Grandes Ideias Perigosas

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  • l i s b o a :tintadachina

    M M V I I I

    CoordenaoJohn Brockman

    IntroduoSteven Pinker

    PosfcioRichard Dawkins

    grandes ideiasperigosas

    Traduo Paulo Salgado Moreira

  • 2008, Edies tintadachina, Lda.Rua Joo de Freitas Branco, 35A

    1500627 LisboaTels.: 21 726 90 28/9 | Fax: 21 726 90 30

    Email: info@tintadachina.pt

    www.tintadachina.pt

    Edge Foundation, Inc., 2005. Todos os direitos reservados.Ttulo original: What Is Your Dangerous Idea?Autores: John Brockman (coord.) e outros

    Reviso: TintadachinaCapa e composio: Vera Tavares

    1. edio: Maio de 2008isbn: 9789728955571

    Depsito Legal n. 274744/08

    Para Stewart Brand, George Dysone Kevin Kelly, pelos seus conselhos

    e apoio durante os primeiros dez anos das conversas do site Edge.

  • ndice

    15 Agradecimentos John Brockman 17 Prefcio: A Pergunta do Site Edge Steven Pinker 21 Introduo

    Textos de:

    John Horgan 37 No temos almas Paul Bloom 40 A rejeio da alma David Buss 43 A evoluo do mal Irene Pepperberg 47 As diferenas entre humanos e nohumanos so quantitativas, no qualitativas Steven Pinker 50 Os grupos humanos podem diferir geneticamente nos seus talentos e temperamentos mdios J. Craig Venter 53 A base gentica do comportamento humano Jerry Coyne 56 Marionetas em cordas genticas V.S. Ramachandran 60 A ideia perigosa de Francis Crick Rodney Brooks 65 Estar sozinho no universo Scott D. Sampson 67 A vida enquanto agente de disperso de energia Keith Devlin 71 Estamos completamente sozinhos Martin Rees 73 A cincia pode estar a fugir ao nosso controlo Frank J. Tipler 76 Porque desejo que o modelo padro esteja errado relativamente razo pela qual h mais matria do que antimatria Jeremy Bernstein 78 A ideia de que compreendemos o plutnio

  • W. Daniel Hillis 79 A ideia de que todos deveramos partilhar as nossas ideias mais perigosas Daniel Gilbert 80 A ideia de que as ideias podem ser perigosas Paul C.W. Davies 81 O combate ao aquecimento global est perdido Gregory Benford 84 Pensar fora da caixa de Quioto Oliver Morton 89 O nosso planeta no est em perigo April Gornik 94 O efeito da arte no pode ser controlado ou antecipado Denis Dutton 95 Uma grande narrativa Marc Hauser 99 A imunidade da nossa gramtica moral universal religio Nicholas Humphrey 103 A ideia perigosa de Bertrand Russell David Pizarro 104 A incongruente miscelnea da moralidade Robert Shapiro 106 Iremos compreender a origem da vida dentro dos prximos cinco anos George Dyson 110 Compreender a biologia molecular sem descobrir as origens da vida Marco Iacoboni 111 O problema dos superespelhos Daniel Goleman 114 Ciberdesinibio Alun Anderson 118 Os crebros no podem tornarse mentes sem corpos David Gelernter 122 Na era da informao, as pessoas esto bem informadas acerca de qu? Kevin Kelly 124 Mais anonimato bom Paul W. Ewald 126 Uma nova era dourada da medicina Samuel Barondes 134 Usar medicao para alterar a personalidade Helen Fisher 136 Os medicamentos podem alterar os padres do amor humano David G. Myers 140 Uma opo de casamento para todos Diane F. Halpern 142 Escolher o sexo dos nossos filhos Seth Lloyd 146 A ideia das ideias

    Karl Sabbagh 147 O crebro humano nunca compreender o universo Lawrence M. Krauss 150 O mundo pode ser fundamentalmente inexplicvel Leonard Susskind 152 A paisagem Lee Smolin 156 Ver Darwin luz de Einstein: ver Einstein luz de Darwin Brian Greene 161 O multiverso Carlo Rovelli 164 O que a fsica do sculo xx diz acerca do mundo pode ser verdade Paul Steinhardt 166 uma questo de tempo Piet Hut 170 Uma reavaliao radical do carcter do tempo Marcelo Gleiser 172 No faz mal no saber tudo Steven Strogatz 174 O fim da intuio Terrence Sejnowski 176 Quando se tornar a Internet consciente de si prpria? Neil Gershenfeld 181 Democratizar o acesso aos meios de inveno Rudy Rucker 183 A mente uma qualidade universalmente distribuda Thomas Metzinger 187 A intuio do fruto proibido Philip W. Anderson 190 A probabilidade a posteriori de um deus qualquer bastante reduzida Sam Harris 192 A cincia tem de destruir a religio John Allen Paulos 196 O eu uma quimera conceptual Carolyn C. Porco 197 A maior histria jamais contada Jordan Pollack 200 A cincia como apenas uma outra religio Robert R. Provine 204 Isto tudo o que existe Stephen M. Kosslyn 207 Uma cincia do divino? Jesse Bering 213 A cincia nunca silenciar deus Scott Atran 215 A religio a esperana que falta na cincia Todd E. Feinberg 219 Os mitos e os contos de fadas no so verdadeiros

  • David Lykken 221 Licena parental Judith Rico Harris 223 Influncia parental zero John Gottman 227 O enfoque na inteligncia emocional Alison Gopnik 228 Uma cacofonia de controvrsia Stewart Brand 231 Histria aplicada Jared Diamond 233 frequente os povos tribais danificarem o seu meio ambiente e travarem guerras Charles Seife 234 Nada Susan Blackmore 235 Nada faz sentido Daniel C. Dennett 237 No h mentes suficientes para albergar a exploso populacional de memes Randolph M. Nesse 242 Ideias indizveis Kai Krause 246 Antigravidade: a teoria do caos num sentido muito prtico Rupert Sheldrake 252 Navegar por novos princpios cientficos Simon BaronCohen 255 Um sistema poltico baseado na empatia Tor Nrretranders 259 Relatividade social Gregory Cochran 261 H algo de novo sob o sol ns Donald D. Hoffman 264 Uma colher como uma dor de cabea Gerald Holton 267 A projeco da curva da longevidade Ray Kurzweil 268 A inevitabilidade, a curto prazo, da extenso e expanso radical da vida Freeman J. Dyson 272 A domesticao da biotecnologia Philip Campbell 274 O empenho estatal na cincia e na tecnologia Joel Garreau 275 E se Faulkner tivesse razo? Eric Fischl 279 E se o desconhecido se tornar conhecido e no for substitudo por um novo desconhecido? Michael Shermer 281 Onde os bens cruzam as fronteiras, os exrcitos no cruzam Matt Ridley 283 O governo o problema, no a soluo Mihaly Csikszentmihalyi 286 O mercado livre Arnold Trehub 288 A cincia moderna um produto da biologia

    Roger C. Schank 289 Acabaram os olhares zangados do professor Clifford Pickover 293 Somos todos virtuais Geoffrey Miller 295 O consumismo desenfreado explica o paradoxo de Fermi Sherry Turkle 300 Simulao versus autenticidade Dan Sperber 304 A cultura natural Timothy Taylor 308 O crebro humano um artefacto cultural Eric R. Kandel 313 O livrearbtrio exercido inconscientemente Clay Shirky 316 O livrearbtrio est a irse embora Mahzarin R. Banaji 321 Os limites da introspeco Barry C. Smith 325 Aquilo que sabemos pode no nos transformar Richard E. Nisbett 328 Dizer mais do que podemos saber Andy Clark 333 Os zombies de raciocnio rpido que existem dentro de ns Philip G. Zimbardo 335 A banalidade do mal, a banalidade do herosmo Douglas Rushkoff 337 Moeda open source David Bodanis 340 Ser que o ocidente se encontra j numa trajectria descendente? Juan Enriquez 343 A tecnologia pode desunir os Estados Unidos Haim Harari 348 A democracia pode estar a caminho de desaparecer James ODonnell 351 Marx tinha razo: o estado vai evaporarse Howard Gardner 353 Seguindo Ssifo Ernst Pppel 355 Como posso ter confiana, perante tantos factores incognoscveis? Leo M. Chalupa 357 Um perodo de 24 horas de solido absoluta

    Richard Dawkins 359 Posfcio 365 ndice remissivo

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    prefcioA pergunta do site Edge

    Em 1991, propus a ideia de uma terceira cultura, que consiste nos cientistas e outros pensadores do mundo emprico que, atravs do seu trabalho e dos seus ensaios, esto a tomar o lugar do intelectual tradicional na tarefa de tornar visvel o significado mais profundo da vida, redefinindo quem somos e aquilo que somos. Em 1997, o crescimento da Internet permitiu a implementao de uma casa para a terceira cultura na Web, num site chamado Edge (www.edge.org).

    O site Edge uma celebrao das ideias da terceira cultura, uma exposio desta nova comunidade de intelectuais em aco. Eles apresentam o seu trabalho e as suas ideias, e comentam o trabalho e as ideias dos pensadores da terceira cultura. Fazemno partindo do princpio de que vo ser interpelados. O que da emerge um debate rigoroso, que aborda questes cruciais da era digital, numa atmosfera bastante cativante, onde pensar com esperteza prevalece sobre a anestesia da sabedoria.

    As ideias apresentadas no site Edge so especulativas, representando as fronteiras nas reas da biologia evolutiva, gentica, cincia de computadores, neurofisiologia, psicologia e fsica.

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    Algumas das questes fundamentais que a se colocam so: de onde surgiu o universo? De onde surgiu a vida? De onde surgiu a mente? Da terceira cultura esto, assim, a emergir uma nova filosofia natural, novas formas de compreender os sistemas fsicos e novas maneiras de pensar que questionam muitos dos nossos pressupostos bsicos sobre quem somos, sobre o que significa serse humano.

    Um acontecimento anual do site Edge The World Question Center (O Centro para a Pergunta Mundial), introduzido, em 1971, como um projecto de arte conceptual, pelo meu amigo e colaborador, o falecido artista James Lee Byars. O plano de Byars consistia em reunir as cem mentes mais brilhantes do mundo, tranclas numa sala e conseguir que colocassem umas s outras as questes que colocavam a si prprias. O resultado deveria constituir uma sntese de todo o pensamento. Mas entre uma ideia e a sua execuo existem muitos escolhos. Byars identificou as suas cem mentes mais brilhantes, telefonou a cada uma delas e perguntoulhes quais eram as questes que andavam a colocarse a si prprias. O resultado: 70 pessoas desligaramlhe o telefone na cara.

    Porm, por volta de 1997, a Internet e o email abriram espao para uma sria implementao do grande objectivo de Byars, o que deu origem ao lanamento do site Edge. Em cada uma das edies de aniversrio do site Edge, eu mesmo fiz uso da interrogativa e pedi aos colaboradores as suas respostas a uma questo que me tinha ocorrido, ou a um dos meus correspondentes, a meio da noite. A pergunta Edge do ano de 2006 foi sugerida pelo psiclogo Stephen Pinker.

    A histria da cincia est cheia de descobertas que, na sua

    poca, foram consideradas social, moral ou emocionalmente

    perigosas: as revolues concretizadas por Coprnico ou por

    Darwin so as mais bvias. Qual a sua ideia perigosa? Uma

    ideia em que tem meditado (no necessariamente uma ideia

    sua, original) e que acha que perigosa, no porque se presume

    que falsa, mas porque pode ser verdadeira?

    A pergunta Edge de 2005 (O que que acredita ser verdade, mesmo sem poder provlo?) foi uma das que mais contribuiu para despertar conscincias (a estao de rdio BBC4 caracterizoua como incrivelmente estimulante [...] a cocana do mundo pensante). Esperamos que esta edio das respostas pergunta Edge de 2006 seja igualmente perigosa.

    John Brockman

    Editor do projecto Edge

    p r e f c i o

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    introduoSteven Pinker

    Tero as mulheres, em geral, um perfil de aptides e emoes diferente do dos homens? Ser que os acontecimentos descritos na Bblia foram fictcios no s os milagres, mas tambm os que envolvem reis e imprios? Ter o estado do meio ambiente melhorado nos ltimos 50 anos? Ser que, na sua maioria, as vtimas de abuso sexual no sofrem danos que duram para o resto das suas vidas? Ser verdade que os americanos nativos praticavam o genocdio e devastavam a paisagem? Os homens tero de facto uma tendncia inata para a violao? Ser que a taxa de criminalidade diminuiu, na dcada de 1990, porque 20 anos antes as mulheres pobres abortavam crianas que teriam evidenciado propenso para a violncia? Sero os terroristas suicidas pessoas bemeducadas, mentalmente saudveis e movidos por razes morais? Sero os judeus asquenazes, em mdia, mais inteligentes do que os gentios porque os seus antepassados foram objecto de uma seleco com fins reprodutivos que visava a astcia, necessria na agiotagem? Ser que a incidncia das violaes diminuiria se a prostituio fosse legalizada? Tero os afroamericanos, em mdia, nveis de testosterona mais elevados do que os dos brancos? Ser

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    g r a n d e s i d e i a s p e r i g o s a s

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    a moralidade apenas um produto da evoluo do nosso crebro, sem qualquer realidade inerente? Ficaria a sociedade mais bem servida se a herona e a cocana fossem legalizadas? Ser a homossexualidade o sintoma de uma doena infecciosa? Seria consistente com os nossos princpios morais dar aos pais a possibilidade de praticarem a eutansia em recmnascidos com deficincias congnitas que os condenam a uma vida de dor e de invalidez? Os pais exercem algum efeito no carcter ou na inteligncia dos filhos? As religies mataram mais pessoas do que o nazismo? Reduzirseiam os danos do terrorismo se a polcia pudesse torturar suspeitos em circunstncias especiais? Teria frica melhores hipteses de sair da pobreza se acolhesse mais indstrias poluentes ou se aceitasse ficar com o lixo nuclear da Europa? Estar a inteligncia mdia das naes ocidentais a baixar porque as pessoas menos inteligentes esto a ter mais filhos do que as mais inteligentes? Seria melhor para as crianas indesejadas se existisse um mercado de direitos de adopo, sendo os bebs atribudos s ofertas mais elevadas? Salvarseiam mais vidas se institussemos um mercado livre de rgos para transplantes? Deveriam as pessoas ter o direito de se clonar a si mesmas, ou de melhorar as caractersticas genticas dos seus filhos?

    Talvez o leitor sinta o sangue a fervilhar quando l estas questes. Talvez fique indignado com o facto de haver pessoas que pensam, sequer, nestas coisas. Talvez fique com pior ideia de mim por eu estar a trazlas discusso. Estas ideias so perigosas ideias abordadas no por serem evidentemente falsas, no porque advogam aces prejudiciais, mas porque se julga que podero minar a ordem moral prevalecente.

    Por ideias perigosas no tenho em mente as tecnologias perigosas, como as que esto por detrs das armas de destruio

    macia, ou as ideologias do mal, como as de racistas, fascistas ou outras seitas fanticas. Refirome a afirmaes de facto, ou polticas, que so defendidas com provas e argumentos por cientistas e pensadores srios, mas que se acredita colocarem em causa a decncia colectiva de uma poca. So exemplos as ideias referidas no primeiro pargrafo e o pnico moral que cada uma delas provocou durante o ltimo quarto de sculo. Escritores que avanaram com ideias deste gnero foram vilipendiados, censurados, despedidos, ameaados e, nalguns casos, agredidos fisicamente.

    Todas as pocas tm as suas ideias perigosas. Durante milnios, as religies monotestas perseguiram inmeras heresias, alm de incmodos gerados pela cincia, como o geocentrismo, a arqueologia bblica e a teoria da evoluo. Podemos darnos por felizes devido ao facto de os castigos terem passado da tortura e da mutilao para o cancelamento de subsdios e a publicao de crticas vituperativas. Mas a intimidao intelectual, seja feita pela espada ou pela caneta, molda, inevitavelmente, as ideias que so levadas a srio numa determinada poca, e o espelho retrovisor da histria fornecenos um aviso. Uma vez aps outra, as pessoas atriburam a afirmaes factuais implicaes ticas que hoje nos parecem ridculas. O medo de que a estrutura do nosso sistema solar tivesse graves consequncias morais um exemplo venervel, tal como impingir o Desgnio Inteligente aos estudantes de biologia um exemplo contemporneo. Estes casos caricaturais deveriam levarnos a perguntar se a corrente dominante do pensamento intelectual contemporneo poder estar afectada por iluses morais semelhantes. Vamos deixarnos enfurecer pelos nossos prprios infiis e hereges, a quem um dia a histria dar razo?

    Sugeri a John Brockman que dedicasse a pergunta anual do site Edge s ideias perigosas porque acredito que iremos ser

    i n t r o d u o

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    g r a n d e s i d e i a s p e r i g o s a s

    impopulares uma velha histria. Livros como The New KnowNothings, de Morton Hunt, e The Shadow University, de Alan Kors e Harvey Silverglate, mostraram, de forma assaz deprimente, que no podemos contar com as universidades para defenderem os direitos dos seus prprios hereges, e que com frequncia so o sistema judicial ou a imprensa que tm de arrastlos na direco das polticas de tolerncia. No governo, a intolerncia ainda mais assustadora, porque as ideias que a so consideradas no so apenas objecto de desporto intelectual, mas tm consequncias imediatas e generalizadas. Chris Mooney, na obra The Republican War on Science, juntase a Hunt na denncia do modo como legisladores corruptos e demaggicos sufocam cada vez mais os resultados de pesquisas que consideram contrrios aos seus interesses.

    Os ensaios desta obra oferecem uma surpreendente variedade de reflexes estimulantes. Algumas so francamente especulativas, outras contm ideias sobre um perigo que ainda no foi reconhecido, e muitas so verses da ideia perigosa original, avanada por Coprnico a de que no somos o centro do universo, seja literal ou metaforicamente. Quer o leitor concorde ou discorde, fique chocado ou indiferente, espero que estes ensaios o levem a ponderar o que torna as ideias perigosas e o que devamos fazer com elas.

    A histria da cincia est cheia de descobertas que, na sua poca, foram consideradas social, moral ou emocionalmente perigosas: as revolues geradas por Coprnico ou Darwin so as mais bvias. Qual a sua ideia perigosa? Uma ideia em que tem meditado (no necessariamente uma ideia sua, original) e que acha que perigosa, no porque se presume que falsa, mas

    porque pode ser verdadeira?

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    no temos almas

    John Horgan

    John Horgan director do Centro para os Escritos Cientficos do Instituto de Tecnologia Stevens e, mais recentemente, autor de Rational Mysticism: Spirituality Meets Science in the Search for Enlightenment.

    A pergunta do site Edge deste ano fazme pensar no seguin te: que ideias apresentam maior perigo potencial? As falsas ou as verdadeiras? A iluso ou a falta de iluso? Enquanto crente e amante da cincia, espero bem que a verdade nos liberte, de facto, e nos salve, mas por vezes no tenho tanta certeza.

    A ideia perigosa (provavelmente verdadeira) sobre a qual gostaria de discorrer a de que ns, humanos, no temos almas. A alma esse ncleo dentro de ns que supostamente transcende a nossa parte fsica, e at persiste para alm dela, concedendonos autonomia, privacidade e dignidade fundamentais. No seu livro de 1994, A Hiptese Espantosa: a Busca Cientfica da Alma, o grande Francis Crick, j falecido, defendia que a alma uma iluso perpetuada, como a fada Sininho da histria de Peter Pan, apenas por acreditarmos nela. Crick abre o seu livro com o seguinte manifesto: Tu, as tuas alegrias e as tuas tristezas, as tuas memrias e as tuas ambies, o teu sentido de identidade pessoal e livrearbtrio no so, na verdade, mais do que o comportamento de um vasto conjunto de clulas nervosas e das molculas que lhes esto associadas. Notemse as aspas em Tu. O subttulo do livro de Crick

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    A minha ideia perigosa que aquilo que faz falta para se alcanar um desempenho cerebral ptimo com ou sem exerccio cerebral um perodo de 24 horas de solido absoluta. Por solido absoluta quero dizer sem interaces verbais de qualquer tipo escritas ou faladas, ao vivo ou gravadas com outro ser humano. Arriscome a dizer que entre as pessoas que lem estas palavras, as que j experimentaram praquedismo em queda livre so em nmero significativamente maior do que as que j passaram por um dia de solido absoluta.

    O que fazer para preencher as horas de viglia de um dia assim? Essa uma pergunta a que cada pessoa teria de responder por si prpria. A menos que a pessoa tenha passado algum tempo num mosteiro ou numa cela solitria, na priso, improvvel que tenha tido de lidar com esta questo. A nica actividade no interdita pensar. Imaginem se toda a gente neste pas tivesse a oportunidade de no fazer nada seno dedicarse a pensar, ininterruptamente, durante um dia por ano!

    Um dia nacional de solido absoluta contribuiria mais para melhorar o crebro dos americanos do que qualquer outro programa de 24 horas (deixo para os juristas a tarefa de pensar sobre a forma de implementar esta proposta). O perigo inerente a esta ideia que um dia de pensamento ininterrupto pode causar convulses irreparveis em muitas das coisas que a nossa sociedade considera sagradas. Se isto melhoraria o estado dos nossos assuntos actuais algo que no pode ser garantido.

    posfcioRichard Dawkins

    As ideias perigosas so aquilo que tem feito avanar a hu manidade, usualmente para consternao da maioria, que prospera na familiaridade e receia as mudanas, seja em que era for. A ideia perigosa de ontem a ortodoxia de hoje e o clich de amanh. Decerto que j algum deve ter dito isto. Seno, terei eu de dizlo, embora apenas para logo recuar apressadamente. Generalizaes sedutoras deste gnero escondem uma perigosa assimetria. Embora seja verdadeiro que, mais tarde, podemos reconhecer normas aceites que outrora foram ideias perigosas, tambm verdade que a maioria das ideias perigosas do passado no merecia aceitao futura, nem a recebeu. No basta que uma ideia seja perigosa. Tambm tem de ser boa.

    Os cientistas declaram frequentemente que uma ideia tem de aguentarse pelo seu prprio mrito, no pela autoridade de quem a inventou. No h nenhum fhrer, papa ou profeta cientfico de quem sejamos tentados a dizer X ideia dele, portanto X deve estar certa. Mas os cientistas so apenas humanos, e inevitvel repararmos num currculo de peso. Se um cientistaestrela, cujas ideias funcionaram no passado, aparece com uma

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    ideia nova, arrebitamos as orelhas. Em especial se a nova ideia perigosa.

    No que respeita aos cientistas, John Brockman tem o livro de endereos mais invejvel da Amrica. A sua Pergunta do Site Edge anual produz um livro cujo ndice, s por si, vale bem a pena ler. Eis um conjunto de autores com algo para dizer, e com notveis credenciais para dizlo, todos colocados perante a mesma pergunta, aparentemente simples neste caso, Qual a sua ideia perigosa?. Que respostas ir desencantar o crculo Edge? Que significados surpreendentes, alis, sero descobertos para a questo? Ideias perigosas para quem? Ou para qu? As 108 pessoas que contriburam para este livro percorrem todo o espectro. H perigo para o mundo e para o futuro da humanidade e da vida. H perigo para interesses adquiridos cujo amor prprio pode estar ameaado. H perigo para a prpria paz de esprito pessoal de cada um, ou para o seu sentido de valor csmico. H perigo na interpretao das ideias que so intelectualmente arrojadas ou atrevidas que passam das marcas, como se costuma dizer , o que no implica, necessariamente, perigo sob alguma outra forma. Felizmente, na Amrica moderna no preciso referir ideias que ameacem a vida do pensador, porque a sociedade dominante considera inaceitvel tal situao. Galileu foi impedido, sob a ameaa de sofrer um castigo fsico, de publicar a sua ideia perigosa. Darwin, na sua poca, teve mais sorte, embora possa argumentarse que ele censurou a sua ideia perigosa durante duas dcadas, por receio de perturbar a sua esposa e a sociedade de que ela fazia parte. Mais prximo do nosso tempo, na Rssia de Lysenko, ideias que, hoje em dia, os geneticistas consideram lugarescomuns ou melhor, simplesmente verdadeiras no podiam ser proferidas sem se correr o risco de humilhao pblica e priso.

    Este livro apresentanos 108 intelectuais de topo, do salo online do site Edge, reputados pelas suas boas ideias (ou, num ou dois casos, notoriamente ms ideias). Quais so, ento, as suas ideias perigosas e ser que valem alguma coisa? Reparei que podia analisar as respostas como se fosse uma espcie de sondagem. Quantos optam por destino funesto e maus pressgios aquecimento global, atentados terroristas a centrais nucleares e semelhantes jeremiadas apocalpticas? Pela minha contagem, 11, embora alguns sejam antiJeremias, cuja ideia perigosa que se exagera o perigo. Contei 24 cujas ideias perigosas dizem respeito sociedade, 20 cujas ideias perigosas tm que ver com a psicologia e 14 com a poltica ou a economia. Outros 11 colaboradores escolhem temas que, de uma ou de outra maneira, dizem respeito religio, em sentido lato. H seis que exploram o angst csmico que parece decorrer, por exemplo, da crena de que estamos ss no universo, ou da crena de que no h ningum em casa dentro dos nossos crnios, nada que pudesse honestamente corresponder a uma alma. Contei seis autores que abordam a pergunta do site Edge de forma autoreferencial, discutindo como ideia perigosa a prpria ideia de se solicitar ideias perigosas ou, num caso, a prpria ideia de que as ideias podem ser consideradas perigosas.

    Estas categorias no se excluem mutuamente. Reconheci, porm, um par de categorias exclusivas e obrigueime a inserir cada texto numa ou noutra. Pareceme que existe uma distino no sobreponvel e exaustiva entre as ideias que so falsas ou verdadeiras sobre o mundo real (matria de facto, no amplo sentido) e ideias acerca do que deveramos fazer ideias normativas ou morais, para as quais as palavras verdadeiro e falso no tm significado. Talvez no seja surpreendente que um grupo composto sobretudo por cientistas favorea as ideias (factuais, verdadeirasou

    p o s f c i o

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    g r a n d e s i d e i a s p e r i g o s a s

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    falsas) por contraste com as ideias devia ser (normativas, polticas), mas no por grande margem. Conto 68 ideias factuais e 40 ideias normativas.

    Haver ideias perigosas que estejam claramente subrepre sentadas neste livro? Tenho duas sugestes, e ambas podem ser encaixadas na categoria ou na devia ser. Em primeiro lugar, notei apenas referncias superficiais e depreciativas eugenia. Nas dcadas de 1920 e 1930, os cientistas, tanto da esquerda como da direita polticas, no achariam a ideia de bebs desenhados particularmente perigosa embora, claro, no tivessem usado essa expresso. Hoje em dia, desconfio que a ideia demasiado perigosa para ser objecto de uma discusso tranquila, mesmo sob o grau de permissividade concedido por um livro como este, e a minha conjectura que o responsvel pela mudana Adolf Hitler. Ningum quer ser apanhado a concordar com esse monstro, nem que seja num nico aspecto. O espectro de Hitler levou alguns cientistas a desviaremse do devia ser para o e a negar que seja sequer possvel criar seres humanos para obter determinadas qualidades. Mas se podemos criar gado para dar mais leite, cavalos para correrem mais depressa e ces pelas suas qualidades a tomar conta de rebanhos, por que razo haveria de ser impossvel criar seres humanos pelas suas capacidades na matemtica, na msica ou no desporto? Objeces do gnero no se trata de capacidades unidimensionais tambm se aplicariam s vacas, aos cavalos e aos ces, e isso nunca fez, na prtica, diferena alguma.

    Perguntome se, volvidos 60 anos da morte de Hitler, pode ramos ao menos aventurarnos a perguntar qual a diferena moral entre criar seres humanos com melhores capacidades musicais e obrigar uma criana a ter lies de msica. Ou o porqu de ser aceitvel treinar corredores de velocidade e saltadores, mas no

    crilos. Posso imaginar algumas respostas, e so boas; provavelmente acabariam por persuadirme. Mas no ter chegado a altura de deixar de ter medo de colocar, sequer, a questo?

    A minha outra omissosurpresa desta lista de ideias perigosas diz respeito ao pressuposto tcito de que a moralidade humana nica. mais difcil do que pensa a maioria das pessoas justificar o estatuto mpar e exclusivo que o Homo sapiens detm nas nossas assunes inconscientes. Por que motivo prvida significa sempre prvida humana? Por que razo tantas pessoas se indignam perante a ideia de matar um conceito humano de oito clulas enquanto mastigam gulosamente um bife que custou a vida de uma vaca adulta, senciente e, possivelmente, aterrorizada? Qual , ao certo, a diferena moral entre a atitude dos nossos antepassados para com os escravos e a nossa atitude para com os animais no humanos? H, provavelmente, boas respostas para estas questes. Mas no deveramos, pelo menos, colocar as questes?

    Uma maneira de dramatizar a notrivialidade de tais ques tes invocar o facto da evoluo. Encontramonos ligados a todas as outras espcies, contnua e gradualmente, por via dos antepassados que partilhamos com elas. Se no fosse pelo acidente histrico da extino, estaramos ligados aos chimpanzs atravs de uma linha contnua de elos intermdios a procriarem alegremente uns com os outros. Qual seria qual deveria ser a resposta moral e poltica da nossa sociedade se fossem agora descobertas, em frica, relquias populacionais de todos os elos intermdios evolucionrios? Qual deveria ser a nossa resposta moral e poltica aos cientistas do futuro que usassem os genomas humano e do chimpanz, completos, para criar uma cadeia ininterrupta de elos intermdios vivos, a respirar e a acasalar, cada um capaz de procriar com os seus vizinhos imediatos na cadeia, unindo

    p o s f c i o

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    g r a n d e s i d e i a s p e r i g o s a s

    assim humanos e chimpanzs numa sequncia viva de cruzamentos frteis?

    Posso pensar em formidveis objeces a estas brechas experimentais abertas no muro de separao que rodeia o Homo sapiens. Mas, ao mesmo tempo, posso imaginar benefcios para as nossas atitudes morais e polticas susceptveis de pesarem mais do que as objeces. Sabemos que uma cadeia viva como a descrita acima , em princpio, possvel, porque todos os elos intermdios viveram na cadeia que, em direco ao passado, vai de ns at ao nosso antepassado comum com os chimpanzs, e depois na cadeia que, em direco ao presente, vai desse antepassado comum at aos chimpanzs. , portanto, uma ideia perigosa, mas no demasiado surpreendente, a de que um dia a cadeia ser recons truda uma hiptese para a caixa factual das ideias perigosas. E seguindo para a caixa das ideias devia ser no seria vivel elaborar um forte argumento moral a defender que essa cadeia deveria ser reconstruda? Sejam quais forem as indubitveis desvantagens morais de um tal projecto, teria pelo menos o mrito de, finalmente, sacudir a humanidade para fora da posio mental absolutista e essencialista que h tanto tempo nos aflige.

    ndice Remissivo

  • [367]

    Abu Ghraib: 336Adams, John: 291ADN: 33, 38, 53 4, 61, 106 8, 197

    estrutura do: 38, 107 protenas e: 54, 107 8 sequenciao do: 53 ver tambm ARN

    alma: 37 42, 52, 194, 198, 220, 240, 275 7, 361

    alteraes climticas: 84 5, 88, 90 ver tambm aquecimento global

    Amin, Idi: 336amor humano

    alteraes induzidas por drogas: 136 9

    Anderson, Alun: 10, 118Anderson, Philip W.: 190anonimato: 116, 124 5Anstis, Stuart: 63aquecimento global: 29, 81 3, 200 1,

    228, 361 capturar carbono para limitar o: 85 6 reflectir a luz solar para limitar o: 85

    ARN: 107 9, 268, 270 ver tambm ADN

    ARPAnet (Advanced Research Projects Agency): 115

    asquenazes, judeus: 21, 51, 262Atran, Scott: 11, 215

    Banaji, Mahzarin R.: 321Bargh, John: 333BaronCohen, Simon: 255Barondes, Samuel: 134Belarmino, cardeal: 286Benford, Gregory: 84Bering, Jesse: 213Berlin, Isaiah: 229Bernstein, Jeremy: 78Big Bang: 109, 166, 168, 172, 197Bin Laden, Ossama: 44biologia

    cincia como produto da: 288 e cultura, : 304 6 molecular: 107, 110 ver tambm cultura, abordagem naturalista da

    biotecnologia: 272 3, 341Blackmore, Susan: 235

  • [368]

    g r a n d e s i d e i a s p e r i g o s a s

    [369]

    Bloom, Paul: 40Bodanis, David: 340Boyd, Robert: 304Brand, Stewart: 231Brandeis, Justice Louis: 29, 200Brockman, John: 19, 23, 360Brooks, Rodney: 65Buda: 196Burgess, Anthony: 94Bush, George W.: 45, 131Buss, David: 43Butler, Samuel: 110Byars, James Lee: 18

    CalvertHenderson, Indicadores da Qualidade de Vida: 287

    Calvino: 217Campbell, Philip: 274Camus, Albert: 354casamento: 140 1, 195, 244Caton, Richard: 180CavalliSforza, Luca: 304crebro

    centros de prazer no: 39, 120 corpos e: 118 21 crtex prfrontal do: 114, 179 efeitos de medicao no: 134 enquanto artefacto cultural: 308, 312 exerccio para o: 358 experincia de pensamento numa cuba: 61 4 fluxo de informao no: 178 Internet comparada com: 176 80 neurniosespelho no: 111 3, 120 potencial de prontido no: 314 5 processos cognitivos e perceptuais: 313 4 simulao de imagens no: 121, 294 SSRI e: 136

    Chalupa, Leo M.: 357

    Chartrand, Tanya: 333Chernobyl: 82Churchill, Winston: 277ciberbullying: 116

    ver tambm Internetciberdesinibio: 114 7cincia

    controlo da: 73 crena na, enquanto ideia perigosa: 23 4, 33, 67, 73 5 deus e: 190 1, 194, 198, 201 2, 207 10, 213 4, 346 esprito de contradio na: 228 9 objectivos unificadores: 205 religio e: 66, 70, 192 5, 197 202, 207, 212, 215 7

    Clark, Andy: 333clonagem: 41, 52Cochran, Gregory: 12, 50, 261comportamento: 316 9, 321, 326, 328,

    331, 334conhecimento

    do comportamento prprio: 61 enquanto instrumento de mudana: 251

    constante cosmolgica: 166 9Coprnico, Nicolau: 19, 34 5, 61, 147,

    164, 170, 218, 332Cosmides, Leda: 306Coyne, Jerry: 56Crick, Francis: 37, 60 1, 106, 178, 283crise do carbono/clima: 90, 92Csikszentmihalyi, Mihaly: 286cultura, abordagem naturalista da:

    306 7

    Damsio, Antnio: 120Darby, Joe: 336Darwin, Charles: 19, 35, 69, 102, 110,

    156 60, 164, 170, 218, 237, 253, 282, 286, 300 3, 332, 344, 360

    darwinismo social: 243Davies, Brian: 174Davies, Paul C.W.: 81Dawkins, Richard: 304, 310, 323, 359De Klerk, F.W.: 257democracia, fim da: 29, 348 50Dennett, Daniel C.: 237Descartes, Ren: 40

    ver tambm dualismo cartesianoDesimone, Robert: 178determinismo: 187 8deus: 24, 71, 76, 109, 190 1, 194, 201 2,

    207 10, 213 4, 217, 234, 282, 290, 344, 346

    Devlin, Keith: 71Diamond, Jared: 233Dickinson, Emily: 323diferenas

    entre humanos e nohumanos: 41, 47 9 raciais: 25, 229

    dimetiltriptamina: 293dissonncia cognitiva: 328dualismo cartesiano: 40Dutton, Denis: 95Dyson, Freeman J.: 272Dyson, George: 110

    eu: 604, 189, 196 8, 219 20, 235, 323 enquanto quimera conceptual: 60 4, 189, 196 8, 323 exaltao do: 198

    eBay: 125Edge, site: 17 9, 23, 37, 237, 360 1Einstein, Albert: 118, 148, 156 8, 160,

    165 6, 199, 219, 239, 267, 293Emerson, Ralph Waldo: 290energia, disperso da: 67 8, 70Enriquez, Juan: 343escolas: 289 92, 341, 344

    espcies, expectativa de vida e extino das: 89 91, 298, 355

    Estado, evaporao do: 351 2Estaline: 283, 285, 336estufa, efeito de: 84 5

    ver tambm aquecimento global / alteraes climticas

    EUA, efeitos da tecnologia nos: 343 4eugenia: 242, 362Ewald, Paul W.: 10, 126extraterrestre, inteligncia: 295, 296

    Farley, Frank: 225Faulkner, Williams: 275 8Feinberg, Todd E.: 219Feldman, Mark: 304Fermi, Enrico: 295filhos, escolher sexo dos: 142Fischl, Eric: 279Fisher, Helen: 136fsica de partculas, modelopadro

    da: 76, 154, 157, 159Fiske, Alan: 26Frank, Robert: 259Franklin, Benjamin: 217Freud, Sigmund: 313, 353furaco Katrina: 130

    Galpagos, Ilhas: 300 1Galileu: 218, 286, 360Gandhi, Mahatma: 61, 63, 216, 336Gardner, Howard: 353Garreau, Joel: 275Gazzaniga, Michael: 42Gelernter, David: 122Gellner, Ernest: 310gentica e caractersticas humanas:

    22, 39, 52 8, 273, 308 11Gengis Khan: 45genoma: 52 4, 268 9, 335

    humano: 52 3

    n d i c e r e m i s s i v o

  • [370]

    g r a n d e s i d e i a s p e r i g o s a s

    [371]

    George, Robert P.: 40Gershenfeld, Neil: 181Gibbon, Edward: 216Gilbert, Daniel: 27, 30, 80Gilbert, Walter: 107Gleiser, Marcelo: 172Gdel, Kurt: 170Goleman, Daniel: 114Google: 176 8Gopnik, Alison: 228Gornik, April: 94Gottman, John: 227Gould, Stephen Jay: 207, 212governo, excessivo: 283 5, 290 1Greene, Brian: 161gripe das aves: 129, 131

    Haim, Harari: 348Halpern, Diane F.: 142Hardy, Jason: 50Harpending, Henry: 51Harris, Judith Rico: 223Harris, Sam: 192, 201Hauser, Marc: 99Heidegger, Martin: 305Helmholtz, Hermann: 313, 315, 322Hilbert, David: 178Hillis, W. Daniel: 79Hirsch, Fred: 259histria: 18, 23 4, 29, 35, 44, 51 2, 54,

    60, 70 1, 89, 96 7, 122, 148, 163, 168, 173, 193, 197 8, 209, 231 2, 242, 262, 276, 284, 312, 338, 351, 353

    historiadores: 231 2, 241, 307Hitler, Adolf: 78, 285, 336, 362HIV: 268Hobbes, Thomas: 353Hoffman, Donald D.: 264Hofstadter, Douglas: 239Holton, Gerald: 267homossexualidade: 22, 57

    Horgan, John: 37Hubbard, Edward: 178Hume, David: 196, 326 7Humphrey, Nicholas: 103Hunt, Morton: 34Hut, Piet: 170

    Iacoboni, Marco: 111ideias perigosas: 22 3, 25 8, 30, 34, 169,

    228, 242, 246, 305, 307, 359, 361 4Iluminismo: 96, 332infecciosas, doenas: 74, 127, 129, 132inferncia inconsciente: 313, 322informao, era da: 122inteligncia emocional: 227Internet: 17 8, 24, 33, 114 7, 122 3,

    176 8, 180, 247, 272, 274, 337, 346, 349

    introspeco: 248, 321, 323intuio, fim da: 101, 174 5, 187, 189

    Jacob, escada de: 209Jaynes, Julian: 262jogos de computador: 44, 272, 296,

    298juzos morais: 99, 102

    Kagan, Jerome: 224Kandel, Eric R.: 313Kelly, Kevin: 124Kepler, Johannes: 147, 175King, Martin Luther: 216Koch, Christof: 178Kornhuber, Hans: 314Kors, Alan: 34Kosslyn, Stephen M.: 207Krause, Kai: 246Krauss, Lawrence M.: 150Kubrick, Stanley: 94Kurzweil, Ray: 268

    Lahn, Bruce: 262Laranja Mecnica, A: 94Laughlin, Simon: 177Lee, Patrick: 40Leroi, Armand: 50Lewontin, falcia de: 50liberdade de expresso: 111Libet, Benjamin: 314Lincoln, Abraham: 216livrearbtrio: 37, 40 1, 187, 189, 194,

    311 20, 326, 334Lloyd, Seth: 146longevidade: 267Lykken, David: 221

    mal: 23, 43 6, 73, 99 100, 104, 247, 335 6 eixo do: 45 herosmo e: 335 6

    Mandela, Nelson: 257, 336Marmot, Michael: 119, 260Marx, Karl: 351May, Ernest: 232mecnica quntica: 63, 164 5, 170 3,

    184medicina

    alteraes de personalidade devido : 134 5 idade de ouro da: 126, 128, 201 padres do amor alterados pela: 136, 139

    meio ambiente: 21, 25, 49, 54, 57, 73 4, 91, 124, 165, 187, 210 1, 233, 235, 261, 276, 287, 299, 310, 353, 355 crises do: 89 91 povos tribais e: 233 ver tambm aquecimento global / alteraes climticas

    meios de comunicao, violncia nos: 46, 111 3

    memes: 235 8, 243, 247

    memria, implantao da: 177mercado livre: 22, 128, 281 2, 286 7Metzinger, Thomas: 187Mill, J.S.: 290Miller, Geoffrey: 295Miller, Stanley: 106Montaigne, Michel: 291Mooney, Chris: 34moralidade: 101moralidade, composio da: 22, 26,

    104, 229, 363Morowitz, Harold: 69Morton, Oliver: 34, 89multiverso: 153 4, 161 3, 165, 167, 169Murray, Charles: 51Myers, David G.: 140

    nada: 30, 61 3, 86, 98, 104, 121, 148, 160 3, 169, 172 3, 186, 193, 204, 212, 214, 223 5, 228, 234 5, 238, 247, 249, 290, 315, 355, 358, 361

    nanotecnologia: 269 70, 345natureza humana: 26, 29, 46, 55, 58, 73,

    81, 154, 261 2, 278, 306natureza humana, alteraes na: 261 2navegao animal: 252Nesse, Randolph M.: 242neurocincia, revoluo da: 61, 227Neustadt, Richard: 232Newton, Isaac: 148, 156, 325Nisbett, Richard E.: 13, 328Nrretranders, Tor: 12, 259

    ODonnell, James: 351Occam, navalha de: 148, 190Ocidente, trajectria descendente

    do: 340open source, moeda: 247, 337 8orientao sexual: 140 1, 310origem da vida: 106 9oxitocina: 120, 137 8, 281

    n d i c e r e m i s s i v o

  • [372]

    g r a n d e s i d e i a s p e r i g o s a s

    [373]

    pais, influncia sobre os filhos: 25, 223 6, 229

    Pandora: 353 4panpsiquismo: 183 6Papi, Floriano: 254Parkinson, doena de: 119, 285Parks, Rosa: 336Paulos, John Allen: 196Peirce, Charles Sanders: 159Pepperberg, Irene: 47PGD (Diagnstico

    Gentico PrImplantado): 142Pickover, Clifford: 293, 311Pinker, Steven: 18, 21, 50Pizarro, David: 104placebo: 32, 119plutnio: 76, 78Pollack, Jordan: 200Pppel, Ernst: 355Porco, Carolyn C.: 197pornografia infantil: 116princpio antrpico: 151 4privacidade: 37, 124 5Provine, Robert R.: 204Prozac: 134, 136Ptolomeu: 148

    queima de combustveis fsseis: 77, 81, 84, 87, 90 ver tambm aquecimento global / alteraes climticas

    Quioto, protocolo de: 82, 84, 86, 88 ver tambm aquecimento global / alteraes climticas

    Ramachandran, V.S: 60, 178Rees, Martin: 73relatividade, teoria da: 165relatividade social: 259 60Renascena: 294, 338Ricardo, David: 284

    Richerson, Peter: 304Ridley, Matt: 283ritual: 195, 198Rizzolatti, Giacomo: 120 1Rovelli, Carlo: 164Rucker, Rudy: 183Rushkoff, Douglas: 337Russell, Bertrand: 103

    Sabbagh, Karl: 147Sampson, Scott D.: 67Santayana, George: 231SARS: 132, 268Schank, Roger C.: 289, 291Schneider, Eric: 67, 69Schnborn, Christoph: 154Schopenhauer, Arthur: 128Schrdinger, Erwin: 69Seife, Charles: 234Sejnowski, Terrence: 176seleco natural: 42, 56 7, 69, 97, 131 2,

    157 60, 211, 214, 235, 243, 245, 261 2, 282, 288, 304

    seleco natural cosmolgica: 159serotonina: 136 8sexual,

    casamento e orientao: 140 1 excitao: 120, 137

    Shapiro, Robert: 106Sheldrake, Rupert: 252Shermer, Michael: 281Shirky, Clay: 316Silverglate, Harvey: 34simulao e autenticidade: 300 1Singer, Peter: 41sistemas polticos: 255 6Skrbina, David: 184Smith, Adam: 128, 282

    a mo invisvel de: 282, 286Smith, Barry C.: 325Smolin, Lee: 156

    Sokal, embuste de: 96solido: 216 7, 357 8

    benefcios da: 357 8sonhos: 294Sperber, Dan: 304, 310SSRI: 136 7Steinhardt, Paul: 166Sterling, Bruce: 278Strogatz, Steven: 174Summers, Lawrence (Larry): 33, 50 1Suomi, Stephen: 224superindividualismo: 248, 250Susskind, Leonard: 152

    Taylor, Timothy: 308tecnoliteracia: 344 5tempo, reavaliao do carcter do:

    170 1teoria de cordas: 148, 151 3, 157 9, 161

    ver tambm teoria de tudoteoria de tudo: 150 1, 264

    ver tambm teoria de cordastermodinmica, segunda lei da: 67,

    202Tetlock, Philip: 26Thomson, Andy: 136Tipler, Frank J.: 76tolerncia religiosa: 192, 194Tooby, John: 306tragdia grega: 97Trehub, Arnold: 288Tucdides: 261 2Turing, teste de: 121, 170Turkle, Sherry: 300Twain, Mark: 290

    universo: 9, 11, 18, 34, 42, 64 7, 71 2, 106, 109, 147 51, 153, 159 63, 165 9, 172 3, 183, 186 7, 192 3, 197, 199, 216 7, 219, 234 6, 277, 280, 323, 361 ausncia de propsito do: 72, 235 6 como rede de causalidade: 64 compreenso do: 147 51, 159, 161 3, 172 3 ss no: 65 6, 361

    Urey, Harold: 106

    Van Hemmen, Leo: 178Varmus, Harold: 127vasopressina: 120, 138vazio: 150, 234Venter, J. Craig: 53Vermeer, Jan: 279 80virtual, realidade: 296, 311

    Watson, James: 38, 61, 106Waugh, Evelyn: 238Wells, H.G: 238, 278Wicken, Jeffrey: 69Wikipdia: 124, 247Wilde, Oscar: 290Wilkinson, Richard: 260Wolfram, Stephen: 175World Question Center, The

    (O Centro para a Pergunta Mundial): 18

    World Trade Center: 336

    Zedong, Mao: 285, 352Zimbardo, Philip G.: 335

    n d i c e r e m i s s i v o

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