O PROJETO ALTERNATIVO DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E SOLIDÁRIO EM CONSTRUÇÃO E...

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O PROJETO ALTERNATIVO DE

DESENVOLVIMENTO RURAL

SUSTENTÁVEL E SOLIDÁRIO EM

CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO PELO

MSTTR

Exposição Realizada na ENFOC

Junho de 2010

O Modelo dominante de

desenvolvimento rural implantado no

País é a do crescimento agropecuário

pautado na “modernização

conservadora” da agricultura, no lucro

e sem promover a democratização da

estrutura fundiária.

A estruturação do modelo dominante

responde aos interesses de classe

da elite agrária e historicamente

teve apoio integral do Estado.

A concentração fundiária e a

desigualdade são as características

históricas e de destaque do meio rural

brasileiro.

(De acordo com dados do PNUD e da FAO, o Brasil é o

segundo país do mundo em concentração de renda e riqueza

e o sétimo em concentração fundiária)

Os processos históricos de formação da

estrutura fundiária e das relações

políticas e de trabalho no campo,

sempre foram permeados por lutas dos

trabalhadores e trabalhadoras por

direitos à terra, trabalho e vida.

A CONTAG nasceu do acúmulo destas

lutas

O MSTTR sempre questionou os

projetos de desenvolvimento rural

implantados no país, lutando em

defesa dos interesses e direitos dos

trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Mesmo durante a ditadura militar, manteve a

luta pela reforma agrária, pelos direitos dos

assalariados rurais e por uma política

diferenciada para agricultura familiar

Denunciando a realidade de

desrespeito aos direitos humanos e

cobrando políticas que

respondemssem às demandas do

povo do campo, o movimento sindical

foi se estruturando e sendo

reconhecido em todos o país.

Apesar dos avanços, a dinâmica das lutas,

a evolução das demandas e a conjuntura

política e social produziram reflexões e

ações que exigiram do MSTTR avançar na

sua prática e elaborações políticas.

O debate indicava que, além além de reivindicar, o

MSTTR deveria propor e que esta proposta deveria se

pautar numa nova forma de desenvolvimento para o

campo brasileiro

Surgem as primeiras ideias e debates

sobre a construção de um Projeto

Alternativo de

Desenvolvimento Rural

Esta reflexão do MSTTR, se alia a

outros debates que vinham ocorrendo

na sociedade e apontavam a

necessidade de construção de um

novo projeto de sociedade,

democrático, popular, justo e

igualitário para o Brasil

Estas propostas decorrem do avanço

democrático, que passou a exigir uma

reorientação da prática política das

organizações populares e trouxe para a

cena pública, diversos e diferentes

sujeitos políticos: Movimento Sindical,

Movimento Popular, Movimento

Feminista, Movimento Indígena, Igrejas,

partidos políticos, etc.

Dentro da estrutura e organização

sindical, emergiram novos sujeitos

políticos, com destaque para a

organização das mulheres

trabalhadoras rurais que optaram

por articular a luta feminista com a

luta sindical.

O advento do neoliberalismo

acrescentou elementos aos debates e

somou conteúdos ao processo de

construção de um novo projeto político

de sociedade.

Neste contexto, em 1991, a CONTAG realiza o

5º CNTR, que indicou a necessidade de

construir um Projeto Alternativo de

Desenvolvimento.

O 5º CNTR também indicou que a Contag

deveria se filiar a uma central sindical e

apontou a CUT como a organização que

mais se aproximava dos interesses do

MSTTR.

Neste momento, a CUT era uma das articuladoras

das organizações que propunham a construção

de um Projeto Alternativo de Desenvolvimento

para o Brasil.

A realização da ECO–92 ampliou a

divulgação e reflexões sobre o meio

ambiente e retirou conclusões que

apontava novos desafios para os

processos de desenvolvimento das

nações, incorporando definitivamente o

tema ambiental a este debate.

Em 1995, o 6º CNTTR aprovou a

proposta que o MSTTR deveria construir

um Projeto Alternativo de

Desenvolvimento Rural Sustentável.

O destaque do PADRS no 6º CNTR foi dado pela

Comissão de Política Agrícola

A partir das definições do 6º CNTTR, a

Contag organizou vários eventos e

promoveu seminários regionais para

aprofundar as discussões, construir

diagnósticos e propostas regionais para

subsidiar os debates sobre o PADRS

Estes seminários apoiaram a construção do

Projeto CUT/CONTAG de Pesquisa e

Formação Sindical, que mobilizou mais de 5

mil trabalhadores e trabalhadoras rurais.

O resultado pesquisa foi incorporado às elaborações

de outros eventos e dos seminários regionais do

MSTTR para a formulação das proposições iniciais

sobre o PADRSS.

O 7º CNTTR aprovou o PADRS, com um

capítulo específico intitulado: RUMO AO

DESENVOLVIMENTO RURAL

SUSTENTÁVEL, através de uma ampla e

massiva reforma agrária e da valorização

e fortalecimento da agricultura familiar.

Desde então, o PADRS vem sendo debatido,

atualizado e implementado cotidianamente.

O QUE É O PADRSS?

É um processo de construção coletiva,

vivo, dinâmico, não acabado e que se

realiza cotidianamente a partir do olhar

de uma organização sobre o

desenvolvimento rural.

É uma proposta de desenvolvimento para o

campo, que valoriza os sujeitos e concebe o

espaço rural como um lugar de bem viver

O PADRS questiona a noção de

desenvolvimento que considera

apenas o crescimento econômico,

avaliando que crescimento e

desigualdade social sempre andam

lado a lado.

O PADRSS se contrapõe ao modelo

agrário e agrícola pautado na

concentração de terra e renda e na

produção de monoculturas para

exportação, que concentra de terra e

renda, degrada os recursos naturais,

gera desigualdade, exploração e

violência, destrói oportunidades de

trabalho, atenta contra as identidades

e a diversidade cultural e provoca a

evasão da população do campo

O QUE É SUSTENTÁVEL NO PADRSS?

significa um desenvolvimento capaz de

se manter e de se reproduzir em longo

prazo, com a articulação dinâmica

entre crescimento econômico, respeito

à biodiversidade, ao patrimônio

genético, ao meio ambiente, às

tradições, relações, culturas e saberes,

organização e participação política dos

povos do campo, da floresta e das

águas.

É SUSTENTÁVEL DO PONTO DE

VISTA AMBIENTAL, SOCIAL

ECONÔMICO E POLÍTICO

O PADRSS afirma a construção de um

campo ambientalmente produtivo,

culturalmente dinâmico, socialmente

justo, potencialmente viável e sustentável

O QUE É SOLIDÁRIO NO PADRSS ?

Trata do modos de interagir e de se relacionar na

família, na comunidade e nos diversos espaços da

vida social.

Refere-se a novas práticas baseadas no respeito às

individualidades e diferenças, capazes de fortalecer

a cooperação entre pessoas, grupos e povos, para

construir alternativas de produção, consumo,

comércio e formas de bem viver.

A solidariedade se constrói com

alternativas de convivência e

organização nos diversos espaços da

vida cotidiana, do trabalho e da

produção, da cultura e do lazer e implica

no combate às desigualdades, em

especial as desigualdades de gênero, de

geração, de raça e de etnia.

QUAIS AS BASES PARA A CONSTRUÇÃO DO PADRSS:

•Realização da ampla e massiva Reforma

Agrária;

• Expansão, Valorização e Fortalecimento da

Agricultura Familiar;

• Centralidade nas pessoas e no respeito

às diversidades e audeterminação dos

povos e comunidades.

BASES PARA A CONSTRUÇÃO DO PADRSS:

• Igualdade entre mulheres e homens de todas as idades, raças, etnias e credos

• Geração de trabalho, emprego e ocupações produtivas dignas

• Políticas de proteção social e políticas sociais

• Políticas ambientais

• Sustentabilidade econômica, ambiental, social e política

COMO O PADRSS TRATA DA CENTRALIDADE DAS PESSOAS NO

DESENVOLVIMENTO?

O PADRSS luta pela qualidade de vida e para

transformar o campo em um lugar de bem viver.

Reconhece e valoriza as pessoas com

suas diversidades e identidades,

assegurando a igualdade, a democracia

e a realização das potencialidades.

O PADRSS reconhece que o

desenvolvimento rural sustentável e

solidário se fortalece quando é

construído e implementado por pessoas

que fazem do meio rural seu lugar de

vida, trabalho, cultura e de relações

sociais.

São sujeitos políticos do campo e da floresta que

mobilizam, articulam e dinamizam a ação sindical

para transformar as relações sociais e construir

condições dignas de vida

O PADRSS defende que as relações e

modos de produzir envolvam e valorizem

todos os membros da família, rompendo

com a figura do “chefe de família”

A construção do PADRSS demanda, além da

superação dos problemas decorrentes das

relações de classe, a superação de

contradições, conflitos e desigualdades que

envolvem as questões de gênero e geração.

PORQUE A REFORMA AGRÁRIA E

AGRICULTURA FAMILIAR SÃO

AS BASES DO PADRSS?

A REFORMA AGRÁRIA

É o elemento fundamental para romper

com o desenvolvimento excludente,

concentrador de terra e renda,

reprodutor do poder oligárquico e

destruidor do meio ambiente,

representado pelo agronegócio e pelo

latifúndio.

É uma medida estratégica para a

ampliação e o fortalecimento da

Agricultura Familiar

AGRICULTURA FAMILIAR

Fomenta a interiorização do

desenvolvimento, possibilitando a

inclusão social, produtiva e política e a

qualidade de vida das populações

locais.

Incorpora valor social, econômico, cultural

e ambiental à propriedade.

A AGRICULTURA FAMILIAR

Garante segurança e soberania

alimentar, abastece o mercado interno,

tem viabilidade econômica para ser

competitiva, amplia as oportunidades

de geração de renda e de ocupações

produtivas, se estabelece

principalmente por meio de formas

cooperativas e associativas,

potencializa a agroecologia e a

convivência equilibrada com o meio

ambiente

O desenvolvimento sustentável demanda

educação, saúde, garantias

previdenciárias, políticas sociais

universais, salários dignos, erradicação

do trabalho infantil e escravo, respeito à

autodeterminação dos povos indígenas e

preservação do meio ambiente, o fim da

discriminações e pela transversalidade

de gênero, geração e raça nas políticas e

ações desenvolvidas no campo.

PADRSS

Ampliação e fortaleciment

o da agricultura

familiar;

Políticas de proteção

social

Assistência a

saúde integral

reforma agrária ampla,

massiva e participativ

a,

Educação do

campo

Meio ambien

te

igualdade de gênero, geração,

raça e etnia.

trabalho decente,

emprego de qualidade e

remuneração justa

Garantia de direitos e Qualidade de vida no campo

valorização do Espaço rural e dos modos de vida e produção

Crédito, assessoria técnica

e tecnologi

as

Formação e

organização

sindical

COMO IMPLEMENTAR O PADRSS? (Internamente)

•Democratizando e fortalecendo as organizações

•Reconhecendo e valorizando os espaços coletivos

•Construindo uma agenda política e planos de luta do MSTTR que dialoguem com as demandas da base

•Ampliando as alianças e pautando a ação na mobilização e no compromisso com a base

COMO IMPLEMENTAR O PADRSS? (Externamente)

•Propondo e negociando políticas que garantam

direitos, vida digna e valorizem o campo na sua

diversidade, organizativa e produtiva

•Considerando as demandas e necessidades específicas

dos diferentes sujeitos que compõe a categoria

trabalhadora rural.

•Ampliando as alianças e pautando a ação na

mobilização e no compromisso com a base

ESPAÇOS DE IMPLEMENTAÇÃO DO PADRSS:

Congressos, Plenárias, Gritos da Terra

Brasil, Marchas das Margaridas, Festivais

da Juventude, ocupações de terras e de

prédios públicos, campanhas salariais e

dentre outras ações de massa e ações do

MSTTR.

Incorporam novas temáticas, ampliam a concepção e

fortalecem a prática do PADRSS em suas várias

dimensões

O PADRSS se constrói e se estrutura

internamente no MSTTR pela ação

política, pelos processos de

mobilização, formação e negociação

desencadeado pelas frentes de luta e

pelas várias ações que dinamizam e

atualizem permanentemente o projeto

político.

O PADRSS se consolida pela implementação

de políticas públicas que avancem na

implementação do desenvolvimento

sustentável e solidário.

São políticas que decorrem da disputa

política, da correlação de forças e da pressão

sobre o Estado.

*****

O PADRSS CONTINUA

SENDO UM PROJETO

ALTERNATIVO?

QUAIS OS DESAFIOS PARA

FORTALECER A NOSSA

ORGANIZAÇÃO SINDICAL,

MELHORAR A NOSSA PRÁTICA

E GARANTIR A IMPLANTAÇÃO

INTEGRAL DO PADRSS ?