Modalidades didáticas no ensino de Ciências. Perguntas geradoras de reflexão Como serão...

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Modalidades didáticas Modalidades didáticas no ensino de Ciênciasno ensino de Ciências

Perguntas geradoras de reflexão

• Como serão apresentados os conteúdos científicos?• Em termos de modalidades didáticas, o que trago da

minha experiência de quando era aluno do ensino fundamental?

• Que tipo de aula é mais motivador?• Que recursos vou precisar para dar uma boa aula? • Qual a melhor modalidade didática para trabalhar com

questões científicas que envolvem julgamento ético?

Algumas classificações das modalidades didáticas (Krasilchik, 2004)

• Segundo as atividades desenvolvidas: falar (aulas expositivas, discussões, debates); fazer (simulações, aulas práticas, jogos e projetos); mostrar (aula prática demonstrativa, filmes,...).

• Segundo a participação relativa de docentes e alunos (extremos): maior participação do professor (aula expositiva), maior participação do aluno (projetos, resolução de problemas);

• Segundo os objetivos de ensino: transmissão de informações (aula expositiva); investigação científica (aula prática, projetos); discutir temas polêmicos (simulação tipo Role-play).

Escolha

• Concepção de ensino-aprendizagem;

• Objetivos do ensino;

• Conteúdo que será abordado;

• Público a que se destina;

• Tempo e recursos disponíveis;

• Visão de Ciência e de ensino de Ciência;

• Características pessoais do professor.

Modalidades didáticas no ensino de Ciências

• Aula expositiva ou aula expositiva dialogada;• Discussões;• Aulas Práticas;• Excursões (saídas a campo, Museus de Ciência

e Estudo do Meio);• Projeções (filmes didáticos e/ou de TV aberta)• Simulações (Role-play, Modelagem);• Jogos;• Projetos/Resolução de Problemas.

Aulas Expositivas• Transmissão de conteúdos centrada no professor;

• Principais usos: introduzir assuntos, sintetizar tópicos, comunicar experiências pessoais;

• Desafios: Aula expositiva dialogada, conseguir a atenção e participação dos alunos.

Discussões

• “Convite ao raciocínio” (São unidades de muitos livros didáticos escritas na forma de discussão, cujo objetivo é fazer o estudante participar intelectualmente de atividades de investigação), Notícias (jornais, revistas, sites, televisão...), temática formulada pelo professor.

• Desafios: Planejamento, seleção de materiais instigadores da discussão, evitar que determinados alunos participem demais enquanto outros não participam, evitar dar respostas prontas.

Aulas práticasPrincipais funções

• Envolver os estudantes em investigações científicas: observação, registro, formulação de hipóteses, inferência de conclusões;

• Desenvolver habilidades; • Analisar os significados dos resultados, voltando a investigar quando

ocorrem eventuais contradições conceituais;• Compreender as limitações do uso de um pequeno número de

observações para gerar conhecimento científico;• Distinguir observação de inferência, comparar crenças pessoais com

compreensão científica.

Desafios: propor aulas práticas com materiais de baixo custo e que não necessitem de laboratório; confronto com as idéias e fenômenos sem querer chegar a respostas certas.

     

Excursões (saídas da escola)

• Trabalho de campo: saídas a campo para observação e análises de ambientes referentes à uma disciplina;

• Estudo do meio: “um Estudo do Meio é um método, um caminho, uma construção em educação formadora, que se distancia da chamada racionalidade técnica, do mecânico e da alienação e que tem a possibilidade de caminhar em direção ao interdisciplinar” (Pontuschka, 2004) . Só se estuda o meio sob o olhar de várias disciplinas.

• Visita à museus e centros de Ciência: parceiros da escola na alfabetização científica do cidadão.

Qualquer que seja a modalidade de “excursão”, ela não se esgota na saída:

• Antes - como preparar os alunos para atividade, como motivá-los para sua realização, que conhecimentos serão necessários;

• Durante - o que observar, que procedimentos usar, valorização das dimensões cognitiva e afetiva;

• Depois - o que será discutido, que tipo de produção será solicitada aos alunos, como analisar o material e registros coletados.

Desafios: Escolha de locais adequados aos objetivos do ensino aprendizagem, discussão com profissionais de outras disciplinas.

Projeções (filmes didáticos e/ou de TV aberta)

Usos possíveis:• Substituir experimentos que exigem equipamentos muito

sofisticados;• Visualizar processos muito lentos ou rápidos demais;• Paisagens exóticas e distantes bem como imagens e

comportamentos de animais e plantas;• Situações sociais e culturais;• Discussão das visões de ciência expostas pela mídia

televisiva;• Discutir situações reais;• Perceber a ciência como produção cultural.

Simulações• Role-play - atividade na qual os participantes são envolvidos numa situação

problemática com relação à qual devem tomar decisões e prever suas conseqüências. Destina-se a envolver os alunos num conflito em relação ao qual devem formar juízos de valor (Krasilchik, 2004).

• Deve-se caracterizar a situação, coletar informações pertinentes para a análise dos problema, distribuir papeis aos alunos relacionados aos atores sociais envolvidos naquela situação.

Desafios: escolher uma situação real e atual e que interesse aos alunos; deixar que os alunos selecionem os personagens (também de um ambiente próximo).

Temas: desenvolvimento da ciência e tecnologia e a questão ambiental, transgênicos, utilização de embriões humanos em pesquisas, aborto, ...

• Outra forma de simulação é a modelização – um intermediário entre as abstrações da teoria e a ação concreta de experimentação;

• Utilização de softwares de modelagem e simulação ( MULINARI; FERRACIOLI, 2005) ou de materiais concretos em que os próprios alunos produzam o modelo (OLIVEIRA; ABREU, 2004).

• Desafios: capacitação docente para o trabalho com essas ferramentas tecnológicas; produção de modelos pelos alunos com materiais de baixo custo.

Jogos

O jogo pedagógico ou didático é aquele fabricado com o objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, diferenciando-se do material pedagógico, por conter o aspecto lúdico ;

Desafios: produzir jogos interessantes e que tenham a participação do aluno; recorrer a instituições de divulgação científica que muitas vezes possuem jogos para empréstimo ou doação.

Projetos/Resolução de Problemas São atividades executadas por um aluno ou grupo para

resolverem um problema e que resultam em um relatório, num modelo, numa coleção, enfim, num produto concreto . Cabe ao professor orientar, auxiliar a resolver as dificuldades que forem surgindo. Deve-se tomar muito cuidado para dosar a participação do professor para garantir a independência dos alunos sem ficar desorientados.

Desafios: escolha de um problema motivador e que tenha condições de ser desenvolvido nas condições existentes na escola; planejamento, estruturação de um produto final para que haja divulgação dos resultados do trabalho.

Analisando as possibilidades e limitações das modalidades didáticas

Modalidade didática Possibilidades Limitações

Aula expositiva Enfatizar os aspectos mais relevantes; passar o entusiasmo que o docente tem acerca da área do conhecimento;

Passividade do aluno; decréscimo da atenção.

Discussões Capacidade de raciocínio e diálogo dos alunos; desenvolvimento de novas idéias, aumento da interação dos alunos.

Insegurança do professor pelo rumo imprevisto que pode tomar, participação de poucos alunos.

Modalidade didática Possibilidades Limitações

Aulas práticas Despertar e manter o interesse dos alunos; vivência do método científico e da cultura científica.

Inexistência de laboratório em algumas escolas; tempo e materiais para o planejamento.

Excursões Busca de informações em ambientes naturais, maior e melhor relação interpessoal; discussão da complexidade do mundo natural, exercício da interdisciplinaridade (Estudo do Meio).

Necessita organização da escola no que se refere à custos, autorização dos pais, aluguel de ônibus.

Modalidade didática Possibilidades Limitações

Projeções Permite multiplicar pontos de vista sobre a mesma realidade; realizar uma aproximação dirigida, Discutir situações reais; trabalho com as imagens.

Dispersão do aluno, equipamentos, dificuldade de conseguir produções adequadas.

Simulações Tratamento de questões polêmicas; Motivação e envolvimento do aluno. Modelos: variação temporal que muitas vezes não é possível de ser realizada experimentalmente.

Argumentação pode tornar-se um mero exercício retórico. No caso dos software altos custos e dificuldades de manuseio, a diferenciação entre a analogia e a realidade

Modalidade didática Possibilidades Limitações

Jogo Socialização; motivação e criatividade. Pode ser utilizado na introdução do tema ou na revisão do conteúdo.

Custo e tempo para produção pois, geralmente, são necessários vários exemplares para uma sala.

Projetos/Resolução de Problemas

Autonomia do aluno na organização e na execução das tarefas, baseado em problemas reais, interligação de conhecimentos e saberes, socialização.

Despreparo dos professores envolvidos; falta de tempo para dedicar-se à orientação.

Discutindo e concluindo• Todos as modalidades didáticas tem vantagens e

restrições;

• Nenhuma modalidade deve ser entendida como única e de caráter geral para todos os conteúdos científicos e para todos os tipos de alunos (necessidades, motivações e culturas diferenciadas); Diferentes indivíduos, diferentes motivações, diferentes processos de aprendizagem.

• Pesquisadores da área de Ensino de Ciências têm defendido a necessidade de “uma proposta metodológica pluralista para a educação científica, pois parte do pressuposto de que todo processo de ensino-aprendizagem é altamente complexo, mutável no tempo, envolve múltiplos saberes e está longe de ser trivial” grifo nosso (LABURU et. al., 2003).

• “é difícil dar crédito ao didatismo, baseado unicamente na exposição de conteúdos, como o é à radical reação a este último, dado por alguns escritos construtivistas, quando valorizam em demasia a pedagogia do estilo discussão em grupo, estilo que é observado na medida em que há excessivo destaque às atividades desse tipo, fundamentadas na promulgada colaboração social para a produção do conhecimento” (LABURU et. al., 2003).

Ao professor cabe a seleção crítica de diferentes formas de tratamento de um tema, buscando novas soluções para

situações controvertidas e adversas e refletindo e avaliando sua prática constantemente. Deve ter sensibilidade para ponderar ações, estratégias e pressupostos buscando desenvolver uma prática

pedagógica enriquecedora.

Referências bibliográficas BRASIL/MEC/Secretaria de Educação Fundamental. Programa Parâmetros em ação,

meio ambiente na escola: guia de orientação para trabalhar com vídeos. Brasília: MEC/SEF, 2001.

CARVALHO., A. M. P. & GIL-PEREZ, D. Formação de Professores de Ciências. São Paulo: Cortez, 1995.

CAMPOS, M. C. C. & NIGRO, R. G. Didática de Ciências: O ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999.

FERRÉS, J. Televisão e Educação. São Paulo: Artes Médicas, 1996.

KRASILCHIK, M. & MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. São Paulo: Moderna, 2004. (Coleção cotidiano escolar)

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: EDUSP, 2004.

LABURÚ, C. E., ARRUDA, S. M. E NARDI, R. - Pluralismo metodológico no ensino de ciências. In: Ciência e Educação, v. 9, n. 2, p. 247-260, 2003.

MULINARI, M. H. & FERRACIOLI, L. A utilização da tecnologia da informação no ensino de Biologia: um experimento com um ambiente de modelagem computacional. Anais do V Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. São Paulo/Bauru: 2005. CDRom.

OLIVEIRA, R. R. & ABREU, M. A. F. A construção de modelos anatômicos pelo aluno: uma proposta de ação pedagógica e participativa. In: NARDI, R.; BASTOS, F.; DINIZ, R. E. S. (orgs.) Pesquisas em ensino de Ciências: contribuições para a formação de professores. São Paulo: Escrituras, 2004.

PONTUSCHKA, N. N. Estudos de meio: práxis interdisciplinar. In: Formação continuada de professores: um histórico da atuação da FAFE entre 1999 e 2003. São Paulo: 2004.

SILVA, R.L.F. O meio ambiente por trás da tela: concepções de educação ambiental dos filmes da TV Escola. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Educação da USP. São Paulo: 2007.