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O Período Colonial (1500-1822)
Tópico 1 – O descobrimento do Brasil
Em 22 de abril de 1500, no atual estado da Bahia, aportavam os primeiros
portugueses nas terras que se transformariam no Brasil que hoje conhecemos. Porém, é
necessário entender o Descobrimento do Brasil (A expressão "descobrimento" do Brasil
está carregada de eurocentrismo, pois desconsidera a existência dos índios em nosso
país antes da chegada dos portugueses) como um episódio mais amplo, denominado
Grandes Navegações.
As Grandes Navegações são resultantes de um processo de transformação maior
ocorrido na Europa no final da Idade Média a procura de uma nova rota para as Índias,
objetivando o comércio de especiarias.
Por que um pequeno país como Portugal lançou pioneiramente a expansão, no
começo do século XV, quase cem anos antes de Colombo, enviado pelos espanhóis,
chegar às terras da América?
- Experiência acumulada ao longo dos séculos XIII e XIV no comércio de longa
distância.
- Situação de paz
- Posição geográfica favorável
- A expansão correspondia aos interesses das classes, grupos sociais e instituições
que compunham a sociedade portuguesa.
Para os comerciantes, a expansão era a perspectiva de um bom negócio, para o rei, era a
oportunidade de criar novas fontes de receita, para os nobres e os membros da igreja,
servir ao rei ou servir a Deus, para o povo, lançar-se ao mar significava sobretudo
emigrar, a tentativa de uma vida melhor, fugir de um sistema social opressivo.
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Tópico 2 – Os índios
Na época do descobrimento quando os portugueses chegaram ao litoral
brasileiro, dando início ao processo de ocupação, perceberam que a região era ocupada
pelos povos nativos. A estes nativos os portugueses deram o nome de índios, pois
acreditavam ter chegado às Índias.
Ainda que não se tenha um conhecimento exato quanto ao número de sociedades
indígenas existentes no Brasil à época da chegada dos europeus, existe estimativas sobre
o número de habitantes nativos naquele tempo, algo em torno de 5 milhões de
indivíduos.
O processo de colonização levou à extinção de muitas sociedades indígenas que
viviam no território dominado, seja por meio das guerras, seja em consequência do
contágio por doenças trazidas dos países distantes como a gripe, o sarampo e a varíola,
que vitimaram, muitas vezes, sociedades indígenas inteiras, em razão dos índios não
terem imunidade natural a estes males, ou, ainda, pela imposição aos índios à nova
maneira de viver.
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Tópico 3 – O Período Pré-Colonial: A fase do pau-brasil (1500 a 1530)
Durante a primeira fase, datada de 1500 a 1530 principalmente com a exploração
do pau-brasil, não ocorreu por completo a colonização do território brasileiro, já que os
portugueses que chegaram às nossas terras aqui não se fixaram nos primeiros 30 anos de
descobrimento. Eles tinham outro interesse principal: a exploração de colônias
localizadas nas Índias.
A fim de não deixar o Brasil totalmente abandonado, Portugal iniciou a
exploração de vários produtos naturais da colônia: madeira, especiarias, sementes, ervas
medicinais, alguns animais, etc. Esses produtos eram muitas vezes obtidos dos índios
em troca de alguns presentes: colares, pentes, machados. De todos os produtos naturais,
o que mais significado teve foi o pau-brasil, sua procura se deve ao fato de extraírem
dele uma tinta de cor vermelha, muito usada como corante na indústria de tecidos.
As notícias sobre a grande quantidade de pau-brasil existente no litoral,
passaram a atrair outros países europeus. Em especial a França que, sentindo-se
prejudicada pelos termos do Tratado de Tordesilhas, não reconhecia sua validade. O
governo francês, então, patrocinou grupos de corsários que começaram a percorrer a
"costa do pau-brasil", negociando a extração da madeira diretamente com os índios, por
meio do escambo.
Em consequência da pressão exercida pelas frequentes incursões de franceses e
de outros europeus às suas terras, a Coroa portuguesa organizou expedições, chamadas
"guarda-costas", para expulsar os corsários.
Assim, foi em 1530 que a primeira expedição foi organizada com o intuito de
colonizar o Brasil, comandada pelo rei de Portugal Martin Afonso de Souza. Os
objetivos eram bem específicos: povoar o território, acabar com os “invasores” e
começar a cultivar a cana de açúcar nesse território.
As Capitanias hereditárias foram um sistema de administração territorial criado
pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este sistema consistia em dividir o território
brasileiro em grandes faixas e entregar a administração para particulares
(principalmente nobres com relações com a Coroa Portuguesa).
Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o objetivo de colonizar o Brasil,
evitando assim invasões estrangeiras. Ganharam o nome de Capitanias Hereditárias,
pois eram transmitidas de pai para filho (de forma hereditária).
Estas pessoas que recebiam a concessão de uma capitania eram conhecidas como
donatários. Tinham como missão colonizar, proteger e administrar o território. Por outro
lado, tinham o direito de explorar os recursos naturais (madeira, animais, minérios).
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O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capitanias de São Vicente e
Pernambuco deram certo. Podemos citar como motivos do fracasso: a grande extensão
territorial para administrar (e suas obrigações), falta de recursos econômicos e os
constantes ataques indígenas.
Tópico 4 - A fase do açúcar – século XVI e XVII
Na Europa, o açúcar era um produto caro e de grande aceitação. As primeiras
experiências dos portugueses com o cultivo do açúcar no Brasil foram em solo
nordestino, extremamente adequado para o plantio em grandes escalas. Sendo assim, a
lucratividade seria tanto no povoamento do país como na exploração de suas terras para
o cultivo do açúcar, comercializando-o posteriormente em continente europeu.
Foi então durante essa fase que a mão de obra dos escravos africanos começou a
ser utilizada no Brasil. Eles eram trazidos em navios para o país e utilizados nos grandes
campos de produção de cana de açúcar.
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Tópico 5 - O Governo Geral
Seguindo com o intuito de administrar melhor a colônia, porém, dado o fracasso
das Capitanias Hereditárias, era necessário apostar em um novo modelo de governo.
Sendo assim, foi criado no Brasil o Governo-Geral, que centralizava e controlava cada
uma das partes da colônia.
O primeiro a se tornar governador-geral foi Tomé de Souza, que tinha como
responsabilidade o aumento da produtividade agrícola, assim como a defesa da colônia
(principalmente contra os indígenas), visitar e fiscalizar as capitanias hereditárias,
distribuir sesmarias, regular as alianças com tribos indígenas e a exploração em busca
de prata e de ouro.
Já nesse período haviam também as Câmaras Municipais, órgãos essencialmente
políticos que contavam com a participação de homens considerados bons e ricos, sendo
eles os responsáveis pelos rumos que tomariam cidades e vilas brasileiras. Vale destacar
que nessa época a população não tinha qualquer decisão sobre a vida pública.
Durante a fase do Governo Geral a capital do Brasil era Salvador, já que a região
Nordeste do país era a mais rica e de maior desenvolvimento.
Tópico 6 - A economia do Brasil colônia
A base para a economia da colônia brasileira era na produção do açúcar. Tanto
para realizar a venda para o continente europeu, como também no cultivo, os escravos
negros e africanos eram quem trabalhavam. A produção centrada no açúcar começou a
abrir portas também para a produção de algodão e tabaco.
Quando a região Sudeste começou a se desenvolver e sobressair perante a
Nordeste, a capital do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro.
Durante essa fase foi estabelecido também um Pacto Colonial pelos
portugueses, que dizia que o Brasil não poderia fazer nenhum tipo de comércio, só com
a própria metrópole.
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Tópico 7 - A sociedade Colonial
A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social.
No topo da sociedade, com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de
engenho. Abaixo, aparecia uma camada média formada por trabalhadores livres e
funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os escravos de origem africana.
Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder
social. As mulheres tinham poucos poderes e nenhuma participação política, deviam
apenas cuidar do lar e dos filhos.
A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam,
além da família, alguns agregados. O conforto da casa-grande contrastava com a miséria
e péssimas condições de higiene das senzalas (habitações dos escravos).
Tópico 8 - Invasão holandesa no Brasil
Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação
de holandeses. Interessados no comércio de açúcar, os holandeses implantaram um
governo em nosso território. Sob o comando de Maurício de Nassau, permaneceram lá
até serem expulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversos trabalhos em Recife,
modernizando a cidade.
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Tópico 9 - Expansão territorial: os bandeirantes
Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do território brasileiro
além do Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes penetram no território brasileiro,
procurando índios para aprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes
que encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso.
Tópico 10 - O Ciclo do Ouro: século XVIII
Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de
organizar sua extração. Interessado nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de
açúcar passava por uma fase de declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada
mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% de
todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição.
A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões auríferas
(Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou uma verdadeira "corrida do ouro" para
estas regiões. Procurando trabalho na região, desempregados de várias regiões do país
partiram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.
O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância neste período, pois
eram eles os responsáveis pelo abastecimento de animais de carga, alimentos (carne
seca, principalmente) e outros mantimentos que não eram produzidos nas regiões
mineradoras.
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Tópico 11 – Principais revoltas coloniais e conflitos
Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram várias revoltas e conflitos
neste período:
- Guerra dos Emboabas: os bandeirantes queriam exclusividade na exploração do ouro
nas minas que encontraram. Entraram em choque com os paulistas que estavam
explorando o ouro das minas.
- Revolta de Filipe dos Santos: ocorrida em Vila Rica, representou a insatisfação dos
donos de minas de ouro com a cobrança do quinto e das Casas de Fundição. O líder
Filipe dos Santos foi preso e condenado a morte pela coroa portuguesa.
- Guerra dos Mascates - ocorrida entre 1710 e 1711 na capitania de Pernambuco, foi
uma rebelião nativista pela disputa de poder político entre as cidades de Olinda e
Recife. O conflito ocorreu, principalmente, entre a aristocracia açucareira de Olinda e os
mascates (comerciantes portugueses) de Recife.
- Inconfidência Mineira (1789): liderada por Tiradentes, os inconfidentes mineiros
queriam a libertação do Brasil de Portugal. O movimento foi descoberto pelo rei de
Portugal e os líderes condenados.
- Revolta de Beckman: A Revolta de Beckman foi uma rebelião nativista ocorrida na
cidade de São Luís (estado do Maranhão) em 1684.Por causa da grande insatisfação dos
comerciantes, proprietários rurais e população em geral com a Companhia de Comércio
do Maranhão, instituída pela coroa portuguesa em 1682. Os comerciantes reclamavam
do monopólio da Companhia. Os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais
a Companhia pagava por seus produtos. Já grande parte da população maranhense
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estava insatisfeita com a baixa qualidade e altos preços cobrados pelos produtos
manufaturados comercializados pela Companhia na região.
Tópico 12 – Exercícios de Fixação
1- (Ufpel 2008) "No decorrer do período colonial no Brasil os interesses entre
metropolitanos e colonos foram se ampliando. O descontentamento se agravou quando,
a 1º de abril de 1680, a Coroa estabeleceu a liberdade incondicional dos indígenas,
proibindo taxativamente que fossem escravizados. Além disso, confiou-os aos jesuítas,
que passaram a ter a jurisdição espiritual e temporal das aldeias indígenas. Visando
solucionar o problema da mão-de-obra para as atividades agrícolas do Maranhão, o
governo criou a Companhia do Comércio do Estado do Maranhão (1682). Durante vinte
anos, a Companhia teria o monopólio do comércio importador e exportador do Estado
do Maranhão e do Grão-Pará. Cabia-lhe fornecer dez mil escravos africanos negros, à
razão de quinhentos por ano, durante o período da concessão outorgada."
(AQUINO, Rubim Santos Leão de [et al.]. "Sociedade Brasileira: uma história através
dos movimentos sociais". 3 ed., Rio de Janeiro: Record, 2000.) Pelos elementos
mercantilistas, geográficos e cronológicos, o conflito inferido do texto foi a Revolta:
a) dos Emboabas
b) dos Mascates
c) de Amador Bueno
d) de Filipe dos Santos
e) de Beckman
2- (Fuvest-SP) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo
colonizador. O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o
indígena e sua cultura. A acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do
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século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se agrava nos séculos
seguintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo foram:
a) a captura e a venda do índio para o trabalho nas minas de prata do Potosí.
b) as guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre índios e brancos.
c) o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e
vingativo dos naturais.
d) as missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na
extração da borracha.
e) as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos índios.
3- (UFMG) Todas as alternativas apresentam fatores que explicam a primazia dos
portugueses no cenário dos grandes descobrimentos, exceto
a) a atuação empreendedora da burguesia lusa no desenvolvimento da indústria náutica.
b) a localização geográfica de Portugal, distante do Mediterrâneo oriental e sem
ligações comerciais com o restante do continente.
c) a presença da fé e o espírito da cavalaria e das cruzadas que atribuíam aos
portugueses a missão de cristianizar os povos chamados "infiéis".
d) o aparecimento pioneiro da monarquia absolutista em Portugal responsável pela
formação do Estado moderno.
4- (FESO-RJ) "O governo-geral foi instituído por D. João III, em 1548, para coordenar
as práticas colonizadoras do Brasil. Consistiriam estas últimas em dar às capitanias
hereditárias uma assistência mais eficiente e promover a valorização econômica e o
povoamento das áreas não ocupadas pelos donatários."
(Manoel Maurício de Albuquerque. Pequena história da formação social brasileira. Rio
de Janeiro: Graal, 1984. p. 180.)
As afirmativas abaixo identificam corretamente algumas das atribuições do governador-
geral, à exceção de:
a) Estimular e realizar expedições desbravadoras de regiões interiores, visando, entre
outros aspectos, à descoberta de metais preciosos.
b) Visitar e fiscalizar as capitanias hereditárias e reais, especialmente aquelas que
vivenciavam problemas quanto ao povoamento e à exploração das terras.
c) Distribuir sesmarias, particularmente para os beneficiários que comprovassem rendas
e meios de valorizar economicamente as terras recebidas.
d) Regular as alianças com tribos indígenas, controlando e limitando a ação das ordens
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religiosas, em especial da Companhia de Jesus.
e) Organizar a defesa da costa e promover o desenvolvimento da construção naval e do
comércio de cabotagem.
5- (Unicamp-SP) O escravo no Brasil é geralmente representado como dócil, dominado
pela força e submisso ao senhor. Porém, muitos historiadores mostram a importância da
resistência dos escravos aos senhores e o medo que os senhores sentiram diante dos
quilombos, insurreições, revoltas, atentados e fugas de escravos.
a) Descreva o que eram os quilombos.
b) Por que a metrópole portuguesa e os senhores combateram os quilombos, as revoltas,
os atentados e as fugas de escravos no período colonial brasileiro?
6- (Fuvest-SP) Podemos afirmar sobre o período da mineração no Brasil que
a) atraídos pelo ouro, vieram para o Brasil aventureiros de toda espécie, que
inviabilizaram a mineração.
b) a exploração das minas de ouro só trouxe benefícios para Portugal.
c) a mineração deu origem a uma classe média urbana que teve papel decisivo na
independência do Brasil.
d) o ouro beneficiou apenas a Inglaterra, que financiou sua exploração.
e) a mineração contribuiu para interligar as várias regiões do Brasil e foi fator de
diferenciação da sociedade.
7- (UNAERP-SP) Em 1534, o governo português concluiu que a única forma de
ocupação do Brasil seria através da colonização. Era necessário colonizar,
simultaneamente, todo o extenso território brasileiro.
Essa colonização dirigida pelo governo português se deu através da:
a) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado do Brasil.
b) criação do sistema de governo-geral e câmaras municipais.
c) criação das capitanias hereditárias.
d) montagem do sistema colonial.
e) criação e distribuição das sesmarias.
8- (Unesp 2008) "Há uma encruzilhada de três estradas sob a minha cruz de estrelas
azuis: três caminhos se cruzam - um branco, um verde e um preto - três hastes da
grande cruz/ E o branco que veio do norte, e o verde que veio da terra, e o preto que
veio do leste derivam, num novo caminho, completam a cruz/unidos num só, fundidos
num vértice."
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(Guilherme de Almeida, "Raça")
Nessa visão poética da história do povo brasileiro, o autor:
refere-se ao domínio europeu e à condição subalterna dos africanos na formação da
nacionalidade.
trata dos seus três grupos étnicos, presentes desde a colonização, mesclados numa
síntese nacional.
critica o papel desempenhado pelos jesuítas sobre portugueses, índios e negros na
época colonial.
expressa ideias e formas estéticas do movimento romântico do século XIX, que
enaltecia a cultura negra.
elogia o movimento nacionalista que resultou na implantação de regimes políticos
autoritários no Brasil.
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