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O CALÇADÃO E SEUS ELEMENTOS
Thiago Tomoaky dos Santos Sato Orientadora: Profª. Drª. Zueleide Casagrande de Paula
RESUMO O presente trabalho busca realizar um olhar pautado teoricamente em Michel de Certeau e Kevin Lynch sobre o projeto de intervenção urbana de 1977, idealizado pelo urbanista Jaime Lerner durante a gestão do prefeito Antônio Belinatti, que originou o Calçadão da Avenida Paraná, na cidade de Londrina–PR. Para este estudo valorizamos analisar o processo de transformação de Avenida para rua de pedestres, com enfase no discurso urbanistico construidos e nos reflexos de sua contrução para a comunidade londrinense, como também as propostas políticas implementadas no processo. Para tanto, utilizamos como fonte matérias de jornais de diversas épocas. As conclusão possíveis, nessa leitura, são as de que os projetos urbanos buscam, a partir de seus métodos e teorias, gerir as práticas cotidianas, mas que muitas das proposições urnísticas são “burladas” pelas práticas cotidianas. No Calçadão de Londrina, isto é perceptivel nas diversas significações que são dados aos elementos existentes naquele espaço.
Palavras chave: Calçadão de Londrina; Rua de pedestres; Intervenção Urbana.
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1- APRESENTAÇÃO
O texto apresentado ao longo das próximas páginas é fruto de
reflexões iniciadas no já concluído projeto de pesquisa “Questões urbanas,
questões de urbanização: História, imagem, traçado, representações”, que
possuiu como objeto a análise de diversos aspectos da cidade de Londrina,
sendo que a cada participante do projeto fora escolhido um espaço da cidade
como objeto, por exemplo: o Museu Histórico, a catedral católica ou o Jornal de
Londrina, e no caso especifico deste autor, o Calçadão de Londrina.
A proposta do projeto de pesquisa era refletir o espaço urbano
da cidade a partir das referências teóricas de Kevin Lynch e Michel de Certeau.
Para o Trabalho de Conclusão de Curso1.
Foram identificados alguns problemas: Por que o Calçadão de
Londrina foi construído? O que ele significa para o Urbanismo? E para os
habitantes? De que modo o Calçadão se relaciona com a História da cidade?
Na busca de compreender estes problemas, na perspectiva da História Urbana,
um campo antigo da História, mas aqui possui uma vertente diferente da
apresentada por Coulanges e Max Weber, ou seja, com o fenômeno do
urbanismo e da modernidade, busca-se uma análise multidisciplinar do objeto
cidade (ROMINELLI, 1997).
2. UM BREVE HISTÓRICO DA AVENIDA PARANÁ E SEU CALÇADÃO
O objeto de estudo deste trabalho, o Calçadão de Londrina,
fica localizado na Avenida Paraná, no centro histórico da cidade. Sua
1 Através do amadurecimento de algumas ideias, foram mantidos os referenciais e o objeto, entretanto, foi
realizada uma pesquisa mais aprofundada, buscando-se compreender as intencionalidades dos urbanistas
ao realizar uma “intervenção urbana”, e como esta intervenção é recebida pela população e como ela se
manifesta no cotidiano cujo objetivo é desenvolvê-la na especialização de Patrimônio e História, pela
Universidade Estadual de Londrina. A pesquisa se orienta no sentido de realizar uma análise patrimonial
do Calçadão de Londrina, que vem passando por uma reforma durante a atual gestão da Prefeitura
Municipal de Londrina (PML). Entretanto, no texto apresentado para este evento, buscamos realizar um
panorama geral do que foi defendido na Conclusão de Curso de graduação em História, ou seja, não
entraremos no mérito da reforma que está ocorrendo atualmente no Calçadão, tampouco os impactos que
esta gera na população.
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transformação em Calçadão alterou profundamente o cotidiano no centro de
Londrina, seja na modificação de trajetos por parte dos motoristas, ou na
revitalização comercial da região e também na formulação de um novo espaço.
Neste sentido, iremos apresentar os principais aspectos de mudança e também
a descrições de alguns elementos encontrados no Calçadão, bem como
analisar práticas manifestadas pelo cotidiano do usuário urbano e que deixou
marcas no cotidiano deste espaço.
O Calçadão foi construído sob a pavimentação da Avenida
Paraná. Compreende-se que esta rua foi escolhida tendo em vista diversas
características que favoreciam esta intervenção. Apontaremos, em linhas
gerais, um breve histórico desta avenida, buscando ressaltar determinadas
práticas que a fizeram tornar-se uma via diferenciada na cidade.
Durante o processo inicial de urbanização, em 1938, a Avenida
Paraná era uma via de terra, sem pavimentação. Era a maior avenida da
cidade e incorporava as atuais Avenidas Quintino Bocaiuva e Celso Garcia Cid,
além do espaço que manteve seu nome original, mas conhecido normalmente
como Calçadão.
A característica terra vermelha da cidade, em dias de chuva,
tornava a Avenida em um grande lamaçal, que impossibilitava parcialmente o
deslocamento e em dias de sol, e a poeira fina também não facilitava o
deslocamento. As casas existentes na avenida na década de 1930 foram
progressivamente substituídas pelos prédios. Entretanto, era possível observar
que a Avenida Paraná era “um espaço londrinense que desde o início, até os
dias de hoje, conserva a mesma função urbana, isto é, a comercial” (IPAC,
1995, p.10).
A pavimentação de Londrina tem inicio em 1943, utilizando o
material conhecido com paralelepípedo, a primeira via a ser pavimentada foi a
Avenida Paraná. Este material se manteve na avenida até 1970, quando na
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gestão de José Richa, o paralelepípedo é substituído pelo asfalto2. Ainda hoje,
nos “buracos” das ruas na região central, é possível observar o paralelepípedo
sob a pavimentação de piche.
Ainda durante a década de 1950, com o enriquecimento da
cidade, principalmente através do cultivo do café, muito valorizado para
exportação, a Avenida se consolidava como centro comercial. Um dos
elementos de verificação encontra-se no fato de ser está à avenida onde se
instalaram os principais corretores cafeeiros. Esta prática especulativa, quase
uma bolsa de valores informal do café, veio a ser conhecida como “Pedra do
Café" quando os especuladores se reuniam na Avenida para se atualizarem.
Este período também marcou a Avenida pela prática do footing, que são os
grandes passeios coletivos, no qual a Avenida Paraná ficava repleta de
pessoas caminhando por lazer e esporte (IPAC, 1995).
Concluímos que a Avenida Paraná se consolidou como a
“principal artéria de Londrina e para onde a população se desloca pelas mais
variadas razões” (IPAC, 1995, p. 15). Entretanto, o fluxo de automóveis tornou
problemático o convívio entre pedestres e carros. Sendo assim, a discussão do
fechamento da Paraná surgiu por parte da comunidade e foi acatada pela PML
(Prefeitura Municipal de Londrina), onde se instalou o Calçadão de Londrina,
exaltado na época como o primeiro de uma cidade do interior do Brasil, a
exemplo de muitos empreendimentos que acabam por construir a imagem de
uma cidade “pioneira”.
O procedimento para intervenção foi considerado “democrático”
pelo arquiteto João Baptista Bortolotti (2007). A discussão sobre o fechamento
de ruas centrais teve início em 1976, inspirada pelos bons resultados atingidos
na rua de pedestres de Curitiba: a rua das Flores. O Departamento de
Planejamento, o qual, ressaltamos, era chefiado por Bortolotti, analisou a
pedestrianização da Avenida Paraná, entre a Rua Professor João Cândido e a
Avenida Rio de Janeiro como uma ação positiva. A polêmica conduzida nos
2 SCHWARTZ, Widson. Pavimento de pedra começou em 43. Jornal de Londrina. Londrina, 20
jun.1998, p.8.
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meios de comunicação e a preocupação de alguns comerciantes deste trecho
que se mostravam descrentes ou céticos, levaram a PML a propor um
fechamento provisório da extensão no trajeto mencionado, com o objetivo de
verificar sua viabilidade (BORTOLOTTI, 2007, p. 153).
Para este fechamento provisório, nenhuma obra foi realizada
na Avenida, somente se impediu o trânsito colocando floreiras nos limites
estabelecidos pela PML. Houve a divulgação em larga escala na mídia deste
fechamento, uma vez que modificava o tráfego na região central. A população,
segundo Bortolotti (2007), aprovou as mudanças. Havia nos finais de semana,
eventos de animação e programas culturais, e aos poucos a rua de pedestre foi
sendo apelidada de Calçadão. Todo este procedimento de fechamento da
Paraná ocorreu no último ano da gestão do prefeito José Richa. Portanto, a
responsabilidade da entrega do Calçadão à cidade, foi do prefeito Antônio
Belinati que contratou o escritório do arquiteto Jaime Lerner para preparação
do projeto da rua de pedestres, e para realizar uma revitalização do centro de
maneira geral (BORTOLOTTI, 2007, p. 152).
Em 1977, o Calçadão de Londrina é entregue á população,
pela Prefeitura, com seu calçamento em mosaico de pedras portuguesas, os
chamados petit-pavet, que foram retirados e recolocados diversas vezes ao
longo de sua existência, mas somente com fins de manutenção. Da mesma
maneira, o visual do Calçadão sofreu diversas transformações seja nos
bancos, nos telefones públicos, ou em outros elementos de sua constituição.
Em suma, cada gestão municipal se preocupou em modificar algum detalhe
físico do Calçadão.
O projeto original apresentado em 1977 abrangia não somente
a Avenida Paraná, como é atualmente, mas também o Bosque e outras praças
(atualmente somente duas se tornaram parte do Calçadão) conforme desenho
oferecido pelo urbanista Jaime Lerner à Prefeitura Municipal de Londrina(figura
1), e publicado na imprensa em primeiro de junho de 1977. A reportagem
ressaltava que o “centro de Londrina passaria por uma total reurbanização”, e
que o projeto possuía três pontos básicos: a) melhor organização do sistema
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viário; b) melhorar a distribuição do transporte coletivo e c) organizar os pontos
de encontro, buscando revitalizar a cidade, inclusive, no setor terciário. Na
figura abaixo, publicada junto com a matéria, os locais pintados de preto
representam onde haveria a pedestrianização, ou seja, ela não se delimitaria a
Avenida Paraná, conforme noticia: “Será criada uma ‘rua de pedestres’
abrangendo não só o trecho interditado na Avenida Paraná, mas também o
Bosque e as praças (e vias próximas) Gabriel Martins, Willie Davids, Primeiro
de Maio e Sete de setembro (p.24)”.
Figura 1 - Projeto Reurbanização de Londrina. Folha de Londrina, 01/06/1977
Podemos identificar mais características do projeto a partir da
reportagem de capa do Jornal de Londrina:
O centro de Londrina passara por uma reurbanização quase completa, segundo o projeto apresentado ontem pelo prefeito Antonio Belinati e outras autoridades e à imprensa, pelo arquiteto Jaime Lerner e sua equipe, que vieram especialmente para este fim. Será criada a “rua de pedestres”, ao tempo em que passarão por completa transformação as praças Primeiro de Maio, Willie Davis e Marechal Floriano, bem com as áreas adjacentes ao Bosque. (...) A urbanização compreenderá áreas de lazer, como quiosques, bares, sorveterias, telefones, bancas de revistas, palco para “roda de música”, abrigos para comercialização artesanal, teatrinho para crianças (...) ao tempo em que se estabelecerá mudanças no sistema viário, afastando da área
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central o automóvel, até onde isto for necessário. O plano é executar toda esta obra em nove meses, a um custo de 16 milhões de cruzeiros3.
A pesar de o projeto abranger todo o espaço referido na
reportagem, somente o trecho da Avenida Paraná entre as avenidas Professor
João Candido e a Rua Minas Gerais foi transformado em rua de pedestre.
Entre 1989 e 1991, o reeleito prefeito Antônio Belinati expandiu o Calçadão por
mais duas quadras passando pela Rua Pernambuco e a Prefeito Hugo Cabral,
conforme observável na figura 2. Da mesma maneira que o Calçadão não foi
implantado conforme o projeto de Lerner, no que se refere a dimensão
territorial, muito dos mobiliários e espaços propostos não foram realizados,
como, por exemplo, a remoção do terminal do espaço do bosque.
Figura 2 Em Azul, espaço do Calçadão construído até a década de 1970. Em amarelo,
expansão de 1991. Fonte: Google Earth. Demarcações pelo autor. Acessado em: 27 maio 2012
O Calçadão, depois de pronto possuía, em seu primeiro
momento, 350 metros de comprimento, e posterior a 1991, 650 metros de
comprimento. Sua área total de superfície é de 16.530,93 metros quadrados.
Era equipado com um mobiliário específico, muitos são próximos aos já
aplicados ao Calçadão de Curitiba, mas há muitos que são exclusivos. Bancos
de madeira e de concreto, telefones públicos, floreiras e lixeiras são exemplos
3 MUDANÇAS da estrutura urbana. Folha de Londrina, Londrina,. 01 jun.1977, p. 01.
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deste mobiliário, sendo que muitos deles foram substituídos e retomados ao
longo do tempo.
Em 2009, na gestão do então prefeito Barbosa Neto, tem início
no Calçadão uma reformulação urbanística total. A pedra portuguesa foi
substituída pelo paver; as luminárias, bancos, lixeiras, quase todos os
equipamentos foram substituídos. Este procedimento normalmente chamado
na mídia de “reforma do Calçadão” lançou um debate sobre a identidade e
imaginabilidade de Londrina na mídia, e qual a importância do Calçadão nesta
situação.
Diante do exposto, podemos considerar que a Avenida Paraná
sofreu diversas intervenções ao longo do tempo, conforme observamos no
esquema abaixo (figura 3):
Figura 3 - Transformações do espaço da Avenida Paraná
As transformações observadas podem ser entendidas como o
palimpsesto urbano. Assim como os pergaminhos que tinham suas escritas
apagadas para que novas fossem escritas, no espaço da Avenida Paraná,
podemos identificar cinco alterações no mínimo (tendo em vista as diversas
possibilidades de entender as transformações que ocorreram), nas quais
muitas práticas se perderam. Estas podem ser denominadas de a fala dos
passos perdidos. A transformação do espaço altera seu uso, assim como o uso
altera o espaço. Ou seja, “o território é um palimpsesto: as diversas gerações o
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têm escrito corrigido, apagado e acrescentado” (SECCHI, 2006, p.15), torna-se
um arquivo de signos, o qual podemos ao mesmo tempo, apreender como um
vasto conjunto de intenções, bem como, às práticas das pessoas. Se era
impossível se locomover com o automóvel na mata fechada e na terra
vermelha, principalmente após dias de chuva, muitos membros da elite
preferiam deixar os carros importados em casa e sair à passeio com charretes,
pois o típico barro vermelho e viscoso como uma cola dos solos “roxo” tornava
inviável a utilização dos carros.4 Com o paralelepípedo os carros e charretes
dominaram a rua, mas ainda havia a prática do footing aos fins de semana.
Com a pavimentação em asfalto a rua se torna espaço dos carros, que ao
atingir velocidades mais altas, assustava o pedestre e os dias da prática do
footing chegam ao fim e o pedestre é expulso. Com o Calçadão práticas nunca
vistas antes neste espaço se proliferam - o homem ordinário cria seu próprio
espaço no lugar estabelecido pela gestão (CERTEAU, 2008). Os antigos
moradores podem caminhar pela Avenida hoje, e sua imagem dela se
diferencia infinitamente daquela que constroem os habitantes mais recentes,
que mal a conhecem como a Paraná, e já a conheceram como o Calçadão.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, teceremos algumas ultimas linhas sobre a
intervenção urbana na cidade de Londrina que foi o Calçadão. Kevin Lynch
(2010) compreende que o planejador de urbes deve planejar uma cidade que
forneça identidade e imagem aos seus cidadãos, que possa ser lida tal qual um
texto no papel, ou seja, deve voltar seus estudos também para o campo visual.
O Calçadão de Londrina, em seu lugar específico na cidade, na movimentada
Avenida Paraná, “o centro do centro” comercial e histórico, com características
únicas, certamente fora pensado para produzir uma imagem forte ao
observador, a imagem do próprio centro, prova disto é o piso com desenho
marcante e exclusivo.
4 SCHWARTZ, Widson. Pavimento de pedra começou em 43. Jornal de Londrina. Londrina, 20
jun.1998, p.8.
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As ruas de pedestres surgiram como forma de revitalizar os
centros em todo o mundo, sobretudo no pós-guerra, uma vez que as
populações se deslocavam cada vez mais para as regiões de periferia. As
teorias urbanísticas de renovação e revitalização urbana que defendiam as
ruas de pedestres trabalham com a hipótese de sucesso iminente, e, ao lermos
os textos dos urbanistas, vemos que normalmente não há margens para erros,
todos os conceitos são apresentados a partir de dados e reflexões, até mesmo
de ordem filosófica, e o fazem de maneira panóptica. Limitamos nossa analise
a partir do século XIX, mas, como aponta Sennett (2010), as cidades se
transformaram de acordo a visão que o homem desenvolveu sobre si mesmo, e
sobre seu corpo, foram modificações concomitantes. Assim como reflete Michel
de Certeau, a produção do urbanista é uma tentativa de organização técnica do
espaço a partir de uma utopia que é “prever o futuro”, a “cidade planejada”
(2008, p.41).
Muitas transformações são operadas diariamente nas cidades,
com a Avenida Paraná não é diferente. Secchi (2006) demonstra porque
valores individuais e simbólicos decidem como ocorrem às transformações na
cidade, os signos existentes em nosso território são “o resultado do acumulo
destas decisões” (p. 16). Desta maneira o autor aponta como, a frequente
oposição entre cidade criada de forma espontânea e planejada, faz com que
estas careçam de significados. O termo espontâneo, normalmente diz respeito
a ações não coordenadas entre si, ou seja, uma sucessão de iniciativas
individuais. Vemos aqui as táticas apontadas por Certeau atuando sobre a
relação espaço/usuário. Mas até mesmo estas “maneiras de fazer” seu
território, possuem suas próprias regras, como aponta Certeau (2008, p.43), e
no que diz respeito a planejar seu espaço, Secchi revela que “estes sujeitos
constroem o próprio futuro, não somente como continuidade do passado, mas
também, como confronto entre as condições do presente e seus próprios
desejos” (2006, p.18). Trabalhar, comprar, depredar, reformar, passar ou não
passar pelo Calçadão, as práticas de cada indivíduo naquele espaço remetem
aos seus desejos individuais, seus medos e percepções. Descobrir estas
práticas invisíveis, ao exemplo de Certeau (2008, p.42), necessita de uma
erudição, tendo em vista a complexidade que ela demanda, principalmente no
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campo da Antropologia, Sociologia, Psicanálise, Filosofia e História. Neste
sentido, este estudo restringiu-se a abordar os equipamentos urbanos e sua
relação com o seu observador/utilizador, mas o espaço do Calçadão carece de
estudos desta ordem com mais profundidade, e que o espaço/tempo de uma
monografia de graduação não permite, muito menos nesta apresentação, mas
permite que se possa vislumbrar a continuidade dessa pesquisa.
Compreendemos que as transformações ocorridas no centro
da cidade, como a construção da rua de pedestres em 1977, em Londrina,
modificou consideravelmente a vida no centro urbano da cidade. Podemos
considerar que o Calçadão surgiu como um impulso urbanístico iniciado na
década de 1970 em Curitiba, para a construção destes espaços que surgiram
em muitas cidades brasileiras. A necessidade da construção do Calçadão foi
posta em cheque no período de sua construção, mas hoje as práticas já o
objetivam como integrado à cidade, tanto que na ameaça de transformação em
seu aspecto material houve discussões acirradas entre os londrinenses, tanto
entre os contrários e os favoráveis. Seus usos estão fortemente relacionados
aos elementos postos pelos gestores naquele espaço, os habitantes jogam
com as identidades construídas, descobrem novos espaços e também criam
seu próprio território.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BORTOLOTTI, João Baptista. Planejar é preciso: memórias do planejamento urbano de Londrina. Londrina: Midiograf, 2007. CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. artes de fazer. 16ª edição. Trad. Ephraim F. Alves e Lúcia Endlich Orth. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009. JANUZZI, Denise de Cássia Rossetto. Calçadões: a revitalização urbana e a valorização das estruturas comerciais em áreas centrais. 2006. Tese de Doutorado – Área de concentração: Estruturas Ambientais urbanas. FAUUSP, São Paulo, São Paulo. LYNCH, K. A Imagem da Cidade. 2ª edição. Trad. Jefferson L. Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2010. ROMINELLI, Ronald. História Urbana. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (org.). Domínios da História: Ensaios de teoria e metodologia. rio de Janeiro: Campus, 1997. p. 185-202. SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 2006. SENNET, Richard. Carne e Pedra – 2° edição. Rio de Janeiro: BestBolso, 2010.
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