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INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES CURSO DE PROMOÇÃO A OFICIAL SUPERIOR DA FORÇA AÉREA
2008/2009
TII
O TEXTO CORRESPONDE A TRABALHO FEITO DURANTE A
FREQUÊNCIA DO CURSO NO IESM SENDO DA RESPONSABILIDADE DO
SEU AUTOR, NÃO CONSTITUINDO ASSIM DOUTRINA OFICIAL DA
FORÇA AÉREA PORTUGUESA.
SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO
JOSÉ MANUEL FULGÊNCIO CARVALHO
CAP/TINF
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO
CAP/TINF José Manuel Fulgêncio Carvalho
Trabalho de Investigação Individual do CPOS/FA 2008/2009
Lisboa 2009
INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES MILITARES
SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO
CAP/TINF José Manuel Fulgêncio Carvalho
Trabalho de Investigação Individual do CPOS/FA 2008/2009
Orientador: COR/ENGEL Nolasco Martins
Lisboa 2009
i
Sistemas de Suporte à Decisão
ii
Agradecimentos A realização deste trabalho só foi possível pela colaboração de todos os que, em
entrevistas, abordagens exploratórias ou com esclarecimentos, contribuíram com
informação necessária e relevante: para todos o meu obrigado.
Especiais agradecimentos aos meus camaradas de curso pela disponibilidade e
apoio, ao Sr. Coronel Nolasco pela preciosa orientação e aos sempre presentes: Lurdes,
João e Ana que conseguiram “manter-me ligado à terra”.
Sistemas de Suporte à Decisão
iii
Índice
Introdução..........................................................................................................................1
1. Conceitos .....................................................................................................................3
a. Decisão ..................................................................................................................3
(1) Modelos de decisão ........................................................................................3
(2) Processo de tomada de decisão.......................................................................4
(a) Identificação...............................................................................................4
(b) Desenho......................................................................................................4
(c) Selecção ou escolha ...................................................................................4
(3) Estrutura de uma tarefa e tipo de problema ....................................................4
(4) Níveis de decisão ............................................................................................5
(a) Decisões estratégicas .................................................................................5
(b) Decisões tácticas, intermédias ou sectoriais ..............................................5
(c) Decisões operacionais................................................................................6
(d) Nível de decisão militar .............................................................................6
b. Cumprimento da missão ........................................................................................6
c. Optimização da missão ..........................................................................................6
d. Sistemas de informação .........................................................................................7
e. Desenvolvimento de sistemas................................................................................7
f. Sistemas em rede ...................................................................................................7
g. Sistemas periciais...................................................................................................8
h. Sistemas de suporte à decisão................................................................................8
(1) Escolha de um sistema de suporte à decisão individual .................................9
(2) Componentes de um sistema de suporte à decisão individual......................10
(a) Sistema de Gestão de Base de Dados ......................................................11
(b) Sistema de Gestão de Base de Modelos...................................................11
(c) Sistema de gestão de conhecimento.........................................................11
(d) Interfaces..................................................................................................12
(3) Fases de desenvolvimento de um sistema de suporte à decisão ...................12
i. Sistemas de suporte à decisão em grupo..............................................................12
2. O Centro de Reporte e Controlo da Força Aérea.......................................................13
a. Missão..................................................................................................................13
Sistemas de Suporte à Decisão
iv
b. Optimização do cumprimento da missão do CRC...............................................14
c. Nível de decisão...................................................................................................14
d. Implicação das decisões.......................................................................................14
e. Sistemas usados pelo CRC ..................................................................................15
(1) Portuguese Air Command and Control System............................................15
(a) Air Operations Center..............................................................................15
(b) Subsistemas..............................................................................................15
(2) Classificação de segurança ...........................................................................16
(3) Software Support Center ..............................................................................16
(4) Network Management System.......................................................................16
(5) Integrated Command and Control................................................................16
(6) Winventus .....................................................................................................16
(7) Independent Display System .........................................................................17
(8) Rede classificada da Organização do Tratado do Atlântico Norte ...............17
(9) Rede Interna do Comando Operacional da Força Aérea ..............................17
(10) Military Message Handling System ..............................................................18
f. Informação disponível .........................................................................................18
g. Utilizadores..........................................................................................................19
3. Requisitos para um sistema no CRC .........................................................................20
a. Levantamento de necessidades ............................................................................20
(1) Requisitos .....................................................................................................20
(2) Entradas ........................................................................................................21
(3) Utilizadores...................................................................................................21
(4) Saídas............................................................................................................21
(5) Condicionalismos .........................................................................................21
(a) Análise de risco........................................................................................21
(b) Desenvolvimento .....................................................................................22
(6) Segurança......................................................................................................22
(7) Manutenção ..................................................................................................22
(8) Formação ......................................................................................................23
b. Proposta de solução .............................................................................................23
(1) Introdução.....................................................................................................23
Sistemas de Suporte à Decisão
v
(2) Funcionamento .............................................................................................23
(3) Formação ......................................................................................................23
(4) Modelos ........................................................................................................24
(5) Base de dados ...............................................................................................24
(6) Conhecimento...............................................................................................24
(7) Interface ........................................................................................................25
(8) Tarefas em grupo ..........................................................................................25
c. Discussão dos resultados obtidos.........................................................................26
d. Avaliação .............................................................................................................27
Conclusões.......................................................................................................................28
Bibliografia......................................................................................................................31
ANEXO A – Fases do Processo de Desenvolvimento de Software ............................. A-1
ANEXO B – Missões e Competências do CRC............................................................B-1
ANEXO C - Organização do CRC................................................................................C-1
ANEXO D – Funções do CRC..................................................................................... D-1
ANEXO E – Tópicos da Entrevista do Comandante CRC............................................E-1
ANEXO F – Tópicos da Entrevista do Chefe da A6 do COFA .................................... F-1
ANEXO G – Requisitos do Sistema para o CRC......................................................... G-1
ANEXO H – Proposta de Interface do Sistema............................................................ H-1
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Características das actividades de decisão (Reis, 1999) ....................... 10
Sistemas de Suporte à Decisão
vi
Resumo
Os Sistemas de Suporte à Decisão são sistemas de informação que apoiam os
decisores na tomada de decisão.
A dinâmica das organizações e o avanço tecnológico leva a que os utilizadores de
sistemas de informação sintam a necessidade da sua actualização, da integração dos
sistemas e da partilha de dados. E tudo isto mantendo a integridade, disponibilidade,
consistência e segurança dos sistemas e dos dados.
O Centro de Reporte e Controlo, como órgão responsável por uma das
componentes essenciais à defesa aérea nacional, executa um conjunto de tarefas em que a
disponibilidade de informação e a sua qualidade são essenciais. O processamento da
informação depende da estrutura da tarefa e da sua complexidade. O resultado do
processamento tem um efeito directo no impacto e no risco das decisões que forem
tomadas.
Depois de analisar a organização do Centro de Reporte e Controlo e a sua missão,
foram estudados os sistemas de informação que este tem disponíveis, com o objectivo de
definir os requisitos, os condicionalismos e o tipo de Sistema de Suporte à Decisão que
optimize o cumprimento da sua missão.
Conhecidas as necessidades e os recursos disponíveis foi encontrado um Sistema
de Suporte à Decisão que permite, com os mesmos recursos humanos e materiais, cumprir
melhor e em menos tempo algumas das tarefas da missão.
Na elaboração deste trabalho, de âmbito académico, usamos o método científico de
Quivy.
Sistemas de Suporte à Decisão
vii
Abstract
The Decision Support Systems are information systems that support decision
makers in decision making.
The dynamics of organizations and the technological means that users of
information systems need to feel them, in the integration of systems and data sharing. And,
at same time, while maintaining the integrity, availability, consistency and security of
systems and data.
The Control and Reporting Center, as a body responsible for one of the essential
components of national air defense, runs a set of tasks in which the availability of
information and quality are essential. The processing of information depends on the
structure of the task and its complexity. The result of processing has a direct effect on the
risk and impact of decisions that are made.
After reviewing the organization of the Center for Reporting and Control and its
mission, we studied information systems that were available, to establish the requirements,
constraints and the type of decision support system that can optimize the performance of
their Mission.
Knowing the needs and available resources, was found a Decision Support System
which allows, with the same human and material resources, achieving better and less time
on some of the tasks of the mission. In preparing this work, at academic context, we use
the scientific method of Quivy.
Sistemas de Suporte à Decisão
viii
Palavras-chave
Decisão; Sistemas de Suporte à Decisão; Sistemas de Informação; Sistemas de
Suporte à Decisão em Grupo; Sistemas Periciais; Centro de Reporte e Controlo; Missão;
Optimização.
Sistemas de Suporte à Decisão
ix
Lista de Abreviaturas
A6 Repartição de Comunicações e Sistemas de Informação do COFA
A6.2 Repartição de Sistemas de Informação do COFA
ACCS Air Command and Control System
ACOC Air Command Operations Center (O mesmo que CCOA)
ADP Data Processing and Display
ADOC Air Defense Operations Center (mesmo que CODA)
AEW Airborne Early Warning
ATO Air Task Order
AOC Air Operations Center
BBCS Broad Band Communications System
CAOC Command Air Operations Center (mesmo que ACOC)
CC Comando e Controlo
CCOA Centro de Comando de Operações Aéreas (mesmo que ACOC)
CMS Centro de Manutenção do SICCAP
CODA Centro de Defesa Aérea (mesmo que ADOC)
COFA Comando Operacional da Força Aérea
CRC Centro de Reporte e Controlo
DEFREP Defensive Posture
EDCI Equipa de Detecção e Controlo de Intercepção
FAP Força Aérea Portuguesa
FGR Folha de Gestão de Recursos
FTP File Transfer Protocol
HTML Hipertext Markup Language
ICC Integrated Command and Control
L16 Link 16
L11 Link 11
MMHS Military Message Handling System
MC Master Controler
NATO North Atlantic Treaty Organization
NBQ Nuclear Biológica e Química
NCRS Nato Crisys Readness State
Sistemas de Suporte à Decisão
x
NMS Network Management System
ODBC Open Data Base Connectivity
OLAP OnLine Analytical Processing
OPRDET Operador Radarista de Detecção
OPTASK Operational Task
OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte
POACCS Portuguese Air Command Control System (O mesmo que SICCAP)
RAP Recognized Air Picture
RASP Radar Air and Surface Picture
RICOFA Rede Interna do Comando Operacional da Força Aérea
ROE Rules of Engagement
SAD Sistemas de Apoio à Decisão
SD Sistemas de Decisão
SICCAP Sistema de Comando e Controlo Aéreo Português
SGBD Sistema Gestor de Base de Dados
SGBM Sistema Gestor de Base de Modelos
SN Sistema Neuronal
SOF Standby Operational Facility
SOC Sector Operations Center
SP Sistema Pericial
QBE Query By Example
SQL Structured Query Language
SSC Software Support Center
SSD Sistemas de Suporte à Decisão
SSDG Sistema de Suporte à Decisão em Grupo
SSDi Sistemas de Suporte à Decisão individuais
TACEVAL Tactical Evaluation
TBMF Tactical Battle Management Function
TODCI Técnico de Operações e Conduta de Intercepção
TPA Track Production Area
WWW World Wide Web
Sistemas de Suporte à Decisão
1
Introdução
Os Sistemas de Defesa Aérea são elementos essenciais ao controlo do ar. É missão
da Força Aérea Portuguesa (FAP) defender o Espaço Aéreo Nacional. Para isso, a Defesa
Aérea (DA) dispõe de sistemas de aviso e detecção, que recolhem a informação e que a
enviam para tratamento no Centro de Reporte e Controlo (CRC).
Os avanços tecnológicos têm permitido dotar os CRC de Sistemas de Informação (SI) que,
como desiderato, deverão fornecer ao comando toda a informação necessária à tomada de
decisão. Esta informação deve ser precisa, consistente e fidedigna. É, por esse motivo,
necessário que toda a informação disponível seja tratada de modo a permitir julgar melhor
e decidir.
É neste contexto que, conhecendo a missão do CRC, os SI existentes para apoio da sua
missão e a forma como estes contribuem para a sua realização, é importante avaliar a
necessidade e pertinência do fornecimento de um Sistema de Suporte à Decisão (SSD) que
possa contribuir para melhorar o desempenho operacional deste centro, cumprindo os
requisitos de segurança, de certificação e de acreditação pela Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN).
Objecto de estudo e sua delimitação
Este trabalho vai centrar-se no tratamento da informação necessária e ainda não
disponível, ou não disponível na forma necessária, útil à chefia do CRC, para a tomada de
decisão.
Para isso, vai ser estudada a informação já disponível nos SI do CRC do Comando
Operacional da Força Aérea (COFA) e a qualidade do suporte dado à decisão que estes
fornecem ou facilitam, no âmbito do CRC.
Vai ser avaliada a complexidade, o risco, a estrutura e os utilizadores que fornecem
ou usam a informação, assim como o nível ou os níveis em que a decisão pode ser tomada.
Será avaliada a implementação de um sistema baseado nos requisitos recolhidos, não
se prevendo alterações significativas nos sistemas que estão em funcionamento nem na
missão do CRC, até à substituição do sistema actual pelo Air Command and Control System
(ACCS) (prevista para 2014).
As conclusões deste trabalho serão aplicáveis ao CRC do Comando Operacional da
Força Aérea Portuguesa, tanto na sua localização no COFA, como na Standby Operations
Facility (SOF) localizada em Beja (BA11).
Sistemas de Suporte à Decisão
2
Definição dos objectivos da investigação
Objectivo geral. Partindo da análise do suporte à decisão necessário ao CRC, da
estrutura e complexidade das tarefas e do impacto da decisão, e estudando os SI que este
tem disponíveis, definir os requisitos, os condicionalismos e tipo de SSD que o CRC
necessita e ainda não tem. Para isso, foi criada uma pergunta de partida e perguntas
derivadas.
Pergunta de partida. É possível criar um SSD que, em conjunto com os sistemas de
informação já disponíveis, permita optimizar o cumprimento da missão do CRC?
Perguntas derivadas.
• Que decisões são tomadas pelo CRC e qual o seu grau de estrutura?
• Que informação é necessária ao CRC para a tomada de decisão?
• Que suporte à decisão não existe, não é suficiente ou deve ser optimizado e é
necessário ao CRC?
• São necessários recursos adicionais para a criação de um SSD?
Hipóteses.
• Hipótese 1 – A criação de um SSD individual permite optimizar o cumprimento da
missão do CRC.
• Hipótese 2 – A criação de um Sistema de Suporte à Decisão em Grupo (SSDG) é a
solução adequada para optimizar o cumprimento da missão do CRC.
Metodologia e organização do estudo
Para a elaboração deste trabalho serão usados os seguintes métodos: pesquisa
bibliográfica; entrevistas; análise de projectos; casos de estudo.
• Pesquisa bibliográfica. Serão analisados documentos OTAN, Regulamentos da
Força Aérea (RFA) e outra bibliografia.
• Análise de projectos e casos de estudo. Esta análise será feita pela pesquisa de
material relevante na Internet, por entrevistas e consulta de documentação de
sistemas acabados ou em desenvolvimento.
• Entrevistas. Deverão ser efectuadas entrevistas a entidades militares que possam
fornecer ou alargar os conhecimentos relevantes e necessários.
Sistemas de Suporte à Decisão
3
O método científico usado é o de Quivy (QUIVY & CAMPENHOUDT, 2003).
1. Conceitos
Os Sistemas de Suporte à Decisão (SSD) são sistemas que procuram influenciar,
apoiar ou suportar a tomada de decisão. Vamos começar por definir o que se entende por
decisão, os seus conceitos básicos, o processo de tomada de decisão, os modelos de
decisão, os níveis de decisão e a estrutura de uma tarefa, para depois, no contexto dos
sistemas de informação, precisar o que se entende por Sistemas, SSD e de que forma se
processa o desenvolvimento destes sistemas.
a. Decisão
Podemos definir a decisão como a escolha de uma opção de acção, entre
outras possíveis, para atingir um determinado objectivo (Romão, 2006).
As decisões envolvem, por vezes, alguma dificuldade. Esta dificuldade pode
ficar a dever-se: à complexidade, pela ordem de grandeza dos factores envolvidos;
aos objectivos serem diversos; à incerteza ligada às consequências de algumas
acções; à decisão ser tomada por mais que uma pessoa.
As decisões têm como objectivo fazer face a um determinado tipo de
problema, que pode ser: estruturado; não estruturado; semi-estruturado.
Uma decisão óptima ou racional é a melhor decisão possível. Uma decisão
satisfatória é aquela que tomamos sem poder saber se é a melhor possível. (Reis,
1999).
(1) Modelos de decisão
O modelo de decisão é uma representação da realidade, que pode assumir
uma das seguintes formas: icónicos, como sejam as representações em
escala; analógicos que embora não se pareçam com a realidade têm
comportamentos semelhantes (exemplo: gráfico de barras); matemáticos ou
quantitativos que são representações abstractas da realidade.
Um modelo de decisão permite simular a realidade, manipulando os dados
de entrada que afectam o problema e observando os resultados ou dados de
saída, que são o resultado do processamento efectuado pelo modelo.
Sistemas de Suporte à Decisão
4
(2) Processo de tomada de decisão
Os processos de tomada de decisão dividem-se em três fases: Inteligência,
desenho e escolha (Reis, 1999) ou, segundo Teresa Romão (Romão, 2006)
em: Identificação; Desenho; Selecção.
(a) Identificação
A identificação é a fase em que se reconhece o problema e se
procura estabelecer o objectivo a atingir. É nesta fase que se procura
recolher toda a informação necessária.
Nesta fase, também conhecida por Inteligência (Reis, 1999), quem
toma a decisão identifica, divide e explora o problema.
(b) Desenho
É na fase do desenho que se procura criar um modelo e encontrar os
possíveis caminhos para atingir o objectivo desejado. Os possíveis
caminhos ou soluções devem ser enformados por critérios de
selecção que permitam determinar a prioridade relativa destes. Estes
critérios podem ser essenciais ou desejáveis (Romão, 2006).
(c) Selecção ou escolha
Na Selecção ou Escolha são encontradas as alternativas que melhor
contribuem para a solução do problema.
A selecção de uma opção deve ser baseada na sua qualidade, depois
de observados os critérios de selecção. Para isso é necessário estudar
as possíveis consequências da opção escolhida.
(3) Estrutura de uma tarefa e tipo de problema
A tarefa a desempenhar e o tipo de problema determina a estrutura da
decisão a tomar. O tipo de problema pode ser: estruturado; não estruturado;
semi-estruturado.
É estruturada quando existe, ou é possível criar, um algoritmo que seja
aplicável e que produza um resultado inquestionável ou quando existe um
problema rotineiro sempre com a mesma forma de resolução (Shimizu,
2001). Um problema estruturado é aquele em que já existem soluções
Sistemas de Suporte à Decisão
5
conhecidas ou estudadas. São, por isso, conhecidos métodos de resolução
parcial ou total do problema e que permitem atingir uma boa solução.
Nestes problemas os objectivos são claros, sem qualquer ambiguidade
(Romão, 2006).
É não estruturada quando não existe um algoritmo aceite, aplicável e fiável
(Reis, 1999) o que dificulta a construção de modelos de decisão: dito de
outra forma, quando os procedimentos para chegar à solução não são
conhecidos (Shimizu, 2001). Problemas não estruturados são problemas
complexos em que não se conhece nenhuma solução conhecida ou estudada.
Estão muitas vezes ligados ao julgamento humano ou à intuição (Romão,
2006).
A tarefa é semi-estruturada quando existem formas, abordagens, algoritmos
ou operações conhecidas, com factores incertos a considerar (Shimizu,
2001). Ou seja, problemas semi-estruturados são aqueles que possuem
características dos problemas estruturados e características dos problemas
não estruturados (Romão, 2006).
Por vezes, um problema não estruturado pode ser dividido num conjunto de
problemas estruturados.
(4) Níveis de decisão
As decisões podem ter maior ou menor impacto para a organização de
acordo com o nível a que são tomadas, podendo dividir-se em estratégicas,
tácticas e operacionais.
(a) Decisões estratégicas
As decisões estratégicas são aquelas que são tomadas para
produzirem efeitos a longo prazo (cinco anos). Estas decisões
definem políticas, são genéricas, envolvem problemas não
estruturados e geralmente recorrem a dados externos à organização.
(b) Decisões tácticas, intermédias ou sectoriais
São decisões a médio prazo (até dois anos) e que estão ligadas
muitas vezes à afectação ou atribuição de recursos e envolvem
Sistemas de Suporte à Decisão
6
problemas semi-estruturados. Este nível de decisão é também
conhecido por Intermédio e Sectorial.
(c) Decisões operacionais
As decisões operacionais são de curto prazo e envolvem o controlo
diário de tarefas e projectos (Romão, 2006). Estas decisões estão
relacionadas com problemas estruturados e envolvem dados simples,
detalhados e internos, para o prazo de um ano.
(d) Nível de decisão militar
Na OTAN e nas Forças Armadas Portuguesas, há uma equivalência
com os níveis de decisão anteriores, trocando-se os nomes do
segundo nível e do terceiro. Esta diferença espelha a estrutura
organizacional dos níveis de decisão militares, em que o
hierarquicamente mais alto é o Estratégico, seguido do Operacional e
do Táctico.
Uma vez que o sistema a analisar se destina a uma entidade militar é
esta a estrutura organizacional que vamos usar.
b. Cumprimento da missão
Cumprir a missão é o realizar das competências atribuídas a uma
determinada organização, para que atinja os objectivos que lhe foram confiados.
c. Optimização da missão
Entendemos por optimizar o cumprimento da missão, a sua realização de
forma eficiente e racional ou seja, usando os recursos disponíveis da melhor forma
possível. Os recursos podem ser humanos, materiais e temporais (dimensões da
optimização) e, para que se utilizem da melhor forma possível, devem ser os
mínimos necessários ao cumprimento da missão (indicadores).
Identificar o valor (variável) do recurso mínimo pode ser difícil. Vamos por
isso assumir que, sempre que um ou mais dos recursos diminui, sem prejuízo da
missão, se deu um processo de optimização.
Sistemas de Suporte à Decisão
7
Assim, por exemplo, se para a mesma missão forem utilizados os mesmos
recursos humanos, os mesmos meios materiais e o tempo necessário para a
realização de uma ou mais tarefas for menor, pode dizer-se que se optimizou o
cumprimento da missão.
d. Sistemas de informação
As definições de sistemas de informação salientam muitas vezes as
componentes de recursos tecnológicos e equipamento informático. Vamos, no
entanto, usar como definição, a de “um conjunto integrado de recursos (humanos e
tecnológicos) cujo objectivo é satisfazer adequadamente a totalidade das
necessidades de informação de uma organização e os respectivos processos de
negócio”. (Silva & Videira, 2001: 11).
A satisfação de todas as necessidades de informação de qualquer entidade é
um objectivo de difícil alcance, pelo que o processo pelo qual se procura satisfazer
tais necessidades tem de ser sistematizado, rigoroso, integrado, eficiente e
controlável (Silva & Videira, 2001).
e. Desenvolvimento de sistemas
Para desenvolver um sistema de informação são usados processos,
metodologias e técnicas, que são parte da Engenharia de Software. Esta é “a
aplicação de um processo sistemático, disciplinado, e quantificado ao
desenvolvimento, operação e manutenção de software; ou seja, a Engenharia de
Software é a aplicação de técnicas de engenharia ao software” (Silva & Videira,
2001: 24).
As fases do processo de desenvolvimento de software são: a Concepção; a
Implementação e a Manutenção1.
f. Sistemas em rede
Um sistema em rede consiste na ligação e intercomunicação entre
computadores, dispositivos e processadores especializados. Na comunicação são
1 Ver anexo A.
Sistemas de Suporte à Decisão
8
usados protocolos. De acordo com a dispersão geográfica da rede, esta pode ser
Local Area Network (LAN) (pequena área geográfica) ou Wide Area Network
(WAN). As redes podem ter diferentes tipologias, velocidades e suportes
(Silberschatz, Gagne, & Galvin, 2002).
g. Sistemas periciais
Os Sistemas Periciais (SP) são utilizados para a tomada de decisões
estruturadas e repetitivas, em que existem regras perfeitamente definidas ao nível
de decisão táctica. Envolvem baixo risco2 e são de curto prazo. As fontes de
informação são internas e de complexidade baixa. “De acordo com Turban (1995),
um sistema pericial é um sistema informático que utiliza conhecimento na
resolução de problemas normalmente resolvidos por humanos” (Reis, 1999, p. 52).
Um SP envolve peritos e utilizadores e é composto por interface, base de
conhecimento e motor de inferência.
Os peritos são os elementos necessários para fornecer o conhecimento ao
sistema. Devem estar disponíveis para fornecer e actualizar a informação de forma
completa, consistente e integra.
A base de conhecimento é o local onde se guarda o conhecimento adquirido
sob várias formas: regras; redes semânticas; objectos; descrição de procedimentos
(Reis, 1999).
O motor de inferência permite aceder ao conhecimento armazenado e
utilizar regras e procedimentos para chegar a uma solução. Para tal, pode usar a
lógica difusa, processamento inferencial (regras, deduções lógicas, heurísticas) ou
metodologias da Inteligência Artificial.
Aos utilizadores deve ser permitido inserir ou seleccionar no sistema a
situação pretendida (fazer perguntas) e obter uma resposta.
h. Sistemas de suporte à decisão
Não existe uma definição universal do que é um Sistema de Suporte à
Decisão (SSD). No entanto, podemos usar a definição encontrada em Teresa
2 Ver tabela 1 – Características das actividades de decisão.
Sistemas de Suporte à Decisão
9
Romão (Romão, 2006) de ser um “Sistema de informação computacional para
apoiar os decisores na tomada de decisões”.
É possível descrever alguns dos benefícios de um SSD, que passam pela
rapidez e melhoria da decisão, da sua consistência e pela possibilidade de
simulação num modelo da realidade, o que reduz potenciais perdas. Para além
disso, e de acordo com o sistema usado, pode facilitar a comunicação entre
decisores e facilitar o acesso a conhecimento anteriormente recolhido e compilado.
No entanto, um SSD não deve tomar decisões pelo ser humano, apenas enunciar ou
mostrar possíveis soluções para os problemas. Estes sistemas contribuem e apoiam,
mas não substituem o decisor.
Vamos considerar na definição do conceito de SSD duas dimensões: SSD
individual e Sistema de Suporte à Decisão em Grupo (SSDG)3. Sempre que nos
referirmos a SSD, neste trabalho, estamos a referir-nos às duas dimensões do
conceito. O SSD individual passará a ser referido por SSDi sempre que seja
necessário discriminar a dimensão individual do SSD.
Vamos também considerar de igual significado as referências a SSD e
Sistema de Apoio à Decisão (SAD).
(1) Escolha de um sistema de suporte à decisão individual
Segundo António Reis (Reis, 1999), a escolha de um SSD deve ter por base
a natureza da actividade ou a decisão a tomar. Por isso, deve ter-se em conta
a estrutura da decisão, a sua complexidade e o impacto para a organização.
3 Esta é a nossa aproximação à classificação de Hackathorn and Keen (Romão, 2006), que classifica
os SSD em: Pessoal; de Grupo; Organizacional. Vamos considerar apenas as dimensões Individual e de
Grupo.
Sistemas de Suporte à Decisão
10
Tabela 1 – Características das actividades de decisão (Reis, 1999)
Estratégicas Táctico4
Pessoal Executivos Funcionários
Complexidade Elevada Baixa
Estrutura Limitada Elevada
Fontes de Informação Externas Internas
Tempo Longo Prazo Imediato
Risco Potencial e Benefício Elevado Reduzido
Sistema Apropriado SSD Sistema Pericial
Desta forma, para este autor, só deve ser escolhido um SSD quando a tarefa
for pouco estruturada, com grau elevado de complexidade e com impacto ou
nível de risco significativo para a organização5 (variáveis de um SSDi).
Pode-se entender por pouco estruturada a tarefa não estruturada ou semi-
estruturada.
(2) Componentes de um sistema de suporte à decisão individual
Palma Reis descreve o SSD como um dos Sistemas de Decisão que incluem
também os Sistemas Periciais, os Sistemas Neuronais e os Sistemas de
Suporte à Decisão em Grupo (SSDG) (Reis, 1999). Por esse motivo, na sua
definição, os SSD não contêm o Sistema de Gestão do Conhecimento, por
ser parte dos Sistemas Periciais.
Outros autores mais recentes, com aproximações conceptuais que vamos
preferir, incluem nos SSD a opção da Gestão do Conhecimento e designam
estes sistemas de SSD inteligentes (Romão, 2006).
São então estes os componentes (indicadores) de um SSD inteligente:
Sistema Gestão de Base de dados (SGBD); Sistema Gestão de Base de
Modelos (SGBM); interface com utilizador e Sistema de Gestão de
Conhecimento (SGC) (Romão, 2006).
4 Onde estava operacional foi colocado táctico. 5 Ver tabela 1 – Características das actividades de decisão.
Sistemas de Suporte à Decisão
11
(a) Sistema de Gestão de Base de Dados
Entre a componente física da base de dados e os utilizadores, existe
um nível lógico para gerir o acesso aos dados. Deste modo, O SGDB
disponibiliza uma vista da base de dados, que fica um pouco acima
do nível físico e que suporta as operações dos utilizadores, expressas
no uso de linguagem de alto nível (Date, 1989) (por exemplo o
Structured Query Language − SQL − ou Query By Example – QBE).
A base de dados deve assegurar a manutenção dos dados usados no
SSD e no SGBM. Do SGBM, deve guardar as entradas e saídas, as
entidades, os modelos, os pressupostos, as variáveis e outros dados.
Quando um sistema acede a dados de outros sistemas (externos),
pode ser necessário filtrar e tratar os dados recebidos e isolar os
depósitos de dados externos do processamento interno. A este
processo, e à interface que o executa, chama-se Data Warehouse.
O Online Analytical Processing (OLAP) é uma ferramenta que usa o
Data Warehouse para executar “actividades como geração de
queries, pedidos de relatórios e execução de análise estatística, que
são desenvolvidos [SIC] pelo utilizador final” (Romão, 2006).
A Data mining é uma técnica usada “para permitir a extracção de
informação a partir dos dados existentes” (Romão, 2006).
(b) Sistema de Gestão de Base de Modelos
O SGBM deve gerir a representação dos modelos, as variáveis (que
podem ser de momento ou de fluxo – histórico), os pressupostos, as
entradas e as saídas. O SGBM pode usar o SGBD para armazenar os
dados e deve permitir a selecção, alteração, remoção e inserção de
modelos.
(c) Sistema de gestão de conhecimento
A execução de algumas tarefas pode requerer conhecimento de
peritos ou a utilização de módulos de Inteligência Artificial, o que
não está disponível num SSD clássico: “Esta sabedoria pode ser
fornecida através de um sistema pericial ou de outro sistema
Sistemas de Suporte à Decisão
12
inteligente (…) Os SADs que incluem esta componente designam-se
por SADs inteligentes” (Romão, 2006).
(d) Interfaces
“Os interfaces homem-computador deverão ser adaptáveis ou
flexíveis, transparentes, extensivos, naturais, auto-explicativos,
eficientes, consistentes e tolerantes” (Reis, 1999:27). Devem ser
explicativos, informando sobre acções imediatas e possíveis; ter
suporte de ajuda; permitir que se volte atrás em determinadas
situações e, nas em que tal não for possível, pedir para confirmar a
decisão.
(3) Fases de desenvolvimento de um sistema de suporte à decisão
As fases de desenvolvimento de um SSD são as mesmas de um projecto de
engenharia de software.
i. Sistemas de suporte à decisão em grupo
Os Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo (SSDG) são sistemas de
computadores em rede, que permitem a vários utilizadores colaborar na tomada de
decisão. Devem disponibilizar: os componentes de um SSD para os utilizadores, de
acordo com as suas necessidades e permissões de utilização; a comunicação entre
utilizadores como forma de colaborarem na tomada de decisão; um espaço de
registo de actividades e de informação; a realização de uma ou mais tarefas por
vários utilizadores, que colaboram como participantes ou coordenadores na sua
execução.
Definem-se como pressupostos (indicadores) de um SSDG, para além dos já
referidos para um SSDi tradicional ou inteligente, a existência de: uma sala de
decisão com meios de projecção em ecrã gigante; computadores ligados em rede;
ferramentas de comunicação e troca de dados entre utilizadores; pelo menos uma
tarefa em que vários utilizadores concorrem para a sua realização; registos de
actividade.
Sistemas de Suporte à Decisão
13
2. O Centro de Reporte e Controlo da Força Aérea
O CRC da Força Aérea (FA) assegura a vigilância do espaço aéreo nacional e o
comando táctico sobre os meios (aéreos e de superfície) que lhe forem distribuídos. Tem o
seu comando no Comando Operacional da Força Aérea (COFA) em Monsanto e, se
necessário, pode funcionar na Stanby Operational Facility (SOF), em Beja (BA11). Em
situação de crise e conflito o CRC assume o controlo do espaço aéreo nacional (FAP,
2005, pp. 2-1).
Vamos descrever a missão do CRC, o que se entende pela sua optimização, a
estrutura do CRC, o nível de decisões que toma e suas implicações, os sistemas que utiliza,
a informação que tem disponível e os seus utilizadores.
a. Missão
Resumem-se a seguir as principais competências do CRC6 (FAP, 2005):
• Ordenar a descolagem, controlar as aeronaves e reportar os resultados de
intercepções
• Controlar os meios atribuídos e solicitar meios adicionais de
identificação e vigilância
• “Observar os Planos, Procedimentos e Directivas Operacionais em vigor
e, informar da necessidade de alterações nos procedimentos de
Comando e Controlo da Defesa Aérea” (FAP, 2005: 2-1)
• “Implementar as Regras de Empenhamento (ROE) relativas à Defesa
Aérea e efectuar pedidos de alteração, caso necessário” (FAP, 2005:2-2)
• Produzir e apresentar a Situação Aérea (RAP) e proceder à identificação
de acordo com os critérios e directivas em vigor
• “Optimizar o emprego de meios AEW que estejam sob seu Controlo e
garantir-lhes a defesa (…)
• Coordenar a conduta das operações aéreas através do emprego adequado
do espaço aéreo minimizando o risco fratricida dos sistemas de armas
amigos (…)
6 Ver anexo B com a missão completa
Sistemas de Suporte à Decisão
14
• Providenciar assessoria em assuntos que requeiram consultadoria técnica
relacionada com a Defesa Aérea e com pessoal (…)
• Qualificar e manter a qualificação do pessoal” (FAP, 2005:2-2)
b. Optimização do cumprimento da missão do CRC
De acordo com os conceitos de Missão e Optimização, vamos assumir como
optimização do cumprimento da missão do CRC, a capacidade de cumprir a mesma
missão, resolvendo tarefas com menos recursos humanos, materiais ou temporais.
c. Nível de decisão
O nível de decisão do CRC7 é de Controlo Táctico (TACON). Controlo é a
“autoridade exercida por um comandante sobre parte das actividades das
organizações subordinadas, ou outras organizações que não estejam normalmente
sob o seu comando, que engloba a responsabilidade de implementar ordens ou
directivas. Toda ou parte desta autoridade pode ser transferida ou delegada”
(NATO, 2007: Lexicon 8).
Não devemos esquecer que a autoridade, a liderança, a tomada de decisão e
o controlo são elementos do comando. “Comando é a autoridade investida num
militar para dirigir, coordenar e controlar uma força militar” (NATO, 2007:
Lexicon 7).
d. Implicação das decisões
As decisões tomadas pelo comandante do CRC ou pelo seu representante
têm efeitos na segurança do espaço aéreo nacional, na defesa da nação (na sua
componente de Defesa Aérea) e concorrem para a defesa da OTAN. Tem ainda
implicações na formação técnica, disponibilidade e qualificações dos militares
TODCI e OPDRET e na assessoria técnica que possa dar à componente operacional
ou estratégica. O apoio do CRC a missões de busca e salvamento e emergências
declaradas por aeronaves é fundamental para a realização dos objectivos de
salvaguarda de vidas humanas, de bens e do ambiente.
7 Ver tópicos da entrevista em anexo E
Sistemas de Suporte à Decisão
15
Por estes motivos, deve considerar-se que o impacto das decisões do CRC é
elevado.
e. Sistemas usados pelo CRC
Os sistemas usados pelo CRC são sistemas de elevada componente
tecnológica e que exigem, dos recursos humanos que os usam, formação adequada.
Vamos referir alguns na sua função e, para aqueles que considerarmos importantes,
na sua composição.
(1) Portuguese Air Command and Control System
O POACCS II existe para disponibilizar a automação do Planeamento,
Atribuição (Tasking), Comando e Controlo das operações de Defesa e
Ofensiva Aérea que possam ter lugar em Portugal, no seu ambiente
marítimo e extensivamente no Sul da Europa e Norte de África.
O sistema é composto por um Centro de Operações Aéreas (AOC) e um
Semi-mobile Standby Operations Facility (SOF) que é usado como extensão
ou salvaguarda do AOC.
(a) Air Operations Center
O AOC sob as ordens do Comando Aéreo disponibiliza actualmente
as seguintes funções: Centro de Defesa Aérea (ADOC), Sector
Operations Center (SOC) e Control and Reporting Center (CRC).
Para exercer estas funções o AOC é servido pelo seguinte
equipamento: consolas com computadores; posições de operação
para visualizar a situação aérea e executar procedimentos de
comando; redes locais de suporte a todo o sistema e sistemas de
comunicação internos e externos.
O AOC é ligado ao exterior para dados e voz por um Broad Band
Communications System (BBCS).
(b) Subsistemas
O Data Processing and Display do AOC (ADP) está dividido em
vários subsistemas redundantes, física e logicamente, e executa as
seguintes funções: gestão da base de dados; gravação; reposição;
Sistemas de Suporte à Decisão
16
identificação de alvos; estabelecimento da RASP; missões de
controlo; recepção e tratamento de dados dos sensores; controlo,
monitorização e registo de eventos do sistema; segurança das
ligações; gestão e troca de dados com o exterior; visualização da
RASP e execução de comandos; simulação.
(2) Classificação de segurança
A classificação do Sistema é NATO SECRET.
(3) Software Support Center
O Software Support Center (SSC) existe para permitir a manutenção e teste
dos programas operacionais, desenvolvimento de ferramentas, criação de
exercícios, redução de dados, treino, Gestão da Configuração e Gestão de
Documentação.
(4) Network Management System
O Network Management System (NMS) é um sistema de apoio às
comunicações, de voz e dados, que usa diferentes suportes físicos e etéreos
para a ligação entre entidades internas e externas. Permite o controlo pelo
operador ou por um gestor de sistema das frequências atribuídas e a troca de
informações de controlo entre este sistema e o Sistema de Defesa Aérea.
(5) Integrated Command and Control
O Integrated Command and Control (ICC) é um sistema de Comando e
Controlo (C2) que funciona em rede e que permite o suporte a funções de
Targeting, Planing, Resource Allocation, Intelligence, Air Space
Management, Tasking, Mission Monitoring, a utilização de correio
electrónico e conversação (chat). É um sistema de apoio à decisão dos
CAOC nas operações aéreas.
(6) Winventus
O Winventus é um Sistema que permite a visualização e impressão de
informação meteorológica, aeronáutica e planos de voo: a informação está
disponível num computador.
Sistemas de Suporte à Decisão
17
(7) Independent Display System
O Independent Display System (IDS) é um sistema em rede de apoio aos
utilizadores do AOC, CAOC, CMS e A6.2 e que disponibiliza informação
por áreas de interesse, na componente operacional ou de Exercício. A
informação está disponível usando browsers8 (em Hipertext Markup
Language HTML9) e ferramentas de escritório (Microsoft Office). Permite
aos utilizadores o acesso e actualização de documentação, de mapas, a
utilização de ferramentas de escritório, o apoio em procedimentos
administrativos, a troca de correio electrónico e notícias, a visualização de
estados de alerta e o apoio ao treino dos operadores.
Encontra-se disponível em todas as consolas de operação do CRC e do
CAOC10, com estações de trabalho, de supervisão, de inserção de dados e
de digitalização.
Decorre neste momento a actualização da versão dois deste sistema, que
procura dar resposta aos requisitos entretanto identificados por grupos de
trabalho do CRC, CMS, CAOC e A6.2. Esta versão foi inteiramente
desenvolvida e implementada pela A6.2.
(8) Rede classificada da Organização do Tratado do Atlântico Norte
A rede Nato Secreto da OTAN (NSWAN) é uma rede para acesso a
informação NATO SECRETO da OTAN, que usa a World Wide Web10
(WWW) para acesso à informação, o File Transfer Protocol (FTP) para a
sua transferência e a comunicação por Correio Electrónico.
(9) Rede Interna do Comando Operacional da Força Aérea
A Rede Interna do Comando Operacional da Força Aérea (RICOFA) é uma
rede de apoio, Não Classificada, que permite o armazenamento, salvaguarda
e troca de informação administrativa e de apoio e o acesso à rede interna
8 Programa usado para navegar na Internet e aceder a documentos HTML. 9 Linguagem usada para criar documentos usados na Internet. O HTML utiliza marcas e atributos
para definir um modelo de troca de informação. 10 Componente da internet que permite aceder a páginas HTML usando browsers.
Sistemas de Suporte à Decisão
18
(intranet) da Força Aérea Portuguesa (FAP). Permite, também, a gestão de
correio electrónico e o acesso à internet.
(10) Military Message Handling System
O Military Message Handling System (MMHS) é o sistema formal de troca
de mensagens, classificadas e não classificadas, entre entidades da FAP e
entre a FAP e o exterior.
f. Informação disponível
Para além dos sistemas de informação já descritos, no CRC usam-se vários
documentos, normas, procedimentos e blocos de consulta Check List. Estes blocos
contêm informação resumida, referências de consulta e procedimentos de Tactical
Battle Management Functions (TBMF), relativos a Regras de Empenhamento
(ROE) nacionais e OTAN, para além da informação sobre estados de alerta e
procedimentos associados, Quick Reference Guide da Nato Crisys Readness State
(NCRS) e Defensive Posture (DEFREP). Existem muitos procedimentos
relacionados com a operação, resolução de anomalias, situações de emergência
(fogo, bomba, NBQ, primeiros socorros), manuseamento de equipamentos e
situações de contingência que estão dispersos por dezenas de publicações e normas
e que não estão acessíveis automaticamente.
A administração do pessoal, avaliação da disponibilidade e das
qualificações é feita pelo comandante do CRC, recorrendo a ferramentas de
escritório disponíveis no seu computador de serviço (RICOFA).
Toda a estatística, estudo de probabilidades, gestão de escalas, gestão de
férias e gestão de pessoal é feita recorrendo a ferramentas de escritório (MS
Office).
O planeamento da manutenção, gestão dos equipamentos e visualização do
seu estado não está acessível de forma integrada.
Os relatórios são editados e preenchidos usando tabelas de folha de cálculo
ou ferramentas de edição de escritório (MS Office).
As horas cumpridas numa determinada função são contabilizadas
manualmente e servem de informação para avaliação e manutenção das
qualificações adquiridas.
Sistemas de Suporte à Decisão
19
Os dados da meteorologia, planos de voo e informação aeronáutica são
recolhidos do sistema Winventus e enviados em papel para os destinatários.
Os relatórios de anomalia, de turno e de quebra de segurança, também são
preenchidos manualmente. Tanto o relatório de anomalia como o de quebra de
segurança podem ser preenchidos por qualquer utilizador. O relatório de turno, é da
responsabilidade do Master Controler (MC) e no seu preenchimento são usados
dados recolhidos pelos operadores ao preencher as Folhas de Gestão de Recursos
(FGR).
A Air Task Order (ATO) é recolhida em ficheiro e distribuída em papel para
os destinatários que a inserem nas suas FGR.
Os estados de alerta, procedimentos e informações de apoio, estão
disponíveis para consulta no IDS. No entanto, a consulta de documentos, a sua
indexação e a procura por temas e conteúdos não está estruturada, o que dificulta o
acesso rápido à informação.
g. Utilizadores
O Comandante do CRC é responsável pela administração do pessoal e dos
meios colocados à sua disposição. As suas tarefas são semi-estruturadas. O seu
nível de decisão é de Controlo Táctico mas também exerce o comando do CRC11 12. A complexidade das suas tarefas é elevada.
Existe uma Área de Uniformização e Avaliação responsável pelo treino,
avaliação, definição de procedimentos e criação de exercícios e simulações. As suas
tarefas são semi-estruturadas e têm uma componente técnica elevada.
O MC funciona como responsável do turno em operação e garante a
continuidade do comando do CRC, fora das horas normais de serviço. A estrutura
da sua função é semi-estruturada, uma vez que, apesar de em determinadas
situações haver procedimentos escritos e conhecidos nem todas as situações estão
cobertas e abrangidas por métodos e procedimentos estruturados: nestas situações,
o acesso rápido à informação, a sua disponibilidade, actualidade e consistência são
11 Ver anexos B e D 12 Ver anexo E
Sistemas de Suporte à Decisão
20
fundamentais na tomada de decisão. A sua experiência, conhecimento técnico,
competência, qualificações e bom-senso são fundamentais. A complexidade das
suas tarefas é elevada.
Os outros operadores executam funções estruturadas de acordo com os
procedimentos escritos ou em cumprimento de ordens recebidas superiormente.
3. Requisitos para um sistema no CRC
Depois de conhecida a informação disponível para o cumprimento da missão do
CRC e o modo como essa informação satisfaz as necessidades actuais dos utilizadores,
vamos recolher e analisar as necessidades de informação e processamento que permitem
contribuir para optimizar o cumprimento da missão do CRC. Esses são os requisitos e o
tipo de informação que é necessária e que se pretende obter como resultado do seu
processamento. Por fim vão ser analisados os condicionalismos de um sistema deste tipo, a
segurança, a necessidade de manutenção, para no fim avançar com uma solução possível e
analisar possíveis modalidades de acção.
a. Levantamento de necessidades
A natureza da missão do CRC implica a necessidade de informação credível
e actualizada, em que o tempo de resposta é um componente crítico. Embora muita
da informação necessária esteja disponível nos diversos sistemas já descritos, a sua
não interligação e consequente dispersão, leva a que o tempo de procura e
consequente resposta, possa dificultar, em situações anormais e de pressão, a
realização da missão. Estes factos, associados à redução de recursos humanos
disponíveis e à duração da aprendizagem necessária ao domínio da função e dos
sistemas, tornam o fácil e rápido acesso à informação um factor especialmente
crítico. Como já vimos, é elevado o impacto das decisões do CRC, algumas das
tarefas são semi-estruturadas e de elevada complexidade.
(1) Requisitos
Das entrevistas realizadas13 no desenvolvimento deste trabalho e da
consulta dos requisitos do sistema IDS, ressalta a necessidade da criação ou
13 Ver Anexos E e F
Sistemas de Suporte à Decisão
21
adequação de um sistema, que ligando todos os utilizadores do CRC, possa
permitir o acesso a toda a informação necessária de forma rápida, integrada
e coordenada. Esse sistema deverá estar em rede, acessível a todos os
utilizadores do CRC, usável pelos utilizadores do CAOC10, do CMS e da
A6.2 e alargado a outros utilizadores sempre que necessário.
A lista completa dos requisitos pode ser consultada no anexo G.
(2) Entradas
Como entradas no sistema devem ser usados os dados disponíveis noutros
sistemas, de preferência com acesso directo de leitura às bases de dados,
recolhendo assim informação: de meteorologia; de aeronáutica; da ATO; de
sítios da Internet; da NATO; de locais internos ao CRC.
A informação inserida deve ser passível de edição e de remoção,
obedecendo à necessidade de conhecer.
(3) Utilizadores
Os utilizadores do CRC têm funções diversas e, no sistema de defesa aérea,
organizam-se por roles, ou seja, por funções atribuídas, autorizadas e, por
vezes, exclusivas. O alargamento do sistema a utilizadores de outras áreas
requer a criação de novos grupos de utilizadores, áreas de acesso e funções.
A estrutura das tarefas do novo sistema relaciona-se com a actual e já foi
descrita anteriormente.
(4) Saídas
Os dados devem estar disponíveis para visualização nos monitores dos
computadores, devem poder ser projectados em ecrã gigante ou ser
imprimidos.
(5) Condicionalismos
(a) Análise de risco
Os problemas associados a um sistema destes relacionam-se com a
interligação entre sistemas, na sua componente lógica, física e de
segurança.
Sistemas de Suporte à Decisão
22
(b) Desenvolvimento
O desenvolvimento do sistema pressupõe a existência de
equipamento (redes, computadores, dispositivos), de sistemas
lógicos (sistemas operativos, programas de desenvolvimento), de
licenças de utilização, de recursos humanos para o seu planeamento
e desenvolvimento. Para além disso, é necessário certificar e
acreditar o sistema junto da OTAN.
No decorrer da entrevista realizada com o TC Chaves, chefe da A6.2
(Sistemas de Informação do COFA), foi referido o sistema IDS e a
actualização da sua versão dois, que pode permitir utilizar e adaptar
os recursos já envolvidos. O factor mais crítico, referido na
entrevista, é o humano, que se traduz na incerteza da sua
continuidade e no aumento significativo das tarefas a desempenhar.
(6) Segurança
A definição da classificação de segurança a atribuir ao sistema deve ser a da
mais alta classificação dos dados que contém. Esta escolha é crítica para o
sistema e, dos contactos e entrevistas havidos, ficou clara a opção pela
classificação do sistema como NATO SECRET.
Sem avançarmos em considerações sensíveis, convém ter presente que,
qualquer ligação entre um sistema classificado de NATO SECRET e outros
sistemas de classificação inferior não é permitida, com excepção das
ligações protegidas por processador de guarda (plataforma integrada e
dedicada que engloba equipamento, ligações, sistemas operativos e
programas seguros certificados e acreditados pela OTAN). É, por isso,
necessário fazer a análise de risco, elaborar documentos e planear as
medidas de segurança física, documental, de pessoal, de sistemas lógicos, de
equipamento e de comunicações, assim como proceder à autenticação e
acreditação do sistema.
(7) Manutenção
A Manutenção de um sistema tem duas componentes imediatas: a
componente de equipamento (física) e a componente lógica. A manutenção
Sistemas de Suporte à Decisão
23
pode envolver a prevenção, a resolução de problemas, a reposição ou
salvaguarda, a actualização ou alteração da configuração, os testes e a
integração. Qualquer destas actividades já é efectuada tanto pelo CMS como
pelo A6.2.
(8) Formação
A formação dos utilizadores é uma componente fundamental para a correcta
utilização de qualquer sistema. A formação envolve recursos, tempo e
disponibilidade para a sua preparação e efectivação.
b. Proposta de solução
Com base nos requisitos identificados junto dos utilizadores, nos recursos
humanos disponíveis para o desenvolvimento, operação e manutenção de
equipamentos e programas e tendo como princípio fundamental a não atribuição de
mais recursos para além dos existentes, é possível descortinar uma solução que
satisfaça os requisitos e condicionalismos encontrados e que diminua o tempo
necessário para a execução das tarefas no CRC.
(1) Introdução
Está em desenvolvimento a actualização da versão dois de um sistema, o
IDS, com recursos já atribuídos e que tem as potencialidades necessárias
para ser adaptado e usado de forma a incluir as funcionalidades que a seguir
se propõem. Assim, os recursos humanos e materiais não terão que ser
aumentados para o desenvolvimento e utilização deste sistema.
(2) Funcionamento
O sistema deve ser integrado no IDS, funcionar em rede de computadores e
estar disponível em todas as estações de trabalho deste.
Deve usar o conceito de intranet, utilizar browser com áreas de acesso e de
interesse orientadas pela necessidade de conhecer.
(3) Formação
A integração do sistema na fase dois do IDS deve ser aproveitada para
minimizar a necessidade de recursos que seriam utilizados na formação.
Sistemas de Suporte à Decisão
24
(4) Modelos
O sistema deve disponibilizar os seguintes modelos:
• Construção e simulação de escalas de serviço de acordo com os
recursos disponíveis e tendo em atenção as restrições de pessoal, carga
horária, formação e disponibilidade
• Construção e visualização de dados estatísticos (com gráficos) relativos
à operação (intercepções, exercícios, Link 16, Link 11, escolta)
• Gestão de projectos e planeamento de exercícios, avaliações e eventos
relacionados com a defesa aérea
• Selecção de indivíduos mais qualificados para determinada missão,
com especificação de restrições que podem ser de tempo, de distância a
que se encontram, da necessidade de descanso e de tempo
• Planeamento da formação de indivíduos de acordo com as qualificações
necessárias, com as necessidades do serviço e com a disponibilidade de
formação e de pessoal
(5) Base de dados
A base de dados a usar pode ser a já utilizada para o IDS. A adaptação a
introduzir deve ter em atenção a modelação necessária à interacção com a
gestão de modelos e a integração no seu modelo dos dados recolhidos das
bases de dados exteriores. A integração referida pode ser feita usando Open
Data Base Connectivity14 (ODBC) ou recolhendo os dados de ficheiros de
texto ou tabelas previamente disponibilizados. Esta integração pode
obedecer ao conceito já descrito de Data Warehouse e OLAP.
(6) Conhecimento
Armazenar o conhecimento adquirido e disponibilizar o seu acesso rápido,
sempre que necessário, é fundamental no contexto da operação normal do
14 Tecnologia usada para trocar dados entre Bases de Dados usando gestores (drives) e interfaces específicos.
Sistemas de Suporte à Decisão
25
CRC e crítico em situações de crise, exercício e de avaliação. Assim, o
sistema deve permitir:
• Criação, edição e consulta automatizada de procedimentos e de check
list existente, de acordo com restrições e contingências relacionadas com
a situação, permitindo a selecção por opções
• Visualização e alteração dos diversos estados de alerta, apoiada com
informação do seu significado (a quem for permitido conhecer) usando
opções
• Inserção, edição e consulta de informação com base em palavras-chave,
frases, tópicos, títulos e temas
• Capacidade de formação de utilizadores de forma a fornecer e manter
qualificações. Deve ser possível receber lições, fazer testes parciais e
exames finais. Os exames devem permitir a atribuição de notas e a
visualização das respostas, erradas e correctas. Os exames de formação
devem ficar registados e servir para atribuir qualificações
(7) Interface
A interface dos utilizadores deve ser discricionária, ou seja, deve ser
diferenciada de acordo com as permissões atribuídas aos utilizadores. O
modelo deve ser o já descrito para as interfaces dos SSD e deve seguir os
requisitos descritos no anexo H.
(8) Tarefas em grupo
A todos os utilizadores do CRC, do Centro de Manutenção do SICCAP
(CMS), CAOC e A6.2 deve ser possível, quando autorizados, visualizar
informação geral tanto nos monitores como num ecrã gigante.
A execução de uma determinada tarefa por um utilizador deve contribuir
automaticamente para o preenchimento e actualização das suas qualificações
e fornecer dados para futuras análises estatísticas.
O preenchimento da FGR por um utilizador deve automaticamente fornecer
dados para o preenchimento do relatório de chefe de turno.
Os estados de alerta do estado operacional ou de exercício devem ser
sempre visíveis.
Sistemas de Suporte à Decisão
26
A inserção, edição ou remoção de avisos ou informações deve ser possível
aos utilizadores autorizados.
O sistema deve manter um registo da criação, remoção e alteração de tarefas
(relatório, avisos, mensagens, estados de alerta, documentação, check list,
procedimentos).
Aos utilizadores deve ser possível enviar e consultar correio electrónico,
criar e editar notícias e importar e exportar documentos.
c. Discussão dos resultados obtidos
Estamos agora em condições de, depois de ter respondido às perguntas
derivadas no capítulo dois e recorrendo à avaliação do sistema necessário realizada
neste capítulo, assumir que o sistema proposto:
• Opera no nível de decisão táctico e apoia decisões que podem ter grande
impacto na defesa nacional, da OTAN e na salvaguarda de vidas humanas,
de bens materiais e na conservação da natureza
• Tem utilizadores que são administradores, supervisores e operadores e que
desempenham tarefas semi-estruturadas e estruturadas
• Suporta algumas tarefas de complexidade elevada
• Deve ser composto pelos seguintes subsistemas: Gestão de modelos; Gestão
de Base de Dados; Gestão de Conhecimento; Interface; Ferramentas de
trabalho em grupo
• Utiliza fontes de informação externas e internas
• Apoia decisões de risco elevado
• Permite guardar e aceder ao conhecimento de peritos
• Possibilita a execução partilhada de tarefas entre utilizadores
• Permite registar o desenvolvimento de actividades
• Fornece ferramentas de comunicação e partilha de informação, como o
correio electrónico, as notícias e a troca de documentos
• Permite a projecção de informação num monitor gigante
• Não necessita de mais recursos humanos, materiais e financeiros para a sua
implementação e manutenção. O seu correcto desenvolvimento deve
conduzir à redução do tempo necessário à execução das tarefas
Sistemas de Suporte à Decisão
27
O sistema proposto tem os indicadores de um SSDG inteligente com os
seguintes componentes: SGBM; SGBD; SGC; interface; Projecção de informação
em ecrã gigante; rede de computadores; utilizadores a colaborar na realização de
pelo menos uma tarefa; ferramentas de comunicação; registo de tarefas.
d. Avaliação
Depois de conhecidos os requisitos, que permitiram o enquadramento do
sistema proposto, vamos avaliar as hipóteses que foram levantadas:
• Hipótese 1 – A criação de um SSD individual permite optimizar o cumprimento
da missão do CRC
• Hipótese 2 – A criação de um SSDG é a solução adequada para optimizar o
cumprimento da missão do CRC
A primeira hipótese não é confirmada uma vez que um SSDi não satisfaz os
requisitos pedidos pelo CRC de funcionamento em rede, partilha de dados para a
realização de uma ou mais tarefas, existência de projecção em ecrã gigante e
existência de ferramentas de comunicação. O facto fundamental de não funcionar
em rede, não contribui para a optimização do cumprimento da missão, uma vez que
não diminui nenhuma das dimensões do conceito de optimização da missão.
A segunda hipótese pode diminuir o tempo de acesso à informação e
possibilitar a realização de tarefas mais rapidamente pelo uso de um SSDG.
Também pode, como a primeira hipótese, permitir o acesso ao conhecimento de
peritos, por ter um Sistema de Gestão de Conhecimento. Ao diminuir o tempo
necessário à realização de tarefas da missão, contribui, em pelo menos uma dos
indicadores (menor tempo para a realização de tarefas), para a optimização da
missão. Em comparação com a primeira hipótese, utiliza os recursos disponíveis da
melhor forma possível.
A segunda hipótese é confirmada, uma vez que os indicadores de um SSDG
realizam todos os requisitos do sistema proposto: SGBM; SGBD; SGC; interface;
projecção de informação em ecrã gigante; rede de computadores; partilha de dados
para a realização de uma ou mais tarefas; ferramentas de comunicação. As variáveis
de complexidade, estrutura e impacto de um SSDG também são as definidas nos
requisitos, assim com a de existência de um registo.
Sistemas de Suporte à Decisão
28
Desta forma, a pergunta de partida tem a seguinte resposta:
• Sim é possível criar um SSD, na dimensão SSDG, que, em conjunto com os
sistemas de informação já disponíveis, permite optimizar o cumprimento da
missão do CRC
Conclusões
O tema deste trabalho, Sistemas de Suporte à Decisão, é vasto e aliciante. Está
relacionado com a Engenharia Informática, mas representa uma componente conceptual e
teórica que o aproxima de outros campos do conhecimento, que se estendem das Ciências
Humanas e Organizacionais até à Matemática, Métodos Quantitativos e Inteligência
Artificial.
Da relação do autor com Sistemas de Informação e da actividade desempenhada
junto do CRC, foi possível criar uma ligação entre o tema do trabalho e a procura de
soluções que possam contribuir para a missão do CRC.
Linhas do procedimento seguido
Foi neste contexto que surgiu a pergunta de partida: “É possível criar um SSD que,
em conjunto com os sistemas de informação já disponíveis, permita optimizar o
cumprimento da missão do CRC?”.
Para responder à pergunta de partida foi necessário estudar, conhecer e definir a
dimensão, os indicadores e as variáveis de alguns conceitos essenciais: decisão; SSD;
optimização da missão. Foram também estudados e apresentados outros conceitos, que
serviram para conhecer e compreender os anteriores: sistemas de informação; rede de
computadores; sistemas periciais.
Estabelecida a base conceptual procurou-se conhecer o CRC, a sua estrutura
organizacional, a sua missão, as funções dos seus elementos, a complexidade e estrutura
das tarefas que desempenham e o impacto que têm as decisões que tomam. Depois, foi
necessário conhecer os sistemas, a informação disponível e a forma como é processada.
Para isso, foi consultada documentação, fizeram-se entrevistas e analisaram-se projectos
que estiveram e estão em desenvolvimento. Deste processo, surgiram respostas que
permitiram identificar os requisitos para um sistema de suporte à decisão para o CRC.
Sistemas de Suporte à Decisão
29
Conhecidos os requisitos do sistema, foi necessário verificar que esses requisitos
eram passíveis de implementação, com os recursos técnicos, humanos e materiais
disponíveis. E se esses requisitos conduziam à optimização da missão. Com a informação
recolhida, construiu-se uma proposta de solução que permita implementar o sistema pedido
pelo CRC.
Pôde-se, assim, responder às hipóteses levantadas no início do trabalho:
• Hipótese 1 – A criação de um SSD individual permite optimizar o cumprimento
da missão do CRC
• Hipótese 2 – A criação de um SSDG é a solução adequada para optimizar o
cumprimento da missão do CRC
A primeira hipótese não foi confirmada, uma vez que um SSDi não satisfaz todos
os requisitos do sistema proposto. Para além disso, pelo facto de ser individual, não
permite a troca de informação com os outros utilizadores e por isso não permite a
optimização da missão.
A segunda hipótese foi confirmada, uma vez que o SSDG satisfaz e enquadra
inteiramente todos os requisitos do sistema proposto, não consome recursos adicionais e
permite, no mínimo, diminuir o tempo necessário para a realização de algumas tarefas,
para além de as poder realizar melhor. É, por isso, a solução que utiliza melhor os recursos
existentes e a adequada para optimizar o cumprimento da missão do CRC.
Os resultados observados neste trabalho são os esperados.
Resposta à pergunta de partida
A pergunta de partida tem a seguinte resposta: Sim, é possível criar um SSD, na
dimensão de SSDG, que, em conjunto com os sistemas de informação já disponíveis,
permite optimizar o cumprimento da missão do CRC.
Contributos para o conhecimento
Do estudo dos SSD foi possível conhecer e identificar a sua visão conceptual, a sua
evolução e os seus componentes modulares. Da informação recolhida dos diversos autores
e especialistas, assume especial importância a percepção da dinâmica evolutiva e
adaptativa destes sistemas. Evolutiva porque vão integrando conceitos e ferramentas, como
data warehouse, data mining, OLAP e metodologias mais recentes da Inteligência
Sistemas de Suporte à Decisão
30
Artificial. Adaptativa porque procuram responder à dinâmica concorrencial existente, que
exige cada vez mais e melhor informação, aumentando cada vez mais a responsabilidade
das decisões.
Deste modo, foi possível estudar um sistema que integra nos seus módulos as componentes
essenciais, não só da chamada Engenharia de Software, mas também de outras áreas do
conhecimento.
Para o CRC, foi possível identificar alguns requisitos e refinar outros já conhecidos da
análise feita para o projecto IDS. Esta informação pode servir de apoio à alteração e
actualização da versão dois deste projecto.
Limitações
Não foi feita uma análise de risco ao sistema proposto. Não foram analisados os aspectos
de interligação entre sistemas, os riscos documentais, pessoais, físicos, lógicos, de
comunicações e de irradiação, relacionados com a segurança do sistema.
Medidas propostas
Uma vez que lidera, actualmente, o processo de alteração do sistema IDS que está a
ser realizado, propõe-se, à Repartição de Comunicações e Sistemas de Informação do
Comando Operacional da Força Aérea, a avaliação da proposta de implementação do
SSDG aqui descrita para, com as necessárias adaptações e análise adicional, proceder à sua
inclusão no sistema IDS.
Sistemas de Suporte à Decisão
31
Bibliografia
Livros
Date, C.J. (1989). An Introduction to Database Systems. IBM Corporation.
QUIVY, R., & CAMPENHOUDT, L. V. (2003). Manual de Investigação em Ciências
Sociais, 3ª Edição. Lisboa: Gradiva.
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Shimizu, T. (2001). Decisão nas Organizações: introdução aos problemas de decisão
encontrados nas organizações e nos sistemas de apoio à decisão. São Paulo: Atlas.
Silberschatz, A., Gagne, G., & Galvin, P. B. (2002). Operating System Concepts, Sixth
Edition. New York, United States of America: John Wiley & Sons, Inc.
Silva, A., & Videira, C. (2001). UML, Metodologias e Ferramentas CASE. Famalicão:
Edições Centro Atlântico.
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Sistemas de Suporte à Decisão
32
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http://www.di.uevora.pt/~tir/SAD/SAD.html .
Power, D.J. A Brief History of Decision Support Systems. DSSResources.COM, World
Wide Web, http://DSSResources.COM/history/dsshistory.html, version 4.0, March 10,
2007.
Entrevistas
Tópico de Entrevista: Informação necessária e ainda não disponível, ou não disponível na
forma necessária, para apoiar a missão do CRC. Com o Sr. Cor. Telmo Reis, no COFA, em
Lisboa, 28 de Janeiro de 2009;
Tópico de Entrevista: Recursos humanos e materiais disponíveis para um novo sistema.
Com o Sr. Tenente-coronel Chaves, no COFA, em Lisboa, 14 de Janeiro de 2009;
Sistemas de Suporte à Decisão
A-1
ANEXO A – Fases do Processo de Desenvolvimento de Software
Desenvolvimento de Sistemas
Para desenvolver um sistema de informação são usados processos, metodologias e
técnicas. A Engenharia de Software é “a aplicação de um processo sistemático,
disciplinado, e quantificado ao desenvolvimento, operação e manutenção de software; ou
seja, a Engenharia de Software é a aplicação de técnicas de engenharia ao software”. (Silva
& Videira, 2001: 24).
São as seguintes as fases do processo de desenvolvimento de software: Concepção;
Implementação e Manutenção.
Concepção
A concepção, que é o que o sistema deve fazer, pode ser dividida em: Planeamento
e Análise. O Planeamento identifica as necessidades, as alternativas e elabora o plano de
trabalho, enquanto a Análise faz o levantamento dos requisitos e determina a especificação
(comportamento e interacções) do sistema.
Implementação
A Implementação, que descreve como fazer o sistema, pode ser dividida em:
Desenho; Desenvolvimento; Testes ou Integração; Instalação. O Desenho é a definição
global e detalhada da arquitectura – módulos, tabelas, interface, máquinas, redes. O
Desenvolvimento é a programação dos componentes do sistema. Os Testes ou integração
não são mais que a verificação e validação global do sistema. A Instalação é a
disponibilização do sistema aos utilizadores finais.
Manutenção
A manutenção desenvolve-se no tempo de vida do sistema e relaciona-se com as
alterações pedidas de adaptação ou de correcção. (Silva & Videira, 2001). Existem ainda
actividades paralelas a estas fases e que estão ligadas à gestão do projecto de
implementação do sistema e a gestão da configuração física e lógica.
Sistemas de Suporte à Decisão
B-1
ANEXO B – Missões e Competências do CRC
MCOFA-305-4
MISSÃO E COMPETÊNCIAS
201. Missão. O CRC Monsanto assegura em permanência a vigilância do espaço
aéreo, a execução do controlo táctico sobre os meios aéreos, terrestres e navais atribuídos.
O CRC, sempre que a situação o exija e a sua disponibilidade o permita, presta
assistência a aeronaves em situação de emergência ou em situação de interferência ilegal e
exerce o controlo táctico, por delegação, sobre missões aéreas ofensivas e de apoio.
Em situação de crise e conflito o CRC assume progressivamente o controlo do
espaço aéreo nacional.
202. Competências. Ao CRC compete:
a. Ordenar a descolagem e controlar as aeronaves atribuídas para missões de Defesa
Aérea e reportar os resultados das intercepções;
b. Receber do Comandante Táctico as instruções para as intercepções e transmiti-las
aos interceptores;
c. Coordenar com os órgãos de controlo de tráfego aéreo o perfil de voo das
missões de Defesa Aérea;
d. Compilar e reportar o estado de prontidão dos meios atribuídos e solicitar, se
necessário, meios adicionais de identificação e vigilância;
e. Observar os Planos, Procedimentos e Directivas Operacionais em vigor e,
informar da necessidade de alterações nos procedimentos de Comando e
Controlo da Defesa Aérea;
f. Implementar as tácticas promulgadas na ATO e nas OPTASKs e recomendar
alterações caso estas apresentem problemas na execução;
Sistemas de Suporte à Decisão
B-2
g. Compilar e reportar a disponibilidade e capacidade do CRC e das unidades sob
seu controlo táctico;
h. Disseminar o Aviso Aéreo Antecipado às unidades, navios e aeronaves
empenhadas na Defesa Aérea que estejam sob o seu controlo táctico e
monitorizar a implementação de ordens e medidas;
i. Implementar as ROE relativas à Defesa Aérea e efectuar pedidos de alteração,
caso necessário;
j. Assegurar que as alterações às ROE foram transmitidas a todas as unidades sobre
as quais exerce controlo táctico;
k. Assegurar que a ACO em vigor é empregue pelas unidades sobre as quais exerce
controlo táctico;
l. Produzir e apresentar a Situação Aérea (RAP) relativa à Área (TPA) atribuída e
proceder à identificação dos cursos (“tracks”) detectados de acordo com os
critérios e directivas em vigor;
m. Integrar a informação sobre “tracks” recebida de outros meios;
n. Optimizar o emprego de meios AEW que estejam sob seu Controlo e garantir-
lhes a defesa;
o. Coordenar a conduta das operações aéreas através do emprego adequado do
espaço aéreo minimizando o risco fratricida dos sistemas de armas amigos;
p. Providenciar assessoria em assuntos que requeiram consultadoria técnica
relacionada com a Defesa Aérea e com pessoal TODCI e OPRDET.
q. Qualificar e manter a qualificação do pessoal TODCI e OPRDET.
203. Normas de Funcionamento. O funcionamento do CRC decorre, em tempo
de paz, com a integração do pessoal em dois sistemas de trabalho que se completam:
Sistemas de Suporte à Decisão
B-3
a. Sistema de turnos assegurado por Equipas de Detecção e Controlo de Intercepção
que guarnecem as posições da Sala de Operações 24 horas por dia;
b. Pessoal em desempenho de funções na Área de Uniformização e Avaliação e na
Área de Operações reforça, de acordo com a disponibilidade, as equipas de
detecção e controlo de intercepção durante o horário normal de trabalho ou
quando necessário.
Em tempo de crise, conflito e exercícios será aplicado o sistema de reforço do turno
de serviço de acordo com os planos de contingência e/ou o requerido pela situação;
Sistemas de Suporte à Decisão
C-1
ANEXO C - Organização do CRC
ORGANIZAÇÃO CRC
301. Generalidades. A organização do CRC Monsanto subordina-se à doutrina
em vigor na FAP e ainda às directivas emanadas dos Comandos Superiores.
A sua estrutura orgânica visa um eficaz cumprimento da missão atribuída e
uma gestão racional dos recursos colocados à sua responsabilidade.
302. Dependência Hierárquico-Funcional. De acordo com o despacho nº
25/05/A do CEMFA de 20JUN05, o CRC funciona no Comando Operacional da Força
Aérea (COFA) na dependência directa do Director das Operações Aéreas (DOA).
303. Estrutura. O CRC tem a seguinte estrutura, cujo organograma constitui o
anexo B ao presente manual:
a. Comando;
b. Área de Operações (OPS);
c. Área de Uniformização e Avaliação (UNAV);
d. Equipas de Detecção e Controlo de Intercepção (EDCI’s);
e. Standby Operational Facility (SOF);
f. Esquadrilha de Instrução (INST) (activada quando necessário);
g. Secção de Apoio e Publicações (APUB).
Sistemas de Suporte à Decisão
D-1
ANEXO D – Funções do CRC
FUNÇÕES CRC
401. Comando. As responsabilidades, competências e funções do Comandante
do CRC são as que resultam da sua condição militar e posição hierárquica que ocupa, além
das de natureza específica que lhe forem atribuídas, verbalmente ou por escrito, através da
cadeia de Comando onde está inserido.
Como Comandante, tem as atribuições gerais de Comando de acordo com o
parágrafo 403 do RFA 305-1 (B), competindo-lhe particularmente:
- Administrar o CRC Monsanto.
- Exercer as competências disciplinares regulamentares.
- Planear as actividades e exercícios do CRC.
- Atribuir tarefas.
- Elaborar directivas.
- Supervisionar e controlar todas as actividades do CRC.
402. Área de Operações. As Operações têm as seguintes funções:
a. Coordenar com o Centro de Informática Operacional as acções necessárias a
corrigir e melhorar a versão de software aprovada;
b. Elaborar e manter actualizados os planos de mobilidade do pessoal para a SOF
Beja;
c. Efectuar a programação da actividade operacional;
d. Garantir a recepção e encaminhamento atempado dos planos de voo, OPTASKs,
NOTAMs, autorizações de sobrevoo e aterragem e demais instruções para as
equipas de detecção e controlo de intercepção;
e. Garantir a elaboração e o encaminhamento dos relatórios apropriados;
f. Proceder ao tratamento informático adequado de todos os indicadores da
actividade operacional e mantê-los actualizados;
Sistemas de Suporte à Decisão
D-2
g. Elaborar, mediante autorização superior, a constituição das equipas de detecção e
controlo de intercepção e promover as alterações necessárias;
h. Manter actualizada e disponível a ordem de batalha inimiga e a lista de países
hostis e potencialmente hostis.
403. Área de Uniformização e Avaliação. A esta Área estão atribuídas as
seguintes funções:
a. Elaborar, analisar e avaliar os programas de treino, instrução e qualificação;
b. Avaliar anualmente a proficiência do pessoal nas vertentes teóricas e práticas;
c. Proceder à qualificação, requalificação e manutenção da qualificação do pessoal;
d. Propor a nomeação de instrutores e avaliadores mediante o desempenho na
função;
e. Administrar programas de uniformização e avaliação de instrução;
f. Estudar os procedimentos operacionais e recomendar acções de uniformização
orientadas para a eficácia, prontidão e segurança;
g. Desenvolver, em coordenação com a Área de Operações, cenários globais e
parciais que satisfaçam os requisitos da instrução, do treino e da qualificação dos
operadores;
h. Operar os cenários de acordo com os requisitos indicados;
i. Controlar os resultados da exploração do simulador;
j. Manter actualizadas as publicações técnicas necessárias ao cumprimento da
missão;
k. Elaborar e encaminhar os relatórios apropriados.
404. Equipas de Detecção e Controlo de Intercepção. A estas equipas
compete:
Sistemas de Suporte à Decisão
D-3
a. Assegurar o eficiente funcionamento da Sala de Operações do CRC;
b. Implementar as directivas aprovadas para funcionamento da Sala de Operações
de acordo com os estados de prontidão em vigor;
c. Registar todas as ocorrências significativas durante o seu período de serviço, em
impresso apropriado, e comunicar os detalhes e sugestões às Áreas.
405. Standby Operational Facility. A organização deste órgão é apresentada
noutro manual. À SOF compete:
a. Assegurar a missão e as competências do CRC em caso de falha deste;
b. Aumentar a capacidade de controlo de intercepção do CRC, funcionando em
“Supplementing Mode”.
406. Esquadrilha de Instrução. Esta Esquadrilha é activada sempre que
decorram actividades de formação ou qualificação e é guarnecida por pessoal a designar,
competindo-lhe:
a. Executar os planos de instrução teórica;
b. Elaborar e encaminhar os relatórios apropriados.
407. Secção de Apoio e Publicações.
a. Receber, registar, arquivar e expedir toda a correspondência referente ao CRC;
b. Controlar todos os documentos classificados distribuídos ao CRC nomeadamente
os que se encontrem à disposição da Sala de Operações;
c. Coordenar todo o processo de obtenção e distribuição do material de expediente.
408. Qualificações. O desempenho de funções em cada posição do CRC implica que cada
militar esteja qualificado para essa posição. As qualificações e as formas de as obter e
manter são assuntos tratados noutro manual.
Sistemas de Suporte à Decisão
E-1
ANEXO E – Tópicos da Entrevista do Comandante CRC
Tópicos da Entrevista ao Senhor Coronel Telmo Reis15
1. Qual o nível de decisão do CRC?
2. Qual a importância e a implicação das decisões tomadas no CRC?
3. Sendo a actividade do CRC contínua como se implementa a continuidade de comando?
4. Que informação necessita para cumprir a missão?
5. Da informação disponível qual deveria ser melhorada no acesso, na forma ou no
conteúdo?
6. Quem necessita de informação no CRC e para quê?
7. No âmbito dos sistemas e considerando a necessidade, disponibilidade e acesso à
informação, que lições foram aprendidas dos TACEVAL executados?
8. Que requisitos deve ter um sistema para poder apoiar a Célula de Comando do CRC no
próximo OPEVAL?
15 O Sr. Cor. Telmo Reis é o comandante do CRC. A entrevista foi realizada no Comando
Operacional da Força Aérea, em Lisboa, no dia 28 de Janeiro de 2009.
Sistemas de Suporte à Decisão
F-1
ANEXO F – Tópicos da Entrevista do Chefe da A6 do COFA
Tópicos da Entrevista ao Senhor Tenente-coronel Chaves16
1. É possível e viável desenvolver e instalar um SSD usando os recursos disponíveis
(humanos, materiais e lógicos) do centro?
2. Esses recursos existem e estão disponíveis, designadamente, computadores, redes,
sistemas operativos adequados e programas de desenvolvimento?
3. Existem recursos humanos com disponibilidade e conhecimento para desenvolver e
manter um sistema SSD complexo?
4. Tal desenvolvimento enquadra-se na missão da A6.2?
16 O Sr. TC Chaves é Chefe da A6.2 (Sistemas de Informação) do COFA. A entrevista foi realizada
no Comando Operacional da Força Aérea, em Lisboa, no dia 14 de Janeiro de 2009, altura em que chefiava
interinamente a A6 (Repartição de Comunicações e Sistemas de Informação).
Sistemas de Suporte à Decisão
G-1
ANEXO G – Requisitos do Sistema para o CRC
Requisitos
Das entrevistas realizadas17 no desenvolvimento deste trabalho e da consulta dos
requisitos do sistema IDS, ressalta a necessidade da criação ou adequação de um sistema,
que ligando todos os utilizadores do CRC, possa permitir o acesso a toda a informação
necessária de forma rápida e coordenada. Esse sistema deverá estar em rede, acessível a
todos os utilizadores do CRC, usável pelos utilizadores do CAOC10, do CMS e da A6.2 e
alargado a outros utilizadores sempre que necessário. Deve também permitir a troca de
dados com a SOF.
O sistema deve permitir a utilização de informação classificada até NATO
SECRETO, com acesso discricionário, ao sistema e às aplicações. Os utilizadores ao
acederem devem ser identificados por grupos de trabalho e devem poder seleccionar
funções (roles). A selecção de roles deve ser autorizada e, em determinados casos,
exclusiva (um só de cada vez).
Para além disso o sistema deve:
• Permitir a inserção, actualização, edição e consulta rápida, de procedimentos e
check list com referências documentais e apontadores, em diferentes locais do
CRC
• Disponibilizar ferramentas que permitam o treino e qualificação dos
utilizadores
• Permitir trabalhar em estado operacional (operação normal) e em exercício
• Permitir a inserção, remoção, edição e actualização de documentação, assim
como a procura e visualização rápida por temas, títulos, conteúdos, referências e
tópicos, por vários utilizadores, ao mesmo tempo e em locais diferentes
• Gerir os recursos humanos disponíveis, a consulta das suas qualificações e a
substituição ou convocação destes
17 Ver Anexos E e F
Sistemas de Suporte à Decisão
G-2
• Consultar e elaborar mapas estatísticos de qualificações, missões realizadas,
efectivos, anomalias, horas de operação e outros dados operacionais e de
pessoal, em todo o CRC e por vários utilizadores, se necessário
• Permitir a elaboração, simulação, edição e visualização de escalas de serviço, de
acordo com os recursos humanos disponíveis e as suas qualificações
• Preencher e consultar relatórios de serviço, de anomalias, de quebra de
segurança e de recursos, de forma automática, dando conhecimento aos
destinatários da sua elaboração; o preenchimento e consulta deve poder ser feito
por vários utilizadores e em diferentes locais em simultâneo
• Permitir o conhecimento do estado dos equipamentos, manutenções preventivas
e estados de alerta
• Permitir a gestão, consulta e envio de correio, de notícias, de eventos e de
avisos por prioridades relativas e intervalos de tempo determinados
• Permitir a visualização da meteorologia, da informação aeronáutica e da ATO
• Permitir a visualização de informação nos monitores individuais ou a sua
projecção em ecrã gigante
Sistemas de Suporte à Decisão
H-1
ANEXO H – Proposta de Interface do Sistema
Interface
A interface dos utilizadores deve ser discricionária, ou seja, deve ser diferenciada
de acordo com as permissões atribuídas aos utilizadores. O modelo deve ser o já descrito
para as interfaces dos SSD e devem seguir seguintes requisitos:
• Conter uma área de informação geral e sempre visível em todas as páginas
(selecções) e para todos os utilizadores
• Existir cabeçalho com os estados de alerta, classificação de segurança, estado
operacional ou de exercício, informação sobre e para o actual utilizador, data e
hora, menu geral de toda a intranet e indicação do caminho percorrido até ao
momento
• Ter um quadro com mensagens importantes para todos os utilizadores,
ordenadas por prioridade (incremental e variável) e visíveis apenas se estiver
entre um período determinado
• Ter um quadro com tarefas comuns a todos os utilizadores, com seja: consulta
de documentos (de acordo com a necessidade de conhecer); consulta de
procedimentos (incêndio, bomba, evacuação); preenchimento e envio de
relatórios de anomalias e de quebra de segurança; consulta e envio de correio;
consulta de notícias
• Haver um local de informação específica para cada área de trabalho (CRC,
CMS, CAOC, A6.2) com informação só necessária aos seus utilizadores e com
um menu que possibilite o encaminhamento para subáreas autorizadas. Para
além disso, deve haver um quadro com informação acessível e sempre visível a
todos os utilizadores da área
• Ter um local de informação específico das subáreas (por exemplo para o CRC
pode ser: comando; Avaliação; Apoio; MC; FA; TPO) com tarefas
seleccionáveis: relatório chefe turno; relatório de recursos; informação
aeronáutica; meteorologia; ATO; Planos de Voo. Deve ser na subárea do
Comando do CRC que deve ser possível seleccionar alguns dos modelos como:
A gestão de projectos; visualização de dados estatísticos respeitantes à operação
Sistemas de Suporte à Decisão
H-2
Recomendações gerais para uma interface
“Os interfaces Homem-computador deverão ser adaptáveis ou flexíveis,
transparentes, extensivos, naturais, auto-explicativos, eficientes, consistentes e tolerantes”
(Reis, 1999: 27). Devem ser explicativos, informando sobre acções imediatas e possíveis,
ter suporte de ajuda, permitir que se volte a trás em determinadas situações e, nas que não
for possível, pedir para confirmar a decisão.
Em (Reis, 1999) refere-se Nielsen (1993) como originador dos seguintes princípios
a seguir na construção de uma interface:
• Diálogos simples
• Usar os termos dos utilizadores
• Utilizar termos e expressões consistentemente
• Permitir escolha de dados por opção (caixa de selecção)
• Informar o utilizador do que está a acontecer
• Marcar de forma clara as saídas e entradas de ecrã
• Possibilitar a utilização de apontadores (shortcuts)
• Utilizar mensagens de erros explicativas
• Documentação e ajuda em linha para acções
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