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Na filtração, as partículas sólidas suspensas em um fluido são retiradas usando um meio poroso que separa as partículas em uma fase sólida (“torta”) e permite o escoamento de um fluido claro (“filtrado”).
O fluido pode ser um gás ou um líquido.
O produto pode ser tanto o fluido clarificado quanto a torta de partículas sólidas.
FILTRAÇÃO SÓLIDO-LÍQUIDO
O equipamento de filtração industrial diferencia-se pouco do equipamento de laboratório apenas pela quantidade de material a ser filtrado e o custo.
O aparelho de filtração de laboratório típico é denominado filtro de Büchner. O líquido é colocado por cima e flui por ação da gravidade, no seu percurso encontra um tecido poroso (um filtro de papel). Como a resistência à passagem pelo meio poroso aumenta no decorrer do tempo de filtração, o filtro se conecta através de um vaso Erlenmayer a uma bomba de vácuo.
Filtração Industrial
A Filtração simples é aquela onde uma diferença de pressão é usada para forçar o líquido a passar pelo filtro e pela torta com filtro acumulada.
A filtração centrífuga é aquela onde a força centrífuga é usada, em vez de uma diferença de pressão. Em muitas aplicações de filtração, ambos os filtros (simples e centrífugos) podem ser usados.
Os filtros podem ser feitos para funcionar: em batelada (a torta é retirada depois de cada corrida) ou de forma contínua (a torta sólida é retirada continuamente).
Os filtros podem funcionar: - por ação da gravidade, o líquido flui devido a
existência de uma coluna hidrostática; - por meio da aplicação de pressão ou vácuo para
aumentar a taxa de fluxo.
O meio de filtração pode ser um conjunto de placas planas imersas num tanque, assim como folhas individuais, ou um cilindro rotativo, mergulhado no líquido da alimentação.
Filtros de leito fixo
O tipo de filtro mais simples. É útil na clarificação de água quando há quantidades pequenas de sólidos a ser separados de grandes volumes de líquido. Muitas vezes a camada de fundo é composta de cascalho grosso que descansa em uma placa perfurada ou com ranhuras. Acima do cascalho é colocada areia fina que atua realmente como filtro.
Filtro prensa de placa e armação
Um dos tipos mais importantes é o filtro prensa de placas e armação. Estes filtros compõem-se de placas e armações reunidos alternadamente. Utiliza-se tecido para cobrir ambos lados das placas.
Filtros-Prensa Flowress
http://www.grabe.com.br/
A alimentação é bombeada a prensa e flui pelas armações.
Os sólidos acumulam-se como “torta” dentro da armação.
O filtrado flui entre o filtro de tecido e a placa pelos canais de passagem e sai pela parte inferior de cada placa.
A filtração prossegue até o espaço interno da armação esteja completamente preenchida com sólidos. Nesse momento a armação e as placas são separadas e a torta retirada. Depois o filtro é remontado e o ciclo se repete.
http://www.solidliquid-separation.com/pressurefilters/filterpress/filterpress.htm
Filtros de “folhas”
Foi projetado para grandes volumes de líquido e para ter uma lavagem eficiente.
Cada folha é uma armação de metal oca coberta por um filtro de tecido. Elas são suspensas em um tanque fechado.
A alimentação é introduzida no tanque e passa pelo tecido a baixa pressão, a torta se deposita no exterior da folha.
O filtrado flui para dentro da armação oca. O líquido de lavagem segue o mesmo caminho que a alimentação.
A torta é retirada por uma abertura do casco.
http://www.definik.es/definik/images/premium5033_alta.jpghttp://www.aguamarket.com/productos/fotos/cehozua.jpg
Filtros de folhas
Filtra, lava e descarrega a torta de forma contínua. O tambor é recoberto com um meio de filtração conveniente. Uma válvula automática no centro do tambor ativa o ciclo de filtração, secagem, lavagem e descarga da torta. O filtrado sai pelo eixo de rotação. Existem passagens separadas para o filtrado e para o líquido de lavagem. Há uma conexão com ar comprimido que se utiliza para ajudar a raspadeira de facas na retirada da torta.
Filtro de tambor a vácuo rotativo contínuo.
http://files.brevini.com/images/2003121214530.jpg http://www.darapri.it/immagini/nuove_mie/spumante/imm_spum/filtrazio.jpg
Filtros rotatórios
Compõe-se de discos verticais concêntricos montados em um eixo de rotação horizontal. Funciona como o filtro de tambor rotativo a vácuo. Cada disco é oco e coberto com um tecido e é em parte submerso na alimentação. A torta é lavada, secada, e raspada quando o disco está na metade superior da sua rotação.
Filtro de disco rotativo contínuo.
Filtro horizontal rotativo contínuo.
É um filtro horizontal giratório a vácuo com uma superfície de filtração anular rotatória dividida em setores. A alimentação é filtrada, lavada, secada e raspada. É usado em processos de extração de minério, lavagem de polpa e outros processos de grande capacidade.
http://www.rpaprocess.com/images/home_pic.jpghttp://www.lenntech.com/espanol/images/filtra3.jpg
Filtros de folhas
http://www.torchiani.it/english/img/filtro_rotativo.jpg http://www.fibrogen.cl/images/filtro.jpg
Filtro Rotativo
http://fisica.cdcc.sc.usp.br/olimpiadas/02/palestras/PA1_arquivos/image018.jpg http://www.albrecht.com.br/br/cat/images/filtrocartucho.jpg
Filtro de Cartucho
O meio para filtração industrial deve:• Retirar o sólido a ser filtrado da alimentação e gerar
um filtrado claro. • Permitir que a torta com filtro seja removida de forma
fácil e limpa. • Ser forte o suficiente para não rasgar e ser
quimicamente resistente às soluções usadas. • Os poros não devem ser obstruídos para que a taxa
da filtração não fique muito lenta.
1. Meios de filtração.
Meios de Filtração e Auxiliares de Filtração
2. Auxiliares de Filtração.
Certos compostos podem ser usados para ajudar a filtração, como a terra diatomácea que é formada principalmente de sílica. Também são empregados a celulose de madeira e outros sólidos porosos inertes.
Esses compostos podem ser usados de vários modos:
1. Como pré-cobertura antes da filtração. O auxiliar de filtração prevenirá os sólidos gelatinosos de entupir o filtro e também permitirá um filtrado mais claro.
2. Acrescentados à alimentação antes da filtração. Aumenta a porosidade da torta e reduz a resistência da torta durante a filtração.
3. Em um filtro rotativo, o auxiliar de filtração pode ser aplicado como uma pré-cobertura. Posteriormente, as fatias finas desta camada são cortadas junto com a torta.
Teoria Básica de Filtração
1. Queda de pressão de fluido através da torta.
A figura mostra uma seção de um filtro em um tempo t (s) medido a partir do início do fluxo. A espessura da torta é L (m). A área da seção transversal é A (m2), e a velocidade linear do filtrado na direção L é v (m/s)
Assumindo que há fluxo laminar nos canais do filtro, o fluxo do filtrado pelo leito pode ser descrito por uma equação semelhante à lei de Poiseuille,
A equação de Poiseuille (2.10-2) explica o fluxo laminar em um tubo, que no sistema internacional de unidades (SI) pode ser descrito como:
2
32
D
v
L
P
(14.2-1)
Onde:∆p é a pressão N/m2, v é a velocidade no tubo em m/s, D é o diâmetro em m, L é o comprimento em m, µ é a viscosidade em Pa▪s .
No caso de fluxo laminar em um leito empacotado de partículas se usa a equação de Carman-Kozeny, que é similar a equação de Poiseuille, e que tem sido aplicada à filtração com sucesso:
3
20
21 )1(
Svk
L
pc
(14.2-2)
Onde:
k1 é uma constante igual a 4.17 para partículas de tamanho e forma definida,
µ é a viscosidade do filtrado em Pa ▪ s,
v é a velocidade linear baseada na área do filtro em m/s,
ε é a fração vazia ou porosidade da torta,
L é a espessura da torta em m,
S0 é a área superficial específica (por unidade de volume da partícula) expressada em m2 / m3,
∆Pc é a diferença de pressão na torta N/m2 .
A velocidade linear é baseada na área da seção transversal vazia:
A
dtdVv
/ (14.2-3)
Onde A é a área transversal do filtro em m2 e V é o volume coletado do filtrado em m3 até o tempo t expresso em segundos (s).
A espessura da torta L depende do volume do filtrado V e se obtém por um balanço de materiais.
(14.2-4))()1( LAVcLA sp
Onde:cs = kg de sólidos/m3 do filtrado, ρp é a densidade de partículas sólidas na torta em kg/m3. .
Substituindo termos e eliminando L, temos a equação final:
A
cp
A
Vc
p
Sk
p
dtA
dV
sV
c
s
p
c
3
201 )1( (14.2-5)
O balanço de massa na torta dá:
O termo final de Eq. (14.2-4) é o volume do filtrado mantido na torta, que é pequeno e será negligenciado.
3
201 )1(
pp
Sk
Onde α é a resistência específica da torta m/kg (ft/lbm),
definido como:
(14.2-6)
m
f
R
p
dtA
dV
Para a resistência do filtro, podemos escrever, por analogia com a Eq. (14.2-5),
(14.2-7)
Onde Rm é a resistência do meio filtrante para filtrar o fluxo em m-1 e ∆Pf é a queda de pressão no filtro. Na prática, Rm pode incluir também a resistência ao fluxo da tubulação que conduz o fluido e a resistência do filtro-ajuda.
Como as resistências da torta e do meio filtrante estão em série, podem ser somadas:
ms RA
Vc
p
dtA
dV
(14.2-8)
Onde ∆p = ∆pc + ∆pf. Algumas vezes a Eq. (14.2-8) é modificada como segue:
(14.2-9))( e
s VVA
cp
dtA
dV
Onde Ve é um volume do filtrado necessário para acumular uma torta fictícia cuja resistência é igual à Rm.
Muitas vezes uma filtração é feita em condições de pressão constante. A equação (14.2-8) pode ser invertida para dar:
BVKRpA
VpA
c
dV
dtpm
s
)()(2
(14.2-13)
Equações de filtração à pressão constante
1. Equações básicas de filtração em batelada.
(14.2-14)
Onde Kp está em s/m6 e B em s/m3 :
)(2 pA
cK sp
)( pA
RB m
(14.2-15)
Para pressão e α constantes e considerando torta incompressível, V e t são as únicas variáveis na Eq. (14.2-13).
t v
p dVBVKdt0 0
)(
BVVK
t p 2
2(14.2-17)
(14.2-16)
Dividindo por V
BVK
V
t p 2
(14.2-18)
Onde V é o volume total do filtrado (m3) reunido em t (s).
Integração para obter o tempo da filtração t em (s),
Para avaliar a Eq. (14.2-17) é necessário conhecer α e Rm. Isto pode ser feito usando Eq. (14.2-18).
Precisa-se dos dados do volume coletado (V) em tempos diferentes tempos de filtração.
Depois os dados experimentais se correlacionam no gráfico como t/V contra V, da maneira mostrada na Figura 14.2-7.
Muitas vezes, o primeiro ponto no gráfico não cai na linha e é omitido.
A declividade da linha é Kp/2 e o intercepto é B.
Então, podem utilizar-se as Eqs. (14.2-14) e (14.2-15), para determinar os valores de B e Rm e finalmente obter a expressão para o cálculo do tempo de filtração.
Conta-se com os dados da filtração em laboratório de uma suspensão de CaCO3 em água a 298.2 K (25°C) e a uma pressão constante (-∆p) de 338 kN/m2 (R1, R2, M1).
Exercício: Avaliação das Constantes para Filtração a Pressão Constante.
Área do filtro prensa de placa-e-marco A = 0.0439 m2 Concentração de alimentação cs = 23.47 kg/m3
Calcule as constantes α e Rm a partir dos dados experimentais dados, onde t é o tempo em s e V é o volume de filtrado em m3.
t V t V t V
4.4 0.498 x 10-3 34.7 2.498 x 10-3 73.6 4.004 x 10-3
9.5 1.000 x 10-3 46.1 3.002 x 10-3 89.4 4.502 x 10-3
16.3 1.501 x 10-3 59.0 3.506 x 10-3 107.3 5.009 x 10-3
24.6 2.000 x 10-3
Primeiro, os dados são usados para obter t/V. Prepara-se um gráfico de t/V contra V. Com o intercepto determina-se B = 6400 s/m3 e com a declividade se obtém Kp / 2 = 3.00 x 106 s/m6. Daí Kp = 6.00 x 106 s/m6 .
Solução:
tV x 103 (t/V) x 10-3
0 0
4.4 0.498 8.84
9.5 1.000 9.50
16.3 1.501 10.86
24.6 2.000 12.30
34.7 2.498 13.89
46.1 3.002 15.36
59.0 3.506 16.83
73.6 4.004 18.38
89.4 4.502 19.86
107.3 5.009 21.42
A 298.2 K a viscosidade de água é µ = 8.937 x 10-4 Pa · s. Substituindo os valores conhecidos na Eq. (14.2-14) obtém-se a primeira solução:
)/1077.2(/10863.1
)10338()0439.0(
)47.23()()10937.8(
)(1000.6
1111
32
4
26
m
sp
lbftXkgmX
X
X
pA
cXK
Substituindo na Eq. (14.2-15) obtém-se a segunda solução,
)1024.3(1063.10
)10338(0439.0
))(10937.8
)(6400
110110
3
4
ftXmXR
X
RX
pA
RB
m
mm
Lista de Exercícios
1. Definir Filtração.
2. Quais os principais tipos de filtração e quais são suas características?
3. O que são auxiliares de filtração? Quais os principais tipos utilizados e em quais situações?
4. Refazer o exemplo do livro texto relativo a tempo necessário para realizar uma filtração.
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