, Francis Miszputen acredita que, no caso da revitalização da re-gião da Rua Larga, Zona Portuária e Centro do Rio, deveria se ter como prioridade o investimen-to em segurança e o fi-nanciamento de unidades habitacionais populares. Segundo a estimativa de Francis, a revitalização da Rua Larga e adjacên-cias seria proporcional-mente menos custosa do que a de Hoboken. Base-ando-se na criação de uni-dades familiares, geraria-se um fluxo de pessoas para a região e, consequentemen-te, aumentaria-se a área residencial nesse perímetro urbano.

Casarios revitalizados na cidade de Hoboken, em New Jersey Francis Miszputen em frente ao Rio Hudson e ao fundo, Nova York

folha da rua largaabril de 2010

dicas da regiãoEscolha o seu chapéu

fabíola buzimfabiolabuzim@gmail.com

da redação

O antigo hábito de usar o acessório é cultivado por três lojas da região

11

Rua LargaRua Larga

comércio

Sacha Leite

O vendedor Glécio Nepomuceno e três chapéus dos mais pedidos

“Um dia entre a memó-ria e o esquecimento, colhi aquele chapéu envelhecido, soltei o pó antigo entregue ao vento lembrando aquele sorriso prometido. As abas tinham vincos mal traçados, marcados pelas penas resse-quidas. As curvas eram res-tos enfeitados de um corte de paixões então vividas.”

No poema Memórias de um chapéu, a escritora portu-guesa Aldina Duarte fala so-bre um velho chapéu encon-trado na rua e passa a ima-ginar toda a história que en-volve aquele objeto: a moça que o usou, seus sentimentos e segredos escondidos. De certa forma, as pessoas que usam chapéus exercem certo fascínio e chamam atenção de quem passa. Atualmente, eles voltaram à moda e estão, literalmente, fazendo a cabe-ça de algumas pessoas.

Onde encontrar? Como são os modelos? Qual é o ideal para o seu tipo? Na re-gião da Rua Larga, no Cen-tro do Rio, por exemplo, é possível encontrar três tradi-cionais chapelarias: a Esme-ralda, Porto e Alberto. Todas com mais de 100 anos de funcionamento, bons preços e serviços, diversos modelos e com muitas histórias sobre seus donos e clientes.

Herança, tradição e amor

A atual proprietária da Chapelaria Esmeralda, Christiane Simões Faria, de 31 anos, herdou a loja do seu pai, Nuno Simões Faria. Ela é cirurgiã-dentista e, apesar de exercer outra profissão, não abre mão do negócio que existe há 107 anos. Para ela, é uma grande paixão e respon-sabilidade, pois a chapelaria é considerada “um sonho da família”. “Para atuar nesse ramo é preciso muito gosto e dedicação”, explica.

No início, eles ofereciam outros produtos, como arti-gos para cama, mesa, banho e sapatos. Atualmente, a pro-prietária optou por trabalhar

Está difícil encontrar roupas nos tamanhos especiais GG e GGG? A DSBH Confecções oferece um tratamento personalizado e é especializada em roupas de tamanhos grandes. Lá você também encontra grandes promoções, como camisas sociais a R$ 39,90, calças jeans a R$ 54,90 e a camisa da seleção brasileira de futebol (malha e algodão) no valor de R$ 29,90. Vá e confira! Rua da Alfândega, 178, Centro.

Quer comer bem e ainda economizar? O Big Ling Lanchonete e Restaurante serve uma variedade de pratos, lanches, pizzas, salgados e pastéis. E tudo é muito gostoso, fresquinho e com um preço bacana. Por exemplo, o yakisoba de carne ou frango (porção grande) sai por apenas R$ 10. As pizzas saem por R$ 7, a pequena, R$ 12, a média, e a grande por R$ 15. Os pastéis são vendidos por R$ 2,30 (comum) ou R$ 2,50 (chinês). O Big Ling fica na Rua Uruguaiana, 166, próximo à estação de metrô Uruguaiana.

A calça precisa de um ajuste e você não sabe fazer uma bainha? Quer copiar o modelo de um vestido? Na Estação Costura você encontra uma variedade de serviços, como consertos de roupa, tingimento, lavanderia e costuras em geral. Os preços são variados: bainhas a partir de R$ 18, o cerzido oscila de R$ 16 a R$ 20 e os ajustes a partir de R$ 22. Se levar acima de cinco peças recebe um bom desconto. A

somente com chapéus, ofere-cendo uma maior variedade e qualidade.

Outro exemplo é a Chape-laria Porto, com 130 anos de existência. O tio avô do sr. Almir Romão Damásio, de 70 anos, atual proprietário, foi quem abriu a loja no Bra-sil em 1880. Logo depois, seu pai, Moisés Romão Da-másio, assumiu o negócio. Ele era português e morava na cidade de São João de Medeiros, conhecida como “cidade dos chapéus”, e, de certa forma, ele foi influen-ciado pela tradição da cidade natal. O proprietário cumpre a tradição e em breve estará passando a gerência da loja para filha e neta.

Para Carlos Eduardo Fade, de 63 anos, sócio da Chape-laria Alberto, a experiência não foi diferente. “Eu tinha 12 anos de idade quando meu pai me mandou traba-lhar. Não tive outra opção e estou aqui desde então”, brinca. Ele já é aposentado, mas continua trabalhando e cumprindo a ordem do pai.

Além dele, trabalha o irmão Luis Eduardo Fedel.

Mais do que moda

De acordo com Christiane Simões Faria, proprietária da Chapelaria Esmeralda, o chapéu compõe o visual, e dá charme, no entanto não é só mais uma questão de moda, mas também de necessidade. “É muito comum as pesso-as procurarem chapéus para proteger o rosto e a cabeça, principalmente, depois de uma cirurgia ou na praia”, conta.

Já Carlos Eduardo defende que o acessório não é esco-lhido apenas por pessoas ido-sas, como muitos pensam. Ele explicou que a clientela é diversa. “Vem gente de to-das as idades, e é um público diversificado. A moda agora é o modelo Panamá. Até as mulheres aderiram”, afirma.

E são muitos os modelos de chapéus: abas curtas, lon-gas, modelo de palha, risca de giz, feltro, lã, xadrez, tipo moderninho, caubói, malan-

dro. Para o Sr. Almir, o im-portante é estar atualizado. “Temos muita variedade e se o cliente pedir, nós criamos também”, acrescenta.

Clientela assídua

As vendas são grandes no Natal, Carnaval e durante o inverno. Mas, nos períodos em que o acessório não está em alta, as vendas são garan-tidas para clientes antigos, como é o caso de muitos artistas, políticos, cantores, além de artistas de cinema e TV.

De acordo com o sr. Almir Romão Damásio, proprie-tário da Chapelaria Porto, o fato de um artista adotar um determinado modelo era suficiente para alavancar as vendas. Ele citou o caso do sambista Zé Kéti. Na dé-cada de 1930, o músico se encantou por um modelo criado pelo pai de Almir, o sr. Moisés Romão, e passou a usar o modelo. Em pouco tempo, muitos sambistas e malandros da época aderiram à moda. O modelo do chapéu ganhou o nome do músico e até hoje é conhecido como “chapéu Zé Kéti”.

O ator Antônio Pitanga é um fiel cliente da Chapela-ria Alberto. De acordo com Carlos Eduardo, ele é um cliente antigo da chapelaria e compra na casa há mais de 20 anos. “O seu modelo pre-ferido é o Panamá”, diz.

Para Christiane Simões, a cultura de usar chapéu ultra-passa a questão econômica e social. “Recebemos pessoas de vários níveis, desde aque-le que conta o dinheiro para comprar até aquele que esta-ciona o carrão na porta da loja e vai escolhendo seus mode-los preferidos”. Ela acredita que, independente de classe social ou moda, o importante é a pessoa se sentir bem com o acessório.

Por dentro dos preços:

• Panamá (feminino ou mas-culino) – a partir de R$ 80

• Boné Sandoná (italiano e português) – R$ 20

• Ramezoni 3X – R$ 230

• PL04 (Cury) – R$ 115

• Indiana Jones – R$ 120

Onde encontrar:

• Chapelaria Alberto – Rua Miguel Couto, 29. Fone: 2242-3555• Chapelaria Porto – Rua Se-nador Pompeu, 114. Fone: 2253-9605• Chapelaria Esmeralda – Av. Marechal Floriano, 32. Fone: 2253-8100

Estação Costura fica na estação de metrô Uruguaiana e funciona de segunda a sexta, das 8h às 18h. Na internet: www.es tacaocos tura .com.br

Vai abrir o seu próprio negócio e montar um salão de beleza? Na loja Show Room Cabeleireiros você encontra diversos produtos utilizados pelos profissionais de beleza: escovas, shampoos, materiais para fazer unhas. Os preços variam e tem muitas promoções. O kit Sfera (shampoo, condicionado e creme de massagem) sai por R$ 25,65. O condicionador da marca Oxyless sai a R$ 6. Levando três frascos você paga apenas R$ 10. O esmalte Risqué custa R$ 1,50, o algodão (25 g) sai por apenas R$ 1,10, a acetona (½ litro) por R$ 6,30, lixa de unha a R$ 0,12, a unidade. Vá lá e confira: Rua Alexandre Mackenzie, 21, loja 01, Centro.

Sabe onde encontrar um self-service por apenas R$ 16,50, o quilo? No Restaurante Delícia Milenar você paga esse preço até às 14h. Depois disso, o valor baixa para R$ 14,50. Se for almoçar mais tarde paga mais barato! O bufê é variado: pratos quentes e frios, carnes, frangos, peixes, saladas e folhas, além de gostosas sobremesas. O restaurante fica na Rua Buenos Aires, 104-A, Centro, próximo ao metrô Uruguaiana.

abril de 2010

cidade

Hora da ProvidênciaO ponto de vista de um morador sobre a criação de uma UPP no Morro da Providência

12folha da rua larga

Sacha Leite

“De que adianta

pagar um segurança e ter carro blindado? Uma hora

você vai ter que abrir o carro, parar

no sinal”Maurício Hora

sacha leitesacha@folhadarualarga.com.br

Um grupo formado por 150 homens do Batalhão de Operações Policiais Es-peciais (Bope) e 100 solda-dos da Polícia Militar, cujo norte está em preparar o Morro da Providência para a instalação de uma Unida-de de Polícia Pacificadora, iniciou os trabalhos no dia 22 de março. Com rela-ção à ocupação, Maurício Hora, nascido e criado na comunidade, é categórico: “Vejo essa ação como uma oportunidade de segurança para quem vive no asfal-to”. O fotógrafo teve seu trabalho muito difundido em 2009, ano da França no Brasil, quando expôs, em alguns pontos-chave da ci-dade, suas fotografias, tra-balhando em parceria com o fotógrafo francês J. R.

Segundo Maurício Hora, a maioria dos moradores acha a entravada da UPP interessante pelo fim dos tiroteios, mas não pela presença da polícia. O ar-tista estima que talvez em 10 anos essa imagem possa vir a mudar, dependendo da ação da polícia hoje.

“Li uma nota no Globo dizendo que três mil famí-lias seriam removidas do Morro da Providência. O detalhe é que três mil casas significam o morro intei-ro”, preocupa-se o morador. Maurício Hora já realizou exposições de sua obra fora do país e experimenta, atu-almente, o reconhecimento de seu trabalho artístico: “Já saí do morro, mas en-tendi que eu precisava ficar. Se posso transformar de al-guma forma essa realidade, preciso estar por perto, ver o que está acontecendo e me pronunciar.

Quando questionado so-bre o nível de violência no dia a dia do morro, Mau-rício afirma que a polícia ainda não é uma categoria confiável para a maioria dos habitantes da Providência: “Já tínhamos um grupo da

polícia instalado, o Grupa-mento de Policiamento em Áreas Específicas (Gpae), grupo da polícia que, em dois anos, já matou entre 43 e 46 pessoas. O problema é que os policiais desse grupo alegam que a morte foi em combate e por isso não há processo criminal. São os chamados autos de resistên-cia”, denuncia Maurício.

O artista visual conta que, na Páscoa, o Bope ofereceu peixe e bombom aos mora-dores: “O tráfico sempre fez isso. Agora, o tráfico nunca coagiu ninguém. O exército ocupou o Morro da Provi-dência por duas vezes, com mais de mil homens. Eles forjaram um tiroteio, saíram atirando aleatoriamente em caixas d’água e inocentes”, indigna-se Maurício.

No entanto, de acordo com o fotógrafo, morro ocupado não é lucrativo para os poli-ciais, já que, segundo ele, a maioria ganha um ordenado extra com a corrupção. A instalação de UPPs impede esse processo, já que insere novos grupos de policiais, desacostumados com essa realidade. “Muitos policiais estão se afastando. E isso é bom. Afinal, de que adian-ta pagar um segurança e ter carro blindado? Uma hora você vai ter que abrir o car-ro, parar no sinal... É me-lhor cortar o mal pela raiz”, diz Maurício.

Apesar de atuar no social, Maurício Hora não partici-pa da associação de mora-dores: “Atuo no social, mas nunca quis me envolver com a política social oficial do Morro da Providência, como a associação de mora-dores. Prefiro manter a mi-nha independência e atuar através do instrumento que acredito: a arte”.

Maurício observou difi-culdades da parte dos mora-dores em identificar a lide-rança na comunidade: “Tive uma reunião com o coronel do Bope. Ele se diz respon-

sável pela operação, mas, na realidade, lá estão o Ba-talhão de Choque, o Bope e a Polícia Civil. Então a comunidade fica na dúvida: quem manda agora?”.

No entanto, é o quesi-to segurança pessoal que mais assusta Maurício e os demais moradores do local: “As drogas e ar-mas não são fabricadas no morro. Os traficantes estão saindo dos morros pacificados e indo para o subúrbio. O pessoal do Bope está arrombando as casas e deixando as por-tas abertas. Já o tráfico não revistava nem arrom-bava a casa de ninguém”, compara.

Ele acredita que se a po-lícia mantiver o processo e, ocorrendo tudo bem, em dez anos a imagem da categoria será perce-bida de outra forma: “A cultura da favela é muito antiga. Transformar esse processo de uma hora para a outra é muito difí-

cil. Nunca houve policia-mento decente no morro. Acho impro-vável que a polícia con-siga fazer o controle que o tráfico fa-zia: atuar so-bre as brigas na favela, sobretudo as familiares”, preconiza.

M a u r í c i o afirma que a Polícia Ci-vil deveria estar legiti-mando o ci-dadão, e diz que gostaria de saber do d e l e g a d o quais são os direitos dos m o r a d o r e s ao longo desse processo de aplicação da UPP: “A comunidade precisa sa-ber a quem recorrer. Fui informado de que não es-

tamos em estado de sítio, mas às vezes é o que pa-

rece. Alguns m o r a d o r e s já receberam ameaças de madrugada”.

O fotógra-fo adquiriu uma casa no Morro da Providência com o colega J. R., batiza-da de Casa Amarela. O lugar sedia-rá a Favelar-te, entidade criada por M a u r í c i o : “Trata-se de uma casa de cultura den-tro do mor-ro, que está r e c e b e n d o

o primeiro cineclube da Providência, além de um núcleo de pesquisa que pre-tendemos levar para diver-sas outras comunidades”.

Secretaria de Segurança prevê 15 UPPs até o final

de 2010

O secretário de Seguran-ça Pública do Rio de Janei-ro, José Mariano Beltrame, anunciou que mais nove Unidades de Polícia Paci-ficadora (UPP) serão insta-ladas na cidade até o final de 2010. De acordo com o secretário, as comunidades que serão ocupadas estão localizadas no Centro e na Zona Norte do Rio: “A ocu-pação dessas áreas já está planejada e a previsão é de inaugurar nove UPPs até dezembro”, garantiu Bel-trame.

Para o secretário de Se-gurança, a prometida ocu-pação de morros da Tijuca irá acontecer em breve: “A cidade se prepara para a re-vitalização do Porto. Não podemos ter aquela área sem a polícia pacificadora. A ocupação dessa região estava planejada. Já pensá-vamos na revitalização do Centro do Rio e, principal-mente, da Central do Brasil. Por ali passam diariamente cerca de 600 mil pessoas”, informou. “A Tijuca vai ser ocupada conforme prome-tido. Não houve nenhum desvio de planejamento”, completou o secretário.

Com as novas ocupações, o Rio irá obter, no total, 15 UPPs. Atualmente, contam com a polícia pacificado-ra as favelas Dona Marta, Jardim Batam, Cidade de Deus, Chapéu Mangueira-Babilônia, Cantagalo-Pa-vão Pavãozinho e Ladeira dos Tabarajaras. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, as 15 UPPs utilizarão um efetivo de 3.850 policiais e irão be-neficiar a vida de aproxima-damente 210 mil moradores de 59 comunidades.

O fotógrafo Maurício Hora em frente à exposição da sua obra, no Centro Cultural Ação da Cidadania

abril de 2010

morro da conceição Ordenamento urbano restringe churrasquinho

da redaçãoredacao@folhadarualarga.com.br

teresa speridiãoteresa.speridiao@gmail.com

Guarda Municipal dá início à operação de controle urbano na região da Rua Larga

folha da rua larga

13cidade

Sacha Leite

Quatro dos seis homens da Guarda Municipal que fizeram parte da primeira operação de ordem na região da Rua Larga

Dona Glória protetora da igreja

Uma Glória no Morro da Conceição

A tradição religiosa do Morro da Conceição vem de longa data. A primeira igreja foi cons-truída em 1590 e deu o nome ao Morro. De lá para cá, muitas mulheres importantes fizeram his-tória nesse bairro. Dona Glória Barbosa Scherer é uma delas.

Simpática, sorridente e com um olhar aristocrá-tico, dona Glória é casa-da com o senhor Ernani Pinto Scherer, militar da fortaleza do Morro da Conceição.

Com um português im-pecável, ela conta que é formada em Letras e conserva o hábito da leitura. Dedica sua vida à família e também à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que fica a apenas 30 metros de sua residência.

Dona Glória, filha de portugueses, veio para o

Morro da Conceição com apenas três anos de ida-de. Sua família era bas-tante religiosa e sua mãe dedicou uma vida à igre-ja. Quando ela faleceu, aos 87 anos, a igreja foi, por algum tempo, admi-nistrada pelo senhor Mo-acir, mas a tradição falou mais alto e dona Glória, então, seguindo os pas-sos da mãe, assumiu a missão.

Entre muitas tarefas de dona Glória, uma de-las é conseguir um padre

para celebrar as missas de domingo, que são rezadas sempre às 9 horas da ma-nhã. Muitas vezes ela tem que buscar o padre convi-dado em bairros mais dis-tantes.

Dona Glória herdou dos portugueses “a arte de economizar”, e conseguiu até arrecadar dinheiro su-ficiente para uma pintura nas paredes e mais algu-mas coisas de que a igre-ja necessita. Infelizmente, não conseguiu o suficien-te para a troca do madei-ramento do telhado, que está infestado de cupins. Como é uma obra dispen-diosa, ela pede ajuda para o Iphan, aproveitando a previsão de intervenção do órgão no Morro.

Que venha logo o socor-ro para a nossa igreja, por-que os cupins não esperam e continuam seus “traba-lhos” noite e dia sem pa-rar, sem parar, sem parar.

Entre reclamações e in-teressante bate-papo, ela contou que, antigamente,

havia muitos casamentos na igreja até que, um dia, uma noiva que lá casou foi muito infeliz no casa-mento e nunca mais houve noiva que quisesse casar lá de novo.

Essa é uma breve histó-ria de uma mulher de fibra que vive entre tantas ou-tras lutadoras anônimas no Morro da Conceição.

Seis homens da Guar-da Municipal iniciaram a operação de ordenamento urbano na região da Rua Larga, no dia 14 de abril. Segundo eles, a ouvidoria da prefeitura teria recebi-do reclamações quanto ao churrasquinho irregular e à urina que os comerciantes precisariam limpar pela ma-nhã. Além disso, a equipe, que segue orientações da Secretaria de Segurança, pontuou que o restaurante ML Bar, em frente ao Beco das Sardinhas, não possuiria alvará que permitisse a uti-lização de mesas e cadeiras ao ar livre.

Segundo a polícia, ne-nhum material foi apreendi-do nessa primeira investida. De acordo com o grupo, o objetivo é a conscientiza-ção: “Não apreendemos nada. Demos a oportunida-de dos irregulares agirem diferente da próxima vez”, alegou o comandante da inspetoria do Centro da ci-dade, Itahassi Júnior. “Mas da próxima vez não tem conversa”, fnaliza.

Enquanto a reportagem da Folha da Rua Larga entrevistava o comandante,

uma senhora que se disse vendedora da loja da igreja se aproximou e disse: “Aca-ba com o nosso churrasqui-nho não, moço!”. Itahassi respondeu que a ação da polícia teria vindo em con-sequência da denúncia dos próprios frequentadores da região, alegando que o pú-blico usuário do churras-quinho costumava urinar na parede da igreja e das lojas.

Ainda segundo a denún-cia, no dia seguinte, os co-merciantes e colaboradores da igreja se viam obrigados a limpar toda a sujeira de-positada durante a noite. A funcionária da igreja, que preferiu não se identificar, argumentou: “Eles fazem as necessidades de qualquer forma, com ou sem chur-rasquinho, tem gente que faz até sexo aí. Eu sou fun-cionária da igreja, sou ven-dedora da lojinha e digo: não tire o nosso churrasqui-nho”, e se retirou. O chefe da operação exclamou: “Vai entender...”, se referindo ao conflito de demandas.

Itahassi Júnior informou que houve um atraso no planejamento das ações da polícia devido às chuvas,

mas que se tratava do pri-meiro dia de ação na região, por tempo indeterminado. O comandante avalia que o objetivo do primeiro dia de trabalho na área foi cum-prido: “Tivemos êxito em desobstruir a via. O passeio público precisa estar livre para que se cumpra o direi-to do cidadão de ir e vir”.

Ele lembra qual é, em sua opinião, o verdadeiro papel da Guarda Municipal: “A função da guarda é cuidar da cidade e dos cidadãos que nela vivem ou visitam. Não é nossa missão tomar nada de ninguém”. Ele diz que, somente pela presença da Guarda Municipal, a po-pulação já costuma se sentir protegida: “É a sensação de segurança. Só por estarmos aqui, as pessoas já andam nas ruas mais tranquilas, com certeza”.

Os demais guardas disse-ram à reportagem que gos-tariam de saber a opinião da população em geral sobre o trabalho da Guarda Mu-nicipal. Eles demonstraram que estão acompanhando o projeto de revitalização do Centro do Rio: “Vão fechar a Avenida Rio Branco em

junho para testar o projeto de fechamento da via para carros”.

Os donos do ML Bar, Marcos e Lourdes, disse-ram que vão procurar o Polo Empresarial Nova Rua Larga para chegar a uma solução comum, que pode beneficiar não somente o casal, mas um maior núme-ro de comerciantes: “O seu Augusto já tinha falado co-nosco que podemos juntos pensar em como melhorar. Vamos marcar uma reunião, pois juntos temos mais for-ça”, concluiu Lourdes.

Na primeira semana de “choque de ordem” da ges-tão da atual prefeitura na cidade do Rio de Janeiro, em janeiro de 2009, foram apreendidos 230 mil quilos de mercadoria ilegal e lixo, 257 moradores acolhidos, cerca de 1,3 mil veículos multados e 280 rebocados. Desta vez, segundo a equi-pe da Guarda Municipal, nada foi apreendido da Avenida Marechal Floriano e arredores.

abril de 2010

gastronomia

receitas carolComo manter a forma nas proximidades do Beco das SardinhasMundo Verde oferece opções saudáveis para a hora do almoço

karina howlettkarina.martin@light.com.br

ana carolina portellacarolnoisette@hotmail.comr

14folha da rua larga

Balanceado e light: panqueca de frango, arroz integral e cenouras

A loja oferece grande variedade de salgados integrais

ACP

Trufas de chocolate

Neste mês, não tem como não se pensar em chocolate! E quando o coe-lho é generoso, são tantos, que sempre sobram para os meses seguintes. Mas para quem quer variar um pou-quinho, uma boa opção é usá-los como ingrediente das receitas. Vamos apro-veitar aqueles chocolates que ficaram esquecidos na prateleira da cozinha e transformá-los em trufas: um bombom cremoso, com sabor delicado e viciante.

Consideradas o ouro negro da chocolateria, as trufas, produzidas artesa-nalmente, receberam este nome em analogia a um cogumelo nobre e de sa-bor refinado. Parece que a primeira trufa de chocolate surgiu do erro de um chef

patissier da corte austría-ca, no fim do século XIX. Preparando uma das so-bremesas para o banquete em honra a um príncipe russo, uma falha fez com que ele inventasse a igua-ria.

Diante do enorme su-cesso das trufas entre os convidados ilustres, ele tentou por vários dias se-guintes repetir o erro até conseguir refazer aquelas joias de chocolate. Des-de então, nada as supera dentre os bombons mais sofisticados do mundo. Podemos usar a criativi-dade e colocar diferentes sabores nessa iguaria, acrescentando bebidas al-coólicas como whisky, li-cor, ou ainda essências de nozes, avelã e baunilha.

Ingredientes

260 g de chocolate meio amargo

200 ml de creme de leite fresco

50 g de cacau em pó

Modo de preparo

Aqueça o creme de leite e misture o chocolate em pedaços. Acrescente uma

colher de sopa de bebi-da alcoólica ou ½ colher de chá de uma essência. Deixe esfriar por alguns minutos e coloque num saco de confeiteiro, faça bolinhas e deixe na gela-deira por uma hora. Pas-se no cacau e conserve em local fresco por até cinco dias ou na geladei-ra, por 15 dias.

Conhecida pela venda de produtos naturais, a loja Mun-do Verde tem franquias espa-lhadas por todo o país. Em 2001, foi a vez do Largo de Santa Rita ganhar uma fran-quia da marca. A loja cresceu muito desde então, e vem se tornando o local predileto de almoço para aqueles que buscam se manter em forma ou simplesmente seguir uma alimentação saudável.

Há menos de um ano, a casa diversificou seus pro-dutos e passou a oferecer variadas opções para almoço. Além dos tradicionais salga-dos naturais expostos na lan-chonete, o cliente pode esco-lher entre dezenas de opções de pratos congelados, todos feitos à base de produtos naturais. Um detalhe é que todos os pratos informam o valor calórico exato que o cliente está consumindo, uma ajuda e tanto para quem procura controlar o consu-mo diário de calorias. Outro ponto a favor é o preço, bem acessível. A refeição não sai por mais de R$ 12.

Há opções para todos os gostos, de massas a pratos à base de peixe, frango, carne e vegetarianos. O tempo de descongelamento é de apro-ximadamente 10 minutos. No horário de pico, o clien-te pode ter que aguardar um pouco pela refeição, mas nada que ultrapasse 15 mi-nutos de espera. Apesar de congelada, a comida é bem fresca e saborosa. Os pratos vêm, porém, com pouco tem-pero, mas os clientes podem se servir de azeite, pimenta, e outros molhos, que ficam à disposição nas mesas.

Entre os pratos congelados, os mais pedidos são a pan-queca de frango com arroz integral e creme de milho e o filé de frango à parmegiana, com arroz integral e creme de espinafre. Boas opções de massa são a lasanha de

frango e o nhoque de aipim à bolognesa. Entre os vegeta-rianos, há opções como a fei-joada vegetariana, com arroz integral e couve à mineira, ou a panqueca de espinafre com ricota e panachê de legumes. Há também uma variedade de sopas e salgados integrais. Entre eles, podemos destacar o croissant de frango ou peru com requeijão. As sobreme-sas, da linha diet e light, são um sucesso, com destaque para a torta alemã diet, a pre-ferida da clientela.

A gerente Marli Ribeiro, dona da franquia desde 2007, explica que o aumento na venda tanto dos pratos con-gelados como dos produtos oferecidos na loja se deve, principalmente, ao cresci-mento do número de pessoas preocupadas com a silhueta: “Temos muitos clientes que procuram nossos produtos preocupados em manter

uma alimentação saudável, mas também há clientes que vêm aqui influenciados por modismos, à procura de mi-lagres para emagrecer. Um exemplo é a ração humana, o produto que mais vendemos atualmente, mas que muitas pessoas compram sem sa-ber do que se trata. A nossa preocupação, nesses casos, é informá-los sobre os pro-dutos para que saibam o que estão consumindo”, afirma a gerente.

Além de manter um nu-tricionista à disposição dos clientes em cada loja da fran-quia, o Mundo Verde também estimula seus vendedores a transmitir informações nu-tricionais. Cida, funcionária desde a abertura da loja, em 2001, conhece a fundo todos os produtos, como também os frequentadores do local: “Tem cliente que vem aqui todos os dias, principalmente

no início da semana, quando a loja fica mais cheia. Além de atendê-los, acabo conhe-cendo a vida deles, ouvindo seus problemas pessoais”, conta.

A loja recebe, em média, 500 pessoas por dia, à pro-cura de lanches, refeições ou dos cerca de 30 mil itens ofe-recidos na loja. O mix de pro-dutos inclui desde alimentos diet, light, integrais, orgâni-cos, sem glúten ou lactose a complementos alimentares, livros, CDs, incensos, cosmé-ticos, presentes alternativos e outros produtos voltados para a saúde e o bem-estar.

Diversas iniciativas reve-lam a preocupação da rede com a questão da sustenta-bilidade socioambiental, a começar pelos uniformes dos funcionários, que são feitos com fibras de garra-fas PET. A filosofia “verde” ganhou tantos adeptos que a rede,hoje soma 150 lojas em 20 estados do país, além de uma franquia internacional em Portugal.

“Fazemos um trabalho in-tenso de marketing aqui na região para mantermos nos-sos clientes fiéis e atrairmos novos seguidores. Temos um funcionário, o Luis Fernan-do, responsável pelos conta-tos telefônicos com usuários e com as empresas convenia-das”, afirma Marli. O Mun-do Verde oferece ainda um serviço gratuito, o Alô Nu-tricionista, disponível pelo telefone 0800 022 25 28, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, ou através do portal www.mundoverde.com.

Largo Santa Rita, 12 – Centro

Fone: (21) 2263-2812 2ª a 6ª, das 9 às 19h.Todos os cartões de crédito

são aceitos.

Ana Carolina Monteiro

Ana Carolina Monteiro

folha da rua largaabril de 2010

lazer

baú da rua larga

andré luis mansurandreluismansur@yahoo.com.br

Quando o Imperial Colégio de Pedro II substituiu o Seminário de São Joaquim

15

fabiola buzimfabiolabuzim@gmail.com

LIGUE. ACESSE.ANUNCIE.

(21) 2233 36900www.folhadarualarga.com.br

folha da rua larga

Maneiras de dizer a verdade na telaFestival É Tudo Verdade movimenta o Rio com histórias reais e polêmicas

Divulgação

Simonal – Ninguém sabe o duro que eu dei, de Claudio Manoel, foi exibido na 14ª edição do festival

Com belas instalações, o Seminário de São Joaquim, situado na Rua Larga, tra-zia uma novidade: a pre-sença de alunos de famí-lias abastadas, que podiam pagar pela permanência deles. O maior número de vagas, entretanto, era re-servado aos órfãos, que, de certa forma, não estudavam completamente de graça, pois prestavam serviços ao seminário, como o acom-panhamento de enterros em troca de dádivas, par-

ticipação no coro da igreja e outros, como o pedido de esmolas nas ruas.

As aulas básicas eram o latim e o cantochão e o tra-je dos alunos, tanto órfãos como abastados, consti-tuía-se de uma túnica bran-ca, cinta preta e uma cruz vermelha no lado esquerdo da manga.

Em 2 de dezembro de 1837, aniversário do impe-rador D. Pedro II, o regente Pedro de Araújo Lima, que seria Marquês de Olinda, transformou o Seminário em Imperial Colégio de Pe-

dro II. Era um Rio de Ja-neiro bem diferente, com grande número de cháca-ras e pequenas e poucas residências urbanas.

Ali perto, no Morro do Livramento, ficava, por exemplo, a chácara onde nasceria o menino Joaquim Maria Macha-do de Assis dois anos depois. Um detalhe inte-ressante é que o próprio imperador ia pessoal-mente participar dos exa-mes anuais dos alunos.

O colégio continua lá e por ele passa-ram figuras ilustres da vida brasileira, como o sanitarista Oswaldo Cruz, ex-presidentes como Nilo Peçanha e Ro-drigues Alves e es-critores como Lima Barreto e Manuel Bandeira.

Algumas filiais também funcionam

na cidade, como no Hu-maitá, em São Cristóvão e Realengo. Já as igrejas de São Pedro e São Joaquim... Bem, estas foram arrasa-das pelo rolo compressor da modernidade, que deu origem, entre outros cami-nhos, à Avenida Presidente Vargas, bem mais larga do que a antiga Rua Larga, nome pelo qual muita gen-te ainda chama a Avenida Marechal Floriano.

Documentário é uma linguagem audiovisual que procura desvendar o real, se distanciando da narrativa ficcional. A pro-cura por pontos de vistas sobre temas específicos, para provocar questiona-mentos nos espectado-res, é um método muito utilizado. As técnicas de entrevista e outras meto-dologias foram discutidas no debate “Documentário hoje”, promovido no dia 16 de abril, dentro da pro-gramação da 15ª edição do festival de cinema É Tudo Verdade, que aconteceu de 9 a 18 de abril no Rio de Janeiro. Na mesa, estavam presentes os cineastas in-ternacionais convidados, Dirk Simon (EUA) e Mar-cin Jan Krawczyk (Polô-nia). O debate foi modera-do pelo jornalista e crítico Carlos Alberto Mattos.

De acordo com Dirk Simon, diretor do filme Quando o dragão engoliu o sol, a forma de se pen-sar os documentários vem mudando, inclusive in-fluenciado pela linguagem da televisão. Ele vê isso de modo negativo e afir-mou que é reflexo de uma sociedade cada vez mais acelerada. “Passamos por muitas mudanças sociais e hoje somos todos me-nos pacientes”. Para ele, a sétima arte e o teatro ainda são instrumentos de desaceleração, um escape do sistema, pois exige de seu espectador um tempo maior de concentração, sem a ditadura dos contro-les remotos.

Já o cineasta Marcin Jan Krawczyk, diretor de Seis semanas, admitiu que, muitas vezes, os cineastas precisam escolher entre fa-zer um filme para o merca-do ou arriscar um produto não comercial. Ao escolher a segunda opção, os produ-tores esbarram na questão: como produzir e circular esse produto? Marcin ale-gou que os espaços para exibição do gênero se limi-tam aos canais educativos e aos festivais.

No Brasil, por exemplo, apenas a TV Brasil e a Cul-tura exibem o gênero e não existe uma produção sig-nificativa nas TVs abertas. Para Marcin, quando os diretores optam por fazer um produto não comercial vão de encontro ao desejo do público que está acostu-mado aos roteiros de ficção e filmes blockbusters. Se-gundo o diretor, não há um apelo e, consequentemente, não há muito espaço para esse tipo de arte.

Documentário versus reality show

Outras questões foram levantadas pelos ouvintes, como a comparação entre o documentário e os realities shows, tão populares atu-almente. Para os debatedo-res, os realities se inspiram nos documentários, mas, na essência, são formas super-ficiais de se retratar uma re-alidade. Querem ser diretos, mas caem na vulgaridade e no fetiche.

O avanço tecnológico ala-vancou a produção audiovi-sual e influenciou muito na maneira de se pensar e pro-duzir, ampliando as formas de se conceber um filme. Para Dirk Simon, existem infinitas possibilidades de se fazer um documentário: “Acho que, essencialmente, fazer um documentário é quando você conta uma história honesta-mente, sem muitos artifícios. É contar uma história de uma forma honesta”. De acordo com o realizador, os realities

não se enquadram nesse conceito.

Ele exemplificou rela-tando sobre o processo de produção de Quando o dragão engoliu o sol. Dirk ficou sete anos captando imagens e realizando en-trevistas no Tibete, mas foi entender de fato o que queria expor no último ano. O filme fala sobre os conflitos sociais, políticos e espirituais daquele país.

O festival É Tudo Verda-de, criado por Amir Labaki, aconteceu de 8 a 18 de abril, em São Paulo, e de 9 a 18 de abril, no Rio de Janeiro, e teve como objetivo promover o documentário e proporcio-nar uma maior reflexão sobre o gênero. Durante o festival, foram exibidos 72 documen-tários, dos quais 32 participa-ram das mostras competiti-vas, selecionados entre mais de mil títulos inscritos.

abril de 2010

da redaçãoredacao@folhadarualarga.com.br

dicas da cidade CCL em ebulição com os FeversReestreia do projeto Terças Musicais é marcada pela energia do quinteto

16folha da rua larga

lazer

da redaçãoredacao@ folahadarualarga.com.br

Sacha Leite

Guitarra, contrabaixo, bateria, teclados e um vocalista bem rock n’ roll: os Fevers superlotaram o CCL

O projeto Terças Musicais reestreou no dia 23 de março com o show do quinteto The Fevers. O grupo, formado há quatro décadas e meia, tem no currículo tanto composições como Uni duni tê, gravada em 1984, no álbum Trem da Alegria, quanto discos com personalidades consagradas da MPB, como Roberto e Erasmo Carlos, Wilson Simo-nal e Jorge Ben Jor. Eleitos “o melhor conjunto para bai-les” em 1968, eles reabriram o projeto de apresentações a preços populares no Centro Cultural Light. O resultado: um auditório lotado e vinte pessoas do lado de fora, como a aposentada Antônia Maria de Mendonça: “Vi um show deles há dois meses. Eles são muito animados”, declarou a senhora, ainda torcendo pela liberação de mais assentos pela produção.

Guitarra, baixo, bateria, te-clados e um vocalista super rock n’ roll. Vestindo jeans, bata e um lenço na cabeça, Luis Cláudio teve “nas mãos” todo o público que lotou o te-atro do Centro Cultural Light. A plateia numerosa se soltava mesmo nas cadeiras. Alguns levantavam para dançar à vontade, com direito a palmas e pulos.

Por volta da metade do show, os Fevers prestaram uma homenagem a John Lennon. Luis Cláudio lem-brou que, 30 anos antes, o ex-Beatle buscou transmitir uma mensagem de paz atra-vés da canção Imagine. Nesse momento, o auditório virou um grande coral: “Imagine all the people / Sharing all the world”.

Dez marcos na história dos Fevers1. 1964 – Criação da banda The Fenders, com seis integrantes 2. 1965 – Troca de nome para The Fevers. Protagonizaram o filme Na onda do iê iê iê3. 1966 – Gravação do primeiro LP Vamos dançar com o let kiss4. 1968 – O grupo foi eleito “o melhor conjunto para bailes”. Gravação do LP Os reis do baile5. 1979 – Michael Sullivan passou a integrar o grupo6. 1982 – A canção Elas por elas, interpretada pelos Fevers, abre novela na TV Globo 7. 1984 – Participação na faixa Uni duni tê, em álbum do grupo infantil Trem da Alegria8. 1986 – Michael Sullivan sai dos Fevers9. 1990 – O grupo passou por diversas formações10. 2005 – Gravação de DVD em homenagem aos 40 anos da Jovem Guarda

Do dançante às baladas românticas

Quando a música era ani-mada, o público levantava e esquentava o salão. Já quan-do se tratava de uma canção romântica, balançavam as mãos no ar junto com o ritmo e acompanhando a melodia.

“Psicodélico, feliz, alto as-tral. Impossível sair de mau humor de um show como esse”, definiu o aposentado Jefferson dos Santos, mora-dor da Vila da Penha.

Luis Cláudio, percebendo a energia dos espectadores, brincou: “A gente vai dar uma paradinha porque esta-mos percebendo que vocês estão cansados. Estão?”. E todos: “Nããão!”. E ele: “En-tão, a partir de agora, o show é de vocês! O que vocês que-rem? O que vocês querem?”. E todos em coro: “Mar de rosas!”. A plateia cantou afi-nada: “Você bem sabe / que

eu não lhe prometi um mar de rosas / Nem sempre o sol brilha / Também há dias em que a chuva cai...”. Nesse momento, havia quinze pes-soas em pés, dançando, ges-ticulando, cantando juntas, completamente contagiadas com a energia dos Fevers.

Revival até para os mais novos

Para quem foi criança na década de 1980, The Fevers também significa nostalgia. “Qualquer festa no play que se prezasse tinha que ter Trem da Alegria interpretan-do com os Fevers ‘Uni duni duni tê, salame mínguê, sor-vete colorê, sonho encantado onde está você?’ ”, disse a produtora de eventos Alexia Ramos, que aproveitou o horário de almoço para pres-tigiar o grupo que conheceu através dos pais.

Para aqueles que nasceram

antes, a lembrança ainda é mais completa: o grupo foi um grande representante do movimento Jovem Guarda, tal como os Golden Boys.

“Vamos voltar a 1965 e relembrar a Jovem Guarda. Menina linda com aquela gaitinha típica. Seguida de Era um garoto e de Whisky a go-go solada pelo tecladista Miguel Ângelo.

Lembrando discoteca

Somente quando a apre-sentação chegava ao final, os dinossauros do rock puxaram a aguardada Uni duni tê, de 1985, grava-do pelo Trem da Alegria, e, anos mais tarde, pela apresentadora de TV Xuxa Meneghel.

E por último, Luis Cláu-dio puxou uma canção de Roberto e Erasmo Carlos, entoada por todos no sa-lão, como um mantra do otimismo: “Toda pedra do caminho / Você pode re-tirar / Numa flor que tem espinhos / Você pode se arranhar / Se o bem e o mal existem / Você pode escolher / É preciso saber viver”. CDs e DVDs es-tavam sendo vendidos a módicos R$ 10 e R$ 20, respectivamente.

Outro Rio de Janeiro

Aulas expositivas e visitas guiadas por lugares emblemáticos da cultura carioca. Essa é a proposta do Trilhas Urbanas, curso ministrado por Antônio Agenor Barbosa e Juliana Rodrigues no Centro Cultural Justiça Federal a partir de 6 de maio. A ideia é promover o encontro do carioca com a sua própria cidade por meio de aulas in loco a lugares representativos da cultura urbana carioca que não constam nos roteiros turísticos tradicionais. O Passeio Público, a comunidade Tavares Bastos e o Quilombo Sacopã estão entre os lugares eleitos para visitação. O CCJF fica na Avenida Rio Branco, 241, Cinelândia

João do Rio revisitado

A alma encantadora das ruas, obra de João do Rio, ganha versão bilíngue e

ilustrada. O inglês Mark Carlyon traduziu o livro com a preocupação de se manter o ritmo e transpor as figuras de linguagem para os nativos da língua inglesa e o artista plástico Waltercio Caldas ilustrou a obra buscando levar novas experiências sensoriais ao leitor. O lançamento estreia a

coleção River of January, idealizada pelo Instituto Light e publicada pela Editora Cidade Viva, que reúne as dez obras mais representativas do espírito carioca. O lançamento será no dia 6 de maio, véspera da posse de João do Rio como imortal, na própria Academia Brasileira de Letras, às 17h30. Batucadas Brasileiras abre turmas

Estão abertas até 20 de maio as inscrições para novas turmas do projeto Batucadas Brasileiras, que, há cinco anos, vem capacitando jovens de baixa renda do Rio na arte da percussão. Para a nova etapa de aulas, que terá início no dia 24 de maio, estão disponíveis 120 vagas, destinadas a jovens de 14 a 25 anos, matriculados na rede pública de ensino. Os alunos que se destacarem nas oficinas farão parte de um grupo-show, que

interpretará composições exclusivas de Moacyr Luz e Luiz Galvão. As inscrições podem ser feitas de segunda a sexta-feira, entre 9h e 18h, na Rua Camerino, 60, Saúde.