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METODOLOGIA PARA MENSURAR O IMPACTO DA INOVAÇÃO
NAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS
Carolina Juliana Lindbergh Farias1
Cézar Augusto Lins de Andrade2
Cátia Fernanda Lima Santos Freitas 3
Jameson da Silva Gonçalves Junior4
Resumo
O presente artigo tem como objetivo mostrar a metodologia aplicada na incubadora de
empresas de base tecnológica utilizada para mensurar as atividades de inovação. O propósito
desse trabalho é disseminar a informação obtida, encontrada através da aplicação de uma
metodologia própria, ao utilizar diferentes variáveis para mensurar a inovação nas micro e
pequenas empresas da realidade brasileira. O estudo está fundamentado em um referencial
teórico que apresenta informações sobre metodologias aplicadas atualmente nas micro e
pequenas empresas, para mensurar atividades ligadas à inovação, entre elas destacam-se: o
Radar da Inovação e o MAPEL. Essas duas ferramentas foram utilizadas para avaliar o grau
de inovação das micro e pequenas empresas, sendo observado a necessidade de implementar
uma nova metodologia que apresente indicadores direcionados para empresas nascentes. Este
presente estudo foi desenvolvido em uma incubadora de empresas de base tecnológica do
Estado de Pernambuco, considerando no ambiente incubado as zonas da inovação, bem como
o papel das incubadoras de empresas de base tecnológica no fomento ao empreendedorismo.
A pesquisa foi desenvolvida com base nos padrões do Manual de Oslo somada à abordagem
de Schumpeter. A preocupação com o crescimento das empresas incubadas no quesito de
inovação e a necessidade de indicadores direcionados especificamente para pequenos
empreendimentos inovadores, deram inicio às atividades de pesquisa sobre as metodologias
aplicadas e ao desenvolvimento de um método próprio para analisar o grau da inovação
nessas empresas, denominado de Termômetro da Inovação. Os resultados encontrados
demonstram com clareza que a metodologia denominada termômetro da inovação tem uma
melhor aplicabilidade, direcionamento e mensuração do grau de inovação às micro e pequenas
empresas, exercendo assim um maior grau de confiabilidade para indicar os resultados finais
das atividades de inovação nas organizações.
Palavras-chave: Inovação, incubadora, mensuração da inovação.
1 Bacharel em Administração, mestranda em Administração e Desenvolvimento Rural (PADR/UFRPE).
Endereço: Rua Alagoinha,438, CEP: 53439-300 - Paulista/PE, Telefone: (81) 9748.1774, e-mail:
carolinajlf@yahoo.com.br 2 Bacharel em Ciências Econômicas (UFRPE), mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural –
PADR/UFRPE. Endereço: Rua Murilo Braga, 08, Sucupira, CEP:54410-4 60 Jaboatão dos Guararapes – PE.
Telefone:(81) 9330-5921, e-mail: cezardeandrade@gmail.com 3Bacharel em Administração, pós graduada em psicologia organizacional. Endereço: Av. Presidente Kennedy,
7454, aptº 201, Ed. Caraveli, Candeias – Jaboatão dos Guararapes – CEP: 54.440-480. Telefone: (81) 8120.0962,
e-mail: catia.itep@gmail.com. 4 Graduando em Administração (UFRPE). Endereço: Rua Leandro Barreto, 355, bloco 23, apt. 04, Jardim São
Paulo, CEP: 50790-000 - Recife/PE. Telefone: (81) 3039-1966, e-mail: jamesonjr@hotmail.com
METHODOLOGY FOR MEASURE THE IMPACT OF INNOVATION
IN BUSINESS ACTIVITIES
Carolina Juliana Lindbergh Farias
Cézar Augusto Lins de Andrade
Cátia Fernanda Lima Santos Freitas
Jameson da Silva Gonçalves Junior
Abstract
This article aims to show the methodology applied in the business incubator based technology
to measure innovation activities. The purpose of this paper is to disseminate the information
obtained, found through the application of a methodology, using different variables to
measure innovation in micro and small enterprises in the Brazilian reality. The study is based
on a theoretical framework that provides information on methodologies currently used in
micro and small enterprises, to measure activities related to innovation, among them are: the
Innovation Radar and MAPEL. These two tools were used to evaluate the degree of
innovation of micro and small businesses, and we observed the need to implement a new
methodology to present indicators targeted for start-ups. This present study was developed in
an incubator for technology-based companies in the State of Pernambuco. The methodology
considers the environment incubated the areas of innovation, as well as the role of business
incubators in promoting technology-based entrepreneurship. The survey was developed based
on the standards of the Oslo Manual added to Schumpeter's approach. The concern with the
growth of the incubated companies in the category of innovation and the need for indicators
targeted specifically for small innovative enterprises, gave early research activities on the
methodologies and the development of a method for analyzing the degree of innovation in
these companies, called Thermometer of Innovation. The results clearly show that the
methodology called thermometer innovation has better applicability, targeting, and
measurement of the degree of innovation of micro and small domestic companies, thus
exerting a greater degree of reliability to indicate the final results of the activities of
organizational innovation.
Keywords: Innovation, incubator, innovation measurement.
1. Introdução
O objetivo do presente trabalho se define por uma pesquisa que pretende mensurar as
atividades de inovação nas empresas, com base nas metodologias já aplicadas anteriormente
nas organizações, adaptando a realidade das empresas do ambiente incubado, somadas à
observação da dimensão da inovação no contexto atual. Dessa forma foi definida uma
metodologia que considera os indicadores apropriados para atender às micro e pequenas
empresas do ambiente incubado de base tecnológica.
Partindo do pressuposto de que as empresas são movidas pelas habilidades
empreendedoras que oxigenam a mudança no ciclo econômico, defendido por Schumpeter, a
tentativa de conhecer o grau de inovação nas empresas se faz necessário para poder gerir
melhor as ações estratégicas, minimizando os fatores que levam as organizações ao declínio,
diminuindo em paralelo o desenvolvimento econômico da região. Ações essas que são
importantes para o aumento da competitividade e produtividade bem como melhoria da
qualidade de vida, geração de emprego e renda.
Considerando que a inovação é o fator “mola” da economia para o desenvolvimento
de uma região, buscar-se-á identificar quais as transformações que são feitas por essas
empresas.
As metodologias utilizadas para mensurar o grau de inovação nas empresas foram
adaptadas para a utilização das mesmas em empresas que fazem parte do ambiente incubado.
A aplicação da metodologia foi desenvolvida pela atual necessidade de avaliar e poder
comparar anualmente o grau de inovação, produtividade e desenvolvimento das empresas
incubadas.
O fato das incubadoras serem um modelo mundialmente conhecido pela sua eficiência
para promover a interação Universidade/Empresa, através do desenvolvimento e transferência
de tecnologia. A exemplo do ocorrido no vale do Silício/EUA, o nascedouro dos parques
tecnológicos, tem influenciado para que o desenvolvimento desta pesquisa fosse realizado em
especial ao ambiente incubado de base tecnológica, em interação com a Universidade, na
busca de contribuir com as pesquisas para desenvolver, sobretudo, a incubadora e disseminar
um modelo que contribua para a promoção de suas atividades.
2. Inovação
A inovação é a mudança de pensar, não se resume ao uso de novas tecnologias, nem
ao desenvolvimento de novos produtos e processos, é a incorporação de novos conhecimentos
a atividade produtiva e sua comercialização.
Existem palavras abordadas no conceito de inovação que são adversas ou se
completam quando são facilmente englobadas em uma mesma linha de raciocínio, porém, se
não forem bem substanciadas pode haver difícil entendimento. Dessa forma esclarecemos o
conceito de invenção e criação, para não acarretar sinônimos errados com a inovação.
Invenção confunde-se muito com descoberta, contudo, invenção é quando alguém cria
uma nova tecnologia ou produto através de um processo contínuo de melhoramentos,
podendo chamar de invenção um aperfeiçoamento ocorrido, é o resultado do esforço da
capacidade de criar do homem, não sendo necessariamente incorporado no processo
produtivo, muito se percebe-se que as invenções tem origem em uma necessidade,
diferentemente da descoberta que é um acontecimento que ocorre quando não se espera, por
se tratar de algo no qual não se esperava acontecer, seja uma revelação de algo até então
ignorado, muitas vezes em um processo de invenção ocorrem descobertas.
Criação é o primeiro passo para poder inovar, considerando as oportunidades, boas
ideias e criatividade. Segundo Schumpeter, os empreendedores são seres capazes de promover
a inovação, que tanto necessita para romper os ciclos da economia, defendia também que o
capitalismo se desenvolvia através do aparecimento de empreendedores, isto é, inventores
extraordinariamente criativos (ou inovadores) que eram os responsáveis por todas as ondas de
prosperidade que o sistema conhecia, agentes de mudança na economia que é rotativa, como
um ciclo, esses empreendedores criavam a ruptura nos processos circulares, dando um salto
na economia, na sociedade, nos negócios e em todos os stakeholders. Quando analisado sob a
ótica Schumpteriana, o fenômeno do empreendedorismo vem ganhando significância, pois se
torna agente ativo de atividades que geram inovações e mudanças na economia.
O atual ambiente econômico é propicio a uma intensa renovação de atitudes e novas
buscas, dessa forma as organizações que desejam se manter no mercado iniciam uma
constante luta para se sobressair da concorrência, acarretando a criação de novos produtos ou
implementação dos que já existem, modificando as formas de fazer as coisas, com melhores
desempenhos em relação a produtividade e melhor qualidade.
Nessa intensa luta busca-se cada vez mais a diminuição dos custos e aumento de valor
agregado do produto ou serviço, que consequentemente dinamizam a economia.
As bases da inovação para a construção desse artigo serão guiadas na visão de
Schumpeter que define cinco visões da inovação, que são:
1) A introdução de um novo bem, ou qualidade em um bem já existente;
2) Novos métodos de produção;
3) Abertura de novos mercados;
4) Novas matérias primas ou bens manufaturados;
5) Uma nova organização no estabelecimento.
“É preciso nunca esquecer que a inovação
não é um termo técnico. É termo econômico social.
Seu critério não é a ciência nem a tecnologia, mas
uma mudança no cenário econômico e social, no
comportamento das pessoas, como consumidoras ou
produtoras, como cidadãos, estudantes ou
professores.” (Druker, 1981).
Assim consideramos que promover a criação de empresas, o reconhecimento social
dos empreendedores e a percepção de que existem oportunidades de negócio, são medidas que
fomentam o crescimento econômico de uma sociedade (Leite, 2006, p. 25).
Dessa maneira quando se trata da introdução de um novo bem, serviços ou produtos,
Schumpeter faz referência aos empreendedores que tem uma ideia, a tornam economicamente
viável e relevante para o mercado em um processo inovador. Quando esse processo se reduz a
melhoramentos dos produtos e de processos já existentes, atualmente é considerado que esse
processo possa acarretar vantagem competitiva sustentável (VCS) pelas organizações, que se
sobressaem da concorrência, porém aos poucos esses processos vão sendo copiados, mudados
e melhorados por outras empresas, o único jeito de romper essas barreiras, segundo
Schumpeter, é através da destruição criadora.
Atualmente, para que ocorra esse salto na curva, que seria através da destruição
criadora, passando de uma vantagem competitiva sustentável para algo revolucionário é
defendida como conceito a Estratégia do Oceano Azul, ou seja, conseguir tornar a
concorrência irrelevante, buscando novos mercados através da inovação, ou mesmo a
recriação, que pode ser a criação de uma nova maneira de algo que já existe, buscando novos
mercados ainda não alcançados, como ocorreu com o Circu de Solei.
A inovação na dinâmica de Schumpeter modifica constantemente a indústria,
revolucionando a estrutura econômica, partindo de dentro essa modificação de destruir as
velhas formas e criar as novas, encontram diversas dificuldades em fazer com que as pessoas
apoiem essas ideias. O economista John Maynard Keynes afirma em dizer que “A maior
dificuldade do mundo não é fazer com que as pessoas aceitem novas ideias, mas sim, fazê-las
esquecer das velhas”.
Sendo assim outra possibilidade de inovar é considerar o “começar de novo” mais
valioso do que gastar suas energias em o “tentar melhorar” a forma já existente, em vez de
utilizar as mesmas ferramentas para produzir pequenas alterações, considerar a busca de
novas ferramentas para desenvolver algo novo, esse é o pensamento que leva a obter uma
inovação radical.
Segundo Schumpeter, inovações radicais provocam grandes mudanças no mundo,
enquanto inovações “incrementais” preenchem continuamente processos de mudança,
constituem a chamada vantagem competitiva, por isso o surgimento do conceito de destruição
criadora é tão importante, porém o mais difícil.
3. Metodologias de Mensuração da Inovação
As pequenas e médias empresas atualmente representam 98% do total de empresas
constituídas no Brasil. Mensurar as atividades de inovação nas MPE não é nada fácil, além da
necessidade de definir indicadores específicos para a realidade do Brasil, considerando o
processo de inovação de forma sistêmica, a grande dificuldade é medir a saída dos
investimentos feitos.
A entrada pode consistir em número de pesquisadores na empresa, forma de liderança,
o quanto é investido em P&D para a inovação, entre outros a dificuldade é como levantar os
resultados da saída desses investimentos, como saber de forma técnica, por exemplo, qual a
qualidade da força de trabalho no processo de inovação?
Os indicadores utilizados atualmente pelo Brasil são encontrados no manual de Oslo e
fazem menção aos estudos realizados nos países da OECD. O manual foi criado para países
desenvolvidos, com diferentes culturas empresariais e sociais, das realidades encontradas no
Brasil.
Os indicadores para mensurar as atividades de inovação devêm ser escolhidos
analisando a realidade organizacional e não contemplando outras realidades, sendo assim
oferece à devida importância a cultura organizacional no contexto econômico e social.
Os indicadores tradicionais de inovação mais aceitos, não contemplam
especificamente a realidade das micro e pequenas empresas incubadas.
Segundo o José Rios e Jefferson Pinto (2011) os indicadores mais utilizados são:
Estatísticas de P&D; mensurados pelos gastos e mão de obra alocada em Pesquisa e
Desenvolvimento não apresentam resultados dos inputs do processo;
Patentes, são consideradas mais medidas do esforço inventivo do que um sucesso inovador.
Deve ser utilizado juntamente com outra medida de inovação;
Monitoração direta da inovação; possui algumas desvantagens, pois a enumeração das
inovações de uma empresa não reflete necessariamente o grau de sucesso mercadológico do
produto;
Indicadores bibliométricos é mensurado através da contabilização de artigos científicos ou
citações em artigos científicos, a desvantagem é que a inovação consiste em desenvolvimento
experimental e não pesquisa básica.
Técnicas semi-quantitativas, tratam da avaliação de desempenho de departamentos de P&D,
análise de produtividade em organização P&D, a desvantagem é que não retrata a empresa
globalmente em escala mundial.
Dos indicadores tradicionais, a número de patentes pode ser utilizado reajustando pela
fórmula que considera: o número de patentes ativas no mercado, como um sucesso inovador,
pelo número de patentes total. Pode ser exemplificado pela fórmula abaixo:
NP =∑ n° patentes ativas no mercado
∑ n°patentes
Dessa forma este trabalho busca encontrar melhorias para desenvolver indicadores que
se adequem a realidade do Brasil. Apesar de partir dos indicadores já difundidos, buscou-se
nessa pesquisa apurar a cultura desenvolvida nas organizações brasileiras antes de escolher os
indicadores.
Para ter melhor aplicabilidade e relevância o modelo elaborado utilizou-se como
amostra da pesquisa uma incubadora de empresas de base tecnológica.
A base desse método é composta por metodologias já utilizadas no Brasil, que também
partem do manual de Oslo: Radar da Inovação e MAPEL.
3.1. Radar da Inovação
O conceito de inovação é bastante variado, dependendo, principalmente, da sua
aplicação. De forma sucinta, a inovação é a exploração com sucesso de novas ideias que
gerem valor. A questão principal a ser estudada é como pode ser mensurada a inovação dentro
das empresas. Diante dos vários estudos e métodos criados para chegar a tal objetivo,
encontra-se o Radar da Inovação.
O Radar da Inovação consiste em uma metodologia baseada nas 12 dimensões da
inovação descritas por Mohanbir Sawhney, que permite avaliar o grau de maturidade
inovadora das organizações de pequeno porte. (Bachmann e Destefani, 2008). Uma décima
terceira dimensão foi criada, por Bachmann e Destefani, intitulada como Ambiência
Inovadora.
Cada dimensão possui algumas questões que foram simplificadas em três situações,
visando classificar a empresa analisada em pouco ou nada inovadora, inovadora ocasional ou
inovadora sistêmica. Cada afirmação possui uma pontuação específica, chamada de Escore
(Grau de Maturidade). A média aritmética dos Escores em todas as dimensões resulta na
mensuração do Grau de Inovação da Micro e pequena empresa avaliada.
Após a avaliação na empresa as dimensões terão um escore entre um e cinco, indicado
de acordo com a percepção do consultor que aplicou o questionário e a média aritmética
resultará no Grau de Inovação Global da empresa avaliada, sendo cinco, o grau de inovação
máximo que uma empresa pode atingir.
3.2 Mapel
O método MAPEL é utilizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que
consiste em avaliar seis dimensões, essa ferramenta busca avaliar o grau de maturação as
atividades de inovação na empresa. As dimensões avaliadas são: métodos, ambiente, pessoas,
estratégia, liderança e resultados, sendo cinco voltadas para os processos estruturais da
organização e uma para os resultados obtidos.
A aplicação da metodologia consiste em um questionário caracterizado por quatro
perguntas por dimensão, desdobrando-se em seis possíveis respostas, que variam em uma
gradação de zero a três pontos, depois que a pontuação de cada dimensão é encontrada é
avaliada uma última dimensão vinculante das demais que corresponde ao resultado obtido,
onde será confrontado com o esperado e comparado com outras empresas de mesmo porte e
atividade.
Algumas observações foram feitas na aplicação do MAPEL:
A Extensão e complexidade das perguntas acabam por destacar a omissão na abordagem,
em termos de trocas de informação da empresa.
O nível de escolaridade dos entrevistados foi uma variável que interferiu na aplicabilidade
do método e apuração das respostas concisas.
As perguntas apresentam ligeiras ambiguidades e polissemias, tornando difícil às vezes até
mesmo para os graduados na área interpretarem.
Outro fato em comum entre as pessoas abordadas, é que boa parte dos empresários não
sabiam ao certo como responder precisamente o que foi perguntado.
Em outros momentos várias das perguntas foram desconsideradas pelos empresários por
não se aplicarem a realidade da empresa.
3.3 Termômetro da Inovação
O termômetro da inovação foi desenvolvido para mensurar a inovação nas micro e
pequenas empresas, com base na Teoria Shumpteriana, somada ao Manual de Oslo. O nome é
uma analogia ao termômetro de Kanitz, antigo método para verificar o nível de falências das
organizações, foi onde originou a ideia de testar uma equação que levaria a identificação do
grau de inovação das micro e pequenas empresas, devido à necessidade de uma equação que
corrija as avaliações feitas na identificação da inovação nas organizações.
Algumas necessidades podem ser observadas tais como:
a) Melhores indicadores: os indicadores utilizados nem sempre estão condizentes com a
realidade de cada região e também com a realidade das micro e pequenas empresas no Brasil,
por isso se faz necessário adequar os indicadores a realidade existente no ambiente da
pesquisa, por esse motivo foram adicionados e retirados alguns indicadores.
b) Novas escalas de medição: atualmente os valores são empíricos, dados de acordo com a
percepção de quem aplica o método, dessa forma detém alto nível de tendências. Para que o
modelo possa se tornar um elemento técnico com maior confiabilidade nas escalas de
medição, deve ter baixo nível de tendências e ser avaliado de forma técnica, por essa questão
foram atribuídas escalas de medição bi variáveis.
c) Aplicabilidade: atualmente são elaborados enormes questionários que misturam a
necessidade de encontrar o grau de inovação com analise estratégica organizacional, servindo
mais de um diagnostico para consultoria empresarial, do que foco na inovação. Dessa forma
considera-se que os métodos utilizados atualmente são técnicas para consultorias empresariais
em gestão organizacional, com foco em desenvolver a organização através de acionar ao
empresário para ações que já deveriam ser tomadas e ainda não foram identificadas.
A percepção de se trabalhar com inovação nessa pesquisa parte do pressuposto que a
empresa já tenha dois anos desde o inicio de suas atividades, onde nesses primeiros anos a
organização deve estar desenvolvendo seus métodos próprios de processos internos bem como
captação de clientes e atender a demanda existente.
Após o período de dois anos a empresa já deve estar com seus processos internos
formados, ou bem encaminhados e nesse momento é a hora de inovar, de se preocupar com
desenvolvimento de processos depois deles já firmados e sua aplicabilidade deve ser a cada
dois anos.
Outra mudança concedida no termômetro da inovação foi a sua aplicabilidade para
uma forma mais dinâmica, possibilitando a sua aplicação para o próprio empresário, onde
posteriormente um consultor externo poderia verificar as respostas obtidas indo na própria
empresa e buscando evidenciar as respostas.
Portanto considera-se que houve mudanças considerando as metodologias anteriores
nas escalas de medição, nos indicadores, na aplicabilidade do questionário e no tempo
estimado de mensuração.
O termômetro da inovação segue a teoria de Schumpeter (1988), onde diz que a
inovação é definida por cinco combinações, (SHUMPETER, 1988, P. 7).
1.Introdução de um novo bem, que os consumidores não estejam familiarizados ou uma
mudança na qualidade.
2.Introdução de novo método de produção, podendo ser uma nova maneira de utilizar
comercialmente a mercadoria.
3. Abertura de novo mercados.
4. Conquista de novas fontes de obtenção de matéria-prima ou de bens.
5. Estabelecimento de uma nova organização ou criação de Monopólio.
Somadas as abordagens do Manual de Oslo que considera a inovação em quatro tipos:
inovação tecnológica de produto e de processos, inovação em marketing, inovação
organizacional, estabelece os indicadores do termômetro:
Liderança empreendedora visa identificar o perfil do gestor;
Desenvolvimento organizacional visa identificar a inovação em modelos organizacionais;
Atividades na empresa visa identificar a ocorrência de inovação de produtos ou processos;
Marketing visa identificar a inovação em marketing, abertura de novos mercados;
Sustentabilidade empresarial visa identificar se há dominância de ações sustentáveis no
ambiente socioambiental.
A dimensão denominada, liderança empreendedora: considera o perfil da gestão
organizacional, visa identificar se através de ações desenvolvidas na empresa podem ser
contempladas como fatores de influencia na inovação. Pressupõe que através dos líderes são
incentivadas e implementadas ações do processo de inovação de forma sistêmica, busca-se
então identificar se os líderes se consideram capazes de inspirar confiança, fazendo as pessoas
acreditarem na importância de suas atividades para a empresa, ajudar os empregados a
desenvolverem suas próprias atividades, compartilhar informações e conhecimento dentro da
empresa, estando sempre em busca de novas coisas. Através dessa variável busca avaliar qual
é o perfil do gestor no comando da organização, se a visão inovadora contempla essa
dimensão estando atrelando a visão do empreendimento positivamente na sociedade.
Desenvolvimento organizacional: esse indicador busca avaliar se as atitudes
inovadoras estão inseridas dentro da organização. Foi baseado nas características detentoras
nas empresas de base tecnológica no Vale do Silício, através de uma pesquisa realizada onde
demonstrou que as empresas de base tecnológica de sucesso teêm características semelhantes
tais como: testam ideias inovadoras rapidamente, estimulam ideias como um processo
sistêmico e contínuo, aceitar erros e corrigi-los, avaliar os equívocos cometidos, trabalhar com
o procedimento do open-innovetion e cocriação, não se limitando em trabalhar dentro das
paredes da empresa, se envolvendo com outros projetos ou projetos com pessoas de fora para
buscar ideias para dentro da empresa.
Atividades na empresa: esse indicador considera os processos de inovação em
produtos/serviços ou processos, através de informações que buscam identificar as possíveis
inovações incrementais e radicais desenvolvidas na organização, as mudanças de estratégia,
os teste de produtos e serviços que não deram certo, a retirada de produtos e serviços do
mercado, as formas de reduzir custos e aumentar valor, a participação em projetos inovadores
dentro da empresa e o desenvolvimento de melhorias nos produtos, processos ou serviços.
Marketing: através do pressuposto que a inovação precisa ser algo desenvolvido para a
população, ser aceita e vendável, busca identificar através do marketing direcionado na
organização como é aceitação da empresa pela grande massa populacional. Consiste em
analisar a percepção de criar ondas de necessidades nos consumidores, de desejos e tornar o
produto vendável, através do conhecimento de informações com mercados que a empresa
atua, seus segmentos, desenvolvimento de pesquisa de mercado, a busca de conhecimento
através de pesquisas, como é a comunicação da empresa com os clientes externos, buscando
atender suas necessidades e quais as formas de comunicação existentes, por fim busca-se
avaliar de que forma a empresa incrementa suas vendas principais.
Sustentabilidade empresarial: partindo do pressuposto que se as atividades
desenvolvidas por uma empresa inovadora, precisa ser vendável concomitantemente
respeitadora do ambiente natural e social, além de que o impacto das ações sustentáveis
diminui o risco dos seus negócios. Do ponto de vista comercial, os consumidores estão cada
vez mais exigentes, apresentam novos valores na sociedade, sobretudo, adeptos a uma vida
melhor. Produtos e serviços são mais vendidos como satisfação dos desejos, do que sua real
necessidade.
Tal dimensão enfatiza a capacidade de empenho das empresas, governos e sociedade
em assegurar para as futuras gerações um mundo melhor. Do que adianta obter lucros
exorbitantes, se a atividade exercida é predatória e desfavorável ao andamento contínuo das
suas atividades do meio ambiente e social. Percebe-se também que as empresas de base
tecnológica que desenvolvem suas atividades de forma responsável e equilibrada além de
gerar lucros para os stakehorders contribuem para a manutenção do ambiente em que se
instalam.
Vários são os exemplos de sucesso no posicionamento sustentável das empresas de
base tecnológica. A Microsoft por exemplo, desenvolve ações de empregabilidade através do
programa potencial ilimitado, que já certificou 45 mil pessoas, formou 80 mil
desenvolvedores de plataformas Microsoft e 140 mil especialistas em segurança da
informação, gerando 495 mil profissionais no mercado de trabalho contemplando segmentos
populacionais em situação de risco social (mulheres pobres, jovens de classe social mais
baixa, afrodescendentes, pessoas portadoras de deficiências), são empresas promotoras de
sustentabilidade inclusiva.
Várias são as posições que podem ser definidas pelas empresas, a DELL, destaca-se
pela sustentabilidade produtiva, primando pela separação do lixo, reutilização do papel, uso
de lâmpadas de baixo consumo energético e ainda, todas as empresas que utilizam tecnologias
limpas em seus processos produtivos repercutindo em toda a cadeia produtiva.
Busca-se conhecer essa dimensão na empresa por questionamentos como
procedimentos adotados pela empresa a procura de minimizar danos ao meio ambiente,
práticas de descarte, obtenção de licenciamento, certificação ambiental, a identificação da
percepção do gestor em face dessa nova vertente, se existe procedimentos de reuso,
reciclagem e como é tratada a força humana dentro do ambiente de trabalho, avaliando
também as condições de trabalho e necessidades dos funcionários, identificando as condições
mínimas necessárias para a sustentabilidade das ações desenvolvidas dentro da empresa.
As escalas de medição utilizadas são baseadas nas Zonas de inovação classificando-se
em inovação conceitual, inovação reativa e inovação básica sendo acrescentado mais uma
zona de inovação denominada não inovadora para contemplar as empresas que não estão em
nenhuma das zonas de inovação.
Inovação conceitual: caracteriza-se por empresas que desenvolvem produtos ou
serviços com novo conceito proposto de valor ou modelos de negócio revolucionário.
Também se assemelha a inovação radical defendida no Manual de Oslo, esse tipo de inovação
ocorreu com o circo de Solei, uma das empresas mais inovadoras do mundo. Percebe-se que
se nos primeiros anos tivessem sido aplicados os tradicionais métodos de mensurar a inovação
que englobam extensos questionários para identificar os recursos da empresa, o grau de
escolaridade dos líderes, o nível atrativo do setor e o interesse dos consumidores, o resultado
certamente seria que não é uma empresa inovadora. Porém o Circo de Solei conseguiu propor
um novo valor, criou ondas de desejos nos consumidores, tornaram a concorrência irrelevante
e hoje detém seus próprios métodos reestabelecendo um novo conceito de circo entre os
consumidores.
Inovação reativa: corresponde a inovação que se baseia em produtos/serviços
existentes, voltados para novos mercados, sendo exercida de forma sustentável.
Inovação básica: caracterizada por pequenas melhorias no produto/serviços, baseados
em extensão das linhas ou melhorias incrementais.
Acrescentando mais uma zona denominada de não inovadora: quando a empresa não
detém de atividades, liderança nem recursos necessários para desenvolver a inovação.
O termômetro da inovação visa adaptar as deficiências, nas metodologias propostas
anteriormente, aproximando os indicadores da realidade vivenciada na amostra da pesquisa,
analisando a inovação com base nas abordagens de Schumpeter, através de um tripé que
sustenta o desenvolvimento empresarial, englobando a figura do empreendedor, as atividades
organizacionais e a utilização de recursos.
O resultado obtido é especificado em um termômetro que indica qual o grau da
inovação na empresa analisada.
Figura – 1 Termômetro da inovação
25 Zona conceitual
21,5 Grau de inovação desenvolvido
21,4 Zona relativa
19,2 Grau de inovação em transformação
19,1 Zona básica
16,6 Grau de inovação em criação
16,5 Não inovadora
Fonte: Elaboração Própria
4.Metodologia
Para atingir os objetivos propostos nesse artigo de natureza quantitativa e qualitativa,
foram realizadas pesquisas diretas e indiretas.
No primeiro caso, foram elaborados questionários estruturados e aplicados em oito
empresas de base tecnologia presentes no ambiente incubado. A pesquisa indireta se apoiou
em diversas fontes bibliográficas e documentais.
Para a criação da metodologia do Termômetro, bem como, a equação utilizada para
mensurar o grau da inovação da empresa, fez-se necessário aplicar os questionários
formulados com base nas outras metodologias de mensuração da inovação, tais como o
MAPEL, o Radar da Inovação e utilizar as informações levantadas como base para a criação
do termômetro.
O questionário tem como base questionamentos de natureza dicotômica, que foram
transformadas as respostas em variáveis Dummies (variável binária), sendo “Sim”
considerado 1 e a resposta “Não” considerada 0. Para cada dimensão são propostos cinco
questionamentos, que correspondem a uma escala para cada dimensão de 0 a 5, sendo as cinco
dimensões consideradas as variáveis explanatórias e o grau de inovação a variável
dependente.
Com as informações obtidas, foi utilizado um modelo de regressão múltipla, através
do Excel, para formular uma equação de regressão, que será utilizada para mensurar o grau de
inovação de cada empresa, após a aplicação do Termômetro.
5.Análise dos Resultados
A análise da dimensão liderança empreendedora, considera a cultura desenvolvida
pelo empreendedor inovador em criar períodos de prosperidade, segundo Schumpeter,
identifica “como ele conduz os meios de produção para novos canais” na busca de fomentar a
inovação e oferecer possibilidades dentro da organização. Esta dimensão é a caracterização
defendida como habilidade empreendedora.
Nos questionários aplicados os empreendedores obtiveram um nível de inovação com
alto grau e desempenho em 75% das empresas pesquisadas, em uma escala de até cinco
perguntas sobre as ações desenvolvidas pelos empreendedores, apenas 25% das empresas
responderam desenvolver apenas três das cinco ações que favorecem o empreendedor
inovador, abaixo o gráfico representativo da análise da dimensão.
Gráfico 1- Liderança Empreendedora
Fonte: Elaboração Própria
A segunda
dimensão, denominada
desenvolvimento organizacional, representa a essência das ações na empresa de aspecto
inovador, em consonância com todos os funcionários, abertura de ideias oriundas de fontes
externas, mudanças organizacionais e se buscam desenvolver, aperfeiçoar, criar e estimular a
inovação de forma sistemática. Na apuração das respostas a pesquisa nas empresas do
ambiente incubado, constata-se que 75% das organizações possuem quatro das cinco
características organizacionais necessárias para o desenvolvimento da inovação, 12,5%
classifica-se como inovação básica e 12,5% se classificam como desenvolvedora de todas as
ações mínimas necessárias para inovar. Segue abaixo o gráfico 2 com as respostas obtidas.
Gráfico 2 – Desenvolvimento
Organizacional
Fonte: Elaboração Própria
Na análise das atividades empresariais, terceira dimensão, que considera a inovação de
produtos/serviços e processos. Constata através das respostas obtidas que 12,5% das empresas
estão em nível de inovação básico, 12,5% estão exercendo relativamente a inovação,
entretanto 25% das empresas possuem níveis de inovação conceitual e as demais estão em um
nível favorável para o desenvolvimento da inovação. Segue abaixo o gráfico 3 com a
representatividade das respostas obtidas.
Gráfico 3 – Atividades empresariais
Fonte: Elaboração Própria
Na quarta dimensão, Marketing, identifica se as atividades desenvolvidas na empresa
molda a sociedade com novos desejos, segundo Schumpeter, é a sociedade que deve ser
tomada como referência ao grupo, considerando o fluxo circular que todos se adaptam ao
meio de modo a satisfazer certas necessidades. A busca dessa dimensão procura analisar se a
empresa está agindo em seu meio na satisfação das necessidades, criando desejos. Nas
respostas obtidas, percebe-se uma que as atividades inovadoras em 75% das empresas
afirmam ter três das cinco atividades necessárias nessa dimensão e as demais 25% afirmam
ter 4 das ações inovadoras. O gráfico 4 abaixo representa essa descrição:
Gráfico 4- Marketing
Fonte: Elaboração Própria
Na quinta dimensão denominada de Sustentabilidade Empresarial, busca constatar a
preocupação das empresas de base tecnológica com o desenvolvimento das ações voltadas
para a inovação de forma sustentável. Identifica a questão da empresa ligada com o aspecto
ambiental e com o cliente interno de sua organização, aspecto social.
Através dos questionários aplicados na pesquisa identificou que existem poucas
medidas de avaliação sistêmicas do ambiente do trabalho, bem como a não valoração dos
impactos das atividades empresariais. Também se pode perceber que as organizações fazem
pouco uso, em participação de atividades que desenvolvam o ambiente e a sociedade.
Considera-se que as ações de sustentabilidade organizacional se aproveitam dos
benefícios que podem ser proporcionados através de atividades ligadas ao social.
Consumidores exigentes agregam valor em empresa que agem conscientemente corretas e são
proativas no ambiente social ou natural.
O gráfico 5 representa as respostas obtidas que consagram o baixo aspecto empresarial
das empresas de base tecnológica na dimensão social e ambiental, responsável pela gestão
empresarial sustentável. (Melo e Froes, 2011).
Gráfico 5 – Sustentabilidade Empresarial
Fonte: Elaboração Própria
O gráfico 6 representa o cruzamento de todas as dimensões relacionadas nas empresas
entrevistadas do ambiente incubado. A inovação conceitual seria obtido através da constante
das retas, no nível 5.
Gráfico 6 – Cruzamento das dimensões
Fonte: Elaboração própria
5.1 Análise dos resultados a
partir do modelo de regressão
múltipla
A análise dos dados a partir do modelo de regressão múltipla é necessária quando se
estuda acontecimentos que necessitam de vários fatores para explica-lo, indicando assim a
construção de um modelo cuja escolha das variáveis independentes tem como função explicar
a variação da variável dependente. Logo, a variável estudada é expressa como uma função
linear das variáveis explicativas, onde se estima valores para o primeiro termo através dos
valores conhecidos do segundo termo, como mostra a equação de regressão múltipla genérica
abaixo:
Onde:
Y é a variável dependente;
β é a constante;
Xn são as variáveis independes e;
ui é o erro.
Quando se analisa um evento, levantam-se várias hipóteses que podem ser influentes
para que esse evento aconteça. Essas hipóteses são as variáveis independentes. Porém, sempre
existem variáveis que não são avaliadas e que podem de alguma forma influenciar no modelo.
Essas variáveis que não aparecem na regressão são explicadas através do erro (Ui).
Onde:
;
Para o estudo em questão, foi necessário rodar um modelo utilizando o Excel como
ferramenta, e a base de dados adquirida através de questionários aplicados a empresas
incubadas do setor de tecnologia da informação. Segue abaixo a tabela de Regressão Múltipla:
Tabela 1 – Modelo de Regressão Linear Múltipla Variável Dependente: Y
Método dos Mínimos Quadrados
Observações: 8
Variável Coeficiente Erro Prob
X1 0,782 0.093911 0,00000
X2 0,482 0.099903 0,00000
X3 0,457 0,099123 0,00001
X4 0,427 0,996234 0,00000
Fonte: Elaboração Própria
Onde:
Y é o Grau de Inovação;
X1 é Liderança empreendedora;
X2 é o Desenvolvimento Organizacional;
X3 são as atividades na empresa;
X4 é o Marketing e;
X5 é a Sustentabilidade empresarial.
Analisando o modelo e adotando o nível de significância de 0,01, percebe-se que as
variáveis escolhidas para identificar o grau de inovação de uma empresa são bastante
significativas, tendo em vista que as probabilidades encontradas são de quase zero, estando
abaixo do nível de significância, o que indica em todas as variáveis explicativas rejeitam a
hipótese nula do β ser igual a zero, tornando a variação das variáveis influentes no modelo.
Substituindo os coeficientes estimados acima, tem-se a equação de regressão:
Essa equação servirá para que determinada empresa identifique em que estágio de inovação se
encontra. A partir do termômetro da inovação aplicado, o empresário obterá valores em uma
escala de zero a cinco em cada uma das dimensões, que poderá substituir nas variáveis da
equação de regressão e chegar a um valor numérico, que segundo a escala do termômetro da
inovação, indicará em que estágio inovador a empresa se encontra.
Para ser mostrado de maneira mais clara, segue abaixo uma simulação dos resultados obtidos
de uma empresa fictícia, denominada Delta.
Tabela 2 - Dados da Empresa Delta
Fonte: Elaboração Própria
Substituindo esses escores na equação do termômetro:
X5 0,652 0,983149 0,00000
C 11 0.441102 0,00043
Dimensões Escores
Liderança Empreendedora (X1) 3
Desenvolvimento Organizacional (X2) 4
Atividades na Empresa (X3) 3
Marketing (X4) 5
Sustentabilidade Empresarial (X5) 2
Y = 20,084
Segundo as escalas do termômetro da inovação, a empresa Delta, encontra-se no
estágio Zona relativa, onde podemos constatar que o grau de inovação 20,084 é considerado
que a empresa desenvolve a inovação de forma ocasional, porém aproxima-se do estágio
inicial da inovação conceitual.
Com todas essas considerações, é possível que o empresário identifique em que
estágio de inovação sua empresa se encontra.
6.Considerações
As Atividades direcionadas para o desenvolvimento do grau da inovação na
organização foram dimensionadas de cinco formas: Liderança Empreendedora,
Desenvolvimento Organizacional, Atividades Empresariais, Marketing e Sustentabilidade
Empresarial. O conjunto dessas dimensões pode ser considerado os fatores defendidos por
Schumpeter e descritos no Manual de Oslo ao que rege startups de base tecnológica. O
desenvolvimento dos questionários foi formulado com base nas metodologias utilizadas
recentemente do Radar da Inovação, MAPEL e de formulários do Vale do Silício que
consagram características semelhantes de empresas de base tecnológica.
A nova metodologia específica, defendida para se trabalhar em um ambiente incubado,
recebe o nome de Termômetro da Inovação e objetiva distinguir as empresas com base nas
suas zonas da inovação, através do grau de inovação obtido nos resultados dos
questionamentos.
As respostas são de base binária para que não ocorra à interpretação errônea de quem
está avaliando, por esse motivo também é que o próprio empresário pode responder as
alternativas na primeira etapa e posteriormente ser feita a averiguação das respostas obtidas in
loco. Abaixo o resultado de todas as empresas incubadas de base tecnológica que
responderam os questionários aplicados.
Tabela – 3 Grau de inovação das empresas incubadas da INCUBATEP
Empresas Grau de
inovação
A 19,947
B 19,033
C 17,816
D 22,385
E 20,114
F 21,251
G 22,36
H 23,012
Fonte: Elaboração própria
Dessa maneira, pode considerar que a empresa C encontra-se na zona de inovação
básica, as empresas A, B, E e F se encontram na zona relativa de inovação e as empresas D, G
e H se encontram na zona conceitual de inovação.
Conclui-se que o termômetro da Inovação é um método eficaz e simples de ser
aplicado, tendo em vista que os resultados obtidos confirmam a percepção dos consultores e
avaliadores ao visitar as empresas, porém o termômetro propõe uma forma de mensurar,
saindo das tendências perceptivas que estão relacionadas a atuação dos consultores em outras
metodologias e propõe a facilitação de diagnósticos focados em atividade inovadoras de base
tecnológica.
Referências
VII SEMEAD. PINTO, Jeferson de Souza; ANHOLON, Rosley. A inovação nas empresas e a
necessidade de novos paradigmas em indicadores de desempenho, 2004.
XVI Workshop Amprotec. BENCHMANN e Associados. Medindo a inovação na micro e
pequena empresa, 2008.
BACHMANN, Dóran L.; DESTEFANI, Jully Heverly. Metodologia para estimar o Grau de
Inovação nas MPE. Cultura do Empreendedorismo e Inovação, 2008.
KASSAI, José Roberto; KASSAI, Sílvia. Desvendando o termômetro de insolvência de
Kanitz, 1998.
LOURES, Camila S.; FIGUEIREDO, Paulo N. Mensuração de Capacidade Tecnológicas
Inovadoras em empresas de economias emergentes: méritos, limitações e complementaridades
de abordagens existentes. Vol. IX, 2009.
Manual de Oslo: Diretrizes para a coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3ª Edição.
MATTOS, Fernando; STOFFEL, Rafael; TEIXEIRA, Rodrigo de Araújo. Mobilização
empresarial pela inovação: Cartilha Gestão da Inovação. Confederação Nacional da Indústria,
Brasília, 2010. 47 p.
MELO Neto, Francisco Paulo de, e FROES, César. O bem-feito: os novos desafios da gestão
de responsabilidade socioambiental sustentável corporativa- Rio de Janeiro: Qualitymark
Editora, 2011. ISBN 978- 85- 7303-012-9
SCHUMPETER, Alois Joseph. Teoria do Desenvolvimento Econômico: uma investigação
sobre lucros, capital, crédito, juros e o ciclo econômico. 1997. Círculo do livro Ltda. ISBN
85-351-0915-3
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