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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA CURSO DE HISTÓRIA
CLEONICE MARQUES COSTA
Modernidade e atraso na educação pública maranhense: Uma análise dos discursos governamentais (1966 - 1979)
São Luís – MA 2008
Cleonice Marques Costa
Modernidade e atraso na educação pública maranhense: Uma análise dos discursos governamentais (1966 - 1979)
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao Departamento de História e Geografia da Universidade Estadual do Maranhão, como requisito para obtenção do grau de Licenciado em História.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Rios Ribeiro
São Luís MA 2008
Catalogação na Publicação CIP
COSTA, Cleonice Marques Modernidade e atraso na educação pública
maranhense: Uma análise dos discursos governamentais (1966 a 1979) / Cleonice Marques Costa. São Luís, 2008.72 folhas.
Dissertação (monografia) – Universidade Estadual do Maranhão, Curso de Licenciatura em História, 2008.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Rios Ribeiro.
1. Educação 2. Discurso 3. Governo 4. Continuidade Modernidade e atraso na educação pública maranhense: Uma análise dos discursos governamentais (1966 a 1979).
CDU: 37.057:328 (812.1)
Modernidade e atraso na educação pública maranhense: Uma análise dos discursos governamentais (1966 a 1979)
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação apresentado ao Departamento de História e Geografia da Universidade Estadual do Maranhão, como requisito para obtenção do grau de Licenciado em História.
Aprovado em ........ de ...................... de .............
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________
Prof. Dr. Paulo Roberto Rios Ribeiro (orientador)
Faculdade São Luís
__________________________________
1º Examinador
__________________________________
2º Examinador
Dedico este trabalho em especial a Jeová Deus,
Ao meu marido, a meu filho, aos meus pais, meus irmãos
e meus amigos.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi realizado graças às ajudas de muitas pessoas que quero deixar
registrado. Ao meu orientador Professor Paulo Rios pelas incansáveis correções, a Tatiane
Sales pelo auxilio na coleta de documentação, e aos professores do Departamento de História,
em especial, a Professora Adriana pela compreensão, muito obrigado. Também, agradeço, em
outra instância, a meus pais, especialmente minha mãe, por todos os sacrifícios feitos para que
eu tivesse as oportunidades que tenho, a meus irmãos que são exemplos do que se precisa
fazer para vencer, a Valter, meu companheiro de todos os momentos, por tudo, a meu filho
por completar a minha vida com sua existência. E a todos que estiveram presente na
construção e conclusão de uma etapa muito significativa, meu muito obrigado.
A autora
“O que for que fizerdes, trabalhai nisso de toda a alma como para Jeová, e não como para homens”.
Col. 3:23.
RESUMO
Neste trabalho, estuda-se os discursos e as inovações no setor educacional do Maranhão nos governos de José Sarney Costa, Pedro Neiva de Santana e Osvaldo Costa Nunes Freire, objetivando perceber o alinhamento com as políticas nacionais do ensino e as variações ocorridas na educação com a mudança de grupo político no governo do Estado. Pois, até 1965, com a oligarquia vitorinista no poder, o ensino apresentava índices vergonhosos em todas as etapas, primário, médio e superior, resultado das políticas adotadas pelos vitorinistas. Entretanto, esse modelo de educação não atendia aos interesses da conjuntura liderada pelos militares que estavam à frente do Governo Federal, precisando, assim, o estado se adequar às novas exigências do período. Para tanto, José Sarney assumiu o governo com um discurso desenvolvimentista para todas as áreas, sendo o ensino, elemento fundamental na formação da mão-de-obra para esse desenvolvimento. Os governantes subseqüentes – Pedro Neiva e Nunes Freire – fizeram discursos semelhantes para esse setor, mas como poderemos constatar houve somente uma mudança de personagem no poder do Estado.
Palavras-chave: discursos – educação – governo – continuidades.
Abstract In this work, looking up the speeches and innovations in the education sector of Maranhao in the governments of José Sarney Costa, Neiva, Pedro Santana and Osvaldo Nunes Freire, to understand the changes occurring in education with the change of political group in the government of the State . Because, until 1965, with vitorinista oligarchy in power, education indices showed shameful at all stages, primary, middle and higher, outcome of policies adopted by vitorinistas. However, this model of education not meeting the interests of the juncture led by the military who were in charge of the Federal Government, stating thus, the state adjusts to fit the new demands of the period. For both, José Sarney took over the government with a speech to all developmental areas, where education, a key element in shaping the workforce to that development. The subsequent rulers - Pedro Neiva and Nunes Freire - have made similar speeches for that sector, but as we can see there was only a change of character in the power of the state. Keywords: speeches - education - government - continuities
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Ensino primário comum - 1965 – 1967--------------------------------------- 41
Tabela 2 – Matrículas nos Cursos de Ensino Médio (Oficial)---------------------------------- 43
Tabela 3 – Recursos destinados pelo Mec ------------------------------------------------------- 47
Tabela 4 – Números de matrículas --------------------------------------------------------------- 55
Tabela 5 – Resultados obtidos na área da educação em 1972 --------------------------------- 56
Tabela 6 – Demonstrativo das habilitações profissionais oferecidas ------------------------- 57
Tabela 7 – Expansão da matrícula da rede oficial ----------------------------------------------- 65
Tabela 8 – Matrícula, segundo cursos profissionalizante -------------------------------------- 66
Tabela 9 – Número de alunos de 2º Grau da rede estadual ------------------------------------ 67
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------- 12
1 CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA E SÓCIO-ECONOMICA------------------- 15
1.1 A Situação Brasileira ----------------------------------------------------------------------- 15
1.2 A situação maranhense --------------------------------------------------------------------- 18
1.2.1 A política------------------------------------------------------------------------------------- 18
1.2.2 A Economia --------------------------------------------------------------------------------- 25
2.CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO--------------------------------------------- 27
2.1 No Brasil --------------------------------------------------------------------------------------- 28
2.2 No Maranhão --------------------------------------------------------------------------------- 33
2.3 O Liceu ---------------------------------------------------------------------------------------- 36
3 A POLÍTICA EDUCACIONAL NO MARANHÃO: Entre a modernidade e o
atraso (1966 a 1979) ------------------------------------------------------------------------------
38
3.1 A educação no governo Sarney: propostas e ações ----------------------------------- 39
3.1.1 O ensino primário--------------------------------------------------------------------------- 39
3.1.2 O Ensino médio ----------------------------------------------------------------------------- 42
3.1.3 Ensino Superior ---------------------------------------------------------------------------- 45
3.1.4 Convênios, Recursos --------------------------------------------------------------------- 46
3.2 Os investimentos educacionais e a perspectiva de educação na gestão de Pedro
Neiva de Santana ---------------------------------------------------------------------------------
49
3.2.1 Ensino Primário ----------------------------------------------------------------------------- 52
3.2.2 Ensino Médio ------------------------------------------------------------------------------- 53
3.2.3 Ensino Superior ---------------------------------------------------------------------------- 59
3.3 A Educação no governo Nunes Freire --------------------------------------------------- 61
3.3.1 O Ensino de 1º Grau ----------------------------------------------------------------------- 62
3.3.2 O Ensino de 2º Grau ----------------------------------------------------------------------- 63
3.3.4 Ensino Superior ----------------------------------------------------------------------------- 67
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------- 71
5 FONTES -----------------------------------------------------------------------------------------
6 REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O Brasil nas décadas de 60 e 70 viveu um período de intensas mudanças
iniciadas em 1930. Nesse primeiro momento, as transformações que estavam acontecendo no
setor econômico ocasionaram algumas reformas no sistema educacional. E, à medida que se
ampliavam às divergências entre a economia e a política adotada no País ocorreram atritos
entre os dois setores, sendo que o primeiro acabou sobrepujando o último e ditando as ordens
para os demais setores da sociedade.
No setor político isso culminou com a implantação da Ditadura Militar, com a
restrição aos partidos políticos, bem como com a imposição dos Atos Institucionais que
subjugou o Legislativo e o Judiciário ao Executivo e a repressão aos setores sociais que se
opunham a essa forma de governo.
No setor econômico, a oligarquia rural a princípio, foi à única que se opôs à
industrialização, pois sabia que perderia sua hegemonia para a nova classe que estava
emergindo, a burguesia industrial. As demais classes sociais almejavam alcançar melhorias
com as transformações econômicas que estavam acontecendo. Entretanto, os empresários
nacionais e internacionais começaram a temer as pressões populares que almejavam mais
direitos, o que não era possível com esse modelo de economia, para tanto, a classe dominante
rompe com o setor político e adota medidas para conter os anseios da população.
No setor educacional ocorreram várias Reformas sendo que inúmeras leis foram
criadas para adequar o modelo de ensino a economia. Em 1930, houve a chamada Reforma
Francisco Campos, e, em 1942, a criação das conhecidas Leis Orgânicas. Em seguida, a LDB
de 1961 que possuía elementos que foram adequados à Reforma do Ensino Superior em 1968
e as de 1º e 2º grau em 1971, sendo que estas se caracterizaram por uma educação mais
tecnicista, visando atender as indústrias que tanto precisavam de mão-de-obra.
Esse modelo de educação abriu oportunidade de escolarização formal para
muitos, visto que a mudança foi, pelo menos no discurso, a universalização do ensino de 1º
grau e a profissionalização no 2º grau. Sabe-se que outrora poucos (a elite) tinham acesso ‘às
primeiras letras’ para posteriormente fazerem o secundário e em seguida o superior. Porém, o
tipo de educação oferecida visava atender o setor econômico (industrialização), ou seja,
buscava atender às necessidades das indústrias e dos projetos agropecuários que estavam
surgindo.
No Maranhão, diferente da maioria dos estados do país, as mudanças ocorridas
repercutiram de forma contida nos setores políticos e econômicos. No período de
redemocratização do Brasil, o estado continuou a mercê de políticos preocupados somente
com a manutenção do poder. Sendo que na Ditadura Militar as medidas políticas adotadas
pelos governos José Sarney, Pedro Neiva e Nunes Freire foram para se adequar ao Governo
Federal, dando assim, continuidade à política de um pequeno grupo em torno de um líder,
outrora Vitorino Freire, depois José Sarney.
As divergências políticas internas entre os grupos que compunham os partidos
políticos maranhenses eram em torno de pessoas e não de idéias, ou seja, os políticos de forma
geral estavam sempre lutando pela suas respectivas manutenção ou obtenção do poder,
deixando de lado os problemas pelos quais passavam a população que era a mais atingida pelo
descaso dos seus representantes. E, consequentemente, por falta de políticas progressistas o
setor econômico estava estagnado, baseado ainda na agricultura de subsistência, com algumas
incipientes indústrias e fábricas fechando.
Durante a Ditadura Militar e com os discursos do representante José Sarney, a
população esperava muito das promessas de implantação dos grandes projetos que
diminuiriam o estado de miséria existente. Entretanto, pouco de concreto ocorreu nesse
momento, antes houve uma concentração de terras nas mãos de um número ínfimo de
latifundiários e empresários internacionais e a expulsão dos lavradores (êxodo rural), inchando
a Capital que não possuía estrutura para atender o excesso de indivíduos “desocupados”.
Quanto ao cenário educacional, muitos estudos do período de Vitorino Freire
mostram que o analfabetismo, a falta de professores, a evasão, a repetência eram evidências
do descaso com o setor. Com a introdução de um novo grupo no poder, esperava-se que
mudanças ocorressem no Maranhão, dentre elas, o aumento do número de vagas nas escolas
de 1º e 2º graus, para preparar a população para servirem como mão-de-obra para os projetos
de modernização e progresso dos sarneístas.
O objeto deste estudo se originou da leitura de documentos políticos voltados
para educação no período da Ditadura Militar: Mensagens e Planos de Governos iniciados no
período conhecido como “Maranhão Novo”. Essas leituras chamam atenção para a
modificação que estava passando a educação no Estado buscando se alinhar com as políticas
educacionais do Governo Federal, estas por sua vez visavam atender as exigências do setor
econômico que estava desde 1930 intensificando o processo de industrialização no País.
Busca-se por meio desses documentos encontrar indícios que comprovem a
adequação do sistema de ensino maranhense às Leis e Reformas dos anos de 1966 a 1979 com
visível prejuízo para as classes populares, pois, de forma geral, poucos benefícios foram
derivados do modelo de educação oferecida, apesar dos discursos fervorosos dos Governos do
período.
Esta monografia está dividida em três partes assim distribuídas: a primeira,
contextualização política e sócio-econômica; a segunda, contextualização da educação; e
terceira, a política educacional no Maranhão: entre a modernidade e o atraso (1966 A 1979).
Na primeira parte, faz-se um recuo a 1930, buscando elementos dos setores
político, econômico e social que foram fundamentais para o desenvolvimento da
industrialização. Por outro lado, mostrar que as rupturas ocorridas no setor político
culminaram com a implantação da Ditadura Militar e a mudança de grupo no poder estadual.
O segundo capítulo abordará as reformas educacionais ocorridas e sua relação
com o processo de industrialização. No Maranhão, constatar-se-á que a educação ficava a
mercê de interesses de grupos políticos, como resultado, é apresentado índices que mostram o
descaso dos representantes estaduais, também, discorrer-se-á sobre a principal escola pública
do estado, símbolo nesse momento do descaso dos governantes.
No terceiro capítulo, analisam-se os discursos de José Sarney, Pedro Neiva e
Nunes Freire, para o setor educacional, especialmente para o ensino primário, ensino médio e
ensino superior. Neles buscar-se-á perceber a continuação do atraso, por outro lado, a
presença de elementos peculiares a esses governos também serão ressaltados.
1. CONTEXTUALIZAÇÃO POLITICA E SÓCIO-ECONÔMICA
1.1 A Situação Brasileira
Para se compreender mais claramente as mudanças ocorridas na educação
brasileira a partir da imposição do Regime Militar (1964), torna-se necessário um recuo ao
modelo econômico adotado após a Revolução (grupos oriundos dos setores médios da
sociedade, juntos com alguns chefes oligárquicos liderados por Getúlio Vargas assumiram o
poder) de 1930 no Brasil, pois foi nesse período que se deu ênfase a industrialização, em vista
de vários fatores que contribuíram para o colapso do modelo econômico vigente, o agro-
exportador.
Esses fatores, a Primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929, no Brasil levaram a
uma crise na economia cafeeira e um redirecionamento para a produção industrial voltada para
o mercado interno, tendo sido intensificado com a Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas
ao poder. Para Thomas Skidmore (1975, p.69), durante o Estado Novo (1937-1945) foram
criadas condições de apoio às medidas para a industrialização. Ou seja, o Estado passou a
investir no setor industrial, por exemplo, foi por meios de empréstimos externos que houve a
implantação da usina de Volta Redonda (1941) e da Companhia Vale do Rio Doce (1942).
Com o fim do Estado Novo, o Governo Dutra continuou adotando uma política
econômica baseada nos princípios liberais, favorecendo a entrada de capitais estrangeiros. No
entanto, diferente de Vargas que tornou o Estado um dos principais investidores do setor
industrial, Dutra o entregou à iniciativa privada.
Essa política econômica liberal adotada pelo Governo Dutra foi calamitosa, pois
a inexistência de restrições à importação de mercadorias estrangeiras, a manutenção da taxa
cambial ao nível anterior à guerra e a total liberdade de aquisição de divisas no mercado
financeiro, provocaram crise no setor. Por todos os desastres ocorridos no setor econômico, o
Presidente Dutra deu margem ao retorno de Getúlio Vargas ao poder que buscou retornar a
estatização da economia criando a Petrobrás como uma empresa estatal, também expandiu o
parque manufatureiro, priorizando assim a industrialização.
Em seguida, com o presidente Kubistchek, o país intensificou as transformações
sócio-econômicas, em especial, no setor industrial, nesse momento, aprofundam-se as relações
entre o Estado e a economia, por meio do Programa de Metas1 do governo visando
principalmente à implantação de uma estrutura industrial integrada.
O aludido Programa de Metas objetivava criar condições financeiras, sociais e
políticas para a efetiva participação da iniciativa privada (principalmente estrangeira) na
economia brasileira, para que esta pudesse se consolidar. “Consequentemente, levando à
ampliação e aprofundamento das relações e estruturas de dependência com o capitalismo
mundial” (AMORIM, 2003, p.01).
A partir do período compreendido entre 1960 e 1964 vivenciou-se uma fase de
esgotamento na industrialização causando uma crise econômica que o presidente João Goulart
não conseguiu gerenciar, aumentando as tensões sociais nas diversas classes existentes no
país. Para amenizar os problemas econômicos, o governo criou o Plano Trienal (1963), de
autoria do então Ministro do Planejamento Celso Furtado que objetivou reduzir a taxa de
inflação, que, segundo Fazenda (1988, p.30), entre 1961 e 1964, manteve respectivamente os
seguintes níveis: 38,1; 53,3; 73,5 e 91,6.
Entretanto, para que a política antiinflacionária produzisse resultados
satisfatórios eram necessários a restrição de crédito, a contenção de gastos públicos e o
congelamento de salários, essas medidas descontentaram a todos. As classes dominantes
porque tiveram seus créditos restritos e os trabalhadores porque seus salários foram
congelados.
As classes dominantes com receio de perderem suas posições hegemônicas
começaram a pressionar o governo (Presidente João Goulart), que decidiu romper com as
forças tradicionais, e estas passaram a elaborar uma coalizão civil-militar para combater o
Governo João Goulart, sobre isso, Ribeiro (apud AMORIM, 2002, p.15) afirma que,
“concomitantemente à mobilização das camadas populares, registrava-se a ação de
movimentos de caráter civil e militar mobilizando a opinião pública contra o Governo João
Goulart”.
Para compreender a desconfiança das classes dominantes em relação às políticas
adotadas pelos governos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek e João Goulart, faz-se
necessário considerar que o modelo econômico de base industrial, que desde 1930 cada vez
mais crescia, tomou o lugar do agro-exportador fazendo evidenciar no cenário social as
massas urbanas e estas passaram a reivindicar seus direitos e os governantes já citados,
1 Programa de Metas (1956-1961), base da política de desenvolvimento de JK, gerada pelo Grupo Misto BNDE-CEPAL e pela Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, estabelecia 31 metas distribuídas em cinco grandes grupos: energia, transportes, alimentação e indústria de base.
interessados em ter sobre seu controle esse importante grupo, estavam atendendo algumas de
suas vindicações e dando liberdade para contestarem.
A estes fatores somam-se outros, como, as divergências entre o Poder Executivo
e o Poder Legislativo, dentre elas, a radicalização das posições dos partidos políticos de
esquerda e de direita acerca dos assuntos econômicos, agravando a crise através do golpe de
1964; o desenvolvimento de uma ofensiva anticomunista na América Latina após a Revolução
Cubana de 1959, contribuiu para o aumento das tensões políticas. Segundo Germano (apud
AMORIM, 2002, p.16), o avanço do comunismo assustou a burguesia, a classe média e os
militares que temiam a perda das suas posições, política e econômica.
Após o golpe, os militares e os demais grupos dominantes – burguesia financeira
e industrial – buscaram amenizar as crises políticas e econômicas. Para tanto, a forma
encontrada foi a extremada imposição dos Atos Institucionais que, gradualmente,
concentravam todos os poderes em torno do Executivo subordinando os poderes Legislativo e
Judiciário por meio de medidas como: restrições ao processo partidário e eleitoral, uma grande
repressão sobre vários setores da sociedade e a internacionalização da economia.
E, apesar do discurso dos militares ser de modernização das estruturas políticas,
econômicas e sociais, na prática, segundo Amorim (2002, p.25) o que ocorreu foi
reformulação das relações de produção de forma a permitir a reprodução capitalista e a criação
de novas possibilidades para o funcionamento e expansão da grande empresa privada nacional
e estrangeira.
No setor político, os militares que assumiram o poder para efeito de estudo,
foram os generais Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto
Geisel respectivamente. O primeiro, por meio de atos institucionais cassou mandatos e direitos
políticos, deu início à repressão e substituiu os partidos políticos por apenas dois – Arena
(partido governamental) e MDB (oposição consentida), tendo sido em seu governo outorgada
a Constituição de 1967.
O segundo governo do período, Arthur da Costa e Silva, por meio do Ato
Institucional nº. 5 implantou a ditadura no país. Já Emílio Garrastazu Médici entregou o Brasil
para os órgãos de repressão policial e militar. Por último, Ernesto Geisel que deu inicio à
abertura política. Mas, apesar do regime extremamente violento, muito se conseguiu mascarar
na época, pelo que comumente chama-se de “milagre econômico”, comandado pelo ministro
da Fazenda Delfim Netto, para koshiba&pereira:
Essa política direcionou pesados investimentos do setor público para setores-chave como construção civil, rodovias, telecomunicações, petróleo e energia ... manutenção de mão de obra barata por meio do incentivo a migração interna, arrocho salarial e o fim das indenizações proporcionais por tempo de serviço. (2003, p.534).
Durante alguns anos (1969-1973), o Brasil apresentou taxas de crescimento
bastante satisfatórias e apesar da concentração de renda nas mãos de poucos, “uma parcela
importante da classe média das grandes cidades industriais pode experimentar uma
significativa melhoria na qualidade de vida.” (KOSHIBA&PEREIRA, 2003, p. 535).
Portanto, o país, no período da Ditadura Militar intensificou a política-
econômica que se iniciou em 1930 de base industrial, com a participação maciça do capital
estrangeiro, sendo, entretanto, necessário o rompimento no aspecto político com os governos
tidos como populares.
1.2 Situação Maranhense
No Maranhão, o período que antecede a Ditadura Militar (1930-1964) e a
alteração de governo no Estado, foi marcado pela falta de políticas econômicas que pudesse
dar condições a indústria maranhense de concorrer com as do Centro Sul, por isso não houve
mudanças visíveis a nível industrial. Segundo Rapôso “o poder político no Maranhão
tradicionalmente foi sustentado pelas oligarquias o que favorecia a manutenção da ordem
econômica e social vigente” e consequentemente impossibilitaram “a participação do
Maranhão, como de todo o Nordeste, simplesmente inexistia”. (1985, p.64, 67).
Na conjuntura que precedeu a Ditadura Militar no Maranhão os elementos
preponderantes foram: oligarquia, clientelismo, analfabetismo e empobrecimento, esses dados
vergonhosos afastaram o Estado de viver o progresso presenciado por outras capitais, a saber,
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e permitiu a continuação de oligarquias regionais no
poder. (CALDEIRA, 1978, p.59).
1.2.1 A Política
No período de 1936/1947, ocorreu no Estado, intervenção do Governo Federal,
sendo respectivamente os interventores, Major Humberto Mendonça e o Dr. Paulo Ramos,
nomeados de conformidade com os interesses exclusivos do governo Getúlio Vargas.
Caldeira (1978, p.04) menciona que de 1966 a 1976 nos “negócios políticos internos do
Estado” houve uma “modalidade nova” de interveniências pelo fato de outras já terem
ocorrido, mostrando assim, que a dependência política do Maranhão vem de longos anos.
Nos anos de restabelecimento da democracia no país (1946-1964), o Maranhão
foi dominado pelo então senador Vitorino Freire que exerceu o papel de mediador nas
relações políticas estabelecidas entre o Governo Estadual e o Governo Federal. Para isso
possuía a seu dispor uma oligarquia representada por proprietários de terra e sustentada pelos
latifúndios e pelos coronéis que faziam a manutenção dessa estrutura para atender a classe
hegemônica.
Essas relações eram mantidas através do clientelismo político (troca de favores),
estabelecido por Vitorino Freire, “a sua ação se centrava em torno do controle dos partidos
políticos e das sub-lideranças políticas com eles identificadas que juntamente com os coronéis
do Estado, davam à configuração real do Vitorinismo” (CALDEIRA, 1978,p.60).
Corroborando Queiroz (apud BONFIM, 1985, p. 02) nos diz que “a política passa a processar-
se de acordo com as leis de um jogo claro e simples, composta pelos coronéis, pelo governo
estadual e pelo governo federal”.
A política no Maranhão nesse período era conduzida com “mãos de ferro” por
Vitorino e os coronéis, que por sua vez não contestavam as ordens e tinham como função o
aliciamento de votos, que era facilitado pela falta de fiscalização dos órgãos do judiciário e da
oposição, para conter a corrupção e a fraude eleitoral. A oposição tinha o mesmo discurso
ideológico, mudando apenas os métodos, Bonfim confirma com as seguintes palavras: “O
conteúdo político das oposições era estruturalmente o mesmo da situação, tendo como base
uma estrutura agrária arcaica e uma indústria local incipiente, e como diretriz a conquista ou
manutenção do poder”. (1985, p. 04).
Durante a vigência da oligarquia Vitorinista, as lutas entre os grupos políticos era
somente para mudança dos “atores”, dando assim continuidade a manutenção do modelo
político existente desde a República Velha, em que as relações eram baseadas no clientelismo.
Como exemplo da presença acentuada de Vitorino Freire, os governos maranhenses
(Sebastião Archer, 1945/1950; Eugênio Barros, 1951/1956; Matos Carvalho, 1956/1961; e
Newton Bello, 1961/1965), todos estavam sob seu controle e liderança.
Com o estabelecimento da Ditadura Militar e as eleições estaduais para
governador, o descontentamento popular à política coronelista personificada na figura de
Vitorino Freire levou a uma insatisfação, especialmente nos meios urbanos, como São Luis,
segundo Bonfim:
Alguns setores da ilha, constituídos por operários, portuários, funcionários, estudantes entre outros, mostrando-se exauridos pela espoliação, descrentes de promessas repetidas durante 20 anos consecutivos, estavam receptivos para uma proposta de mudança. Já não interessava à população de modo geral, a simples substituição de um coronel por outro ou por um seu representante. (1985, p.29).
A partir desse contexto de esperança por mudança no quadro político
maranhense, chegou ao governo, José Sarney, primeiro gestor estadual do período da ditadura
militar. Apesar de eleito como oposição regional pelo partido UDN, seu aparecimento no
cenário político maranhense remete ao Palácio do Governo, onde exercia o cargo de Chefe de
Gabinete do Governador Eugênio Barros (1951-1954), foi Deputado Federal pelo PSD, por
meio das práticas ilícitas utilizadas pelo governo da situação, conforme o próprio Vitorino
deixou transparecer em seu livro de memórias afirma:
Seu pai o Desembargador Sarney, mantinha comigo relações pessoais há
muitos anos. Nos idos de 1950, desejoso de ver seu filho lançar-se na
política do Estado, solicitou-me que interferisse junto ao Governador
Eugênio Barros no sentido de arranjar uma colocação para seu filho, José
Ribamar Costa, ou José Sarney, como se assinava, no gabinete do
governador... O salto de Sarney, de assessor do governador a candidato a
deputado federal, contando com o meu apoio, gerou incompreensões de
outros jovens políticos do PSD, que se consideraram marginalizados por
mim. (apud CABRAL, 2004, p.265).
Na análise feita por Cabral (2004, p.265-293) sobre as estratégias políticas
utilizadas por Vitorino e José Sarney no Maranhão, nota-se claramente como esse último foi
oportunista, corroborando Nascimento Moraes Filho diz: ele foi uma flor de estufa, plantada e
cultivada no Palácio dos Leões, apenas a criatura (José Sarney) engoliu o criador (Victorino
Freire). (apud CABRAL, 2004, p.285). Logo, a “criatura” começou a contestar o “criador” e
ingressou na UDN, sendo que um fato caracterizou José Sarney, naquele momento, foi o
confronto com Vitorino para tirar-lhe o poder. (BONFIM, 1985, p. 09).
A história política de José Sarney era marcada por contradições, evidenciando
nessa trajetória a busca pelo poder por caminhos diversos (situação ou oposição). Para
Bonfim, “A própria posição de Sarney mostra-se ambígua: enquanto volta a apoiar (não
manifestamente) o partido governista local, continua udenista atuante na Câmara Federal.”
(1985, p.13).
Isso ficou evidente quando saiu candidato pela oposição coligada e demonstrou
através das diretrizes políticas adotadas em harmonia com a ditadura que era um político
situacionista. Na realidade, a vitória das oposições maranhenses, somente foi possível, porque
contou com o apoio decisivo da ditadura militar (CABRAL apud MATIAS, 2002, p. 15).
Cabral ratifica as palavras de Caldeira quando diz “a eleição de José Sarney para
o Governo do Estado em 1965 representa, para a história política contemporânea do
Maranhão, apenas o referendum da sociedade civil do Estado para a consecução dos objetivos
do Governo Central...” (CALDEIRA, 1978, p. 06). Os governos subseqüentes (Pedro Neiva de
Santana e Nunes Freire) saíram da mesma fonte e apesar das divergências (José Sarney e
Nunes Freire) possuíam em comum a vontade de, a qualquer custo, alcançar ou permanecer no
poder.
Sobre as crises políticas ocorridas no Maranhão, as duas correntes políticas
(vitorinismo e sarneísmo) se mantiveram no poder porque tinham respectivamente o apoio
político do Governo Federal de cada período, e este sustentava no poder estadual quem
estivesse em harmonia com os objetivos da política nacional de cada momento. Caldeira
conceituou essas frentes políticas do Estado da seguinte forma:
vitorinismo – coronelismo peculiar, dominante no processo de condução da política legal do Estado, cujo poder político era regulado de conformidade com os interesses do então Senador pelo Maranhão, Vitorino Freire, que possuía ampla liberdade para manipular todo sistema político do Maranhão” e o sarneísmo - corrente política, cujos atores políticos com ela identificados se caracterizam por manterem um comportamento dentro do seu Partido – a Arena, de conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo seu líder... são pessoas pertencentes aos estratos sociais médios do Estado, oriundos da oposição política ao vitorinismo. Ideologicamente se identificam com o projeto de modernização da sociedade maranhense... é produto da Revolução de 19642 e a sua existência se vincula à criação da Arena.... (1978, p.4, 10)
2 Revolução de 64, tecnicamente, o que houve em 31 de março de 1964 foi um golpe de Estado, e não uma revolução, como pretendeu os militares. A palavra “revolução” substituiu duas expressões incômodas: os militares não pretendiam ser chamados de “golpistas” nem de “retrógrados”. Além disso, “revolução” está associada à idéia de futuro, de esperança, de um tempo melhor. ( Pereira, 2003, p. 530).
O sistema de poder político do Estado foi responsável pela aparente harmonia da
sociedade civil no Estado, sendo esta incapaz de se desenvolver autonomamente, e, portanto,
sendo excluída do processo de modernização pelo qual passou a sociedade nacional. Na sua
análise sobre essa estabilidade da sociedade e das crises no poder político do Maranhão,
Caldeira aponta quatros aspectos significativos:
(1) os elementos constitutivos da formação histórica da sociedade do Maranhão condicionaram-na a estruturar-se sob o regime de classes, atrelada ao exemplo da sociedade brasileira; (2) os padrões culturais desenvolvidos e mantidos pela sociedade do Maranhão, assim como as suas formas de estruturação social e de organização da economia contingenciaram a regulagem do poder político do Estado por parte de uma única classe; (3) a grande distância geográfica dos centros política e economicamente hegemônicos do País manteve a sociedade do Maranhão isolada dos processos de transformação que deram nova configuração à sociedade civil nacional, a partir de 1930, e permitiu, por outro lado, que o poder político do Estado desenvolvesse formas peculiares de relacionamento com a sua sociedade civil, com o Poder Central do País e deste para consigo; (4) a diversificação intra-regional do Estado, assim como a dificuldade de intercomunicação entre as regiões - inclusive com a Capital, São Luís -, favoreceu a constituição de oligarquias locais que puderam impor a tarefa de dominação política do meio, de conformidade com o pacto firmado com a classe controladora do Poder Central do Estado. (1978, p. 03).
Levando em consideração esses elementos, não houve alterações no âmbito
político, apesar da troca de representante. Assim, chegou José Sarney Costa, o candidato da
UDN ao governo do Maranhão (1966 - 1970), para Meirelles, ele foi eleito por sufrágio ainda
universal, direto e secreto, e por esmagadora maioria 51,70%. (2001, p. 358.)
Na análise feita por Caldeira esse foi um dos poucos momentos de participação
política da população, que legalmente se manifestou contra a regulagem tradicional do poder
político do Maranhão, ao eleger, com larga margem de votos, o candidato que teoricamente
era opositor do vitorinismo, mas, que somente ratificou a decisão do Governo Federal, que
nesse momento coincidia com a da população. (1978, p. 06). Corroborando, Cabral afirma:
A vitória das Oposições somente foi possível porque contou com o apoio decisivo da ditadura militar, que se instalara no Brasil em 1964 para reprimir as mobilizações sindicais e populares em defesa das Reformas de Base (reforma agrária, reforma educacional, reforma urbana, controle do capital estrangeiro, dentre outras). Moral da estória: o Maranhão “trocava seis por meia dúzia”, pois saía de cena a oligarquia vitorinista e começava a se formar a oligarquia Sarney, que cresceu e se fortaleceu à sombra dos militares no poder. (apud MATIAS, 2002, p. 15).
José Sarney chegou ao governo estadual disposto a colocar em ação um plano de
desenvolvimento que integraria o Maranhão aos interesses ditatoriais. Essa incorporação
significou expansão do capitalismo, aprofundamento das desigualdades sócias e concentração
fundiária (CABRAL apud MATIAS, 2001, p.15). Para esse fim, Ele reformulou secretarias e
criou a SUDEMA (Superintendência de Desenvolvimento do Maranhão), cujo objetivo era
elaborar e supervisionar o plano de desenvolvimento do Estado.
Nesse contexto de implantação dos órgãos que visavam o desenvolvimento
pretendido pelos militares surgiu a nível federal, a SUDENE (Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste) e a SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia). No Maranhão, a SUDEMA, abrangia “além das atribuições de planejamento e
programação financeira, as de órgão repassador de recursos para financiamento da
programação governamental e controlador da aplicação desses recursos”. Esse órgão
confunde-se com o próprio Governo, pela natureza dos seus objetivos: planejar, coordenar e
controlar a política do desenvolvimento econômico e social do Maranhão. (ESFORÇO
administrativo Maranhense, 1966/1970 apud BONFIM, 1985, p.38, 39).
O Governo Federal deu iniciou nas obras, com a construção da malha rodoviária
do Maranhão, o que facilitou a comunicação com outras regiões da Federação. No que diz
respeito ao governo estadual, ocorreu à construção da ponte sobre o rio Anil, a barragem do
rio Bacanga, asfaltamento das artérias do centro urbano de São Luis e iniciou o fornecimento
de energia elétrica para alguns municípios. No setor educacional que iremos analisar foi
criados projetos como “João de Barro” e a Televisão Educativa. (MEIRELLES, 2001, p. 359).
Podemos destacar também, os ‘grandes projetos agropecuários’ que foram
estimulados pela Lei de Terras de 1969 e promulgados no governo de Pedro Neiva em 1970
que facilitou a aquisição de terras. Por meio dessa Lei, houve um aumento do número de
latifúndios no Maranhão, sendo que seus proprietários eram pessoas vindas de outros estados,
especialmente grupos vindos do sul do país.
Os grandes projetos agropecuários não trouxeram benefícios para a população,
tais pessoas foram expulsas das suas terras e partiram para a capital ou para outros estados em
busca da sobrevivência. Esse foi um dos muitos projetos que aprofundaram as desigualdades
sociais, acelerou o processo de concentração fundiária, assim como a violência, a grilagem e a
expulsão dos trabalhadores de suas terras, aumentando enormemente os conflitos no campo
em toda região.
O discurso anunciado era de um “Maranhão Novo”, um período de prosperidade
e modernização, mas ocorreram poucas mudanças significativas para a população, e assim
como na época da oligarquia de Vitorino era preciso perceber que essas modificações
continuaram beneficiando um pequeno grupo. E isso teve prosseguimento quando José Sarney
(1970) deixou o Palácio dos Leões a cargo do vice-governador Antonio Dino para terminar o
mandato, pois se candidatou ao Senado.
Em seguida, chegou ao governo, Pedro Neiva de Santana, que administrou o
Maranhão (1971 – 1975), eleito de forma indireta pela Assembléia Legislativa, após indicação
do Presidente Médici. Antes de ser o representante estadual no poder, atuou em vários setores
do governo, entre eles, diretor do Instituto Médico-Legal do Estado, Prefeito de São Luis,
Secretário da Fazenda, diretor da Faculdade de Medicina e Reitor da Universidade Federal do
Maranhão.
Algumas mudanças tomadas no decorrer do seu governo na área administrativa
foram: a extinção da SUDEMA, secretarias de Administração e a criação de uma secretaria de
Indústria e Comércio. Ademais, Ele continuou ampliando o plano de desenvolvimento do
governador anterior (José Sarney). Segundo Meirelles com a criação de:
um Sistema Estadual de Planejamento que elaborou um Orçamento Plurianual de Investimentos -1972/1974 através do qual pôde dar ênfase ao sistema rodoviário, à rede de energização e de saneamento do interior e uma política de colonização agrária; no campo da educação, vale acentuar a criação a instituição do Conselho Estadual de Cultura e a Fundação Cultural do Maranhão com vistas a uma futura universidade estadual; no campo econômico, além da política de colonização agrária, a atividade do Banco de Desenvolvimento do Maranhão, e a criação da Federação das Escolas Superiores do Maranhão e da Companhia Progresso do Maranhão; no da segurança, a interiorização da Policia Militar, com a criação de cinco batalhões, sediados em São Luís, Caxias, Pindaré-Mirim, Imperatriz e Livramento. (2001, p. 360).
Além disso, no período em que Pedro Neiva de Santana esteve no poder como
governador foi inaugurado a Companhia Docas do Maranhão – CODOMAR, hoje Porto do
Itaqui; e a vinda ao Estado, do então presidente, general Emílio Garrastazu Médici. Dessa
forma, nota-se que o Governador Pedro Neiva seguiu os mesmos rumos já traçados pelo seu
antecessor (José Sarney) e isso será mais evidenciado quando se analisar o setor educacional.
Quando da seleção do novo gestor estadual, a forma de escolha de governadores
havia sido mudada pelo então presidente Geisel que atribuiu ao senador Petrônio Portella
(presidente nacional da Arena) a responsabilidade de desígnio, consultando os diretórios
estaduais do partido. No caso do Maranhão as divergências estavam acaloradas, e o próprio
presidente Geisel interferiu e elegeu alguém que aparentemente estava alheio às disputas do
partido e que poderia amainar os ânimos da ARENA maranhense. (MEIRELLES, 2001, p.
362),
Dessa forma, chegou ao governo Osvaldo da Costa Nunes Freire (1975 - 1979),
antes, porém, foi deputado estadual e representou o Maranhão na Câmara Baixa, no Rio de
Janeiro e em Brasília. Um dos primeiros feitos do novo governador foi modificar a máquina
administrativa desfazendo as mudanças feitas pelo governo anterior, ressurgindo a Secretaria
de Administração. Também, bipartiram seu gabinete em civil e militar ambos sendo
secretarias de Estado e criou uma Secretaria de Trabalho e Ação Social, cujo comando esteve
a cargo da assistente social Euda Batista da Silva.
Verifica-se que Nunes Freire por meio dessas mudanças administrativas
ambicionou imprimir distintivo ao seu governo, entretanto, conforme Caldeira diz, ainda sobre
as crises políticas ocorridas no Maranhão:
no período 1956/1976, pode-se inferir que as crises nele registradas nesse intervalo de tempo foram, portanto, processadas a nível de grupos específicos, cujos agentes principais nelas envolvidos - os atores políticos -, desenvolveram formas de conflitos que não tinham por finalidade propor a alteração das formas de relacionamento entre o poder político e a sociedade; nesse processo crítico, os grupos envolvidos sempre procuraram conquistar e/ou manter as posições proeminentes dentro do sistema de poder político do Estado. (2001, p. 360).
Os grupos políticos no Maranhão não divergiam por ideais que pudessem
melhorar o Estado. Antes, as lutas eram para se conquistar ou manter o poder, sem levar em
consideração a sociedade na qual estavam inseridos. Daí porque a região continuou em
permanente atraso se comparado com outras regiões do país. Não havia interesse por parte da
maioria dos representantes maranhenses na modificação das condições sociais, e, portanto, as
crises observadas no interior dos partidos eram somente para mudança de protagonistas.
1.2.2 A Economia
A economia maranhense a partir de 1930 não acompanhou as mudanças que
estavam ocorrendo no cenário nacional, ou seja, o processo de industrialização que ocorria no
Centro Sul do Brasil não alcançou o Maranhão, um dos motivos foi que o maquinário
industrial encontrava-se obsoleto, outras razões são destacadas por Rapôso:
...o processo de desmoronamento do parque industrial maranhense deveu-se principalmente à política econômica adotada no país. Contudo, podem ser identificados outros fatores que contribuíram para a efetivação mais rápida desse processo, tais como: a escassez de energia elétrica naquele período e a incapacidade do empresariado maranhense frente à nova situação. (1985, p. 64).
Acrescenta-se nesse período, o fato da agricultura conviver com “surtos”, como
mostra Conceição (2007, p.14), que durante Primeira e a Segunda Guerra Mundial houve uma
reativação da economia, atrelada aos produtos como algodão, tecidos e babaçu, levando a
balança comercial a saldos positivos. Essa dinâmica mostrou que a nossa economia
acostumou-se a circunstâncias internacionais e nacionais e não possuía diretrizes para se
impor no mercado.
Após a Segunda Guerra Mundial houve a desvalorização dos nossos produtos, a
economia se retraiu, só voltando a ser reativada no início da década de 1950, nesse período, a
produção agrícola tornou-se mais diversificada devido ao grande volume de imigração
nordestina, principalmente das áreas do Ceará e Piauí atraídos pelas terras férteis do nosso
Estado. Essas migrações contribuíram com a agricultura, conforme Bonfim “o alargamento
desta fronteira aconteceu em decorrência, principalmente, da intensificação do fluxo
migratório que se dá na década de 1950/1960, como conseqüência das grandes secas que
flagelam a população nordestina”. (1985, p. 3).
Essas imigrações foram facilitadas pela abertura de estradas federais que
interligaram a região e possibilitaram a penetração no interior do território maranhense por
migrantes nordestinos que fugiam da grande seca de 1958 ocorrida no Polígono das Secas, da
derrocada do ciclo da borracha na Amazônia e da atração pelas terras devolutas, além dos
incentivos dados aos colonos pelo Governo Federal, através da SUDENE, juntamente com o
governo estadual que pretendiam colonizar o Maranhão e elevar a produtividade agrícola.
Devido às migrações nordestinas e a abertura de estradas que interligaram a
região houve uma diversificação da atividade comercial, visto que outros centros regionais,
além de São Luís, começaram a crescer. Além disso, o Maranhão saiu do isolamento do
restante do país o que contribuiu no campo político para a derrota do Vitorinismo, e também
para o aumento do agravamento da questão agrária no Estado.
A década de 1960 para economia foi caracterizada pela estagnação e
empobrecimento cada vez maior do Estado. Diferente do restante do país, como já foi dito,
aqui não ocorreu um processo de industrialização por falta de infra-estrutura econômica,
antes, a indústria nesse período limitou-se às unidades de beneficiamento de produção
agrícola, pequenas empresas semi-artesanais e algumas indústrias de transformação de
produtos semi-elaborados, destacando-se a de óleos. No entanto, estas não possuíam técnicas
adequadas para competir com produtos vindo de outros mercados do país.
Quanto à agricultura, que era a base da economia maranhense, possuía ainda um
caráter de subsistência, pois eram aplicadas técnicas rudimentares na lavoura. Além disso,
quem plantava não detinha a propriedade da terra, antes, viviam na maioria das vezes, a mercê
de latifundiários e grileiros. As atividades desenvolvidas nesse setor eram: a extração do
babaçu e a produção de gêneros de subsistência, dentre eles, o arroz.
Em relação à pecuária, há um avanço na criação bovina menos extensiva que
aumentou o percentual de rebanhos nas áreas do Mearim e Tocantins. A ocupação de terras ao
longo dos grandes eixos das rodovias federais no Estado e o aumento da força de trabalho
rural levou a uma mudança da estrutura rural e a um crescimento da produção agrícola.
As atividades econômicas urbanas, como o setor de comércio e serviços era
muito pequeno, devido à baixa renda per capita da população, tornando fraca e excludente o
mercado consumidor estável no Estado.
A partir de 1966, programas de desenvolvimentos são adotados pelo governo de
José Sarney e apoiados pelo Governo Federal havendo assim, principalmente na década de
1970 uma implantação de grandes projetos industriais no Estado. No decorrer desse período,
surgiram no Maranhão, empresas industriais para desbancar o monopólio das Oleaginosas
Maranhenses S.A. (OLEAMA), dentre elas, Moinho de Trigo Itapecuru (cimento), Sudenveste
(roupas).
Outra modificação no cenário econômico ocorreu com a decisão federal de
realizar a integração nacional através da construção de uma malha rodoviária que interligasse
todas as regiões do país. A interligação rodoviária cortou o nosso espaço territorial rumo a
Belém e à Amazônia e ampliou a integração econômica do Maranhão com outras áreas do
Nordeste, assim como o restante do país. Além disso, o sistema rodoviário ampliou os pólos
de comercialização em direção ao interior do Estado, quebrando dessa forma o oligopólio da
Praia Grande.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
2.1 No Brasil
Para atender ao novo regime instituído pelo Governo Provisório em fins de 1930
e suas implicações econômicas, foram tomadas algumas medidas: criaram-se novos
Ministérios, sendo que, o Ministério da Educação e Saúde Pública cujo ministro era Francisco
Campos, já mostrava uma nova visão na área da educação. Pois, até então, o ensino existente
no Brasil não estava organizado em base nacional.
Por meio de uma série de decretos foi realizada a chamada Reforma Francisco
Campos que trouxe mudanças, pelo menos no campo teórico, para várias áreas da educação,
consideram-se relevante para o trabalho, os seguintes decretos:
- O decreto nº. 19.851, de 11 de abril de 1931, dispôs sobre a organização do ensino superior
no Brasil e adotou o regime universitário. Sobre esse decreto, Romanelli (1978, p. 134, 135)
em sua análise mostra respectivamente que o Artigo 1º nos seus objetivos denunciou uma
visão distorcida da realidade educacional brasileira e dos limites da instituição escolar. Já o
artigo 5º, segundo a autora não diversificou o ensino superior, antes reforçou a “velha
concepção aristocrática de ensino” desconsiderando a nova ordem econômica vigente no país.
Por último, os artigos 8º e 9º apresentavam uma “dupla ação centralizadora e
descentralizadora, oscilante e dúbia”, ou seja, centralizadora, no aspecto administrativo-
burocrático de cada escola, em relação ao Ministério da Educação e descentralizadora, dando
autonomia individual a cada escola.
- O decreto nº 21.241, de 4 de abril de 1932, tratou da organização do ensino secundário.
Segundo Romanelli (1978, p. 136), apesar de dar organicidade a essa etapa do ensino (divisão
em dois ciclos: um fundamental, de 5 anos, e outro complementar de 2 anos), o ensino
secundário continuou propedêutico e voltado para atender a elite, não somente pela estrutura
do curso, mas também, pelo sistema de avaliação extremamente rígido.
Ainda na Reforma Francisco Campos, houve decretos referentes à criação do
Conselho Nacional de Educação (Decreto nº 19.850, de 11/04/1931) e sobre a organização do
ensino comercial (Decreto nº 20.158, de 30/06/1931). Todos os decretos já mencionados
mostravam uma nova visão sobre o sistema escolar que até então, não havia passado por uma
“organização”, refletindo assim, a realidade sócio-político que o país estava vivenciando a
partir de 1930.
De acordo com a teoria (Leis e decretos) a educação fixou diretrizes em
conformidade com o desenvolvimento industrial, mas essas proposições estavam longe de
atender as camadas populares que ganhavam visibilidade nesse novo contexto econômico,
pois, o ensino primário nem sequer foi incluído nas reformas mencionadas, quanto ao
secundário continuou propedêutico e atendendo a pequena minoria da sociedade.
Paralelamente a Reforma Francisco Campos, novos debates em torno da
educação ocorreram, como o movimento renovador, o qual desejava que a educação estivesse
atendendo as necessidades econômica da época e refletisse no âmbito político e social.
Entretanto, a forma que o governo encontrou para resolver as desavenças entre o movimento
renovador, que lutava pela escola pública e laica, e os representantes da escola tradicional
(Igreja Católica), que na ordem social anterior (oligárquica-aristócrática) detinha o monopólio
da educação, foi conciliar os interesses de ambas como pode ser visto “na elaboração do texto
das Constituições de 1934 - 1937”. (ROMANELLI, 1978, p.151).
A partir de 1942, o então Ministro da Educação do governo de Vargas, Gustavo
Capanema, iniciou reformas em alguns ramos do ensino que foram complementadas por
outras em 1946, esses decretos receberam o nome de Leis Orgânicas e abrangeram os ramos
do primário e médio do ensino, sendo que alguns desses decretos ocorreram já no período de
redemocratização do país, como exemplos: O decreto-lei nº 8.529 de 2/01/1946 referente ao
ensino primário, sendo a primeira vez que o Governo Federal traçou diretrizes para essa etapa
da educação e que de fato instituiu pelo menos no discurso a gratuidade e obrigatoriedade do
Estado. (ROMANELLI, 1978, p.159, 163).
Quanto ao ensino secundário cujo decreto-lei nº 4244 de 9/04/1942, continuou
sendo uma etapa da educação voltada para a elite, pois apesar da subdivisão no segundo ciclo
em clássico e cientifico, os currículos de ambos eram de caráter de cultura geral e
humanística, visando à próxima fase do ensino, o nível superior. Sobre esse decreto Romanelli
contribui com a seguinte assertiva, “a lei nada mais fazia do que acentuar a velha tradição do
ensino secundário acadêmico, propedêutico e aristocrático”. (1978, p. 157).
Essa mentalidade de um ensino “acadêmico e propedêutico” que ainda permeava
a educação, em especial, a secundária, e que era contrária a época de mudanças econômicas
(industrialização), políticas e sociais (novos grupos e novos interesses entraram no cenário)
vivenciadas pelo país evidenciava incoerências de uma sociedade que ainda estava numa fase
de transição entre o velho e o novo.
A educação técnica profissional de forma geral pode ser considerada dentro das
Leis Orgânicas, uma coerência com as necessidades econômicas do período, pois três
decretos-lei regulamentavam o ensino industrial, comercial e agrícola, sendo que merecia
relevância a educação industrial, visto que as indústrias careciam de mão de obra urgente para
atender o mercado nacional, pois o período de guerra impunha restrições às importações.
A partir de 1947, foi instalada uma comissão para dar cumprimento ao art. 5º,
XV, da Constituição Federal de 18 de setembro de 1946, que exigia a elaboração da LDB (Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Entretanto, segundo Saviani, “para se
compreender as vicissitudes pelas quais passou o projeto em questão no Congresso Nacional,
era necessário levar em conta as vinculações políticas dos principais atores envolvidos no
processo de tramitação do mesmo projeto”. (1988, p. 47).
Entre os atores temos o Ministro da Educação e Saúde, membro da UDN,
Clemente Mariani que na sua exposição de motivos para o presidente Eurico Gaspar Dutra
(PSD), deixou transparecer sua posição política anti-getulista, condenada pelo deputado
Gustavo Capanema, do PSD.
Sobre as desavenças políticas, Saviani diz: “... desde sua entrada no Congresso, o
projeto original das Diretrizes e Bases da Educação esbarrou na correlação de forças
representada pelas diferentes posições partidárias que tinham lugar no Congresso Nacional”.
(1988, p.51). Dessa forma, percebe-se o aspecto político-partidário como determinante na
elaboração e conseqüente arquivamento desse projeto, Também, nota-se a preocupação dos
grupos políticos com seus interesses partidários e não com a sociedade civil, que deveria ser o
centro das discussões de como essa Lei afetaria os mesmos.
Num segundo momento (1957), houve a elaboração de uma nova versão onde
interesses foram deslocados do aspecto político-partidário para o da escola público-particular,
sendo que os defensores da iniciativa privada na educação, tendo como principal
representante, a Igreja Católica lutavam para que suas “vontades” fossem hegemônicas no
texto da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. Como principal porta-voz no
Congresso, a Igreja tinha Carlos Lacerda (UDN), que apresentou um substitutivo a favor dos
interesses das escolas particulares. (SAVIANI, 1988, p. 52).
Dessa forma, para Saviani, “a correlação de forças passou a se definir mais pelos
partidos ideológicos (Igreja, Imprensa e associações) do que pelos partidos políticos, como
ocorrera até então.” (1988, p. 54). Confirmando isso, Amorim diz: “no período de 1958 –
1961, a educação no Brasil tornou-se tema de inúmeros debates, isto em decorrência dos
interesses que estavam envolvidos em torno da elaboração da LDB,...” (2002, p. 31). Sobre a
participação da sociedade civil nessas discussões Santos Ribeiro afirma: “...extrapola o
próprio âmbito parlamentar, dela participando não só educadores e estudantes como diferentes
profissionais, inclusive operários, através de palestras nas escolas, nas associações de classe,
no rádio e publicações na imprensa”. ( apud AMORIM, 2002, p.31).
Havia muitos pontos controversos em relação à lei, dentre eles: princípios
pedagógicos defendidos pela Igreja e setores ligados à educação privada, a questão Escola
Pública em contraposição à Escola Privada e assuntos relacionados ao financiamento do
sistema escolar nacional. Essas divergências mostravam o interesse de grupos em privilegiar
elementos que favorecessem a manutenção da estrutura educacional anterior, que excluía
grande parte da população brasileira ao mesmo tempo em que mantinha os grupos sociais
dominantes.
Apesar dessas discussões com os vários setores da sociedade civil, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi aprovada em 1961, contendo não o que
almejavam os defensores da escola pública, menos do que desejava a iniciativa privada, antes,
foi proposta uma solução mediadora que conciliava ambos os interesses, público-privado.
(SAVIANI, 1988, p.63).
A respeito dessa posição conciliadora na aprovação dessa Lei, Saviani registra
que é uma estratégia chamada de “democracia restrita” 3, que privilegia as elites enquanto as
massas populares permanecem distantes dessa experiência democrática, foi nesse clima de
“abertura democrática” que o país viveu desde a queda do Estado Novo até o golpe de 1964,
que a Lei foi aprovada. Mesmo com a participação da sociedade descrita acima por Santos
Ribeiro, as decisões foram tomadas por grupos privilegiados, ligados ao liberalismo, que para
Saviani “se revela uma estratégia ambígua, uma vez que seu ideário acena para uma
democracia plena. Esta, no entanto, tende a ser vista pelas elites como uma ameaça...”. (1988,
p. 61).
Em 1960 surgiu os Movimentos de Educação Popular, cujo objetivo era
alfabetizar a população adulta para que esta tomasse parte na vida política do país. Para esse
fim, foram elaborados novos métodos e conteúdos de alfabetização, (AMORIM, 2002, p.32).
Por terem sido bem sucedidos, esses movimentos passaram a formular o PNA (Plano Nacional
de Alfabetização) que visava alfabetizar milhões de brasileiros e provocar uma mudança
3 regime que mantém abertas as franquias democráticas cujos canais de participação, entretanto, só são alcançados por uma determinada e restrita parcela da sociedade, parcela essa constituída pelas chamadas elites, seja do ponto de vista sócio-econômico, seja do ponto de vista cultural. (SAVIANI, 1988, p. 23).
estrutural na educação brasileira até 1965. No entanto, com o golpe de 1964, este Plano foi
extinto, ocorrendo também o progressivo fechamento dos núcleos de educação popular, assim
como o abandono do projeto de reforma universitária. Isso porque, segundo Fazenda:
... desde 1º de abril de 1964, quando os novos interesses realmente tornaram-se Estado, efetivamente todo o sistema político, econômico, social, cultural e mais especificamente educacional passou a adequar seus objetivos ao serviço do bloco de poder multinacional e associado, portanto, de um desenvolvimento capitalista monopolista. (1988, p. 81).
A partir de 1964, a educação brasileira passou ao controle político e ideológico
do Estado Militar em atendimento aos interesses do Regime. O Estado, nesse momento,
“calou os canais de expressão, desmobilizando os debates educacionais objetivando
despolitizar as camadas populares”. (AMORIM, 2002, p.33). Entretanto, isso não significou
desinteresse dos militares pela Educação, antes uma adequação, visto que, eles desejavam
formar e consolidar um tipo de ensino que legitimasse o Regime.
O tipo de ensino privilegiado por eles era o tecnicista que representava uma
subordinação da educação à produção. O objetivo dessa concepção de educação era qualificar
mão-de-obra para a industrialização. Para tanto, o Governo Federal estabeleceu acordos
MEC/USAID (Ministério da Educação e Cultura/ United States Agency International for
Development) cujas diretrizes defendia o tecnicismo, em detrimento do humanismo,
concepção que caracterizou a educação brasileira até então, no entanto, essa nova concepção
de instrução seguiu servindo aos interesses de uma minoria a fim de determinar os rumos do
ensino no período de 1964 - 1985.
Quanto às Reformas no ensino de 1º e 2º graus, Fazenda (1988, p.82) demonstra
que desde 1964 já havia esboços da reformulação do ensino médio. No entanto, só em 1969, o
ministro da educação e cultura do Governo Costa e Silva, o senador Jarbas Passarinho nomeou
um grupo de trabalho encarregado de propor a reforma do ensino primário e médio (ginásio e
secundário) no Brasil, para a autora citada anteriormente, um dos motivos da exposição feita
pelo ministro sintetizava o objetivo da educação naquele momento:
um sacraliza a ideologia expressa e a torna explicitamente manifesta: refere-se à importância da Lei como fase importante do desdobramento do processo histórico do Brasil em que implica o abandonar o ensino verbalístico e academicizante para partir, vigorosamente para um sistema educativo de 1º e 2º graus, voltado para as necessidades do desenvolvimento, preparando os técnicos de nível médio de que têm fome à empresa privada e a pública: A Revolução pela Educação. (FAZENDA, 1988, p. 82)
Em conformidade com os objetivos do Regime, foi estabelecido a Lei Nº. 5692
/71 para o ensino do 1º grau onde havia uma extensão da escolaridade obrigatória (de 4 para 8
anos) e o aumento do número de vagas oferecidas, dando ênfase à importância da
universalização do ensino primário para toda a população.
Os baixos índices de escolaridade atingidos no Brasil não eram condizentes com
as exigências internacionais para Governo Militar. Para harmonizar-se com as determinações
estrangeiras proclamou a universalização do ensino primário como de suma importância para
a construção da “Nação Brasileira” e em relação ao ensino de 2º grau, as principais mudanças
deram-se no sentido da implantação da educação profissionalizante. Entretanto, na prática,
esse governo favoreceu a concentração de renda nas mãos de uma pequena parcela da
população e excluiu a grande maioria.
Devido a necessidade de mão-de-obra para o funcionamento das fábricas,
intensificando-se à medida que se fortalecia a ideologia do desenvolvimento, tornou-se
obrigatório a transformação da escola em função da base industrial e do projeto político da
burguesia dominante. Logo, a inclusão da educação profissional na reforma de 1º e 2º graus
fazia parte de um esquema racional, diretamente ligado a instrumentalização da população
para o exercício do trabalho.
Portanto, a educação constituiu importante instrumento de propagação e
manutenção da ideologia dominante, que por meio dos seus governantes era dado um caráter
democrático às políticas educacionais.
2.2 No Maranhão
A emergência de um modelo de educação que viesse atender aos interesses do
modelo econômico que estava sendo implantado no Brasil a partir de 1930, não trouxe
grandes mudanças para o setor educacional do Maranhão, nesse período, isso pode ser
explicado pelas poucas transformações ocorridas no Estado, especialmente, no setor industrial,
como já delineado. A falta de interesse dos “poderes públicos” pela educação foi destacada
por Rapôso:
A desassistência dos poderes públicos no Estado do Maranhão em relação à questão educacional da população maranhense foi algo de estarrecedor, mas, se colocada no quadro geral da conjuntura do Estado, naquele período,
poderemos constatar que não se constituiu um fato surpreendente. (1985, p. 71).
Esse desinteresse pela educação formal era ainda maior para os populares, visto
que os “bem nascidos” recebiam as “primeiras aulas” ou ensino primário em casa por
professores particulares, ou podiam freqüentar instituições privadas. Além disso, o ensino,
quando oferecido para a população tinha um caráter prático, fornecendo somente os
conhecimentos que se harmonizasse com os interesses da classe dominante.
A partir de 1946 a educação passou a estar atrelada aos interesses de Vitorino, o
que não representou mudanças nesse setor, antes ficou mais evidente o descaso. Alguns dos
elementos que compunham o quadro de desatenção eram de que: a região que possuía 80% da
população analfabeta existia poucas escolas e faltavam vagas que suprissem as necessidades
do ensino primário, médio e superior. Além disso, a repetência e a evasão eram constantes.
(AMORIM, 2002, p.35). Kreutz nos fornece uma amostra da situação da educação
maranhense em 1965:
Dos alunos que iniciaram em 1965 a primeira série, apenas 27,1% conseguiram alcançar a terceira. Estes dados nos dão uma idéia do elevado índice de evasão e/ou repetência, evidenciando o ponto de estrangulamento em que se achava a base do sistema educacional do Maranhão. (1983, p. 35).
No setor rural o quadro era mais alarmante, pois, o trabalho na lavoura e no
extrativismo desenvolvido pela maioria da população dificultava o acesso aos bancos
escolares. A lavoura tomava o tempo integral de pais e filhos, e ainda, tais trabalhadores não
viam como a educação iria ajudá-los nesse tipo de atividade. Somava-se a este aspecto, o
interesse da oligarquia rural dominante em manter essa situação de descaso com o ensino
como demonstra as palavras de Bonfim:
(...) Estava em jogo o prestígio político dos chefes em vários níveis de hierarquia
conseguir essas ‘benfeitorias’ para sua área de atuação. Comportamento típico de uma política
paternalista, repercutida também no setor educacional. Assim, a construção de escolas, a nomeação de
pessoas para cargos do magistério, a liberação de verbas para o poder local dependem da força política
dos controladores do poder. (1985, p.51).
Como se verifica a educação no estado estava subordinada aos interesses dos
políticos constituídos que determinavam o alcance do ensino, pois quanto menos informadas
fosse a população mais fácil seria mantê-los sob domínio. Quanto ao ensino ginasial e
secundário que se constituía um instrumento para preparar o ingresso dos jovens da elite nos
cursos superiores, Andrade faz a seguinte afirmação:
A classe dominante para manter-se como tal, necessita da escola para efetivar e garantir a sua dominação. Assim o aparelho escolar é levado a contribuir à sua maneira, na reprodução das relações sociais de produção não só colaborando para a formação da força de trabalho quanto inculcando a ideologia dominante. (apud ROCHA, 2001, p.38)
A educação exerceu um papel relevante, partindo do principio que foi nela que se
encontraram os mecanismos necessários à legitimação da divisão do trabalho existente. E com
a mudança de grupo político, o ensino não fugiu desse objetivo, pois foi o instrumento de
implantação da ideologia do Maranhão Novo. No discurso oficial, o Governador Sarney
explicitou bem o que era esperado do setor educacional para o Estado, quando dizia pretender
preparar a juventude para a vida, o que leva entender que era uma adaptação ao mercado de
trabalho.
Antes da implantação da Lei nº. 5692/71, o Governo Sarney já se mostrava
empenhado na consolidação do ensino profissionalizante, pois a inclusão de novos cursos e de
novos conteúdos à educação escolar harmonizou-se com a ideologia do Maranhão Novo. Isto
porque as medidas tomadas pelo governo seriam apresentadas como uma nova forma de
educação em oposição à velha do período vitorinista, pois não havia nem mesmo
planejamento educacional, e as medidas nesse setor, assim como em todos os outros, foram
apresentadas através de ações isoladas e pelos moldes paternalistas e clientelistas.
Posteriormente, no período da implementação da Lei nº. 5692/71 no Maranhão
através do Plano Estadual de Educação, elaborado nos termos do convênio internacional
MEC/USAID cujos objetivos estavam ligados diretamente aos objetivos da política nacional,
ficava claro, o compromisso em atender às diretrizes governamentais em conformidade com a
ideologia dominante.
A maioria da população maranhense continuou sem alcançar o 2º grau,
estabelecido por lei, cujo ensino profissionalizante era obrigatório no Brasil. Também
prosseguiu as mesmas mazelas, escolas insuficientes para o número de alunos existentes, falta
de professores. Quanto ao ensino superior começaria a ganhar visibilidade a partir do governo
de José Sarney.
Antes de adentrarmos no objeto peculiar do trabalho, analisar-se-á uma escola
pública que desde o Império foi considerada modelo de ensino para as demais, tendo
contribuído na formação de muitos que fizeram parte da elite maranhense. Entretanto, no
período pesquisado passava por dificuldades se tornando símbolo das contradições dos
discursos de modernização do governo.
2.3 O Liceu
Durante muito tempo, o Ensino Médio (ginásio e secundário) visou atender a
elite e por extensão a classe média existente no Maranhão, preparando-os para os cursos
superiores e posteriormente para a manutenção desses grupos sociais no poder. Como
exemplo desse tipo de escola o Liceu Maranhense, que por várias décadas foi o único Colégio
público a oferecer essa etapa de ensino para as classes privilegiadas da região. (GARCÊZ,
1997, p. 62).
A origem do Liceu remonta ao Império quando a Constituição de 1824 delegou
ao governo central a responsabilidade da “... instituição pública e secundária em todo o país...”
(GARCÊZ, 1997, p.14). O Liceu Maranhense foi criado em 1838, pelo presidente da
província Vicente Thomaz Pires Figueiredo de Camargo, através da Lei nº. 77, de 24 de julho
de 1838.
Segundo Rocha (2001, p.39), durante todo o Império, o Liceu Maranhense foi
responsável pela ministração do ensino secundário na capital, constituindo-se no único
estabelecimento público neste nível de ensino na província, cujo programa curricular de
concepção humanista.
Com a Proclamação da República, foram mantidos o modelo e o objetivo do
ensino, segundo afirma Saldanha, “... a República encontrou o Liceu às voltas com os mesmos
e históricos problemas que o acompanhavam desde sua fundação: currículo
predominantemente literário, ensino não-seriado, fragmentado e voltado exclusivamente para
preparar o ingresso dos jovens da elite nas escolas superiores”. (apud: Rocha, 2001, p.41).
No início da República, o currículo ainda era predominantemente literário. No
entanto, já havia inclusão de disciplinas práticas, se comparada com o que era ensinado no
Império. Outro destaque dessa escola eram seus professores reconhecidos por fazerem parte
da intelectualidade maranhense, dentre eles, Sotero dos Reis, Rubem de Almeida.
Acrescentava-se, a ordem e a disciplina que faziam parte da educação oferecida pela escola.
Muitos nomes conhecidos nacionalmente e internacionalmente em vários campos dos saberes,
estudaram no Liceu Maranhense, até a década de 1950, conforme estudo de Garcêz (1997, p.
62).
A princípio, o Liceu era freqüentado somente por alunos do sexo masculino, com
aulas nos turnos matutino e vespertino. A partir de 1945, passou a funcionar também no turno
noturno, oferecendo mais oportunidade aos grupos populares. Outra mudança ocorrida na
década de 1960 foi à dificuldade de manter o padrão de ensino, como mostrou o único jornal
encontrado que fazia oposição ao governo no inicio do mandato de José Sarney.
O Jornal Diário da Manhã de 1966 contém uma série de artigos e todos
enfatizavam as adversidades da principal representante das escolas públicas maranhenses, o
Liceu. Dentre as informações, ressaltaram-se as seguintes: a escola estava sem aula no
noturno; professores estavam faltando; o colégio estava sem diretor; faltavam materiais como
giz; alunos buscavam cursinhos para enfrentar vestibular.
Todas estas informações são probatórias das contradições dos discursos de José
Sarney para o setor educacional, haja vista a desconsideração com o Liceu – principal escola
do Estado no período. Para exemplificar esse descaso, destaca-se uma matéria que foi
publicada com o título Liceístas também aderem: Movimento Oposicionista, no Jornal Diário
da Manhã:
Alunos do Colégio do Estado que têm sido bastante atingidos pelos desmandos e arbitrariedades do atual Governo, acompanhando a grande massa estudantil que cerra fileiras em torno do M.D.B., também estão prontos para sufragarem os candidatos oposicionistas a 15 de novembro. Segundo afirmaram a reportagem membros da diretoria do “Centro Liceístas”, o clima de revolta ali existente se justifica mais acentuadamente pela falta de assistência do “Maranhão Novo” à entidade representativa do corpo discente daquele estabelecimento que, apesar dos esforços empenhados, não conseguiu receber no ano letivo corrente a verba ordinária que sempre recebeu pela Secretaria de Educação tendo o “aviador” Medeiros quando Titular daquela pasta, passado o 1º semestre todo na embromação do “vem amanhã” e por último mesmo deixa de receber os alunos do Colégio oficial do Estado em seu gabinete. Queixam-se também da indiferença com que, de um modo geral, tem se portado José Sarney – ex-aluno diante dos problemas do velho Liceu. (04.11.1966).
Outro artigo mostrou que não havia mais pompas para oficialização de novos
diretores, apontando para o período de decadência também nas cerimônias do Liceu, o titulo
da matéria foi o seguinte, LICEU Tem Novo Diretor foi registrado pelo Jornal Diário da
Manhã:
Perante, somente, professores e funcionários, anteontem às 20 horas, tomou posse no cargo de Diretor do Colégio do Estado do Maranhão (Liceu), o Dr,
Ismar Rocha, ex-Interventor Federal em Icatu e ex-professor de Biologia naquele estabelecimento de ensino. Discursou em nome dos professores o Dr. Murilo de Sousa Muniz, professor de Química. Entre os demais professores discursaram o Sr. Merval Lebre Santiago e o professor Luís Aranha. E logo após, o professor Ney Aquino de Carvalho que exercia o cargo de Diretor do referido colégio, transferido o mencionado cargo ao Professor Ismar Rocha, o qual encerrou a reunião agradecendo a confiança que lhe foi depositada e dizendo os seus propósitos a respeito da sua administração àquela casa. (04.08.1966).
Portanto, o Liceu Maranhense, atravessou momentos difíceis, sendo evidenciado
no período da Ditadura Militar, devido o aumento do número de alunos que buscavam fazer
parte da principal escola pública do Estado do Maranhão. E os liceistas esperavam que o
governador como ex-aluno tivesse mais consideração e resolvesse alguns dos problemas pelos
quais passavam essa escola, mas o “Maranhão Novo” deu continuidade em algumas das
práticas da oligarquia vitorinista, a saber, o baixo padrão de ensino e a desconsideração dos
gestores pelo principal meio de ascensão das camadas populares.
3 A POLÍTICA EDUCACIONAL NO MARANHÃO: entre a modernidade e o atraso
(1966 a 1979).
Durante o período que a oligarquia de Vitorino esteve a frente do governo
estadual constatou-se nos aspectos político, econômico e educacional o atraso em relação aos
demais estados, especialmente, do Centro-Sul. A falta de políticas voltadas para atender as
necessidades básicas dos maranhenses era negligenciada por políticos preocupados somente
com a manutenção do poder.
A população com esperança de mudanças elegeu um novo grupo para comandar
o Estado e esperava que estes trouxessem melhorias em todos os setores. No entanto, o
discurso desenvolvimentista desses políticos não repercutiu na vida da maior parte do povo,
antes para alguns significou a expulsão de suas terras, o seu único meio de sobrevivência.
A vinda dos grandes projetos que tirariam o Maranhão do atraso não ocorreu no
período de 1966 – 1979, apesar da introdução de alguns planos já citados em outro tópico que
possibilitaram ao Estado à saída do isolamento com o restante do país. No entanto, a
permanência de políticos comprometidos somente com interesses pessoais, impossibilitou os
maranhenses de dias melhores e foi decisivo para continuação do atraso.
De certa forma já se mostrou algumas dessas contradições no âmbito político e
econômico do discurso modernizante do novo grupo que ascendeu ao poder estadual a partir
de 1966. Nesse tópico salientar-se-á as permanências, constatadas no setor educacional,
apontando nas falas dos governantes as adequações para com a política educativa nacional, a
intenção é expor a continuação do atraso.
3.1 A educação no Governo Sarney: propostas e ações
No setor educacional assim como nos demais setores do Governo foi infundido a
idéia do NOVO, se contrapondo ao VELHO, sendo que esse elemento ideológico (O NOVO)
serviu para “o delineamento do Plano de Governo 1966/1970, proposto ao Maranhão por
Sarney.” (BONFIN, 1985, p. 48). O “VELHO” na educação maranhense correspondia aos
índices constrangedores deixados pelo grupo oligárquico liderado por Vitorino e o “NOVO”,
as promessas em forma de discurso de propostas educacionais condizente com o projeto de
desenvolvimento em andamento em todo país. Bonfim destaca:
duas premissas principais teriam orientado o Projeto de Educação de Sarney: a maior e a primeira, considerando a educação como elemento dinamizador de desenvolvimento, razão suficiente, portanto, para atrelá-la diretamente à máquina governamental; a segunda, tentando anular todo e qualquer esforço empreendido pelo Governo antecedente, em relação ao setor. (1985, p.65).
Na análise das informações fornecidas pelo governador José Sarney a
Assembléia Legislativa proceder-se-á por áreas dentro da educação – ensino primário, ensino
médio, ensino superior, levando em consideração a documentação que se teve acesso.
3.1.1. Ensino primário
A educação primária era muito deficiente no Estado e o Governador José Sarney
apresentou dados sobre esse fato, mostrando que mais da metade das crianças em idade
escolar estavam fora da escola e os que freqüentavam, muitos se evadiam anualmente,
conforme o seguinte relato:
No ensino primário, 58,1% das crianças de 7 a 14 anos deixam de ser atendidas. Enquanto nas zonas urbanas e suburbanas a taxa de escolarização é da ordem de 82,1%, nas zonas rurais se reduz a 30,9%...o “déficit” de
professores em relação à população infantil ascende a 6.555, número superior ao atualmente existente em função no Estado, com as professoras leigas compondo esse quadro num percentual de 70% agravando-se a situação com a evasão anual verificada no ensino primário. (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. Sarney Costa, 1966, p.39).
Para amenizar a situação dessa deficiência no ensino primário, o Governador
José Sarney tomou a seguinte medida, conforme a matéria intitulada Problema dos Excedentes
Escolares Acha-se Praticamente Solucionado, noticiada pelo Jornal O Imparcial (Jornal que
apoiava o governo nesse período):
A Diretora do Departamento de Educação, Elimar Figueiredo Almeida e
Silva, que está respondendo pela Secretaria de Educação e Cultura, na
ausência do seu titular, profº Orlando Medeiros, declarou que, com a
matricula de 3 mil alunos, está resolvido o problema dos excedentes no
Colégio do Estado. Acrescentou que, no Instituto de Educação, o problema
foi solucionado com a matricula de 1.925 alunas, muitas das quais estavam
ameaçadas de interromper seus estudos, à falta de vaga. Disse a dra. Elimar
que no setor primário duas mil crianças estavam impossibilitadas de estudar
esse ano. Todavia, na forma de recomendação do governo, o problema está
praticamente resolvido, com a instalação e funcionamento de novos turnos
intermediários na maioria dos grupos escolares da capital e do interior do
Estado. (24.03.1966).
Verifica-se por meio da matéria que, a forma encontrada pela Secretaria de
Educação por recomendação do governador foi a instalação e funcionamento de novos turnos
intermediários na capital e no interior para suprir as necessidades.
Esse aumento de matriculas e os turnos intermediários declarado no artigo acima
foram ratificados no ano seguinte pelo governador José Sarney, “quanto ao número de vagas
foi obtido graças à utilização de 136 novas unidades escolares e ao pleno rendimento do total
de unidades reconstruídas, reequipadas e à introdução de turnos intermediários.” (Mensagem à
Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1967, p. 01).
Quanto ao funcionamento desses turnos intermediários, os horários ficaram
assim distribuídos: de 7:00 às 10:00 horas (1º turno), de 10:00 às 13:00 horas (2º turno), de
13:00 às 16:00 horas (3º turno) e de 16:00 às 19:00 horas (4º turno). Sendo que a adoção
desses horários não solucionou o problema e ainda contribuiu para o aumento de reprovação.
(BONFIM, 1985, p.75). Mas, pode-se constatar um aumento de matriculas através da seguinte
tabela:
ENSINO PRIMÁRIO COMUM
MATRICULA EM TODO O ESTADO DO MARANHÃO SEGUNDO A DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA - 1965 – 1967
TAB-01 CAPITAL INTERIOR
Dependência Administrativa
Dependência Administrativa
Ano
Maranhão
Total
Estado
Município
Particular
Total
Convênio
Estado
Municíp
io
Particula
r
1964
1965
1967
*
176.272
182.415
224.127
23.78
9
26.54
1
40.14
5
14.053
15.675
23.491
2.856
3.998
7.514
6.880
6.968
9.140
152.4
83
155.7
74
18398
2
10094
34.042
32.530
47.390
93.894
87.180
103.197
24.547
25.970
33.395
• Dados preliminares.
Fonte: Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1967, p. 01.
Sobre os dados quantitativos, verifica-se realmente há um significativo aumento
no indicador de matrículas no ensino primário, na capital e no interior. No entanto, os
números apresentados pela gestão do governador José Sarney (1967) eram preliminares, além
disso, a presença do ensino municipal, particular e dos convênios, especialmente, no interior
era marcante, mostrando assim, a continuação do modelo excludente de ensino,
principalmente onde há mais carência, o Estado muito pouco se fazia presente para atender o
ensino primário.
Na mensagem governamental encaminhada à Assembléia Legislativa no ano de
1968, o governador não apresentou os dados da administração do ano anterior para o setor
educacional, antes, mostrou o que iria fazer destacando o seguinte para o ensino primário:
...ampliar a rede escolar primária convencional pela construção de 200 novas unidades, melhorar, qualitativamente o ensino nos municípios que tem função de pólos de desenvolvimento... expandir e multiplicar a rede de escola-base do Projeto João de Barro, a oportunidade de aquisição de conhecimentos elementares e alfabetização de adultos nas pequenas comunidades municipais são as grandes metas do Governo no setor da educação, para 1968... (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa 1968, p.01).
Quanto ao projeto João de Barro citado acima, foi criado para modificar o maior
ponto de estrangulamento do ensino – ensino primário, principalmente na zona rural. Sendo
que o objetivo geral do projeto João de Barro segundo Kreutz era “através de um processo de
educação integral, em nível elementar, inserir o homem rural no processo de desenvolvimento
sócio econômico racionalizado.” (1983, p.65). A educação integral era entendida como
educação de base, na concepção do MEB, envolvendo conscientização, motivação de atitudes
e instrumentalização. ( KREUTZ, 1983, p. 66).
Para efetivá-lo, o então Secretário de Educação do Estado (Prof. José Maria
Cabral Marques) constituiu uma equipe em 1967, cujo programa em fase experimental foi
implantado em alguns municípios: Itapecuru, Vargem Grande e Chapadinha. Após cinco anos
de execução o projeto por determinação do Conselho Estadual de Educação passou a
denominar-se “Projeto de Educação Rural do Maranhão” atendendo exclusivamente alunos
entre 7 e 14 anos. (KREUTZ, 1983, p. 72).
3.1.2. Ensino médio
No período do governo de José Sarney, a legislação oficial obrigatória para a
educação era a Lei 4.024 de 20/12/61 (LDB), segundo essa Lei, o ensino médio foi
subdividido em dois ciclos: ginasial e colegial. No Maranhão, essa etapa do ensino era
ministrada por instituições públicas (federais, estaduais e municipais) e por instituições
particulares, sendo que em 1966 a rede escolar era constituída de ginásios mantidos pelo
Governo do Estado resumia-se em duas escolas, funcionando na Capital, num mesmo prédio:
Liceu e Escola Normal. (BONFIM, 1985, p. 88). Corroborando com essas informações, o
então governador disse:
21% dos municípios maranhenses possuem estabelecimentos de ensino médio, sendo que 41% destes se localizam na Capital. 94% são mantidos por particulares e o ensino técnico de nível médio, representa 12% do total dos professores existentes. 79% são, também, mantidos por particulares. A participação estadual, no que diz respeito ao corpo discente, é da ordem de 17%, enquanto a participação privada alcança 80%. (Mensagem à Assembléia. Gov. José Sarney Costa, 1966, p. 40).
Por meio desse discurso confirma-se a crítica realidade do ensino médio no
Estado, onde a participação do poder público era quase inexistente, por outro lado, a
participação da iniciativa privada era maciça, especialmente, devido às concessões de auxílios
oficiais, principalmente através de bolsas de estudo. (BONFIM, 1985, p. 88). Outra conclusão
a que se pode chegar a respeito desse discurso, era sobre as pessoas que estavam freqüentando
essa etapa de ensino, em geral, jovens que faziam parte da elite maranhense ou da classe
média, pois poucos dentre as camadas populares podiam pagar a educação dos seus filhos.
Para dar oportunidade aos marginalizados socialmente de fazer o ensino médio o
governo em seu discurso dizia que estava construindo escolas e oferecendo vagas.
a inauguração do Ginásio do João Paulo e das unidades de Ensino Médio de Chapadinha, Pindaré-Mirim, Bacabal, Imperatriz e Caxias, abriram-se 7.200 novas matriculas no Ensino Médio oficial que,..., teve a capacidade de atendimento triplicada passando de menos de 5.000 matriculas em 1965 a mais de 15.000 em 1967... (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1967, p. 02).
Como é possível notar por meio da tabela apresentada, o crescente número de
matriculas no ensino ginasial e colegial:
MATRÍCULAS NOS CURSOS DE ENSINO MÉDIO (OFICIAL)
(1965-1966) 1º CICLO 2º CICLO
TAB-02
ANO TOTAL GINASIAL TOTAL NORMAL CIENTÍFICO
1965
1966
1967*
4.867
8.049
15.200
2.597
6.352
13.000
1.784
1.697
2.200
486
737
900
1.298
960
1.300
*Previsão Fonte: Extraído da Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney, 1967, p.02.
Pelas informações contidas no discurso houve um aumento no número de vagas
para essa etapa do ensino, sendo aludido o nome de um estabelecimento de educação
inaugurado em São Luis e de localidades onde possivelmente outras estariam funcionando.
Esses dados se tornam mais palpáveis porque podem ser averiguados se realmente foram
concretizados. Sobre essa fala de José Sarney, Bonfim apresenta a seguinte informação, em
1967, a essa rede (Liceu e Escola Normal) seria adicionado o Ginásio e a Escola Normal
Marechal Castelo Branco, a fim de ampliar, em caráter de urgência, o atendimento para mais
de 1.080 alunos. (1985, p. 88).
Quanto à tabela, o aumento do número de vagas nessa etapa de ensino não foi tão
expressivo como enfatizou o governador José Sarney, especialmente no 2º ciclo (colegial), se
comparar o aumento do número de matriculas no cientifico em 1965 (1298) e a previsão para
1967 (1300) era insignificante, evidenciando assim, o descaso do Estado e paralelamente ia
sendo deixada a cargo da iniciativa privada, a educação dos maranhenses.
Sobre esse teórico aumento no número de vagas no ensino médio citado pelo
governador José Sarney, o Jornal O Imparcial trouxe a seguinte manchete: Não Será
Recusado Matricula No Liceu, a matéria dizia o seguinte:
O governador José Sarney acaba de determinar ao diretor do Liceu
Maranhense que sejam adotadas as providências necessárias no sentido de
não se recusar matricula naquele Colégio. Sabemos que Existem numerosos
interessados em ingressar no referido estabelecimento de ensino sem
qualquer possibilidade dada a insuficiência de vagas que vem agora ser
superado com a determinação governamental. Ao Secretário de Educação, o
governador José Sarney enviou um memorandum nos seguintes termos:
“Senhor Secretário de Educação: 1) Peço-lhe determinar ao Diretor do
LICEU não recusar matricula a nenhum aluno que satisfaça às condições de
exame de seleção. 2) Promover, imediatamente, um plano de emergência
para atender os excedentes dos colégios oficiais. 3) Determinar a
CEPLEMA a anulação de todos os contratos atingidos pelo Decreto nº
3.170. de 3 do corrente mandando recolher aos seus cofres as importâncias
recebidas, em face do que dispõe a Constituição em seu Art, 222, sob pena
de ação executiva. Cordialmente. José Sarney. Governador.” (11.02.1966).
Há uma contradição entre o discurso já apresentado pelo governador para o
ensino médio, sendo esta falação reforçada pelo jornal quando mencionou a falta de vagas na
única escola pública da Capital naquele ano a oferecer essa modalidade de ensino e
robustecida pela tabela anterior, quando mostrou que no ano de 1966 houve uma diminuição
do número de vagas no ensino cientifico.
Mas o governador continuou a discorrer sobre essa etapa do ensino falando de
ampliações e projetos novos nessa etapa:
Ampliar a rede de ginásios convencionais, novas unidades em Pedreiras, Barra do Corda, Presidente Dutra, Imperatriz e 5 novos ginásios nos bairros mais populosos da Capital, difundir por mais de 33 municípios a rede de
ensino médio através do funcionamento dos ginásios bandeirantes; (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1968, p. 01).
Quanto a essa rede de ginásios Bandeirantes mencionado acima, foi um projeto
implantado no ano de 1968 e visava suprir a falta de escola em nível médio na maioria dos
municípios maranhenses, concomitantemente, esse ensino mais prático que foi oferecido
estava voltado para atender os interesses econômicos, conforme nos assegura Bonfim:
A sistemática do Projeto Bandeirante vinculava o ensino de nível médio à preparação de recursos humanos para dar suporte ao Programa de desenvolvimento do Governo. Daí, o expressamento dos objetivos dos Ginásios Bandeirantes: possibilitar continuidade de estudo aos egressos do Curso Primário; ajudar na formação de mão-de-obra especializada para o desenvolvimento e dar condições para criação e acesso a cursos superiores. (1985, p. 91).
3.1.3 Ensino Superior
Segundo Meirelles, alguns intelectuais desde o inicio da República idealizaram
uma universidade no Maranhão, mas somente a partir de 1955 com a criação da Sociedade
Maranhense de Cultura Superior (SOMACS), por iniciativa do arcebispo D. José Delgado foi
possível concretizar o que outrora era uma utopia. Em 1958, a SOMACS fundou a
Universidade (católica), do Estado, que em 1961 foi reconhecida pela União, devido a
dificuldades financeiras ela foi entregue ao Governo Federal que em 1967, através do
presidente Castelo Branco sancionou a lei que deu vida a Fundação da Universidade do
Maranhão (FUM). (1981, p.28- 38).
Mas apesar dos esforços de alguns intelectuais e religiosos a situação do Ensino
Superior, no Maranhão, em 1966, não diferia da apresentada no Ensino Médio, segundo
Bonfim, nesse ano, apenas 897 alunos freqüentavam Cursos de nível superior no Estado.
(1985, p.102). Entretanto, o discurso de José Sarney era de que o ano de 1967 seria o marco
definidor de mudanças significativas na educação superior do Maranhão.
O ano de 1967 ficará, ainda, gravado na história do ensino em nossa terra pelo êxito de esforços de tantos anos visando à criação da Universidade Federal do Maranhão, constituído pela fusão, em termos realmente novos de união de unidades confessionais e leigas das Faculdades Federais com as escolas anteriormente mantidas pela Igreja... a Universidade abre uma nova perspectiva ao Ensino Superior, quer pelos recursos de que poderá dispor e ampliação das oportunidades para um número crescente de jovens técnicos
maranhenses... Pela primeira vez o Estado se preocupa com a educação universitária. (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney, 1967, p. 3).
Essa Universidade do Maranhão agrupou as Faculdades de Direito, Farmácia e
Odontologia (fundadas e mantidas pelo Governo Federal) e as Faculdades de Ciências
Econômicas, Enfermagem, Filosofia, Ciências, Letras, Medicina e Serviço Social que
pertenciam à Universidade Católica do Maranhão. (BONFIM, 1985, p.104). Sendo que o
objetivo dessa etapa da educação era preparar recursos humanos adequados de bom nível para
todo o processo de modernização e para sustentação e manutenção desse processo, e isso foi
explicitado na fala do então Secretário de Educação do Estado em uma entrevista.
(MARQUES apud BONFIM, 1985, p. 104).
Quanto às intenções do governo Sarney para esse nível de ensino pode ser
constatado no seguinte trecho do discurso: “levar ao interior os benefícios do ensino superior
desde já com o funcionamento da Faculdade de Pedagogias em Caxias”. (Mensagem à
Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1968, p. 01).
O ensino oferecido nas Escolas de Nível Superior do Maranhão era
estrategicamente vinculado ao Programa de Governo a tal ponto que os Cursos Superiores
foram geridos pelos órgãos diretamente interessados em pessoal qualificado para a
composição de seus quadros. (BONFIM, 1985, p.105).
3.1.4 Convênios, recursos
Para diminuir os índices alarmantes na educação, antes do inicio do Governo
Sarney já estava em vigência no Estado o acordo feito pelo governo federal através do MEC
(Ministério da Educação e Cultura) com a USAID (Agência Internacional para o
Desenvolvimento), cujo objetivo era que essa agência fornecesse assistência técnica e
cooperação financeira para o sistema educacional brasileiro, esses convênios ficaram
conhecidos como Acordos MEC-USAID4. No entanto, tal acordo não trouxe os resultados
esperados por não ter sido cumprido evidencia Sarney:
4 O Acordo MEC/USAID foi iniciado no Brasil em 1961 e intensificado depois de 1964, evidenciando assim, que “ajuda” internacional
(Estados Unidos) veio promover através da educação mecanismos que favorecessem o desenvolvimento econômico dos países periféricos.
Isto se processa através da preparação de mão de obra para a industrialização e da formação de hábitos de consumo, além da própria condição
financeira de consumir (BONFIM, 1985, p. 58).
o acordo firmado entre o Estado do Maranhão e a USAID não surtiu os efeitos desejados, em termos de desenvolvimento educacional, nos dois anos de sua execução... Tal acordo, se cumprido, representaria extraordinário reforço no setor educacional do Estado, entretanto, dele, apenas resíduos podem ser apresentados. Sendo, assim, grandemente prejudicada a oportunidade de atenuar, com recursos externos, o “déficit” educacional (Mensagem à Assembléia. Gov. Sarney Costa, 1966, p. 39).
Por meio desses dados constata-se o descaso do governo com o setor
educacional, e a falta de organização da sociedade civil5 para reagir contra essas negligências,
para elucidar as razões que mantiveram a sociedade com certa acomodação, Bonfim nos diz:
“Creio que a conjuntura sócio-politica e econômica propiciava uma acomodação nas camadas
populares a tal nível, que o paternalismo era aceito com “natural” e qualquer intervenção
pública, como favor.” (1985, p.52).
Já em 1967 quando o governador José Sarney foi à Assembléia Legislativa e
discursou sobre o setor educacional, ele reverberou que:
as somas dos recursos do Plano Nacional de Educação (Ministério da Educação e Cultura), do Orçamento estadual e dos municípios pode a Secretária de Educação, dentro das reformulações de política educacional elaboradas no atual Governo elevar o número de matriculas em mais de 40.000, segundo os dados preliminares já disponíveis,. (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1967, p. 01).
Entrava recursos e o governador precisava demonstrar o destino desses –
aumentando o número de matriculas. De forma mais detalhada, José Sarney apresentou os
recursos oriundos do MEC para o Ensino Primário e o Ensino Médio, que contribuiu para esse
crescimento de matriculados, conforme tabela abaixo:
RECURSOS DESTINADOS PELO MEC* TAB-03
ANO
TOTAL
NCr$
ENSINO PRIMÁRIO
NCr$
ENSINO MÉDIO
NCr$
1966
1967
1.918.000,00
5.085.781,00
928.000,00
2.870.810,00
990.000,00
2.214.971,00
Fonte: Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1967, p.02.
5 conjunto das formas de organização dos diferentes setores da população que emana a legitimidade do poder. ( SAVIANI, 1988, p.95)
As dotações no Plano Nacional de Educação para 1967 (sem a parcela do salário
educacional que ainda não havia estimada) são cerca de 1,5 vezes superiores às de 1966.
(Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1967, p. 02).
A tabela mostrava valores altos para investimentos no ensino primário e no
ensino médio, segundo Bonfim (1985, p.73), a falta de prestação de contas do governo
anterior a Sarney fez o MEC sustar verbas para o Estado, entretanto, quando o governo de
José Sarney cumpriu as exigências ministeriais as verbas referentes aos anos de 1963 a 1966
foram recebidas de forma parcelada, contando assim o governo com uma vultosa parcela de
recursos, acrescida à quota “normalmente” destinada ao Maranhão.
Visto que estava entrando recursos, promessas de obras foram projetadas para o
ano de 1967, dentre elas, estava o Centro Educacional para formação de professoras
normalistas, que conforme o governador seria:
obra marcante e definidores dos novos métodos e objetivos fixados pelo
atual Governo: eliminar o déficit escolar aumentando o número e elevando a
qualidade do magistério do mesmo passo que dinamizando a construção de
unidades escolares do nível primário e médio... serão construídos três
ginásios orientados para o trabalho nos bairros Matadouro, Fátima e Anil.
(Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa, 1967, p.02).
. A formação de professores era fundamental para o projeto desenvolvimentista do
Estado, pois a maioria das professoras atuantes no ensino primário era leiga, sendo que agora
teriam uma formação para serem executora do Programa do Governo. A preocupação do então
governador em formar mão de obra qualificada mais uma vez foi reforçada na sua mensagem
à Assembléia Legislativa, quando ele enfatizou o funcionamento de novas faculdades que
“oferecem oportunidade de qualificação de técnicos de nível superior reclamados pelo próprio
processo de desenvolvimento”. (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney
Costa, 1968, p.02).
Sendo que “o Governo tem sempre presente seu objetivo fundamental de ampliar
oportunidades de ensino ao maior número e orientar esse no sentido da capacitação da mão de
obra, em todos os níveis, para o trabalho” (Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José
Sarney Costa, 1968, p.02). Para tanto, foram oferecidas bolsa de estudos, visto que o Estado
através da rede de escola pública não conseguia atender sua clientela e por outro lado, a rede
particular de ensino continuava a expandir-se, favorecida pela concessão de auxílios oficias,
principalmente através de bolsas de estudo. (BONFIM, 1985, p. 88) no ensino médio e
superior para jovens provenientes de família de baixa renda.
O discurso apresentado de um Maranhão Novo, no setor educacional pode ser
constatado pelo sensível aumento do número de matriculas no ensino primário e no ensino
médio, especialmente, devido às remessas de valores em dinheiro por parte do órgão federal –
MEC, e do tipo de ensino voltado para formação de mão de obra. Entretanto, essa educação
ofertada continuou deficiente quantitativamente porque não acompanhou o crescimento
populacional do período e principalmente qualitativamente, pois funcionou de forma
improvisada e precária com turnos intermediários em locais inadequados sem a mínima
estrutura e com poucas escolas equipadas.
3.2 Os investimentos educacionais e a perspectiva de educação na gestão de Pedro Neiva
de Santana
Pedro Neiva de Santana no setor educacional deu continuidade às políticas
iniciadas por José Sarney como se verá nesse tópico, houve somente a reformulação de um
projeto (João de Barro) e ênfase a outros como o CEMA (Centro Educacional do Maranhão).
Sobre a área da educação, encontraram-se mais documentos (Planos de Governo) do que do
período do governo anterior. Portanto, se mesclará a análise dos planos de governo com as
mensagens à Assembléia Legislativa.
O plano de governo de Pedro Neiva de Santana referente à educação foi iniciado
com “os dados do Censo de 1960 para o Estado do Maranhão que apresentava uma taxa de
alfabetização de 30,2% de sua população de mais de 5 anos de idade... Somente este dado
constitui uma medida do baixíssimo nível geral da instrução do Estado” (Plano de Governo,
1971-1974. Gov. Pedro Neiva de Santana, vol. I, p.97).
Uma das similaridades entre as falas dos governadores José Sarney e Pedro
Neiva de Santana era que ambos iniciavam as mensagens à Assembléia Legislativa para o
setor educacional mostrando os dados do Censo de 1960, quando o grupo oligárquico
vitorinista governou o Maranhão e consequentemente, não investiram na educação do Estado.
Essa e outras semelhanças entre os gestores citados indicavam as afinidades e a continuidade
na forma de governar o Maranhão.
Como se verá quando da análise do ensino no Maranhão, o Governador Pedro
Neiva apresentou no plano de governo (vol. I), dados que não se teve acesso no governo José
Sarney na área da educação referente ao ano de 1968. Segundo estes [dados] houve uma
melhoria geral no setor educacional, em comparação com os dados de 1958. Pode se inferir
que a nível de discurso, apesar das dificuldades apresentadas, existiu sempre uma busca por
soluções, quantificada com o crescimento no número de escolas, de matriculas e do corpo
docente, no ensino primário, no ensino médio e ensino superior. Antes, porém, de se
considerar essas informações apresentar-se-á os objetivos para o setor educacional.
Sobre os objetivos do Governo, Pedro Neiva destacou a promoção do progresso
do Maranhão através de um processo auto-sustentável de crescimento econômico global, pelo
desenvolvimento do Setor Primário. Para atingir os objetivos propostos, o tipo de educação
definida foi a profissionalizante que preparava mão de obra para o mercado, conforme as
orientações econômicas do Governo Federal, e seria promovida pelo Programa Estadual de
Educação. (Plano de Governo, vol. II, p.105).
Em relação às diretrizes apresentadas pelo Programa Estadual de Educação,
convém destacar dois aspectos que mais uma vez evidenciam a preocupação com a formação
para o trabalho, o primeiro: “... deve ser dada prioridade, nos dois primeiros anos, à educação
dos adolescentes e adultos que já estão engajados ou se engajarão proximamente na força de
trabalho.” (Plano de Governo, vol. II, p.105). O tipo de educação oferecida pelo governo
residia em preparar o homem para mão de obra, daí o interesse em priorizar quem estava mais
próximo de contribuir com o desenvolvimento de uma minoria (empresários e latifundiários).
O segundo aspecto: “A educação de adolescentes e adultos, em particular aquela
voltada para a formação de mão de obra para o desenvolvimento, antes de tudo deve ser
informada de uma verdadeira filosofia de vida, tornando-se assim um veiculo de comunicação
da política do Governo...” (Plano de Governo, vol. II, p.106). Mais uma vez era perceptível a
continuidade no setor educacional do governo Sarney, pois a ideologia do governo era
obrigatoriamente transmitida através do ensino, dando-se ênfase na ação governamental para o
desenvolvimento e da importância do individuo nessa construção do Estado.
Para alcançar êxito foram criados subprogramas como: Reforma e Integração do
Sistema Educacional do Estado, que visava organizar o “sistema educacional estadual,
mediante a conjugação harmoniosa das diversas esferas do Poder Público entre si e com a
iniciativa particular na área da educação” (Plano de Governo, vol. II, p. 109). O Estado
desejava ter o controle sobre o tipo de ensino e os recursos que adentravam na área de
educação, além de subsidiar a iniciativa privada, porém, dividindo a responsabilidade do
ensino com a mesma, principalmente o ensino médio, o que já vinha ocorrendo desde o
governo Newton Bello, e tendo continuidade nos governos de José Sarney e Pedro Neiva.
Outro subprograma anunciado foi batizado de Educação Fundamental e de 2º
Grau cujo objetivo era:
a reforma dos ensinos primários e médio, que se encontram inteiramente desvinculados da realidade brasileira, distantes dos objetivos que lhe são próprios, envolve uma completa modificação da situação atual, ou seja, a implantação de uma nova filosofia e de uma nova política de educação, mudança de métodos e técnicas até agora adotados, ampliação e melhoria da rede de prédios escolares para que atendam, a médio prazo, a demanda potencial de matriculas, agora ainda mais ampliada pela extensão da obrigatoriedade a oito anos de escolarização, garantida pela educação fundamental” (Plano de Governo, vol. II, p. 111).
A afirmação de que o ensino ofertado não condizia com a realidade
(industrialização), estava diretamente relacionada com o novo Regime e seus interesses, e nos
objetivos que lhe eram próprios, quais sejam, as metas do setor econômico desse período. No
Maranhão o que ocorreu foi uma intensificação do modelo de ensino que vinha sendo
formulado desde o governo Newton Bello, através da execução do Plano Trienal de Educação
que não levou em consideração os problemas educacionais locais, conforme nos mostra
Bonfim:
No caso do Maranhão, a própria introdução de técnicas de planificação, no setor educacional, já apareceria atrelada a diretrizes traçadas pelo “Acordo MEC/USAID”, portanto, desde os primeiros arremessos, estava o planejamento comprometido com ações externas, visto que ele não despontaria de solicitações inerentes ao sistema de educação local. (1985, p.58).
O subprograma 03 referia-se ao Incremento da Educação não-Convencional, esse
programa visou “o emprego de novas tecnologias educacionais e outros meios inovadores para
fazer face aos graves problemas de distribuição rarefeita da população rural e da demanda
acumulada de escolarização para o nível médio” (Plano de Governo, vol. II, p.112). Como
exemplos de meios não convencionais implantados no Estado tiveram-se, escolas João de
Barro, Ginásios Bandeirantes, Escolas-Fazendas e a TV-Educativa. O tipo de ensino oferecido
nessas instituições era direcionado para formação da força de trabalho de adolescentes e
adultos, podendo ser comprovado pelas seguintes palavras:
A prioridade conferida ao desenvolvimento do Setor Primário, dentro da programação governamental para os quatro anos, torna, por outro lado, imprescindível o incremento da educação de adolescentes e adultos – o contingente disponível de mão de obra rural já integrado ou prestes a se integrar na força de trabalho... Assim o investimento na educação desta massa rural oferecerá rentabilidade a curto e médio prazos, repercutindo significativamente no crescimento da produção do setor agropecuário. (vol. II, p.112).
Quanto ao subprograma quatro por conveniência será analisado dentro do tópico
ensino superior, passa-se ao antepenúltimo programa que compõe o Plano de Governo na área
educacional, este tratava da Melhoria das Condições de Remuneração do Magistério cuja meta
“é a fixação de uma política salarial que atenda as necessidades e aspirações do Magistério”.
(Plano de Governo, vol. II. p. 118). Infelizmente, ficou no discurso a adoção de tais políticas.
O penúltimo programa era de Assistência ao Escolar, cujo objetivo era dar “suporte ao
desenvolvimento físico e intelectual da criança maranhense que, de um modo geral apresenta
um quadro carencial dos mais graves”. (Plano de Governo, vol. II. p.119); O último programa
do governo foi o de Incentivo à Cultura e ao Esporte.
3.2.1 Ensino Primário
O ensino primário foi ministrado nos 129 municípios maranhenses através de
uma rede de 4698 unidades escolares, o corpo docente triplicou, chegando a 9136 professores.
(Plano de Governo, 1971-1974. Gov. Pedro Neiva de Santana, vol. I p.101). Apesar desses
números expressivos, se constatará que pouco foi feito para mudar a realidade nos pontos de
estrangulamento dessa etapa do ensino.
A primeira era o contraste do ensino de São Luis e do Interior. Enquanto, que na
Capital 84% dos que iniciavam o ensino primário alcançavam à terceira série; no Interior a
havia uma elevada evasão escolar. Apontando as causas o Governador Pedro Neiva de
Santana dizia que muitas eram as variáveis que contribuíam para que isso não acontecesse: a
carência de unidades escolares, número insuficientes de professores, precária formação do
Magistério, inadequação de currículos e programas, deficiência do ensino ministrado,
(relacionadas ao próprio contexto de ensino); e outros fatores de ordem sócio-econômica,
como o emprego da mão de obra infantil na lavoura, pobreza. (Plano de Governo, 1971-1974.
Gov. Pedro Neiva de Santana, vol. I p.106).
Em relação a esse contraste entre o ensino na Capital e no Interior apresentado
como uma das dificuldades encontradas pelo governador, não há indícios de políticas públicas
voltadas para combater principalmente os problemas de ordem sócio-econômica,
especialmente, o emprego da mão de obra infantil que era um dos principais fatores para a
elevada evasão escolar, além disso, no meio rural, destacava-se o fator político partidário
como de considerável relevância para a tomada de decisões no setor educacional, pois as
mesmas ocorriam de acordo com a área de influência da oligarquia dominante. Isto pode ser
constatado pelas seguintes palavras de Bonfim:
(...) Estava em jogo o prestigio político dos chefes em vários níveis de hierarquia conseguir carrear essas ‘benfeitorias’ para sua área de atuação. Comportamento típico de uma política paternalista, repercutida também no setor educacional. Assim, a construção de escolas, a nomeação de pessoas para cargos do magistério, a liberação de verbas para o poder local dependem da força política dos controladores do poder (1985, p.51).
Um projeto que surgiu para enfrentar com êxito a superação da estrutura
deficitária do ensino que deixavam muitos fora da escola, em especial no campo, foi o Projeto
“João-de-Barro” lançado pelo Governo do Estado (José Sarney) em 1967 para alfabetizar
adultos e crianças das zonas rurais. Sendo citado por Pedro Neiva de Santana como projeto
que visava, por meio da educação, inserir o homem rural maranhense no processo de
desenvolvimento sócio-econômico racionalizado. (Plano de Governo. Pedro Neiva, vol. I
p.108).
3.2.2 Ensino Médio
Quanto ao Ensino Médio (ginasial e colegial), segundo o governo em 1968 foi
ministrada em todo o Estado, através de 198 cursos, a maior parte dos quais de âmbito
particular (138), sendo que a distribuição dos cursos, segundo o ciclo didático, havia 107
cursos ginasiais, 23 cursos ginasiais-colegiais e 34 exclusivamente de ciclo colegial. No
mesmo período o corpo docente triplicou, atingindo 2444 professores, 1710 no ciclo ginasial e
734 no colegial, sendo mais da metade da rede particular de ensino. (Plano de Governo. Pedro
Neiva, vol. I p.109).
Como se pode notar a iniciativa privada ainda detinha o monopólio da educação
maranhense, principalmente no Ensino Médio, sendo comprovado pelo número de colégios e
de professores dessa área de ensino. Por outro lado, esses dados servem para constatar a
permanência da negligência do Estado com a educação e a continuação da participação efetiva
do ensino particular que ocorria nos governos anteriores e que com a nova Lei
(4.024/20/12/1961) encontrou apoio até mesmo para subsidiar essa esfera do ensino, apesar da
mudança de domínio político.
Somava-se a esses elementos, o déficit de escolarização oferecida pelo Estado
nessa etapa do ensino. Para amenizar esse problema e estender o ensino médio para o interior
do Estado foi lançado o Projeto “Bandeirante”. Segundo, Pedro Neiva de Santana, esse projeto
partiu do mesmo principio básico do Projeto “João de Barro”, para o ensino primário, ou seja,
“induzir a comunidade a uma participação efetiva no processo de desenvolvimento sócio-
econômico e particularmente na solução do problema educacional”. (Plano de Governo. Pedro
Neiva, vol. I p.109). Acrescentando, Bonfim informa: “Em 1968, seria implantado o Projeto
Bandeirante, objetivando, inicialmente, suprir a falta de ginásios em cerca de 25% dos
municípios maranhenses, percentual que deveria crescer ano a ano, tanto é que atingiria, em
1971, 91 dos 130 Municípios do Estado”. (1985, p. 92).
Ainda sobre o ensino médio, outro projeto que se iniciou para diminuir o déficit
quantitativo do ensino público foi expresso no seguinte discurso do Plano de Governo de
Pedro Neiva:
o inicio das atividades em São Luís, do Centro Educacional do Maranhão – CEMA – escola estadual de nível médio primeiro ciclo, que constitui a etapa inicial para a realização de um programa de televisão educativa no Maranhão. Montado em moldes modernos de ensino, o CEMA já contava em 1969 com 48 salas de aulas (todas equipadas com aparelhos receptores de TV), 1304 alunos matriculados na 1º série diurna e com uma previsão de atingir, em breve, 8000 matriculas anuais. (vol. I, p. 111)
O Projeto TV Educativa era voltado para atender a carência educacional de
ensino médio da Capital das camadas mais desassistida da população. A propósito desse
projeto o Jornal O Imparcial trouxe uma matéria com a seguinte manchete: Secretaria de
Educação Dará Aula Inaugura que dizia:
Com 1.300 alunos da primeira série do curso ginasial distribuídos em 8
turmas, 7 professores titulares, dando aula pelo circuito fechado de televisão
e 105 orientadores pedagógicos, sendo 1 para cada grupo de matéria em
cada sala de aula, - O Centro Educacional do Maranhão iniciará
oficialmente, na próxima quarta-feira, dia 20 suas atividades para o ano
letivo de 1969. A professora Rosário de Maria Nina de Araújo Costa,
Diretora do Departamento de Educação do Estado informou que o Centro
Educacional já vem funcionando normalmente, desde os primeiros dias
deste mês, mas que esta fase atual é para adaptação dos alunos a esse novo
sistema de ensino, através do circuito fechado de televisão... Está previsto
para o mês de abril próximo a instalação, no turno vespertino, do 5º ano
primário – ficando o turno noturno reservado para o Curso de Madureza,
destinado exclusivamente para os adultos. Com o Centro Educacional do
Maranhão funcionando é pensamento do Departamento de Educação,
transformar futuramente, o Liceu e a Escola Normal em unidade de ensino
exclusivas para o segundo ciclo do curso médio, ou seja, clássico, cientifico
e normal. O centro ficará com o encargo de prepararar os alunos do primeiro
ciclo, no caso Ginásio. (13.03.1969).
A Fundação Maranhense de Televisão Educativa (FMTVE), intitulado de Centro
Educacional do Maranhão (CEMA), tinha como instrumento didático fundamental o uso da
televisão em sala de aula, sendo esse o meio do Governo ampliar rapidamente o número de
vagas, cumprindo assim, com uma das justificativas do projeto, o comprometimento do
sistema educacional com os pontos básicos dos programas de desenvolvimento do Estado.
(BONFIM, 1968, p. 96).
O objetivo de ampliar o número de vagas com a Fundação Maranhense de
Televisão Educativa estava sendo cumprido, pois, os dados apresentados no final do governo
de Pedro Neiva mostravam um crescimento significativo no número de matriculas no decorrer
dos anos, conforme a tabela:
TAB-04
ANO
NÚMEROS DE MATRÍCULAS
1970
1971
1972
1973
1974
1975
6.251
9.415
12.619
12.911
12.124
14.700
Fonte: Mensagem à Assembléia Legislativa, 1975 p.34.
Quando da sua primeira mensagem governamental à Assembléia Legislativa em
1972, Pedro Neiva de Santana, ratificou esses projetos de governo no setor educacional com
dois objetivos:
...a adequação do antigo sistema de ensino primário e ginasial à Reforma do Ensino que estabeleceu o 1º e 2º graus do Ensino Fundamental, com o 2º grau dirigido à qualificação para o trabalho; e o desenvolvimento dos sistemas não-convencionais como as escolas João-de-Barro (ensino elementar rural), Ginásios Bandeirantes e Educação pela Televisão, que será interiorizada para 15 municípios e a implantação do sistema de qualificação da mão-de-obra rural, através das Fazendas Escolas (Mensagem à Assembléia. Gov. Pedro Neiva, 1972, p.12).
Quanto à Reforma de Ensino referida por Pedro Neiva tratou-se da Lei 5692/71
que adequou nacionalmente a educação à exigência econômica. Essa reforma trouxe
mudanças na nomenclatura do ensino (1º e 2º graus), a obrigatoriedade do ensino de 1º grau e
a profissionalização obrigatória no 2º grau, daí um dos motivos dos governos preocuparem-se
em mostrar o aumento no número de matriculas e de criar-se projetos para atender as políticas
educacionais nacionais.
Esse aumento nos números de matriculados apareceu na tabela fornecida pelo
governador Pedro Neiva de Santana, se referindo aos resultados obtidos na área da educação
em 1972, no ensino de 1º e 2ª grau e supletivo.
TAB-05
DESCRIMINAÇÃO
1971
1972
Aumento (%)
Ensino de 1ºGrau
Ensino de 2ªGrau
Ensino Supletivo
193.348
2634
157.441
252.472
3403
278.692
30
30
77
Total
353.423
534.367
57
Fonte: Mensagem à Assembléia. Gov. Pedro Neiva, 1973, p.10.
A tabela fornecida apontou um crescimento da educação no Maranhão em
relação ao ano anterior, sendo que no 1º e 2º grau o aumento foi razoável, no Ensino Supletivo
o crescimento foi bastante considerável. Sobre os subprogramas não se têm informações a
respeito dos resultados. Por exemplo, como os programas não convencionais (projeto João de
Barro, Ginásio Bandeirante, CEMA) contribuíram para esse aumento no número de matriculas
apontado pela tabela. Tampouco se fez menções à: melhoria das condições para os
professores; merenda escolar; recursos utilizados; entre outros itens que faziam parte do Plano
de Governo de Pedro Neiva Santana.
No ano de 1974, o governador iniciou a sua mensagem oficial dizendo que “o
ano de 1973, na educação, foi marcado pelo trabalho de reestruturação administrativa e
adequação do Ensino estadual aos princípios da Reforma6. Novos currículos para o 1º e 2º
Graus foram elaborados; reestruturada a da rede de Ginásios Bandeirantes; elaborado o
Estatuto do Magistério, qualificaram-se 1485 professores” (Mensagem à Assembléia, 1974, p.
10).
Pelo menos em discurso o Maranhão adequou à rede de ensino estadual as
reformas educacionais que estavam ocorrendo no país, pois o ensino privilegiado nesse
período (o profissionalizante) no Estado começou a aparecer nas informações governamentais
a partir de 1975, sendo que a tabela apresentada aponta os cursos profissionais, as instituições
e os números de alunos em cada curso.
Demonstrativos das habilitações profissionais oferecidas – 1975
TAB-06
NOME DO CURSO
ENTIDADE EXECUTORA
Nº DE ALUNOS
Desenhista de Arquitetura
Auxiliar técnico de
eletricidade
Auxiliar Técnico de
edificações
Escola Técnica Federal do Maranhão
e Colégio Conceição de Maria
Escola Técnica federal do Maranhão
Escola Técnica federal do Maranhão
60
35
35
6Para Saviani, o ciclo de reformas educacionais destinou-se a ajustar a educação brasileira à ruptura política perpetrada pelo golpe militar,
sendo que a ruptura política constituiu-se uma exigência para a continuidade da ordem sócio-econômica e, portanto, uma continuidade na educação refletida na legislação. 1988, p. 126.
Auxiliar de Escritório
Auxiliar de laboratório de
análises clinica
Auxiliar de contabilidade
Topógrafo de Estradas
Topógrafo de
agrimensura
Cadastrador de
Agrimensura
Programador de sistema
eletrônico
Auxiliar de
Administração Hospitalar
Auxiliar de documentação
médica
Auxiliar de laboratório de
análises clinica
Colégio Conceição de Maria e
SENAC
Colégio Conceição de Maria e Escola
de Enfermagem
SENAC
Escola de Agronomia
Escola de agronomia
Escola de agronomia
“Gonçalves Dias”
Escola de enfermagem
“Gonçalves Dias”
Escola de enfermagem
“Gonçalves Dias”
Liceu Maranhense
96
106
35
35
35
35
41
40
86
109
Fonte: Mensagem do Gov. Pedro Neiva à Assembléia Legislativa, 1975, p. 60.
Segundo a tabela acima, os cursos em sua maioria são ofertado pela Escola
Técnica Federal (mantida pelo Governo Federal), SENAC (mantida pela indústria), Colégio
Conceição de Maria e Escola de Enfermagem, Escola de Agronomia (mantidas pela iniciativa
privada), Colégios “Gonçalves Dias” e Liceu Maranhense (mantido pelo Estado). Ora, estava-
se em 1975, e o governo Pedro Neiva de Santana apresentou duas escolas estaduais como
estando oferecendo os cursos profissionalizantes que formaria mão de obra para o novo
modelo econômico que proporcionaria melhoria para o povo maranhense, isso leva a dedução
de que apesar de ter se passado nove anos da implantação do “Maranhão Novo” pelo governo
José Sarney com o apoio dos militares as mudanças no setor educacional anunciadas não
aconteceram, antes são observadas continuidades da oligarquia de Vitorino tão criticada pela
oligarquia da situação (José Sarney).
Sobre a educação profissionalizante no Estado ser oferecida por outros órgãos
que não o estadual (o Estado somente fazia convênios com essas entidades), posteriormente
em 1976, o então diretor da Escola Técnica Federal do Maranhão (Professor Ronald da Silva
Carvalho) deu uma entrevista esclarecedora a um jornal, quanto a como andava essa
modalidade de ensino no Estado:
O ensino profissionalizante abrange os setores primários, secundários e terciários da
economia..., em termos de mão-de-obra, para os três setores da economia, existem cursos de
qualificação de curta duração, a nível de 1º Grau, promovidos através de convênios, por diversas
entidades, tais como PIPMO, SENAI, LBA, SENAC, ACAR e outras, inclusive a própria Escola
Técnica. Quanto ao setor primário, o do Agropecuário, nós, no Maranhão, estamos reduzido somente
ao Colégio Agrícola, a nível de 2º Grau... Colégio particular,..., sua matricula, que atualmente é de
cerca de 250 alunos..., apenas temos realizados convênios com o Colégio Agrícola para ministrar
cursos de curta duração a estudantes dos Centros de Ensino do Segundo Grau da rede estadual. O setor
secundário..., no Maranhão, a respeito dessa espécie de ensino é a Escola Técnica que oferece 9
habilitações profissionais do Segundo Grau,..., somos, no momento, a única Escola voltada para esse
tipo de ensino..., o que se vem fazendo na rede estadual é também no sistema de
intercomplementaridade,..., que só este ano, matriculou cerca de 300 alunos oriundos da rede escolar
estadual, mediante transferência para a Segunda Série..., existem, alguns estabelecimentos particulares
da capital que estão ministrando várias habilitações de curta duração, com vistas a preparação de
auxiliares técnicos destinados ao setor secundário da economia. Em referência ao setor terciário, este
tipo de ensino, por ser o menos dispendioso, tem interessado mais a iniciativa privada, apesar de que
nos Centros de Ensino do 2º Grau do Estado vêm funcionando alguns desses cursos.... (apud,
TRIBUNA DO MARANHÃO, 23.09.1976).
3.2.3 Ensino Superior
Em relação ao Ensino Superior, os dados do governo são: há onze escolas em
funcionamento em todo o Estado do Maranhão, dez das quais localizadas na Capital. Também
há um crescimento no número de matriculas nos cursos superiores em 1968 (1610 alunos),
sendo distribuído nas seguintes faculdades: Ciências Econômicas, Direito, Enfermagem,
Filosofia, Ciências e Letras, Farmácia, Medicina, Odontologia e Serviço Social, Escolas de
Engenharia e Administração; quanto ao corpo docente do ensino superior do Estado,
registrou-se nos últimos onze anos um aumento de 74% no número de professores
universitários. (Plano de Governo. Gov. Pedro Neiva de Santana, vol. I p. 118 e 121).
Um dos subprogramas anunciado no plano de governo de Pedro Neiva, referia-se
à Integração da Rede Estadual de Ensino Superior, cujo objetivo era “a integração do ensino
superior, à programação educacional global e as linhas gerais da política de desenvolvimento
do Estado”. Para tanto se fez necessário “A criação de uma federação que reúna as escolas
estaduais de nível superior”. Sendo que essa Federação congrega as unidades escolares de
Engenharia (Engenharia Civil e Mecânica), Administração, Agronomia, Educação e Medicina
Veterinária. (Plano de Gov. Pedro Neiva de Santana. Quatro Anos. p. 36).
Esse subprograma se cumpriu e Pedro Neiva explicita a concretização em 1974
com a instalação da Federação das Escolas de Ensino Superior do Estado do Maranhão. Esta
nova instituição de ensino foi criada para atender a necessidade de formação de recursos
humanos de alto nível, a médio prazo, para acionar todo processo de crescimento verificado
nos últimos anos. (mensagem à Assembléia, 1975, p. 35). Para Pedro Neiva houve um:
Esforço desenvolvido nos últimos anos pelos poderes públicos no setor educacional, principalmente da parte do Governo Estadual mediante sua política de reformulação da estrutura tradicional da escola primária, implantação de novas unidades, aprimoramento das técnicas de ensino, formação de professores, contribuiu significativamente não só para o incremento da escolarização, mas também para a diminuição da evasão escolar. (Plano de Governo. Gov. Pedro Neiva de Santana vol. I, p.105).
Acrescenta-se em relação às informações consideradas, que Pedro Neiva de
Santana deu continuidade no setor educacional aos projetos do governo anterior de formar
“indivíduos para o trabalho”, daí a permanência de programas iniciados com José Sarney,
como João de Barro, Ginásios Bandeirantes, Centro Educacional do Maranhão – CEMA,
cursos superiores de Engenharia, Administração, para formação de técnicos. Todos esses
investimentos visavam atender as necessidades econômicas impostas pelo Maranhão Novo e
pela Ditadura Militar.
Durante o governo de José Sarney os setores privilegiados foram Energia e
Transporte sendo a base estrutural para a industrialização e a montagens de grandes projetos
agropecuários no Maranhão. Priorizando assim, setores da sociedade (classe empresarial e
grande latifúndio) que faziam parte do modelo econômico estabelecido pelo Governo Federal.
(BONFIM, 1985, p.43).
3.3 A educação no governo Nunes Freire
O Governador Osvaldo da Costa Nunes Freire apresentou um Plano de Governo
referente aos seis primeiros meses (31 mar./30 set.) de mandato, e, o I e II Planos de Governo
para os anos de 1975 a 1978. Quanto às Mensagens à Assembléia Legislativa, somente dos
anos de 1978 e 1979 encontraram-se registros. A análise será feita mesclando informações dos
planos com as mensagens. É importante lembrar que na gestão Nunes Freire já fazia uso da
nomenclatura de 1º e 2º graus ao invés de ensino primário e médio.
No seu I Plano de Governo, Nunes Freire falou que “considerando o grande
déficit de atendimento escolar ainda existente no Estado, concentrou o Governo suas
preocupações em torno de melhor qualificar o ensino e, ao mesmo tempo, ofertar o maior
número de vagas na rede estadual” (I Plano de Governo. Gov. Nunes Freire, p. 11). Nota-se
que assim como os governadores José Sarney e Pedro Neiva de Santana, Nunes Freire iniciou
sua apresentação mostrando as deficiências educacionais do Estado que infelizmente se
perpetuavam. Entretanto, dessemelhante dos dois gestores anteriores que apresentaram dados
de 1950/1960, Nunes Freire mostrou dados do governo precedente:
A Secretaria de Educação procurou expandir e recuperar a capacidade instalada na rede física estadual, construindo entre 1975 e setembro de 1978, 442 novas salas de aula, número bastante superior às 280 salas construídas no período de 1971-1974 e promovendo a reforma e recuperação das 531 salas de aula já existente (I Plano de Governo. Nunes Freire, p.11).
Durante toda a apresentação do seu I Plano de Governo, Nunes Freire iria fazer
comparações com os resultados alcançados pelo governo de Pedro Neiva na área da educação.
Um dos motivos era às divergências políticas entre Pedro Neiva que fazia parte do grupo
liderado por José Sarney, enquanto que, Nunes freire era partidário de Vitorino Freire. Uma
citação comprobatória dessas comparações foi a seguinte: “a Secretária distribuiu na atual
administração, 62.538 carteiras escolares, mais do dobro da quantidade distribuída entre os
anos de 1971 e 1974”. (I Plano de Governo. Nunes Freire, p. 11).
3.3.1. Ensino de 1º Grau
Quanto ao Sistema Maranhense de Televisão Educativa (Centro Educacional do
Maranhão – CEMA) teve continuidade no Governo Nunes Freire, com os seguintes objetivos:
...promover a expansão do sistema de ensino por TV, nas quatro últimas séries do 1º grau no Estado, ampliar a oferta de escolarização nas quatro últimas séries do ensino do 1º grau, nas zonas rurais e urbanas do Estado, implantando gradativamente o sistema de ensino por TV;..., visando melhorar o padrão de qualidade do ensino (I Plano de Governo. Gov. Nunes Freire, p.11).
O programa desenvolvido pelo CEMA não priorizou a qualidade do ensino,
assim como a quantidades de vagas, tornando o discurso de Nunes Freire inócuo, pois, a
preocupação dele, limitou-se, a dar continuidade a esse projeto porque priorizava números de
indivíduos que simultaneamente receberiam os conteúdos conforme as exigências
internacionais para serem cumpridas pelo Governo Federal e consequentemente pelo estadual.
Por isso, foi um dos projetos que teve continuidade com Nunes Freire, havendo uma
consolidação no seu governo.
Sendo essa uma das metas do governo estadual, dentre outras, para o ensino de 1º
Grau: “Aumento progressivo do número de matriculas, Consolidação do sistema estadual de
televisão educativa, Absorção integral e gradativa dos Ginásios Bandeirantes. Reestruturação
do ensino pré-escolar” (II Plano de Governo. Nunes Freire, p.165). Deu-se continuidade às
políticas educacionais, criticadas no I Plano de Governo, a única exceção, são os Ginásios
Bandeirantes que foram absolvidos pelo ensino municipal.
Apesar de uma das metas anunciada para o ensino de 1º grau ter sido o aumento
progressivo do número de matriculas, na fala de Nunes Freire em 1979 à Assembléia
Legislativa, referente a essa etapa do ensino, a participação do Estado, para a população de 7 a
14 anos era somente de 23% em 1978. (Mensagem à Assembléia Legislativa, 1979, p. 20).
Passados 12 anos da implantação do “Maranhão Novo”, no terceiro governo
dessa nova fase, no período da Ditadura Militar, o Estado continuara com as mesmas mazelas
educacionais tão criticadas, outrora, e apesar da obrigatoriedade do ensino pela Lei 5692/71,
permanecia o descaso do governo com o ensino do 1º grau, como se constatou pela
participação do poder estadual com apenas 23% no atendimento escolar nessa etapa do ensino.
3.3.2. Ensino de 2º Grau
Em relação ao 2º grau, Nunes Freire continuou fazendo comparações com o
governo anterior:
as matriculas na rede estadual, que, em 1974 eram de 5303 passaram para 7408, registrando-se um incremento de 40% aproximadamente. Além disso, a Secretária de Educação adotou uma política de aproveitamento de dependências ociosas, a fim de ampliar, a curto prazo, o índice de matriculas. Foram distribuídas entre 1975-1978, 8749 bolsas de estudos de ensino do 1º grau, ou quatro vezes mais que o total distribuído no período de 1971-1974 (2062). Para o ensino de 2º grau pela primeira vez foram concedidas 3661 bolsas. (I Plano de Governo. Nunes Freire, p.12).
Quanto às diretrizes para o ensino de 2º grau foram as seguintes: “Aumento do
número de matriculas. Adequação das habilitações profissionais ao processo de
desenvolvimento estadual. Assistência técnica e financeira às instituições privadas de ensino.
Implantação, implementação e consolidação do Núcleo de Integração Escola-Empresa” (II
Plano de Governo. Nunes Freire, p.165).
Ele ratificou na sua mensagem à Assembléia as metas para o Ensino de 2º grau,
com o seguinte discurso:
Foram metas prioritárias do Ensino de 2º Grau elevar o índice de matriculas, acionar a profissionalização, capacitar pessoal técnico, docente e administrativo... Foram firmados convênios com a FESM para o aproveitamento de dependências ociosas a fim de ampliar, a curto prazo, o índice de matriculas: Escola de Administração do Estado – para funcionamento do Centro de Ensino de 2º Grau “Coelho Neto” turnos matutino e vespertino, oportunizando a oferta de 900 vagas; e a Faculdade de Educação de Caxias – para funcionamento do Centro de Ensino de 2º Grau “Aluízio de Azevedo”, turnos matutino e vespertino, oportunizando a oferta de 230 vagas. (Mensagem do Gov. Nunes Freire à Assembléia Legislativa, 1978, p. 43, 44).
Visto que o 2º grau precisava definitivamente se harmonizar a Reforma de
Ensino atendendo aos interesses econômicos do Estado, os cursos técnicos tiveram de se
adequarem para essa formação de mão de obra. Mas apesar do discurso de Nunes Freire de
elevar o índice de matricula no 2º grau, alguns jornais do período noticiaram a precariedade
dessa etapa do ensino. O jornal O Estado do Maranhão trouxe no artigo intitulado –
EDUCAÇÃO as seguintes palavras:
O Secretário Jerônimo Pinheiro está viajando pelo interior, verificando... a
situação das várias unidades de ensino da sua pasta. Ele informou que já foi
iniciado em Caxias o trabalho de inscrição dos candidatos para o exame de
seleção as duzentas e quarentas vagas para a primeira série do segundo
grau... (13.01.1976).
Outro artigo do Jornal O Estado do Maranhão de 17.12.1977 intitulou-se
Prorrogadas Inscrições ao Centro de Ensino do 2º Grau.
A Secretária de Educação, através do Departamento de Ensino do 2º Grau
vem de comunicar oficialmente que foram prorrogadas até o próximo dia 22
as inscrições para o preenchimento de 1.680 vagas nos primeiros anos do 2º
grau, no Liceu Maranhense, Colégio Gonçalves Dias e no Colégio Coelho
Neto. Quando a reportagem de “O Estado do Maranhão” abordava, as 14: 30
minutos no loca de inscrição, as reclamações eram demais e vexatória para a
Secretaria de Educação quanto ao atendimento dispensado aos presentes. Ali
a desorganização era enorme ninguém com quem adquirir um simples
formulário para pagamento da taxa de inscrição na Agência Bancária. Os
candidatos saiam do Ginásio Costa Rodrigues com muito sacrifício e
reclamou a lentidão em que se processavam as inscrições naquele local. O
repórter conseguiu registrar seu número de inscrição: 2.721. Acredita-se,
portanto, que esse total poderá triplicar na próxima semana... Os candidatos
se submeterão aos testes de Língua Portuguesa e Matemática abrangendo
conhecimentos do Ensino de 1º Grau... (17.12.1977).
As duas matérias apresentadas apontavam como essa etapa do ensino continuava
excludente, pois, quem estaria preparado para fazer exames adimensionais “abrangendo
conhecimentos do Ensino de 1º Grau” vindo de um ensino primário deficiente e precário,
oferecido pelo Estado. E, ainda mais, pagando taxas para concorrer a pouquíssimas vagas,
quando não se tinha certeza se iria passar competindo com estudantes oriundos das escolas
particulares mais habilitados, ou mesmo, quando não se possuía dinheiro para a inscrição. Mas
tabela abaixo confirma a insuficiência dessas escolas para demanda de jovens que almejavam
fazer o 2º Grau.
EXPANSÃO DA MATRÍCULA DA REDE OFIACIAL – DISTRIBUIÇÃO POR CENTROS
DE ENSINO NO PERÍODO DE 1975 A 1977 COM PREVISÃO PARA 1978.
TAB 07
CENTRO DE ENSINO
MUNICÍPIOS
ANO
1975
ANO
1976
ANO
1977
PREVISÃO
PARA 1978
LICEU MARANHENSE
GONÇALVES DIAS
COELHO NETO
ALUÍZIO AZEVEDO
OLINDINA FREIRE
MOURÃO RANGEL
D.LUÍZ DE BRITO
RAIMUNDO ARAÚJO
SÃO LUIS
SÃO LUIS
SÃO LUIS
CAXIAS
PEDREIRAS
IMPERATRIZ
SÃO BENTO
CHAPADINHA
2.211
2.788
-
-
-
-
-
-
2.567
2.406
314
138
-
-
-
-
2.769
2.519
900
230
38
-
-
-
2.833
2.868
1.220
390
298
240
160
160
TOTAL
-
4.999
5.425
6.456
8.169
FONTE: DESG/SE/MA apud Mensagem à Assembléia Legislativa, 1979, p. 33.
O número de escolas do 2º grau em 1978 resumia - se a oito, sendo três em São
Luis, uma das escolas não possuía nem sede própria (Coelho Neto). Além disso, o número de
atendidos em todo o Estado pela instituição pública era insuficiente, como explicitou o jornal
citado acima.
Para amenizar a precariedade dessa etapa do ensino, o Governador Nunes Freire,
por meio de convênios feitos, sendo que um dos mais significativos foi com o MEC/BIRD,
demonstrou intenção de construir escolas integradas de 2º Grau em São Luis, Imperatriz e
Caxias. E como sempre deixou explícito que o governo anterior negligenciou essa etapa do
ensino com as seguintes palavras: “o Governo Estadual mantêm hoje somente duas unidades
de 2º grau, uma por concluir, outra carecendo de grandes reparos...” (Plano de Governo.
Nunes Freire. Seis meses, p. 21).
Uma outra forma de utilização dos convênios era a parceria feita com várias
escolas (Escola Técnica, SENAC, Escola de Enfermagem, Escola de Agronomia, Colégio
Conceição de Maria e PRODATA) para a realização de Cursos Profissionalizantes.
Como mostrou os dados do governo o ensino profissionalizante oferecido no ano
de 1977 foi no nível de auxiliar técnico e técnico, sendo que o primeiro no turno noturno e o
último no diurno, nos colégios estaduais “Gonçalves Dias” e Liceu Maranhense, e na Escola
Técnica Federal (convênio), conforme a tabela. (Mensagem do Gov. Nunes Freire à
Assembléia Legislativa, 1978, p. 45).
MATRÍCULA, SEGUNDO CURSOS PROFISSIONALIZANTES DOS CENTROS DE ENSINO DE 2º GRAU “LICEU MARANHENSE” E “GONÇALVES DIAS”.
TAB 08 TÉCNICO
DOMINAÇÃO CURSOS
2ª SÉRIE
3ª SÉRIE
TOTAL
AUXILIAR TÉCNICO 3ºSÉRIE
ASSISTENTE DE
ADMINISTRAÇÃO
CONTABILIDADE
ENFERMAGEM
ESTATÍSTICA
LABORATÓRIOS MÉDICOS
MAGISTÉRIO
PROCESSAMENTO DE
DADOS
SECRETARIADO
TRADUTOR E INTÉRPRETE
ANÁLISE QUÍMICA
DOCUMENTAÇÃO MÉDICA
ESCRITÓRIO
440
258
191
115
242
194
46
355
96 - - -
88
135 - -
184
218
35
126
36 - - -
528
393
191
115
426
412
81
481
135 - - -
-
43 - - - - - - -
76
79
116
TOTAL
1.937 822 2.562 314
Fonte: Mensagem do Gov. Nunes Freire à Assembléia Legislativa, 1978, p. 45.
NÚMERO DE ALUNOS DE 2º GRAU DA REDE ESTADUAL ATENDIDOS PELA
ESCOLA TÉCNICA FEDERAL, EM 1977, SEGUNDO O CURSO. TAB 09
CURSO A NÍVEL DE TÉCNICOS
NÚMERO DE ALUNOS
AGRIMENSSURA 30 EDIFICAÇÕES 40 ESTRADAS 40 SANEAMENTO 30 ELETROMECÂNICA 40 QUÍMICA 40
TOTAL 220
Fonte: Mensagem do Gov. Nunes Freire à Assembléia Legislativa, 1978, p. 45.
Percebe-se que o Estado deu continuidade à prática de delegar a responsabilidade
da educação profissional para o ensino federal ou a iniciativa privada, compactuando também
nesse aspecto com o Governo Federal que apesar dos discursos sobre educação, deixou a
mesma em grande parte, a cargo da iniciativa privada.
3.3.4. Ensino Superior
Para o Ensino Superior houve “manutenção regular dos cursos de Administração,
Agronomia, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Medicina Veterinária, Ciências, Letras,
Administração Escolar e Estudos Sociais;” (I Plano de Governo. Nunes Freire, p.12). Os
cursos mantidos serviam aos interesses econômicos, pois eram cursos que priorizam o “fazer”,
ou seja, a capacidade técnica, tão em voga naquele momento. Além disso, evidencia-se
claramente, na área da educação, que Nunes Freire deu continuidade aos projetos de Pedro
Neiva de Santana, atendendo as imposições do Governo Federal – formação de mão de obra
especializada. As diretrizes para o Ensino Superior são mencionadas no II Plano de Governo:
Expansão da rede estadual de ensino superior de graduação, na criação de novos cursos na área de administração, educação, ciências tecnológicas e ciências agrárias. Interiorização da atuação das escolas estaduais, voltados para suprir a demanda de recursos humanos estratégicos no interior do Estado. Incentivo a programas de aperfeiçoamento, especialização e pós-graduação... Planejamento e promoção do desenvolvimento da pesquisa e da divulgação científica e cultural... Dinamização das atividades de extensão desenvolvidas pela rede de ensino superior do Estado do Maranhão (Nunes Freire, p. 165/166).
Nota-se que havia, pelo menos no discurso, uma preocupação com a criação de
novos cursos para formação de técnicos com nível superior, e também, estímulos a
especialização, e a expansão para o interior dessa etapa do ensino. Ratificando esse interesse
Nunes Freire apresentou as seguintes informações:
Foram realizados dois vestibulares em 1977 com o oferecimento de 490 vagas, tendo concorrido 4.248 candidatos... A FESM manteve em funcionamento regular os cursos de Agronomia, Administração, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, e a Faculdade de Educação em Caxias, com os curso de formação pedagógica a nível de 1º grau... Em 1977 mais de 16 professores da FESM inscreveram-se em cursos de mestrado (Mensagem do Gov. Nunes Freire à Assembléia Legislativa, 1978, p. 67).
A concorrência no vestibular mostrava que muitos almejavam alcançar o ensino
superior, mas que este também continuava excludente, conforme apontava os artigos abaixo
sobre a Educação Superior ofertada no Maranhão.
O Jornal Posição trouxe dois artigos que mostravam a realidade dessa etapa da
educação. O primeiro artigo intitulou-se - Juventude maranhense come o pão que o diabo
amassou Para Entrar na Universidade que abaixo se transcreve trechos:
Em levantamento feito recentemente por repórter de Posição sobre a
realidade dos aprovados nos últimos vestibulares da Universidade do
Maranhão e da Federação, constatou-se que muitos desses alunos deixaram
de efetuar sua matriculas nos cursos básicos. Criteriosamente levantaram-se
as causas desse fato e chegou-se a conclusão de que existem duas principais.
Salienta-se primeiro o problema da documentação oriunda da escola de 2º
grau que cada estudante tem que apresentar para efetivar matricula na
FUM... Acreditamos que o problema em pauta decorra da cobrança de taxa
pela expedição de documentos das escolas de 2º grau... Os preços por
expedição de documentos nas escolas de 2º grau são estipulados por um
órgão competente do Conselho Estadual de Educação, que as vezes chega a
ser rígido na expedição de ofícios às escolas. No entanto, na FUM e na
FESM o absurdo começa de um simples atestado que custa Cr$ 24,00, um
diploma Cr$ 500,00 um curriculum escolar, entre Cr$ 200,00 e Cr$ 800,00,
importâncias essas pagas através da Caixa Econômica, as quais não raro,
vão além das condições econômicas dos alunos. Não há normas para FUM e
a FESM que visem refrear esses absurdos. Mas nas escolas de 2º grau os
aumentos de anuidades não correspondem ao custo de vida e elas, as
escolas, não podem cobrar taxas por expedição de documentos e se
cobrarem o valor determinado não paga o material gasto... A segunda causa
de não matricula de alunos aprovados nos últimos vestibulares é o preço
cobrados pelas escolas de nível superior... (27.01.1977).
Esse artigo esclareceu porque alunos aprovados nos vestibulares dos cursos
superiores do Maranhão deixavam de se matricular nos cursos básicos, por motivos, de ordem
burocrática em relação à documentação do aluno que envolvia valores na expedição de
qualquer documento, outro, era o preço cobrado pelos estabelecimentos de nível superior que
representava muito para os alunos oriundos das classes pobres da sociedade e que com muita
dificuldade alcançavam essa etapa do ensino.
Insistindo que o Ensino Superior era para uma pequena minoria da sociedade
maranhense, o Jornal Posição trouxe outro artigo cujo titulo era - Universidade, Privilégio de
Ricos, que abaixo, se transcreve trechos:
Constata-se frequentemente a exorbitância cometida pela Universidade do
Maranhão no que tange às taxas de documentação expedidas aos
universitários... Já constatamos inúmeros casos de estudantes que desistem
da universidade por não term condições de arcar com as despesas exigidas
para o ingresso na mesma... E Quantos, depois de esforços titânicos, ao
encararem a Casa de Cultura Superior recuam diante de tanta despesa. Num
Estado pobre como o nosso, uma Universidade Federal que deveria ser mais
acessível ao nosso jovem dá-se exatamente o contrário... E reformas e mais
reformas dão-se diariamente. Mas só não reformam os métodos
educacionais pré-universitários, só não se reduzem as taxas que todos têm
que pagar para ocuparem o banco escolar. E essas taxas vão crescendo à
proporção que o nível escolar cresce. Mas o mesmo não se diz da qualidade
do estudo... (10.02.1977).
Esse editorial ratificou que as inúmeras taxas cobradas pela Universidade do
Maranhão levavam jovens a desistirem dos cursos que fizeram esforços para passarem nos
testes vestibulares, indicando assim, que a “Universidade era um mero privilégio dos mais
favorecidos”. A crítica se estendeu a qualidade do ensino que não cresceu como as despesas e
as reformas educacionais.
Portanto, o ensino superior no governo Nunes Freire ainda era privilégio das
elites, pois, havia insuficiência de vagas, testes vestibulares e burocracia para matricula e
permanência nos cursos, dificultando o ingresso de muitos populares.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cenário educacional, conforme se percebeu nas leituras realizadas e nos
documentos analisados, que trazem as falas dos governadores mostraram as mudanças
ocorridas no Maranhão, entre elas, o aumento no número de matriculas, devido a ampliação da
quantidade de vagas nas escolas de 1º e 2º graus. Entretanto, continuou havendo uma
deficiência em todas as etapas do ensino, pois a população também estava crescendo e a
educação pública não acompanhava proporcionalmente esse crescimento.
Nas mensagens dos governadores analisadas, constatou-se a preocupação com o
aumento do número de alunos nas escolas, algo que na oligarquia anterior não era perceptível.
No entanto, essa mudança de concepção era para se harmonizar com as orientações do
Governo Federal que desde o decreto-lei nº 8.529 de 2/01/1946, tornou gratuito e obrigatório o
ensino primário pelo Estado.
Mas o Governo Federal também não estava sendo generoso, antes cumpria
determinações internacionais para o desenvolvimento de paises periféricos, segundo os
moldes do sistema capitalista. Nesse contexto de obrigatoriedade ou imposição, pelo menos
nos discursos governamentais dos representantes maranhenses constatou-se um interesse em
difundir a educação para um maior número de pessoas.
Outra mudança foi o tipo de ensino oferecido, o ensino profissionalizante, que
como vimos apareceu nos discursos dos três governadores (José Sarney, Pedro Neiva de
Santana e Nunes Freire), porém, os dados apresentados por esses gestores contradiziam suas
falas, mostrando assim, que havia uma distância entre o que deveria ser feito e o que estava
sendo feito.
Como tentativa de adequação da educação estadual aos interesses do campo
econômico o Governo Federal, de forma rigorosa fez surgir projetos como Escola João de
Barro, Ginásio Bandeirantes, Fazendas-Escolas e o CEMA, no plano estadual, que no decorrer
do período em estudo, foram adaptados ou extintos conforme o resultado obtido ou a vontade
política.
O tipo de ensino oferecido por esses projetos era de valor prático ou técnico,
buscando integrar os grupos populares a esse novo momento político, social e econômico,
fazendo respectivamente com que o homem do campo aprendesse como produzir melhor para
os projetos agropecuários de latifundiários nacionais e internacionais. O homem que vivia na
cidade, era preparado para servir de mão de obra aos projetos indústrias tão almejadas pelos
governantes do Estado.
Essa adequação do ensino as exigências das reformas educacionais dos ensinos
de 1º e 2º graus e ensino superior era em nível nacional para atender o setor econômico.
Apesar de que a educação profissionalizante para o setor industrial no Estado durante 1960 e
1970 ficou basicamente nas mãos da Escola Técnica Federal, pois era uma formação
dispendiosa que os Governos diziam não ter recursos para financiar, o que ocorreu nesse
período foram convênios que possibilitou alunos dos colégios estaduais fazerem tais cursos.
Somente, a partir de 1975, é que o Estado passou a oferecer os cursos técnicos de
forma mais intensa, pelo menos no discurso de Pedro Neiva de Santana à Assembléia
Legislativa e relegada a principio aos convênios com instituições federais ou particulares.
O que se nota conforme anunciado nos discursos governamentais sobre o ensino
profissionalizante e a formação da mão de obra para o setor econômico, mais precisamente no
Maranhão para a indústria e a agropecuária, foi que a educação não conseguiu contribuir para
o tão almejado desenvolvimento do Estado, pois não houve uma preocupação em considerar a
realidade local, antes, simplesmente cumprir determinações que atendesse uma minoria da
sociedade.
FONTES
1. Jornais
- Diário da Manhã: 14/06/66, 16/06/66, 14/04/66, 19/04/66, 05/05/66, 23/06/66, 15/05/66,
10/07/66, 27/07/66, 04/08/66, 05/08/66, 09/09/66, 17/09/66, 20/10/66, 04/11/66.
- Diário do Povo: 16/12/1976, 19/12/ 1977.
- O Estado do Maranhão: 04/05/73, 09/01/76, 10/01/76, 13/01/76, 21/01/76, 28/01/76,
03/02/76, 05/02/76, 06/02/76, 25/02/76, 26/02/76, 05/05/76, 15/12/77, 17/12/77, 22/12/77.
- O Imparcial: 08/01/6 , 09/01/66, 11/02/66, 27/03/66, 24/0366, 29/03/66, 12/04/66,
22/05/66, 07/0167, 19/01/67, 14/02/67, 18/02/67, 03/03/67, 15/11/67, 03/12/67, 14/04/68,
05/04/68, 15/01/69, 08/03/69, 15/04/69, 18/04/69, 27/04/69, 24/04/69, 08/05/69, 07/04/71,
16/05/71, 08/06/71, 12/06/71.
- Posição: 16/01/77, 20/01/77, 10/02/77, 19/02/77, 03/03/77.
- Jornal Tribuna do Maranhão: 23/09/76, 09/09/77, 02/11/76, 08/12/76, 19/01/77, 08/11/77.
2. Planos de Governo e Mensagens
Mensagem à Assembléia Legislativa. Gov. José Sarney Costa. 1966, p. 39 – 40. 1967, p. 1 –
3. 1968, p. 1, 2.
______________. Gov. Pedro Neiva de Santana. 1972, p. 12, 13. 1973, p. 10 – 12. 1974, p. 10
– 18. 1975, p.29 – 81.
______________. Gov. Osvaldo da Costa Nunes Freire. 1978, p. 26 – 72. 1979, p. 15 – 63.
Gov. Osvaldo da Costa Nunes Freire. Seis meses de administração. 31mar. /30 de set. de
1975, p. 21- 25.
_______________. Ação Administrativa, mar. 1975 – set. 1978, p. 9 – 13.
_______________. II Plano de Desenvolvimento do Maranhão 1975/1978, p. 164 – 166.
Gov. Pedro Neiva de Santana. Plano de Governo 1971/1974. Volume I, p. 97 – 133.
______________ . Plano de Governo 1971/1974. Volume II, p. 105 – 121.
______________. Quatro anos de governo. P. 31 – 39.
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