O CRESCENTE AUMENTO DOS PODERES E PRIVILÉGIOS DA TRIBUTAÇÃO A REVOGAÇÃO DO ART. 739-A DO CPC

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O CRESCENTE AUMENTO DOS PODERES E

PRIVILÉGIOS DA TRIBUTAÇÃO

A REVOGAÇÃO DO ART. 739-A DO CPC

Fonte: http://www.arqnet.pt/portal/teoria/leviata.html

I. O NASCIMENTO DO LEVIATÃ

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No Leviatã, Thomas Hobbes (1587-1666):

“... parte do princípio de que os homens são egoístas e que o mundo não satisfaz todas as suas necessidades...”

“... há necessariamente competição entre os homens pela riqueza, segurança e glória.”

“Então como é que a paz é conseguida? Somente por meio de um contrato social. Assim ao realizar o contrato social, temos que estabelecer um mecanismo que o obrigue a ser cumprido.” (Grifamos)

Fonte: http://www.arqnet.pt/portal/teoria/leviata.html

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Leviatã foi o nome dado por Thomas Hobbes a sua obra. Significa um monstro, citado na Bíblia, no livro de Jó:

“... um monstro do mar associado ao submundo, à morte.”

“... imaginado como grande crocodilo, símbolo do Egito, com olhos e boca chamejantes.”

Fonte: Jó. 3,8 – 40,25 e notas de rodapé

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II. O CRESCIMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA

“A carga tributária no Brasil corresponde a 36% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e é a maior da América Latina, segundo uma pesquisa divulgada ... pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal)” (Grifamos).

Fonte: www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090519_cepal_mc_ac.shtml

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Imposto de Renda no Brasil – Evolução:

Pessoa Física

Ano Legislação Valores Moeda Alíquota

1922 Lei n.º 4.625/22 Acima de 500:000 Contos de réis 8%

1926 Lei n.º 4.984/26 Acima de 500:000 Contos de réis 10%

1936 Lei n.º 4.183/36 Acima de 500:000 Contos de réis 15%

1945 Dec. n.º 5.430/45 Acima de 500.000,00 Cruzeiros 20%

1956 Lei n.º 2.973/56 Acima de 1.000.000,00 Cruzeiros 25%

2004 Lei n.º 11.033/04 Acima de 2.115,01 Reais 27,5%

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“Trabalhamos 148 dias por ano para pagar impostos”. Fonte: Instituto Brasileiro de Planej. Tributário .“Ut” SESCAP PR - Agosto/2010, n.º 189, fls. 6.

“Uma família de classe média gasta no Brasil um terço de sua renda para pagar escola particular, plano de saúde privado e outros serviços que deveriam ser sustentados pelos impostos.” Fonte: Revista Veja - 02/06/2010, p. 206.

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“A população quer ter liberdade para escolher. Os eleitores, no entanto, não dispõem hoje da possibilidade de escolher um candidato que os defenda nesse assunto”. Fonte: Revista Veja, 02/06/2010, p. 209

“... É bem diferente do que se vê nos países desenvolvidos, sobretudo nos Estados Unidos, onde os tributos são um tema que não pode ficar de fora em qualquer campanha eleitoral” Fonte: Revista Veja, 02/06/2010, p. 209

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III. MEIOS COERCITIVOS PARA COBRANÇA DOS TRIBUTOS

Vejamos algumas novidades que se pretende implantar (sem falar da extensa gama de poderes e de recursos que o Estado detém), para realizar a cobrança dos tributos:

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Projeto de Lei n.º 5080/2009(A EXECUÇÃO ADMINISTRATIVA)

(...)

Art. 9.º O despacho da autoridade administrativa competente que determinar a notificação, observados os prazos e as hipóteses do art. 5.º, também ordenará:

I – a efetivação da constrição preparatória e a avaliação de bens, respeitada a ordem estabelecida no art. 655 da Lei nº 5.869, de 1973, sobre tantos bens e direitos quantos bastem para garantir o débito; (Grifamos)

(...)

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Art. 11. O termo ou o auto de constrição preparatória conterá a avaliação dos bens, efetuada pelo oficial da Fazenda Pública que o lavrar. (Grifamos)

(...)

Art. 26. A oposição dos embargos não suspende o curso da execução.

(...)

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Projeto de Lei nº 5081/2009(GARANTIAS EXTRAJUDICIAIS)

Art. 1.º Mediante requerimento dirigido à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, poderão ser oferecidas garantias extrajudiciais ao débito inscrito em dívida ativa da união que não tenha sido objeto de execução fiscal (...) (Grifamos)

(...)

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Projeto de Lei nº 5082/2009(TRANSAÇÃO)

(...)

Art. 6.º A transação nas modalidades previstas nesta Lei poderá dispor somente sobre multas, de mora e de ofício, juros de mora, encargo de sucumbência e demais encargos de natureza pecuniária, bem como valores oferecidos em garantia ou situações em que a interpretação da legislação relativa a obrigações tributárias seja conflituosa ou litigiosa. (Grifamos)

(...)

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Projeto de lei complementar n.º 469/2009(RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA)

Altera e acrescenta dispositivos à Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional

Art. 1.º A Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal, pelo contribuinte, respondem subsidiariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

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(...)

VIII – o administrador ou gestor que:

(...)

b) alienar, onerar, ou dar em garantia quaisquer dos bens ou direitos administrados sem que sejam garantidos os créditos da Fazenda Pública constituídos, observado ainda o disposto no art. 185;

(...)

d) Houver distribuído lucros, dividendos, bonificações, juros sobre o capital próprio, ou afins a seus sócios, dirigentes, acionistas, ou assemelhados a partir do dia do vencimento do tributo, quando os bens do sujeito passivo não forem suficientes para garantir o crédito tributário em cobrança;

(...)

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A posição da OAB:

“O Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu ..., por unanimidade, rejeitar integralmente o teor dos quatro projetos de lei que integram o pacote tributário proposto pelo Executivo e que está em tramitação na Câmara dos Deputados”

Fonte: www.editoramagister.com/noticia_ler.php?id=43562.

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O pensamento de Ives Gandra:

O emérito jurista, Ives Gandra da Silva Martins, em sua obra “Uma breve teoria do poder”, diz o seguinte:

“Recolhemos tributos para sustentar estas máquinas ‘inchadas’, que se multiplicam como ‘ervas daninhas’ e que vivem a criar obrigações para a sociedade e a facilitar a aquisição de benefícios aos ‘amigos do rei’” Fonte:

Editora Revista dos Tribunais. SP – 2009, pág. 68. Grifamos.

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IV – PROPOSTA

Devido ao crescente aumento dos poderes, dos recursos e dos privilégios tributários, sugerimos, como medida de justiça; a revogação do art. 739-A do CPC.

Não se ignora a tese da inaplicabilidade desse dispositivo às execuções fiscais. Todavia, antes do advento da norma do art. 739-A, os embargos a essas execuções eram sempre suspensivos.

Portanto, afastando-a, pensamos que tais embargos, nas execuções fiscais, voltarão a ser recebidos com efeito suspensivo.

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1. A revogação do art. 739-A do CPC

O Art. 739-A, do CPC e seus parágrafos, foram acrescidos pela Lei n.º 11.382, de 06/12/2006. O referido artigo tem a seguinte redação:

Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo.

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2. Inconstitucionalidade da norma em foco

O dispositivo legal citado, ofende vários princípios e artigos da Constituição Federal, na medida em que impede o devedor de opor, com, efeito suspensivo, Embargos à Execução.

- O Princípio do devido processo legal:

Art. 5.º (...)

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.

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-O Princípio do contraditório e da ampla defesa:

Art. 5.º (...)

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

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-O Princípio da dignidade humana:

Art. 1.º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

(...)

III – a dignidade da pessoa humana.

Ofende esse princípio na medida em que expõe o devedor a vexatória situação de ver seus bens penhorados, avaliados e levados à leilão sem ter condições de se opor, de modo eficiente.

. . .

Outros princípios poderiam ser arrolados, mas, pensamos que os citados são suficientes à causa.

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3. Apresentação de Projeto de Lei:

Urge alterar a situação reinante, posto que muito beneficia e privilegia o Fisco em detrimento dos Contribuintes.

Por essas razões, pedimos, com insistência, que este emérito Instituto examine a proposta que ora fazemos, acrescente ou exclua o que julgar necessário e, em seguida, se aprovada:

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a) Solicite a um dos nossos deputados federais que apresente Projeto de Lei propondo a revogação do citado Art. 739-A do CPC;

b) Encaminhe essa proposta à Comissão encarregada da elaboração do projeto do novo CPC.

. . .

Acredito que tal revogação, que não implicará em desoneração tributária, será bem recebida não só pelos contribuintes, como também por todos aqueles que, por uma razão ou outra, estejam sujeitos a uma execução.

Maringá, 27 de agosto de 2010

Irivaldo J. de Souza

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