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Francisco Alessandri Gonçalves de Andrade
Gambarê, um coração gentil.
A cerâmica como expressão emotiva.
Bacharelado em Artes Aplicadas com Ênfase em Cerâmica
SÃO JOÃO-DEL REI 20142
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Artes Aplicadas com Ênfase em Cerâmica da Universidade Federal de São João del-Rei. Como parte dos requisitos para a obtenção do Grau de Bacharel em Artes Aplicadas.
Orientação: Prof. Me. Bruno Amarante.
Gambarê, um coração gentil.
A cerâmica como expressão emotiva.
Francisco Alessandri Gonçalves de Andrade
SÃO JOÃO-DEL REI 2014 3
Agradeço a meu pai, Zemec, com admiração e gratidão por sua presença ao longo de minha vida.
Agradeço ao LEC, Laboratório Escola de Cerâmica, ao Coordenador Kleber Silva e a todos os professores do curso. Em especial, a Bruno Amarante, Zandra Miranda Coelho, Kurt Strecker e Luciana Beatriz Chagas, que muito me ensinaram e apoiaram, contribuindo para meu crescimento artístico e profissional.
Às minhas queridas amigas que, assim como eu, nutrem a paixão pela Cerâmica: Acácia Azevedo, Bárbara Anderaos, Beth Shiroto, Flávia Santoro,Jane Aki, Marilene Alair, Miki Ogura e Sônia Bogaz.
“Gentileza gera gentileza!” Profeta Gentileza
Agr
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4
O trabalho trata do desenvolvimento plástico em cerâmica inspirado numa expressão do coletivo japonês, “Gambarê”. Reune também o aspecto Haniwa, a partir da criação de objetos cerâmicos emotivos. Nessas peças cerâmicas a figura humana e o coração tornam-se representadas por bonecos que destacam o Gambarê como personificação da gentileza, do abraço e do companheirismo. O Gambarê é uma expressão da cultura nipônica que pode significar “força”, “estamos juntos”, “avante”, “coragem”. Seria um ato individual dito a alguém acentuando o valor do coletivo, uma ação gentil quase esquecida nos dias de hoje onde, para mim, a sociedade estimula um progressivo comportamento de competitividade. Busco a reflexão sobre este comportamento em nossa sociedade que vive sem estímulos à gentileza entre as pessoas. Com sentimento de valoração do coletivo, companheirismo e da gentileza, me proponho desenvolver uma instalação que remeta a estas forças.
Res
umo
Palavras-chaveGambarê; Companheirismo; Gentileza; Haniwas; Toy Art; Escultura Cerâmica.
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Pág.10 - Figura 1: Porco selvagem Haniwa - pertencente a Tokyo National Museum Collection. Fonte: www.tnm.jpFigura 2: Samurai Haniwa - pertencente a The Avery Brundage Collection. Fonte: www.education.asianart.orgPág.11 - Figura 3 Haniwa, Alessandri Francisco. 2010Pág.12 - Figura 4: APADEQ, 2012Pág.13 - Figura 4: APADEQ, 2012Pág.16 - Figura 5: Melindrosa. J.Carlos Época,Vida, Obra. Alvarus. Editora Nova Fronteira 1985,pág.29Pág.17 - Figura 6: J.Carlos Época,Vida, Obra - Alvarus - Editora Nova Fronteira 1985, pág.60Figura 7: Francisco Alessandri. Haniwa. Cerâmica 2010Pág.18 - Figura 8: Tosco Toys - Fonte: www.abril.com.brFigura 9: Tokidoki. Carina,2007. Fonte:I Am Plastic, Too. The next generation of designer toys. Paul Budnitz, Pág.19Pág.19 - Figura 10: Heróis. Fonte: Almanaque do centenário da imigração japonesa no Brasil. 2008, págs.97 e 99Pág.20 - Figura 11: Simone Legno. Captain Coco.Fonte:I Am Plastic, Too. The next generation of designer toys. Paul Budnitz, Pág. 20. Figura 12: Yoshitomo Nara. Pup Cup. Fonte:http: www.rivetart.comPág.21 - Figura 13: Dunny e Munny da Kidrobot.Fonte: www.kidrobot.comPág.23 - Figura 14 Gambarê no coração, Alessandri Francisco. 2014Pág.24 - Figura 15: O desejo, a doação e o toque, Alessandri Francisco. 2014Pág.25 - Figura 13:Prancha de ambientação - inspirações; Figura 14: Estudo Haniwa, Alessandri Francisco. Pág.26 - Figura 15: Alessandri Francisco. 2013; Figura 16: Alessandri Francisco. 2013Pág.27 - Figura 17: Alessandri Francisco. 2013; Figura 18: Alessandri Francisco. 2013Pág.28 - Figura 19: Alessandri Francisco. 2013; Figura 20: Alessandri Francisco. 2013Pág.29 - Figura 21: Alessandri Francisco. 2014Pág.30 - Figura 22: Alessandri Francisco. 2014Pág.31 - Figura 23:O desejo, a doação e o toque, Alessandri Francisco. 2013; Figura 24: Gambarê no coração Alessandri Francisco. 2013Pág.32 - Figura 25: Alessandri Francisco. 2013; Figura 26: Alessandri Francisco. 2013Pág.33 - Figura 27: Alessandri Francisco. 2013; Figura 28: Alessandri Francisco. 2013Pág.34 - Figura 29: Alessandri Francisco. 2013; Figura 30: Alessandri Francisco. 2013Pág.35 - Figura 31: Alessandri Francisco. 2013
Introdução pág.8
Haniwas: expressões da vida pág.9
Ideias e influências pág.12
Motivos criativos: o abraço e o coração pág.23
Conclusão pág.36
Receitas de esmaltes e engobes para alta temperatura pág.37
Glossário pág.38
Bibliografia pág.40
Sum
ário
7
Intr
oduç
ão Este trabalho tem como elemento motivador inicial, o Projeto
Cerâmico e Arteterapia realizado na APADEQ (Associação de Parentes e
Amigos dos Dependentes Químicos) onde tive a oportunidade de conhecer
um residente interno que se apresentava muito interessado na paralisação
de sua doença.
Este me apresentou trabalhos cerâmicos de muita intensidade
emocional, figuras humanas que solitariamente se abraçavam. Isso me fez
pensar em uma expressão japonesa, o Gambarê¹. Seu significado é um
recado de força e perseverança a quem passa por dificuldades. Ao receber
um Gambarê a pessoa se sente abraçada por um sentimento de amor,
compreensão e companheirismo. Neste contexto, busco refletir sobre a
sociedade contemporânea que, a meu ver, tem se tornado a cada dia mais
competitiva e sem emoções.
Desta maneira tento construir esculturas que expressem o Gambarê
como um ato de gentileza e companheirismo. No decorrer do
desenvolvimento deste trabalho tive algumas referências como, por
exemplo: os bonecos japoneses conhecidos por Haniwas (bonecos
funerários de olhos e boca perfurados), os traços limpos e delicados do
desenhista J. Carlos que atuou nas primeiras décadas do século XX , a
influência do Mangá² e da Toy Art³. Fontes de inspiração para o
desenvolvimento de minhas esculturas.
Propondo uma comparação, percebo que os traços de J. Carlos
conversam com o estilo do Mangá, principalmente quando se observa as
faces de alguns de seus personagens.
A partir deste momento, represento o tema Gambarê usando o abraço
e o coração em minhas esculturas, e me proponho a resgatar a valorização
da gentileza e companheirismo.
8
Gambarê¹: expressão japonesa que significa força, coragem, se esforce, avante. MANGÁ²: símbolo da cultura japonesa
e produto de exportação o Mangá é um desenho narra�vo (historia em quadrinhos). Toy Art³: é uma denominação de
um novo gênero de arte contemporânea.
Introdução
A cerâmica pode expressar o cotidiano, seja com os utilitários, adornos,
amuletos e até como registros passados. Ainda hoje no Japão são encontrados
alguns registros feitos em cerâmica na forma de Haniwas, esculturas
funerárias feitas em argila que guardaram o cotidiano de uma época.
“Nos túmulos antigos foram encontradas imagens de barro,
uma espécie de terracota, chamadas "haniwa" e que apresentam
formas de casas, gente ou animais, ao lado de espelhos
(metálicos), objetos de adornos feitos de pedras, espadas,
capacetes, etc. Tais objetos são elementosp preciosos para o
estudo das condições de vida dos homens da época. Também os
túmulos constituem importantíssimos "documentos" arqueológicos,
não só porque contêm "haniwas", como porque datam de épocas
anteriores à introdução da escrita chinesa no Japão.”
( YAMASHIRO, Pág. 28, 1964).
� Destas esculturas as que mais me impressionam são as figuras humanas,
de homens e mulheres com olhos e bocas perfurados. Possivelmente estes
Haniwas chegaram ao Japão Antigo vindas do leste do continente asiático.
Esses que são um dos primeiros bonecos produzidos no arquipélogo eram em
sua maioria cilíndricos, pintados ou não, feitos em argila¹, alisados,
modelados e queimados. (Fig.1e2)
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vid
a.
9Argila¹: material terroso de granulação fina composto por silicatos de alumínio e alguns óxidos que lhe dão cores variadas. A argila é facilmente encontrada próxima aos barrancos dos rios. Quando seca é dura e quebradiça, porém ao ser hidratada torna-se uma massa plástica o que possibilita ser modelada.
Haniwas: expressões da vida.
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Figura 1: Porco selvagem Haniwa - pertencente a Tokyo National Museum Collection. Fonte: www.tnm.jpFigura 2: Samurai Haniwa - pertencente a The Avery Brundage Collection. Fonte: www.education.asianart.org
As produções dos Haniwas eram realizadas através de artesãos que
pertenciam à própria aldeia, ou viajavam para os locais das sepulturas, onde
alugavam fornos para queimarem seus trabalhos. Retrataram as imagens
humanas de várias níveis sociais, animais e arquitetura. Enfim, o cotidiano de
uma época. Como escreveu Hideo Tagai, “São a partir das Haniwas que
podemos imaginar a vida e a cultura contemporânea à sua época.”(TAGAI,
1993, PAG.07). Estes bonecos parecem representar as várias facetas das
crenças sobre a vida após a morte.
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Figura 3 Haniwa, Alessandri Francisco. 2010
A s s i m a p r o p r i e i - m e d a
temática e, em parte, do estilo dos
Haniwas em meu trabalho. Onde
podemos encontrar elementos
meigos e angelicais aliados a
elementos fantasmagóricos. Percebe-
se uma mistura entre a criança, o
inicio da vida, e o Haniwa: o fim,
criando-se um antagonismo. Desta
forma, cheguei a uma escultura onde
tento reunir o aspecto Haniwa,
bonecos funerários de olhos e boca
p e r f u r a d o s , a o c o t i d i a n o d e
personagens por mim criados. (Fig.3)
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O desenvolvimento deste trabalho surge em um primeiro momento a
partir de uma experiência na APADEQ, Associação de Parentes e Amigos dos
Dependentes Químicos, onde atuo como aluno bolsista da Universidade
Federal de São João Del Rei, no Projeto de Cerâmica e Arte-terapia. Neste
projeto temos como uma das propostas devolver e estimular aos internos, um
prazer lúdico que antes só existia nas drogas. Para exemplificar tal
possibilidade, observo o comportamento de um determinado residente - que
por questões éticas não vou identificar - nas oficinas livres de cerâmica, que
sempre se apresentava de maneira criativa e interessada. Em alguns de seus
trabalhos pude perceber a materialização do abraço como expressão de um
desejo. (Fig.4) Idei
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Figura 4: APADEQ, 2012
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Idei
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Esta experiência na APADEQ me trouxe uma lembrança da infância,
onde convivi com muitas dificuldades escolares. Nestes momentos sempre
ouvia das pessoas próximas uma palavra de incentivo, Gambarê, criando uma
atmosfera de abraço, companheirismo e coragem. Essa memória me fez
refletir o segundo momento de concepção deste trabalho, uma vez que trago
desta época as recordações em forma de esculturas cheias de características
reais e oníricas¹. Nessas peças cerâmicas a figura humana e o coração tornam-
se representados por bonecos que destacam o Gambarê.
Figura 4: APADEQ, 2012
13Onírico¹: Que faz referência aos sonhos.
Gambarê é uma expressão japonesa que pode significar força, estamos
juntos, avante, coragem. Segundo Sakurai, Gambarê significa “ter força para
suportar, com perseverança e resignação, todas as adversidades impostas
pelo destino, a fim de que cada indivíduo possa dar a sua contribuição para
que se possa, coletivamente, atingir a harmonia.”
(SAKURAI,Apud:ALVES,in:http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=10109).
Seria um ato individual acentuando o valor do coletivo, algo que faz
falta nos dias de hoje, onde a sociedade valoriza o comportamento da
competitividade.
Segundo Rodrigues Alves, o termo Gambarê foi trabalhado no período
do pós Guerra, no Japão; onde foi “apropriado e distorcido pela ideologia
capitalista (um conceito cultural sendo ideologizado) e passa a ser utilizado,
nas fábricas, de forma a estimular o trabalhador a sempre se esforçar mais,
mesmo que estivesse exausto e feito um árduo trabalho, o trabalhador ouviria
Gambarê para não diminuir seu ritmo de produção. A fantasmagoria
sobrepondo-se a um concei to milenar da cul tura japonesa.
(http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=10109)
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Busco a reflexão sobre este comportamento em nossa sociedade, que, ao
meu ver, vive sem estímulos ao companheirismo e a gentileza entre as
pessoas. Assim, com sentimento de valoração do companheirismo e gentileza,
me propus desenvolver os trabalhos plásticos apresentados.
Estes trabalhos foram realizados em cerâmica e a relação com a matéria
é importante, pois a argila se apresenta gentil, ao nos dar toda sua capacidade
plástica de registro e de transformação após a queima. Assim, agrega-se
simbolicamente a reflexão sobre a necessidade de transformação da
sociedade, para um caminho mais gentil.
Minhas esculturas, quase infantis, valorizam o gestual de uma ação e são
feitas por traços simples. Esta simplicidade presente, além de ser inspirada
pelo gesto da gentileza e delicadeza, também advém de influências estéticas
relevantes, como os trabalhos do desenhista J. Carlos. Destacando-se a
personagem “Melindrosa”(Fig.5), recorrente na sua obra.
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“ N a i m e n s u r á v e l
galeria dos tipos que J.
Carlos compôs, a melindrosa
destaca-se como a que mais
teria contribuído para a
popularidade do artista. Ao
criar e retratar com tanta
finura a carioquinha sua
contemporânea , como se
a g i g a n t o u e m g r a ç a e
espiritualidade, no realce da
sinuosidade harmoniosa e
pagã das impecáveis curvas
que ela exibia, num misto de
ingenuidade e petulância, na
end iabrada e perversa
malícia de seus olhinhos
vivos e pretos como dois
pontinhos feitos a nanquim
o u n o a m e n d o a d o d o s
olhos...” (ALVARUS, Pág.
28, 1975).
Figura 5: Melindrosa. J.Carlos Época,Vida, Obra. Alvarus. Editora Nova Fronteira 1985, pág.29
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Ideias e influências
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Os traços de J. Carlos - desenhista e escultor de bonecos humorísticos
de linhas simples, petulantes, meigas e singelas que atuou nas primeiras
décadas do século XX (Fig.6) - já foram inspiração para algumas de minhas
esculturas (Fig.7). Pode-se perceber tal influência, principalmente, quanto a
resolução dos traços e definição da face dos meus personagens: olhos e bocas
pretos e bem definidos.
Figura 6: J.Carlos Época,Vida, Obra - Alvarus - Editora Nova Fronteira 1985, pág.60Figura 7: Francisco Alessandri. Haniwa. Cerâmica 2010
J. Carlos registrou seu tempo através de seus desenhos, como os
haniwas que também registraram o cotidiano de uma época. Suas linhas estão
inseridas no mundo da caricatura e do desenho. Propondo uma comparação,
percebo que seus traços conversam com o estilo do Mangá, principalmente
quando se observa as faces de alguns de seus personagens.
A influência do Mangá e da Toy Art, também é forte fonte de inspiração
para o desenvolvimento de minhas esculturas.
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Toy Art é uma denominação de um novo gênero de Arte Contemporânea
que faz uso de bonecos, uma nova geração de brinquedos que pode transmitir
mensagens do cotidiano político, erótico, trágico ou meigo. Em geral, a
expressão é livre, sem se preocupar com o marketing e o custo encontrados na
indústria; mas sua produção também pode ser seriada o que a democratiza. A
maioria dos artistas trabalha com uma média de 50 peças, como é o caso da
Tosco Toys no Brasil (Fig.8). Porém, há casos que essa produção pequena se
rompe e chega a números verdadeiramente industriais, como a do artista
italiano Simone Legno, dono da Tokidoki, um dos mais bem sucedidos artistas
que produz seus personagens (Fig.9) em escala industrial.
Figura 8: Tosco Toys - Fonte: www.abril.com.brFigura 9: Tokidoki. Carina,2007. Fonte:I Am Plastic, Too. The next generation of designer toys. Paul Budnitz, Pág. 19
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Uma possível origem para o aparecimento da Toy Art, que ainda não era
conhecido nem denominado desta forma, é o pós-guerra japonês. O Japão
tenta elevar seu orgulho e renovar seu mercado, através de cartunistas,
ilustradores e produtores de televisão encarregados de criar novos heróis
(Fig.10), como National kid, Godzilla e Jaspion, em um mundo atacado por
monstros e salvos por heróis nacionais.
Figura 10: Heróis. Fonte: Almanaque do centenário da imigração japonesa no Brasil. 2008, págs.97 e 99
Este repertório de personagens impulsionou, mais tarde, o Anime¹ e o
Mangá num mercado mundial de brinquedos. Influenciando vários países
asiáticos como a China, onde finalmente o Toy Art surge com esta
denominação. Convencionou-se dizer que o nascimento do movimento tenha
acontecido em 1998, com Michael Lau, um artista de Hong Kong, que
customizou bonecos G.I. Joe de origem americana - conhecidos no Brasil
como Falcon - com roupas de hip-hop, símbolos, e outros acessórios. Essas
peças fizeram muito sucesso pela ideia de inovação.
Com isso Lau ganhou status de mito e sempre é citado quando alguém
fala sobre a origem do movimento Toy Art. Logo depois, podemos citar outros
artistas como Simone Legno (Fig.11), Yoshitomo Nara (Fig.12), André
Alcantara e Paula de Moraes (Fig.8) entre muitos outros.
19Anime¹: desenho animado japonês.
A Toy Art pode ser, possivelmente, filha direta da Pop Art, pois também
se apropria do cotidiano, de referências do dia a dia. Mas assim como este a
Toy Art talvez não traga em si apenas a capa óbvia do meigo e sim tenha em seu
discurso algo mais profundo e sombrio. Uma vertente forte dentro do estilo é o
que chamamos D.I.Y, abreviação de Do It Yourself,ou seja, ‘‘Faça Você
Mesmo’’. São toys customizáveis, normalmente feitos de vinil branco, sem
nenhum desenho. Qualquer um pode comprar um toy assim para fazer uma
customização, imprimindo no boneco um design exclusivo.
Figura 11: Simone Legno. Captain Coco.Fonte:I Am Plastic, Too. The next generation of designer toys. Paul Budnitz, Pág. 20. Figura 12: Yoshitomo Nara. Pup Cup. Fonte:http: www.rivetart.com
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Um Toy Art customizado por um artista famoso é uma peça rara, item de
colecionadores. As séries Dunny e Munny (Fig.14) da Kidrobot são exemplos
destas customizações exclusivas, onde a empresa convida artistas para fazer
suas próprias versões. O D.I.Y. pode também ser feito por outras matérias que
não o vinil, como papel (Paper Crafts) ou tecidos (Plush Art). Em nosso país
temos um representante da Plush Art, oTosco Toys, bonecos peludos que o
consumidor pode desnudar encontrando uma figura humana tentando se
proteger.
No Brasil, a Toy Art ainda não foi totalmente entendida pelos artistas e
público; no entanto, galerias e sites muito têm feito para melhorar a
compreensão com exposições e concursos. De uma forma geral, a Toy Art é
muito recente e, dessa forma, carece ainda de estudos e impressões. Aparece
no país desde meados da primeira década desse século, o que nos mostra um
movimento ainda moldável, como uma matéria viva, mutável e em franca
expansão.
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Figura 13: Dunny e Munny da Kidrobot.Fonte: www.kidrobot.com
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Desta forma, me aproprio da Toy Art. Exploro seus elementos
caricaturais, as proporções distorcidas e os sentimentos antagônicos como a
dor e o prazer. Crio minha poética na confecção dos bonecos valorando a
expressão do Gambarê.
Imaginar o gesto de Gambarê em um Toy Art é pensar em design e
realizá-lo tridimensionalmente. Este processo envolve muitas fases, desde a
escolha da matéria, a prancha de ambientação¹, o projeto e sua execução.
Surgem muitas idéias, dificuldades, possíveis modificações, sinalizando a
importância das técnicas cerâmicas para a boa realização dos trabalhos.
Para o desenvolvimento das minhas esculturas, foram feitos desenhos,
estudos e protótipos em argila. Também foram feitas queimas em fornos
elétrico e à gás. Ao final, obtive bonecos bem conformados², engobados e
sinterizados³.
Busquei dar condições para a materialização da proposta de se fazer da
expressão Gambarê, uma poética plástica e escultural.
Prancha de ambientação¹: Quadro criado para reunir imagens e ideias encontradas através de temas e sua observação. Para isto se recolhe desde carões postais até reportagens de revistas. Criando assim a inspiração para se iniciar um trabalho. Conformar, conformação²: termo usado na cerâmica significa dar forma. Sinterização, Sinterizados³: na cerâmica é o processo que permite obter objetos duros bem queimados em altas temperaturas com pouca ou nenhuma porosidade.
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ação
O abraçar significa envolver algo ou alguém, pode estabelecer afeto
entre pessoas, pessoas e animais ou pessoas e objetos. Um simples e gentil
gesto criando um laço com o braço. Possui o poder de confortar e reconfortar
um coração, pode ser visto de forma metafórica e, é desta maneira que venho
apresentá-lo como um exemplo de Gambarê.
Sendo assim, o abraço é para mim um elixir para os dias de hoje.
Significa partilhar as energias do companheirismo e da gentileza
equilibrando-as. Então se entregue, feche os olhos, abrace e deixe-se abraçar,
prolongue o abraço sempre que tiver vontade.
A partir destas considerações, minha vontade se materializa através das
esculturas, pelas quais pretendi representar o “Gambarê”. Dentro desta
temática foram desenvolvidos dois grupos de peças: o primeiro constituído
por 4 bonecos modelados a mão e o segundo grupo, por um conjunto de
figuras reproduzidas em moldes de gesso.
Figura 14: Gambarê no coração, Alessandri
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Motivos criativos: o abraço e o coração
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Série 1- O desejo, a doação e o toque.
Esta série é composta por quatro bonecos cordiais que representam o
Gambarê através do abraço, com gestos do desejo, da doação e do toque. Os
bonecos se apresentam desnudos para enfatizar a pureza da criança e do
abraço. Os gorros neles colocados foram recuperados de minha memória
infantil, a lembrança de uma toalha com orelhas de coelho. Como a toalha o
gorro envolve os bonecos por mim criados em uma atmosfera de proteção e
meiguice. Desta maneira o DESEJO é representado por um boneco de
expressão facial assustada, com braços abertos, um coração vazado a espera
de um abraço. A DOAÇÂO é representada por outro boneco de sorriso
maroto, que abraça o próprio coração em doação. Por último a representação
do TOQUE foi feita por dois personagens sorridentes onde um toca o outro
transmitindo a felicidade.
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Figura 15: O
desejo, a doação e o toque, Alessandri F
rancisco. 2014
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Apresento em seguida às etapas do desenvolvimento dos bonecos,
passando pelos estudos antecedentes à finalização:
1. Estudos dos bonecos;
Figura 16: Estudo Haniwa, Alessandri Francisco.
Figura 15:Prancha de ambientação¹ - inspirações
25Prancha de ambientação¹: Quadro criado para reunir imagens e ideias encontradas através de temas e sua observação. Para isto se recolhe desde carões postais até reportagens de revistas. Criando assim a inspiração para se iniciar um trabalho.
2. Sua construção feita por um mix de técnicas de placa¹ e pinch², com
aproximadamente 20 kg de argila chamotada³ , por considera-la a mais
indicada na construção de peças de até 70cm de altura, diminuindo assim
os riscos durante a secagem, além de ter uma menor redução de volume;
3. Após as esculturas já construídas, foram feitos furos evitando ou
paralisando as possíveis trincas ou explosões;
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Figura 17: Alessandri Francisco. 2013
Figura 18: Alessandri Francisco. 2013
Técnica de placa¹: consiste em se utilizar de placas feitas em argila, abertas por rolos ou plaqueiras. Desta maneira as placas embora planas geram objetos de formas tridimensionais. Técnica do pinch²: ato de pressionar uma argila com o dedo indicador e polegar, possibilitando a forma e criação de objetos. Chamotada³ : termo usado para se nomear as massas que contem chamote em sua composição.
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4. Aqui a superfície é alisada e os acabamentos resolvidos;
5. No gorro foi aplicado um engobe¹ de porcelana² e depois feito o esgrafito³.
Para realçar os corações e o gato, escolhi usar um engobe de cinzas e nas
bochechas um engobe vermelho.
27
Figura 19: Alessandri Francisco. 2013
Figura 20: Alessandri Francisco. 2013
Engobe¹: é uma argila liquida, colorida ou não, de consistência cremosa, aplicada sobre peças em ponto de couro ou biscoitadas. Porcelana²: é uma argila branca, densa e vítrea, de textura muito lisa e dura depois de queimada. Esgrafito³: em cerâmica, esgrafito é o ato de se aplicar o engobe sobre a superfície de uma peça e posteriormente com o uso de estecas, ferramentas de desbaste se faz um desenho removendo este engobe de modo que o fundo da peça apareça.
7. Após a secagem por 10 dias, se inicia a primeira queima de biscoito² a 950º C;
6. Foi feita a textura no corpo do boneco com desbastador revelando o
chamote¹ da massa;
Mot
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Cri
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Figura 21: Alessandri Francisco. 2013
Figura 22: Alessandri Francisco. 2013
Chamote¹: material triturado, duro com pouca ou nenhuma porosidade. É adicionado em massas cerâmicas aumentando a resistência durante a secagem e reduzindo o encolhimento excessivo da peça durante a queima. Queima de biscoito²: processo pelo qual se atinge a temperatura final de até 1000° C.
Mot
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os:
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8. A queima final foi feita em forno a gás e atingiu uma temperatura de 1280º,
marcada por termopar¹ .
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4
Termopar¹: é um sensor de temperatura interligado a um Instrumento de leitura capaz de ler as temperaturas do processo de queima.
Série 2 - Gambarê no coração.
É uma série de bonecos onde cada um tem a altura de aproximadamente
23 cm. São moldados por barbotina em forma de gesso. Enfileirados, cada
boneco tem um semblante único e cor singular, possuem em sua mão um
coração que se encaixa nas costas do anterior, confortando com um gesto de
companheirismo oferecendo seu próprio coração. O último personagem tem o
espaço para o coração vazio e desta forma convida o espectador a participar do
processo de Gambarê no coração.
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os:
o ab
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Figura 24: Gambarê no coração, Alessandri Francisco. 2014
A seguir, as etapas para a realização deste projeto:
1. Foi feito um desenho e um protótipo;
2. O boneco foi dividido em cinco partes para a feitura do molde. Em uma semana ocorreu sua secagem¹;
Mot
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os:
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31
Figura 25: Alessandri Francisco. 2013
Figura 26: Alessandri Francisco. 2013
Secagem¹ : é a eliminação da água pelo tempo e temperatura do ambiente.
3. Foram realizadas reproduções em barbotinas¹ de porcelana e grés² criando
bonecos de diferentes cores. Obtive por dia, três bonecos bem
conformados;
4. Antes de sua secagem receberam acabamentos e detalhes dando a cada boneco uma característica de personalidade impar;
Mot
ivos
Cri
ativ
os:
o ab
raço
e o
cor
ação
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Figura 27: Alessandri Francisco. 2013
Figura 28: Alessandri Francisco. 2013
Barbotina¹: é uma argila liquida muito usada para reprodução de peças em moldes de gesso. Grés²: argila refratária de granulometria fina, suporta altas temperaturas de 1250 à 1300°C. Sua coloração varia de vermelho escuro até o cinza claro.
4.
Mot
ivos
Cri
ativ
os:
o ab
raço
e o
cor
ação
5. Após um dia de secagem, receberam lixa e esponja conferindo a eles lisura em sua superfície;
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Mot
ivos
Cri
ativ
os:
o ab
raço
e o
cor
ação
Figura 29: Alessandri Francisco. 2013
Figura 30: Alessandri Francisco. 2013
6. Após a queima de biscoito à 950° C, houve a produção e aplicação dos esmaltes de cinzas¹.
Mot
ivos
Cri
ativ
os:
o ab
raço
e o
cor
ação
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Figura 31: Alessandri Francisco. 2013
Figura 32: Alessandri Francisco. 2013
Esmalte de cinzas²: o esmalte a base de cinzas é muito antigo, as cinzas possuem grande quantidade de sílica em sua composição, ao se colocar as cinzas em altas temperaturas estas se fundem formando um vidrado. O vidrado tem a função de cobrir a superfície de objetos cerâmicos, colorindo e impermeabilizando. Ele pode ser translúcido, opaco, brilhante ou mate, acetinado. Sua cor varia de acordo com a origem de suas cinzas.
7. A queima final no forno a gás¹ atingiu uma temperatura de 1280° C, marcada por termopar. No forno elétrico² atingiu a temperatura de 1270° C.
Mot
ivos
Cri
ativ
os:
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Figura 33: Gambarê no coração, Alessandri Francisco. 2013
Forno a gás¹: é um aparelho capaz de gerar e conservar o calor em baixas e altas temperaturas através do uso de materiais isolantes e do uso de gás, possibilitando as queimas redutoras ideais para se conseguir os efeitos dos esmaltes de cinzas. Forno elétrico²: é um aparelho capaz de gerar e conservar o calor em baixas e altas temperaturas através do uso de materiais isolantes e de suas resistências incandescentes ideais para queimas neutras.
Con
clus
ão
Finalizando este trabalho concluo que as esculturas por mim executadas
expressaram a emoção e valoração do Gambarê como um ato de gentileza e
companheirismo. Através do abraço e do coração as esculturas revelaram um
gesto simples e gentil. Para tanto, foram desenvolvidos dois grupos de peças:
o primeiro constituído de quatro bonecos modelados a mão e que
representaram o desejo, a doação e o toque. O segundo grupo, composto por
bonecos reproduzidos em moldes de gesso, Foi queimado, em forno a gás e
elétrico, com barbotinas de porcelana e grés; o que proporcionou uma
diferença nas cores. Uns ficaram mais vívidos, mais fortes e os outros em tons
suaves, revelando o caráter e o semblante singular de cada boneco. Quanto aos
bonecos maiores, foi realizada a queima no forno a gás, proporcionando a eles
cores terrosas mais vibrantes, característica conseguida pela queima redutora.
O engobe branco ganhou tons alaranjados, o engobe de cinzas tons amarelos e
negros, o engobe das bochechas um tom vermelho seco e a argila chamotada
manchas que vão do marrom ao negro com pintas. Através das técnicas de cerâmica citadas acima e as referências sobre
Haniwas, J. Carlos, Mangá e Toy Art, obtive como resultados artísticos
esculturas cerâmicas infantis bem produzidas com características ingênuas
tocando num tema adulto de forma delicada. Espero que meus Toys consigam envolver o expectador, levando-os a
refletir que a vida é feita de muitas nuances, indo do companheirismo até a
rivalidade. Ao perceber estes opostos, eleja a expressão Gambarê como a
melhor maneira para se viver. Abraçando feito um laço com o braço,
equilibrando as energias de compreensão, companheirismo e doação. Então
se entregue, feche os olhos, abrace e deixe-se abraçar; prolongue o braço
sempre que tiver vontade. Gambarê !!!!!!!!!!!!!!!!
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Conclusão
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Esmalte transparente de alta temperatura, cone 10 Feldspato de Potássio: 70%Cinza de Eucalipto: 30%Total: 100%
Esmalte vermelho de alta temperatura, cone 10 BaseFeldspato de Potássio: 70%Cinza de Eucalipto: 30%Total:100%
Adicionar na base 9% de corante vermelho para alta temperatura (red da PSH Brasil) e 3% de óxido de titânio (nacional).
Engobe de cinza, amarelo com pintas
Caulim: 50%Cinza de Eucalipto: 30%Feldspato de Potássio: 20%Total: 100%
Engobe Branco
Porcelana líquida da PSH Brasil, 811 para cone 6, usada como engobe. Rec
eita
s us
adas
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tas
tem
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tura
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Receitas usadas para altas temperaturas
Glo
ssár
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Argila: material terroso de granulação fina composto por silicatos de alumínio e alguns óxidos que lhe dão cores variadas. A argila é facilmente encontrada próxima aos barrancos dos rios. Quando seca é dura e quebradiça, porém ao ser hidratada torna-se uma massa plástica o que possibilita ser modelada.
Barbotina: é uma argila liquida muito usada para reprodução de peças em moldes de gesso.
Biscoito, queima de biscoito: é a primeira transformação da argila em cerâmica, sua queima varia de 800 a 1000°C, dependendo do tipo de técnica utilizada.
Chamote: material triturado, duro com pouca ou nenhuma porosidade. É adicionado em massas cerâmicas aumentando a resistência durante a secagem e reduzindo o encolhimento excessivo da peça durante a queima. Chamotada (o): termo usado para se nomear as massas que contem chamote em sua composição.
Colagem: método usado para a reprodução de peças utilizando moldes de gesso e barbotinas. Conformar, conformação: termo usado na cerâmica significa dar forma.
Corante Mineral: são óxidos metálicos combinados a outros minerais, são processados industrialmente com a finalidade de colorir massas, engobes, terras sigillatas e esmaltes. Engobe: é uma argila liquida, colorida ou não, de consistência cremosa, aplicada sobre peças em ponto de couro ou biscoitadas.
Engobar: engobar é o ato de colorir, decorar e até impermeabilizar a superfície das peças usando o engobe.
Esmalte de cinzas: o esmalte a base de cinzas é muito antigo, as cinzas possuem grande quantidade de sílica em sua composição, ao se colocar as cinzas em altas temperaturas estas se fundem formando um vidrado.O vidrado tem a função de cobrir a superfície de objetos cerâmicos, colorindo e impermeabilizando. Ele pode ser translúcido, opaco, brilhante ou mate, acetinado. Sua cor varia de acordo com a origem de suas cinzas.
Esgrafito: em cerâmica, esgrafito é o ato de se aplicar o engobe sobre a superfície de uma peça e posteriormente com o uso de estecas, ferramentas de desbaste se faz um desenho removendo este engobe de modo que o fundo da peça apareça.
Forno elétrico: é um aparelho capaz de gerar e conservar o calor em baixas e altas temperaturas através do uso de materiais isolantes e de suas resistências incandescentes.
Forno a gás: é um aparelho capaz de gerar e conservar o calor em baixas e altas temperaturas através do uso de materiais isolantes e do uso de gás, possibilitando as queimas redutoras ideais para se conseguir os efeitos nos esmaltes de cinzas.
Grés: argila refratária de granulometria fina, suporta altas temperaturas de 1250 à 1300°C. Sua coloração varia de vermelho escuro até o cinza claro.
Glossário
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Glo
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Massa cerâmica: é uma argila que foi extraída e limpa, combinada a outros minerais melhorando sua capacidade plástica, aumentando sua resistência e diminuindo sua retração. Modelar, Modelagem: técnica usada para dar forma às peças cerâmicas, podendo ser manual ou com ferramentas.
Moldagem: é um processo mecânico que se utiliza de molde e argila, ( massas, pó e barbotinas) para a ação da reprodutibilidade. Ponto de couro: o ponto de couro é um dos estágios de secagem, quando a peça ainda não secou completamente e ainda aceita modificações em sua superfície. Porcelana: é uma argila branca, densa e vítrea, de textura muito lisa e dura depois de queimada.
Prancha de ambientação: Quadro criado para reunir imagens e ideias encontradas através de temas e sua observação. Para isto se recolhe desde carões postais até reportagens de revistas. Criando assim a inspiração para se iniciar um trabalho.
Queima de alta temperatura, Queima de alta: processo pelo qual se atinge a temperatura final até 1300° C.
Queima de baixa temperatura,Queima de biscoito, Biscoito: processo pelo qual se atinge a temperatura final de até 1000° C.
Queima por redução, redução: este tipo de queima acontece geralmente em fornos a gás ou à lenha, o ceramista interrompe ou reduz o fluxo de oxigênio criando uma atmosfera interna reduzida (de oxigênio), este acaba sendo roubado das massas e esmaltes lhes conferindo manchas e mudanças de cores.
Secagem : é a eliminação da água pelo tempo e temperatura do ambiente.
Sinterização, Sinterizados: na cerâmica é o processo que permite obter objetos duros bem queimados em altas temperaturas com pouca ou nenhuma porosidade.
Técnicas de acordelamento: construção de objetos com o uso de rolinhos de argila sobrepostos, unidos por barbotina, gerando no final a forma esperada.
Técnica do pinch: ato de pressionar uma argila com o dedo indicador e polegar, possibilitando a forma e criação de objetos.
Técnica de placa: consiste em se utilizar de placas feitas em argila, abertas por rolos ou plaqueiras. Desta maneira as placas embora planas geram objetos de formas tridimensionais.
Termopar: é um sensor de temperatura interligado a um Instrumento de leitura capaz de ler as temperaturas do processo de queima.
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