Invocação a Calíope

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Invocação a Calíope1

Agora tu, Calíope, me ensina

O que contou ao Rei o ilustre Gama:

Inspira imortal canto e voz divina

Neste peito mortal, que tanto te ama.

Assim o claro inventor da Medicina,

De quem Orfeu pariste, ó linda Dama,

Nunca por Dafne, Clície ou Leucotoe,

Te negue o amor devido, como soe.

2

Põe tu, Ninfa, em efeito meu desejo,

Como merece a gente Lusitana;

Que veja e saiba o mundo que do Tejo

O licor de Aganipe corre e mana.

Deixa as flores de Pindo, que já vejo

Banhar-me Apolo na água soberana;

Senão direi que tens algum receio,

Que se escureça o teu querido Orfeio.

Camões formula o seu pedido a Calíope, para que lhe ensine o que Vasco da Gama contou ao Rei de Melinde e lhe inspire um canto imortal.

Camões pede a Calíope que atenda o seu desejo para que o mundo saiba que as águas do Tejo são tão inspiradores quanto as águas da fonte de Aganipe.

Camões manifesta o desejo de que Apolo, por causa das ninfas Dafne, Clície e Leucotoe nunca deixe de amar Calíope.

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