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seminário o lugar da escola território, conhecimento e políticas vendas novas 17 e 18 de abril
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Criar um espaço de debate e partilha de ideias e conhecimentos em redor do TEIP como medida de política educativa;
Refletir sobre a construção local de estratégias de promoção e valorização do sucesso e de combate ao absentismo e abandono;
Debater o local como espaço de ação e intervenção das medidas de políticas, sendo, simultaneamente produtor de políticas;
Analisar o papel do conhecimento em torno dos processos de regulação da ação coletiva;
Perspetivar parceiros e parcerias na ação escolar;
Trocar ideias entre pressupostos teóricos e princípios práticos da ação educativa;
Perspetivar o TEIP como medida de regulação da ação escolar;
Objetivos
O sistema educativo tem sido alvo de sucessivas políticas públicas geradoras de alterações nas estruturas organizacionais e pedagógicas das escolas. Atentos à mudança o Agrupamento de Escolas de Vendas Novas e o Centro de Formação Beatriz Serpa Branco propõem a toda a comunidade educativa, um espaço e um tempo de reflexão e de partilha de conhecimento sobre as políticas educativas.
O lugar da escola: território, conhecimento, políticas concretiza essa intenção de trazer para o interior do Agrupamento o debate educativo em torno das questões do TEIP, encarando este enquanto oportunidade de olhar a escola não apenas enquanto espaço de ação e de concretização de medidas de política exterior-mente definidas e impostas, mas também na sua plena consideração enquanto local produtor de políticas e promotor de conhecimento.
O TEIP como medida de política
Criado em 1996 por intermédio do Despacho Conjunto 73/SEAE/SEEI/96, de 10 de julho, tinha como finali-dade «a melhoria da qualidade educativa e a promoção da inovação» por intermédio da definição de estra-tégias que visavam problemas de âmbito escolar (insucesso, absentismo, abandono, indisciplina) em escolas inseridas em «áreas geográficas consideradas problemáticas». Era a assunção da relação entre «exclusão escolar e exclusão social» assumindo a escola uma posição charneira no combate às desigualdades e na promoção do seu território. Deste modo, promovem-se fatores de descriminação positiva mediante a aloca-ção de recursos (humanos e materiais) tendentes à promoção de medidas que têm como objetivo combater os fenómenos de exclusão em processo articulado entre o escolar e o social. Decorrente do seu progressivo alargamento, particularmente em termos de objetivos (senão mesmo de ambição), esta medida de política tem apresentado tendência para definir as dinâmicas tanto da escola/agrupamento como do território que abrange;
A escola e o seu território - «complexos histórico geográficos»
Enquanto medida de política o TEIP implica pensar a relação que se estabelece entre a escola, enquanto local de ação e de (re)construção de normas e regras e o seu território, neste caso enquanto o lugar (mais abrangente) da intervenção. Uma relação que se pretende reflexiva e crítica, com o assumido objetivo de identificar recursos e parceiros, delimitar problemas e construir soluções, implementar e avaliar estratégias e impactos. Deste modo, a relação entre a escola (enquanto local de ação) e o seu território (enquanto lugar de intervenção) visa então novas relações, alterar uma realidade e um contexto, criar novas/outras dinâmicas - sociais e/ou escolares com reflexo na definição do que temos e daquilo que queremos.
O conhecimento como dispositivo de regulação
Tendente à delimitação e definição dos objetos que irão ser alvo de intervenção e ação mobilizam-se recur-sos sendo o conhecimento um deles. Neste contexto, o conhecimento surge como recurso essencial, pois, por um lado, é elemento de «convergência» (disciplinar e social) na e para a delimitação dos problemas. Por outro lado, é também espaço de «distinção» entre problemas e soluções. O conhecimento assume, assim, uma dimensão de regulação entre o que se tem e do que se quer, sendo suporte à configuração dos mode-los que orientam a ação (social e escolar) configurando esta como «processo compósito» por onde se arti-culam dinâmicas locais e ideias.
Razões de uma ação
08h30 Recepção e entrega de documentação
09h30 Sessão de abertura
Diretor do AE de Vendas Novas
Diretora do Centro de Formação Beatriz Serpa Branco;
10h00 O local como referencial das políticas educativas: o lugar da escola
João Barroso, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa;
10h30 Coffe breack
11h00 Conhecimento e política: a fabricação do insucesso escolar,
Natércio Afonso, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Os processos de contratualização e a (re)construção do espaço local educativo: novas possi-bilidades de ação local?
José Hipólito, Agrupamento de Escolas Pedro Alexandrino
Os TEIP no combate às desigualdades educativas e sociais
Pedro Abrantes, Universidade Aberta, investigador do CIES-IUL
Moderadora: Aurora Costa, coord. do depart. de Ciências Exatas
13h00 Almoço livre
14h30 Mesa Redonda 1: «Politicas/Projetos locais»
Luís Dias Presidente da câmara municipal de Vendas Novas,
Gazimba Simão Dgest Alentejo,
Carlos Rebelo, agrupamento de escolas de Vendas Novas
Moderadora: Florbela Rego, presidente do conselho geral do AE de Vendas Novas
16h30 O papel do conhecimento na regulação transnacional das políticas educativas,
Luís Miguel Carvalho, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Programa—dia 1—Regulação e Conhecimento
09h00 Início dos trabalhos do segundo dia
09h30 Territórios educativos e regulação escolar
José Verdasca, Universidade de Évora
10h30 Políticas de inclusão: uma reflexão a partir dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária,
Carla Cibele, Escola Superior de Educação de Setúbal
Regulação local da educação e as relações entre escolas
Sofia Viseu, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Moderador: João Alturas, assessor do diretor
13h00 Almoço livre
14h00 Mesa Redonda2: «Os professores - atores ou autores?»
António Martelo, AE Reguengos de Monsaraz
Inácio Esperança, AE Vila Viçosa
João Perdigão AE de Pégões
Moderador: Antónia Serra, directora do centro de formação de professores Beatriz Serpa Branco
15h00 A Regulação local da Educação
Clara Cruz, Centro Educatis
O local e o nacional na construção das políticas públicas de educação: tensões e hibridismos
Carlos Pires, Escola Superior de Educação de Lisboa
Moderador: Luíz Narra, coord. do depart. de Expressões
16h30 “Que esperar do projeto educativo de um Agrupamento TEIP?”
Paulo André coordenador EPIPSE, Direção Geral de Educação
17h30 Sessão de encerramento
Programa—dia 2—Território e Políticas
Carla Cibele Carla Cibele Figueiredo é licenciada em Psicologia Edu-cacional (ISPA), mestre em Educação Intercultural (UA) e doutorada em Educação (Universidade de Lisboa). É docente da Escola Superior de Educação de Setúbal, onde tem trabalhado na formação de professores, educadores e animadores socioculturais. É atual coor-denadora do curso de Animação Sociocultural. Tem várias publicações no âmbito da Educação, designada-mente na área das Políticas educativas, Cidadania e Interculturalidade, âmbitos em que também tem feito formação para professores e outros técnicos sociais e educativos, assim como projetos institucionais e comu-nitários. Desde 2009 que é perita externa (amiga críti-ca) de alguns agrupamentos de escolas TEIP. Carlos Augusto Pires É Professor Adjunto da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa, no domínio científico da Sociologia da Educação. Para além da docência e coor-denação de várias unidades curriculares exerce a fun-ções de Vice-Presidente do Conselho Técnico-Científico e é membro da comissão coordenadora do mestrado em Administração Educacional e do Gabinete de Ges-tão da Qualidade daquela Escola. Foi professor do 1.º ciclo do ensino básico, diretor de escola e exerceu fun-ções técnico-pedagógicas e de dirigente em serviços centrais da administração da educação, no domínio do currículo da educação básica. É Doutorado em Admi-nistração e Política Educacional pelo Instituto de Edu-cação da Universidade de Lisboa, tendo desenvolvido investigação sobre a política de “Escola a Tempo Intei-ro” em Portugal. Clara Freire da Cruz Clara Freire da Cruz é professora do 2.º ciclo do Ensino Básico. O seu percurso académico e profissional tem sido desenvolvido na área educativa. É licenciada em História pela Universidade Clássica de Lisboa, Mestre em Ciências de Educação pela Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Lisboa, especialização História de Educação e Doutorada em Educação pelo Instituto de Educação da mesma Uni-versidade, com a especialização em Administração e Política Educacional. Profissionalmente para além de ser professora de História e de Língua Portuguesa e de ter desempenhado múltiplos cargos de supervisão pe-dagógica e de gestão intermédia, trabalhou alguns anos na Educação Especial, tendo coordenado uma das Equipas de Educação Especial. Desde 2004 ocupa a direção do Centro de Formação de Escolas dos Conce-lhos de Benavente, de Coruche e de Salvaterra de Ma-gos - Centro Educatis. Simultaneamente assume a re-presentação dos professores do ensino básico público no Conselho Municipal de Educação de Benavente. João Barroso João Barroso foi Vice-reitor da Universidade de Lisboa e professor catedrático do Instituto de Educação da mesma Universidade, tendo exercido as funções de
presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Psi-cologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, entre 2005 e 2009. É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, possui o Diplome d’ Études Approfondies (DEA) em Ciências da Educação pela Uni-versidade de Bordéus (França) e é doutorado e agrega-do em Ciências da Educação pela Faculdade de Psicolo-gia e de Ciências da Educação da Universidade de Lis-boa. Exerce a sua atividade docente e de investigação no domínio da Política e da Administração da Educação, tendo coordenado as equipas portuguesas dos proje-tos de investigação: Reguleducnetwork - “Changes in regulation modes and social production of inequalities in education systems: a European Comparison” (2001-2004) e Knowandpol – The role of Knowledge in the construction and regulation of health and education policy in Europe: convergences and specificities among nations and sectors”, (2006-2011) financiados pela União Europeia (fifth and sixth Framework Programme for Research) É autor de diversos livros, capítulos de livros e artigos publicados em Portugal, Brasil, Espanha, França e Bél-gica. Recebeu o Prémio Rui Grácio, atribuído em 1996 pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação e pela Fundação Calouste Gulbenkian, à sua obra “Os Liceus. Organização Pedagógica e Administração (1836-1960) ”. José Hipólito Professor de História do ensino secundário no Agrupa-mento de Escolas Pedro Alexandrino. Exerceu dois mandatos num conselho executivo de uma escola. Licenciado em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Doutorado em Educação na área de especializa-ção em Administração e Política Educacional, pelo Ins-tituto de Educação da Universidade de Lisboa. Foi pro-fessor convidado da ESE de Lisboa e outras Instituições do Ensino Superior. É colaborador da Unidade de In-vestigação (UIDEF) do Instituto de Educação da Univer-sidade de Lisboa. José Verdasca É licenciado em economia pela Escola Superior de Estu-dos Sociais e Económicos Bento de Jesus Caraça, é mestre em Administração Escolar pela Universidade do Minho e Doutor em Ciências da Educação pela Univer-sidade de Évora, com dissertação na área da Organiza-ção e Administração Educacional. É docente do depar-tamento de Pedagogia e Educação e membro investi-gador do Centro de Investigação em Psicologia e Edu-cação da Universidade de Évora. foi pró reitor da Uni-versidade de Évora, desempenhou o cargo de Diretor Regional de Educação do Alentejo e foi co-coordenador Nacional do Programa Mais Sucesso Esco-lar. Tem participado em várias iniciativas na área da educação no país e no estrangeiro e publicado diversos trabalhos nos domínios da Organização, Administração e Políticas Educacionais.
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Luis Miguel Carvalho Luís Miguel Carvalho é professor com agregação no Instituto de Educação da Universidade de Lis-boa (IE-UL). Desenvolve as suas atividades de ensi-no no âmbito da pós-graduação, em cursos de mestrado e de doutoramento na especialidade de Administração e Politica Educacional. É autor de vários artigos (em revistas nacionais e estrangei-ras) e livros sobre temas de História da Educação, de Análise das Organizações Educativas e de Políti-ca Educacional. A sua investigação mais recente versa, sobretudo, questões relativas às relações política-conhecimento em educação: a circulação transnacional de conhecimentos e políticas educa-tivas; a fabricação e difusão de instrumentos de regulação baseados no conhecimento; o papel dos atores intermediários na fabricação e regulação das políticas em educação. Exerce, atualmente, a função de coordenador da área de investigação e ensino de Políticas de Educação e Formação do IE-UL. Natércio Afonso Natércio Afonso, doutor em Educação, na área de especialização de Política e Administração Educaci-onal pela School of Education da Boston University (EUA), é professor associado aposentado do Insti-tuto de Educação da Universidade de Lisboa, onde lecionou unidades curriculares e desenvolveu in-vestigação no âmbito política da educação, da ad-ministração educacional, da avaliação das escolas, e da metodologia de investigação em educação. Foi professor e orientador de estágio nos antigos ensinos preparatório, técnico e liceal, inspetor na Inspeção Geral da Educação e professor do ensino politécnico. Desempenhou funções na administra-ção da educação como presidente da comissão instaladora da escola superior de educação de Portalegre, subdiretor do Instituto de Educação da universidade de Lisboa, vice-presidente do Institu-to de Inovação Educacional e Inspetor-Geral da Educação. Entre 2006 e 2011, integrou a equipa Portuguesa do Projeto europeu KNOWandPOL -“The role of knowledge in the construction and regulation of health and education policy in Euro-pe: convergences and specificities among nations and sectors”. Entre 2009 e 2011 coordenou o pro-jeto “Metas de Aprendizagem” do Ministério da Educação. Sofia Viseu É professora auxiliar do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. O seu trabalho de docên-cia e de investigação têm incidido sobre a regula-ção das políticas públicas de educação, a relação
entre conhecimento e políticas públicas e a análise de redes sociais. Atualmente, o seu interesse de investigação prende-se com o estudo da reconfigu-ração do papel tradicional do Estado e das políti-cas públicas de educação e no modo como essas alterações são (re) interpretadas nos contextos de locais de ação, particularmente junto dos diretores de escolas e na relação que as escolas estabele-cem entre si. Paulo André Professor do ensino básico e secundário do grupo 510, Físico-Química Licenciado em Física Teórica pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa É detentor de formação especializada em Gestão e Administração Escolar Exerceu vários cargos na área da Administração e Gestão Escolar, nomeadamente os de Assessor do Conselho Executivo, Vice-presidente do Conselho Diretivo e do Conselho Executivo, Presidente do Administrativo, do Conselho Pedagógico e do Con-selho Executivo Desde setembro de 2009 tem vindo a exercer fun-ções tecnicopedagógicas na Direção-Geral da Ino-vação e Desenvolvimento Curricular, agora Direção-Geral da Educação, sobretudo no acompanha-mento, monitorização e avaliação do Programa -Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, TEIP. Atualmente é coordenador da Equipa de Projetos de Inclusão e Promoção do Sucesso Escolar, EPI-PSE, da Direção de Serviços de Projetos Educativos da Direção-Geral da Educação. Pedro Abrantes Pedro Abrantes é professor da Universidade Aber-
ta e investigador do CIES-IUL. Licenciado e douto-
rado em Sociologia, pelo ISCTE-IUL, tem-se especi-
alizado na investigação e avaliação, no campo da
educação, percursos de vida e desigualdades soci-
ais. Foi professor convidado em várias universida-
des e institutos politécnicos, em Portugal, consul-
tor em programas do Ministério da Educação e
investigador visitante na Universidad Complutense
de Madrid (Espanha) e no CIESAS (México).
Por razões várias nem todos aqueles que apresentam comunicação poderem enviar, a tempo,
o resumo das suas intervenções;
O local como referencial das políticas educativas: o lugar da escola
João Barroso
Universidade de Lisboa
O local como referencial das políticas educativas é visto simultaneamente como lugar de
aplicação, de participação, de interdependência e de concorrência, no confronto de lógi-
cas tão distintas, como as que tentam preservar o papel e a ação do Estado, através da
contextualização territorial das políticas e do incentivo à sua modernização, às que visam
a sua diminuição e a promoção de um “mercado educativo”. Neste contexto, a territoria-
lização das políticas educativas (que de certo modo presidiu à criação dos
TEIP) constitui uma abordagem diferenciada em que o local é visto sobretudo como
um lugar de construção de uma nova ordem educativa local, tendo em conta a
pluralidade de atores institucionais, coletivos ou individuais, envolvidos nos processos
educativos. Na primeira parte da minha intervenção irei caracterizar brevemente em
que consiste a territorialização, distinguindo-a das medidas de descentralização atu-
almente em curso em Portugal. Numa segunda parte irei procurar situar o “lugar da es-
cola” neste processo e questionar em que medida ele interpela a sua autonomia.
O conceito de “insucesso escolar” é um” construto” técnico-pedagógico desenvolvido no quadro
conceptual da avaliação educacional: a “qualidade” da educação e das escolas. A construção do
conceito de “sucesso escolar” resulta de um processo de instrumentação através do qual são defi-
nidos padrões de desempenho, critérios e indicadores. Contudo, esta dinâmica de instrumenta-
ção é sempre conduzida em função de valores, ideias e interesses específicos dos promotores da
avaliação. De facto, não existe avaliação neutra e objetiva, pois tem sempre como ponto de parti-
da o ponto de vista subjetivo de um “cliente” com a sua agenda construída a partir dos seus valo-
res, ideias e interesses. Dada a evidente multiplicidade dos clientes e das agendas que coexistem
na ação pública o “sucesso escolar” é, por isso, também um “construto” político que pode ser de-
clinado em medidas de política muito diferenciadas. Assim, numa perspectiva de ação pública,
podemos dizer, no caso das políticas centradas na questão da eficácia das escolas, que estamos
perante um processo dinâmico e interativo através do qual são construídos conjuntos articulados
de problemas, soluções e estratégias para a ação das autoridades públicas no domínio da qualida-
de do ensino / eficácia das escolas. Como em todas as políticas públicas, também nesta se identi-
ficam três dimensões: cognitiva, normativa e estratégica.
A dimensão cognitiva, consiste na “reconstrução” da realidade escolar em termos de problema a
resolver: a “invenção” da escola “ineficaz”. O conceito de eficácia da escola é um construto relati-
vamente recente. Ao longo do século XX, o insucesso na escola não era entendido como um pro-
blema mas sim como uma resultante das diferentes capacidades dos alunos no contexto da cha-
mada “teorias dos dotes”. Nesta perspetiva, competia à escola “selecionar” os “melhores” em
cada nível de escolaridade. A esta maneira de pensar juntou-se, a partir da década de sessenta,
uma explicação baseada no “determinismo sociológico” segundo a qual o sucesso escolar estava
relacionado com a origem social dos alunos, ou seja com o estatuto socioeconómico das suas fa-
mílias. Só a partir da década de oitenta, num contexto já profundamente marcado pelo declínio
do Estado Providência, pelo novo fôlego do liberalismo e do individualismo metodológico, apare-
ceu o conceito de eficácia da escola como variável relevante na explicação do sucesso escolar.
Nesta perspetiva atualmente dominante, o sucesso escolar é medido através de um conjunto de
indicadores sobre o funcionamento de cada escola e o trabalho dos seus professores, dando ori-
gem a pragmáticas de “boas práticas” fundamentadas na investigação educacional, naquilo que
se veio a chama-se o “movimento da eficácia das escolas”.
Conhecimento e política: a fabricação do insucesso escolar
Natércio Afonso
IE-Universidade de Lisboa
Os processos de contratualização e a (re)construção do espaço local
educativo: novas
possibilidades de
ação local?
José Hipólito
Agrupamento de Escolas Pedro Alexandrino
Tendo presente a emergência de novos modos de regulação do sistema educativo, onde
há uma crescente presença da contratualização com os atores locais, inserida no que é
apelidado de territorialização das políticas educativas, inicia-se a apresentação com uma
breve descrição do processo de contratualização da autonomia das escolas, ocorrido entre
2006 e 2007. Este processo incidiu sobre os atores das escolas e dos seus contextos locais,
em interação com atores situados ao nível regional, das extintas DRE´s, e ao nível
nacional, por exemplo os grupos de trabalho de nomeação ministerial, pertencentes quer
à administração educativa (central e periférica), como à academia e ao campo político.
De seguida, procede-se à análise deste processo de regulação contratual, que mobilizou
novos conhecimentos e novos dispositivos, designadamente a avaliação e o contrato de
autonomia. Estes novos dispositivos trouxeram novas possibilidades de ação, numa
tensão entre imposições e compromissos, bem como aprendizagens que solicitaram a
reconfiguração dos atores locais no seu proceder.
Por último, apresentam-se alguns desafios para a ação pública em educação no espaço
local.
Palavras-chave: Territorialização das Políticas Educativas; Contratualização da Autonomia das Escolas; Ação
Pública Local.
Os TEIP no combate às desigualdades educativas e sociais
Pedro Abrantes
Resumo
A partir de estudos sociológicos desenvolvidos e coordenados nesta área, ao longo dos
últimos anos, discutir-se-
á o papel do programa TEIP na redução das desigualdades sociais e educativas.
Num primeiro momento, apresentar-se-ão resultados recentes da investigação que tes-
tam a importância da intervenção prioritária em territórios socialmente desfavorecidos
no comba-
te às profundas desigualdades educativas e sociais que continuam a caracterizar o
nosso país. Num segundo momento, apresentaremos um balanço dos resultados obtidos
pelo programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, neste domínio, nomea-
damente ao ní-
vel do combate ao insucesso e ao abandono escolares, bem como no estímulo ao
envolvimento comunitário, à integração no mercado laboral e ao desenvolvimento local.
Por fim, num terceiro momento, com base neste diagnóstico, avançaremos para a dis-
cussão com um conjunto de propostas de forma a que os TEIP sejam, efetivamente, um
instrumento de políticas de inclusão e combate às desigualdades.
Políticas de inclusão: uma reflexão a partir dos Territórios Educativos
de Intervenção
Prioritária
Carla Cibele
Escola Superior de Educação de Setúbal
Esta comunicação tem por objectivo incentivar a reflexão sobre o modo como uma
narrativa global de inclusão social, protagonizada no âmbito de uma política pública
de discriminação positiva (TEIP 2 e TEIP 3) produz (ou não), em coerência, no inte-
rior dos agrupamentos de escolas, respostas de natureza organizacional e pedagógi-
ca. Pretende-se ainda perceber até que ponto essas respostas se equacionam de
forma autónoma, em relação com a forma como os problemas são descritos e vivi-
dos em cada um deles, traduzindo-se numa aprendizagem organizacional significati-
va. Sendo esse um possível aspecto interessante do programa TEIP, não deixamos
de questionar se esse resultado positivo existe ou se as respostas encontradas
constituem uma mera transferência de respostas já ensaiadas noutros locais, disse-
minadas como “boas práticas” ou até “velhas práticas” que assumem novas desig-
nações ou se encaixam apenas num novo discurso. Esta reflexão decorre da nossa
experiência profissional como perita externa desde 2009 (num crescendo de 2 para
5 agrupamentos TEIP), tendo tão só por objectivo colocar questões que possam
suscitar um debate profícuo em torno deste programa.
O local e o nacional na construção das políticas públicas de educação:
tensões e
hibridismos
Carlos Pires
Escola Superior de Educação de Lisboa/CIED/UIDEF
Resumo:
Parte-se do pressuposto de que a elaboração e execução das políticas públicas de
educação não resultam exclusivamente de uma produção estatal e nacional, ou do
voluntarismo solitário do Governo, devendo contar com a intervenção de outros “círculos
de atores” locais com diferentes “lógicas de posição”. Emerge assim uma tensão
desenvolvida no confronto entre a tendência para a manutenção do controlo pelo Estado
e os referenciais de política educativa que tendem a impor-se, exigindo a abertura a
processos de descentralização potenciadores de lógicas emancipatórias na construção das
políticas educativas. Configura-se, assim, a persistência de um “sistema híbrido”,
característico de uma administração pública, que promove a permanência daquelas duas
tendências. Na presente comunicação problematiza-se esta outra forma de administração
da educação e o papel de “mediação política” protagonizado pelas autarquias locais
(tendo com exemplo a política de Escola a Tempo Inteiro), relevando-se a permanência de
uma lógica de declinação local das Políticas do Estado e a emergência, de novas
modalidades de controlo e de compensação política.
Moderadora: Florbela Rego, presidente do conselho geral do agrupamento de escolas de
Vendas Novas
Intervenientes:
Luís Dias, presidente da câmara municipal de Vendas Novas
Gazimba Simão, Dgest Alentejo
Carlos Rebelo, director do agrupamento de escolas de Vendas Novas
Num tempo em que o assunto mais premente é a municipalização da educação, um espa-
ço para pensar e trocar ideias sobre qual o lugar do local nas políticas educativas.
Objetivos
Identificar dimensões, âmbitos, espaços para o local nas políticas educativas;
Perspetivar parceiros e redes de parceria na ação educativa local;
Identificar pontos para a elaboração de um projecto educativo municipal
Algumas questões
Qual o papel ao local nas políticas educativas?
Como se articulam parceiros e parcerias na definição de políticas e na implementação de
projectos locais?
Metodologia de trabalho e organização
Cada elemento tem sensivelmente cinco minutos para apresentar a sua perspetiva quan-to ao papel dos que compete ao local (instituições ou organizações, parceiros e parcerias) tendo como referência o mote do seminário: o lugar [do local]: território, conhecimento e política;
Após a apresentação de cada um dos pontos de vista seguir-se-á troca de ideias entre os elementos participantes na mesa redonda e entre estes e a plateia, tendo como linhas d orientação:
Mesa Redonda 1 - que papel ao local?
Moderadora: Antónia Serra, diretora do centro de formação de professores Beatriz Serpa Branco
Particpantes
António Martelo, docente do grupo 400 (História) agrupamento de Escolas de Reguengos de Monsaraz;
Inácio Esperança, docente do grupo 410 (filosofia), agrupamento de escolas de Vila Viçosa, agrupamento TEIP; e
João Perdigão, docente do grupo 510 (Fícia e Química) do Agrupamento de Escolas de Pégões;
Objetivos
Debater o papel dos docentes no contexto das orientações de política educativa
Analisar a relação entre o território e a ação docente;
Algumas questões
Serão os docente meros atores que executam um papel dado e definido exteriormente?
Serão os docentes atores do seu próprio papel?
Se sim, em função da sua capacidade de criação de medidas e orientações próprias e localmente definidas ou em função de re-interpretações das orientações exteriormente definidas?
Se não, por quê, o que os condiciona e limita?
Qual a relação que se pode estabelecer entre os professores e o território onde exercem funções? Palco ou balcão?
Metodologia de trabalho e organização
Cada docente tem sensivelmente cinco minutos para apresentar a sua perspetiva quanto ao papel dos professores tendo como referência o mote do seminário: o lugar [dos professores]: território, conhecimento e política;
Após a apresentação de perspetivas seguir-se-á troca de ideias entre os elementos participantes na mesa redonda e entre estes e a plateia, tendo como linhas d orientação:
perspetivar o papel dos professores na ação (ou execução) de medidas de política;
associar o trabalho dos docentes à relação entre território, conhecimento e ação (ou execução):
perceber que (novos) sentidos e as orientações (ou perspetivas ao) do trabalho docente;
Mesa redonda 2 - Os professores: atores ou autores?
Formação contínua de professores
O evento foi reconhecido pelo Conselho Científico Pedagógico da Formação Contínua de
Professores na modalidade de seminário;
Porque há regras e critérios a cumprir para o efeito, deixam-se as indicações gerais pelas
quais se irá reger a avaliação daqueles que participam no âmbito da formação contínua
de professores;
Critérios de avaliação serão: Presença - 10%
Análise crítica de tema do seminário - 90% Para a avaliação da análise crítica,
até quatro páginas - contemplando título, autor e referências bibliográficas; título a times new roman 14, bold centrado;
corpo de texto a letra times new roman 12, com espaço e meio entre linhas Citações devem estar enquadradas no corpo do documento e assinaladas em
função do modelo APA6, tipo: Autor, ano; página; As referências bibliográficas devem seguir os mesmos procedimentos com base
em APA6, tipo : Para revistas: Barroso, J. (2013). A emergência do local e os novos modos de regulação das políticas educativas. Educação - temas e problemas, (12 e 13), pp. 13-26 ; Para livros: Canário, R. (2005). O que é a escola - um olhar sociológico. Porto: Porto Editora.
texto alinhado à esquerda Serão considerados os seguintes critérios:
Delimitação do objeto e definição da questão de análise;
Porquê - indicação de causas/razões, fundamentação, argumentação, construção da opção;
Para quê - referência a futuros, objetivos, relação com prática ou contexto; Relação entre objeto, causas, objetivos e seminário;
Coerência, sustentabilidade, clarificação de conceitos;
Os relatórios deverão ser enviados para o endereço do seminário, em
seminario2015.aevn@gmail.com
até 22 de maio impreterivelmente, sendo avaliados por ordem de chegada;
Lugares comuns e algumas banalidades;
Por muito incrível que possa parecer um evento como este seminário não se faz de forma
individual e isolada; comporta ajudas, apoios, contributos que o tornam possível; uns
mais diretos e óbvios, outros na sombra da organização, uns por solicitação, outros por
disponibilidade, uns voluntários outros nem por isso;
Dos diferentes contributos é essencial destacar
Aurora Costa;
Nazaré Conceição . Responsável pelo cartaz do seminário;
Paula Barroso . Ligação e articulação com centro de formação;
José Mourato . Responsável pela página web do evento;
Catarina Romão . Apoio aos voluntários
Isilda Preguiça . Apoio informático
Maria José Rodrigues . Apoio aos voluntários;
Os alunos que se voluntariaram para e no apoio à organização;
Ao diretor do agrupamento e à sua equipa;
Aos que apoiaram a iniciativa tornando-a viável:
CÂMARA MUNICIPAL DE VENDAS NOVAS
Panificadora Central de Vendas Novas
Raiz Editora . Luís Santos
Centro de Formação de Professores Beatriz Serpa Branco . Dr.ª Antónia Serra e equipa
A todos os que, como convidados, se disponibilizaram a participar de forma livre, gratuita
e pronta numa iniciativa de um agrupamento de escolas do interior alentejano.
Àqueles que se autodenominam como membros da escola de Lisboa, obrigado.
Agradecimentos
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