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INTERVENO DO SERVIO SOCIAL JUNTO FAMLIA DO ALCOOLISTA
NEIDA SILVA CASTRO
RESUMO: O presente artigo tem o objetivo de focalizar a questo do alcoolismo como um dos motivos
de queixa apresentada por familiares atendidos pelo Servio Social, no Servio de Orientao Famlia
(SOF) Aparecida. Evidencia como o Servio Social centra a sua orientao a partir de manifestao da
famlia do alcoolista. A entrevista dialogada serviu para a coleta de informaes do caso analisado.
Torna-se importante discutir alguns aspectos que marcam a expressoalcoolismo na sociedade brasileira, na medida que a mdia publicitria reala
enfaticamente o estmulo ao consumo de bebidas alcolicas.
Nos ltimos 30 anos do sculo XX foram muitas as tentativas cientficas do
entendimento etiolgico do alcoolismo, por meio de pesquisas sobre o metabolismo
(heptico cerebral), e sobre aspectos sociolgicos as mais destacadas. Nessa viso da
sndrome da dependncia do lcool a frase tem problemas porque bebe mais aceitaatualmente do que a antiga bebe porque tem problema(RAMOS, 1997, p. 224).
Entretanto no podemos esquecer os efeitos provocados pelo lcool,
afetando o corpo e a mente do ser humano, pois no apenas um conjunto de ossos,
msculos e pele, mas possui uma mente que o centro das funes vitais.
Milhes de pessoas incapacitadas pelo efeito do lcool enfrentam problemas
devido ao consumo excessivo de bebidas alcolicas, envolvidas em acidentes de
trnsito, situaes diversas de violncia, perda de emprego, conflitos familiares e
outros.
Existem fatores que podem influenciar o adolescente a experimentao de
bebidas alcolicas: o modelo dos adultos; curiosidade e experimentao; presso dos
colegas; prazer, problemas emocionais(FISHMAN, 1988: p. 47-48).
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Em relao a esses fatores FISHMAN coloca que podem influenciar a
entrada do adolescente, por isso importante que a preveno ocorra na famlia, no
relacionamento saudvel entre os pais, assim o adolescente ter grandes chances de
no enveredar pelo caminho das drogas.
O objetivo deste trabalho entender que fatores podem influenciar a
experimentao de bebidas alcolicas? Como o Servio Social dar conta do alcoolismo
como doena da famlia no SOF?
Desse modo, a proposta de estudo que ora apresentamos resulta da
experincia realizada com familiares de alcolatras, moradores no Bairro de Pedreira e
usurio do Servio Social na Igreja Nossa Senhora da Aparecida SOF-Servio de
Orientao Famlia. Meu interesse na abordagem deste tema verificar as causas e
conseqncias que podem levar uma pessoa a se tornar alcoolista, considerando que o
alcoolismo.
1. CONSIDERAES ACERCA DA DOENA DO ALCOOLISMO
Na sociedade brasileira o lcool, parece est perfeitamente integrado a
grande parte dos ambientes e situaes do cotidiano das pessoas, principalmente nos
finais de semana e momentos de lazer, onde se mistura as atividades esportivas,
viagens, trabalho (almoos de negcios) regadas a copiosas doses de usque, cerveja,
caipirinha e outras mais, o alcoolismo considerado uma doena de evoluo crnica
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relaes pessoais e desempenho no trabalho. Pois o alcoolista poder desenvolver
vrios quadros clnicos, como doenas no estmago, intestino, fgado e pncreas,
sintomas esses que iro comprometer a disposio para viver e trabalhar. Essa
indisposio prejudica o relacionamento com a famlia e diminui a produtividade,
podendo levar desagregao familiar e at ao desemprego asmedidas de Poltica
Social, discriminando as populaes alvo por critrios de idade ou de normalidade /
anormalidade, transformaram esses mesmos grupos em anormais, em fracassados,
em desaptados (FALEIROS, 2001. p 63).
A ideologia da normalidade pressupe que o indivduo possa trabalhar,
produzir, para poder normalmente, com o salrio obtido, satisfazer as suas
necessidades de subsistncia e as de sua famlia. E quando no consegue, com sua
renda, obter essa vida normal, discriminado, inclusive pelas polticas sociais,
repassando ao indivduo o seu fracasso atravs da excluso.
Desde que Magnus Huss conceituou alcoolismo como doena, os
cientistas buscam formas eficazes de trat-las (apud RAMOS, 1997 p. 199). As formas
de tratamento do alcoolismo so as mais diversas, desde a internao em clnicas
especializadas em desintoxicao, como a terapia de grupo como AA Alcolicos
Annimos formada por ex-alcoolistas.
Nesse aspecto da preveno, a Igreja Adventista do Stimo Dia, tambm
realiza expressivo trabalho com esse pblico alcoolista por meio de uma rede de
aproximadamente, 200 escolas de recuperao de alcolicos e fumantes. A maioria
destas escolas est concentrada no Estado de So Paulo, onde o trabalho teve incio,
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em outubro de 1958. A idia partiu do Dr. Ajax Walter Silveira mdico de renome
internacional por sua dedicao recuperao de viciados, e posteriormente, com o
apoio dos Drs. Benedito Reis, Geraldo Leitzke, Gideon de Oliveira e outros. (SILVEIRA,
1997. p. 23)
O objetivo da criao dessas escolas foi, prioritariamente, combater o
alcoolismo e o tabagismo os quais segundo afirma Dr. Ajax Silveira, so, assim, a porta
de entrada para outras toxicomanias, pois estudos tm demonstrado que quase a
totalidade dos viciados em drogas experimentam antes o lcool e o fumo. Os
alcoolistas so pessoas que necessitam de lcool numa sociedade que estimula o seu
consumo(RAMOS, 1997: p. 222).
Sendo o lcool, uma droga legalizada, consumido e comercializado
livremente em nossa sociedade, quer seja em casa, entre amigos e reunio social,
permeia a lgica de ser agradvel incluir o lcool para animaras pessoas, a bebida
alcolica estimulaa diverso e prazer.
Entretanto, trata-se de um vis cultural que identifica o lcool
equivocadamente, pois a maioria dos prazeres e alegrias parece ser usufrudo de
forma mais intensa, sem os efeitos do lcool.
Cerca de 15% da populao brasileira alcolatra, de acordo com o
levantamento realizado pelo grupo interdisciplinar de Estudos de lcool e Drogas
(GREC), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clnicas, em So Paulo.
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Este dado preocupante, dada a possibilidade de crescimento de alcoolistas
e os problemas decorrentes do uso de lcool. Alm de outros dados que merecem ser
apresentados e discutidos relacionados ao alcoolismo:
no Brasil 45% dos jovens entre 13 e 19 anos envolvidos em acidentes,
haviam ingerido bebida alcolica;
os motoristas alcoolizados so responsveis por 65% dos acidentes
fatais em So Paulo;
o alcoolismo a terceira doena que mais mata no mundo;
o abuso do lcool causa 350 doenas fsicas e psquicas;
no Brasil, 90% das internaes em hospitais psiquitricos por
dependncia de drogas, acontecem devido ao lcool;
em geral, o fgado leva uma hora para processar 30 gramas de lcool.
(aproximadamente uma lata de cerveja);
um, entre dez usurios de lcool, se torna dependente da droga;
o uso de lcool aumenta as chances da pessoa ter comportamento de
risco para a AIDS, (transar sem camisinha);
o lcool a droga que mais detona o corpo (tanto como cocana e crack),
a que mais faz vtimas e a mais consumida entre os jovens no Brasil
(alcoolismo, 2001).
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Como percebemos pelos dados apresentados, o alcoolismo uma
doena caracterizada por 4 fases:
Fase Social, sem dependncia fsica, apenas dependncia emocional.
Inicia-se na primeira vez que se bebe lembrando-se que dois fatores so fundamentais:
predisposio orgnica e benefcios, do contrrio a doena no se desenvolve.
Fase Social, sem dependncia fsica e emocional, o organismo modifica-se:
tem-se a tolerncia aumentada, bebe-se mais que na fase social, no h problemas em
conseqncia na ingesto de lcool.
Fase problemtica com dependncia fsica e emocional, nesta fase o
indivduo bebe mais, apresenta muitos problemas emocionais, ressacas constantes,
problemas em decorrncia de bebida, problemas familiares; problemas de
relacionamento. H o incio da sndrome da abstinncia, comeam as paradas
estratgicas, pode haver internaes. H boas expectativas de recuperao fsica, h
muitas perdas.
Fase problemtica, com dependncia fsica e emocional, o indivduo Bebe-
se muito pouco, menos que na fase 1, inicia-se a atrofia do crebro. Pode ter delrios,
mos trmulas por perodos excessivamente longos. Problemas fsicos e emocionais
extremos pode-se ter esquizofrenia, muitas vezes confunde-se com PMB (Psicose
Manaca Depressiva). H poucas expectativas de recuperao fsica, perdas extremas.
(alcoolismo, 2001)
A ingesto de lcool como vimos, comprovada em pesquisas e estudos, se
utilizado com freqncia e em grande quantidade vai comprometer de forma perigosa o
organismo do ser humano, levando at mesmo a desenvolver vrias doenas.
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O alcoolista ao mesmo tempo em que marginalizado pela sociedade,
contraditoriamente, estimulado a potencializar o consumo de lcool, com implicaes
srias no descontrole emocional, muitas vezes com perda de emprego, de amigos e
desagregao familiar.
De posse de algumas informaes sobre o alcoolismo, percebo cada vez
mais est aumentando a quantidade de alcoolistas no Brasil, principalmente jovens
entre 13 e 19 anos, conforme pesquisa realizada nas principais capitais do pas, o
alcoolismo um problema muito srio que precisa ser revisto pelo governo e sociedade.
2. ALCOOLISMO: UMA DOENA FAMILIAR
A dependncia qumica se caracteriza por ser uma doena familiar: no
somente o dependente sofre, mas todas as pessoas a ele chegadas. Dificilmente, deixa
de ocorrer, repercusses do comportamento do alcoolista nos familiares mais
prximos, constituindo-se uma verdadeira doena emocional.
a dependncia qumica pode ser um transtorno do controle do impulso, diz Dartin, doPROAD, do que se sabe, este transtorno est relacionado alterao do comportamentode duas substncias cerebrais: a dopamina, ligada s sensaes de prazer e a sertominaque regula as emoes. As drogas modificariam o funcionamento e a quantidade dessas
substncias no crebro (VOMERO, 2001: p 52)
Nessa circunstncia o alcoolista no se d conta de que seu hbito vai se
ajustando a sua condio de dependente. As relaes de amizade tambm se
modificam e com o passar dos anos, o alcoolista vai selecionando, para o seu convvio
amigos tambm dependentes.
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Dificilmente encontramos algum que no tenha um parente alcoolista na
famlia provocador de sofrimentos freqentes nos familiares, os quais reclamam do
nervosismo, preocupao e insegurana advindo geralmente do comportamento do
dependente qumico.
Diante desses motivos a famlia juntamente com o alcoolista, precisam de
tratamento, pois a qualidade de vida familiar que est em jogo. O tratamento
controlado permite o alcoolista ter maiores possibilidades de reencontrar a alegria de
conviver com lucidez em ambiente familiar e no trabalho.
o que se designa atualmente como famlia, a famlia chamada nuclear, ou conjugal,formada pelo par andrgino e seus filhos, se buscarmos na histria os vrios tipos grupaisque j receberam essa designao, vemos que ela se aplica basicamente ao grupoconsangneo, originado da aliana entre homem e mulher, o que tem variado a extensodo grupo. Podendo abranger mais de duas geraes, agregar membros sem vnculo desangue, ser monogmica ou poligmica, tem variado tambm as funes do crculo familiar ea estrutura da relao de parentesco (CUNHA, 1985: p: 9).
Sabemos que o ser humano ao nascer, e durante um perodo de tempo,
necessita de dedicao, ateno e cuidado afetivo para crescer em condies
saudveis. A criana bem apoiada pelos pais ter grandes chances de no enveredar
pelo caminho das drogas.
Entretanto necessrio que os pais, fiquem atentos no crescimento dos
filhos, procurando saber quem so seus amigos, se assduo na escola quais
atividades realiza fora do ambiente familiar. A participao, sem dvida fortalece a
relao entre pais e filhos.
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O alerta sobre o perigo da droga na adolescncia tem sido objeto de
discusso.
O perigo maior na fase da adolescncia, o perodo problema, uma fase
da vida em que a criana que est comeando a se tornar adulta est passando por
uma srie de transformaes que a torna, muitas vezes, um ser incompreendido
principalmente, na famlia. Nesta fase da vida o desenvolvimento biolgico, incluindo
aspectos fsicos no tm acompanhamento psicolgico, ou seja, o adolescente tem
corpo de adulto, mas, ainda imaturo. considera-se criana, para os efeitos desta lei,
a pessoa at doze anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre doze e
dezoito anos (ECA, artigo 2 , 1990, p 5).
De maneira geral o adolescente possui um sentimento de onipotncia, para
ele tudo possvel, permitido, gosta de esportes perigosos e tudo que representa risco,
alm de gostar de desafiar as autoridades dos pais, avs, e professores. justamente
nesta fase que o adolescente poder experimentar drogas. existem fatores que podem
influenciar a experimentao de bebidas, alcolicas: o modelo dos adultos; curiosidade
e experimentao; presso dos colegas; prazer; problemas emocionais. (FISHMAN,
1988, p: 47-48).
Em relao ao entendimento FISHMAN sobre os fatores que podem
influenciar a experimentao de bebidas alcolicas, vemos a importncia de aprofundar
essa compreenso, pautada nos cinco itens destacados pelo autor como o modelo dos
adultos; curiosidade e experimentao; presso dos colegas; prazer e problemas
emocionais.
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- Modelo dos adultos: como os adolescentes querem ser adultos, eles imitam
os mais velhos e do especial ateno s formas pelas quais eles obtm prazeres, que
lhes parecem mais intensos, do que os jogos e brincadeiras das crianas. O prazer dos
adultos mais pesado e inclui sexo e bebidas proibidas s crianas. Por isso os
adolescentes so inclinados a imitar os adultos, os pais e outros parentes. comum
um adolescente dizer que comeou a beber porque viu que isso era um hbito de
algum que ele admira.
- Curiosidade e Experimentao: as crianas, em geral, vem as bebidas
alcolicas sendo consumidas pelos adultos em eventos sociais ou festas familiares.
Muitos adolescentes sentem curiosidade de experimentar o sabor da bebida, alm de
experimentar o sabor, os adolescentes so curiosos e querem explorar os efeitos da
bebida e saber como estar embriagado ou intoxicado.
- Presso dos colegas: todos os grupos humanos so suscetveis a presso
social, que determina os padres de comportamento de seus membros. Mas, os
adolescentes formam grupos especialmente suscetveis a esse tipo de presso. Para
muitos garotos e garotas seguir a modapode ser uma necessidade, assim como gostar
de certos tipos de msica ou mesmo de uma comida preferida. Nesse estgio os
adolescentes se encontram psicologicamente imaturos para exercer o senso crtico e
capacidade de julgamento, absorvendo influncias externas sem refletir sobre elas. Se
beber est na moda entre determinado grupo de adolescente, poucos adolescentes
provavelmente, sero dotados de segurana e senso crtico suficiente para recusar a
bebida alcolica.
- Prazer: a crena de que uma reunio social possa no ser agradvel sem
que inclua consumo de lcool comum na nossa sociedade. Muitos adolescentes
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acham que beber os estimulapara a diverso e para o namoro, isto , para os prazeres
da vida.
- Problemas Emocionais: um dos efeitos imediatos do lcool o
tranqilizante, causador de euforia e bem-estar. Um adolescente que esteja
enfrentando momentos de tenso, nervosismo e conflitos com a famlia ou com amigos
pode entregar-se ao lcool para suprimir temporariamente a depresso, a ansiedade e
os sentimentos de medo.
Percebemos atravs destes cinco fatores tratados por FISHMAN (1988)
como um referencial de alerta para a famlia e adolescente, a preveno de bebidas
alcolicas dever acontecer na famlia, no relacionamento saudvel entre os pais,
baseado no amor e compreenso, na aceitao e na expectativa dos pais em relao
aos seus filhos e dos filhos em relao a sua prpria vida.
3. O SERVIO SOCIAL JUNTO FAMLIA DO ALCOOLISTA NO SOF
O Servio Social da Igreja de Nossa Senhora de Aparecida localizada na Av.
Pedro Miranda n 1566, no bairro da Pedreira, atravs do Servio de Orientao
Famlia-SOF vem sendo procurado por familiares os quais apresentam queixas
relacionada ao alcoolismo de pessoas na famlia, cujas conseqncias so as mais
diversas , como agresso verbal, fsica e psicolgica.
Conforme levantamento que realizamos nas fichas de pessoas atendidas
relacionadas ao alcoolismo pelo Servio Social nos anos de 2000 e 2001 (at o ms de
setembro) foi de 40 casos.
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Quando os familiares, geralmente as esposas de alcoolistas procuram o
SOF para obter ajuda, esto completamente transtornados, e na maioria dos casos o
alcoolista o chefe de famlia. O SOF em resposta a essa problemtica orienta os
familiares no sentido de amenizar o relacionamento familiar, enfraquecido pela questo
alcolica.
O SOF como um processo extensionista conjuga trs eixos bsicos: Servio,
Formao Profissional e Produtos Acadmicos. Vamos tentar situar o SOF por tais
parmetros. O primeiro deles sua condio de servio, atendendo questes de
conflito familiar; o segundo um campo de estgio, podendo incluir alunos em sistema
extracurricular e o terceiro o Servio um meio para que se construa produtos
acadmicos, permitindo elaborar dados e textos referentes :
aspectos antropolgicos que permeiam situao de conflito no contexto
familiar;
aspectos concernentes a questo da habitao e conflitos familiares;
reconfigurao do papel do idoso no contexto da famlia;
processos e tcnicas de entrevista.
Existem atualmente trs frentes de ao: ETAJJ (Escritrio Tcnico de
Assistncia Jurdica e Judiciria; CLIFA (Clnica de Fonoaudiologia) e Igreja Nossa
Senhora Aparecida. H um cronograma de atividades a ser seguido pelos discentes. O
programa ISSO um detalhe importante, toda extenso conta com professores e no
com tcnico fixo. A ao do professor de natureza pedaggica, sobretudo centrando
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ateno nos produtos acadmicos, possivelmente haja atividades extensionistas
descaracterizadas, centradas somente no Servio. Entretanto, o SOF no pretende
enveredar por esse desvio.
Os objetivos do SOF so prestar atendimento famlia em situao de
conflito como meio bsico para obter conhecimentos sobre famlia e construir produtos
acadmicos elegidos pela universidade.
O SOF um servio e pode ser demandado, como a CLIFA-Clinica de
Fonoaudiologia e o ETAJJ - Escritrio Tcnico de Assistncia Jurdica e Judiciria.
Trata-se de uma parceria entre o Laboratrio de Servio Social e as respectivas Clnica
e Escritrios. Nesse contexto o SOF funciona como uma atividade meio e apoio
disponibilizado a quem dele necessitar.
A clientela alvo do SOF varia de conformidade com o setor vinculado. No
ETAJJ as situaes apresentadas so de conflito de natureza civil ou criminal; na
CLIFA so relacionados negligncia com atendimento das crianas e/ou
adolescncia. Na Aparecida atende todas as situaes de conflito encaminhadas pela
Pastoral.
O instrumental tcnico utilizado no ETAJJ e na CLIFA so principalmente, a
entrevista dialogada, tcnicas de reflexo a partir do contedo veiculado pelas pessoas
sob atendimento. Na Aparecida so trabalhados encontros com responsveis de
adolescentes e grupos de idosos, nesse particular outros instrumentos e tcnicas de
experincias, de dinmica de grupo, recursos audiovisuais e visitas domiciliares.
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A funo do professor orientador no ETAJJ civil e no ETAJJ criminal
discutir situaes em funo dos produtos acadmicos, como auxiliar os estagirios a
obterem maior rendimento tcnico acadmico a partir das experincias. Nas quartas-
feiras s 18 h acontece o encontro de todos os estagirios do SOF para estudo de
temticas pertinentes ao trabalho, tendo com eixo a famlia e os produtos acadmicos.
O atendimento no Servio Orientao a Famlia-SOF supervisionado e
realizado por estagirios de Servio Social e Psicologia, as teras, quartas e sextas
feira, nos horrios da tarde e noite. Os procedimentos tcnicos do Servio de
Orientao Famlia-SOF no atendimento aos familiares, no primeiro momento,
apenas para ouvir as queixas do familiar. Em seguida fazemos alguns questionamentos
e as respostas do queixoso so registradas constando nome, idade, endereo telefone
e ocupao alm do motivo da queixa apresentada.
No atendimento que realizamos, utilizamos alguns procedimentos e tcnicas,
com meio de nos ajudar na obteno de informaes junto aos usurios como a
observao, entrevista, dilogo, abordagem e debates.
Por ocasio dos atendimentos refletimos em conjunto com o familiar, sobre
os aspectos de vida do alcoolista, seu relacionamento no trabalho e dentro de casa,
alterados devido questo alcolica. Importante evidenciar por causa desta
problemtica o indivduo pode ser excludo da sociedade, caso fique desempregado e
com dificuldades de produzir; o lar deixa de ser um refgio, o alcoolista prefere utilizar a
bebida como meio para fugir da realidade. Na condio de alcoolista, alguns
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consideram-se mais predispostosa realizar aes as quais no fariam em condies
sbria.
Os encaminhamentos realizados pelo Servio Social, caso o alcoolista aceite
o tratamento so direcionados aos Alcolicos Annimos-AA, irmandade formada por ex
alcoolistas; o AL- ANON (lcool Annimo), grupo de ajuda formada por familiares de
alcoolistas, onde discutem seus problemas entre si e tentam se ajudar mutuamente.
Esses grupos podem ser procurados tambm na igreja Nossa Senhora Aparecida, em
reunies realizadas semanalmente, as teras-feiras, no horrio s 20 h.
Dependendo tambm de cada caso, o Servio Social encaminha os
familiares para serem acompanhados por psiclogos, que prestam servio voluntrio
na Igreja Nossa Senhora Aparecida.
Os acompanhamentos dos cursos so feitos diariamente pelos estagirios
do Servio de Orientao Famlia-SOF, assim como, o atendimento a quem procura,
para desabafar e informar a situao de seu familiar. O alcoolista, geralmente resiste
em procurar diretamente ajuda, a qual feita por familiar.
E com esse entendimento, que, no contexto deste estudo, analisamos a
situao de um caso de uma famlia, que possui alcoolista e recebeu orientao do
profissional de Servio Social no SOF Aparecida.
Na poca da realizao das entrevistas em agosto/setembro/(2001), caso
de (RM) chamou a minha ateno por ter sido a famlia do alcoolista (RM) que procurou
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Sim, ele j fez parte da AA- Alcolicos Annimos de 1996 a 1998. Foi uma tima fase,
pois naqueles momentos ramos felizes com o pai se ajudando e melhorando a relao
familiar (Entrevistada L e filhos).
O que aconteceu com (RM) no AA-Alcolicos Annimos.Depois que ele saiu no voltou na AA Alcolicos Annimos freqento o ALANON
Associao dos familiares de alcolatras, participo de reunies as teras feiras, tento
incentivar RM voltar para a AA, mas at agora, ele ainda no quis voltar (Entrevistada L).
Percebemos por meio da entrevista dialogada que estabelecemos com (L) a
esposa de (RM) o papel explcito da me na educao do filho, confirmando as
colocaes de FISCHMAN (1998) sobre os fatores que podem influenciar a
experimentao de bebidas alcolicas. Neste caso, identificamos os fatores
relacionados diretamente com o modelo dos adultos, porque quando RM era criana
viu algum que ele admirava, a prpria me, consumindo lcool.
Relacionado com outro fator, provavelmente a curiosidade de experimentaro
sabor da bebida que aps algum tempo ele no pode mais controlar.
O desejo de ter possudo uma famlia constituda de pai e me, frustrou a
sua aspirao de criana e adolescente, refletindo, provavelmente, no seu
comportamento de adulto no relacionamento com os familiares (esposa e filhos).
E como (RM) abandonou o tratamento de desintoxicao no AA, retornou as
agresses fsicas com os familiares, contribuindo para o clima de difcil relacionamento.
O desdobramento deste caso foi conduzido pelo ETAJJ em virtude do respaldo jurdico
que oferece para os usurios.
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Consideramos que o SOF constitui-se um espao privilegiado ao exerccio
da prtica profissional, do assistente social, devido permitir aproximao com as
famlias, entender o que se passa com elas e no compromisso tico de buscar
alternativas de soluo junto a rede de servios sociais locais.
Temos, tambm, neste estudo de caso no depoimento de (L) o
conhecimento do alcoolismo como doena, evidenciando que o alcoolista, no um
indivduo isolado, j que est inserido numa realidade social, econmica, cultural e
familiar.
Conforme VECCHIA (1999) os familiares de alcoolistas vivem geralmente
uma contradio, quando se deparam com este problema, pois, querem auxiliar o
alcoolista, mas no sabem como, e muitas vezes, reproduzem o estigma que a
sociedade lhe impinge. E assim, h uma tripla estigmatizao: o alcoolista pela
sociedade, da famlia do alcoolista pela sociedade e do alcoolista pela sua prpria
famlia.
Sendo assim, a famlia emerge como uma representao reprodutora e
estigmatizante da doena do alcoolismo.
Ao mesmo tempo em que o alcoolismo considerado uma doena da
famlia, por envolver o bem estar dos familiares, afetado emocional e fisicamente.
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Com o propsito de dar um apoio a estes familiares o Servio Social, no
SOF tem a responsabilidade de prestar orientao e encaminhamento, utilizando a
rede de servios.
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CONSIDERAES FINAIS
Vimos neste estudo, que o alcoolismo considerado uma forma de privao,
devido em parte, a influncia que o alcoolista recebe da famlia e da sociedade para
continuar nessa condio, ocasionando conseqncias, como transtornos fsicos,
emocionais, psicolgicos, que iro afetar o alcoolista e seus familiares.
O SOF Servio de Orientao Famlia o espao onde os membros da
famlia encontram oportunidades de receber ajuda e orientao para tratamento e
recuperao de seu alcoolista.
Verificamos na experincia/prtica o que nos ensinou a teoria apreendida no
Curso de Servio Social em FISHMAN sobre a orientao da famlia que a criana e o
adolescente tem menor possibilidade de dissabores no futuro. O papel da famlia
relevante na preveno, tratamento e recuperao do alcoolista com motivaes para
solues e equilbrio no relacionamento da famlia.
No caso objeto de anlise deste estudo observamos que h uma tendncia a
conceituar a famlia a partir da meno dos papis desempenhados pelos seus
membros. A famlia o grupo social responsvel pela pessoa como cidado, embora
seja constituda pela famlia monoparental, com chefia feminina, no caso estudado.
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A convivncia do alcoolista, quando criana com pais alcoolistas em
ambiente permissivo, facilitador e motivador ao consumo de lcool contribuiu para os
filhos tornarem-se um alcoolista no futuro.
Consideramos o alcoolismo uma doena da famlia, sob dois aspectos:
primeiro, porque o adolescente recebe incentivo na prpria famlia, no exemplo de pais
e outros parentes e segundo, devido o contgio que o alcoolista repassa para sua
famlia na forma de conflitos.
Neste sentido, acreditamos que conseguimos entender os motivos que
levam as pessoas a experimentao do lcool e como o Servio Social no SOF
intervm com a questo do alcoolismo em famlia, merecendo ser percebido como tal
pelo prprio indivduo (includo na sociedade), especialmente da preveno e
tratamento.
Melhor seria se as pessoas no fossem estimuladas ao consumo de lcool,
certamente seramos uma sociedade sbria, justa e humana.
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