O Ã Ç GA UL ÃO DIV EMÚSICA A/ UN BEMVIVER...fermagem, odontologia efar-mácia, tenham licença...

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BEM VIVERMEDITAÇÃOE MÚSICA

De 7 a 9 de setembro, aprofessora de ioga Prem Karunae o multi-instrumentista PremRaman promovem o My Retreat,retiro de ioga e música, emBrumadinho (MG).

PÁGINA 6

ESTADO DE MINAS ● DOM I N G O , 1 9 D E A G O S TO D E 2 0 1 8 ● E D I TO R A : Te r e s a C a r am ● E - M A I L : b em v i v e r . e m@u a i . c om . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 7 8 4 Wha t s A p p : ( 3 1 ) 9 9 9 1 8 - 4 1 5 5

UNA/DIVULGAÇÃO

O PREÇO DA

VAIDADEPROCEDIMENTOSESTÉTICOSREALIZADOSPORNÃOESPECIALISTASTÊMCAUSADOMORTESE

CONFUSÃONAJUSTIÇA.AFINAL,OQUEPODETRAZERMAISSEGURANÇANACORRIDAPELABELEZA?

LAURA VALENTE

Aoferta de procedi-mentos estéticosinovadores, aliadosou não às cirurgiasplásticas, tem pro-

vocado verdadeiro frenesi nasociedade contemporânea,cada vez mais interessadaem moldar a própria ima-gem de acordo com os pa-drões de beleza que apontampara o corpo perfeito e a ma-nutenção da juventude.

No entanto, uma combi-nação perigosa no país, que

envolve uma legislação con-fusa e um mercado em quemédicos não especialistas eprofissionais que não têm li-cençapara atuar no segmentose dizem aptos, traz riscos pa-ra a saúde de quem procuratratamentos como preenchi-mentos e aplicações de subs-tâncias: botox, ácidos hialurô-nicos,metacril (ouPMMA), hi-drogel e outros. Vide tragédiasrecentes com as mortes dabancária Lílian Calixto – casoque culminou na prisão deDenis César Barros Furtado, oDr. Bumbum – e a da modelo

Mayara Silva dos Santos, cujaresponsabilidade está sendo in-vestigada pela Polícia Civil doRiode Janeiro, entreoutros.

Enquanto isso, em verda-deiras batalhas judiciais, ór-gãos comooConselho Federalde Medicina e as sociedadesbrasileiras deCirurgia Plásticae de Dermatologia têm em-preendido açõespara impedirque profissionais de outrasáreas, como biomedicina, en-fermagem, odontologia e far-mácia, tenham licença paraexecutar procedimentos esté-ticos considerados invasivos.

Num cenário confuso,pessoas adeptas aos trata-mentos estético,s como Pris-cila Tereza de Carvalho Ribei-ro de Paula, advogada, de 29anos, vaidosa confessa, ten-tam se cercar de cuidadospara evitar riscos. Ainda as-sim, o perigo está à solta e sefaz sedutor em propagandasnas redes sociais ou na ofer-ta de custos mais baixos queos praticados por especialis-tas. Nas páginas seguintes, oBem Viver coloca em discus-são o assunto que está assus-tandomuita gente.

Agir por impulso, motivadapor propagandas de custos

baixos, pode ser um ‘barato que saicaro’. Além disso, devemos nos ater

sempre se há uma necessidadereal da intervenção”

■■ Priscila Tereza de Carvalho Ribeiro de Paula,advogada, de 29 anos, que já fez vários procedimentos estéticos

JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS

BEMVIVER 3E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 9 D E A G O S T O D E 2 0 1 8

❚ REPORTAGEM DE CAPA

AVALIAR A SEGURANÇA DOS PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS, CONHECER OTRATAMENTO PROPOSTOE CONVERSAR COM O PROFISSIONAL SOBRE EXPECTATIVAS X REALIDADE SÃO FUNDAMENTAIS

LAURA VALENTE

A fala que dá título à página é deMa-nuelaPaulaCostaRodrigues,empresária,de 38 anos, mulher supervaidosa que jáfezváriosprocedimentosestéticos. “Que-rer sempremelhorar é o queme leva abuscar as intervenções, estar bem comminhaautoestima”, afirma.

Tantoque, insatisfeitacomaimagematual dos seios, ela está em processo depesquisaparadefinir qual será amelhoropçãopara implantarprótesedesiliconepelaquartavez.

“Da primeira vez coloquei pouco, de-poisaumentei,daíquiscolocarembaixodomúsculo e, agora, quero dar uma re-paginada. Encontrei preços variando deR$ 6mil a R$ 18mil. No entanto, não de-cidopelo custo,mas, sim, após conversacomomédico, sendoque, antesmesmodemarcar a consulta, busco indicações,consultoossitesdeclasseespecializadose até os jurídicos para saber se há recla-mações formaiscontraoprofissional. Sóvouemmédicoqueinvestigueieatého-je fizas intervençõessemmedo, tranqui-la, segura. Aquestãonãoédepreço,masde preocupação com a saúde e comumbomresultado.”

A franqueza na relaçãomédico e pa-ciente é outro ponto avaliado por ela.“Como não quero retirar a pele dosseios, aindanãoconsegui fechar a cirur-gia, pois omédico que visitei disse queseria possível garantir apenas 20% doresultado com aminha ressalva. Tam-

bémqueria fazeruma lipo,masele con-traindicou, dizendoquenãopreciso.Ouseja, senti confiança na fala dele, vi quenão estava interessado emvender gatopor lebre. Com isso, estou avaliandoqual será amelhor solução para ficar omais satisfeita possível.”

Apesar de já ter realizado procedi-mentossemaajudadedermatologistaecirurgiões plásticos – bichectomia comcirurgião-dentista bucomaxilofacial eblefaroplastia (cirurgia de pálpebras)commédicooftalmologista–,elaressaltaquebuscouasmelhores indicaçõesequenãoaprovao fatodeprofissionaisdeou-tras áreas atuarem em procedimentosestéticos invasivos. “Considero um ab-surdo os recentes casos envolvendo asmortes da bancária e damodelo, pois avida valemais do que qualquer coisa. Seapessoaquermelhorar aaparência, pre-cisabuscarumbomprofissional, realizaro procedimento em local especializado.Mais oumenos não dá, pois é umadeci-são que pode acabarmal, em deforma-çãoeatémesmoemóbito.”

A IMPORTÂNCIA DO RQEManuela vaibem, obrigada. Mas, segundo cirurgiõesplásticosedermatologistasouvidospelareportagem,pessoasquerealizamproce-dimentos estéticos com não especialis-tas, incluindo aímédicos que não têmoRegistro de Qualificação de Especialida-de(RQE),assumemumgranderiscoparaa saúde. “A cultura de exposição nas re-des sociais e a demanda cada vezmaior

por atingir umpadrão de estética, mui-tas vezes irreal, tem promovido umabusca cada vezmaior por intervençõesestéticas, sejamcirúrgicas ounão.Oqueamaioria das pessoas subestima é quetodoprocedimentoestético temumris-coenvolvido, epodegerar complicaçõesque só serão revertidas ou amenizadascomsegurançapelomédico especialistanaquela região do corpo”, alerta LucasMiranda,dermatologista,membrodaSo-ciedadeBrasileiradeDermatologia (SBD).Assim, ele tem convicção de que óbitoscomo os da bancária Lílian Calixto e damodeloMayara Silva dos Santos pode-riamter sidoevitados.

“A Lei do AtoMédico (Lei 18.842/13)determinaqueostratamentos invasivos,ou seja, aqueles que ultrapassam a bar-reiradapele, sópodemserrealizadospormédicos. Alguns conselhos de outrasprofissões emitiram pareceres própriosnopassadoautorizandoseusintegrantesa fazerem alguns procedimentos estéti-cos invasivos, mas essas resoluções nãopodemse sobrepor à lei. Portanto, todaselas têm sido repetidamente caçadas naJustiça.Alémdaquestãolegal,éomédico(mais especificamente cirurgiões plásti-cos edermatologistas) que tema forma-çãotécnicaadequadaparaexecutarcomsegurançaostratamentosestéticos inva-sivos e, aindamais importante, identifi-car e tratar as possíveis complicações”,completaocirurgiãoplásticoPedroNeryBersan,membro da Sociedade BrasileiradeCirurgiaPlástica.

EFEITO IRREVERSÍVEL Ainda segundo osmédicos, outro ponto importante a serobservado no caso de preenchimentos,mesmo osminimamente invasivos, é otipo de substância usada. Exemplo vemde episódio vivido pela atriz Betty Faria,de 77. Ela conta que há alguns anos o or-ganismoreagiumalàaplicaçãodemeta-cril (produtosintético, compostopormi-croesferas de acrílico e que pode causardeformações,muitasvezesirreversíveis),procedimento realizadopeladermatolo-gista Doris Hexsel. “Fiquei ummonstro,como rosto cheio de bolotas quemuda-vamdelugar.RecorriaoIvoPitanguy,quefez cirurgiapara tentar reverteroproble-

ma.Aindaassim, sóvoltei aonormal cer-cadetrêanosdepois,quandorealizeiumtratamento de saúde com cortisona e omedicamento ajudoua ‘derreter’ a subs-tância. Depois disso, nuncamais fiz pro-cedimentonenhum, tomei trauma.”

O dermatologista LucasMiranda co-menta o caso da atriz: “É preciso lembrarqueexistemtiposdiferentesdepreenche-dores nomercado, os permanentes e osnãopermanentes(ouabsorvíveis).Exem-plos de permanentes vêm do metacril(também conhecido como PMMA) e dohidrogel (ou gel de poliamida), que po-demcausarobstruçãovascular(nosvasossanguíneos), necrose de pele e cegueira,entre outras complicações. Ou seja, sãomuitoperigosos.Tantoquemédicosespe-cialistaseatualizadosnãoosusam”.

Emcontrapartida,diz, “umpreenche-dorabsorvível comooácidohialurônicoémais seguropelo fatodeexistiruman-tídotoparaele (aenzimachamadahialu-ronidase),quetemacapacidadedediluiroprodutoereverterumquadrodecom-plicação”. O médico ainda cita outrosproblemas causados pelo uso de preen-chedorespermanentescomoedemasre-correntes,alergiasereaçõesocasionais.Ealerta: “Nãoexistemtestesparaverificara tolerância de umpaciente ao produto.Logo, médicos sérios não usam preen-chedoresmuito imunogênicos,dequali-dade baixa, caso de substâncias comoPMMA,hidrogelesiliconeindustrial.Ho-je, considerooácidohialurônicoopreen-chedormais segurodomercado”.

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“A vida vale maisque qualquer coisa”

TÚLIO BARROS/DIVULGAÇÃO

Manuela Rodrigues fará implante desilicone nos seios pela quarta vez

BEMVIVER4E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 9 D E A G O S T O D E 2 0 1 8

❚ REPORTAGEM DE CAPA

NUMCENÁRIODEBOOMNAOFERTADETRATAMENTOSESTÉTICOS,PROFISSIONAISDESAÚDEDEDIFERENTESÁREASENTRAMNOFILÃO.AJUSTIÇAÉACIONADA,MASMUITASVEZESOCONSUMIDOR,CONFUSO,SEARRISCA

É fundamental se sentir seguraLAURA VALENTE

“Creio que todamulher é vaidosa, e nãosou uma exceção. O primordial é se sentirbemconsigomesmo e isso inclui a aparên-cia”, afirma Priscila Tereza de Carvalho Ri-beiro de Paula. Advogada, de 29 anos, ela éadepta de cuidados estéticos que incluemlimpeza de pele, depilação a laser emassa-gemredutora. Tambémjá recorreu à cirur-gia plástica. “Há seis anos, coloquei prótesemamária (bem naquela época em que sili-cones estavam estourando), por questãopuramente estética, visto que meus seioserampequenos”, conta.

Eaderiu,ainda,àbichectomia(retiradadabola de Bichat – gordura que fica na boche-cha – para deixar o rostomais fino) e à apli-cação de botox nos lábios, o primeiro umprocedimento que vem sendo alvo de dis-puta entre entidades de classe damedicinaedaodontologia.Priscila,porexemplo, fezoprocedimento emescolade cirurgiões-den-tistas. “Poracaso,viumapropagandanasre-des sociais queanunciavaumapós-gradua-ção para cirurgiões-dentistas na área de es-tética facial eprocuravapacientes-modelos.Sim, fuiuma ‘cobaia’ (risos).”

Apesar da polêmica em torno da bichec-tomia,elaafirmaqueacirurgianãoteveape-nas justificativa estética. “Recebi a indicaçãodeumdentista,vistoquetinhaproblemanamordedura e constantemente feria a parteinternadabochecha.”Priscilarevelaqueare-cuperação foibastante semelhanteàde reti-radadeumdentesiso,equesesentiuseguraapósverificarohistóricodosprofissionais.

“Fizabichectomiacrendoquenãoiriaocor-rernadaerrado.Àépoca,linainternetsobreris-coscomoparalisaçãofaciale/ouapossibilida-dedeacirurgiaafetarasalivação.Noentanto,acredito que os riscos existememmaior oumenor grau em todos os procedimentos,mesmoosnãoestéticos.Então,agendeiumavisita, conheci osprofissionais e o lugar, pro-curei recomendações e verifiquei se os pro-fessoresacompanhavamtodooprocedimen-to.Comosenti segurançaeconfiança, fizaci-rurgia, alémdebotoxnos lábios.”

Emboraoconselhodemédicosespecialis-tas seja bom, nem sempre é seguido à risca.“É obvio que seminha condição financeirafossemelhor,procurariaumprofissional re-nomadoeparticular,porquantoasegurançaseriaaindamaior, semcontara facilidadedeatendimento e retorno quanto a dúvidas eprecauções”, reconhecePriscila.

Aadvogadaconclui: “Éprecisopesquisar!Agir por impulso,motivada por propagan-dasdecustosbaixos,podeserum‘baratoquesai caro’. Alémdisso, devemosnos ater sem-pre se há umanecessidade real da interven-ção,avaliarcondições financeiras (poisnãoésóoprocedimento, temosopréeopós-ope-ratório – com exames e medicações queusualmente são caros), os profissionais quesejamrealmentecapacitados,olugaremqueoprocedimentoserárealizado,riscosebene-fícios(atéporque,muitasvezes,obenefícioémínimoparaumriscotãoalto),alémdapos-sibilidadedearrependimentovistoqueare-versãomuitasvezes se torna impossível”.

ENTRE OSMÉDICOSOmédico Sérgio Leite,presidentedaAssociaçãoBrasileiradasClíni-casdeCirurgiaPlástica (Abraccip), alerta: “Es-tamos no Brasil, país que detém a segundamaior sociedade de cirurgiões plásticos domundo, com o respeito de toda a comuni-dade internacional. No entanto, há pessoascomo o Dr. Bumbum, que fazia bioplastianosglúteossemespecializaçãoadequada,oque considero resultado de vários equívo-cos, incluindo aí a ânsia do não especialistapelo ganho financeiro”.

O cirurgião aponta uma lei defasada, de1957, “quandooconhecimentocientíficoeradiferente e o acesso ao especialista era limi-tado”, como umdos gatilhos do problema.“Há uma permissividade no país em quequalquer profissionalmédico pratique atoclínicooucirúrgico, sendoeleespecialistaou

não naquela área, mesmo se tratando deuma cirurgia eletiva.” E acrescenta: “Tam-bémodesejode serviçosdebaixocustoporparte dos pacientes aproximaos dois lados,criandoassimareceitadatragédiaedoscon-flitos. Exercer umaespecialidade semde fa-to tê-la éuma insanidade”, afirma.

ASociedadeBrasileiradeCirurgia Plásticaalertaaindaparaofatodecercade12milpes-soassemqualificaçãorealizaremcirurgiasnoBrasil,oquecolocaseuspacientesemriscodedeformidades,errosirreversíveiseatémorte.“Antes de contactar um profissional, façaumapesquisajuntoàSociedadeBrasileiradeCirurgia Plástica”, insiste. Omédico lembraaindaque todacirurgiaprevê riscos, e garan-tequeapenasumprofissionalpreparadopo-deráminimizá-los.“Todoequalquerprocedi-mentomédicoestásujeitoacomplicações.Aobrigaçãodoespecialistaé fazeromelhordaciência para atingir os objetivos previstos,semcontudo,garantirosucessoabsoluto.”

O botox é uma dasintervenções não

cirúrgicas mais procuradasem consultórios

ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS – 22/3/18

Estamos no Brasil, paísque detém a segundamaior

sociedade de cirurgiõesplásticos domundo, com o

respeito de toda acomunidade internacional.No entanto, há pessoas

como o Dr. Bumbum, quefazia bioplastia nos glúteos

sem especializaçãoadequada”

■■Sérgio Leite, presidente da Associação Brasileiradas Clínicas de Cirurgia Plástica (Abraccip)

Em relação a substâncias permitidas para preenchimen-tos e as quantidades aplicadas, quem regula e quemfiscaliza no Brasil?A Anvisa é a responsável por liberar o uso dassubstâncias, mediante parecer técnico das socie-dades brasileiras de Cirurgia Plástica e de Derma-tologia, que orientam seus associados sobre o queusar, onde e em qual quantidade. A fiscalizaçãodos produtos e das instalações onde são feitos ostratamentos também fica a cargo da Anvisa, quevisita sempre os consultóriosmédicos e controlaa qualidade das fábricas. No entanto, a enormemaioria dos casos em que vemos complicaçõessérias é realizada por não especialistas (muitasvezes nemmédicos!) e em locais clandestinos.

O que o consumidor/paciente precisa saber antes de sesubmeter a tais tratamentos?O paciente deve sempre considerar três fatores: aformação do médico (é fácil verificar nos sites doCRM, da SBCP e da SBD se oprofissional é realmen-te habilitado), o local do procedimento (consultó-riomédico adequado ou instalação hospitalar) e aqualidade do produto (se tem registro na Anvisa eé indicado para o tratamento que ele deseja).

O que justifica, mesmo diante de tanta informação, ca-sos como o da bancária Lílian Calixto?Infelizmente, informação é diferente de conheci-mento, e, muitas vezes, os pacientes são induzi-dos a confiar em informações falsas. Asmídias so-ciais têm um importante papel em divulgação,mas não são parâmetro da qualidade e nem daformação do profissional. A formação de um ci-rurgião plástico demora, no mínimo, 11 anos e éessa formação que garante qualidade e segurança

do tratamento, não apenas um Instagram boni-to. Para se avaliar isso, basta consultar o registrodo profissional nos sites das sociedades, comomencionei antes, e também ficar atento ao teorético das postagens de cada página.

Por que o sr. acredita que há um aumento tão expres-sivo na busca por tais procedimentos?Os procedimentos estéticos pouco invasivos, co-mo preenchimentos e botox, têm crescido por-que melhoraram muito em qualidade nos últi-mos anos, e passaram a ser uma excelente opçãopara pacientes que ainda não precisam ou nãodesejampassar por uma cirurgia, masmesmo as-sim estão preocupados emmanter umaaparênciajovem e cuidar do próprio corpo. Costumo dizerque o rejuvenescimento facial começa já na juven-tude, com a prevenção das rugas e cuidados com apele, e vai subindoumaescadinhadasváriasopçõesde tratamento que temos àmedida que o pacienteenvelhece, até a cirurgia.Osnovosprodutos adicio-narammuitos degraus a essa escada.

Quais são os riscos de contratar um serviço mais bara-to, negligenciando as credenciais do “profissional”?Arriscar a saúde, e penso que as pessoas não de-veriam estar dispostas a pagar um preço tão al-to. Apenas os médicos especialistas, em am-biente seguro e adequado, serão capazes dediagnosticar e tratar as complicações possíveis– que apesar de raras precisam ser abordadasadequadamente. Abrir mão dessa segurançasignifica aumentar muito os riscos à saúde e seexpor a problemas graves, como temos vistona mídia. Não vale a pena correr esse risco emnenhuma circunstância.

PEDRONERY BERSANCIRURGIÃODOHOSPITALMADRETERESA EMEMBRODA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA

ENTREVISTA

“Informaçãoédiferentedeconhecimento”

ENQUANTOISSO...

Bruno Corrêa é viúvo de FláviaOliveira,falecida emabril de 2016, aos 37 anos, devi-do a falência do fígado, “resultadodeabusode anabolizantes emprocesso chamadobodybuilding”, justifica, chamandoaatençãoparaoperigode “buscar a imagemaqualquer preço”. Em resumo, ele contaque ela começou ausar produtos que, ape-sar de proibidos no país, eramvendidos naacademia que frequentava emBH, cujoproprietário e o personal ele acionanaJustiça. “O problema continua ocorrendo,numa cenário semelhante ao do tráfico dedrogas comum.Depois de ser apresentadaaos anabolizantes que ‘ajudamamodelar o

corpo’, segundo os que comercializaminclusive via internet, Flávia se tornoudependente química da substância e daprópria imagem (sintomade vigorexia)”,lamenta. Flávia deixouduas filhas e umenteado. Bruno se casou novamente e vaireconstruindoa vidaapós o trauma,mas oprocesso seguena Justiça, enquanto aacad-emiapermanece em “plenaatividade”. Ficao alerta: “Criou-se umestereótipomuitoperigoso do que é beleza. A sociedadecomoumtodoprecisa parar e repensar oconceito de saúde, exigência, competição, oconceito de beleza deturpado. Pessoasestãomorrendo”.

...VIÚVO PROCESSAACADEMIA

MATEUS FERREIRA /DIVULGAÇÃO

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