Mundo Universitário - Edição 172

Preview:

DESCRIPTION

25 Outubro 2010

Citation preview

Dir

ecto

ra: L

aura

Alv

es |

Segu

nda-

feir

a, 2

5 de

Out

ubro

de

2010

| N

.º 1

72 |

Qui

nzen

al |

Dis

trib

uiçã

o gr

atui

ta |

ww

w.m

undo

univ

ersi

tari

o.pt

GALA FADUOs melhores desportistas universitários. P.04

STARTUP WEEKENDTens uma ideia de negócio? Usa-a! P.10

JAMESON URBAN ROUTESVai a dançar até ao MusicBox. P.12

Estou em Direito...e não vivo satisfeitoEles querem ser advogados, mas cerca de 90 por cento chumba no exame de acesso ao estágio da Ordem. O MU foi perceber porquê. P. 08 e 09

EDIÇÃO 172 de 25 de Outubro a 7 de Novembro de 2010

ficHa TécNica: Título registado no I.C.S. sob o n.º 124469 | Propriedade: Moving Media Publicações Lda | Empresa n.º 223575 | Matrícula n.º 10138 da C.R.C. de Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho de Gerência: António Stilwell Zilhão; Francisco Pinto Barbosa; Gonçalo Sousa Uva | Directora: Laura Alves | Redacção: Andreia Arenga | Online: Graziela Costa | Colaboradores: Emanuel Amorim, Eunice Oliveira, João Tomé, Luís Magalhães, Shampo Decapante, Ricardo Queirós | Cronistas: Luís Franco-Bastos | Projecto Gráfiico: Joana Túlio | Paginação: Vasco Albergaria | Revisão: Catarina Poderoso | Marketing: Vanda Filipe | Publicidade: Margarida Rêgo (Directora Comercial); Francisco Sousa Coutinho (Senior Brand Activator) | Distribuição: José Magalhães | Sede Redacção: Estrada da Outurela n.º 118 Parque Holanda Edifício Holanda, 2790-114 Carnaxide | Tel: 21 420 13 50 | Tiragem: 35 000 | Periodicidade: Quinzenal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Grafedisport; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz de Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646-1649.

vê as novidades que temos para ti na página de fãs do mu no faCeBooK

www.mundouniversitario.pt

» Editorial

Laura Alves • Directoralalves@mundouniversitario.pt

Se uma pessoa se põe a pensar em qual foi a mais importante invenção da História da Humani-dade, as possibilidades são, claro, mais que mui-tas. Terá sido a roda? A luz eléctrica? A Internet? A esferográfica? O soutien? Não há uma resposta. Há mil respostas, de acordo com o tempo e o es-paço, pois a verdade é que nos habituámos a vi-ver rodeados dos serviços e produtos que, um dia, algum estarola imaginou ou sentiu necessidade de ter para lhe facilitar a vida. Porque, de facto, é desse critério – a necessidade de uma pessoa

ou grupo – que surgem as grandes invenções. Estou em crer que a preguiça também terá a sua quota-parte de responsabilidade. Se não, vejamos: só alguém muito preguiçoso para

sair de casa e pôr uma carta no correio poderia ter inventado o e-mail. Só alguém muito preguiço-so para se levantar do sofá e ir mudar os canais na televisão poderia ter inventado o controlo remoto. Só alguém muito preguiçoso para fazer contas de

cabeça poderia ter inventado a calculadora. Daqui se conclui que os maiores génios são as pessoas preguiçosas. Brincadeiras à parte, a verdade é que as ideias mais revolucionárias e de grande utili-dade podem surgir de um simples clique mental quando se está a tomar banho – vejam só o caso de Arquimedes, com o seu célebre «Eureka!» –, a beber café ou, simplesmente, a olhar para as nuvens.

O problema, muitas vezes, é perceber isto mes-mo. Tomar consciência de que o processo de ter uma ideia e desenvolvê-la pode começar por uma constatação muito parva, que depois poderá ser explorada e aperfeiçoada. Ser empreendedor é, precisamente, não desistir de uma ideia que até parece descabida, mas que com algum esforço e entusiasmo, poderá ser a melhor ideia dos últimos anos. Ou do último século!

Nesta edição falamos-te de um projecto desen-volvido por um aluno e dois professores do Insti-

tuto Politécnico de Setúbal – a Smartpaint – que venceu o concurso Poliempreende – Concurso Nacional de Empreendedorismo. Revelamos-te, também, o que vai acontecer no Startup Weekend, uma iniciativa organizada por quatro estudantes do mestrado em Gestão da Universidade Nova, que te convida a apresentar uma ideia de negó-cio que, quem sabe, se poderá concretizar graças aos apoios envolvidos. Pelo meio, não deixes de te inteirar sobre o (árduo) caminho profissional per-corrido pelos recém-licenciados em Direito, pois também eles têm de ser empreendedores perante a possibilidade de chumbarem no exame de aces-so ao estágio da Ordem dos Advogados.

Afinal de contas, ter (boas) ideias é funda-mental em todas as áreas, tanto pessoais como formativas e profissionais. O que custa mesmo é começar. Mas pensa nisto: apostamos que o tipo que inventou uma coisa tão simples como o clip deve ter ficado milionário. Só pode!

todos os génios são preguiçosos

» CoNVErSa dE CorrEdor

No mês passado, a Federação Aca-démica do Porto (FAP) veio a públi-co alertar para a necessidade de criar legislação específica para o arrendamen-to de casas a estudantes universitários. Mais recentemente, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) manifestou a intenção de estimular o arrendamento jovem, através de um sistema de renda resolúvel. Ou seja, a autarquia disponibiliza casas que são propriedade municipal e que precisam de pequenas obras – pinturas, novas canaliza-ções, novas cozinhas... –, em troca de rendas mais baixas. Os trabalhos ficarão a cargo dos inquilinos que, ao fim de 25 anos de rendas, passam a proprietários. Esta estratégia «pode funcionar como um incentivo aos jovens», declarou a vereadora da Habitação da CML, Helena Roseta. Portanto, se vives em Lisboa, agora é começar a poupar dinheiro para fazeres obras. E ao fim de 25 anos a casa é tua.

José Coelho/lUsA

No final de Setembro, um grupo de estudantes colocou uma lona na Torre dos Clérigos, no Porto. A iniciativa da Federação Académica do Porto incluiu ainda a entrega de uma proposta de legislação do arrendamento académico no Governo Civil da cidade.

não perCasa próxima

edição8 de novemBro

PUBLICIDADE

[25 OUT 2010]4

Eunice Oliveirainfo@mundouniversitario.pt

O Casino da Figueira da Foz vestiu-se de gala para pre-miar os melhores da época 2009/2010 no que toca ao desporto universitário. Os prémios entregues pela Fede-ração Académica do Desporto Universitário (FADU) distin-guiram atletas, treinadores e equipas em virtude dos re-sultados obtidos durante o ano. Foram ainda atribuídos dois Galardões Prestígio: ao Comité Olímpico de Portugal e ao Instituto Politécnico do Porto.

COimbra dOminOU a nOiTe

A equipa de râguebi de 7’s masculino da Associação Aca-démica de Coimbra (AAC) foi a mais galardoada. O conjunto da AAC foi considerado a Me-lhor Equipa Masculina, tendo o jogador Sérgio Franco recebido o prémio de Melhor Atleta Mas-culino e Jorge Franco foi eleito o Melhor Treinador da época. A distinção acontece num ano em que a equipa de râguebi 7’s masculina foi Campeã Nacional e Europeia Universitária.

No plano das senhoras, a equipa de futsal da AAC con-quistou o prémio de Melhor Equipa Feminina. Já Sara Mo-reira, do Instituto Politécnico do Porto, recebeu, pelo segun-do ano consecutivo, o prémio de Melhor Atleta Feminina.

Pela qUalidade dO desPOrTO UniversiTáriO

Além dos prémios entre-gues aos melhores do ano, a FADU homenageou também 24 atletas das selecções uni-versitárias que alcançaram o pódio em campeonatos euro-peus e mundiais. As medalhas conquistadas nestas compe-tições têm vindo a aumentar de ano para ano, o que revela «uma maior aposta nas mo-dalidades e na formação dos atletas», afirmou o presidente da FADU, André Couto.

O Instituto Politécnico do Porto foi distinguido com o Galardão Prestígio, que ce-lebra o seu percurso de 25 anos enquanto dinamizador do desporto universitário. Também o Comité Olímpico de Portugal recebeu o galar-dão pela contribuição para a coesão do desporto. «É uma

honra para nós podermos co-laborar com a FADU. São 20 anos de desenvolvimentos do desporto universitário e o co-mité tem o dever de colaborar com estas instituições», real-çou o presidente do comité, Vicente Moura.

ainda mais emPenhO, PreCisa-se

Os 20 anos de existência da FADU não passaram em branco, pelo que a federação recebeu uma salva de prata das mãos do comité executi-vo da Federação Internacio-nal do Desporto Universitário (FISU).

Numa noite que brindou os campeões, houve tempo ainda para lembrar o trabalho que as universidades devem desenvolver no sentido de apoiar e reconhecer o atleta-estudante. «Precisamos de um maior empenho das uni-versidades neste âmbito, temos muito trabalho a fa-zer», concluiu o presidente do Instituto do Desporto de Portugal, Luís Sardinha, re-conhecendo o contributo do desporto universitário para o desporto português.

Fulbright e instituto Camões renovam parCeria

A Comissão Fulbright e o Instituto Camões renovaram este mês o protocolo que existe desde 1999 para apoiar o intercâmbio de estu-dantes e professores universitários. As duas instituições desenvol-vem assim as condições necessárias para a promoção de intercâm-bios educacionais entre Portugal e os Estados Unidos. Os apoios, sob a forma de bolsas de estudo, podem ser con-cedidos a portugueses que planeiem leccionar ou fazer investigação nos Estados Unidos, bem como a estudantes ame-ricanos que pretendam desenvolver projectos de investigação em Portugal, em diversas áreas. Para mais informações vai a www.fulbright.pt.

prÉmios. FaDu Distinguiu os melhores Desportistas e aaC arreCaDa quatro prÉmios

Desporto universitário em traje de galaa iii Gala dO desPOrTO UniversiTáriO jUnTOU mais de 300 aTleTas, enTre TreinadOres, diriGenTes, aGenTes e enTidades desPOrTivas. a assOCiaçãO aCadémiCa de COimbra fOi a Grande venCedOra, COm qUaTrO PrémiOs em CinCO nOmeações. O mU esTeve lá e COnTa-Te COmO TUdO se PassOU, nUma nOiTe em qUe Os faTOs-de-TreinO fiCaram em Casa.

» alunos Da tÉCniCa em regata internaCionalUma equipa de alunos da Universidade Técnica de Lisboa está a represen-tar Portugal no Student Yachting World Cup, que decorre em França até ao próximo dia 30. Esta é uma das mais importantes provas europeias de vela universitária e participam estudantes de todo o mundo. A equipa portugue-sa integra o velejador Francisco Lobato, Sara Carmo, Gonçalo Ribeirinho, António Mello, Ricardo Schedell, Ana Sofia Oliveira e Manuel Arriaga.

» aveiro DestaCa-se na investigação CientíFiCaA Universidade de Aveiro ocupa, actualmente, a 172.ª posição no ranking mundial das instituições de ensino superior com melhor prestação no que concerne a produção científica. De acordo com o relatório ‘Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities’, elaborado pelo Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwan, a Universidade de Aveiro destaca-se nas áreas de engenharia e tecnologia.

» 20 anos De FaDU

Durante a Gala do Desporto Universitário assinalaram-se os 20 anos da FADU. A instituição nasceu do desejo de vá-rias academias do País de dinamizar, incentivar e organi-zar o desporto no seio do ensino superior. Actualmente conta com 42 associados e 7.000 praticantes divididos por 30 modalidades. Em breve poderão passar a ser 31 moda-lidades, já que o André Couto, presidente da instituição, manifestou ao MU a intenção de voltar a integrar a vela nas competições da FADU. Mais informação em www.fadu.pt.

» associação académica de CoimbraMelhor Treinador: Jorge Franco, râguebi 7’sMelhor Atleta Masculino: Sérgio Franco, râguebi 7’sMelhor Equipa Masculina: Equipa de râguebi 7’sMelhor Equipa Feminina: Equipa de futsal

» instituto Politécnico do PortoMelhor Atleta Feminina: Sara Moreira, atletismo

premiaDos

Melhor atleta feminina: Sara Moreira, do Politécnico do Porto

Melhor atleta masculino: Sérgio Franco, de Coimbra

A equipa de futsal feminino da Académica de Coimbra

O PrémiO ZON ‘Criatividade em multimédia’ vai Para a sua terCeira ediçãO. Que balaNçO faZ destes três aNOs de PrémiO?

O prémio tem-se afirmado como o mais prestigiado nas áreas do audiovisual, das aplicações e conteúdos multimédia em Por-tugal, desde logo pelo valor dos prémios. Com quase 300 trabalhos inscritos nas duas primeiras edições, o balanço é muito positivo e com grande impacto na criação. A experiência das duas primeiras edições aconselhou-nos a ampliar a presença das indústrias digitais no Prémio. Fizemos uma importante alteração ao regulamento: fusão da categoria ‘Aplicações’ com a categoria ‘Conteúdos Multimédia’ e criação da nova categoria ‘Animação Digital’, mantendo-se a categoria ‘Curtas-Metragens’.

POdemOs afirmar Que POrtugal PrOduZ Ou disPõe de jOveNs taleN-tOs COm exCelêNCia Nas áreas da iN-dústria multimédia e audiOvisual?

Na área das curtas-metragens, Portugal dispõe hoje de competências e criatividade de bom nível e, em alguns casos, de nível internacional. A ZON procurou ao longo deste ano contribuir para o desenvolvimento do guionismo de cinema ao estabelecer uma

parceria com a universidade de Austin, no Texas, no âmbito de UT Austin – Portugal, CoLab. O guionismo é uma área crítica em qualquer país, incluindo os Estados Unidos da América. Segundo os professores que orien-taram o ZON Lab, também nos EUA os alunos revelam grande apetência e competência a nível técnico, mas falham no interesse e na qualificação para escrita de cinema.

Quanto à indústria multimédia portu-guesa, o diagnóstico é simples: está atra-sada. Há, claro, ilhas de excelência naquilo a que chamamos o ecossistema multimédia. Há muita coisa, mas de qualidade amadora.

de Que fOrma se POde alterar essa realidade?

Procurámos este ano incentivar a apre-sentação de trabalhos a concurso num dos elos mais fracos desta indústria em Portu-gal, mas que é também aquele que de longe terá maior expansão: conteúdos multimédia para smart phones. Também chamámos a atenção para a apresentação do concurso de widgets, aplicações que, desde logo, têm na plataforma da ZON amplo espaço de de-senvolvimento.

dOs trabalhOs Que fOram a CONCursO e Que fOram PremiadOs,

Quais tiveram imPlemeNtaçãO PrátiCa?

Alguns dos trabalhos premiados já esta-vam em utilização. Por exemplo, o ‘Labo-ratórios de Instrumentação para Medição’, de Restivo, é um livro digital didáctico em utilização por várias universidades. A apli-cação ‘Astrolab’, da CommTogether, está a ser utilizada por câmaras municipais e a empresa procura neste momento um parceiro comercial. A aplicação para TV on-line ‘Future Box TV’, da Viatecla, é utiliza-da pela APDC no seu serviço de TV online. A aplicação www.tv.up.pt é utilizada pela TV da Universidade do Porto. Outros premia-dos eram protótipos funcionais. ‘Jarbas’, um computador de cozinha, está a servir de plataforma para a empresa FYI estabelecer e desenvolver uma parceria internacional.

e Nas Curtas-metrageNs?Realço ‘3x3’ de Nuno Rocha, que ganhou

o prémio da categoria e o grande prémio em 2008. Teve aplicação prática nos cine-mas Lusomundo a anteceder a exibição de ‘Quem Quer ser Bilionário?’, tendo tido cerca de 150 mil espectadores, um recor-de para uma ‘curta’ portuguesa em sala de cinema. Além disso, muitas das curtas fina-listas têm aplicação prática como entreteni-mento disponível no Videoclub ZON em VOD gratuito.

de Que fOrma é Que O PrémiO ZON ‘Criatividade em multimédia’ mudOu a vida dOs veNCedOres?

Para muitos dos premiados a vida não é a mesma coisa. Em particular para aque-les que aplicaram o dinheiro do prémio para expandir capacidades, competências e negócios, ou que souberam aproveitar a disponibilidade da ZON para acompanhar e apoiar os premiados no desenvolvimento de carreiras ou lançamento de novas inicia-tivas individuais e empresariais. O caso mais evidente é o de Nuno Rocha, que aproveitou a bolsa de estudo da Fundação para a Ciên-cia e Tecnologia em Austin, outra compo-nente do prémio, para realizar ‘Vicky and Sam’ e para afirmar a sua produtora pes-soal, a Filmes da Mente. O Nuno aproveitou bem a notoriedade que lhe trouxe o prémio e está a tentar abrir asas no outro lado do Atlântico, tendo sido contratado pela produ-tora responsável por sucessos como ‘Arma-geddon’ ou ‘Pearl Harbor’.

DESAFIO. InScrIçõES pArA O prémIO ZOn ‘crIAtIvIDADE Em multIméDIA’ DEcOrrEm Até 5 DE nOvEmbrO

Tira a criatividade da gaveta

«Portugal dispõe hoje de competências e criatividade em curtas-metragens de bom nível e, em alguns casos, de nível internacional», afirma Nuno Cintra Torres, coordenador e membro do júri do Prémio ZON

PUBLIrePortagem

5[25 Out 2010]

Prémio ZoN ‘Criatividade em multimédia’ Esta iniciativa da ZON mudou a vida de muitos dos jovens que se candidataram nas edições anteriores. O próximo podes ser tu. As candidaturas decorrem até 5 de Novembro em www.zon.pt/premio.

Nuno Rocha, vencedor da edição de 2008, trabalha hoje com a produtora norte-americana responsável por êxitos como ‘Armageddon’ ou ‘Pearl Harbor’

PUBLICIDaDePUBLICIDADE

[25 OUT 2010]6

Andreia Arengaaarenga@mundouniversitario.pt

A ideia surgiu por acaso, a partir das investigações que Susana Gonçalves e Pedro Marques de Almeida, profes-sores de Química e de Física no Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), desenvolveram durante o ano passado. Rapi-damente perceberam que a Smartpaint podia ser muito útil. «Às vezes é a necessida-de que empurra a tecnologia para fazer alguma coisa, mas no nosso caso foi ao contrá-rio. Ao trabalharmos sobre as nossas áreas [a Física e a Quí-mica] surgiu-nos esta ideia», conta Susana Gonçalves.

A ciênciA AplicAdA às empresAs

A Smartpaint reage à tem-peratura e ao toque e, a partir dessas duas variantes, a sua tonalidade pode transformar--se. Esta tinta inteligente pode ser aplicada em diversas áre-as com objectivos diferentes. «Há imensas aplicações, tan-to na parte lúdica, em brin-quedos para crianças, como na arquitectura e na cons-trução civil, no marketing e na publicidade. As aplica-ções são variadíssimas».

Ao fazerem esta descober-ta, os professores Susana Gonçalves e Pedro Marques de Almeida, actualmente do-cente no Instituto Politécnico de Leiria, convidaram o seu melhor aluno em Engenharia

Química, o Rúben Encarna-ção, para integrar a equipa e apresentarem o projecto no Poliempreende – Concurso Nacional de Empreendedo-rismo. «Como achámos que esta ideia tinha muito poten-cial, resolvemos apresentá-la não no âmbito da investiga-ção, mas num concurso de empreendedorismo, porque pode ser aplicada em diver-sos contextos. Entrámos no concurso por brincadeira, mas à medida que a com-petição ia avançando fomos ficando cada vez mais entu-

siasmados (risos)», relembra a professora.

«de qUe cOr vOU pinTAr A minhA cAsA?»

O projecto acabou por fi-car em primeiro lugar, tan-to na competição regional como nacional, e o valor do prémio (cerca de 10 mil euros) vai ser aplicado na criação de uma empresa de tintas técnicas com proprie-dades especiais. O objectivo é aproximar o mundo da ciência às empresas, duas realidades que parecem não

se dar muito bem. «Isto é muito positivo porque obri-ga-nos a ver o outro lado e, como envolve os alunos, obriga-os também a olhar para estes dois meios: o da investigação e o da empre-sa. Nós queríamos que esta fosse uma empresa empur-rada pela tecnologia e acho que este projecto é muito aliciante para um engenhei-ro químico».

Se a empresa for mesmo para a frente, daqui a dois anos, o Rúben já tem o futu-ro assegurado. E nós já não

precisamos de dar voltas à ca-beça por causa da cor com que vamos pintar o quarto.

INOVAÇÃO. INstItutO POlItécNIcO de setúbAl crIA tINtAs que mudAm de cOr

» estudANtes de cOImbrA INtegrAm rede INterNAcIONAlCinco estudantes de mestrado da Universidade de Coimbra foram escolhidos para integrar a SYLFF – The Ryoichi Sasakawa Young Leaders Fellowship Fund. Esta rede mundial de jovens líderes tem como missão promover a paz, ultrapassando barreiras políticas, religiosas e étnicas. Os alunos vão receber bolsas no valor de 2 mil euros que se destinam a apoiar estudantes do ensino superior que se destacam pelas suas capacidades académicas e humanas.

» HIstOrIAdOr dIstINguIdO cOm O PrémIO sedAs NuNesA obra ‘Comunismo e Nacionalismo em Portugal’ valeu a José Neves, investigador da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o Prémio A. Sedas Nunes. A sua tese de doutoramento em História analisa os contributos de dirigentes e intelectuais comunistas para criar o conceito de Nação. Este prémio distingue trabalhos de excepcional qualidade na área das ciências sociais e que contribuem para o conhecimento da realidade portuguesa.

Uma ideia com tinta

sUsAnA GOnçAlvesEngenheira química e do-cente na Escola Superior de Tecnologias do Barrei-ro e de Setúbal do IPS

pedrO mArqUes de AlmeidAInvestigador na área da física e docente no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

rúben miGUel dA encArnAçãOEstudante de Engenharia Química na Escola Supe-rior de Tecnologias do IPS

» sObre O pOliempreende É um concurso de em-preendedorismo com o objectivo de incentivar os alunos de Ensino Supe-rior Politécnico a mostrar as suas ideias inovadoras para a criação de novas empresas. O concurso já vai na sua sétima edição e todos os anos promove um concurso regional en-tre os diversos politécni-cos do País. Os melhores projectos disputam a final nacional.

UmA bOlA vermelhA qUe, AO ser AGArrAdA pOr UmA criAnçA, se TrAnsfOrmA nUmA bOlA AmArelA. OU Um prATO qUe mUdA de cOr enqUAnTO cOmemOs UmA refeiçãO. pArece impOssível, mAs cOm A smArTpAinT isTO pOde AcOnTecer. TrATA-se de UmA TinTA inTeliGenTe qUe fOi desenvOlvidA pOr rúben encArnAçãO, AlUnO de enGenhAriA qUímicA, e pelOs prOfessOres sUsAnA GOnçAlves e pedrO mArqUes de AlmeidA. O prOjecTO venceU O pOliempreende – cOncUrsO nAciOnAl de empreendedOrismO e vAi dAr OriGem A UmA empresA.

» dOceNte dO INstItutO suPerIOr técNIcO gAlArdOAdO

Fernando Pereira, professor associado do Departamen-to de Engenharia Electrotécnica e de Computadores do Instituto Superior Técnico e investigador sénior do Instituto de Telecomunica-ções, foi distinguido com o Certificado de Mérito pelo Institu-te of Electrical and Electronics Engineers (IEEE). Este reconhe-cimento deve-se à dedicação demons-trada pelo professor na organização da Conferência Inter-nacional IEEE 2010 sobre ‘Processamento de Imagem’ que se realizou recentemen-te em Hong Kong. Já em 2008, Fernando Pereira tinha sido no-meado ‘Fellow’ pelo IEEE. Esta é uma das mais altas distinções feitas pela instituição internacional que reconhece cientistas com currículo de relevo e pelo contri-buto prestado a nível internacional.

A equIPA

Susana Gonçalves, Pedro Marques de Almeida e Rúben Encarnação venceram o Poliempreende com a Smartpaint

7[25 OUT 2010]

Vencedor do campeonato UniVersitário de poker do ano passado

Tiago Azevedo

IdAde? 25 anos de Onde és? Póvoa de Varzim. Onde esTUdAvAs nO AnO pAssAdO? Último ano de mestra-do em Arquitectura na Universidade Lusíada de Famalicão. O qUe esTás A fAzer AgOrA? Comecei este ano o estágio profissional. qUAndO cOmeçAsTe A jOgAr pOker e pOrqUê? Comecei a jogar há cerca de dois anos por mera curiosidade. Queria aprender este jogo de que se falava tanto. cOmO fOI gAnhAr O cAmpeOnATO nO AnO pAssAdO? Foi FANTÁSTICO! Chegar lá como um iniciado e acabar com a vitória foi uma experiência muito boa. hOUve AlgUm epIsó-dIO cArIcATO qUe Te recOrdes? Depois de todas as horas de jogo intenso, finalmente tinha vencido, e reparei que já passava das 04h00... Queria fazer a festa, mas lá em casa todos dormiam...

poker. entre 1 e 27 de noVembro podes mostrar a tUa perícia e ganhar 5 mil eUros

Tens mãos para este desafio?JÁ FALTA POUCO, mUITO POUCO, PArA A grANDe COmPeTIçãO COmeçAr. O CAmPeONATO UNIVerSITÁrIO De POker ArrANCA NO PróxImO DIA 1 De NOVembrO COm O APOIO DO mUNDO UNIVerSITÁrIO e CONVIDA TODOS OS eSTUDANTeS A mOSTrAr O TALeNTO COm AS CArTAS. O CAmPeONATO DeCOrre ONLINe em POkerSTArS.COm.

O qUe é O cAmpeOnATO UnIver-

sITárIO de pOker?É um torneio de poker online para es-

tudantes universitários no qual é pos-sível desenvolver o talento de jogador e também ganhar prémios monetários aliciantes.

Onde?em www.pokerstars.com, após insta-

lar a aplicação gratuita de jogo.

qUAndO?De 1 a 27 de Novembro.

cOmO?Os torneios diários decorrem de 1 a

27 de novembro. Se conseguires um bom resultado nos torneios diários avanças para a Final Semanal, e depois para a grande Final, onde os grandes prémios estão à tua espera.

qUem?Podem participar estudantes univer-

sitários de todo o País que tenham um cartão de estudante válido. Atenção que, se não fores estudante, não pode-rás participar na grande Final.

e Os prémIOs?em jogo vão estar €20.000 em pré-

mios, sendo que €5.000 são para o ven-cedor. Na grande Final há 100 lugares premiados, o que quer dizer que tens excelentes hipóteses de ganhar. Para tornar ainda mais emocionante a gran-de Final, os nove finalistas irão disputar o grande prémio ao vivo no Casino de espinho!

5 de dezembrogrande Final

(buy-in directo €33)

final semanal grande Final

(buy-in directo €3.30)

satélite €1.10

satélite €0.55

freerolls

Diariamente

entre 1 e 27

de Novembro

Diariamente

entre 1 e 27

de Novembro

Diariamente

entre 1 e 27

de Novembro

7, 14, 21, 28

de Novembro

5 de Dezembro

20h30

Hora de Portugal

(14h30 eT)

21h00

Hora de Portugal

(15h00 eT)

21h30

Hora de Portugal

(15h30 eT)

20h30

Hora de Portugal

(14h30 eT)

20h30

Hora de Portugal

(14h30 eT)

9 lugares

garantidos para

a Final Semanal

18 lugares garantidos

para a Final Semanal

+ 1 lugar por cada

€3.30 de prize pool

27 lugares garantidos

para a Final Semanal

+ 1 lugar por cada

€3.30 de prize pool

Um lugar

por cada €3.30

de prize pool

€20.000 gArANTIDOS

Os primeiros 9 colocados

seguem para o evento ao vivo

(Hotel + viagem para o evento incluídos + prémios em dinheiro)

Torneio data hora prémio

» CALENDÁRIO DE TORNEIOS

PUBLIrePortagem

Andreia Arengaaarenga@mundouniversitario.pt

São cerca de 5 mil os licenciados em Direito que todos os anos integram a Ordem dos Advogados. Um núme-ro elevado que não pára de crescer. Será que Portugal precisa de tantos advogados? O bastonário da Ordem, António Marinho e Pinto, acredita que não. «Um número excessivo de advo-gados degrada o exercício da activi-dade forense e a qualidade dos ser-viços, e cria situações insustentáveis do ponto de vista da administração da Justiça», disse em entrevista ao MU.

ApenAs 20 por cento vão ser AdvogAdos

Dos 275 licenciados em Direito que realizaram o primeiro exame em Março, cerca de 90 por cento reprovaram. Um número que, de-pois dos recursos apresentados por alguns licenciados, desceu para 80 por cento, mas que ainda assim é bastante elevado. Marinho e Pinto relaciona estes resultados com a má

preparação dos estudantes de Direi-to. «Os licenciados em Direito hoje não estão preparados para exercer uma profissão forense com as res-ponsabilidades e com as exigências da advogacia. É muito diferente uma licenciatura de cinco anos de uma li-cenciatura de três ou de quatro anos. Nós aceitamos que estes licenciados possam entrar, mas exigimos que fa-çam o exame para ver quem é que está devidamente preparado», expli-ca o bastonário.

Marinho e Pinto não compreende o alarme em torno desta medida e responsabiliza o Processo de Bolo-nha e as universidades portuguesas pela degradação do ensino do Direi-to. «Já antes havia uma degradação do ensino do Direito, mas o Proces-so de Bolonha veio acentuá-la ainda mais. Não se pode exercer advocacia sem ter o mínimo de conhecimento científico, e a maior parte das uni-versidades portuguesas não dá essa formação. Em vez de ministrarem os cursos como deviam, vendem os cur-sos a prestações.»

«somos mAis que As mães!»Pedro Rica, 31 anos, é advogado,

«ama a lei», e nunca pôs a hipótese de não agregar a Ordem. Na altura em que fez a licenciatura de cinco anos na Faculdade de Direito da Universi-dade Moderna de Setúbal, as condi-ções para integrar a Ordem eram bem diferentes. Os licenciados em Direito inscreviam-se mediante o pagamen-to de cerca de 500 euros e iniciavam assim o estágio. A grande prova de fogo era depois, um exame escrito, com a duração de três horas, a que eram sujeitos todos os estagiários e só os melhores passavam. Quando confrontado com esta nova realidade, Pedro admite que tem opiniões am-bivalentes. «Quem quiser ser advo-gado tem que estudar, como é óbvio, mas depois há a questão de saber se houve realmente uma séria aplicação dos critérios de avaliação, o que é du-vidoso tendo em conta esse rácio de chumbos.»

Questionado sobre os critérios de avaliação do exame, Marinho e Pinto diz apenas que «a prova é rigorosa e

os critérios são definidos por uma co-missão nacional de avaliação no qual o bastonário confia plenamente».

Apesar de tudo, o advogado Pedro Rica concorda com o bastonário, na medida em que se tem verificado uma degradação, tanto ao nível do ensino do Direito, como no exercício da pró-pria profissão, facto que está direc-tamente relacionado com o número cada vez maior de diplomados nesta área. «O que está aqui em causa é a diluição da dignidade da classe. Isso tem um impacto na opinião públi-ca que fica com a ideia de que uma pessoa vai na rua, chuta uma pedra e sai um advogado, porque somos mais que as mães! A classe enfrenta pro-blemas criados pelo facto de sermos muitos. As pessoas prestam-se a fa-zer trabalhos que não são condignos com a classe.»

quAl o futuro dos diplomAdos?Mas o que vai acontecer a todos

estes licenciados que querem ser advogados e não conseguem aceder à profissão? Sobre o futuro dos di-

plomados, Marinho e Pinto diz que esse é um problema do Estado. «Se o Estado acha que são necessários 19 cursos de Direito em Portugal, então que arranje saída para os 5 ou 6 mil licenciados em Di-reito que aparecem aí todos os anos. Não pensem que vão vir todos para a Ordem dos Advogados depois de serem escorraçados de outras saídas profissionais. É impossível!»

Pedro Rica tem dúvidas sobre se im-pôr um exame de acesso ao estágio da Ordem será a maneira mais correcta de resolver o problema. O advogado acredita que, se por um lado se está a proteger a classe, por outro lado, está--se a condicionar a liberdade de esco-lha das pessoas que querem seguir o caminho da advocacia. «A Ordem dos Advogados é uma associação privada de interesse público e, na minha opi-nião, a única coisa que tem que aferir é se a pessoa adquiriu e sedimentou as regras de conduta e os princípios deontológicos da classe. Tudo o resto são instrumentos para cortar o aces-so à actividade. O remédio para isto

ADVOGADOS. MAiS De MetADe DOS licenciADOS eM DireitO chuMbArAM eSte AnO nO exAMe De AceSSO AO eStáGiO DA OrDeM DOS ADVOGADOS

«Não pensem que vêm todos para a Ordem. É impossível!»

POrQue É Que AchAS Que hOuVe tAntOS chuMbOS?

susAnA mAnocurso/faculdade: Faculdade de Direito da Universidade de Coimbrano futuro: Quer seguir Inves-tigação«Pela má preparação dos alu-nos, resultante da descida de qualidade do ensino, e muito por culpa do Processo de Bolonha. A realidade do exame de acesso à Ordem é completamente di-ferente da realidade que os alunos enfrentam durante os quatro anos de estudo: maté-rias dadas por alto e a despa-char.»

tÂniA rodriguescurso/faculdade: Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra no futuro: Quer seguir Magis-tratura«Realmente é uma percen-tagem um bocado chocante, dado o grande número de licenciados que há em Direi-to. Os resultados, se calhar, reflectem a mal preparação dos licenciados para exercerem a sua profissão, ou então, o exame era mesmo difícil. Se a culpa será totalmente dos estudantes? É um caso para todos reflectirem...»

O Que Diz MArinhO e PintO

«Não se pode exercer advocacia sem ter o mínimo de conheci-mento científico, e a maior parte das universidades portuguesas não dá essa formação», apon-ta o bastonário da ordem dos Advogados.

DESDE O INíCIO DESTE ANO, TODOS OS lICENCIADOS EM DIREITO QUE QUEIRAM ACEDER à ORDEM DOS ADvOgADOS PARA ExERCER A PROFISSãO DEvEM FAzER UM ExAME. DOS PRIMEIROS QUE REAlIzARAM A PROvA EM MARçO, CERCA DE 90 POR CENTO ChUMBARAM. O NúMERO ElEvADO DE ChUMBOS TEM CAUSADO POlÉMICA JUNTO DE AlgUNS MEMBROS DA ClASSE E DAS UNIvERSIDADES. SERá QUE O ACTUAl PROCESSO DE BOlONhA NãO ESTá A PREPARAR BEM OS SEUS AlUNOS, OU ESTA É MAIS UMA MANOBRA DE RESTRIçãO AO ACESSO DA PROFISSãO? EM vÉSPERAS DE NOvO ExAME, AgENDADO PARA 12 DE NOvEMBRO, O MU FOI DESCOBRIR.

O desemprego dos licenciados em números

O relatório ‘A Procura de Emprego Dos diplomados com Habilitação Supe-rior’ efectuado pelo Gabinete de Planea-mento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (organismo do Ministé-rio da Ciência, Tecnologia e Ensino Su-perior) relativo a 2008, dava conta de 1.237 licenciados em Direito inscritos no Centro de Emprego durante um período inferior ou igual a 12 meses.

De acordo com os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados pelo Ministério do Trabalho, os licenciados portugueses têm mais di-ficuldades em arranjar emprego (55 por cento) do que pessoas habilitadas com o 9.º ano de escolaridade (52,2 por cento) ou com o secundário (51,7 por cento). Os dados mostram que um licenciado demora, em média, um ano a conseguir emprego.

Por outro lado, o relatório mais re-cente da OCDE – ‘Education at a glance 2010’ –, relativo à taxa de desemprego entre 2008 e 2009, aponta para uma diminuição do desemprego entre a po-pulação com habilitação superior. No estudo, a OCDE realça que estes dados podem justificar um prolongamento dos estudos na população jovem para não enfrentarem a situação difícil que se está a viver no mercado de trabalho.

os critérios são definidos por uma co-missão nacional de avaliação no qual o bastonário confia plenamente».

Apesar de tudo, o advogado Pedro Rica concorda com o bastonário, na medida em que se tem verificado uma degradação, tanto ao nível do ensino do Direito, como no exercício da pró-pria profissão, facto que está direc-tamente relacionado com o número cada vez maior de diplomados nesta área. «O que está aqui em causa é a diluição da dignidade da classe. Isso tem um impacto na opinião públi-ca que fica com a ideia de que uma pessoa vai na rua, chuta uma pedra e sai um advogado, porque somos mais que as mães! A classe enfrenta pro-blemas criados pelo facto de sermos muitos. As pessoas prestam-se a fa-zer trabalhos que não são condignos com a classe.»

Qual o futuro dos diplomados?Mas o que vai acontecer a todos

estes licenciados que querem ser advogados e não conseguem aceder à profissão? Sobre o futuro dos di-

plomados, Marinho e Pinto diz que esse é um problema do Estado. «Se o Estado acha que são necessários 19 cursos de Direito em Portugal, então que arranje saída para os 5 ou 6 mil licenciados em Di-reito que aparecem aí todos os anos. Não pensem que vão vir todos para a Ordem dos Advogados depois de serem escorraçados de outras saídas profissionais. É impossível!»

Pedro Rica tem dúvidas sobre se im-pôr um exame de acesso ao estágio da Ordem será a maneira mais correcta de resolver o problema. O advogado acredita que, se por um lado se está a proteger a classe, por outro lado, está--se a condicionar a liberdade de esco-lha das pessoas que querem seguir o caminho da advocacia. «A Ordem dos Advogados é uma associação privada de interesse público e, na minha opi-nião, a única coisa que tem que aferir é se a pessoa adquiriu e sedimentou as regras de conduta e os princípios deontológicos da classe. Tudo o resto são instrumentos para cortar o aces-so à actividade. O remédio para isto

s e r i a a Ordem pugnar junto do Estado para di-minuir o número de vagas nas faculdades de Direito. Pes-soalmente sou contra isto, porque as pessoas também têm direito a querer tirar Direito.»

O advogado acredita que, indepen-demente de este ser um exame dificil, quem quiser mesmo ser advogado há--de prosseguir o seu objectivo. «Não é por chumbar neste exame que as pessoas que querem mesmo este ca-minho vão desistir, é uma questão de insistência. Porque é que concorrem tantas pessoas ao Centro de Estudos Judiciários, que é um exame infinita-mente mais complicado? Também é um exame com muitos chumbos, mas as pessoas vão tentando, é uma vo-cação.»

ADVOGADOS. MAiS De MetADe DOS licenciADOS eM DireitO chuMbArAM eSte AnO nO exAMe De AceSSO AO eStáGiO DA OrDeM DOS ADVOGADOS

«Não pensem que vêm todos para a Ordem. É impossível!»

fotos: Graziela costa

pUBliciDaDe

DESDE O INíCIO DESTE ANO, TODOS OS lICENCIADOS EM DIREITO quE quEIRAM ACEDER à ORDEM DOS ADvOGADOS PARA ExERCER A PROfISSãO DEvEM fAzER uM ExAME. DOS PRIMEIROS quE REAlIzARAM A PROvA EM MARçO, CERCA DE 90 POR CENTO CHuMbARAM. O NúMERO ElEvADO De chumboS Tem cauSaDo PolÉmica JuNTo De alguNS membroS Da claSSe e DaS uNiverSiDaDeS. Será que o acTual ProceSSo De boloNha Não eSTá a PreParar bem oS SeuS aluNoS, ou eSTa É maiS uma maNobra De reSTrição ao aceSSo Da ProfiSSão? em vÉSPeraS De Novo exame, ageNDaDo Para 12 De Novembro, o mu foi DeScobrir.

GAnhA

entrADAS DuplAS

Vê cOMO eM

www.MunDOuniVerSitAriO.pt

Laura Alveslalves@mundouniversitario.pt

João Villar, licenciado em Design Industrial, Marta Paiva, licenciada em Gestão Hotelei-ra, Catarina Rodrigues e Cláu-dia Figueiredo, ambas forma-das em Gestão. É este o grupo de alunos do mestrado em Gestão da Universidade Nova que uniu esforços para criar o Startup Weekend Lisboa, um concurso de empreendedoris-mo que pretende ser um em-purrão para quem deseja vir a abrir um negócio.

A ideia, já conhecida lá fora e realizada em cerca de 100 cidades, vem agora para Portugal pela mão destes es-tudantes. No final, o projecto vencedor poderá ver a luz do dia através do IAPMEI - Ins-

tituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas.

O que é, afinal, O Startup Weekend?

Destinado a todos aqueles que têm – ou querem vir a ter – uma ideia de negócio, o Startup Weekend materializa-se atra-vés de 54 horas de discussão de ideias e acompanhamento por um painel de mentores. O objectivo é, portanto, criar as condições para que, havendo ideias, estas possam ser de-senvolvidas, aperfeiçoadas e avaliadas, com vista à sua pos-sível concretização. Isto, ao

mesmo tempo que se criam pontes de contacto com em-preendedores, criativos e in-vestidores do panorama em-presarial nacional. No final, as ideias consideradas pelo júris como sendo mais inovadoras serão apresentadas na Sema-na Global do Empreendedoris-mo, que acontece de 16 a 22 de Novembro.

«eStamOS a criar O mundinhO dO empreendedOr»

João Villar, um dos orga-nizadores do Startup We-ekend, avança com a razão de ser desta iniciativa: «Que-remos beneficiar ao máximo os participantes e criar ne-les o ‘bichinho’ do empre-endedorismo. Esperamos que saiam muito mais cons-cientes do que querem fa-zer e do tipo de negócio que querem ter. Estamos a criar o mundinho do em-preendedor.»

Desta forma, os aspirantes a empreendedores poderão contar com a preciosa ajuda de «empresários, investido-res de capital de risco e ‘bu-siness angels’», que os irão orientar no desenvolvimen-to das ideias de negócio. Os períodos de trabalho serão intercalados com comunica-ções de diversos oradores, também elas com o intuito de ajudar a estruturar os projec-tos. «Cada um tem áreas de actuação diferentes e o nos-so objectivo é que nenhuma ideia passe despercebida e que os participantes tenham

a oportunidade de conseguir aquele empurrão inicial», es-clarece João Villar.

tenS uma ideia? fOrça niSSO!

A participação está aberta a todos aqueles que têm uma ideia interessante de negó-cio a bailar na cabeça, mas também àqueles que ainda não têm nada de muito con-creto. Qualquer que seja a área. Isto porque, como nos diz João Villar, o júri que irá avaliar os trabalhos abrange diversas áreas. «A experiên-cia que tenho destes concur-sos de empreendedorismo é que a maior parte das ideias são baseadas em serviços ou marketing, porque no tempo que as pessoas têm é mais fá-cil desenvolver uma ideia de serviço do que um produto ou ideia tecnológica. Mas essas ideias também surgem e se-rão aceites.»

Para saberes tudo sobre a participação no Startup We-ekend e os apoios que serão concedidos à equipa da ideia vencedora vai a http://lisbon.startupweekend.org.

[25 Out 2010] 10

» EntrEprEnEurship BusinEss WEEk Em sEtúBalComeça hoje a 4.ª edição da ‘Entrepreneurship Business Week Setúbal’, uma iniciativa da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal que decorre até dia 29. O mote da iniciativa é ‘Empreendedorismo e Internacionalização no Campus do IPS’ e os participantes têm oportunidade de trabalhar em equipa para apresentar planos de negócio no âmbito da ciência, tecnologia e sustentabilidade.

» FCup JoBFair 2010 na univErsidadE do portoAté dia 27 está a acontecer a FCUP JobFair 2010, uma feira de emprego e empreendedorismo organizada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Questões como a procura do primeiro emprego, a reinserção profissional, a opção do empreendedorismo e o capital de risco são alguns dos temas em debate. Informação em http://aefcup.pt/fcupjobfair2010.

fotos: mónica moitas

alunos da univErsidadE do porto têm EmprEgo ao Fim dE três mEsEs

Esta é uma das con-clusões de um estudo de empregabilidade divulgado pelo Obser-vatório de Emprego da Universidade do Porto, e que aponta 3,4 meses como o tempo médio de procura do primeiro emprego por parte dos licenciados da instituição.Os dados reportam aos alunos que concluíram o curso no ano lectivo de 2007/2008, e indica também que cerca de 74 por cento precisou de menos de seis meses para encontrar empre-go. O estudo avança ainda com o facto de, dois anos após a conclu-são do curso, apenas 8 por cento dos inquiridos estarem a viver uma si-tuação de desemprego.

startup WEEkEnd. iniCiativa dE alunos dE mEstrado Em gEstão da nova dEsaFia-tE a tEr uma idEia dE nEgóCio

cOnSelhOS eStratéGicOS

«Temos dois ‘targets’», observa João Villar: «as pessoas que já têm uma ideia e vão tentar arranjar uma equipa para os ajudar, e tam-bém temos pessoas que não têm ainda nada de concreto pensado, mas sabem que não que-rem trabalhar para os outros toda a vida.» Se já tens uma ideia: Leva a ideia o mais desenvolvida possível. «Quanto mais estiver

consolidada mais credibilidade terá para ir para a frente. O principal é mostrar confian-ça, ou ninguém irá acreditar no projecto.»Se ainda não tens uma ideia: Não se perde nada em ir à aventura. «Analisem as ideias que estão a ser apresentadas, contribuam com o vosso ‘know-how’ e pensem que dali poderá, um dia, sair uma empresa.»

www.mundouniversitario.pt

ganha entradas!o mundo

universitário está a oferecer entradas para o

startup Weekend. vê como podes

ganhar emTens o bichinho do empreendedorismo?Se já tenS, óptimO. Se nãO tenS, eSta é a OpOrtunidade perfeita para entrareS em cOntactO cOm aS inúmeraS pOSSibilidadeS dO eSpíritO empreendedOr e, quem Sabe, mOntareS meSmO O teu neGóciO. nOS diaS 12, 13 e 14 de nOvembrO, na faculdade de ecOnOmia da univerSidade nOva de liSbOa decOrre O Startup Weekend, um cOncurSO de ideiaS OrGanizadO pOr um GrupO de eStudanteS e cOm O apOiO dO mundO univerSitáriO.

Trienal de arquiTecTura desafia esTudanTes

Com o tema ‘Falemos de Casas’, a Trienal de Arqui-tectura regressa a Lisboa. Além das exposições pa-tentes no Museu do Chiado e Centro Cultural de Belém, a organização desafiou os estudantes de Arquitectura a desenhar projectos para a Cova da Moura e para uma unidade familiar em Luan-da. Este último, intitulado ‘A House In Luanda: Patio And Pavilion’ e de âmbito inter-nacional, teve a participação de arquitectos de 44 países, mas foi o projecto da equipa portuguesa que acabou por vencer. Os trabalhos ven-cedores de ambos os con-cursos podem ser vistos no Museu da Electricidade.

imagens para ver, ouvir e senTir

Pelo sétimo ano consecuti-vo, Lisboa recebe o Festival Temp d’Images. A acontecer de 28 de Outubro a 21 de No-vembro em vários espaços de Lisboa (Centro Cultural de Belém, Museu do Chiado, Cinemateca, Teatro Maria Matos, Teatro Municipal São Luiz, só para citar al-guns), o festival apresenta uma programação vasta em diversas vertentes artísticas desde o teatro, passando pela instalação, o cinema, e a música. O MU sugere, para já, o espectáculo da compa-nhia Cão Solteiro criado por André Godinho – ‘We all go a little mad sometimes’, em cena no Espaço Alkantara, de 29 de Outubro a 2 de Novembro. Mais em www.tempsdimages-portugal.com.

Publicidade

© H

elena Canhoto

Emanuel Amoriminfo@mundouniversitario.pt

MU: Apresenta-nos ‘Livro’.José Luis Peixoto: Logo

pelo título fica visível que se trata de um romance de gran-de ambição. Aquilo que tentei foi, nada mais, nada menos, do que traçar um retrato simbó-lico de Portugal e da sua so-ciedade nos últimos 50 anos. Mais concretamente, desde as décadas de 50/60 até aos nos-sos dias. Para fazê-lo, foquei- -me em alguns aspectos que me pareceram os mais essenciais, nomeadamente a transição de uma sociedade muito ruraliza-da para outra que apresenta características mais urbanas. Esse percurso está represen-tado ao longo das páginas em aspectos tão diversos como a linguagem ou a própria evolu-ção das personagens. Tentei que as transformações sociais, económicas e políticas desse período estivessem presente nas personagens de ‘Livro’.

MU: Já disseste que pen-saste no tema da emigração portuguesa por considerares que não estava explorado da maneira que te propões ex-plorar. Queres explicar me-lhor esta ideia?

JLP: Em português, existem dois ou três romances que tra-tam directamente o tema da emigração portuguesa para

França. Ora, entre 1960 e 1975, emigraram, apenas para Fran-ça, cerca de 1 milhão e meio de portugueses. Trata-se de um fluxo migratório sem prece-dentes na nossa história e com um potencial romanesco gi-gante. Tendo lido os romances que tratam directamente este assunto, devo dizer que não me convenceram, enquanto tentativas de retrato daquilo que representou para aque-las pessoas fazerem aquela viagem.

A ousadia que aquelas pes-soas tiveram de se lançar no desconhecido é de uma cora-gem que deve ser louvada. A história da emigração portu-guesa para França é, do meu ponto de vista, uma mostra inequívoca daquilo que o povo português tem de melhor, sem medo.

MU: Este tema é-te espe-cialmente caro, na medida em que os teus pais foram emigrantes. Até que ponto este romance é baseado na experiência deles?

JLP: Não tem qualquer base na experiência dos meus pais. Essa experiência terá sido um dos motivos essenciais que me levou à sua escrita, mas os meus pais não correspon-dem às personagens deste romance.

Aliás, tratando este tema, parece-me que o facto de não

o ter vivido acaba por ser uma vantagem histórica. Eu e as pessoas da minha idade cres-cemos a dizerem-nos que não vivemos a ditadura, a guerra colonial, o 25 de Abril, etc. Acredito que a culpa dessa ignorância é efectivamente das pessoas que nos apontam o dedo, uma vez que elas que não souberam explicar essas vivências às gerações mais no-vas. Ter nascido já em demo-cracia permite-me ser, talvez, um pouco mais imparcial, não estar contaminado pelas pai-xões e ódios dessas questões.

E, assim, tentar contar aquilo que está tão mal explicado para tantos.

MU: Durante a promoção de ‘Livro’ fizeste um périplo pelo País. O contacto próxi-mo com os leitores é impor-tante para ti?

JLP: Sim, tem bastante importância. Para mim, é uma actividade que ajuda a tornar concreta a ideia de ‘Leitor’. Creio que qualquer escritor se depara com essa ideia durante a escrita e, ainda mais, depois da publi-

cação. Nunca se pode saber exactamente quem vai ler aquilo que se escreve, nem como o vai ler. Ainda assim, encontrar algumas dessas pessoas e falar com elas aju-da a desmistificar essa en-tidade colectiva e anónima para a qual se escreve. Sinto também que esse encontro é benéfico para o leitor na medida em que desmistifica um pouco essa outra pessoa que está do outro lado das palavras. Também o escritor é, antes de qualquer outra coisa, uma pessoa.

enTrevisTa. José luís peixoTo fala do novo romance

Um ‘Livro’ sobre a ousadia portuguesaJOsé LUís PEixOtO há MUitO QUE DEixOU DE sEr UMA PrOMEssA DA LitErAtUrA POrtUgUEsA cOntEMPOrânEA PArA PAssAr A sEr UMA cErtEzA. EM ‘LivrO’, O sEU nOvO rOMAncE, JOsé LUís PEixOtO AbOrDA A tEMáticA DA EMigrAçãO POrtUgUEsA PArA FrAnçA DUrAntE As DécADAs DE 50 E 60. O MU FOi FALAr cOM O AUtOr PArA cOnhEcEr MELhOr EstE ‘LivrO’.

«O escritor é, antes de qualquer outra coisa, uma pessoa»

[11 OUT 2010]12

Orelha Negra NO S. JOrgePor Emanuel Amorim

Depois de uma digres-são pelo País, os Orelha Negra regressam a Lis-boa no dia 28 para um concerto no São Jorge.

O que poderemos esperar do concerto? Ferrano: Haverá algu-mas surpresas para este concerto que, na verdade, ainda não podem ser re-veladas. Será um concerto baseado no nosso disco, com alguns dos medleys que temos vindo a tocar e, talvez, um ou dois novos. Na parte cénica, teremos algumas novidades que serão surpreendentes.

O vosso disco foi elo-giado por DJ Shadow. Que importância teve esse elogio?F: É sempre muito grati-ficante ser elogiado por uma pessoa que nos in-fluenciou tanto como o Dj Shadow. Tivemos a honra de ter estado com ele no Sudoeste e conver-sar durante uns breves momentos. Foi com enor-me surpresa que vimos o que ele escreveu. São também estas coisas que nos fazem ganhar força.

Quais os planos para o futuro? F: Estamos a terminar uma mixtape com remis-turas e algumas músicas cantadas por vários can-tores. Teremos diversos cantores, desde o Tiago Bettencourt à Lúcia Mo-niz, passando pelo Xeg e NBC. Em 2011 teremos mais novidades.

Por Laura Alvese Shampo Decapante

O festival de Outono ‘indoor’ Jameson Urban Routes chega ao fim nos dias 29 e 30 de Ou-tubro. Muita música já passou pelo MusicBox, mas ainda fal-tam subir ao palco, na sexta, a ex-vocalista dos Bonde do Rolê, Marina Gasolina, o nor-te-americano Jimmy Edgar, e os dinamarqueses WhoMa-deWho. No sábado, o italiano Nicola Conte, Marc Hype & Jim Dunloop, e ainda o DJ set da dupla The Groovy Kids(Mike Stellar e Deni Shain).

a POP MarIalVa De el gUINChOUma das actuações mais

esperadas neste festival foi a do espanhol Pablo Díaz- -Reixa, mentor do projecto El Guincho. A pop tem os seus caminhos naturais, algo se-dentários e comuns à maioria das bandas. Mas, por vezes é apimentada, passeia-se por atalhos virgens e chega-nos ao ouvido caprichoso, vaidosa e algo flausina. São as verten-tes mais populares que nos vi-sitam sem avisar, mas que nos fazem dançar, pular e olhar o mundo de uma maneira mais ecológica.

Esta pop sobeja das Ram-blas, cresceu nas ruas de Bar-celona e saltou de Espanha para se fazer adulta e gra-var um disco em Berlim. É El Guincho, pseudónimo de um marialva franzino, que actuou pela segunda vez este ano no nosso país. E, se o primeiro concerto, no ‘Milhões de Fes-ta’, foi a confirmação do talen-to e da boa disposição da sua

música, este segundo, com mais um álbum de originais na lapela, ‘Pop Negro’, pode ser a definitiva ascensão do músico enquanto promissor ícone da indie-pop. Falámos com ele antes do concerto e, entre garrafas de gin vazias e pedidos de casamento adia-dos, lá nos foi contando como tudo aconteceu.

Se trabalhasses numa loja de discos e o chefe te desse um disco de el gincho para arru-mares, onde o colocavas?

Pablo Díaz-reixa: Iria de-pender do tipo de lojas, mas gosto muito de encontrar dis-cos em lojas de segunda mão, pelo que seria aí que gostaria de encontrar o meu disco da-qui a 20 anos, na secção de música pop.

Foste gravar o novo álbum a Berlim. ‘Pop Negro’ é bastan-te diferente de ‘alegranza’. Sentiste necessidade de mu-dar de ambiente para criar novas sonoridades? Porquê?

PDr: Principalmente porque

a minha namorada veio viver comigo e eu não conseguia compor à noite porque ela es-tava a dormir. Mas a ideia da sonoridade já era antiga, pois na altura em que o ‘Alegranza’ saiu eu já queria fazer outras coisas, algumas das canções já tinham sido escritas há cinco anos e, nesse período, eu fui tendo outras ideias de som, mudei bastante.

achas que isso é um sinal de que passaste a ter um som mais maduro?

PDr: Não simpatizo muito com essa expressão, ‘som mais maduro’. Penso que será um som mais misterioso. Per-cebo porque é que as pesso-as se relacionaram tanto ao ‘Alegranza’, especialmente os jovens, pelo excitamento do som. Na altura eu também an-dava a ouvir muita música de dança menos convencional, o que me influenciou. Penso que com ‘Pop Negro’ consegui um som mais refinado.

O single ‘Bombay’ é muito in-tenso, tanto na música como no vídeo. O que é que te ins-pirou para criar este tema?

PDr: Tem a ver com uma al-tura em que fiz uma digressão pela Austrália. Na noite em que cheguei ao hotel estava muito calor, aquele calor hú-mido e sufocante. A única coi-sa que havia para beber era gin Bombay e foi isso que aca-bei por beber no meu quarto de hotel. Acabou por ser uma noite divertida.

em espanha, e especialmen-te em Barcelona, deposita-se uma grande esperança em ti para uma grande carreira internacional. Consideras isso um peso ou um elogio?

PDr: Não tenho grandes ambições a esse nível, a mi-nha ambição é o som, por si próprio, e ir criando novas sonoridades e canções. Não tenho grandes ambições de carreira internacional, sou feliz tal como estou. Gosto de escrever canções e absorver os ambientes em meu redor, se possível colaborar com ou-tros artistas.

JaMeSON UrBaN rOUTeS. eSTa SeMaNa há WhOMaDeWhO, MarINa gaSOlINa e NICOla CONTe

Cantares urbanosNO PaSSaDO Fim-De-SemaNa, O FeSTivaL De SONOriDaDeS e TribOS UrbaNaS JameSON UrbaN rOUTeS iNvaDiU O mUSicbOx, em LiSbOa. Para QUem FaLTOU, a FeSTa cONTiNUa Na Próxima SexTa-Feira e Também NO SábaDO cOm NOmeS cOmO NicOLa cONTe OU WhOmaDeWhO. NUma aLTUra em QUe PeLO PaLcO Já PaSSaram DiverSOS arTiSTaS, O mU NãO DeixOU PaSSar a OPOrTUNiDaDe e FOi cONverSar cOm O eSPaNhOL eL GUiNchO Para DeScObrir O úLTimO áLbUm, ‘POP NeGrO’.

El Guincho

ganha

entradas!

Vê como em

www.mundouniversitario.pt

Publicidade

www.mundouniversitario.pt

tERESA ALVESAnimadora Mega Hits – 07h-10h

«Amazónia, escuto!» Cada vez mais acredito que os sonhos

não devem ser adiados. Quanto mais os adiamos, menos tempo temos para

os realizar. Por isso, em Setembro fui de férias para a Amazónia.

Eu, provavelmente tal como tu, sempre vivi numa grande cidade – entre Lisboa e Lon-dres, não sei viver sem metro,

restaurantes, stress e YouTube. Por isso, ir para o meio da selva

amazónica foi um grande desafio e um sarilho para lá chegar: dez horas de

avião de Lisboa a São Paulo, outras quatro até Manaus, mais 100 quilómetros passa-dos num autocarro e em dois barcos. E eis que chego ao Ararinha Lodge, uma pousada literalmente perdida no meio da floresta tro-pical, apenas acessível de barco, onde nem sequer rede de telemóvel há.(Já te imaginaste a passar cinco dias sem telemóvel? Sem saber se os teus pais estão bem, se o teu namorado já te mandou à fava, se a tua melhor amiga morre de saudades tuas?)O único meio de comunicação que tive com o exterior foi um walkie-talkie de onde, de vez em quando, lá se ouvia um «Ararinha, escuto?». Estranho como é possível esque-cer completamente o telemóvel quando há jacarés, tarântulas, macacos, preguiças e golfinhos cor-de-rosa a menos de um metro de distância. Um autêntico episódio do ‘BBC Vida Selvagem’.

«Roger.»Falando de outras selvas, as festas académi-cas continuam a preparar-te para o (duro) regresso à realidade. Este ano, a Latada de Coimbra anda a dar um bigode a todos os ou-tros programas de boas-vindas aos caloiros. Na segunda-feira em que este MU te chega à mão, Mika traz um dourado especial à noite MEGA HITS da Latada; ainda Diego Miranda e o nosso DJ MEGA HITS Nelson Cunha trazem as respectivas malas de discos para pôr muitos sorrisos na tua cara e muitas horas de dança no teu corpo! Até quarta-feira vais encher-te de lata no Queimódromo e a tua rádio vai andar sempre por perto…

«Afirmativo.»Somos bem capazes de nos encontrar pela Latada. Se por infelicidade não conseguiste ganhar convites para a Festa das Latas na MEGA HITS e se a crise para ti já anda a apertar, mesmo antes dos anunciados 23 por cento de IVA, então encontramo-nos já amanhã de manhãzinha nas MEGA MANHÃS, André e Teresa das 07h00 às 10h00 a acordar-te com aquele «Bom dia» que acaba com o teu mau humor matinal!

«Negativo.»Tudo bem, até podemos não acabar com o teu mau humor matinal, mas somos as úni-cas pessoas que se levantam mais cedo para te preparar para o dia!

«Over and out.»

AmAzóniA, escuto! Latada, over and out.

DESTAQUES

CRÓNICA

LISBOA 92.4

PORTO 90.6

COIMBRA 90.0

SINTRA 88.0

AVEIRO 105.6

BRAGA 92.9

Gru – O MaldispOstO

Uma junção entre um realizador francês (Pierre Coffin) e um norte-ame-ricano (Chris Renaud), com um dos produtores da saga de Ice Age (Chris Meledandri) resultou neste ‘Gru – O Maldispos-to’. Esta é a história de um vilão muito especial chamado Gru. Ele vive num bairro suburbano, rodeado por pequenas cercas brancas, com ro-seiras floridas, numa casa negra com a relva morta. Sem o conhecimento dos vizinhos, escondido por baixo desta casa, existe um vasto esconderijo secreto… Rodeado por um pequeno exército de Mínimos Gru, planeia o maior golpe na história do mundo: roubar a Lua. As vozes originais incluem Steve Carell, Jason Segel, Julie Andrews e Russell Brand.

EstrEia da sEMaNa. QuatrO hOras E MEia dE ‘MistériOs dE lisbOa’

Um folhetim cheio de mistériosTem um dos mesTres do cinema, o chileno raoul ruiz, e reúne alguns dos melhores acTores porTugueses numa hisTória de época de camilo casTelo Branco. e que Tal ver uma espécie de folheTim, longo, cheio de personagens e hisTórias encadeadas?

taMbéM EstrEia

João Toméinfo@mundouniversitario.pt

Qual foi a última vez que viste um filme de quatro horas e meia? O desafio que propo-mos é simples e promete ser único. Pega nos amigos mais corajosos e admiradores da Sétima Arte, procura uma das salas em que está ‘Mistérios de Lisboa’ e mete-te nela. Não prometemos emoções fortes durante todos os 272 minu-tos, mas sim uma experiência cinéfila única, já aplaudida de pé em vários festivais.

‘Mistérios de Lisboa’ é uma produção portuguesa am-biciosa – de Paulo Branco –, realizada por um cineasta ve-terano e conhecido pelos seus planos arrojados, o chileno Raoul Ruiz. O filme que es-treou na passada quinta-feira em algumas salas do País, está dividido em duas partes, com um intervalo pelo meio para mexer as pernas e comer qualquer coisa. Curiosamen-te, é a segunda parte, em que existe a maior presença de actores franceses, que é a mais cativante a nível de en-redo e tem mais ritmo.

personagens e nomes

Baseado na obra homóni-ma de Camilo Castelo Branco e passado no século XIX, o longo filme dará ainda lu-gar a uma mini-série da RTP

com seis episódios. Um dos seus trunfos é a riqueza das personagens – entre nobres, burgueses e clero. São mui-tas, estão bem organizadas entre o presente e flashbacks ao passado e são complexas e mesmo entusiasmantes – al-gumas têm vários nomes, já que assumem outras identi-dades.

Nesta espécie de novela dos costumes com condes-sas e burgueses, ciúmes

e traições, entre Portu-gal, Itália e França, segui-mos a vida atormentada do Padre Diniz (excelente desempenho de Adriano Luz) e do seu protegido Pedro (um miúdo que em jovem adulto se torna Afonso Pimentel). A criança bastarda, cuja mãe é Maria João Bastos, é o epi-centro de uma teia que enre-da dezenas de personagens e muitos segredos, em que ninguém é quem parece ser.

Ricardo Pereira é outros dos protagonistas, desem-penhando um homem do povo responsável por fazer trabalho ‘sujo’ que se torna burguês e poderoso. Na pa-nóplia enorme de actores, destacamos Albano Jerónimo, Catarina Wallenstein, São José Correia, Margarida Vila-Nova, Rui Morrison e Helena Coelho. E na falange francesa: Clotilde Hesme, Léa Seydoux e Melvil Poupaud.

» Mistérios de Lisboa

realizador: Raoul Ruizcom: Adriano Luz, Maria João Bastos, Ricardo Pereiragénero: Drama/RomancePortugal/França, 2010; 272 minutos

Espinho volta a receber de 8 a 14 de Novembro, e pela 34.ª vez, o Festival Internacional de Cinema de Animação, o Cinanima. O festival tem reputação no mundo do cinema ao ponto de os seus vence-dores ficarem automati-camente apurados para o concurso europeu de me-lhor filme de animação – o ‘Cartoon D’Or’ – e vão também ao pré-concurso das nomeações para os Óscares da Academia de Hollywood. Mais em www.cinanima.pt.

CiNaNiMa vOlta a EspiNhO

taMbéM EstrEia

holmesplace.pt

Volta ao trabalhocom o Holmes Place

Inscreve-tee ganha um

iPodshufflede 2GB*

O NOSSO

TEMOS QUEDIA-A-DIA É duro.

TREINAROUVE O TEU CORPO

*Promoção não acumulável com qualquer outra campanha ou oferta em vigor. | Oferta limitada ao stock e cores existentes. | Oferta exclusiva a não sócios Holmes Place maiores de 16 anos. | O prémio só poderá ser usufruído uma vez por cliente individual. | Campanha válida até 30/09/2010. | O modelo oferecido é o iPod shuffl e de 2 GB. iPod é uma marca comercial da Apple Inc. registada nos EUA e em outros países. Apple não participa nesta promoção.

4 Destak 260x50 S.indd 1 06/08/10 10:09

Publicidade

Baseado na obra de Camilo Castelo Branco, o filme dará lugar a uma mini-série da RTP com seis episódios

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Questão: OS TORNEIOS DE POKER, COMO FICOU PATENTE DURANTE O CAMPEONATO UNIVERSITÁRIO DE POKER DE €20.000, SÃO UMA VERDADEIRA REPRESENTAÇÃO DO PRINCÍPIO EVOLUTIVO DA SOBREVIVÊNCIA DO MAIS APTO.

DISCUTA.

Um embate nas mesas entre a elite na educação? Até o Darwin aprovaria. Participe nos torneios qualificativos online na PokerStars.com durante o mês de Novembro e seja um dos jogadores a reclamar uma parte do prizepool de €20.000. Só os mais fortes sobreviverão a estes torneios para chegar à final ao vivo com possibilidades de ganhar o primeiro prémio de €5.000.

Inscreva-se já e jogue de graça no maior e mais prestigiante torneio para estudantes em Portugal, disponível apenas na PokerStars.com, o maior site de poker do mundo.

Descobre a estrela do Poker que há em ti