O Retorno do Bardo ao Brasil

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Turnê de Bobo Dylan pelo Brasil, março de 2008 Matéria de Capa do Caderno 2, do Jornal A Tarde.

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S A LVA D O R ,Q U A RTA - F E I R A ,5/3/2008

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EDITORASymona Gropper Caderno 2

cader no2@grupoatarde.com.br

LIVRO ❙ O jovem cronista baiano Ricardo Cury lança, amanhã,seu primeiro livro, Para colorir. Oriundo da cena rock local, Curyconta em textos leves e sintéticos as dores e delícias de ser músicoindependente na Bahia, além de experiências de viagem | 3 |

OSBA DÁ INÍCIO HOJEÀ TEMPORADA DECONCERTOS DE 2008

SHOW ❙ O músico carioca Pedro Moraes abre temporada de showstodas as quintas-feiras, no Teatro Gamboa Nova, para lançar o primeiroCD solo, Claroescuro. Avesso a rótulos, Moraes persegue na sua arte aevolução da música brasileira, com ênfase na canção | 2 |

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Dylan em apresentação na Cidade do México, no início da parte latino-americana da turnê. Um dos pontos altos do show é o clássico Like a Rolling Stone. que faz a platéia vibrar. No palco, ele toca guitarra, gaita e teclado

FOTOS FERNANDO ACEVES | EFE

MARINA NOVELLI E RODRIGOSOMBRAm n o v e l l i @ g r u p o a t a rd e . c o m . b r

ro d r i g o s o m b r a x @ g m a i l . c o m

São Paulo e Rio de Janeiro rece-bem o talvez mais representati-vo cantor americano da segun-da metade do século XX, hoje,amanhã e sábado. Bob Dylandesembarca no País pela quartavez para mais uma apresenta-ção da sua Never Ending Tour.

O show traz canções de seusúltimos discos, Time Out ofMi n d (1997), Love and Theft(2001) e Modern Times, álbumlançado em 2006 que chegou aotopo da Bi l l b o a rd .

Estão incluídas ainda no re-pertório canções sessentistascomo Like a Rolling Stone ,Blowin’ in the Wind e All Alongthe Watchtower, todas executa-das em sua última apresenta-ção, em Guadalajara, México,no último dia 3.

SURGE UM TROVADOR – Noinverno rigoroso do ano de1961, Bob Dylan podia sentir aAmérica mudando. “Nova Ior-que era o melhor lugar para seestar. Minha consciência estavacomeçando a mudar também, amudar e a se expandir. Uma coi-sa era certa: se eu quisesse com-por canções de folk, precisariade algum tipo de modelo novo,alguma identidade filosóficaque não se desgastasse. Ela teriaque vir de fora e por si mesma.Sem que eu soubesse exata-mente, isso estava começando aacontecer”, escreve Dylan emsuas Crônicas (lançadas no Bra-sil pela Planeta, em 2005).

No ano seguinte, gravariaThe Freewheellin´ Bob Dylan,com canções rabiscadas em pa-pel amarrotado no bolso de suajaqueta: Blowin´in the Wind ,Don´t Think Twice, It´s All Right,Masters of War, e entraria para ahistória da música popular. Eleachara o modelo de suas can-ções folk e com isso inventara asi mesmo.

Figura central do renasci-mento da música folclóricaamericana, Dylan despontavacomo herdeiro de Woody Gu-therie, lendário compositor folkque homenageou em sua pri-meira música, Song to Woody,quando tinha 20 anos.

Com composições inspira-das no fraseado verborrágico dapoesia beat, baladas de amor eversos poderosos que encapsu-lavam as inquietações dos pares

de sua geração, ele atingiu emcheio corações e mentes.

FOLK ELETRIFICADO– Três ál-buns depois, a primeira e maispolêmica reinvenção de sua fi-gura veio através da guitarra elé-trica. Em Highway 61 Revisi-ted(1965), Dylan escandalizou acomunidade folk ao amplificara acústica tradicional e adicio-nar peso e ironias àquelas can-ções de origem proletária com-prometidas em narrar os desca-minhos da vida do homem ru-ral, canções engajadas. Sua mú-sica mais popular, Like a RollingSt o n e, foi gravada nesse disco.

A provocação de Bob Dylanaos dogmas do cancioneiro folklhe renderiam a acusação de Ju-das e volumosas vaias durantesuas turnês entre os anos de1965 e 1967. Mais do que isso,ocasionaria episódios de céle-bre disparate, como quando Pe-ter Seeger, um dos organizado-res do festival de Newport,ameaçou – num arroubo puris-ta – investir contra os cabos queligavam as guitarras de Dylancom machado em punho.

Eletrificado, Dylan gravariaclássicos como Blonde on Blon-de e Blood on the Tracks (este úl-timo tido pela crítica como seumelhor disco) e daria de ombrospara o ze i t g e i s t dos anos 60, comsuas marchas, protestos e des-bunde da geração h i p p i e, refu-giando-se com a família emuma fazenda, por anos.

Nesse hiato, Dylan ainda en-contraria tempo para escrever olivro de poemas Ta r â n t u l a , con-vidar o dramaturgo e roteiristaSam Shepard para rodar o longa

Renaldo e Clara e con-verter-se ao cristianis-mo. Em seu controverso

período como cristão re-nascido, o cantor e compositornão só desagradou sua família –de origens judaicas – como en-frentou um declínio criativo, emdiscos repletos de canções funda-mentalistas e clichês religiosos.

No final dos anos 80, maisprecisamente em 89, Dylan da-ria outra guinada em sua carrei-ra. Abandonando parcialmentesua verve religiosa, lançaria OhMe rc y, disco que deu origem àchamada Never Ending Tour.

BOB DYLAN EM THE NEVER ENDINGTOUR | Hoje e amanhã, 22h, ViaFunchal, São Paulo | Dia 8, 22h, RioArena, Rio de Janeiro |www.viafunchal.com.br ew w w. r i o a r e n a . c o m . b r

❛“A cena da músicafolk havia sido umparaíso do qual eutinha que sair.Dentro de poucoanos, sedesencadearia umatempestade debosta. As coisascomeçariam a serqueimadas. Sutiãs,certificados dealistamento,bandeirasamericanas”

Bob Dylan, em seu livroCrônicas ❚

NA ESTRADA ❚ Bob Dylanchega ao País com sua‘Turnê Sem Fim’. Sãodois shows em São Pauloe um no Rio de Janeiro O retorno do

bardo ao Brasil

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