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8/2/2019 MICROFRAGMENTOS DE REALIDADE E ESPETACULARIZAÇÃO DA NOTÍCIA : a cobertura da volta do jogador Ronaldinho Gaúcho para o Brasil no site G1
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Guilherme Reis
MICROFRAGMENTOS DE REALIDADE EESPETACULARIZAÇÃO DA NOTÍCIA :
a cobertura da volta do jogador Ronaldinho Gaúcho para o Brasil nosite G1
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)2011
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Guilherme Reis
MICROFRAGMENTOS DE REALIDADE EESPETACULARIZAÇÃO DA NOTÍCIA :
a cobertura da volta do jogador Ronaldinho Gaúcho para o Brasil nosite G1
Monografia apresentada ao Departamento deComunicação Social do Centro Universitáriode Belo Horizonte (UNI-BH) como requisito
parcial para a obtenção do título em bacharelem jornalismo
Orientador: Evaldo Fonseca
Belo Horizonte
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH)
2011
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Agradeço primeiramente, aosmeus familiares que propiciaramtodas as condições necessárias
para que as portas da educação eda vida me fossem abertas.
Agradeço também a minhacompanheira pela paciência,apoio e ajuda para a conclusãodo projeto. Aos professores, ficaa gratidão por me apresentarema riqueza do conhecimento.
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“Pedras que rolam nãocriam musgo”
Publilius Syrus
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SUMÁRIO
GLOSSÁRIO...........................................................................................................................05
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................07
1 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................................10
1.1 O futebol fenômeno social, o futebol notícia e o futebol negócio ....................................10
1.1.1 Importância social e cultural do futebol no Brasil..........................................................10
1.1.2 Jornalismo esportivo: Esporte é notícia...........................................................................12
1.1.3 Fatores que distorcem a notícia esportiva.......................................................................16
1.1.4 O esporte como negócio..................................................................................................18
1.1.5 A importância do ídolo: O jogador de futebol ................................................................21
2 JORNALISMO ONLINE ....................................................................................................23
2.1. Jornalismo na era digital: Novos conceitos e técnicas no jornalismo tradicional.............23
2.2 Aspectos do texto no web jornalismo.................................................................................26
2.3 Newsmaking, critérios de noticibilidade e espetacularização da notícia...........................30
2.3.1 Distorções no trabalho jornalístico no produto notícia....................................................30
2.3.2 A mídia espetaculista e os Olimpianos............................................................................32
3 METODOLOGIA...............................................................................................................35
3.1 Pesquisa Documental.........................................................................................................35
3.2 Métodos e técnicas.............................................................................................................35
3.2.1 Análise de conteúdo........................................................................................................35
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ....................................................374.1 Descrição do cenário em que o G1 começou a noticiar as possíveis transferências de
Ronaldinho Gaúcho..................................................................................................................37
4.2 Análise das principais matérias sobre o retorno de Ronaldinho Gaúcho...........................38
4.3 Apresentação geral de resultados.......................................................................................56
CONCLUSÃO........................................................................................................................61
REFERÊNCIAS......................................................................................................................66ANEXOS.................................................................................................................................68
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GLOSSÁRIO
Adriano Galliani: Empresário italiano, vice-presidente e diretor executivo do Milan.
Assis: Roberto de Assis Moreira. Empresário e irmão de Ronaldinho Gaúcho, além de ex
jogador de futebol revelado pelo Grêmio.
David Coimbra: Editor executivo de Esportes e colunista do jornal Zero Hora de Porto
Alegre, além de comentarista da TVCOM, Rádio Gaúcha e Atlântida.
Eduardo Cecconi: Jornalista redator do globoesporte.globo.com de Porto Alegre.
Patrícia Amorim: Atual presidente do Flamengo. Foi nadadora e participou das Olimpíadas
de Seul em 88. Também foi vereadora pela cidade Rio de Janeiro de 2000 a 2008.
Paulo Odone: Atual presidente do Grêmio. Já foi deputado estadual pelo Rio Grande do Sul e
vereador em Porto Alegre.
Roberto Tadeu: Empresário responsável pela intermediação entre Palmeiras e Assis na
negociação de Ronaldinho Gaúcho.
Salvador Hugo Palaia: Ex-presidente interino e ex-dirigente da Sociedade Esportiva
Palmeiras. Palaia também é conselheiro do clube.
Vicente Martins: Ex- vice-presidente de futebol do Grêmio.
Wlademir Pescarmona: Conselheiro do Palmeiras e ex-diretor administrativo e diretor do
clube.
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RESUMO
Esta pesquisa buscou estudar o jornalismo online e o jornalismo esportivo como ferramentas
do marketing esportivo. O trabalho pretendeu expor como esses três eixos podem estar
conectados. O objeto de análise foi a cobertura sobre a negociação de Ronaldinho Gaúcho,
que frequentou as principais manchetes do portal G1 no período analisado.
Para que a convergência dos três eixos pesquisados fosse possível, foi necessário estudar
como a notícia é construída na internet. As características, as mudanças e os efeitos foram
abordados. Em relação ao jornalismo esportivo, foi observado o que transforma o esporte em
informação jornalística.
A apresentação dos conceitos de marketing esportivo demonstrou como essa área se relaciona
com a mídia e a importância dos veículos de informação para atingir seus resultados. A
conclusão tem origem na análise de todas as matérias referentes à cobertura sobre Ronaldinho
Gaúcho.
Palavras chave: Jornalismo online, jornalismo esportivo e marketing esportivo.
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INTRODUÇÃO
O esporte, desde o império romano, já apresentava os embates de gladiadores como
espetáculo esportivo que atraia aproximadamente 50 mil pessoas para assistir ao “espetáculo”.
Já naquele período, a aristocracia romana patrocinava os gladiadores para que esses
distraíssem o público, como se referem Morgan e Summers (2008).
Contemporâneo ao Coliseu surgiu também a Acta Diurna, em 59 a.C. O periódico romano
fundado por Júlio Cesar é um dos primórdios do jornalismo. A Acta continha notícias
militares, obituários e crônicas esportivas.
O patrocínio ao esporte não é uma atividade moderna, mesmo que não fosse regido por
conceitos teóricos de marketing esportivo ou de negócios, indivíduos com dinheiro já
investiam na atividade como entretenimento. O noticiário romano também não se estabelecia
por critérios jornalísticos como os atuais, mas já apresentava características de informativo
esportivo. Informação esportiva há muito divulga a atividade esportiva.
Os guerreiros foram substituídos por jogadores de futebol. O esporte bretão é o mais praticadono planeta desde o século passado. Um evento como a Copa do Mundo atrai olhares de todos
os continentes. Os campeonatos dos principais centros europeus têm representativas parcelas
no PIB dos países. O futebol é atualmente um grande espetáculo esportivo e midiático. O
desporto tem um público tão extenso e participativo que foi transformado em uma das
atividades que movimentam quantias enormes de dinheiro.
A indústria do futebol compreende produtos esportivos, como a própria partida consumida por torcedores que pagam ingresso para ter acesso aos jogos. Os jogadores também são
mercadorias. São vendidos e comprados por valores altíssimos.
Existem outros produtos atrelados à prática do esporte como: camisas, chuteiras, bolas e
outros artigos usados por atletas e fãs. Os bens de consumo da atividade esportiva
movimentam o mercado e como todo negócio, é imprescindível a existência profissionais que
saibam vendê-lo. Planejar, colocar preço, distribuir e satisfazer o desejo de consumidores é o
objetivo do marketing esportivo.
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A cobertura jornalística dos acontecimentos do esporte também confere mais visibilidade ao
futebol. Todo final de semana é possível acompanhar em televisores de vários países do
mundo alguma partida. Os principais veículos de mídia têm equipes que trabalham apenas
com as notícias dessa área, configurando a editoria de esportes. O jornalismo promove o
esporte e esse se transforma em fato para ser noticiado. Existe, portanto, uma relação dual e
de benefícios.
Este projeto visa compreender como é a relação dos eixos: Futebol-jornalismo-marketing
esportivo, que estão presentes em uma cobertura jornalística. Mais especificamente, como o
noticiário esportivo pode se transformar em uma ferramenta de marketing. Para analisá-los, a
plataforma midiática escolhida foi a internet por apresentar mudanças na forma de conceber anotícia.
O jornalismo online ainda busca ser envolto por conceitos teóricos e práticos que possam
aperfeiçoar o processo comunicacional. Atualmente, o jornalismo se encontra no meio deste
processo de transição. Redações no mundo inteiro investem cada vez mais na plataforma e
outras que existiam apenas como o jornal impresso se transformaram em portais.
O objeto da análise está contido na cobertura esportiva sobre a volta do jogador Ronaldinho
Gaúcho para o Brasil, feita pelo portal G1, pertencente às Organizações Globo.
O site existe desde 2006 e apresenta todas as editorias e entretenimento que o canal tem.
Como a internet pode ser acessada em qualquer delimitação geográfica, o país inteiro que já
tem acesso ao canal pode navegá-lo. O sítio digital também contém os próprios programas de
televisão, sejam eles da TV aberta ou fechada. A rádio Globo e a CBN também estãoinseridas no G1.
O site foi um dos veículos que fizeram uma cobertura ostensiva sobre o jogador Ronaldinho
Gaúcho. O atleta tem grande apelo midiático, jogou nos principais clubes do mundo e na
seleção brasileira. É um jogador de salários elevados e de reconhecimento internacional. A
sua volta para o futebol brasileiro despertou o interesse dos noticiários esportivos. Foi o
principal acontecimento futebolístico do período analisado: Dezembro de 2010 e janeiro de
2011. Grandes clubes brasileiros foram objeto de notícia por tentarem contratar o futebolista.
A negociação foi demorada e considerada tortuosa pelas próprias instituições esportivas.
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Poucos dias após o término da transferência, jornalistas do canal ESPN destacaram a surpresa
e os equívocos de toda imprensa esportiva no caso, se incluindo também. O volume de
notícias sobre a negociação, a mea culpa dos jornalistas e as acusações de dirigentes
envolvidos fizeram com que esse tema fosse foco de pesquisa.
O excesso de informações sobre o imbroglio do jogador foi estudado com bases teóricas que
identificam uma característica do jornalismo, como a espetacularização da notícia, ela tende a
transformar a realidade dos fatos em verdadeiros espetáculos midiáticos, onde os
acontecimentos são amplificados, configurando uma realidade aumentada, ou até falta dela,
como define Debord (1968).
O objetivo do estudo em questão é identificar como um veículo digital se comporta em uma
cobertura esportiva, além de observar como o marketing esportivo pode ser conectado ao
jornalismo esportivo, seja ele direto ou indireto. Observar o jogador como um mito moderno
que se situa em uma sociedade consumidora do espetáculo também foi o desígnio do projeto.
A conclusão pretende ser capaz de ajustar como a internet deve ser usada como veículo de
informação, além de buscar no fazer jornalístico, a informação que se aproxime o máximo possível da verdade dos fatos, conferindo mais credibilidade aos fragmentos de realidade que
o jornalismo produz, como explica Costa (2008).
Para analisar as 43 matérias coletadas, foram escolhidos dois métodos. O quantitativo, que
buscou através da quantificação esclarecer questões levantadas pela pesquisa. O método
qualitativo foi desenvolvido com base nos capítulos teóricos, que ofereceram o arcabouço
bibliográfico necessário.
No primeiro capítulo é apresentada a importância social do futebol e como esse fenômeno
esportivo se transformou em notícia. A relevância do futebol socialmente, jornalisticamente e
suas mazelas são apontadas. Por conseguinte, também foram expostas características que
conferem ao esporte bretão caráter de negócio.
O segundo capítulo é referente ao jornalismo online e as atribuições que ele deve ter. Também
são especificados quais os problemas apresentados pela plataforma digital de informação.
Este capítulo ainda se ocupa de fundamentar os critérios de noticiabilidade e
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espetacularização da notícia. O quarto capítulo é destinado à análise das matérias usadas pelo
portal G1 para noticiar a volta de Ronaldinho Gaúcho para o futebol brasileiro.
1 REFERENCIAL TEORICO
1.1 O futebol fenômeno social, o futebol notícia e o futebol negócio
1.1.1 Importância social e cultural do futebol no Brasil
O jogo praticado com os pés, dois gols e uma bola surgiu no final século XIX na Grã-
Bretanha. A restauração dos jogos Olímpicos impulsionou a criação de novas modalidades e o
futebol teve grande importância na construção dos esportes modernos, como demonstra
Carraveta (2006). A criação da FIFA (Federação Internacional de Futebol Associativo) em
1904 fez com que o desporto fosse rapidamente difundido nos vários continentes do planeta,
explica Carraveta (2006).
No Brasil, o futebol teve o seu grande difusor. O inglês Charles Miller trouxe, da terra da
Rainha Elisabeth, a bola e as regras. Inicialmente, a formação da cultura futebolística
brasileira começou com a criação dos clubes já em 1894. Foram eles: São Paulo Athletic
Club, Associação Atlética Mackenzie, Sport Club Internacional e o Sport Club Germânia,
esclarece Carraveta (2006). Nos primeiros anos apenas a elite o praticava, era excludente e
racista.
No começo do século XX, finalmente o esporte chegas às classes operárias. Os donos das
indústrias e fábricas incentivaram os funcionários para a prática do futebol. Rapidamente a
peleja se alastrou nas classes menos favorecidas. Outros clubes foram criados e os bairros
mais pobres implantaram os campos de várzea.
O número de times aumentava em vários estados. São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e outros locais já tinham times de futebol. As
primeiras competições também começaram a surgir e o futebol foi se firmando como esporte
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e entretenimento, ainda que amador. Fato que mudaria em 1933, quando Getúlio Vargas criou
a profissão de jogador.
Em 1941, o esporte brasileiro foi regulamentado. A organização crescente demandou a
criação de organismos e federações. O futebol ganhou novas perspectivas e mais
profissionalismo. Outro fator responsável pela expansão do jogo foi a cobertura dos meios de
comunicação. O rádio, o jornal e o cinema apresentavam o futebol, cada vez mais, como um
grande espetáculo emocionante, ressalta Carrveta (2006). As bases para o crescimento do
balípodo (nome em português para futebol) já estavam montadas. Jogadores profissionais
assalariados, torneios, federações e cobertura midiática.
No Brasil, o jogo foi absorvido de forma social, tornou-se costume popular, apesar de não ser
genuinamente do país. Dentre os estigmas que definem o povo brasileiro, o futebol é o mais
moderno. Foi trazido pelos ingleses, um país industrializado e mais avançado em questões
sociais e políticas. Essa organização da sociedade inglesa se traduzia também no esporte, que
tinha regras próprias e bem definidas.
No final do século XIX, o país ainda engatinhava como república e estado independente. Odesporto bretão então adquiriu o status de referência de normas para os primeiros brasileiros
que começaram a praticar o esporte, como afirma Damatta (2002).
No Brasil, a sociedade era constituída de favores, clientelismo e esperteza. No poder
econômico e político a sociedade não era dividida de forma igualitária. Os pertencentes às
oligarquias dominavam as ações sociais e financeiras. Aqueles que eram das classes mais
baixas eram oprimidos enquanto cidadãos.
Por meio do futebol, o indivíduo aprendeu a competir, ele não fazia apenas parte do jogo do
privilegiado. “[...] esse estranho jogo, que dando ênfase ao desempenho, democraticamente
produzia ganhadores e perdedores sem subtrair de nenhum disputante o nome, a honra ou a
vergonha”. (Damatta, 2002, p 12).
O brasileiro absorveu uma identidade no jeito de jogar bola. O modo de agir passou a
incorporar como aquele jogador se comportava tecnicamente dentro do campo. O brasileiro,
até mesmo como torcedor, se reconhece como dono do jogo bonito. Como salienta Damatta
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(2002), o jeito de ser do brasileiro em seu estereótipo, malandro, esperto, improvisador de
soluções, o jeito moleque que o atleta nacional joga futebol. O esporte é bretão, mas quem dá
o espetáculo do jogo com habilidade e beleza é o povo tupiniquim.
O futebol tem a capacidade de coordenar indivíduos para o bem comum. A organização de
massas para um jogo de futebol tem um único propósito: vencer. O objetivo dos torcedores é
ir ao estádio e “empurrar” seu time para a vitória.
De fato o futebol ajuda uma coletividade altamente dividida internamente a afirmar-se comouma coletividade capaz de atuar de modo coordenado, corporadamente e eventualmentevencer. Ora, essa experiência com uma organização coletiva com a qual podemos identificar abertamente e que opera para o nosso deleite e benefício é muito rara no mundo diário
brasileiro, um universo onde as instituições públicas estão há décadas desmoralizadas pelainflação e por práticas sociais clientelísticas e personalistas desconcertantes, difundidas por todos os partidos políticos e irremovíveis. Uma segunda dimensão do futebol como forçaintegrativa é a sua capacidade de proporcionar ao povo, sobretudo ao povo pobre edestituído, a experiência da vitória e do êxito. (DAMATTA, 2002, p.17).
Para Damatta, o futebol dá uma demonstração de igualdade e democracia, apenas
demonstração, mas sua representação social para os indivíduos injustiçados é altamente
legítima.
1.1.2 Jornalismo esportivo: Esporte é notícia
O futebol é um esporte que carrega na sua história a emoção. Uma partida pode levar milhões
de pessoas ao estádio para entoar os hinos e cânticos de seus clubes preferidos com tamanho
ardor. Os torcedores sofrem, vibram, riem e choram. O contraste de sentimentos é algo
arraigado no esporte bretão. O futebol é, sobretudo, movido pela paixão, como afirma Paulo
Vinícius Coelho (2008).
Nos primeiros anos de uma crônica esportiva, na década de 50, movida apenas por esse
sentimento, o jornalismo esportivo começou a nascer. Mas tratar uma partida de futebol ou
um evento esportivo com sentimento não poderia ser chamado de jornalismo. O autor das
crônicas apresentava personagens desse gênero que se aproximava mais da literatura que do
noticiário.
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Armando Nogueira, Nelson Rodrigues e Mário Filho descreviam partidas a partir da ótica que
lhes convinha, mas não quer dizer que era necessariamente a descrição objetiva dos fatos de
um jogo, segundo Coelho (2008). “A miopia de Nelson Rodrigues tirava-lhe a possibilidade
de enxergar qualquer coisa em um jogo de futebol, ainda mais em um estádio grande como o
Maracanã”. (Coelho, 2008, p 27)
Se uma crônica cria para o torcedor uma lenda, mesmo que esse ou aquele atleta não o seja,
não quer dizer que a crônica seja desprovida de autenticidade, ela não tem compromisso com
a verdade. A diferença entre a crônica e o jornalismo é essa. O jornalismo é feito de verdade,
de fatos e acontecimentos autênticos, como salienta Coelho (2008).
A atribuição de técnicas jornalísticas, como o próprio Coelho (2008) aborda, serviu para o
esporte ser noticiado com mais verdade e apuração. Há espaço para as duas vertentes sem que
uma desmereça a outra. Essa diferenciação passou a existir no começo da década de 1970. A
partir daí, o jornalismo esportivo começou a desabrochar de fato para construir um novo
nicho de mercado na comunicação.
Para Coelho (2008), jornalista esportivo deve ser atento a algumas questões para não sedecepcionar com a escolha. No Brasil, o principal esporte é o futebol e milhares de
profissionais que ascendem para tal atividade confiam apenas no conhecimento que tem desse
determinado esporte. Mas o jornalista esportivo deve estar preparado para noticiar outras
modalidades também.
Independente do esporte, o principal é o produto jornalístico. O mesmo vale para aqueles que
têm em outro esporte a sua preferência. O jornalista que tem o foco no futebol enfrentadificuldades no seu cotidiano, então o jornalista que deseja cobrir um esporte de menor apelo
público encontrará mais dificuldades ainda.
Mesmo sendo uma editoria que se rege sob processos jornalísticos, o noticiário esportivo não
representa um suporte de carreira sólido para o profissional que nela atua. Coelho (2008)
considera a carreira difícil. Os próprios veículos tratam a editoria como uma porta de entrada
para a profissão de jornalista e não exigem grande qualidade do material produzido.
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Ainda assim não é na editoria de esportes que se concentram os melhores salários dasgrandes redações, mas é para ela que seguem os focas, novatos que chegam sedentos detrabalho e de crescimento profissional. É assim desde que o jornalismo escreveu sua
primeira página. As portas de entrada para novatos são a editoria de esportes e de cidades. Oque é ótimo para quem quer seguir carreira em outras áreas. É péssimo para
desenvolvimento da própria carreira de jornalista de esportivo. (COELHO, 2008, p.27)
Para que a informação esportiva seja entregue ao público com os critérios jornalísticos
seguidos à risca, outro fator deve ser levado em consideração. Coelho (2008) propõe cuidados
para o tratamento com a fonte. Se o profissional deixar sua relação se tornar próxima demais
ou se tornar uma relação de ódio, o mais importante será prejudicado, a veracidade e a
qualidade da informação. Assim como apuração, pesquisa, ouvir os lados diversos do fato, a
ética também é imprescindível para fazer um bom trabalho como ressalta Coelho (2008).
Para executar uma boa reportagem esportiva, o jornalista, além de tratar a fonte com ética e
distanciamento, deve ir além do que é visto apenas naquele jogo ou naquela competição. Se
inteirar sobre toda a carreira profissional e curiosidade dos atletas, dirigentes e técnicos é
preponderante para fugir do lugar comum da maioria das matérias esportivas, observam
Barbeiro e Rangel (2006).
Os repórteres dessa área convivem muito próximos dos acontecimentos e ídolos. Como
explica Barbeiro e Rangel (2006), os profissionais que buscam a informação esportiva ficam
muito próximos dos elementos geradores de emoção. Deve-se tomar cuidado para não
contaminar a notícia com emoção em demasia, concluem Barbeiro e Rangel (2006).
Em relação ao texto do jornalismo esportivo, deve-se tomar cuidado com o uso dos clichês e
dos adjetivos: extraodinário, espetacular e dramático. Emoção e informação devem ter
equilíbrio, ressaltam Barbeiro e Rangel (2006). O texto jornalístico bem escrito tem
informações relevantes distribuídas de forma clara e objetiva.
O furo é tido pelos profissionais da área como um ponto crucial para o jornal e para o
jornalista. O veículo vence a concorrência e o profissional se destaca. O furo é uma e
informação inesperada que pega todos de surpresa e que vale muito nas redações. A questão é
que, muitas vezes, a voracidade dos editores e dos jornalistas de divulgar uma notícia
primeiro que os outros veículos leva a atropelos e erros na notícia.
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Coelho (2008) define como esse tipo de matéria deve ser apresentado para o público. “Não
vale saber quem divulgou a informação em primeiro lugar. Vale, sim, quem deu a notícia com
mais detalhes, com maior riqueza”. (Coelho, 2008, p 53). Dessa forma o que ainda será o
mais importante é a qualidade da notícia.
Para Unzelte (2009), o grande problema da área esportiva, comum em outras editorias
também, é a indiposição dos donos dos veículos para bancarem os custos que uma boa
produção exige. Deslocar repórteres para apurar algum fato, cobrir eventos esportivos de
grande magnitude, aportar à alimentação, transporte e distribuição de informação são julgados
onerosos pelas empresas. Babeiro e Rangel (2006), ainda salientam que a presença do
jornalista na rua é essencial para compilar um material interessante. Perde-se informação dequalidade, ânimo e retorno financeiro, conclui Unzelte (2009).
Os veículos se comportam de forma diferente em relação às matérias esportivas, observa
Babeiro e Rangel (2006). O rádio, a televisão e o jornal foram importantes para a difusão do
esporte. O rádio transmite emoção e memória, já que não tem imagem. A TV potencializa os
lances e expressões dos atletas e momentos marcantes. O jornal deve passar informações
detalhadas e bem apuradas. Essas outras plataformas já encontraram sua forma de noticiar,mas a internet ainda busca o melhor formato.
Um erro comum da editoria de esportes é publicar matérias pautadas na instantaneidade dos
acontecimentos. Preencher o noticiário esportivo apenas com resumo de treinos e jogos não
garante qualidade, como apresenta Barbeiro e Rangel (2006).
Aparentemente, como explica Barbeiro e Rangel (2006), a internet serve para despejar informações o mais rápido possível, o que ocasiona em pautas mal elaboradas, produções mal
feitas e crescimento de profissionais sem preparo. O objetivo perseguido é apenas o de
colocar mais uma informação na rede.
A qualidade fica em último plano, conclui Barbeiro e Rangel (2006). Unzelte (2009) compara
ao novo jornalista esportivo de redação online a um foguista, que deve a todo custo manter a
fornalha acesa. O trabalho deste jornalista se torna automático. Baseia-se apenas em
selecionar notas e publicar textos sem edição competente, observa Unzelte (2009).
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Por outro lado, o jornalista esportivo pode ter grande auxílio tecnológico da internet. Para
Barbeiro e Rangel (2006), falta melhor observação sobre as tendências e do investimento em
ferramentas digitais para a execução de boas reportagens. Na web, o público pode ter acesso
a uma grande quantidade de memória esportiva. O jornalista selecionando bem tais
informações apresenta ao torcedor “um banco de dados esportivo”.
Para se fazer uma boa redação da editoria de esportes não é necessário que todos morram de
amor por alguma modalidade. E nem que todos olhem apenas para o momento que as
competições acontecem. O jornalismo esportivo, antes de tudo, também é jornalismo. Se um
repórter tem a capacidade de fazer boas matérias com base no olhar curioso, apuração e
criatividade, mesmo que não seja um apaixonado por esporte, poderá fazer boas matérias. Acompetência e a transpiração se sobrepõem à paixão. A qualidade é indispensável, como
explica Coelho (2008).
Conhecimentos de outras áreas podem ajudar o profissional da notícia a produzir bons
conteúdos. Basta lembrar que, no futebol, outras áreas também são envolvidas. No esporte
também existe política, economia, sociedade, comportamento, leis e escândalos. A
investigação no meio esportivo também se faz útil para o esporte.
Um jornalista capacitado para recolher objetos documentais e fontes especializadas será de
grande ajuda nas redações de jornalismo esportivo. É preciso ir além dos resultados. Com
afirma Coelho, “A única maneira de mostrar que o esporte é viável é mostrar que o jornalismo
esportivo não é feito apenas por esporte”. (Coelho, 2008, p.73). Não basta apenas paixão.
1.1.3: Fatores que distorcem a notícia esportiva
Não é à toa que o esporte é notícia no mundo inteiro. Um evento esportivo apresenta
inúmeros interesses de várias partes. Sejam eles financeiros, sociais ou culturais, como
explica Borelli (2001). A importância e o grande movimento de contingente humano para
acompanhar o esporte garantem que os veículos de comunicação devem tomá-lo como
acontecimento e gastar tempo, planejamento e muito trabalho para cobri-lo, ressalta Borelli
(2001).
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Além do simples fato do perder ou ganhar que o esporte apresenta, sua cobertura demanda
muitos discursos variados, como salienta Borelli (2001). O acontecimento esportivo pode ser
compreendido como um centralizador de falas de diversas áreas para justificar a cobertura do
desporto como sendo relevante, conclui Borelli (2001).
Assim como Wolf (2002) e Traquinas (2005) explicam o funcionamento das empresas em
relação aos próprios interesses políticos, financeiros e ideológicos, a editoria de esporte não
escapa dessa alcunha, como ressalta Borelli (2001). Na cobertura de um evento esportivo o
veículo busca estratégias para chamar a atenção da audiência e assim legitimar o espetáculo,
mantendo, consequentemente, aqueles que sustentam o jornalismo - patrocinadores e
anunciantes - analisa Borelli (2001).
A relação entre patrocinadores, anunciantes e instituições esportivas provoca dependência
com os meios de comunicação. Constitui-se uma relação de interesses de mão dupla, como
aborda Borelli (2001). A mídia precisa do evento esportivo para vender espaço e o esporte
precisa de divulgação. A necessidade de construir uma imagem a respeito da atividade
esportiva o transforma em notícia, analisa Borelli (2001).
Betti (2002) conceitua que se o esporte atende o interesse da empresa de informação, então o
desporto não está na mídia, ele é da mídia. Para Betti (2002), alguns aspectos são
preponderantes para construção da imagem do esporte pela comunicação das empresas
jornalísticas. 1) A falação esportiva que informa e atualiza os acontecimentos e depois explica
e os justifica. 2) Monocultura esportiva, essa principalmente no Brasil. Enfoca apenas futebol,
já que o esporte garante maior lucratividade dos anunciantes. 3) Sobrevalorização da forma
em relação ao conteúdo: busca a espetacularização do esporte e seus personagens, enfatizandomais os recursos audiovisuais do que textos. 4) Superficialidade: baseia-se no efêmero e na
espetacularização. Informação sem aprofundamento e questionamento. 5) Prevalecência dos
interesses econômicos:
Se a cobertura de tal atividade esportiva é capaz de suprir os anseios financeiros dos
anunciantes e das empresas de mídia, o noticiário esportivo dificilmente destacará outras
modalidades, enumera Betti (2002). O Brasil é conhecido como país do futebol,
consequentemente o noticiário esportivo de grande magnitude se concentrará nele.
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A análise mais profunda e técnica do esporte, a cobertura de outras modalidades como opção
de consumo para públicos variados pode atingir realmente o processo comunicacional que a
área necessita, analisa Betti (2002).
1.1.4 O esporte como negócio
O esporte, como afirma Coelho (2008), não é apenas um entretenimento. Se fosse uma
simples diversão e um canal de explosão emocional não seria um dos negócios mais rentáveis
do planeta. “O esporte como produto, possui uma combinação única de qualidades, processos
e capacidades que levou as aplicações-padrão de marketing.” (MORGAN, SUMMERS, 2008, p.6).
Esse mercado envolve empregados, dinheiro, planejamento e marketing. “O montante gerado
com os esportes no mundo tornou-se tão exorbitante que agora o esporte já é considerado
realmente um negócio. Ele figura na lista dos ativos nacionais, sua gestão e marketing são
concebidos como parte de programas empresariais, e gestores governamentais e privados”.
(MORGAN, SUMMERS, 2008, p.48).
Especificamente o futebol também envolve quantias astronômicas de dinheiro. A Federação
Internacional de Futebol (FIFA) fez com que o esporte se tornasse uma atividade econômica
ativa. Estipula-se que a quantia movimentada seja de US$ 225 bilhões por ano, segundo
Carraveta (2006). Filiadas ao órgão máximo do futebol, encontra-se 204 federações nacionais,
193 países e 300 mil clubes e 1,5 milhão de equipes. Nos períodos entre as Copas do Mundo
a Federação Internacional de Futebol fornece cursos para 40 mil pessoas, financia reuniões para 45 mil técnicos e envolve aproximadamente 200 milhões de pessoas por ano, segundo
dados apresentados por Carraveta (2006).
O sistema financeiro do futebol é também consistente no Brasil, mesmo que esse ainda seja
desorganizado, como explicam Leoncini e Silva (2003). Segundo dados da Fundação Getúlio
Vargas (FGV1) de 2000, o futebol brasileiro contabilizava 300 mil empregos diretos, 30
milhões de praticantes informais, 580 mil atletas em 13 mil times organizados formalmente,
1 Dados constituintes da pesquisa de Lencini e Silva (2003) disponível em:www.scielo.br/pdf/gp/v12n1/a03v12n1.pdf.
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580 estádios com capacidade para abrigar 5,5 milhões de torcedores, 500 clubes profissionais
participando de em média 90 jogos por ano. Com fornecimento anual de nove milhões de
chuteiras, seis milhões de bolas e 32 milhões de camisas.
Em 2009, de acordo com dados da consultoria Crowe Horwarth RCS2 o futebol no Brasil
movimentou R$ 1,9 bilhão no mercado brasileiro. A comissão europeia estima que o esporte
represente 2% do PIB do continente. Na Espanha, La Liga3 já movimenta 1,7%. A consultoria
McKinsey4 estima que a Bundesliga5 gire, por ano, € 5,1 bilhões. Responsável por 110
mil empregos, ela garante arrecadação de impostos de € 1,5 bilhões anuais ao governo da
Alemanha. O futebol ainda representa 5% do PIB germânico.
Com enormes montantes de dinheiro, o futebol se tornou em uma empresa que precisa dar
resultados. Ele é constituinte importante no mundo dos negócios, como observa Carraveta
(2006). Os clubes, principalmente no Brasil, precisam se modernizar no sentido da gestão
para poderem concorrer em um mercado competitivo, conclui Carraveta (2006).
A área administrativa do futebol e outros esportes deve planejar e se cercar de outros
departamentos: comunicação, recursos humanos, patrimônio, jurídico e marketing, semprevoltados para o negócio analisa Carraveta (2006).
Outro âmbito de análise do esporte é o meio social. Competições, práticas esportivas diárias e
estádios só existem porque existe outra forma de demanda. O esporte está presente na cultura,
no fazer humano “[...] ele faz parte da história de todas as culturas do mundo e continua sendo
um veículo atual de definição cultural. Pessoas e comunidade podem definir e expressar sua
própria identidade e raízes comuns por meio do esporte e dos rituais a ele associados”.(MORGAN, SUMMERS, 2008, p.64).
Entender todas as facetas do esporte, que vão da gestão até as características culturais e
históricas, configura as demandas e atividades do marketing esportivo, como explicam
2 Matéria: 'Empresas estão mais confiantes no futebol' por Carolina Matos da Istoé Dinheiro (2009): disponívelem:http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/24711_EMPRESAS+ESTAO+MAIS+CONFIANTES+NO+FUTEBOL+PARTE+13 La Liga: Primeira divisão do Campeonato Espanhol disputada por 20 clubes no modelo de turno e returno.4 Matéria do autor dessa pesquisa. “O Fantástico Mundo da Bola”. Disponível em:http://voxobjetiva.com.br/materia_completa.php?id=3725 Bundesliga: Campeonato alemão da primeira divisão disputada por 18 times no modelo turno e returno.
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Morgan e Summers (2008). Se o esporte é um negócio, os torcedores são de fato clientes da
indústria esportiva. Quando esses consumidores ouvem, praticam e assistem a algum evento,
fica configurado o produto esportivo. São necessários profissionais com visão de mercado e
promoção dos serviços que o esporte oferece, concluem Morgan e Summers (2008).
O planejamento é parte indispensável para ações de marketing esportivo, mas outros
processos também se tornam necessários. Um deles é a comunicação. Através dela o cliente
tem a possibilidade de formar uma ideia de imagem da empresa que lhe está oferecendo
produtos que vão custar seu tempo e dinheiro. MORGAN e SUMMERS (2008) afirmam que
todo consumidor deve conhecer o que está comprando, mas que para isso a empresa precisa
utilizar de uma ferramenta comunicacional. A promoção como importante estratégia tem seuscanais através das plataformas midiáticas. Televisão, rádio, impresso e internet são
transmissores canalizantes das ações de marketing esportivo.
As empresas de mídia noticiam o esporte pelo poder dessa atividade humana de se
transformar em lucro, como explicam Morgan e Summers (2008). A programação esportiva
ocupa um bom percentual da grade de programação das emissoras de TV, por exemplo. As
tardes de sábado e domingo são preenchidas por competições esportivas em vários lugares domundo, observam Morgan e Summers (2008).
A última plataforma citada tem uma característica personalizante de demanda de consumo.
MORGAN e SUMMERS (2008) afirmam que a internet auxilia as empresas a direcionarem
os produtos às pessoas certas porque elas interagem dentro do meio digital, se mostrando
como um anseio de mercado. Esta ferramenta de informação usada de forma concreta pode
gerar resultados também. O esporte atualmente também é noticiado pela web. Coelho (2008)afirma que grandes sites foram criados apenas para cobrir o futebol. Pele.net foi um exemplo
e o grandes portais de notícia, como IG, Yahoo, Terra e G1 também o fazem.
A comunicação para a promoção do produto esportivo envolve uma gama de instrumentos de
marketing, como descreve Areias (2009). Patrocinadores Oficiais, produtos oficiais,
ingressos, direitos de transmissão dos eventos, produtos dos clubes ou atletas, são
indispensáveis para o retorno que os investidores esperam ter com o esporte. O mercado do
esporte foi capaz de criar suas próprias ferramentas, como descreve Areias (2009).
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Para continuar tendo resultados o mundo empresarial deve se ater também ao futuro. Se uma
organização esportiva ou financeira não estiver a par das novas tendências de mercado, muito
provavelmente deixará de existir. Fazer previsões é altamente importante também no
marketing esportivo.
Na verdade, o que você precisa é ter uma perspectiva equilibrada ao prever ou interpretar mudanças futuras. Não se esqueça de analisar uma série de fatores, incluindo os ambientais,tecnológicos, sociais, políticos e legais, ao avaliar a probabilidade ou impacto de qualquer mudança futura. (MORGAN, SUMMERS, 2008, p.395).
Independentemente do momento de mundo, o esporte continuará sendo um meio de
socialização, um agente importante no PIB de países, desde que organizado, e um objeto deações de marketing esportivo, salientam MORGAN e SUMMERS (2008).
1.1.5 A importância do ídolo: O jogador de futebol
O futebol é o esporte mais praticado no mundo e no Brasil, por isso ocupa parte do imaginário
do brasileiro, ressalta Giglio (2007). Os jogadores de futebol são elevados ao status de ídolose heróis que arrastam consigo multidões e são vistos como modelos para a sociedade,
principalmente para crianças, analisa Giglio (2007).
Muitos dos jogadores considerados ídolos no Brasil vieram de classes sociais mais pobres e
graças ao talento com os pés, mudaram de nível sócio-econômico - por exemplo, Ronaldinho
Gaúcho e Ronaldo. Estes são vistos como vencedores e homens bem sucedidos, outro fator
que atrai fãs - conclui Giglio (2007).
Os jogadores do mais alto nível ficam marcados por conquistas e por grandes momentos que
propiciam para os torcedores. O fato é que estes são temporários. No mundo esportivo,
quando o atleta chega a certa idade o rendimento baixa e adiante vem a aposentadoria. Os
próximos ídolos serão formados a partir da referência do ícone anterior. Esse fator ocasiona a
substituição de mitos do esporte através da influencia que o herói exerce, discorre Giglio
(2007).
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A figura do ídolo é tão imponente e marcante, que muitas vezes a sua imagem se sobrepõe ao
clube que joga. Ele é capaz de aproximar vários torcedores para perto da instituição esportiva,
potencializando a identidade do torcedor em relação ao time, analisa Giglio (2007).
Ainda para Giglio (2007) a mídia desempenha papel preponderante no culto ao ídolo.
Antigamente apenas o rádio formava a ideia do herói do futebol, mas a imagem que a TV
reproduz espetaculariza e aperfeiçoa cada vez mais o olhar sobre este ser endeusado por um
séquito de fãs. O jogador é transformado pela mídia em um realizador de proezas
inimagináveis, observa Giglio (2007).
O ídolo chama tanta atenção dos veículos de informação que os fatores extra-profissionais doherói esportivo passam a ser notícia. Sua vida particular é invadida e exposta. O público
recebe essas informações como se fossem relevantes para o entendimento do objeto de
idolatria, entende Giglio (2007).
A renovação, a aproximação dos torcedores em relação ao clube, os fatores econômicos
envolvidos na venda da imagem do ídolo são indispensáveis para o futebol. Atualmente o
esporte é um espetáculo por si só e midiático. Automaticamente carece de grandes personagens, conclui Giglio (2007).
O ídolo atrelado ao futebol tem a capacidade de influir em vários aspectos do esporte. Ele
confirma a importância social para uma modalidade continuar existindo, atrai negócios e
também se torna notícia.
2 JORNALISMO ONLINE
2.1. Jornalismo na era digital: novos conceitos e técnicas no jornalismo tradicional
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O jornalismo vem mudando da última década para cá. As tecnologias digitais modificam a
comunicação em toda a cadeia de produção. Para Bugierman (2010), o que antes pertencia ao
comércio do “publishing”, papel impresso, agora foi parar na internet. Bugierman (2010),
ainda afirma que a função do jornalismo é, entre outras coisas, emoldurar belos anúncios
junto à informação. Se esse caminho está diferente, então toda a indústria está se
transformando. À medida que o faturamento cai, as empresas de informação se enfraquecem.
A única forma é aprender a trabalhar em outra plataforma.
Acontece que, enquanto o publishing desmorona, vão surgir milhões e milhões deoportunidades. Quando grandes indústrias que fazem serviços relevantes desabam, abremespaço para gente inovadora propondo coisas diferentes. Estamos entrando numa época deexperimentação, de invenção, de novidades. (BUGIERMAN, 2010, p 27)
Não é só o fazer jornalístico que se altera. O público não é passivo como antes e a linguagem
empreendida pelos profissionais da área deve ser modificada para que o processo
informacional se complete, como identifica Costa (2009). Seja entretenimento ou informação,
a comunicação ganhou muita importância no presente século. Se não fosse dessa forma, as
empresas de mídia não ganhariam a notoriedade e relevância que têm hoje, afirma Costa(2009).
A grande capacidade de a internet ser uma rede mundial faz com que o mundo ultrapassasse
fronteiras físicas. É possível, por exemplo, um inglês conhecer brasileiros e adquirir muitas
informações sobre o país sem sair de casa e vice-versa. Não bastasse isso, qualquer pessoa
pode produzir informação a que todos terão acesso. Não é preciso que um jornalista produza
notícias para que os indivíduos conheçam certas realidades ou fragmentos dela. Costa (2009)
afirma que por essa característica da rede global, o jornalista mudou de lugar na comunicação
e na maneira de fazer jornalismo.
A entrada das principais empresas de informação nos portais de notícia confirma o argumento
de Burgierman (2010) e Costa (2009) sobre a nova plataforma. Silva (2010) ressalta que o
New York Times, em 2009, se transformou em uma grande empresa de produção midiática
convergente e não apenas em um periódico impresso. Se um jornal tradicional muda sua
forma de agir e produzir informação, então o profissional da área também deve atuar
conforme os novos ditames comunicacionais.
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Silva (2010) afirma que, “[...] não basta só escrever, fotografar, pesquisar, entrevistar,
diagramar ou filmar. O jornalista precisa dominar todas estas técnicas juntas, porque o seu
leitor na internet domina e vai cobrar.” (Silva, 2010, p 45). Assim como os jornais, o
jornalista tem que se adaptar para não perder mercado. A convergência de mídia (texto,
imagem, áudio e vídeo) que a internet possibilita obriga o profissional da comunicação a ser
multifacetado e atualizado em relação a tecnologias e maneiras de disseminação de
informação, como conclui Silva (2010).
Outra discussão deve ser levantada a respeito do jornalismo online. O atual momento da
comunicação não modifica apenas as técnicas e conceitos jornalísticos. Como afirma Costa(2009):
As transformações edificam uma indústria diferente, uma nova mídia. Esse movimento exigea rediscussão da ética nas comunicações, no jornalismo porque propõe novas questões.Exige também uma compreensão mais ampla desses fenômenos até mesmo para entender como as empresas tratam a ética. Obriga um aprofundamento da questão moral da mídia Em
paralelo, sobrevive na formação do comunicador, do jornalista um vácuo no que toca à éticae à moral na perspectiva da história do conhecimento, vácuo que necessita ser preenchido
para um conhecimento abrangente da questão da comunicação. (Costa, 2009, p.15).
Uma figura importante que, nesse novo momento, ganha um novo status é o leitor. Agora o
“outro lado da comunicação” tem um comportamento diferente em relação às informações
que são direcionadas a ele. O leitor há algumas gerações passadas, servia majoritariamente
como receptores de informação.
Silva (2010) ressalta que o receptor de notícias, simplesmente, não comenta a informação, ele
é o motivo principal das pautas existentes. A notícia atualmente atende pela base da pirâmide.
A demanda vem de baixo para cima e não de cima para baixo. Outra característica que o
jornalista enfrenta em relação ao leitor é a crítica. Agora o profissional tem suas idéias
contestadas de forma direta e incisiva.
Como afirma Ward (2006), o leitor decide o que será relevante, interessante ou não. O
consumidor agora interage com o produto. Ward (2006) específica os níveis interacionais
presentes na plataforma digital:
• Consumidor interagindo com o provedor: leitores entram contato com o jornalista para
opinarem e fornecer mais informações.
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• Consumidor interagindo com consumidor: os fóruns de discussões podem fornecer aos
jornalistas informações e necessidades do público.
• O consumidor pode se tornar um provedor: o consumidor com informação importante
se torna confiável e contribui para um assunto, tema ou discussão com qualidade.
A capacidade e o conhecimento do público fazem com que o jornalista não seja o único a ter
informações. Os leitores podem conhecer tanto quanto ou mais sobre algum assunto do que o
jornalista, como explica Ward (2006). A troca de ideia faz com que a figura do repórter “sabe
tudo” acabe. Ele não é mais o guardião das informações. O poder comunicacional do
jornalista foi descentralizado, cabe a ele descer do púlpito e viver como um mortal como
todos os outros, analisa Ward (2006).
Embora exista a necessidade de domínio de várias plataformas midiáticas, a busca do
entendimento dos novos paradigmas da informação e a aceitação do poder do público,
algumas características continuam intrínsecas ao jornalista. Para Ward (2006), os processos
básicos do jornalismo continuam os mesmos. A essência de identificar e encontrar
informações que atrairão o público, a apuração necessária para construir uma reportagem e a
apresentação do material jornalístico da melhor maneira possível continua existindo.
O que não mudou também foi o caráter mercadológico. Desde a fundação dos pilares do
jornalismo por Tobias Peucer em 1690, essa faceta existe. O médico e teólogo alemão
escreveu a primeira tese de doutorado sobre jornalismo de que se tem notícia. Nela consta que
o jornalismo é também uma atividade comercial, ressalta Costa (2009).
Isso não mudou, os jornais são vendidos nas bancas e neles a publicidade tem seu espaço. Norádio as propagandas patrocinam os noticiários da mesma forma. A TV foi grande
responsável pelo aprimoramento dos comerciais devido ao poder das imagens. Na internet não
é diferente. Os sites contêm banners, vídeos promocionais e anúncios. Tudo para acompanhar
o produto notícia no século XXI. A diferença é que na web apenas os grandes sites
conseguem se manter mais firmes junto ao comércio digital. Para publishers menores ainda
não se descobriu uma maneira de tornar mais rentável, conclui Ward (2006).
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Além do velho faro jornalístico que Ward (2006) descreve, outro fator ainda estará em
discussão no jornalismo da nova mídia que Costa (2009) define. Os dilemas éticos, a busca
pela verdade, a representação de fragmentos da realidade continuarão existindo, mas de forma
diferenciada.
O erro de publicar no meio digital uma imagem feita por câmera escondida, um áudio sem
consentimento da outra pessoa e a disseminação de informações mal apuradas têm um efeito
devastador que se alastra rapidamente, como salienta Costa (2009). Além do mais, o público
ajuda através de e-mails, SMS, blogs, Twitter e Facebook. A velha responsabilidade com o
público e a ética não devem ser deixadas de lado.
Não existe mudança sem problemas. A internet também apresenta mazelas. A democratização
da informação traz consigo distorções do que é ou não é relevante. O poder de carregar
celulares, câmeras de vídeo e foto transformam qualquer pessoa em jornalista. Nem todas
essas pessoas são preparadas para distribuir informação. Devido a esse efeito da internet, o
jornalista e o editor ganham mais importância, conclui Araújo (2010). Os bons jornalistas
agora vão ter a função de filtrar o que é e o que não é relevante, sendo amparados por sua
técnica, visão e coerência.
2.2 Aspectos do texto no webjornalismo
Franco (2006) apresenta pesquisas e estudos que buscam entender o direcionamento visual do
leitor de notícias pela internet. A partir dos resultados foi possível constatar que muitas teorias
a respeito de como os jornalistas escrevem para web devem mudar.
Os leitores, ao contrário do que se pensava, leem sim textos mais longos e profundos. A
apresentação é que deve mudar. Como salienta Franco (2006), se os textos forem bem
construídos e interessantes, os leitores os lerão. Os jornalistas devem atender as necessidades
do usuário.
Quando o leitor se depara com a conclusão de algum tema e acha interessante, provavelmente
o lerá por inteiro. “Essa forma de apresentar conteúdos é a que mais se ajusta ao ambiente
digital e satisfaz as necessidades do usuário tanto nas páginas iniciais, resultado de busca e
canais RSS, como boletins enviados por email” (Franco, 2006, p.55)
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A qualidade dos textos é imprescindível. Não é porque a internet é mais rápida do que as
outras mídias que os jornalistas não devam cuidar deles. Para Ward (2006), o texto é o
principal elemento do jornalismo online, é o “operário” desta plataforma. A construção das
frases deve ser feita na ordem direta para não cansar o leitor que na internet quer ter o seu
desejo atendido rapidamente, explica Ward.
Para Ward (2006), o texto de internet deve ter um bom ritmo também. Mudar o tamanho das
frases é essencial para não causar no leitor o efeito “metralhadora”. Outra dica é escrever
sobre o que acontece com as pessoas e não o que não acontece. “[...] Desse modo um time de
futebol pode escapar do rebaixamento, em vez de não ser rebaixado” (Ward 2006, p.108).
Não se deve fazer citações sem que o que seja dito seja realmente importante. Se for
irrelevante é melhor explicar sem as aspas, observa Ward (2006).
Para que a informação da web atinja o objetivo, os editores e repórteres da plataforma digital
têm a ferramenta do hipertexto. Como sugere Franco (2006), trabalhar a notícia digital
estratificada ajuda o leitor da web a buscar o entendimento do contexto daquele fato.
Uma matéria pode conter links, com outros braços daquele mesmo acontecimento. O ideal é
que os demais links partam para os detalhes da primeira informação. O entendimento do leitor
passa a ser progressivo e ajuda o público a ter uma visão macro do mundo em que vive.
Ward (2006) explica que o uso das palavras deve ser economizado. Para deixar o texto do
jornalismo online enxuto é preciso usar somente o necessário. Os leitores de web buscamexatamente isso. Usar palavras com o seu real sentido também facilita esse processo. Na
internet os portais de notícias podem ser acessados pelo mundo inteiro. É importante o
jornalista entender isso porque não é saudável que a linguagem da notícia exclua ninguém.
Todos devem ler o título e achar importante ler o resto da matéria.
A ideia de texto curto com economia de palavras que Ward (2006) expõe não é a única forma
de escrever para web. Como Ward (2006) observa os textos longos também podem ter lugar,
importando de fato o que o leitor anseia. A discussão sobre o tamanho do texto é resolvida
pelo público.
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Como afirma Silva (2010), o jornalista, assim como o veículo, deve se adequar aos processos
jornalísticos atuais, para não perder espaço no mercado. Esse domínio passa pela formulação
gráfica de uma página na web, como explica Franco (2006). A página deve ser formulada para
direcionar objetivamente o leitor para a informação desejada.
Em relação à pirâmide invertida, Ward (2006) tem outra visão. O modelo funciona melhor
com a base para baixo, já que dessa forma o texto vai apresentar primeiro a essência da
notícia por representar melhor a importância e a quantidade do que será escrito. Para que o
uso da pirâmide em posição normal também funcione é necessário uma introdução que
apresente a essência da matéria de forma sucinta. O leitor só buscará terminar de ler o resto seisso for bem executado, como explica Ward (2006).
O jornalismo digital não é igual ao rádio e a TV. Os noticiários destas plataformas são
lineares. Para ver ou ouvir a notícia cinco de um boletim informativo o público terá que
acompanhar as outras quatro informações anteriores. Na rede o leitor pode começar a se
informar por onde quiser, consistindo na não-linearidade da narrativa. Ele é mais seletivo e
objetivo. Só assiste, ouve e lê o que realmente lhe chamou a atenção. Se uma matéria tem fotoou vídeo, o leitor pode começar por eles e depois ler o texto. É mais provável que isso
aconteça, como exemplifica Ward (2006).
Apesar da característica de não-linearidade ser um aspecto importante no meio digital, não
quer dizer que não haja espaço para a linearidade. O jornalismo online não descarta essa
forma de narrativa tradicional, como adverte Ward (2006). Alguns leitores preferem a
linearidade.
Os leitores ainda buscam algo parecido com a mídia tradicional. O público do formato online
o procura porque ele é rápido e não porque é não-linear. Outro fator que pode interferir na
preferência da estrutura linear é a localização geográfica do consumidor. Se ele estiver em um
local que não vende o jornal que está acostumando a comprar, ele vai buscá-lo no formato
digital e esse leitor vai querer acompanhar os fatos da mesma forma linear que lê no
periódico, conclui Ward (2006).
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Franco (2006) apresenta pesquisas que apontaram que o usuário utiliza os grandes sites de
notícia com interesses específicos. O mais indicado para cumprir esse caminho, segundo
Franco (2006), é usar intertítulo. Dividir o texto em blocos maximiza a compreensão da
reportagem.
Certos intertítulos podem chamar mais atenção do que outros, assim o leitor não vai ter que
procurar muito o que deseja. Se se interessar pelo resto vai ler os outros blocos, mas é
importante lembrar que é muito comum que o internauta não leia tudo o que foi escrito, como
esclarece Franco (2006).
Como na internet é possível hospedar vídeos, áudios e fotos para noticiar um fato jornalístico,é preciso que essas técnicas também sejam bem executadas. O filme deve sim ter boa
qualidade. É comum na internet vídeos em péssimo estado. Os cuidados na hora da gravação
devem ser tomados, assim como na televisão. A edição deve ser condizente com a
necessidade da reportagem. As fotos também merecem atenção e cuidado. Boas imagens
ampliam o entendimento do publico a respeito da notícia, como aponta Ward (2006).
O áudio deve ser captado para ser o mais audível possível. Assim como no rádio ninguém vaiouvir algo inaudível. A edição deve ser feita com cuidado para não deixar o material
desconexo e prolixo.
Outra poderosa ferramenta do jornalista digital são os links. Esses, contidos em uma matéria,
podem fazer o leitor entender aquela notícia de forma mais ampla, como ressalta Franco
(2006). Para Ward (2006), até os links externos que fazem o leitor abrir uma janela de outro
site pode valorizar o próprio portal. Se o jornalista apresentar facilidade para que o públicoobtenha o maior entendimento possível de um fato, ele buscará o seu site como referência.
Silva (2010) afirma que os jornalistas institucionalizados não são os únicos capazes de
produzirem conteúdo. Logo, Franco (2006) explica que a construção de um site ou blog
particular deve atender aos requisitos técnicos para atingir o máximo de eficácia em relação
ao público. O padrão é o mesmo para grandes empresas de comunicação e para pequenos
focos de informação. O que importa é a comunicação eficiente.
2.3 Newsmaking, critérios de noticibilidade e espetacularização da notícia
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2.3.1 Distorções no trabalho jornalístico no produto notícia
Não é apenas em razão da falta de definição sobre os conceitos do web jornalismo, como
explica Silva (2010), que as redações cometem equívocos. Mesmo que a mudança das
ferramentas modifique a produção jornalística, as grandes empresas continuarão sustentando
redações. No Brasil, por exemplo, a Globo Comunicações é proprietária de um jornal, um
canal televisivo e uma rádio. Tendo em vista o surgimento do meio de informação na web, a
emissora também criou um portal digital.
Para Breed (1955, citado por Traquinas, 2005), as redações constituem um campo deinteração social direcionado pelos interesses de uma empresa jornalística. Os modos como
esses profissionais trabalham são aprendidos de forma automática. Esse comportamento é o
que se espera por parte de quem as comandam, conclui Breed (2005).
Além da política editorial adotada pela empresa, outro fator interfere na produção da notícia.
Para Traquinas (2005), os jornalistas se tornam reféns dos balanços financeiros. Elas precisam
de lucros ou no mínimo não ter prejuízos. Durante a cobertura da volta de Ronaldinho Gaúchono G1, era possível visualizar informes publicitários quando a página daquela informação era
acessada.
Os veículos precisam vender espaço para publicidade. Uma notícia e a maneira como ela é
construída atrai ou não anunciantes. Dessa forma, o que é ou não relevante passa pelo crivo
comercial da empresa de comunicação, conclui Traquinas (2005).
Os interesses de empresa são preponderantes para a construção da informação, como salienta
Breed (1955, citado por Traquinas, 2005), mas individualmente o jornalismo requer o mínimo
de autonomia para ser executado. Breed (1955)ressalta que os profissionais das redações têm
subterfúgios e objetivos na hora de construir uma matéria jornalística.
O autor analisa que os jornalistas se valem da justificativa de que a linha editorial não é bem
definida, além de usarem a falta de conhecimento dos executivos de uma empresa para
determinados assuntos e as convicções pessoais.
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Outro fator importante para a concepção da notícia para Breed (1955) são os objetivos
profissionais. As matérias são as moedas de troca do profissional da redação. Com elas é
possível agradar os superiores, subir de cargo e ganhar a concorrência dos colegas.
Para Wolf (2002), o conjunto de regras pré-estabelecidas das redações distorce a informação
desde o nascedouro. A partir do momento em que o veículo define o que é o que não é
notícia, o produto final estará comprometido, ou simplesmente pré-determinado e repetitivo.
A produção industrial padroniza a maneira como as informações são trabalhadas a fim de
simplesmente abastecer o público de maneira mais rápida, eficiente e sem dispêndio de tempo
e recursos financeiros. Tudo feito sem a reflexão profunda se tal fato é ou não é realmente
relevante, explica Wolf (2002).
Por se tratar de um veículo de rápida circulação como a internet, essa característica é
acentuada, como explica Araújo (2010). O G1 necessita de ser abastecido o tempo inteiro. Em
um período curto, Ronaldinho apareceu frequentemente no noticiário esportivo.
Os critérios pra tratar o valor notícia são amplificados e o que realmente se torna necessário é
a rapidez e praticidade. Embora, em tempos de jornalismo digital os editores devessem ter ocrivo mais apurado, como salienta Araújo (2010).
Além das deformações no trabalho cotidiano do jornalista em relação à empresa, o público
tem relevância na formatação de um noticiário, como analisa Wolf (2002). O conhecimento
do público e os gostos pessoais interferem no fazer jornalístico.
Ao noticiar é preciso levar em conta a demanda que as pessoas têm. Essas necessidadesdevem ser supridas pelos jornalistas dando ao público o que ele acha importante. Para que a
informação atinja o maior número de indivíduos, a notícia deve ser construída para ser
entendida de modo genérico, como conclui Wolf (2002).
Futebol é uma editoria presente no jornalismo brasileiro. Existem vários clubes. Seus
torcedores demandam informação. Aquilo que diz respeito ao próprio time se torna notícia, e
ela é trabalhada para que o maior número de pessoas a absorvam.
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Após a análise do Newsmaking - conceito que abarca as características de como as noticias
são: interesse do público, interesse da empresa, construção social de uma redação, convicções
pessoais do jornalista, conhecimento do público - Wolf (2002), ressalta como preponderante
para análise do processo comunicacional:
Observei que: a) a relevância de um acontecimento é individualizada e avaliada a partir dasexperiências organizativas do órgão de informação; b) os valores notícia constituem critériosque não são ativados um a um, mas em cacho e sinalizando hierarquias mutáveis; c) nautilização de fontes, funcionam múltiplos critérios práticos, flexíveis; d) a própriacomposição dos noticiários é uma espécie de compromisso entre elementos pré definidos eelementos imprevisíveis; e) as modificações in extremis das notícias são avaliadas na suafactibilidade em relação a critérios opostos entre si (importância do acontecimento versuscustos da operação de modificação); f) a rigidez da organização do trabalho é atenuada pelatendência para a receptividade aos acontecimentos imprevistos, a atualização das notícias.
(Wolf , 2002, p. 249)
Para Wolf (2002), os fatores que interferem na construção da notícia se apresentam em
porções desiguais. Cabe ao jornalista saber enquadrar seu trabalho dentro de todas as
características e as deformidades que os critérios de noticiabilidade apresentam, assim
configurando sua capacidade profissional.
2.3.2 A mídia espetaculista e os Olimpianos
A adoção do capitalismo fez com que se acentuasse a demanda humana por espetáculo, como
analisa Debord (1967). O homem tomou como central em sua vida aquilo que não é de fato
real, mas sim uma construção de realidade montada pelo poder da imagem. Em detalhe, o
homem substitui o real pela simulação do espetáculo, destaca Debord (1967).
O espetacular na lógica do capital nada mais é do que um produto que pode ser comprado,
utilizado e depois descartado. Ele pode ser atingido e consumido, basta pagar, como analisa
Debord (1967). A sociedade moderna vive de acumulação de espetáculos. Esses são atrativos
porque, como ressalta Debord (1967), se apresentam como grandiosos, positivos e
inacessíveis. Vendem uma verdade falsa e realizadora.
Os veículos de comunicação têm um papel preponderante na produção de espetáculos. Esses
são reproduzidos à maneira midiática. Como observado por Wolf (2002) e Traquinas (2005),
as empresas de comunicação têm necessidades financeiras. Na definição de Debord (1967), o
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espetáculo é mercadoria. Consequentemente, o consumo de espetáculo é utilizado pelas
mídias como meio de faturamento.
O G1 reproduz nas suas páginas aquilo que julga espetacular o bastante para ser noticiado. As
matérias publicadas no site são realidades que são conhecidas porque têm imagens e
descrição. Quando se tem uma notícia de um jogador como Ronaldinho Gaúcho, a divulgação
da sua imagem faz o público saber que personagem é aquele.
O poder de reprodução de realidade espetacular da mídia permite que o receptor de
informação discuta e acredite naquilo que o veículo julga ser informação, como explica Wolf
(2002), através do agenda setting. A relação de espetáculo de Debord (1967) determina ohomem como refém do próprio espetáculo que inventa. Resumindo: o homem cria a demanda
para o espetáculo e a mídia potencializa esse efeito de realidade aumentada. Por conseguinte,
garante a vida do ser humano a flutuação entre a ficção e a realidade, como se refere Debord
(1967).
Uma empresa de comunicação como a Globo abastece as próprias plataformas de informação,
com fragmentos de realidade que permitem ao espectador absorver a noção de realidadecolocada pelos seus critérios profissionais.
Como analisa Kellener (2003), atualmente o meio digital se tornou a mais nova forma de
produzir mega espetáculos. A capacidade de aglutinar recursos de outras mídias a transforma
em uma grande divulgadora de mercadorias. Para Kellener (2003), a mídia assume papel de
extravagância:
Baseados neste conceito, argumento que espetáculos são aqueles fenômenos de cultura damídia que representamos valores básicos da sociedade contemporânea, determinam ocomportamento dos indivíduos e dramatizam suas controvérsias e lutas, tanto quanto seusmodelos para a solução de conflitos. Eles incluem extravagâncias da mídia, eventosesportivos, fatos políticos e acontecimentos que chamam muito a atenção, os quaisdenominamos notícia. (Kellener, 2003, p. 5)
A principal crítica de Debord (1967) é a transformação da mercadoria espetacular como
ponto central da vida humana. É a vitória do ter sobre o ser .
Levando em consideração a construção da notícia enquanto fomentadora do espetáculodefinido por Debord (1967), e as áreas que ele abrange, como: eventos esportivos, política e
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tudo aquilo que chama atenção, apontados por Kellener (2003), as reproduções midiáticas
precisam de personagens que façam o papel de personagens modelo.
Esses são definidos por Morin (2005) como Olimpianos. São figuras personificadoras de
poderes divinos elevados ao status de semideuses. As “vedetes da imprensa”, segundo Morin
(2005), são propulsores do consumo midiático.
As divindades representadas pelos veículos de informação colocam esses indivíduos no
Olimpo. As qualidades e defeitos pessoais são amplificados de tal maneira que eles se tornam
exemplo a ser seguido ou rechaçado, como explica Morin (2005). Kellener (2003) cita essas
super figuras atreladas a várias áreas e uma em especial vem ganhando mais notoriedade:Ooesporte.
Essa atividade humana atingiu o nível de espetáculo, principalmente o futebol. A Copa do
Mundo, as competições intercontinentais entre clubes demonstram que o planeta inteiro
consome os produtos do jogo.
Em razão ao poderio midiático que o futebol ganhou, ele também produz semideuses, comoressalta Kellener (2003). Um jogador como Ronaldinho Gaúcho, campeão mundial, eleito
duas vezes o melhor jogador de futebol do mundo, ex-jogador de grandes clubes como
Grêmio, Milan e Barcelona, carrega um séquito de fãs. A habilidade com a bola que marca a
carreira do atleta o mitifica.
3 METODOLOGIA
A pesquisa consistirá em analisar as matérias publicadas no site G1 sobre a volta de
Ronaldinho Gaúcho para o Brasil. Para a análise, serão observados os critérios técnicos e
conceitos da bibliografia específica sobre o jornalismo esportivo, web jornalismo e marketing
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esportivo. Serão observados os critérios de noticiabilidade do jornalismo esportivo, as
teorizações das técnicas do web jornalismo e as estratégias de marketing esportivo.
3.1 Pesquisa Documental
Para a pesquisa documental foram coletas 43 matérias do site G1, no período de dezembro de
2010 e janeiro de 2011, que tratam da volta do jogador Ronaldinho Gaúcho.
3.2 Métodos e técnicas
3.2.1 Análise de conteúdo
O método utilizado para a realização da pesquisa será a análise de conteúdo. Serão analisadas
as matérias coletadas durante a cobertura do site G1 sobre a volta do jogador Ronaldinho
Gaúcho para o futebol brasileiro.
Para análise de quantitativa conteúdo, será observado, além volume das matérias em um
período de tempo, quantas vezes e quantas fontes foram ouvidas nas matérias. Esta
observação buscará, através de dados numéricos, mensurar a relevância da informação dada a
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cada matéria e se essas fontes correspondem aos critérios jornalísticos. Outro fator a ser
quantificado, será a apresentação do volume de exposição da imagem do atleta.
Categorias quantitativas
• Critérios de noticiabilidade
- Quantas matérias a respeito da transação do jogador foram postadas no site de dezembro
de 2010 a janeiro de 2011
• Credibilidade das fontes em uma matéria jornalística:
- Quantas vezes Ronaldinho Gaúcho fala diretamente às matérias sobre sua volta ao Brasil
- Quantas vezes Assis fala diretamente às matérias sobre o destino de seu agenciado
- Quantas vezes as matérias dão como concretizadas as negociações sobre o destino do
jogador
- Quantas vezes os dirigentes dos clubes envolvidos na negociação falam diretamente às
matérias
- Quantas fontes em média as matérias usavam
• Uso da imagem do atleta
- Quantas vezes a foto do jogador aparece nas matérias sobre sua volta
- Quantas vezes o patrocinador esportivo do jogador aparece nas fotos colocadas na
matéria
• Web jornalismo
- Quantos links que se relacionam com a cobertura cada matéria apresentou• Marketing esportivo
- Quantos anúncios existiam em cada página
Para a análise qualitativa serão observados os critérios técnicos e conceituais do web
jornalismo aplicados na cobertura do site G1. No que diz respeito ao jornalismo esportivo,
serão observados, nas matérias, os critérios de noticiabilidade da editoria. Outro eixo da
observação se concentrará nas estratégias de marketing esportivo para verificar a existência
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deles (ou não). Para complementar, será estudada a elevação da personalidade em um mito,
em relação ao personagem central da cobertura.
Categorias qualitativas
• Web jornalismo ( conceitos e técnicas)
- Como o texto noticioso do G1 é estruturado:
apresenta bigode;
construção dos títulos;
narrativa de texto;
links para outras notícias
uso de outra plataforma de mídia
- Como a matéria do G1 é visualmente apresentada graficamente envolvendo:
Tamanho, tipo e cores de fontes;
Alinhamento do texto;
Espaçamento;
Destaques de para outros links;
Uso de imagem.
• Critérios de noticiabilidade do jornalismo esportivo
- O que o fato apresenta para ser considerado notícia esportiva
- Espetacularização da notícia esportiva
- Competência das fontes para serem utilizadas na matéria
- Uso de personagem jornalístico
- Sacralização de celebridade
• Estratégias de marketing esportivo
- Exposição de imagem do produto esportivo
- Transformação do esporte em negócio
- Formas de exposição de imagem do produto esportivo
- Importância econômica do esporte
- Uso do produto esportivo para valorização da imagem de uma instituição esportiva- Uso dos meios de comunicação para expor a imagem de um produto esportivo
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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
4.1 Descrição do cenário em que o G1 começou a noticiar as possíveis transferências de
Ronaldinho Gaúcho
O período de especulação sobre a transferência de Ronaldinho Gaúcho começou em
dezembro de 2010, meio da temporada europeia de futebol, que tem a abertura da janela de
transações entre clubes para comprar jogadores. Ronaldinho estava jogando pelo Milan da
Itália desde 2008, ano em que deixou o Barcelona.
O auge técnico do atleta já havia passado. Foi eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo
por duas vezes, em 2004 e 2005. No Milan, Ronaldinho já vivia seu declínio como jogador.
Durante o período de julho de 2008 e dezembro de 2010, Ronaldinho não se firmava como
titular da equipe italiana.
Mesmo em decadência técnica, o jogador ainda tinha mercado. Desde as primeiras
especulações, cinco grandes clubes brasileiros e europeus ofereceram propostas para ter o jogador, além do clube inglês, Blackburn de menor expressão futebolística.
Ficha técnica de Ronaldinho Gaúcho6:
Nome: Ronaldo de Assis Moreira
Data de nascimento: 21-03- 1980 (31 anos)
Naturalidade Porto Alegre (RS) - Brasil
Posição: AtacantePé preferencial: Direito/Esquerdo
Altura: 181 cm
Peso: 80 kg
Prêmios Individuais: Bola de Ouro France Football 2004 (3º), 2005 (1º). FIFA: Melhor
Jogador. 2004 (1º), 2005 (1º), 2006 (3º) World Soccer. 2004 (1º), 2005 (1º)
6 Dados de Ronaldinho Gaúcho segundo o site Ogol: disponível em:http://www.ogol.com.br/jogador/ronaldinho_gaucho/atual/ficha/0/default/772/?search=1&search_string=ronalinho+gaucho&menu=esc
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Títulos: 1 Copa do Mundo2002 – 1 Mundial U17 1997 - 1 Copa das Confederações 2005 – 1
Liga dos Campeões 2005/06 – 2 Liga Espanhola 2004/05, 2005/06 – 1 Supercopa de España
2005 – 1 Campeonato Italiano - 2010/11 - 1 Campeonato Carioca 2011
Gols em partidas oficiais: 174
4.2 Análise das principais matérias sobre o retorno de Ronaldinho Gaúcho
Data: 07/12/2010 hora: 10h46min
Matéria: Ronaldinho Gaúcho entra na mira do Liverpool, diz imprensa italiana (anexo 1)
O título da matéria apresenta uma especulação sobre o futuro do atleta baseado em outro
veículo de mídia. Já demonstra que o próprio G1 está informando através de uma notícia,
“Ronaldinho Gaúcho entra na mira do Liverpool, diz imprensa italiana”. O portal brasileiro
transfere a responsabilidade do fato para outra empresa.
A notícia utiliza apenas uma fotografia do jogador. Está de touca e apenas os olhos estão à
vista para o leitor. Só é possível identificar que é Ronaldinho por causa da legenda,“Ronaldinho estaria na mira do Liverpool”, e do escudo do Milan que está na touca.
A matéria não apresenta links, que se relacionem com fato, para outras matérias, até porque
não havia muita repercussão de outros clubes querendo o jogador, era o começo das
especulações. Também não contem outras plataformas de mídia, como vídeos e áudios.
A origem da informação é de Milão, cidade do time que atuava o jogador. Mesmo assim nãoapresenta nenhuma fonte relacionada ao clube italiano, ninguém confirma a proposta ou não.
A fonte usada pelo G1 é apenas a imprensa italiana, como confirma também o começo do
texto principal, “Segundo a imprensa italiana, o Liverpool estaria de olho no brasileiro
Ronaldinho Gaúcho para 2011”.
A matéria apresenta muitos verbos no futuro do pretérito, não garantindo exatidão da
informação, se tornando em suposição. “o Liverpool estaria de olho no brasileiro Ronaldinho
Gaúcho para 2011”. De acordo com os italianos, a diretoria do Liverpool estaria monitorando
o jogador. Roy Hodgson, treinador dos Reds, estaria procurando um companheiro criativo
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para Fernando Torres no ataque de sua equipe” e o principal empecilho seria salarial, já que
Ronaldinho teria que aceitar uma redução em seu salário de € 7,5 milhões (R$ 16,7 milhões)
anuais”.
No período em que essa matéria foi publicada, várias especulações tomam o mercado futebol.
Em agosto e janeiro, a janela de transferência de atletas é aberta. Os times tentam vender e
comprar jogadores de qualquer continente. Vários nomes são especulados, mas por ser
Ronaldinho Gaúcho, o G1 deu mais atenção. A abertura do período de negociações na Europa
tem começo dia 1° de janeiro, mas quase um mês antes o site já postava sobre onde o jogador
poderia jogar no próximo ano. Ressaltando que a publicação é do dia 07/12/2010.
O que tornou essa informação em notícia foi Ronaldinho Gaúcho. Neste exemplo, ele foi
personagem jornalístico de uma possível negociação. Não existe de fato nada concreto. A
apuração não foi realizada. Ninguém do Liverpool e do Milan fala à matéria e no final do
texto, o G1 faz uma suposição que o empecilho seria uma redução salarial de € 7,5 milhões
(R$ 16,7 milhões) anuais, mas não mostra em momento algum qual é o salário real do
jogador. Essa quantia seria subtraída de quanto?
Primeiramente, na matéria é demonstrando o valor de um jogador como Ronaldinho Gaúcho
colocando-o como um produto econômico do futebol. Depois é utilizado o marketing
esportivo usando o esporte. Atrelando a imagem do jogador com produtos consumidos por
torcedores.
Data: 08/12/2010
Matéria 1: Em alta, Lucas sonha jogar ao lado de Ronaldinho Gaúcho no Liverpoolhora: 07h55min
Matéria 2: Dirigente do Palmeiras confirma propostas por Adriano e Ronaldinho (anexo 2)
hora: 12h53min
Matéria 1
Dessa vez é feito o uso do link para o leitor ir à matéria sobre a especulação da imprensa
italiana da transferência de Ronaldinho. A origem da postagem é a Inglaterra e se relaciona
com a matéria anterior por trazer a fala de um jogador de um clube que pretendia contar com
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Ronaldinho Gaúcho, o Liverpool. A postagem noticia o fato de Lucas7 estar em um bom
momento profissional, mas analisa a possibilidade de o jogador atuar ao lado do astro do
Milan.
A chance de Ronaldinho jogar na Inglaterra se sobrepõe ao momento de Lucas, como
apresenta o título “Em alta, Lucas sonha jogar ao lado de Ronaldinho Gaúcho no Liverpool”.
Metade do texto é composta de citação direta de Lucas, exatamente dois parágrafos. O título e
a divisão do texto pelos dois temas não deixa claro para o leitor qual a principal informação.
Se as boas atuações de Lucas ou Ronaldinho Gaúcho.
O começo do texto se refere à especulação sobre a ida de Gaúcho para o Liverpool e logodepois apresenta a opinião de Lucas sobre o fato. Ele mesmo afirma que não está sabendo de
nada “Não estou sabendo de nada em relação a uma possível contratação do Ronaldinho...”. O
que torna Lucas uma fonte sem competência para falar da negociação, não sendo a sua
responsabilidade enquanto jogador tratar da vida financeira de um clube. É simplesmente um
personagem e não fonte.
Na segunda metade da notícia são citadas as boas partidas que Lucas vinha fazendo.Terminando com fala do jogador a respeito desse bom momento. A única fotografia utilizada
se refere a Lucas ilustrando os elogios que tem recebido como jogador. Ele aparece
comemorando um gol. A informação não vem acompanhada de outros recursos midiáticos,
como vídeo ou áudio. O que poderia também ser usado para mostrar algumas jogadas do
atleta.
Lucas é um jogador com menos tempo de carreira e apelo midiático. Ronaldinho Gaúcho émais noticiável do que ele. O fato de Lucas jogar no Liverpool serviu de gancho para inserir
Ronaldinho na matéria.
Matéria 2
No mesmo dia, algumas horas depois da publicação da Inglaterra, as especulações sobre a
volta do jogador para os campos brasileiros foram confirmadas pela postagem de São Paulo.
“Dirigente do Palmeiras confirma propostas por Adriano e Ronaldinho”.
7 Lucas Pezzini Leiva, 24 anos. Jogador do Liverpool, ex-jogador do Grêmio.
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A fala foi extraída de uma entrevista do dirigente para a Rádio Bandeirantes. Foi feito um
reaproveitamento de informação. Não foi o G1 que procurou Salvador Hugo Palaia. O outro
lado também não foi consultado. O próprio jogador ou algum diretor do Milan não foram
consultados. Não é possível saber se a oferta realmente chegou e se agradou aos interessados.
A matéria também afirma através de Palaia, que o clube está trabalhando para isso, como
descreve o bigode “De acordo com Palaia, trazer o centroavante e o meia para o Verdão é ‘um
sonho que poderá ser realizado’ e assegura que o clube trabalha por isso”. Mas não é descrito
como a manobra está sendo feita. Um fator chama a atenção. O repórter descreve o dirigente
como possível candidato à presidência do Palmeiras. O G1 noticiou uma promessa de
governo, favorecendo o candidato ou a chapa de situação. A eleição no clube aconteceria nocomeço de 2011.
No corpo da matéria consta apenas uma fotografia mostrando Adriano e Ronaldinho Gaúcho.
Não tem foto do vice-presidente do Palmeiras, vídeos, áudio e links sobre outras notícias do
jogador e do time.
Data: 18/12/2010Hora: 21h29min
Matéria: Presidente do Grêmio confia na contratação de Ronaldinho Gaúcho (anexo 3)
Mais um concorrente entra na briga para ter Ronaldinho Gaúcho. O Grêmio de Foot Ball
Porto Alegrense, através do presidente recém eleito, confirma a conversa com o empresário
do jogador. O título da matéria exemplifica a condição do time gaúcho em relação à
transação, “Presidente do Grêmio confia na contratação de Ronaldinho Gaúcho”.
A fala do dirigente utilizada de uma entrevista à Rádio Gaúcha, pela primeira, vez afirma que
o outro lado da negociação está envolvido. “Acho que vamos conseguir contratar o
Ronaldinho. Estamos conversando com o Assis (irmão e empresário do jogador) e pode ter
um final feliz”.
Também foi a primeira vez que uma matéria do G1 expos o quanto custaria para um clube
contratá-lo. A notícia diz que a transação custaria R$ 20 milhões. Um ponto importante para
que o presidente do Grêmio se posicionasse em relação à transferência é a afirmação de que o
empresário do jogador foi quem procurou o clube para negociar.
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A apuração dessa notícia apresenta mais concretude, mas o Clube do jogador, o Milan, não se
pronunciou a respeito, até porque não foi procurado. Fato comprovado por Assis, que disse
que o Grêmio deveria entrar contato com o time italiano.
A fala de Assis reutilizada de uma entrevista à Rádio Gaúcha demonstra que a negociação
ainda está longe do desfecho. “O torcedor pode sonhar. Estou muito feliz com esta
possibilidade, mas não posso criar uma expectativa. Talvez neste momento eu não consiga,
mas, certamente, um dia Ronaldinho voltará a jogar no Grêmio”.
Até esta data, a especulação estava desta forma: o Palmeiras disse que fez proposta, masninguém confirmou. O Liverpool também estava na briga, mas supostamente, a questão
salarial seria empecilho e o Grêmio foi o único clube procurado pelo agente do jogador.
Data: 21/12/2010
Hora: 13h27min
Matéria: Diretoria do Grêmio prepara-se para concorrência por Ronaldinho Gaúcho (anexo 4)
A matéria abre descartando os concorrentes europeus que “supostamente” querem
Ronaldinho. A notícia afirma que o Grêmio se prepara para brigar com Palmeiras e Flamengo
por Ronaldinho Gaúcho.
O cenário a partir dessa matéria confirma três grandes clubes na transação, mas o Grêmio
através do assessor de Futebol, César Cidade, mostra-se mais próximo de contar com o
jogador. César Dias disse em entrevista cedida para a Rádio Gaúcha que tem recebido muitasmensagens do lado de Assis valorizando o time Gaúcho. “Existe uma concorrência desleal,
que é a nossa camisa. Ela vale muito para o Ronaldo, a gente tem recebido muitas mensagens
da parte deles nesse sentido. Isso conta muito para a família Assis”. Apesar das afirmações
sobre o empresário do jogador, o Milan continuou sem confirmar nada.
A matéria abre espaço a mais uma entrevista feita por outro veículo. A sonora do vice-
presidente de futebol do clube, Antônio Vicente Martins, feita pela Rádio Brasil é usada pelo
site. Nela o dirigente confirma que o Milan ainda não foi procurado “tem interesse realmente,
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mas está em processo de construção de viabilidade para depois disso ver como vai resolver o
problema dele com o Milan”.
Data: 27/12/2010
Hora: 08h10min
Matéria: Dia para encaminhar acerto entre Ronaldinho Gaúcho, Milan e Grêmio (anexo 5)
Mais uma notícia de Porto Alegre. A primeira matéria assinada por um repórter. Eduardo
Cecconi noticia o encontro entre o empresário de Ronaldinho, Assis e o vice-presidente do
Milan, Adriano Galliani.
O título ilustra que o encontro entre o empresário e o representante do Milan é para liberar
Ronaldinho para o Grêmio. “Dia para encaminhar acerto entre Ronaldinho Gaúcho, Milan e
Grêmio”. Assis e Galliani não falam para a matéria, mas o repórter confirma o encontro dos
dois.
Cecconi diz que Assis apresentará ao Milan um pedido de liberação do jogador, dessa forma,
Ronaldinho poderia acertar com qualquer clube. O repórter ainda afirma que “A ideiagremista, entretanto, é conseguir por intermédio de Assis a simples liberação de Ronaldinho
Gaúcho, isso porque o clube brasileiro já se acertou financeiramente com o jogador”.
Como Assis não fala à matéria, não é possível saber se Ronaldinho será liberado para o
Grêmio, a rescisão contratual oferece ao jogador a liberdade de acertar com qualquer time. A
transferência tinha um custo. Mas nem essa informação é exata, como apresenta o próprio
jornalista. “... especulações sobre valores não faltam. Primeiro, foi divulgado extra-oficialmente o investimento necessário para convencer o Milan: R$ 20 milhões. Depois, a
imprensa italiana noticiou que Assis estaria pedindo aproximadamente R$ 12 milhões ao
Milan”.
O verbo no condicional estaria não confere exatidão. Demonstrando a falta de acerto
financeiro de todas as partes. Se esse acordo não existe não é possível afirmar que Ronaldinho
seria liberado para o Grêmio, como aborda Cecconi. Lembrando que outros times estavam
querendo o jogador.
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No mesmo período, Ronaldinho já voltava para a Itália, onde se apresentou ao Milan
novamente, garantido até o momento sua permanência naquele país. Essa informação é
transmitida pelo repórter apenas no final da matéria.
Data 02/01/2011
Matéria 1: Patrícia Amorim, sobre Ronaldinho: 'A coisa esquentou para o nosso lado'
Hora: 12h22min
Matéria 2: Mandachuva do Milan diz que novela Ronaldinho está perto de um final (anexo 6)
Hora: 15h09min
Matéria 3: Assis diz que falta muito dinheiro para o Grêmio bancar Ronaldinho (anexo 7)
Hora: 16h14minMatéria 4: Verdão dá cartada por Ronaldinho, mas Flamengo não desiste do craque
Hora: 18h23min
Matéria 1
O título da matéria é apresentado com aspas da presidente do Flamengo. Ela trás uma
informação importante, por isso foi usada dessa forma. “A coisa esquentou para o nosso lado”
é indicativo de uma negociação avançada com o jogador.
Patrícia Amorim fala diretamente à matéria. Esclarece sobre a possibilidade de ter o atleta e
ainda acrescenta dizendo sobre o esforço financeiro que o clube fará. No fim do texto
principal, a notícia diz sobre rumores de o jogador estar acertado com o Flamengo, mas
também aborda o fato de que um passageiro do mesmo avião do jogador o viu conversando
com uma família de gremistas e que supostamente Ronaldinho teria dito que estava voltando
para casa. Essa informação não tem exatidão. Não tem o nome da fonte e nem como elachegou a essa conclusão.
O trecho: Ao topar tirar fotos com os fãs, Ronaldinho Gaúcho garantiu que "está voltando pra
casa", é ambíguo. O jogador é de Porto Alegre, mas também é brasileiro. Não da para afirmar
que ele está voltando exatamente para a cidade. Pode ser o país. A matéria não deixa claro
esse ponto.
Matéria 2:
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Pela primeira vez um dirigente do Milan se pronuncia sobre a negociação. Em entrevista para
o G1, o vice-presidente do clube italiano acena sobre a possibilidade volta do atleta para o
Brasil, mas não fornece muitas informações em sua fala. “Sim, é possível. Mas não é seguro -
disse, de maneira simpática, o dirigente rossonero, ressaltando que não gostaria de dar mais
detalhes e que Roberto de Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, é quem pode
falar mais”.
A matéria ainda usa a informação conseguida pelo repórter da Rádio Globo do Rio, Cláudio
Perrout, conseguida de Assis. O jornalista disse para o globoesporte.com que “o desfecho da
negociação de Ronaldinho está nas mãos da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim.
Segundo a notícia, a presidente do Flamengo supostamente faria uma reunião com Galliani.
O dirigente do Milan não disse para qual clube Ronaldinho iria, mas a matéria do Rio noticiou
que o Flamengo havia se tornado um dos interessados com mais chance de conseguir trazer o
jogador. Lembrando que essa informação foi passada pelo próprio empresário de Ronaldinho.
O mesmo que informava aos dirigentes do Grêmio como prosseguia a conversa com o Milan
para levar o jogador para Porto Alegre. O empresário do jogador estava de fato negociando
com vários clubes ao mesmo tempo.
Matéria 3:
A notícia de Porto Alegre traz a parte da entrevista de Assis cedida para o jornal gaúcho
Correio do Povo. Nela o empresário afirma que falta muito dinheiro para o Grêmio levar o
jogador e que está no Rio para negociar com o Flamengo.
A matéria também faz uso do intertítulo: Em entrevista à RBS, outro tom. O jornalista daemissora gaúcha também entrevistou Assis e postou as respostas do empresário em seu blog
às 15h20min, minutos depois da publicação da matéria do G1, que foi ao ar 15h09min.
Uma das respostas dadas a David Coimbra foi utilizada pelo G1 e ela não configura uma
negociação com o Flamengo. “Se eu te disser alguma coisa agora, sobre isso, perco minhas
vantagens como empresário. Posso jogar minha carteira de empresário fora. É preciso ter
calma nessa negociação”. No blog, Assis diz que não se encontrará com a presidente do
Flamengo. A entrevista postada no blog está em Anexo.
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A própria matéria do G1 apresenta argumentos contrários da mesma fonte. Não é possível
saber a veracidade da informação. Na matéria anterior, um repórter da Rádio Globo disse que
o empresário confirmou a negociação com a presidente do Flamengo. Existe um desencontro
de informações entre Rio e Porto Alegre provocado por Assis.
Matéria 4A matéria tem o foco voltado para o Palmeiras. Um empresário ligado ao clube foi ao Rio de
Janeiro para conversar com Assis sobre a ida do jogador para São Paulo em uma churrascaria.
Assis já havia confirmado que a presença no Rio era para negociar com Flamengo.
Das matérias apresentadas essa é a que mostra mais informações. Nela consta como o
Palmeiras faria para contratar o jogador, além de descrever como aconteceu o encontro. A
reportagem ainda indica qual o horário que Assis encontrou com os representantes
palmeirenses. Minutos depois das informações sobre o Grêmio e Flamengo.
Assis também foi ouvido e continuou sem indicar qual seria o clube que o jogador iria. O
repórter ainda descreve o momento em que um torcedor do Flamengo pergunta a Assis se ele
iria para o Rio, o empresário respondeu, “Não sei se ele vem”.
Esta matéria é a maior sobre Ronaldinho. São três fotografias e uma delas mostra o
empresário palmeirense. Apresenta dois intertítulos e mais um dirigente do clube paulista
como fonte, o assessor do presidente Antonio Carlos Corcione.
É a matéria mais apurada. Apresenta o salário oferecido ao jogador, como ele será pago e que
conseqüências a presença do atleta surtiria no clube.
A notícia ainda confirma através do empresário palmeirense Roberto Tadeu, que Assis está
negociando com Flamengo, Grêmio, Paris Saint German, um clube da Turquia e um da
Espanha. Entretanto, defendo o empresário de estar fazendo leilão.
São três matérias no mesmo dia de praças diferentes sobre a negociação. Todas trabalham em
tom especulativo sobre Ronaldinho Gaúcho. Apenas a matéria sobre o Palmeiras buscou
informações mais precisas. As outras duas apenas noticiaram como procedia Assis.
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Ronaldinho passou a ser principal informação do jornalismo esportivo de três grandes centros
futebolísticos. São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Data 03/01/2011
Matéria 1: Propostas à mesa, Assis usa 'campo neutro' para decidir futuro do Gaúcho
Hora: 22h05min
Matéria 2: Assis revela aproximação entre Fla e Milan na novela Ronaldinho Gaúcho
Hora: 02h08min
Matéria 1:
Até então foi a matéria que buscou informar com dados mais precisos os valores danegociação e o quanto os três clubes brasileiro estavam dispostos a gastar para ter Ronaldinho
Gaúcho.
A matéria apresenta um infográfico explicativo dos valores, o que facilita a visualização da
informação. Também apresenta a fala de dois dirigentes, do Grêmio e Palmeiras, que estão
aguardando o resultado final.
A postagem também apresenta uma informação sobre onde e o que estava fazendo
Ronaldinho Gaúcho na sua folga. Não tem relevância nenhuma para a negociação. Não é um
dado novo. É uma espécie de coluna social.
A publicação também apresenta intertítulo. O complemento do texto principal noticia que o
clube inglês, Blackburn oficializou uma proposta pelo jogador também e que ela seria
supostamente de R$ 1,35 mi. O valor é apenas especulativo. Ninguém do clube foi procurado,é mais uma informação tirada da imprensa europeia.
Matéria 2:
A matéria tráz mais uma vez a fala de Assis cedida por um blog de jornalistas de Porto
Alegre. Nele o empresário afirma que o jogador está mais próximo do Flamengo. Os motivos
são as melhores garantias financeiras e ações de marketing. O agente do atleta, que está
negociando com outros clubes, começa a expor o que cada um tem feito.
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Já havia dito que o Grêmio ofereceu menos, que o Palmeiras tinha oferecido mais, mas sem
garantias. Além de afirmar também que um clube da Espanha, um da Turquia, o Blackburn e
o Paris Saint-German também tinham interesse em contar com Ronaldinho.
A notícia também calcula o quanto que o contrato poderia render para Ronaldinho e o que o
clube carioca estava fazendo para bancá-lo.
Data 04/01/2011
Matéria 1: Faixa de gremistas manda recado duro a Ronaldinho Gaúcho e ao clube
Hora: 09h12min
Matéria 2: Revista diz que Corinthians entrou na briga por Ronaldinho GaúchoHora: 15h11min
Matéria 3: Para Palmeiras, acerto com Gaúcho está fechado. Falta ele assinar... (anexo 8)
Hora: 17h29min
Matéria 1:
A matéria tem cunho pouco informativo. Apenas mostra uma foto com dizeres sobre a
negociação de Ronaldinho Gaúcho em uma faixa. O protesto foi feito por torcedores do
Grêmio em um viaduto de Porto Alegre. Pedia que a diretoria tratasse o caso de forma mais
passional e ainda ofende o jogador, chamando-o de traidor.
O texto é curto, apenas uma nota que apresenta apenas um link sobre as propostas dos outros
clubes. Ronaldinho passa a não ser benquisto por torcedores do clube gaúcho, o atleta é
tratado como mercenário.
Matéria 2:
A notícia é reutilizada do site da Revista Veja e diz que o presidente do Corinthians, mais um
grande clube brasileiro entrou no páreo para ter o jogador. A especulação admite que
Ronaldo, na época jogador do Corinthians, ajudaria na transferência de Ronaldinho Gaúcho.
Na informação consta também qual seria a engenharia financeira que o clube faria para pagar
o atleta.
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É usado no texto o verbo no condicional. “o presidente Andrés Sanches teria se reunido nesta
segunda-feira com o irmão e empresário de Ronaldinho, Assis, e apresentado uma proposta
oficial. Além disso, o atacante Ronaldo também teria se envolvido na negociação...”. A
especulação foi desmentida pelo próprio presidente do clube paulista, Andrés Sanches. “já
falei ontem na coletiva, não tem nada sobre o Ronaldinho”.
A matéria não foi apurada com o empresário Assis. O Milan também não foi ouvido para
saber se outro clube brasileiro havia feito a proposta. A Revista Placar 8 de Fevereiro de 2011,
na matéria de capa, “Vai dar praia?” apurou que Andrés Sanches mostrou uma mensagem de
celular a Paulo Odone, o presidente do Grêmio, que Assis havia oferecido Ronaldinho
Gaúcho para o Corinthians.
Matéria 3:
O título da matéria apresenta uma informação concreta e as reticências mostram uma
informação duvidosa. “Para Palmeiras, acerto com Gaúcho está fechado. Falta ele assinar...”
Representa que o repórter Bruno Laurence não garantiu ao público que a matéria era de fato
definitiva sobre a transferência de Ronaldinho para o Palmeiras.
A fonte utilizada é Wlademir Pescarmona, diretor de futebol do Palmeiras. Ele diz que só falta
a sinalização de Assis para o jogador poder vestir a camisa. Segundo dirigente, todas as
exigências do empresário estavam cumpridas e para ele estava tudo certo.
Em um dos trechos da entrevista, Percarmona disse: Acredito que mais um ou dois dias o
Assis já deva dar uma sinalização. Eu tenho certeza que ele virá para o Palmeiras. A fala é
destaca na diagramação da postagem. É a primeira vez que é usado o olho gráfico nas notícias
sobre Ronaldinho Gaúcho.
Mas o repórter diz que mesmo, com tanta certeza, o time enfrentará uma forte concorrência do
Flamengo e Corinthians. A informação principal, que é o acerto com o Palmeiras, não é
confirmada, combinando com o título. Assis e nem o Milan são referenciados na publicação,
diminuindo a certeza do acerto.
Data: 06/01/20118 Matéria publicada na Revista Placar em fevereiro de 2011. “Vai dar Praia?Disponível em: http://placar.abril.com.br/revista?edition_id=52&folhear=true
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Matéria 1: Milan libera, mas não rescinde com Gaúcho. Futuro segue um mistério (anexo 9)
Hora: 16h29min
Matéria 2: Palmeiras pode estudar novamente oferta para ter Ronaldinho Gaúcho (anexo 10)
Hora: 17h27min
Matéria 1:
A matéria assinada por dois repórteres foi uma das únicas que apresentaram vídeo. A notícia
tem origem na coletiva de imprensa sobre a negociação do jogador. Estavam presentes,
Ronaldinho Gaúcho, Assis e o dirigente do Milan, Adriano Galliani.
Foi segunda vez que o jogador falou diretamente à imprensa. A entrevista coletiva foi paradizer que o Milan havia liberado jogador, ou seja, poderia negociar com qualquer clube.
Entretanto, a situação ainda não estava definida porque o Milan ainda não havia rescindido o
contrato do atleta. O próprio jogador não expressou suas preferências. O dirigente do Milan
disse que era flamenguista, o que constrangeu Assis.
A publicação ainda faz referências sobre a atenção que a mídia estava dando ao caso. “A
questão que mobiliza o futebol brasileiro no início de 2011 não foi respondida na tarde desta
quinta-feira”. A matéria também disse que o número de jornalistas na coletiva era grande.
Aproximadamente 100 profissionais.
Matéria 2:
Uma hora depois da coletiva, o dirigente do Palmeiras disse ao G1 que ligou para Assis para
assegurar que nada faltava para o acerto. A insegurança mostrada pelo representante do
Palmeiras, Roberto Tadeu, foi consequência da entrevista coletiva. Se ele tivesse certeza da
qualidade do contrato não entraria em contato com o empresário novamente. O título é um
indicativo que o clube alviverde precisaria melhorar as condições contratuais.
A matéria também não oferece nenhum indicativo do desfecho e mais uma vez cita o
empresário. “Continuamos fortes no projeto e confiando em tudo o que o Assis falou”. Todos
os dirigentes têm contato frequente com Assis.
Até o momento, os presidentes dos clubes já haviam dado declarações que o jogador estava
perto. Patrícia Amorim disse “a coisa esquentou para o nosso lado”. Paulo Odone disse que
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“Ronaldinho vai ter que suar a camisa como qualquer jogador do Grêmio. Roberto Tadeu
disse” ter certeza que ela será do Palmeiras”.
Data: 08/ 01/2011
Matéria 1: Flamengo e Milan anunciam acordo por Ronaldinho Gaúcho (anexo 11)
Hora: 13h19min
Matéria 2: Presidente do Grêmio 'encerra assunto' Ronaldinho Gaúcho (anexo 12)
Hora: 15h37min
Matéria 3: Dirigente diz que proposta do Grêmio era a maior entre os concorrentes
Hora: 16h12min
Matéria 4: Para não 'facilitar' para o Flamengo, Palmeiras mantém oferta por GaúchoHora: 16h19min
Matéria 1A matéria não foi publicada diretamente no meio online. A notícia foi levada ao público pelo
programa Globo Esporte. Por isso o uso do vídeo na postagem, que é meramente uma
transcrição do que aconteceu minutos antes, quando o programa estava no ar.
A origem da notícia é uma entrevista coletiva da presidente do Flamengo, Patrícia Amorim e
do vice-presidente do Milan, Adriano Galliani. Os dois confirmaram que a negociação está
praticamente fechada e o bigode faz menção ao que Galliani disse. “Está 99,99% certo”.
Como o início do texto principal sugere, “está perto de acabar a novela”, o desfecho se
aproximava. Para Patrícia faltava apenas que o jogador dissesse sim. E ela mesma confirmou
que dentro de três dias a situação seria resolvida, garantindo mais tempo de exposição sobre a
transferência.
O repórter Eduardo Peixoto ainda menciona os outros clubes, Palmeiras e Grêmio no final da
matéria usando apenas o último parágrafo. A forma de edição do texto informa o leitor que
realmente apenas o Flamengo tem chances reais do contratar Ronaldinho Gaúcho. O texto foi
hierarquizado com a informação mais importante no começo. Pirâmide invertida, mantendo
padrão de todas as outras postagens.
Matéria 2:
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Outra postagem originaria de uma entrevista coletiva, mas essa foi realizada apenas para
informar que o Grêmio havia desistido do negócio algumas horas depois de Patrícia Amorim
declarar que o acerto estava próximo.
O presidente do clube gaúcho usou a coletiva para esclarecer o porquê de ter retirado o clube
da negociação. Todo o foco da matéria foi direcionado para Paulo Odone, que inclusive
ganhou olho gráfico em uma de suas falas, fato que ocorreu em apenas uma matéria sobre
Ronaldinho.
O mandatário gremista afirmou que Assis realmente procurou o time para negociar e que
também disse que o atleta preferia o Grêmio. Odone ataca Assis, o próprio olho gráficodestaca uma das acusações do presidente.
Odone foi taxativo e usou a palavra leilão para se referir ao empresário. Disse que o clube não
poderia participar dos lances para ter Ronaldinho Gaúcho, também falou que o que ele
esperava era a vontade do jogador. A matéria também demonstrou que o dirigente do Grêmio
foi passional na negociação. Perfil que o time já havia evidenciado durante o período de
conversas com o empresário.
A postagem serviu para que o público entendesse como o time tratou a transferência do
jogador. Algo que não foi divulgado anteriormente, configurando que muitas outras
publicações foram ao ar sem a mesma apuração.
Matéria 3:
Minutos depois outra postagem do mesmo repórter e com origem da mesma coletiva foi paraa rede. Dessa vez a fonte foi outro dirigente que dividia os microfones com Paulo Odone. O
jornalista preferiu fragmentar a coletiva e não usar apenas uma publicação que contivesse
todos os aspectos abordados na entrevista coletiva.
São duas postagens com pouco intervalo de tempo sobre os mesmo fatos, mas com fontes
diferentes que estavam no mesmo lugar. Desta vez, mais dados sobre a negociação são
apresentados e frisados pelo repórter. Informações estas que ainda não tinham sido
esclarecidas até o momento. Foram divulgadas apenas no instante em que o time saiu do
imbróglio. Em nenhuma outra publicação essas informações foram apuradas.
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Matéria 4:
A matéria em questão foi introduzida explicando que o dirigente do Palmeiras foi informado
sobre o caminhar da informação pelo próprio site. Nela o dirigente afirma que mesmo com o
quase sim do Flamengo e com a desistência Grêmio o time paulista iria manter a proposta.
Pescarmona também se referiu a Assis e disse que as exigências do empresário haviam sido
atendidas e que para ele o negócio estava fechado. Assis nessa altura havia se transformado
no principal personagem da cobertura sobre a volta do jogador. Todos os dirigentes
envolvidos passaram a citá-lo.
Mais uma vez o G1 usou o olho gráfico na fala de um dirigente que se referia ao empresário.
O site também interpretava que Assis estava fazendo afirmações positivas para todos os
clubes.
Data: 09/ 01/2011
Matéria: Intermediário palmeirense critica Assis e Gaúcho e alerta Flamengo (anexo 13)
Hora: 13h36min
A publicação complementa a primeira postagem sobre a desistência do clube anunciada pelo
site palmeirense. Desta vez é usada uma entrevista à Rádio Bandeirante do intermediário do
clube na negociação, Roberto Tadeu.
O dirigente repete o que o presidente Belluzo havia esclarecido sobre o contrato oferecido ao
jogador e como Assis procedeu durante o período. O título da matéria apresenta que Tadeu
está decepcionado com o empresário do jogador, além disso, alerta o Flamengo para não fazer
o mesmo.
Um fator importante está na fala de Roberto Tadeu, é sobre as notícias que acompanhou sobre
os outros clubes, confirmando o reflexo do noticiário sobre a negociação. Algumas matérias,
de dias anteriores mostraram que os clubes ao saberem de informações a respeito dos rivais,
noticiavam que a manteriam ou fariam uma nova proposta pelo jogador. Assis novamente não
foi ouvido.
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Data: 10/ 01/2011
Matéria 1: Fla chega a acordo e só falta assinar contrato com Ronaldinho Gaúcho
Hora: 15h18min
Matéria 2: Patrícia Amorim confirma: 'Ronaldinho Gaúcho é nosso'
Hora: 23h21min
Matéria 1:
A notícia confirma que Ronaldinho deve jogar pelo Flamengo, só falta assinar. Os repórteres
usam além de Assis, fontes sem nome e critério. Elas são descritas como próximas ao jogador,
mas não acrescentam veracidade. “Segundo uma fonte ligada ao jogador, o anúncio oficial
será feito ainda nesta segunda-feira./ Mais cedo, em Florianópolis, o jogador conversou comamigos e confirmou o acerto”.
A apuração não foi capaz de dar certeza ao texto. No intertítulo ainda existe uma dúvida. O
uso da palavra aparentemente não oferece confiabilidade ao leitor. “Depois de dois anos de
frustração, final aparentemente feliz”.
A publicação é referente apenas á uma especulação ou quase verdade. Nenhum dirigente foitrazido para confirmar com toda certeza de que o acerto realmente saiu. Ronaldinho Gaúcho
também não se pronuncia.
Matéria 2:
A matéria é originária de uma coletiva de imprensa. A presidente do Flamengo confirma que
o jogador é do Flamengo. O vídeo da coletiva demonstra que a postagem é uma transcrição do
que Patrícia Amorim disse.
Ronaldinho também fala à matéria, mas apenas se referindo que falaria com todo mundo
depois. É descrito pela notícia que o jogador foi procurado no aeroporto. Significa que uma
equipe de jornalista estava de prontidão para seguir o atleta e confirmar o desfecho da
negociação.
Diferente dos outros dirigentes, Patrícia não detalhou como aconteceu à transferência. Apenas
disse que foi difícil. A postura de Patrícia também foi diferente em relação aos outros clubes.
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O pronunciamento do Flamengo era feito apenas quando o fato era consumado. Desde a
coletiva com o vice-presidente do Milan e a coletiva sobre o acerto do jogador.
Data: 11/ 01/2011
Matéria: Primeiras horas de Ronaldinho no Fla têm churrasco, cantoria e empolgação
Hora: 05h04min (anexo 14)
A confirmação da contratação de Ronaldinho já havia sido noticiada. Desta vez o que foi
postado foi uma confraternização em uma churrascaria onde foi assinado o contrato. Estavam
presentes o jogador que apenas disse que estava feliz, Patrícia Amorim, Adriano Galliani,
Assis e dirigentes do Flamengo.
A notícia não acrescentou informação alguma na cobertura sobre a volta do jogador. A
publicação tem caráter de coluna social9. Pessoas famosas em uma festa e a descrição do que
aconteceu no local.
Tabela: Análise quantitativa das 43 matérias coletadas do portal globoesporte.globo.com
1) Quantas vezes foram publicadas citações
de Ronaldinho Gaúcho
3
2) Quantas vezes Assis fala às matérias sobre
o destino de seu agenciado
5
3) Quantas vezes os dirigentes dos clubes
envolvidos na negociação falam às matérias
23
4) Quantas fontes o G1 usou em média por
matéria
0,83
5) Quantos links que se relacionassem com a
matéria as publicações têm
15
6) Quantas vezes foram reutilizadas citações
de fontes a outros veículos ou plataformas de
mídia
23
8) Quantas links comerciais eram possíveis
de ser acessados somando todas as matérias
430
4.3 Apresentação geral de resultados
9 A Coluna Social é uma forma de colunismo em que o que se busca são informações sobre pessoas famosas, nãonecessariamente configurando notícia.
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O portal G1, como todo veículo de notícia, tem um padrão aparente na forma de noticiar. Das
46 matérias analisadas, algumas características são utilizadas invariavelmente. O título é
sempre em negrito Arial 20 e apresenta verbo. Todas as matérias também contêm bigode em
negrito cinza, tamanho 12. No corpo da notícia também é utilizado Arial, mas no tamanho
11,5,
O texto principal segue de forma objetiva, usando frases curtas e poucas vírgulas. Os textos
também apresentam espaçamento normal, mas de um parágrafo para o outro, há um respiro,
marcando bem o término de um e o de início outro.
Das 46 matérias, 30 tinham o mesmo formato, o que representa 70%. Apenas uma foto,geralmente do lado esquerdo e na maioria das vezes de agências de notícias. Sempre com o
uso de legenda. O tamanho do texto varia entre 1.000 e 2.500 caracteres. Os atributos citados
seguem em grande proporção a forma que o jornalismo online tem encontrado para atingir o
leitor, como explicam Ward (2006) e Franco (2006).
O uso da convergência de mídia é utilizado pelo site. Nas 43 matérias coletadas cinco se
utilizam do recurso. Em algumas matérias, o vídeo era de algum programa de televisão. Orecurso foi usado apenas para descrever o conteúdo das imagens.
A utilização da plataforma não foi de forma ostensiva. Representa apenas 11% das matérias
publicadas sobre Ronaldinho Gaúcho e sua transferência. O atleta já participou de
competições importantes e eleições para melhor jogador do mundo. O
globoesporte.globo.com poderia ter recorrido ao extenso banco de imagens da emissora e
inserido mais vezes nas postagens.
Textualmente, quando a matéria era mais extensa, eram usadas mais fotografias, duas ou três.
Graficamente as postagens maiores também vinham acompanhadas de um recurso visual
utilizado por veículo impresso, que também cumpre a função de chamar atenção do leitor: o
olho gráfico. A diagramação da página com fundo branco é limpa e quando algo é destacado é
facilmente localizado.
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O uso de aspas é marcado com um travessão, além de invariavelmente ser apresentado em um
parágrafo separado. É possível rapidamente ler o que a fonte diz. Os parágrafos também são
separados por um respiro, que garante uma visualização limpa, rápida e clara.
As postagens analisadas são de 07/12/2010 até 11/01/2011. Ao todo são vinte dias de
postagens, o que representa 2,15 matérias por dia. O dia mais movimento foi dia 04/01/2011.
Foram seis publicações.
O número de fontes usadas em média por matéria é de 0,83. Menos de uma fonte jornalística
por matéria. Os dirigentes dos clubes envolvidos nas negociações falam nas notícias 23 vezes.
Assis, o empresário do jogador, apenas cinco vezes. O principal personagem da cobertura,Ronaldinho Gaúcho, tem citação textual nas matérias apenas três vezes. Em uma delas o
repórter utilizou a fala do jogador dita para torcedores e não diretamente à reportagem.
Um fator chama atenção. São 23 as utilizações de informações extraídas de outros veículos ou
outras plataformas midiáticas, como televisão, jornal e rádio e até blogs. Não foi o próprio site
que fez a apuração da informação.
O número médio de fontes por matéria indica que as publicações não ouviam os outros lados
do fato. Por exemplo, a matéria do dia 04/01/2011, em que um dirigente do Palmeiras diz que
está tudo acertado. Mas apenas ele cede à informação. Jogador e empresário não são ouvidos.
Essa foi uma tendência da cobertura. Alguma praça, seja ela em Porto Alegre, Rio de Janeiro
e São Paulo descobriam alguma informação e rapidamente a colocavam na rede.
A postagem sobre o Palmeiras foi às 17h29min. Horas depois uma publicação de PortoAlegre de 21h13min diz que a novela esquenta com novos rumores. Não garantindo
veracidade sobre a informação vinda de São Paulo. Uma publicação bem apurada conferindo
com todos os times e o empresário do jogador seria necessária para esclarecer o que havia
acontecido.
Os próprios jornalistas do portal se referem à transferência como novela. A novela é um
gênero ficcional e longo até alcançar o desfecho. Ao usar esse termo, o próprio site confirma
que nada é verdadeiro até o momento. Uma cobertura jornalística definida como novela pode
dar a entender que o que está sendo feito não tem credibilidade.
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O fato de matérias irem para a rede sem apuração necessária é explicado por Unzelte (2006),
que usa o termo foguista para definir o jornalista online. A definição enquadra o profissional
como sendo designado para colocar notícias no ar em menor tempo possível para que o
público não deixe de acessar as páginas do site, mesmo que tal informação contenha
equívocos do ponto de vista jornalístico.
O fato de Ronaldinho Gaúcho ser apontado como um astro confere a ele o status de mito
moderno que é descrito por Morin (2005). Em algumas matérias fica visível que a figura do
atleta é o principal tema do futebol brasileiro. Em publicações que têm origem em entrevistas
coletivas comuns nos clubes, os repórteres não focaram outro tema. No período os clubesestavam se preparando para a temporada e entrevistas coletivas usualmente abordam outros
temas.
Os jornalistas responsáveis pelas postagens delimitaram a agenda de discussões do público
apenas sobre Ronaldinho Gaúcho. Teoricamente, os repórteres filtraram o que seria
publicado, como descreve Wolf (2002) sobre o gatekeeping e agenda setting. Os critérios de
noticiabilidade empregados pelo portal foram o fato de Ronaldinho ser famoso e pelo númerode torcedores que esses clubes têm. Segundo a pesquisa Instituto Brasileiro de Opinião
Pública e Estatística (IBOPE)-Lance de 2010, juntos Grêmio (7,7 milhões), Flamengo (33,2
milhões) e Palmeiras (11,6 milhões) representam 52 milhões de pessoas.
O jornalismo também é usado como espaço de vendas de produtos. Desde a fundação de suas
bases, por Peucer (1690), a notícia é um produto comerciável. Na internet isto não mudou. As
próprias páginas do globoesporte.globo.com apresentam dez links comerciais acessáveisapenas por um click do mouse. Muitos dos produtos anunciados são da própria loja da Globo.
Dentre os banners digitais, estão à venda produtos esportivos, como chuteiras, bolas e camisas
dos times. Como explicam Morgan e Summers (2008), o marketing esportivo não vende
apenas as partidas, mas também outros produtos de consumo material.
Segundo informações do site alexa.com, que faz ranqueamento de quantos usuários
frequentam um portal, o globo.com é o 98° domínio mais visitado do mundo. O que
corresponde a 0,93% da população mundial que tem acesso à internet. Especificamente, o
globoesporte.globo.com é a segunda página mais acessada do portal inteiro. Em relação as
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matérias analisadas, foram 43 páginas e cada uma com 10 links comerciais, o que significa
430 links publicados que levam a produtos que podem ser comprados pelo público.
O marketing esportivo pôde ser observado também na negociação de Assis com os outros
clubes. O empresário colocou seu produto a venda e colocou o valor que julgou ser justo para
negociar Ronaldinho Gaúcho. Assis ofereceu sua mercadoria para possíveis compradores,
Palmeiras, Flamengo e Grêmio.
O agente sabia que Ronaldinho, por ser reconhecido internacionalmente, é valorizado. Mesmo
que não estivesse mais no auge da forma técnica e física de outrora, a idade do atleta ainda o
credenciava a ter condições de jogar em bom nível. Muitos dirigentes acusaram-no de fazer leilão. O que o empresário queria era simplesmente ver quem pagava mais pelo jogador. O G1
foi um dos canais de exposição da negociação e por ele os próprios dirigentes ficavam
sabendo como o imbróglio se desenrolava nos rivais.
O intermediário da negociação do Palmeiras, Roberto Tadeu afirmou na matéria
“Intermediário palmeirense critica Assis e Gaúcho e alerta Flamengo”, do dia 09/01/2011, ser
informado através da imprensa que Grêmio e Flamengo estavam fechando com o jogador. Nodia anterior, o repórter que publicou a matéria “Para não 'facilitar' para o Flamengo, Palmeiras
mantém oferta por Gaúcho”, descreveu que o dirigente palmeirense, ao ser informado sobre a
situação de outros times, manteria a proposta.
Todos os dirigentes afirmaram que Assis dava certeza no negócio, mas a imprensa noticiava o
contrário. O empresário era sabedor da cobertura do G1. Sabia que qualquer depoimento seu
seria publicado. O G1 foi um importante veículo de valorização de Ronaldinho Gaúcho. Oleilão foi configurado a partir de informações fornecidas pela própria imprensa aos dirigentes.
Quando esses sabiam de informações do lado concorrente, logo acusavam Assis de fazer
leilão. O empresário valorizou a imagem de seu produto através da cobertura jornalística do
G1.
A partir do momento que os dirigentes reclamavam de leilão e a cobertura se aproximava do
fim, a torcida do Grêmio protestou contra a ganância de Assis e Ronaldinho. Ambos foram
chamados de pilantras. Até a informação de um site que ofendia pessoalmente os dois foi
noticiada pelo site.
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Passados dez meses desde a negociação, no dia 30/10/2011, Grêmio e Flamengo se
enfrentaram no Estádio Olímpico em Porto Alegre pelo campeonato brasileiro. Foi a primeira
vez que Ronaldinho Gaúcho jogou na cidade gaúcha contra seu ex-clube. A torcida do
Grêmio entoou cânticos ofensivos e mostrou faixas com a seguinte descrição: “$ Pilantra $”.
O atleta disse em uma entrevista realizada no gramado que “Se comparar com a torcida do
Flamengo, isso não é muito barulho não”. A relação Grêmio, torcedores gremistas e
Ronaldinho Gaúcho desde o desfecho da transferência do atleta para o Flamengo é regida por
um sentimento de ódio e descontentamento. A imagem do atleta passou a ser maculada por
gremistas.
Em momento algum, comentaristas esportivos tiveram espaços para analisar o quanto
Ronaldinho Gaúcho poderia ou não ser importante para os seus possíveis clubes ou para quem
o jogador seria mais útil. Nada foi discutido em termos técnicos de futebol. No que diz
respeito à imagem do jogador, o G1 também não fez nenhuma matéria que esclarecesse, com
fontes especializadas, o quanto a imagem do jogador poderia render em termos de marketing,
já que esse fator era apontado pelos clubes que pretendiam contratá-lo como parte
fundamental do negócio.
A cobertura também não colocou em discussão se a transferência seria viável ou não para o
futebol brasileiro. As notícias sobre a transferência de Ronaldinho Gaúcho não foram em
nenhum momento crítica. As reportagens eram simplesmente sobre especulações.
CONCLUSÃO
A partir da análise da cobertura do G1 sobre a volta de Ronaldinho Gaúcho para o Brasil, foi
possível constatar que o portal cometeu equívocos em relação à qualidade jornalística, mas
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por outro lado atendeu aos requisitos que facilitam a absorção da informação no meio online,
no que diz respeito à diagramação e à organização da informação nas páginas das matérias.
Tecnicamente, o G1 pode servir de referência na organização de uma página jornalística. As
estratégias visuais empreendidas na organização textual vão ao encontro do que os teóricos e
pesquisas propõem para maior eficácia do processo comunicacional. A diagramação limpa
das páginas e os recursos gráficos como: foto, intertítulo, negrito, respiro, espaçamento e olho
gráfico são empregados com eficácia.
Os estudos sobre internet indicam que o leitor digital busca se informar de maneira ágil,
procurando a informação que julga mais importante. Isso é cumprido pelo portal. A leitura érápida e é facilmente possível visualizar de forma hierarquizada a informação mais importante
de cada notícia.
O que o site poderia fazer de forma ostensiva seria o uso mais frequente da convergência de
mídia, que é uma característica importante do jornalismo online. Se bem usada, otimiza a
absorção da informação. Portais que pertencem a canais de televisão têm a possibilidade de
usar de forma consistente vídeos e áudios, ainda mais se considerarmos que estes estão prontos e não provocarão custos de produção e gravação. Outro item explorado que ajuda no
entendimento de um fato que se arrasta como a volta de Ronaldinho Gaúcho para o Brasil, é o
uso de links que levam a outras matérias que estão dentro do próprio portal.
Em relação ao conteúdo, o G1 cometeu também os mesmos erros que são apontados como
problemas do jornalismo online e esportivo. Em curto período de tempo o globoesporte.com
publicou várias matérias sobre a negociação do jogador. A grande maioria delas atropelou aapuração e a profundidade, o que consequentemente interferiu no grau de precisão das
informações divulgadas no site. O noticiário sobre Ronaldinho Gaúcho foi pautado pela
boataria e especulação. O princípio básico do jornalismo de ouvir os vários lados da mesma
história não foi cumprido. A cobertura visava apenas entupir o site com postagens sobre o
jogador. O objetivo era estar à frente dos veículos concorrentes, mesmo que a carga
informativa fosse baixa.
Faltou durante a cobertura o caráter mais analítico e crítico. Essas atribuições contribuíram
para que o caso se tornasse um espetáculo midiático. Os próprios repórteres se referiam ao
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fato como novela. A narrativa da cobertura criou personagens: o vilão, as vítimas e o
vencedor.
O futebol naquele momento vivia a preparação dos clubes brasileiros para a temporada que se
iniciaria. Isso foi deixado de lado. A figura de Ronaldinho Gaúcho se tornou mais importante
do que qualquer notícia que envolvesse outros clubes.
Ainda se remetendo a falta de caráter mais analítico, a Globo, que tem na editoria de esportes
um dos carros chefes, tem profissionais com experiência e conhecimento o bastante para
elucidar informações sobre a transferência de um atleta como Ronaldinho Gaúcho.
A condução da cobertura expôs uma mazela do jornalismo esportivo, que trata o esporte
apenas como entretenimento. O futebol se tornou um grande mercado financeiro que envolve
alta tecnologia, indústria e emoção, motivos o bastante para transformá-lo em modalidade
relevante jornalisticamente.
Quando uma redação que se dispõe a fazer uma cobertura de um fato não se prepara para tal e
não define critérios profissionais pautados na qualidade de informação, como ficouevidenciado pela análise em questão, outros fatores se tornam aparentes.
Os equívocos propiciam que interesses externos ao jornalismo ganhem proporção. Ficou
comprovado pela análise que Assis, o empresário do jogador, aproveitou a superexposição da
imagem do cliente para valorizar seu produto. O empresário estava ciente da proporção
midiática de seu agenciado.
Em se tratando dos conceitos de marketing esportivo delineados pela estrutura teórica da
pesquisa, Assis cumpriu o papel que sua profissão exige. Vender um produto. O erro é o
jornalismo permitir isso. O G1 serviu de ferramenta de marketing esportivo para Assis, bem
distante do papel que a imprensa deve ter: o de informar buscando o máximo possível a
verdade dos fatos e proporcionar o debate e a discussão do público.
Outra característica do marketing esportivo visível na cobertura do retorno de Ronaldinho
Gaúcho foi a venda de produtos esportivos que tinham links diretos nas matérias. Essa
estratégia de casar anúncio com a informação não é nova, mas condiciona um site de
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informação a se tornar lucrativo, ainda mais se for considerada a facilidade de comprar no
meio online. Uma matéria sobre Ronaldinho Gaúcho acompanhada por um anúncio de uma
camisa ou marca que o jogador use para a prática esportiva tem impacto considerável no
público.
Ronaldinho Gaúcho foi e é patrocinado por marcas que queriam estampar no jogador a
importância de consumir os mesmos produtos que ele. O atleta é vendido como um
extraclasse e sinônimo de futebol bonito. Características exaltadas por consumidores do
futebol. Unir essa atribuição ao jornalismo tende a subverter também a lógica da profissão.
Isso abre um dilema que está arraigado na atividade jornalística: vender ou informar. O que
muda nesse caso específico é como a internet pode modificar o consumo.
Os clubes que participaram da negociação não poderiam ficar fora dos resultados desta
pesquisa. Acerca deles, a análise demonstrou que o Flamengo foi mais competente na
administração das informações saídas do próprio clube. Só eram transmitidas para a imprensa
as que de fato fossem verdadeiras.
Palmeiras e Grêmio não souberam fazer o mesmo. Ambos declaravam que a negociaçãoestava perto do fim e que o resultado seria favorável. Os repórteres que obviamente não
apuravam de forma correta as declarações logo as publicavam. Quando o Flamengo acertou
com o jogador, o G1 deu voz aos dirigentes dos clubes perdedores que, com declarações
passionais, criticavam Assis. Declarações que contribuíram para que a imagem do empresário
fosse tratada com desprezo pelos dois clubes e, consequentemente, esse sentimento também
atingiu os torcedores.
A imagem de Ronaldinho Gaúcho foi associada à de um mercenário e traidor. Os torcedores e
dirigentes gremistas esperavam que o atleta escolhesse o time pelo fato de o jogador ter
surgido para o futebol quando jogava no clube. Mesmo depois de dez meses do imbróglio, o
jogador foi ofendido em um estádio lotado pela torcida do clube gaúcho, na primeira partida
que o Ronaldinho enfrentou seu ex-clube em Porto Alegre. Grêmio e Flamengo jogaram pela
32° rodada do Campeonato Brasileiro em 30 de outubro de 2011, depois que a pesquisa havia
sido concluída, em clima de revanchismo. A presença do jogador foi o principal motivo que
fez o estádio Olímpico, do Grêmio, encher. A inabilidade do clube gaúcho em administrar a
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situação e os erros da cobertura do G1 conspurcaram a imagem do atleta, que teve colocada à
prova sua integridade e caráter.
Um dos conceitos que explicam o jornalismo sustenta que a imprensa, ao informar, produz
fragmentos de realidade, por não conseguir atingi-la em sua completude. A cobertura
jornalística analisada evidenciou que a velocidade da internet pode prejudicar esses
fragmentos, subtraindo deles mais porções de realidade. A verdade fica mais longínqua e
difícil de ser alcançada, transformando o jornalismo em um conjunto pouco esclarecedor de
microfragmentos de realidade.
CRONOGRAMA
Procedimentos
Período de Realização
1.º semestre de 2011 2.º semestre de 2011
FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
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Definição dotema
x x
Pesquisa
Bibliográfica
x x x
PesquisaDocumental
(coleta)
x x x
Elaboração deresenhas
x x
Banca de projeto x
Roteiro deanálise
x x
Entrega doProjeto
x
Leituras eresenhas pararedação dos
capítulosteóricos
x x
Aplicação da(s)técnica(s) de
análise
x x x
Realização de pesquisa de
campo
x x x
Redação final x x
Revisão eentrega
x
Banca x
REFERÊNCIAS
AREIAS, João Henrique. Uma bela jogada: 20 anos de marketing esportivo. Rio de Janeiro:
Outras Letras 2007.
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ANEXOS
Anexos das matérias analisadas em ordem temporal.
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Anexo 9
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Anexo 10
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Anexo 13
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