View
215
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ - CEAP JORGE NUNES VIEIRA
O LICENCIAMENTO AMBIENTAL E O SEU ASPECTO JURÍDICO NO MUNICÍPIO
DE MACAPÁ - AP
MACAPÁ - AP 2008
JORGE NUNES VIEIRA
O LICENCIAMENTO AMBIENTAL E O SEU ASPECTO JURÍDICO NO MUNICÍPIO
DE MACAPÁ - AP
Trabalho de Conclusão do Curso de Direito do
Centro de Ensino Superior do Amapá - CEAP,
como requisito parcial, para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.
Orientado pelo Professor Esp. Renato Ribeiro
dos Santos.
MACAPÁ - AP 2008
ILUSTRÍSSIMO SENHOR COORDENADOR DO CURSO DE DIREITO DO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAPÁ - CEAP
AUTORIZAÇÃO
Autorizo o Acadêmico, Jorge Nunes Vieira, matriculado nº 04.1.0011 – 10º
DIN, na condição de Orientador do referido acadêmico, a efetuar o deposíto de sua
monografia, cujo tema é: O LICENCIAMENTO AMBIENTAL E O SEU ASPECTO
JURÍDICO NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ – AP, contendo 56 (cinquenta e seis)
páginas.
Macapá – Ap, 06 de Dezembro de 2008
________________________________________
Professor Orientador Renato Ribeiro dos Santos
Dedico este trabalho a aquele que é minha
maior inspiração e que nunca me abandonou
em nenhum momento, me fortalecendo
todas as vezes em que senti necessidade,
meu adorado Jesus.
A Deus, pelo dom da vida, pela provisão e o
meu propósito de fazer este curso de Direito.
A minha amada esposa Denice Cristiane
pelo apoio , paciência e auxílio na
elaboração deste trabalho.
Aos colegas de sala de aula, em especial,
aos do meu grupo de estudo, pelo
companheirismo nos momentos em que só a
união representava nosso sucesso no curso.
Ao meu orientador, professor Renato
Ribeiro, pela paciência e os seus ricos
ensinamentos de Direito Ambiental.
Ao colega de turma, Alexssandro Acioli, pelo
incentivo e cessão de material para
pesquisas.
Ao CEAP, por proporcionar a estrutura, os
professores e demais profissionais que
contribuiram direta ou indiretamente para a
realização deste trabalho.
“É o Senhor que dá sabedoria e entendimento . Ele dá ajuda e proteção a quem é direito e honesto.” Prov. 2.6a-7.
A alarmente realidade mundial, em matéria ambiental, contrasta com a do Estado do Amapá, que fica localizado no extremo norte do Brasil, na região amazônica, tem cerca de 90% de sua área natural inteiramente preservada. A Constituição Federal elevou o meio ambiente sadio e equilibrado à condição de direito fundamental de todos os brasileiros. A Lei n. 6.938/81 estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente. O licenciamento ambiental é destacado, pois sua abordagem congrega o equilíbrio das intenções de desenvolvimento econômico, social e ambiental. O município de Macapá mostra capacidade, competência e iniciativa em promover sua política de desenvolvimento seguindo os rigores legais que ensejam o desenvolvimento sustentável. Sendo instrumento de política de meio ambiente, o licenciamento ambiental possui alicerces fundamentais a partir dos próprios princípios informadores do Direito Ambiental, sua exigência cumpre o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental, para concessão das Licenças ambientais: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação. Ressalta-se das legislações amapaenses, a prevalência da premissa básica da impossibilidade de não associar as questões ambiental e social à problemática municipal e o estabelecimento de uma política de desenvolvimento territorial para Macapá fundamentada sobre o conhecimento das condições ambientais atuais do Município e a análise dos impactos das atividades econômicas e urbanas sobre o meio ambiente, levando em conta os instrumentos legais vigentes, dos quais faz parte o licenciamento ambiental. O licenciamento Ambiental representa o mais destacado instrumento na luta pela preservação do meio ambiente. Com o seu caráter preventivo, constitui-se na forma legal de intervenção administrativa prévia do Estado no interesse privado em matéria ambiental.
Palavras – chave: Macapá; licenciamento ambiental; meio ambiente; política; licenças.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10
CAPÍTULO 1 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL................................................ 13
1.1. Surgimento do Licenciamento Ambiental no Brasil................................ 13
1.2. Princípios Fundamentais do Licenciamento Ambiental ........................ 14
1.2.1 Princípio da Precaução............................................................................ 15
1.2.2 Princípio da Prevenção............................................................................ 16
1.3. Conceito de Licenciamento Ambiental.................................................... 17
1.4. Objetivos do Licenciamento Ambiental.................................................... 19
1.5. Fases do Licenciamento Ambiental.......................................................... 21
1.5.1 Licenças Ambientais................................................................................ 23
1.5.2 Licença Prévia........................................................................................... 26
1.5.3 Licença de Instalação............................................................................... 27
1.5.4 Licença de Operação............................................................................... 28
CAPÍTULO 2 – IMPACTO AMBIENTAL............................................................. 30
2.1. Avaliação de Impacto Ambiental............................................................... 30
2.2. Estudo de Impacto Ambiental................................................................... 32
2.3. Relatório de Impacto Ambiental................................................................ 36
2.4. Avaliação de Impacto Ambiental x Estudo de Impacto Ambiental........ 37
CAPÍTULO 3 – MUNICIPALIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL 38
3.1. O Município e a Constituição Federal de 1988......................................... 39
3.2. A Tutela do Meio Ambiente e o Município................................................ 40
3.3. O Licenciamento Ambiental e o Município............................................... 41
3.4. Os Conselhos Municipais do Meio Ambiente.......................................... 43
3.5. Aspectos Jurídicos do Licenciamento Ambiental no Município de Macapá................................................................................................................
44
3.5.1 Vigência da Lei Complementar nº 026/2004........................................... 45
3.5.2 Vigência da Lei nº 031/2004 – PMM......................................................... 46
3.5.3 Vigência da Lei nº 029/2004 – PMM......................................................... 46
3.5.4 Vigência da Lei nº 030/2004 – PMM ........................................................ 48
3.5.5 Vigência da Lei nº 027/2004 – PMM ........................................................ 48
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 54
LISTA DE ABREVIATURAS
AIA Avaliação de Impacto Ambiental
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CMMA Conselho Municipal do Meio Ambiente
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPIA Estudo Prévio de Impacto Ambiental
EIV Estudo de Impacto de Vizinhança
IBAMA Instituto de Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
LP Licença Prévia
LI Licença de Instalação
LO Licença de Operação
PNMA Política Nacional do Meio Ambiente
PMM Prefeitura Municipal de Macapá
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
SEMAM Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Macapá
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
INTRODUÇÃO
Com a Revolução Industrial do século XVIII, o desenvolvimento econômico
trouxe impactos negativos diretos o meio ambiente, sobretudo pela exploração
desordenada e desenfreada dos recursos naturais e da produção e despejo aleatório
de lixo e demais resíduos na natureza. Fatores como a Globalização, integração de
economias e sociedades de vários países que intensificaram seus sistemas
produtivos e hábitos de consumo, além do alarmante crescimento populacional,
contribuíram para o processo de degradação ambiental, com efeitos de crise
mundial, pelo comprometimento da vida humana no planeta em poucas décadas.
A realidade mundial, em matéria ambiental, contrasta com a do Estado do
Amapá, que fica localizado no extremo norte do Brasil, na região amazônica, tem
cerca de 90% de sua área natural inteiramente preservada. (CARNEIRO, 2007).
Por ter se tornado uma unidade da federação acerca de duas décadas, vem
apresentando ao longo deste período sucessivo crescimento dos seus índices de
desenvolvimento econômico, social e populacional, se constitui numa área de
grande atração para empresas que empregam matérias-prima provenientes da
exploração de recursos naturais.
Hodiernamente, o Estado do Amapá está inserido no rol de empreendimentos
refentes à extração de minérios como ferro e ouro, assim como esteve há décadas
atrás com o manganês.
São exemplos ainda, a atividade de reflorestamento (plantio de espécies de
rápido crescimento para fornecimento de matéria-prima para produção de celulose e
papel) e o início do agro-negócio.
A realidade do crescimento econômico é almejada pelas políticas de
desenvolvimento dos governos estadual e municipal.
Neste sentido, se faz necessário abordar sobre a aplicação da legislação
ambiental vigente no município de Macapá, no tocante ao cumprimento dos critérios
legais para o licenciamento ambiental, instrumento de suma importância para o
controle estatal de atividades econômicas que possam pôr em risco o meio
ambiente.
O licenciamento ambiental constitui-se em um dos instrumentos da política
ambiental nacional, tratada pela Lei nº. 6.938/81.
A preservação do meio ambiente, dever constitucional do Estado e da
coletividade, considerando ser o Estado incumbido, também constitucionalmente, de
promover o desenvolvimento econômico e social.
Desta forma, é importante focalizar os instrumentos postos pela Lei 6.938/81,
que tratam da política ambiental nacional, precisamente em seu art. 9º, I a XIII.
O licenciamento ambiental é destacado, pois sua abordagem congrega o
equilíbrio das intenções mencionadas acima, mostrando a capacidade, competência
e iniciativa do município de Macapá em promover sua política de desenvolvimento
seguindo os rigores legais que ensejam o desenvolvimento sustentável, resultado do
equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, social e a preservação do meio
ambiente.
A abordagem do tema dar-se-á com a preocupação de enfocar a realidade
do licenciamento ambiental no município de Macapá, também no que se refere ao
procedimento adotado pelo município no exercício do seu poder de polícia
administrativa frente ao interesse econômico.
Entretanto, em que pese sua importância, se verifica que muitos cidadãos,
dentre eles profissionais que trabalham com a questão ambiental, assim como
pessoas físicas e jurídicas que desenvolvem atividades sujeitas ao licenciamento
ambiental desconhecem seus procedimentos.
Pretende-se identificar o aspecto jurídico do licenciamento ambiental, com
destaque à legislação municipal.
Desta forma, foi desenvolvida a presente pesquisa bibliográfica direcionada a
fazer um apanhado dos estudos pertinentes ao licenciamento ambiental feitos por
renomados doutrinadores do direito ambiental como: Paulo Affonso Leme Machado,
Paulo de Bessa Antunes, Édis Milaré, Antônio Hermam Benjamim, Antônio Pacheco
Fiorillo e Antônio Inagê de Assis Oliveira.
Complementam ainda, os estudos de outros doutrinadores, o levantamento
das legislações (federal e municipal) que tratam do tema em questão, considerando,
finalmente, informações colhidas do corpo técnico da SEMAM – Secretaria Municipal
de Meio Ambiente de Macapá.
CAPÍTULO 1 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1. Surgimento do Licenciamento Ambiental no Brasil
O Decreto Federal n.° 1.413/75, foi o primeiro texto legal a disciplinar a
criação de sistemas de licenciamento que definissem a localização e o
funcionamento de indústria, o mesmo foi recepcionado pela Constituição Federal de
1988. (ANTUNES, 2000).
Os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo foram os primeiros a adotar
medidas legais para licenciar as atividades industriais visando o controle das
atividades que efetivamente produzem resíduos poluentes nocivos ao meio
ambiente, considerando que estes Estados intensificaram as instalações de diversas
indústrias a partir da década de 70 do séc. XX, por conta do processo de
industrialização brasileira.
O Estado do Rio de Janeiro foi pioneiro na regulamentação do licenciamento
ambiental por meio do Decreto-Lei nº. 134/75. ( OLIVEIRA, 2005).
O Estado de São Paulo promulgou sua legislação de controle de poluição
através da Lei nº. 997/76, que estabelece no art. 5º que “A instalação, a construção
ou a ampliação, bem como a operação ou funcionamento das fontes de poluição que
forem enumeradas no regulamento desta lei, ficam sujeitas à prévia autorização do
órgão estadual de controle da poluição do meio ambiente, mediante licenças de
instalação e de funcionamento”. (FREITAS, 2003).
Com o advento da Lei nº. 6.938/81, o licenciamento ambiental passa a ser
exigido no âmbito federal, disciplinado pelo art. 10, que enuncia: “A construção,
instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras
de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem
como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem
prejuízo de outras licenças exigíveis”.
Entretanto, dada a sua obrigatoriedade, foi somente com o Decreto Federal
nº. 88.351/83 (revogado pelo Decreto 99.274/90), que o licenciamento ambiental foi
regulamentado pela primeira vez.(FARIAS, 2008).
Percebe-se a intenção do legislador em uniformizar o procedimento do
licenciamento ambiental aos Estados e Municípios, para que não houvesse
disparidades nos procederes exigíveis de seus órgãos e legislações internas.
O licenciamento dos projetos industriais de interesse do desenvolvimento e da
segurança nacional, ficou reservado à União.
1.2. Princípios Fundamentais do Licenciamento Ambiental
Como instrumento de política de meio ambiente, o licenciamento ambiental
possui alicerces fundamentais a partir dos próprios princípios informadores do
Direito Ambiental, sua exigência estatal obedece a orientação das premissas gerais
e específicas para cumprimento da defesa do meio ambiente.
São os princípios que dão consistência ao edifício do Direito, enquanto que os valores dão-lhe sentido. A qualidade da lei depende, entre outros fatores, dos princípios escolhidos pelo legislador. O fundamental, tanto na vida como no Direito, são os princípios, porque deles tudo decorre. Se os princípios não forem justos, a obra legislativa não poderá ser justa. (NADER, 2003).
São princípios prevalecentes do licenciamento ambiental, a precaução e a
prevenção, todavia, outros importantes princípios podem ser considerados como os
princípios do equilíbrio, do limite, da responsabilidade e do direito humano
fundamental.
1.2.1 Princípio da Precaução
O princípio da precaução surgiu para proteção de ações humanas que
possam degradar de qualquer forma o meio ambiente natural, seja pela exploração
de atividades econômicas que empregam recursos ambientais ou por ações
danosas de agentes públicos ou privados despreparados ou descomprometidos com
a preservação do meio ambiente.
Sua origem no âmbito jurídico retrata a incerteza científica em dimensionar os
possíveis estragos oriundos de um impacto ambiental, ou seja, nem sempre a
ciência pode afirmar plenamente ao direito a dimensão das consequências de
instalação ou de liberação de atividades degradadoras do meio ambiente.
Evita-se, portanto, correr o risco de permitir o cometimento de um impacto
ambiental irreversível por conta de se não atentar à precaução nas deliberações dos
órgãos ambientais.
Veja-se o Teor do Princípio n° 15 da Declaração do Rio: Com o fim de proteger o meio ambiente, os estados devem aplicar amplamente o critério da precaução conforme as suas capacidades. Quando haja perigo de dano grave irreversível, a falta de uma certeza absoluta não deverá ser utilizada para postergar-se a adoção de medidas eficazes em função do custo para impedir a degradação do meio ambiente. (ANTUNES, 2007).
Claramente, este importante princípio limita qualquer desenvolvimento de
atividade potencialmente causadora de degradação ambiental, até que seja
precedida uma avaliação de impacto ambiental – AIA, que possa traçar parâmetros
seguros dos efeitos do desenvolvimento daquelas atividades oriundas da instalação
de determinado empreendimento proponente.
Quando iniciado, não se objetiva pelo princípio a sua paralisação, mas que
seja procedidos os estudos de impacto ambiental pertinentes, não só para a
liberação das atividades, como para o avanço da ciência na obtenção das respostas
necessárias que servirão de base para demais situações de mesmas peculiaridades.
O princípio não determina a paralisação da atividade, mas que ela seja realizada com os cuidados necessários, até mesmo para que o conhecimento científico possa avançar e a dúvida ser esclarecida. (ANTUNES, 2007).
Vislumbra-se deste importante princípio que o homem tenha um meio
ambiente sadio e equilibrado como seu direito fundamental, para isso, zela pelo não
esgotamento dos recursos ambientais que venha a comprometer os ecossistemas.
1.2.2 Princípio da Prevenção.
O princípio da prevenção muito se assemelha ao princípio da precaução, se
preocupando, portanto, com a defesa do meio ambiente em relação ao emprego de
atividades que possam causar danos à natureza e aos ecossistemas existentes,
desta forma, causando desequilíbrio entre a sadia qualidade de vida das pessoas
em um meio ambiente sustentável.
Todavia, é importante destacar que se diferencia do princípio da precaução
na medida em que o princípio da prevenção defende o meio ambiente de atividades
sabidamente degradadoras dos recursos naturais, conhecimento este advindo de
estudos científicos e experiências fáticas anteriores que possibilitaram mensurar a
extensão de impactos ambientais causados pelo desenvolvimento descontrolado
destas atividades.
Como são conhecidos tais impactos, com segurança, a aplicação da
prevenção torna-se mais eficiente, pois sabendo estabelecer o nexo de causalidade
entre as ações degradadoras e os impactos ambientais, se pode com mais precisão
atuar preventivamente para evitar futuros impactos.
Com base no princípio da prevenção é que o licenciamento ambiental e, até mesmo, os estudos de impacto ambiental podem ser realizados e são solicitados pelas autoridades públicas. Pois, tanto no licenciamento, quanto nas avaliações ambientais, os estudos prévios de impacto ambiental são realizados com base em conhecimentos acumulados sobre o meio ambiente.(ANTUNES, 2007).
Ressalta-se que a aplicação dos princípios ambientais acima mencionados
quando se tratar do licenciamento de atividades com potencial danoso ao meio, mas
não se pode ignorar que tais medidas não extinguirão a possibilidade ou mesmo, o
próprio impacto ambiental.
Existe, na verdade, a preocupação em evitar, minimizar e mitigar tal dano com
o estudo de impacto ambiental e o licenciamento.
1.3. Conceito de Licenciamento Ambiental
Entende-se o licenciamento ambiental como um processo administrativo pelo
qual no seu decorrer ou ao seu final poderá ser concedida a licença ambiental
correspondente pela Administração Pública. Tanto é assim, que cada etapa do
processo de licenciamento termina com a concessão da licença ambiental inerente,
seja a licença prévia, de instalação e de operação, logicamente, concedidas após o
cumprimento das exigências impostas pelo poder público.
Edis Milaré (2007), conceitua o licenciamento ambiental como uma ação
típica e indelegável do Poder Executivo, na gestão do meio ambiente, por meio da
qual a Administração Pública procura exercer o devido controle sobre as atividades
humanas que possam causar impactos ao meio ambiente.
Para Antônio Inagê de Assis Oliveira (1999), o licenciamento ambiental é o
instrumento através do qual o órgão ou entidade ambiental competente avalia os
projetos a ele submetidos, considerando os impactos positivos e negativos, para
decidir se autoriza ou não a instalação, a ampliação ou o funcionamento do mesmo
e, em autorizando, se faz ou não exigências para minorar os impactos ambientais
negativos e maximizar os impactos ambientais positivos.
A Resolução CONAMA 237/97 traz o seguinte conceito legal de licenciamento
ambiental:
Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicadas ao caso. (TCU, 2007).
Neste contexto, o licenciamento ambiental é o processo administrativo
complexo que se desenvolve na instância administrativa do Órgão ambiental
responsável pela gestão ambiental, tanto no âmbito federal, estadual ou municipal,
objetivando assegurar à população a qualidade de vida mediante um controle prévio
e de uma fiscalização contínua das atividades humanas desenvolvidas pelo
empreendimento capazes de gerar impactos sobre o meio ambiente.
Os doutrinadores do direito ambiental ao definirem o conceito de
licenciamento ambiental estabelecendo que a concessão da licença ambiental é o
seu objetivo.
Celso Antônio Pachêco Fiorillo (2003), define o licenciamento ambiental como
o conjunto de etapas que integra o procedimento administrativo que tem como
objetivo a concessão de licença ambiental.
As referidas licenças ambientais se constituem para a empresa pública ou
privada, ou pessoa física proponente na formalização de cada etapa quanto ao
cumprimento do que exige a legislação ambiental e o que a Administração Pública
determinam para licenciamento ambiental.
Luís Paulo Sirvinskas (2005), define a licença ambiental como uma outorga
concedida pela Administração Pública aos que querem exercer uma atividade
potencialmente ou significativamente poluidora.
Deste modo, a licença ambiental refere-se ao ato final de cada etapa do
licenciamento ambiental, sendo o ato resposta ao pedido de concessão feito pelo
empreendedor proponente ao poder público.
É preciso pacificar os conceitos de licenciamento e licença ambiental, para
que não os confundir, pois o primeiro refere-se ao processo administrativo que apura
o cumprimento das condições de concessão da licença, e, esta última constitui-se no
ato administrativo concedente do direito de desenvolver atividade utilizadora de
recursos ambientais ou efetiva ou potencialmente poluidora.
1.4. Objetivo do Licenciamento Ambiental
Este precioso instrumento de controle por parte do poder estatal dos
potenciais riscos à degradação do meio ambiente segue o interesse da política
ambiental pátria, disciplinada pela Lei 6.938/81, contemplando o desenvolvimento
econômico com sustentabilidade, para que as futuras gerações possam ainda
desfrutar de um meio ambiente sadio que lhes proporcione vida em equilíbrio com a
natureza.
Este instrumento como o fio da balança entre dois direitos constitucionais do
cidadão expressos em nossa Carta Magna de 1998, os quais são o direito ao
desenvolvimento econômico, do que trata o art. 170 CF/88 e o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, presente no art. 225 CF/88.
Sendo um dos treze instrumentos de política ambiental elencados no art. 9º
da Lei 6.938/81, inegavelmente é o mais conhecido e importante, pois se insere
diretamente na rotina de constituição do próprio empreendimento, ou seja, a
atividade empresarial exploradora de recursos naturais ou potencialmente
causadora de possíveis danos ambientais.
O Licenciamento Ambiental é a concretização dos princípios ambientais da
prevenção e da precaução, importantíssimo norteador de ações efetivas dos
agentes responsáveis, no caso, o Estado e toda a coletividade no sentido de proibir
a instalação de atividades degradadoras do meio ambiente, ainda que não se possa
mensurar o nível destes danos, sendo suficiente possui potencial risco de afetar o
equilíbrio de ecossistemas e a perfeita continuidade da existência do ambiente
natural sadio.
Uma definição cabal de licenciamento ambiental corre o sério risco de não
congregar toda a importância das suas especificidades, pois seu desenrolar
acontece em meio a fortíssimo um choque de interesses.
De um lado, o interesse econômico vislumbra a produção e o comércio de
produtos para satisfazer o mercado consumidor. Inegavelmente, abre a possibilidade
de geração de divisas para o município e a criação de empregos para os seus
munícipes.
Na contra-mão da prevalência única dos interesses econômicos, por
imposição constitucional, existe o dever do Estado e da coletividade de zelar pela
preservação do meio ambiente, pois este é objeto de direito difuso, ou seja, direito
inerente a todos os brasileiros, desta e de outras gerações que hão de vir, portanto,
não podendo os entes de dever anteriormente citados disporem do meio ambiente
equilibrado, sadio e com condições de se renovar e atender às necessidades
ambientais e de qualidade de vida de outros cidadãos sob pena de descumprimento
da legislação ambiental pátria que incumbe responsabilidade administrativa, civil e
criminal às pessoas físicas e jurídicas.
“O licenciamento ambiental, sem nenhum favor, é o mais importante elemento de prevenção de danos ambientais e, ao mesmo tempo, o maior obstáculo para o desenvolvimento de atividades utilizadoras de recursos ambientais.”(ANTUNES, 2OO5).
O licenciamento ambiental insere-se neste contexto conflitante como
instrumento de política pública capaz de proporcionar o equilíbrio entre estes
interesses, acenando para o que se chama de desenvolvimento sustentável, que se
traduz na política ambiental de permissão estatal da execução de atividades
econômicas que utilizam recursos naturais ou que são potencialmente causadoras
de danos ambientais sob rigorosos critérios impostos às pessoas físicas ou jurídicas
e, ao próprio Estado nos seus procedimentos legais.
Neste sentido, se desenvolvem atividades econômicas viáveis
ambientalmente, consolidada esta viabilidade pelo estudo de impacto ambiental
prévio para a execução de atividade que não provoque o esgotamento dos recursos
naturais disponíveis e possibilitando sua renovação para atender às futuras
gerações.
Esta imposição estatal é feita pelos órgãos ambientais competentes
pertencentes ao Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, que têm entre os
seus diversos deveres o de fiscalizar o cumprimento das normas estabelecidas no
processo de licenciamento ambiental.
1.5. Fases do Licenciamento Ambiental
A responsabilidade constitucional do Estado e da coletividade, além da
complexidade dos estudos, da indisponibilidade e relevância do bem jurídico a ser
tutelado, que é o meio ambiente, sobretudo, a prevalência dos princípios da Política
Nacional do Meio Ambiente, não permite imaginar que o mais importante
instrumento de controle estatal das atividades efetiva ou potencialmente
degradadoras ambientais tenha sua definição em uma só fase ou, por um só ato.
Especificamente quanto ao procedimento administrativo, o licenciamento
ambiental possui disciplina legal no art. 10 da Resolução 237/97 – CONAMA
dividindo-o em oito etapas a serem observadas pelos órgãos ambientais, as quais
são:
Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas:
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor,
dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de
licenciamento correspondente à licença a ser requerida;
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida
publicidade;
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias
técnicas, quando necessárias;
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo
haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios;
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental
competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver
reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham
sido satisfatórios;
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida
publicidade.(in verbis).
Existe, efetivamente, uma sequência de atos administrativos comprometidos
com a avaliação e manutenção de um meio ambiente sadio e sustentável, sob a
responsabilidade e atuação do corpo técnico formado por agentes públicos que
empregam seus conhecimentos ao serviço do desenvolvimento do procedimento do
licenciamento ambiental da atividade proponente. A tramitação do respectivo
processo de licenciamento é feita pelo órgão ambiental competente.
Ressalta-se, porém, que embora se desenvolva em várias fases, o
procedimento administrativo do licenciamento ambiental é único, pois se assim não
o fosse, se abre a possibilidade de se ter, por exemplo, a fase de licença prévia
vinculada, enquanto que as fases de instalação e operação serem atos
discricionário, considerando ser a licença prévia mais rigorosa em suas exigências,
facilitando a obtenção das demais licenças.(OLIVEIRA, 2005).
Portanto, já o processo de licenciamento ambiental é dividido em três etapas,
havendo necessidade da obtenção de três licenças, cada uma em uma fase do
nascedouro do empreendimento. A fase anterior sempre condicionando a posterior.
Por exemplo, se for negada a Licença Prévia (LP) para implantação do
empreendimento em um determinado local, essa negativa encerra o processo, não
sendo possível a expedição quer da Licença de Instalação (LI), quer da Licença de
Operação (LO).
1.5.1 Licenças Ambientais
Como definição legal para licenças ambientais, o art. 1° da Resolução n°
237/97, precisamente no seu inciso II disciplina:
Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
(...)
II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar,
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental.
(...)(in verbis)
As licenças ambientais constituem-se nos atos administrativos dos órgãos
ambientais autorizadores do desenvolvimento das atividades empreendedoras
capazes de provocar degradação ao meio ambiente, sendo estas emitidas ao final
do cumprimento dos requisitos legais inerentes a fase em que o empreendimento se
encontra, ou seja, na sua previsão de instalação ou na sua instalação propriamente
dita ou ainda, na sua fase de operação, respeitados os seus prazos de vigência.
Desta forma, obrigatoriamente, a emissão das licenças ambientais segue a
lógica acima demonstrada, na qual, para a obtenção da segunda ou terceira
licenças, é indispensável o cumprimento total dos requisitos para obtenção da
licença prévia, que implica no levantamento do estudo de impacto ambiental e a
viabilidade econômica, social e ambiental do empreendimento, que lhe torne
possuidor da Licença Prévia correspondente. Da mesma forma, sendo pré-requisito
a Licença de Instalação para obtenção da respectiva Licença de Operação.
Para melhor entendimento do termo licença ambiental, se faz necessária a
diferenciação dos termos Licenciamento Ambiental e Licença lato sensu, além das
expressivas diferenças entre os termos do Direito Administrativo, no caso,
permissão e autorização, precisando o conceito de Licenciamento Ambiental como
um procedimento administrativo.
Segundo Hely Lopes Meirelles (1999), licença é “o ato administrativo
vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado
atendeu a todas as exigências legais, faculta-lhe o desempenho de atividades ou
realização de fatos materiais antes vedados ao particular, como, p. ex., o exercício e
uma profissão, construção de um edifício em terreno próprio”.
Hely Lopes Meirelles (1999), diz: já o conceito de autorização sendo “o ato
administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao
pretendente a realização de certa atividade, serviço, ou utilização de determinados
bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou predominante interesse, que a lei
condiciona à aquiescência prévia da Administração, tais icomo o uso especial de
bem púbico, o porte de arma, o trânsito por determinados locais, etc”.
É essencial saber sobre os atos administrativos em comento, pois a
efetivação do licenciamento se dá pela emissão destes atos por parte da
Administração Pública.
Quanto a diferenciação dos termos licença e licenciamento ambiental, se
destaca o caráter de definitividade próprio do conceito de licença administrativa, ou
seja, cumpridos os requisitos exigidos pela legislação pertinente, o pretendente
passa a ter o direito certo de exercer a atividade, serviço ou empreendimento
almejado.
Desta forma, a Administração Pública tem o dever de permitir o exercício da
atividade pedida, pois existe restrita vinculação à legislação.
A licença administrativa possui caráter de definitividade, só podendo ser revogada por interesse público ou por violação das normas legais, mediante indenização”. (ANTUNES, 2006).
Quando se fala em licenciamento ambiental, não se afasta o seu caráter
preventivo quanto à degradação do meio ambiente, logo, este instrumento guarda
consigo uma condição sui generis para a licença ambiental, pois esta última
necessita da ponderação pela Administração Pública, quanto a viabilidade
econômica, social e ambiental da atividade, serviço ou empreendimento proponente.
Nesta ótica, se admite a presente discricionariedade dos agentes públicos nas
tomadas de decisões relativas ao licenciamento ambiental, guarnecidos pelo estudo
de impacto ambiental, as exigências legais e, em alguns casos, consulta a
coletividade por meio de Audiência Pública.
A licença ambiental deixa de ser um ato vinculado para ser um ato com
discricionariedade sui generis. (FIORILLO, 2003).
No emprego dos outros atos administrativos apresentados, segundo
Trennepohl (2007) “excetuando-se a anuência para construir, em que a
concordância do Poder Público é representada pela licença e a utilização de bens de
domínio público, como os recursos hídricos, em que o instrumento adequado é a
concessão administrativa ou a permissão de uso”.
Portanto, a maior parte das manifestações de concordância do Poder Público, em matéria ambiental, representa uma autorização, não uma licença, na acepção consagrada pelo direito administrativo. (TRENNEPOHL, 2007).
Verifica-se clara diferença entre a licença administrativa e a licença ambiental,
pois o procedimento de licenciamento ambiental está mais afeito ao emprego do ato
administrativo chamado de autorização, pois neste visualiza-se a discricionariedade
e a precariedade da aceitação estatal ao proponente de atividade, serviço ou
empreendimento que cause ou possa causar degradação ambiental.
1.5.2 Licença Prévia
A Resolução n° 237/97 do CONAMA disciplina no art. 8º, Inciso I, a definição
legal de Licença Prévia como:
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem
atendidos nas próximas fases de sua implementação;(in verbis).
Bem preciso, o legislador explicita o momento em que o empreendedor
necessita da Licença Prévia. É no próprio nascedouro, quando se discute o
planejamento, localização e concepção do empreendimento ou atividade.
A avaliação estatal exigirá do proponente os dados técnicos provenientes do
estudo prévio do impacto ambiental, do relatório prévio de impacto ambiental e
demais avaliações de impactos ambientais, conforme o que for necessário.
De posse desses dados técnicos, o órgão ambiental competente estabelece
as análises, discussões e aprovação desses estudos de viabilidade, sendo
importante destacar que desses estudos de viabilidade é imprescindível a
compatibilidade da localização do empreendimento ou atividade com o zoneamento
ambiental municipal, que visa constatar se a área sugerida para instalação é
tecnicamente adequada.
A concessão da Licença Prévia ao empreendimento ou atividade proponente
significa a aprovação da localização e concepção, que atesta a sua viabilidade e,
mais importante ainda, já ficam estabelecidos os requisitos básicos a serem
atendidos nas próximas fases de implementação, visando o cumprimento da
legislação ambiental vigente.
As condicionantes da Licença Prévia (LP) contém "os requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação". Dessa forma, além de autorizar uma determinada localização, a Licença Prévia (LP) bitola a concessão das demais licenças, adiantando os requisitos básicos que elas deverão conter. Atendidos esses requisitos, o licenciado tem o direito subjetivo de obter as demais licenças, completando o licenciamento ambiental de seu empreendimento. (OLIVEIRA,1999).
Importante destacar que a Licença Prévia tem prazo de validade de até cinco
anos, conforme preceitua o art. 18, inciso I, da resolução CONAMA 237/97.
1.5.3 Licença de Instalação
O conceito legal de Licença de Instalação apresenta-se no inciso II do art. 8°
da mencionada resolução, definindo esta fase como:
II – Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade
de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da
qual constituem motivo determinante.(in verbis).
Depois de precedida pela licença prévia, a outorga estatal de concessão da
licença de instalação permite ao proponente de empreendimento ou atividade, o
direito de iniciar as instalações contidas nos planos, programas e projetos já
aprovados na primeira fase do licenciamento.
Assim como a licença prévia, a licença de instalação possui o seu prazo de
validade, que não poderá ser superior a seis anos, preceito do inciso II do art. 18,
também da citada resolução.
1.5.4 Licença de Operação
A concessão estatal para o funcionamento do empreendimento ou atividade
que seja efetiva ou potencialmente capaz de provocar degradação ambiental,
dependerá do cumprimento dos requisitos impostos nas fases anteriores, ou seja, a
licença de operação sucede as licenças prévia e de instalação, onde são exigidas as
medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.
Encontra-se no art. 8°, inciso III da Resolução 237/97 – CONAMA, a definição
legal para a licença em comento.
III – Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das
licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes
determinados para a operação.
A expressão contida no inc. III do art. 20 - “após as verificações necessárias” -
mostra que a licença de operação só poderá ser concedida após a vistoria do órgão
ambiental, na qual se constate que as exigências das fases anteriores foram
cumpridas.
Quanto ao prazo de validade, a licença ambiental ora estudada tem
disciplinado o seu período no art. 18, inciso III da Resolução 237/97 – CONAMA.
III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos
de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez)
anos. (in verbis).
É importante ressaltar que nesta fase, o empreendimento ou atividade do
proponente já se encontra licenciado, em termos gerais, pois a aprovação do órgão
licenciador, pressupõe submissão e cumprimento das condicionantes determinadas
nas fases anteriores.
CAPÍTULO 2 - IMPACTO AMBIENTAL
As possíveis mudanças que a ação do homem possam causar no meio
natural, seja pelo desenvolvimento de alguma atividade econômica ou por uma
ativiidade comum de seu cotituano, que venham a provocar efeitos de desgaste ao
solo, a água, ao ar, a flora ou fauna podem ser considerados impacto ambiental.
Impacto ambiental é uma modificação súbita do meio ambiente, seja ela
natural ou artificial. Interessam as alterações produzidas pelo ser humano, ou
antrópicas. (ANTUNES, 2007).
Para a Lei nº 6.938/81, impacto ambiental é “qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente afetam:
I – a saúde, a segurança e o bem estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas;
III – a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos ambientais
2.1. Avaliação de Impacto Ambiental
A avaliação de Impacto Ambiental é também um instrumento previsto na
Política Nacional do Meio Ambiente, por força do art. 9º da Lei 6.938/81, em seu
inciso III, estando, portanto, na mesma estirpe do próprio licenciamento ambiental.
Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
III – A avaliação de impacto ambiental(in verbis) Dotada de relevância para alcance da proteção ao meio ambiente , na
condição de instrumento de política ambiental pátria, teve destaque na Declaração
do Rio de Janeiro, nos seguintes dizeres:
“Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento elaborou a Declaração do Rio de Janeiro, segundo a qual, "a avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade nacional competente." (MACHADO, 2003).
A introdução da AIA (Avaliação de Impacto Ambiental) no direito positivo
pátrio deu-se pela Lei nº. 6.803/80, que dispôs sobre as diretrizes básicas para o
zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, instituiu o estudo de impacto
ambiental, que é parte de uma das etapas do processo administrativo de
licenciamento ambiental, e o controle da Administração Pública sobre as indústrias
poluidoras. (OLIVEIRA, 2000).
O AIA desenvolve-se de forma sistêmica, ou seja, envolvendo as etapas de
planejamento (projetos, planos, programas ou política), instalação, ampliação e
operação do empreendimento ou atividade proponente, visando a publicidade
adequada tanta à coletividade como aos tomadores de decisões, estes últimos,
devem obrigatoriamente considerá-lo para garantir a adoção de medidas protetoras
do meio ambiente quando da aprovação destes empreendimentos ou atividades com
potencial de causar degradação ambiental.
Historicamente, na década de 80 do último século, marcada pelo surgimento
de movimentos ambientalistas e pelo período de transição política do regime militar
para o civil, a AIA ganha projeção e é erigida à instrumento de Política Nacional do
Meio Ambiente, com a edição da Lei 6.938/81, precisamente, no art. 9°, inciso III,
sendo posteriormente recepcionada pela Constituição Federal de 1988, sem
limitação ou condicionante, fatores essenciais à sua efetivação. (MILARÉ, 2007).
A importância do AIA reside no fato de se constituir num instrumento de
planejamento e controle a partir do qual prevalece o princípio norteador de que
qualquer decisão que envolva possível alteração do meio ambiente seja plenamente
considerada, obrigatoriamente, em alto grau de relevância pelos gestores ambientais
e pela própria coletividade.
2.2. Estudo do Impacto Ambiental
Em relação ao de estudo de impacto ambiental, os Estados de São Paulo e
Rio de Janeiro são os pioneiros, pois criaram leis específicas para controle de
poluição oriunda da expansão industrial, em defesa da água, ar, solo de seus
territórios, o que evidencia a preocupação com a preservação do meio ambiente.
Além disso, esses dispositivos normativos estabeleciam o controle sobre
atividades como parcelamento do solo, mineração, serviços de saneamento básico e
serviços de saúde, pois são atividades que podem efetivamente causar alterações
do meio ambiente.
Tanto a legislação carioca quanto a paulista, como as que foram surgindo
logo em seguida, tinham por objeto fontes de poluição previamente definidas e por
isso enfocou aqueles empreendimentos que pudessem poluir a água, o ar ou o solo,
além de outras atividades como parcelamento de solo, mineração, serviços de
saneamento básico e serviços de saúde. (VAN ACKER, 2008).
A previsão constitucional do estudo de impacto ambiental encontra-se no
Inciso IV, §1º do art. 225/CF/88.
Art. 225 - “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e
futuras gerações”.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;(in verbis).
O art. 6º, da Resolução 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –
CONAMA demonstra os estudos técnicos mínimos que o respectivos EIA deverá
conter:
Art. 6º - “O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes
atividades técnicas:
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e
análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a
caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto,
considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos
minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime
hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as
espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e
ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;
c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-
economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais
da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos
ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de
identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis
impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e
adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e
permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e
sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
II - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a
eficiência de cada uma delas.
lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos
positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.
Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto Ambiental o órgão
estadual competente; ou o IBAMA ou quando couber, o Município fornecerá as
instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e
características ambientais da área.(in verbis)
O EIA (Estudo de Impacto Ambiental) é elaborado por profissionais
legalmente habilitados como engenheiros de todas as especialidades, arquitetos,
agrônomos, químicos, geólogos, biólogos, economistas, entre outros. Corre às
expensas do empreendedor os custos com a prestação dos serviços desses
profissionais.
O EIA/RIMA deve ser realizado por uma equipe técnica multidisciplinar, que contará com profissionais das mais diferentes áreas, como, por exemplo, geólogos, físicos, biólogos, psicólogos, sociólogos, entre outros, os quais avaliarão os impactos ambientais positivos e negativos do empreendimento pretendido. Objetiva-se com isso a elaboração de um estudo completo e profundo a respeito da pretensa atividade. (FIORILLO, 2008).
Tanto o empreendedor quanto os profissionais respondem pelas informações
levantadas, mediante às suas assinaturas nos documentos referentes ao EIA
apresentado ao órgão ambiental competente, ambos respondendo administrativa,
civil e penalmente pela veracidade desta informações, conforme alude o art. 11 e
seu parágrafo único, da Resolução 237/97 - CONAMA.
Art. 11 - Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser
realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor.
Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos
previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas,
sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais. (in verbis).
Para o alcance da eficácia do EIA é essencial que seja procedido
anteriormente à expedição de qualquer autorização para o empreendimento ou
atividade, ou seja, não deve ser realizado no decurso da implantação ou depois
destes.
Plenamente aceitável, dependendo da necessidade de melhor avaliação
quanto ao possível impacto ambiental, é a realização de um novo EIA antes de cada
etapa do processo de licenciamento ambiental.
O EIA é uma ferramenta de exigência obrigatória pelo Poder Público, quando
se trata de licenciamento ambiental, considerando a previsão infra e constitucional já
mencionada acima, o casuísmo não encontra vez quando se trata de promover
estudos que subsidiarão a decisão de licenciamento ou não de empreendimento ou
atividade efetiva ou potencialmente degradadoras do meio ambiente.
O EIA respeita o princípio da publicidade, já que naquilo que não transgredir o
segredo industrial, devidamente constatado, o EIA deverá levar o teor do estudo ao
público.
A Constituição Federal de 1988, exigiu o mínimo, mas evidentemente, não
proibiu maior exigência por parte da legislação ordinária.
O EIA nem sempre é obrigatório, pois atividades ou empreendimentos que
não ofereçam grandes riscos de degradação do meio ambiente não o exigem.
Entretanto, o EIA é imprescindível nos procedimentos de licenciamento
ambiental de empreendimentos e atividades consideradas de significativa
degradação ambiental, ou seja, das atividades que sejam definidas como de
potencial carga poluidora e passiveis de causar grande impacto ambiental, como as
previstas no Anexo I da Resolução 237/97.
O objetivo do EIA é representar a intervenção estatal no planejamento do
empreendimento ou da atividade modificadora das condições ambientais, para se
poder avaliar os impactos e estabelecer as condições da viabilidade ambiental
destes.
2.3. Relatório de Impacto Ambiental
Ao relatório de impacto ambiental (RIMA) cumpre apresentar, em um
linguagem mais entendível, os resultados dos Estudos de Impacto Ambiental, ou
seja, uma linguagem com menos rigor técnico propícia para promover a publicidade
do EIA pelo órgão ambiental competente.
Por isso, não são dissociadas as suas informações, pois o Relatório de
Impacto Ambiental é elaborado a partir das informações levantadas no EIA, não
devendo com aquele colidir.
Asseveram Curt e Terence Trennephol (2007), que conforme a exigência da
norma, os estudos ambientas devem ser apresentados ao órgão licenciador
acompanhados dos projetos e demais documentos exigidos. Este por sua vez,
analisa os estudos e realiza as vistorias necessárias, solicitando, se for o caso,
esclarecimentos adicionais e complementação dos tópicos que não forem
considerados satisfatórios.
Todavia, considerando que o RIMA é exigido nos mesmos casos do EIA, eles
são documentos distintos e seus alvos são diferentes. O EIA tem como objetivo o
diagnóstico das potencialidades naturais e socioeconômicas, os impactos do
empreendimento e as medidas destinadas a mitigação, compensação e controle
desses impactos. (TCU, 2007).
Já o RIMA destina-se especificamente a oferecer informações essenciais para
que a população tenha conhecimento das vantagens e desvantagens do projeto e
consequências ambientais de sua implantação. (TCU, 2007).
O que não se deve alimentar é a idéia de que o EIA/RIMA sirva para justificar
um empreendimento ou atividade perante a legislação ambiental vigente, com o
intuito de torná-los legais por meio de descrições que mais parecem defesa prévia
destes.
O EIA é o todo: complexo, detalhado, muitas vezes com linguagem, dados e apresentação incompreensíveis para o leigo. O RIMA é a parte mais visível (ou compreensível) do procedimento, verdadeiro instrumento de comunicação do EIA ao administrador e ao público. (BENJAMIM, 1992).
Para cumprir com eficácia o seu objetivo, o Rima deve ser apresentado de
forma objetiva e adequada à compreensão do público em geral.
A linguagem acessível para a publicação e apresentação ao público, pode ser
incrementada com a exibição de mapas, quadros demonstrativos, gráficos e demais
técnicas de comunicação visual, para melhor esclarecimento das vantagens e
desvantagens do empreendimento ou atividade proponente.
2.4. Avaliação de Impacto Ambiental x Estudo de Impacto Ambiental
A necessidade de bem diferenciar os termos do AIA e EIA, pois não se pode
confundir o instrumento de Política Nacional do Meio Ambiente, o AIA, com a
ferramenta do Licenciamento Ambiental, o EIA, sob pena de termos uma diminuição
da abrangência da Avaliação de Impacto Ambiental no que se refere à tomada de
decisões das autoridades competentes sobre a concordância ou não do Poder
Público com a atividade ou empreendimento proponente.
“Existe uma certa tendência entre os ambientalistas, inclusive autoridades ambientais, de confundir o instrumento de Política Nacional do Maio Ambiente 'Avaliação de Impactos Ambientais' (AIA) com uma ferramenta do licenciamento ambiental denominada 'Estudo de Impacto Ambiental' (EIA), que vem prejudicando bastante que se extraia do instrumental representado pelas técnicas e metodologias do AIA todas as úteis consequências possíveis”. (OLIVEIRA, 2OOO).
Tanto o AIA quanto o EIA estão no contexto do licenciamento ambiental em
igual importância tanto para a preservação do meio ambiente, quanto para a
liberação das licenças ambientais.
CAPÍTULO 3 – MUNICIPALIZAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Existe uma disposição no âmbito jurídico de fazer com que o processo de
licenciamento ambiental de empreendimentos ou atividades que utilizem recursos
ambientais ou que de qualquer forma possam causar degradação ao meio ambiente
seja acompanhado pelo ente federado mais próximo da região onde se verificará os
efeitos do impacto ambiental.
É perfeitamente possível e legal ao município proceder o licenciamento
ambiental de empreendimentos ou atividades de natureza acima mencionadas, que
possam prevenir impactos ambientais na extensão de seu limite territorial, o que a
doutrina chama de impactos ambientais locais.
Neste sentido, o município necessita estrutura-se com o órgão ambiental,
estruturado logistica e orçamentariamente, dispondo de profissionais habilitados e
definir sua competência de atuação, respeitando a competência Estadual e Federal.
Por isso, é próprio enfatizar que cada Município, pela ação legítima do Poder Público local, deve preocupar-se em instituir o Sistema Municipal de Meio Ambiente, considerado como o conjunto de estrutura organizacional, diretrizes normativas e operacionais, implementações de ações gerenciais, relações institucionais e interação com a comunidade. Tudo o que interessa ao desenvolvimento com qualidade ambiental deverá necessariamente ser levado em conta. (MILARÉ, 2007).
É importante para o município ter autonomia legal para cobrar e fazer valer
sua política ambiental, pois é responsável pelo uso adequado, fiscalização e defesa
de seus bens ambientais, visando estabelecer que todos os seus munícipes
usufruam de um meio ambiente equilibrado e sadio, podendo mantê-lo nestas
condições para futuras gerações.
Também, é importante para o município promover o seu desenvolvimento
econômico e social ao mesmo tempo com a preservação do meio ambiente, tripé do
desenvolvimento sustentável almejado para o bem comum do município, da
coletividade e da iniciativa privada comprometida com a consciência da preservação
ambiental.
3.1. O Município e a Constituição Federal de 1988
O Município tem ampla condição de oferecer aos seus munícipes uma
qualidade de vida efetiva, com condições de atender as necessidades imediatas que
surgirem, sobretudo, pela capacidade de tutela de direitos fundamentais., aí, inserido
o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado, além, da organização político-
administrativa que lhe é disciplinada pela Constituição Federal vigente.
No ensinamento de Celso Antônio Pacheco Fiorillo (2008), “o Município,
adotado como ente federativo, conforme preceituam os arts. 1° e 18 da Constituição
Federal de 1988, recebeu autonomia, possuindo competências exclusivas (art. 130)
e organização política própria (art. 29).
A constituição Federal consagrou o Município como entidade federativa
indispensável ao nosso sistema federativo, integrando-o na organização político-
administrativa e garantindo-lhe plena autonomia. A autonomia municipal, da mesma
forma que a dos Estados-Membros, configura-se pela tríplice capacidade de auto-
organização e normatização própria, autogoverno e autoadministração. (MORAES,
2006).
Em relação as Constituições anteriores, o município ganhou especial
elevação como ente federativo autônomo em relação ao Estado Membro e a
Federação, na verdade, ele equipara-se ao Estado Membro na auto organização
administrativa, auto gestora e auto normativa.
3.2. A Tutela do Meio Ambiente e o Município
O ordenamento jurídico pátrio disciplina que a responsabilidade pela proteção
do meio ambiente é comum e solidária a todos os entes da Federação. Sendo
assim, se extrai da Constituição Federal, precisamente de seu art. 23 que:
“Art. 23. É de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
(...)
VI – Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII – Preservar as florestas, a fauna e a flora;
(...)”
Da disciplina constitucional, se verifica que o Município é investido, também,
assim com a União, os Estados e o Distrito Federal, do dever de proteção ao meio
ambiente abrangendo a sua preservação e combate a sua degradação.
Para isso, a legislação municipal, por força do advento do Estatuto das
Cidades, incluiu o equilíbrio ambiental na sua ordem urbanística, que é o conjunto
de normas de ordem pública e de interesse social que regulam o uso da propriedade
urbana em prol do bem coletivo, da segurança, do equilíbrio ambiental e do bem
estar dos cidadãos. (MACHADO, 2007).
A consagração constitucional do Município permite a autonomia necessária
para que sua administração possa desenvolver sua política ambiental, se valendo da
estruturação de Secretaria de Meio Ambiente Municipal, Conselhos Municipal de
Meio Ambiente e demais ações que refletem a própria Política Nacional do Meio
Ambiente.
Toda essa estruturação municipal é estabelecida independentemente de já
existirem as estruturas estaduais, distritais e federais, porque o município chama
para si as responsabilidades ambientais que lhe são dispensadas pela Constituição
Federal, ademais, respeita e trabalha em coerência com a competência ambiental
dos demais entes federados.
Evidencia-se ainda, que qualquer desfecho negativo em relação ao tema
ambiental, pode ensejar a responsabilização solidária do Município, Estado, Distrito
Federal e União. Ressalta-se a importância de ser tratada com muito zelo a tutela
do meio ambiente, traduzida em instrumentos como o licenciamento ambiental.
O licenciamento e outros instrumentos de tutela ambiental municipal, somente
se vislumbram pela cooperação integrada dos órgão ambientais representantes das
esferas mencionadas, em consonância com a legislação ambiental vigente.
Em termos claros, exemplifica-se: o Município não pode legislar sobre águas,
mas pode, e deve, aplicar a legislação federal de águas no ordenamento do território
municipal. Por outro lado, o Município pode estabelecer regras sobre a utilização de
bens federais ou estabelecer medidas para proteção dos mencionados bens
(MACHADO, 2007).
Este preceito constitucional de responsabilidade comum e solidária entre os
entes federados deixa bem evidente que não há lugar para omissão no trato político
desses em relação a defesa do meio ambiente, sob a possivel pretensão de ser o
bem tutelado pertencente à competencia de um ou de outro ente.
3.3. O licenciamento ambiental e o Município
O art. 10 da Lei 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA
disciplina a obrigatoriedade de se efetuar o licenciamento ambiental de atividades
que possam causar impactos ambientais, sendo que este procedimento deve ser
executado por órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio
Ambiente – SISNAMA e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA.
Art. 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente
poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente,
integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter
supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. (in verbis)
Por sua vez, no artigo 6º da Resolução 237/97 – CONAMA, foram
estabelecidas as atribuições dos municípios no licenciamento de atividades de
impacto local, sendo que o artigo diz o seguinte:
Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União,
dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto local e daqueles que lhe forem delegados
pelo Estado por instrumento legal ou convênio.” (in verbis).
O licenciamento ambiental municipal é uma realidade por força do preceito
constitucional do art. 23, VI, que incumbe ao referido ente federado o dever de
proteger o meio ambiente e combater a sua degradação.
É a competência executiva constitucional do art. 23, VI, que legitima o
exercício do poder de polícia ambiental do Município. Por conseqüência natural
deste dispositivo constitucional, portanto, erige a competência do município para
realizar o licenciamento ambiental. (DALLGNOL, 2008).
O Município pode fazer uso do licenciamento ambiental, ressalvada a sua
competência de atuação em respeito aos demais federados e a formação de uma
estrutura capaz de procedê-lo.
3.4. Os Conselhos Municipais do Meio Ambiente
A legislação ambiental pátria exigiu no art. 20 da Resolução n° 237/97
condição essencial para o exercício da competência licenciatória dos entes
federados, que consiste na estruturação de seus Conselhos de Meio Ambiente.
Art. 20 - Os entes federados, para exercerem suas competências licenciatórias,
deverão ter implementados os Conselhos de Meio Ambiente, com caráter deliberativo
e participação social e, ainda, possuir em seus quadros ou a sua disposição
profissionais legalmente habilitados.(in verbis)
O Município para cumprir o licenciamento ambiental deve ter implementado o
Conselho Municipal do Meio Ambiente, com caráter deliberativo e participação
social, e, ainda possuir em seus quadros ou à sua disposição profissionais
legalmente habilitados. (MILARÉ, 2007).
A composição do Conselho Municipal do Meio Ambiental (CMMA) é paritária,
ou seja, tem representantes, em igual número, do Poder Público e da sociedade civil
organizada (seguimento empresarial, sindical, entidades ambientalistas e etc).
O Conselho Municipal de Meio Ambiente tem a função de opinar e assessorar
o poder executivo municipal , suas secretarias e o órgão ambiental municipal, nas
questões relativas ao meio ambiente.
Entre as várias atribuições do CMMA, considerando o tema pertinente, existe a preocupação em propor a política ambiental do município e fiscalizar o seu cumprimento; analisar as licenças ambientais para atividades potencialmente poluidoras em âmbito municipal; promover a educação ambiental; propor a criação de normas legais, bem como a adequação e regulamentação de leis, padrões e normas municipais, estaduais e federais; opinar sobre aspectos ambientais de políticas estaduais ou federais que tenham impactos sobre o município; receber e apurar denúncias feitas pela população sobre degradação ambiental, sugerindo à Prefeitura as providências cabíveis. (MMA, 2008).
Essas são algumas das atribuições possíveis, porém cada município pode
estabelecer as competências do seu Conselho Municipal de Meio Ambiente de
acordo com a sua realidade local.
No Município de Macapá, existe o projeto de criação do Fundo Municipal do
Meio Ambiente, regulamentado pela Lei de nº 1.548/2007-PMM e, também, do
projeto de criação do Conselho Municipal do Meio Ambiente, regulamentado pela Lei
de nº 1.549/2007-PMM.
Atualmente, a capacidade licenciatória do município é suprida por Decreto
Municipal.
3.5. Aspecto Jurídico do o Licenciamento Ambiental no Município de Macapá
No Município de Macapá, capital do Estado do Amapá, o órgão ambiental
responsável pelo licenciamento de empreendimentos e atividades de impacto local é
a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Macapá (SEMAM), localizada no Bairro
Jardim Felicidade I, Zona norte do Município.
À SEMAM compete a aplicação no âmbito municipal da legislação ambiental
federal, estadual e municipal, considerando a competência constitucional comum e
solidária da tutela do meio ambiente, exerce ainda, fiscalização e poder de polícia
administrativa próprias do Poder Público Municipal.
O licenciamento ambiental é tratado no Município de Macapá com a
relevância necessária, pois sua exigência é notada nas legislações municipais que
regulam a gestão ambiental, direta ou indiretamente, pois o cuidado com a
preservação ambiental e combate a sua degradação pressupõe o uso deste
importante instrumento preventivo.
Na SEMAM adentram processos de licenciamento ambiental de instalações
de atividades como olaria, depósito de gás, posto de combustível, piscicultura, bares
e boates etc.
3.5.1 Vigência da Lei Complementar n° 026/2004
Colhe-se da vigência da Lei Complementar n° 026/2004, que institui o Plano
Diretor do Município de Macapá, que o licenciamento é elevado à condição de
instrumento de controle urbano e ambiental, sendo gênero dos instrumentos do
desenvolvimento urbano e ambiental.
Ressaltam-se os arts. 93 e 99 da Lei Complementar n° 026/2004, que tratam
especialmente da necessidade de execução do licenciamento ambiental para
efetividade de seus preceitos no âmbito municipal.
Art. 93. O Município de Macapá poderá recorrer aos instrumentos existentes na
legislação federal, estadual ou municipal para promover:
I - ordenamento urbano e ambiental, considerando especialmente normas de:
c) obras e instalações;
e) proteção ambiental.
II - desenvolvimento sócio-econômico, de acordo com as diretrizes estabelecidas
nesta lei;
§ 2o A utilização de instrumentos para o desenvolvimento urbano e ambiental deve
ser objeto de controle social, garantida a informação e a participação de entidades da
sociedade civil e da população, nos termos da legislação aplicável.
Art. 99. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental aplica-se à construção, instalação,
reforma, recuperação, ampliação e operação de atividades ou obras potencialmente
causadoras de significativa degradação do meio ambiente, de acordo com os termos
da legislação federal, estadual e municipal.
O Plano Diretor visa, entre tantas importantes diretrizes, a implantação e a
consolidação do desenvolvimento sustentável do Município, tendo como desafio
estimular o desenvolvimento econômico e urbano sem prejuízo ao meio ambiente, o
que requer uma visão estratégica, não só dos administradores, mas de todos
aqueles que contribuem para a construção da cidade.
3.5.2 Vigência da Lei n° 031/2004 - PMM
Esta lei institui o Código de Obras e Instalações do Município de Macapá, que
na discipina do seu art. 35, demonstra a importância de se licenciar obras ou
instalações que possam causar impactos ao meio ambiente.
Art. 35. Nos termos da legislação vigente, para o licenciamento de obras ou
instalações potencialmente geradoras de impactos urbanísticos ou ambientais
significativos será exigida a apresentação de Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança
– EIV ou Licença Prévia - LP emitida pelo setor estadual competente e Estudo Prévio
de Impacto Ambiental – EPIA, quando necessário, que serão objeto de exame pelo
setor municipal responsável pelo planejamento urbano.
Parágrafo único. Caso a obra apresente impactos urbanísticos e ambientais, poderá
haver a acumulação das exigências previstas no caput deste artigo.
Estabelece-se nesse artigo a exigência de se procederem os respectivos
Estudos Prévios de Impacto de Vizinhança – EIV e Estudos Prévios de Impacto
Ambiental, estudos estes que embasam decisão estatal, favorável ou não, a
concessão das licenças ambientais.
3.5.3 Vigência da Lei Complementar n° 029/2004 – PMM
Trata a presente lei do regramento do uso e ocupação do solo do Município
de Macapá, enunciando em seu art. 4° que as regras para o licenciamento
acompanham o que já determina o Código de Obras e Instalações, submetendo
empreendimentos e atividades com potencial degradativo ao meio ambiente ao
procedimento licenciatório devido.
Art. 4o A observância das normas dispostas nesta lei se dará inclusive no
licenciamento das obras e instalações, conforme previsto no Código de Obras e
Instalações de Macapá.(in verbis)
Art. 24 - (...)
Parágrafo único. Os usos comercial, de serviços, industrial e agrícola poderão ser
classificados em:
I - de nível 1, correspondentes aos usos comercial, de serviços e industrial de
baixíssimo impacto, com as seguintes características:
(...)
c) funcionamento submetido ao licenciamento.
II - de nível 2, correspondentes aos usos comercial, de serviços e industrial de baixo
impacto, com as seguintes características:
(...)
c) funcionamento submetido ao licenciamento e às normas edilícias e urbanísticas
específicas.
III - de nível 3, correspondentes aos usos comercial, de serviços, industrial e agrícola
de médio impacto, com as seguintes características:
(...)
c) funcionamento submetido ao licenciamento com consulta prévia aos órgãos
responsáveis pelo meio ambiente e pela circulação viária.
IV - de nível 4, correspondentes aos usos comercial, de serviços e industrial de alto
impacto, com as seguintes características:
(...)
c) funcionamento submetido ao licenciamento e ao Estudo Prévio de Impacto de
Vizinhança – EIV e, eventualmente, com a adoção de medidas compensatórias e
mitigadoras.
V - de nível 5, correspondentes aos usos de serviços, industrial e agrícola de
altíssimo impacto, com as seguintes características:
(...)
c) funcionamento submetido ao licenciamento com estudos técnicos, planejamento
específico e Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança, quando for o caso.
Da mesma forma, o parágrafo único do art.24 da lei em comento, elucida que
todos os níveis (baixíssimo, baixo, médio, alto e altíssimo) de impacto ambiental dos
usos comerciais, de serviços, industrial e agrícola estão sujeitos ao licenciamento,
no caso, na questão de impacto ambiental, o respectivo licenciamento ambiental
pelo órgão ambiental competente.
3.5.4 Vigência da Lei Complementar n° 030/2004 - PMM
Refere-se a Lei Complementar n° 030/2004 sobre o parcelamento do solo
urbano do Município de Macapá.
Existe a determinação municipal de penalizar administrativamente, pela
aplicação de multas ao empreendimento e à atividade que deixem de cumprir os
requisitos do licenciamento, usando de seu poder de polícia administrativa, alude o
art. 38 desta lei:
Art. 38. Sem prejuízo das responsabilidades civis e criminais, serão aplicadas multas
nos seguintes casos:
I - início ou execução de obra sem licença do setor municipal competente;
II - execução de obra em desacordo com o projeto aprovado;
III - ausência no local da obra do projeto aprovado ou da licença de execução da
obra.(in verbis)
3.5.5 Vigência da Lei Complementar n° 027/2004 – PMM
A regulamentação disciplinada por esta lei é sobre o licenciamento,
autorização e fiscalização das atividades sócio-econômicas do Município de
Macapá. É selecionada, nos artigos a seguir, a temática ambiental tratada com
responsabilidade pelo legislador amapaense, demonstrando a necessidade de uso
do instrumento preventivo do licenciamento ambiental no controle e gestão
ambiental, assim como com a preservação do meio ambiente sadio e equilibrado.
Importante ressaltar que o foco do desenvolvimento econômico não está
limitado, porém, a lei impõe que este desenvolvimento aconteça em equilíbrio com o
desenvolvimento social e ambiental. Neste sentido, verifica-se notoriamente estar
elevado o meio ambiente sadio e equilibrado a um direito fundamental do homem a
ser tutelado pelo Poder Público Municipal.
Art. 12. A licença para o desenvolvimento de atividades socioeconômicas em geral,
excetuados os casos previstos nesta lei, será requerida mediante a apresentação dos
seguintes documentos:
I- registro público, de firma individual ou pessoa jurídica, no órgão competente,
conforme o caso;
II - alvará de vistoria do corpo de bombeiros;
III - certificado de inspeção sanitária;
IV - contrato ou prova de direito ao uso do local onde pretende instalar-se;
V - prova de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou no
Cadastro Nacional de Pessoa Física (CPF) e, se for o caso, no fisco estadual;
VI - habite-se, observadas as prerrogativas do artigo 13 desta lei;
VII - prova de endereço do(s) interessado(s).
Parágrafo único. Os estabelecimentos de produção de bens ou serviços de qualquer
natureza, cujas atividades sejam consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,
assim como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar impacto
ambiental local ou regional, além das exigências estabelecidas no caput deste artigo
deverão apresentar documentos comprobatórios de aprovação dos órgãos técnicos
nos níveis municipal, estadual e federal sobre os estudos e relatórios previstos na
legislação ambiental.
Art. 6o A Prefeitura assegurará, por meio de ação integrada dos seus órgãos
fiscalizadores, que os projetos de atividades econômicos e sociais, sejam quais forem
seus objetivos, dimensão e complexidade, para efeito de licenciamento e fiscalização
municipal, sejam julgados sob os aspectos:
(...)
III - de meio ambiente;
(...)
Art. 7o Além da avaliação para efeito de licenciamento ou autorização, todas as
atividades a que se refere esta lei serão objeto de fiscalização permanente sobre as
condições gerais de funcionamento, previstas no alvará de licença ou autorização;
Art. 9o A Prefeitura organizará o Sistema Municipal de Licenciamento e Fiscalização
de Atividades Sócio-econômicas com a finalidade de articular as ações e controle das
atividades voltadas para o exercício do poder de polícia municipal.
§ 1o O Sistema Municipal de Licenciamento e Fiscalização de Atividades Sócio-
econômicas visa a Prefeitura Municipal de Macapá aglutinar, com o objetivo de obter
decisões integradas, os recursos e as ações dos órgãos municipais voltados para:
(...)
IV - fiscalização do meio ambiente:
(...)
Art. 18. A Prefeitura deverá realizar vistorias antes do início do funcionamento de
qualquer estabelecimento comercial, industrial ou de prestação de serviços, para
verificação da obediência às exigências do licenciamento da atividade e, conforme o
caso, da adequação das instalações ao fim a que se destinam.
§ 1o A vistoria de que trata a presente lei integra o processo de licenciamento ou de
autorização de funcionamento e não substitui, tampouco dispensa, as vistorias
previstas pelo Código Sanitário, Legislação Ambiental e pelo Código de Obras e
Instalações.
Art. 33. A inobservância desta lei, por ação ou omissão de pessoa física ou jurídica,
autoriza a Prefeitura à aplicação das seguintes sanções, conforme o caso:
I - apreensão de bens;
II - multa;
III - interdição de estabelecimento ou suspensão de atividades;
IV - cassação da Licença.
§ 1o As sanções a que se refere esta lei não isentam o infrator da obrigação de
reparar o dano resultante da infração.
§ 2o A aplicação de uma das sanções previstas não prejudica a de outra, se cabível.
Art. 40. Sem prejuízo das responsabilidades civis e criminais, serão aplicadas multas
nos seguintes casos gerais:
I - exercício de atividades sem licença ou autorização do setor municipal competente;
II - funcionamento das atividades em desacordo com o licenciamento ou autorização
e compromissos explicita ou implicitamente declarados no alvará de licença;
III - práticas de produção de bens e serviços que prejudiquem o direito dos vizinhos
ou contribuam para a degradação da qualidade de vida na cidade e do Município;
Art. 44. A interdição do estabelecimento ou suspensão de determinada atividade se
dará ante a constatação de uma das seguintes situações:
I - descumprimento das notificações de infração aos dispositivos desta lei;
II - reincidências em infração grave;
III - exercício de atividade diferente da requerida e licenciada;
IV - perigo iminente ou risco para o meio ambiente e patrimônio construído;
V - funcionamento sem Licença regular ambiental ou sanitária, nos casos em que
estas sejam requeridas por lei;
VI - funcionamento sem a respectiva Licença ou Autorização, desde que não
regularizada no prazo de 15 (quinze) dias a partir do auto de infração.
§ 1o O estabelecimento ou atividade flagrada com Licença irregular sob os aspectos
ambientais ou sanitários, nos casos em que são requeridos por lei, terá suas
atividades imediatamente interditadas.
Art. 46. A Licença ou a Autorização poderão ser cassadas nos seguintes casos:
(...)
II - quando exercidas atividades em desacordo com a Licença ou Autorização
concedida;
(...)
Ressalta-se das legislações apresentadas, a prevalência da premissa básica
da impossibilidade de não associar as questões ambiental e social à problemática
municipal, sobretudo, pelo fato de que outras premissas apontam para a
necessidade do estabelecimento de uma política de desenvolvimento territorial para
Macapá que está fundamentada sobre o conhecimento das condições ambientais
atuais do Município e a análise dos impactos das atividades econômicas e urbanas
sobre o meio ambiente, levando em conta os instrumentos legais vigentes, dos quais
faz parte o licenciamento ambiental.
CONCLUSÃO
O meio ambiente sadio e equilibrado é direito fundamental de todos os
brasileiros, ressaltando que a qualidade do meio ambiente é essencial para
dignidade humana.
Por meio da Lei 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente,
formularam-se vários instrumentos de controle ambiental, em contraposição ao
avanço desenfreado de atividades efetiva ou potencialmente causadoras de
degradação ambiental.
O licenciamento Ambiental representa o mais destacado desses instrumentos
na luta pela preservação do meio ambiente. Com o seu caráter preventivo, constitui-
se na forma legal de intervenção administrativa prévia do Estado no interesse
privado em matéria ambiental.
Em que pese a sua importância na defesa da qualidade do meio ambiente,
tanto para a atual como futuras gerações, o seu procedimento ainda chega a ser
desconhecido por empreendedores, profissionais, agentes públicos e,
principalmente, pela sociedade.
Todavia, o estudo demonstra a necessidade de maior conhecimento público
acerca das suas exigências legais, estudos (EIA) e relatórios (RIMA), pois, não são
burocracias para emperrar o desenvolvimento econômico, mas, na verdade, são
exigências para equilibrar o desenvolvimento econômico, social e ambiental do
município, o que atinge diretamente a todos os munícipes.
Portanto, comprova-se a eficiência desse intrumento que associa o equilíbrio
entre a promoção do desenvolvimento econômico e a defesa do meio ambiente no
município, em especial, o Município de Macapá, sobretudo pelo apanhado acerca do
tema nas legislações macapaenses, que enfatizam sua necessidade e aplicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 4ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000, p. 102. ANTUNES, Paulo de Bessa. Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA. Rio de Janeiro:Editora Lumen Juris, 2005. p163.
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 9ª. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 128. ANTUNES, Paulo de Bessa. Manual de Direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.31 - p.32. BENJAMIM, Antonio Herman. Os princípios do estudo de impacto ambiental como limites da discricionariedade administrativa. Revista Forense, Rio de Janeiro, v. 317, 1992, p. 33. CARNEIRO, Rosane. Toda a riqueza do Amapá. Senac e Educação Ambiental, Rio de Janeiro, RJ, v1,n.1, p16, jan/abr.2007. DALLAGNOL, Paulo Renato. O licenciamento ambiental municipal. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9292>. Acessado em: 18/11/2008. FARIAS, Talden Queiroz. Licenciamento ambiental e responsabilidade empresarial. Disponível em: < www.ambitojuridico.com.br > . Acessado em: 15/10/08. FREITAS, Vladimir Passos de. Direito administrativo e meio ambiente. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2003. FIORILLO, Celso Antonio Pachêco. Curso de direito ambiental brasileiro. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 65 - 67. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 9ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 98. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. Malheiros Editores: São Paulo, 2007, p. 56-103. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24ª. ed. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 170-171. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Disponível em: < www.mma.gov.br >. Acessado em: 17/11/08. MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 355, 418.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 20ª ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 260. NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 23ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 194. OLIVEIRA, Antônio Inagê de Assis . O Licenciamento Ambiental. São Paulo: Editora Iglu, 1999, p. 119. OLIVEIRA, Antonio Inagê de Assis. Avaliação de impacto ambiental x estudo de
impacto ambiental. São Paulo: Revista de Direito Ambiental, 2000, RT, n. 17, p.
141.
OLIVEIRA, Antônio Inagê de Assis. Introdução à legislação ambiental brasileira e licenciamento ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 287 - 311. SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 85. TRENNEPOHL, Curt, TRENNEPOHL, Terence. Licenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p.11-16. TCU. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento ambiental. 2ª ed. Brasília: Tribunal de Contas da União e colaboração do IBAMA, 2007.
VAN ACKER, Francisco Thomaz. Licenciamento ambiental. (Apostila básica III). Disponível em: < www.ambiente.sp.gov.br/EA/adm/admarqs/Dr.VanAcker.pdf > . Acessado em: 06/04/2008.
Recommended