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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
SECRETARIA ESPECIAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E INCENTIVO À
PRODUÇÃO
EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL
SIMÃO ROBSON OLIVEIRA JATENE
Governador
HELENILSON CUNHA PONTES
Vice- Governador
SIDNEY ROSA
Secretário Especial de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção
ENGª AGRª CLEIDE MARIA AMORIM DE OLIVEIRA
Presidente da EMATER/PARÁ
ADVº RODRIGO MENDES DE MENDES
Diretor Administrativo da EMATER/PARÁ
ENGª AGRº HUMBERTO BALBI REALI FILHO
Diretor Técnico
ENGº AGRª ROSIVALDO DA SILVA COLARES
Supervisor do Regional Santarém da EMATER/PARÁ
ENGª AGRº JOÃO CLOVIS DUARTE LISBOA
Supervisor Adjunto do Regional Santarém da EMATER/PARÁ
2
“O que nós vimos hoje, é tudo que a gente poderia imaginar para o
nosso assentamento.”.
assentado da comunidade de Vila Nova sobre a apresentação do
PDA.
3
Plano de Desenvolvimento do Projeto de Assentamento Agroextrativista do Eixo Forte
Ficha Técnica
Adenauer Matos Beling
Engenheiro Ambiental
Dorivam Passos Administrador de Empresas - Técnico Agropecuário
Edinelson Saldanha Corrêa Engenheiro Ambiental - Mestre em Engenharia Química
Edson Rider dos Santos Souza Engenheiro Florestal
Inês da Silva Guahyba Santos Engenheira Agrônoma
Joaquim Cristovam de Andrade Sena Engenheiro Florestal
Lorena Cecília Teixeira e Sousa Médica Veterinária
Maria da Conceição Pinto de Oliveira Técnica em Magistério
Maria Liduína Bentes Tenório Pedagoga
Maria Margarete Araújo Salomão Engenheira Agrônoma
Marilda Costa Silva Pedagoga
Mário Tanaka Engenheiro Agrícola - Técnico Agropecuário
Maura Célia de Siqueira Chaves Pedagoga
Mônica Sousa Rodrigues Técnica Agropecuária
Paulo Sérgio Campos de Melo Engenheiro Agrônomo - Especialista em Heveicultura e Fitossanitarismo
Raquel Araújo Amaral Socióloga
Taciana Silva Miranda Técnica em Agropecuária
4
AGRADECIMENTO
Federação das Associações de Moradores, Comunidades e Entidades
do Assentamento Agroextrativista do Eixo Forte
FAMCEEF
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém
STTR-STM
5
LISTA DE SIGLAS
ACS Agente Comunitário de Saúde.
APP Área de Preservação Permanente.
ARCON Agência Estadual de Regulação, Fiscalização e Serviços Públicos.
ATES Assessoria Técnica, Social e Ambiental.
CAGED Cadastro Geral de Empregos e Desempregados.
CDLAF Compra Direta Local da Agricultura Familiar.
CEAMA Centro de Estudo Avançados da Amazônia.
CEAPAC Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária.
CEFT-BAM Centro de Estudo, Pesquisa e Formação dos Trabalhadores do Baixo
Amazonas.
CELPA Centrais Elétricas do Pará.
CEPLAC Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira.
CFR Casa Familiar Rural.
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento.
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente.
COSANPA Companhia de Saneamento do Estado do Pará.
DAP. Documento de Aptidão ao Pronaf.
DETRAN Departamento de Trânsito do Estado do Pará.
DRP Diagnóstico Rural Participativo.
EJA Educação para Jovens e Adultos.
EMATER/PA Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do
Pará.
FAMCEEF Federação das Associações de Moradores, Comunidades e
Entidades do Projeto Extrativista do Eixo Forte
FLONA Floresta Nacional.
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
FUNDAC Fundo de Desenvolvimento e Ação Comunitária.
GPS Global Positioning System.
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social do Pará.
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental.
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário.
PA Projeto de Assentamento.
PAA Programa de Aquisição de Alimentos.
PAE Projeto de Assentamento Agro-extrativista.
PDS Projeto de Desenvolvimento Sustentável.
PIB Produto Interno Bruto.
PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar.
PNATER Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.
PRA Projeto de Recuperação do Assentamento.
6
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
RB Relação de Beneficiário.
SAGRI Secretaria de Agricultura do Estado do Pará.
SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
SEMED Secretaria Municipal de Educação.
SEMINF Secretaria Municipal de Infra-estrutura.
SEMSA Secretaria Municipal de Saúde.
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.
SEPAQ Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará.
SEPOF Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças.
SESC Serviço Social do Comércio.
SESI Serviço Social da Indústria.
SETRAN Secretaria Executiva de Transporte do Estado do Pará.
SMT Secretaria Municipal de Transporte.
STPP Sistema de Transporte Público de Passageiros.
STTR Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.
TDF Tratamento Fora de Domicílio.
UF’s Unidades Familiares.
UHE Usina Hidrelétrica.
7
LISTA DAS TABELAS
Nº TABELA PÁGINA
01 PRINCIPAIS MUNICÍPIOS ATENDIDOS PELA
CELPA
35
02 QUADRO DEMONSTRATIVO DE NÚMERO DE
ALUNOS MATRICULADOS POR SÉRIE E REGIÃO
NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO – ANO: 2008
36
03 ALUNOS MATRICULADOS NO ENSINO SUPERIOR 2010 36
04 ALUNOS MATRICULADOS EM ESCOLAS DE
ÁREAS QUILOMBOLAS E INDÍGENAS
37
05 UNIDADES E SERVIÇOS DE SAÚDE QUE
COMPÕEM O SUS. SANTARÉM, 2009
39
06 DISTRIBUIÇÃO DE LEITOS HOSPITALARES
(EXISTENTES E CONTRATADOS) NA REDE SUS,
2009
40
07 DESTINO DOS DEJETOS. SANTARÉM, 2009 41
08 DISTRIBUIÇÃO DOS MICROSSISTEMAS DE
ABASTECIMENTO DE ÁGUA NA ZONA RURAL -
2010
41
09 DESTINO DO LIXO NA CIDADE DE SANTARÉM,
2009
42
10 EVOLUÇÃO DA TAXA DE CRESCIMENTO DA
POPULAÇÃO 1980/91/96-2010
43
11 VALOR PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DA
CULTURA TEMPORÁRIA EM SANTARÉM - 2008
47
12 PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO MUNICÍPIO DE
SANTARÉM 2007 A 2009
47
13 VALOR PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DA
CULTURA PERMANENTE EM SANTARÉM - 2008
48
14 PRODUTO INTERNO BRUTO DE SANTARÉM 49
15 CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO DO PAE EIXO
FORTE
52
16 TIPOS DE SOLOS 52
17 VEGETAÇÃO 57
18 ESPÉCIES VEGETAIS 57
19 ESPÉCIES DA FAUNA 60
20 USO E COBERTURA DO SOLO 62
21 SISTEMAS AGRO-AMBIENTAIS DO EIXO FORTE 66
22 APTIDÃO AGRÍCOLA DOS SOLOS DO PAE EIXO FORTE 68
23 NÍVEL DE MANEJO E TIPO DE UTILIZAÇÃO POR
GRUPO
70
24 INFRAESTRUTURA EXISTENTE NO PAE EIXO FORTE 74
25 PONTES E BUEIROS 75
26 MÉDIA DE FILHOS POR FAMÍLIA NO PAE EIXO FORTE 81
8
27 ORGANIZAÇÕES COMUNITÁRIAS EXIXTENTES 84
28 ENTIDADES POTENCIALMENTE PRESTADORAS DE
ASSESSORIA TÉCNICA, SOCIAL, AMBIENTAL, EXTENSÃO
RURAL E PESQUISA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM, PARÁ
96
29 GRUPOS, ENQUADRAMENTO E FINALIDADE DO PRONAF,
SAFRA 2010/2011
104
30 PRONERA - MODALIDADE E CUSTO ALUNO/ANO NA
REGIÃO NORTE DO BRASIL
109
31 DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE NO PAE EIXO FORTE 111
32 TIPOS DE HABITAÇÃO EXISTENTES NO PAE EIXO FORTE 119
33 Nº DE CASAS E PROFISSIONAIS DA ÁREA DA
CONSTRUÇÃO
121
34 CALENDÁRIO DE EVENTOS DO PAE EIXO FORTE 240
35 AÇÕES PROPOSTAS NO PROGRAMA DE ATES SISTEMAS
PRODUTIVOS
319
36 AÇÕES PROPOSTAS PROGRAMA ATES
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
322
37 AÇÕES PROPOSTAS PROGRAMA DE ATES GESTÃO
AMBIENTAL
325
9
LISTA DAS FIGURAS
Nº FIGURA PÁGINA
01 LOCALIZAÇÃO DO PAE EIXO FORTE 27
02 BALNEÁRIOS EM APP COMUNIDADE VILA NOVA 54
03 BALNEÁRIOS EM APP COMUNIDADE VILA NOVA 54
04 BARRAGEM DA PENITENCIÁRIA SILVIO HALL DE MOURA 55
05 MICROSSISTEMA DE ABASTECIMENTO DA COMUNIDADE
DO CUCURUNÃ
56
06 ESPÉCIES FLORESTAIS DO PAE EIXO FORTE 59
07 ESPÉCIES DA FAUNA DO PAE EIXO FORTE 62
08 EXTRAÇÃO DE AREIA EM APP NA COMUNIDADE DE
CUCURUNÃ
64
09 EXTRAÇÃO DE AREIA EM APP NA COMUNIDADE DE
CUCURUNÃ
64
10 CAPACIDADE DE USO DO SOLO DO PAE EIXO FORTE 70
11 DELIMITAÇÃO DAS COMUNIDADES E INFRAESTRUTURA
COMUNITÁRIA
73
12 NATURALIDADE DOS ASSENTADOS 78
13 TEMPO MÉDIO QUE O ASSENTADO RESIDE NA
COMUNIDADE
78
14 QUANTO A DOCUMENTAÇÃO 79
15 ASSENTADOS NA RELAÇÃO DE BENEFICIÁRIOS 79
16 DISTRIBUIÇÃO POR GÊNERO NAS COMUNIDADES 80
17 ESTADO CIVIL DOS ASSENTADOS 80
18 DIVISÃO DOS ASSENTADOS POR FAIXA ETÁRIA 81
19 ASSENTADOS QUE CONTRIBUEM NAS ATIVIDADES DA
PROPRIEDADE
82
20 ASSENTADOS QUE POSSUEM ATIVIDADES
REMUNERADAS
82
21 DISTRIBUIÇÃO DA RENDA DOS BENEFICIÁRIOS 83
22 DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE DOS ASSENTADOS 83
23 ASSENTADOS QUE PARTICIPAM DE GRUPOS SOCIAIS 84
24 ACESSO À PROPRIEDADE DOS ASSENTADOS 86
25 CONDIÇÕES DE ACESSO NO VERÃO 86
26 CONDIÇÕES DE ACESSO NO INVERNO 87
27 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA 87
28 TAMANHO DAS PROPRIEDADES 89
29 PAGAMENTO DO ITR 89
30 TIPO DE ENERGIA EXISTENTE NA PROPRIEDADE 90
31 PESCA ARTESANAL NO EIXO FORTE 91
32 CULTURAS TEMPORÁRIAS DO PAE EIXO FORTE 92
33 CULTURAS PERMANENTES DO PAE EIXO FORTE 93
34 PECUÁRIA PRATICADA NO PAE EIXO FORTE 93
35 COMPOSIÇÃO DA RENDA NO PAE EIXO FORTE 94
10
36 QUANTO AO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS 101
37 TIPO DE CRÉDITOS RECEBIDOS 101
38 DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE DOS ASSENTADOS 111
39 FREQUÊNCIA DAS VISITAS DO ACS 113
40 USO DE PLANTAS MEDICINAIS 113
41 UTILIZAÇÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS 114
42 QUANTO AO PRÉ-NATAL 114
43 DESTINAÇÃO DO LIXO - MÉDIA DO ASSENTAMENTO 115
44 DESTINO DO LIXO - CUCURUNÃ 116
45 LAZER 117
46 TIPO DE HABITAÇÃO - PAREDE 119
47 TIPO DE HABITAÇÃO - COBERTURA 120
48 TIPO DE HABITAÇÃO - PISO 120
49 TIPO DE HABITAÇÃO - INSTALAÇÃO SANITÁRIA 120
50 PROPOSTA DE LIMITES DAS COMUNIDADES 126
51 DIA DE CAMPO SOBRE TURISMO DE BASE FAMILIAR 137
52 DIA DE CAMPO SOBRE TURISMO DE BASE FAMILIAR 138
53 MODELO SUGESTIVO DE CABANAS PARA A ESTAÇÃO
TURÍSTICA DO EIXO FORTE
140
54 LOCALIZAÇÃO DAS POUSADAS 141
55 ARVORISMO 145
56 CAVALGADA 146
57 PASSEIO DE BARCO 147
58 TIROLESA 148
59 TORRE DE OBSERVAÇÃO 149
60 MIRANTE 149
61 PESQUE E PAGUE 150
62 CANOAGEM 151
63 TRILHAS 152
64 PORTAL RECEPTIVO 154
65 FIGURA ILUSTRATIVA DO PORTAL RECEPTIVO 157
66 CICLOVIA DO EIXO FORTE 159
67 FIGURA ILUSTRATIVA DA CICLOVIA DO EIXO FORTE 160
68 FIGURA ILUSTRATIVA DOS PAINÉIS DE BOAS VINDAS 163
69 PAINÉIS DE BOAS VINDAS 163
70 OFICINAS DE PLANEJAMENTO DO PDA 165
71 GALINHA CAIPIRA 167
72 LOGOMARCA GALINHA “CABOCA” 169
73 CAPRINOCULTURA 172
74 PISCICULTURA EM TANQUE REDE 177
75 MELIPONICULTURA 181
76 OLERICULTURA ORGÂNICA 187
77 FLORICULTURA 192
78 MANDIOCA 196
79 CASA DE FARINHA 198
11
80 FRUTICULTURA 202
81 DESPOLPADEIRA 203
82 DOCES E LICORES 204
83 AÇAÍ 208
84 BENEFICIAMENTO DO AÇAÍ 209
85 CURAUÁ 212
86 VIVEIRO DOS SONHOS 220
87 ÁGUA PARA TODOS 225
88 FARMÁCIA VIVA 228
89 CASA FAMILIAR RURAL 234
90 FOLCLORE 236
91 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA 243
92 BIBLIOTECA CAMUNITÁRIA - VISTA FRONTAL/ LATERAL/
PLANTA BAIXA
245
93 ESCOLA DE MÚSICA 247
94 ARTESANATO 253
95 LOGOMARCA COORDENAÇÃO DE ESPORTES DO EIXO
FORTE
255
96 ESPORTES 256
97 COZINHA TRADIÇÃO 260
98 LOGOMARCA COZINHA TRADIÇÃO 261
99 RÁDIO COMUNITÁRIA 265
100 1.000.000 DE ÁRVORES 270
101 RECUPERAÇÃO DE APP 275
102 RECUPERAÇÃO DE NASCENTES 279
103 ASPECTO ATUAL DAS ESTRADAS DO ASSENTAMENTO 283
104 ESTRADAS VICINAIS ECOLÓGICAS 284
105 DESENHO ESQUEMÁTICO DA ESTRADA ECOLÓGICA 285
106 SANEAMENTO BÁSICO 289
107 CETAS - EIXO FORTE 295
108 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO JUÁ 298
109 LOGOMARCA CONCURSO COMUNIDADE LIMPA,
COMUNIDADE LINDA
300
110 PRAÇA DA IGREJA ANTES E DEPOIS 301
111 SÃO BRÁZ ONTEM, HOJE E AMANHÃ 302
112 PAISAGISMO COMUNITÁRIO 303
113 EIXO FORTE SEM LIXO 307
114 DESENHO ESQUEMÁTICO DO GRUPO GESTOR DA
COMUNIDADE DO CUCURUNÃ
311
115 CONSELHOS GESTORES COMUNITÁRIOS 311
116 EIXO FORTE EMPREENDEDOR 332
12
SUMÁRIO
PÁGINA
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
1. APRESENTAÇÃO 16
2. METODOLOGIA 17
2.1. Da Elaboração do Plano 17
2.2. A Assessoria Técnica, Social e Ambiental no
Acompanhamento da Implantação do Plano
19
3. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DE
ASSENTAMENTO – PAE EIXO FORTE
23
3.1. Geral 23
3.1.1. Denominação do Imóvel 23
3.1.2. Denominação do Projeto de Assentamento 23
3.1.3. Data e Número da Portaria de Criação do Projeto de
Assentamento
23
3.2. Específica 23
3.2.1. Distância da Sede Municipal 23
3.2.2. Área Total 23
3.2.3. Área requerida no Código Florestal para Reserva
Legal
24
3.2.4. Área Preservação Permanente 24
3.2.5. Número de Famílias 24
3.2.6. Capacidade do Assentamento x Número de Famílias
Assentadas
24
3.2.7. Entidade Representativa 24
4. DIAGNÓSTICO RELATIVO Á ÁREA DE INFLUENCIA
DO PAE EIXO FORTE
25
4.1. Localização e Acesso 25
4.2. Contexto Sócio-Econômico e Ambiental da Área de
Influência do Projeto de Assentamento
28
4.2.1. Recursos Hídricos 29
4.2.1.1. Bacia do Amazonas 29
4.2.1.2. Bacia do Tapajós
4.2.1.3. Bacia do Arapiuns
29
30
4.2.1.4. Bacias dos Rios Moju, Mojuí, e Curuá Una 31
4.2.2. Relevo e Altimetria 31
4.2.2.1. Clima 32
4.2.3. Solos 32
4.2.4. Vegetação 33
4.2.5. Biodiversidade 34
4.2.6. Energia 35
4.2.7. Educação 35
13
4.2.7.1. Casa Familiar Rural 37
4.2.8. Saúde e Saneamento 38
4.2.9. População 42
4.3. Economia 44
4.3.1. Sistemas Produtivos 44
4.3.2. Indústria 45
4.3.3. Agropecuária 46
4.3.4. Comércio 48
4.3.5. Turismo 49
4.4. Passivos Ambientais 50
5. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO
AGROEXTRATIVISTA DO EIXO FORTE
52
5.1. Condições Físicas e Edafo-Climáticas do PAE Eixo
Forte
52
5.1.1. Relevo 52
5.1.2. Solos 52
5.1.3. Recursos Hídricos 54
5.1.4. Flora 57
5.1.5. Fauna 60
5.1.6. Uso do Solo e Cobertura Vegetal 62
5.1.7. Reserva Legal e Área de Preservação Permanente 64
5.1.8. Estratificação Ambiental dos Agro-Ecossistemas 65
5.1.9. Capacidade de Uso do Solo 67
5.1.10. Análise Sucinta dos Potenciais e Limitações dos
Recursos Naturais e da Situação Ambiental do
Assentamento
71
5.2. Organização Espacial Atual 72
5.3. Situação do Meio Sócio-Econômico e Cultural 76
5.3.1. Histórico do Projeto de Assentamento 76
5.3.2. População e Organização Social 77
5.4. Infra-Estrutura Física, Social e Econômica 86
5.5. Sistemas Produtivos 90
5.5.1. Análise Sucinta dos Sistemas Produtivos 94
5.6. Serviços de Apoio à Produção 96
5.6.1. Assistência Técnica e Pesquisa 96
5.6.2. Crédito 101
5.6.3. Capacitação Profissional 108
5.7. Serviços Sociais Básicos 110
5.7.1. Educação 110
5.7.2. Saúde e Saneamento 112
5.7.3. Lazer 117
5.7.4. Cultura 118
5.7.5. Habitação 118
5.8. Análise das Limitações, Potencialidades e
Condicionantes
122
14
6. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DO PROJETO DE ASSENTAMENTO
123
6.1. Apresentação 123
6.2. Objetivos e Diretrizes Gerais 124
6.2.1. Organização Espacial 125
6.2.2. Serviços e Direitos Sociais Básicos 127
6.2.3 - Sistemas Produtivos 128
6.2.4. Meio Ambiente 130
6.2.5. Desenvolvimento Organizacional 132
6.2.6. A Assessoria Técnica, Social e Ambiental no
Acompanhamento à Implantação do Plano
133
6.3. Programas 135
6.3.1. Programa Organização Espacial 135
6.3.1.1. Projeto Estação Turística do Eixo Forte 138
6.3.1.2. Projeto Ação, Aventura & Contemplação 142
6.3.1.3. Portal Receptivo do Eixo Forte 153
6.3.1.4. Ciclo Via Eixo Forte 158
6.3.1.5. Painéis de Boas Vindas ao Eixo Forte 161
6.3.2. Programa Produtivo 164
6.3.2.1. Subprograma Produção de Pequenos Animais 166
6.3.2.1.1. Projeto Galinha Caipira 166
6.3.2.1.2. Projeto Caprinocultura 170
6.3.2.1.3. Projeto Criação de Peixes em Tanque Rede 175
6.3.2.1.4. Projeto de Fortalecimento da Meliponicultura 179
6.3.2.2. Subprograma Olericultura Agroecológica 184
6.3.2.2.1. Projeto Hortas Orgânicas 184
6.3.2.2.2. Projeto Flores do Eixo Forte 189
6.3.2.3. Subprograma Mandioca 194
6.3.2.3.1. Projeto Fortalecimento do Cultivo da Mandioca 194
6.3.2.4. Subprograma Fruteiras Tropicais 199
6.3.2.4.1. Projeto Fortalecimento da Fruticultura Tropical no
Eixo Forte
199
6.3.2.4.2. Projeto de Fortalecimento e Incentivo ao Cultivo e
Manejo de Açaizais
205
6.3.2.5. Subprograma Fibras Naturais 210
6.3.2.5.1. Projeto Curauá 210
6.3.2.6. Subprograma Comercialização 215
6.3.2.6.1. Projeto Comercialização e Marketing 215
6.3.2.7. Subprograma Produção de Mudas 219
6.3.2.7.1. Projeto Viveiro de Sonhos 219
6.3.3. Programa de Garantias de Direitos Sociais 222
6.3.3.1. Subprograma Saúde 223
6.3.3.1.1. Projeto Água para Todos 223
6.3.3.1.2. Projeto Farmácia Viva 227
6.3.3.2. Subprograma Educação 231
15
6.3.3.2.1. Projeto Casa Familiar Rural de Santarém - Eixo
Forte
231
6.3.3.3. Subprograma Cultura, Esporte e Lazer 235
6.3.3.3.1. Projeto Folclore 235
6.3.3.3.2. Projeto Festas e Festivais do Eixo Forte 238
6.3.3.3.3. Projeto Bibliotecas Comunitárias 242
6.3.3.3.4. Projeto Escola de Música do Eixo Forte 246
6.3.3.3.5. Projeto Artesanato 250
6.3.3.3.6. Projeto Time Legal 254
6.3.3.3.7. Projeto Cozinha Tradição 259
6.3.3.3.8. Projeto Rádio Comunitária 262
6.3.4. Programa de Garantia de Direitos Ambientais 268
6.3.4.1. Projeto 1.000.000 de Árvores para o Eixo Forte 268
6.3.4.2. Projeto Recuperação de Áreas de Preservação
Permanente - APP
273
6.3.4.3. Projeto Recuperação e Conservação de Nascentes 276
6.3.4.4. Projeto Estradas Vicinais Ecológicas 283
6.3.4.5. Projeto Saneamento Básico Rural 286
6.3.4.6. Projeto Centro de Triagem de Animais Silvestres do
Eixo Forte - CETAS-EIXO FORTE
292
6.3.4.7. Área de Proteção Ambiental do Juá 297
6.3.4.8. Projeto Paisagismo Comunitário 300
6.3.4.9. Projeto Destino Adequado dos Resíduos Sólidos 304
6.3.5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de
Gestão do Plano
310
6.3.5.1. Projeto Conselhos Gestores Comunitários 310
6.3.5.2. Projeto Fortalecimento da FAMCEEF 314
6.3.6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental – ATES 317
6.4. Indicativos de Sustentabilidade – Sobre o Projeto,
Subprograma e/ou Programa
326
6.5. Disposições Gerais 328
6.5.1. Projeto Eixo Forte Empreendedor 329
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 334
16
1. APRESENTAÇÃO
O Presente documento constitui-se como o Plano de
Desenvolvimento do Assentamento – PDA do Projeto Agroextrativista
PAE Eixo Forte, localizado em Santarém, no Estado do Pará. A
elaboração deste documento é parte integrante do cumprimento da Meta
I do Convênio 10.000/2008 celebrado entre Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária – INCRA SR30 e a Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará –
EMATER/PA. O Projeto Agroextrativista é uma modalidade especial de
assentamento, no qual as atividades desenvolvidas pelas populações
locais baseiam-se na extração de recursos naturais da floresta e sua
implantação busca garantir aos assentados o uso da terra em que vivem
e produzem, levando em conta suas características e costumes.
A construção deste PDA amparou-se nas determinações e
exigências do INCRA que normatizam o processo de implementação dos
assentamentos rurais no país, bem como na Resolução nº 387/2008 do
Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, na Norma Execução
Nº 71/2008 e no Manual Operacional de Assessoria Técnica Social e
Ambiental que estabelecem os procedimentos para o Licenciamento dos
Projetos de Reforma Agrária, essas definem, basicamente, o enfoque a
ser analisado pela equipe técnica a fim de focar nas demandas
essências e buscar soluções reais, contínuas que contribuam para o
melhoramento da qualidade de vida dos beneficiários. As questões aqui
levantadas foram amplamente discutidas pela equipe técnica
interdisciplinar juntamente com os comunitários, estes analisavam sua
condição atual nos aspectos produtivo, ambiental, social e econômico,
identificavam problemas e apontavam as possíveis soluções na
perspectiva de criar um ambiente apropriado e digno para viverem com
suas famílias sob a ótica da sustentabilidade e da preservação
ambiental.
É desta forma, envolvendo conhecimento local e conhecimento
técnico, que este Plano pretende ser um instrumento que subsidie
consultas e tomadas de decisões para implementação de Políticas
17
Públicas, esperamos que contemple a realidade em todas as nuances a
que se pretendeu abordar.
A coordenação.
2. METODOLOGIA
2.1. Da Elaboração do Plano
O PDA do PAE Eixo Forte foi construído a partir do princípio
construtivista, com foco na participação e transparência do processo sob
os aspectos orientadores do Manual Operacional de Assessoria Técnica,
Social e Ambiental, Norma de Execução N°71/2008 e Conselho Nacional
do Meio Ambiente - CONAMA N°387/2006.
A elaboração do PDA do PAE Eixo Forte foi dividida em sete
fases:
Capacitação dos técnicos envolvidos no processo;
Planejamento das ações a serem realizadas;
Pesquisa de campo; revisão bibliográfica;
Sistematização dos dados;
Redação do documento final; e
Aprovação em assembléias por comunidade.
Em um primeiro momento realizou-se a capacitação do corpo
técnico, pelo fato do Convênio 10.000/2008 INCRA/EMATER, abranger
cinco municípios gerenciados pelo Regional de Santarém. Os principais
temas abordados nas oficinas foram: socialização do uso apropriado da
metodologia Diagnóstico Rural Participativo (PRA), visando estimular a
discussão de idéias, opiniões e conceitos com vista á solução de
problemas e busca de entendimento entre assentados e equipe técnica.
Vale ressaltar, que a utilização deste método, norteou tanto a construção
do PDA quanto o trabalho de assessoria técnica, social e ambiental.
Este método de pesquisa é participativo e utiliza um conjunto de técnicas
e ferramentas, oportunizando a construção de um diagnóstico do
assentamento. A partir de uma matriz na qual os assentados
compartilharam informações, registrando a percepção do grupo sobre
problemas e potencialidades do assentamento (EMATER, 2007). Outro
produto foi a elaboração conjunta, entre os técnicos, dos formulários
18
individual e coletivo, atendendo os requisitos normativos vigentes e, por
fim, a prática de campo nas comunidades do Projeto de Assentamento
Agroextrativista do Eixo Forte - PAE Eixo Forte, com aplicação dos
formulários para averiguar a eficiência dos mesmos.
Na segunda fase, a equipe técnica de cada assentamento
reuniu-se para socializar as dúvidas, nivelar conhecimentos e traçar a
estratégia de ação a ser utilizada para a coleta dos dados em campo.
Nesta fase foi definida a programação das oficinas, bem como, as
técnicas e ferramentas utilizadas para adquirir as informações
necessárias para elaboração deste PDA.
Nos vários contatos, ao longo de 2009 e 2010, entre a equipe
técnica da EMATER/PA e as famílias assentadas foram utilizadas
diversas técnicas e ferramentas participativas de coleta e interpretação
de dados sócio-econômicos e ambientais, como reuniões, visitas,
oficinas, mapa falado, pontos fortes e fracos da comunidade, aplicação
de formulários semi-estruturados entre outros esquemas coletivos, no
intuito de buscar a integração do maior número de assentados para
possibilitar um diagnóstico mais abrangente sobre a origem e as
expectativas dessas famílias, bem como criar vínculos de
reconhecimento desses assentados com o plano de desenvolvimento
que, de fato, eles ajudaram a elaborar.
Na terceira fase, a equipe técnica (EMATER/PA) procurou
utilizar esses momentos de contatos coletivos ou individuais, para
sensibilizar os assentados sobre questões relativas à necessidade de
organização como fundamento para conquista da sustentabilidade do
projeto.
A quarta fase, diz respeito à pesquisa documental que foi
realizada nos acervos públicos e particulares disponíveis do município
de Santarém, bem como em sites governamentais oficiais.
Superadas as etapas anteriores, passou-se a quinta fase,
sistematização dos dados. Foi desenvolvido um software, a fim de
abstrair e filtrar as informações necessárias à elaboração do PDA.
Concluída esta fase, realizaram-se reuniões em todas as comunidades
do Eixo Forte, com o objetivo de apresentar os dados referentes ao
19
diagnóstico do assentamento, a fim de validá-los e receber sugestões e
contribuições.
A sexta fase foi a fase de elaboração do plano. O PDA do PAE
Eixo Forte foi elaborado a partir de diversas reuniões e visitas feitas pela
equipe técnica da EMATER/PA à área do projeto, e contou, em todas as
fases, com a participação direta e efetiva da FAMCEEF - Federação das
Associações de Moradores, Comunidades e Entidades Extrativistas do
Eixo Forte. Ao elaborar o PDA, também se levou em consideração as
condicionantes ambientais apresentadas pela legislação vigente,
especificamente a Resolução N°289 do CONAMA, principalmente no
que se refere às restrições na utilização das áreas de preservação
permanente (APP), e a demarcação e conservação da reserva legal
(RL).
Seguindo esta perspectiva, deu-se a sétima fase, que foi a
aprovação em várias assembléias realizadas por comunidade, a qual
enfatizou, também uma ação reflexiva para sensibilizar o grupo acerca
da importância da preservação dos recursos naturais existentes na área
como forma de garantir a perenidade do próprio assentamento.
2.2. A Assessoria Técnica, Social e Ambiental no Acompanhamento
da Implantação do Plano
A execução da Reforma Agrária no Brasil exige a participação
dos atores sociais que aspiram à construção de uma sociedade mais
democrática, justa, soberana, igualitária e sustentável. A realização
desta reforma é condição para mudar a realidade econômica e social de
trabalhadores e trabalhadoras no campo e na cidade para vencer a
fome, a pobreza e a violência rompendo com o modelo de
desenvolvimento dominante, caracterizado por ser: excludente,
concentrador da terra, da renda, comprometido com o agronegócio,
responsável por expandir as monoculturas, destruir a biodiversidade, o
meio ambiente e comprometer a agricultura familiar.
Diante desta realidade, a sociedade civil organizada mergulha
em reflexões e discussões e tem como resposta a formulação da Política
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - PNATER, em 2004,
cujo objetivo maior é a consolidação de estratégias sistêmicas de
20
desenvolvimento rural sustentável. De acordo com a PNATER: “Os
serviços públicos de ATER (realizados por entidades estatais e não
estatais) devem ser executados mediante o uso de metodologias
participativas, devendo seus agentes desempenhar um papel educativo,
atuando como animadores e facilitadores de processos de
desenvolvimento rural sustentável. Ao mesmo tempo, as ações de ATER
devem privilegiar o potencial endógeno das comunidades e territórios,
resgatar e interagir com os conhecimentos dos agricultores familiares e
demais povos que vivem e trabalham no campo em regime de economia
familiar e estimular o uso sustentável dos recursos locais”.
Em 2008 é lançado o Manual Operacional de Assessoria
Técnica Social e Ambiental - Manual de ATES e, anterior a esta data e
posterior a ela, um número expressivo de Normas de Execução
colocando em evidência esta temática. O presente Plano ampara-se na
Norma de Execução Nº71/2008, que estabelece critérios e
procedimentos referentes a ATES nos projetos de assentamento.
No que diz respeito à equipe técnica que participou desta
elaboração, que executará e que participará de implantação do plano,
esta, deverá adotar como um dos princípios a abordagem multidisciplinar
e interdisciplinar. A Norma de Execução N°71/2008 enfatiza não
somente a variedade de áreas do conhecimento que devem compor a
equipe de ATES, mas também a necessidade de diálogo permanente
entre as áreas de formação propiciando integração de saberes, sendo
imprescindível, estabelecer o mesmo fluxo de diálogo com os saberes
endógenos dos assentados. Desta forma, faz-se necessário a formação
de uma equipe técnica composta por engenheiro(a) ambiental,
engenheiro(a) de alimentos, engenheiro(a) agrônomo(a), engenheiro(a)
florestal, engenheiro(a) de pesca, médico(a) veterinário(a), pedagogo(a),
sociólogo(a), técnico(a) agrícola, técnico(a) em agropecuária e outros
profissionais das áreas das ciências sociais e da natureza.
A base pedagógica de apoio desta equipe técnica na elaboração
do presente plano está em consonância com a PNATER e tem como
aporte uma visão educativa construtivista, dialógica e dialética, orientada
para o desenvolvimento local alicerçado na visão agroecológica.
21
As ações de mobilização e organização dos assentados para a
execução, avaliação e reprogramação deste PDA, passam
necessariamente, pela utilização do método DRP e suas técnicas e
ferramentas de diálogo, que devido a sua grande flexibilidade e
capacidade adaptativa são utilizadas em diversos processos de reflexão
coletiva. Tendo, portanto, forte relação com o planejamento e o
envolvimento dos assentados do PAE Eixo Forte, não apenas como
informantes, mas especialmente como cidadãos ativos, agentes de
ações coletivas, fomentadas por meio do diálogo e da reflexão.
A condução da ATES na implementação do plano foi em
consonância com as normativas e orientações vigentes, que
compreende ações como: planejar, orientar, coordenar e monitorar as
ações com enfoque sistêmico, observando a propriedade rural como um
todo, suas interfaces e potencialidades, levando em conta fatores
sociais, econômicos e ambientais.
O roteiro básico seguido pela ATES foi observado segundo aos
princípios e ferramentas do Guia Prático do Diagnóstico Rápido
Participativo da Secretaria da Agricultura Familiar, que são:
1) Sensibilização da Comunidade:
Apresentar a metodologia de trabalho aos assentados;
Problematizar questões referentes à geração de renda,
segurança alimentar e ou sistemas produtivos sustentáveis;
Encaminhamentos.
2) Uso de ferramentas de diagnóstico participativo visando levantar
informações sobre a área de atuação e percepções das famílias
sobre seus problemas e a realidade em que vivem.
3) Momento preciso da identificação dos problemas e planejamento
das ações visando:
Definição dos gargalos e desafios presentes na comunidade
(matriz Fofa - pontos fortes, oportunidades, pontos fracos e
ameaças);
Planejamento e priorização de ações na comunidade;
Encaminhamentos relativos às principais ações planejadas e
agendamentos posteriores.
22
Esse trabalho antecede qualquer outra ação junto às Unidades
Familiares - UF’s, pois possibilitou ao técnico aprofundar seus
conhecimentos sobre a comunidade, identificando suas carências,
potencialidades e aspirações, o que facilitou o trabalho e as discussões
sobre o planejamento. De forma conjunta com as famílias os gargalos
identificados pelo grupo foram trabalhados para serem superados.
Para promover a implementação do presente plano foi
necessário que a equipe técnica do PAE Eixo Forte tivesse a sua
disposição uma logística básica que permitiu desenvolver um trabalho
sistemático e eficiente. Assim, foi identificada a necessidade de garantir
a infraestrutura básica, citada abaixo, para atender satisfatoriamente
este assentamento:
Uma sede, contendo:
o 01 sala de trabalho para os técnicos;
o 01 sala de reunião;
o 01 sala para recepção dos agricultores assentados;
o 01 telefone;
o Acesso a internet banda larga, disponível para todos os
computadores;
o 01 computador;
o 01 impressora.
Equipamentos necessários:
o 04 GPS;
o 01 câmara fotográfica;
o 03 notebook;
o 01 flip chart.
Veículo:
o 03 veículos;
o 01 moto.
O desempenho da equipe técnica no assentamento foi otimizado
através do estabelecimento de uma rede de parcerias, congregando
instituições governamentais e do terceiro setor tornando os efeitos das
ações executadas mais duradouros, haja vista, que os talentos humanos
e os recursos financeiros institucionais foram reunidos em ações
23
conjuntas, contribuindo para a implementação de políticas públicas
indispensáveis avalizando a permanência das famílias no assentamento,
minimizando o êxodo rural.
3. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO – PAE
EIXO FORTE
3.1. Geral
3.1.1. Denominação do Imóvel
Eixo Forte
3.1.2. Denominação do Projeto de Assentamento
Projeto Agroextrativista do Eixo Forte – PAE Eixo Forte
3.1.3. Data e Número da Portaria de Criação do Projeto de
Assentamento
O Projeto Agroextrativista do Eixo Forte – PAE Eixo Forte foi
criado através da portaria INCRA/SR-30/Nº 44/05 de 20 de Dezembro de
2005, sob a matrícula Nº 1565, ficha 1565, livro nº 2, Cartório de
Registro de Imóveis da Comarca de Santarém/PA.
3.2. Específica
3.2.1. Distância da Sede Municipal
3 Km
3.2.2. Área Total
Registrada: 17.272,94 ha
24
Medida: 17.272,94 ha
3.2.3. Área requerida no Código Florestal para Reserva Legal
Requerida: 80%
Medida: 13.818,35 ha (treze mil oitocentos e dezoito hectares e trinta
e cinco e ares)
Efetiva: 8.636,47 (oito mil seiscentos e trinta e seis hectares e
quarenta e sete ares)
3.2.4. Área Preservação Permanente
Requerida: 586,97 ha (quinhentos e oitenta e seis hectares e
noventa e sete ares)
Efetiva: 466,60 ha (quatrocentos e sessenta e seis hectares e
sessenta ares)
3.2.5. Número de Famílias
1029
3.2.6. Capacidade do Assentamento x Número de Famílias
Assentadas
Atualmente, no PAE Eixo Forte existem 1029 famílias assentadas,
segundo relação de beneficiários fornecida pelo INCRA, o que
está abaixo da capacidade do Assentamento prevista na portaria
de criação que é de 1400 (mil e quatrocentas) famílias.
3.2.7. Entidade Representativa
Federação das Associações de Moradores, Comunidades e
Entidades do Assentamento Agroextrativista do Eixo Forte –
FAMCEEF.
25
4. DIAGNÓSTICO RELATIVO À ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PAE EIXO
FORTE
4.1. Localização e Acesso
Situado ao Norte do Brasil, Mesorregião do Baixo Amazonas,
microrregião de Santarém, o município de Santarém é o centro
polarizador da Região Oeste do Pará – área que abrange 722.358 km² e
abriga vinte e cinco Municípios. Suas coordenadas geográficas são: 2°
24’ 52’’ S e 54° 42’ 36’’ W e situa-se em nível médio de altitude de 35 m.
Ocupa uma área de 22.887 km², o que representa 1,83% do Estado do
Pará (IBGE 2000). É uma área de conformação irregular, sendo larga no
sentido leste e oeste e mais estreita ao sul.
Ao Norte, o Município de Santarém faz fronteira com os
Municípios de Óbidos, Alenquer e Monte Alegre, dividindo com eles o
leito do Rio Amazonas; limita-se ao Sul com os Municípios de Rurópolis
e Placas; ao Leste faz fronteira com os Municípios de Prainha e Uruará;
a Oeste com os de Juruti e Aveiro; e ao Centro com o Município de
Belterra.
O transporte aéreo é realizado através de vôos diários por
aeronaves de diferentes dimensões: Brasília, ATR 72, AIRBUS 320 e
Boeing – 737. O Boeing leva aproximadamente uma hora de viagem até
as cidades de Belém e Manaus, se estendendo, a partir das mesmas,
para outras regiões do país (nordeste, centro-oeste, sul, sudeste) e
exterior.
Por via terrestre o acesso até a Capital do Estado acontece
através da BR-163, Rodovia Federal Santarém-Cuiabá, ligando
Santarém ao Município de Rurópolis, com 229 km de estrada, cruzando
a partir daí a BR-230, Rodovia Transamazônica, percorrendo 90 km até
o Município de Placas, passando por diversos Municípios (Uruará,
Medicilândia, Brasil Novo, Altamira, Belo Monte, Anapu, Pacajá, Novo
Repartimento) até chegar a Tucuruí via BR-422, e em seguida percorrer
os municípios de Breu Branco, Goianésia, Tailândia, Mojú, Abaetetuba,
Barcarena, Ananindeua, para finalmente alcançar a BR 316, e a cidade
26
de Belém, através de linhas regulares de ônibus cujas viagens duram
três dias durante o verão, podendo chegar a oito dias no período das
chuvas, nos meses de janeiro a junho. De acordo com os dados da
Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do
Pará – ARCON são percorridos, nesse trajeto, um total de
aproximadamente 1.397,70 km. No entanto a Diretoria de Transporte
Terrestre da Secretaria Executiva de Transportes do Estado do Pará –
SETRAN totaliza 1.068,5 km.
A modalidade hidroviária é o mais importante meio de
locomoção de passageiros e transporte de cargas devido à existência
dos vários rios que formam a rede hidrográfica (Amazonas, Tapajós,
Arapiuns, Curuá-Una, Moju e Mojuí) e desempenha importante papel na
economia local. Embarcações de médio porte (barco/motor e
navio/motor) fazem a navegação fluvial para as cidades de Belém,
Manaus e Macapá, com tempo de viagem de aproximadamente 60 horas
de duração. As embarcações de grande porte (navios cargueiros e
transatlânticos) fazem a navegação de longo curso. Com os Municípios
vizinhos, a mobilidade acontece através de vôos em aviões de tamanhos
médio e pequeno, de barcos com menor capacidade de cargas e
passageiros e por meio das rodovias Federais, Estaduais e Municipais.
De Santarém para a capital do Estado, via fluvial, são 880 quilômetros
de distância e para Manaus são 756 quilômetros.
O PAE dista da sede do município, Santarém, cerca de 3 km e
seu trajeto se dá pela Rodovia Fernando Guilhon, seguindo, logo adiante
pela Rodovia Everaldo Martins, PA 457. As duas vias são asfaltadas e
sinalizadas, com manutenção periódica e linhas de ônibus freqüentes
em todo o percurso, tornando, com isto o acesso bastante facilitado.
Figura 01 - LOCALIZAÇÃO DO PAE EIXO FORTE
28
4.2. Contexto Sócio-Econômico e Ambiental da Área Influência do
Projeto de Assentamento
Considerado de médio porte pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Santarém é o segundo município mais
importante do Estado do Pará, situado a meia distância entre as duas
principais capitais da Região Amazônica, Belém e Manaus, é o centro
polarizador da Região Oeste do Pará, uma área que abrange 722.358
km² e abriga vinte e cinco Municípios. Constitui-se em centro polarizador
por oferecer melhor infra-estrutura econômica e social (escolas,
hospitais, universidades, estradas, portos, aeroporto, comunicações,
indústria e comércio etc.) e ter setor de serviços mais desenvolvido.
Informações oficiais do Censo IBGE 2010, divulgadas em 29/11/2010,
dão conta que a população do município é de 294.774 habitantes.
A história de Santarém começa com a primeira notícia que se
tem do contato do homem "civilizado" e os índios Tupaiús ou Tapajós.
Nurandaluguaburabara seria, talvez, o chefe dos Tupaiús, citado pelo
monge dominicano Frei Gaspar de Carvajal que fazia parte da expedição
de Francisco Orellana pela região, em 1542.
Em 1626, dá-se a chegada dos novos habitantes na região, na
maioria portugueses. O Começo da povoação de Santarém foi marcado
pela luta de terras entre índios e brancos. Santarém foi fundada pelo Pe.
João Felipe Bettendorff, em 22 de junho de 1661, recebendo o nome em
homenagem à cidade Portuguesa de Santarém. Logo ao chegar, o
fundador construiu, de taipa, a primeira capela de Nossa Senhora da
Conceição. Trinta e seis anos mais tarde, em 1697, ocorreu a
inauguração da Fortaleza do Tapajós, numa colina próxima ao Rio
Tapajós, para melhor proteção dos ataques de estrangeiros.
A Aldeia dos Tapajós, como era chamada, foi elevada à
categoria de vila, em 14 de março de 1758, por Francisco Xavier de
Mendonça Furtado, o então governador da Província do Grão Pará,
recebendo o nome de Santarém. Foi elevada à categoria de cidade, em
24 de outubro de 1848, em consequência de seu notável
desenvolvimento.
29
4.2.1. Recursos Hídricos
De acordo com o relatório do Primaz (1996) a qualidade das
águas superficiais da região oeste do Pará, foi dividida em seis bacias,
que abrangem as seguintes dimensões territoriais.
4.2.1.1. Bacia do Amazonas
O rio Amazonas tem grande importância para o município, não
apenas pela sua alta navegabilidade e riqueza na variedade e
quantidade de pescados, mas também pelas suas terras de várzeas,
com elevada fertilidade natural, em virtude da deposição cíclica de
sedimentos, ricos em nutrientes. A bacia do Amazonas tem grande
representatividade na economia do município, pela produção
agropecuária já existente e pelo potencial a ser explorado.
O rio Amazonas, nasce a 5.300 metros de altura, na montanha
Nevado Mismi, nos Andes peruanos. Rio de águas barrentas, é
considerado o maior rio do mundo em extensão - com 6.885 km - e em
volume de água, despeja no mar 200.000 m3 por segundo. Corta a
região oeste paraense, e em Santarém uma extensão de 110 km,
abrangendo mais de 1/6 de toda a extensão territorial.
4.2.1.2. Bacia do Tapajós
Do encontro dos rios Juruena e São Miguel nasce o rio Tapajós,
rio de águas transparentes verde-azuladas. É a Segunda bacia em
extensão territorial dentro das terras do município de Santarém. O rio
Tapajós, um dos principais afluentes do rio Amazonas, corta a porção
central da região, de Sul para Norte, numa extensão de 132 km, até
desaguar no Amazonas, em frente a cidade de Santarém. No verão
deixam a mostra quase 100 km de praias em ambas as margens,
constituindo-se uma das maiores atrações turísticas do município,
consideradas pela mídia como as mais belas praias fluviais do mundo.
Em toda sua extensão dentro do município, tem grande largura,
chegando até 19 km, como defronte do Aramanaí (hoje município de
30
Belterra). As terras às margens do rio Tapajós são de má qualidade,
com predominância do solo arenoso impróprios para agropecuárias
racionais. Seu potencial madeireiro já está bastante explorado, mas em
grande parte da bacia ainda predomina vegetação exuberante que
caracteriza floresta densa de terra firme, na qual está inserida a Floresta
Nacional do Tapajós, na margem direita do Tapajós.
Na bacia do Tapajós, além da beleza cênica (praias, lagos),
propícias ao turismo de lazer e ao turismo contemplativo (áreas com
botos, pássaros), merecem destaque as comunidades que se dedicam
ao artesanato (palha/cipós/fibras, madeira, cerâmica), tais como as
comunidades de Alter do Chão, Vila Franca, Anumã e Solimões.
4.2.1.3. Bacia do Arapiuns
Último grande afluente do rio Tapajós (margem esquerda), rio de
águas límpidas, muito pobre em fitoplâncton, e em conseqüência em
vida aquática, é navegável durante o ano todo. Suas terras marginais
estão entre as de pior qualidade, no município, o que dificulta bastante a
exploração de atividades agropecuárias na região. Seus maiores
potenciais são as belíssimas praias de areia branca - destacando-se a
praia de Ponta Grande - que podem transformá-lo num excelente pólo
turístico, principalmente do tipo ecológico (ecoturismo).
Ainda muito rico em madeira de lei, a área do Arapiuns, pode vir
a ter grande significado econômico, pela exploração de seus recursos
naturais e pela implantação de projetos de silvicultura, visando o manejo
sustentável.
Com a maior extensão territorial, a bacia do Arapiuns é
praticamente uma bacia interna, já que quase todos os cursos de água
que a compõe nascem e deságuam dentro do próprio município. Ao
longo da bacia existem inúmeras comunidades que se destacam na
fabricação de artesanatos, utilizando como matérias-primas palhas e
cipós diversos, além de cerâmica, madeira, tais como Cuipiranga,
Urucureá, Vila Gorete, São Pedro e São Miguel.
31
4.2.1.4. Bacias dos Rios Moju, Mojuí, e Curuá Una
As bacias dos rios Moju e Mojuí são tributárias da bacia do rio
Curuá-Una e juntas, formam toda a malha hídrica existente na chamada
Região do Planalto, composta por inúmeros igarapés e rios de pequeno
porte, todos convergentes para o rio central, o Curuá-Una. Juntas
abrangem quase um terço das terras do município e são de fundamental
importância para a manutenção das atividades agropecuárias, que
mantém nas colônias boa parte da população rural do município. O rio
Curuá-Una deságua no rio Amazonas, a leste de Santarém, já no
município de Prainha. Tem grande significado econômico para
Santarém, pois nele está localizada a hidrelétrica de Curuá-Una, na
cachoeira do Palhão, a 72 km de distância da sede.
4.2.2. Relevo e Altimetria
De acordo com o projeto RADAM-BRASIL (NASCIMENTO,
1976), as principais unidades morfoestruturais identificadas na região
oeste paraense estão representadas pela Planície Amazônica, o
Planalto Rebaixado da Amazônia e o Planalto Tapajós-Xingu.
A Planície Amazônica ocupa a porção norte do município e
constitui as áreas de várzea, temporariamente submetidas às
inundações do rio Amazonas. Representa uma planície fluvial,
levemente alçada em relação à lâmina d'água, possuindo as menores
altitudes regionais, geralmente próximas a 20 metros. Compreende
depósitos aluviais, atuais e subatuais, com predomínio de argilas e
areias. A declividade varia de Plano, com declividade de 0 a 3%, Suave
Ondulado, com declividade de 8% a 20%, Forte Ondulado, com
declividade de 20% a 45%, a Montanhoso, com declividade acima de
45% com cristas alongadas ou em forma de chapada.
O Planalto Rebaixado da Amazônia representa uma superfície
intermediária entre a planície supramencionada e o Planalto Tapajós-
Xingu. Está bem caracterizado na porção centro-norte do município, ao
sul da sede municipal e ao norte da serra do Piquiatuba, situado entre as
32
cotas de 50 a 100 metros. Representa uma superfície pediplanada,
desenvolvida sobre as rochas da formação Alter do Chão. Nesse
domínio morfológico, o PRIMAZ/Santarém caracterizou a presença de
aquíferos, livres, semi-confinados e confinados, com suas respectivas
profundidades (OLIVEIRA, 1996).
O Planalto Tapajós-Xingu é a feição morfológica dominante na
porção centro-sul do município, situada nas maiores altitudes regionais,
entre 100 e 150 metros, em média. É caracterizado por elevações de
topo plano, com encostas escarpadas e ravinadas, em forma de platôs,
onde se desenvolve uma drenagem espaçada, profunda, que tem o rio
Mojuí como um exemplo típico.
4.2.2.1. Clima
O município de Santarém está localizado numa região de
transição climática, caracterizada por variações de precipitação anual
entre 1.800 a 2.200 mm e um período seco relativamente curto. As
regiões Oeste do Pará assim como, Sudeste do Amazonas estão
situadas principalmente em áreas com maiores índices de chuva (acima
de 2.200 mm/ano), sem uma estação seca marcadamente definida.
Clima quente e úmido característico das florestas tropicais, não
sujeito a mudanças significativas de temperatura devido a sua
proximidade da linha do equador. A temperatura média anual varia de
25º a 28º C, as temperaturas mais elevadas ocorrem entre os meses de
julho a novembro, e o período de maior precipitação pluviométrica é de
dezembro a maio, com umidade relativa média do ar de 86%.
Em termos de classificação climática, a região encontra-se sob o
tipo climático Am da classificação de Köppen. O tipo Am pertence ao
domínio de clima tropical, caracterizado por apresentar total
pluviométrico anual elevado e moderado período de estiagem.
4.2.3. Solos
A estrutura geológica da região é complexa, constituída por
rochas de idade pré-cambriana do complexo Xingu, (granitos.
33
magmáticos, granulitos etc.) grupo Tocantins (filititos, xistos, gnaisses,
quartixitos, metabassitos etc.) formação Rio Fresco com ou sem membro
azul (folhedos magnamesiferos, siltitos, argilitos, arenitos).
Predominam os Solos podzólicos Vermelho Amarelo textura
argilosa, latossolo Vermelho Amarelo distrófico textura argilosa relevo
Ondulado, podzólicos Vermelho Amarelo textura argilosa e solos
Litólicos Distróficos textura indiscriminada relevo forte Ondulado e solos
hidromórficos.
4.2.4. Vegetação
No bioma da Floresta Amazônica, os fatores biofísicos (chuva,
solos e relevo) propiciam a ocorrência de uma vegetação exuberante
com maior aptidão para uso sustentável dos recursos florestais e
conservação da biodiversidade. As florestas densas e úmidas
representam mais de um terço da área do Plano e se situam
principalmente no Norte e Oeste do Pará e Leste do Amazonas. Os tipos
de vegetação não florestal se encontram em áreas de várzea.
Como se encontra num dos complexos ecológicos mais ricos do
planeta, em termos de biodiversidade, na região Amazônica, um único
município tem diversos tipos de grupos de vegetação, que variam
bastante em função dos tipos de solos e da drenagem hídrica.
A cobertura vegetal do Município é bastante diversificada.
Predominando ainda a floresta ombrófila densa, com serras e florestas
abertas mistas; florestas latifoliadas; florestas ciliares de várzeas, que
margeiam os rios; áreas de campos naturais; matas secundárias;
capoeiras provocadas pelo desmatamento na exploração de madeira e
plantio de pastagem para formação de Fazendas.
Os desmatamentos estão bem caracterizados ao sul da cidade
de Santarém, entre a BR-163 e os rios Curuá-Una e Moju, seguindo para
o sul, ao longo da referida rodovia, a partir de sua margem direita
(sentido Cuiabá/Santarém), avançando também para leste, em direção
ao alto curso do rio Moju. Outra ampla área de ocorrência está situada
34
na porção noroeste do município, entre o rio Arapiuns e o Lago Grande
do Curuai, notadamente às proximidades deste último.
A origem e a expansão desses desmatamentos decorrem de
atividade madeireira e/ou da implantação de fazendas, ou seja, são
áreas que foram desmatadas e, em seguida, abandonadas e
transformadas em pastagens mal manejadas ou utilizadas para a
produção de grãos.
4.2.5. Biodiversidade
Desde que apareceu a vida na Terra que a evolução faz com
que surjam novas espécies diferentes, à medida que vão se adaptando
às constantes modificações climáticas.
A diversidade biológica ou biodiversidade tem a ver com a
diversidade de ecossistemas, de espécies, de raças, de variedades e até
de genes. É a partir dessa diversidade que se obtém grande variedade
de alimentos, medicamentos e outras tantas substâncias essenciais a
nossa sobrevivência.
Para se ter uma idéia da biodiversidade da região da Amazônia,
uma nova espécie é registrada pelos cientistas a cada três dias. Como a
mata ali é muito fechada, nem sempre é fácil avistar os animais, mas
com os olhos bem atentos é possível enxergar, no meio das folhagens, o
sagui-de-santarém, macaco nativo que costuma frequentar as margens
do Rio Tapajós.
Na mata vivem também a capivara, a anta, o caititu, o
tamanduá-de-colete, o veado-roxo, a onça-pintada, a ararajuba, o
gavião-real e o uirapuru, entre muitos outros. Considerando a vegetação
existente na Região observa-se também a presença de alguns
mamíferos da família dosipodideos (tatus) taiacmideos (catitus), alguns
roedores (cotias) primatas (macacos) e répteis (jacarés), além das aves
da família dos Psitacídeos (araras e papagaios) dos galináceos (jacus)
gracídeos (mutuns e outros). As águas dos rios locais são o hábitat da
ariranha, do boto-tucuxi e dos peixes jaraqui, tambaqui e pirarucu.
35
4.2.6. Energia
As Centrais Elétricas do Pará (CELPA) é a empresa responsável
pela distribuição e comercialização dos serviços de energia no
Município, que é abastecido pela linha de transmissão da UHE -
Hidroelétrica de Tucuruí e pela hidrelétrica de Curuá-Una, com 30,3
megawatts de potência instalada.
O setor de tecnologia da informação da Secretaria Municipal de
Finanças - SEMFIN registrou, através do Cadastro, a existência de
55.091 residências em 2010, sendo que, destas, 1.087 estão localizadas
na zona rural.
A CELPA, através de seu site, informa que no mesmo período, o
número de consumidores no município de Santarém é de 65.209. Sendo
Santarém o quarto maior mercado consumidor de energia no Estado do
Pará.
Tabela 01- Principais Municípios Atendidos pela CELPA
4º Trim. 2010
Principais Municípios MWh Nº Cons.
Belém 2.135.159 408.319
Ananindeua 412.966 137.321
Marabá 574.816 67.071
Santarém 244.164 65.209
Barcarena 153.900 28.412
Castanhal 184.406 53.092
Paragominas 99.827 28.895
Capanema 40.547 20.075
Altamira 80.300 24.574
Redenção 76.150 22.768
Total 4.002.235,00 855.736,00
Fonte: REDE CELPA
4.2.7. Educação
A rede educacional do Município conta com 457 escolas
públicas municipais que atendem 62.121 alunos; 44 escolas públicas
estaduais, que oferecem educação especial, ensino médio e
fundamental para 37.145 alunos, e registrou em 2008 a existência de 44
escolas da rede privada. Doze universidades (duas federais, uma
estadual e nove particulares) ofertam vagas para diversos cursos de
36
graduação (ver tabela 23), conferindo à Santarém o título de pólo de
desenvolvimento em Educação Superior e Pesquisa da Região Oeste do
Pará.
Tabela 02 - QUADRO DEMONSTRATIVO DE NÚMERO DE ALUNOS MATRICULADOS
POR SÉRIE E REGIÃO NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO – ANO: 2008
RE
GIÃ
O
N°
de E
sco
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N° DE ALUNOS NO
ENSINO
FUNDAMENTAL
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Nº
de a
lun
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e
Cre
ch
e
Ens.
Fund.
9
anos
Ens.
Fund
de 8
anos
Total
Cidade 64 9.478 9.771 11.377 700 2.987 372 1.322 40
Planalto 160 1.606 4.670 5.370 0 1.234 55 721 0
L. Grande 71 700 2.572 3.094 0 174 39 354 0
Arapiuns 67 522 3.168 3.191 0 155 0 274 0
Várzea 46 23 2.050 2.341 0 73 10 303 0
Tapajós 32 291 869 952 5 54 0 122 0
Arapixuna 17 83 12.360 21.838 0 0 0 4.175 794
Total 457 12.703 35.460 48.163 700 4.677 476 7.271 834
Fonte: Secretaria Municipal de Educação – SEMED, 2010
Tabela 03 - ALUNOS MATRICULADOS NO ENSINO SUPERIOR 2010
2008 2009 2010
UEPA Campus Santarém 611 650 681
FIT 2.070 2.167 2.199
CEULS/ULBRA 1.680 1.828 1.896
IESPES 1.231 3.201 3.585
UFRA 70 94 -
UVA - 298 -
IFPA - - 530
UFOPA - 2.781 2.698
Fonte: Inventário da Oferta e Infra-estrutura Turística de Santarém em 2010
UEPA/UFOPA/IESPES/IFPA/CELUS-ULBRA/FIT, 2010
Nota: UVA não informou 2010
No ano de 2009, vale destacar o número de alunos matriculados
em escolas de comunidades quilombolas e indígenas nas diversas
regiões. Na zona rural devido à extensão territorial, as escolas são
divididas em pólos, os quais agregam mais de uma escola.
A educação infantil na rede municipal é desenvolvida pelas
antigas creches municipais, sob a coordenação da Secretaria Municipal
de Educação – SEMED, com ensino pré-escolar. São 15 unidades, que
em 2009 atenderam 1.525 crianças na faixa etária de 2 anos e 6 meses
37
a 6 anos e 11 meses de idade. As creches atendem metas fixas e estão
distribuídas pelos bairros.
TABELA 04 - ALUNOS MATRICULADOS EM ESCOLAS DE ÁREAS
QUILOMBOLAS E INDÍGENAS
ÁREAS
REGIÃO
Número de Alunos Matriculados em 2009
1ª a 4ª 5ª a 8ª Total
1ª/8ª
Pré-
escolar
EJA Total
Geral
Quilombola
Planalto 175 176 351 67 58 476
Várzea 226 161 387 63 36 486
Indígenas
Planalto 378 339 717 102 55 874
Arapiuns 262 205 467 72 36 575
Tapajós 224 185 409 69 24 502
Fonte: Secretaria Municipal de Educação, 2009
A educação infantil na rede municipal é desenvolvida pelas
antigas creches municipais, sob a coordenação da Secretaria Municipal
de Educação – SEMED, com ensino pré-escolar. São 15 unidades, que
em 2009 atenderam 1.525 crianças na faixa etária de 2 anos e 6 meses
a 6 anos e 11 meses de idade. As creches atendem metas fixas e estão
distribuídas nos bairros.
Existem também os cursos profissionalizantes promovidos pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, Serviço Social do Comércio –
SESC, Serviço Social da Indústria – SESI, Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural – SENAR e empresas da área de informática.
4.2.7.1. Casa Familiar Rural
As Casas Familiares Rurais tiveram origem na França, por
iniciativa de um grupo de famílias que procuravam uma formação
profissional e global dos seus filhos. Existem na França mais de 500
Associações de Casas Familiares Rurais e 54 mil pessoas em formação
(dados de 1996). Mais de 30 países no mundo utilizam a Pedagogia da
Alternância das Casas Familiares Rurais sob a coordenação da
Associação Internacional das Casas Familiares Rurais. No Brasil a
primeira CFR nasceu no Pernambuco em 1984 e em 1989 em Barracão,
38
no Paraná. O Programa de Desenvolvimento das CFR’s amplia-se em
diversos estados do Brasil.
No Estado do Pará o Programa vem sendo desenvolvido desde
1994. Hoje existem 14 Casas Familiares Rurais em funcionamento,
sendo: 01 no município de Alenquer, 01 em Gurupá, 01 em Cametá, 01
em Medicilândia, 01 em Pacajá, 02 em Santarém, 01 em Juruti, 01 em
Uruará, 01 em Curuá, 01 Em Brasil Novo e 03 no Município de Óbidos.
A partir de 2004 entrou em funcionamento a primeira Casa
Familiar Rural de Ensino Médio, no município de Santarém.
Em cada região do Brasil uma Associação Regional das Casas
Familiares Rurais ARCAFAR coordena o funcionamento das CFR’s e
proporciona a formação aos responsáveis das associações e aos
monitores que organizam a formação. A partir de 2002, na região norte,
passaram a ser criadas as ARCAFAR estaduais.
Através de cursos profissionais com a Pedagogia da Alternância
é integrada uma formação geral, uma educação social e humana,
desenvolvendo o espírito do trabalho em grupo.
Na região do Eixo Forte, funciona a primeira turma
exclusivamente de uma região, em Santarém.
Sem as condições necessárias para desenvolver sua proposta
educativa a CFR do Eixo Forte não vem conseguindo motivar os jovens
da região para ingressarem em suas turmas, encontrando dificuldade em
mantê-las pelo período letivo planejado, devido à elevada taxa de
evasão.
4.2.8. Saúde e Saneamento
Os serviços de saúde são prestados pelo Sistema Único de
Saúde, sob a gestão do Município. A cobertura se dá nos níveis da
atenção básica de promoção da saúde e prevenção de doenças; na
assistência de média e alta complexidade (médicas ambulatoriais
especializadas complementadas com diagnóstico de maior
complexidade); e nos serviços de alta complexidade técnica e
39
tecnológica que compreendem os serviços hospitalares especializados e
os procedimentos ambulatoriais de alta complexidade.
As atividades da Secretaria Municipal de Saúde – SEMSA são
operacionalizadas por 1.745 servidores da área de saúde (médicos,
enfermeiros, auxiliares, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos,
terapeutas, odontólogos, técnicos, equipes dos programas de saúde
etc.).
A infra-estrutura e os serviços do Sistema Único de Saúde estão
assim distribuídos na tabela 25:
Tabela 05 - UNIDADES E SERVIÇOS DE SAÚDE QUE COMPÕEM O SUS.
SANTARÉM, 2009.
Unidades Nº Serviços
Hospitais 7 Serviços de Densitometria
Ambulatório de Especialidades 3 Serviços de Ultrassonografia
Centro de Referência da Mulher 1 Centro de Referência da Criança
Centro de Referência AIDS/DST 1 Unidades de Hemodiálise
Serviço de Ass. Espec. HIV/Aids 1 Pólo Indígena
CEREST (Saúde do Trabalhador) 1 CTA Itinerante
Equipes de PSF 36 Serviços de Ecocardiografia
P. S. na Zona Urbana 1 Serviços de Tomografia
P. S. na Zona Rural 34 Unidades Móveis Fluviais
Pronto Socorro Municipal 1 Unidades Móveis Terrestre
Laboratórios de Análises Clínicas 15 Serviços de Fisioterapia
Serviço de Radiodiagnóstico 2 Ambulâncias (6) e ambulanchas (2)
Centro Especializado Odontologia 2 Serviços de Fonoaudiologia
Banco de Leite Humano 1 Unidade de Vigilância Sanitária
Central de Regulação 1 Centro de Controle de Zoonoses
Farmácia Popular 1 Laboratório de Águas
Fonte: Divisão de Unidades Ambulatoriais/SEMSA/Relatório de Gestão, 2009
O Município dispõe de 461 leitos, que corresponde a 1,41
leitos/1.000 hab. pelo SUS, quantidade inferior aos parâmetros
preconizados pela portaria MS/SAS 1101/02 (2-4 leitos/1000 hab).
(SEMSA 2007). O Relatório de Gestão 2009, da SEMSA, afirma que “a
totalidade desses leitos está concentrada na área urbana, assim como a
maioria dos Serviços Ambulatoriais de maior complexidade”. A tabela 26
revela a distribuição de leitos hospitalares (existentes e contratados) na
rede SUS. Município de Santarém, 2009.
40
Tabela 06 - DISTRIBUIÇÃO DE LEITOS HOSPITALARES (EXISTENTES E
CONTRATADOS) NA REDE SUS, 2009
HOSPITAL
Leitos
Existentes
Leitos Contratados pela Rede SUS
Clínicas TOTAL
Méd
ica
Ped
iátr
ica
Ob
sté
tric
a
Cir
úrg
ica
Municipal 120 31 27 17 45 120
Imaculada
Conceição
73 25 17 8 11 61
Sagrada
Família
62 7 7 15 28 57
Regional 100 30 20 0 50 100
Santa
Rosa de
Lima
32 6 2 5 3 16
Irmã
Dulce
36 0 2 12 1 15
João XXIII 38 0 10 20 1 31
TOTAL 461 99 85 77 139 400
Leitos SUS/1.000hab. 1,41
Leitos do Município/1.000hab. = 1,63
Fonte: DASES/SEMSA/Relatório de Gestão, 2009
Na zona rural os serviços de saúde são ofertados através de 15
centros de saúde e 34 postos de saúde, com atuação permanente de
enfermeiros, apoiados por agentes comunitários de saúde – ACS.
Ambulanchas e unidades móveis (terrestres e fluviais) completam a
estrutura da saúde na zona rural.
O acesso de parte considerável da população aos serviços de
saúde são através dos programas e serviços especializados tais como:
Programa Saúde da Criança, Saúde da Mulher, Programa de
Imunizações (cobertura vacinal), Controle de Doenças, Vigilância
Ambiental e Animal, saúde bucal, Serviços de Referência a outros
Municípios” (Tratamento Fora de Domicílio – TDF).
O relatório de Gestão 2009 da SEMSA afirma que “a Secretaria
de Saúde do Município possui um quadro de recursos humanos ainda
insuficiente para todas as suas necessidades operacionais,
principalmente técnicos de nível Superior, enfatizando que do total de
1.745 servidores atuais, 18% representam técnicos de nível superior;
41
32%, técnicos de nível médio e 50% compõem a categoria de nível
básico.
O saneamento básico é constituído por uma rede de esgoto
sanitário numa extensão de 50 km, incompleto, uma vez que não existe
o coletor principal, nem a estação de tratamento e nem o emissário. O
Sistema de Drenagem abrange 53,32 Km, o que equivale a 8,94% do
sistema viário.
Tabela 07 - DESTINO DOS DEJETOS. SANTARÉM, 2009
DESTINO DAS FEZES / URINA RESIDÊNCIAS ( % )
Sistema de esgoto 2.885 4%
Fossa Negra 23.721 36%
Fossa Biológica 38.023 59%
Céu aberto 286 1%
TOTAL 64.915 100%
Fonte: SIAB /SEMSA
O abastecimento de água é efetuado pela Companhia de
Saneamento do Pará – COSANPA, através de 18 poços tubulares
profundos, com profundidade que varia de 180 a 270 metros profundos
(captação subterrânea), totalizando 30.200 ligações ativas, com uma
cobertura de 78% dos imóveis. Existem ainda 90 (noventa)
microssistemas como forma alternativa de abastecimento de água,
sendo 19 (dezenove) na Zona Urbana, atendendo mais de 5.188 (cinco
mil, cento e oitenta e oito) famílias e 71 (setenta e um) na Zona Rural,
beneficiando um total de 7.800 (sete mil e oitocentos) famílias,
distribuídos conforme tabela 10.
Tabela 08 - DISTRIBUIÇÃO DOS MICROSSISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA NA ZONA RURAL - 2010
REGIÃO Nº DE
COMUNIDADES
Nº DE
MOCROSSISTEMAS
Região do Eixo Forte 05 06
Região Curuá-Una 13 16
Região da Santarém/Cuiabá 10 14
Região da Santarém/Cuiabá 08 09
Região da Santarém/Cuiabá 03 03
Região dos Rios 22 23
Total 61 71
Fonte: SIAB /SEMSA
42
O relatório da COSANPA 2009 sobre o fornecimento de água
em Santarém afirma que: “a análise dos dados relativos à quantidade de
unidades atendidas na zona urbana revela que existe um total de 43.322
(quarenta e três mil, trezentos e vinte e duas) unidades consumidoras.
Na zona rural (planalto e várzea), 7.800 (sete mil e oitocentos)
cadastros, perfazem um total de 51.122 (cinqüenta e um mil, cento e
vinte e dois) unidades consumidoras”.
Seis mini usinas hidrelétricas atendem 1.800 famílias na área
rural. Poços particulares e oitenta e cinco poços rasos completam o
sistema de abastecimento de água na zona urbana.
O relatório da coleta de lixo da Secretaria Municipal de
Infraestrutura – SEMINF, afirma que a coleta de lixo é terceirizada e
alcança 100% dos domicílios, comércio da zona urbana e unidades de
saúde, mais Mojuí dos Campos e Alter do Chão. O destino dos resíduos
sólidos é o aterro municipal localizado na comunidade de Perema, área
do planalto, com capacidade para 200 toneladas/dia.
Os dados da tabela são do relatório de gestão da Secretaria
Municipal de Saúde e mostram os números do destino da coleta de lixo
na cidade de Santarém.
Tabela 09 - DESTINO DO LIXO NA CIDADE DE SANTARÉM, 2009
LIXO RESIDÊNCIAS ( % )
Coleta Pública 46.039 71%
Queima / Enterrado 17.325 27%
Céu aberto 1.527 2%
Total 64.891 100%
Fonte: SIAB/SEMSA
4.2.9. População
Considerado de médio porte pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, Santarém é o segundo município mais
importante do Estado do Pará, situado à meia distância entre as duas
principais capitais da Região Amazônica (Belém e Manaus). Informações
oficiais do Censo IBGE 2010, divulgadas em 29/11/2010, dão conta que
a população do município é de 294.774 habitantes, em 69.335 imóveis
43
ocupados, do total de 83.830 domicílios particulares existentes no
Município de Santarém.
O Perfil Saúde 2009, do Programa Agentes Comunitários de
Saúde, da SEMSA revela que a população da várzea e rios era de
46.700 habitantes e a do planalto 53.012 moradores somando 99.712
habitantes na zona rural em 2009.
Os índices demográficos do município de Santarém, a partir da
década de 80 até 2000, indicam uma diminuição da população que vive
na zona rural e, conseqüentemente, um aumento da população na zona
urbana (Tabela). Este comportamento, particularmente no município de
Santarém, pode ser atribuído a vários fatores, tais como: assistência
técnica insuficiente, dificuldades de acessos a créditos, carência de
infra-estrutura básica (escola, posto de saúde, manutenção de estradas,
ramais, vicinais), transporte público deficiente e outros. Como
conseqüência muitas culturas, tradicionalmente cultivadas neste
município, tiveram suas áreas plantadas reduzidas.
Tabela 10 – EVOLUÇÃO DA TAXA DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
1980/91/96-2010
Anos Urbana Rural Total Taxa de
crescimento
% (base ano
1980)
Taxa de
crescimento
%(base ano
anterior)
1980 111.657 80.293 191.950 - -
1991 180.018 85.044 265.062 38,09 38,09
1996 166.023 76.732 242.755 26,47 - 8,42
1997(1) 165.773 76.617 242.390 26,28 - 0,15
1998(1 165.562 76.519 242.081 26,12 - 0,13
1999(1) 165.350 76.421 241.771 25,96 - 0,13
2000(2) 186.297 76.241 262.538 36,77 8,59
2001(1) 188.038 76.954 264.992 38,05 0,93
2002(1) 189.031 77.360 266.391 38,78 0,53
2003(1) 190.301 77.879 268.180 39,71 0,67
2004(1) 193.179 79.058 272.237 41,83 1,51
2005 (1) 194.439 79.573 274.012 42,75 0,65
2006(1) 195.902 80.172 276.074 43,83 0,75
2007(1) 197.353 80.765 278.118 44,89 0,74
2008(3) 176.931 95.773 272.704 42,07 - 1,95
2009(3) 181.685 99.712 281.397 46,60 3,19
2010(2) 215.947 78.827 294.774 53,57 4,75
Fonte: IBGE
ELABORAÇÃO E CÁLCULO: SEPOF/DIEPI/GEDE
(1) População Estimada pelo IBGE
44
(2) Dados do Censo IBGE 2000 e 2010
(3) Dados populacionais coletados no Perfil da Saúde do Programa Agentes
Comunitários de Saúde da SEMSA. IBGE não estimou população rural e urbana em
2008 e 2009.
4.3. Economia
4.3.1. Sistemas Produtivos
A região do Oeste Paraense já teve vários ciclos econômicos,
em sua maioria, calcados no extrativismo vegetal ou mineral. Durante
muito tempo a sustentação da economia se baseou na extração das
chamadas drogas do sertão, na caça e pesca. O primeiro ciclo
importante foi o da borracha que, apesar de ter ficado longe da pujança
do que ocorreu em Manaus, teve forte significado econômico para a
região.
Encerrada essa fase, Santarém, durante muitos anos, teve sua
economia sustentada pelo extrativismo vegetal (látex, breu, jutaiçica,
cumaru, castanha-do-brasil, etc..) e por atividades agrícolas, como as
culturas de cacau, algodão, arroz e da juta, que trazida por imigrantes
japoneses tornou-se por muito tempo o principal produto de exportação
da região, até que a popularização das fibras sintéticas tornou-a
economicamente inviável.
Nessa mesma época já despontava um novo ciclo que iria trazer
forte surto de desenvolvimento e, com ele, uma série de reflexos
negativos para a zona urbana e rural da região, que foi o da exploração
aurífera no vale do rio Tapajós.
Apesar de sua extensão territorial e da considerável população
que possui o município de Santarém ainda não é auto-suficiente na
maioria dos produtos de origem agropecuária que consome. Com cerca
de 350.000 ha de áreas alteradas com aptidão agropecuária na região
do Planalto santareno, o município reserva um grande potencial para a
produção racional de grãos (Vide Zoneamento Agroecológico). A
agricultura e a pecuária, praticadas no município são
predominantemente do tipo familiar, desenvolvidas na forma tradicional,
45
com pouco emprego de tecnologia e com iniciação em mecanização
agrícola.
Culturas como o açaí, cupuaçu, laranja, limão, pimenta-do-reino,
curauá e urucum, consorciadas com essências florestais também tem
apresentado bons resultados, tornando-se excelente alternativa para os
produtores familiares, já que não dependem de mecanização, utilizando
largamente o trabalho manual nas fases de plantio, tratos culturais e
colheita. As culturas de subsistência ou anuais como: abacaxi, arroz,
milho, feijão e mandioca e a criação de pequenos, médios e grandes
animais, ainda são as principais atividades desenvolvidas e de
sustentação nas propriedades rurais.
Atualmente a economia de Santarém está assentada nos
setores de comércio e serviços, no ecoturismo, nas indústrias de
beneficiamento (madeireiras, movelarias, olarias, panificadoras,
agroindústrias, beneficiamento de peixe etc.) e no setor agropecuário,
que segundo o IDESP, na sua pesquisa sobre o Produto Interno Bruto
dos Municípios 2008, destacou-se como maior produtor de arroz e soja
do Estado do Pará e como o terceiro maior produtor de mandioca do
Estado e o quarto do Brasil. A Secretaria de Estado de Pesca e
Aqüicultura do Pará, registrou na pesquisa “Estatística e Desembarque
Pesqueiro do Estado do Pará 2008”, que Santarém obteve o terceiro
melhor desempenho no desembarque de pescado do Estado do Pará,
alcançando 5.819 toneladas de pescado em 2008 No entanto, o setor de
comércio e serviços é o que apresenta maior peso na composição do
PIB local.
A regularização fundiária de posses ainda é muito precária em
nosso município, sendo que 80% dos requerentes são pequenos
agricultores de base familiar que desenvolvem suas atividades utilizando
a mão de obra familiar e seus lotes possuem em média 25 ha.
4.3.2. Indústria
O setor secundário é representado pelas chamadas indústrias
leves, de pequeno porte, que utilizam processos semi-industriais,
46
limitando-se ao beneficiamento de alguns produtos primários e
extrativos: processamento de madeira, movelarias, beneficiamento de
látex, usinas de beneficiamento de arroz e de castanha, casas de
farinha, indústrias de beneficiamento de pescado, produção de alimentos
(panificadoras, torrefações, fábricas de refrigerantes), fábricas de gelo e
sabão, agroindústrias, pequenas unidades artesanais que trabalham
com madeira, barro, couro e fibra, marcenarias, indústrias de cerâmica
(tijolo, telha etc), material impresso, vestuário e confecções. Em 2008 a
participação do setor industrial no Produto Interno Bruto de Santarém foi
de 14%.
4.3.3. Agropecuária
O setor agropecuário se destaca na economia do Município. É
representado pelas atividades pesqueiras, pecuária de corte e leiteira,
agricultura, avicultura, extrativismo etc. No entanto, segundo o Centro de
Estudos Avançados da Amazônia – CEAMA, Santarém compra
semanalmente 120 toneladas de alimentos de outros mercados
produtores.
Atualmente a agricultura familiar é o segmento responsável pelo
abastecimento de parte considerável dos produtos que chegam à mesa
dos consumidores, considerado, por isso, de grande relevância para o
município.
As principais culturas cultivadas pela agricultura familiar são:
verduras e legumes, as culturas do milho, mandioca, arroz, e feijão,
coco, banana, cacau, café, laranja, limão, maracujá, melancia, fibra de
curauá, pimenta do reino, tomate, tangerina, urucu, polpas de frutas,
produção de açaí e castanha do Pará. Destacam-se ainda os produtos
medicinais e aqueles voltados para a indústria de cosméticos: cumaru,
óleo de copaíba, andiroba, mel de abelhas, leite de Amapá, sucuuba e
jenipapo etc. A tabela 11 mostra o valor percentual da produção dos
principais produtos da Cultura Temporária em Santarém no ano de 2008,
numa pesquisa do IDESP-PA.
47
Tabela 11 - VALOR PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DA CULTURA TEMPORÁRIA
EM SANTARÉM - 2008
Produto Valor percentual
Arroz em casca 34 %
Soja 28 %
Mandioca 23 %
Milho 10 %
Melancia 4 %
Feijão 1 %
Fonte: IBGE/PAM 2009
Elaboração: IDESP\SEPOF
A Tabela 12 mostra a Produção Agrícola do Município de
Santarém no período de 2007 a 2009 e em seguida a Figura 3 revela o
Valor Percentual da Produção dos Principais Produtos da Cultura
Permanente.
Tabela 12 - PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM 2007 A 2009
CULTURA 2007 2008 2009
ÁREA PROD REND ÁREA PROD REND ÁREA PROD REND
ha t kg/ha ha t kg/ha ha t kg/ha
ABACAXI (3) 250 5.000 20.000 125 2.500 20.000 125 2.500 20.000
ARROZ DE
SEQUEIRO(5) 15.000 40.500 2.700 14.500 39.150 2.700 10.400 28.080 2.700
ARROZ DE
SEQUEIRO 7.140 12.852 1.800 7.497 13.495 1.800 71.20 12.816 1.800
BANANA 470 11.862 17.599 470 8.271 17.599 470 8.271 17.599
CACAU DE
TERRA
FIRME
5 4 800 5 3 600 5 3 600
COCO 50 1.000 20.000 50 1.000 20.000 50 1.000 20.000
CUPUAÇU 330 624 1.891 330 624 1.891 330 624 3.000
FEIJÃO
CAUPI (4) 724 485 670 580 386 666 700 510 729
FEIJÃO
PHASEOLUS 200 120 600 160 96 600 170 102 600
MANDIOCA 15.000
180
mil 12.000 18.700
243,1
mil 13.000 20.000
260
mil 13.000
MILHO (1ª
Safra) 1.650 3.300 2.000 1.733 3.466 2.000 1.900 3.420 1.800
MILHO (5) 4.000 16.800 4.200 4.600 22.080 4.800 4.000 14.400 4.800
PIMENTA DO
REINO 90 225 2.500 90 225 2.500 197 493 2.500
SOJA 15.000 36.000 2.400 17.250 46.575 2.700 18.000 48.600 2.700
TOTAL 84.032 90.417 71.603
Fonte: IBGE-GCEA-PAM-LSPA 998/2009
Elaboração: SAGRI/GEEMA
Nota:
(1) Produção em mil frutos e Rendimento em frutos/ha, até 2000;
(2) Produção em mil cachos e Rendimento em cachos/ha, até 2000;
(3) Em mil frutos.
(4)(Vigna e Vigna Mecanizada)
(5)(Mecanizado)
48
Tabela 13 - VALOR PERCENTUAL DA PRODUÇÃO DA CULTURA PERMANENTE
EM SANTARÉM - 2008
Produto Valor percentual
Banana 33 %
Laranja 27 %
Pimenta do reino 18 %
Coco 07 %
Urucu 06 %
Maracujá 05 %
Mamão 04 %
Fonte: IBGE/PAM 2009
Elaboração: IDESP\SEPOF
4.3.4. Comércio
As atividades comerciais de Santarém realizam-se em dois
sentidos: através da importação de insumos e produtos industrializados
do Centro-Sul do País e do mercado regional (Belém, Manaus e
Macapá) e através da circulação e comercialização da produção local,
que atende o mercado interno e o regional.
O segmento das micro e pequenas empresas comerciais,
conforme dados da Receita Federal, de março de 2006, somam 3.605
unidades de um total de 6.444 empresas e instituições cadastradas no
CNPJ em Santarém (indústrias, comércio, serviços, órgãos públicos,
cooperativas, organizações sociais etc.), sendo que 3.291 estão na
ativa.
De acordo com pesquisa realizada em 2008, pelo Centro de
Estudos Avançados da Amazônia – CEAMA, os estabelecimentos do
comércio varejista em Santarém totalizam 3.550 mercearias, 12 grandes
supermercados, 214 kit box e 85 mini box. No ramo atacadista existem
212 estabelecimentos.
O setor de Comércio e Serviços destaca-se na composição do
PIB municipal conforme dados do IBGE, através de sua Diretoria de
Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais apresentado na tabela.
Ele corresponde a 77% do Produto Interno Bruto de Santarém e é um
segmento que tem profunda e histórica dependência com os setores da
agropecuária e indústria.
49
Tabela 14 - PRODUTO INTERNO BRUTO DE SANTARÉM
Produto Valor percentual
Serviço 77 %
Indústria 14 %
Agropecuária 09 %
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais, 2009
O segmento de comércio e serviços registrou o maior saldo de
empregos na economia local de acordo com os dados do cadastro geral
de empregados e desempregados do Ministério do Trabalho constantes
na tabela 29. O comércio foi o que gerou mais empregos em 2009, com
resultado de 3.562 contratações. No entanto nesse mesmo ano 3.644
trabalhadores foram desligados, apresentando variação negativa no
saldo de empregos, o mesmo acontecendo com o setor de serviços. Em
2008 o segmento serviços abriu 2.643 postos de trabalho e em 2009
esse valor foi reduzido para 1.913.
A construção civil que se destacou com a abertura 1.356 vagas
em 2008, não teve desempenho positivo em 2009 com apenas 863
novos empregos e desligamentos de 1.103 postos de trabalho, com
variação negativa de 13,33%. O setor agropecuário fechou 2009 com
saldo positivo de 3,62%, gerando 268 empregos segundo as estatísticas
de emprego do CAGED.
4.3.5. Turismo
Santarém apresenta vocação natural para o ecoturismo, o
turismo de base comunitária, o turismo de praias, o turismo histórico e
cultural, o turismo gastronômico, o turismo religioso e o turismo de
aventura. Também apresenta grande potencial para desenvolver outros
segmentos como o turismo de eventos e negócios.
Considerada oficialmente pelo Ministério do Turismo como uma
Cidade Turística desde 1998, Santarém tem bons indicadores e
qualidades para desenvolver os diversos segmentos do turismo A oferta
de infra-estrutura turística é representada pelos hotéis com boas
condições de recepção e hospedagem, pousadas, aeroporto
50
internacional, restaurantes, porto com calado para receber navios
transatlânticos, agências de viagem, sistema de segurança pública, setor
de comunicações, agências bancárias, lojas de artesanato, serviços de
transporte, serviços e equipamentos de lazer etc.
É imensa a capacidade do segmento turístico em gerar emprego
e renda, fomentar a economia de outros setores, desenvolver a
economia solidária nas comunidades, fortalecer a identidade cultural das
populações, contribuir para a preservação do patrimônio histórico e
cultural, movimentar grande volume de recursos financeiros, melhorar as
relações humanas entre os povos, viabilizar o aproveitamento racional
dos recursos naturais, internalizar a riqueza, e contribuir para a
preservação ambiental.
Além do desenvolvimento do turismo, o município de Santarém
vive momentos de expectativas no contexto socioeconômico, cultural e
político: o movimento em torno da criação do Estado do Tapajós; a
construção do Centro de Referências e Tradições Turísticas e Culturais
do Tapajós, a implantação da Zona de Livre Comércio e de um Distrito
Industrial; o asfaltamento da BR 163 (Santarém-Cuiabá), a instalação da
ZPE (Zona de Processamento de Exportação); o ZEE (Zoneamento
Econômico-Ecológico) da Região Oeste do Pará e do Município de
Santarém etc.
4.4. Passivos Ambientais
Segundo o Relatório PRIMAZ (1996), as áreas desmatadas -
que representam aquelas áreas de onde foi retirada a cobertura florestal,
em geral florestal densa de terra firme e que, atualmente, começam a
ser ocupadas com vegetação secundária, de pequeno e médio porte,
passando a constituir capoeirões, representam uma superfície com
cerca de 4.170 km², correspondendo a 15,73% da área do município.
As duas Reservas Florestais do município são a Floresta
Nacional do Tapajós (FLONA TAPAJÓS) e a Reserva Florestal do
Palhão, além de uma extensa área reflorestada, situada ao norte da
FLONA, aqui denominada Área de Reflorestamento de Belterra. Há,
51
ainda, a Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, localizada a oeste de
Santarém, que apresenta características de floresta secundária em
áreas onde já se efetivou a intervenção humana, podendo ser acessada
somente por via fluvial, e possui ricos complexos ecológicos com grupos
de vegetação distinta como floresta densa, com árvores e palmeiras de
25 a 35 metros de altura.
A Floresta Nacional do Tapajós, área com amplo predomínio de
Floresta Densa de Terra Firme, atualmente sob jurisdição do IBAMA, foi
criada pelo Decreto Federal Nº 73.684, de 19 de fevereiro de 1974. Está
localizada na porção central do município, entre a margem direita do rio
Tapajós e a BR-163, caracterizando uma faixa no sentido Norte-Sul. No
espaço municipal considerado, compreende uma área com cerca de
2.560 km² (1.515,00 km² em Santarém e 1.043,00 km² em Belterra), que
corresponde a 9,65% do total. Sua vegetação que margeia o rio compõe
um interessante contraste diante das areias claras das praias e as
formações rochosas. Abrange uma área de 600 hectares, constituindo
um ecossistema de floresta tropical densa, com relevo ondulado e
intrincada teia de igarapés e rios, além de cachoeiras de águas límpidas.
A Reserva Florestal do Palhão foi criada pelo Governo do
Estado, através do Decreto Nº 6.063, de 3 de março de 1968. Está
localizada na porção nordeste do município, próximo à hidrelétrica de
Curuá-Una, no km 64 da rodovia PA-370. Ocupa uma área de 11,72
km², medida e demarcada pelo INCRA, que corresponde a cerca de
0,044% de todo o espaço municipal, e apresenta áreas antrópicas
adjacentes. Sua vegetação compreende espécies de árvores nobres tais
como o pau amarelo, a maçaranduba, o cedro, a andiroba, o jatobá e
angelim; é também ocupada por rica fauna.
52
5. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO
AGROEXTRATIVISTA DO EIXO FORTE
5.1. Condições Físicas e Edafoclimáticas do PAE Eixo Forte
5.1.1. Relevo
Tomando como base principal o laudo agronômico do PAE Eixo
Forte, a topografia se apresenta de forma bem diversificada, variando do
Relevo Plano ao Relevo Forte Ondulado, com predominância do relevo
Plano, não oferecendo, portanto, restrições sob esse aspecto, para
prática da agricultura e pecuária tradicional.
Tabela 15: CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO DO PAE EIXO FORTE
Classe de Relevo
Classes de Declividade
% Graus
Plano 0 - 5 0 - 2,9
Suave ondulado 5 -10 2,9 - 5,7
Ondulado 10 -15 5,7 - 8,5
Muito ondulado 15 – 25 8,5 – 14
Forte ondulado 25 – 47 14 – 25
Áreas de uso restrito 47 – 100 25 – 45
Área de preservação permanente >100 >45
Fonte: ZEE do estado do Pará, 2011 (CPRM, 2004)
5.1.2. Solos
No Projeto de Assentamento PAE Eixo Forte os solos
identificados são os seguintes:
Tabela 16 - TIPOS DE SOLOS
Símbolo Classe de solos Área (Km²) %
Latossolo Amarelo
LA Latossolo Amarelo 4.999,53 29
Argissolo Amarelo
PA Argissolo Amarelo 6.637,86 38
Neossolo Quartzarênico
RQg Neossolo Quartzarênico Hidromórfico 1.111,56 7
RQ Neossolo Quartzarênico 4.526,61 26
Total 17.275,56 100,00
Fonte: EMATER/PA, 2011
53
Os Latossolos Amarelos são solos em geral profundos e bem
estruturados, sempre ácidos, nunca hidromórficos, ou seja,
desenvolvidos em condições de excesso d'água, sob influência de lençol
freático, porém são pobres em nutrientes para as culturas. São solos
que sofreram intemperização intensa dos constituintes minerais
primários, e mesmo secundários menos resistentes, e concentração
relativa de argilominerais resistentes e/ou óxidos e hidróxidos de ferro e
alumínio.
Os Argissolos Amarelos compreendem solos minerais não
hidromórficos, com baixos teores de Fe2O3 (na grande maioria menor
do que 7%), de coloração amarela – bruno amarelado a bruno forte.
Estes solos são profundos, apresentando um nível maior de coesão das
partículas no topo do horizonte B, influenciando o comportamento
desses solos quando utilizados com agricultura, diminuindo a percolação
d’água e dificultando a penetração das raízes das plantas cultivadas.
São apropriados para silvicultura. O relevo onde ocorrem varia de plano
e suave ondulado a ondulado, com nula/ligeira a moderada
suscetibilidade à erosão.
Neossolos Quartzarênicos são solos sem contato lítico (refere-se
à presença de material mineral extremamente resistente subjacente ao
solo, cuja consistência é de tal ordem que mesmo quando molhado torna
a escavação com a pá reta impraticável ou muito difícil e impede o livre
crescimento do sistema radicular e circulação da água) dentro de 50 cm
de profundidade, apresentando textura areia ou areia franca em todos os
horizontes até, no mínimo, a profundidade de 150 cm a partir da
superfície do solo ou até um contato lítico. São essencialmente
quartzosos, tendo nas frações areia grossa e areia fina 95% ou mais de
quartzo, calcedônia e opala e, praticamente, ausência de minerais
primários alteráveis (menos resistentes ao intemperismo). São solos em
via de formação, seja pela reduzida atuação dos processos
pedogenéticos ou por características inerentes ao material originário.
A situação do Eixo Forte reflete um erro cometido com
freqüência no processo de ocupação da Amazônia. A floresta
exuberante passa aos leigos a falsa impressão de que está assentada
54
em solos ricos e bem estruturados, responsáveis pela manutenção de
toda aquela massa verde. No entanto, a própria floresta, resultado de um
processo evolutivo lento e sustentável, é a responsável pela sua
nutrição, a partir da decomposição do material orgânico produzido pela
própria floresta. Eliminada essa fonte, os solos se apresentam pobres e
sensíveis ao rigoroso regime hídrico da região, suscetíveis a processos
de erosão e lixiviação, drenando os já reduzidos estoques de reservas
minerais disponíveis para as plantas.
5.1.3. Recursos Hídricos
O PAE Eixo Forte apresenta uma rede hidrográfica bem
significativa, em parte é servido pelo Rio Tapajós e sendo também berço
de 3 (três) microbacias que alimentam os lagos do Juá (próximo a
Comunidade de Santa Maria), do Taparí (na comunidade de Ponta de
Pedras) e Lago Verde (em Alter-do-Chão), conforme Mapa A1. Embora
os três lagos estejam localizados fora da área do assentamento, os
igarapés que os alimentam ficam, praticamente em toda sua totalidade,
no interior do assentamento, e representam importante fonte de renda
para muitas famílias de assentados, que nesses lagos praticam a pesca
de subsistência.
Existem diversos conflitos em relação ao uso dos recursos
hídricos no PAE. Devido à ocupação desordenada que vem ocorrendo
através dos tempos, existe a presença de residências, balneários,
barragens, criação de animais e retirada de vegetação ciliar às margens
dos igarapés, principalmente os igarapés do Cucurunã e São Braz.
Figuras 01 e 03 - BALNEÁRIOS EM APP COMUNIDADE VILA NOVA
Fonte: EMATER/PA
55
Dentre os principais conflitos em relação ao uso do recurso
hídrico é destacada a existência do Sistema Penitenciário, Centro de
Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura, que comporta
aproximadamente 700 pessoas e despeja os efluentes produzidos,
diariamente, no leito do Igarapé do Cucurunã. Esse fato vem
impossibilitando o uso do recurso hídrico para qualquer finalidade. Além
disso, essa contaminação chega ao Lago do Juá, que é fonte de renda e
subsistência das comunidades próximas e, portanto, ampliando a
magnitude desse impacto.
Figura 04 - BARRAGEM DA PENITENCIÁRIA SILVIO HALL DE MOURA
Fonte: EMATER;PA
As barragens também provocam impactos significativos nos
mananciais, pois essas instalações diminuem a quantidade de água,
tanto pelo assoreamento do leito de igarapés quanto pela modificação
do curso de igarapés, ao mesmo tempo, provocam a diminuição da
qualidade da água, pois ocorre o despejo demasiado de ração, ou seja,
56
é despejada grande quantidade de nutrientes na água, culminando na
eutrofização1 dos corpos hídricos.
Em relação às águas subterrâneas, o PAE esta localizado sobre
um dos maiores lençóis freáticos do mundo, que é o aqüífero de Alter-
do-Chão. O Aquífero Alter do Chão é uma reserva de água subterrânea
localizada sob os estados do Pará, Amapá e Amazônia. Abastece a
totalidade de Santarém e quase a totalidade de Manaus através de
poços profundos. Dados iniciais revelam que sua área é de 437,5 mil
km2 com espessura de 545 m. Pesquisadores da Universidade Federal
do Pará desenvolvem estudos que podem revelar que o aquífero pode
ser maior que o calculado inicialmente, passando inclusive a ser maior
que o Aquifero Guarani. Com 86 mil quilômetros cúbicos, o aquifero é
suficiente para abastecer em aproximadamente 100 vezes a população
mundial.
Figura 05 - MICROSSISTEMA DE ABASTECIMENTO DA COMUNIDADE DO CUCURUNÃ
Fonte: EMATER/PA
Existem 07 (sete) microssistemas de abastecimento nas
seguintes comunidades: Cucurunã, São Braz, Vila Nova, Santa Rosa,
Ponta de Pedras, Irurama e São Pedro, contudo esses microssistemas
não são suficientes para atender a demanda dessas comunidades
1 Eutrofização – Processo causado pelo excesso de nutrientes em corpos d água, provocando a proliferação demasiada de algas e organismos aquáticos, prejudicando a qualidade natural da água.
57
precisando do aumento de suas redes, assim como, a necessidade de
instalações de outros microssistemas em outras comunidades.
Existem também 02 (duas) empresas particulares que captam
água mineral no assentamento uma na comunidade de Cucurunã e outra
em Santa Rosa, sendo que essas não contribuem com nenhum tipo de
apoio e/ou royalties para o assentamento pelo do uso do recurso.
5.1.4. Flora
Considerando que a região já vem sendo ocupada há tempos, a
vegetação existente atualmente, é basicamente formada por capoeiras,
ou seja, vegetação secundária em diversos estágios de sucessão,
conforme tabela abaixo, além de Floresta Ombrófila Densa Submontana,
com sua mata perenifólia, sempre verde e sua vegetação densa e
arbustiva e Savanas.
Tabela 17 - VEGETAÇÃO
Vegetação Área (Hectares) Porcentagem
Culturas Cíclicas 21,00 0,122%
Floresta Ombrofila Densa Submontana 2.068,61 11,977%
Floresta Ombrofila Densa Submontana Dossel Emergente
964,79 5,586%
Floresta Ombrofila Densa Terras Baixas Dossel Emergente
1.263,10 7,313%
Savana Arborizada sem floresta-de-Galeria 0,73 0,004%
Savana Floresta 1.747,56 10,118%
Savana Parque sem Floresta de Galeria 147,41 0,854%
Vegetação secundária sem Palmeiras 9.080,39 52,575%
Savana Parque com Floresta de Galeria 1.977,67 11,451%
TOTAL 17.271,27 100%
Fonte: EMATER/PA, 2011
Devido o manejo tradicional da vegetação, de preparo de área
com queima e de agricultura itinerante e também considerando a baixa
fertilidade natural dos solos existentes, pode-se afirmar que muitas
riquezas vegetais foram desperdiçadas e que o tempo de regeneração
natural das capoeiras é lento, dificultando a prática da agricultura
tradicional. Porém, algumas espécies importantes, identificadas através
58
de questionários aplicados aos assentados e das oficinas coletivas,
ainda estão presentes nessas áreas, relacionadas a seguir.
Fonte: EMATER/PA
Segundo o gráfico a seguir, algumas ainda são encontradas com
certa abundância e tem importante valor econômico dentro das
atividades extrativistas cotidianas dos assentados, como exemplo, a
Castanha-do-Pará, Andiroba, Copaíba, Cumaru e Pau d’Arco.
Tabela 18 - ESPÉCIES VEGETAIS
Nome comum Nome Científico
Andiroba Carapa guianeses
Barbatimão Stryphnodendro barbatiman Mart.
Sucuba Himatanthus sucuuba
Massaranduba Persea pyrifolia
Jatobá Hymanea courbaril
Sapucaia Lecythis pisonis
Seringueira Hevea brasiliensis
Jacarandá Jacaranda cuspidifolia
Marfim Balfourodendron riedelianum
Fava Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke
Sucupira Bowdichia SP
Pau D`arco/Ipê Tabebuia SP
Pau Rosa Aniba rosaeodora Ducke
Muiracatiara Astronium lecointei Ducke
Mogno Swietenia macrophylla King
Jarana Lecythis latifolium (AC. Smith) Rich
Itaúba Mezilaurus itauba – Meissn – Taub.
Freijó Cordia sp.
Cumaru Dipterix odorata Willd.
Copaíba Copaifera reticulata Ducke
Cedro Cedrelinga catenaeformis Ducke
Castanha do Pará Bertholetia excelsa
Acapu Vouacapoua americana Aubl.
Aquariquara Minquartia guianensis Aubl.
Angelim Dinisía excelsa
59
Fonte: EMATER/PA
Das espécies identificadas algumas estão na lista do IBAMA de
espécies ameaçadas de extinção, a saber:
Bertholletia excelsa HBK. LECYTHIDACEAE. Nome popular:
“castanheira”, “castanheira-do-brasil”, (Amazonas, Pará,
Maranhão, Rondônia, Acre). Categoria: Vulnerável (V);
Aniba roseodora Ducke. LAURACEAE. Nome popular: “pau-rosa”
(Amazonas, Pará). Categoria: Em perigo (E);
Swietenia macrophylla King. MELIACEAE. Nome popular:
“mogno”, “águano”, “araputangá”, “caoba”, “cedroaraná”. (Acre,
Amazonas, Pará, Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Maranhão).
Categoria: Em perigo (E). Destas o Pau Rosa e o Mogno são as
que correm mais risco devido sua exploração ter sido mais
intensa no passado.
1,8%
1,6%
3,0%
0,8%
14,2%
4,2%
2,6%
13,8%
2,2%
0,5%
9,8%
7,9%
1,7%
0,5%
0,7%
10,7%
1,8%
2,2%
0,7%
3,1%
0,7%
0,4%
0,8%
0,3%
0,9%
0,1%
12,9%
Sucupira
Angelim
Aquariquarica
Acapu
Castanha do Pará
Cedro
Copaíba
Cumaru
Fava
Freijó
Itaúba
Jarana
Mogno
Muiracatiara
Pau Rosa
Pau D'arco
Sucupira
Fava
Marfin
Jacarandá
Seringueira
Sapucaia
Jatobá
Massaranduba
Sucuba
Barbatimão
Andiroba
Figura 06 - ESPÉCIES FLORESTAIS DO PAE EIXO FORTE
60
5.1.5. Fauna
Na região do Eixo Forte, ao longo dos anos, as pessoas
removeram grandes áreas de mata, afetando a flora e fauna local e
diminuindo significativamente o território dos animais silvestres. A
denominação animais silvestres se refere a todos os animais nativos da
região, como também aos migratórios, isto é, aqueles que passam uma
parte do seu ciclo de vida em território nacional.
Com a diminuição da área, esses animais necessitam sair de
seu ambiente natural à procura de alimento, entram em contato com
seres humanos, sendo capturados ou até mesmo mortos. Realizam,
eventualmente, ataques a rebanhos e a animais domésticos na zona
rural, já que suas presas naturais não mais existem na região.
Os seres vivos têm direitos, inclusive os animais silvestres, que
contam com proteção legal. Contudo, muitas vezes, estas leis são
desconhecidas e ignoradas. Segundo a Constituição Federal de 1988,
no artigo 225 e a Lei nº 9605 de 1998, matar, perseguir, caçar, apanhar
e utilizar "animais silvestres, nativos ou em rota migratória” é crime
ambiental punido através de detenção e multa, podendo ser aumenta
dependendo das circunstâncias nas quais o crime for realizado. Além da
lei, muitas instituições e pessoas assumem o compromisso de proteger
as espécies silvestres e manifestam sua responsabilidade ambiental.
A integração do ser humano com a Natureza é tão importante
quanto à integração dos seres humanos entre si. Quando entendemos
que somos parte e não proprietários da Natureza, iniciamos a
caminhada rumo a um mundo mais justo e sustentável.
De acordo com os agricultores, foram observadas as seguintes
espécies mais freqüentes quanto à fauna existente no PA, conforme a
tabela abaixo:
Tabela 19 - ESPÉCIES DA FAUNA
Nome comum Nome Científico
Gavião Rupornis magnirostris
Caititu Tayassu tajacu
Quati Nasua nasua
61
Gato Maracajá Leopardus wiedii
Preguiça Bradypus infuscatus
Mucura Didelphis marsupialis
Tucano Ramphastes toco
Veado Mazama SP Jabuti Testudo tabulata
Tatu galinha Dasypus SP
Periquito Nannopsittaca dachilleae
Paca Agouti paca
Onça Panthera onça
Macaco Cebus Kaapori
Mutum Pauxi tuberosa
Cutia Dasyprota azarae
Cobra Bothrops asper
Capivara Hydrochoerus hydrochaeris
Arara Ara chloroptera
Anta Tapirus terrestris
Fonte: EMATER/PA
A vegetação é um dos componentes mais importantes para
manutenção da vida silvestre, na medida em que seu estado de
conservação e continuidade define a existência ou não de habitats para
as espécies, a manutenção de serviços ambientais ou mesmo o
fornecimento de bens essenciais a sobrevivência das populações.
Segundo os agricultores, os efeitos ocasionados pela ação do
homem, principalmente no que diz respeito à caça predatória e ao
desmatamento indiscriminado das espécies florestais nativas, já podem
ser notados com a diminuição do número de algumas espécies nativas
dessa região. No gráfico a seguir esta uma relação dos animais mais
mencionados nos levantamentos de campo.
62
Fonte: EMATER/PA
5.1.6. Uso do Solo e Cobertura Vegetal
Segundo o mapa A2, as seguintes categorias de uso do solo
identificadas no PAE Eixo Forte são: Área sob influência, Capoeira,
Corpos d’água, Floresta Impactada, Pastagem,
Pastagem+Agricultura+Capoeira, Pastagem + Capoeira e Savana.
Tabela 20 - USO E COBERTURA DO SOLO
Fonte: EMATER/PA (2010)
0,09%
7,60%
1,92%
13,82%
8,60%
1,13%
13,15%
1,28%
10,01%
10,01%
3,05%
12,02%
7,05%
8,15%
0,15%
0,31%
0,37%
0,95%
0,18%
0,18%
Anta
Arara
Capivara
Cobra
Cotia
Mutum
Macacos
Onça
Paca
Periquito
Tatu
Jabuti
Veado
tucano
mucura
preguiça
Gato …
Quati
Catitu
Gavião
Figura 07 - ESPÉCIES DA FAUNA DO PAE EIXO FORTE
63
A predominância do uso e cobertura do solo é de capoeira que
ocupa 38,78% do espaço territorial do assentamento, seguido pela
pastagem+agricultura+capoeira com 22,40% e 15,78% de floresta
impactada, isso demonstra que a área do assentamento vem sendo
intensamente antropizada ao longo do tempo, sendo principalmente a
agropecuária itinerante familiar a principal atividade responsável pela
configuração espacial atual.
A presença de 9,71% de Savanas, vegetação bem diferente de
uma Floresta Equatorial, pode ser justificada pela pouca presença de
corpos hídricos e pela característica de solos pouco férteis, por isso,
essa vegetação é menos utilizada para agricultura, mas tem grande
importância no que diz respeito à biodiversidade, pois comporta
inúmeras espécies com potencial extrativista, como é o caso do
barbatimão, folha de lixa, sucubeira, piquiá, muruci e etc.
Áreas de pastagem+capoeira e de pastagem aparecem no
gráfico com presença em 8,65% e 1,67% respectivamente, pode-se
entender que nesses locais estão principalmente produtores de médio e
grande porte que possuem áreas privadas, uma vez que essa atividade
não é identificada como uma pratica comum conforme a composição da
renda do assentamento no item 22.0, ou seja, estão dentro da área do
assentamento, mas não pertence ao assentamento e por isso, não são
de uso coletivo.
A área de influência existente é de apenas 2,77%, essas áreas
contemplam centros comunitários e núcleos populacionais,
consecutivamente, onde há maior população, essa informação pode
significar o baixo índice demográfico do assentamento, contudo, mostra
que apesar desse fato, boa parte do assentamento já foi utilizado por
atividade agropecuária.
Embora o assentamento seja o berço de 3 (três) microbacias, a
microbacia do Juá, a microbacia do Taparí e a Microbacia de Alter-do-
Chão, apenas poucas áreas são contempladas por esse recurso, pois
trata-se, na maioria dos casos de leitos de pequeno porte, somando
0,26% em relação a área total do assentamento.
64
5.1.7. Reserva Legal e Área de Preservação Permanente
A análise do mapa B1 confirma o comentário no item anterior, as
Áreas de Preservação Permanente (APP) do assentamento somam
apenas 586,97 ha ou aproximadamente 3,4 % da área total, dos quais,
em diversos pontos desses mananciais encontram-se degradados,
significa que além do assentamento ser pouco irrigado por mananciais,
esses, tem sido mal aproveitado, cabendo então um programa
específico para recuperação dessas áreas e preservação das áreas
remanescentes.
É encontrado no PAE, principalmente nas Comunidades de
Cucurunã e São Braz, atividade mineradora para retirada de areia, seixo
e pedras para construção civil, em APP´s (morros). Essas atividades
podem ser vistas logo na entrada do PAE, que após o termino da
extração, essas áreas são abandonadas deixando áreas significativas
em avançado estágios de degradação, para complementar, essa
atividade é a principal responsável pela geração de áreas degradadas
no assentamento, sem que nenhuma punição ou compensação seja
tomada pelos danos gerados.
Figuras 08 e 09 - EXTRAÇÃO DE AREIA EM APP NA COMUNIDADE DE
CUCURUNÃ.
Fonte: EMATER/PA
A área total do PAE Eixo Forte é de 17.272,94 ha (incluindo
propriedades com Título Definitivo) e está disponibilizado para o manejo
um total de 16.685,97 ha, sendo que, as Áreas de Reserva Legal (ARL)
de uso coletivo somam 8.636,47 ha, aproximadamente 52% da área
disponível.
65
Segundo o inc. I do art. 16 da medida provisória nº 2166, de 24
de agosto de 2001, toda propriedade rural localizada na Amazônia
Legal, deverá destinar no mínimo 80% de suas terras à Reserva Legal.
De acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei nº 4.771, de 15
de setembro de 1965, alterado pela medida provisória nº 2.166-67, de 24
de agosto de 2001, “Reserva Legal é uma área localizada no interior de
uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação
permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à
conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora”.
Entretanto, considerando o art. 3º do decreto 2.099, de 25 de
Janeiro de 2010, para a constituição da Reserva Legal, deve ser
observadas as hipóteses de aumento ou diminuição estabelecidas nos
respectivos Zoneamentos Ecológicos-Econômicos – ZEE. Em seu § 1º
considera que, o produtor localizado na área de consolidação do ZEE,
com supressão florestal realizada até o ano de 2006, poderá averbar a
sua reserva legal, para efeito de recomposição, em percentual de 50%.
Portanto, como o PAE Eixo Forte estando localizada dentro da
área de abrangência do ZEE da BR 163, a sua respectiva ARL
contempla uma área maior que o mínimo exigido legalmente,
significando que, a prioridade de ações que serão desenvolvidas tem
cunho sócio-ambiental e direcionadas para o manejo sustentável do
assentamento, seguindo como norma orientadora o Plano de Utilização
(PU) do PAE Eixo Forte.
5.1.8. Estratificação Ambiental dos Agro-Ecossistemas
De acordo com Toewns (1987) apud Cunha & Holanda (2007),
define agroecossistemas como "entidades regionais manejadas com o
objetivo de produzir alimentos e outros produtos agropecuários,
compreendendo as plantas e animais domesticados, elementos bióticos
e abióticos do solo, rede de drenagem e de áreas que suportam
vegetação natural e vida silvestre. Os agroecossistemas incluem, de
66
maneira explícita o homem, tanto produtor como consumidor tendo, pois,
dimensões socioeconômicas, de saúde pública e ambiental".
Conhecer os sistemas agro-ambientais ou unidades da
paisagem leva a possibilidade de construção de sistemas sustentáveis
de produção, é na identificação dessas unidades/estratos que se tem
uma das ferramentas para um planejamento agro-ambiental especifico
para um dado local, para conseguir explorar de forma sustentável a área
a ser destinada à criação de um projeto de assentamento rural.
Foram identificados os sistemas agro-ambientes ou agros-
ecossistemas existentes do PAE Eixo Forte. Para isso foi realizado uma
estratificação ambiental unificando características de vegetação, solo
(pedologia), fertilidade e relevo (geomorfologia), utilizando as
informações contidas no ZEE da área de influência da BR-163 e o
Diagnóstico Ambiental Participativo. Com isso foram identificados os
sistemas agro-ambientais com diferentes características, cujas
informações estão e quantitativos estão na Figura e na Tabela a seguir.
Tabela 21 - SISTEMAS AGRO-AMBIENTAIS DO EIXO FORTE
Sistemas
Agro-
Ambientais
Descrições
Área (ha)
Área
(%)
I Ambientes com Florestas Secundárias, Pedologia
Argiloso Amarelo, Com Baixa disponibilidade de
nutrientes Planos e Suavemente Ondulado
4.860,49 28
II Ambientes com Florestas Secundárias, Pedologia
Neossolo Quatzarênico, Baixa disponibilidade de
nutrientes Planos e Suavemente Ondulados.
483,86 3
III Ambientes com Floresta Secundária, com
Latossolos Amarelos, Baixa disponibilidade de
nutrientes Planos e Suavemente Ondulado
3.736,03 22
IV Ambientes com Floresta densa com pedologia
Neossolo Quartezarênico, Baixa disponibilidade de
nutrientes Planos e Suavemente Ondulados
1.286,91 7
V Ambientes de Floresta Densa, com Pedologia
Argiloso Amarelo, Baixa disponibilidade de
nutrientes Planos e Suavemente Ondulado
2.688,40 16
VI Ambientes de Savana, com pedologia neossolo
quatzarênico, Baixa disponibilidade de nutrientes
Planos e Suavemente Ondulado
3.605,69 21
VII Ambientes com Floresta Densa, com Pedologia
Latossolo Amarelos, Baixa Disponibilidade de
Nutrientes Planos e Suavemente Ondulado
321,18 2
VIII Ambientes Savanados com predominância de
pedologia Argiloso Amarelo, Baixa disponibilidade
0 0
67
de nutrientes Planos e Suavemente Ondulado
IX Ambientes Savanados com predominância de
Pedologia Latossolos Amarelos, Baixa
disponibilidade de nutrientes Planos e Suavemente
Ondulados
266,95 1
X Ambientes com Predominância de Culturas
Cíclicas, com latossolos Amarelos
21,00 0
Total 17.270,51 100
Fonte: EMATER/PA, 2011
De modo geral, a caracteristica predominate de
Agroecossistemas são de áreas planas e suavemente onduladas em
relação ao relevo e, de baixa disponibilidade de nutrientes em relação a
fertilidade do solo.
A predominancia de sistemas agro-ambientais é do tipo I, sendo
esses de florestas secundárias e solo argiloso arenoso de que abrange
um total de 28% da área do assentamento. O 2º agro-ambiente mais
encontrado, também é de floresta secundária, mas de latosolos
amarelos, somando 22%, enquanto que as áreas de florestas
secundárias com neossolo quartzarênico abrangem apenas 3% da área
total.
O agro-ambiente savanado como pedologia neossolo
quartizarênico também é encontrado de forma significativa, são áreas
localizadas principalmente próximas ao Rio Tapajós e representa 21%
da área total do assentamento, porém as savanas com latossolos
amarelos contempla 1% desse mosaico.
Sistemas Agro-ambientais com floresta densa de solos argiloso
amarelo são encontrados em 16% e, com neossolos quartazrênicos em
7% e com latossolo amarelo em 2% da área total do assentamento.
5.1.9. Capacidade de Uso do Solo
O Sistema FAO/Brasileiro, considera os níveis de manejo, assim
como uma estimativa da viabilidade de redução dos problemas através
do uso de capital e técnica, o que vai afetar diferentemente o grande e o
pequeno agricultor.
68
Este sistema tem uma estrutura que permite seu ajustamento a
novos conhecimentos, inclusive adaptações regionais, sem perder a sua
unidade. Parte deste ajustamento é dada pela metodologia que sintetiza
as qualidades do ecossistema em relação a cinco parâmetros:
nutrientes, água, oxigênio, mecanização e erosão.
Também é considerada a possibilidade destes parâmetros terem
suas características alteradas pelo agricultor. Para isso, são
considerados os diferentes níveis de manejo, de acordo com a
tecnologia empregada.
Portanto, este sistema de classificação é interessante
principalmente pela importância dada às diferenças sócio-econômicas
das diferentes regiões do Brasil, através da consideração dos diferentes
níveis de manejo. Hoje, um solo que, em seu estado natural, não
favorece o uso agrícola, pode vir a ser um excelente solo para este fim
desde que empregadas algumas das tecnologias atualmente existentes.
Para um solo ideal, todos os parâmetros deveriam ser
totalmente favoráveis, não havendo deficiência de nutrientes, de água,
de oxigênio, nem suscetibilidade à erosão, nem impedimentos à
mecanização.
Entretanto, a existência de um solo ideal é apenas uma
suposição para efeitos de comparação, pois, na realidade, este solo não
existe. Todo solo apresenta algum tipo de problema, mais ou menos
relevante, relacionado a um ou mais parâmetros considerados nesta
classificação (Resende et. al., 1999).
Para a classificação da aptidão agrícola, são considerados três
níveis de manejo, estabelecidos de acordo com as práticas agrícolas,
nível tecnológico e capital utilizados na lavoura. Estes níveis de manejo
são relacionados na tabela a seguir.
Tabela 22 - APTIDÃO AGRÍCOLA DOS SOLOS DO PAE EIXO FORTE
Nível de Manejo
Práticas Agrícolas
Capital Aplicado no melhoramento e
conservação do solo e nas lavouras
Trabalho
A Refletem baixo nível tecnológico.
Praticamente não é aplicado.
Principalmente braçal. Alguma tração animal, com implementos simples.
69
B Refletem nível tecnológico médio.
Modesta aplicação. Tração animal.
C Refletem alto nível Tecnológico.
Aplicação intensiva. Mecanização em quase todas as fases.
Fonte: (Resende et. al., 1999).
As letras A, B e C, maiúsculas ou minúsculas, indicam, portanto,
a aptidão para lavouras. A letra P, maiúscula ou minúscula, expressa a
aptidão para pastagem plantada, a letra N para pastagem natural e a
letra S para silvicultura.
A classe de aptidão é representada pela forma da letra
(maiúscula ou minúscula), e pela presença ou ausência de parênteses.
A letra maiúscula indica boa aptidão, a letra minúscula indica aptidão
regular e a letra minúscula entre parênteses representa aptidão restrita.
Além disso, na classificação de aptidão agrícola também á indicado a
qual grupo de aptidão o solo pertence. São 6 grupos, indicados por
números arábicos de 1 a 6, sendo que há um acréscimo das limitações e
diminuição da possibilidade de uso nessa ordem. Os grupos 1, 2 e 3
representam as terras com aptidão boa, regular e restrita para lavoura,
respectivamente, o grupo 4 terras com aptidão para pastagem plantada,
o grupo 5 para pastagem natural ou silvicultura e o grupo 6 aquelas sem
aptidão agrícola (Resende et. al., 1999). Os grupos e alternativas de
utilização das terras de acordo com o grupo de aptidão agrícola estão
representados na tabela 23.
Por último, cabe lembrar que no estabelecimento de valores
para os parâmetros avaliados, assim como na consideração das
possibilidades de aumentá-los ou reduzí-los, entre um grande número de
variáveis não quantificáveis, resultantes das experiências de cada
agricultor.
A interpretação da capacidade de uso do solo é uma importante
ferramenta para a utilização racional desse recurso natural
proporcionando melhorias nos sistemas agrícolas de qualquer Projeto de
Assentamento, ajudando a adotar medidas ou práticas conservacionistas
adequadas.
70
Os métodos mais disseminados de avaliação da capacidade de
uso do solo são habitualmente aplicados para avaliação da viabilidade
técnica e econômica de uso de propriedades rurais. De acordo com
Mazzeto (2002) estes métodos privilegiam as atividades produtivas mais
intensas (de maior grau tecnológico) para as terras férteis e menos
suscetíveis a processos erosivos, enquanto para os terrenos
degradados, estéreis e/ou mais suscetíveis a processos erosivos
reservam-se as atividades de manejo sustentado ou preservação.
Tabela 23 - NÍVEL DE MANEJO E TIPO DE UTILIZAÇÃO POR GRUPO
Grupo Classe Aptidão
Nível de Manejo Tipo de utilização
A B C
Inte
nsid
ade d
as
limitaçõ
es
Aum
ento
das a
ltern
ativas
de u
so
1 Boa 1A 1B 1C Lavoura 2 Regular 2a 2b 2c 3 Restrito 3(a) 3(b) 3(c) 4 Boa 4P Pastagem plantada 4 Regular 4p 4 Restrito 4(p) 5 Boa 5N 5S Silvicultura e/ou
pastagem natural 5 Regular 5n 5s 5 Restrito 5(n) 5(s)
6 Preservação da flora e da fauna ou recreação
Sem aptidão para uso agrícola
Fonte: (Resende et. al., 1999).
De acordo com a figura 10, foram visualizados dois grupos de
solos no PAE Eixo Forte, descritos a seguir:
Fonte: IBGE dados cartográficos(2001), dados de campo modelos digitais do terreno composição coloridas
(bandas 543) imagens do sensor landsat 7 cenas 227/62,2009.
28,94%
38,39%
32,64%
0,03%
Figura 10 - CAPACIDADE DE USO DO SOLO DO PAE EIXO FORTE
1(a)bC
1(a)bC_p
6_t
Água
71
Pode-se observar na figura 10, as porcentagens a qual cada
classe de solo esta representada, e utilizando as tabelas acima 1 e 2
consegue se interpretar o significado de cada grupo e classe:
Observa-se que 28,94% do gráfico está representado pelo
número e combinações de letras 1(a)bC, ou seja, são terras que
pertence ao grupo de aptidão 1, podem ser utilizadas para lavoura,
entretanto aptidão agrícola restrita para lavoura sob o nível de manejo A,
regulares em nível de manejo B e Boa em nível de manejo C. Isso
significa que são áreas que podem ser trabalhadas utilizando
mecanização em quase todas as fases, tendo necessidade de fazer
correção do solo.
Observa-se, também, que 38,39% do grupo 1(a)bC_p e 32,64%
correspondem à combinação 6_t. Isso significa que pertence ao grupo 6,
são terras sem aptidão para uso agrícola e deve ser destinada para
preservação da flora e da fauna ou recreação.
Os restantes 0,03% corresponde ao espelho d’água do
assentamento.
5.1.10. Análise Sucinta dos Potenciais e Limitações dos Recursos
Naturais e da Situação Ambiental do Assentamento
Avaliando o potencial dos recursos naturais existentes, pode-se
perceber que no assentamento existe pouca aptidão para uso agrícola e
ainda o fato das áreas já terem sido utilizadas durante anos, ou seja,
exaustão natural do solo, entende-se que as atividades agropecuárias
mais adequadas para serrem desenvolvidas no assentamento sejam
aquelas baseadas em princípios ecológicos de manejo, como
consórcios, sistemas agroflorestais, agricultura orgânica, associadas à
criação de animais de pequeno e médio porte.
Em relação à situação ambiental, considera-se que a qualidade
dos recursos hídricos superficiais está sendo mal utilizados com diversos
pontos com supressão da mata ciliar, assoreamentos, contaminação por
esgoto, há também a presença barragens irregulares, que diminuem a
oferta de água ao longo dos igarapés.
72
Um dos principais problemas é a retirada de areia, seixo e
pedras para abastecer a demanda da construção civil em Santarém,
nenhuma ação tem sido tomada par regularizar essa situação, vale
mencionar, que além do dano ambiental provocado por essas
explorações, as vicinais de acesso também ficam deterioradas com a
presença constate de caminhões pesados prejudicando também pontes
e igarapés.
Mesmo diante desses fatos, o assentamento ainda é provido de
belas paisagens naturais, que precisam ser preservadas, por isso, o foco
principal do planejamento de ações é direcionado a exploração do
potencial turístico da área, pois se trata de uma atividade mais
condizente com a realidade da população local, que não depende tanto
da agropecuária, e sim de subempregos na sede da cidade de
Santarém.
Essa é uma forma de manter essa população administrando o
assentamento de forma a sustentar suas necessidades básicas,
mantendo também, o interesse da população mais jovem em se
tornarem lideranças futuras, na administração de suas organizações
comunitárias.
5.2. Organização Espacial Atual
O PAE Eixo Forte é formado por 16 (dezesseis) comunidades,
sendo estas: Cucurunã, Santa Luzia, São Francisco, São Pedro,
Pajuçara, São Braz, Ponta de Pedras, Andirobalzinho, São Raimundo,
Irurama, Santa Maria, São Sebastião, Santa Rosa, Vila Nova, Ponte Alta
e Jatobá. Segundo os levantamentos de campo, 93,6% das
propriedades existentes no PAE possuem energia elétrica.
As delimitações das comunidades estão demonstradas no na
figura 11. Apenas as comunidades onde o centro comunitário é próximo
à rodovia PA 457, possuem fácil acesso, todos os outros centros e
comunidades são ligados por vicinais que ficam em condições ruins,
principalmente no período de chuvas.
73
Figura 11 - DELIMITAÇÃO DAS COMUNIDADES E INFRAESTRUTURA
COMUNITÁRIA
De acordo com levantamentos feitos na região, e segundo os
próprios moradores do PAE, hoje no Eixo Forte, moram efetivamente
nesta área cerca de 800 famílias em RB, distribuídas nas 16
comunidades.
Dentre um dos principais problemas existentes no
assentamento, pode-se descrever o fato de existir apenas um Posto de
Saúde em todo PAE, localizado na comunidade de São Braz, outro
problema relacionado a esse, é que as comunidades de Santa Maria,
Pajuçara e São Francisco do Carapanari não tem acesso ao posto, por
não existir uma linha de transporte que ligue direto essas comunidades,
portanto, a população dessas comunidades, quando necessitam do
Posto de Saúde tem que ir à sede da cidade de Santarém para
utilizarem serviços de saúde pública.
Como já mencionado anteriormente, apenas 7 (sete)
comunidades possuem microssistema de água encanada, são elas:
Cucurunã, Pajuçara, São Braz, São Sebastião, Vila Nova, Santa Rosa e
Irurama, sendo que essas não são totalmente abastecidas.
74
Existem 14 (quatorze) escolas, sendo que destas, 02 são pólos
e as outras são anexas a estas; em sua maioria funcionam em prédios
de alvenaria e tem boa estrutura física para abrigar alunos e
professores; somente 1 (uma) possui o Ensino Médio, além de um
Centro de treinamento onde funciona a Casa Familiar Rural do
município.
Apenas as comunidades de Andirobal, Jatobá e Pajuçara não
possuem barracão comunitário.
Existem 4 (quatro) Cemitérios no Assentamento, sendo
necessário o planejamento para implantação de outros cemitérios, pois
no caso de São Braz, o existente já está chegando ao ponto de
saturação. Somente a Comunidade de Jatobá não possui Igreja.
Como mencionado no início, a principal dificuldade é o acesso
as comunidades distantes da Rodovia, pois as vicinais ficam muito
deterioradas no período chuvoso e durante a seca o problema continua
devido à poeira nas vias.
Há 01 (uma) biblioteca comunitária, denominada Prof.ª Cilene de
Oliveira, instalada desde 2008 na Comunidade Cucurunã que foi
planejada e construída em parceria entre a Emater, ICBS (Instituto
cultural Boanerges Sena), Associação Beneficente Água Vida,
Coordenadoria de Cultura do município e o Grupo de Apoio ao
Desenvolvimento Comunitário Sustentável - Grupo Verde. Esta atende
às crianças e jovens da comunidade e através do Projeto Ponto de
Cultura, da Secretaria de Cultura do Estado, foi contemplada com
aquisição de um computador, uma filmadora e uma máquina fotográfica
dando, com isto, suporte pedagógico em pesquisas e consultas.
Tabela24 - INFRAESTRUTURA EXISTENTE NO PAE EIXO FORTE
Nº
Comunidade
Igre
ja
Esco
la
Barr
acão
Co
mu
nit
ári
o
En
erg
ia
Elé
tric
a
Ág
ua
En
can
ad
a
Po
sto
de
Saú
de
Cem
itéri
o
OU
TR
OS
1 Andirobalzinho X X
2 Jatobá X X
3 Ponta de Pedras X X X X X
75
4 Santa Luzia X X X UD
5 Santa Rosa X X X X X
6 São Pedro X X X X UD
7 São Raimundo X X X X
8 São Sebastião X X X X
9 Cucurunã X X X X X X
10 São Braz X X X X X X X
11 Irurama X X X X X
12 Ponte Alta X X X X
13 Santa Maria X X X X
14 São Francisco X
15 Vila Nova X X X X X X
16 Pajuçara X X X X
Fonte: EMATER/PA (2010).
Quanto às pontes e bueiros existentes no PAE, podemos
identificar que em todas as comunidades há necessidade de
manutenção desses, a fim de proporcionar segurança e melhores
condições de acesso entre as comunidades.
Tabela 25 - PONTES E BUEIROS
Nº
COMUNIDADE
QUANTIDADE
1. Andirobalzinho 01 Bueiro
2. Cucurunã 02 Pontes
3. Irurama 01 Bueiro e 01 Ponte
4. Jatobá 02 Bueiros e 01 Ponte
5. Pajuçara Não possui
6. Ponta de Pedras Não possui
7. Ponte Alta 02 Pontes
8. Santa Luzia 02 Pontes
9. Santa Maria 01 Ponte
10. Santa Rosa 01 Bueiro
11. São Braz 02 Pontes
12. São Francisco 02 Pontes e 01 Bueiro
13. São Pedro 01 Ponte
14. São Raimundo 01 Ponte
15. São Sebastião 01 Bueiro
16. Vila Nova 02 Pontes e 01 Bueiro
Fonte: EMATER/PA (2009)
76
5.3. Situação do Meio Sócio-Econômico e Cultural
5.3.1. Histórico do Projeto de Assentamento
O PAE Eixo Forte é formado por 16 (dezesseis) comunidades,
sendo estas: Cucurunã, Santa Luzia, São Francisco, São Pedro,
Pajuçara, São Braz, Ponta de Pedras, Andirobalzinho, São Raimundo,
Irurama, Santa Maria, São Sebastião, Santa Rosa, Vila Nova, Ponte Alta
e Jatobá e os moradores do assentamento são, em sua maioria,
paraenses, outros são oriundos dos estados do Amazonas, Maranhão e
Piauí. É importante salientar que devido à proximidade do PAE com a
sede do município, esta região recebe muita influência urbana, muitos
moradores trabalham e se deslocam diariamente à Santarém, assim a
renda das famílias do PAE, é proveniente na sua maioria de salários.
Entre os anos de 2004 e 2005, o Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais tomou a iniciativa de chamar as lideranças
comunitárias do Eixo Forte para tomarem providências a respeito de
toda a especulação sobre avanço da soja na cidade, evitando que
moradores perdessem suas áreas, o que já vinha acontecendo em
outras comunidades de Santarém, e despertar para o grande potencial
turístico existente. Com isso foi encaminhando ao INCRA, a proposta
transformar a área em um assentamento agroextrativista, como forma de
garantir a posse da terra.
Depois, o INCRA reuniu as lideranças, onde foram esclarecidos
para a população os benefícios de se criar o assentamento. Em seguida,
a proposta foi votada pelas lideranças e depois nas comunidades, a qual
teve aprovação unanime. Durante esse momento as Comunidades de
Juá, Caranazal e a Vila de Alter-do-chão, não quiseram fazer parte do
assentamento, pois entendiam que já tinham um perfil urbano.
Então, foi feito um 1º cadastro pela Prefeitura de Santarém,
sendo realizado por comunidade. Até então, não tinha um critério
definido de perfil de assentado, bastava somente morar no
assentamento e que fosse maior de 18 anos, ao mesmo tempo, o
INCRA também cadastrava as pessoas que procuravam a instituição
77
utilizando os mesmo critérios, e assim foi feita a primeira relação de
beneficiários, contendo 1029 famílias.
Como era necessário ter uma entidade que representasse o
assentamento, foi criado um Conselho Gestor do Assentamento que
perdurou por 02 anos, onde dentro do Conselho foi criado uma
Comissão para que se pudesse abrir uma conta para receber o recurso,
depois, surgiu a necessidade de se criar uma entidade mais organizada
que pudesse representar todas as comunidades, quando foi criada a
Federação dos moradores do PAE Eixo Forte e assim esta até hoje.
A partir daí começaram a serem aplicados os primeiros créditos,
apoio inicial no valor de R$ 2.400,00 e também o crédito habitação no
valor de R$ 5.000,00, começando pela comunidade de Vila Nova, hoje
esse valor está em R$ 15.000,00, mais com proposta de ser aumentado
para R$ 20.000,00, até então existe entorno de 160 casa já construídas
e entregues aos comunitários.
Em 2006, a Federação realizou uma assembléia no sítio
Mapinguari para escolher a empresa de assistência técnica que prestaria
o serviço de atendimento ao assentamento, sendo escolhida a EMATER,
que vem realizando esse Plano de Desenvolvimento do PAE Eixo Forte.
Atualmente a Federação e o INCRA vêm buscando formas de
ajustar a relação dos beneficiários, principalmente no que diz respeito
aos funcionários públicos que moram e trabalham no assentamento,
como no caso de professores (as), para que esses possam usufruir das
linhas de créditos disponíveis.
Até então, a Federação já obteve algumas conquistas para o
assentamento, como o acesso a energia elétrica, a construção de
algumas escolas e a manutenção de ramais. O INCRA coordena o
assentamento e a EMATER desenvolve, além do PDA, diversas ações
em busca de melhorar as condições de vida dos moradores da área.
5.3.2. População e Organização Social
Durante o levantamento foi identificado que 100% dos
entrevistados do PAE Eixo Forte são formados por brasileiros. Segundo
a figura 12, a população do território do assentamento é composta na
78
sua maioria (98,4%) por paraenses. A pequena parcela de migrantes
(1,7%) é oriunda dos estados do Amazonas (1.2%), Maranhão (0,3%) e
Piauí (0,2%).
Fonte: EMATER/PA
A média de tempo que os assentados entrevistados residem no
PAE Eixo Forte varia de 6 anos, a menor média, verificada na
comunidade de Ponte Alta, a 27 anos, os mais antigos, moradores das
comunidades de Irurama e Jatobá. Verifica-se que mais da metade
(53,33%) das famílias estão a mais de 20 anos residindo na área do
assentamento.
Fonte: EMATER/PA
Desses, verifica-se através do gráfico, que 97% dos assentados
entrevistados estão com sua documentação pessoal completa, enquanto
somente 3% apresentam pendências nesse item. O grande índice de
0,2% 1,2%
98,4%
0,3%
Figura 12 - NATURALIDADE DOS ASSENTADOS
Amazonense
Maranhense
Paraense
Piauense
21 18
27
22 23
6 11
14
22 19
27
21 20
13 14
0
15
30
Tem
po
(an
os)
Comunidade
Figura 13 - TEMPO MÉDIO QUE O ASSENTADO RESIDE NA COMUNIDADE
79
assentados com documentação completa é relevante, pois é requisito
básico para que tenham acesso à cidadania.
Fonte: EMATER/PA
A maioria dos entrevistados (87%) consta da Relação de
Beneficiários (RB) do INCRA, enquanto que 13 % ainda não foram
incluídos. Esse é um dado importante, pois fazer parte da RB assegura
aos moradores o acesso à terra, aos créditos disponibilizados pelo
INCRA e a outros programas do governo federal.
Fonte: EMATER/PA
Com relação à população do assentamento, existe pequena
prevalência do gênero masculino (52%), contra o feminino (48%). Nas
16 comunidades do PAE Eixo Forte a distribuição da população também
apresenta equilíbrio com relação ao gênero, sendo que em oito (50%),
os homens são maioria, enquanto que em sete (43,75%) são as
mulheres maioria, e em uma (6,25%), Pajuçara, há igualdade entre
Pendência de
documentação 3%
Com toda
documentação 97%
Figura 14 - QUANTO A DOCUMENTAÇÃO
87%
13%
Figura 15 - ASSENTADOS NA RELAÇÃO DE BENEFICIÁRIOS
Está em RB
Não está em de RB
80
homens e mulheres. A maior diferença é verificada na comunidade de
Andirobal com 67% de homens e 33% mulheres.
Fonte: EMATER/PA
Em relação ao estado civil dos entrevistados o gráfico mostra a
distribuição da população do assentamento, onde a maioria apresenta
união estável (38%), aparecendo em seguida os casados (31%) e os
solteiros (25%). Viúvos e divorciados são a minoria, 4% e 2%
respectivamente.
Fonte: EMATER/PA.
No PAE Eixo Forte a média de filhos por família dos assentados
varia de 4,7 a 2,7. Sendo que a Comunidade de Cucurunã apresenta a
maior média (4,776) e a comunidade de Santa Luzia a menor 2,737
filhos por família. Das 16 comunidades do assentamento, em sete
(43,75%) a média de filhos por família é superior a quatro, enquanto que
somente uma (6,25%) possui menos de três filhos por família. No total,
as 621 famílias entrevistadas, que residem no Assentamento, possuem
54
%
48
%
49
%
48
%
55
%
48
%
53
% 67
%
57
%
47
%
49
%
50
%
56
%
56
%
59
%
45
%
46%
52%
51%
52%
45%
52%
47%
33
% 43
% 53
%
51%
50%
44
%
44%
41
% 55
%
0,0%
15,0%
30,0%
45,0%
60,0%
75,0%
Figura 16 - DISTRIBUIÇÃO POR GÊNERO NAS COMUNIDADE
Masculino Feminino
25%
31%
4%
38%
2%
Figura 17 - ESTADO CIVIL DOS ASSENTADOS
Solteiro
Casado
Viúvo
União Estável
Divorciado
81
2.423 filhos, com média 3,902 filhos por família. Dados importantes para
orientar os programas sociais a serem projetados para o Assentamento.
Tabela 26 - MÉDIA DE FILHOS POR FAMÍLIA NO PAE EIXO FORTE
Comunidade Nº de Famílias Nº de Filhos Média
Cucurunã 98 468 4,776
São Braz 82 293 3,573
Irurama 75 284 3,787
Santa Luzia 19 52 2,737
Ponta de Pedras 32 133 4,156
Ponte Alta 10 44 4,400
São Raimundo 10 42 4,200
Andirobal 4 18 4,500
Vila Nova 86 333 3,872
São Sebastião 32 116 3,625
Jatoba 21 71 3,381
Pajuçara 31 123 3,968
Santa Rosa 34 113 3,324
Santa Maria 50 175 3,500
São Pedro 20 80 4,000
São Francisco 17 78 4,588
Total 621 2423 3,902
Fonte: EMATER/PA
Identificou-se também que apenas pequena parcela (4%) da
população do PAE Eixo Forte é portadora de necessidades especiais.
A divisão por faixas etárias apresenta com maior concentração a
faixa dos adultos (47%), seguida pelas crianças (28%) e adolescentes
(15%), ficando os jovens e idosos iguais em 5%. Como a proporção de
idosos é ainda pequena, o PAE Eixo Forte pode ser considerado como
um assentamento jovem, no sentido de que as crianças, jovens e
adolescentes representarem a maioria.
Fonte: EMATER/PA
28%
15%
5%
47%
5%
Figura 18 - DIVISÃO DOS ASSENTADOS POR FAIXA ETÁRIA
Crianças
Adolescentes
Jovens
Adultos
Idosos
82
A população ativa é maioria no PAE Eixo Forte, onde 68% dos
entrevistados contribuem nas atividades executadas nas propriedades, e
somente 32% não participam ativamente nas ações na propriedade,
índice que representa os idosos e crianças existentes no assentamento.
Fonte: EMATER/PA
É baixo o índice (27%) de assentados entrevistados que
possuem atividade remunerada, ficando a grande maioria (73%) sem
atividade remunerada. Devido às características do PAE Eixo Forte, o
aumento do índice dos que possuem atividade remunerada passa por se
encontrar uma forma de exploração da terra que garanta a agricultura
familiar, renda, reprodução social e permanência no campo. O modelo
não pode ser imposto de fora pra dentro e nem de cima para baixo, deve
ser instituído considerando as formações culturais e necessidades
econômicas dos assentados.
Fonte: EMATER/PA
68%
32%
Figura 19 - ASSENTADOS QUE CONTRIBUEM NAS ATIVIDADES DA PROPRIEDADE
Contribui nas atividades da propriedade
Não Contribui nas atividades da propriedade
73%
27%
Figura 20 - ASSENTADOS QUE POSSUEM ATIVIDADES REMUNERADAS
Não Participa
Tem Atividades
83
O gráfico a seguir mostra que a origem da renda das famílias
assentadas é, na sua maioria (63%) proveniente de Salário, seguida
pelas Aposentadorias e Pensões (50%), enquanto que a Bolsa Família
representa 12% e o Seguro Defeso somente 1%. Existem famílias que
recebem mais de um tipo de benefício.
Fonte: EMATER/PA
Devido à existência de escolas municipais em todas as
comunidades do PAE Eixo Forte, mais da metade (57%) da população
possui o ensino fundamental completo, e 25% chegaram a completar o
ensino médio. Enquanto que 11% são apenas alfabetizados e 3% não
chegaram a ser alfabetizados. Com ensino superior incompleto existe
1% e, também com 1% é o índice dos que possuem ensino superior
completo. Entretanto, por já existir dentro do PAE Eixo Forte o ensino da
Casa Familiar Rural, baseada na Pedagogia da Alternância, esse
modelo pode servir como instrumento de desenvolvimento sustentável
dentro do assentamento.
Fonte: EMATER/PA
63%
12%
1%
Figura 21 - DISTRIBUIÇÃO DA RENDA DOS BENEFICIÁRIOS
Aposentadoria/Pencionista
Salário
Bolsa familia
Seguro Defeso
24%
2% 3% 11%
57%
25% 1%
1%
Figura 22 - DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE DOS ASSENTADOS
Sem idade
Não Alfabetizado
Alfabetizado
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Ensino Superior incompleto
Ensino Superior Completo
84
A participação dos assentados entrevistados em grupos sociais
pode ser considerada baixa, onde um pouco mais da metade (52%) não
possuem ligação com nenhum grupo social. Tal fato dificulta a
identidade social e coletiva do assentamento, pois as relações de
proximidade ficam mais enfraquecidas.
Fonte: EMATER/PA
Abaixo, a relação de Comunidades localizadas no PAE Eixo Forte
e suas respectivas associações e representantes:
Tabela 27 - ORGANIZAÇÕES COMUNITÁRIAS EXIXTENTES
Nº COMUNIDADE ORGANIZAÇÕES COMUNITÁRIAS REPRESENTANTE
01
São Francisco Do Carapanarí
AMOSFRANC - Associação dos Produtores e Moradores de São Francisco; - Clube de Futebol; Delegacia Sindical;
Antonio Silva Ferreira
02
Irurama
AMOVIR - Associação dos Moradores da Vila do Irurama; - Clube de Futebol; Grupo de Mulheres; Delegacia Sindical; Catequese; Grupo de Jovens; Conselho Escolar; Núcleo da APRUSAN.
Jorge Henrique da Silva Lira
03
Santa Luzia
AMSLEF - Associação de Produtores e Moradores da Área da Comunidade de Santa Luzia; - Clube de Futebol; Equipe Catequética.
Márcia Elaine Queiroz de Souza
04
Vila Nova
ASCAIVIN - Associação Comunitária Agroextrativista Itaubal de Vila Nova; - Grupo de Mulheres; Delegacia Sindical.
Maria Aurenice Pedroso da Silva
05
Ponte Alta
AMTRAPA - Associação de Moradores, Trabalhadores Rurais e Agroextrativistas de Ponte Alta; - Clube de Futebol; Delegacia Sindical;
Raimundo Nonato de Araujo Lira
48%
52%
Figura 23 - ASSENTADOS QUE PARTICIPAM DE GRUPOS SOCIAIS
Participa de Grupo Social
Não Participa de Grupo Social
85
06
Ponta de Pedras
AMNSGPP - Associação de Moradores Nossa Senhora Das Graças de Ponta de Pedras; - Clube de Futebol; Delegacia Sindical; Catequese.
Anivaldo Belém da Silva
07
São Sebastião
AMASEF - Associação de Moradores e Produtores Agroextrativista da Comunidade de São Sebastião do Eixo Forte; - Delegacia Sindical.
Ivaneide Gama Da Costa
08
Jatobá
AAAEJ - Associação de Agricultores Agroextrativista do Jatobá; - Delegacia Sindical; Grupo Familiar; Célula da Igreja da Paz.
Salustiano Figueira Castro
09
São Pedro
ACOSAPE - Associação Comunitária de São Pedro; - Clube de Futebol; Delegacia Sindical.
Ana Maria Sousa da Costa
10
Cucurunã
AMOCUCURUNÃ - Associação dos Moradores de Cucurunã; - Grupo Verde; AMC (Associação de Mulheres do Cucurunã; COOPAC (Cooperativa Agroindustrial do Cucurunã); JUCAC (Grupo de Jovens); Clube de Futebol; Delegacia Sindical e Equipe catequética.
Fernando dos Santos Miranda
11
São Braz
AMCSB - Associação de Moradores da Comunidade de São Brás; - Conselho Comunitário; Movimento de Mulheres; Delegacia Sindical; Clube de Futebol.
Ana Maria
12
Vila Nova
Associação de Moradores da Comunidade Vila Nova - Delegacia Sindical; Grupo de Mulheres.
Vanda
13
Santa Maria
ACSMA - Associação Comunitária de Santa Maria; - Clube de Futebol; Delegacia Sindical; Pastoral da Criança.
Sebastião Pereira Costa
14
Pajuçara
AMOPA - Associação de Moradores de Pajuçara; - Delegacia Sindical; Catequese.
Laudemir
15
São Raimundo
ACOMSAREF – Associação Comunitária de são Raimundo do Eixo Forte; - Clube de Futebol; Delegacia Sindical.
Maria Lúcia Barros
16
Santa Rosa
AMPROSJAR – Associação de Moradores e Produtores; - Delegacia Sindical; Clube de Futebol.
Domingos Souza
Fonte: EMATER/PA (2011).
Pôde-se constatar, através de conversas informais com os
assentados, que é muito freqüente pessoas que moram no município de
Santarém estarem interessadas na compra de lotes na região do Eixo
Forte, e os moradores da área sentem-se “tentados” a venderem sua
propriedade, na ilusão de, em Santarém, conseguirem encontrar
86
melhores condições de vida. Isto faz com que, constantemente, os
jovens pertencentes às famílias tradicionais do PAE deixem suas casas,
o que pode vir a comprometer o futuro do assentamento.
5.4. Infra-Estrutura Física Social e Econômica
Quanto à infraestrutura, destacamos as condições das vias de
acesso às propriedades dos assentados entrevistados, já que este é
constituído, na sua maioria, através de vicinais/ramais (75%), da rodovia
PA (23%) e apenas 2% chegam às suas propriedades através de
picadas.
Fonte: EMATER/PA
Com relação às condições das vias de acesso que os
assentados utilizam, eles variam conforme a época do ano. No verão,
verifica-se que as dificuldades são pequenas, pois os assentados
entrevistados afirmaram que 76 % dos acessos nesse período podem
ser considerados bons e regulares, enquanto 18% são ruins e 6%
péssimos.
Fonte: EMATER/PA
2%
23%
75%
Figura 24 - ACESSO À PROPRIEDADE DOS ASSENTADOS
Picada
Rod. Pa
Vicinal/Ramal
40%
36%
18% 6%
Figura 25 - CONDIÇÕES DE ACESSO NO VERÃO
Bom
Regular
Ruim
Péssima
87
No inverno o quadro se inverte, os índices de péssimo passam
de 6% para 32%, o bom de 40% para 22%, o regular de 36% para 9%, e
o ruim de 18% para 27%. Havendo uma queda na qualidade da
trafegabilidade dos assentados nesse período, influenciando
negativamente em todas as atividades exercidas no assentamento.
Fonte: EMATER/PA
A situação da estrutura fundiária dos assentados do PAE Eixo
Forte entrevistados é delicada, com grande concentração de minifúndios
onde apenas 2,24% deles possuem Título Definitivo da propriedade e, a
grande maioria (64,29%) possui Licença de Ocupação (LO). Existindo
ainda os que se enquadram como Posseiros (23,06%), os que possuem
Protocolo do INCRA (4,49%), Declaração do INCRA (2,24%) e
Concessão de Uso (3,67%). Nenhum entrevistado possui Título
Provisório (0%).
Fonte: EMATER/PA
Analisando a configuração espacial das propriedades,
identificamos que 43% dos assentados moram em lotes de menos de
22%
19%
27%
32%
Figura 26 - CONDIÇÕES DE ACESSO NO INVERNO
Bom
Regular
Ruim
Péssima
0,00%
3,67% 2,24%
64,29%
23,06%
4,49% 2,24%
Figura 27 - SITUAÇÃO FUNDIÁRIA
Concessão de Uso
Declaração do INCRA
Licença de Ocupação
Posseiro
Protocolo do INCRA
Titulo Definitivo
Titulo Provisorio
88
um hectare. De fato, esse percentual se concentra em centros
comunitários e vilas onde os lotes possuem o tamanho aproximado de
uma tarefa (¼ de ha), no qual existe a residência e um quintal, muitas
vezes sem cerca, onde normalmente criam-se galinhas. Portanto,
entende-se que esse grupo não tem como base principal de fonte de
renda a agricultura, sendo quantidade significativa no contexto do
assentamento e que precisam de programa específico que atenda esse
perfil “semi-urbano”.
Outro cenário, que é a maioria, é composto por assentados dos
quais seus lotes chegam a mais de 20 ha, representados
respectivamente: 26% de 1 a 5 ha; 11% de 5 à 10 ha; 9% de 10 à 20 ha;
e 11% mais de 20 ha. Esses são os que praticam algum tipo de
agropecuária e/ou extrativismo, os lotes geralmente são mais afastados
dos centros comunitários, os acessos são mais difíceis, mas é onde
geralmente estão localizadas os refúgios da vida silvestre, que também
precisam ser manejados de forma sustentável através de programa
específico para manter esses ecossistemas remanescentes e ou mesmo
tempo gerarem recursos naturais e renda em prol de um beneficio
socioambiental para o assentamento.
Obviamente, levando em consideração a baixa aptidão agrícola
dos solos existentes no assentamento, é fundamental o atendimento de
assistência técnica rural para esse público, direcionando esse a
melhores práticas agrícolas para o principal produto do local, a
Mandioca, assim como, para criação de animais, diversificação da
produção, manejo da fertilidade do solo através de capoeiras
enriquecidas, roças sem queima, utilização de adubação verde e
adubação orgânica e outras práticas convencionais e alternativas
adequadas às realidades locais, da mesma forma, uma vez que o
escoamento dessa produção é facilitado proximidade de Santarém,
aperfeiçoar os meios de processamento dos produtos da agropecuária
praticada, tudo isso, considerando as diferentes escalas de produção e o
tamanho dos lotes.
89
Fonte: EMATER/PA
Ainda com relação à situação fundiária, o gráfico do pagamento
do ITR confirma os índices do gráfico anterior, onde somente 5% dos
assentados entrevistados possuem título definitivo da terra. Assim, com
relação ao ITR, o gráfico mostra que 5% dos assentados pagam o
imposto, enquanto que 95% não pagam.
Fonte: EMATER/PA
O gráfico a seguir, mostra que 93,6% das propriedades dos
entrevistados possuem energia elétrica. Essa informação é importante,
pois a energia elétrica pode contribuir para melhoria do padrão de vida,
diminuição da pobreza, geração de empregos, educação, nutrição,
segurança, fixação do homem no campo, promoção da cidadania,
desenvolvimento das atividades agroindustriais e artesanais. A
iluminação residencial proporciona uma luminosidade ambiental mais
adequada, além da possibilidade de reduzir as emissões decorrentes da
queima direta de produtos como o querosene e o óleo diesel, prejudiciais
à saúde, utilizados para atender as necessidades de iluminação. Como
43%
26%
11%
9%
11%
Figura 28 - TAMANHO DAS PROPRIEDADES
menos de 1 ha
de 1 a 5 ha
de 5 a 10 ha
de 10 a 20 ha
mais de 20 ha
5%
95%
Figura 29 - PAGAMENTO DO ITR
Imposto Territorial Rural
Não Pagam a Taxa
90
também pode possibilitar o uso de equipamentos como TV, vídeo, etc.
nas escolas contribuindo para o aprendizado dos alunos.
Fonte: EMATER/PA
De fato, algumas comunidades já possuem um nível de
organização mais estruturada, como é o caso de Cucurunã, São Braz,
Irurama, Santa Luzia, Santa Maria e Ponta de Pedras, pois essas já
desenvolvem festivais e possuem instalações capazes de atender um
público significativo. Entretanto outra comunidades não possuem ou
estão em fase de idealização de infra estrutura e organização necessária
desenvolverem melhor projetos comunitários, como os festivais.
Quanto aos meios de comunicação mais utilizados no PAE
podemos afirmar que, segundo levantamentos de campo, a maioria das
comunidades é servida por telefone público, porém não há telefone
suficiente para atender a todos os moradores, o sistema de telefonia fixa
ou móvel, apesar da precariedade do sinal, pode ser a solução para este
impasse, já que a maioria dos moradores tem celular; há necessidade de
uma melhor atuação da Empresa de Correios e Telégrafos na região.
5.5. Sistemas Produtivos
A atividade agropecuária mais praticada é criação de galinha,
nesse ponto, têm-se uma boa oportunidade de investir em integrar essas
criações com os sistemas de cultivo e, assim, reduzir custos de
produção de ambos os sistemas.
Essa lógica também pode ser utilizada na criação de outros
animais de médio e grande porte, utilizando estratégia de sistemas
93,6%
0,2%
3,4% 0,7% 0,2%
1,9%
Figura 30 - TIPO DE ENERGIA EXISTENTE NA PROPRIEDADE
Possui Energia Eletrica
Gerador
Lamparina
Não Possui
Poronga
Vela
91
agrossilvopastoris, consorciando com metodologias comentadas
anteriormente de adubação e enriquecimento de capoeiras.
A pesca é, de modo geral, pouco praticada no assentamento,
contudo nas comunidades de Santa Maria, Cucurunã, São Braz,
Pajuçara, São Francisco e Ponta de Pedras essa atividade faz parte da
subsistência familiar e tem potencial para desenvolver melhor essa
alternativa.
Existem 3 (três) lagos próximos ao assentamento e, pelo menos
em 2 (dois) os lagos do Juá e do Taparí, existe a possibilidade para a
prática da piscicultura, através do sistema de gaiolas, dessa forma,
transformar uma atividade de subsistência em uma com potencial de
aumentar a renda familiar.
Devido à maioria das comunidades estarem localizadas na
região central do PAE Eixo Forte, longe do Rio Tapajós, a grande
maioria (78%) dos assentados entrevistados não pratica a pesca
artesanal, e os que praticam (22%), o fazem com a finalidade de
abastecer a própria família, por isso a atividade não entra na
composição da renda do assentamento. Bem poucos assentados
praticam a pesca artesanal com fins comerciais.
Fonte: EMATER/PA
O extrativismo praticado no assentamento também não tem
“expressividade” econômica, faz parte da cultura local que aproveita
recursos naturais para o uso e consumo com a venda do excedente.
Contudo existe um bom potencial para desenvolver melhor essas
alternativas.
22%
78%
Pesca Artesanal
Pesca
Não Pesca
Figura 31 - no Eixo Forte
92
A cultura da mandioca ainda tem importância econômica, social
e cultural significativa no PAE Eixo Forte. Das culturas temporárias, é
cultivada por 51,4% das famílias entrevistadas, sendo a base econômica
dos assentados. Apresentando baixíssima produtividade na região,
chegando a números inferiores a 10 toneladas de raiz por hectare, a
cultura elimina qualquer possibilidade de tornar-se a atividade lucrativa,
fruto de um processo ainda rudimentar de produção, com instalações
inadequadas de beneficiamento e equipamentos rústicos. Esse arcaico
sistema de produção se traduz num enorme desgaste humano, sem a
devida e justa compensação financeira que o dispêndio físico deveria
proporcionar. A segunda cultura mais cultivada é o milho (15,9%), as
demais culturas apresentam números insignificantes.
Figura 32 - CULTURAS TEMPORÁRIAS DO PAE EIXO FORTE
Fonte: EMATER/PA
Há uma grande variedade de culturas sendo cultivadas nos
quintais pelos assentados entrevistados, sendo todas elas fruteiras
tropicais, com destaque para o cupuaçu, caju e açaí que compõem o
quadro das mais cultivadas no PAE Eixo Forte. A produção oriunda
desse cultivo faz parte da dieta alimentar das famílias, com o pequeno
excedente sendo comercializado in natura na própria região do
assentamento.
93
Figura 33 - CULTURAS PERMANENTES DO PAE EIXO FORTE
Fonte: EMATER/PA
A pecuária praticada pelos assentados entrevistados é variada e
em pequena escala, com a finalidade de garantia alimentar das próprias
famílias. A criação de galinha caipira é a mais freqüente entre as
famílias, 37% dos entrevistados possuem pequenas criações soltas nos
quintais.
Figura 34 - PECUÁRIA PRATICADA NO PAE EIXO FORTE
Fonte: EMATER/PA
A composição da renda está dividida entre as atividades
produtivas (67%) e os benefícios sociais (33%) recebidos pelas famílias
dos assentados entrevistados. Das atividades produtivas, as culturas
temporárias são as mais importantes (43%), seguido das culturas
permanentes (11%), pecuária (9%) e extrativismo (4%). Devido o
assentamento estar localizado em área intensamente antropizada
próxima à cidade de Santarém e ser composto predominantemente por
minifúndios, a renda proveniente do extrativismo é pequena se
comparada com a das culturas temporárias e permanentes.
94
Fonte: EMATER/PA
É importante salientar que nas atividades produtivas realizadas
pelas famílias do assentamento, a maioria envolve todos os membros da
unidade familiar, ou seja, as tarefas são divididas entre homens,
mulheres e até mesmo as crianças, de alguma forma contribuem; isto é
visível quando trafega-se pela rodovia Everaldo Martins até Alter-do-
chão, quando ao longo da estrada percebe-se crianças em pequenas
bancas ou palhoças oferecendo produtos que seus pais e/ou irmãos
extraíram da floresta ou, de alguma forma, beneficiaram, tais como:
castanha de caju, doces, licores, bombons e compotas de caju, cupuaçu,
muruci, buriti, entre outros frutos.
O artesanato também é uma atividade bastante desenvolvida na
região do Eixo Forte, são muitos trabalhos em palha, como cestarias,
abanos, trançados, paneiros, tipitis; com sementes, colares, brincos,
pulseiras e biojóias em geral; em tecidos, como pinturas, bordados,
apliques, etc. Estes produtos são expostos e comercializados em Feiras
e eventos em Santarém, e também em Festivais que acontecem nas 16
Comunidades do PAE.
5.5.1. Análise Sucinta dos Sistemas Produtivos
Considerando que os principais sistemas produtivos praticados
por assentados são feitos ainda de maneiras tradicionais de produção e
a característica dos solos serem pouco férteis, verifica-se que a
atividade agrícola no PAE é pouco rentável.
43%
11% 9%
4%
33%
Figura 35 - COMPOSIÇÃO DA RENDA NO PAE EIXO FORTE
Culturas Temporárias
Culturas Permanentes
Pecuária
Extrativismo
Benefícios Sociais
95
De toda forma, deve-se avaliar a condição do assentamento ser
próximo à sede da cidade de Santarém, entende-se, portanto, que é
valido o investimento em agricultura, desde que, busquem-se
alternativas de produção sustentáveis adequadas às realidades locais.
Por isso, as opções propostas a seguir são simplesmente alternativas
sustentáveis às atividades já desenvolvidas pelos assentados.
É possível que através do preparo de áreas sem o uso do fogo,
associados com a utilização de adubação verde (leguminosas) e
adubação orgânica, talvez, seja possível realizar um manejo adequado
do solo visando, em médio prazo, melhorar a produção de mandioca, por
exemplo, associado às boas práticas de cultivo dessa cultura, assim
como qualquer outra cultura.
O que já vem sendo praticado em outras regiões é o
enriquecimento de capoeira visando principalmente à introdução de
espécies vegetais que possibilitem acumular nutrientes, e assim, permitir
que a fertilização do solo ocorra pela decomposição da biomassa, como
acontece em ambientes naturais. Dessa forma, utilizando espécies
nativas que tem essas características, como Ingá, Imbaúba e outras
leguminosas, podem ser mais bem aproveitadas dentro de sistemas
produtivos.
Essas técnicas também podem ser utilizadas em capoeiras com
a finalidade de introduzir espécies perenes com valor econômico, como
é o caso do Açaí, Cupuaçu, Cacau e outras espécies nativas, que fazem
parte da cultura local.
Foi avaliado, de forma geral, que as criações de animais
“desconectados” de outros sistemas, como são desenvolvidas no PAE,
não apresentam resultados significativos, pois o manejo geralmente é
oneroso e de baixo retorno econômico para o produtor.
Os bens naturais extraídos por produtores são principalmente o
Açaí, Cupuaçu, Castanha-do-Pará e o Caju, que podem fazer parte da
proposta de enriquecimento de capoeiras, mas para o que se tem ainda,
uma alternativa é melhorar a organização comunitária e até mesmo,
desenvolvendo cooperativas para valorizar o produto no mercado local e
tirando a figura do atravessador do cenário.
96
Em uma análise geral, existe ema série de alternativas que
podem ser úteis aos processos produtivos existentes no assentamento e
valorizar mais a produção local.
Entretanto, não podemos deixar de comentar, o fato de o PAE
Eixo Forte ser próximo à vila de Alter-do-Chão, ponto turístico conhecido
internacionalmente e o fato de que 43% dos assentados não praticam a
agricultura; uma atividade que tem grande potencial de possibilitar o tão
desejado desenvolvimento sustentável é a atividade turística.
Apresenta-se então a oportunidade de se aproveitar o marketing
promovido por Alter-do-Chão e investir na capacitação desses de
assentados para aproveitarem esse nicho econômico, considerando
também que dentro do PAE Eixo Forte, existem belas paisagens e
refúgios naturais que podem ser bem utilizados como atrativos turísticos.
5.6. Serviços de Apoio à Produção
5.6.1. Assistência Técnica e Pesquisa
As entidades potencialmente prestadoras de assessoria técnica,
social, ambiental, extensão rural e pesquisa no município de Santarém
são citadas na tabela abaixo, essas organizações governamentais e
não-governamentais realizam atividades em Santarém e região (Tabela
28).
Tabela 28: ENTIDADES POTENCIALMENTE PRESTADORAS DE ASSESSORIA TÉCNICA, SOCIAL, AMBIENTAL, EXTENSÃO RURAL E PESQUISA NO MUNICÍPIO
DE SANTARÉM, PARÁ.
ENTIDADE
TIPO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA AOMT-BAM
Formação, capacitação, combate a violência contra a mulher, meio ambiente, políticas públicas para as mulheres, moradia, agricultura e agroecologia.
CEAPAC Agroecologia. CEFT-BAM Apicultura, meliponicultura e créditos. CEPLAC Produção de cacau. EMATER/PA
Toda e qualquer atividade relacionada a agricultura familiar e crédito rural.
FUNDAC Produção agropecuária e organização social. GDA Agroecologia. IPAM
Meliponicultura, agroecologia, pecuária, manejo comunitário de animais silvestres e manejo de pirarucu.
ISAM Meio ambiente SAGRI Fomento ao agricultor familiar. SEBRAE
Acesso a novos mercados, acesso a tecnologia e inovações, facilitação e ampliação do acesso a serviços financeiros.
97
SEMAB
Assistência técnica, extensão rural, pesquisa, agropecuária, pesca, extrativista, fiscalização e infraestrutura.
SEPAQ Aquicultura.
Fonte: PDA Tapará, 2010.
A EMATER/PA é a instituição com mais ampla infraestrutura
física e logística para prestar serviços de assistência técnica, extensão
rural e capacitação. As demais organizações atuam na capacitação e
prestação de assistência técnica e, portanto, podem vir a contribuir ou
atuar como parceiras em futuros projetos a serem desenvolvidos no PAE
Eixo Forte.
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do
Pará (EMATER/PA)
A EMATER/PA é uma empresa pública de direito privado que
possui a função oficialmente determinada pelo Governo Estadual de
prestar serviços especializados nas áreas de ciências agrárias e
humanas, sua atuação implica em pesquisa, assistência técnica,
extensão rural e elaboração de projetos no âmbito do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF, e
elaboração de Documento de Aptidão ao PRONAF - DAP.
A EMATER/PA esta presente nos 143 municípios do Estado do
Pará, com estrutura constituída de um escritório Central, treze escritórios
Locais, doze escritórios Regionais, sete postos avançados e dois
Centros de Capacitação.
Secretaria de Agricultura do Estado do Pará (SAGRI/PA)
A SAGRI/PA possui uma Gerência Regional em Santarém e
escritórios que funcionam em repartições de alguns municípios do
Estado.
Apesar da SAGRI não ter atribuição de prestar, diretamente
assistência técnica, seus profissionais atuam de maneira conjunta com
os técnicos da EMATER/PA.
98
Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira
(CEPLAC)
É um órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA, criado em 1957. A missão desta Comissão é
promover a competitividade e sustentabilidade dos segmentos
agropecuários, agroflorestal e agroindustrial para o desenvolvimento das
regiões produtoras de cacau, tendo o cliente como parceiro.
Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará (SEPAQ)
Criada em julho de 2007 pela Lei N°7.019, assumiu o desafio de
formular, planejar, coordenar e executar as políticas e diretrizes para o
desenvolvimento sustentável, integrado e participativo das atividades
pesqueira e aquícola no Estado do Pará.
Instituto de Pesquisa Ambiental (IPAM)
É uma organização ambiental não-governamental fundada em
1995, com a missão de contribuir para um processo de desenvolvimento
da Amazônia que atenda ás aspirações sócias e econômicas da
população.
Fundo de Desenvolvimento e Ação Comunitária (FUNDAC)
O FUNDAC é uma organização não-governamental, oferece
serviços de assistência técnica, cursos de capacitação para jovens,
crianças e agricultores. Suas principais atividades estão relacionadas á
agricultura e pecuária em escala familiar e organização social.
99
Centro de Estudo, Pesquisa e Formação dos Trabalhadores do
Baixo Amazonas (CEFT-BAM)
O CEFT-BAM é uma organização não-governamental sem fins
lucrativos, fundada em 1990, atua na formação técnica e política de seus
associados com temáticas sobre: técnicas agroflorestais, apicultura,
verticalização de produção, monitoria e planejamento estratégico,
associativismo e cooperativismo, economia solidária, comunicação
comunitária, alfabetização de jovens e adultos, apoio a criação de casas
familiares rurais - CFR.
Centro de Apoio a Projetos de Ação Comunitária (CEAPAC)
O CEAPAC é uma entidade não-governamental, legalmente
criada em 1990, tem como objetivo trabalhar com a organização social,
educação popular e incentivo ao desenvolvimento da produção familiar
de base associativista. É constituído de 25 associados, dos quais nove
são ativos, a maioria destes atua no ramo da assessoria técnica em
agroecologia, produção familiar e organização social.
Grupo de Defesa da Amazônia (GDA)
É uma organização não governamental de defesa do meio
ambiente, fundada em 1978, constituída juridicamente na forma de
Associação, sem fins lucrativos, com sede na cidade de Santarém,
Estado do Pará.
Associação das Organizações das Mulheres Trabalhadoras do
Baixo Amazonas (AOMT-BAM)
É uma organização que tem por finalidade fortalecer as
organizações de mulheres comprometidas com a causa das
trabalhadoras, visando sua capacitação intelectual e engajamento na
100
luta feminina, promovendo o desenvolvimento econômico social,
ambiental e cultural. É uma entidade autônoma, democrática,
independente, sem fins lucrativos. Constitui a base de uma intervenção
direta junto aos movimentos de mulheres quilombolas, indígenas,
pescadoras e outras categorias do campo e da cidade. Constituiu-se
legalmente em 15 de julho de 1990, tem a participação de 15 municípios
da região do Baixo Amazonas, com o objetivo de formalizar e construir
uma associação que pudesse lutar por melhoria de suas condições de
vida.
Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE)
O SEBRAE surgiu em 1972 para estimular o empreendedorismo
e o desenvolvimento do Brasil. É uma entidade privada e de interesse
público, apóia a abertura e expansão dos pequenos negócios e
transforma vidas de milhões de pessoas por meio de
empreendedorismo, geração de emprego e renda.
Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SEMAB)
Tem por finalidade desenvolver a produção agropecuária,
pesqueira e extrativista do município de Santarém, implementando
tecnologia e infraestrutura em todo o processo da cadeia produtiva,
incentivando, apoiando e capacitando a população para o
desenvolvimento rural.
Instituto Gestor da Pesquisa na Amazônia (IGPA)
Organização não governamental que tem por objetivo a
produção e distribuição de mudas para reflorestamento da Amazônia.
Sua sede e campo de produção de mudas ficam localizados na
comunidade do Cucurunã, no Eixo Forte.
101
5.6.2. Crédito
No PAE Eixo Forte o crédito disponibilizado vem sendo utilizado
pela maioria dos assentados. 82% dos entrevistados já foram
beneficiados com algum tipo de crédito: Apoio Inicial (INCRA), Aquisição
de material de construção (INCRA), Fomento (INCRA), FNO, PRONAF.
Fonte: EMATER/PA
Dos tipos de créditos disponibilizados aos assentados, o mais
acessado no PAE Eixo Forte é o Apoio Inicial concedido pelo INCRA,
com 68%, depois aparecem o PRONAF e Aquisição de Material de
Construção com 14%. Fomento (INCRA) e FNO são os menos
acessados, com 3% e 1% respectivamente.
Fonte: EMATER/PA
Após a instalação da família na unidade familiar é
disponibilizado, inicialmente, as seguintes linhas de créditos: apoio
inicial, apoio mulher, aquisição de materiais de construção, fomento,
adicional do fomento, recuperação/materiais de construção, reabilitação
14%
82%
4%
Figura 36 - QUANTO AO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS
Não Receberam
Já Receberam Algum tipo de Crédito
Não Souberam Informar
3%
68%
14%
1% 14%
Figura 37 -TIPO DE CRÉDITOS RECEBIDOS
Fomento (INCRA)
Apoio Inicial (INCRA)
Aquisição de Material de Construção
FNO
PRONAF
102
de crédito produção, crédito ambiental e PRONAFs, que fazem parte da
política de reforma agrária para o estabelecimento do agricultor em seu
lote.
A seguir são descritas, de modo sucinto, as linhas de crédito
existentes e estendidas aos assentados, segundo a Instrução Normativa
Nº 67 de 15 de junho de 2011; são, também, citadas outras modalidades
correlatas de crédito destinadas aos mesmos.
Crédito Apoio Inicial (Valor R$ 3.200,00)
Destina-se à segurança alimentar e nutricional das famílias
assentadas, ao suprimento de suas necessidades básicas, bem como ao
fomento inicial de seu processo produtivo.
Apoio Mulher (Valor até R$ 2.400,00)
Visa o desenvolvimento de atividades agrícolas e/ou comerciais
no âmbito dos Projetos de Assentamento da Reforma Agrária.
Aquisição de Material de Construção (Valor R$ 15.000,00)
Destina-se à aquisição de materiais necessários à construção
das habitações rurais nos assentamentos, inclusive banheiro e fossa,
bem como ao pagamento de mão-de-obra e serviço técnico específico
para a qualificação das habitações, até o limite de 20%.
Fomento (Valor R$ 3.200,00)
Destina-se ao fortalecimento das atividades produtivas e ao
desenvolvimento dos Projetos de Assentamento da Reforma Agrária.
103
Adicional do Fomento (Valor R$ 3.200,00)
Visa dar continuidade ao fortalecimento das atividades
produtivas e ao desenvolvimento dos Projetos de Assentamento da
Reforma Agrária.
Recuperação de Material de Construção (Valor até R$ 8.000,00)
Destina-se à aquisição de materiais para melhoria habitacional,
apontadas por meio de Laudo Técnico individual (Anexo VI da NE n.º
79/2008) e planilha orçamentária.
Reabilitação de Crédito Produção (Valor até R$ 6.000,00)
Destina-se à recuperação da capacidade de acesso a novos
créditos, possibilitando a quitação de financiamentos contraídos no
âmbito do Programa Especial de Crédito para Reforma Agrária -
PROCERA.
Crédito Ambiental (Valor R$ 2.400,00)
Destina-se a financiar o plantio de árvores e a realização dos
tratos culturais, durante dois anos, a partir da instalação de sistema
agroflorestal - SAF, necessária à restauração ambiental da área de
reserva legal dos assentamentos.
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(PRONAF)
O PRONAF financia projetos individuais ou coletivos, que gere
renda aos agricultores familiares e assentados de reforma agrária. O
Programa foi criado em 1995 para atender o pequeno agricultor rural de
forma diferenciada, mediante apoio financeiro ao desenvolvimento de
104
suas atividades agropecuárias e não-agropecuárias, exploradas com a
força de seu trabalho e com a de sua família.
O objetivo do PRONAF é fortalecer a agricultura familiar como
segmento gerador de postos de trabalho e renda, ou seja, contribuir para
um padrão de desenvolvimento sustentável para os agricultores
familiares e suas famílias, visando o aumento e a diversificação da
produção, com o conseqüente crescimento dos níveis de trabalho e
renda, proporcionando bem-estar social e qualidade de vida.
Existem dois instrumentos que regulam a aplicação dos recursos
do PRONAF, são eles o Manual de Crédito Rural e o Manuel de Política
Agrícola. Para fins de credito do PRONAF estes instrumentos
enquadram as famílias potencialmente beneficiadas em Grupos A, A/C,
B, C, AF entre outros (Tabela 9). Esta classificação leva em conta se as
famílias são assentadas de reforma agrária, sua renda bruta anual
gerada, o percentual desta renda que veio da atividade rural, o tamanho
e gestão da propriedade e a quantidade de empregados na unidade
familiar. Para cada grupo do PRONAF existe um conjunto de linhas de
credito, com condições de acesso e valores diferenciados, garantindo
assim uma maior proximidade da capacidade de endividamento da
família com as alternativas de financiamento de sua produção.
Tabela 29: GRUPOS, ENQUADRAMENTO E FINALIDADE DO PRONAF,
SAFRA 2010/2011.
GRUPOS ENQUADRAMENTO FINALIDADE A Agricultores familiares
assentados pelo Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA), público alvo do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) e os reassentados em função da construção de barragens.
Financiamento das atividades agropecuárias e não-agropecuárias.
A/C Agricultores familiares assentados pelo PNRA ou público alvo do PNCF que já tenha contratado a primeira operação no Grupo “A”.
Financiamento do custeio de atividades agropecuárias, não-agropecuárias e de beneficiamento ou industrialização da produção.
B (Micro-crédito)
Agricultores familiares com renda bruta anual familiar de até R$ 6 mil.
Financiamento das atividades agropecuárias e não-agropecuárias no estabelecimento rural ou áreas comunitárias próximas.
105
C Agricultores familiares titulares de DAP válida do Grupo “C”, emitida até 31/03/2008, que até 30/06/2008, ainda não tinham contratado as seis operações de custeio com bônus.
Financiamento de custeio isolado ou vinculado, até a safra de 2012/2013
Agricultura Familiar (AF)
Agricultores familiares com renda bruta anual acima de R$ 6 mil e até R$ 110 mil.
Financiamento da infraestrutura de produção e serviços de agropecuária e não-agropecuária no estabelecimento rural, bem como o custeio agropecuário.
JOVEM Jovens agricultores familiares, entre 16 de 29 anos, que cursaram ou estejam cursando o último ano em Centros de Formação por Alternância ou em Escolas Técnicas Agrícolas de nivelamento. Devem pertencer a famílias enquadradas no PRONAF ou que tenham participado de curso ou estágio de formação profissional que preencham os requisitos definidos pela SAF/MDA.
Financiamento de projetos de crédito de investimento propostos pelo jovem agricultor familiar.
MULHER Mulheres agricultoras, independentemente do estado civil, integrantes de unidades familiares enquadradas no PRONAF.
Atendimento de projetos de crédito de investimento propostos pela mulher agricultora.
FLORESTA Agricultores familiares enquadrados no PRONAF.
Financiamento de projetos de investimentos de sistemas agroflorestais.
AGRO ECOLOGIA
Agricultores familiares enquadrados no PRONAF, exceto aqueles enquadrados nos Grupos “A”, “A/C” e “B”.
Financiamento de projetos de investimento de sistemas de produção agroecológicos ou orgânicos.
AGRO INDUSTRIA
Agricultores familiares enquadrados no PRONAF para agricultura familiar e suas cooperativas e associações que comprovem que, no mínimo, 70% de seus participantes ativos são agricultores familiares e que, no mínimo, 55% da produção beneficiada, processada ou comercializada é oriunda de cooperados ou associados enquadrados no PRONAF.
Financiamento de projetos de investimento para a implantação, ampliação, recuperação ou modernização de pequenas e médias agroindústrias.
ECO Agricultores familiares enquadrados no PRONAF, exceto aqueles enquadrados nos Grupos “A”, “A/C” e “B”.
Financiamento de projetos de investimento de tecnologias de energia renovável e ambientais, silvicultura, armazenamento hídrico, pequenos aproveitamentos hidroenergético e adoção de práticas conservacionistas e de correção da acidez e fertilidade do solo.
106
MAIS ALIMENTOS
Agricultores familiares enquadrados no PRONAF, exceto aqueles enquadrados nos Grupos “A”, “A/C” e “B”, observando-se que 70% da renda da família deve ser oriunda dos seguintes produtos e atividades: açafrão, arroz, café, centeio, feijão, mandioca, milho, sorgo, trigo, fruticultura, olericultura, apicultura, aqüicultura, avicultura, bovinocultura de corte e de leite, caprinocultura, ovinocultura, pesca e suinocultura.
Financiamento de projetos de investimentos voltados á produção de açafrão, arroz, café, centeio, feijão, mandioca, milho, sorgo, trigo, fruticultura, olericultura, apicultura, aqüicultura, avicultura, bovinocultura de corte e de leite, caprinocultura, ovinocultura, pesca e suinocultura.
Fonte: Cartilha SEBRAE, 2010/2011.
Os pescadores artesanais, os ribeirinhos, os extrativistas, os
silvicultores, os agricultores e comunidades quilombolas ou povos
indígenas que atendam aos requisitos do Programa também podem
obter financiamento.
Existe também, de acordo com a Normativa de Execução do
INCRA Nº 63 de 14 de setembro de 2007, modalidades de crédito de
instalação, que os assentados podem acessar através do PRONAF: (1)
Modalidade de Apoio Inicial, que se destina a segurança alimentar das
famílias beneficiadas e ao suprimento de suas necessidades básicas,
através da aquisição de bens de consumo essenciais e indispensáveis à
qualidade de vida e ao início da fase produtiva do projeto de
assentamento; (2) Modalidade de Aquisição de Materiais de Construção,
destina-se a construção das habitações rurais nos projetos de
assentamento e inclui o pagamento de mão-de-obra; (3) Modalidade de
Fomento, destina-se a dar á geração de renda, a fim de garantir a
segurança alimentar das famílias através do fortalecimento das
atividades produtivas no entorno das habitações e experiências de
micro-crédito associativo; (4) Modalidade de Recuperação de Materiais
de Construção, se destina ás famílias de projeto de assentamento que
apresentem a necessidade de melhorias habitacionais apontadas por
meio de laudo técnico individual que identifique os valores necessários
para cada família, a serem investidos na reforma e/ou conclusão da
moradia.
107
TERRA SOL
A Norma de Execução INCRA/DD N°76/2008, estabelece
critérios e procedimentos referentes á implantação de Projetos de Ação
de Fomento á Agroindustrialização, á comercialização e a atividades
pluriativas solidárias (TERRA SOL). O TERRA SOL agrega projetos de
ação a serem implementados em Assentamentos de Reforma Agrária
em fase de estruturação ou consolidação.
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
Criado através da Lei N°10.696/2003, o PAA é uma das ações
do Programa Fome Zero, tendo como objetivo garantir o acesso a
alimentos de qualidade e regularidade necessárias ás populações em
situação de insegurança alimentar e nutricional. Visa também contribuir
para a formação de estoques estratégicos e permite aos agricultores
familiares que armazenem seus produtos para que sejam
comercializados a preços mais justos, além de promover a inclusão
social no campo.
Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA)
O SUASA é um sistema unificado e coordenado pela União, que
foi regulamentado em 2006, e conta com a participação dos municípios e
Estados através de adesão. Este sistema permite que produtos
inspecionados por qualquer instância (Municipal, Estadual e Federal) do
SUASA possam ser comercializados em todo o país.
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
A Lei N°11.947/2009, em seu artigo 14, determina a utilização de
pelo menos 30% dos recursos repassados pelo FNDE para alimentação
escolar, na compra de produtos da agricultura familiar e do
108
empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando os
assentamentos de reforma agrária, as comunidades tradicionais
indígenas e as comunidades quilombolas.
5.6.3. Capacitação Profissional
Abaixo são descritos de maneira resumida os serviços de
capacitação profissional disponibilizados aos Assentados no município
de Santarém.
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)
O SENAR é uma entidade vinculada á Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que é a entidade representante
do setor rural brasileiro. O SENAR foi criado pela Lei N°8.315/1991, tem
como objetivo organizar, administrar e executar, em todo o território
nacional, a Formação Profissional Rural e Promoção Social de Jovens e
Adultos que exerçam atividades no meio rural.
Casa Familiar Rural (CFR)
A idéia central que move as CFR’s é inserir a realidade do meio
rural do local no ensino escolar. Para isso o ensino é orientado
geralmente com os métodos de ensino de Paulo Freire. A duração das
atividades na CFR é de três anos, em regime de internato, com a
adoção do método de alternância onde os jovens, maiores de quatorze
anos, passam uma semana na sede da CFR estudando e duas semanas
em uma propriedade rural colocando os conhecimentos adquiridos em
prática.
Através dos cursos profissionais com fichas pedagógicas que
fazem parte da pedagogia da alternância são integradas a formação
geral (interdisciplinar), a educação social e humana, e o
desenvolvimento do espírito do trabalho em grupo. Assim a pedagogia
da alternância, baseada na realidade profissional dos jovens, é a forma
109
de vinculação do conhecimento teórico e prático, ou seja, “aprender a
aprender”.
Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA)
É um Programa do INCRA para educação de trabalhadores(as)
das áreas de reforma agrária. O Programa faz parte de uma política
pública de Educação no Campo desenvolvida nas áreas de Reforma
Agrária, assumida pelo governo brasileiro, criado com intuito de
fortalecer o meio rural enquanto território de vida em todas as suas
dimensões: econômica, social, política, cultural e ética.
A Norma de Execução INCRA/DD N°73/2008 estabelece valores
unitários por aluno/ano referente á execução dos projetos no âmbito do
PRONERA (Tabela 30).
Tabela 30: PRONERA - MODALIDADE E CUSTO ALUNO/ANO NA REGIÃO NORTE
DO BRASIL.
Nível de Ensino Modalidade Custo Aluno/Ano
Região Norte
Alfabetização Alfabetização R$ 900,00
Anos Iniciais R$ 1.000,00
Anos Finais R$ 1.100,00
Ensino Médio EJA Médio R$ 4.000,00
Normal Médio R$ 4.000,00
Ensino Médio -
Formação Técnica
Agrícola, Agropecuário, Agroflorestal,
Agroecologia, outros
R$ 4.300,00
Curso Superior Licenciatura, Ciências Jurídicas,
outras
R$ 4.500,00
Ciências Agrárias (Agronomia,
Engenharia Florestal e Veterinária)
R$ 4.800,00
Fonte: MEC, 2011.
Outras atividades
Além das atividades descritas, há outras na região que oferecem
cursos de capacitação de maneira esporádica a agricultores rurais,
geralmente atendendo as demandas diretas dos mesmos ou de suas
entidades representativas. Como por exemplo: EMATER/PA, SAGRI,
SEBRAE, CEAPAC, INCRA, FUNDAC, CEPLAC, CEFT-BAM, AOMT-
BAM, etc.
110
5.7. Serviços Sociais Básicos
5.7.1. Educação
A rede educacional do município de Santarém, conta com 457
escolas públicas municipais que atendem 62.121 alunos, 44 escolas
públicas estaduais que oferecem educação especial, ensino médio e
fundamental para 37.145 alunos, e registrou no ano de 2008 a existência
de 44 escolas da rede privada. Doze instituições de ensino superior
(duas federais, uma estadual e nove particulares) ofertam vagas para
diversos cursos de graduação, conferindo a Santarém o título de pólo de
desenvolvimento em Educação Superior e Pesquisa da região Oeste do
Pará.
Na zona rural, devido à extensão territorial, as escolas são
divididas em pólos, os quais agregam mais de uma escola, como é o
caso do PAE Eixo Forte, que possui 04 (quatro) escolas anexas à Escola
Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,
localizada na comunidade do Cucurunã e 10 (dez) escolas anexas à
Escola Municipal de Ensino Fundamental Boaventura Queiroz, da
comunidade de São Brás.
Em 2009 o demonstrativo de alunos matriculados na zona rural
apresentou a seguinte estatística:
1º ao 4º ano: 378 alunos 5º ao 8º ano: 339 alunos Pré Escolar: 103 alunos EJA: 55 alunos Total Geral: 875 alunos
Mais da metade (57%) da população do PAE Eixo Forte possui o
ensino fundamental completo, e 25% chegaram a completar o ensino
médio. Enquanto que 11% são apenas alfabetizados e 3% não
chegaram a ser alfabetizados. Com ensino superior incompleto existe
1% e, também com 1% é o índice dos que possuem ensino superior
completo. Entretanto, por já existir dentro do PAE Eixo Forte o ensino da
Casa Familiar Rural, baseada na Pedagogia da Alternância, esse
111
modelo pode servir como instrumento de desenvolvimento sustentável
dentro do assentamento.
Fonte: EMATER/PA
Tabela 31 - DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE NO PAE EIXO FORTE
Classes de Idade
Escolaridade
Não
tem
id
ad
e
Não
Alf
ab
eti
zad
o
Alf
ab
eti
zad
o
En
sin
o
Fu
nd
am
en
tal
En
sin
o M
éd
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Cu
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Té
cn
ico
En
sin
o S
up
eri
or
Inco
mp
leto
En
sin
o S
up
eri
or
Co
mp
leto
Menos 6 38 3 1 7 0 0 2 0
7 a 10 0 0 3 119 0 0 0 0
11 a 14 0 1 2 150 0 0 0 0
15 a 17 0 1 2 35 30 0 0 0
18 a 24 0 0 0 0 0 0 0 0
25 a 40 0 10 27 221 176 0 14 9
mais 40 0 53 174 284 55 0 3 10
Fonte: EMATER/PA
É importante salientar que no PAE há duas (02) escolas pólos,
uma com Ensino Fundamental Completo e outra com Ensino
Fundamental e Médio, e outras 14 escolas que funcionam como anexos
a estas. Há, também, o ensino de jovens e adultos (EJA) e quando os
alunos terminam o ensino fundamental e desejam prosseguir com os
estudos, muitos passam a estudar em Santarém. A merenda escolar,
disponibilizada aos alunos, segundo informações dos próprios
assentados, é de boa qualidade e em quantidade suficiente para
alimentar os estudantes.
2% 3% 11%
57%
25% 1%
1%
Figura 38 - DISTRIBUIÇÃO DA ESCOLARIDADE DOS ASSENTADOS
Sem idade
Não Alfabetizado
Alfabetizado
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Ensino Superior incompleto
Ensino Superior Completo
112
Quanto aos professores, a maioria, está cursando ou já possui o
ensino superior completo; sendo que estes que atuam nas escolas do
PAE são remanescentes do próprio assentamento e moram na região, o
que pode ser visto como ponto positivo, pois favorece o ensino
aprendizado, já que são educadores conhecedores da realidade local
que estão educando crianças, jovens e adultos do Eixo Forte.
O transporte escolar funciona regularmente e atende a todas as
comunidades do PAE, porém a dificuldade é encontrada quando
5.7.2. Saúde e Saneamento
No município de Santarém, o saneamento básico é constituído
por uma rede de esgoto sanitário numa extensão de 50 km incompletos,
uma vez que não existe o coletor principal, nem a estação de
tratamento, nem o emissário. O Sistema de Drenagem abrange 53,32
km, o que equivale a 8,94% do sistema viário.
O abastecimento de água é efetuado pela Companhia de
Saneamento do Pará - COSANPA, através de 18 poços tubulares
profundos, com profundidade que varia de 180 a 270 metros (captação
subterrânea), totalizando 30.200 ligações ativas, com cobertura de 78%
dos imóveis. Existem ainda 90 (noventa) microssistemas como forma
alternativa de abastecimento de água, sendo 19 (dezenove) na Zona
Urbana, atendendo mais de 5.188 (cinco mil cento e oitenta e oito)
famílias e 71 (setenta e um) na Zona Rural, beneficiando um total de
7.800 (sete mil e oitocentas) famílias.
O relatório da COSANPA 2009 sobre o fornecimento de água em
Santarém, afirma que na zona rural (planalto e várzea) 7.800 (sete mil e
oitocentos) cadastros perfazem um total de 51.122 (cinqüenta e um mil
cento e vinte duas) unidades consumidoras. Seis mini usinas hidrelétricas
atendem 1.800 (um mil e oitocentas) famílias na área rural; poços
particulares e 85 (oitenta e cinco) poços rasos completam o sistema de
abastecimento de água na zona rural.
A freqüência das visitas dos Agentes de Saúde às comunidades
do PAE Eixo Forte é bastante variada, indo de quinzenal a anual,
existindo ainda as comunidades onde os assentados entrevistados
113
informaram que não recebem nenhuma visita. A maior freqüência
apresentada no gráfico é a mensal, onde 44% dos entrevistados
informaram que recebem, em seguida aparece a dos que não recebem
visitas com 34%, índice considerado elevado, pois os Agentes de Saúde
desempenham papel central na mediação entre os sistemas formal e
informal de saúde nos assentamentos.
Fonte: EMATER/PA
No PAE Eixo Forte, 47% dos assentados entrevistados cultivam
e usam plantas medicinais como remédio caseiro na forma de chás,
xaropes, garrafadas, banhos, etc., enquanto que uma pequena parcela
comercializa os remédios que produzem. O uso e cultivo de plantas
medicinais é uma prática milenar que continua resistindo ao tempo,
apesar dos avanços da medicina e da tecnologia. A natureza
proporciona ao homem uma infinidade de plantas com valores
medicinais, e a flora brasileira é uma rica fonte de ervas que podem
auxiliar no tratamento e prevenção de vários males.
Fonte: EMATER/PA
7%
44%
8% 4%
3%
34%
Figura 39 - FREQUÊNCIA DAS VISITAS DO ACS
Quinzenal
Mensal
Bimestral
Semestral
Anual
Não Visita
47% 53%
Figura 40 - USO DE PLANTAS MEDICINAIS
Usam Plantas medicinais
Não Usa
114
Mesmo o gráfico apresentando baixo percentual (13%) de
consumo de bebida alcoólica no PAE Eixo Forte, dando a falsa
impressão de que não chega a se constituir problema na comunidade,
as declarações colhidas durante as oficinas para levantamento de dados
mostram que o consumo de álcool pelos jovens é problema sério. E a
problemática da juventude frente ao alcoolismo merece atenção
especial, pois o ambiente social em que vivem é fator que pode interferir
no aumento do consumo de álcool pelos jovens.
Fonte: EMATER/PA
Pode ser considerado baixo o índice das mulheres do
assentamento que fazem o pré-natal, pois apenas 46% das
entrevistadas foram consultadas regularmente e fizeram os exames
básicos a fim de diagnosticar algumas patologias que possam afetar a
mãe o feto durante a gestação. Esses dados do pré-natal confirmam a
baixa freqüência das visitas dos Agentes de Saúde às comunidades do
PAE Eixo Forte, onde 34% dos entrevistados afirmaram que não
recebem nenhuma visita durante o ano.
Fonte: EMATER/PA
Não Utilizam 87%
Utilizam 13%
Figura 41 - UTILIZAÇÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
Não Usa
Bebidas Alcoolicas
54%
46%
Figura 42 - QUANTO AO PRÉ-NATAL
Não Usa
Fazem Pré-Natal
115
Quanto ao Saneamento, o gráfico da destinação do lixo é a
constatação de que a população dos assentados do PAE Eixo Forte
ainda recorre à prática da queimada para realizar a limpeza das
propriedades. A grande maioria (88%) pratica a queima do lixo,
produzindo fumaça formada de gás carbônico e a sua concentração na
atmosfera é uma das grandes responsáveis pelo aumento do efeito
estufa e do aquecimento do planeta. Além disso, também traz problemas
para a saúde humana, como alergias, doenças respiratórias e
dermatológicas.
Fonte: EMATER/PA
O relatório da coleta de lixo da Secretaria Municipal de
Infraestrutura - SEMINF afirma que a coleta de lixo é terceirizada e
alcança 100% dos domicílios, comércio da zona urbana e unidades de
saúde, mais Mojuí dos Campos e Alter do Chão. O destino dos resíduos
sólidos é o lixão municipal localizado na comunidade de Perema, área
do planalto, com capacidade para 200 (duzentas) toneladas/dia.
Em comunidades como São Brás e Cucurunã (figura 44), que
são beneficiadas com o serviço de coleta pública, o índice de queima do
lixo é substituído pelo índice de lixo coletado. O centro da comunidade,
servido pela coleta pública responde pelos 34% de lixo coletado. Os
40% de assentados que responderam queimar o lixo, estão em áreas da
comunidade, Ramal dos Coelhos e Cajutuba, que não são beneficiados
pelo serviço de coleta pública.
6% 6%
88%
Figura 43 - DESTINAÇÃO DO LIXO - MÉDIA DO ASSENTAMENTO
Enterra
Joga nos Pes da Plantas
Queima
116
Fonte: EMATER/PA
Em relação ao saneamento, constatou-se que o tipo de fossa
mais utilizado é do tipo fossa negra, sem nenhum tratamento adequado
o que pode favorecer a proliferação de doenças, principalmente através
do consumo de água dos igarapés que são, muitas vezes, a destinação
final destes dejetos.
Quanto à questão da saúde, os serviços são prestados pelo
Sistema Único de Saúde, sob gestão do Município. A cobertura se dá nos
níveis da atenção básica de promoção da saúde e prevenção de doenças;
na assistência de média e alta complexidade; e nos serviços de alta
complexidade técnica e tecnológica que compreendem os serviços
hospitalares especializados e os procedimentos ambulatoriais de alta
complexidade.
As atividades da Secretaria Municipal de Saúde - SEMSA são
operacionalizadas por 1.745 (um mil setecentos e quarenta e cinco)
servidores da área de saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares,
farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas, odontólogos, técnicos,
equipes dos programas de saúde, etc.).
Segundo relatório da SEMSA, na zona rural os serviços de saúde
são ofertados através de 15 centros de saúde e 34 postos de saúde, com
atuação permanente de enfermeiros, apoiados por Agentes Comunitários
de Saúde - ACS. Ambulanchas e unidades móveis (terrestres e fluviais)
completam a estrutura de saúde na zona rural.
O acesso de parte considerável da população aos serviços de
saúde é através dos programas e serviços especializados, tais como:
Programa Saúde da Criança, Saúde da Mulher, Programa de Imunizações
(cobertura vacinal), Controle de Doenças, Vigilância Ambiental e Animal,
40%
9% 15%
34%
2%
Figura 44 - DESTINO DO LIXO - CUCURUNÃ
Queima
Enterra
Joga Nos Pés das Plantas
Coleta Publica
Outros
117
Saúde Bucal, Serviços de Referência a outros municípios (TFD). Segundo
os entrevistados do PAE Eixo Forte, as doenças mais frequentes em
crianças são verminoses, em função do consumo diária de água sem
tratamento adequado, enquanto que nos adultos, a gripe, resfriados e
viroses são as mais comuns. Estas enfermidades são tratadas no Posto
de Saúde, localizado na comunidade São Braz ou pelos ACS que atuam
na área.
5.7.3. Lazer
A maioria absoluta dos assentados entrevistados respondeu que
a atividade de lazer preferida no assentamento é o futebol.
Fonte: EMATER/PA
Todas as comunidades do Eixo Forte são equipadas com campos
de futebol, possuem pelo menos um time de futebol estruturado e
realizam torneios e um campeonato, todos os anos. Além disso, nas
festividades de padroeiros e festivais de produtos das comunidades, as
disputas esportivas sempre estão incluídas nas programações.
O futebol feminino vem sendo bastante incentivados nas
comunidades do Eixo Forte.
Uma parcela de 6% dos entrevistados apontou os balneários
como lazer preferido pelos moradores do assentamento e 8% indicaram
outras atividades.
86%
6% 8%
Figura 45 - LAZER
futebol
balneário
outros
118
5.7.4. Cultura
Desde o início da década o Eixo Forte vem desenvolvendo um
trabalho de resgate de manifestações culturais da região.
Com o advento da realização de festivais, como o do Açaí, em
Santa Luzia e Farinha e Artesanato, no Cucurunã, as demais
comunidades do Eixo Forte incluíram em seus calendários, festivais que
têm por objetivo valorizar o produtor e os principais produtos de cada
comunidade. Assim, surgiram os festivais do Tacacá, da Mandioca, do
Charutinho, da Galinha Caipira, entre outros.
Para enriquecer a programação cultural desses festivais, grupos
folclóricos foram criados ou recriados, como o Pássaro Tucano, de São
Bráz, o Boi Tucum, do Cucurunã e a Quadrilha Baila Brasil, do Irurama.
Na esteira dessas agremiações, algumas dezenas de outros grupos
folclóricos apresentam-se nas programações culturais do assentamento
e também naquelas promovidas pela Prefeitura Municipal, como Festival
Folclórico do município e Feira da Cultura Popular.
As festas religiosas representam outro ponto importante na cultura
local. Todas as comunidades do Eixo Forte homenageiam seus
padroeiros com procissões, novenas e quermesses.
Todo o ano se realiza no Cucurunã o Auto de Natal que reúne as
mais diversas formas de expressão cultural da comunidade, entre elas:
dança, música, poesia e teatro.
Também é intensa a participação dos jovens das comunidades do
Eixo Forte nas apresentações dos Botos Cor-de-rosa e Tucuxi, de Alter-
do-Chão.
5.7.5. Habitação
O PAE Eixo Forte, conforme citado anteriormente, comporta,
além de seus moradores tradicionais, balneários ou casas nas quais
seus proprietários passam somente os finais de semana. É muito
comum encontrar este tipo de situação, favorecida, principalmente pela
proximidade deste com a sede, Santarém. Há muitas casas construídas
119
em alvenaria, com padrão de alta qualidade, até mesmo no que diz
respeito às casas construídas com recurso da Reforma Agrária.
Tabela 32: TIPOS DE HABITAÇÃO EXISTENTES NO PAE EIXO FORTE.
Parede Cobertura Piso Instalação Sanitária
Insta
laç
ão
Hid
ráu
lica
Insta
laç
ão
Elé
tric
a
Telh
a
Palh
a
Mad
eir
a
Terr
a
Cim
en
to
Cerâ
mic
o
Bu
raco
sem
Pare
de
Bu
raco
co
m P
are
de
Pri
vad
a
co
m F
ossa
Pri
vad
a
co
m P
ed
ra
Alvenaria 182 8 0 14 116
32 10 28 87 37 114 158
Barro 4 3 0 6 1 0 1 1 3 2 5 7
Palha 9 37 0 41 4 1 5 11 8 22 8 30
Madeira 179 71 0 67 136
8 17 51 90 53 96 193
Lona 0 2 0 2 0 0 1 0 0 1 1 1
Mista 92 18 0 15 73 5 2 19 40 32 44 88
Fonte: EMATER/PA
De acordo com os gráficos abaixo, pode-se verificar que há, no
PAE, a maioria das casas construídas em alvenaria, 41% e madeira,
31%, sendo que prevalece a cobertura de telha de barro em 76% das
habitações. Residências com estrutura mais rústica ou de baixa
qualidade apresentam-se em menor quantidade, é o caso de casas
feitas de barro, 9% e lona, 1%, cobertas com palha 24%.
Fonte: EMATER/PA
31%
1%
9% 41%
0%
18%
Figura 46 - TIPO DE HABITAÇÃO - PAREDE
alvenaria
barro
palha
madeira
lona
mista
120
Fonte: EMATER/PA
Já em relação ao tipo de piso utilizado nas casas, constatou-se
que a maioria, 63%, se constitui de cimento ou cerâmica.
Fonte: EMATER/PA
Prevalece, quanto às instalações sanitária, as construções tipo
privada com fossa (44%), seguida de privada com pedra (28%) e do tipo
buraco com parede (21%).
Fonte: EMATER/PA
76%
24% 0%
Figura 47 - TIPO DE HABITAÇÃO - COBERTURA
telha
palha
cavaco
28%
63%
9%
Figura 48 - TIPO DE HABITAÇÃO - PISO
Terra
Cimento
Cerâmico
7%
21%
44%
28%
Figura 49 - TIPO DE HABITAÇÃO - INSTALAÇÃO SANITÁRIA
buraco s/ parede
buraco c/ parede
privada c/ fossa
privada c/ pedra
121
É importante frisar que no PAE, 51%, ou seja, apenas a metade
dos moradores entrevistados afirmou possuir água encanada em casa,
demonstrando que há um grande percentual, 49%, de moradores sem
acesso a este serviço essencial para realização de atividades diárias;
isto difere consideravelmente do acesso à energia elétrica, já que
afirmaram que, a maioria, 92% possui energia elétrica em suas
residências.
O diagnóstico realizado no PAE proporcionou, ainda, verificar a
quantidade de casas e profissionais da área da construção, por
comunidade. Abaixo, eis a relação:
Tabela 32 - Nº DE CASAS E PROFISSIONAIS DA ÁREA DA CONSTRUÇÃO
Comunidade
Ped
reir
o
Carp
inte
iro
Ele
tric
ista
En
can
ad
or
Qu
an
tid
ad
e
de c
as
as
Santa Rosa 08 08 03 01 63 São Raimundo 02 01 01 01 49 Santa Luzia 01 01 01 01 45 Jatobá 01 00 00 00 42 São Francisco 05 04 00 03 43 Ponta de Pedras 02 02 02 02 56 Cucurunã 09 07 04 05 120 Vila Nova 05 04 03 04 130 Pajuçara 05 04 02 05 52 São Pedro 03 02 01 01 78 Andirobalzinho 00 00 00 00 17 São Braz 10 10 00 01 200 Santa Maria 07 07 02 07 43 São Sebastião 07 03 01 04 60 Ponte Alta 05 01 00 00 54 Irurama 25 20 02 10 93 TOTAL 95 74 22 45 1.145
Fonte: EMATER/PA (2010)
É importante salientar que apesar do diagnóstico apresentar o
número de 1.145 casas construídas, os formulários aplicados se deram
em torno de 605 famílias, já que o restante encontrava-se sempre
fechada, algumas, inclusive, com aspecto de abandono.
122
5.8. Análise das Limitações, Potencialidades e Condicionantes
Avaliando o potencial dos recursos naturais existentes, pode-se
perceber que no assentamento existe pouca aptidão para uso agrícola
aliando essa realidade ao fato das áreas já terem sido utilizadas durante
anos provocando a exaustão natural do solo, entende-se, portanto, que
as atividades agropecuárias mais adequadas para serem desenvolvidas
no assentamento sejam aquelas baseadas em princípios ecológicos de
manejo, como consórcios, sistemas agroflorestais, agricultura orgânica,
associadas à criação de animais de pequeno e médio porte.
Em relação à situação ambiental, considera-se que os recursos
hídricos superficiais estão sendo mal utilizados com diversos pontos com
supressão da mata ciliar, assoreamentos e contaminação por esgoto, há
também a presença barragens irregulares favorecendo para diminuir a
oferta e a qualidade de água ao longo dos igarapés.
Um dos principais problemas é a retirada de areia, seixo e
pedras para abastecer a demanda da construção civil em Santarém,
nenhuma ação tem sido tomada par regularizar essa situação, vale
mencionar, que além do dano ambiental provocado por essas
explorações, as vicinais de acesso também ficam deterioradas com a
presença constate de caminhões pesados prejudicando também pontes
e igarapés.
Em relação às organizações sociais, avaliamos a existência de
um contraste, pois existem associações bem organizadas e que realizam
ações comunitárias bem sucedidas, entretanto, algumas comunidades
não apresentam organização adequada para desenvolverem trabalhos
coletivos, essa realidade dificulta um processo de construção do
desenvolvimento sustentável.
Por isso é fundamental que se incentive ações no sentido de
orientar os comunitários a se organizarem melhor para promover
atividades de desenvolvimento coletivo, como cooperativismo,
associativismo e administração rural, para esses terem conhecimentos
suficientes para serem gestores de suas propriedades e comunidades.
123
Outra característica do assentamento é o fato dos assentados
terem como maior fonte de renda o salário, significa que boa parte dos
assentados trabalharem em Santarém e não têm como base econômica
a agropecuária, o que influencia, por exemplo, na perspectiva de uso
das áreas, dando margem ao comércio ilegal de terra. Portanto, torna-se
fundamental criar alternativas para essa população desenvolverem
alternativas viáveis para que esses fixem suas atividades principais no
Assentamento.
Mesmo diante desses fatos, o assentamento ainda é provido de
belas paisagens naturais, que precisam ser preservadas, por isso, o foco
principal do planejamento de ações é direcionado a exploração do
potencial turístico da área, pois trata-se de uma atividade mais
condizente com a realidade da população local, que não depende tanto
da agropecuária, e sim de sub empregos na sede da cidade de
Santarém.
Essa é uma forma de manter essa população administrando o
assentamento de forma a sustentar suas necessidades básicas,
mantendo também, o interesse da população mais jovem em se
tornarem lideranças futuras, na administração de suas organizações
comunitárias.
6. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DO PROJETO DE ASSENTAMENTO
6.1. Apresentação
O Plano de Ação para o Desenvolvimento Sustentável do PAE
Eixo Forte é o resultado da reflexão conjunta entre a equipe técnica e os
beneficiários, que buscam orientar a trajetória de desenvolvimento
socioeconômico e ambiental desses produtores rurais familiares.
Não se podem descartar os dez anos de presença da extensão
rural na região do assentamento, o que permitiu resgatar toda uma série
de debates sobre os problemas da região e os rumos a tomar para
124
garantir a sustentabilidade e perenidade de uma vida sob novas e
melhores condições.
6.2. Objetivos e Diretrizes Gerais:
O processo de organização e mobilização social que possibilitou a
constituição do PAE Eixo Forte tem por objetivo uma produção
extrativista e agropecuária, entre outras, que garanta a qualidade de vida
das famílias do assentamento. No entanto, a manutenção e recuperação
das características ambientais originais é também um objetivo almejado
pelos moradores locais, que demonstram preocupação com seu futuro,
uma vez que conhecem diversos exemplos, inclusive no próprio
assentamento, de situações em que o descaso com o meio ambiente
vem trazendo conseqüências negativas principalmente sobre a
qualidade da água. Isto é, situações aonde o uso inadequado dos
recursos naturais vem comprometendo a perenidade do processo
produtivo e, consequentemente, da reprodução social das famílias.
Este planejamento é norteado pela integração das atividades
produtivas e organizacionais, com ações que garantam a melhoria do
meio ambiente, sendo este entendido como produto da interação entre
os recursos naturais e as ações do homem que visam garantir o bem-
estar socioeconômico da população local.
Para cumprir o seu papel social os recursos naturais devem ser
utilizados de forma a preservar a sua função ecológica e sua capacidade
produtiva e reprodutiva ao longo do tempo, produzindo benefícios para a
população do assentamento e do entorno do assentamento, razão pela
qual o planejamento de uso deve levar em conta os impactos a curto,
médio e longo prazos.
A preocupação com as questões ambientais deve permear todos
os programas deste plano, pois todas as ações produtivas e extrativistas
desenvolvidas têm, direta ou indiretamente, efeito sobre o meio
ambiente. Nesse rol de interdependência devem ser destacadas as
ações que garantam no seu conjunto o desenvolvimento harmônico da
região, assim relacionados: Programa Turismo de Base Familiar;
125
Programa Organização Social; Programa de Produção Agropecuária;
Programa de Resgate da Atividade Extrativista; Programa Social;
Programa Ambiental; e Programa Atividades Não Agrícolas.
6.2.1. Organização Espacial
A ocupação da região que hoje se denomina Eixo Forte, iniciou
obedecendo aos critérios naturais que regem esse tipo de intervenção
humana no ambiente. As famílias pioneiras chegaram, pó volta do final
do século XIX, e começaram a se aglomerar em pequenos povoados,
situados às margens dos igarapés que funcionavam como vias de
locomoção de pessoas e da produção extrativista da época.
Muitos dos problemas ambientais que hoje a população enfrenta
no Eixo Forte são heranças dessa ocupação desordenada, sem
obedecer a critérios técnicos. Apenas seguindo o sentido de
sobrevivência, diante da floresta densa que prevalecia na região e a
população indígena que não aceitava a presença dos humanos. Daí a
necessidade de ocupar as margens de igarapés, que funcionavam como
única forma de ligação entre os moradores locais e a “civilização”.
Em 1977, com a abertura da rodovia Everaldo Martins, o critério
de ocupação e utilização da terra deixa de ser o igarapé e passa a ser a
rodovia. Cria-se então o termo “Eixo Forte”, mostrando a importância da
estrada na forma de ocupação da região: “Desenhamos na lousa o mapa
da região, colocamos a estrada como eixo principal, os ramais como
raios e a força do povo como tração a impulsionar o veiculo a se
locomover. Portanto, temos ai um Eixo Forte, porque a força está na
gente. Este foi o significado do nome que todos nós aclamamos e que
soou bem aos ouvidos de todos. Logo tomamos gosto por esse nome,
nome pelo qual a região é conhecida até hoje: EIXO FORTE”.
A proposta de organização do presente plano procura corrigir
algumas distorções provocadas pela ocupação desordenada da região,
seguindo uma percepção da própria população que reconhece a
necessidade de resgatar aspectos ambientais desconsiderados pelos
pioneiros da região, sem causar novos impactos, de natureza social.
126
Assim, através de um processo educativo pretende-se resgatar a
principal vocação da região, que é o extrativismo, uma vez que as
características do solo do assentamento demandariam altos
investimentos em tecnologia e recursos financeiros para ajustá-los às
exigências nutricionais e físicas da agropecuária convencional.
Um intenso programa de reflorestamento passa pelo
desenvolvimento de uma campanha de conscientização que crie uma
“cultura florestal”, uma vez que as gerações mais novas vêm sendo
pressionadas permanentemente pela cultura urbanista que cerca o
assentamento. Mesmo parecendo um paradoxo, parte dos jovens a
reivindicação pelo resgate da cultura tradicional do assentamento.
O assentamento está dividido em 15 comunidades. Isso se
considerarmos Andirobalzinho como uma extensão da comunidade de
São Pedro, como foi proposto pelas lideranças das duas comunidades.
Figura 50 - PROPOSTA DE LIMITES DAS COMUNIDADES
A proposta de organização espacial prevê a manutenção da
individualidade das comunidades no aspecto cultural. As diferenças
devem ser preservadas, estudadas e enriquecidas, pois a grande
vocação da região, atualmente, é o turismo de base familiar e essas
127
peculiaridades locais passam a ser interessantes produtos, do ponto de
vista do turismo.
Todas as demais propostas produtivas estão direta ou
indiretamente vinculadas ao desenvolvimento do projeto turístico, que
pode gerar um novo período de desenvolvimento com respeito
ambiental, valorização da cultura local e autogerido pelos assentados.
6.2.2. Serviços e Direitos Sociais Básicos
Um aspecto cultural marcante dos povos é a organização social,
que compreende os papéis exercidos pelos indivíduos na sociedade e as
ações decorrentes do desempenho desses papéis. A organização social
engloba os diverso campos de atuação humana: econômico (atividades
produtivas, comércio, serviços, político e religioso). Na organização
social, são importantes as relações de poder que se estabelecem entre
os individuos que a compõem. Mas o poder no sentido social da palavra,
significa capacidade de agir, de produzir resultados que foram
predeterminados. O poder manifesta-se em diversos grupos socias ou
em diversa esferas da vida em sociedade.
O termo organização social faz também eco da dimensão social
dos problemas econômicos cujo exame apela aos olhares cruzados de
todas as ciências do homem. O estabelecimento de um diálogo entre
disciplinas apela antes de tudo a uma melhor compreensão das suas
relações, à confrontação dos seus métodos e dos seus objetivos.
Na atual sociedade, segundo depoimento dos próprios
assentados, os vínculos entre as comunidades são mais fracos, as
pessoas mantêm relações mais distanciadas. No entanto, associações e
grupos informais são algumas formas de organização comunitária que
costumam ser eficientes entre a população rural.
As pessoas podem aproveitar a existência de grupos, como
religiosos e outros, que já costumam se reunir periodicamente, para
propor a organização com o objetivo de melhorar suas vidas. E melhoria
significa ter acesso à saúde, transporte, educação, moradia de
qualidade, esporte, lazer, entre outras coisas.
128
Ainda que a colaboração de agentes externos à comunidade,
como técnicos de extensão, seja desejável, as iniciativas devem partir
das próprias pessoas, sejam mulheres, jovens ou crianças. Todos
devem ter voz, pois podem contribuir com sua experiência e sabem os
problemas e dificuldades que enfrentam. O essencial é que as decisões
sejam tomadas em grupo, com a participação de todos.
O Programa de Garantira dos Serviços e Direitos Sociais Básicos
foi elaborado tendo como eixo principal a organização da população
para uma ação reivindicativa sustentável, passando pela implantação de
um modelo de organização das comunidades, mais representativo,
possibilitando se ouvir todos os segmentos organizados das
comunidades, seguindo pelo fortalecimento das comissões específicas
(saúde, educação, cultura, esporte e lazer, etc.) da FAMCEEF. Tudo
isso, apoiado por um programa de capacitação e consultoria executado
pela equipe de ATES.
6.2.3 - Sistemas Produtivos
No PAE Eixo Forte encontram-se as mais diversas formas de
geração de renda baseadas na agricultura, pecuária, pesca, criação de
pequenos animais e extrativismo. Todas de forma bastante empírica,
com baixa utilização de recursos tecnológicos e, em consequência,
reduzida produtividade.
Constatou-se que o cultivo da mandioca e a comercialização da
farinha é o carro chefe da produção agropecuária da região.
Algumas famílias das comunidades próximas ao lago do Juá e
Tapari dedicam-se a atividade de pesca artesanal. Quanto à produção
extrativista pode-se observar que algumas famílias do Assentamento
trabalham com a extração do açaí, cupuaçu, piquiá, castanha-do-brasil e
cumaru.
Na criação, o destaque é para a galinha caipira, que é praticada
por um grande número de famílias, sendo que a maioria absoluta o faz
apenas com o objetivo da subsistência. As granjas de produção de
galinhas em regime de confinamento estão se proliferando na região.
129
Porém, a população tem restrições a esse modelo de produção, sendo
tema de debate na elaboração do Plano de Utilização do Assentamento.
O Sistema Produtivo proposto parte do princípio que o rumo do
desenvolvimento do Eixo Forte passa pelo Turismo de Base Familiar e
pela produção de base Agroecológica. Dessa forma, não será
estimulada a expansão da monocultura.
A mandioca será trabalhada muito mais pela sua importância
histórica e cultural, que pelo seu desempenho agronômico e econômico
de hoje. Planeja-se manter os atuais índices de área plantada,
investindo-se em produtividade, eficiência gerencial e tecnológica. A
forma tradicional de produção será preservada por tratar-se de um
interessante produto turístico.
O interesse concentrado das famílias em determinados produtos,
demonstrado nas reuniões de elaboração do PDA mostra que existe
uma tendência do Eixo Forte tornar-se um pólo produtor de quatro
produtos, a saber: açaí; hortaliças orgânicas; galinha caipira; e mel de
abelhas nativas.
As cadeias produtivas desenhadas para esses produtos propõem
momentos de produção individual, intercalados com atividades
desenvolvidas de forma coletiva, proporcionando dessa forma que se
crie um ambiente favorável à construção futura de um sistema
cooperativo.
A pesca, mesmo sendo praticada atualmente com base em
acordos que têm por objetivo proteger o estoque pesqueiro dos lagos
onde é realizada, será desenvolvida paralelamente a um processo
educativo que tem por objetivo implantar um sistema de criação de
peixes em tanques redes, substituindo-se gradativamente a prática da
pesca pela da criação.
Será desenvolvido um intenso programa de reflorestamento que
devolverá ao Eixo Forte a tradição da prática extrativista, que já foi base
a atividade econômica da região.
130
6.2.4. Meio Ambiente
O extrativismo é apontado às vezes como opção inviável para o
desenvolvimento da Amazônia. Tal conclusão apóia-se em uma visão
dessa atividade como simples coleta de recursos, o que excluiria
técnicas como cultivo, criação e beneficiamento. No caso da região
amazônica, essa visão é estreita, pois não leva em conta a cultura das
populações locais, que favorece a harmonia com a natureza.
Assim, é preciso ampliar essa concepção, admitindo alguma
tecnologia e usos dos recursos naturais incluídos no modo de vida e na
cultura extrativistas. A situação concreta do extrativismo na Amazônia
recomenda a construção de um conceito mais específico. Em primeiro
lugar, definir extração como coleta limitada aos estoques naturais reduz
a atividade ao extrativismo mineral, à apropriação do meio físico do
ecossistema natural (recursos, por natureza, não-renováveis). É preciso,
portanto, distinguir extração mineral de bioextrativismo. Este se refere ao
uso econômico dos recursos renováveis dos ecossistemas naturais.
Nesse caso, não se pode admitir como objeto uma natureza intocada, já
que as florestas são afetadas pelo uso humano.
A especificidade da Amazônia, quanto à intervenção das
populações tradicionais nos ecossistemas naturais, é a diversificação do
uso dos recursos em sistemas de coleta, cultivo e criação de animais.
Tais sistemas de manejo estão fundados na cultura tradicional das
populações amazônicas, que favorecem uma relação harmônica com a
natureza. Isso acontece porque as populações que vivem nas florestas
têm, em função do relativo isolamento e da forte influência do meio
natural, um modo de vida e uma cultura, diferenciados. Seus hábitos
dependem dos ciclos naturais, e a forma como apreendem a realidade e
a natureza é baseada não só em experiência e racionalidade, mas
também em valores, símbolos, crenças e mitos. Essa simbiose
homem/natureza, presente tanto na prática de produção quanto nas
representações simbólicas do ambiente, permite que tais sociedades
acumulem vasto conhecimento sobre os recursos naturais.
131
Seringueiros e índios vêem na floresta a sua morada e a de seus
ancestrais, um ambiente conhecido e acolhedor, objeto de seu saber e
de suas crenças e fonte de sua subsistência. Já empresários
agropecuários vêem um ambiente estranho e hostil, um obstáculo a ser
superado para que tenham acesso à fonte de seu lucro. As mesmas
razões explicam a existência de duas formas de extrativismo: o mercantil
capitalista e o da pequena produção familiar e/ou comunitário. O
primeiro é típico da empresa extrativista (seringal, castanhal,
mineradoras, etc.) e os outros são próprios de grupos tradicionais
(seringueiros, castanheiros, pescadores, índios etc.).
No PAE Eixo Forte observamos os dois casos. Na primeira forma
a extração de minérios (areia para construção), incentivada pela
indústria da construção civil; e na segunda forma, a coleta de açaí e
cumaru, estimulada pela valorização desses produtos no mercado
nacional, além do pescado, como forma de subsistência de um número
considerável de moradores das comunidades do Eixo Forte, que atuam
de forma organizada, principalmente no lago do Juá.
A atividade extrativista, tão presente na cultura da região,
lembrada com frequência pelos moradores mais antigos, hoje representa
um percentual quase insignificante na economia do assentamento,
aparecendo como ítem de subsistência para uma pequena parcela dos
moradores da região.
O diagnóstico da região nos mostra que praticamente 50% da
área do assentamento apresenta vegetação típica de áreas fortemente
antropizadas, chegando em alguns locais críticos ao ponto de
degradação. O resgate da atividade extrativista passa obrigatoriamente
por um intenso processo de reflorestamento, até porque, o delicado
equilíbrio das relações solo/água não permite projetar para a região
utilização intensa desses recursos com fins de produção agropecuária.
Independente das medidas tomadas para fazer a restauração de uma
área, é muito importante se praticar a educação ambiental, já que é uma
ferramenta que muitas vezes sozinha resolve.
Diante da situação atual, na qual foi identificada uma série de
“conflitos” entre o uso dos recursos naturais relacionados com as
132
legislações ambientais atuais, os casos mais significativos são as
ocupações de Áreas de Proteção Permanente, especificamente a
margens de igarapés, que em muitos casos, essas residências
(balneários, fazendas chácaras), são habitadas por famílias que não se
enquadram no perfil de beneficiário e que comumente não possuem
títulos dessas áreas, associando essas ocupações aos impactos que
elas geram, como por exemplo, a contaminação dos igarapés por
dejetos humanos e animais e a poluição visual gerada por outros
resíduos sólidos que são freqüentes nessas áreas. Porém, não podemos
descartar a ação danosa às Áreas de Proteção Permanente, praticadas
pelos assentados que residem às margens de igarapés.
Considerando que essa situação envolve um complexo de
irregularidades bem delicadas, propomos um programa de
desenvolvimento direcionado apenas para tratar das questões referentes
ao passivo ambiental identificado, que serão relatados a seguir.
(Recuperação de Nascentes, Recomposição de Áreas de APP e
Reserva Legal, Reflorestamento).
Com relação à extração de minerais (areia, pedras, etc.), nesse
caso, consideramos o que é apresentado no Plano de Utilização do
Assentamento, ou seja, que essas empresas se regularizem perante aos
órgãos ambientais e as legislações pertinentes e assim, em acordo com
comunidades, com a prefeitura e outros órgãos se proponham a fazer,
no mínimo, um programa específico para recuperação da área
degradada, se comprometendo a recomporem o solo e a vegetação da
área explorada, consonante com o programa de reflorestamento, assim
como, a manutenção constante de ramais, vicinais, pontes e acessos,
pois são as principais causadoras de danos á essas vias, seguindo o
programa de estradas vicinais ecológicas, conforme relatado adiante.
6.2.5. Desenvolvimento Organizacional
O modelo organizacional proposto no plano é resultado da
combinação entre a proposta de organização constante no Plano Diretor
Participativo do Município de Santarém e o modelo proposto pelo
133
Estatuto Social da Federação das Associações de Moradores,
Comunidades e Entidades do Assentamento Agroextrativista do Eixo
Forte.
Assim, os Conselhos Gestores Comunitários, compostos por
representantes de todas as entidades comunitárias formal ou
informalmente constituídas garantem ampla participação dos diversos
segmentos comunitários nas tomadas de decisão, bem como conferem
autonomia às comunidades e responsabilidade no rumo do
planejamento das ações a serem desenvolvidas naquela comunidade.
As Comissões de Trabalho, definidas pelo estatuto da FAMCEEF,
vão proporcionar organicidade às decisões das comunidades,
estabelecendo de forma participativa prioridades e estratégias de
encaminhamentos às questões dos diversos setores a serem atendidos
pelas CT’s.
6.2.6. A Assessoria Técnica, Social e Ambiental no
Acompanhamento à Implantação do Plano
Para atender aos desafios, os serviços de ATES devem ser
executados mediante o uso de metodologias participativas, devendo
seus agentes desempenhar um papel educativo, atuando como
animadores e facilitadores de processos de desenvolvimento rural
sustentável. Ao mesmo tempo, as ações de ATES devem privilegiar o
potencial endógeno das comunidades e territórios, resgatar e interagir
com os conhecimentos dos agricultores familiares e demais povos que
vivem e trabalham no campo em regime de economia familiar, e
estimular o uso sustentável dos recursos locais.
Ao contrário da prática extensionista convencional, estruturada
para transferir pacotes tecnológicos, a nova ATES deve atuar partindo
do conhecimento e análise dos agroecossistemas e dos ecossistemas
aquáticos, adotando um enfoque holístico e integrador de estratégias de
desenvolvimento, além de uma abordagem sistêmica capaz de
privilegiar a busca de equidade e inclusão social, bem como a adoção de
134
bases tecnológicas que aproximem os processos produtivos das
dinâmicas ecológicas.
Nesta perspectiva, a ATES deve estabelecer um novo
compromisso com os seus beneficiários e com os resultados
econômicos e socioambientais relacionados e derivados de sua ação,
não podendo omitir-se diante de eventuais externalidades negativas
geradas por sua intervenção e pelas suas recomendações técnicas,
como ocorreu no período da Revolução Verde. Isto exige uma nova
postura institucional e um novo profissionalismo, que esteja centrado em
uma práxis que respeite os diferentes sistemas culturais, contribua para
melhorar os patamares de sustentabilidade ambiental dos
agroecossistemas, a conservação e recuperação dos recursos naturais
e, ao mesmo tempo, assegure a produção de alimentos limpos, com
melhor qualidade biológica, acessíveis ao conjunto da população. Para
isto, é fundamental que os agentes de ATES, sejam eles técnicos,
agricultores ou outras pessoas que vivem e trabalham no meio rural,
possuam os conhecimentos e habilidades requeridas para a execução
de ações compatíveis com a nova Política Nacional de ATER.
Para tanto, a Política de ATER reconhece a pluralidade, as
diferenças regionais, a diversidade socioeconômica e ambiental
existente no meio rural e nos diferentes territórios, abrindo espaço para
experiências de caráter bastante variado, mas que sejam guiadas pelos
princípios e diretrizes enunciadas na PNATER.
A ATES no desenvolvimento do plano será um instrumento de
apoio as coordenações, associações e cooperativas, dando suporte
técnico e subsídios às atividades propostas no diagnóstico realizado no
assentamento, podendo orientar os agricultores na elaboração de
projetos, contribuindo assim para a consolidação de políticas públicas,
monitorando e avaliando a aplicação dos créditos e outros recursos
estimulando a participação de homens, mulheres, jovens e crianças. Os
parceiros a serem buscados são: Prefeituras, Secretarias de Estado,
Banco do Brasil, Banco da Amazônia, INCRA, iniciativa privada e outros.
135
6.3. Programas
6.3.1. Programa Organização Espacial
A agricultura familiar é um segmento importante no cenário rural
brasileiro, pois responde por cerca de 40% da riqueza gerada no meio
rural. Contudo, as inovações tecnológicas, bem como as transformações
ocorridas no campo nas últimas décadas vêm modificando as relações
sociais de trabalho no meio rural, o que força aos produtores buscar
alternativas de renda além da proveniente do trabalho agrícola.
Neste cenário, é fundamental enfocar as famílias de agricultores
que vivem da produção agrícola e vêm experimentando o turismo como
uma alternativa de incremento ao árduo trabalho do campo, valorizando
os saberes locais e a cultura rural. Aponta-se então uma tendência para
a pluriatividade, ou seja, membros da família passam a desenvolver
atividades não agrícolas, ligadas ao comércio, educação, serviços,
administração pública, entre outras, combinados aos membros que
trabalham na produção rural. Dentre essas atividades o turismo aparece
através de serviços de alimentação, hospedagem, venda de produtos,
comércio, eventos, etc.
Essa diversificação das atividades no campo gera trabalho para
os membros da família, bem como incentiva o associativismo entre os
produtores de uma localidade, proporcionando benefícios econômicos,
sociais e ambientais para a região, como redistribuição da renda,
valorização da cultura local, resgate das tradições, exercício da
autogestão, além de melhorar a auto-estima. Por fim, cabe ressaltar
ainda que uma atividade como esta deva ser bem planejada, com
participação de todos os atores envolvidos, para evitar impactos
irreversíveis, principalmente no que diz respeito à cultura e tradições
locais.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário define o Turismo Rural
na Agricultura Familiar, como: “A atividade turística que ocorre na
unidade de produção dos agricultores familiares que mantêm as
atividades econômicas típicas da agricultura familiar, dispostos a
136
valorizar, respeitar e compartilhar seu modo de vida, o patrimônio
cultural e natural, ofertando produtos e serviços de qualidade e
proporcionando bem estar aos envolvidos.”
Um conjunto de fatores configura a vocação turística da região do
Eixo Forte:
a) localização: O assentamento limita-se a noroeste com o aeroporto
internacional Wilson Fonseca; a leste com a sede do município de
Santarém; e a oeste com a vila balneária de Alter-do-Chão, o ponto
turístico mais procurado do oeste do estado;
b) revestimento florístico: O município de Santarém tem diversos tipos
de grupos de vegetação, que variam bastante em função dos tipos de
solos e da drenagem hídrica. Na região do Eixo Forte, temos um resumo
desses diferentes grupos, podendo-se observar desde áreas com
cobertura típica de serrado e savana, até a floresta densa,
oportunizando a possibilidade de diferentes paisagens aos visitantes;
c) hidrografia: Situado na bacia hidrográfica do Tapajós, o PAE Eixo
Forte é circundado, em seu perímetro norte pelas águas cristalinas do rio
Tapajós, formando um total de quase 30 km de praias, onde se
destacam as praias de Ponta de Pedras e Pajuçara. No seu interior, a
rede de igarapés que compõem as três microbacias dos lagos do Juá,
Verde e Taparí, atrai centenas de visitantes todos os fins de semana
para um mergulho em suas águas geladas;
d) cultura local: A produção de farinha de mandioca e seus derivados
sempre foi o principal item da economia dessa região. A farinha
produzida na região, conhecida como “Farinha do Cucurunã” era
disputada nas feiras e mercados de Santarém. O artesanato em palha
também se destaca entre os itens comercializados na área do
assentamento;
e) infraestrutura: o assentamento é cortado de leste a oeste pela
rodovia PA 457, também chamada rodovia Dr. Everaldo de Sousa
Martins, que faz a ligação entre a sede do município e do aeroporto
internacional com o distrito de Alter-do-Chão.
Foi a partir do asfaltamento da rodovia PA 457, em 1987, que o
turismo passou a destacar-se como atividade econômica na região. Ao
137
mesmo tempo em que, o acesso facilitado às praias do Eixo Forte se
apresentava como uma alternativa econômica aos moradores da região,
que comercializavam sua produção na beira da estrada, agravou-se o
problema do êxodo rural, uma vez que as famílias mais abastadas do
município forçavam os moradores locais a vender suas terras, que se
transformariam em chácaras de fim-de-semana. Os antigos donos foram
transformados em caseiros e zeladores de suas antigas propriedades.
Figura 51 - DIA DE CAMPO SOBRE TURISMO DE BASE FAMILIAR
Fonte: EMATER/PA
A partir do ano de 2.000, entidades governamentais e não
governamentais coordenadas pelo CEFT-BAM iniciaram uma série de
debates que tinha por objetivo a construção de um Plano Alternativo de
Desenvolvimento Sustentável para o Baixo Amazonas, o Projeto
Tucumã. Nesse plano, o Turismo de Base Familiar já aparecia como um
dos eixos de sustentação da proposta de desenvolvimento. Em
novembro de 2001, uma das oficinas que tinham por objetivo conceituar
esse tipo de turismo foi realizada na comunidade do Cucurunã, no Eixo
Forte, por se identificar ali o potencial para implantação de projetos
baseados nesse modelo.
138
Figura 52 - DIA DE CAMPO SOBRE TURISMO DE BASE FAMILIAR
Fonte: EMATER/PA
Em 2004, a EMATER/PA realiza um curso de Turismo Rural
Comunitário, para jovens da CFR de Santarém, situada no Centro de
Treinamento Chico Roque, na Rod. PA 457, comunidade de São Brás.
Na conclusão desse curso os jovens realizaram um “Dia de Campo”,
quando recepcionaram, na praia de Pajuçara, um grupo de convidados
pré-selecionados pela coordenação, momento em que expuseram o
conteúdo construído nos quatro dias de curso.
A criação da Estação Turística do Eixo Forte vai determinar uma
nova configuração espacial à região, que passará a pensar seus
problemas e soluções com base nessa nova perspectiva de
desenvolvimento local.
6.3.1.1. Projeto Estação Turística do Eixo Forte
a) Apresentação:
Construir uma hospedagem charmosa é o sonho de muitos
brasileiros. Quem vislumbra a possibilidade de criar um empreendimento
onde possa conhecer pessoas diferentes, levar uma vida menos
estressante e ainda ganhar dinheiro sempre pensa numa pousada. De
preferência em um local bucólico, na montanha ou na praia. Na região
do Eixo Forte não é diferente. Muitos assentados sonham com a
139
possibilidade de aproveitar o conjunto de características favoráveis a
implantação de projetos dessa natureza.
Foi a partir de depoimentos de assentados que se começou a
“desenhar” um projeto que atendesse às expectativas dos moradores e
aproveitasse o grande potencial turístico da região. Nasceu assim a idéia
da “Estação Turística do Eixo Forte”, um complexo de pousadas
localizadas em diferentes comunidades do assentamento, levando em
consideração os diferentes cenários que o assentamento oferece, aliado
a uma série de outros atrativos turísticos que podem ser explorados na
região. Tudo isso em harmonia com o meio ambiente, com absoluto
controle dos próprios assentados, tendo como foco principal o modo de
vida e a cultura local.
b) Justificativa:
A proposta de construção de pousadas no PAE Eixo Forte foi
definida não só considerando-se o potencial turístico da região do Eixo
Forte, que por si só já é suficiente para justificar sua implementação.
Mas também, e principalmente pela localização do futuro
empreendimento. A localização geográfica, no centro de um triângulo
imaginário que tem nos vértices o aeroporto, a sede do município e a vila
de Alter-do-Chão, cria uma situação extremamente favorável ao projeto,
sendo uma alternativa de hospedagem para todos os visitantes de nosso
município que queiram um local tranquilo e de fácil acesso, aumentando,
assim, a possibilidade de um bom índice de ocupação das unidades.
c) Objetivo Geral:
Implantar estrutura básica para o funcionamento do complexo de
pousadas da “Estação Turística do Eixo Forte”.
140
d) Objetivos Específicos:
Gerar emprego e renda para famílias do PAE Eixo Forte;
Capacitar trabalhadores do PAE Eixo Forte para atuarem no
projeto;
Captar recursos físicos e financeiros para a execução do projeto;
Assessorar os debates que conduzirão a criação da Estação
Turística do Eixo Forte, inclusive forma jurídica;
Criar a organização responsável pela gestão do empreendimento;
Elaborar Plano de Negócio da Estação Turística do Eixo Forte;
Elaborar projeto arquitetônico da Estação Turística do Eixo Forte;
Adquirir veículo Van para transporte de hóspedes;
Adquirir veículo utilitário para apoio administrativo.
e) Estratégia:
O projeto sugestivo apresentado aos assentados prevê a
construção de cabanas individuais cobertas de palha, com opção de
camas de casal ou solteiro, com varanda, banheiro e WC. Salão para
refeições, eventos e espaço para comercialização de artesanato.
Paralelo à construção das pousadas serão desenvolvidos projetos de
atividades ligadas à ação, aventura e contemplação.
Figura 53 - MODELO SUGESTIVO DE CABANAS PARA A ESTAÇÃO TURÍSTICA
DO EIXO FORTE
Fonte: EMATER/PA
141
A estratégia de implantação do projeto prevê a realização de
oficinas para elaboração de um Plano de Negócio que definirá o perfil do
empreendimento, como por exemplo: Tamanho do Negócio,
Participantes, Forma de Organização, Posição de Mercado; Inovações;
Produtividade; Recursos Físicos e Financeiros; Rentabilidade;
Desempenho e Aperfeiçoamento da Gestão; Desempenho e Atitude dos
Trabalhadores; Responsabilidade Social, entre outros itens
indispensáveis para que se alcance o sucesso desejado.
Figura 54 - POUSADAS
Todas as comunidades do assentamento foram incluídas no plano
para a construção de pousadas, por ocasião da realização das oficinas
de planejamento.
d) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Gerar emprego e renda para
cerca de 150 assentados e/ou
familiares de assentados do
PAE Eixo Forte
ATES, FAMCEEF INCRA
02 Elaborar 01 Plano de Negócios ATES, FAMCEEF INCRA
142
da Estação Turística do Eixo
Forte
03 Elaborar 01 projeto
arquitetônico da Estação
Turística do Eixo Forte
ATES, FAMCEEF INCRA
04 Montar Plano de Qualificação
de mão-de-obra para
assentados que trabalharão na
Estação Turística do Eixo Forte
ATES, FAMCEEF INCRA
05 Adquirir de 02 (dois) veículos
Van
ATES, FAMCEEF INCRA
06 Adquirir 01 (um) veículo
utilitário
ATES, FAMCEEF INCRA
g) Resultados Esperados:
Além dos 150 empregos diretos gerados pelo projeto, outros oito
projetos de ação, aventura e contemplação, diretamente ligados à
Estação Turística do Eixo Forte, irão gerar cerca de mais 200 empregos,
principalmente para as camadas mais jovens da população local.
Além disso, parte da produção agrícola, artesanal e prestação de
serviços previstos nesse plano serão direcionados ao público usuário da
Estação.
6.3.1.2. Projeto Ação, Aventura & Contemplação
a) Apresentação:
Os empreendimentos ligados à ação, aventura e contemplação
foram pensados como atividades geradoras de renda, complementares
ao projeto de construção de pousadas. A dimensão da área do
assentamento e a diversidade paisagística da região possibilitam o
143
aproveitamento desse potencial como fonte geradora de trabalho e
renda, principalmente para os jovens.
Outro aspecto a se destacar é a estreita ligação dessas atividades
com a necessidade de desenvolvimento de uma cultura
preservacionista. O meio ambiente é parceiro sine qua non para o
desenvolvimento das atividades de ação, aventura e contemplação.
Numa região aonde o meio ambiente vem sendo tão agredido, como no
Eixo Forte, o incentivo a ações geradoras de renda, vinculadas com a
preservação do meio ambiente, vão gerar um ambiente de
sustentabilidade favorável ao desenvolvimento do assentamento.
Entre as atividades de ação, aventura e contemplação, foram
escolhidas para serem desenvolvidas no PAE Eixo Forte, as seguintes:
Arvorismo, Cavalgada, Passeio de Barco, Tirolesa, Torre de Observação
e/ou Mirante, Pesque & Pague, Canoagem e Trilhas.
b) Justificativa:
É consenso que os jovens do meio rural, principalmente aqueles
moradores de propriedades classificadas como “de base familiar”, não
demonstram interesse em dar continuidade à profissão seguida pelos
pais. A falta de acesso a tecnologias que tornem o trabalho rural de base
familiar menos exaustivo, vem promovendo uma busca de alternativas
para os filhos de agricultores, que os afaste do “cabo da enxada”. É
comum, atualmente, os filhos ouvirem, de suas mães a ameaça de
“voltar para o cabo da enxada” em casos de insucesso na vida
estudantil.
No Eixo Forte, onde a influência urbana é grande, e a relação com
a cidade é permanente, esse sentimento de negação da atividade
agrícola se faz mais presente. Trabalhos realizados na região, através
do incentivo à realização de festas e festivais que valorizam a produção
e cultura local, demonstram a possibilidade de resgate da auto-estima e
valorização da atividade produtiva do meio rural, pela população mais
jovem.
144
A proposta de aproveitamento do potencial para desenvolvimento
de atividades de ação, aventura e contemplação pretende demonstrar
que o meio onde vivem pode oferecer oportunidades de trabalho e renda
compatíveis com as aspirações da juventude rural.
c) Objetivo Geral:
Geração de trabalho e renda prioritariamente para jovens do PAE
Eixo Forte, através do desenvolvimento de atividades de ação, aventura
e contemplação.
d) Objetivos Específicos:
Implantar projetos que gerem trabalho e renda para jovens do
Eixo Forte;
Aproveitar o potencial turístico da região;
Fortalecer as organizações de jovens do Eixo Forte;
Oferecer opções de atividades para os freqüentadores da Estação
Turística do Eixo Forte.
e) Estratégia:
Através das organizações de jovens das comunidades do PAE
Eixo Forte, serão discutidas as possibilidades de aproveitamento do
potencial de cada comunidade, de acordo com os levantamentos
realizados durante as oficinas de elaboração do PDA do PAE Eixo Forte.
As atividades identificadas como potencialmente viáveis de serem
desenvolvidas no assentamento são: Arvorismo, Cavalgada, Passeio de
Barco, Tirolesa, Torre de Observação e/ou Mirante, Pesque & Pague,
Canoagem e Trilhas.
1) Arvorismo: O arvorismo surgiu da necessidade de biólogos e
pesquisadores em deslocarem-se pelas copas das árvores a fim de
intensificarem suas pesquisas. Nos anos 90, com a introdução de
145
técnicas e equipamentos verticais, o arvorismo despontou-se como
atividade de aventura proporcionando emoção, lazer e entretenimento
para pessoas de todas as idades.
O Brasil é o país que apresenta em maior número, recursos
naturais e áreas com potencial para o desenvolvimento e implantação
dessa atividade de aventura.
Figura 55 - ARVORISMO
No Eixo Forte são vários os lugares que apresentam potencial
para o desenvolvimento de atividades ligadas ao arvorismo. As oficinas
de planejamento do PDA indicaram as comunidades de São Raimundo,
Jatobá, São Pedro, Santa Rosa, Ponte Alta, Vila Nova, Irurama, São
Bráz, São Francisco, Vila Nova, Cucurunã e Santa Maria, para
concentrarem essas atividades.
2) Cavalgada: Três jovens do Eixo Forte experimentaram transformar
uma atividade, até então, de lazer, num negócio. Estava criado o Grupo
de Cavalgada JJC. O grupo oferecia aos visitantes, três opções de
cavalgada: a Cavalgada Matutina, que era o percurso mais longo,
percorria trilhas do Eixo Forte, que incluíam visitas às propriedades, com
paradas em pequenos igarapés. Era realizada pela manhã. A outra
opção era o Pôr-do-Sol Montado. Um percurso de cerca de uma hora
onde se observava alguns aspectos da diversidade da vegetação da
região, atividades de uma propriedade rural de base familiar, como a
146
fabricação de farinha, concluindo de forma apoteótica num platô de
vegetação rasteira, de onde se tinha uma visão espetacular do pôr-do-
sol no Tapajós. A terceira opção, e a mais procurada era a Cavalgada ao
Luar, quando o grupo oferecia um passeio de cerca de duas horas pelas
trilhas da região, sempre em noites de lua cheia.
Se aspectos de gerenciamento não garantiram que o negócio se
firmasse, a experiência serviu para demonstrar o potencial da atividade,
que agregado a um projeto maior, como o da Estação Turística do Eixo
Forte, certamente se tornará uma excelente opção de renda para jovens
do assentamento.
Figura 56 - CAVALGADA
Nas oficinas de planejamento para elaboração do PDA, as
lideranças presentes indicaram as comunidades de São Raimundo, São
Pedro, Jatobá, Ponte Alta, Vila Nova, Irurama, Santa Maria, São
Francisco e Cucurunã, como aquelas que apresentam maior potencial
para o desenvolvimento da atividade.
3) Passeio de Barco: Os passeios em barcos regionais pelas águas do
rio Tapajós, com paradas em lindas praias de areias brancas, partindo
das comunidades de Ponta de Pedras e Pajuçara, as duas comunidades
do assentamento localizadas às margens do Tapajós, indicadas nas
oficinas de elaboração do PDA para explorarem essa atividade, podem
aproveitar todo o grande potencial que a região oferece.
147
Figura 57 - PASSEIO DE BARCO
Esse potencial inclui um almoço típico a base de peixes regionais,
servido à bordo; caminhadas pelas praias, onde se pode estabelecer
contato com moradores; banho nas águas claras do rio Tapajós; uma
esticada até o fenômeno do encontro das águas, verdes esmeraldas do
Tapajós e as argilosas do Amazonas, localizado em frente a Cidade de
Santarém; uma entrada no Lago do Juá, com suas paisagens típicas e
seus habitantes, incluindo, se tiver sorte, um show dos botos, o passeio
dos peixes-bois, a revoada de pássaros, etc; passeio até a frente da
cidade para observar o movimento de barcos de cargas e passageiros,
mercado municipal com suas variedades de produtos regionais, como
frutas, verduras, farinhas, peixes e plantas medicinais, Catedral de N. Sª
da Conceição, padroeira da cidade, sendo o prédio mais antigo da
cidade. O rio Tapajós oferece inúmeras as possibilidades de
organização de roteiros, ricos de atrações.
4) Tirolesa: A Tirolesa sem dúvida é a atividade mais gostosa e
emocionante nos esportes de aventura, não exige esforço físico do
praticante permitindo sentir à emoção de voar contemplando a natureza
por um ângulo diferente. Mas isso não quer dizer que não proporcione
muito prazer, emoção e adrenalina. Pelo contrário a altura pode causar
medo e preocupação, mas após praticar a tirolesa, a sensação de ter
"vencido" a altura proporciona uma incrível sensação de liberdade,
148
conquista e superação de limites, desenvolvendo e estimulando o
autocontrole.
Para praticar tirolesa, é preciso um cuidado todo especial quanto
ao quesito segurança. É necessário o uso de equipamentos de
escaldada como mosquetão (espécie de elo de metal), cadeirinha
(confeccionada com fitas de nylon altamente resistentes que veste o
quadril da pessoa), peitoral (fita de nylon que veste o peito) e cordas
apropriadas.
Figura 58 - TIROLESA
As comunidades de: São Pedro, Jatobá, Santa Rosa, Ponte Alta,
Vila Nova, Santa Luzia, Irurama, São Sebastião, Pajuçara, Santa Maria e
Cucurunã, durante as oficinas de planejamento do PDA identificaram a
possibilidade de implantação do projeto naquelas comunidades.
5) Torre de Observação e/ou Mirante: A melhor forma de iniciar um
passeio é tendo uma visão geral do que se vai conhecer. Uma torre de
observação ou um mirante, localizados em pontos estratégicos do
assentamento, permitem uma visão privilegiada de praticamente toda a
área do assentamento. Uma visita à torre de observação em momentos
como um pôr-do-sol, certamente se tornarão inesquecíveis aos
visitantes.
149
Figura 59 - TORRE DE OBSERVAÇÃO
As comunidades de Santa Rosa, Santa Luzia, São Bráz,
Cucurunã e São Francisco identificaram a possibilidade de implantação
de Tosses de Observação, enquanto as comunidades de Jatobá, Ponte
Alta, Vila Nova e São Sebastião identificaram lugares apropriados à
construção de Mirantes.
Figura 60 - MIRANTE
6) Pesque-pague: É uma modalidade de pesca que se pratica como um
esporte ou hobby, sem que dela dependa a subsistência do pescador.
Também se pode chamar de pesca de lazer ou pesca amadora.
150
É realizada dentro de lagos, artificiais ou naturais, onde o
pescador paga pela quantidade de quilos pescados durante o dia.
Hoje em dia, a maioria dos "Pesque-pagues" foram transformados
na modalidade de pesca esportiva.
Figura 61 - PESQUE E PAGUE
As comunidades de Jatobá e Ponte Alta identificaram em suas
áreas de influência potencial para explorar esta atividade, bem como as
comunidades de São Francisco, no lago do Carapanari e São Sebastião
e Ponta de Pedras, no lago do Tapari.
7) Canoagem: A canoagem é um esporte náutico, praticado com a
utilização de embarcações (canoa ou caiaque). Porém, na região do
assentamento, antes da abertura da PA 457, rodovia Dr. Everaldo de
Sousa Martins, que corta do Eixo Forte, os homens utilizam pequenas
embarcações para o transporte e locomoção. É por onde escoava toda a
produção da região, com destaque para a farinha e produtos
extrativistas.
A idéia é regatar essas trilhas fluviais e permitir aos visitantes um
passeio cheio de aventura, partindo das diversas comunidades
localizadas principalmente na microbacia hidrográfica do Juá, levando-os
até o lago, destino dos antigos moradores da região, que ali passavam
para embarcações de maior porte e seguiam viagem até a sede do
município.
151
Figura 62 - CANOAGEM
As comunidades de Santa Maria, Cucurunã, São Bráz, Vila Nova
e Ponte Alta, essas na microbacia do lago do Juá, e as comunidades de
São Raimundo e São Pedro, localizadas na microbacia do lago Verde,
vêem na canoagem uma boa oportunidade de aproveitamento do
potencial turístico dos cursos d’água que banham essas comunidades,
além da comunidade de Pajuçara que vê no próprio rio Tapajós a
possibilidade de exploração de serviços dessa natureza.
O aproveitamento dos igarapés para a prática da canoagem exige
um intenso trabalho de reflorestamento das suas margens.
8) Trilhas: As trilhas são aberturas naturais ou criadas pelo homem com
o objetivo de permitir o uso público de áreas naturais e suprir as
necessidades recreativas de maneira a manter o ambiente estável e
permitir ao visitante a devida segurança e conforto.
As trilhas possibilitam o acesso a áreas e monumentos mais
isolados e preservados (formações naturais, sítios históricos e
arqueológicos, paisagem etc.); possibilitam também a observação de
fauna e flora; experiências educativas ao explorar aspectos geológicos,
geográficos ou a história natural; aumenta a segurança do visitante, já
que minimiza riscos de acidentes e de se perder; além de possibilitar o
desenvolvimento de uma atividade física em ambiente natural.
152
Com a implantação e utilização de trilhas ocorrem impactos, que
são mudanças inerentes a qualquer atividade.
Dentre os impactos positivos, destaca-se a oportunidade do
visitante entrar em contato com a natureza e conhecer seus diversos
ecossistemas, compreendendo suas relações, o que pode se tornar uma
ferramenta eficaz na valorização e proteção do meio ambiente.
Impactos negativos são mudanças nas características originais dos
recursos, e podem ser observados em diferentes aspectos. Dentre os
impactos mais comuns, relacionados às trilhas, destacam-se os
ocasionados no solo, na vegetação e na fauna.
Figura 63 - TRILHAS
Todas as comunidades do Assentamento, apontaram a atividade
como potencialmente favorável de ser implementada nessas
comunidades.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Gerar emprego e renda para 200
jovens assentados e/ou
familiares de assentados do PAE
Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
153
02 Elaborar 01 Plano de Negócios
por atividade de Ação, Aventura
e Contemplação
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Considerando-se a média de três jovens por atividade planejada e
a indicação de 71 projetos, durante a realização das oficinas de
planejamento do PDA, espera-se beneficiar diretamente cerca de 200
jovens, além de uma quantidade indefinida de beneficiados indiretos.
Espera-se também difundir entre os jovens, noções de
empreendedorismo que possibilitará, mesmo àqueles que não estão
diretamente envolvidos com os projetos, pensarem em viabilizar seus
sonhos de um negócio próprio, aproveitando as potencialidades da
região.
Outro resultado esperado, através do fortalecimento das
organizações de jovens, é o distanciamento de problemas hoje
vivenciados pelos jovens na região, principalmente no que diz respeito à
alcoolismo e drogas.
6.3.1.3. Portal Receptivo do Eixo Forte
a) Apresentação:
Aqui começa o PAE Eixo Forte. A construção do Portal Receptivo
do Eixo Forte pretende ser um marco divisor entre a agitação do centro
urbano e a proposta de harmonia com a Natureza oferecida pela
Estação Turística do Eixo Forte. Na entrada de muitas cidades e regiões
turísticas do país, estão erguendo essas estruturas arquitetônicas que
têm múltiplas funções, de natureza turística, cultural, de segurança etc.
Além de servir como referência para informações turísticas sobre
o Município e região, o Portal Receptivo do Eixo Forte será instalado de
forma a abrigar posto de informações sobre a promoção de eventos
154
culturais, esportivos e folclóricos, que proporcionem entretenimento aos
que visitam a região, além da comercialização de produtos da terra. O
espaço servirá, ainda, como forma de integração com o serviço público,
principalmente o setor de segurança pública e de trânsito, que poderão
utilizar o local para realização de ações educativas e de fiscalização.
b) Justificativa:
Portal Turístico: porta principal, entrada e saída, mecanismo legal
de controle, organização, orientação e fiscalização do turismo. Com esta
definição e através dos estudos acadêmicos baseado em vários
referenciais teóricos turísticos, propõe-se este projeto.
Com a implantação do Portal Receptivo do Eixo Forte o município
de Santarém ganhará um instrumento capaz de ajudar no controle,
fiscalização, organização, informação do turismo na região do Eixo Forte
e Alter-do-Chão.
Figura 64 - PORTAL RECEPTIVO
No município de Santarém a indústria do turismo sente a
influência de outros mercados concorrentes, que estão investindo um
maior número de recursos para aperfeiçoar a oferta de produtos e
serviços que satisfaçam os desejos e necessidades de seus clientes,
155
traduzindo estas ações em oportunidades de melhoria de todo o
processo turístico.
Durante muitas décadas as potencialidades turísticas da região do
Eixo Forte permaneceram inexploradas principalmente pela falta de
comunicação. Contudo, sua posição geográfica privilegiada, facilita o
deslocamento de todos aqueles que quiserem diferentes opções de
lazer, aventura e contato com a Natureza.
A proposta de projeto de implantação do Portal Receptivo do Eixo
Forte na entrada do assentamento, com a supervisão da Federação das
Associações de Moradores, Comunidades e Entidades Extrativistas do
Eixo Forte é a de orientar, informar, coordenar e fiscalizar ou orientar o
fluxo de turismo rodoviário da região do Eixo Forte e Alter-do-Chão.
Pode-se justificar a implantação de um portal em função de uma
acentuada melhora na qualidade, no atendimento e nas informações
turísticas, conseqüentemente a melhora nos serviços: receptivo,
emissivo, fiscalizativo, educativo, informativo, de orientação, arrecadador
de impostos e taxas para serem revestidos em melhoria e estimulo a
atividade turística.
Neste sentido centram-se os objetivos deste projeto em que a
comunidade turística possa colher os frutos de seu trabalho. O potencial
turístico da região do Eixo Forte ainda está em desenvolvimento. O
enfoque deste como instrumento de apoio ao turista e também aos
investidores interessados, assim como à própria comunidade local, à
iniciativa privada e ao poder público. A intenção é a de demonstrar a
importância do conhecimento do mercado a fim de dar uma qualidade no
setor turístico.
c) Objetivo Geral:
Construção do Portal Receptivo do Eixo Forte.
156
d) Objetivos Específicos:
Orientar os turistas que chegam ao Eixo Forte acerca dos
atrativos, pontos turísticos e dos serviços prestados pelo trade
turístico;
Controle estatístico, números de visitantes que entram e sai no
Eixo Forte;
Fiscalizar as agências de turismo, operadoras turísticas e
transportadoras turísticas, verificando o cumprimento da
legislação em vigor e as deliberações normativas estabelecidas
pela SEMTUR / EMBRATUR ;
Coibir o turismo ilegal e informal, e servir como instrumento de
apoio ao turista e ao trade turístico.
e) Estratégias:
Para o bom funcionamento do Portal Receptivo há necessidade
de que o mesmo obedeça a um planejamento onde as tarefas ficarão
claras: precisa-se de uma seção de fiscalização; controle do turismo;
marketing; estatística; apoio ao turista e ao trade turístico.
Será de competência a prestação de serviços de apoio e
orientação ao turista, fiscalização do turismo receptivo e emissivo,
levantamento estatístico, define-se como sendo um instrumento
facilitador para que todo o aparelhamento do Portal Receptivo satisfaça
de maneira eficaz as necessidades coletivas do turismo.
157
Figura 65 - FIGURA ILUSTRATIVA DO PORTAL RECEPTIVO
Fonte: EMATER/PA
O modelo apresentado nesse plano é meramente sugestivo. O
projeto arquitetônico do Portal Receptivo do Eixo Forte poderá ser
definido em concurso coordenado pela SEMTUR - Secretaria Municipal
de Turismo de Santarém, aberto a arquitetos e engenheiros do município
e sua construção negociada com o Ministério do Turismo.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Construir 01 Portal Receptivo na
rodovia PA 457
ATES,
FAMCEEF
INCRA
Ministério do
Turismo
g) Resultados Esperados:
Espera-se, com a implantação do Portal Receptivo do Eixo Forte,
que a qualidade do turismo na região do Eixo Forte e Alter-do-Chão
venham melhorar.
158
Municípios que desenvolveram uma política séria para o setor
turístico já estão colhendo frutos. Espera-se que através desta proposta
haja um aprimoramento da atividade na região, tornando-o cada vez
mais eficiente, de boa qualidade e que este mostre a sua força na
geração de empregos, impostos e transformação social.
6.3.1.4. Ciclovia Eixo Forte
a) Apresentação:
As conclusões do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças
Climáticas, divulgadas em Paris recentemente, mostram a necessidade
de uma virada radical nos modos de vida. Sem dúvida teremos de
buscar meios de inverter esta tendência que vai a um beco sem saída.
Algo precisa ser feito, evidentemente. Respostas já começam a ser
formuladas. E uma delas certamente se centrará nesta escolha de novos
meios de transporte individual e coletivo. Curiosamente uma alternativa
de transporte, a menos poluente (poluição zero), há muito já havia sido
inventada e encontra-se disponível, desde o início do século XX. Trata-
se da bicicleta. Este veículo facilmente associa-se ao sentimento de
liberdade, bom humor e boa saúde. As suas potencialidades no
contributo à uma melhor qualidade de vida não estão sendo
devidamente avaliadas. A bicicleta impõe um ritmo próprio, o tempo
fluindo lento e silencioso. Sustenta um verdadeiro balé de corpos em
movimento. A vida desliza com mais beleza, tranqüilidade e prazer.
As ciclovias exercem um grande fascínio sobre a população em
geral, em especial nos ciclistas leigos. A crença que só a segregação do
ciclista em relação ao trânsito proporciona segurança no pedalar é muito
enraizada. A realidade apresentada por pesquisas mostra que não é
bem assim. Não restam dúvidas que ciclovias têm qualidades, mas não
existe milagre e elas também apresentam seus pontos fracos. Talvez o
ponto mais forte do conceito ciclovia esteja no imaginário das pessoas.
Ciclovia é uma dentre várias opções técnicas de segurança de trânsito
para melhoria da vida do ciclista.
159
b) Justificativa:
Como ocorreu na maioria das cidades brasileiras, a expansão da
indústria automobilística em Santarém foi, aos poucos, absorvendo os
usuários da bicicleta, que gradativamente foram se transferindo para o
veiculo automotor sejam automóveis ou motocicletas.
A busca de uma vida mais saudável fez ver em muitas pessoas a
necessidade de substituir práticas sedentárias por atividades físicas, que
contribuíssem com uma melhoria na qualidade de vida. Nesse contexto
a bicicleta é uma excelente opção de transporte, unindo prática esportiva
e lazer. O que importa é que o ciclista sinta segurança sem perder o
prazer de pedalar.
É uma alternativa barata eficiente e saudável de locomoção, além
de ser uma opção a mais para o Transporte Urbano principalmente
quando integrada ao sistema de transporte coletivo da cidade.
c) Objetivo Geral:
Construir uma ciclovia paralela à rodovia PA 457 e oferecer uma
opção segura de acesso ao Eixo Forte, às pessoas que desejam fazê-lo
através da utilização de bicicletas como meio de locomoção.
Figura 66 - CICLOVIA DO EIXO FORTE
160
d) Objetivos Específicos:
Aumentar o fluxo de visitantes ao Eixo Forte;
Garantir maior segurança aos assentados que utilizam a bicicleta
como meio de transporte;
Oferecer uma alternativa barata, eficiente e saudável de
locomoção no Eixo Forte;
Ampliar as opções de lazer, esporte e turismo;
Permitir maior integração e fiscalização ao meio-ambiente;
Contribuir para o aumento da qualidade de vida dos assentados
do PAE Eixo Forte.
e)Estratégia:
A construção de uma ciclovia na PA 457 possibilitará a inclusão
de um grande número de turistas com o perfil planejado no
desenvolvimento da Estação Turística do Eixo Forte. As categorias de
turismo ligadas a ação e aventura, sol e praia, e natureza, combinam
perfeitamente com o perfil do usuário de bicicleta.
Figura 67 - FIGURA ILUSTRATIVA DA CICLOVIA DO EIXO FORTE
Fonte: EMATER/PA
161
Além disso, o morador do Eixo Forte também se beneficiará
enormemente, uma vez que a bicicleta se apresenta como uma opção
mais barata de deslocamento. E a segurança oferecida pela ciclovia
certamente atrairá um número maior de adeptos a essa modalidade de
locomoção.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Construir 26 km de ciclovia
paralela à rodovia PA 457
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
O poder de ação que uma ciclovia disponibiliza para uso da
bicicleta não pode ser negligenciado, incluem desde as deslocações
quotidianas para o local de trabalho, crianças às escolas, ao que diz
respeito a compras, serviços, lazer, atividades esportivas, sociais e uma
infinidade de outras possibilidades. Como esta de que a ciclovia, no Eixo
Forte, se destacaria como algo especial para o turismo.
6.3.1.5. Painéis de Boas Vindas ao Eixo Forte
a) Apresentação:
A maioria das pessoas não sabe da importância da Comunicação
Visual em nosso dia-a-dia. Mesmo tendo consciência dessa realidade, a
Identidade Visual se mostra cada vez mais necessária como ferramenta
de publicidade e notificação diversificada nos mais complexos
segmentos sociais e comerciais.
162
Se por exemplo andarmos pelas ruas, notaremos de forma
precisa as mais diversas sinalizações e anúncios dos mais diversos
gêneros e tamanhos, ao alcance de nossa visão e sentidos.
A comunicação visual garante os posicionamentos exacerbados,
tornando certas marcas representantes de produto, em sua categoria.
O homem usuário convive com estímulos exteriores que afetam
os sentidos, induz no modo de pensar, de usar e de consumir.
b) Justificativa:
O reconhecimento do produto implica no contato visual ou mesmo
no uso anterior.
As placas permitem esse reconhecimento, a identidade visual
como o rótulo do produto traz, informações sobre ingredientes ou
composição, finalidade do produto, modo de uso, além do aspecto
informacional. Da mesma forma, as placas também agregam valores ao
produto.
Sendo assim, as empresas têm tido mais consciência da
importância destes novos meios de comunicar uma idéia e/ou uma
marca e, portanto, investem cada vez mais nisto. Afinal, Comunicação
Visual e Promoção são excelentes instrumentos de consolidação e
renovação de sua imagem ou mesmo ótimas ferramentas de vendas e
divulgação de produtos e serviços.
c) Objetivo Geral:
Confeccionar e instalar nas comunidades do PAE Eixo Forte,
placas de comunicação com os visitantes, fornecendo informações
básicas sobre cada comunidade.
d) Objetivos Específicos:
Facilitar a localização do turista no PAE Eixo Forte;
163
Divulgar datas importantes na comunidade, para os visitantes;
Padronizar a comunicação visual do assentamento.
e) Estratégias:
As placas deverão conter informações como: nome da
comunidade, frase de boas vindas; mapa de localização da comunidade
no assentamento; população; ano de fundação; principais produtos;
principais festividades, logomarca da Estação Turística, entre outras.
Figura 68 - FIGURA ILUSTRATIVA DOS PAINÉIS DE BOAS VINDAS
Fonte: EMATER/PA
As placas deverão ser instaladas em pontos estratégicos da
estrada, na entrada de cada comunidade.
Figura 69 - PAINÉIS DE BOAS VINDAS
164
As placas deverão medir 2,00 metros de largura por 3,50 metros
de altura.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Confeccionar e instalar 15
(quinze) placas de boas vindas
nas comunidades do PAE Eixo
Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Maior divulgação da Estação Turística do Eixo Forte;
Turistas bem informados sobre as comunidades do PAE Eixo
Forte.
6.3.2. Programa Produtivo
A implantação de um programa produtivo para o PAE Eixo Forte
deve priorizar estratégias de planejamento e gestão eficientes, voltadas
para o uso sustentável dos recursos naturais ainda disponíveis, na
recomposição de áreas onde esses recursos naturais encontram-se
praticamente exauridos, na perspectiva de se buscar um equilíbrio entre
a sustentabilidade ambiental e o aumento da produtividade dos
processos produtivos, gerando o desenvolvimento econômico
sustentável da região.
Com isso, as atividades inerentes ao programa produtivo visam à
identificação das potencialidades produtivas, a diversificação das
atividades econômicas, implementação de práticas agrícolas que elevem
a produtividade, e a definição da cadeia de produção e comercialização.
165
A confluência da proteção dos recursos naturais, juntamente com
a possibilidade do usufruto desses recursos pelas famílias assentadas,
sem que ocorra a deterioração do meio ambiente, é o principal objetivo
na implementação desse programa, que é alcançar o desenvolvimento
socioeconômico e ambiental sustentável do assentamento.
Figura 70 - OFICINAS DE PLANEJAMENTO DO PDA
Fonte; EMATER/PA
As atividades e demandas partiram da própria comunidade, onde
os seus desejos e expectativas, manifestados durante todo o período de
interação com a equipe técnica, foram respeitados. As informações que
serviram de base para elaborar os projetos produtivos para o
assentamento, foram coletadas durante diversas oficinas e reuniões da
equipe técnica com os moradores do assentamento, além de
levantamentos dos recursos naturais realizados no campo, possibilitando
a formulação de algumas estratégias.
Para execução das atividades propostas nesse programa
sugerimos a participação da comunidade em todas as etapas, desde o
planejamento até a elaboração de um cronograma eficiente e eficaz para
todas as fases da atividade.
As propostas geraram subprogramas que integram o Programa
Produtivo, assim delineado:
166
6.3.2.1. Subprograma Produção de Pequenos Animais
6.3.2.1.1. Projeto Galinha Caipira
a) Apresentação:
Um grupo de moradores do Eixo Forte, coordenados pela
Delegacia Sindical do STTR e assessorados pela Emater-Pará,
programou para 2004 uma discussão sobre criação de galinhas caipiras.
Dessa discussão nasceu a idéia de uma galinha “caboca”, genuinamente
amazônica, produto da miscigenação das raças de fundo de quintal
alimentadas com ração elaborada a partir de matéria prima da região.
O passo seguinte foi a realização de uma oficina. Programou-se
como produto dessa oficina a elaboração de um Sistema de Criação de
Galinhas Caipiras segundo a realidade do grupo. A metodologia adotada
consistiu na distribuição de material bibliográfico com antecedência de
15 dias e, durante a semana de realização do evento, o confronto da
informação técnica com o conhecimento empírico de cada um. O
resultado foi um sistema básico, que certamente será alterado na
condução do processo, mas que corresponde ao nível das técnicas
necessárias para a criação de galinhas caipiras, assimiladas pelo grupo.
b) Justificativa:
A demanda por galinha caipira vem crescendo de forma contínua
na região do assentamento. O calendário de realização de festas e
festivais no Eixo Forte já garante o consumo da produção atual de
galinha caipira na região. Além disso, é um produto bem procurado pelos
moradores da sede do município que transitam pela rodovia PA 457, por
ser a principal matéria prima para a elaboração de um dos pratos típicos
da região e vem se tornando cada vez mais raro nas feiras livres e
supermercados. Com a implantação da Estação Turística do Eixo Forte,
essa demanda certamente aumentará, e de olho nesse mercado, todas
167
as comunidades do assentamento elegeram a criação de galinha caipira
como um dos projetos de geração de renda para seus moradores.
Figura 71 - GALINHA CAIPIRA
c) Objetivo Geral:
Implantação de um Sistema de Produção de Galinha Caipira
envolvendo produtores(as) das comunidades de São Raimundo, São
Pedro, Jatobá, Santa Rosa, Ponta de Pedras, São Sebastião, Irurama,
Santa Luzia, Vila Nova, Ponte Alta, São Bráz, São Francisco, Santa
Maria, Pajuçara e Cucurunã.
d) Objetivos Específicos:
Gerar trabalho e renda para as famílias do PAE Eixo Forte;
Melhorar a qualidade do plantel de galinhas caipiras na região;
Garantir o fornecimento de galinha caipira para os eventos
festivos do assentamento;
Agregar valor ao produto final através da comercialização de
galinha caipira abatida e resfriada e galinha caipira defumada.
168
e) Estratégias:
A cadeia produtiva desenhada sugere etapas coletivas e
individuais de produção, dando início no que seria um empreendimento
coletivo, com base em unidades familiares.
Considerando-se o tamanho das propriedades, que na sua
maioria são pequenas chácaras de tamanho a partir de 2.500 m2, cada
família terá uma Unidade de Produção de Ovos Galados composta por
um galo e 10 matrizes, em galinheiro de 3,6 m2 e área de pastoreio de
50 m2. Os ovos serão enviados para a Unidade de Incubação de onde
cada família receberá 80 pintos de um dia. Esses pintos irão para
Unidades de Recria compostas por galinheiros de 20 m2, com área de
pastoreio de 240 m2, onde permanecerão por cerca de 120 dias, até
atingirem peso de abate. Cada família iniciará com 2 módulos para 80
aves, o que permitirá uma renovação do plantel a cada 60 dias.
Gradativamente, de acordo com a capacidade de expansão de cada
projeto, o prazo pode ser reduzido com a incorporação de novos
módulos.
Do projeto também constará uma Unidade de Produção de Ração
Orgânica, tendo como principais matérias primas o milho, a mandioca e
diversas espécies amazônicas que completarão a composição da ração.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Capacitar 200 produtores/as
para criação de galinha caipira
no sistema de criação indicado
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Implantar 150 Unidades
Familiares de Recria de Galinha
Caipira
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar 150 projetos de Criação
de Galinha Caipira
ATES,
FAMCEEF
PRONAF A
169
03 Implantar 50 Unidades de
Produção de Ovos Galados
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Elaborar 50 projetos de
Unidades de Produção de Ovos
Galados
ATES,
FAMCEEF
PRONAF A
06 Identificar propriedades que
receberão 03 Unidades de
Incubação para produção de
pintos de 1 dia
ATES,
FAMCEEF
INCRA
07 Elaborar 03 projetos de Unidade
de Incubação
ATES,
FAMCEEF
PRONAF A
08 Plantar de 10 ha de milho ATES,
FAMCEEF
INCRA
09 Elaborar 10 projetos de plantio
de Milho
ATES,
FAMCEEF
PRONAF A
10 Instalar 01 Unidade de Produção
de Ração Orgânica
ATES,
FAMCEEF
INCRA
11 Elaborar 01 projeto de Unidade
de Produção de Ração Orgânica
ATES,
FAMCEEF
PRONAF A
g) Resultados Esperados:
Essa primeira fase do projeto tem como principal resultado a se
esperar a organização dos produtores e da produção. A galinha caipira é
um produto com espaço garantido no mercado regional e a possibilidade
de crescimento do projeto é significativa.
Figura 72 - LOGOMARCA GALINHA “CABOCA”
Fonte; EMATER/PA
170
Com a produção mensal inicial, de 6.000 aves, é possível atender
a demanda interna do assentamento, através de seu calendário de
festas e festivais, da Estação Turística do Eixo Forte, dos restaurantes
do assentamento e a venda direta nos diversos pontos instalados no
assentamento. Para tanto, se desenvolverá todo um trabalho de
marketing, divulgando as características naturais do processo de
produção da galinha.
6.3.2.1.2. Projeto Caprinocultura
a) Apresentação:
Este projeto tem como finalidade garantir a incorporação de
culturas de maior valor agregado e criação de ovinos nos assentamentos
rurais e desta forma promover a ampliação da oferta de alimentos,
integrando-se à Política Estadual de Segurança Alimentar; bem como
identificar oportunidades de mercado para um planejamento agrícola que
viabilize culturas sem agrotóxico propiciando a sua inserção em nichos
de mercado com vistas à superação da pobreza na área rural. A criação
dos animais domésticos supracitados, de maneira sustentável, em
harmonia com o meio ambiente, através do manejo adequado, de
caráter preventivo e não mais curativo, respeitando a capacidade e
suporte dos solos e das pastagens naturais da Amazônia. Assim como
dando preferências para arranjos produtivos integrados, onde o
subproduto de um vegetal poderá servir de parte da alimentação de
pequenos ruminantes, aves e suínos permitindo ainda o aproveitamento
dos dejetos destes, através do uso de técnicas como a compostagem,
para adubação daqueles vegetais que serviram de alimento aos animais.
A interação homem, meio ambiente e animais devem prevalecer, porém,
o modelo de criação desses rebanhos está passando por um processo
de transição, onde o sistema convencional começa a ser substituído por
um modelo agroecológico, através de uma abordagem holística da
propriedade.
171
b) Justificativa:
A criação de animais se torna importante na sustentabilidade da
unidade produtiva familiar. Esses animais representam fonte de proteína
de primeira qualidade e seus derivados, com custo acessível, além de
promover geração de renda a médio e longo prazo para as famílias
assentadas.
No PAE Eixo Forte há um baixo desempenho quanto a criação
desses animais e isso se deve a vários fatores, entre eles, podemos
citar: falta de tecnologias adequadas utilizadas nos sistemas produtivos,
alimentação e manejo inadequados, baixo potencial genético do plantel,
falta de capacitação dos produtores para gerenciamento das
propriedades (EMATER, 2010). Conseqüentemente, instalam-se
sistemas de produção que muitas vezes tornam-se extrativistas e
predatórios, responsáveis pela disseminação de doenças. Haja vista,
que estas não apresentam sustentabilidade econômica levando os
produtores à falência, a uma baixa de qualidade de vida, degradação do
meio ambiente, desemprego e por fim ao êxodo rural. Este projeto visa
contribuir para um novo estágio de produção alicerçada na organização
social e capacitação dos produtores, no uso sustentável dos recursos
disponíveis na unidade familiar e na produtividade das áreas trabalhadas
a partir da diversificação de culturas e a geração de renda.
c) Objetivo Geral:
Potencializar, elevar e incentivar a produção e a produtividade de
caprinos e ovinos no PAE Eixo Forte, através de um dinâmico
acompanhamento técnico dentro dos princípios agroecológicos, os quais
visam geração de renda e a melhoria da qualidade de vida das famílias
assentadas.
172
d) Objetivos Específicos:
Proporcionar as famílias assentadas, alternativas para a geração
de renda;
Fortalecer as ações para o desenvolvimento da cadeia produtiva
de criação de pequenos animais no PAE Eixo Forte;
Articular e fortalecer as organizações dos assentados junto às
comunidades;
Capacitar e motivar as famílias assentadas quanto às práticas de
criação, manejo e prevenção sanitária dos animais para que
alcancem a eficiência reprodutiva e produtiva dos rebanhos, bem
como, dos seus produtos e subprodutos de origem animal;
Incentivar e fortalecer a verticalização da produção.
e) Estratégias:
As oficinas para elaboração do Plano de Desenvolvimento do
PAE Eixo Forte indicaram as comunidades de Pajuçara, Santa Maria,
Cucurunã, São Bráz, Irurama, Vila Nova, Ponte Alta, Santa Rosa, São
Sebastião, São Francisco, São Pedro e São Raimundo, como prioritárias
para a implantação de projetos de caprinos/ovinos.
Figura 73 - CAPRINOCULTURA
173
A produção de carne caprina/ovina no Brasil tem aumentado
muito nos últimos anos. O grande fator que colabora para este fato é o
elevado potencial de mercado consumidor nos grandes centros urbanos
(MATOS, Luis 2010). O criador familiar deve estar atento às exigências
do mercado consumidor, produzindo animais rústicos e com melhores
carcaças, sem descuidar da rentabilidade da produção. A qual está
diretamente ligada às instalações e o manejo.
Pastagens: os ovinos por terem hábitos muito seletivos de alimentação
cortam a forragem rente ao solo, precisam de pasto com altura no
mínimo cinco centímetros. Em 8:00 h de pastejo ingerem uma
quantidade de 1.200 g de matéria orgânica. Com gramíneas adequadas
à criação de ovinos como: Brachiarias, capim Elefante, e o gênero
Cynodon, Leguminosas como: Puerária, Calopogônio, Amendoim
forrageiro, Leucena e etc. O solo do pasto deve ser bem drenado, pois a
umidade faz com que aumente a predisposição dos animais a problemas
de casco e a infestações de vermes.
Centro de Manejo: é o local onde será feita a contenção dos animais
para vermifugação, vacinação, desmamas, aparos de cascos entre
outros.
Abrigo Noturno: aprisco deve ser construído de forma simples e de
baixo custo, de forma que permita segurança e conforto animal. Os
materiais devem ser os que estão disponíveis na propriedade como:
madeira para serem reaproveitadas, paus roliços, varas ou ripas de
bambu, palha, cavaco e etc. Pé direito com 2,5 m de altura, largura 4,0
m e comprimento 8,0 m, com divisões internas; Piso ripado com altura
do chão de 1,20 m; Piso de ripas de madeira de 5 cm x 1 cm com vão de
1,5 cm; Telhado com telhas de palha ou cavacos, duas águas e linha de
cumeeira no sentido leste-oeste; Oitões fechados com madeira; material
disponível na propriedade; Mureta lateral com 1,10 m de altura,
construída com madeira; Duas cortinas feitas de sacos de fibra ou lona,
no tamanho de 4,0 m x 1,8 m, reguláveis de baixo para cima nas
paredes laterais para proteger os animais dos fortes ventos e chuva.
Baia para 1 carneiro/bode adulto reprodutor de 3,00 m²/animal (3,00 m x
1,00 m); Baia para 6 ovelhas com cordeiros 2,00 m²/animal (3,00 m x
174
7,00 m) para até 10 animais. Projeção para cada fêmea conceber três
borregos ao longo de 2 anos; Corredor de passagem 1,00 m; Rampa
embarcadouro com 1,80 m de comprimento, 0,80 m de largura e 1,00 m
de altura com cercas laterais de 0,80 m de altura; Rede elétrica para
alimentar 1 lâmpada de 100 W/aprisco; Cocho de madeira para sal
mineral ou alimentação de 0,20 m de largura x 0,40 m de profundidade x
2,40 m de comprimento; Bebedouro para os animais com capacidade
em média 8 litros d’água por animal.
Abate para consumo e ou comercialização se dará pelos oito
meses a um ano de idade dos animais. Onde os machos deverão ser
castrados com pouca idade, no período do aleitamento.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Capacitar 30 famílias assentadas
do PAE Eixo Forte em sistema
agrossilvipastoril;
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Implantar 02 (duas) Unidades
Demonstrativas
Agrossilvipastoris
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Orientar a elaboração de 30
Planos de Negócios para
exploração de caprinos/ovinos
de corte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Promover 03 (três) palestras
sobre essências florestais no
sistema agrossilvipastoril
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Melhoria na qualidade de vida e autonomia econômica das
famílias assentadas, utilizando práticas agrossilvipastoris na criação e
175
manejo dos pequenos animais e permitindo a integração das diversas
fases da cadeia produtiva das espécies animais e vegetais envolvidas,
formando um ciclo sustentável.
6.3.2.1.3. Projeto Criação de Peixes em Tanque Rede
a) Apresentação:
A criação de peixes em tanques-rede (gaiolas flutuantes) é uma
técnica recentemente implantada na aquicultura brasileira, que vem se
expandindo com sucesso no Estado, tornando-se popular devido ao fácil
manejo e rápido retorno do investimento, além de ser excelente
alternativa para a produção de peixes em cursos d'água onde a prática
da piscicultura convencional torna-se impraticável.
Por não precisar construir barragens e diques, a alternativa da
criação de peixes em tanques-rede é perfeita do ponto de vista da
proteção ambiental, constituindo-se em atividade que apresenta mínimo
impacto e degradação ao meio ambiente e, também, por possibilitar o
aproveitamento de ambientes aquáticos já existentes (rios, igarapés,
lagos, açudes, etc.).
Diante deste contexto, e levando-se em consideração a
preocupação em se garantir a segurança alimentar mediante o
aproveitamento dos abundantes recursos hídricos existentes no PAE
Eixo Forte, o projeto de cultivo de Tambaqui em tanque-rede tem como
proposta também agregar renda as atividades existentes no
assentamento e possibilitar uma melhor qualidades de vida aos
beneficiários.
b) Justificativa:
A situação de vulnerabilidade que vive as famílias assentadas
com relação às condições de vida e ao acesso a bens e serviços
constituem-se em um determinante negativo para indicadores de saúde,
176
como por exemplo, a probabilidade de morrer antes do primeiro ano de
vida e a desnutrição em crianças menores de 10 anos de idade. Todo o
anterior favorece a instalação de situações de insegurança alimentar e
nutricional o que leva a certa dependência das chamadas políticas
compensatórias.
Embora a Amazônia tenha sido considerada uma região de
fartura, ainda uma parcela significativa de sua população apresenta
dificuldades para o acesso e alimentação. Este panorama nutricional
também é favorecido nestas comunidades pela falta de aproveitamento
de recursos locais, mostrando um aproveitamento insuficiente do
potencial nutritivo dos alimentos que produzem.
Visando produzir e disponibilizar no PAE Eixo Forte alimento de
qualidade e boa procedência, o presente projeto tem sua importância
fundamentada na carência das comunidades e na necessidade de se
amenizar tais carências.
Outro aspecto a se observar é a pressão sobre os estoques
pesqueiros, no lago do Juá. Embora exista um acordo de pesca onde a
pesca predatória é evitada, pela proximidade do lago do centro urbano, a
pressão externa é intensa e faz-se necessário pensar em alternativas
que minimizem este efeito. A criação de peixes em tanques-redes
diminui diretamente a pressão sobre o estoque, através da substituição
da pesca pela criação, e indiretamente, pelo aproveitamento dos
resíduos da alimentação lançada nos tanques, pela fauna local,
estimulando o aumento populacional.
c) Objetivo Geral:
O presente projeto tem por objetivo o cultivo de Tambaqui
(Colossoma macropomum) no sistema intensivo em tanques-redes no
lago do Juá.
177
d) Objetivos Específicos:
Produção de proteína animal de qualidade;
Melhorias quantitativas e qualitativas na dieta alimentar dos
assentados;
Ocupação e geração de renda;
Redução da pressão sobre os estoques pesqueiros.
e) Estratégia:
Famílias de pescadores de cinco comunidades participarão do
projeto: Cucurunã, Santa Maria, São Brás, Irurama, Vila Nova e São
Pedro.
Figura 74 - PISCICULTURA EM TANQUE REDE
A aquisição dos materiais (insumos e investimentos) e execução
da capacitação será no primeiro mês de execução do projeto, salvo a
ração que será adquirida de acordo com o período do cultivo.
Para o inicio do cultivo será utilizada ração farelada 55% já que os
animais pretendidos estarão com media de 5,0 a 7,0 cm. Para se efetuar
o calculo de ração para os meses iniciais será utilizada uma
percentagem do peso total da biomassa (PB). No primeiro mês serão
utilizados 10% da biomassa total. Para o mês 2 será utilizado 7% da
178
biomassa total e a ração a ser administrada será de 45% de PB; no mês
3 será utilizado 5% da biomassa total e a ração a ser administrada será
de 36% de PB; no mês 4, será utilizado 2% da biomassa total e ração
extrusada 28% PB; mês 5, será utilizado 1,5% da biomassa total e
ração extrusada 28% PB; nos meses de 6 a 9 será utilizado 1% da
biomassa total e ração extrusada 28% PB; para os demais meses será
utilizado 1% da biomassa total e ração extrusada 22% PB.
Nos três primeiros meses o arraçoamento diário será fracionado
em quatro porções. Duas vezes pela manhã e duas à tarde. A partir do
sexto mês passara a ser fornecida em duas porções diárias pela manhã
e ao final da tarde.
A biometria dos animais deverá ser realizada mensalmente, e
consistirá no acompanhamento do crescimento e do ganho de peso do
animal. Onde através de uma amostra será realizada o cálculo para a
obtenção da biomassa total.
Ao final do ciclo - 12 meses - será realizada a despesca total dos
tanques redes e uma limpeza adequada para a realização de um novo
peixamento.
Visando minimizar ao máximo os impactos ambientais que
poderão ocorrem com o cultivo o proponente tomará como medidas
mitigadoras:
Não cultivar espécies não nativas a região (exóticas), evitando
assim que caso haja um sinistro que possa levar os animais a
saírem dos tanques rede os mesmos possam ser introduzidos na
natureza uma vez que estes são nativos da região, não
ocasionando impactos para o meio ambiente como predação de
outras espécies, competição por alimento ou degradação do
meio;
Utilizar-se de cálculo de ração para determinar quantidade a ser
administrada no cultivo, evitando-se assim lançar na água mais
do que o animal comeria. Reduzindo assim alterações na
qualidade da água, devido a decomposição desta sobra de ração.
O que também ajuda o produtor a diminuir custos uma vez que a
ração ainda é um dos gargalos da piscicultura na região.
179
e) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Capacitar 45 pescadores/as para
criação de peixe em tanque-rede
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Implantar 02 Unidades de
Observação
ATES,
FAMCEEF
INCRA
f) Resultados Esperados:
Contribuir para segurança alimentar dos assentados;
Produção de proteína animal de qualidade;
Melhorias quantitativas e qualitativas na dieta alimentar dos
comunitários;
Geração de renda e ocupação além de redução da pressão sobre
os estoques pesqueiros.
6.3.2.1.4. Projeto de Fortalecimento da Meliponicultura
a) Apresentação:
Apesar de a região amazônica oferecer condições ecológicas e
clima favoráveis à implementação de projetos de meliponicultura, essa
atividade ainda não possui uma legislação quanto a criação de abelhas
sem ferrão e a comercialização do mel, isso devido a grande variação de
espécies existentes.
A meliponicultura é uma atividade sustentável, pois
ecologicamente criar abelhas significa trabalhar para sua preservação e
tem um papel muito importante para manutenção da floresta.
Economicamente viável, pois o mel produzido pelas abelhas nativas é
diferenciado e tem mercado garantido. E socialmente justo, pois os
180
beneficiários serão as populações do assentamento que por tradição e
vocação já criam estas abelhas.
A exploração do mel de abelha e outros produtos das colméias
tem se revelado uma boa alternativa para geração de renda extra ao
homem do campo, já que muito pouco interfere nas suas atividades
rotineiras, no trato de suas culturas, melhorando, inclusive a
produtividade das arvores frutíferas pela ação polinizadora das abelhas.
Com a implantação das ações previstas neste projeto podemos
afirmar que a cadeia produtiva da meliponicultura estará mais
consolidada nessas comunidades, proporcionando meios dos
beneficiários terem aumento real em sua renda, com melhoria na
qualidade de vida e do meio ambiente bem como na sua alimentação.
b) Justificativa:
As abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae),
diferentemente das Apis mellifera (italianas, africanas ou ainda,
européias), como o próprio nome diz, não possuem glândula de veneno,
nem ferrão. São abelhas nativas que produzem um mel bem
característico, muito apreciado por todos que o provam. Além do mel,
estas abelhas têm um papel importantíssimo na manutenção da floresta:
são polinizadores de até 90% das plantas dependendo da região (Kerr et
al., 1996). A retirada indiscriminada de ninhos de abelhas sem ferrão,
sem dúvida, irá afetar o desequilíbrio das populações da floresta pela
conseqüente escassez de polinizadores o que inviabilizaria a reprodução
dessas plantas e diminuiria sua freqüência em poucas gerações. Além
de aumentar a abundância de frutos, a criação de abelhas sem ferrão
(Meliponicultura) é uma atividade que pode aumentar a renda do
agricultor podendo ser conduzida, até mesmo, por crianças e jovens que
teriam ocupação em horas vagas, além de promover uma postura
ecológica mais atuante de todos os envolvidos. A Amazônia possui mais
de 200 espécies de abelhas sem ferrão, das aproximadamente 400
espécies que existem em todo o mundo. Tanto potencial pode e deve
ser aproveitado, implementando a produção agrícola do produtor
181
familiar, dando-lhe mais opções para a melhoria de sua qualidade de
vida, tendo ganhos em diferentes aspectos, seja no aumento de renda
bruta, pela venda direta dos produtos das abelhas ou serviços afins
como confecção de colméias para a criação racional e acessórios para a
Meliponicultura, seja na conservação do ambiente em que vive e do qual
é dependente.
O que estamos propondo são ações de fortalecimento da
atividade de meliponicultura e da organização dos produtores que vem
desenvolvendo a atividade e para os que a pretendem iniciar, em todas
as comunidades do assentamento, conforme indicativo das oficinas de
planejamento do PDA do PAE Eixo Forte.
Figura 75 - MELIPONICULTURA
c) Objetivo Geral:
Estruturar a cadeia produtiva do mel produzido pelas abelhas sem
ferrão nas propriedades do PAE Eixo Forte, no município de Santarém.
d) Objetivos Específicos:
Educar as famílias sobre a importância das abelhas sem ferrão
para ecossistema;
182
Capacitar os produtores na criação racional das abelhas sem
ferrão e prestar assistência técnica na construção e instalação de
meliponários, no manuseio das colméias e na coleta e
processamento do mel;
Organizar a produção, coleta e comercialização do mel das
abelhas sem ferrão.
e) Estratégias:
Para atingir os objetivos, o projeto tem como metodologia a ser
empregada, o princípio da participação dos beneficiários em todas as
atividades do projeto, envolvendo todos os atores envolvidos nas ações
do projeto, entre elas:
Planejamento Estratégico das Ações: O proponente, parceiros e a
comunidade em geral realizarão tão logo que inicie o projeto um
planejamento com base nas metas e atividades propostas assim
definindo melhor as atividades, prazos, responsáveis, indicadores,
parceiros, etc.
Cursos Técnicos: Serão capacitados produtores que já têm uma
iniciativa ou interesse em trabalhar com meliponicultura, sendo que essa
capacitação visa o aprimoramento no desenvolvimento da atividade
dentro das técnicas de manejo racional e ambiental das colméias, além
de aumentar a produtividade e as boas práticas a meliponicultura.
Intercâmbio: Atividade a ser desenvolvida por grupo de produtores do
PAE. A visita será feita nas unidades de produção dos meliponicultores
do município ou região. Esta atividade constitui de vista aos meliponários
e troca de conhecimentos e experiências entre os criadores com a
supervisão de um técnico do projeto.
Assistência Técnica: É o acompanhamento feito junto aos
meliponicultores em suas propriedades. Esta atividade é muito
importante para o processo de formação e a aprimoramento das
técnicas de manejo adequado. A meta é realizar visitas uma vez por mês
a cada meliponicultor em suas unidades de produção (meliponário).
183
Comercialização: Junto com os beneficiários, organizar um plano de
comercialização do mel e capacitar os meliponicultores para
comercialização de seus produtos.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Realizar 02 (dois) cursos
temáticos com 16 h de duração
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Capacitar 60 (sessenta)
meliponicultores para produção
de mel e pólen.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Orientar a elaboração de 60
Planos de negócio para criação
de abelhas nativas
04 Elaborar 500 (quinhentos)
folders sobre a importância da
meliponicultura para a
manutenção da floresta
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Realizar 04 (quatro)
Intercâmbios
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Implantar num período de 01 ano 350 colméias racionais;
Aumento da capacidade de produção em 50 % num período de
02 anos;
Aumento da produção com a implantação de técnicas adequadas
de manejo nos meliponários;
Boas práticas de manejo sendo executadas pelos
meliponicultores;
Agregar valor aos produtos;
Aumento da renda dos meliponicultores;
184
Facilitar a comercialização dos produtos.
6.3.2.2. Subprograma Olericultura Agroecológica
A agricultura orgânica é uma das atividades que mais se
desenvolve no mundo. Cresce a uma taxa anual de 10% no Brasil, 20%
nos Estados Unidos e 25% na Europa. Além disso, grande parte da
sociedade tem despertado para a importância de se ingerir alimentos
saudáveis e da utilização de modos de produção que preservem o meio
ambiente.
Pesquisa realizada pela Embrapa mostra um cenário da
agricultura brasileira: mais consumidores, mudanças de hábitos
alimentares e maior procura por produtos agropecuários de boa
qualidade. Por estes motivos, cada dia mais a agricultura orgânica tem
chamado a atenção não só de produtores, mas da sociedade em geral.
Atualmente, a demanda por alimentos orgânicos supera a oferta do
produto.
6.3.2.2.1. Projeto Hortas Orgânicas
a) Apresentação:
Produção orgânica, muito mais do que uma produção que não
usa agrotóxico, é uma produção baseada em tecnologias limpas e
sustentáveis para gerar produtos dentro de boas práticas de segurança
alimentar.
A produção orgânica é o resgate de uma técnica de cultura
esquecida com a implantação da Revolução Verde no pós-guerra.
A Revolução Verde, que na realidade foi a Revolução da Indústria
Química, erguendo a bandeira da erradicação da fome, abandonou as
boas práticas da segurança alimentar.
Passado este período, pelos efeitos da massificação da
informação com a ampla divulgação das notícias pela mídia, o cidadão
185
comum passa a tomar conhecimento de verdadeiros desastres
ecológicos, com graves conseqüências para a saúde humana. Descobre
o risco que corre ao consumir um alimento produzido de forma
convencional, potencialmente contaminado com resíduos tóxicos.
É nesse cenário de sucessivas crises que geraram um quadro de
desconfiança, que os produtores orgânicos passam a receber o apoio da
população. Conhecendo os princípios da produção orgânica, o cidadão
passa a identificá-la como referência de alimento de qualidade.
A produção orgânica criou o paradigma de que a produção de
alimento não é um assunto exclusivamente mercantilista. É preciso estar
associado a preceitos ecológicos, sanitários e éticos. A produção
orgânica utiliza-se de tecnologias limpas e sustentáveis.
b) Justificativa:
É um sistema de produção que se caracteriza por diversificação
de espécies vegetais, manejo adequado do solo, uso de adubos verdes,
de adubos orgânicos (estercos, húmus, compostos, etc), rotações de
cultura, controle biológico e outras técnicas combinadas.
A produção orgânica emprega, em grande parte, técnicas
originadas na observação da natureza.
A pesquisa tem revelado métodos que agilizam os processos
existentes na natureza. Um grande exemplo é a utilização de
compostagem para a nutrição das culturas.
Na natureza, os resíduos orgânicos (folhas, insetos, etc.) são
processados pela microflora existente, transformando em adubos para
serem utilizados pelas plantas. Esse é o processo existente nas matas.
O homem aperfeiçoou o processo para gerar adubo para a
nutrição das culturas pelo método da compostagem.
A pesquisa científica tem comprovado que o mais importante na
produção orgânica é manter a cultura bem nutrida, com solo em
equilíbrio.
Outra técnica empregada na agricultura orgânica é da policultura,
ou seja, manter o ambiente de cultivo com uma boa diversidade de
186
culturas. Essa técnica procura manter em harmonia as pragas e seus
predadores.
Quando, por qualquer motivo da natureza, acontecer um
desequilíbrio, entra em ação métodos naturais de combate às pragas e
doenças para reequilibrar o ambiente. Para inibir ou eliminar as pragas e
doenças são utilizados caldas e métodos à base de plantas.
A água utilizada na irrigação das culturas é obrigatoriamente
limpa, proveniente de fontes ou mananciais sem qualquer contaminação.
O manejo do solo segue um conjunto de regras que proporcionam
o uso sustentável, sem degradação.
O plantio é feito em curva de nível para evitar a lavagem da terra
pela água da chuva ou da irrigação.
São aplicadas as técnicas de adubação verde e rotação de
cultura. A adubação verde, entre outras propriedades, é feita para
aumentar a matéria orgânica do solo e intensificar a ação de organismos
benéficos. A rotação de cultura, entre outras propriedades, é feita para
não esgotar o solo de determinados nutrientes, já que cada cultura
consome mais um nutriente do que outro. Além disso, a rotação quebra
o ciclo das pragas com a troca da cultura para outra que tem outros
predadores.
A produção orgânica tem uma garantia adicional para o
consumidor: a garantia de qualidade orgânica dada pelas organizações
certificadoras que atestam que a produção seguiu as boas práticas
recomendadas. Todos os produtos com a identidade orgânica passam
por um processo de fiscalização que garante que foram produzidos
pelos métodos limpos estabelecidos nas normas das certificadoras.
c) Objetivo Geral:
Gerar trabalho e renda para famílias do PAE Eixo Forte, através
da implantação de um Sistema de Produção de Hortaliças Orgânicas.
187
d) Objetivos Específicos:
Melhorar a qualidade da alimentação dos moradores do PAE Eixo
Forte;
Abastecer com produtos “limpos” as pousadas da Estação
Turística do Eixo Forte;
Difundir entre os produtores de hortaliças orgânicas, princípios de
associativismo.
e) Estratégia:
Os produtores do PAE Eixo Forte elegeram todas as
comunidades para produção de hortaliça orgânica, com vistas ao
promissor mercado que se apresenta, considerando-se a implantação do
projeto turístico, a proximidade com a sede do município, além do
constante fluxo de pessoas na rodovia PA 457.
Figura 76 - OLERICULTURA ORGÂNICA
A implantação dos projetos produtivos vai exigir um amplo debate
entre os produtores envolvidos, pois o que se pretende é a formatação
de um Sistema Integrado de Produção, onde as unidades produtoras de
hortaliças serão individuais, mas o planejamento e a comercialização
serão realizados de forma coletiva.
188
Nesse sistema os resíduos de uma unidade produtora servirão de
matéria prima em outra, diminuindo custos e eliminando a produção de
lixo. Assim, resíduos da produção de hortaliças alimentarão aves,
caprinos e peixes. As fezes desses animais adubarão hortaliças e
fruteiras. A mucilagem do curauá integrará a ração de caprinos e aves, e
assim por diante.
e) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Capacitar 100 famílias em
Olericultura Orgânica
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Elaborar de forma participativa
60 Planos de Negócio de
produção de hortaliças
orgânicas
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Implantar 05 Hortas Orgânicas
de 0,25 ha, em cada
comunidade selecionada
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Elaborar 60 projetos de Hortas
Orgânicas
ATES,
FAMCEEF
PRONAF A
g) Resultados Esperados:
Com a implantação do projeto de Hortaliças Orgânicas espera-se
suprir a demanda da Estação Turística do Eixo Forte e abastecer as
feiras e minimercados do assentamento de produtos de qualidade.
Espera-se também congregar os produtores em torno de uma
organização associativista que facilite o processo produtivo e possibilite
aos associados uma visão de futuro promissora para o empreendimento.
189
6.3.2.2.2. Projeto Flores do Eixo Forte
a) Apresentação:
Planta ornamental é toda planta cultivada por sua beleza. São
muito usadas na arquitetura de interiores e no paisagismo de espaços
externos. Há indícios que desde os primórdios da humanidade, algumas
espécies como o lírio branco (Lilium candidum) eram cultivados para
esse fim (o lírio branco, especificamente, foi registrado em pinturas da
civilização minóica, sendo este o registro mais antigo do cultivo desta
espécie).
As espécies ornamentais foram selecionadas pelos humanos a
partir de caracteres visualmente atraentes, como flores e inflorescências
vistosas, coloridas e perfumadas, folhagem de cores e texturas distintas,
formato do caule, ou por seu aspecto geral. Ao longo do tempo, os
homens perceberam que poderiam aprimorar qualidades desejáveis em
uma planta a partir de cruzamentos entre indivíduos particularmente bem
dotados. Assim começaram a surgir novas variedades, com novas cores,
flores maiores e mais duráveis, mais resistência ao clima ou a
predadores. As rosas, cultivadas há milênios no Oriente Médio, já não se
apresentam mais em seu estado original, mas a imensa variedade de
formas e híbridos obtidos ao longo de todos esses anos de cultivo são
sintomáticos da capacidade humana de transformar a natureza para
atender suas necessidades.
A descoberta da América em 1492 trouxe ao Velho Mundo uma
nova fonte de plantas ornamentais completamente diferentes das que se
cultivava havia milênios. Bromélias, orquídeas, aráceas e muitas outras
foram prontamente levadas à Europa e se tornaram extremamente
populares. As expedições ao Sudeste Asiático a partir do Século XVI
revelaram aos europeus outra grande fonte de espécies desconhecidas
e exóticas, que até hoje concorrem com as espécies americanas em
popularidade nas estufas e jardins tropicais.
190
b) Justificativa:
A floricultura brasileira começou a se destacar como atividade
agrícola de importância econômica há mais de 20 anos, mas foi nos
últimos 10 anos que se verificou um crescimento significativo da oferta
de alguns produtos da floricultura e do paisagismo, em função da opção
de produtores, situados próximos de importantes centros de consumo,
de entrar nesta atividade na busca de uma alternativa rentável para suas
pequenas propriedades rurais. Com o desenvolvimento de pesquisas
próprias e incremento à produção, a floricultura está se tornando uma
nova realidade econômica.
O Brasil tem grandes chances de se tornar um significativo
produtor e exportador de flores e plantas ornamentais no cenário
mundial, porém há desafios a serem vencidos e que representam a
utilização da aplicação de tecnologias avançadas nos sistemas de
produção, uso de material genético adequado, treinamento e
capacitação da mão de obra, profissionalismo nas áreas gerencial,
comercial, de logística e distribuição, explorações das aptidões
regionais, organização das estruturas comerciais e incentivos a
tecnologias de embalagem e pós-colheita.
No segmento de flores o consumo anual per capita médio está em
torno de R$ 8,00 a R$ 9,00, o que representa um mercado visivelmente
pouco explorado, mesmo quando não se compara com o consumo de
países desenvolvidos. Anteriormente a 1994, com o mercado fechado e
uma alta inflação não era necessário muito tino empresarial para fazer
sucesso. A improdutividade era disfarçada e o mercado era
indubitavelmente de demanda, colocando o varejo numa posição
confortável. De 1994 até nossos dias passamos a sentir o que significa
uma economia de mercado. A globalização desfez barreiras e os
produtos importados chegaram com grande impacto, gerando
desemprego e estimulando muitas pessoas a abrirem seu próprio
negócio. Este movimento trouxe para o mercado pessoas nem sempre
bem preparadas, não apenas no negócio de flores, mas de um modo
geral para o gerenciamento de uma loja de varejo.
191
O Brasil atual tem de um lado um enorme mercado que é
competitivo e pode crescer até quatro vezes nos próximos anos, mas de
outro lado, um mercado ainda muito imaturo, que necessita de
coordenação e orientação para crescer.
A região do Norte representa apenas 1% da produção nacional,
com 90 ha de produção e 156 produtores.
Dentro desse contexto, o município de Santarém praticamente
não aparece nas estatísticas nacionais, dado o caráter incipiente da
floricultura local.
c) Objetivo Geral:
Gerar trabalho e renda para famílias do PAE Eixo Forte, através
da implantação de um projeto de produção e comercialização de flores
tropicais.
d) Objetivos Específicos:
Ampliar as opções de mercado para produtos do PAE Eixo Forte;
Desenvolver sistema de gestão e organização entre produtores
de flores tropicais no PAE Eixo Forte;
Melhorar o desempenho comercial do segmento, implantando
estratégias de marketing para implementar a participação nos
mercados.
e) Estratégia:
Para se estabelecer no mercado local e posteriormente no
regional, o produtor de plantas ornamentais do Oeste do Pará deve
procurar se organizar, profissionalizando-se desde a produção até a
comercialização no atacado e no varejo, procurar maiores informações
junto a entidades que possam lhe oferecer dados de pesquisas para
192
alcançar a melhoria da qualidade de seus produtos e acima de tudo unir
as forças através do associativismo para alcançar seus objetivos.
Importante lembrar a estratégica localização do Eixo Forte em
relação ao mercado local, o que pode contribuir sobremaneira para o
fortalecimento dos produtores perecíveis do assentamento.
Figura 77 - FLORICULTURA
As oficinas de planejamento do PDA indicam as comunidades de
Jatobá, São Pedro, Santa Rosa, Ponte Alta, Vila Nova, Irurama, São
Sebastião, Ponta de Pedras, São Francisco, Santa Maria, Pajuçara, São
Bráz e Cucurunã como potenciais produtoras de flores tropicais no
assentamento. Algumas iniciativas como o projeto Sanflor e COOPAC já
colocam uns poucos produtores do Eixo Forte no mercado local de flores
e mudas de plantas ornamentais.
A estratégia de produção e comercialização de flores tropicais no
Eixo Forte prevê a organização da categoria e criação de espaços de
comercialização para flores de corte e mudas de plantas ornamentais.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Capacitar 40 famílias em
Floricultura Tropical
ATES,
FAMCEEF
INCRA
193
02 Implantar 04 ha de Flores
Tropicais de corte
ATES,
FAMCEEF
INCRA -
PRONAF A
03 Construir 40 Viveiros de
mudas de Plantas
Ornamentais
ATES,
FAMCEEF
INCRA -
PRONAF A
04 Implantar espaço para
comercialização de flores, no
Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Elaborar de forma
participativa 40 Planos de
Negócio de produção de
Flores Tropicais
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Realizar Festival das Flores
do Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
07 Realizar Intercâmbio com
produtores do nordeste
paraense, através do Flor
Pará (Frutal)
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Com a implantação do projeto Flores do Eixo Forte, espera-se
tornar a área do assentamento, referência regional em produção e
comercialização de flores tropicais.
194
6.3.2.3. Subprograma Mandioca
6.3.2.3.1. Projeto Fortalecimento do Cultivo da Mandioca
a) Apresentação:
A mandioca é cultivada desde antes do descobrimento do Brasil,
pelos indígenas e representa, atualmente, a subsistência e a segurança
alimentar para milhões de brasileiros, em todas as regiões do país.
No sul e sudeste do Brasil, a cultura da mandioca vem passando
por um processo de modernização de seu cultivo, que fornece matéria
prima para a produção de alimentos, como a farinha e a fécula para a
indústria.
Na região norte, o sistema de cultivo predominante é ainda o
processo rudimentar de derruba e queima, com utilização de baixos
níveis tecnológicos, resultando em produtividades inferiores a 15
toneladas por hectare. Situação que se agrava ainda mais quando
falamos da região do Eixo Forte, onde a produtividade média é de 9,4
t/ha. Esse arcaico sistema de produção se traduz num enorme desgaste
humano, sem a devida e justa compensação financeira que o dispêndio
físico deveria proporcionar.
Mas o baixo nível tecnológico dos agricultores do assentamento
não pode ser explicado apenas pela falta de tecnologias adequadas
colocas à sua disposição, mas também pela falta de capacidade e
condições de inovar, pois o seu desempenho e a viabilidade das suas
atividades dependem de um conjunto de fatores e agentes que formam
um sistema integrado e harmônico, que requer ações sistêmicas e
multidisciplinares.
Mesmo assim, através de inovação tecnológica simples, tem se
verificado que o assentado é capaz de dobrar a produtividade da cultura
da mandioca sem adicional de custos financeiros, sendo necessário
apenas que adote mudanças no sistema de produção da cultura. O que
está sendo proposto neste projeto é um sistema tecnológico conhecido
195
como O Trio da Produtividade na Cultura da Mandioca, um processo
simples que valoriza o potencial genético da cultura pela utilização no
plantio de manivas-semente, o arranjo espacial entre as plantas e a
concentração das capinas nos primeiros 150 dias da cultura.
b) Justificativa:
O cultivo da mandioca é de grande relevância econômica no
município de Santarém, especialmente no PAE Eixo Forte. Segundo o
IBGE/2009 o município de Santarém possui aproximadamente vinte mil
hectares plantados, com uma produtividade de aproximadamente doze
toneladas de raiz por hectare, produtividade esta considerada baixa em
comparação com a produtividade de outros estados, sendo que no PAE
Eixo Forte identificou-se uma produtividade ainda menor. O presente
projeto propõe aumentar essa produtividade através do consórcio da
mandioca com outras espécies alimentares de ciclo curto, como feijão,
milho e arroz. Bem como, a implantação de novas tecnologias de baixo
custo, também conhecidas como “Trio da Produtividade,” que preconiza
o uso de manivas-semente, espaçamento e capinas no sistema de
produção de mandioca.
c) Objetivo Geral:
Mediante acompanhamento técnico, promover a geração de
renda com garantia de segurança alimentar a partir do cultivo da
mandioca, e toda a cadeia produtiva do produto, incentivando os
produtores familiares que desenvolvem esta atividade, propiciando maior
segurança e respaldo técnico para o desenvolvimento da atividade.
c) Objetivos Específicos:
Realizar levantamento de produtores com potencial para o
desenvolvimento do cultivo da mandioca;
196
Orientar os agricultores familiares sobre a importância da
introdução de novas tecnologias;
Motivar os agricultores sobre as práticas ideais de colheita e
beneficiamento da produção;
Incentivar a verticalização da produção através do associativismo
na fase de industrialização do produto;
Implantação de agroindústrias de farinha e derivados nas
comunidades indicadas;
Fortalecer a organização dos produtores.
d) Estratégias:
Nas oficinas de planejamento para elaboração do PDA, os
assentados orientaram a produção de mandioca para todas as
comunidades do assentamento. As comunidades de Cucurunã, São
Brás, Santa Maria, Irurama, Vila Nova respondem atualmente por mais
de 60% da produção de mandioca da região do assentamento PAE Eixo
Forte.
Figura 78 - MANDIOCA
Neste projeto serão trabalhados três componentes do sistema de
produção da cultura da mandioca, proporcionando aumento na
197
produtividade das raízes sem elevar o seu custo de produção, através
da adoção da tecnologia “Trio da produtividade”, assim descrita:
Seleção e preparo de material para plantio: recomenda-se
retirar manivas de plantas com idade entre 8 a 12 meses, da parte
mediana da planta, eliminando a parte inferior fibrosa (que corre o
risco de não brotar) e a parte superior herbácea (que pode não
germinar). Fazer o corte reto de manivas (nunca em bisel ou bico
de gaita) no tamanho de 20 cm, contendo de 5 a 7 gemas. O
corte reto permite aumentar o número de raízes na planta, tendo
como resultado o aumento de produção. No aspecto fitossanitário
devem-se eliminar as plantas doentes que não servem para
propagação de material. No corte das manivas devem-se eliminar
também as atacadas por doenças que apresentam geralmente
manchas de coloração marrom no centro ou as brocadas por
pragas.
Espaçamento: plantar em fileiras duplas no espaçamento de
1,00 m x 1,00 m.
Capinas: a falta do controle do mato resulta em perdas na
colheita de até 90% e representa 35% do custo de produção. As
capinas devem ser feitas com enxada e realizadas durante os 150
dias após o plantio da mandioca que é o período de formação das
raízes.
É importante que as manivas sejam plantadas no início das
chuvas em covas com profundidade média de 10 cm, com as estacas
colocadas na posição horizontal.
Serão implantadas agroindústrias de farinha, de pequeno porte,
nas comunidades de: São Raimundo, São Pedro, Santa Rosa, Irurama,
Vila Nova, São Bráz, Cucurunã e Santa Maria, conforme resultado das
oficinas de planejamento do assentamento.
198
Figura 79 - CASA DE FARINHA
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Manter os atuais 100 hectares
plantados de mandioca
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Duplicar a produtividade da
mandioca através da adoção
do Sistema de Produção
apropriado
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Capacitar 350 produtores de
mandioca no Sistema de
Produção Trio da
Produtividade
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Realizar oficinas para
elaboração de Planos de
Negócio para todos os
produtores de mandioca do
assentamento
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Elaborar 100 projetos para
cultivo e produção de
mandioca no Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA/
PRONAF A
199
06 Instalar 08 agroindústrias de
farinha
ATES,
FAMCEEF
INCRA/
PRONAF A
g) Resultados Esperados:
Duplicar a produtividade da cultura;
Capacitação técnica dos assentados;
Diversificação da produção;
Criar um modelo de produção de mandioca para os assentados;
Garantia de geração de renda as famílias produtoras;
Padronização na produção de farinha do Eixo Forte;
Produtores de mandioca organizados.
6.3.2.4. Subprograma Fruteiras Tropicais
6.3.2.4.1. Projeto Fortalecimento da Fruticultura Tropical no Eixo
Forte
a) Apresentação:
O setor da fruticultura na Amazônia é considerado a quarta
atividade mais significante na Amazônia, porém do ponto de vista social
tem um importante papel na distribuição de renda para a população, por
envolver milhares de pequenos produtores com suas respectivas
famílias bem como o setor da industrialização.
É um ramo que envolve grande quantidade de mão de obra,
sendo ideal para a agricultura familiar, principalmente quando explorada
em forma de sistema agroflorestais, alem de ser forte geradora de renda,
mantendo um fluxo constante para toda a cadeia produtiva.
Mais especificamente na região do Baixo Amazonas, além do açaí
e de outras espécies regionais como o cupuaçu e taperebá, que se
destacam pelos sabores e aroma, existe também um grande potencial
200
econômico através da produção de frutas exóticas como abacaxi,
maracujá, acerola, manga, laranja, graviola entre outras.
Boa parte das frutas amazônicas tem hoje forte apelo comercial
no Brasil e no mundo, pela curiosidade que despertam e pelos sabores
únicos cada vez mais apreciados.
b) Justificativa:
Um ponto importante da fruticultura na região é a sua
complementação na dieta alimentar das famílias de agricultores, sendo
fonte de água, calorias, celulose, carboidratos, vitaminas, minerais e até
mesmo proteínas. Além do valor alimentício o cultivo de frutíferas
apresenta outros pontos importantes para o contexto socioeconômico da
região do Baixo Amazonas como:
Utilização intensiva de mão-de-obra;
Possibilita um grande rendimento por área, sendo uma ótima
alternativa para pequenas propriedades rurais;
Possibilita o desenvolvimento de agroindústrias de pequeno a
grande porte;
Possibilita a utilização de áreas alteradas, além de contribuir para
recuperar o passivo ambiental nas propriedades rurais.
Apesar de todo esse potencial socioeconômico que cerca a
fruticultura, esta ainda vem encontrando sérios entraves para alcançar o
pleno desenvolvimento tais como:
Falta de incentivos financeiros;
Falta de assistência técnica qualificada e continua aos produtores;
Falta de novas tecnologias que propiciem uma produção continua
e em quantidade e qualidade durante todo o ano;
Falta de fortalecimento das associações e cooperativas de
produtores para organizar a cadeia produtiva;
Falta de agroindústrias familiares e de capacitação para a
manipulação e beneficiamento das frutas;
201
Portanto o presente projeto vem propor ações que venham a
fortalecer a fruticultura na região, buscando suprir os entraves acima
citados, criando uma fonte de renda continua, melhorando a qualidade
de vida das famílias envolvidas, além de ser uma alternativa sustentável,
pois aproveita áreas atualmente alteradas recuperando o passivo
ambiental de muitas propriedades rurais.
c) Objetivo Geral:
Estruturar a cadeia produtiva da fruticultura no PAE Eixo Forte,
através de capacitações e assistência técnica continua aos produtores,
garantindo assim um amento na renda, diversificação das propriedades
e da alimentação destas famílias.
d) Objetivos Específicos:
Capacitar as famílias sobre a importância econômica, ambiental e
social da diversificação das propriedades através da utilização de
arranjos frutíferos;
Capacitar os produtores sobre novas técnicas na produção e
cultivo de frutíferas (irrigação, produção e seleção de mudas de
espécies adequadas a região, correção e adubação do solo);
Capacitar os produtores sobre boas práticas na agroindústria,
aproveitamento e beneficiamento de frutas tropicais;
Implantar Unidades Demonstrativas de agroindústrias e produção
de polpas e doces utilizando frutas da região.
e) Estratégia:
Para atingir os objetivos, o projeto tem como metodologia a ser
empregada, o princípio da participação dos beneficiários em todas as
atividades do projeto, envolvendo todos os atores envolvidos nas ações
do projeto.
202
Principais atividades para a implementação do projeto:
Planejamento estratégico das ações:
O Proponente, parceiros e a comunidade em geral realizarão tão
logo que inicie o projeto um planejamento com base nas metas e
atividades propostas assim definindo melhor as atividades,
prazos, responsáveis, indicadores, parceiros, espécies a serem
priorizadas nos arranjos, com ênfase nas espécies indicadas nas
oficinas de planejamento, ou seja: acerola, graviola, cupuaçu,
castanha do Pará, muruci, caju, taperebá, goiaba e bacaba.
Figura 80 - FRUTICULTURA
Cursos técnicos:
Serão capacitados produtores que já tem uma iniciativa ou tem
interesse em trabalhar com fruticultura, sendo que essa
capacitação visa o aprimoramento no desenvolvimento da
atividade dentro das técnicas de cultivo, adubação orgânica,
podas, irrigação e consorcio de espécies buscando aumentar a
produtividade das fruteiras.
Também serão oferecidas capacitações sobre aproveitamento e
beneficiamento de frutas tropicais, e boas praticas na
agroindústria, garantindo desta forma uma nova fonte de renda as
famílias envolvidas
203
Assistência técnica:
É o acompanhamento feito junto aos produtores em suas
propriedades. Esta atividade é muito importante para o processo
de formação e a aprimoramento das técnicas de manejo
adequado. A meta é realizar visitas uma vez por mês a cada
produtor orientando as melhores formas de conduzir os plantios e
a produção das fruteiras.
Agroindústrias:
Serão implantadas agroindústrias para produção de polpa de
frutas, nas comunidades indicadas nas oficinas de planejamento;
Figura 81 - DESPOLPADEIRA
Também serão implantadas agroindústrias para o beneficiamento
e aproveitamento de frutas, onde os produtores terão a
oportunidade de produzir doces, geléias, licores, bombons com o
excedente da produção. Ou seja, uma forma de se armazenar
sem prejuízos os frutos que não serão comercializados in natura.
Essas agroindústrias serão estrategicamente implantadas
conforme indicação as oficinas de planejamento.
204
Figura 82 - DOCES E LICORES
Comercialização:
Junto com os beneficiários, organizar um plano de
comercialização de frutas in natura e de produtos resultantes do
beneficiamento e aproveitamento destas frutas tropicais.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Realizar 06 (seis) cursos
temáticos com 16 horas de
duração para 120
produtores/as;
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Capacitar e assessorar 120
(cento e vinte) produtores/as
sobre novas técnicas na
fruticultura;
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar 120 projetos de
fruticultura irrigada para
financiamento.
ATES,
FAMCEEF
INCRA/
PRONAF A
04 Implantar 10 (dez) unidades de
agroindústria familiar para
produção de polpa de frutas.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
205
05 Implantar 15 (quinze) unidades
de agroindústrias familiares
para produção de doces e
licores.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Acompanhamento técnico
continuo de 120 produtores;
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
30 hectares de sistemas agro florestais, com ênfase na fruticultura
implantados no prazo de dois anos;
Sistema produtivo de 120 famílias melhorado e diversificado;
120 produtores capacitados sobre fruticultura nas diversas fases
da cadeia produtiva;
120 projetos de fruticultura elaborados para financiamento em
linhas específicas do PRONAF;
Produção de frutas significativamente aumentada através da
utilização de técnicas adequadas de manejo e irrigação dos
sistemas produtivos;
Boas práticas de manejo sendo executadas pelos produtores;
Valor agregado aos produtos através do aproveitamento e
beneficiamento das frutas;
Renda dos produtores aumentada em 15% através da fruticultura;
Comercialização dos produtos facilitada através da associação
que representa os produtores.
6.3.2.4.2. Projeto de Fortalecimento e Incentivo ao Cultivo e Manejo
de Açaizais
a) Apresentação:
O açaí, Euterpe oleraceae Mart, pertence á família Palmae. É
uma fruta bastante apreciada nacional e internacionalmente. De
206
ocorrência em toda Amazônia, frutifica quase o ano todo, em maior
quantidade de julho a dezembro.
A industrialização de polpas de frutas oriundas da Amazônia é um
mercado em franca expansão e ao mesmo tempo ainda insipiente, em
curto prazo haverá um grande crescimento deste setor no país.
Este produto, açaí, ganha mercado nas mais diferentes formas de
produtos como licores, vinhos, geléias, sorvetes, pó, energético,
suplemento alimentar, entre outros.
O fator predominante para este fenômeno é a grande aceitação
desse produto no mercado consumidor internacional, devido ao alto
valor nutricional e propriedades terapêuticas da fruta, bem como a boa
aceitação de produtos made in Amazônia frequentemente associados
com preservação ambiental, vida na natureza e saúde. Até a década de
1980, a exploração do açaizeiro (fruto, palmito e folhas) era feita
somente de forma extrativa. A partir de 1990, o cultivo dessa palmácea
na Região Norte do país, face ao aumento da demanda, experimentou
sensível crescimento, em razão de incentivos financeiros e
disponibilização de novas técnicas de cultivo e manejo.
O açaizeiro, por não ser espécie arbórea, não tem interesse para
a indústria madeireira, mas é de grande importância para a preservação
da floresta amazônica. Para o estabelecimento da cultura é necessário
que o produtor rural conheça o custo de sua produção, para poder
comparar com o preço de mercado e decidir pela manutenção ou não do
plantio e da área de exploração extrativa. A decisão de plantar culturas
perenes, pela irreversibilidade da sua introdução ao sistema de cultivo,
deve ser bem planejada.
b) Justificativa:
O cultivo do açaí é de grande importância econômica para o PAE
Eixo Forte e região santarena, fonte de renda para as famílias do
assentamento, visto que esta atividade já acontece no PAE de forma
extrativista, o objetivo maior é incentivar os plantios existente e estimular
o cultivo de forma manejada no local. No Brasil, o Estado do Pará é o
207
maior produtor da fruta, sendo responsável por mais de 85% da
produção, o açaí é uma iguaria exótica, sendo apreciada em várias
regiões do Brasil e do mundo (Wikipédia, A enciclopédia livre). O
principal mercado do açaí ainda é a região Norte. O Pará é o maior
produtor e consumidor, com um consumo que ultrapassa 180.000
toneladas por ano (OLIVEIRA et al, 2002). O presente projeto propõe
implantar sistemas agroflorestais, ou seja, consórcio de açaí com outras
culturas alimentares e espécies florestais, com implantação de novas
tecnologias de plantio que venha garantir ao produtor melhor
aproveitamento da área e aumento na produtividade, proporcionando
assim uma melhor geração de renda aos produtores familiares do
município.
c) Objetivo Geral:
Fortalecer e incentivar os agricultores familiares que vêm
desenvolvendo a atividade, assim como aqueles que pretendem iniciar o
cultivo; promover o desenvolvimento sócio-econômico e cultural da
comunidade, mediante o acompanhamento técnico, dando assim maior
segurança e respaldo técnico para o desenvolvimento da atividade.
d) Objetivos Específicos:
Realizar levantamento (visitas) das áreas exploradas para
diagnóstico da situação atual;
Orientar os agricultores familiares sobre a importância do manejo
da cultura;
Motivar os agricultores sobre as práticas ideais de colheita e
beneficiamento da produção;
Valorizar e estimular a produção do açaí;
Melhorar a produtividade (quantidade) e qualidade do açaí na
região;
208
Implantar uma área de produção de açaí, exemplar, que sirva de
modelo para as áreas afins, que queiram cultivar/produzir o fruto;
Incentivar a verticalização da produção através do
associativismo/cooperativismo.
e) Estratégias:
Para que a meta proposta seja atingida, as propriedades serão
assistidas de forma sistemática pela equipe de ATES, onde o produtor e
os membros de sua família receberão orientações sobre a melhor forma
de como conduzir suas atividades produtivas, através de visitas em suas
propriedades, reuniões com a comunidade, cursos sobre manejo de
açaizais, implantação de unidade demonstrativa, demonstração de
métodos, entre outras técnicas a serem utilizadas.
Todas as comunidades do assentamento demonstraram interesse
em desenvolver o manejo e cultivo do açaizeiro.
Figura 83 - AÇAÍ
As comunidades de: São Raimundo, São Pedro, Vila Nova, Santa
Luzia, Irurama, Santa Maria e Cucurunã pretendem implantar
agroindústrias para o beneficiamento do açaí.
209
Figura 84 - BENEFICIAMENTO DO AÇAÍ
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSO
01 Mapear as áreas de exploração
existentes, de açaizais nativos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Implantar 03 (três) Unidades
Demonstrativas (UD) de manejo de
açaizais
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar 75 Planos de Negócio
com produtores de fruteiras
tropicais
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Capacitar 75 produtores em cultivo
do açaizeiro
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Capacitar 75 produtores em
associativismo e cooperativismo
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Implantar 07 agroindústrias de
beneficiamento do açaí
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Aumentar a produtividade do açaí (qualidade e quantidade);
210
Capacitação técnica dos Assentados;
Diversificação da produção ao implantar o sistema agroflorestal;
Verticalização da produção no próprio assentamento;
Garantia de geração de renda as famílias produtoras.
6.3.2.5. Subprograma Fibras Naturais
6.3.2.5.1. Projeto Curauá
a) Apresentação:
Há décadas o curauá já vinha sendo plantado em pequena escala
pelos produtores do Lago Grande, com a produção da fibra sendo
utilizada exclusivamente para a confecção de cordame.
Mesmo apresentando potencial para se transformar em alternativa
econômica para a agricultura familiar, somente nos últimos seis anos a
produção adquiriu garantia de comercialização, após a indústria paulista
PEMATEC, incentivada pelo Governo do Estado, instalar sua fábrica de
produção de manta agulhada em Santarém.
Hoje, a CENTRALAGO, organização que congrega cinco
Associações de Produtores do Lago Grande, desenvolve trabalho de
articulação para a comercialização de toda fibra do curauá produzida na
região. O mesmo trabalho vem sendo realizado pelas associações de
Juruti e Belterra, sob acompanhamento técnico da EMATER.
O uso de tecnologias que visem reduzir custos e aumentar a
produtividade, aliado ao gerenciamento eficiente, passaram a ter
especial importância nessa nova fase, pois os produtores estão
integrados a mercados cada vez mais competitivos, requerendo,
portanto, ação gerencial inteligente e eficaz para garantir o sucesso do
empreendimento.
É praticamente impossível prevermos qual será a demanda futura
desse mercado pela fibra natural do curauá.
211
b) Justificativa:
A cadeia produtiva do curauá, principalmente no segmento
agrícola da produção de fibra seca natural, pode se transformar no
grande fornecedor de ocupação e renda para a agricultura familiar do
Estado do Pará, como acontece com o sisal no Estado da Bahia, onde
mais de 900 mil pessoas estão envolvidas diretamente com a cultura.
A parte aproveitável da planta é a folha, de onde é extraída a fibra
natural do curauá. Fibra já fartamente pesquisada é indicada para
substituir a fibra de vidro na fabricação de vários produtos, dentre eles o
plástico, além da sua utilização na indústria automotiva para confecção
de peças e para o artesanato. O resíduo do desfibramento das folhas
(mucilagem) pode ser utilizado na alimentação animal ou como adubo
orgânico.
A Unidade de Observação do Curauá, na comunidade de São
Pedro comprovou a perfeita adaptação da cultura para as condições de
solo e clima da região do Eixo Forte.
c) Objetivo Geral:
Consolidar a cultura do curauá na região do Eixo Forte, como
base para fornecimento de matéria prima para a confecção de peças de
artesanato e mucilagem para complementar alimentação dos projetos de
pequenos animais.
c) Objetivos Específicos:
Aproveitamento e recuperação de solos degradados a partir da
implantação do curauá consorciado com essências florestais;
Aumento da renda dos produtores de curauá através da
comercialização de mudas;
Fortalecimento da produção e comercialização de artesanato,
com a introdução da fibra do curauá como matéria-prima;
212
Comercialização do excedente de fibras com a indústria.
d) Estratégia:
Sete comunidades foram indicadas para a implantação do projeto
Curauá. São elas: São Pedro, Santa Rosa, Ponte Alta, Vila Nova, São
Brás, Santa Maria e Cucurunã.
Figura 85 - Curauá
A planta se desenvolve mesmo em solos ácidos, pouco férteis e
com elevado teor de alumínio, como os solos do Lago Grande e região
do Eixo Forte em Santarém. Entretanto, verifica-se que, nesses casos, o
peso das folhas tem diminuído ao longo dos anos de cultivo na mesma
área, bem como a coloração das folhas que deixaram de ser verde
intenso, passando à verde claro, conseqüência da diminuição do teor de
nutrientes no solo.
O preparo do solo na agricultura familiar pode ser realizado sem a
utilização do fogo. A capoeira deve ser derrubada e a biomassa da
vegetação picada com terçado, deixando-a sobre o solo como cobertura
morta. As árvores de valor econômico encontradas na área devem ser
preservadas da derrubada. Sem a utilização do fogo o plantio do curauá
pode ser realizado em qualquer época do ano.
213
O plantio das mudas pode ser feito em covas com profundidade
suficiente para evitar o tombamento das mudas (10 a 15 cm). O plantio
do curauá pode ser solteiro, mas para melhor aproveitamento de área,
recomenda-se seu plantio consorciado com frutíferas e/ou essências
florestais não madeireiras. Dentre outras, a EMATER vem
recomendando o cumaru e a andiroba, essências que possuem boa
comercialização na região. As essências são plantadas no espaçamento
de 16m x 3m, com 208 plantas por hectare.
Como toda cultura, o curauá sente a concorrência das ervas
daninhas, principalmente no primeiro ano. Roço e a amontoa são os
únicos tratos culturais recomendados.
É recomendável a utilização da mucilagem proveniente do
beneficiamento das folhas do curauá como adubação orgânica. Se
possível, realizar também adubação foliar com urina de gado diluída em
água na concentração de 2%.
A primeira colheita de folhas é feita após um ano do plantio. As
demais colheitas podem ser realizadas a cada 3 a 4 meses.
A colheita é manual, através de puxões, folha por folha.
Anualmente cada planta pode produzir até 48 folhas (aproximadamente
3 kg de folha), que são reunidas em fardos e levadas para serem
beneficiadas para produção da fibra natural.
O transporte das folhas para o beneficiamento é um componente
importante na formação do custo de produção da cultura. Deve-se
buscar sempre a menor distância a percorrer, por isso a necessidade do
beneficiamento ser feito o mais próximo possível da área de plantio do
curauá. Se possível, dentro da área de plantio, favorecendo também a
aplicação da mucilagem como adubação orgânica do curauá.
O rendimento na colheita das folhas depende da disposição e
habilidade de cada trabalhador, variando de 300 a 700 kg de folha por
homem dia.
O beneficiamento do curauá envolve as operações de
desfibramento mecânico das folhas, lavagem e secagem das fibras. O
desfibramento deve ser realizado na propriedade do agricultor para
facilitar o aproveitamento da mucilagem como ração animal ou adubo
214
orgânico. Os operadores precisam ser treinados e disporem de
equipamentos de proteção individual (EPI). O rendimento da máquina
desfibradora “Tapuia” depende da habilidade do operador, variando de
2,0 a 4,0 kg de fibra seca por hora de trabalho. A máquina funciona com
motor a diesel de 5 hp, que consome em média 250 ml/diesel/hora.
A fibra precisa passar por um processo de lavagem em tanques
com água limpa, onde é lavada e enxaguada para a limpeza dos
resíduos da mucilagem que ficam agregados à fibra. Depois é colocada
em varais ou estufa solar para a secagem e posterior enfardamento,
quando está pronta para a comercialização. A fibra não lavada fica
escura e perde valor na hora da comercialização.
Em média, 16 folhas de curauá pesam 1 kg e cada planta produz
uma média de 48 folhas por ano. O rendimento médio de fibra seca do
curauá fica em torno de 6% do peso da folha, propiciando uma
produtividade de 3.600 kg de fibra seca por hectare/ano e 60 toneladas
de mucilagem.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Implantar 5 hectares de curauá ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Capacitar 20 produtores no
cultivo do curauá
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar 20 projetos de
produção de curauá
ATES,
FAMCEEF
INCRA/
PRONAF A
g) Resultados Esperados:
Com a introdução da cultura do curauá na região do Eixo Forte
esperam-se os seguintes resultados:
Produtores com mais opções de renda;
215
Aumento do valor agregado, através da confecção e
comercialização local de artesanato;
Aproveitamento das áreas degradadas do assentamento;
Espécies florestais de valor econômico plantadas em consórcio.
6.3.2.6. Subprograma Comercialização
6.3.2.6.1. Projeto Comercialização e Marketing
a) Apresentação:
A venda é o ponto sensível para o sucesso dos empreendimentos. A
comercialização da produção do PAE Eixo Forte poderá ser realizada de
várias formas e em vários pontos de vendas distintos, preferencialmente
diretamente ao consumidor.
Alguns espaços já existentes no assentamento, para venda
direta ao consumidor, enfrentam problemas que vão da falta de
capital de giro para manutenção de estoque, até a falta de uma
estratégia definida de marketing que possibilite ao produtor(a)
visualizar todo o processo produtivo agregado à etapa de
comercialização.
b) Justificativa:
Entre os problemas verificados hoje, no processo de
comercialização no Eixo Forte, podemos citar: desagregação do
grupo, baixa produtividade, dificuldade em atingir o público
consumidor, baixa qualidade dos produtos, variação de preço,
entre outros.
Para reduzir os riscos de fracasso e descontinuidade dos
empreendimentos os empreendedores do Eixo Forte devem
exercer a cidadania ativa e, como cidadãos, estimular a agregação
de suas redes produtivas para o desenvolvimento e a melhoria da
216
qualidade do produto, contribuindo para a satisfação individual e
coletiva. Em relação ao mercado e comercialização o gargalo esta
no baixo controle do processo comercial, no pequeno
conhecimento do mercado e das tendências de consumo e falta de
inovação. Tudo isso se relaciona a aspectos como formação de
preço, design inadequado, baixo volume de produção, resistência
a mudanças e falta de visão sistêmica do processo produtivo.
c) Objetivo Geral:
Implantar um Sistema de Comercialização e Marketing para os
produtos e serviços gerados no PAE Eixo Forte, com base na estrutura
atualmente instalada no próprio assentamento.
d) Objetivos Específicos:
Revitalizar pontos de venda existentes no assentamento;
Padronizar programação visual dos pontos de venda existentes
no assentamento;
Capacitar comerciantes para melhor atender os consumidores;
Divulgar a produção do PAE Eixo Forte;
Associar boas práticas ambientais ao processo de
comercialização;
Estabelecer marcas que personalizem todos os produtos do
assentamento.
e) Estratégias:
i) Criação de demanda:
Publicidade – divulgar a história do empreendimento, nossos
objetivos e resultados através dos veículos de comunicação,
Prospecto (folder), e camiseta.
217
Promoção e vendas – participação em feiras de artigos
artesanais e de economia solidária (FEPAM, Feira da Cultura
Popular), exposições dos produtos em espaços institucionais,
ofertas em datas comemorativas, parcerias com lojas solidárias,
integrar a rede de comércio justo.
Embalagem - sacolas com identificação do
projeto/empreendimento, em material que possa proporcionar a
reutilização por várias vezes.
Atendimento - personalizado, através de pessoas capacitadas
para bem atender o consumidor.
Marcas - desenvolvimento de marcas próprias, com selo de
qualidade “Eixo Forte”.
ii) Vendas:
Direta ao consumidor – através da revitalização dos espaços
existentes no próprio assentamento: Feira do Cucurunã,
Mercadinhos e Pontos Comerciais), Lojinhas de souvenir das
pousadas e Barracas nas Praias de Ponta de Pedras e Pajuçara.
iii) Assistência ao cliente - pós venda:
Verificar a satisfação do cliente após aquisição do produto;
Divulgação de novos produtos e promoções sazonais.
Será realizado um levantamento dos pontos de venda existentes
no Eixo Forte e desenvolver um processo de qualificação dos
proprietários para ajustar esses pontos às exigências do consumidor
moderno, ou seja: programação visual do estabelecimento adequada
aos produtos e ao consumidor; atendimento qualificado; e preços justos.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Cadastrar pontos de venda
interessados em pertencer à
Rede Eixo Forte de
ATES,
FAMCEEF
INCRA
218
Comercialização
02 Capacitar 60 famílias dos
proprietários dos pontos de
venda
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar 12 projetos de
Revitalização dos Pontos de
Venda
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Capacitar 60 assentados por
ano em Marketing, incluindo
criação de marcas e
embalagens alternativas
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Criar pontos de avaliação da
satisfação co consumidor em
todos os Pontos de Venda do
projeto
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Assessorar a participação das
comunidades do PAE Eixo Forte
em Feiras como: FEPAM, Feira
da Cultura Popular, Frutal, etc.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
07 Editar 5.000 folders de
divulgação dos produtos do PAE
Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
08 Confeccionar 5.000 camisetas
de divulgação dos produtos do
PAE Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
09 Adquirir 02 caminhões ¾ para
transporte da produção
ATES,
FAMCEEF
INCRA
10 Adquirir 01 caminhão baú
refrigerado para transporte de
produtos perecíveis (polpa,
frutas in natura, açaí, etc.)
ATES,
FAMCEEF
INCRA
219
g) Resultados Esperados:
Implementar as vendas da empresa através de ferramentas de
divulgação dos produtos;
Modificação na forma de abordar o cliente;
Análise do preço, concorrente e mercado;
Interesse pelo produto por parte do cliente.
6.3.2.7. Subprograma Produção de Mudas
6.3.2.7.1. Projeto Viveiro de Sonhos
a) Apresentação:
O Projeto Viveiro de Sonhos está inserido no contexto amazônico,
em comunidades integrantes do Projeto de Assentamento
Agroextrativista da região do Eixo-Forte, onde residem diversas
populações tradicionais, dentre as quais podemos destacar pescadores,
agricultores familiares e descentes indígenas.
Neste sentido, pretende-se através do desenvolvimento do
projeto, enfrentar os principais problemas que atingem as comunidades
envolvidas, como: a ausência de perspectiva de renda entre a juventude;
pouca formação profissional; limitação das oportunidades de
empreendimentos próprios; alto índice de alcoolismo e gravidez precoce;
e utilização inadequada dos recursos naturais.
Serão atendidos pelo projeto 90 jovens comunitários,
descendentes das populações tradicionais da região, na faixa-etária de
17 a 29 anos, sem perspectiva de renda e baixo nível de formação
profissional.
220
Figura 86 - VIVEIRO DOS SONHOS
b) Justificativa:
Embora uma leitura superficial do quadro de usuários de bebida
alcoólica na região nos leve a afastar a gravidade da situação, uma
análise mais apurada traz à tona um dos grandes problemas enfrentados
pelas famílias do assentamento, que é o alcoolismo entre os jovens.
Considerando a necessidade de mudas de qualidade para suprir a
demanda dos projetos agrícolas previstos no PDA, pensou-se na
possibilidade de convidar jovens de todas as comunidades do
assentamento para, ao mesmo tempo produzir as mudas, receber uma
remuneração e simultaneamente receber as orientações necessárias
para implementar uma atividade geradora de renda.
c) Objetivo Geral:
O Principal Objetivo do projeto é contribuir de forma participativa
com a realização de sonhos empreendedores por meio de apoio aos
jovens que desejam criar seus próprios negócios, oportunizando
alternativas de geração de renda das famílias abrangidas.
221
d) Objetivos Específicos:
Atender a demanda de mudas no PAE Eixo Forte;
Gerar trabalho e renda para jovens do PAE Eixo Forte;
Oferecer possibilidade de realização das aspirações profissionais
aos jovens do PAE Eixo Forte;
Desenvolver habilidades dos jovens do PAE Eixo Forte;
Fortalecer os laços entre as organizações de jovens do PAE Eixo
Forte.
e) Estratégias:
Três viveiros serão implantados, nas comunidades de Irurama,
Santa Maria e Cucurunã, respectivamente. Todas as tarefas de
implantação e condução do processo de produção das mudas serão
realizadas pelo grupo, que paralelo a essas atividades receberão
capacitação com o objetivo de desenvolver habilidades gerais,
específicas a cada projeto e gerenciais. O período de qualificação
encerra com a elaboração de um Plano de Negócios.
O projeto será desenvolvido por meio de atividades que vão
desde a identificação dos sonhos empreendedores dos jovens até a
elaboração de planos de negócios específicos, conforme as vocações e
viabilidades identificadas, por meio de uma metodologia participativa.
Espera-se que em 24 meses sejam elaborados 90 planos de
negócios com viabilidade social, ambiental e econômica para que, em
um possível desdobramento do projeto por mais 24 meses, seja buscado
o financiamento desses pequenos negócios, proporcionando a colheita
dos frutos do viveiro de sonhos. Isto configura a sustentabilidade do
projeto e a possibilidade de sua reaplicação em outras áreas da região
amazônica.
222
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Implantar 03 viveiros para
produção de mudas de fruteiras
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Capacitar 90 jovens na produção
de mudas
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Desenvolver processo de
qualificação para o trabalho para
90 jovens
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Elaborar de forma participativa
90 Planos de Negócios
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Com a implantação do Projeto Viveiro dos Sonhos, espera-se
aumentar a perspectiva de renda entre a juventude; aumentar a
formação profissional dos jovens; mostrar oportunidades para
implementação de empreendimentos próprios; reduzir o índice de
alcoolismo e gravidez precoce; e utilização adequada dos recursos
naturais.
6.3.3. Programa de Garantias de Direitos Sociais
Não se pode pensar um plano de desenvolvimento sustentável,
baseado apenas na formulação de um programa de geração de renda.
Concomitantemente e de forma articulada devem ser planejadas ações
voltadas ao desenvolvimento humano. Sabe-se que o desenvolvimento
depende dos indivíduos que compõem uma iniciativa social. É, portanto,
muito mais uma questão de maturidade, confiança, criatividade,
sabedoria e coerência do que de habilidades técnicas e conhecimentos
específicos. A solução da questão fundiária é um passo importante que
deve ser complementado com ações que possibilitem a convivência, o
223
relacionamento social e profissional, enfim, o bem estar coletivo que
possibilite a harmonia necessária para quem vai conduzir em conjunto o
destino de uma região. Entre essas ações estão programas sociais de
saúde, qualidade na educação, de esporte, de cultura e lazer e ainda
promovendo a vivência social fortalecendo os laços de solidariedade,
cidadania e civismo para os trabalhadores rurais e seus familiares,
criando assim, as condições necessárias para que sejam os verdadeiros
protagonistas de seu desenvolvimento. Cumprindo, de forma ampla, os
princípios que caracterizam a função social da terra.
As ações e propostas apresentadas a seguir foram construídas
pelas próprias famílias assentadas no decorrer das dinâmicas do DRP,
sendo, portanto fruto da interação entre a comunidade e a equipe
responsável pela elaboração do PDA.
6.3.3.1. Subprograma Saúde
6.3.3.1.1. Projeto Água para Todos
a) Apresentação:
Mais de 20 milhões de crianças irão morrer nos países em
desenvolvimento nos próximos dez anos se os governos não tomarem
providências urgentes para combater a crescente crise de doenças
preveníveis que são ocasionadas pela falta de saneamento, segundo um
relatório divulgado no Dia Mundial da Água por duas das principais
agências de desenvolvimento britânicas.
O relatório afirma que 2,4 bilhões de pessoas em todo o mundo
carecem de condições sanitárias adequadas e 6.000 crianças morrem
todo o dia por não disporem de acesso à redes de água e esgoto.
224
b) Justificativa:
A falta de acesso à água potável e ao saneamento consiste uma
preocupação crescente nos municípios brasileiros. Constatamos de
forma recorrente que aqueles sem acesso à água e ao saneamento são
igualmente vítimas de marginalização, exclusão ou discriminação. O seu
acesso insatisfatório à água e saneamento não consiste numa infeliz
consequência da sua situação de pobreza, constituindo antes o
resultado de decisões políticas que excluem e deslegitimam a sua
existência, uma situação que vem perpetuar a sua pobreza.
O mundo está se tornando crescentemente urbano, com mais
pessoas vivendo em cidades e vilas, do que em zonas rurais. Quarenta
por cento deste crescimento ocorre na periferia, as quais incluem
habitações já estabelecidas, de maneira informal e não planificada, há
muito, bem como novas habitações. Os municípios e os Estados
continuam falhando no planejamento deste crescimento.
Atualmente, no Eixo Forte, apenas sete, das quinze comunidades
do assentamento possuem microssistema de abastecimento de água,
que atendem menos de 50% da população dessas comunidades.
As demais comunidades continuam se abastecendo
prioritariamente de água de igarapés que não apresentam a qualidade
necessária ao consumo humano.
c) Objetivo Geral:
Implantar e/ou ampliar microssistemas de abastecimento de água
e rede de distribuição de água em todas as comunidades do PAE Eixo
Forte.
225
Figura 87 - ÁGUA PARA TODOS
d) Objetivos Específicos:
Oferecer água de qualidade, em quantidade suficiente, a todos os
assentados do PAE Eixo Forte;
Evitar a disseminação de doenças transmissíveis por falta de
água de boa qualidade;
Oferecer uma rede de distribuição que evite o desperdício de
água entre o Microssistema e a residência do assentado.
e) Estratégias e Metas:
CO
MU
NID
AD
E
Nº
MO
RA
DIA
S
SIT
UA
ÇÃ
O
AT
UA
L
PROPOSTA
VOLUME
(LITROS)
REDE
DISTRIBUIÇÃO LOCALIZAÇÃO
Santa Luzia 45 Não tem 15.000 3 km Próximo à
Igreja
São 43 Não tem 15.000 2 km Piçarreira
226
Francisco
São
Sebastião
60 10.000 15.000 2 km Campo de
futebol
Irurama 93 10.000 15.000 3 km Campo de
futebol
Pajuçara 52 10.000 15.000 2 km Estudar
localização
Vila Nova 130 10.000 15.000
(1)
3 km Escola
10.000 2 km Ramal da
Farinha
10.000 2 km Tira
Ressaca
Ponte Alta 54 Não tem 15.000 2 km Estudar
localização
São
Raimundo
(2)
49 Não tem 10.000 2 km Estudar
localização
10.000 2 km Estudar
localização
Santa Maria
(3)
43 Não tem - - -
São Brás 200 30.000
(4)
10.000
4 km Rocinha
15.000 3 km Paraíso
Cucurunã 120 10.000
(5)
20.000 2 km Escola
15.000 2 km Ramal dos
Coelhos
10.000 1 km Cajual
Santa Rosa 63 10.000
(6)
15.000 2 km Rua Jucá
São Pedro 95 não tem 15.000 5 km Estudar
localização
10.000 Andirobalzinho
227
Ponta de
Pedras
56 não tem 15.000 3 km rua 29 de
junho
Jatobá 42 não tem 15.000 3,5 km Escola
(1) Substituição do atual de 10.000 l por um de 15.000 l;
(2) Proposta de 2 microssistemas devido à dispersão das moradias;
(3) Optou por sistema de abastecimento individual com recurso do apoio
inicial;
(4) O sistema atual continuará atendendo aos moradores do centro,
onde existem cerca de 70 moradias;
(5) Ampliar o atual sistema de 10 para 20 mil litros;
(6) Ampliação do atual sistema e mudança de localização.
f) Resultados Esperados:
O principal resultado esperado com a implantação de
microssistemas de abastecimento de água em todas as comunidades é
a melhoria da qualidade de vida das 1.031 famílias inscritas no PAE Eixo
Forte.
6.3.3.1.2. Projeto Farmácia Viva
a) Apresentação:
A Mãe Natureza proporciona ao homem uma infinidade de plantas
com valores medicinais. A flora brasileira constitui uma fonte inesgotável
de saúde e nossos ancestrais sempre souberam se aproveitar desta
riqueza, pois o uso das plantas medicinais existe desde o início dos
tempos.
No princípio existia apenas o conhecimento empírico. Hoje,
porém, muitas pesquisas científicas comprovam as propriedades
medicinais de várias plantas, comprovando (ou não) o uso popular
destas plantas. É importante ressaltar que, ao contrário do que muitos
imaginam, algumas plantas fazem mal à saúde e por isso não devemos
228
fazer uso indiscriminado desta terapia. Sempre que possível, deve-se
procurar orientação de profissionais da área e não tomar qualquer tipo
de chá encontrado no mato, pois algumas espécies são muito parecidas
e pode se usar uma espécie perigosa, por engano.
b) Justificativa:
O poder curativo das plantas é conhecido desde a antiguidade.
Ainda hoje, a medicina moderna continua buscando nas plantas o poder
para curar antigos males que ainda perturbam a humanidade.
Embora o uso das ervas medicinais tenha sido bastante difundo
nestas últimas décadas, seu potencial poderia ser bem mais explorado.
É possível reduzir o consumo de medicamentos industrializados,
fazendo o uso correto das plantas medicinais.
Em todas as comunidades do Eixo Forte, é comum a utilização
das plantas na preparação de chás e xaropes, principalmente pela
ausência de Postos de Saúde na grande maioria das comunidades.
Assim, para os males mais comuns que acometem a população, é
normal se recorrer ao poder das plantas.
Figura 88 - FARMÁCIA VIVA
229
Esse conhecimento normalmente está restrito às pessoas mais
idosas das comunidades, não se observando entre os mais jovens o
interesse pela continuidade dessa prática.
c) Objetivo Geral:
Construir marco regulatório em todas as etapas da cadeia
produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos, a partir dos modelos e
experiências existentes no Eixo Forte, promovendo a adoção das boas
práticas de cultivo, manipulação e produção de plantas medicinais e
fitoterápicos, conforme legislação vigente.
d) Objetivos Específicos:
Desenvolver instrumentos de fomento à pesquisa,
desenvolvimento de tecnologias e inovações em plantas
medicinais e fitoterápicos, nas diversas fases da cadeia produtiva;
Estabelecer mecanismos de incentivo ao desenvolvimento
sustentável das cadeias produtivas de plantas medicinais e
fitoterápicos;
Promover o uso sustentável da biodiversidade e a socialização
dos benefícios decorrentes do acesso aos recursos genéticos de
plantas medicinais e ao conhecimento tradicional associado;
Promover e reconhecer as práticas populares e tradicionais de
uso de plantas medicinais, fitoterápicos e remédios caseiros;
Desenvolver estratégias de comunicação, formação
técnico‐científica e capacitação no setor de plantas medicinais e
fitoterápicos.
e) Estratégias:
Através de metodologias participativas, proporcionar o
desenvolvimento de ações que possibilitem o ordenamento dos
230
conhecimentos empíricos existentes nas comunidades e aliá-los ao
conhecimento científico, possibilitando assim o uso seguro e sustentável
dos recursos genéticos disponíveis no assentamento, em prol da
população local.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Levantar espécies utilizadas com
fins medicinais, considerando:
classificação botânica, indicação
de uso e formas de utilização.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Capacitar 45 moradores do
assentamento quanto ao uso das
plantas na medicina
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Publicar cartilha com
informações sobre utilização de
plantas na medicina
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Promover a interação entre o
setor público, universidades,
centros de pesquisa e ONGs que
atuam nessa área de através da
realização de 01 Seminário sobre
plantas medicinais e
desenvolvimento de fitoterápicos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Espera-se com essas medidas resgatar e valorizar o
conhecimento secular, desenvolvido e acumulado através de gerações,
e garantir para a atual e futuras gerações o uso sustentável desses
recursos.
231
6.3.3.2. Subprograma Educação
6.3.3.2.1. Projeto Casa Familiar Rural de Santarém - Eixo Forte
a) Apresentação:
O Projeto da Casa Familiar Rural de Santarém nasceu da
necessidade do segmento rural do Oeste do Pará de acompanhar as
rápidas transformações do mundo de hoje. É uma iniciativa comunitária,
que conta com o apoio de organismos públicos e entidades da
sociedade civil. Tem a missão de proporcionar a formação no ensino
fundamental e médio, além da qualificação em agricultura aos jovens a
partir de 14 anos do meio rural do município de Santarém, com ênfase
na realidade regional, na cidadania e na participação associativa.
A cada ano temos uma nova geração de jovens que nascem no
interior de nosso país, filhos de famílias tradicionalmente rurais,
naturalmente vocacionados para a profissão de agricultor.
Estes jovens, que se integram às atividades da propriedade rural,
logo começam a ser atraídos pelas médias e grandes cidades, que
parecem oferecer um padrão de vida que o jovem não consegue
vislumbrar na agricultura.
Sabemos que a realidade é diferente. No Brasil os jovens que
atualmente vão para as cidades dificilmente conseguem se inserir no
mercado, ficando restritos a subempregos.
Isto ocorre porque jovens que dispõem de trabalho, habitação e
alimentação não deixam tudo isto para trás e vão em busca do
desconhecido. A base da agricultura do Brasil é familiar. Mais da metade
de nossa produção de alimentos provém deste tipo de agricultura,
baseada em técnicas que não conseguiram acompanhar a rápida
evolução do mundo nesta mudança de século.
O reflexo mais importante deste fato, é que os agricultores não
conseguem auferir o lucro necessário para obter qualidade de vida no
campo porque não conseguem imprimir qualidade e competitividade aos
232
seus produtos, fatores indispensáveis para "participar" da acirrada
disputa dos mercados atuais.
b) Justificativa:
O Projeto da Casa Familiar Rural quer mudar esta realidade, com
uma visão atual de gestão compartilhada entre o setor público e privado.
A idéia central da CFR é levar aos jovens do campo conceitos de
cidadania e conhecimentos para se tornarem os "novos agricultores",
que serão valorizados agora e no futuro, como os responsáveis pela
produção de alimentos e pela preservação do meio ambiente.
O que vem se observando ao longo desses quase 10 anos de
atividades da CFR no Eixo Forte é a grande dificuldade de transformar
em ação toda a filosofia de ensino proposta pela pedagogia da
alternância. A limitação dos recursos financeiros, humanos e materiais,
estimulam uma taxa de evasão bastante elevada. Numa região com
mais de 1.000 famílias, com milhares de jovens em idade escolar,
poucos são os jovens que acreditam na possibilidade de transformação
de sua realidade através da proposta da Casa Familiar Rural.
O conceito de CFR aliado aos conceitos da permacultura, desde
que devidamente implantado, busca também atuar na auto-estima dos
jovens da região, oferecendo infraestrutura e metodologia em escala
suficiente para atrair aqueles que pretendem firmar-se na sociedade
desenvolvendo atividades ligadas ao uso da terra.
c) Objetivo Geral:
Dotar a Casa Familiar Rural do Eixo Forte da infraestrutura
necessária para transformá-la em verdadeira alternativa educacional
para os jovens do PAE Eixo Forte.
233
d) Objetivos Específicos:
Oferecer alternativas de ensino fundamental e médio aos
assentados que pretendam se qualificar para atividades ligadas a
produção agropecuária, turismo e áreas afins, dentro dos
princípios da pedagogia da alternância;
Criar mais um atrativo turístico para a região, através da oferta de
espaço desenvolvido em harmonia com a natureza, mostrando
alternativas viáveis para problemas ligados a questão da água,
saneamento, habitação, energia e alimentação;
Buscar a sustentabilidade financeira da CFR através da receita
oriunda dos eventos promovidos pelo centro.
e) Estratégias:
A partir das discussões entre integrantes da CFR e equipe técnica
de elaboração do PDA optou-se pela transformação da CFR do Eixo
Forte num centro de permacultura ou ecocentro, com o objetivo de
oferecer oportunidades de educação e referências em sustentabilidade.
Os Ecocentros mantêm um centro de referência em que desenvolvem
soluções práticas para os problemas atuais das populações brasileiras,
incluindo estratégias de habitação ecológica, saneamento responsável,
energia renovável, segurança alimentar, cuidado com a água e
processos de educação de forma vivenciada.
Dessa forma busca-se também a sustentabilidade financeira da
CFR, através da realização de cursos e oficinas práticas, ofertadas a
população em geral, que vão desde o curso padrão de Permacultura até
as oficinas específicas sobre as soluções desenvolvidas em cada área.
A estrutura será construída em área cedida pela Federação, à
Casa Familiar Rural, na estrada que liga a comunidade de São Bráz à
Santa Maria.
234
Figura 89 - CASA FAMILIAR RURAL
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Construir as instalações da CFR
do Eixo Forte, dentro dos
princípios da Permacultura
CFR,
FAMCEEF,
ATES
INCRA,
Governo do
Estado, MMA
02 Definir 15 áreas para
implantação de unidades
demonstrativas da CFR, uma
em cada comunidade do
assentamento
CFR,
FAMCEEF,
ATES
INCRA
03 Capacitar do corpo técnico da
CFR em permacultura
CFR, ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Jovens do PAE Eixo Forte qualificados para desenvolver
atividades produtivas sustentáveis;
CFR economicamente sustentável;
Princípios da permacultura difundidos entre os moradores do PAE
Eixo Forte.
235
6.3.3.3. Subprograma Cultura, Esporte e Lazer
Reconhecendo a importância da cultura, do esporte e do lazer
para a melhoria da qualidade de vida dos assentados, o PDA do PAE
Eixo Forte, propõe a implementação de políticas e projetos voltados ao
desenvolvimento humano, à inclusão social, à ampliação de emprego e
renda, à democratização das oportunidades de acesso, produção e
consumo de bens culturais, à interação intercomunitária, além da
manutenção e ampliação de equipamentos culturais e desportivos
comunitários.
6.3.3.3.1. Projeto Folclore
a) Apresentação:
Folclore é a maneira de agir, pensar e sentir de um povo ou grupo
com as qualidades ou atributos que lhe são inerentes, seja qual for o
lugar onde se situa o tempo e a cultura. Não é apenas o passado, a
tradição, ele é vivo e está ligado à nossa vida de um jeito muito forte. Por
isso, é tão importante conhecê-lo.
O saber folclórico é o que aprendemos informalmente no mundo,
por meio do convívio social. Ele é universal, embora aconteçam
adaptações locais ou regionais, como conseqüência dos acréscimos da
coletividade. "Folclore é o conjunto de coisas que o povo sabe, sem
saber quem ensinou."
Em um país como o Brasil, tão diverso, tão grande, com tantas
expressões diferentes, com tantos jeitos de ser, de brincar, de conviver e
rezar, que vão se modificando de lugar para lugar, e a toda hora, não
podemos falar de uma única cultura, mas das muitas culturas que o
formam. Cultura, como nós a entendemos, diz respeito ao modo de ser e
de viver dos grupos sociais: a língua, as regras de convívio, o gosto, o
236
que se come, o que se bebe, o que se veste vão formando aquilo que é
próprio de um povo.
A cultura popular é tudo isso bem misturado e refletido nos muitos
jeitos de ser do brasileiro.
b) Justificativa:
O folclore assume grande importância na história de todos os
povos, pois por meio desse conjunto pode-se conhecer a antiga cultura e
a formação da cultura presente nos dias de hoje. Dentre as
características que possui é possível identificar os fatos folclóricos a
partir do anonimato, já que todos os componentes folclóricos são de
autoria desconhecida; da aceitação coletiva, já que cada pessoa absorve
a essência folclórica e a repassa aos outros a partir de seu entendimento
próprio; e da transmissão oral, já que antigamente não havia meios de
comunicação como na atualidade. Para manter vivo o folclore típico de
cada região existem datas específicas para a realização dos festejos e
artes.
c) Objetivo Geral:
Incentivar o resgate das manifestações folclóricas em todas as
comunidades do PAE Eixo Forte.
Figura 90 - FLOCLORE
237
d) Objetivos Específicos:
Mapear as diferentes formas de manifestações folclóricas do Eixo
Forte;
Envolver as escolas do Eixo Forte no trabalho de resgate das
manifestações folclóricas;
Realizar festivais folclóricos que valorizem as organizações locais;
Conectar as organizações folclóricas com as grandes questões
ambientais e sociais do assentamento.
e) Estratégias:
As comunidades de São Brás, Irurama e Cucurunã já vêm
realizando um trabalho de resgate dessas manifestações e o resultado
são organizações folclóricas bem distintas e de grande beleza estética e
cultural, como: o Pássaro Tucano de São Brás; a Quadrilha Baila Brasil
do Irurama; e o Boi Tucum do Cucurunã.
A organização de eventos, o assessoramento no momento das
pesquisas históricas, a viabilização do apoio logístico, e a orientação
para obtenção de patrocínio cultural, são algumas das formas de
incentivar a população do Eixo Forte nesse trabalho.
De origem inglesa, o folclore é uma palavra originada pela junção
das palavras folk, que significa povo; e lore, que significa sabedoria
popular. Formou-se então a palavra folclore que quer dizer sabedoria do
povo.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Mapear os grupos folclóricos
existentes
ATES,
FAMCEEF
INCRA
238
02 Assessorar a realização de um
Festival Folclórico do Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Assessorar a elaboração de
projetos para obtenção de
patrocínio cultural
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Através do folclore o povo entende um pouco de sua história.
Suas tradições preservadas são alicerces para que possamos conhecer
nosso passado e legar o seu conhecimento para as futuras gerações,
através das diversas manifestações focadas no folclore.
6.3.3.3.2. Projeto Festas e Festivais do Eixo Forte
a) Apresentação:
Há cerca de 10 anos, as comunidades do Eixo Forte iniciaram um
trabalho de resgate cultural, que tem por objetivo centrar o
desenvolvimento da região no turismo comunitário, no respeito ao meio
ambiente e na produção de base familiar. Assim, surgiram os festivais,
como forma de unir a divulgação do folclore local com os produtos mais
produzidos nas comunidades. Nesse momento surgiu o Festival do Açaí,
em Santa Luzia; o Festival da Farinha e Artesanato do Cucurunã; o
Festival da Mandioca do Irurama; do Tacacá, em São Brás, e assim por
diante.
b) Justificativa:
Os festivais foram planejados para divulgar e valorizar as
atividades desenvolvidas pelas comunidades do Eixo Forte. Porém,
como as datas dos eventos concentram-se preferencialmente no
segundo semestre do ano, por ser o período de menor ocorrência de
239
chuvas, favorecendo assim o deslocamento e o acesso do público, o que
se observava era um acúmulo de eventos num mesmo período. Assim,
os comunitários ficavam impedidos de prestigiar os festivais de seus
vizinhos, bem como o público da cidade era obrigado a optar por um ou
por outro evento. Dessa forma, aqueles que não tinham as mesmas
condições das comunidades maiores, tinham suas festas esvaziadas,
não favorecendo assim, o alcance dos objetivos propostos.
Com o advento da criação do PAE Eixo Forte e da estruturação
da FAMCEEF, a EMATER-PA propôs a montagem conjunta de um
Calendário de Eventos que buscasse distribuir ao longo desse período
de menor intensidade de chuvas, as festas e festivais da região. O
resultado, embora ainda apresente superposição de datas, já foi um
grande avanço. E a elaboração do projeto Festas e Festivais do Eixo
Forte é mais um reforço na organização das comunidades daquela
região.
c) Objetivo Geral:
Fortalecimento cultural, econômico e social da região do Eixo
Forte, através da divulgação e comercialização da produção e da cultura
local, em eventos organizados pelas entidades comunitárias.
d) Objetivos Específicos:
Revitalizar, valorizar e estimular a produção agropecuária e
extrativista da região;
Oferecer lazer e entretenimento aos moradores e visitantes;
Divulgar atividades produtivas desenvolvidas no assentamento;
Promover o desenvolvimento sócio-econômico e cultural da
região do Eixo Forte;
Contribuir para a permanência do homem rural no seu habitat;
Resgatar a cultura da região;
240
Oportunizar a venda de produtos fabricados pelos moradores do
assentamento;
Promover o intercâmbio sociocultural dos moradores das
diferentes comunidades do assentamento.
e) Estratégias:
A estratégia de execução do Projeto Festas e Festivais do Eixo
Forte é o fortalecimento dos eventos comunitários através da integração
das 15 comunidades do assentamento na realização de cada evento.
Dessa forma, se poderia montar um cronograma de participação
de famílias nos eventos, possibilitando a abertura de um espaço de
comercialização que beneficiaria um grande número de assentados.
Já houve uma primeira experiência reunindo as 15 comunidades
para montagem de um calendário de eventos e o resultado é o que se
segue:
Tabela 34 - CALENDÁRIO DE EVENTOS DO PAE EIXO FORTE
MÊS COMUNIDADE EVENTO
JAN São Brás Festividades de São Brás
MAR Jatobá Festival da Castanha
ABR Irurama Aniversário de Irurama
MAI
Cucurunã Aniversário da Sociedade Esportiva
Ponta de Pedras Festividade de N.Sª das Graças
Santa Maria Festividade do Padroeiro
Santa Luzia Aniversário da Comunidade
JUN Irurama Festividade de Santo Antônio
Vila Nova Festividade de São João
São Pedro
/Andirobalzinho
Festividade de São João
São Brás Arraiar do Juve
São Pedro Festividade de São Pedro
Santa Luzia Arrasta Pé do Marçá
JUL São Brás Festival do Tacacá
São Raimundo Aniversário do Clube São Raimundo
Eixo Forte Festival das Flores
AGO Eixo Forte Fornada de Letras do Eixo Forte
Cucurunã Festival da Farinha e Artesanato
241
Santa Rosa Festividade de Santa Rosa de Lima
SET Irurama Aniversário do Clube de Futebol
Ponte Alta Festividade de São Francisco de Assis
São Francisco Festividade de São Francisco de Assis
OUT Santa Luzia Festival do Açaí
São Raimundo Festividade de N.Sª Aparecida
Pajuçara Festividade de N.Sª de Nazaré
Cucurunã Festividade de N.Sª das Graças
NOV
Irurama Festival da Mandioca e Artesanato
São Pedro Festival da Integração Rural
Ponta de Pedras Festival do Charutinho
Santa Maria Festival do Cupuçaí
Pajuçara Festival do Caju
DEZ Santa Luzia Festividade de Santa Luzia
A capacitação dos grupos organizadores, tanto no aspecto
organizacional como na melhoria da qualidade dos produtos oferecidos
nos eventos, é outro ponto a se observar para a melhoria da qualidade
dessas festas, para que se atinjam os objetivos propostos.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Montar um calendário que
busque a conciliação de datas
para evitar superposição de
eventos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Montar Plano de Divulgação
Conjunto dos eventos, através
da confecção de
calendário/cartaz
ATES,
FAMCEEF
INCRA,
Patrocinadores
03 Assessorar as 15
comunidades na elaboração
de projetos de captação de
recursos (patrocínio cultural)
ATES,
FAMCEEF
INCRA,
Patrocinadores
242
04 Capacitar equipes
organizadoras das 15
comunidades do
assentamento em realização
de eventos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
O principal resultado esperado com a elaboração do Projeto
festas e Festivais do Eixo Forte e a melhoria da qualidade dos eventos
realizados, e a integração das comunidades através dos eventos,
possibilitando a criação de um permanente espaço de comercialização,
através da participação de todas as comunidades em todos os eventos.
6.3.3.3.3. Projeto Bibliotecas Comunitárias
a) Apresentação:
A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o
momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta.
No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que
nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de
relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um
livro, enfim, em todos estes casos estamos de certa forma, lendo -
embora, muitas vezes, não nos demos conta.
A atividade de leitura não corresponde a uma simples
decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e
compreender o que se lê.
Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis
também alguns conhecimentos prévios do leitor, entre eles os de mundo,
que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Nesse sentido afirma
Leonardo Boff: cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os
pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o
243
que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua
visão de mundo. Isto faz da leitura sempre uma releitura.
c) Justificativa:
O único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor.
É ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Por
isso ela se revela como uma atividade extremamente frutífera e
prazerosa. Por meio dela, além de adquirirmos mais conhecimentos e
cultura, o que nos fornece maior capacidade de diálogo e nos prepara
melhor para atingir às necessidades de um mercado de trabalho
exigente, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do
mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos
leva à reflexão.
Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e
essencial instrumento libertário para a sobrevivência do homem.
c) Objetivo Geral:
Implantar Bibliotecas Comunitárias nas 15 comunidades do PAE
Eixo Forte.
Figura 91 - BIBLIOTECA COMUNITÁRIA
244
d) Objetivos Específicos:
Estimular o hábito da leitura entre as famílias dos assentados;
Divulgar publicações que promovam a educação ambiental da
população local;
Ampliar a abrangência da Biblioteca;
Auxiliar na qualificação de trabalhadores/as através da leitura;
Melhorar o rendimento escolar de crianças e jovens da
comunidade.
e) Estratégia:
Pequenas construções medindo 5,00 x 4,00 metros são
suficientes para abrigar um acervo necessário ao início desse trabalho
de incentivo ao desenvolvimento do hábito da leitura.
Será necessário também a aquisição de 01 computador, 05
estantes de ferro, 01 sistema de refrigeração de ar e antena para
captação de sinal de internet, por biblioteca.
O acervo será formado a partir de campanhas de doação de
livros, entre pessoas físicas e entidades públicas, além do material
doado através do projeto Arca das Letras.
O gerenciamento das bibliotecas será executado por entidades
comunitárias.
As bibliotecas montarão acervo fotográfico das comunidades,
resgatando material entre os moradores mais antigos e fazendo o
registro das atividades atuais.
245
Figura 92 - BIBLIOTECA COMUNITÁRIA- VISTA FRONTAL/LATERAL/PLANTA
BAIXA
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Construir e implantar
bibliotecas comunitárias nas
15 comunidades do
assentamento
ATES,
FAMCEEF,
INCRA
INCRA
02 Implantar do projeto Arca das
Letras nas 15 bibliotecas
comunitárias implantadas
ATES,
FAMCEEF,
INCRA
INCRA
03 Realizar evento cultural com
objetivo de incentivo à leitura
- Fornada de Letras do Eixo
Forte
ATES,
FAMCEEF,
INCRA
INCRA,
Patrocinadores
04 Adquirir 15 computadores
completos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Adquirir 75 estantes de ferro ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Adquirir 15 centrais de ar ATES, INCRA
246
condicionado FAMCEEF
07 Adquirir 15 máquinas
fotográficas
ATES,
FAMCEEF
INCRA
08 Capacitar 45 jovens (03 por
comunidade) para
gerenciarem as bibliotecas de
suas comunidades
ATES,
FAMCEEF
INCRA
09 Instalar 15 pontos de internet,
nas 15 bibliotecas
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Espera-se que a população do Eixo Forte faça uso desse
importante instrumento para o desenvolvimento individual e coletivo.
O hábito da leitura é adquirido pelas crianças, desde que pais e
professores as incentivem e materiais impressos de boa qualidade
estejam disponíveis na hora e lugar certos. As bibliotecas comunitárias
têm como principal foco a formação de uma geração futura que tenha
nos livros um dos alicerces para a formatação de seus valores e
perspectivas.
6.3.3.3.4. Projeto Escola de Música do Eixo Forte
a) Apresentação:
A música é uma das mais antigas e valiosas formas de expressão
da humanidade e está sempre presente na vida das pessoas. Antes de
Cristo, na Índia, China, Egito e Grécia já existia uma rica tradição
musical. Na Antiguidade, filósofos gregos consideravam a música como
“uma dádiva divina para o homem.”
Segundo historiadores, o fazer musical de uma forma ou de outra,
sempre esteve presente nas sociedades, desde as mais primitivas até as
atuais. Sem dúvida, o nível de complexidade musical se alterou com o
247
passar do tempo, mas não perdeu a sua característica de reunir
pessoas. Hoje se percebe que a música tem a capacidade de aglutinar
crianças, jovens e adultos, para cantar, tocar um instrumento, ou ambas.
Assim, podemos afirmar que a vivência musical faz parte do dia-a-dia do
ser humano e é muito salutar para o desenvolvimento de trabalhos
grupais e que a aprendizagem musical abre portas para outras
informações.
b) Justificativa:
Não é para formar músicos que a musicalização vem ganhando
espaço nas escolas, sendo incluídas até no currículo. A música ajuda a
afinar a sensibilidade dos alunos, aumenta a capacidade de
concentração, desenvolve o raciocínio lógico-matemático e a memória,
além de ser forte desencadeador de emoções.
Cada ser humano que descobre sua voz fica mais seguro de si e
com a auto-estima elevada. Fazer música, principalmente em grupo, no
coletivo, traz a noção da importância da ordem e da disciplina, da
organização, do respeito ao outro e a si mesmo.
Trabalhar com música na Educação é um fazer artístico. Os
ganhos que a prática musical proporciona, seja pela expressão das
emoções, pela sociabilidade, pela disciplina, pelo desenvolvimento do
raciocínio, são valiosíssimos, e para a vida toda.
Figura 93 - ESCOLA DE MÚSICA
248
c) Objetivo Geral:
O ensino da música tem por objetivos gerais abrir espaço para
que os jovens possam se expressar e se comunicar através dela, bem
como promover experiências de apreciação e abordagem em seus
vários contextos culturais e históricos.
d) Objetivos Específicos:
Contribuir para a formação integral do indivíduo;
Reverenciar os valores culturais;
Difundir o senso estético;
Promover a sociabilidade e a expressividade;
Introduzir o sentido de parceria e cooperação;
Auxiliar o desenvolvimento motor, pois trabalha com a sincronia
de movimentos;
Criar a banda Sinfônica do Eixo Forte.
e) Estratégia:
Firmar convênio com a Fundação Carlos Gomes;
Estabelecer parcerias nas diversas esferas (municipal, estadual e
federal) para viabilizar o projeto;
Definir local (espaço físico) que servirá de sede para a futura
Banda Sinfônica;
Adquirir material didático, de expediente, móveis, etc;
Contratar instrutor e monitores;
Selecionar jovens nas 15 comunidades do assentamento.
249
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Firmar Convênio de
Cooperação Técnica para
criação da Banda Sinfônica
do Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA,
Fundação
Carlos Gomes,
FUNARTE,
MINC, Lei
SEMEAR
02 Construir/Adaptar espaço
físico para funcionamento da
sede da Banda Sinfônica do
Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA,
Fundação
Carlos Gomes,
FUNARTE,
MINC
03 Aquisição de material didático
e material de reposição
ATES,
FAMCEEF
INCRA,
Fundação
Carlos Gomes,
FUNARTE,
MINC
04 Contratação de 01 instrutor ATES,
FAMCEEF
Fundação
Carlos Gomes,
FUNARTE,
MINC
05 Formação de monitores
locais
ATES,
FAMCEEF
INCRA,
Fundação
Carlos Gomes,
FUNARTE,
MINC
g) Resultados Esperados:
O trabalho com música desenvolve as habilidades físico-
cinestésica, espacial, lógico-matemática, verbal e musical. Ao entrar em
250
contato com a música, zonas importantes do corpo físico e psíquico são
acionadas - os sentidos, as emoções e a própria mente. Por meio da
música, a criança ou o jovem expressa emoções que não consegue
expressar com palavras. A música fez bem para a autoestima do jovem,
já que alimenta a criação.
6.3.3.3.5. Projeto Artesanato
a) Apresentação:
O Artesanato é essencialmente o próprio trabalho manual ou
produção de um artesão (de artesão + ato). Mas com a mecanização da
indústria o artesão é identificado como aquele que produz objetos
pertencentes à chamada cultura popular.
Considera-se Artesanato todo trabalho manual, onde mais de
80% da peça foi fruto da transformação da matéria-prima pelo próprio
artesão. Além disso, esse produto normalmente reflete a relação desse
artesão com o meio onde vive e a sua cultura.
Artesanato pode ser com ou sem ajuda de ferramentas e
mecanismos caseiros, que as pessoas dão às matérias brutas, sobras e
lixo do consumo industrial, visando produzir peças utilitárias, artísticas e
recreativas, com ou sem fim comercial.
Na concepção do escritor mexicano Otávio Paz, Prêmio Nobel de
Literatura, falar de artesanato é falar mais de pessoas do que de objetos,
pois o produto resultante do trabalho artesanal é um produto “com alma”,
onde estão presentes o saber, a arte, a criatividade e a habilidade.
A partir da Revolução Industrial, que iniciou na Inglaterra, o
artesanato foi fortemente desvalorizado, deixou de ser tão importante, já
que neste período capitalista o trabalho foi dividido colocando
determinadas pessoas para realizarem funções específicas, essas
deixaram de participar de todo o processo de fabricação. Além disso, os
artesãos eram submetidos a péssimas condições de trabalho e baixa
remuneração. Este processo de divisão de trabalho recebeu o nome de
linha de montagem.
251
Hoje, o artesanato voltou a ter prestígio e importância. Continua a
buscar elementos naturais para desenvolver suas peças originadas do
barro, couro, pedra, folhas e ramos secos entre outros. Em todas as
regiões é possível encontrar artesanatos diversificados originados a
partir da natureza típica do local e de técnicas específicas.
O artesanato é reconhecido em áreas como a de bijuterias,
bordados, cerâmica, vidro, gesso, mosaicos, pinturas, velas, sabonetes,
saches, caixas variadas, reciclagem, patchwork, metais, brinquedos,
arranjos, apliques, além de várias técnicas distintas utilizadas para a
fabricação de peças.
b) Justificativa:
A criatividade que caracteriza o povo brasileiro e os artesãos e
artistas populares em particular, os materiais utilizados e as técnicas
empregadas na confecção dos produtos artesanais, traduzem a sua
identidade e a riqueza da sua cultura. Toda essa riqueza, aliada aos
atrativos naturais e turísticos e a simpatia do seu povo, atraem e
seduzem admiradores do mundo inteiro, transformando-os em
consumidores em potencial e colocando o Brasil na moda. Mas, não
basta ser um produto brasileiro para se ter garantia de sucesso.
Além de materializar a alma da cultura brasileira, o artesanato é
um setor da economia cujo crescimento possui alto potencial de geração
de trabalho e renda, merecendo uma política de desenvolvimento
sustentável voltada para o setor e associada a projetos sociais e de
desenvolvimento turístico.
Costuma-se dizer que existem 10 razões para se investir em
artesanato:
1. Eleva a auto-estima;
2. Ajuda a relaxar, sair do estresse;
3. Favorece as relações pessoais;
4. É ótima forma de passar o tempo;
5. Sempre ajuda na hora de presentear;
6. É boa fonte de renda;
252
7. Ajuda a incrementar o orçamento da família;
8. É ótimo para começar o próprio negócio;
9. Oferece boas margens de lucro; e
10. É um mercado que só faz crescer.
c) Objetivo Geral:
Incentivar a produção artesanal do PAE Eixo Forte através do
desenvolvimento de um programa de qualificação da mão de obra
existente e valorização da matéria-prima local.
d) Objetivos Específicos:
Levantar as diversas frentes de trabalho artesanal existentes no
assentamento;
Investir na melhoria da qualidade da produção atual;
Incentivar a pesquisa de matéria-prima disponível na área do
assentamento;
Desenvolver novas formas, mais funcionais, a produtos
tradicionais da região;
Incentivar os jovens a dar continuidade à produção de artesanato.
e) Estratégias:
Todas as comunidades elegeram o artesanato como uma das
formas de geração de renda.
253
Figura 94 - ARTESANATO
Através de um Plano de Qualificação que inclui oficinas,
intercâmbios, pesquisas de materiais e formas, desenvolvimento de
marcas, treinamento em gestão etc. pretende-se valorizar o artesanato
local e transformá-lo em um negócio viável para as pessoas que
optarem por essa forma de geração de renda.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Identificar artesãos já atuantes
no assentamento p/
comunidade
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Montar programa de
qualificação de forma
participativa
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar Planos de Negócio do
Artesanato
ATES,
FAMCEEF
INCRA
254
g) Resultados Esperados:
O resgate das vocações regionais, levando à preservação das
culturas locais e à formação de uma mentalidade empreendedora, por
meio da capacitação das organizações e de seus artesãos para a
sociedade de mercado, onde o padrão de qualidade e a capacidade de
produção são alguns dos fatores que determinam a aceitação deste
produto no mercado interno e externo.
6.3.3.3.6. Projeto Time Legal
a) Apresentação:
Em 1947, o jornalista Mário Rodrigues Filho publica o livro O
negro no futebol brasileiro. O prefácio realizado por Gilberto Freyre
indica que este estudo é uma valiosa contribuição para o entendimento
da sociedade e da cultura brasileira, na sua transição da fase
predominantemente rural para a predominantemente urbana.
Levantando questões entre a racionalidade e a irracionalidade do
comportamento humano.
Através da ascensão deste esporte tornou-se possível a
sublimação do homem brasileiro, algo que anteriormente só se
conseguia através de feitos heróicos, ou ações admiráveis que o
exército, a Marinha e as Revoluções mais ou menos patrióticas abriam
aos brasileiros brancos e, principalmente, mestiços ou de cor.
O futebol tem na sociedade brasileira, em grande parte formada
por elementos primitivos da cultura, uma importância toda especial que
demorou muito tempo para ser estudada. Este esporte assumiu uma
expressão contrária à moralidade dominante em nosso meio. O
desenvolvimento do futebol, não num esporte como os outros, mas
numa verdadeira instituição brasileira, tornou possível a valorização de
vários daqueles elementos irracionais de nossa formação social e
irracional (por exemplo o samba e a capoeira, elementos presentes no
255
estilo de jogo do brasileiro), o que possibilitou que o futebol brasileiro
saísse do estilo original britânico e se tornasse uma dança cheia de
surpresas irracionais e variações como é.
A sublimação do futebol auxiliou para o engrandecimento do
negro na cultura brasileira. "E entre os meios mais recentes - isto é, dos
últimos vinte ou trinta anos - de ascensão social do negro ou do mulato
ou do cafuzo no Brasil, nenhum excede, em importância, ao futebol".
O futebol teve uma participação decisiva na democratização racial
do Brasil e, portanto, na construção de uma nação integral.
b) Justificativa:
Nas comunidades rurais do estado o futebol é apontado por mais
de 90% da população como a principal forma de lazer das comunidades.
No Eixo Forte Não é diferente.
O Campeonato de Futebol do Eixo Forte de 2010, organizado
pela Coordenação de Esportes do Eixo Forte, reuniu 08 equipes, de 06
comunidades, num total de 120 atletas que proporcionaram, por 06
meses, um intercâmbio esportivo que, se melhor aproveitado, pode
contribuir para o fortalecimento da unidade necessária para a
consolidação do PAE Eixo Forte.
Figura 95 - LOGOMARCA COORDENAÇÃO DE ESPORTES DO EIXO FORTE
A Coordenação de Esportes do Eixo Forte é uma organização
informal, assessorada pela Liga de Futebol de Santarém, que reúne as
256
principais equipes futebolísticas do Eixo Forte e organiza as
competições esportivas naquela região.
c) Objetivo Geral:
O projeto Time Legal propõe a regularização dos atuais times de
futebol da região, através da discussão de estatutos que objetivem
responsabilidades sociais e ambientais às associações esportivas e a
consequente incorporação dessa faixa da população aos projetos sociais
e ambientais do assentamento, além da revitalização dos campos de
futebol das 15 comunidades do assentamento.
Figura 96 - ESPORTES
d) Objetivos Específicos:
Reconhecer o potencial de mobilização do esporte,
principalmente o futebol, nas comunidades do Eixo Forte;
Fortalecer as organizações esportivas através da regularização
estatutária;
Fortalecer as disputas esportivas, explorando seu potencial no
turismo comunitário;
Estreitar o relacionamento entre as comunidades do Eixo Forte;
257
Incorporar essa faixa da população nas atividades sociais e
ambientais do assentamento;
Revitalizar os campos de futebol, inclusive com iluminação, das
15 comunidades do PAE Eixo Forte.
e) Estratégias:
Alguns times de futebol, no Eixo Forte, como o Juventude, São
Brás e S. E. Cucurunã, já acumulam conquistas, dentro e fora de suas
comunidades de origem, que garantem a essas organizações um
considerável respaldo entre os moradores da região. Com isso, esses
times vêm se mantendo em evidência ao longo dos anos, acumulando
um considerável patrimônio, como sedes próprias, terrenos, campos de
futebol, mas principalmente, um patrimônio social que precisa ser
respeitado e melhor aproveitado em prol do desenvolvimento
comunitário.
Se considerarmos que mesmo as pequenas comunidades têm
pelo menos um time de futebol, e que nas comunidades maiores esse
número dobra ou triplica, isso representaria alguma coisa entre 20 e 25
times na área do assentamento. Sabendo-se que cada time é mantido
permanentemente por 25 pessoas em média, teríamos aí um público
entre 500 e 620 pessoas, que através de seus representantes nos
Conselhos Gestores Comunitários, poderiam contribuir de forma
bastante efetiva com o processo de desenvolvimento regional.
Através de reuniões e palestras pretende-se mostrar aos
“boleiros”, como são chamados os praticantes do futebol, a importância
de sua participação na comunidade e a importância de se entender a
prática do esporte como forma de evolução física, mental e social.
No estatuto social do Sociedade Esportiva Cucurunã, consta na
alínea b, do artigo 1º, dos objetivos: “Proporcionar aos associados,
dentro de suas possibilidades eventos de caráter esportivo, recreativo,
social e ambiental”. A inclusão de responsabilidades sociais e
ambientais no estatuto abre a possibilidade de desenvolvimento de um
indefinido número de ações envolvendo os aficionados do esporte.
258
Através de consultoria à Coordenação de Esportes do Eixo Forte,
se pretende assessorar a elaboração e divulgação das atividades
esportivas da área de influência do PAE Eixo Forte.
Através da revitalização dos campos de futebol, com iluminação,
pretende-se oferecer opção da prática noturna do esporte e até uma
opção captação de recursos através do aluguel do campo.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Cadastrar todas as
organizações esportivas do Eixo
Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Incentivar e orientar a
transformação dessas
organizações em associações
esportivas com responsabilidade
social e ambiental
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Assessorar a Coordenação de
Esportes na elaboração do
Calendário de Futebol do Eixo
Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Divulgar Calendário de Futebol
do Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Revitalizar 15 campos de
futebol, incluindo sistema de
iluminação
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Esportistas conscientes de suas responsabilidades sociais e
ambientais;
Maior participação dos jovens nas atividades esportivas;
259
Organizações esportivas fortalecidas;
Conselhos Gestores Comunitários com maior representatividade.
6.3.3.3.7. Projeto Cozinha Tradição
a) Apresentação:
As comunidades do Eixo Forte possuem uma rica tradição
culinária, baseada nos principais produtos da região: a mandioca, a
galinha caipira, o caju, o açaí, o cupuaçu, entre outros.
Com a realização das festas e festivais que têm entre seus
objetivos o resgate e o aprimoramento desses costumes gastronômicos,
a lista de iguarias preparadas nesses eventos vem aumentando. Daí a
idéia de sistematizar, socializar entre os assentados, divulgar em escala
mais ampla e comercializar os produtos resultantes dessa pesquisa
culinária.
b) Justificativa:
Alguns produtos que têm como matéria prima a galinha caipira, o
açaí, o pescado, vêm se mantendo no cardápio diário dos comunitários,
e de uma forma dinâmica se adaptando a novos gostos e costumes. Já
outros produtos, como o tarubá, o carimã, o caxiri, e outros derivados da
mandioca estão mais presentes na lembrança dos mais velhos que
propriamente na mesa das atuais gerações.
Acompanhar a evolução do aproveitamento das matérias-primas,
sem perder de vista as formas tradicionais de utilização desses produtos
é uma necessidade, diante da possibilidade da utilização da gastronomia
local como importante produto turístico a ser explorado no
desenvolvimento do presente plano.
260
c) Objetivo Geral:
O principal objetivo do projeto é a criação de um espaço de
resgate, experimentação, capacitação, produção e comercialização de
produtos da gastronomia do Eixo Forte.
Figura 97 - COZINHA TRADIÇÃO
d) Objetivos Específicos:
Concentrar em um único local as tradições culinárias do Eixo
Forte;
Desenvolver linha editorial a partir dessas experiências culinárias;
Manter restaurante típico da região, para comercialização e
divulgação da gastronomia local;
Gerar renda para as famílias envolvidas no projeto;
Qualificar a mão-de-obra local, principalmente os mais jovens,
dentro das tradições locais;
Produção e venda de produtos;
Desenvolvimento de experiências gastronômicas com produtos
regionais;
Apoio aos eventos culturais da comunidade.
261
e) Estratégias:
A estratégia de implementação do projeto prevê a construção de
uma cozinha experimental dotada de espaço para realização de eventos
de capacitação, acoplada a um pequeno restaurante, em comunidade a
ser definida pelos assentados.
Nesse espaço serão realizadas atividades de resgate e
aprimoramento das receitas tradicionais da região e sistematização
dessas receitas.
Figura 98 - LOGOMARCA COZINHA TRADIÇÃO
Os produtos finais serão: publicações culinárias que poderão ser
comercializadas; cardápios que serão oferecidos no restaurante da
Cozinha Tradição; produtos industrializados que serão comercializados
no próprio restaurante e nos espaços de comercialização do
assentamento.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Construir 01 cozinha
industrial experimental
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Construir 01 restaurante
acoplado á cozinha industrial
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Desenvolver pesquisa entre
1.031 famílias de assentados
sobre costumes alimentares
ATES,
FAMCEEF
INCRA
262
da atualidade e de seus
antepassados
04 Desenvolver processo de
capacitação de 20 pessoas
interessadas em coordenar
as atividades de resgate
culinário
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Editar e publicar livro de
registro do resgate culinário
do PAE Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Editar e publicar 200 folders
contendo receitas por produto
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Cultura alimentar da região valorizada;
Cultura alimentar utilizada como produto turístico;
Cultura alimentar utilizada como fonte de renda para as famílias
do assentamento.
6.3.3.3.8. Projeto Rádio Comunitária
a) Apresentação:
Inaugurado na primeira metade da década de 1920 no mundo, o
rádio se torna em poucos anos um meio de comunicação voltado às
massas. No princípio o aparelho era pesado e artigo restrito a um
pequeno setor da sociedade, contudo, com as necessidades de se
expandir (em público e lucros), a radiodifusão avança e se propaga entre
os mais diversos segmentos sociais. De acordo com Costella (2002,
p.167), “em apenas uma década a radiodifusão conquistou todas as
regiões civilizadas do globo terrestre”.
263
No Brasil não foi diferente. Fundado em 1922 na comemoração
da Independência, no Rio de Janeiro, o rádio pegou carona no
desenvolvimento comercial brasileiro para, na década de 1930, formar
uma estrutura firme, com programação bem estruturada e transmissão
abrangente, popularizando-se como meio de comunicação. E com isso
surgiu a concorrência, que fez as emissoras buscarem cada vez mais
alcançar o grande público. Desta forma a programação foi sendo
organizada a partir do interesse dos ouvintes - em sua maioria do
segmento mais popular – tendo em vista, obviamente, as prioridades dos
empresários e as condições financeiras que lhes fossem mais
favoráveis.
Nem a TV ou a Internet foram capazes de retirar do rádio a sua
característica de veículo de comunicação popular. Todavia, a
comercialização da programação e o vínculo dos empresários do setor
com políticos limitam os conteúdos aos interesses pessoais em
detrimento das reais necessidades dos ouvintes. Portanto, o meio de
comunicação idealizado por Roquette-Pinto como instrumento de
“educação, de ensino e de alegria” (COSTELLA, 2002, p. 178) é uma
utopia ante a realidade das emissoras brasileiras.
Como qualquer área de atuação relacionada às questões sociais,
a comunicação tem seus objetivos quanto aos seus agentes. Tétu (1997)
considera que esta permite constituir um suporte à imagem e identidade
da coletividade, podendo agir no melhoramento destes. Ele observa que
a comunicação tem três princípios básicos: Constituir a imagem ou
melhorá-la, ação voltada para o exterior; Afirmar e valorizar o sentimento
de pertencimento dos agentes, ação voltada para o público interno da
empresa-coletividade; Estimular a mudança, por fim, ação destinada a
seu pessoal, aos habitantes e, também, à “clientela” externa. O objetivo
de tudo isto sendo aquele de fortalecer o sentimento de pertencimento a
um território (TÉTU, 1997, p. 444).
Neste contexto, se sobressai a comunicação comunitária, que se
propõe a ser um instrumento de mobilização social, instigador da
cidadania e da democracia, comprometido não com grandes
empresários, mas com o desenvolvimento cultural e social.
264
b) Justificativa:
No momento em que a globalização passa a desterritorializar
cultura e política, transformando o que é local em global, e vice-versa.
Faz-se necessária uma mídia que busque um enfoque regional dos
temas abordados. É importante informar as pessoas sobre o que
acontece nos quatro cantos do mundo, mas deve-se considerar que
também é relevante apresentar notícias que lhes acrescentem um
sentimento de pertinência a fim de conscientizar este público a respeito
dos fatos referentes à sua cidade, bairro e rua.
Já que grandes meios de comunicação são ligados a interesses
que estão muito aquém das comunidades e periferias do país, cabe à
comunicação comunitária fazer o papel de buscar a proximidade com
aqueles que muito pouco se destacam nos grandes jornais, Rádios, TVs,
etc. E o rádio com sua característica de veículo popular, configura-se
como a principal forma de trazer às comunidades os assuntos que estão
mais próximos dos seus olhos e ouvidos.
Sobre Rádio Comunitária, Peruzzo (2007) destaca a necessidade
de esta ser um veículo estimulador da cidadania, baseando-se em
princípios da comunicação libertadora. Transmite uma programação de
interesse social vinculada à realidade local, não tem fins lucrativos,
contribui para ampliar a cidadania, democratizar a informação, melhorar
a educação informal e o nível cultural dos receptores sobre temas
diretamente relacionados às suas vidas. A emissora radiofônica
comunitária permite ainda a participação ativa e autônoma das pessoas
residentes na localidade e de representantes de movimentos sociais e
de outras formas de organização coletiva na programação, nos
processos de criação, no planejamento e na gestão da emissora.
Neste contexto, deve-se observar o papel do jovem na sociedade
atual. É importante avaliar o posto da juventude na época em que as
culturas se misturam – por conta das transformações provocadas pelo
avanço da tecnologia, internet, enxurrada de informações etc.-, o que
resulta em grande influência na formação pessoal dos indivíduos e pode
265
ocasionar um afastamento do sujeito em relação à cultura do seu meio,
da sua comunidade.
No Eixo Forte, onde a proximidade com o centro urbano e o
“bombardeio” cultural massificado influencia fortemente a formação da
população local, jovens preocupados com a valorização da cultura local
vêm desenvolvendo ações nesse sentido e uma dessas possibilidades,
demonstradas em diversos eventos ligados ao setor de comunicação, é
a criação de rádios comunitárias, que auxiliem o fortalecimento, resgate
e a preservação de hábitos e valores que marcaram a chegada dos
antigos desbravadores daquela região da Amazônia, e mesmo dos
antigos moradores, nativos da própria região.
c) Objetivo Geral:
Criação e implantação da Rádio Comunitária Voz do Eixo Forte.
Figura 99 - RÁDIO COMUNITÁRIA
d) Objetivos Específicos:
Valorizar a cultura local;
Incentivar novos valores culturais locais;
Facilitar a comunicação entre os assentados do PAE Eixo Forte;
266
Divulgar informações que melhorem a qualidade de vida dos
moradores locais;
Apoiar a programação esportiva local;
Criar espaço para debate das questões de interesse da
população local.
e) Estratégias:
Criação da Associação Comunitária e Assembléia
Constituinte: O primeiro passo para se constituir a rádio comunitária é
se criar a Associação Comunitária Voz do Eixo Forte, que será a
entidade mantenedora, esta Associação será uma entidade sem fins
lucrativos e deverá ser criada com base na legislação. Uma Assembléia
Constituinte será realizada, criando os cargos relacionados a entidade e
um comitê para cuidar administrativamente da rádio;
Envio de Papéis ao Ministério das Comunicações: Depois de
criada a Associação e legalizada, o próximo passo é enviar os
documentos ao Ministério das Comunicações. Esses documentos são;
os dados da Associação, o pedido de inclusão no cadastro do Ministério
e requerimento de demonstração de interesse em instalar rádio
Comunitária;
Análise de entidades e regulamentação: A documentação
enviada será analisada pela equipe de outorgas do Ministério das
Comunicações, decidirão quais as entidades que receberão autorização
definitiva para funcionar como Radio Comunitária. O Ministério, após a
finalização do processo, publica no Diário Oficial da União e coloca na
sua página eletrônica a lista de Radicoms autorizadas a funcionar,
porém, segundo a lei, a rádio não estaria totalmente autorizada a operar
e necessitaria aguardar a decisão da Casa Civil e do Congresso Federal
para operar.
Tramitação no Congresso: O Congresso Nacional recebe o
processo da rádio, analisa, e da um parecer. Se favorável a emissora é
267
autorizada a entrar no ar por decreto legislativo. Processo este
geralmente muito demorado;
Qualificação da Equipe Técnica: A equipe de ATES
desenvolverá programa de capacitação que possibilite aos moradores
locais, preferencialmente os jovens, a elaboração de grade de
programas da emissora, apresentação dos programas pelos próprios
moradores e a gestão da associação de forma sustentável.
g) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Assessorar a criação da
Associação Comunitária Voz
do Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Assessorar a elaboração e
envio de documentos ao
Ministério das Comunicações
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Qualificar a equipe técnica da
rádio comunitária para
condução da programação da
mesma
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Assessorar o
dimensionamento e aquisição
dos equipamentos necessários
ATES,
FAMCEEF
INCRA
h) Resultados Esperados:
Com a criação da Rádio Comunitária espera-se que através da
comunicação comunitária os assentados tenham um “reforço” no
desenvolvimento do sentimento de pertencimento e outras
características, como participação, interação, interesses coletivos acima
dos individuais, identidades, cooperação e cultura comum. Desta forma,
espera-se estimular uma prática social coletiva e solidária, de união, a
268
fim de facilitar a superação de problemas. Questão importante que deve
ser ressaltada é que a comunicação comunitária deve ter como
protagonista o próprio indivíduo da comunidade. Em uma mídia
comunitária, a programação deve ser construída e desenvolvida a partir
das necessidades dos moradores do lugar.
6.3.4. Programa de Garantia de Direitos Ambientais
6.3.4.1. Projeto 1.000.000 de Árvores para o Eixo Forte
a) Apresentação:
O resgate da atividade extrativista no PAE Eixo Forte passa
obrigatoriamente por um programa de reflorestamento, que devolva à
região sua vocação natural, subtraída da população tradicional por
diversos fatores, já relatados em itens anteriores. Por sua vez, o
reflorestamento depende do desenvolvimento de uma cultura florestal
também já distante da prática atual dos moradores da região do Eixo
Forte, porém desejada pela maioria da população, que pretende
construir naquele lugar um espaço de desenvolvimento gradativo e
sustentável, que devolva já para essa geração e garanta para as
próximas o bem estar social ao qual todo cidadão brasileiro tem direito.
O Projeto “1.000.000 de Árvores para o Eixo Forte”, mais que um
projeto de reflorestamento é um projeto de educação ambiental e
pretende ser o primeiro passo no sentido do desenvolvimento de um
grande projeto de reflorestamento para aquela região. Entende-se que
para se desenvolver uma ação sustentável é necessário, antes, educar e
motivar a população no sentido do protagonismo, para garantir a
continuidade do projeto, independente da necessidade de estímulos
externos.
269
b) Justificativa:
Reflorestar uma região como o Eixo Forte não é tarefa simples.
Embora experiências desenvolvidas na região, como a da Associação
Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico, no km 03 da rodovia PA
457, mostrem que é possível, viável e importante. A experiência ali
desenvolvida mostra o poder de recuperação dos solos, visível através
de intensa atividade biológica observada pela presença de alguns
indicadores de recuperação como minhocas e pequenos insetos de
atividade subterrânea. A presença de pássaros e pequenos mamíferos é
outro indicador de transformação da biosfera.
Quando falamos em revitalização ou restauração de uma área
degradada, devemos ser muito criteriosos, não existe uma receita a se
seguir, cada região possui suas especificidades e também os motivos
para se aplicar as técnicas de restauração são os mais diversos. Cada
caso pode ser tratado de forma diferente. Um bom começo para saber
que medida tomar é avaliar o potencial da região em se recuperar
sozinha. Um local bastante plano, úmido e fértil, não demorará muito a
ser repovoada pela vegetação adjacente (se esta existir). Já uma região
muito acidentada, árida e de solo pobre não voltará rapidamente às suas
condições de origem, mesmo que mantida intocada.
c) Objetivo Geral:
Estimular o desenvolvimento de uma conscientização coletiva da
população do Eixo Forte, através do desenvolvimento de um projeto de
reflorestamento amparado numa forte estratégia de marketing, para
consolidar a “cultura da floresta” entre os assentados do PAE Eixo Forte.
d) Objetivos Específicos:
Resgatar a atividade extrativista no PAE Eixo Forte;
270
Capacitar a população do Eixo Forte para implantação de
Sistemas Agroflorestais;
Sensibilizar crianças, jovens e adultos sobre a necessidade do
reflorestamento;
Demonstrar a viabilidade econômica da “floresta em pé”;
Restaurar a paisagem da região, com fins de aproveitamento
turístico;
Desenvolver atividades lúdicas de educação ambiental nas
escolas;
Envolver todas as organizações comunitárias em torno da
necessidade do reflorestamento.
e) Estratégias:
Todos os 1.031 assentados no PAE Eixo Forte participarão do
projeto “1.000.000 Milhão de Árvores para o Eixo Forte”, através do
plantio de 100 mudas de espécies arbóreas, sejam elas essências
florestais, frutíferas e/ou ornamentais, por ano. O plantio se repetirá por
dez anos consecutivos, quando se alcançará a meta de 1.000.000 de
árvores plantadas.
Figura 100 - 1.000.000 DE ÁRVORES
271
Depois de examinado cada caso, opta-se por uma recuperação
passiva, ou ativa, e um fator de importante relevância é a escala de
prioridades dentro de uma unidade de conservação. Uma recuperação
ativa bem feita sempre é mais rápida, mas demanda custo e mão de
obra.
A recuperação passiva consiste em, uma vez sanados os
problemas que causam a erosão (muros de contenção no caso do
desabamento de encosta), ou uma vez isolada a área, deixar o solo em
pousio, para que se recupere sozinho. Esse procedimento muitas vezes
funciona bem, especialmente em regiões em que o dano é pouco e não
se sofre de invasões de gramíneas e cipós. A recuperação passiva tem
a vantagem de não demandar mão de obra ou manutenção.
Já a recuperação ativa pode ser realizada de diversas formas:
plantio de mudas cultivadas; e transplante de vegetação vizinha (válido
somente em regiões em que não se tem disponibilidade de mudas de
viveiros). O plantio direto vem sendo cada vez mais usado graças a seu
baixo custo e bom desempenho.
Esse método consiste simplesmente em se semear a área após
pequeno revolvimento do solo com as espécies desejadas. Pode-se
também simplesmente tomar as mínimas medidas necessárias para que
a revitalização ocorra: ”limpar” a área de alguma eventual gramínea
invasora, fazer o controle de cipós, ou mesmo o corte de alguma espécie
exótica também invasora e com características alelopáticas.
Vale ressaltar que é imprescindível o uso de apenas espécies
nativas e autóctones da região para uma restauração adequada. Pode-
se selecionar o potencial de cada espécie para a restauração desejada.
Toda região possui espécies que tem propriedades úteis na
recuperação, basta saber usá-las.
O manejo temporário se faz necessário, principalmente no
sistema plantio direto, e consiste basicamente na roça de gramíneas (na
maioria das vezes somente “coroar” a muda e acumular palhada em
volta resolve) ou em outros casos no controle de cipós.
Todas as medidas tomadas no sentido de se conter a erosão
(muro de contenção de encostas, etc.) devem ser realizadas antes do
272
período chuvoso, a menos que o trabalho seja seguido pelo plantio de
mudas ou a semeadura, que deve coincidir com as chuvas, já que a
possibilidade de rega na maioria das vezes é nula.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Envolver 1.000 famílias na
campanha “1.000.000 de
Árvores para o Eixo Forte”
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Plantar 100 árvores, por família,
por ano, ao longo de 10 anos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Produzir 100.000 mudas de
espécies autóctones, por ano
ATES,
FAMCEEF, IGPA
INCRA
04 Realizar 05 palestras por ano
em cada escola das
comunidades do PAE Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Desenvolver e distribuir material
de divulgação da campanha:
3.000 camisas; 5.000 folders;
2.000 cartazes.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Incentivar a realização de um
torneio esportivo anual para
divulgar a campanha
ATES,
FAMCEEF
INCRA
07 Buscar apoio da mídia para
divulgação da campanha
ATES,
FAMCEEF
INCRA
08 Realizar 04 intercâmbios por
ano, com 25 assentados cada,
para conhecimento de
experiências exitosas
ATES,
FAMCEEF
INCRA
273
g) Resultados Esperados:
O principal resultado esperado na execução do projeto “1.000.000
de Árvores para o Eixo Forte” é a criação de uma massa crítica que
possa conduzir um processo de reflorestamento no PAE Eixo Forte.
Espera-se que crianças, jovens e adultos tenham consciência da
necessidade de resgatar o equilíbrio perdido na relação com a natureza,
ao longo de todo o século passado, para possibilitar uma convivência
harmoniosa com a mesma, por todo o século que se iniciou, trazendo de
volta a qualidade de vida para as famílias que ali vivem e trabalham.
6.3.4.2. Projeto Recuperação de Áreas de Preservação Permanente -
APP
a) Apresentação:
Nos ambientes tropicais, os modelos convencionais de produção
agrícola têm gerado degradação dos recursos naturais e um manejo
cada vez mais caro e trabalhoso. Isso acontece, em grande parte, por
serem modelos desenvolvidos em países de clima temperado, nos quais
as características do solo, a radiação solar e as chuvas são muito
diferentes dos ambientes tropicais, em que os ecossistemas são mais
complexos e exigem um tratamento diferenciado.
Para obter produção agrícola em equilíbrio com o ambiente
tropical em que vivemos os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são uma
forma para juntar produção agrícola e conservação florestal, gerando
alimento e renda sem agredir a natureza, em equilíbrio com a dinâmica
tropical. Além disso, podem ser uma importante ferramenta para a
restauração de ecossistemas degradados.
Os SAFs podem ser utilizados em locais que o Poder Público
determinou como “espaços especialmente protegidos”, com a intenção
de conservar o meio ambiente e assegurar o uso sustentável dos
recursos naturais.
274
As ações de recuperação de APP terão como foco a educação
ambiental, tendo como objetivos criar um ambiente favorável no
assentamento para que os produtores possam:
Compreender como e por que certos espaços estão protegidos
pelas leis ambientais;
Aprender a identificar esses espaços na área do assentamento;
Entender em que casos poderão cultivar uma agrofloresta.
b) Justificativa:
Uma produção integrada com a floresta aproveita de forma
inteligente os recursos, mantém as principais dinâmicas que a natureza
levou milhares de anos para estabelecer e diminui o gasto de energia
com o manejo.
Essa reintegração do ser humano com a natureza resulta em um
sistema de produção biodiverso, estratificado e produtivo, análogo aos
ecossistemas naturais, e manejados segundo os princípios da sucessão.
A legislação ambiental, no intuito de proteger o meio ambiente,
determinou que alguns espaços devessem ser especialmente
protegidos. Entre eles, estão as Áreas de Preservação Permanente
(APP).
A metodologia de recuperação das Áreas de Preservação
Permanente - APPs está regulamentada na resolução Nº 429 do
CONAMA e estabelece que a recuperação de APP possa ser feita pelos
seguintes métodos:
Condução da regeneração natural de espécies nativas;
Plantio de espécies nativas; e
Plantio de espécies nativas conjugado com a condução da
regeneração natural de espécies nativas.
c) Objetivo Geral:
275
Recompor a mata ciliar, dos cursos d’água do PAE Eixo Forte,
utilizando espécies nativas com maior concentração de fruteiras de valor
econômico conjugado com a condução da regeneração natural de
espécies nativas.
Figura 101 - RECUPERAÇÃO DE APP
d) Objetivos Específicos:
Resgatar a qualidade das águas dos cursos d’água do PAE Eixo
Forte;
Aumentar a renda da família, através do aproveitamento
econômico das espécies frutíferas da mata ciliar;
Eliminar os fatores de degradação do meio ambiente;
Realizar os tratos culturais das áreas durante todas as fases por
pelo menos 24 meses;
Monitorar as áreas em recuperação.
e) Estratégias:
Para as condições do PAE Eixo Forte, a proposta de plantio de
espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de
espécies nativas parece a mais adequada e estabelece os seguintes
requisitos e procedimentos:
276
Manutenção dos indivíduos de espécies nativas estabelecidos,
plantados ou germinados, pelo tempo necessário, sendo no
mínimo dois anos, mediante coroamento, controle de plantas
daninhas, de formigas cortadeiras, adubação quando necessário
e outras;
Adoção de medidas de prevenção e controle do fogo;
Adoção de medidas de controle e erradicação de espécies
vegetais ruderais e exóticas invasoras, de modo a não
comprometer a área em recuperação;
Proteção, quando necessário, das espécies vegetais nativas
mediante isolamento ou cercamento da área a ser recuperada,
em casos especiais e tecnicamente justificados;
Preparo do solo e controle da erosão, quando necessário;
Prevenção e controle do acesso de animais domésticos;
Adoção de medidas para conservação e atração de animais
nativos dispersores de sementes; e
Plantio de espécies nativas.
No caso de plantio de espécies nativas, mesmo quando
conjugado com a regeneração natural, o número de espécies e de
indivíduos por hectare, plantados ou germinados, deverá buscar
compatibilidade com a fitofisionomia local, visando acelerar a cobertura
vegetal da área recuperada.
Assim, o produtor familiar poderá cultivar frutos, sementes, entre
outros em sua agrofloresta, lembrando que ela deve garantir a
conservação das espécies nativas e do ambiente.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Realizar 01 campanha de
conscientização sobre APP &
Legislação Ambiental
ATES, FAMCEEF INCRA
277
02 Elaboração de 2.000 cartilhas
sobre Áreas Protegidas
ATES, FAMCEEF INCRA
03 Plantio de espécies nativas,
como: cupuaçu, açaí, buriti,
etc...
ATES, FAMCEEF INCRA,
IGPA,
Viveiro dos
Sonhos
04 Realizar 05 oficinas de manejo
de APP, por ano
ATES, FAMCEEF INCRA
05 Monitorar as ações
desenvolvidas
ATES, FAMCEEF INCRA
g) Resultados Esperados:
Recuperação da estabilidade das encostas e margens dos corpos
de água;
Manutenção dos corredores de flora e fauna;
Manutenção da drenagem e dos cursos de água intermitentes;
Manutenção da biota, ou seja, do conjunto de seres vivos daquele
ecossistema, o que inclui a flora, a fauna, os fungos e outros
grupos de organismos;
Manutenção da vegetação nativa; e
Manutenção da qualidade das águas.
6.3.4.3. Projeto Recuperação e Conservação de Nascentes
a) Apresentação:
As ações de Recuperação e Conservação das Nascentes dos
cursos d’água do PAE Eixo Forte não são apenas atitudes que
satisfazem a legislação ou propiciam a continuidade do aproveitamento
das águas para as mais variadas atividades humanas, mas são, acima
de tudo, ações concretas em favor de um anseio da população daquela
região, que há anos reivindica junto aos órgãos ambientais do estado e
278
município uma atitude que coíba os abusos praticados por fazendeiros e
comunitários, que vêm comprometendo seriamente a qualidade e a
quantidade da água dos igarapés que cortam o assentamento.
Entende-se por nascente o afloramento do lençol freático, que vai
dar origem a um curso d’água (igarapé ou rio). Em virtude de seu valor
inestimável dentro de uma propriedade agrícola, deve ser tratada com
cuidado todo especial.
b) Justificativa:
A nascente ideal é aquela que fornece água de boa qualidade,
abundante e contínua, localizada próxima do local de uso e de cota
topográfica elevada, possibilitando sua distribuição por gravidade, sem
gasto de energia.
É bom ressaltar que, além da quantidade de água produzida pela
nascente, é desejável que tenha boa distribuição no tempo, ou seja, a
variação da vazão situe-se dentro de um mínimo adequado ao longo do
ano. Esse fato implica que a bacia não deve funcionar como um
recipiente impermeável, escoando em curto espaço de tempo toda a
água recebida durante uma precipitação pluvial. Ao contrário, a bacia
deve absorver boa parte dessa água através do solo, armazená-la em
seu lençol subterrâneo e cedê-la, aos poucos, aos cursos d’água através
das nascentes, inclusive mantendo a vazão, sobretudo durante os
períodos de seca. Isso é fundamental tanto para o uso econômico e
social da água - bebedouros, irrigação e abastecimento público, como
para a manutenção do regime hídrico do corpo d’água principal,
garantindo a disponibilidade de água no período do ano em que mais se
precisa dela.
Assim, o manejo de bacias hidrográficas deve contemplar a
preservação e melhoria da água quanto à quantidade e qualidade, além
de seus interferentes em uma unidade geomorfológica da paisagem
como forma mais adequada de manipulação sistêmica dos recursos de
uma região.
279
As nascentes, cursos d’água e represas, embora distintos entre si
por várias particularidades, quanto às estratégias de preservação,
apresentam como pontos básicos comuns o controle da erosão do solo
por meio de estruturas físicas e barreiras vegetais de contenção,
minimização de contaminação química e biológica e ações mitigadoras
de perdas de água por evaporação e consumo pelas plantas.
c) Objetivo Geral:
Elaborar e desenvolver projetos de Conservação e Recuperação
de Nascentes, de forma participativa, em cada uma das 15 comunidades
do PAE Eixo Forte.
Figura 102 - RECUPERAÇÃO DE NASCENTES
d) Objetivos Específicos:
Envolver os assentados no levantamento, análise e busca de
soluções para o problema das nascentes localizadas na área do
assentamento;
Envolver alunos e professores em todas as etapas do processo
de Conservação e Recuperação das Nascentes;
Levantar e georreferenciar todas as nascentes localizadas na
área do PAE Eixo Forte;
280
Levar ao conhecimento dos assentados, a legislação referente à
Conservação e Recuperação de Nascentes.
e) Estratégia:
Devem-se promover as seguintes modificações e tomar os
seguintes cuidados para recuperar e manter a boa condição de sua
nascente: a) A área adjacente à nascente (APP) deve ser toda cercada a
fim de evitar a penetração de animais, homens, veículos, etc. Todas as
medidas devem ser tomadas para favorecer seu isolamento, tais como
proibir a pesca e a caça, evitando-se a contaminação do terreno ou
diretamente da água. Quando da realização de alguma obra ou serviço
temporário, deve-se construir fossas secas a 30 m, no mínimo,
mantendo-se uma vigilância constante para não haver poluição da área
circundante à nascente; b) A posição de uma nascente na propriedade
pode determinar a melhor distribuição das diferentes atividades e
também da infra-estrutura do sistema produtivo. A área imediatamente
circundante à nascente, em um raio de 50 m, é só e exclusivamente,
uma Área de Preservação Permanente. A proibição de se fazer qualquer
tipo de uso dessa área, é para evitar que, com um cultivo, por exemplo,
a nascente fique sujeita à erosão e que as atividades agrícolas de
preparo do solo, adubação, plantio, cultivos, colheita e transporte dos
produtos levem trabalhadores, máquinas e animais de tração para o
local, contaminando física, biológica e quimicamente a água; c) Devem
ser retiradas todas e quaisquer habitações, galinheiros, estábulos,
pocilgas, depósitos de defensivos ou outra construção que possam, ou
por infiltração das excreções e produtos químicos, ou por carreamento
superficial (enxurradas), contaminar o lençol freático bem como poluir
diretamente a nascente. Recomenda-se desativação da antiga estrutura,
possivelmente poluidora, mantendo o local limpo e exposto ao sol pelo
menos por alguns meses antes de se reiniciar o aproveitamento da
água. No caso de produtos químicos, deve-se proceder a análise da
água; d) A maioria das estradas construídas no meio rural não passou
por um planejamento adequado, com o objetivo de proteger as
281
nascentes. É costume projetar as estradas perto de rios e nascentes por
serem esses terrenos naturalmente mais planos e, portanto, de relevo
mais favorável. Assim, realizam-se cortes para construção da estrada
em locais indevidos do terreno, deixando o solo exposto a diferentes
processos de erosão causados pelas chuvas, o que torna o terreno mais
compactado e, portanto, mais propício à formação de enxurradas. Os
barrancos também soltam terra que vai atingir a fonte de água. Além de
tudo isso, essas estradas expõem a nascente ao acesso de homens,
animais e trânsito de máquinas; e) Pela descrição hidrológica fica claro
que a nascente é o afloramento ou manifestação do lençol freático na
superfície do solo, cujo desempenho e características são resultantes do
ocorrido, em termos de infiltração, em toda a bacia hidrográfica – a
chamada Área de Contribuição – e não apenas da área circundante da
nascente – Área de Preservação Permanente – que, hidrologicamente,
por ser de pequena extensão perante a bacia como um todo, a água que
infiltra nessa área pouco contribui na vazão. Assim, toda a área de bacia
merece atenção quanto à preservação do solo, e todas as técnicas de
conservação, objetivando tanto o combate à erosão como a melhoria
das características físicas do solo, notadamente aquelas relativas à
capacidade de infiltração da água da chuva ou da irrigação, vão
determinar maior disponibilidade de água na nascente em quantidade e
estabilidade ao longo do ano, incluindo a época das secas; f) O processo
de recuperação se completa com a recuperação da cobertura vegetal
das APPs já degradadas, deve-se distinguir as orientações quanto ao
tipo de afloramento de água, ou seja, sem ou com acúmulo de água
inicial, pois o encharcamento do solo ou a submersão temporária nas
chuvas, do sistema radicular dos indivíduos plantados, a profundidade
do perfil e a fertilidade do solo são alguns dos fatores que devem ser
considerados, pois são seletivos para as espécies que vão conseguir se
desenvolver.
282
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Identificar e georreferenciar as
nascentes localizadas na região
do PAE Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Elaborar mapa das nascentes do
Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar projetos individuais de
recuperação e/ou conservação
considerando os aspectos
observados
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Monitorar as ações
desenvolvidas
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Assentados conscientes de sua responsabilidade, com relação à
conservação e recuperação de nascentes;
Assentados conhecedores da legislação pertinente ao assunto;
Escolas da região conscientes de sua responsabilidade
ambiental;
Nascentes preservadas e/ou em estado de recuperação;
Água dos igarapés e lagos do assentamento em maior quantidade
e qualidade;
Menor índice de propagação de doenças transmissíveis pela
água.
283
6.3.4.4. Projeto Estradas Vicinais Ecológicas
a) Apresentação:
A atividade agropecuária tem forte peso na economia do Eixo
Forte e o escoamento da produção depende da boa conservação das
estradas vicinais. Com a chegada do período chuvoso, geralmente as
estradas pioram, diminuindo sua trafegabilidade.
Os cerca de 80 km de estradas vicinais do assentamento vêm
passando repetidamente por um processo de recuperação/degeneração,
que se repete a cada ano. Isso devido ao modelo de
construção/recuperação adotado e também às características estruturais
do terreno, no assentamento, que favorece a ação danosa das chuvas.
b) Justificativa:
Além do comprometimento da trafegabilidade, frequentemente as
estradas rurais estão mal conservadas com erosão do solo e
assoreamento de cursos d’água. Com a chegada das chuvas isto se
agrava, pois o tráfego faz com que as vias sofram um desgaste mais
intenso, comprometendo ainda mais o deslocamento de pessoas e
produtos. Estudos realizados pelo IPT - Instituto de Pesquisas Técnicas
do Estado de São Paulo demonstram que 70% dos casos de
assoreamento dos cursos d’água são provocados por estradas mal
planejadas ou mal conservadas.
Figura 103 - ASPECTO ATUAL DAS ESTRADAS DO ASSENTAMENTO
Fonte; EMATER/PA
284
Com a utilização de técnicas adequadas é possível controlar o
processo de erosão e a degradação ambiental, além de garantir o
tráfego normal de veículos e o escoamento da produção agrícola
durante as épocas de chuvas e seca. Outra vantagem desse trabalho é
a redução significativa de recursos destinados à manutenção destas
estradas.
Além do assoreamento dos mananciais e diminuição da vida útil
das estradas, outro impacto provocado pela manutenção e planejamento
deficientes é a eutrofização ou eutroficação que é um fenômeno
causado pelo excesso de nutrientes numa massa de água, provocando
um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o
desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros
elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da
biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido,
provocando a morte e consequente decomposição de muitos
organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a
alteração profunda do ecossistema.
c) Objetivo Geral:
Construir e/ou reconstruir estradas vicinais adequadas às
condições ambientais do assentamento.
Figura 104 - ESTRADAS VICINAIS ECOLÓGICAS
285
d) Objetivos Específicos:
Manter a boa trafegabilidade das estradas vicinais do PAE Eixo
Forte;
Possibilitar o escoamento da produção agrícola/extrativista o ano
todo;
Aumentar a vida útil das estradas vicinais do PAE Eixo Forte;
Diminuir o impacto sobre os leitos d’água pela enxurrada.
e) Estratégia:
A prática convencional para manutenção de estradas vicinais
resume-se a retirar o solo e aprofundar o leito das estradas. O custo
aparentemente reduzido transforma-se em desperdício quando as
primeiras chuvas praticamente tornam sem efeito todo o trabalho
realizado. As estradas vicinais ecológicas são aquelas que colocam o
conceito de consciência ambiental em primeiro plano, desde o projeto
até a manutenção. A estratégia para implantação das estradas vicinais
ecológicas obedece aos seguintes passos: 1) Conformação do leito da
estrada; 2) Construção de bacias de captação da água da chuva; 3)
Implantação de faixas de revegetação em nível; 4) Enriquecimento das
faixas usando espécies nativas, com potencial agroextrativista.
Figura 105 - DESENHO ESQUEMÁTICO DA ESTRADA ECOLÓGICA
286
Fonte: Anildes Lopes Evangelista, Junho/2010
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Manter e Construir 80 km de
estradas vicinais no Eixo Forte
respeitando o conceito de
estrada ecológica
FAMCEEF INCRA
g) Resultados Esperados:
Os resultados esperados com a implantação das estradas vicinais
ecológicas são:
Aumento da vida útil das estradas;
Diminuição da perda de solo por lixiviação ou enxurrada;
Melhoria da recarga dos lençóis freáticos através da infiltração
gradativa da água acumulada;
Enriquecimento ambiental das margens das estradas;
Opção de renda através do aproveitamento de espécies de valor
econômico.
6.3.4.5. Projeto Saneamento Básico Rural
a) Apresentação:
As comunidades envolvidas no Projeto de Assentamento
Agroextrativista - PAE Eixo Forte vem sofrendo alterações das
características ambientais e culturais devido à pressão urbana e de
manifesta exploração mineradora, causando, com isso, impactos
socioambientais irreversíveis, como por exemplo, a perda da qualidade e
da quantidade dos recursos hídricos, a perda de atrativos turísticos e,
por conseguinte, a desterritorialização da população local.
287
Dentre essas alterações, são destacadas as condições insalubres
de saneamento no local. Portanto, este projeto apresenta alternativas de
Saneamento Básico adequados à realidade rural, visando melhorar a
qualidade de vida da população dessas comunidades e também servir
de modelo para outras comunidades, através da divulgação do projeto e
dos resultados oriundos a partir deste contexto.
b) Justificativa:
O Brasil tem mais de 23 milhões de pessoas na zona rural sem
esgoto tratado corretamente,o que corresponde a 75% da população
rural. Um reflexo desta situação é observado na área de saúde, onde há
um índice de mortalidade causada por diarréia (principal doença
provocada pela falta de saneamento) semelhante à de países pobres da
África e é o terceiro maior da América do Sul, segundo dados da OMS
(2004).
Este quadro estabelecido é, proporcionalmente, identificado no
Estado do Pará. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
(2008), coordenada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), o Estado do Pará, no quesito Gestão Municipal do
Saneamento Básico, encontra-se à margem do protagonismo na
excelência de serviços de esgotamento sanitário. Alguns dados são
importantes para entender este fenômeno:
Apenas 9 (nove) municípios do Estado do Pará possuem, serviço
de esgotamento sanitário, envolvendo Prefeituras e outras
entidades executoras. Em números relativos isso chega a ífimos
6,25% do total de 144 municípios do Estado;
Em apenas 3 (três) municípios do Estado do Pará existe um
instrumento legal normatizador do serviço de esgotamento
sanitário.
No Eixo Forte, 66% das residências não possuem instalações
sanitárias adequadas, segundo DRP realizado no assentamento, o que
corresponde a cerca de 660 moradias.
288
A apreensão e interpretação destes dados consagram, ainda, a
fragilidade na execução deste tipo de política pública às comunidades.
Por este posto, algumas iniciativas tecnológicas seriam
contumazes para minimizar a precariedade nas questões sanitárias do
Assentamento, desta feita, justificar a intervenção social proposta por
este projeto.
As alternativas propostas são as seguintes:
Banheiro seco ou compostável – Esse modelo possibilita que
os dejetos humanos sejam tratados e reutilizados com segurança
como adubo na agricultura, em recuperação de áreas
degradadas, em áreas de pousios e na produção de mudas de
essências florestais, frutíferas e ornamentais. Conforme fotos a
baixo.
O processo ocorre da seguinte forma: Após o preenchimento de
aproximadamente 150 litros do tambor, o resíduo passa inicialmente por
digestão anaeróbica, sofrendo um aquecimento natural, entre de 50º e
60º C, por cerca de 45 dias, onde os microorganismos patógenos
morrem, após esse procedimento, aos dejetos já previamente tratados
são conduzidos a um sistema de vermicompostagem (compostagem
acelerada por minhocas), por um período de 30 dias aproximadamente,
quando a matéria orgânica é mineralizada (transformada em húmus),
estando então prontamente disponível para o uso agrícola, com
segurança, ou seja, sem riscos de contaminação em contato com o
produtor e sem odores.
Vale ressaltar que esse modelo esta direcionado a famílias que
não possuem sanitários com água, que trabalham diretamente na
agricultura e também em áreas de roçado.
Outra ressalva importante é que, por questões de normatização,
torna-se proibido o uso desse tipo de adubo orgânico no cultivo de
hortaliças, assim como, deve-se evitar a utilização desse adubo nas
fruteiras em frutificação quando essas são colhidas no chão.
Bacia de evapotranspiração ou fossa ecológica - Nesse
modelo o efluente do vaso sanitário é tratado por digerido
anaerobicamente por bactérias, passando em seguida por um
289
biofiltro feito de pedras e plantas, onde o efluente líquido é
absorvido pelas plantas e retorna para atmosfera através da
evapotranspiração (suor das plantas), o excesso de água, quando
houver, pode ser direcionado para irrigação ou para um
sumidouro comum.
Essa alternativa é indicada a famílias que possuem banheiro com
água e Centros Comunitários.
c) Objetivo Geral:
Proporcionar a preservação de recursos hídricos e da melhoria da
qualidade de vida das populações residentes nas comunidades do PAE
Eixo Forte, desprovidas de recursos financeiros, através do saneamento
básico e da sustentabilidade ambiental.
Figura 106 - SANEAMENTO BÁSICO
d) Objetivos Específicos:
Promover ações de educação ambiental direcionadas ao
saneamento rural;
Implantar alternativas de saneamento em propriedades rurais;
Divulgar essa iniciativa em outras comunidades que transcendem
o assentamento;
290
Difundir novas tecnologias de cunho socioambiental amplo e
justo.
e) Estratégias:
A 1ª atividade a ser desenvolvida é fazer reuniões com os
moradores das comunidades do PAE Eixo Forte a serem beneficiadas
pelo projeto. A parceria entre instituição de ATES, A FAMCEEF e as
comunidades definirá onde será implementado o projeto, bem como, de
que forma se realizará uma pré-seleção das famílias a serem
beneficiadas.
As famílias pré-selecionadas serão visitadas pela instituição de
ATES e priorizadas de acordo com os seguintes critérios:
Propriedades com más condições de saneamento básico;
Propriedades que estão situadas às margens de igarapés;
Propriedades que utilizem poços rasos com suspeita de
contaminação por fossas.
Após as visitas as propriedades serão identificadas uma a uma e
serão averiguadas quais alternativas são mais adequadas a cada caso,
levando em consideração se são produtores ou não, e se possuem
banheiros com sistema de abastecimento de água ou não.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Articular em 01 reunião com a
Federação do assentamento a
mobilização das comunidades
para reuniões de socialização
do assunto
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Promover 1 (um) intercâmbio
com experiências bem-
sucedidas nas comunidades que
ATES,
FAMCEEF
INCRA
291
já possuam trabalhos voltados
para esta temática
03 Qualificar 10 (dez) assentados
através de Demonstração
Técnica acerca das iniciativas
de construção do Banheiro Seco
e da Bacia de
Evapotranspiração
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Reduzir em 50% o número de
residências sem instalações
sanitárias adequadas nos
próximos 5 anos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
O que se espera como resultado da implantação desse projeto é,
inicialmente, que as famílias beneficiadas possam ter melhor qualidade
de vida através desses sistemas de saneamento, ou seja, diminua a
incidência de doenças advindas de contaminações fecais. Em segundo
plano, que essas alternativas proporcionem a preservação ambiental dos
recursos naturais, a elucidação da população, favorecendo o potencial
natural turístico da comunidade.
É esperado também, que essas alternativas cheguem a outras
comunidades a fim a conscientização se multiplique, até um dia, vir a
fazer parte de uma política pública para atender as mais diversas
situações.
Na perspectiva da sustentabilidade do projeto, ao seu término, por
se tratar de tecnologia de fácil implantação e baixo custo, se efetivará
por meio da apreensão e elucidação da população pela importância do
saneamento básico e no conhecimento prático para construção dessas
alternativas facilitando que essas se propaguem naturalmente.
292
6.3.4.6. Projeto Centro de Triagem de Animais Silvestres do Eixo
Forte - CETAS-EIXO FORTE
a) Apresentação:
O Brasil comporta um dos maiores contingentes de espécies
silvestres do planeta e situa-se entre os maiores do mundo em
biodiversidade.
Apesar dessa posição privilegiada, o que se constata é um rápido
declínio das populações animais, sendo que 395 espécies animais
encontram-se ameaçadas de extinção, ocupando o 2º lugar em número
de espécies de aves ameaçadas.
As principais causas da diminuição das populações animais é a
redução de habitats devido à destruição da cobertura vegetal primária,
crescente ocupação humana e a exploração econômica. As outras
causas são o tráfico de animais silvestres e a caça.
Para combater essas práticas os órgãos governamentais realizam
ações de fiscalização na tentativa de coibir os crimes contra a fauna e
apreender animais vitimados ou comercializados ilegalmente.
A legislação preconiza que os animais apreendidos sejam
prioritariamente soltos, e nesse sentido propõe-se a criação do Centro
de Triagem de Animais Silvestres do Eixo Forte - CETAS-EIXO FORTE,
que visa prestar um atendimento integral ao animal desde a sua
recepção até sua destinação final.
O CETAS é um empreendimento autorizado pelo IBAMA,
somente de pessoa jurídica, com finalidade de: receber, identificar,
marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais silvestres
provenientes da ação da fiscalização, resgates ou entrega voluntária de
particulares; pode ser definido como um serviço de recepção de animais
silvestres nativos, onde é prestado atendimento médico veterinário com
suporte laboratorial e acompanhamento biológico, visando à plena
recuperação do animal para primordialmente reintegrá-lo à natureza.
293
b) Justificativa:
A diminuição da população de animais silvestres no Eixo Forte é
facilmente constatada quando se conversa com os moradores mais
antigos, que presenciaram momentos de abundância da vida silvestre no
lugar. Em pesquisa realizada pela extensão rural, observa-se que os
animais silvestres mais citados na pesquisa, como observados na
natureza, são as cobras e os macacos, lembrados por pouco menos de
14% dos entrevistados, enquanto que animais como: catitu, gavião,
mucura e anta, foram lembrados por menos de 0,2% dos moradores
pesquisados. Daí a necessidade de criação de uma estrutura de
proteção aos animais silvestres.
Quando observados os dispositivos legais, constata-se que a
maioria dos órgãos governamentais não vem cumprindo o determinado
pela legislação e não dispõem em sua estrutura organizacional de um
órgão que responda diretamente pela fauna.
Para que sejam cumpridas algumas das exigências faz-se urgente
a implantação de serviços voltados à fauna, com infra-estrutura também
para o manejo de animais silvestres com o objetivo de reintegrá-los à
natureza.
c) Objetivo Geral:
Implantação de um Centro de Triagem de Animais Silvestres do
Eixo Forte - CETAS-EIXO FORTE, pelo terceiro setor da sociedade, sob
o controle dos assentados, para prestar atendimento aos animais
silvestres acidentados ou apreendidos pelos órgãos de fiscalização no
comércio ilegal, e realizar ações de defesa e proteção da fauna silvestre,
dando cumprimento à legislação.
294
d) Objetivos Específicos:
Obtenção de diagnóstico sobre a fauna silvestre e o meio
ambiente na região do PAE Eixo Forte;
Propiciar a pesquisa a partir de materiais biológicos dos animais
atendidos;
Obter informações sobre patologias de interesse em saúde
pública;
Propor recuperação ou compensação ambiental em ações lesivas
aos animais e ao meio ambiente;
Auxiliar no combate ao tráfico de animais silvestres;
Viabilizar projetos de formação e capacitação técnica e de
educação ambiental;
Incentivar a criação de corredores ecológicos na região do
assentamento;
Atuar na elaboração de políticas públicas;
Disponibilizar informações sobre fauna e meio ambiente aos
meios de comunicação;
Estimular estudos de inventário da fauna silvestre.
e) Estratégias:
O CETAS-EIXO FORTE corresponderá à classe B e atenderá três
diferentes finalidades: a proteção dos animais, a pesquisa e a educação.
Os trabalhos são realizados por uma equipe treinada e qualificada. Os
exames mais sofisticados de diagnóstico, quando necessários, são
realizados por institutos de pesquisa e universidades, através de
acordos de cooperação técnica.
Por indicação das oficinas de planejamento do PDA, ficará
localizado na comunidade do Irurama.
295
Figura 107 - CETAS - EIXO FORTE
Os animais serão manejados e reabilitados de maneira a
possibilitar sua soltura na localidade de procedência. Os animais que
não se reabilitarem deverão ser encaminhados após alta médica para
zoológicos, criadouros e instituições de pesquisa com a devida
autorização do IBAMA.
O CETAS-EIXO FORTE estará aberto à visitação pública. Por
intermédio de visitas monitoradas, a população poderá conhecer
algumas de suas instalações e receber informações sobre os animais
internados, fauna silvestre, tráfico de animais, e meio ambiente.
Para a exposição de locais que alojam animais silvestres será
necessária a obtenção da devida autorização do IBAMA, lembrando que
na área de reabilitação de animais silvestres não é permitida a entrada
de pessoas estranhas ao serviço. Outra forma de colaboração na área
da educação será por meio da realização de palestras. Para atender
essa demanda deverão ser editados vídeos, DVDs e publicações que
facilitarão os trabalhos de divulgação. Todas essas informações também
poderão estar disponíveis via Internet.
Os recursos necessários para a implantação do CETAS-EIXO
FORTE foram divididos, de forma sintética, em três diferentes itens:
Instalações;
Equipamentos, materiais e serviços;
296
Pessoal.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Construir, em área de 05 ha, as
estruturas necessárias ao
funcionamento do CETAS-EIXO
FORTE
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Oferecer 6 vagas de estágio
para universitários do Eixo
Forte, ao ano
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Oferecer 10 vagas de estágio
para jovens da CFR do Eixo
Forte, ao ano
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Realizar 3 projetos ao ano ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Realizar 1 evento público ao ano ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
O conceito desenvolvido para a criação do CETAS-EIXO FORTE
está contribuindo para o entendimento das relações homem e meio,
onde o animal é uma vítima constante do processo desenvolvimentista e
deve ser considerado não como um recurso, mas sim como um
patrimônio ambiental.
As finalidades do CETAS-EIXO FORTE são inúmeras e os
animais nele atendidos prestam um grande serviço ao fornecer
informações valiosas para elaboração de diagnóstico ambiental, porém,
o principal resultado esperado é a reintegração do animal ao meio e a
preocupação para que esse permaneça o mais íntegro possível, não só
297
está sendo demonstrado um profundo respeito à vida, mas também um
avanço de natureza humanitária.
6.3.4.7. Projeto Área de Proteção Ambiental do Juá
a) Apresentação:
Espaços livres como parques, praças, jardins, florestas e áreas de
proteção natural possuem grande importância, pois, proporcionam
melhorias significativas na área urbana, colaborando para o equilíbrio do
clima local, contribuindo para a prevenção de inundações, deslizamentos
e neutralização de poluições, além de compor "ilhas verdes", servindo de
refúgio para a fauna local. No ponto de vista social, proporciona áreas de
lazer, esporte, recreação, educação, atividades sociais e principalmente
melhoria da qualidade de vida da população.
Os assentados do PAE Eixo Forte demonstraram preocupação
com os acontecimentos referentes à ocupação do terreno que circunda o
lago do Juá, em 2009, quando milhares de pessoas invadiram,
desmataram suas margens e expôs a vulnerabilidade desse importante
ecossistema, berçário de inúmeras espécies de nossa fauna aquática.
b) Justificativa:
O Lago do Juá é de grande importância econômica para os
moradores do PAE Eixo Forte, pois um considerável número de famílias
tira dali seu sustento, através de acordo de pesca que garante a
exploração sustentável dos recursos pesqueiros do lago.
298
Figura 108 - ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO JUÁ
A ligação entre o PAE Eixo Forte e a microbacia do Juá se reforça
quando consideramos que essa microbacia é composta por mais de uma
dezena de igarapés, todos eles localizados dentro da área do
assentamento, ficando apenas o lago, alimentado por todos esses
cursos d’água, fora do assentamento.
Além desse elo físico, existe também a ligação cultural e social da
comunidade do Juá com os moradores do PAE Eixo Forte, sendo
aqueles, parceiros importantes nas diversas lutas travadas na região
pela defesa do meio ambiente local.
É premente a necessidade de se preservar esse frágil
ecossistema local, onde características de savana, cerrado e floresta
amazônica se alternam, num arranjo único que precisa ser, inclusive,
melhor estudado.
Soma-se a tudo isso uma grande quantidade de peças cerâmicas
e artefatos, indicam ali um rico sítio arqueológico que guarda sob o solo
um pouco da cultura dos nossos antepassados. Ali, existe a necessidade
de se realizar pesquisas para tentar descobrir mais sobre a cultura, o
modo de viver e trabalhar das antigas civilizações que viviam em nosso
município.
299
c) Objetivo Geral:
Criar a Área de Proteção Ambiental do Juá, compreendendo toda
a microbacia do Juá.
d) Objetivos Específicos:
Garantir espaço para preservação da fauna e flora da região;
Desenvolver pesquisas de cunho científico, nas áreas de
botânica, arqueologia, antropologia, etc;
Estabelecer parceiras com entidades de ensino, pesquisa e
extensão;
Desenvolver atividades ligadas ao turismo ecológico, de base
familiar;
Desenvolver projetos de educação ambiental para os moradores
do assentamento e do município de Santarém.
e) Estratégia:
Os assentados do PAE Eixo Forte solicitam a incorporação à área
do assentamento, da área correspondente a APP do lago do Juá (500 m
a partir de sua quota máxima). Essa área somada à área de influência
dos igarapés que o alimentam irá compor a Área de Proteção Ambiental
do Juá.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Elaboração do projeto técnico
da APA do Juá
ATES,
FAMCEEF
INCRA
300
g) Resultados Esperados:
Microbacia do Lago do Juá protegida e preservada, garantindo
suas funções para essa e as futuras gerações;
Barreira física contra a expansão imobiliária irregular (invasões),
garantindo um espaço verde para a cidade de Santarém;
Espaço de lazer para a população do município;
Projeto Estação Turística do Eixo Forte valorizado com a criação
da APA.
6.3.4.8. Projeto Paisagismo Comunitário
a) Apresentação:
Em 2004, o GUARDIÃO – Grupo de Defesa do Meio Ambiente da
Região do Eixo Forte, um grupo de entidades idealizado pela igreja
Católica, lançou o concurso “Comunidade Limpa, Comunidade Linda”
com o objetivo de estimular a participação dos comunitários na
preservação do meio ambiente e melhoria da qualidade de vida das
comunidades do Eixo Forte.
Figura 109 - LOGOMARCA CONCURSO COMUNIDADE LIMPA, COMUNIDADE
LINDA
Pelo regulamento do concurso as comunidades teriam três meses
para apresentar e executar pequenos projetos nos seguintes temas:
Lixo: destino dado ao lixo caseiro e comunitário; Arborização e
Jardinagem: ações no sentido de melhorar as áreas verdes da
301
comunidade e valorização do aspecto paisagístico; Limpeza: não só
relacionada com a coleta de lixo, mas também com a programação
visual da comunidade, eliminando focos de poluição visual; Prédios
Comunitários: restauração e/ou cuidados na preservação dos prédios
comunitários.
Figura 110 - PRAÇA DA IGREJA ANTES E DEPOIS
Fonte; EMATER/PA
A iniciativa resultou na preocupação dos moradores locais com a
aparência de suas comunidades. Na época, a comunidade do Cucurunã
foi a vencedora, com o projeto de revitalização da praça em frente à
igreja de Nossa Senhora das Graças. Através de uma grande
mobilização de toda a comunidade e do esforço físico, principalmente,
dos jovens, foi construído calçamento, utilizando pedras retiradas nas
proximidades da vila, foi realizado o plantio de mudas de árvores,
plantas ornamentais e grama, foram implantados alguns recursos
paisagísticos como: a gruta de Nossa Senhora; e uma ponte nos jardins,
entre outras soluções.
Seguindo essa mesma preocupação, a comunidade de São Bráz
também vem realizando projeto de iniciativa comunitária, no sentido de
melhorar o aspecto paisagístico da comunidade. O projeto sugerido pelo
órgão de ATES foi abraçado pela população local que vem realizando
promoções para angariar os recursos necessários para a realização das
obras, que vêm sendo executadas pelos próprios moradores da vila.
302
Figura 111 - SÃO BRÁZ ONTEM, HOJE E AMANHÃ
Fonte: EMATER/PA
b) Justificativa:
O planejamento e execução de Projetos Paisagísticos
Comunitários é um importante instrumento de empoderamento dos
assentados, no que diz respeito ao processo de desenvolvimento local.
A sensação de “poder fazer” tira os assentados da apatia atual
que prevalece entre os moradores de comunidades tradicionais, de que
o poder público é o único responsável pela execução de obras que
possam melhorar o aspecto da comunidade.
A busca de soluções simples e a utilização de recursos materiais
locais conferem aos projetos uma identidade própria, muito interessante
quando se pretende trazer para a região, turistas de outras localidades,
que valorizam esse tipo de iniciativa.
c) Objetivo Geral:
Assessorar os Conselhos Gestores Comunitários na elaboração e
execução de Projetos Paisagísticos que valorizem a cultura local.
303
Figura 112 - PAISAGISMO COMUNITÁRIO
d) Objetivos Específicos:
Melhorar o aspecto visual das comunidades do PAE Eixo Forte;
Aproximar as entidades comunitárias, através da execução das
obras em regime de mutirão.
b) Estratégias:
Usando a técnica da “Tempestade de Idéias”, valorizar soluções
emanadas da própria comunidade;
Pesquisar, em conjunto com os assentados, materiais disponíveis
que podem ser utilizados na execução dos projetos;
Capacitar grupos interessados, em “Implantação e Manutenção
de Jardins”;
Buscar parceria com o Poder Público Municipal para obras de
iluminação pública, quando necessárias;
304
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Assessorar os 15 Conselhos
Gestores Comunitários na
elaboração e execução de
projetos paisagísticos
comunitários
ATES, FAMCEEF INCRA
02 Capacitar 05 assentados por
comunidade em “Implantação e
Manutenção de Jardins”
ATES, FAMCEEF INCRA
g) Resultados Esperados:
Muito mais importante que as melhorias no aspecto visual das
localidades, o que se observa como resultado da ação é: o
fortalecimento da auto-estima; o reforço no processo de organização
comunitária; e uma predisposição para enfrentar novos desafios.
6.3.4.9. Projeto Destino Adequado dos Resíduos Sólidos
a) Apresentação:
Atualmente um dos maiores problemas encontrados em nossas
sociedades é o manejo apropriado dos resíduos sólidos, a falta de infra-
estrutura mínima para destinação adequada do lixo é uma triste
realidade vivenciada no mundo todo.
No PAE Eixo Forte, essa situação vem se agravando
gradativamente, pois anualmente aumenta o numero de turistas e
poucas iniciativas, tanto no sentido da sensibilização quanto de
alternativas, são realizadas e essas, não conseguem ter um efeito
continuado, ou seja, ainda se faz ano após ano, campanhas de limpeza
305
de praias e igarapés, sem que isso tenha realmente um resultado
positivo na sociedade como um todo.
Para realidade dos assentados é importante inicialmente,
campanhas de sensibilização, onde será repassado exemplos de
alternativas desenvolvidas no Brasil e em outros países, assim como,
implantar unidades demonstrativas coleta seletiva de lixo, reutilização e
reciclagem de resíduos sólidos.
b) Justificativa:
Devido ao fato do principal foco deste trabalho ser direcionado
para o turismo, pela tendência natural do Assentamento, faz-se
necessário o desenvolvimento de um programa específico para tratar
sobre os resíduos sólidos gerados pelos comunitários e trazidos por
turistas que freqüentam semanalmente as comunidades do PAE Eixo
Forte.
A maioria das comunidades não tem acesso ao serviço de Coleta
de Lixo Municipal, levando os comunitários a darem destinação
inadequada aos resíduos gerados, sendo esses, na maioria das vezes,
queimados, enterrados ou simplesmente jogados nos quintais e
igarapés, prejudicando não somente o meio ambiente, mas também a
qualidade de vida dos moradores e visitantes e, conseqüentemente, dos
atrativos turísticos existentes.
Por isso, entendermos ser viável tecnicamente que comunitários
possam utilizar alternativas para diminuir esse problema e, até mesmo,
transformar esse problema em soluções, sendo esse, um ponto
estratégico para a promoção do desenvolvimento sustentável no PAE
Eixo Forte.
c) Objetivo Geral:
Promover ações que possibilitem uma ampla participação do
assentado em debates sobre origem e destinação dos resíduos sólidos
no PAE Eixo Forte.
306
d) Objetivos Específicos:
Reduzir o impacto socioambiental causado pelos resíduos sólidos
gerados nas comunidades.
Realizar levantamento do tipo de lixo gerado em todas as
comunidades;
Realizar campanhas de educação ambiental sobre o lixo, em
todas as comunidades do PAE Eixo Forte;
Implantar em todas as escolas do PAE Eixo Forte, unidades de
compostagem e vermicompostagem para reciclar os resíduos
orgânicos gerados diariamente, consorciados com o cultivo
orgânico de hortaliças, plantas medicinais, aromáticas, frutíferas e
ornamentais;
Realizar oficinas em todas as comunidades sobre reutilização de
garrafas pet e plásticos em geral;
Realizar oficinas em todas as comunidades sobre reciclagem e
reutilização de resíduos;
Implantar 1 (uma) unidade demonstrativa de reciclagem e
reutilização de papéis;
Implantar sistema de coleta seletiva resíduos em todas as
comunidades, principalmente aquelas de maior fluxo turístico;
Realizar campanhas de educação ambiental específicas para
turistas nas praias e balneário do PAE Eixo Forte.
e) Estratégia:
Será feito um levantamento específico a respeito dos tipos de
resíduos mais comuns produzidos nas comunidades, através de visitas
freqüentes e aplicação de questionário investigando sobre o que os
comunitários compram no dia-a-dia e o que fazem com os resíduos
gerados, realizado por um período de 6 meses.
307
Figura 113 - EIXO FORTE SEM LIXO
A partir desse levantamento, serão elaboradas campanhas de
educação ambiental direcionada para a realidade consumista
identificada, fazendo-se os devidos ajustes para cada comunidade. Essa
campanha será a base do desenvolvimento de todos os outro objetivos
específicos e por isso, não terá um fim.
Inicialmente será feito uma apresentação de um diagnóstico geral
e especifico de cada comunidade, em seguida, será feito apresentação
de alternativas se sucesso conhecidas e após disso será elaborado de
forma participativa um plano de ação que vise mitigar os problemas
existentes.
Será proposta a criação de um comitê em cada comunidade que
irá implantar e acompanhar o desenvolvimento do plano de ação, assim
como, ficara responsável junto com a Empresa de ATES, fazer
avaliações contínuas desse plano e propor ajustes quando necessário.
Dentro desse plano de ação está contida a implantação de
unidades de compostagem e vermicompostagem, em todas as escolas
do PAE Eixo Forte. Essa atividade também inicia com uma palestra de
educação ambiental onde será detalhado o que é, para que é e como
funciona a compostagem e a vermicompostagem.
Será proposto que os alunos sejam os próprios gestores de todo
processo que envolve a atividade, servindo então, de ensino prático e
308
teórico que integra diferentes disciplinas, para melhorar o entendimento
dos estudantes sobre a utilização dessas ciências no dia-a-dia, na
esperança que esses conhecimentos sejam levados às suas famílias,
vizinhos e etc. Dessa forma, proporcionar aos estudantes, não somente
a sensibilização ambiental da temática, mas todo aspecto
socioeconômico intrínseco à atividade.
Continuando o Plano de Ação, serão realizadas oficinas a respeito
da reutilização de garrafas pet e da reciclagem de papéis, de acordo
com o diagnóstico levantado e monitorado pelos comitês criados. Após a
realização dessas oficinas, será identificada pelos comitês, em qual
comunidade será implantada uma unidade demonstrativa de reutilização
e reciclagem de resíduos, ficando a critério das comunidades, a
implantação de outras unidades.
Na seqüência da estratégia, os comitês junto com a empresa de
ATES e os comunitários de modo geral, irão padronizar coletores de lixo
para que os resíduos gerados nas comunidades que não tirem uma
alternativa apropriada sejam coletados e transportados adequadamente
pelo serviço de coleta de resíduos municipal.
Outro ponto fundamental nessa estratégia é realizar nos
balneários, campanhas durante o ano todo, sendo principalmente
durante as altas temporadas turísticas, campanhas expressivas de
sensibilização dos turistas.
Para isso, é necessário que haja coletores seletivos distribuídos
abundantemente pelos balneários, sendo a responsabilidade de
manutenção dos próprios comunitários. Também serão colocadas placas
de orientação em locais estratégicos e confeccionadas cartilhas
divulgando a campanha aos turistas.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSO
01 Levantamento de dados de
campo nas 15 (quinze)
ATES e
FAMCEEF
INCRA
309
comunidades.
02 Realizar 1 (um) Seminário em
cada comunidade para
elaboração dos planos de
ações e criação dos comitês
de resíduos sólidos.
ATES e
FAMCEEF
INCRA
03 Implantar 1 (uma) Unidade de
Compostagem e
Vermicompostagem em cada
escola do PAE Eixo Forte.
ATES e
FAMCEEF
INCRA
04 Realizar 15 (quinze) oficinas
sobre reutilização e
reciclagem de resíduos
sólidos.
ATES e
FAMCEEF
INCRA
05 Implantar 1 (uma) Unidade de
Reutilização e Reciclagem de
resíduos de resíduos sólidos
ATES e
FAMCEEF
INCRA
06 Construir pelo menos 15
(quinze) postos de coleta de
lixo seletivo, sendo 1 (um) em
cada comunidade.
ATES e
FAMCEEF
INCRA
07 Elaborar cartilha sobre o
projeto PAE Eixo Forte sem
lixo e colocar pelo menos 2
(dois) outdoor em cada
comunidade sobre a
campanha.
ATES e
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Mitigar o problema com resíduos sólidos nas comunidades.
Educar os comunitários sobre a importância desse tema, dando a
esses, expectativas de retorno econômico direto e indireto.
310
Integrar os mais jovens a participarem mais ativamente das ações
comunitárias.
Desenvolver atividades que possam agregar renda aos
comunitários.
6.3.5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de Gestão do
Plano
6.3.5.1. Projeto Conselhos Gestores Comunitários
a) Apresentação:
A comunidade do Cucurunã, no Eixo Forte, experimenta, desde o
ano de 2002, um modelo de organização social, baseado nesse
cruzamento de percepções dos diversos componentes daquele grupo
social, representados por todas as entidades comunitárias, dos mais
diversos setores, reunidos para orientar os caminhos a serem seguidos
pela comunidade.
Entre bons e maus momentos, a comunidade experimentou um
dos períodos mais promissores para a comunidade, através de
conquistas de reivindicações junto ao poder público, melhoria do poder
de mobilização da comunidade para solução de problemas pela própria
comunidade e um significativo aumento da autoestima dos comunitários.
b) Justificativa:
O Plano Diretor Participativo do Município de Santarém, criou o
Sistema Integrado de Planejamento e Participação na Política de
Desenvolvimento - SIPPD, responsável pelo planejamento,
acompanhamento e controle da gestão municipal, com participação do
Poder Público e sociedade civil, aí representada pelos Conselhos
Gestores Comunitários - CGCom.
311
Figura 114 - DESENHO ESQUEMÁTICO DO GRUPO GESTOR DA COMUNIDADE
DO CUCURUNÃ
Aos CGComs compete: deliberar nos processos de elaboração,
atualização, controle, acompanhamento e avaliação dos Planos Locais
de Desenvolvimento Comunitário.
Segundo o art 182 do Plano Diretor Participativo do Município de
Santarém, os CGComs “compõem-se de um representante de cada
organização social formal ou informal, atuante na área de abrangência
da comunidade ou bairro.”
c) Objetivo Geral:
Implantar Conselhos Gestores Comunitários em todas as
comunidades do PAE Eixo Forte.
Figura 115 - CONSELHOS GESTORES COMUNITÁRIOS
312
d) Objetivos Específicos:
Valorizar as organizações comunitárias existentes;
Capacitar membros das organizações existentes para melhor
exercerem a função de conselheiros(as);
Incentivar e orientar a Implantação/Fortalecimento de
organizações de jovens, mulheres e produtores nas comunidades
do assentamento;
Incentivar a regularização das organizações comunitárias
informais existentes.
e) Estratégia:
A estratégia de implantação dos CGCom’s inicia com a
valorização das organizações existentes nas comunidades. É importante
para o bom funcionamento dos conselhos, que as organizações que os
compõem venham exercendo suas atividades dentro dos objetivos a que
se propõem.
Os conselhos comunitários tradicionalmente são compostos por
pessoas, na maioria das vezes desligadas das demais organizações
comunitárias existentes. Assim, o conselho passa a ser mais uma
entidade a “competir” pelos espaços decisórios dentro da comunidade.
Os CGCom’s, compostos por representantes das organizações
existentes, é uma somatória dos mais diversos interesses comunitários,
e tem como principal objetivo a definição de prioridades e estratégias
coletivas para a superação dos problemas. Para tanto é fundamental
que todos os segmentos organizados da comunidade estejam
representados.
313
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Implantar Conselhos Gestores
Comunitários nas 15
comunidades do assentamento
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Capacitar 150 Conselheiros/as ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Incentivar e Orientar a
Implantação/Fortalecimento de
organizações de jovens nas 15
comunidades do assentamento
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Incentivar e Orientar a
Implantação/Fortalecimento de
organizações de mulheres
(clube de mães, associação de
mulheres, etc.) nas 15
comunidades do assentamento
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Incentivar e Orientar a
Implantação/Fortalecimento de
organizações de produtores
(mandioca, açaí, etc.) nas 15
comunidades do assentamento
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Incentivar e Orientar à
regularização das organizações
comunitárias existentes
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Com os segmentos sociais e profissionais da comunidade
devidamente organizados e representados nos Conselhos Gestores
Comunitários espera-se uma participação mais efetiva da comunidade
nas tomadas de decisão nos níveis da comunidade e do assentamento.
314
Espera-se também, com as organizações devidamente associadas à
federação, o fortalecimento da mesma e a facilitação da mobilização da
população, da divulgação das informações e da condução dos destinos
do assentamento.
6.3.5.2. Projeto Fortalecimento da FAMCEEF
a) Apresentação:
A FAMCEEF - Federação das Associações de Moradores,
Comunidades e Entidades do Assentamento Agroextrativista do Eixo
Forte foi criada em 21 de maio de 2007, com o objetivo de representar
os interesses coletivos das Associações de Moradores e Comunidades
do Eixo Forte, além de: promover a qualidade de vida dos moradores;
fortalecer as comunidades tradicionais e suas organizações comunitárias
e intercomunitárias; buscar a captação de recursos financeiros com
entidades nacionais, internacionais e ONG’s; desenvolver programas de
capacitação dos moradores; conduzir o processo de regularização
fundiária das comunidades e representá-las em todas as questões a
esse respeito; estimular parceiras para o desenvolvimento das
comunidades; acompanhar todos os processos decorrentes das ações
voltadas para a área do assentamento; participar do processo de gestão
do assentamento; apoiar as ações de conservação do assentamento;
propor e defender políticas voltadas à melhoria das atividades
agroextrativistas das comunidades; realizar atividades sócio-culturais;
estimular e apoiar as iniciativas e projetos de uso sustentável dos
recursos naturais existentes no assentamento; desenvolver projetos de
fortalecimento organizacional de si próprio e das associações,
comunidades e entidades; desenvolver estratégias para viabilizar
mercados para os produtos das comunidades; lutar para melhorar as
condições de infra-estrutura nas comunidades; integrar no processo de
definição dos gestores do INCRA e poder público municipal relacionados
ao assentamento; e aturar na formulação de políticas públicas
relacionadas ao assentamento.
315
Para atender a esses objetivos, numa área de abrangência de
mais de 12.000 ha, com 15 comunidades e mais de 1.000 famílias, a
FAMCEEF dispõe apenas do esforço e dedicação de seus dirigentes.
Normalmente utilizam-se recursos próprios para abastecer seus
veículos particulares para deslocamento no assentamento para
mobilizar, acompanhar e tomar outras providências junto às entidades
associadas. Outra dificuldade é a definição de locais para reuniões e
assembléias, uma vez que a federação não dispõe de sede própria.
Assim, propõem-se a construção de uma sede dotada dos
equipamentos necessários para que a FAMCEEF tenha uma estrutura
que lhe dê as condições necessárias para o desenvolvimento de ações
que possibilitem o alcance de seus objetivos.
b) Justificativa:
O sucesso na implementação do Plano de Desenvolvimento do
Assentamento e a eficácia na aplicação do Plano de Utilização depende
em seu maior grau da capacidade que terá a FAMCEEF de planejar
ações, acompanhar atividades, monitorar indicadores, fiscalizar
situações, avaliar resultados, mobilizar pessoas, encaminhar demandas,
reivindicar direitos, negociar soluções, entre outras atribuições, junto às
entidades e pessoas envolvidas com o desenvolvimento do PAE Eixo
Forte.
É praticamente impossível imaginarmos uma federação com esse
nível de atuação com a atual estrutura da FAMCEEF.
Investir na estruturação da federação é investir na possibilidade
de sucesso do próprio assentamento.
Além da estrutura física, a federação define em seu estatuto a
criação de Comissões de Trabalho, para auxiliar e agilizar os trabalhos
da Diretoria Executiva.
Essas Comissões de Trabalho, são: Comissão Fundiária;
Comissão de Formação e Capacitação; Comissão de Apoio à Produção
e Comercialização; Comissão de Comunicação; Comissão de
Infraestrutura; Comissão de Meio Ambiente; Comissão de Segurança;
316
Comissão de Saúde; Comissão de Educação, Cultura e Lazer; e
Comissão de Transporte.
c) Objetivo Geral:
Dotar a FAMCEEF da estrutura física e equipamentos
necessários ao desempenho de suas atribuições e acessorar a
implantação e funcionamento das Comissões de Trabalho.
d) Objetivos Específicos:
Construir prédio onde funcionará a sede da FAMCEEF;
Dotar a sede com móveis, materiais e equipamentos necessários
ao seu bom funcionamento;
Fortalecer a FAMCEEF através da implantação das CT’s;
Favorecer a autogestão do PDA e PU;
Favorecer uma ampla participação da população na gestão do
PDA e execução do PU.
e) Estratégias:
A construção da estrutura física, dotada dos bens materias que
lhe permitirão atender às necessidades daqueles que a ocuparão, será
apenas um primeiro passo na verdadeira proposta de fortalecimento da
FAMCEEF. Esse fortalecimento se dará no momento em que
representantes das endidades que a compõem estejam capacitados e
conscientes de suas reponsabilidades na implementação do Plano.
Isso se concretizará com a criação das Comissões de Trabalho, a
saber: Fundiária; de Formação e Capacitação; de Apoio à Produção e
Comercialização; de Comunicação; de Infraestrutura; de Meio Ambiente;
de Segurança; de Saúde; de Educação, Cultura e Lazer; e de
Transporte.
317
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Construir sede da FAMCEEF,
dotada de recepção, salas de
diretoria, reuniões, ATES,
administração, auditório c/ 500
lugares, copa/cozinha,
banheiros, sanitários, depósito,
garagem, móveis, equipamentos,
veículos e material de expediente
FAMCEEF INCRA
02 Assessorar a criação das
Comissões de Trabalho
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Montar e implementar plano de
capacitação para membros das
CT’s
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Assessorar planejamento das
atividades das CT’s
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Com a implementação do projeto de fortalecimento da FAMCEEF
espera-se alcançar a excelência na gestão do Plano de
Desenvolvimento do Assentamento, além da eficácia e eficiência na
aplicação do Plano de Utilização do PAE Eixo Forte.
6.3.6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental – ATES:
De acordo com o manual operacional de ATES, compreende-se
como atividades de ATES o conjunto de técnicas e métodos,
constitutivos de um processo educativo, de natureza solidária,
continuada, pública e gratuita, voltada a promoção da igualdade entre
homens e mulheres, construção do conhecimento e das ações
318
direcionadas a qualidade de vida das famílias assentadas de reforma
agrária tomando por base a qualificação das pessoas, das comunidades
e de suas organizações, e visando a sua promoção em termos
ambientais, econômicos, sociais e culturais, no âmbito local, territorial e
regional, dentro do que enseja o desenvolvimento rural sustentável
(Manual Operacional de ATES, 2008). Ou seja, a ATES é um
mecanismo do Governo Federal criado para dar suporte aos assentados,
no sentido de favorecer conhecimentos que os levem a aproveitar
melhor sua unidade produtiva, bem como buscar ferramentas que os
ajudem a contribuir com a melhoria da qualidade de vida das famílias
assentadas. Partindo desse pressuposto este programa será norteado
pelas seguintes premissas:
1. Atuar com equipes multidisciplinares adotando metodologias
educativas e participativas respeitando tradições, costumes e
conhecimentos das famílias assentadas valendo-se de princípios
agroecológicos.
2. Atender aos interesses e necessidades dos assentados, tendo
por base de ação os programas descritos neste plano;
3. Identificar e promover a articulação com os diferentes organismos
públicos e privados que estejam desenvolvendo investimentos de
interesse para o PAE;
4. Garantir a disponibilidade permanente e contínua de serviços de
ATES para todas as fases das atividades econômicas realizadas
no assentamento, desde a produção até a comercialização a fim
de promover a segurança alimentar e a viabilidade econômica.
Diante destas premissas o programa possui os seguintes
objetivos:
1. Descrever as ações de ATES e cronograma de atividades a
serem desenvolvidas durante a execução e acompanhamento da
implantação deste Plano de Ação;
2. Identificar os principais atores responsáveis pela formulação e
implementação do plano;
3. Apresentar a metodologia a ser desenvolvida pelo núcleo de
ATES para sistematizar informações, avaliar e replanejar ações;
319
Para que a Assessoria Técnica, Social e Ambiental, atenda as
peculiaridades do PAE Eixo Forte e seja implementada com sucesso
faz-se necessário a existência de uma equipe multidisciplinar que seja
capaz de atender as demandas Sociais (organizações sociais,
educação, saúde, cultura, lazer), Ambientais (lixo, passivo ambiental,
projetos de manejo etc.) e Econômicas (produção, comercialização,
segurança alimentar etc) do PAE Eixo Forte. A composição desta equipe
deve estar de acordo com o limite estabelecido na Norma de
Execução/INCRA/DD/Nº 71 de 2008 que determina o número mínimo de
técnicos de ATES para atender o número de famílias existentes no PA.
Além da composição desta equipe multidisciplinar o serviço de
ATES estabelecerá parcerias com entidades governamentais e não
governamentais a fim de melhor assessorar a implementação de cada
um dos programas descritos neste plano e consequentemente melhorar
a qualidade de vida das pessoas que residem neste PAE.
As tabelas abaixo farão por áreas de desenvolvimento, um
esboço das principais ações de ATES, bem como seus respectivos
realizadores e fontes financiadoras:
Desenvolvimento dos Sistemas Produtivos:
Tabela 35: AÇÕES PROPOSTAS NO PROGRAMA DE ATES SISTEMAS
PRODUTIVOS.
Nº AÇÃO RESPONSÁVEL RECURSO
01 Acompanhamento das atividades
produtivas em campo e
capacitação dos assentados,
através da utilização de técnicas
mais eficientes e que não
apresentem risco ao meio
ambiente ou à população.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Assistência na elaboração e
acompanhamento de projetos nas
diversas áreas de produção para
que os assentados tenham
ATES,
FAMCEEF
INCRA
320
acesso a financiamentos e
também sejam orientandos para
o uso responsável dos mesmos.
03 Promover ações que gerem
renda e agregação de valores
aos produtos comercializados
pelo PAE. Por exemplo:
qualificação dos produtores
quanto a questões sanitárias,
organização de feiras e
associações para venda direta
aos consumidores.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Orientações no sentido de
proporcionar aumento da
produtividade. Por exemplo:
utilização de variedades de maior
qualidade e produtividade, uso
adequado de defensivos
orgânicos, uso de solos com
maior potencial produtivo.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
05 Elaborar projetos específicos e
oferecer cursos de capacitação
na área agrícola enfocando as
culturas (anuais e perenes) de
maior potencial para região.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Promover cursos de
aproveitamento de espécies
nativas para que haja aumento da
renda familiar e melhoria da
qualidade de vida da população.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
07 Assessoria para identificação de
mercados e formas de
comercialização mais rentáveis
ATES,
FAMCEEF
INCRA
321
aos produtores através da
elaboração de projetos, e busca
por financiamento, para a
construção de instalações
coletivas nas comunidades para o
processamento e
armazenamento da produção
agropecuária.
08 Orientar, acompanhar e capacitar
os pecuaristas sobre melhoria da
qualidade genética e nutricional
dos animais, manejo de
pastagens, atender exigências do
PU para diminuição de conflitos e
prejuízos na agricultura e na
pecuária.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
09 Orientação técnica para
aproveitamento de produtos e
subprodutos da pecuária de
pequenos animais, tais como o
leite e seus derivados, a carne e
seus processados.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
10 Orientações através de oficinas
para construção de currais e
galpões para facilitar a coleta de
esterco a serem utilizados como
fertilizantes no próprio
assentamento, a fim de que gere
uma fonte de renda extra aos
assentados.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
11 Orientações sobre avicultura,
construção de galpões, manejo
nutricional e sanitário de aves de
ATES,
FAMCEEF
INCRA
322
corte e postura, através de cursos
e oficinas.
Desenvolvimento Social:
Tabela 36: AÇÕES PROPOSTAS PROGRAMA ATES DESENVOLVIMENTO
SOCIAL.
Nº AÇÃO RESPONSÁVEL RECURSO
01 Articulação com diversos órgãos
governamentais e não
governamentais a fim de ampliar
e aumentar a qualidade de
serviços nas áreas de educação,
saúde, moradia, energia elétrica,
sistemas de esgoto, água
encanada, entre outros.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Elaborar programas em parceria
com a prefeitura (através da
Secretaria Municipal de Saúde)
voltados para saúde da mulher a
fim de oferecer, atenção especial
as gestantes, palestras de
autoestima, DST, métodos
contraceptivos, planejamento
familiar e outros que garantam
atendimento de qualidade às
mulheres assentadas, a partir
das demandas das CT’s.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Implantação de um programa de
educação sexual nas escolas do
assentamento voltado para o
público jovem, a partir das
demandas das CT’s..
ATES,
FAMCEEF
INCRA
04 Intermediar articulação junto à ATES, INCRA
323
Secretaria Municipal de Saúde e
a Secretaria Estadual de Saúde
para que os principais problemas
relacionados à saúde no
assentamento sejam sanados,
tais como a necessidade de
atuação de agentes de saúde
comunitários (ACS), a
disponibilização de transporte de
emergência e a construção de
novos postos de saúde na área
do assentamento com estrutura
para atender as comunidades, a
partir das demandas das CT’s..
FAMCEEF
05 Promover campanhas
educativas, palestras e oficinas
sobre destino adequado do lixo,
higiene pessoal e segurança
alimentar com presença de
profissionais das áreas a fins
com objetivo de garantir uma vida
saudável às famílias assentadas.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
06 Intermediar a articulação entre as
secretarias municipal e estadual
de educação (SEMED e SEDUC)
com as lideranças do
assentamento para que os
principais problemas
relacionados à educação no
assentamento sejam sanados,
tais como a construção de
escolas com salas e carteiras em
quantidade suficiente para os
ATES,
FAMCEEF
INCRA
324
alunos, caixas d'água, transporte
escolar, oportunidade de
educação para jovens e adultos,
ampliação dos níveis de ensino e
outros.
07 Elaborar e desenvolver projetos
de incentivo a cultura e ao lazer
nas comunidades através de
parcerias com a prefeitura e
outros órgãos governamentais e
não governamentais.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
08 Assessorar e acompanhar as
organizações sociais
comunitárias visando o
fortalecimento das mesmas de
maneira que sejam capazes de
gerir este plano. Buscar parcerias
a fim de oferecer assistência
jurídica e contábil. Apoiar a
criação de grupos de jovens,
mulheres e idosos nas
comunidades onde ainda não
existem estes grupos.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
09 Promover iniciativas voltadas à
capacitação e bem estar dos
jovens, como por exemplo,
práticas esportivas, cursos
técnicos profissionalizantes,
cursos de artes (música, teatro,
desenho entre outras), apoio e
recuperação de jovens com
envolvimento em atividades
ilícitas.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
325
Desenvolvimento Ambiental:
Tabela 37: AÇÕES PROPOSTAS PROGRAMA DE ATES GESTÃO AMBIENTAL
Nº AÇÃO RESPONSÁVEL RECURSO
01 Intermediar articulação entre
SEMED, SEDUC, assentados e
outras entidades para
desenvolvimento de um programa
de educação ambiental a ser
realizado através das escolas do
PAE a fim de auxiliar na
sensibilização de crianças e
comunitários em geral sobre as
questões ambientais.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Promover ações visando a
proteção da biodiversidade e a
manutenção das fontes de renda e
subsistência da população do
assentamento através das
seguintes ações: recuperação de
áreas degradadas, reflorestamento
de margens de lagos e igarapés,
plantio de palmeiras e árvores
frutíferas nativas.
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Acompanhar e assessorar a
perfeita aplicação das normas
emanadas no Plano de Utilização
do Assentamento
ATES,
FAMCEEF
INCRA
Metodologia para Sistematizar Informações (Avaliação)
A equipe de ATES, juntamente com as famílias assentadas
estarão em constante avaliação e monitoramento das ações
implementadas, realimentando o plano e restabelecendo os objetivos e
326
as respectivas estratégias para alcançá-los. A sistematização das
informações adquiridas durante a execução do plano será feita pela
equipe de ATES através de metodologias educativas e participativas
para que haja compartilhamento de responsabilidades na tomada de
decisões. Sugere-se como uma das metodologias a serem adotadas
para esta avaliação a realização de assembléias anuais com a
participação das famílias assentadas e da equipe multidisciplinar de
ATES para que juntas possam fazer o redirecionamento dos objetivos,
metas e atividades para o próximo período. Deve-se fazer mobilização
com antecedência, principalmente com as lideranças de todos os
segmentos das comunidades (não esquecer mulheres jovens, crianças e
idosos) para que estas possam ter condições de estender o convite ao
maior numero de famílias possíveis a fim de garantir a legitimação do
processo.
6.4. Indicativos de Sustentabilidade – Sobre o Projeto,
Subprograma e/ou Programa:
O Plano de Ação para o Desenvolvimento Sustentável do PAE
Eixo Forte é o resultado da reflexão conjunta entre a equipe técnica e os
beneficiários, que buscam orientar a trajetória de desenvolvimento
socioeconômico e ambiental desses produtores rurais familiares.
O caráter participativo da elaboração do plano e o tempo de
acompanhamento da equipe técnica já conferem um grau de
sustentabilidade às propostas apresentadas.
A organização espacial definida pelas oficinas de planejamento
permite e garante a preservação das características históricas e culturais
de cada comunidade do Eixo Forte, entendendo que o PDA não é uma
nova história, mas a continuação de uma história que já vem sendo
escrita por várias gerações que, entre erros e acertos, definiu as bases
para o modelo de desenvolvimento que hoje se desenha.
A ocupação da região, os problemas ambientais, são heranças
que nortearam a necessidade de resgatar aspectos ambientais
327
desconsiderados pelos pioneiros da região, sem causar novos impactos,
de natureza social.
A sustentabilidade do Programa de Garantira dos Serviços e
Direitos Sociais Básicos foi pensada tendo como eixo principal a
organização da população para uma ação reivindicativa, passando pela
implantação de um modelo de organização das comunidades, mais
representativo, possibilitando se ouvir todos os segmentos organizados
das comunidades, seguindo pelo fortalecimento das comissões
específicas (saúde, educação, cultura, esporte e lazer, etc.) da
FAMCEEF. Tudo isso, apoiado por um programa de capacitação e
consultoria executado pela equipe de ATES.
O Sistema Produtivo proposto parte do princípio que o rumo do
desenvolvimento do Eixo Forte passa pelo Turismo de Base Familiar e
pela produção de base Agroecológica. Dessa forma, não será
estimulada a expansão da monocultura.
O modelo foi desenhado se pensando sempre no aproveitamento
total dos recursos. Assim, os resíduos de uma cadeia produtiva serão
matéria prima para outra cadeia, reforçando a idéia da sustentabilidade
no Sistema Produtivo do PAE Eixo Forte.
As propostas de geração de emprego e renda, pautados no
turismo e na produção agropecuária de base agroecológica buscam a
sustentabilidade econômica da população sem esquecer um passado de
utilização indiscriminada dos recursos naturais que marcaram a memória
dos moradores mais antigos e a paisagem atual da área do
assentamento.
A sustentabilidade ambiental está amparada num vasto programa
de reflorestamento e educação ambiental que têm por objetivo regatar
aspectos históricos da região que já teve no extrativismo a principal base
de sua economia.
A sustentabilidade gerencial do projeto está explícita no modelo
organizacional proposto no plano, resultado da combinação entre a
proposta de organização constante no Plano Diretor Participativo do
Município de Santarém e o modelo proposto pelo Estatuto Social da
328
Federação das Associações de Moradores, Comunidades e Entidades
do Assentamento Agroextrativista do Eixo Forte.
Assim, os Conselhos Gestores Comunitários e as Comissões de
Trabalho, definidas pelo estatuto da FAMCEEF, conferem autonomia às
comunidades e responsabilidade no rumo do planejamento das ações a
serem desenvolvidas naquela comunidade, estabelecendo de forma
participativa prioridades e estratégias de encaminhamentos às questões
dos diversos setores do PAE Eixo Forte.
Para atender esses desafios, os serviços de ATES devem ser
executados mediante o uso de metodologias participativas, devendo
seus agentes desempenhar um papel educativo, atuando como
animadores e facilitadores de processos de desenvolvimento rural
sustentável.
6.5. Disposições Gerais
Levando-se em consideração algumas peculiaridades do PAE
Eixo Forte, que o fazem diferentes dos demais assentamentos dessa
natureza, principalmente quando observamos que: a população
tradicional foi, progressivamente abandonando as atividades
agropecuárias e extrativistas e hoje, metade da população do
assentamento busca sua manutenção e de sua família com a prática de
serviços; que se pretendêssemos trazer de volta essas famílias para as
essas práticas, estaríamos estimulando uma forte pressão sobre os já
escassos recursos naturais da região; que a vocação ao turismo e a
proximidade com a zona urbana do município permitem o
desenvolvimento de serviços não diretamente ligados á agropecuária e
extrativismo, resolveu-se incluir no PDA um programa que incentivasse
essa parcela de assentados, considerando-se que essas atividades são
importantes e fundamentais para a manutenção da sustentabilidade do
assentamento.
329
6.5.1. Projeto Eixo Forte Empreendedor
a) Apresentação:
O Empreendedor Individual é a pessoa que trabalha por conta
própria e que se legaliza como pequeno empresário. Para ser um
empreendedor individual, é necessário faturar no máximo até R$
36.000,00 por ano, não ter participação em outra empresa como sócio
ou titular e ter um empregado contratado que receba o salário mínimo ou
o piso da categoria.
Entre as atividades que podem ser desenvolvidas, destacamos
aquelas que mais se adéquam às condições do PAE Eixo Forte:
1. Açougueiro
2. Alfaiate
3. Artesão
4. Barbeiro
5. Bordadeira
6. Borracheiro
7. Cabeleireiro
8. Carpinteiro
9. Chocolateiro
10. Churrasqueiro
11. Comerciante
12. Costureira
13. Crocheteira
14. Doceira
15. Encanador
16. Fotógrafo
17. Jardineiro
18. Lavadeira de roupas
19. Locador de DVDs e similares
20. Manicure/pedicure
21. Mecânico de motocicletas
22. Mecânico de veículos
330
23. Merceeiro/vendeiro
24. Mototaxista
25. Moveleiro
26. Oleiro
27. Padeiro
28. Pedreiro
29. Pintor de paredes
30. Professor particular
31. Promotor de eventos
32. Promotor de turismo local
33. Proprietário de bar e congêneres
34. Proprietário de camping
35. Proprietário de carro de som para fins publicitários
36. Proprietário de casa de sucos
37. Proprietário de lanchonete
38. Proprietário de Restaurante
39. Proprietário de sala de acesso à Internet
40. Proprietário de salão de jogos de sinuca e bilhar
41. Quitandeiro
42. Reciclador de borracha, madeira, papel e vidro
43. Redeiro
44. Reparador de bicicleta
45. Salgadeira
46. Serigrafista
47. Tricoteira
48. Verdureiro
Toda atividade a ser exercida, mesmo na residência, necessita de
autorização prévia da Prefeitura, que nesse caso será gratuita.
b) Justificativa:
Segundo a figura 28, que mostra a distribuição do tamanho dos
lotes no PAE Eixo Forte, 43% dos assentados possuem menos de um
hectare para morar e trabalhar.
331
Com o advento da pavimentação da rodovia PA 457, que liga
Santarém a Alter-do-Chão, aumentou o interesse da população do
município pelas propriedades localizadas no Eixo Forte. Assim, os
moradores tradicionais se desfizeram de suas propriedades e
concentraram-se em pequenos lotes urbanos, localizados nas
comunidades.
Esses produtores e seus familiares abandonaram as atividades
agrícolas e passaram a prestar serviços e/ou fabricar produtos de
maneira informal, entendida por eles mesmos como “bico”, tanto que
73% dos entrevistados responderam não possuir atividade remunerada.
O Projeto Eixo Forte Empreendedor pretende localizar e estimular
esses pequenos empreendedores a qualificar seus empreendimentos e
buscar a legalização de suas atividades.
Com a regularização de suas atividades o Empreendedor
Individual protege-se contra reclamações trabalhistas e o seu
empregado terá direito a todos os benefícios previdenciários como, por
exemplo, aposentadoria, seguro-desemprego, auxílio por acidente de
trabalho ou doença e licença maternidade.
c) Objetivo Geral:
Qualificar assentados que se dedicam às atividades de
organização, administração e execução, principalmente na geração de
renda, na transformação de conhecimentos e bens em novos produtos,
mercadorias ou serviços, gerando um novo método com o seu próprio
conhecimento, com fins de melhorar a qualidade de vida de sua família.
332
Figura 116 - EIXO FORTE EMPREENDEDOR
d) Objetivos Específicos:
Qualificar assentados e seus familiares em atividades geradoras
de renda, tidas como não agrícolas;
Tirar da informalidades assentados e seus familiares que já
exerçam atividades não agrícolas nas comunidades;
Inserir, com qualidade, produtos e serviços prestados por
assentados, no mercado do município;
Habilitar assentados e seus familiares para o desenvolvimento de
produtos e serviços não agrícolas para os quais tenham aptidão;
e) Estratégia:
A execução do Projeto Eixo Forte Empreendedor atenderá a
seguinte estratégia:
Identificação do potencial empreendedor, que já desenvolve
alguma atividade (serviço e/ou produto) e os que desejam
desenvolver essas atividades;
Execução de Plano de Qualificação que prevê o desenvolvimento
das habilidades básicas (contextualização do empreendimento na
sociedade), gerenciais (organização familiar, gestão e marketing
333
do projeto) e específicas (tecnologia e métodos apropriados à
situação do empreendedor);
Elaboração de Plano de Negócios detalhando os passos para a
implantação do projeto;
A estratégia prevê a identificação, qualificação e planejamento
das ações para 20 empreendedores a cada 2 anos.
f) Metas:
Nº META RESPONSÁVEL RECURSOS
01 Realizar pesquisa para
identificar empreendedores em
potencial no PAE Eixo Forte
ATES,
FAMCEEF
INCRA
02 Executar processo de
qualificação incluindo
desenvolvimento de habilidades
básicas, de gestão e
específicas para 20 assentados
a cada 2 anos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
03 Elaborar 20 Planos de Negócio,
a cada 2 anos
ATES,
FAMCEEF
INCRA
g) Resultados Esperados:
Com a execução do Projeto Eixo Forte Empreendedor espera-se:
Aumentar a oferta de trabalho e renda no PAE Eixo Forte sem
exercer pressão sobre os recursos naturais do assentamento;
Aumentar a oferta de produtos e serviços para a população de
Santarém que frequenta a região;
Garantir direitos trabalhistas e previdenciários aos trabalhadores
que hoje estão na informalidade;
Qualificar a mão-de-obra da região.
334
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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