Jornal Fraterno 64 (Páginas Centrais)

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6 PÁGINA 07É UMA BOA SAÍDA?O

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escritor português CamiloCastelo Branco suicidou-se em 1890. O melhor ami-

go dele, em 1906, secretamentequeria também acabar com a pró-pria vida. O médium lisboeta Fer-nando De Lacerda psicografouuma mensagem do Espírito de Ca-milo em 28/10/1906 e foi instruídopelo comunicante que entregasse amensagem à Silva Pinto antes quefosse tarde demais. A mensagemoriginal foi condensada e reescritacomo o texto a seguir:

“A tua amizade, a tua saudade, atua lembrança são elos que ainda meprendem ao mundo. São dos poucosque me recordam raros momentos

O

de felicidade na Terra, se na Terrahá coisa que se possa chamarfelicidade.A minha vida depois damorte (que estranha heresia te pare-cerá isto!) tem sido a coroação da

vida de sofrimento e demartírio que levei nessemundo de lama e pus!

“Com a minha passa-gem consegui a certeza datorturante expectativa quedominou toda a minhaexistência aí: haveriaDeus? Existiria a alma?

Sofri ou continuei a sofrer tanto e tãointensa, tão condensadamenteque,conquanto não pudesse duvidar dapersistência da vida, cheguei a des-crer da existência de Deus.

“Fatos que não são oportunosnarrar agora me trouxeram a conso-ladora certeza de que Ele existia, ede que não desconhecia a minhatorturada existência daí e daqui; eentão, meu velho, meu querido ami-go, alma gêmea da minha na amar-gura, tive a certeza de que a vida naTerra seria a antecâmara da felici-

Espírito e médium evitaram que um amigo revoltado se matasseEspírito e médium evitaram que um amigo revoltado se matasseEspírito e médium evitaram que um amigo revoltado se matasseEspírito e médium evitaram que um amigo revoltado se matasseEspírito e médium evitaram que um amigo revoltado se matasse

O escritor português Camilo Castelo Branco (1825-1890)

O escritor português António José Da Silva Pinto (1848-1911)

dade se soubéssemos apro-veitá-la.

“Medita, Silva Pinto,medita!Pensa que as tuas do-res te hão de servir para maisalguma coisa de melhor do quepara atravessares a vida a mal-dizê-las!Qual é a natureza dascoisas na Terra?É a que ve-mos? É a que nos parece?Não.É a que é. Sabes tu melhor doque ninguém que eu aí jamaispensei assim.

“E, por mor desgraça, não

tive nunca boca amiga quetivesse autoridade no con-selho para me obrigar àreflexão desapaixonadasobre as causas e as coi-sas. Quando muito, sentia-me envolvido na piedade eno dó; e esses sentimentosalheios irritavam-me, feri-am o meu orgulho... Orgu-lho! Causa suprema domeu, do teu, do mal detodos!Primacial origem daminha vida de mártir aí edo martírio da minha vidaaqui. Fonte de todas asdores; início de todas asmaldades; causal de todosos desesperos!

“Meu amigo, meu ir-mão, meu doce e carinhosoirmão: a experiência que tensdas coisas que te cercam,estranhamente exagerada,deve servir só para te des-prenderes delas.Deves libraro teu espírito ao alto; terásassombro de ti próprio porteres chegado a indignar-tecom as coisas necessáriasque não compreendes!

“Por amor de mim liberta-te dasideias grosseiras que a vida da maté-ria te pôde incutir no cérebro privile-giado, e deixa que a santa filosofia dosteus cabelos brancos possa ver semazedume, sem rancor, as misériasdos teus irmãos, e antegozarás amaravilha esplendorosa da Criação!

“Pensa! Reflete! Experimenta!Pega em uma planta e dispõe-na emum vaso de terra limpa, lavada, odo-rífera, e essa planta, se chegar alançar raízes, definhará e em brevemorrerá. Dispõe planta igual em vasode terra com húmus e ela crescerá,elevando os seus ramos para o céu namanifestação de uma vida feliz, e delanascerão flores de beleza rara, deaveludado inigualável, e de viço exu-berante. Que grande lição te dá Deusna vida dessas duas plantas! Medita!Deixa que a luz do teu talento iluminea tua razão!

“Desvies a tua vista cansada,quase gasta, quase a desaparecer, domarnel das paixões terrenas e a ele-ves ao alto, onde reside Deus, aBondade e o Belo!Havia um senti-mento no mundo que poderia teriluminado a negrura de minha vida; -era a religião de Cristo; - mas esse

sentimento erafacilmente su-plantado peladúvida tortu-rante da minhavida amargura-da e pelo orgu-lho desmesura-do de todo omeu ser revol-toso.

“O meumal foi não tertido nunca a fe-licidade de vera vida por esteprisma! Quan-do a vi assimera tarde; e en-tão o sofrimen-to intraduzívelpelo tempo per-

dido e pelomal feito; eentão o pa-vor de umavida que nemnos teus mo-mentos maisesmagantesterás podidosonhar!

“A resig-nação emuns é o des-prezo pelos outros; em outros éa piedade pelas faltas alheias.Tu não és um resignado. Nuncao foste. Tens piedade, mas apiedade ainda não te levou àresignação! Sê benévolo, sê pi-edoso, e terás atingido aí umaculminância que te permitirá nahora extrema da passagem desferirum voo para a felicidade.

“Sabes que os gran-des pássaros, os condo-res, por exemplo, preci-sam subir a eminênciaspara poderem voarmelhor.Tu és um condorde bondade e detalento.Não fiques, nãopersistas na planície lama-centa da vida mesquinha e material,porque, meu querido, meu queridís-simo amigo dileto, na hora da despe-dida, colhido de surpresa pela rajadada morte que o Criador mandar parate fazer mudar de pouso, não terástempo de formar voo para te alçaresao espaço largo e luminoso.

“Eficarás, como eu, por sabeDeus quanto tempo, no convíviodas corujas e das gralhas. A emi-nência a que tens que elevar-te é abondade purificada pelo sofrimen-to, que a linguagem humana clas-sifica de resignação. Educa o teuespírito de revolta. Se for necessá-rio, a tua razão que o iluda, transi-gindo, convencendo-o que é pordesprezo que abandonará o ran-cor, a fermentação do ódio, que sóconduz ao desespero.

“Procura convencer-te de que é

tudo tão mau que não merece aconsideração da revolta de um justoe um bom como és; e, insensivel-mente, sem dares por isso, terásadquirido a incomparável felicidadede conhecer que os maus não sãotão maus como supões; que sãomais desgraçados do que maus, emais dignos de lástima que de ran-

cor; que o mal é um bem necessário;que a justiça divina, escrevendodireito por linhas tortas, como aosnossos olhos se afigura, é de umagrandeza e de uma impecabilida-de sem limite, e de que a piedadee o perdão são as únicas coisasque aproximam o homem da Di-vindade!”

Silva Pinto não se suicidou eainda abandonou o materialis-mo, ao reconhecer seu amigona outra vida e seu zelo paracom ele, cuja prova de sobrevi-vência estava no estilo, na cali-grafia e na assinatura das men-sagens psicografadas por Fer-nando De Lacerda.

Para saber mais:

LACERDA, Fernando De. Do país da

luz. Rio de Janeiro: FEB, 1984. Volume 1.

“Os Espíritos Amigos sempre mostram disposição de nos auxiliar, mas é preciso que, pelo menos, lhes ofereçamosuma base. Muitos ficam na expectativa do socorro do Alto, mas não querem nada com o esforço de renovação;querem que os Espíritos se intrometam na sua vida e resolvam seus problemas. Ora, nem Jesus Cristo, quando veioà Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém. Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamospalmilhar por nós mesmos.” (O Evangelho de Chico Xavier, de Carlos Baccelli, editora Didier, lançado em 2000)

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Afamília Fox

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