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i
Campus de Presidente Prudente
CLÁUDIA MARQUES ROMA
O RURAL, O URBANO E O AGRÍCOLA NO
MOVIMENTO ESPIRAL DO ESPAÇO:
UM HÍBRIDO
Presidente Prudente 2012
ii
Campus de Presidente Prudente
CLÁUDIA MARQUES ROMA
O RURAL, O URBANO E O AGRÍCOLA NO
MOVIMENTO ESPIRAL DO ESPAÇO:
UM HÍBRIDO
Orientador: Prof. Dr. Raul Borges Guimarães
Tese de Doutorado elaborada
junto ao Programa de Pós-
graduação em Geografia, Área de
concentração Produção do Espaço
Geográfico, para obtenção do
Título de Doutor em Geografia.
Presidente Prudente 2012
Faculdade de Ciências e Tecnologia - Seção de Pós-Graduação
Rua Roberto Simonsen, 305 CEP 19060-900 Presidente Prudente SP Tel 18 3229-5352 fax 18 3223-4519 posgrad@prudente.unesp.br
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Roma, Cláudia Marques
R661r O rural, o urbano e o agrícola no movimento espiral do espaço : um híbrido / Cláudia Marques Roma. - Presidente Prudente : [s.n], 2012
296 f. : il. Orientador: Raul Borges Guimarães Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências e Tecnologia Inclui bibliografia 1. Cidades locais híbridas. 2. Circuito de pobreza urbana. 3. Segregação
socioespacial interurbana. 4. Cidade da exclusão social. 5. Atividade agroindustrial canavieira. 6. Nova Alta Paulista I. Guimarães, Raul Borges. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. O rural, o urbano e o agrícola no movimento espiral do espaço : um híbrido.
q
iv
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO....................................................................... 10
RESUMO................................................................................... 13
ABSTRACT................................................................................ 14
INTRODUÇÃO........................................................................... 15
CAPÍTULO 1. TRANFORMAÇÕES DOS CONTEÚDOS DAS CIDADES LOCAIS .....................................................................
25
1.1. Produção do espaço e rede de cidades............................... 27
1.2. Discutindo a conceituação das cidades .............................. 33
CAPÍTULO 2. RELAÇÕES ENTRE AGENTES SOCIAIS/SUJEITOS
E VISIBILIDADE DOS PROCESSOS ...........................................
57
2.1. Pobreza enquanto problema social..................................... 58
2.1.1. Pobreza e circuito inferior da economia urbana nas cidades locais híbridas......................................................
61
2.2 A pobreza política das cidades locais híbridas....................... 71
CAPÍTULO 3. CIDADES LOCAIS HÍBRIDAS E A SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL INTERURBANA...............................................
81
3.1. Apontamentos sobre os meios de consumo coletivo e a segregação socioespacial .......................................................
83
3.2. Segregação socioespacial interurbana................................ 90
3.2.1. Dependência das relações interurbanas para suprir suas necessidades de acesso aos meios de consumo coletivo e individuais ..................................................................
95 3.2.1.1 Prevalência do circuito inferior da economia
urbana....................................................................
.
95
3.2.1.2. Índices de deslocamentos para acesso aos meios de consumo coletivo e individuais.......................
106
3.2.2. Elementos que levam ao questionamento da existência ou não do caráter urbano da cidade....................
127
3.2.2.1. indicadores de condições de vida..................... 134
CAPÍTULO 4. OS IMPACTOS DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA NAS CIDADES LOCAIS HÍBRIDAS .......................
156
4.1. A estrutura fundiária e a utilização das terras..................... 157
4.2. Alguns apontamentos sobre a desapropriação dos camponeses e as formas regressivas de trabalho.......................
170
4.3. O agronegócio globalizado e as cidades híbridas................. 173 4.4. As cidades locais híbridas e os “estabelecidos” e
“outsiders”...........................................................................
184
v
. CAPÍTULO 5. AS RELAÇÕES QUE ENVOLVEM A TRÍADE
RURAL/URBANO/AGRÍCOLA....................................................
200
5.1. A tríade: suas relações, contradições e movimento.............
201
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................ 216
APÊNDICE 1: NOVA ALTA PAULISTA: RECORTE EMPÍRICO................................................................................
.
223
1. Região: um recorte administrativo ou uma construção política
– cultural..............................................................................
224 2. Para se compreender os processos socioespaciais................... 230
3. Dinâmica populacional........................................................ 233 4. Vias de acesso................................................................... 238 5 Unidades Prisionais............................................................. 242
APÊNDICE 2: DESCRIÇÃO METODOLÓGICA............................
251
1. Coleta dos dados............................................................... 252 2. Levantamento dos dados para mapeamento.......................... 254
3. Definição das classes.......................................................... 258 4. Elaboração dos mapas........................................................ 261
5. Escolha das cidades a serem analisadas................................ 264 6. Seleção da amostra........................................................... 266
BIBLIOGRAFIA..........................................................................
268
ANEXOS (disponível em CD Rom) ............................................... 298
vi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis,
Pracinha e São João do Pau D'Alho 2010 – Meios de consumo coletivo e bens de consumo privado....................................................................
42
Quadro 2 Características dos dois circuitos da economia urbana.... 106 Quadro 3 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 122
Quadro 4 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 123 Quadro 5 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade.................... 123 Quadro 6 Flora Rica 2010 – Concepção de cidade dos
entrevistados............................................................
129 Quadro 7 Mariápolis 2010 – Concepção de cidade dos
entrevistados............................................................
129 Quadro 8 Pracinha 2010 – Concepção de cidade dos
entrevistados............................................................
130
Quadro 9 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau
D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio: agricultura camponesa...............................................................
169
Quadro 10 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte
Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio: emprego e
renda.......................................................................
211 Quadro 11 Cidades, rede urbana 2008......................................... 265 Quadro 12 Amostra de questionários 2010................................... 267
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Mariápolis 2010 – A cidade e os meios de consumo
coletivo e individual: principais locais de consumo.........
43
Tabela 2 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual principais locais de consumo..........
44
Tabela 3 Mariápolis 2010 – O entrevistado e as relações com
Presidente Prudente, Marília e São Paulo......................
46 Tabela 4 Arco-Íris2010 – O entrevistado e as relações com
Presidente Prudente, Marília e São Paulo......................
47 Tabela 5 Flora Rica 2010 – A cidade e os meios de consumo
coletivo e individual: principais locais de consumo.........
107
Tabela 6 Mariápolis 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual: principais locais de consumo.........
109
Tabela 7 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual: principais locais de consumo.........
110
Tabela 8 Flora Rica 2010 – Relação interurbana com Dracena...... 120
Tabela 9 Mariápolis 2010 – Relação interurbana com Adamantina..............................................................
120
Tabela 10 Pracinha 2010 – Relação interurbana com Lucélia.......... 120 Tabela 11 Flora Rica 2010 – Definição de cidade e sua aplicação.... 131 Tabela 12 Mariápolis 2010 – Definição de cidade e sua aplicação.... 132
Tabela 13 Pracinha 2010 – Definição de cidade e sua aplicação...... 132 Tabela 14 Nova Alta Paulista 2002, 2006 e 2008 – Estrutura
vii
fundiária: Produção em toneladas das lavouras permanentes ou temporárias......................................
167
Tabela 15 Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz, S. J. P. D’Alho 2010 – A cidade e o campo.........................................
206
Tabela 16 Nova Alta Paulista 1991, 2000 e 2010 – População Total, Rural e Urbana.................................................
237
Tabela 17 Nova Alta Paulista 2000 – Setores censitários e indicadores, 2000......................................................
255
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Pracinha 2010 – Renda familiar dos entrevistados.......... 64
Gráfico 2 Flora Rica 2010 – Renda familiar dos entrevistados........ 65 Gráfico 3 Mariápolis 2010 – Renda familiar dos entrevistados....... 65 Gráfico 4 São João do Pau D’Alho 2010 – Renda familiar dos
entrevistados............................................................
66 Gráfico 5 Nova Alta Paulista 1995 e 2006 – Estrutura Fundiária:
número de estabelecimentos agropecuários................
164 Gráfico 6 Nova Alta Paulista 1995 e 2006 – Estrutura Fundiária:
área de estabelecimentos agropecuários.......................
165 Gráfico 7 Nova Alta Paulista 1995 e 2006 – Estrutura Fundiária:
utilização das terras..................................................
166
Gráfico 8 Nova Alta Paulista 2002, 2006 e 2008 – Estrutura Fundiária: área plantada com lavoura permanente ou
temporária...............................................................
167
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 Nova Alta Paulista 2010 – Política-cultural...................... 16 Mapa 2 Nova Alta Paulista 2010 – População.............................. 17
Mapa 3 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo domicílio alfabetizado..................................................
137
Mapa 4 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio
alfabetizado................................................................
138 Mapa 5 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio
alfabetizado................................................................
139 Mapa 6 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo
domicílio sem rendimento mensal..................................
140
Mapa 7 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio sem rendimento mensal...............................................
141
Mapa 8 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio sem rendimento mensal......................................................
142
Mapa 9 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo
domicílio com rendimento mensal de até meio salário mínimo......................................................................
143
Mapa 10 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal de até meio salário mínimo......................................................................
144
Mapa 11 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal de até meio salário mínimo...............
145
Mapa 12 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo
viii
domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários mínimos.........................................................
146
Mapa 13 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários mínimos.....................................................................
147
Mapa 14 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários
mínimos.....................................................................
148 Mapa 15 Adamantina – Mariápolis 2010 – responsável pelo
domicílio com rendimento mensal de mais de 15 salários
mínimos.....................................................................
149 Mapa 16 Dracena – Flora Rica 2010 – responsável pelo domicílio
com rendimento mensal de mais de 15 salários mínimos.....................................................................
150
Mapa 17 Lucélia – Pracinha 2010 – responsável pelo domicílio com rendimento mensal de mais de 15 salários mínimos.........
151
Mapa 18 Nova Alta Paulista 2002 – Área de ocupação de cana-de-
açúcar.......................................................................
161 Mapa 19 Nova Alta Paulista 2008 – Área de ocupação de cana-de-
açúcar.......................................................................
162 Mapa 20 Nova Alta Paulista 2010 – Agroindústria Canavieira.......... 164 Mapa 21 Nova Alta Paulista - 10ª Região Administrativa do Estado
de São Paulo..............................................................
227 Mapa 22 Nova Alta Paulista 2010 – Política-cultural...................... 229
Mapa 23 Nova Alta Paulista 2010 – População.............................. 236 Mapa 24 Nova Alta Paulista – Vias de acesso............................... 239 Mapa 25 Nova Alta Paulista 2010 – Unidades Prisionais................. 244
LISTA DE FIGURAS Figura 1 Modelo de pares recíprocos.......................................... 259
ix
AGRADECIMENTOS
Os olhares e os pensamentos geográficos nos permitem desvelar as
contradições, os conflitos, as outras possibilidades, os movimentos...
Assim, agradeço a todos os pensadores sejam de iniciação científica,
mestrado, doutorado, pós-doutorado, livre docente e sem titulação que
através de seus trabalhos ou conversas me possibilitaram
desvelar/conhecer a sociedade a partir de uma leitura geográfica.
Esta leitura geográfica me possibilitou compreender que as
diferenças entre as áreas da cidade não são resultados do acaso; que
vender pimenta e, ainda, ficar devendo o transporte, além de não ter um
trator para arar a terra, enquanto, as caminhonetes fazem a poeira subir
não significa uma coisa natural; que a pobreza não é simples consequência;
que as mudanças climáticas não são simplesmente obra de “Deus”; que há
outras possibilidades e, considerando todas as questões, poderia escrever
outra tese, pois a ciência geográfica é complexa, mas, ao mesmo tempo,
simples, pois pode ser pensada e discutida no cotidiano, sem ser simplista.
Agradeço à Universidade Pública que possibilitou que uma “boia-fria”,
sem formação de base encontrada nos melhores colégios fizesse graduação,
mestrado e doutorado em umas das melhores universidade do Brasil. E,
claro, os professores dessa universidade que sempre me apoiaram, me
ensinaram, dentre tantas outras coisas.
Agradeço à FAPESP, pelo apoio financeiro que me permitiu dedicação
exclusiva ao pensamento. E, em especial, ao(à) parecerista do doutorado
que, a cada relatório científico, apontava novos caminhos para o pensamento
- suas críticas (três páginas cada relatório) foram de suma importância para
x
o melhor desenvolvimento do trabalho e as ponderações nos auxiliaram a
repensar a problemática e problematizá-la.
Agradeço à professora Maria Encarnação que me orientou na
graduação e no mestrado.
Ao Raul, fico pensando como agradecer, pois ele é tão brilhante nas
ideias, como orientador que é difícil encontrar palavras. Mas tenho que
dizer que ser orientanda do Raul foi muito enriquecedor. Obrigada, por
tudo.
Ao Alexandre, meu companheiro de vida e de pesquisa que me apóia,
ajuda, entende, me ama e deixa eu o amar, um grande obrigado.
A Sara, que ficou doente, chorou, exigiu minha presença, mas, sorriu,
disse “eu te amo”, “que seremos as melhores amigas” e pediu para terminar
logo esse doutorado, me fazendo ter mais força e determinação para
concluí-lo.
A minha querida mãe que sempre me apoiou nessa trajetória e, mesmo
sem muita instrução formal, instruiu-me para o caminho do estudo.
Ao Laércio, que de “padrasto” virou pai e também sempre me
incentivou.
Ao meu querido irmão Marcelo.
A todos os amigos que estiveram ao meu lado, seja na vida ou em
nossas longas e longas discussões geográficas.
10
APRESENTAÇÃO
A desigualdade social na sociedade capitalista gera cada vez mais
uma urbanização perversa que distingue classes sociais, segregando e
excluindo espaços e pessoas. O que se observa hoje é a constituição de
processos segregativos e excludentes retalhando as cidades e constituindo
enclaves de riqueza e de pobreza, que independem da vontade das
pessoas, mas que se fortalecem por meio de decisões, ações e práticas de
apartação de uma parte da sociedade.
Assim, no início desta pesquisa de doutorado, nosso foco era o
estudo da produção e reestruturação do espaço intra e interurbano e análise
das múltiplas dimensões que envolvem a exclusão social. O ponto norteador
do projeto foi identificar a constituição de circuitos da pobreza urbana nas
cidades locais da Nova Alta Paulista, extremo Oeste do estado de São Paulo,
partindo da hipótese de que nessas cidades locais se estruturam os
processos de segregação socioespacial interurbana e a exclusão social.
Como resultado da pesquisa de mestrado, sabíamos que nas cidades
locais predominava a presença maciça das atividades do circuito inferior.
Seu tamanho populacional determinava que as funções urbanas fossem
destinadas apenas a suprir as necessidades básicas da população. Assim, as
atividades econômicas urbanas sendo, predominantemente, do circuito
inferior da economia, seus moradores dependiam de outras cidades para o
acesso a bens e serviços. Essas aglomerações, para conseguirem suprir as
demandas consideradas básicas, recorriam à mão de obra de outras
cidades, demonstrando que o nível de suas funções estava no limite inferior
da complexidade urbana e o acesso a serviços e equipamentos mais
especializados eram obtidos, necessariamente, em cidades com funções
urbanas mais elevadas.
Nesse contexto, procuramos enfrentar o desafio de identificar o
processo de segregação socioespacial interurbana. Consideramos que a
segregação socioespacial, fruto das contradições sociais, é estruturada a
partir do processo da urbanização. Por que, então, restringir a análise ao
espaço intra-urbano, sendo que a urbanização transcende os limites da
11
cidade? E com a pergunta tínhamos o fato de que a população de uma
localidade precisava se deslocar para outros lugares para ter supridas suas
necessidades básicas, e que essa população não se sentia inserida em uma
realidade urbana. Portanto, não estaríamos frente a um processo de
segregação socioespacial interurbana? Ou seja, uma “cidade” toda não
poderia estar segregada socioespacialmente?
Como ponto inicial desta discussão, identificamos alguns indicadores,
tais como: 1) ter prevalência do circuito inferior da economia em sua
economia urbana; 2) ser considerada uma cidade local; 3) depender das
relações interurbanas para suprir suas necessidades de acesso aos meios de
consumo coletivo e privado; 4) apresentar elementos que levem ao
questionamento da existência ou não do caráter urbano desse espaço.
Ainda no sentido de apreendermos um circuito de pobreza urbana em
cidades locais, destacamos pensar a estruturação do processo de exclusão
social, e como esse processo se constituia nos espaços das cidades locais,
principalmente pela presença dos imigrantes nordestinos que se deslocam
de seus espaços identitários para trabalhar no corte da cana-de-açúcar.
Para pensarmos a exclusão social, partimos da tese dos
“estabelecidos” e dos “outsiders”. Nessa relação entre “estabelecidos” e
“outsiders”, nas cidades locais, é que destacamos a presença dos
trabalhadores migrantes que são estigmatizados pela população local,
perdendo os vínculos sociais e, ainda, são submetidos a precárias condições
de trabalho e moradia. A partir deste raciocínio, discutimos a questão do
capital social, fortalecendo ainda mais o processo de exclusão social em
cidades locais.
Identificamos, assim, a preocupação de contemplar a análise da
estruturação das cidades, das condições de vida, moradia e trabalho dos
migrantes e não migrantes, das formas como os moradores percebem e
apreendem as dificuldades/ou facilidades de acesso aos meios de consumo
coletivo e individuais, da mobilidade interurbana, bem como aprofundar as
discussões acerca do agrícola e urbano e das escalas intra e interurbanas.
Por fim, apontamos três principais motivos que justificam o interesse pelos
circuitos da pobreza em cidades locais que geram a exclusão social e
segregação socioespacial interurbana.
12
Primeiramente, a necessidade de desmistificar o ideário de cidades
locais como espaços dotados apenas de boas condições de vida. Em
segundo lugar, o grande interesse em analisar as relações intra e
interurbanas, agrícola/rural/urbano pensando a desigualdade social em
múltiplas escalas. Em terceiro, como aponta Guimarães (2006), “o impacto
da globalização está gerando o agravamento da pobreza em todos os
lugares, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas em realidades
urbanas não-metropolitanas(...)” Nesse sentido, pensar a produção do
espaço urbano e regional das cidades locais nos possibilitará elencar
elementos para elaboração de políticas públicas efetivas a elas.
Após aprofundamento nas leituras e amadurecimento de nossos
objetivos, verificamos mudanças em nossas indagações iniciais e também
sentimos a necessidade de algumas alterações no projeto de pesquisa
proposto inicialmente, conforme poderão ser observadas no
desenvolvimento do trabalho.
13
RESUMO
Nessa tese iremos demonstrar a constituição de um circuito de pobreza
urbana que, para seu entendimento, requer um pensamento em espiral que
perpasse os processos e, ao mesmo tempo, se imbrique a eles, diante do
conteúdo das realidades analisadas que se perfaz num híbrido. O híbrido
perpassa todas as dinâmicas e elementos que compõem essas localidades.
O híbrido é a relação essencial para entender as interdependências e
inseparabilidade dos processos. É a relação híbrida dos processos que nos
permite entender que as transformações do período atual expressam
mudanças, permanências e mesclas; que a as escalas intra e interurbana se
imbricam; que a dicotomia cidade e campo não é válida para entender a
realidade da sociedade brasileira; que a pobreza se processa em diferentes
dimensões e se entrecruzam. Portanto, são esses elementos que produzem
o conteúdo das cidades analisadas que são cidades locais, por sua dinâmica
de organização, mas, que estruturam em seus espaços elementos que as
caracterizam como cidades locais híbridas. É nesse sentido que os
conteúdos das cidades locais híbridas substanciam e permeiam a
estruturação dos processos analisados, se expressando em dois vieses, que
se articulam, na constituição de um circuito de pobreza urbana (pobreza
material, política e simbólica) que, em sua dimensão urbana, promove a
segregação socioespacial interurbana e, o outro lado da expansão da
atividade agroindustrial canavieira, que é a cidade da exclusão social.
PALAVRAS CHAVE: circuito de pobreza urbana; cidades locais híbridas;
segregação socioespacial interurbana; cidade da exclusão social; atividade
agroindustrial canavieira; Nova Alta Paulista.
14
ABSTRACT
The aim of this doctoral dissertation is to demonstrate the formation of an
urban poverty circuit. The understanding of this circuit requires a spiral
thought through processes and the analysed reality´s contents which create
a crossbreed. This crossbreed pervades all the dynamics and elements that
compose places. The Crossbreed is the essential relation to understand
interdependencies and inseparability of processes. It is the hybrid relation
of processes that makes us understand that: current transformations
express changes, permanencies and mixture: urban and interurban scales
imbricate each other; city-country dichotomy is not adequate to understand
Brazilian reality; poverty processes in different and interbred dimensions.
Consequently, these elements produce the content of the local cities
analysed. They are local because of their dynamics, but they also organise
some elements in space that characterize them as hybrid local cities. It is
then how local hybrid cities´ contents give substance and organise the
processes analysed. The contents are expressed in two articulated ways
that produce urban poverty (material, politic and symbolic poverty):
interurban socio-spatial segregation; and, beyond urban, social exclusion
city related to sugar cane expansion.
Keywords: urban poverty circuit; hybrid local cities; interurban socio-
spatial segregation; social exclusion city; Nova Alta Paulista.
15
INTRODUÇÃO
16
A presente tese foi desenvolvida a partir da experiência de pesquisa
na chamada região da Nova Alta Paulista, localizada no extremo oeste do
Estado de São Paulo e composta basicamente por pequenas cidades,
conforme observamos nos mapas 1 e 2.
Mapa 1
Nova Alta Paulista Política- cultural - 2010
Mapa 2 Nova Alta Paulista
População – 2010
17
18
Desde a obra de Pierre Monbeig (1984), sobre a ocupação do Planalto
Ocidental Paulista – “Pioneiros e fazendeiros de São Paulo” – essa porção do
interior paulista tem sido objeto de reflexão da geografia. Mais recentemente os
estudos de Fresca (1993) focaram a formação urbana resultante do processo de
ocupação naquela região e enfatizaram a dinâmica funcional da rede urbana.
Oliveira (2003) analisou a configuração da microrregião geográfica de Dracena e
sua formação histórica, e Silva (2006) discutiu a colonização e enfatizou o
processo de produção dos espaços. Por sua vez, Gil (2007) apresentou três fases
distintas de formação da região ao trabalhar com o desenvolvimento da Nova
Alta Paulista. No estudo sobre tipologias das cidades brasileiras (BRASIL, 2005) a
Nova Alta Paulista também é objeto de reflexão.
Desde o final da graduação em geografia, temos nos preocupado em
desvendar alguns aspectos da produção do espaço urbano na Nova Alta Paulista.
Nesse primeiro momento discutimos a relação entre meios de consumo coletivo e
segregação socioespacial no loteamento Parque do Sol, na cidade de
Adamantina. Na pesquisa de mestrado a Nova Alta Paulista e a temática urbana
em pequenas cidades continuaram como parte da trajetória de pesquisa. Assim,
discutimos a ocorrência do processo de segregação socioespacial em Osvaldo
Cruz e Mariápolis, demostrando as semelhanças e as diferenças na estruturação
desse processo em relação às pequenas cidades.
Como decorrência da pesquisa de mestrado, nos deparamos com o desafio
de pensar o processo de segregação socioespacial nas escalas intra e
interurbanas, com a perspectiva de que a produção do espaço urbano de
pequenas cidades não se restringia ao intra-urbano. A Nova Alta Paulista
favorecia esta reflexão na medida que é formada por uma sub-rede urbana de
pequenas cidades, em um contexto regional de forte expansão da atividade
agroindustrial canavieira.
Na medida que a pesquisa de doutorado foi caminhando, foi necessário
buscar um marco de referência muito mais amplo do que previsto no projeto
inicial. Afinal, a segregação socioespacial interurbana deve ser associada a outros
processos igualmente importantes de um circuito urbano que produz e reproduz
a pobreza, a exclusão social naquela região.
A pobreza urbana e a exclusão social possuem um caráter cumulativo e
multidimensional que impede uma explicação única e linear dos processos.
Assim, pobreza urbana e exclusão social são processos que reproduzem circuitos
19
de pobreza, e em sua multidimensionalidade nos permite pensar que um mesmo
processo está relacionado a diversos e diferentes elementos.
A presente pesquisa é resultado do estudo de circuito de pobreza urbana
em cidades pequenas. As dificuldades de compreensão deste fenômeno levou-
nos ao desafio de superação dessa situação da forma linear de pensamento, para
que pudessemos compreender a dialética de suas múltiplas inter-relações. Nesse
sentido, apreender as dinâmicas dos circuitos da pobreza em cidades pequenas
exigiu um pensamento em espiral que perpassasse todos os processos e, ao
mesmo tempo, se imbricasse a eles.
Devemos pontuar que a constituição de um circuito de pobreza,
diferentemente dos circuitos elétricos que se sucedem, são processos que se
imbricam, se articulam e se superam. É por causa disto que esta realidade
apreendida no pensamento constitui-se em um pensamento em espiral, em
movimento.
Para expor este caminho reflexivo, nos capítulos um, dois e cinco da
tese, nossas análises serão no sentido de desvelar os conteúdos que estruturam
as realidades analisadas. Para isso, no capítulo um –Transformações dos
conteúdos das cidades locais- realizaremos uma discussão sobre como se
estruturou a organização espacial pela rede de cidades, demonstrando que o
espaço se organiza a partir de sucessivas sobreposições de divisões do trabalho.
Assim, superando tipologias baseadas em critérios populacionais, de caráter
funcional hierárquico, realizamos uma análise que permite entender como o
espaço se organiza a partir das funções urbanas que propiciam uma vida de
relações.
Essa discussão, principalmente, diante da realidade de cidades pequenas,
não implica somente uma tipologia de classes, mas a possibilidade de
compreensão de seus conteúdos nos auxiliando pensar os diferentes processos
socioespaciais.
Assim, demostraremos que diante das transformações do período atual, as
localidades analisadas estruturam em suas dinâmicas outros elementos
constitutivos que nos permite entendê-las, enquanto, cidades locais híbridas.
Prosseguindo, no capítulo dois – Relações entre agentes sociais/sujeitos e
visibilidade dos processos – demostraremos que essas relações são
características dos conteúdos existentes nas localidades analisadas, fator que
20
nos permitirá melhor compreender as dinâmicas existentes entre a dimensão
material e política da pobreza.
Assim, nesse capítulo discutiremos a questão da pobreza estrutural, a
relação entre pobreza e circuito inferior da economia urbana e as questões entre
assistência social e assistencialismo, como elemento estruturador das relações
políticas. Como esses fatores são constitutivos dessas realidades, reforçam a
questão da pobreza em suas múltiplas dimensões.
O circuito de pobreza urbana, considerando, como apontado acima, possui
um caráter cumulativo e multidimensional e essa multidimensionalidade
perpassa por dois vieses que se articulam e se complementam na realidade das
cidades analisadas. O primeiro se relaciona ao processo de segregação
socioespacial interurbana justamente pelo híbrido existente entre o caráter
urbano e não urbano. O segundo diz respeito à entrada da cultura agrícola
canavieira no meio rural adstrito e os impactos gerados nestas cidades.
Diante do conteúdo das realidades analisadas e a articulação desses dois
vieses, nos colocamos diante do desafio de revelar a constituição de um circuito
de pobreza (pobreza material, política e simbólica) que, em sua dimensão urbana
promove a segregação socioespacial interurbana (ROMA, 2008) e, para “além”
do urbano, o outro lado da expansão da atividade agroindustrial canavieira, que
é a cidade da exclusão social1.
Sendo assim, no capítulo três discutiremos o primeiro viés – Cidades locais
híbridas e a segregação socioespacial interurbana. Neste capítulo, defenderemos
que, devido ao contexto social das cidades analisadas, a segregação
socioespacial exige uma imbricação escalar entre o espaço intra-urbano e as
relações interurbanas, pois as incipientes funções urbanas, dialeticamente,
acabam por negar o urbano e nesse processo se estrutura um híbrido entre o
urbano e não urbano. Dessa forma, se coloca a possibilidade da apreensão da
segregação socioespacial interurbana.
Na presente discussão o conceito de segregação socioespacial é utilizado
para explicar processos decorrentes da urbanização, referentes à separação
1 A expressão - o outro lado - da expansão da atividade agroindustrial
canavieira procura enfatizar que além da técnica, da ciência e da informação há
processos excludentes. Portanto, – o outro lado – procura destacar os processos
excludentes que estão associados à expansão da atividade agroindustrial canavieira.
Ainda, frisamos que não existem dois lados, separados, mas processos que fazem parte
da “mesma moeda”.
21
entre diferentes segmentos sociais nas cidades, e o acesso aos meios de
consumo coletivo e individuais.
Portanto, procuraremos demostrar que se a segregação socioespacial,
fruto das contradições sociais, é estruturada a partir da urbanização, processo
que transcende os limites da cidade por que, então, restringir sua análise ao
espaço intra-urbano?
Refletindo esta questão a partir dos dados coletados no campo, nos
deparamos com as relações contraditórias entre a desigual distribuição dos
meios de consumo coletivo e as condições de vida da população. Essa discussão
nos conduziu à análise do segundo viés da tese, materializado no capítulo quatro
– Os impactos da atividade agroindustrial canavieira nas cidades locais híbridas.
Ali, discutimos a expansão do atividade agroindustrial canavieira na área de
estudo, demostrando como sua territorialização altera padrões pré-existentes,
gera impactos nas cidades, intensificando, principalmente na realidade analisada,
problemas como a falta de oferta de moradias, a elevação no valor dos aluguéis,
aumento no atendimento na área de saúde e assistência social.
Ainda no sentido de pensar os impactos gerados pela atividade
agroindustrial canavieira, realizamos uma análise sobre a estigmatização dos
trabalhadores migrantes demostrando que este processo configura a relação
entre “estabelecidos” e “outsiders” (ELIAS & SCOTSON, 2000), o que fortalece
ainda mais o processo de exclusão social.
Assim, procuramos demostrar que mesmo a atividade agroindustrial
canavieira sendo vista como o motor do desenvolvimento, produz e reforça, com
muita intensidade, espaços da exclusão social, da pobreza urbana e da
expropriação, gerando o outro lado da cidade do agronegócio, que é a cidade da
exclusão social.
No capítulo cinco – As relações que envolvem a tríade
rural/urbano/agrícola – consideramos tais relações como elementos constitutivos
da realidade dos aglomerados analisados. É por isto que iremos considerar essa
tríade entendida enquanto um híbrido, no qual, a mistura, a relação, a
complementariedade e a síntese são estruturadores da mesma.
Para isso discutiremos as dinâmicas e processos que premeiam o rural, o
agrícola, o urbano e suas especificidades e interfaces, demostrando cada
elemento que compõe a tríade e as relações existentes entre eles como
fundamentais para pensar o processo em sua complexidade.
22
Mesmo procurando desvelar os diversos elementos que caracterizam os
processos socioespaciais existentes em uma determinada realidade empírica,
devemos considerar que questões são levantadas e outras são deixadas de lado.
Nesse sentido, procuramos em todos os momentos pensar os diferentes
elementos que poderiam estar relacionados aos processos, que para nosso
entendimento permeia a estruturação de um circuito de pobreza urbana,
contudo, diferentes olhares sobre a mesma realidade poderia acrescentar
elementos aos ponderados por nós, como, também, destacar outros.
Para isso nos utilizaremos de diferentes áreas e correntes do pensamento.
Esse fator não indica, em nosso entendimento, confusões e incoerências teóricas
e metodológicas, mas, sobretudo, a tentativa de superar as leituras
unidimensionais e unicausais dos processos. E corroborando inteiramente com
Suzuki (2007, p. 147) para pensar a compreensão campo e cidade:
Acreditamos, ainda, que não será possível avançar na
compreensão do campo e da cidade, na contemporaneidade,
seguindo por trilhas seguras e bem construídas, como os caminhos
que valorizam somente a dimensão econômica, ou a cultural, ou a
social, ou a política.
Será necessário superar as leituras unidimensionais e unicausais
no encontro com as múltiplas dimensões e determinações, o que
nos conduzirá para a necessidade de diminuir os limites existentes
entre os campos da Geografia (Geografia Agrária, Geografia
Urbana, Geografia Econômica, Geografia Política, Geografia Social,
Geografia Cultural), bem como em relação às outras áreas do
saber, particularmente com a Sociologia, a Antropologia e a
Economia.
As discussões realizadas por nós não têm a pretensão de apreender e
desvelar todas as múltiplas dimensões e determinações dos processos
socioespacias, mas, somente, demostrar que, por exemplo, a cidade da exclusão
social gerada pelos impactos da atividade agroindustrial canavieira permeia-se
por processos econômicos, como, também, culturais e sociais.
Prosseguindo, com a estrutura da tese, pontuamos a existência de dois
apêndices, sendo esses constituídos por elementos que compõem nossas
análises são de suma importância para o entendimento do trabalho. No apêndice
um – Nova Alta Paulista: recorte empírico – faremos uma discussão sobre a
região enquanto um recorte administrativo ou uma construção política –cultural
e, demostraremos a localização da área de estudo, a dinâmica populacional, vias
de acesso da área. Portanto, esse apêndice tem por objetivo apreender as
23
dinâmicas da realidade que perpassa os processos socioepaciais analisados nesse
trabalho.
No apêndice dois – descrição metodológica – apresentamos uma minuciosa
descrição dos procedimentos metodológicos adotados por nós, procurando
demonstrar os procedimentos realizados em todas as etapas, desde a coleta de
dados, elaboração do mapeamento, seleção das amostras e escolhas das cidades
analisadas.
No entanto, para um melhor entendimento do trabalho e facilidade de
leitura, de início, pensamos ser necessário indicar quais às cidades selecionadas
para o desenvolvimento de nossas análises.
Para pensar a constituição de um circuito de pobreza urbana, de princípio,
delimitamos como recorte empírico os centros locais da Nova Alta Paulista.
Assim, subdividimos a região em cinco grupos de cidades, quais sejam: Tupã,
Osvaldo Cruz, Lucélia, Adamantina e Dracena que correspondem aos centros
sub-regionais e sua hinterlândia. Em cada grupo de cidade dessas hinterlândias,
selecionamos as cidades que apresentaram os piores indicadores e/ou
características próprias que nos auxiliaram no desenvolvimento de nossa
investigação (como descrito no apêndice dois). Tais cidades foram: Arco-Íris,
Inúbia Paulista, Pracinha, Mariápolis, Flora Rica, São João do Pau D`Alho, Monte
Castelo e Pauliceia, com população de 1.925, 3.630, 2.863, 3.916, 1.752, 2.103,
4.063 e 6.342 habitantes, respectivamente (Censo Demográfico, 2010).
Diante desse recorte inicial, realizamos trabalhos de campo e aplicação de
questionários junto à população. A coleta de dados foi, predominantemente, nas
cidades de Arco-Íris, Inúbia Paulista, Pracinha, Mariápolis, Flora Rica, São João
do Pau D`Alho, Monte Castelo e Pauliceia, mas, para entender as dinâmicas e os
processos que se estruturam nesses aglomerados, tornou-se de suma
importância, em alguns momentos, analisar as inter-relações entre as cidades –
centros locais e centros sub-regionais (como melhor descrito no apêndice dois).
Contudo, diante da infinidade de informações que se apresentaram para
análise, após o exame de qualificação, por indicação da banca examinadora,
decidimos aprofundar nossas investigações em algumas dessas localidades.
Portanto, para cada discussão selecionamos os aglomerados que mais
caracterizavam os elementos apontados. Sendo assim, pontuaremos no início de
cada capítulo as cidades utilizadas enquanto recorte empírico de análise.
24
Por fim, para iniciarmos, destacamos que o circuito de pobreza urbana,
sendo multidimensional, nos coloca o desafio e a dificuldade de apresentação
formal da tese, poi, os processos se imbricam de tal maneira que qualquer
divisão que temos de realizar para fim de uma apresentação formal acabaria por
fragmentar o trabalho.
25
CAPÍTULO 1
TRANSFORMAÇÕE’S DOS
CONTEÚDOS DAS CIDADES
LOCAIS
26
Neste primeiro capítulo iniciaremos nossa discussão percorrendo a
trajetória de estudos dedicada a entender e demonstrar de que maneira se
estrutura a rede de cidades. Nesse processo perceberemos que o espaço se
produz a partir de sucessivas sobreposições de divisões do trabalho, e que, em
cada período, a rede de cidades reflete uma diferente divisão territorial e social
do trabalho, na qual as cidades locais possuem um papel fundamental.
Assim, a análise das cidades locais na rede de cidades perpassa por
tipologias baseadas em critérios populacionais, de caráter funcional hierárquico a
uma análise que permite entender como o espaço se produz a partir das funções
urbanas. Ou seja, não é simplismente o contingente populacional que estrutura
esses espaços – mesmo que seja um elemento pertinente – mas, sim, as funções
urbanas que se desenvolvem e a vida de relações que essas funções propiciam.
A discussão de cidade pequena perpassa a própria discussão de cidade e
urbano. Por isto, pensar uma conceituação para cidades pequenas não implica
somente uma tipologia de classes e não é o ponto de chegada de nosso trabalho,
mas, sim, a possibilidade de compreensão de seus conteúdos. Entender como as
funções urbanas existentes nessas localidades organizam o espaço da cidade e
como essa organização propicia ou não o fortalecimento da vida de relações
existente entre as diferentes localidades, auxilia-nos a pensar os diferentes
processos socioespaciais.
Portanto, o esforço de pensar a produção do espaço a partir das cidades
locais vai além da hierarquização, e essa etapa será tomada como necessária
para compreensão dos processos sociais que estruturam as diferentes realidades
urbanas e, a partir dessa investigação, compreender quais e como os processos
socioespaciais se estabelecem no espaço intra-urbano, como na articulação entre
as escalas intra e interurbana.
Para essa discussão as cidades que utilizaremos enquanto recorte empírico
são as cidades locais de Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis,
Pracinha e São João do Pau D`Alho, localizadas na região paulista denominada
de Alta Paulista.
27
1.1. Produção do espaço e rede de cidades
Diversos estudos geográficos foram importantes para a compreensão da
rede urbana. Dentre estes estudos, particularmente, foi muito importante para o
desenvolvimento do pensamento da geografia urbana brasileira a Teoria dos
Lugares Centrais, formulada pelo alemão Walter Chistaller, em 1933, e
aprofundada na Geografia brasileira por Santos (1981 e 1996) e Corrêa (2001),
dentre outros autores. Segundo estes autores, pressupõem-se a existência de
uma hierarquia entre os diferentes níveis de cidades. Segundo Rochefort (1961,
p. 15), a hierarquia entre as cidades poderia ser apreendida com a seguinte
estrutura: Capital da rede; Capital de grande porte; Grande Centro Regional de
primeira ordem; Centro Regional de primeira ordem; Grande Centro Regional de
segunda ordem, Centro Regional de segunda ordem, Centro Regional de terceira
ordem, Centro Local de primeira ordem e Centro local de segunda ordem.
Ainda no sentido de classificação das cidades a partir de suas funções
urbanas, numa hierarquização das localidades, Geiger (1963) apresentou a rede
urbana estruturada da seguinte maneira: metrópole; metrópole regional; capitais
regionais; centros regionais de primeira categoria; centros regionais de segunda
categoria; centros de terceira categoria; centros locais e elementares.
Notamos que Rochefort (1961) e Geiger (1963) adotam o mesmo princípio
na classificação das cidades: o caráter funcional hierárquico, partindo da cidade
principal para os de menores funções e de hierarquia inferior. A única diferença é
a quantidade de categorias, que são nove na classificação de Rochefort (1961) e
sete na apresentada por Geiger (1963).
Nessa linha de análise temos os estudos de Keller (1968), Azevedo
(1970), Corrêa e Lima (1977) e, também as pesquisas sobre a Região de
Influência das Cidades de 1993 e 2007, realizadas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Keller (1968, p. 308) descreve a produção do espaço e a formação socio-
territorial do Brasil com base na primazia da cidade de São Paulo, estruturando
uma rede de localidades centrais e hierárquica composta por quatro níveis: a
metrópole, os centros regionais, os centros sub-regionais e os centros locais.
Já Azevedo (1970, p.255) classifica as cidades em categorias baseadas no
contingente populacional urbano.
28
Corrêa e Lima (1977, p. 596), utilizando-se do estudo Divisão do Brasil em
Regiões Funcionais Urbanas, identificaram quatro níveis de cidades, comportando
as primeiras quatro categorias de centros e as demais duas categorias,
correspondentes às diferentes formas de atuação dos centros: os centros que
comandam as redes; os centros regionais; os centros sub-regionais e os centros
locais, mantém uma relação hierárquica com os demais centros, mas, também,
podem estar vinculados diretamente com as metrópoles, ou seja, os centros que
comandam as redes.
Os estudos sobre a Região de Influência das Cidades (IBGE, 1993 e 2007)
também apresentaram, como os demais autores citados, a organização do
espaço brasileiro compreendido pela hierarquia das funções urbanas
desempenhadas por cada localidade.
No estudo mais recente do IBGE (2007) sobre a Região de Influência das
Cidades, as cidades foram classificadas em cinco grandes níveis, e subdivididos
em dois ou três subníveis: metrópoles – principais centros do país, que
caracterizam-se por seu grande porte e por fortes relacionamentos entre si, e
possuem extensa área de influência direta e foram subdivididas em três
subníveis; capital regional – com capacidade de gestão no nível imediatamente
inferior das metrópoles, mantendo uma área de influência de âmbito regional e
também foram subdivididas em três subníveis; centro sub-regionais - possuem
atividades de gestão menos complexas e uma área de atuação mais reduzida e
se subdivide em dois grupos; centro de zona – nível formado por cidades de
menor porte e com atuação restrita a sua área imediata e exercem funções de
gestão elementares e subdivide-se em dois níveis e; centros locais – cidades cuja
centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo
apenas aos seus habitantes, têm população predominantemente inferior a 10
mil.
As análises de Corrêa e Lima (1977) e os estudos do IBGE (1993 e 2007)
demonstram que a produção espacial estabelece uma hierarquia pela
funcionalidade que cada localidade desempenha na rede de cidades, mas
indicam, por exemplo, que os centros locais relacionam-se com os “centros que
comandam as redes” (CORRÊA E LIMA, 1977).
Assim, analisar as cidades pelas funções urbanas nos permite explicar a
distribuição dos homens e das atividades sobre a superfície terrestre resultante
da divisão territorial do trabalho (Santos, 1994, p. 125). Divisão do trabalho que,
29
como destacamos, se sobrepõe a cada período histórico modificando as
estruturas organizacionais existentes e, com isso, transformando as relações
entre os centros urbanos, entre a cidade e o campo, e alternado os fluxos
materiais (mercadorias, pessoas etc.) e imateriais (informações, dados,
mensagens etc.). Nesse sentido, que a rede urbana que se produz,
predominantemente, de maneira hierárquica passa a uma organização baseada
na inter-relação.
A partir da análise da divisão territorial do trabalho podemos entender a
importância das pequenas cidades. Bernardelli (2004, p. 36), ao trabalhar com
as pequenas cidades, destaca que:
(...) as pequenas cidades também são produtoras e condição da
Divisão Territorial do Trabalho, estando seu movimento, muitas
vezes, verificado em um tempo mais lento, articulado à dinâmica
global de rede.
Portanto, não podemos pensar a questão de forma fragmentada
(...) a rede urbana apresenta uma totalidade, apesar do papel de
destaque das metrópoles, elas não são dotadas de autonomia em
relação às demais cidades, ao contrário, sua existência e
expressão só são possíveis em razão da existência de uma
complexa Divisão Territorial do Trabalho.
Na estruturação e no funcionamento da rede urbana, observamos a
necessidade da existência de diferentes núcleos, com diferentes funções e esse
fator se faz possível por uma complexa divisão territorial do trabalho. A divisão
territorial do trabalho, sendo responsável pela distribuição dos homens e
atividades sobre a Terra, consolida a existência das metrópoles, mas também de
cidades médias e pequenas.
É nesse sentido que entendemos a inserção das cidades pequenas na rede
urbana enquanto produtoras e condição da divisão do trabalho, sendo
reservatório de mão de obra rural (CORRÊA, 1999), local de moradia, de relações
econômicas e políticas possibilitando o ciclo entre produção e circulação e, assim,
fazendo parte da estruturação das redes urbanas.
Com o fortalecimento do processo de globalização marcado pelo meio
técnico-científico-informacional (SANTOS E SILVEIRA, 2006 [2001]), de maior
internacionalização do capital seguido de reestruturações urbanas, regionais e
produtivas, as redes urbanas também se reconfiguram e o processo hierárquico
passa a ser acompanhado, como aponta Camagni (2005), de superposições e/ou
30
justaposições de relações. Mantém-se a rede hierárquica, mas, ao mesmo
tempo, temos a interface direta entre cidade pequena e a metrópole.
A hierarquia urbana passa a se realizar num contexto econômico
internacional, transformando a natureza das relações entre cidades, mas não
implicando que deixe de existir nesse processo de mundialização uma estrutura
hierarquizada de relações e articulações entre os diversos centros. No entanto,
essas relações são mediatizadas por novas determinantes (MOURA; WERNECK,
2001).
Sposito (2011, p. 130-131) destaca que os fluxos que definem a rede
urbana não são apenas de tipo vertical, predominante nas redes urbanas
hierárquicas, mas que é preciso:
(...) ler a combinação complexa de fluxos e de modos de
organização e constituição de redes (econômicas, sociais, políticas,
urbanas) que não se estruturam apenas hierarquicamente, mas
resultam de múltiplos fluxos, estabelecidos horizontalmente e
transversalmente.
Na rede urbana hierárquica, as cidades no nível inferior da complexidade
urbana se ligam aos centros sub-regionais, que mantém interações com as
cidades médias, e estas com uma cidade situada no nível superior da hierarquia
urbana, como São Paulo, por exemplo. Mas, face à globalização, as redes se
reconfiguram e as cidades, no limite da complexidade urbana, podem se ligar
diretamente às metrópoles, tanto através dos fluxos materiais e, principalmente,
pelos fluxos imateriais, e mesmo a centros internacionais sem, necessariamente,
passar pelas cidades médias. No entanto, a rede urbana produzida
hierarquicamente não se desfaz por completo.
Como exemplo da superposição e/ou justaposição na rede urbana
podemos citar os serviços de saúde, comércio e o sistema de decisão e gestão
governamental. A população das cidades no limite inferior da complexidade
urbana utilizam-se dos serviços de saúde na própria cidade para atendimentos
ambulatoriais básicos – consulta mensal, curativos, remédios, vacinação etc.-,
recorrem aos centros sub-regionais para procedimentos mais complexos e
internações e em casos de atendimento mais diversificado e especializado são
encaminhados às cidades médias e em alguns casos aos centros metropolitanos.
Porém, dependendo do quadro clínico apresentado e/ou das condições
financeiras, as pessoas são diretamente encaminhadas para os centros mais
31
especializados, que podem ser cidades médias ou metrópoles sem,
necessariamente, percorrer as demais localidades situadas na rede hierárquica
de cidades.
No comércio este processo também pode ser observado, pois, geralmente,
a população consome os bens e produtos de primeira necessidade nas cidades
situadas no limite inferior da complexidade urbana, se deslocam para os centros
sub-regionais a fim de realizarem compras mensais e diversificadas ou podem
adquirir os bens e produtos diretamente nas cidades médias ou metrópoles.
Os bens e serviços que suprem a demanda diária da população pressupõe
um acesso imediato, ou que possa ser realizado por curtas distâncias. Por outro
lado, os bens mais sofisticados que não são utilizados para necessidades
imediatas, ditos sofisticados ou raros, podem ser oferecidos em uma distância
espacial maior e localizados em apenas alguns centros urbanos, moldando a
partir das funções desempenhas uma organização funcional na rede de cidades e
um papel hierárquico. Os novos nexos entre os fluxos realizados pelas cidades
provocados pelas inovações tecnológicas comprimem espaço-tempo para fluxos
imateriais, mas o acesso aos bens e serviços – como saúde e comércio –, a
supressão da distância, ainda não se perfaz por completo.
No que tange ao sistema de decisão e gestão, Moura e Werneck (2001, p.
28), apontam que a rede das localidades centrais “cristaliza o sistema de decisão
e gestão, por meio da localização seletiva de órgãos da administração pública e
sedes de grandes corporações, oferecendo um nítido posicionamento
hierarquizado dos centros”. Com a difusão do meio técnico-científico-
informacional, os fluxos de ordens e mensagens se difundem pelo espaço, mas a
localização de órgãos da administração pública em determinada localidade tem o
poder de organizar o espaço de maneira seletiva, centralizando em uma cidade,
por exemplo, as secretarias regionais de educação e saúde. Esse processo drena
para essa localidade os fluxos de pessoas, informações, bens e serviços
oferecendo um posicionamento hierárquico dessa cidade na rede urbana.
Damiani (2006, p. 136), ao pensar as redes de cidades no período atual da
globalização, também aponta que:
O período atual da globalização define possibilidades de contatos
múltiplos entre cidades de todas as dimensões e define uma
simultaneidade de comunicação ou uma rede intrincada de
relacionamentos, rompendo as estritas hierarquias e, portanto,
32
deve determinar a reconsideração das hierarquias como
tradicionalmente propostas: há elos financeiros de agentes
financeiros internacionais e toda e qualquer cidade. O
planejamento nacional foi substituído por planejamentos
estratégicos, envolvendo redes de cidades; cidades estas de mais
de um tamanho, num elo direto, sem intermediações assentadas
nas hierarquias.
Em um duplo processo, essa reconfiguração no atual período da
globalização, que dota o espaço de fluidez, acentua a perda de centralidade das
cidades com menos complexidade funcional e, por outro lado, possibilita a
permanência dessas localidades. O desenvolvimento dos transportes e das
tecnologias facilitam o acesso aos bens e serviços em localidades maiores,
reduzindo o mercado consumidor das pequenas cidades e diminuindo sua
centralidade funcional, por exemplo. No entanto, paradoxalmente, a maior
facilidade nos deslocamentos para obter os bens e serviços em outros
aglomerados acaba por possibilitar a permanência da população nesses espaços,
pois podem residir em cidades com menor complexidade funcional, tendo acesso
a bens e serviços ausentes em suas localidades, mas presentes nas demais
cidades da rede urbana, mesmo que esse fator empobreça a economia local e,
consequentemente, a população.
Mesmo não corroborando com Damiani (2006, p. 137), ao afirmar que
esse processo consagra o modelo gerencial metropolitano e que o “modo de vida
metropolitano é simulado em todo e qualquer lugar, negando os tradicionais
estilos de vida”, concordamos com a autora ao apontar para uma rede de
relacionamentos entre as cidades de todas as dimensões, e que devemos
reconsiderar as hierarquias tradicionais. Essa reconsideração pressupõe a
justaposição e/ou superposição das redes hierárquicas e das redes de
relacionamentos.
Portanto, a face da rede de localidades centrais no Brasil no começo do
século XXI é marcada por sobreposição de processos que evolui de uma
estrutura fortemente concentrada para a formação de espaços urbanos
articulados em rede que se conformam as renovações produtivas e aos novos
condicionantes do processo de globalização na produção do espaço (MATOS E
BRAGA, 2005).
Devemos apontar que para a grande maioria das pessoas a rede urbana
ainda se estrutura de forma hierárquica, pois a apreensão da rede urbana está
relacionada à mobilidade do indivíduo que depende de sua posição na escala das
33
redes (SANTOS, 2004 [1979]), ou seja, a rede urbana não tem o mesmo
significado para as diferentes camadas socioeconômicas (SANTOS, 2004 [1979]).
Portanto, para os segmentos dotados de maior poder aquisitivo e fluidez, a
possibilidade de rompimento da rede hierárquica se processa constantemente.
No entanto, para os segmentos de menor poder aquisitivo essa possibilidade
existe, mas é limitada, persistindo uma forma de acesso a bens e serviços
hierarquizados.
Os novos processos e contextos não eliminam as velhas estruturas por
completo, considerando a estruturação do espaço em movimento. Assim,
retomando Camagni (2005), podemos melhor compreender essa dinâmica em
superposição e/ou justaposição de relações.
Pensar no período atual as dinâmicas da rede urbana e a produção do
espaço urbano consiste em analisar os processos que transformam os conteúdos
socioespaciais das cidades. Desta maneira, discutir a conceituação das cidades
locais nos permite demonstrar a os novos nexos oriundos da produção do espaço
no momento atual.
1.2. Discutindo a conceituação das cidades
Quando se fala de cidades pequenas, a noção de volume da
população vem logo à mente. Aceitar um número mínimo, como o
fizeram diversos países e também as Nações Unidas, para
caracterizar diferentes tipos de cidades no mundo inteiro, é
incorrer no perigo de uma generalização perigosa. O fenômeno
urbano, abordado de um ponto de vista funcional, é antes um
fenômeno qualitativo e apresenta certos aspectos morfológicos
próprios a cada civilização e admite expressão quantitativa, sendo
isso outro problema. (SANTOS, 1982, p. 70)
A classificação baseada puramente na definição de classes ou por
tipologias traz, como aponta o autor, generalizações perigosas. Por exemplo, no
Brasil uma cidade de 20 mil habitantes localizada no estado de São Paulo é
totalmente díspar de uma cidade com o mesmo contingente populacional da rede
urbana da Amazônia.
No entanto, mesmo sendo um problema relacionar os aspectos qualitativos
à dimensão quantitativa, pensamos ser válida a interface entre as duas
dimensões, pois o conceito de cidade pequena perpassa pela discussão do
próprio conceito de cidade e urbano, tornando o conceito de cidade pequena de
difícil compressão. Dessa forma, com todo o cuidado teórico e metodológico
34
necessário, imbricar as dimensões quantitativas e qualitativas nos possibilita
relacionar melhor o teórico e o empírico, com o intuito de elucidar e
compreender essas realidades urbanas.
Em seu esforço de conceituação das cidades, Santos (2004 [1979] p.283)
considera que a organização do espaço seja pensada a partir de seu nível
funcional. Propõe:
Uma classificação diferente, considerando que a capacidade de
organização do espaço pela cidade depende de seu nível funcional.
Ter-se-iam as cidades locais, as cidades regionais, as metrópoles
incompletas e as metrópoles completas.
Santos (1979, 1982, 1985) pensou a produção do espaço pela rede de
cidades, considerando a dimensão funcional. Para ele o espaço se estruturava da
seguinte maneira: A - cidade local; B - cidade regional; C – metrópole
incompleta; D – metrópole completa; E – vila (SANTOS, 2004 [1979], p. 289).
Nesse modelo organizacional todos os níveis de cidade se interrelacionam,
hierarquicamente, mas, ao mesmo tempo, como demostramos na discussão
anterior há uma sobreposição e/ou justaposição na estruturação das redes
urbanas, ou seja, as redes não são mais predominantemente hierárquicas, elas
conformam espaços urbanos articulados por todos os tipos de fluxos.
Como nosso trabalho se propõe a entender os conteúdos e os processos
socioespaciais existentes nas cidades inseridas no limite inferior da complexidade
urbana, nos debruçaremos para pensar a organização do espaço a partir da
definição de cidade local. O mesmo autor define cidade local como (1982, p. 70 e
71):
Aglomerações em seu nível mais fundamental, nível abaixo o qual
não se pode mais falar da existência de uma verdadeira cidade.
Temos aqui uma questão de limite inferior da complexidade das
atividades urbanas capazes, em um momento dado, de garantir ao
mesmo tempo um crescimento auto-sustentado e um domínio
territorial.
A cidade local é a dimensão mínima a partir da qual as
aglomerações deixam de servir às necessidades da atividade
primária para servir às necessidades inadiáveis da população, com
verdadeira especialização do espaço. Abaixo pode haver
aglomeração, mas não se tratará jamais de uma cidade.
Poderíamos então definir a cidade local como a aglomeração capaz
de responder às necessidades vitais mínimas, reais ou criadas, de
toda uma população, função esta que implica uma vida de
relações.
35
Nessa conceituação fica evidente que a cidade local detém o nível
funcional mais elementar na rede de cidades e, mesmo sendo capaz de
responder às necessidades vitais mínimas de sua população, suas demandas,
necessariamente, implicam em uma vida de relações, ou seja, a
interdependência com outros centros é a possibilidade de sua permanência.
No entanto, devido à difusão de novos modelos de informação e de
consumo, Santos (2004 [1979], 310) aponta que as cidades locais tiveram um
impulso e que os novos consumos exigem “uma frequência e uma acessibilidade
que serão satisfeitas com o nascimento e o desenvolvimento de aglomerações
urbanas de nível mais abaixo”. No entanto, a vida de relações é constante, pois a
cidade local não pode atender certos tipos de demandas que serão satisfeitos,
segundo o autor, nas cidades intermediárias.
Ainda no que tange às transformações ocorridas nesses aglomerados,
Santos (1996 [1993], p. 51) apreende que os papéis exercidos pelas cidades
locais se modificam, mudando de conteúdo, deixando de serem cidades dos
notáveis e se transformando em cidades econômicas, passando a apresentar
estoques diversos:
Antes, eram as cidades dos notáveis, hoje se transformam em
cidades econômicas. As cidades dos notáveis, onde as
personalidades notáveis eram o padre, o tabelião, a professora
primária, o juiz, o promotor, o telegrafista, cede lugar a cidade
econômica, onde são imprescindíveis o agrônomo (que antes vivia
nas capitais), o veterinário, o bancário, o piloto agrícola, o
especialista em adubos, o responsável pelos comércios
especializados.
Esses lugares representam estoques de meios de consumo,
estoques de sementes e implementos, estoques de capital de giro
(agora indispensáveis), estoques de mão-de-obra nos mais
diversos níveis, centros de transportes e de comunicação, pólos de
difusão de mensagens e ordens.
As cidades locais, por serem localidades que apresentam funções urbanas
menos complexas e contam com um contingente populacional pequeno, era, na
década de 1980, marcada por relações na quais personalidades como a
professora primária, o padre, o tabelião mantinham um status e um poder
notável na vida comunitária dessas cidades, por isso a denominação utilizada
pelo autor de “cidade dos notáveis”. Com a expansão e qualificação da
urbanização, em um contexto de reestruturação da agricultura, os bens e
serviços se ampliam e se diversificam, perdendo o caráter estritamente local,
36
acrescenta-se, também, novos estoques de sementes e implementos, de capital
de giro, de mão-de-obra (também especializada), os centros de transporte e de
comunicação e o papel de polos de difusão. Assim, esses fatores processam
modificações no conteúdo dessas cidades e na organização espacial e funcional
da rede urbana. Neste contexto, para o autor as cidade dos notáveis passam a
cidades econômicas, nas quais o agrônomo, o veterinário, o bancário, o piloto
agrícola e o especialista em adubos representam os novos nexos existentes
nesses espaços.
Diante desse contexto, esses aglomerados não apresentam mais a
dimensão mínima e podem responder além das necessidades vitais mínimas.
Nessa “nova” cidade local, a produção socioespacial se apresenta diversa da
existente no início da década de 1980, quando o autor pensa a conceituação
inicial dessas localidades. As transformações modificam a vida de relações
existentes no espaço interno e externo da cidade.
Devemos considerar que a estruturação espacial proposta por Santos foi
inicialmente desenvolvida na década de 1980 e, posteriormente, revisada na
década de 1990. Porém, após esse período, a urbanização brasileira se
intensificou, modificando a estruturação espacial existente até o momento. Um
processo concomitante de metropolização e desmetropolização (SANTOS, 1996
[1993], p. 122) e o crescimento urbano no interior do país, fator que fortalece
em quantidade e funcionalidade as cidades médias, locais e das vilas – lugarejos.
A rede urbana se alterou, passando de um modelo predominantemente
hierárquico para uma interrelação direta e complementar entre os centros de
diferentes níveis funcionais que acentua ainda mais a urbanização.
Segundo Bógus e Baeninger (1995), essas transformações não ocorreram
com a mesma intensidade pelas regiões brasileiras, destacando-se o interior do
Estado de São Paulo. Para estes autores, o processo de desconcentração das
atividades econômicas e da população fortaleceu o processo de interiorização do
desenvolvimento industrial que foi substancial para a estruturação das cidades,
desta forma, com as melhorias nas redes viárias e de telecomunicações, novos
nexos são incorporados ao processo de urbanização do interior e do
desenvolvimento agrícola.
Nesse sentido, a divisão territorial e social do trabalho vai se
complexificando, modificando cada vez mais os conteúdos dos espaços e
alterando a estruturação espacial da rede urbana. Portanto, como não estamos
37
trabalhando com a rede urbana como um todo, mas, sim, uma subtotalidade –
Nova Alta Paulista – podemos dizer que para esta área as transformações nos
conteúdos das cidades e a organização das redes urbanas foram substanciais.
As cidades que eram na década de 1980 compreendidas como cidades
locais devido aos seus conteúdos serem expressão dessa conceituação, se
transformaram em centros sub-regionais. No entanto, nem todas as cidades
evoluíram e se modificaram. Algumas continuaram sendo cidades locais; outras
que podiam ser pensadas como os lugarejos, diante do processo exposto,
incorporaram em seu conteúdo os elementos das cidades locais.
No bojo do processo de expansão e qualificação da urbanização, Santos
(1996 [1993]), como apontado anteriormente, frisa que as cidades locais se
transformam adquirindo novos papéis urbanos, mas não deixando de serem
locais. Esses aglomerados se dinamizam, mas o autor não indica que passariam
a serem cidades sub-regionais. Mesmo diante das transformações, o autor
mantém a conceituação de cidades locais. Devemos ponderar que as cidades
locais das décadas de 1980 e 1990 continuaram a se desenvolver e a se
transformar, dinamizando ainda mais os bens e serviços existentes.
Se tomarmos as observações de Santos, em nossa área de estudo, as
cidades locais são os municípios de Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz e
Lucélia, ambos com 63.492, 43.623, 33.797, 30.917 e 19.885 habitantes,
respectivamente (Censo, 2010). Essas cidades apresentam um número elevado
de profissionais liberais como advogados, dentistas, médicos, veterinários,
agrônomos e também representantes dos serviços públicas, como delegados de
polícia, juízes, promotores público. Passaram a oferecer uma maior quantidade e
qualidade do comércio, de escolas particulares, cursos profissionalizantes,
faculdades, bancos, escritórios contábeis, produtos para informática e, após a
entrada da cana-de-açúcar, um incipiente estoque de sementes e implementos, e
ainda um maior número de serviços públicos. Ou seja, essas cidades seguiram o
processo de transformação existente na rede urbana brasileira.
Adamantina, por exemplo, possui cinco supermercados (além dos
minimercados); uma faculdade com 32 cursos de graduação e oito de pós-
graduação; um comércio amplo; uma cooperativa especializada em sementes e
insumos agrícolas, que possui filiais em outros estados brasileiros. Diante destas
condições, esta cidade atenderia somente as necessidades inadiáveis da
população conforme exprime o conceito de cidade local?
38
Ainda, nesse sentido, observamos que Bessa, Borges e Soares (2002), ao
analisar cidades que apresentam entre cinco a 69 estabelecimentos
agropecuários, de 289 a 1293 empresas com CGC, e de zero (uma localidade
dentre as 34 cidades analisadas) a sete agências bancárias, utilizam-se da
denominação de cidades locais. Será que essas localidades estão inseridas no
limite inferior da complexidade urbana?
Os estudos do IBGE sobre a Região de Influência das Cidades – REGIC -
(2007) e de Roma (2008) compreendem essas cidades como centros sub-
regionais. Afinal, as funções urbanas desempenhadas por elas geram
centralidade em relação às localidades com menor complexidade urbana. E essa
centralidade está atribuída aos bens e serviços públicos e privados que
concentram-se com mais intensidade nessas localidades gerando um fator de
atração atinente à área de sua hinterlândia e uma certa polarização urbana, mas
não abrangendo a complexidade e atração desenvolvidas pelas cidades médias2.
A população dessas cidades necessita se deslocar constantemente para centros
maiores para obter serviços diversificados e especializados, como, por exemplo,
na área de saúde, entretenimento e cultura, comércios e serviços sofisticados,
centros de tecnologia e educação.
Assim sendo, pontuamos novamente que as cidades que na década de
1980 eram cidades locais se desenvolveram e, segundo nossas análises (ROMA,
2008) e os estudos do IBGE sobre a Região de Influência das Cidades – REGIC -
(2007), tornarem-se cidades sub-regionais, pois essas localidades
desenvolveram, como indicado por Santos (1996 [1993]) e frisado por nós,
papéis de difusão de mensagens e ordens, e estoques diversificados. Assim,
estas cidades, enquanto cidades sub-regionais, são portadoras de bens e
serviços mais diversificados e especializados que mantém uma base local, mas
geram atração em relação a sua hinterlândia e, ao mesmo tempo, necessitam de
deslocamentos para localidades maiores. Portanto, essas aglomerações não
podem ser consideradas cidades locais que suprem somente as necessidades
vitais mínimas e não estão situadas no limite inferior da complexidade urbana.
Fresca (2011) apresenta uma distinção entre pequena cidade e centro
local. A autora observa que ambos vem sendo utilizados como sinônimo, sendo
2 Não podemos generalizar nossas análises para a realidade brasileira, assim,
ponderamos que as transformações observadas por nós diz respeito às cidades
localizadas na região da Nova Alta Paulista, extremo oeste do estado de São Paulo, no
entanto, através de leituras bibliográficas podemos em alguns momentos pensar de
forma mais abrangente.
39
um equívoco igualar cidades que em essência são diferentes. Ela destaca que a
palavra pequena é um adjetivo, que remete à noção de tamanho e dimensão, no
caso de cidade, associa-se a pequeno número de habitantes com pequena área.
Para ela, as cidades que extrapolam o denominado nível mínimo (conforme
conceituação de Milton Santos), mas não assumem elementos para serem
consideradas intermediárias, “significando que mesmo tendo certa complexidade
de atividades urbanas acima do nível mínimo, continuam sendo pequenas. E aqui
reside razão para o uso da expressão cidade pequena para aquelas que não são
centros locais” (FRESCA, 2001, p. 77).
Fresca (2011) destaca que o desenvolvimento das cidades se realiza
heterogeneamente e que diversos estudos demonstram que devemos
acrescentar novos caminhos para compreensão das mudanças na formação
social de cada área ou região brasileira, substanciando teoricamente as reflexões
sobre cidades pequenas e, acrescenta uma ressalva:
se Milton Santos (1982) considera a cidade local como o escalão
de menor complexidade na urbanização brasileira, atendendo
apenas demandas mais imediatas de sua população, a
interpretação acima transcrita, evidencia não tratar-se de cidades
locais, mas de pequenas cidades cujas dimensões físico-
territoriais, populacionais e controle de parcela da mais valia, por
exemplo, são superiores às locais.(FRESCA, 2011, P. 79)
Na região da Nova Alta Paulista as cidades sub-regionais são Tupã,
Osvaldo Cruz, Adamantina e Dracena e, neste contexto, a cidade de Lucélia é
considerada pela REGIC (2007) como sub-regional B, pois apresenta menor
complexidade funcional que as demais cidades. Classificar essas localidades
como cidades pequenas, como ressalta Fresca (2011), não expressa a dimensão
da complexidade funcional que elas apresentam, pois, como a própria autora
destaca, nos remete muito mais a uma noção de tamanho e dimensão do que
sua funcionalidade, visto que tanto a pequena cidade como o centro local são
pequenos, mesmo que suas funções e essências sejam diferentes, como o são. É
nesse sentido que entendê-las como centros sub-regionais nos permite melhor
diferenciá-las das cidades locais, pois os centros sub-regionais como destacamos
mantém uma funcionalidade urbana que mesmo não adquirindo os conteúdos
relacionais das cidades médias expressam certa centralidade.
Porém, o que mais gostaríamos de destacar nas análises de Fresca (2011)
é o entendimento de que nas cidades pequenas (que para nós são centros sub-
40
regionais) as dinâmicas são superiores às das cidades locais, identificando que as
transformações modificaram os conteúdos das cidades e a estruturação da rede
urbana.
Ainda no que tange à produção do espaço pelas funções urbanas, Santos
(1985, p. 88) apresenta as vilas, que seriam as aglomerações urbanas de nível
abaixo das cidades locais, sendo esses os lugarejos – nível abaixo do urbano:
O problema dos lugarejos – níveis abaixo do urbano – deve e pode
ser tratado como um nível de assistência social. Dependendo,
assim e exclusivamente, do subsistema de governo e, à falta
deste, dos próprios habitantes rurais, como já vem ocorrendo, sua
quantificação e localização não tem maiores problemas. Aqui, as
necessidades são as mesmas para todas, tais como educação
primária, higiene, primeiros socorros, base para a vida
comunitária. Sem dúvida, condição de implantação variarão entre
os diversos subespaços, mas a avaliação das necessidades nem
mesmo necessita estudos complicados. Apenas, devemos ter em
mente que o desenvolvimento econômico e social da região levará
a que muitas dessas funções sejam realizadas em cidades
próximas, na medida em que aumente a acessibilidade física e
financeira de todos.
Como as cidades locais se transformaram devido aos novos modelos de
informação e de consumo, alguns “lugarejos” passaram pelo mesmo processo, se
transformando em cidades.
Santos (1996 [1993], p. 52), nesse sentido, pondera que:
As cidades locais se especializaram tanto mais quanto na área
respectiva há possibilidades para a divisão do trabalho, tanto do
ponto de vista da materialidade quanto do ponto de vista da
dinâmica interpessoal. Quanto mais intensa a divisão do trabalho
numa área, tanto mais cidades surgem e tanto mais diferentes são
uma das outras.
Com a intensificação da divisão territorial do trabalho, fluxos de diferentes
naturezas são fortalecidos, as cidades complexificam cada vez suas funções
urbanas e novas cidades surgem, fortalecendo ainda mais a divisão territorial do
trabalho e a vida de relações, correspondente. Nas cidades de Arco-Íris, Flora
Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Pracinha e São João do Pau D`Alho, com
população de 1.925, 1.752, 3.630, 3.916, 2.863 e 2.103 habitantes,
respectivamente (Censo, 2010), as necessidades como educação primária,
primeiros socorros, higiene, base para a vida comunitária, ainda são elementos
constituintes e continuam, ainda hoje, em num nível de assistência social,
41
vivendo dos fundos de repasses governamentais. Portanto, na perspectiva de
Milton Santos, esses aglomerados não poderiam ser considerados urbanos.
No entanto, nos “lugarejos”, mesmo sendo preponderantes as atividades
acima mencionadas, novos elementos são incorporados nos permitindo
caracterizá-los enquanto cidades, pois as funções urbanas se diversificam
passando a responder às necessidades mínimas da população. No entanto, no
início do século XXI, ponderamos, após inúmeros levantamentos bibliográficos e
de trabalhos de campo, que esses aglomerados mantém em sua estruturação
elementos que os caracterizam como cidades, neste contexto, como cidade local.
Portanto, uma indagação sempre será feita, ou seja, o que se considera
por necessidades vitais mínimas. Entendemos que as necessidades vitais
mínimas são o acesso inadiável a bens e produtos que permitam a sobrevivência
humana e a permanência de um aglomerado urbano, mesmo que esse seja
destinado ao reservatório de mão de obra. As funções urbanas são incipientes,
mas existem, e mesmo com essa incipiência, as necessidades vitais mínimas e
inadiáveis são satisfeitas, apresentando a dimensão mínima do urbano,
principalmente se analisarmos essas localidades por elementos para além das
funções econômicas. (Quadro um e tabelas um e dois)
Quadro 1 Arco-Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Pracinha e S. J. do Pau D’ Alho Meios de consumo coletivo e individual e outros – 2010
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Tabela 1
Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Principais locais de consumo – 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existên
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Hospital
onde obtém o serviço Frequência % Sim Não
X Adamantina 85 85,00
Adamantina/Marília 7 7,00
Adamantina/Presidente Prudente 2 2,00
Adamantina/Marília/Pte Prudente 1 1,00
Presidente Prudente/Marília 1 1,00
Marília 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Não utiliza 2 2,00
Posto de saúde onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 95 95,00
X Mariápolis/Adamantina 2 2,00
Não utiliza 3 3,00
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 79 79,00
X Adamantina/Presidente Prudente 5 5,00
Adamantina/Lucélia 2 2,00
Adamantina/Marília/Pte Prudente 2 2,00
Presidente Prudente 2 2,00
Adamantina/Tupã 1 1,00
Adamantina/Marília 1 1,00
Adamantina/Dracena/Pte Prudente 1 1,00
Marília 1 1,00
Lucélia 1 1,00
Não utiliza 5 5,00
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 65 65,00
X Adamantina 16 16,00
Adamantina/Mariápolis 4 4,00
Não utiliza 15 15,00
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 17 17,00
X Não utiliza 83 83,00
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 92 92,00
X Adamantina 1 1,00
Não utiliza 7 7,00
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 37 37,00
X Mariápolis 34 34,00
Adamantina/Mariápolis 22 22,00
Adamantina/Inúbia Paulista 3 3,00
Adamantina/Pte Prudente/Mariápolis 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Mariápolis/Inúbia Paulista 1 1,00
Inúbia Paulista 1 1,00
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 73 73,00
X Adamantina/Mariápolis 12 12,00
Mariápolis 5 5,00
Presidente Prudente 4 4,00
Adamantina/Presidente Prudente 3 3,00
44
Adamantina/Inúbia Paulista 1 1,00
Não utiliza 2 2,00
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 29 29,00
X Adamantina 9 9,00
Cidades da região 3 3,00
Panorama 1 1,00
Adamantina/Mariápolis 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Não utiliza 56 56,00
Pescaria, igreja, lanchonete, rua e praça (Mariápolis)
Festas e lanchonetes (Adamantina e cidades da região)
Balneário (Panorama)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 39 39,00
X Adamantina 6 6,00
Adamantina/Mariápolis 1 1,00
Londrina 1 1,00
Araçatuba 1 1,00
Não utiliza 52 52,00
Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)
Londrina e Araçatuba (Faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 2 Arco-Íris
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo – 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência n
a cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência % Sim Não
X Tupã 50 83,33
Tupã/Marília 10 16,67
Posto de saúde onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 59 98,33
X Tupã 1 1,67
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Tupã 47 78,33
X Não utiliza 13 21,67
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 46 76,67
X Tupã/Arco Íris 2 3,33
Não utiliza 12 20,00
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco-Íris 15 25,00
X Não utiliza 45 75,00
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco-Íris 100 100,00
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Tupã 52 86,67
X Tupã/Arco Íris 5 8,33
Arco-Íris 3 5,00
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
45
Sim Não Tupã 57 95,00
X Ganha 2 3,33
Não utiliza 1 1,67
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 10 16,67
X Tupã 7 11,67
Não utiliza 43 71,67
CCI, Praça, futebol, pescaria, rio (Arco Íris)
Baile, festas, clube, pesqueiro (Tupã)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 17 28,33
X Tupã 3 5,00
Tupã/Arco Íris 1 1,67
Adamantina/Arco Íris 1 1,67
Osvaldo Cruz 1 1,67
Não utiliza 37 61,67
Tupã (ensino médio particular
e faculdade) Adamantina (faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
A população das cidades de Mariápolis e Arco-Íris necessitam se deslocar
para outras localidades, principalmente para Adamantina e Tupã, cidades um
nível acima no que concerne às funcionalidades, para realizar suas atividades.
Os moradores de Mariápolis e Arco-Íris utilizam-se, na própria cidade, de
serviços e equipamentos urbanos públicos, como creche e ensino fundamental e
médio, assim como posto de saúde destinado aos atendimentos básicos de
saúde. No que se refere à aquisição de confecções e armarinhos, calçados e
alimentos, uma boa parcela dos entrevistados da cidade de Mariápolis procura
esses bens em outras localidades. Para a cidade de Arco Íris, os deslocamentos
intensificam-se ainda mais. Dos entrevistados em Arco Íris, nenhum adquire
confecções, calçados e armarinhos na cidade e, no que tange ao comércio
alimentar, apenas 8,33% declararam comprar os produtos concomitantemente
em tupã/Arco Íris, 5,00% os adquirem somente em Arco Íris e 86,67% para ter
acesso a esses bens individuais se deslocam para a cidade de Tupã.
Os que adquirem mercadorias no comércio local, fazem-no pelas
facilidades de pagamento, como, por exemplo, anotações em cadernetas, sem
comprovação de renda, sem emissão de cheque pré-datado, etc, entrelaçando-se
as relações de conhecimento e confiança com as relações econômicas. Essas
pessoas aceitam pagar um preço mais elevado pelas mercadorias, mas
conseguem obtê-las sem maiores dificuldades.
Notamos, ainda, que a população desloca-se para Adamantina e Tupã para
ter acesso a serviços de ensino privado, desde o nível fundamental ao superior,
46
bem como os cursos profissionalizantes, de idiomas e de computação e
informática, dentre outros. E são naquelas localidades também que buscam os
serviços do poder judiciário, da previdência social, de um sistema bancário mais
diversificado, de médicos particulares e pronto atendimento de saúde mais
especializado e, finalmente, de comércio.
Quando a demanda de serviços de saúde em determinadas especialidades
não pode se atendida em Adamantina e Tupã, essa população recorre à cidade
de Presidente Prudente para Mariápolis e Marília para a cidade de Arco-Íris. Em
Presidente Prudente, além de serviços médicos, procura o comércio, educação e
em alguns órgãos públicos, como observamos na tabela três, que demonstra a
dependência da população de Mariápolis com relação a Presidente Prudente,
Marília e São Paulo. A dependência da população de Arco-Íris a esses bens e
serviços está mais relacionada com a cidade de Marília e São Paulo, tabela
quatro.
Tabela 3 Mariápolis
O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente
SIM N. % NÃO N. %
79 79,00 21 21,00
Motivo Frequência %
Saúde 31 31,00
Passeio 21 21,00
Compras 10 10,00
Saúde/passeio 10 10,00
Saúde/compras 6 6,00
Não informou 1 1,00
Relação com Marília
SIM N. % NÃO N. %
81 81,00 19 19,00
Motivo Frequência %
Saúde 75 75,00
Passeio 5 5,00
Saúde/passeio 1 1,00
Relação com São Paulo
SIM N. % NÃO N. %
44 44,00 56 56,00
Motivo Frequência %
Passeio 32 32,00
Moradia 4 4,00
Trabalho 3 3,00
Saúde 3 3,00
Passeio/compras 1 1,00
Passeio/saúde 1 1,00
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
47
Tabela 4 Arco-Íris
O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente
SIM N. % NÃO N. %
7 11,67 53 83,33
Motivo Frequência %
Passeio 2 28,57
Médico 2 28,57
Trabalho 2 28,57
Presidio 1 14,28
Relação com Marília
SIM N. % NÃO N. %
51 85,00 91 15,00
Motivo Frequência %
Saúde 37 72,55
Lazer 5 9,80
Compras 1 1,96
Saúde/compras 1 1,96
Saúde/lazer 1 1,96
Saúde/lazer/compras 1 1,96
Trabalho 1 1,96
Relação com São Paulo
SIM N. % NÃO N. %
17 28,33 43 71,67
Motivo Frequência %
Passeio 10 58,82
Moradia 5 29,41
Trabalho 3 17,65
Compras 1 5,88
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Mesmo havendo uma diferença nas finalidades de deslocamento para as
três cidades, observamos nessa rede de relações que a amplitude dos papéis
exercidos pelas diferentes localidades têm relação com o tamanho demográfico
da população. Isso demonstra que as funções urbanas desempenhadas por cada
núcleo estruturam o espaço pela rede de cidades e possibilitam o
desenvolvimento de uma conceituação do ponto de vista qualitativo.
Como podemos observar a cidade de Mariápolis e Arco-Íris estão situadas
no limite inferior da complexidade urbana. As necessidades básicas são supridas,
como atendimento no posto de saúde, creche, igreja, produtos básicos de
alimentação e vestuário podendo ser pensadas pelos conteúdos de cidades
locais. Mas, também devemos ponderar que entre elas há uma diferenciação,
pois uma vez que bens e serviços encontrados em Mariápolis são mais
desenvolvidos em quantidade e qualidade, o percentual de utilização na própria
cidade se torna maior dos encontrados na localidade de Arco-Íris.
Nessa subtotalidade da rede urbana, os dados identificam a existência de
uma rede hierárquica, mas também da superposição e/ou justaposição da rede
48
urbana, conforme estamos discutindo. E, nesse sentido, expressa os conteúdos
de cada localidade inserida no contexto.
Ainda no sentido de pensar os conteúdos desses aglomerados, Santos
(1996 [1993] p. 66), trabalhando com a questão da “autonomia” de M. Sorre,
aponta que “toda cidade dispõe de um fermento local de vida, própria a ela
mesma, independente de impulsões externas”.
Nessas localidades o fermento local de vida é a proximidade espacial, a
visibilidade dos processos sociais que mantém elementos para ações políticas
baseadas no assistencialismo e uma organização da vida comunitária própria
desses aglomerados. Ainda, acrescenta-se a esses fatores as relações que
envolvem a tríade rural/urbano/agrícola que as tornam cidades únicas e, mesmo
com interferência de outros referenciais urbanos impostos pelos meios de
comunicação, suas características não se dissolvem.
As dinâmicas urbanas estão intrinsecamente relacionadas com as
atividades que as deram origem, não no sentido de dependência estrita das
atividades primárias, mas, no sentido de uma relação indissociável da tríade
rural/urbano/agrícola (ROMA, 2008), características fundantes desses
aglomerados.
Em nosso recorte territorial de análise o café foi a atividade primária que
deu origem a essas localidades. Essa atividade que lhes deu impulso não faz
mais parte do contexto regional. Agora permanecem atividades ligadas à
produção camponesa e às atividades agrícolas baseadas na ciência, na técnica e
na informação, como a produção canavieira.
Ainda devemos ponderar que as cidades que estamos estudando não
podem ser chamadas de “pseudocidades”, pois para Santos (1982, p. 70) as
“pseudocidades” são aquelas que dependem de atividades primárias e mesmo
não primárias como as cidades industriais ou cidades religiosas, universitárias,
dentre outras, ou até mesmo existem “pseudocidades” em zonas industriais
sendo estas, também, chamadas de cidades-dormitórios. As “pseudocidades”
não possuem a complexidade mínima e interdependência entre as funções, fator
observado nas localidades estudadas.
Ojima, Silva e Pereira (2007), ao discutir o termo cidade-dormitório,
apontam que essas localidades são frutos da conurbação e da formação de
metrópoles que complexificam o processo de urbanização e, ainda, que o termo
49
se vinculou à marginalização e periferização da pobreza, principalmente, nos
contextos metropolitanos, sendo na maioria das vezes empregado em um
sentido pejorativo. As principais características que envolvem o conteúdo dessas
cidades é que são essencialmente utilizadas como local de residência, as demais
atividades cotidianas e o trabalho são realizadas em outros municípios. Assim, os
movimentos pendulares são necessários para pensar as características dessas
cidades a partir de evidência comparativa, pois a pendularidade não é a única
associação a ser feita no termo cidade-dormitório. Os autores acrescentam que
com mais frequência o termo está associado às condições socioeconômicas, o
dinamismo econômico e à qualidade de vida dessas localidades.
Nas cidades que estamos analisando, além da função de reservatório de
mão de obra, a moradia se torna um elemento mantenedor da população nesses
espaços, indicando que a função residencial é uma característica. A vida de
relação existente entre esses aglomerados e as cidades com maior complexidade
funcional é intensa, revelando que os movimentos pendulares também são
marcantes. No entanto, as atividades cotidianas como acesso aos bens e serviços
para manter as necessidades inadiáveis da população são satisfeitas na própria
cidade. Observamos, ainda, que pelas condições socioeconômicas, pelo
dinamismo econômico e pelas condições de vida as cidades analisas também
poderiam ser entendidas enquanto cidades-dormitórios, pois como iremos
trabalhar nos capítulos posteriores as condições e o dinamismo econômico são
fatores que aferem as piores condições de vida da população.
No entanto, não corroboramos com o termo cidade-dormitório, pois as
características que elencam para pensar os conteúdos desses aglomerados são
estritamente econômicas. A função residencial, as relações de vizinhança, o
tempo distinto do da metrópole, as relações de conhecimento, a vida política não
são considerados, como se a realização da vida só se contemplasse nas relações
de trabalho e no dinamismo econômico. Contudo, não podemos nos referir a
espaços metropolitanos, mas, para nossa área de estudo as cidades, mesmo
apresentando a função residencial como elemento estruturante, elevados
movimentos pendulares, pouco dinamismo econômico, condições
socioeconômicas que afetam as condições de vida da população não são cidade-
dormitório, porque há a realização da vida além do trabalho e do dormir e há um
fermento de vida local.
50
Carlos (2011, p. 64 e 65) realiza uma discussão sobre a produção do
espaço considerando as condições de vida da sociedade em sua multiplicidade de
aspectos, conforme podemos observar a seguir:
É assim que cada momento da história produz um espaço, supõe
as condições de vida da sociedade em sua multiplicidade de
aspectos. Pressupõe a superação do entendimento da produção do
espaço restrito ao plano do econômico, abrindo-se para a
compreensão da sociedade em seu movimento mais amplo, isto é,
o que engloba e supera o mundo do trabalho e da circulação das
mercadorias, apesar de considerar o momento atual como aquele
em que se criam novos setores de atividades como extensão das
atividades produtivas, criadoras de novos espaços. Por outro lado,
também aponta a produção do espaço em sua dimensão abstrata
de mercadoria.
Contraditoriamente, a sociedade revela outro momento, aquele
dos usos do espaço (objetivando a reprodução da vida) que a
prática espacial vai desvendando.
Observamos nas cidades analisadas que o ritmo de vida não expressa mais
as características dos lugarejos, mas, também, não é o metropolitano dotado de
um tempo mais rápido. No entanto, está baseado em uma dinâmica onde as
relações de vizinhança predominam, a identificação com o lugar, a casa própria
como elemento fundamental para a permanência dessas pessoas, a proximidade,
o conhecimento mútuo, as práticas políticas. Todos esses fatores nos demostram
que para além das funções urbanas econômicas existem outros determinantes
que fermentam essas localidades, mesmo que esse urbano seja, dialeticamente,
negado em alguns momentos.
Assim, a dimensão urbana dessas cidades em nenhum momento pode ser
comparado com de outras realidades urbanas. O urbano existente nesses
aglomerados se mescla entre um tempo lento, entre um modo de vida rural e
urbano que não pode ser desconsiderado somente porque suas funções não são
tão desenvolvidas como em outros lugares.
Beaujeu-Garnier e Chabot G. (1970 [1963]), apreendem a dimensão do
urbano, principalmente, pelas funções urbanas econômicas. Porém, ao descrever
as dinâmicas do modo de vida urbano, nos apresentam que:
El ciudadano vive codo a codo com sus semejantes; sigue el
mismo caminho y en el mismo momento que centenares de otros
hombres; su trabajo está regulado por horários hábiles que no
dependen de su voluntad; puede prever y calcular, ya que su
ganancia depende de otros hombres y no está sujeta a los
51
caprichos de la naturaliza. Constituye uma de las minúsculas
ruedas de un enorme engranaje. (BEUAJEU-GARNIER E CHABOT,
1970 [1963] p. 414)
Na realidade que viemos pensando observamos que o modo de vida
urbano se processa, pois as pessoas vivem lado a lado, o trabalho está ritmado
por horários determinados por um modo organizacional próprio do urbano, não
estando mais ditado pela natureza e, podem prever e calcular seus ganhos
dependendo este de seu mercado consumidor. Assim, não é o modo
metropolitano de urbano, como frisamos, mas existe em suas práticas cotidianas
uma organização própria de um ritmo urbano.
Essas cidades correspondem a mais de 4.000 localidades no Brasil e,
mesmo que o contingente populacional e suas funções urbanas econômicas não
sejam tão expressivos, fazem parte do processo de urbanização brasileira e,
portanto, não considerá-las enquanto urbanas nos forçaria a concordar com a
obra de José Eli da Veiga, “Cidades Imaginárias: o Brasil é menos urbano do que
se calcula (2002)”.
Essas localidades se afirmam ainda mais como urbanas se utilizarmos do
trabalho de Endlich (2009). A autora nos diz que se trata de pensar as diversas
localidades da rede urbana de forma comparativa. Assim, ao compararmos as
cidades localizadas em nossa área de estudo, podemos claramente observar que
as cidades sub-regionais (Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz e Lucélia)
se transformaram e se dinamizaram para além das necessidades vitais mínimas,
e que abaixo desse patamar estão os “lugarejos”, que na realidade que estamos
estudando adquiriram os conteúdos de cidade local.
Ressaltamos que analisar os conteúdos existentes nas cidades locais
somente pelas funções urbanas econômicas, sem considerar os elementos da
reprodução da vida em sua multiplicidade de aspectos ou somente ponderar
esses elementos na análise, não nos permitiria compreender os verdadeiros
nexos e conteúdos estruturantes desses espaços. Apreender o conteúdo dessas
cidades perpassa pelos dois vieses analíticos, sendo, assim, essa interação de
elementos nos possibilita entender os diferentes momentos da produção e
reprodução da vida, a divisão territorial e social do trabalho e, assim, como se
produzem as cidades e as redes.
52
Contudo, classificar essas cidades enquanto cidade local, centros sub-
regionais e, sucessivamente, não traz em si elementos importantes para a
discussão, pois as classificações que tendem, somente, à hierarquização não
explicam os conteúdos e os nexos dessas realidades urbanas. Porém, entendê-
las enquanto local ou sub-regional pela leitura de conteúdo nos possibilita
entender os demais processos que são gerados no contexto, pois são as
características presentes em cada realidade que irá intensificar ou modificar os
processos socioespaciais.
Assim, o que caracteriza essas cidades é a relação e a mistura entre os
processos, exigindo que seus conteúdos sejam pensados num híbrido de relações
articuladas e complementares.
Uma das principais discussões em torno da questão do híbrido é do filósofo
Bruno Latour, que destaca a necessidade de pensar o híbrido entre natureza e
sociedade, e não somente coisas naturais e sociais, ou sujeito e objeto. Nessa
discussão aponta para a perspectiva da proliferação dos híbridos. E frisa
(LATOUR, 1994, p. 11):
O buraco de ozônio sobre nossas cabeças, a lei moral em nosso
coração e o texto autônomo podem, em separado, interessar a
nossos críticos. Mas se uma naveta fina houver interligado o céu, a
indústria, os textos, as almas e a lei moral, isto permanecerá
inaudito, indevido, inusitado.
O autor aponta que a discussão do “moderno” designa um conjunto de
práticas que são diferentes e que devem permanecer distintas, no entanto,
deixam de ser, pela proliferação dos híbridos. Assim, elenca dois conjuntos de
práticas, no primeiro, cria-se a mistura, ou seja, um híbrido de natureza e
cultura, já o segundo conjunto por “purificação”, pensaria duas zonas distintas,
humanos de um lado, e não-humanos de outro. Assim, a modernidade decorre
da criação conjunta dos elementos, mas separando o tratamento, enquanto os
híbridos continuam a multiplicar-se como consequência direta da separação. E,
acrescenta que “é essa dupla separação que precisamos reconstituir, entre o que
está acima e o que está em baixo, de um lado, entre os humanos e os não-
humanos, de outro” (LATOUR, 1994, p. 19).
Santos (2006 [1996]) realiza uma discussão enfatizando a questão sobre
“O Espaço Geográfico, um híbrido”. Sendo o espaço um resultado da
inseparabilidade entre sistemas de objetos e sistemas de ações, como pensá-lo a
53
partir de conceitos puros e, nesse sentido, o autor trabalha com a noção de
forma-conteúdo que é, na geografia, o correlato à ideia de mistos ou híbridos.
Ao trabalhar com território usado, Maria Laura Silveira (2008) aponta que
esse é um quadro de vida que se caracteriza em um híbrido de materialidade e
de vida social. O território usado abriga ações passadas já cristalizadas em
objetos e normas e as ações presentes e, acrescenta, “no es um dualismo, no
son conceptos puros porque, de um momento histórico a outro, algunas
existencias permanecen, otras se transforman parcialmente, otras desaparecen”
(SILVEIRA, 2008, p. 04)
Também no que tange à discussão de híbrido, Pablo Ciccolella (2010),
trabalha com a ideia da cidade híbrida ou mestiça. Para esse autor entender a
cidade híbrida consiste em pensar a sobreposição de modelos de
desenvolvimento. Assim, o autor aponta que a globalização e os processos como
os de informação, novos centros econômicos, novos nexos financeiros, alterações
territoriais e novas paisagens e morfologias que transformam as metrópoles,
coexistem, ao mesmo tempo, com processos de resistência, permanências e
espaços de exclusão. Portanto, a cidade mestiça ou híbrida consiste em uma
realidade territorial marcada por crescente instabilidade entre tecido de redes e
lugares, fluxos e fixos, estruturas com tempo e velocidades diferentes, uma
mescla de ordem e caos e de cenários instáveis, conduzindo a cenários híbridos.
Assim, “quizás deberemos acostumbrarnos a estudiar a las ciudades como
resultado de processos sobreimpuestos violentamente sobre territorios
heredados: ciudades híbridas o mestizas” (CICCOLELLA, 2010, p. 11).
Como aponta Bruno Latour há uma proliferação dos híbridos, portanto,
emerge a necessidade de trabalharmos com a reconstituição das relações que
foram ou são pensadas separadamente. Nas discussões apresentadas, o
entendimento do híbrido está na relação sociedade e natureza, sujeito e objeto,
na inseparabilidade entre sistemas de objetos e sistemas de ações, tanto para o
espaço geográfico quanto para território usado, que para Santos e Silveira (2006
[2001]) são sinônimos e, na ideia de cidade híbrida.
Portanto, são discussões que nos remetem a pensar na inseparabilidade
dos elementos que constituem cada processo, como se imbricam, quais as
relações, a mistura, a síntese. Neste contexto, identificando que as mudanças
que se produzem sobre territórios herdados, que novos processos mesmo
54
modificando os espaços, de maneira conflituosa e contraditório, mantém
estruturas passadas.
No contexto que viemos discutindo, apreendemos que processos como os
da difusão de novos modelos de informação e consumo, da interiorização da
urbanização e da reestruturação produtiva da agropecuária modificam os papéis
das cidades. Contudo, as cidades locais não deixaram de ser as cidades dos
notáveis, os notáveis que exerciam papel de destaque no contexto dos lugarejos,
continuam se mantendo. Esse fator pode ser exemplificado, observando o papel
político que o padre exerce nas eleições municipais, a disputa política gerada em
torno desse agente social é intensa e as aparições deste nos eventos eleitorais é
fundamental para fortalecer determinado candidato3.
Entretanto, há uma imbricação com a cidade econômica, pois se mantém
os notáveis e, ao mesmo tempo, se processa o fortalecimento dos agentes
característicos das cidades econômicas. Estes mesmo não residindo nas cidades
locais, mantém influência e prestígio, pois, a dinâmica regional, principalmente,
com a intensificação da atividade agroindustrial canavieira, está pautada nas
características da cidade econômica e, a cidade local inserida no contexto.
Assim, podemos falar de um híbrido entre a cidade dos notáveis e a cidade
econômica, e como iremos discutir em capítulos posteriores, neste mesmo
sentido, um híbrido entre as relações que envolvem a tríade
rural/urbano/agrícola.
Ao analisar as funções urbanas econômicas como fizemos até o momento,
observamos que as cidades locais, originárias dos “lugarejos”, são urbanas, mas,
devido à incipiência dessas funções, o limite entre o urbano e o não urbano se
processa intensamente, podendo negar a existência desse caráter, pois todo
urbano contém um não urbano. É nesse processo dialético que se estruturam
essas cidades, ou seja, num híbrido entre o caráter urbano e o não urbano.
Para Ciccolella (2010), com a justaposição de modelos de
desenvolvimento, o processo de hibridização revela uma série de atributos, ou
seja, uma exacerbação de contradições e contrastes, agravamento das
desigualdades sociais, econômicas e territoriais, seletividade territorial crescente
do capital e maior hibridação cultural. O referido autor efetua suas análises para
3 O padre no sermão religioso pediu para os fieis observarem os candidatos que
frequentava a igreja antes de decidirem em quem deveria governar a cidade, sendo que
um dos candidatos estava na igreja - o candidato eleito foi o que estava na igreja.
55
contextos metropolitanos, mas o processo de globalização remodela as
estruturas preexistentes e modela um novo processo de urbanização. E como
podemos constatar estão presentes em nossa área de estudo através da
expansão do agronegócio globalizado, que efetua mudanças na região e cidades.
Portanto na sobreposição de divisões do trabalho que se apresenta o híbrido
entre as cidades dos notáveis e a cidade econômica, como no híbrido entre as
relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola.
Ao nos debruçar sobre o híbrido existente entre o caráter urbano e não
urbano nos referimos ao limiar existente nos diferentes modelos organizacionais.
O caráter urbano das cidades locais se expressa na coalescência entre as funções
urbanas, mesmo sendo essas situadas no limite inferior da complexidade urbana,
suprem as necessidades básicas da população. Mas, também, o urbano se revela
ao apreender a produção do espaço numa multiplicidade de aspectos para além
do econômico. No entanto, pela incipiência das funções urbanas econômicas, o
limite entre urbano e não urbano se processa intensamente, e num processo
dialético, negam o caráter urbano. Assim, nesse limite, o não urbano se expressa
no modo de vida rural, na presença do agrícola, mas, também, no modo de vida
dos lugarejos, que não tão somente reflete a vida rural.
Nesse processo de afirmação e negação do caráter urbano, os elementos
nos permitiriam seguir um raciocínio para compreender esses aglomerados
enquanto não urbanos, sendo expressão do modo de vida rural e dos lugarejos,
ponto. No entanto, estaríamos negando o processo dialético existente no
contexto e, recusando-nos a pensar o urbano em outras dimensões. O híbrido
entre urbano e não urbano revela as relações entre as dimensões, a mistura dos
elementos e a síntese que nos demostrará que a vida de relações, intensificada
pelas incipientes funções urbanas reafirmando, ao mesmo tempo, o urbano pelas
práticas socieospaciais que são geradas a partir da vida de relações, sendo essas
práticas elemento da produção do espaço das cidades locais, compreendidas
enquanto cidades híbridas, melhor dizendo, cidades locais híbridas.
Todas as cidades são híbridas, o que tornaria uma redundância
caracterizá-las enquanto cidades locais híbridas. Contudo, destacamos que o
híbrido aqui não é apenas um adjetivo, mas, sim, um substantivo presente
nessas realidades urbanas.
Portanto, a conceituação de cidade local híbrida perpassa por dimensões
além das funções econômicas. Esse tipo de cidade pressupõe em sua
56
estruturação um híbrido entre os diferentes elementos e é, nesse sentido, que
partimos das funções econômicas, mas demonstraremos nesta tese que, para
entender as especificidades dessas realidades urbanas, outras dimensões devem
ser contempladas.
57
CAPÍTULO 2
RELAÇÕES ENTRE AGENTES
SOCIAIS/SUJEITOS E
VISIBILIDADE DOS
PROCESSOS
58
Pensar nas relações entre os agentes sociais/sujeitos e a visibilidade dos
processos sociais, características dos conteúdos existentes nas cidades locais
híbridas, nos possibilitará melhor compreender as dinâmicas existentes entre a
dimensão material e política da pobreza e isso, como parte do próprio conteúdo
dessas localidades.
Assim, neste capítulo discutiremos a questão da pobreza estrutural, a
relação entre pobreza e circuito inferior da economia e as questões entre
assistência social e assistencialismo, como elementos estruturadores das
relações políticas. Demonstraremos, assim, que esses fatores são constitutivos
dessas realidades, reforçando a questão da pobreza em suas múltiplas
dimensões4.
Para tratar dessas questões utilizaremos da realidade socioespacial das
cidades de Pracinha, Flora Rica, São João do Pau ‘Alho e Mariápolis, pois dentre
as cidades da área de análise são as que expressam mais intensamente as
questões postas para o debate.
2.1. Pobreza enquanto problema social
A pobreza não é apenas uma categoria econômica, mas acima de tudo
política, que se apresenta como problema social (SANTOS, 1978). Nesse
sentido, destacamos a necessidade de pensarmos a pobreza material e política,
pois sendo a pobreza um problema social analisá-la somente pelo viés material
(econômico) não nos permite uma abordagem satisfatória sobre a questão, pois
é na inter-relação entre as questões materiais (econômicas) e políticas que se
abrange o problema social da pobreza.
Para Santos (2004 [2000], p.69), cada período histórico produziu um
determinado tipo de pobreza ou “três formas de dívida social”: uma pobreza
incluída, a marginalidade e a pobreza estrutural globalizada.
A pobreza incluída era vista como uma pobreza acidental, residual e como
um acidente natural ou social de base local. Assim, as soluções eram privadas,
assistencialistas e locais. Nesse momento o consumo ainda não era largamente
4 Frisamos que, ao refletirmos sobre pobreza e sua relação com o circuito inferior, não
nos deteremos neste capítulo às características desse circuito, ponto que será debatido
no capítulo quatro, ao tratarmos das relações interurbanas, pois circuito inferior e
superior são complementares e só podem ser entendidos em sua inter-relação.
59
difundido, tornando a pobreza menos discriminatória (SANTOS, 2004 [2000],
p.70).
Em um segundo momento, a pobreza é vista como marginalidade, uma
doença da civilização, na qual o consumo se impõe sendo o centro das
explicações. Os pobres são chamados de marginais e o enfrentamento dos
problemas é dado pelo poder público (SANTOS, 2004 [2000] ,p.71).
No período atual, a pobreza é estrutural e globalizada. Trata-se de uma
pobreza diferente das duas anteriores, uma “pobreza pervasiva, generalizada,
permanente, global”, pois quem é pobre será pobre em todos os lugares. Nesse
processo presenciamos uma naturalização da pobreza, na qual “os pobres, isto é,
aqueles que são objetos da dívida social, foram já incluídos e, depois,
marginalizados, e acabam por ser o que hoje são, isto é, excluídos”. Na pobreza
estrutural globalizada, o desemprego se expande, a remuneração do emprego se
torna pior e o poder público se retira das tarefas de proteção social (SANTOS,
2004 [2000], p.72 e 73).
Maria Laura Silveira, analisando o circuito inferior, aponta a existência de
uma pobreza estrutural como produto da crescente racionalização da sociedade e
do território e esse processo de racionalização se globalizando também o faz
seus produtos, como a pobreza. “De ese modo, la división del trabajo nacida del
neoliberalismo ha sido productora de pobreza y deudas sociales”, e é com a
superposição da divisão do trabalho das grandes corporações baseadas em
técnica, ciência e informações e mecanismos financeiros que as formas de
trabalhar e os lugares se desvalorizam, “de allí los mecanismos de exclusión y
pobreza” (SILVEIRA, 2008, p. 1476).
Também no sentido de pensar as questões da pobreza no período atual,
Quijano (2004) aponta para os processos que conduzem e ordenam a
perspectiva atual da América Latina e como traço principal destaca a continuada
e crescente polarização social da população, e acrescenta que os processos em
curso incidem efeitos sobre os trabalhadores, lançando a maioria ao
desemprego, à precarização das condições de emprego, à fragmentação social
dos trabalhadores e de suas instituições representativas, e uma crise crescente
de sua identidade social. Desta forma, estruturando uma situação de
empobrecimento crescente, aumento proporcional de pobres e dos níveis de
pobreza são a tendência presente na situação da América Latina.
60
Nesse sentido, Antunes (2006, p. 72) aponta que o desemprego e a
precarização das relações de trabalho aprofundam-se no início da década de
1970 através da reorganização produtiva em escala global, cujos contornos mais
evidentes foram o neoliberalismo, a privatização do Estado e a desmontagem do
setor produtivo estatal. Essas questões aprofundam a pobreza e as
desigualdades sociais devido à exclusão de grande parte dos trabalhadores do
processo produtivo, o desemprego. Nesse sentido “ser excluído do processo de
exploração do trabalho no capitalismo não se torna um privilégio, e sim um fator
de inserção em uma condição de privação e de pobreza...” (THOMAZ JUNIOR e
GONÇALVES, 2009, p. 130).
Esses fatores reforçam ainda mais as desigualdades sociais que no Brasil
são estruturais e têm sido característica histórica predominante, sendo
considerado como um dos países de maior concentração de renda e desigualdade
social, fatores fundamentais para entendermos o processo de exclusão social
(VIEIRA et. alli., 2010) e de pobreza.
Apesar da pobreza não poder ser tomada como sinônimo de exclusão
social, ambas mantém uma relação de proximidade, pois grande parcela dos
pobres também são excluídos. Nesse contexto, as desigualdades sociais se
aprofundam e os impactos da globalização sobre a economia urbana intensificam
ainda mais a relação entre circuito inferior e pobreza, acentuando a exclusão
social. A produção da pobreza urbana pode ser facilmente constatada na maior
parte das cidades brasileiras, não sendo uma exclusividade das metrópoles, mas,
também presente nas cidades pequenas.
Portanto, diante dos processos de globalização, naturalização da pobreza,
expansão do desemprego, da má remuneração, da precarização das relações de
trabalho, da fragmentação social dos trabalhadores, da polarização social e um
crescente empobrecimento da população, podemos dizer que a pobreza nos dias
atuais não é funcional ou um acaso, mas, sim, um processo estrutural, como
apontam os diversos autores acima mencionados.
Além de considerar os fatores de estruturação em escala global –
considerando que os processos apontados são globalizados – também devemos
ponderar os elementos do local.
No contexto das cidades locais híbridas, como discutimos no capítulo
anterior, tem-se aglomerados urbanos que atendem apenas às necessidades
61
básicas de sua população, sendo essa uma característica que fôra, na década de
1980, utilizada para conceituar as cidades locais que estavam no limite inferior
da complexidade urbana, conforme descrito por Santos (1982). Nestes termos,
as cidades locais híbridas detêm funções urbanas mais simples e estabelecem
relações de dependência com outras cidades. Acoplado a este fator está a
prevalência do circuito inferior da economia. Em vista disto, vejamos como se
reproduz a relação entre pobreza e circuito inferior nessas localidades.
2.1.1. Pobreza e circuito inferior da economia urbana nas cidades
locais híbridas
No que se refere à pobreza e circuito inferior da economia, Santos (1978)
demonstra que a abordagem sobre a pobreza urbana deve ser considerada sobre
os efeitos da modernização, tanto em nível internacional como local, ou o
funcionamento da economia pobre com a economia moderna. Assim, para
entender a pobreza urbana é indispensável analisar a economia urbana não
como um sistema único, mas composto de dois subsistemas – circuito superior e
circuito inferior (SANTOS, 1978, p. 33). Nesse sentido, para as cidades locais
híbridas pensar a pobreza urbana através dos circuitos da economia urbana,
mais especificamente relacionar pobreza e circuito inferior, nos permite entender
a pobreza material que se processa nesses espaços.
Santos (1978, p.37) aponta que a pobreza urbana pensada através dos
dois subsistemas da economia urbana está relacionada com o consumo e que a
sociedade urbana é dividida entre os que têm acesso permanente às mercadorias
e serviços e aqueles que, com as mesmas necessidades, não estão em condições
de satisfazê-las.
Seguindo a linha de pensamento de Santos (1978 e 2004 [1979]) e de
Corrêa (1999), verificamos que uma das principais formas – mas não exclusiva –
de inserção das cidades pequenas na rede urbana é através da constituição do
circuito inferior da economia, destacando, porém, que essa constatação não
implica uma tipologia, segundo a qual a metrópole estaria ligada ao circuito
superior e as cidades pequenas ao circuito inferior. As cidades pequenas não se
inserem na rede urbana unicamente pelo circuito inferior, pois há elos que as
articulam também ao circuito superior, mesmo porque ambos compreendem uma
totalidade que não pode ser pensada apenas a partir de um deles.
Santos (1978, p. 34-35) explica que:
62
O circuito superior emana diretamente da modernização
tecnológica, mais bem representado atualmente, nos monopólios,
não está ligado ao local ou regional, mas sim dentro da estrutura
de um país ou de países.
O circuito inferior é formado de atividades de pequena escala,
servindo, principalmente, à população pobre; ao contrário do que
ocorre no circuito superior, essas atividades são profundamente
implantadas dentro da cidade, usufruindo de um relacionamento
privilegiado com sua região.
É o que verificamos nas cidades locais híbridas do porte populacional que
vimos analisando. Nelas observamos a predominância maciça das atividades de
pequena escala (Quadro um, p. 39) característica do circuito inferior. Nesses
espaços o elo entre os dois circuitos da economia se processa nos nexos
financeiros e na possibilidade de compreensão do circuito da economia urbana
através das relações interurbanas, pois as atividades econômicas urbanas sendo
predominantemente do circuito inferior da economia faz com que seus
moradores dependam de outras cidades para o acesso a bens e serviços na rede
urbana.
No sentido de pensar os nexos financeiros entre os dois circuitos da
economia urbana, Silveira (2009, p 69) destaca que:
Os agentes do circuito inferior, que precisavam de liquidez,
tornavam-se uma clientela cativa e dependente, e o agiota era um
traço de união na economia urbana. As instituições financeiras
bancárias e não-bancárias passam a cumprir esse papel. Podemos
dizer que, hoje, o circuito superior reconhece a importância de
desburocratizar o crédito, para estender suas oportunidades de lucro e, assim, os requisitos exigidos são mínimos.
Ao dotar o território de técnica, ciência e informação, o meio-técnico-
científico-informacional intensifica a fluidez, reforçando a importância dos fluxos,
sobretudo da circulação de dinheiro, ainda mais na Região Concentrada - onde se
insere nossa área de pesquisa – que apresenta uma extrema divisão do trabalho
e uma relevante vida de relações (SANTOS E SILVEIRA, 2006 [2001]).
Ainda nesse sentido, Silveira (2009) acrescenta que as firmas comerciais,
se tornando financeiras, tem-se orientado em direção às camadas mais baixas,
aumentando o consumo, mas com menos oportunidade de produzir. Assim, o
consumo dos pobres passa a se realizar crescentemente no circuito superior e
“em consequência, aumenta a distância entre o circuito superior, portador de
63
mais lucros e menos capacidade ociosa, e o circuito inferior, cada dia mais pobre
e endividado” (SILVEIRA, 2009, p.72).
Mesmo as cidades locais híbridas apresentando em sua estruturação a
predominância do circuito inferior, a relação entre os dois circuitos se perfaz. A
população residente nessas localidades tem acesso aos nexos financeiros e cada
vez mais o consumo é drenado para o circuito superior e superior marginal, já
que a vida de relações é intensa.
Sendo assim, Santos e Silveira (2006 [2001], p. 203) apontam para o
efeito do tamanho da população:
O efeito do tamanho tem importante papel na divisão interurbana
e também na divisão intra-urbana do trabalho; quanto maiores e
mais populosas as cidades, mais capazes são eles de abrigar uma
extensa gama de atividades e de conter uma lista maior de
profissões, estabelecendo, desse modo, um tecido de inter-
relações mais eficaz do ponto de vista econômico.
O tamanho populacional é um fator importante para que as funções
urbanas sejam destinadas apenas a suprir as necessidades básicas da população.
Nesse contexto, essas características não permitem que se desenvolva um
elevado número de empregos. Assim sendo, o desemprego torna-se uma
questão latente nesses espaços urbanos.
Em todas as cidades estudadas constatamos que a falta de oportunidade
de emprego é um dos principais problemas encontrados, conduzindo a uma
elevada pobreza material. Por exemplo, na cidade de Pracinha, dos entrevistados
que estão em idade ativa 36,92% declararam trabalhar e 44,61% não estão
trabalhando no momento, pela falta de oportunidades de emprego na cidade. Os
serviços e comércios presentes nessas localidades sendo em número (Quadro
um) e tamanho reduzidos, gera uma demanda limitada por mão de obra que, na
maioria das vezes, é suprida pelo trabalho familiar.
Além da falta de oportunidade de emprego, observamos que as profissões
dos entrevistados (Tabelas um, 13, 25, 37, 49, 51, 53 e 65) referentes às
ocupações dos entrevistados (em anexo), mantém uma predominância de
ocupações usualmente exercidas pelos segmentos sociais de menor poder
aquisitivo, pois são ocupações que comumente requerem baixo nível de
escolaridade, pouca qualificação profissional e, no geral, são mal remuneradas,
com destaque para as seguintes: diarista, boia-fria, empregada doméstica,
64
pedreiro, trabalhador agrícola (cortador de cana-de-açúcar), dentre outras. As
profissões declaradas pelos entrevistados que se diferenciam das demais foram
de professor, funcionário público municipal e trabalhador agrícola como
maquinista, tratorista, etc.. Ainda nesse sentido, não foi constatado entre os
entrevistados ocupações que usualmente exigem maior qualificação e/ou
conferem remuneração mais elevada, como por exemplo, empresários,
advogados, magistrados, médicos, veterinários, engenheiros, dentre outros.
Podemos observar a renda familiar dos entrevistados das cidades de
Pracinha, Flora Rica, Mariápolis e São João do Pau D‘Alho, nos gráficos um, dois,
três e quatro.
Gráfico 1 Pracinha Renda familiar dos entrevistados - 2010
até 1 salário mínimo – 39%
mais de 1 até 2 sm – 38%
não informou – 15%
mais de 3 até 4 sm – 3% mais de 4 sm – 3% mais de 2 até 3 sm – 2%
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
65
Gráfico 2
Flora Rica Renda familiar dos entrevistados – 2010
mais de 1 até 2 sm – 33%
até 1 salário mínimo – 26%
não informou – 24%
mais de 2 até 3 sm – 11%
mais de 3 até 4 sm – 5% mais de 4 sm – 1%
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 3 Mariápolis
Renda familiar dos entrevistados - 2010
mais de 1 até 2 sm – 44%
até 1 salário mínimo – 22%
mais de 3 até 4 sm – 11%
mais de 2 até 3 sm – 10%
não informou – 7%mais de 4 sm – 6%
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
66
Gráfico 4 São João do Pau D’Alho
Renda familiar dos entrevistados - 2010
mais de 1 até 2 sm – 39%
até 1 salário mínimo – 23%
mais de 2 até 3 sm – 15%
não informou – 15%
mais de 3 até 4 sm – 5% mais de 4 sm – 3%
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Nas quatro cidades, no que tange à renda familiar dos entrevistados, a
maior ocorrência está na faixa de mais de um e até dois salários mínimos,
seguido dos que declararam renda familiar de até um salário mínimo. Assim,
podemos afirmar que a grande maioria dos entrevistados possuem baixa renda
(mais de 50% em todas as cidades); entre mais de dois salários mínimos até
três salários mínimos, observamos, em São João do Pau D’Alho 15%, Flora Rica
11%, Mariápolis 10% e na cidade de Pracinha, apenas 2%, estão nessa faixa de
renda familiar; entre mais de três até quatro salários mínimos, segue São João
do Pau D’Alho 5%, Mariápolis 11%, Flora Rica 5% e Pracinha 3% da renda dos
entrevistados; e mais de quatro salários mínimos, representa a menor
porcentagem de renda dos entrevistados sendo para São João do Pau D’Alho 3%,
Mariápolis 6%, Flora Rica 1% e Pracinha 3%. Portanto, podemos concluir que
temos uma população empobrecida.
Prosseguindo em nossas análises a fim de relacionarmos circuito inferior e
pobreza, devemos ponderar que a prevalência do circuito inferior em uma
economia urbana propicia a criação de riquezas, pois sua dinâmica é baseada no
trabalho intensivo ao invés de capital intensivo, fator que proporciona a geração
de empregos, diversificação das funções, mas, ainda, prevalece a perpetuação
da pobreza.
Silveira (2007, p. 19) ao trabalhar nessa questão, pondera que:
67
O problema é imaginar que essa economia, que corresponde à
maioria da nação e do território, não cria riqueza, emprego nem é
produtiva. Na realidade, o circuito inferior e, tantas vezes, o
circuito superior marginal criam riqueza mais lentamente e, por
isso, menos desigualmente. Com menos capital cria-se mais
emprego.
Ainda nesse sentido, mas referindo-se ao mercado consumidor do circuito
inferior, Silveira (2004, p. 66) destaca:
A concentração de pobres na Cidade de São Paulo acaba tendo um
efeito positivo sobre os volumes produzidos e comercializados.
Cria-se um mercado que, apesar das demandas individuais
limitadas, constitui, pelo grande número de famílias, um efeito
ampliado.
Essa dinâmica é denominada economia da pobreza, pois esses não podem
consumir muito, mas são muitos (SILVEIRA, 2004). Portanto, observa-se uma
diferença clara entre a dinâmica do circuito inferior existente nas metrópoles,
como São Paulo, e o circuito inferior das cidades locais híbridas. Enquanto a
concentração de pobres na metrópole permite um efeito positivo sobre os
volumes produzidos e comercializados criando um mercado consumidor, nas
cidades locais híbridas mesmo o circuito inferior sendo o grande responsável pelo
movimento da economia urbana o seu mercado consumidor é restrito e limitado.
Assim, destacamos que o circuito inferior, no contexto das cidades locais
híbridas, é produtivo e responsável pela geração de emprego e renda,
possibilitando a sobrevivência, mas apresenta poucas condições de criar riqueza
e emprego pelo o pequeno número do seu mercado consumidor, influindo ainda
para manter a incipiência das funções urbanas existentes nessas localidades.
Esses fatores corroboram para que o desemprego, o trabalho mal
remunerado e a pobreza sejam questões latentes nesses espaços. Associado a
isto, para pensarmos uma relação concisa entre circuito inferior e pobreza,
devemos considerar também a localização desses aglomerados, a capacidade de
aquisição de bens e produtos e o desvio de oferta e demanda de bens e
produtos.
Assim, Santos (1985, p. 10) aponta que o lugar atribui aos elementos
constituintes do espaço um valor particular. Cada elemento do espaço – homens,
firmas, instituições, meio – adquire características próprias, mesmo estando
68
subordinados ao movimento do todo. O autor destaca que fábricas com o mesmo
poder econômico e político apresentam diferenciações de resultados se
considerarmos suas localizações e, também, indivíduos dispondo da mesma
formação e virtualidades “não têm a mesma condição como produtores, como
consumidores e até mesmo como cidadãos” (SANTOS, 1985, p. 10) devido à
localização.
Assim, estar localizado em uma cidade local híbrida, no interior do estado
de São Paulo, é um fator preponderante no fortalecimento da pobreza urbana,
pois nesses espaços as empresas, fábricas e indivíduos não encontram as
mesmas condições como produtores, consumidores e cidadãos, intensificando
ainda mais o aumento do desemprego e uma diminuição do valor do trabalho.
O desemprego e a baixa remuneração interferem na capacidade de
aquisição dos bens e produtos que dependem da disponibilidade de recursos
econômicos, mas “também pela acessibilidade do bem ou do serviço
demandado” (SANTOS, 1985, p. 64).
Nas cidades locais híbridas, os repasses governamentais, como o Fundo
de Participação dos Municípios (FPM), por exemplo, são as principais fontes de
recursos disponíveis para o Poder Público local. O número de serviços e
equipamentos comerciais é reduzido, alta taxa de desemprego e baixa
remuneração também são características e os empregos públicos, em muitos
casos – principalmente aqueles que exigem maior qualificação –, são
preenchidos por pessoas residentes em outras localidades. Esses fatores nos
indicam que a capacidade de consumo de bens e serviços pela população esbarra
na disponibilidade financeira.
Outro fator relacionado ao acesso de bens e serviços se refere à
acessibilidade, pois sua demanda é suprida em sua grande maioria em cidades
maiores5. Assim, as pessoas necessitam deslocar-se esbarrando em horários de
ônibus, recursos financeiros para tarifa e tempo de deslocamento.
Desta forma, o acesso aos bens e serviços pela população das cidades
locais híbridas perpassa a disponibilidade de recursos financeiros, mas, também,
pela questão da acessibilidade.
5 As questões acerca dos deslocamentos e a questão da acessibilidade serão
discutidas com mais ênfase no capítulo três.
69
Esses elementos reforçam ou são reforçados pela falta de oferta que acaba
por desviar a demanda, reduzindo as possibilidades de oferta. Esse fator se
intensifica dependendo das condições das estradas e dos transportes,
diminuindo, assim, a importância dos que se encontram abaixo na escala
funcional da rede urbana, e “os indivíduos mais pobres, isto é, os menos móveis
(ou mais imóveis), terão dificultado o seu acesso aos bens e serviços de nível
compatível com seu poder de compra” (SANTOS, 1985, p. 84).
Os estabelecimentos existentes nas cidades locais híbridas não dispõem de
uma elevada oferta de bens e serviços. A demanda é desviada ou suprida para
cidades sub-regionais ou médias. Este fator, por sua vez, reduz a oferta
existente nessas cidades devido à falta de demanda. Além disso, esse desvio de
demanda tende a elevar o preço dos produtos, reduzindo a clientela e, em pouco
tempo, esses estabelecimentos não estarão mais em condições de atender à
população local que buscará os bens e produtos em outros núcleos. Esse
processo é constatado em todas as cidades analisadas, sendo o caso mais
emblemático o da cidade de Flora Rica, onde apenas 10,53% dos entrevistados
declararam adquirir os produtos alimentícios na cidade e, no que tange à
aquisição de confecções, calçados e armarinhos, apenas 3,94% dos
entrevistados os adquirem exclusivamente em Flora Rica e 2,64% declaram
obterem esses produtos em Flora Rica e em outras localidades, fator atribuído
aos elevados preços e reduzida oferta dos produtos.
Santos (1985, p. 84), ao analisar os fatores indicados acima, aponta que:
Torna claro que as opções de organização espacial e urbana têm
relação direta com as tendências à redução ou ao aumento da
pobreza. Se as condições de organização da economia, da
sociedade e do espaço conduzem a agravar a pobreza, isto é, a
reduzir a participação dos trabalhadores urbanos e rurais no fruto
do seu trabalho, a organização do espaço e o perfil urbano
resultantes serão um fator suplementar de pobreza, isto é, farão
com que os pobres se tornem ainda mais pobres.
O autor acrescenta que a organização espacial tende a contribuir para o
aumento da pobreza e que a pobreza também é um fator na organização do
espaço, afinal, as “condições”, as “circunstâncias”, o meio histórico, que é
também meio geográfico, devem, paralelamente, ser considerados, pois “não
podem ser reduzidos à lógica universal”” (SANTOS, 2006, p. 125).
70
Portanto, nessa organização espacial do ponto de vista econômico, as
“cidades pequenas se acham em uma posição incômoda. Algumas vegetam,
outras desaparecem, outras tantas resistem como sede de empresas sublocadas,
cidades dormitórios ou reservatórios de mão-de-obra” (SANTOS, 1980, p. 105).
No entanto, podemos dizer que esta estreita relação da cidade local
híbrida e circuito inferior da economia propicia a estruturação da pobreza, que se
processa nas incipientes funções urbanas, na precariedade dos serviços e
equipamentos urbanos, na questão do desemprego e da má remuneração, na
redução do valor do trabalho, na localização, no acesso aos bens e produtos e no
desvio de demanda. Portanto, as características presentes nas cidades locais
híbridas propiciam uma organização espacial que conduz a pobreza urbana.
Sendo que “pobreza e circuito inferior aparecem com relação de causa e efeito
inegáveis” (SANTOS, 2004 [1979], p. 196).
Devemos ressaltar que mesmo ocupando uma posição incômoda e
estruturando, pelos fatores apontados, a pobreza material, a permanência das
cidades locais híbridas se faz como reserva de mão de obra, mas também pela
questão da moradia e das relações familiares e de amizade. Nas cidades de São
João do Pau D`Alho, Pracinha, Mariápolis, Inúbia Paulista, Flora Rica e Arco-Íris
73,00%, 82,00%, 78,00%, 61,00%, 88,00% e 75,00% dos entrevistados,
respectivamente, declararam possuir casa própria, sendo este um dos fatores
que justificam a permanência nessas localidades. Além do mais, quando
perguntados se gostam de morar nas cidades, a grande maioria aponta que sim
e um dos principais fatores de permanência é a convivência entre as pessoas, as
relações de amizade e as relações familiares.
No entanto, para além da pobreza entendida em seus aspectos materiais,
há também a pobreza imaterial, que é o “outro lado da mesma moeda”, a
pobreza política (DEMO, 2003 [1986]). Corroboramos com Demo (2006) ao
destacar que a dimensão econômica da pobreza continua central e decisiva, mas
apontar a dimensão politica é essencial para compreensão da pobreza em seus
múltiplos aspectos.
71
2.2. A pobreza política das cidades locais híbridas
Ao discutirmos a questão da pobreza política devemos pontuar que no
Brasil, por ser um país marcado por pobreza estrutural globalizada, há a extrema
necessidade de políticas públicas de distribuição de renda. Nos últimos 10 anos
as políticas públicas de assistência social têm promovido inúmeras mudanças
para que a distribuição de renda seja concretizada para além do assistencialismo,
assim, devemos frisar os avanços de combate à fome, considerando que “a fome
é a face mais cruel da desigualdade e da pobreza” (GRAZIANO DA SILVA, 2003,
p. 52), e também de autonomia, sendo este o principal objetivo das políticas
públicas, como destaca Silva (2003, p. 58):
A assistência social enquanto política pública reconhece o cidadão
como sujeito de direito e o Estado como instituição que tem o
dever de atendê-lo. Por seu turno, o Ministério da Assistência
Social exerce a função de articulação entre as políticas setoriais
básicas.
No entanto, Pedro Demo, que vem trabalhando com o tema da pobreza
política desde 1986, aponta que na primeira parte de 2006 sente-se provocado a
reescrever o texto sobre pobreza política, pois “assalta-nos a constatação de a
pobreza política, não mudou, substancialmente. A população continua “massa de
manobra” (...)” (DEMO, 2006, p. 01).
O que observamos em nossa área de estudo, após inúmeros trabalhos e
observações de campo, é que, mesmo após haver inúmeras mudanças, a política
de assistência social, em alguns aspectos, ainda continua se transformando em
assistencialismo com todos os seus desdobramentos.
No Brasil, a pobreza política se configura em assistencialismo e é
justamente a questão da política assistencialista atrelada ao compadrio e
favorecimento, que se reforçam pela visibilidade dos processos sociais e
proximidade espacial, vem se perpetuando nas cidades locais híbridas (Demo
(2003 [1986]). Assim, as características típicas desses aglomerados podem
propiciar a pobreza material, mas também reforçam cada vez mais a pobreza
política.
Como destaca Endlich (2006, p. 391):
(...) as diferenças entre as grandes e pequenas cidades não são
apenas referentes aos quilômetros quadrados que ocupam suas
edificações e nem somente quanto ao seu volume demográfico,
72
mas estão nas relações e interações que existem no âmbito das
mesmas.
As dinâmicas próprias das cidades pequenas, neste contexto de cidades
locais híbridas - como as relações entre os agentes sociais/sujeitos e a
visibilidade dos processos - são as principais diferenças que devem ser
discutidas. Assim, torna-se possível compreender como a pobreza política se
perpetua, ou seja, mesmo alterando a conjuntura política não se altera a
ideologia assistencialista.
As ações dos agentes sociais/sujeitos são marcadas por características
reconhecidas como interioranas, típicas de um modo de vida de uma cidade
pequena entre as quais podemos citar, por exemplo, as relações de proximidade,
como as de compadrio, favorecimento e vizinhança. Sabemos, também, que nas
grandes e médias cidades, esses fatores estão presentes, mas, nas cidades locais
híbridas, isso pode ser vivido e percebido com mais força e visibilidade.
Para discutir as relações entre os agentes sociais/sujeitos, marcada por
proximidade, compadrio, favorecimento, torna-se fundamental analisar a
questão do coronelismo no Brasil e, também, nesse mesmo sentido, pensar o
patrimonialismo, pois constituíram estruturas que marcaram o processo de
formação socioespacial da sociedade brasileira, como observamos ao analisar a
obra de Vitor Leal Nunes – Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime
representativo, no Brasil, (1975 [1949]), o trabalho de Vilaça e Albuquerque –
Coronel, coronéis, (1988 [1965]), como, também, dentre outras, a obra de Faoro
– Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro (1984 [1959]).
Ao analisarmos as obras percebemos que as questões tratadas pelos autores,
após mais de meio século não estão desatualizadas, pois essas dinâmicas se
reproduzem nas cidades por nós estudadas, considerando as respectivas
mudanças de período e contexto.
Nunes (1975 [1949], p. 255) destaca que o fortalecimento do poder
público não tem sido acompanhado do enfraquecimento do “coronelismo”, mas
contribuído, ao contrário, para consolidar o sistema, pois:
garantindo aos condutores da máquina oficial do Estado quinhão
mais substancioso na barganha que o configura. Os próprios
instrumentos do poder constituído é que são utilizados,
paradoxalmente, para rejuvenescer, segundo linhas partidárias, o
poder privado residual dos “coronéis”(...).
73
Também Vilaça e Albuquerque (1988 [1965], p. 25), analisando o
coronelismo, apontam para a institucionalização do sistema nas figuras do
prefeito, dentre outros, e destaca que esse chefe político – prefeito – tem muito
dos métodos, atitudes características coronelistas:
Assim, o coronel, por fôrça de seus poderes e domínios, torna-se
senhor também de povoados, de vilas; de cidades e de municípios.
Dono também de riquezas, de terras, de boiadas; dono até de
gentes. Essa situação como que se prolonga no tempo, por fôrça
do relativo imobilismo social e cultural e da rigidez da estrutura
econômica. E chega até nossos dias.
Nesse sentido, Davids (1968) ressalta que, ao procurar o coronel do café,
encontrou o coronel urbano. O coronel da cidade identificava-se com o coronel
do café, pois ambos utilizavam as mesmas formas de controle para manter a
dominação e o status quo, ou seja, mantendo uma relação de compadrio e
amizade, o coronel da cidade é aquele que dá o emprego, entre outras coisas.
Os autores realizaram suas análises nas décadas de 1940 e 1960, mas,
ainda hoje, é possível encontrar os coronéis da cidade, transformados, por
exemplo, em prefeitos que utilizam as benfeitorias públicas e as relações de
amizade e de compadrio para manter cativo seu eleitorado, fator presente nos
elementos que constituem a realidade das cidades locais híbridas, como
observados por nós6.
Entretanto, no que consiste o coronelismo, quais os elementos desse
sistema? Já de início nos parece interessante elencar dois elementos que,
segundo Nunes (1975 [1949]), favorecem a constituição e fortalecimento do
sistema coronelista. Para o autor, a fraqueza financeira dos municípios contribui
para manter o coronelismo na sua expressão governista e, acrescenta, que esse
6 Trabalhar com a questão do coronelismo, patrimonialismo, voto de cabresto e
todos os seus desdobramentos no contexto atual, envolve muitas questões legais, que
não teríamos condições de enfrentar neste trabalho, mas, também ultrapassaria os
objetivos deste que não se restringir somente a essa discussão. Nesse sentido,
ressaltamos que em alguns momentos do trabalho nos reservamos do direito de não citar
o local de ocorrência de alguns fatos – mas são nucleares das localidades apontadas no
início como necessárias para que pudéssemos desenvolver a discussão – importantes
para que possamos demostrar as práticas coronelistas, do voto de cabresto, mercadoria.
Assim, esses elementos são observações de campo registradas por nós em períodos
eleitorais, convivência com os agentes sociais/sujeitos das cidades analisadas, dentre
outros momentos do trabalho de campo.
74
sistema tem seu habitat preferencialmente nos municípios rurais, ou
predominantemente rurais.
Em nossa área de estudo, a questão da pobreza material é muito latente e
são aglomerados marcados pela relação entre a tríade rural/urbano/agrícola.
Isso demonstra que os elementos constitutivos dessa realidade contribuem para
manutenção do sistema coronelista.
Para Nunes (1975 [1949]), o coronelismo é uma forma peculiar de
manifestação do poder privado que tem conseguido coexistir em um regime
político de base representativa. Por isso, o coronelismo é um compromisso, uma
troca de proveitos entre o poder público e os chefes locais.
Ao estudar a imprensa e o coronelismo, Melo (1995) destaca que a
contradição básica está na apropriação do Estado pela via do patrimonialismo e o
coronelismo se expressa no interior desse processo.
Nessa acepção, o patrimonialismo acoplado à questão do poder público,
indica que para estruturação do sistema é necessário que os recursos
econômicos e administrativos “dependam do poder soberano ou do poder
público, que atua por meio de concessões, subsídios e autorizações” (FAORO,
1993).
O coronelismo, ao se expressar no interior do patrimonialismo, reforça a
cooptação do poder público pelo privado, pois o patrimonialismo rege-se por uma
racionalidade de tipo material reforçando os compromissos de trocas e proveitos.
Essa troca de proveitos entre o poder público e o chefe local – prefeito – são
formas utilizadas para que possam se manter no poder. Assim, observamos que
os problemas são “resolvidos” nessas localidades de maneira parcial e pontual:
com doação de óculos, uma ambulância em casos “excepcionais”, resolve-se um
problema numa casa, dá-se um emprego e, ainda, essas relações podem ser
observadas quando os entrevistados apontam que alguns dos problemas
encontrados nas cidades são: a “parcialidade em concursos públicos”; “a política
do favorecimento para os que apoiam o prefeito”; “uma das vantagens de se
morar na cidade é a presença de ambulância”; “ser sobrinho do prefeito”, falas,
estas, que demonstram como a política do favorecimento faz parte do espaço
vivido dessas pessoas (ROMA, 2008). Pois, a utilização do dinheiro, dos serviços
e dos cargos públicos é um processo usual de ação partidária (NUNES, 1975
[1949]).
75
Nesse processo há uma intencionalidade, qual seja: manter as
necessidades da população, ou seja, do eleitorado para que possa a todo o
momento estar “doando” benfeitorias e ao manterem o vínculo entre “doador” e
“receptor”, manter, ao mesmo tempo, o poder.
Assim, se processa a presença do mandonismo, o filhotismo, o
falseamento do voto, a desorganização dos serviços públicos locais. Tudo exige
um esforço que chega ao heroísmo fortalecendo a liderança municipal. Nesse
processo conseguem comandar um lote considerável de votos de cabresto, este
tipo de voto significa, no plano político, “a luta como o “coronel” e pelo “coronel”.
Aí estão os votos de cabresto” (NUNES, 1975 [1949], p. 25).
Esse sistema tem uma supremacia econômica, mas “adocicadas pelo
compadrio” (VILAÇA E ALBUQUERQUE, 1988 [1965], p. 30). O compadrio
prolonga a família dos coronéis.
Essa relação de amizade, de compadrio e a cooptação da Poder Público
para manutenção do poder se processa em assistencialismo com todos os seus
desdobramentos, e pode ser claramente observado na cidade de São João do
Pau D’Alho pela existência da pobreza material: 72,13% dos entrevistados
utiliza-se da assistência social oferecida pelo município e apenas 27,87%
declararam não utilizar-se desse serviço.
No entanto, os percentuais da assistência social empregada nessa cidade e
também nas demais, são transformados em números de votos, pois como
apontam os entrevistados: “o prefeito é tão bom que ele paga consulta particular
do bolso dele”; “o prefeito é um paizão, se a gente está necessitando ele dá
comida”.
Para Demo (2001, p. 10):
Cada vez mais fica claro que não é imaginável resolver a pobreza
sem a participação do pobre. Com efeito, uma política que
pretende reduzir os níveis quantitativos da pobreza, pode até
distribuir benefícios e minorar compensatoriamente a fome, mas
agrava a pobreza política, porque recria o esmolar, ou seja, aquele
que troca a comida pelo cabresto (CEPAL/PNUD/Unicef, 1984;
Silva Pinto, 1984; Carley & Bustelo, 1984).
Como se processa nessas localidades a questão da pobreza material, as
necessidades da população devem ser supridas por Políticas Públicas. No
76
entanto, quando o prefeito paga consulta do “bolso”, se torna um “paizão” e dá
comida não estamos, somente, no âmbito da assistência social, mas, sim do
assistencialismo exacerbado, recriando o esmolar, a verdadeira troca de comida
pelo cabresto.
Segundo Maricato (1996, p. 14):
A formação calcada no favor constitui a negação da universalidade
dos direitos (embora previsto na ordem legal) ou a negação da
cidadania e da dignidade. Ela está na essência da confusão entre a
coisa pública e os negócios privados, na confusão entre governo e
Estado (pelas camadas pobres) submetido a relações pessoais.
No momento em que as pessoas passam a viver de favor, perdem seu
direito à cidadania, que seria condição, como diz Maricato (1996), para reforçar a
dignidade. Esse direito garante-lhes, segundo Costa (2001), o conjunto de
sistemas sociais básicos – o social, o econômico, o institucional, o territorial e o
das referências simbólicas. Esses “favores” fortalecem cada vez mais a figura do
“padrinho”, que protege e ajuda seus protegidos.
Vilaça e Albuquerque (1988 [1965], p. 40) afirmam que o voto de favor se
torna objeto de negócio indicando que o voto de cabresto passa para o voto
mercadoria:
Em fase mais recente, voto vale dinheiro. Origina-se, então, todo
um complexo mecanismo de mercado, em torno da mercadoria-
voto, de que não se ausenta enorme especulação que lhe
determina o preço.
O voto mercadoria7 nas cidades analisadas se processa pré-eleição e
estendem-se no mandato através dos favores, doações etc.
A política do assistencialismo, do apadrinhamento e do favor é tão forte e
personificada na figura do prefeito, ou seja, dos coronéis que, segundo
entrevistados: “tudo que precisa, seja ambulância, remédio é só ir falar com o
7 Como exemplo disso podemos citar um exemplo ocorrido na última eleição municipal,
quando um eleitor residente em outra localidade há mais de 10 anos, que ainda mantém
o título de eleitor em uma das cidades locais híbridas analisadas, não tinha candidato
para vereador e declarou que votaria em quem lhe desse alguma coisa. Um dos
candidatos, a vereador, lhe deu 25 litros de combustível e em troca recebeu seu voto,
vendido enquanto mercadoria. Essa dinâmica não é pontual, mas faz parte das práticas
políticas das cidades analisadas.
77
prefeito que ele dá”. Essas relações estão enraizadas nas práticas políticas, não
sob um ponto de vista politizado, mas no sentido de dependência e, também, na
aquisição de vantagens pessoais e benefícios próprios.
Podemos afirmar esse fato, pois em uma das cidades estudadas, o
prefeito aponta que na sua gestão as questões de assistência social são tratadas
somente pela Secretaria de Assistência Social, ou seja, o prefeito, pessoalmente,
não atende mais estas solicitações. Justamente, nessa localidade, ao
perguntarmos aos entrevistados quais os problemas encontrados na cidade,
obtivemos as seguintes respostas: “o prefeito é muito ruim, ele não dá nada, não
atende a gente”; “bom nessa cidade é a primeira dama, ela sim tá trabalhando
bastante na assistência social, ajuda muito as pessoas da cidade”; “um dos
problemas da cidade é que a assistência social está cortando todo mundo, não dá
mais nada”.
Mesmo sendo a “primeira dama” quem, principalmente, atende a
população na assistência social, percebemos que está havendo, dentro dos
limites, uma política de assistência social que é criticada e vista como ruim pela
população. Assim, pobreza não pode ser definida apenas como carência material.
Se assim fosse, não teria causas sociais. “Talvez uma definição razoável seja
aquela que atende como expressão do acesso às vantagens sociais” (DEMO,
2001, p. 13).
Destacamos, novamente, que essas características também são percebidas
em cidades com nível populacional mais elevado, como, por exemplo, Osvaldo
Cruz-SP (ROMA, 2008), mas de forma mais indireta que nas cidades locais
híbridas, o que demonstra como as relações entre os agentes sociais modificam-
se dependendo do contexto e da escala a que estamos nos referindo. Assim,
quanto menor o contingente populacional de uma cidade, maior a visibilidade e a
ocorrência dos processos de apadrinhamento e favorecimento por parte dos
agentes sociais. É por isto que a realidade dessas localidades é calcada no favor.
As políticas públicas, tanto de assistência social, como até mesmo de saúde,
cultura dentre outras, que são destinadas a suprir as necessidades da população
passam a ser colocadas como favor.
A questão da visibilidade dos processos sociais, que tem sua base na
proximidade espacial, é mais um elemento das dinâmicas apresentadas. A
visibilidade dos processos sociais é tão marcante que quase todos os moradores
da cidade sabem o que ocorre com cada individuo, ou seja, as doenças,
78
necessidades, festas, nascimentos, dentre tantos outros elementos. Em cada
casa, nas praças, nos bares, em cada conversa, os problemas individuais são
discutidos na escala da cidade.
Em Roma (2008) realizamos uma discussão sobre visibilidade dos
processos sociais nas cidades de Mariápolis e Osvaldo Cruz para pensar a
questão subjetiva da segregação socioespacial. A visibilidade sendo um elemento
constitutivo da realidade de cidades pequenas permeia outros processos, como
fortalecer a dimensão imaterial da pobreza – a pobreza política. O contingente
populacional que nos permite destacar o conhecimento mútuo imputa os
movimentos por mudança, pois os sujeitos podem ficar “marcados” por toda uma
população como aqueles que estão contra o prefeito, ou seria melhor coronéis, e
poderiam de certa maneira deixar de receber os favores que são “doados”.
Assim, como em Roma (2008), destacamos que este ponto se reveste de
extrema relevância. O sentimento de superioridade ou distinção social, de
conhecimento dos problemas individuais, das trocas de favores estende-se
praticamente por toda a cidade, pois o grau de proximidade e conhecimento
entre as pessoas é maior que em outras realidades urbanas, deixando claro quais
são as regras do jogo.
Podemos dizer que a pobreza no Brasil, como destacado por Santos (2004
[2000]), deixa de ser uma pobreza incluída - nas quais as soluções eram
privadas, assistencialistas e locais – e passa para uma pobreza estrutural
globalizada. No entanto, as soluções para a pobreza estrutural globalizada nas
cidades locais híbridas são típicas de um momento anterior, no qual se destaca
as soluções privadas e assistencialistas, demonstrando que em boa parte das
cidades ainda perdura as questões pessoais que estão no limite entre assistência
social e assistencialismo – leia-se assistencialismo como favorecimento e
compadrio.
Pensamos que as soluções privadas e assistencialistas que se perpetuam e
são bases para a estruturação da pobreza política não podem ser consideradas
enquanto incluída e menos discriminatórias, mas, sim, fortalecedora dos
processos que excluem o fator cidadania. Considerando, como já destacado, que
a formação caldada no favor nega a cidadania e a dignidade (MARICATO, 1996).
A pobreza é sempre humilhação, degradação, subserviência e não
somente fome e coisa parecida. Assim, dentro das possibilidades dadas deve-se
79
constituir a autonomia relativa enquanto sujeito (Demo, 2006). Acrescenta-se:
sujeito de direitos.
Como sublinhado por Demo (2006, p. 17), no período atual “o pobre
continua marginalizado, mas sente-se incluído porque recebe alguns benefícios
residuais”, pois essas são artimanhas pretensamente inclusivas, mas que inclui
na margem. Assim, podemos dizer que as soluções dos problemas com base no
assistencialismo e no favor não constituem uma verdadeira cidadania, dignidade
e autonomia já que inclui na margem e são formas constitutivas de manutenção
do poder.
A pobreza política deve ser entendida em sua complexidade, pois segundo
Demo (2006, p. 26) a pobreza política não é outra pobreza:
mas o mesmo fenômeno considerado em sua complexidade não
linear. A realidade social não se restringe à sua face empírica
mensurável, mas inclui outras dimensões metodologicamente mais
difíceis de reconstruir, mas, nem por isso, menos relevante a vida
das sociedades e pessoas. Estamos habituados a ver pobreza
como carência material, no plano do ter: é pobre quem não tem
renda, emprego, habitação, alimentos etc. Essa dimensão é crucial
e não poderia, em momento algum, ser secundarizada. Mas a
dinâmica da pobreza não se restringe a escala material do ter.
Avança na esfera do ser e, possivelmente, alcança aí intensidades
ainda mais comprometedoras.
Podemos dizer que nas cidades locais híbridas, situadas no nível inferior da
complexidade urbana, as duas faces da pobreza: a material – relacionada,
principalmente ao desemprego e má remuneração – e a política – ligada ao
assistencialismo e política de favorecimento – se reforçam mutuamente,
constituindo elementos estruturantes de uma pobreza excludente, que é
estrutural e globalizada.
Portanto, a cidade local híbrida, que está no limite inferior da
complexidade urbana, desenvolve apenas as funções econômicas do circuito
inferior que se associa a pobreza material e, devido às relações entre os agentes
sociais/sujeitos e a visibilidade dos processos, também incorpora uma pobreza
política. Assim, os elementos dessa realidade urbana propiciam a constituição de
um circuito de pobreza urbana.
Nesse contexto que defendemos a constituição de um circuito de pobreza
urbana, considerando que ele possui um caráter cumulativo e multidimensional,
e essa multidimensionalidade perpassa por dois vieses que se articulam e se
80
complementam na realidade das cidades locais híbridas. O primeiro diz respeito à
entrada da cana-de-açúcar e os impactos gerados nestas cidades, e o segundo
se relaciona ao processo de segregação socioespacial interurbana, justamente
pelo híbrido existente entre o caráter urbano e não urbano.
A articulação desses dois vieses nos coloca o desafio de revelar a
constituição de um circuito de pobreza (pobreza material, política e simbólica)
que, em sua dimensão urbana, promove a segregação socioespacial interurbana
(ROMA, 2008) e, para “além” do urbano, o outro lado da expansão da cana-de-
açúcar, que é a cidade da exclusão social.
81
CAPÍTULO 3
CIDADES LOCAIS HÍBRIDAS E A
SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL
INTERURBANA
82
Nesse capítulo defenderemos que, devido o contexto social das cidades
locais híbridas, a análise da segregação socioespacial exige uma imbricação
escalar entre o espaço intra-urbano e as relações interurbanas, pois as
incipientes funções urbanas, dialeticamente, acabam por negar o urbano e nesse
processo se estrutura um híbrido entre o urbano e não urbano. Dessa forma, a
possibilidade da apreensão da segregação socioespacial interurbana.
Na presente discussão o conceito de segregação socioespacial é utilizado
para explicar processos decorrentes da urbanização, referentes à separação
entre diferentes segmentos sociais nas cidades locais híbridas e o acesso aos
meios de consumo coletivo e individuais.
No entanto, não objetivamos delimitar os processos segregativos
existentes no espaço intra-urbano das cidades analisadas. Nosso foco de análise
não é indicar a existência/ausência da segregação socioespacial no espaço intra-
urbano, mesmo que esse fator possa evidenciar-se no decorrer do trabalho.
Contudo, utilizaremos dos referenciais conceituais existentes na literatura
referente à segregação socioespacial para pensarmos o processo na escala
interurbana.
Pois, se a segregação socioespacial, fruto das contradições sociais, é
estruturada a partir da urbanização, processo que transcende os limites da
cidade por que, então, restringir sua análise ao espaço intra-urbano?
Da mesma forma que o processo de urbanização não está restrito às
cidades, entendemos que, a partir da justaposição ou superposição de relações
interurbanas, no bojo da globalização, o processo de segregação socioespacial,
expressão do aprofundamento das desigualdades socioespaciais levadas em seus
limites, não deve ser apreendido somente na escala intra-urbana, mas também a
partir das relações interurbanas.
Como nos capítulos posteriores aprofundaremos nossas análises a partir
da realidade empírica de três cidades, dentre elas Mariápolis, Pracinha e Flora
Rica, porém, os dados das demais cidades, que encontram-se em anexo,
também nos subsidia para pensarmos o processo analisado.
83
3.1. Apontamentos sobre os meios de consumo coletivo e a segregação
socioespacial
De princípio, pensamos ser necessário pontuar objetivamente o que
compreendemos por meios de consumo coletivo. Eles podem ser divididos entre
os de consumo coletivo e os de consumo individual. Lojkine (1997 [1981], p.
154, 155 e 156) afirma que eles refletem a organização do processo de consumo
e aponta três características para distingui-los uns dos outros:
a) O valor de uso dos primeiros é coletivo, no sentido em que se
dirige não há uma necessidade particular de um indivíduo, mas a
uma necessidade social que só pode ser satisfeita coletivamente:
por exemplo, os transportes coletivos de passageiros, a assistência
hospitalar ou o ensino escolar são valores de uso coletivos no
sentido em que se dirigem ao consumo de uma coletividade social
e-ou territorial (estratos sociais definidos por sua renda, e ainda,
classes sociais cujo modo de consumo está ligado ao lugar no
processo de produção e reprodução do capital).
b) Dificuldade de inserir os meios de consumo coletivos no setor
das mercadorias aparece com a própria duração de seu consumo
(...)
c) Valores complexos de uso (dificilmente divisíveis) duráveis,
imóveis, os meios de consumo coletivos têm enfim a característica
de não possuir valores de uso que não se coagulem em produtos
materiais separados, exteriores às atividades que os produziram.
E o autor (1997 [1981], p. 156) acrescenta:
Enquanto, por exemplo, num meio de subsistência o valor de uso
se cristaliza no próprio objeto material (alimentos, roupas...), no
meio de consumo coletivo há dissociação entre o valor de uso
material ou imaterial dos meios de consumo coletivos (serviços) e
os objetos-suportes das atividades dos prestadores de serviços (de
saúde, de educação, etc.).
É o que explica justamente o caráter difuso, pouco divisível,
desses valores de uso não materializados, não coagulados em
objetos materiais particulares.
Os meios de consumo coletivo se materializam em equipamentos,
infraestruturas e serviços. O primeiro, objeto material, seria a produção dos
suportes das atividades, ou seja, os prédios (equipamentos), e o segundo, o
valor de uso imaterial, seriam os serviços prestados. Na teoria do bem coletivo
oposto ao bem individual, os bens coletivos seriam comuns a todos e ninguém
poderia ser excluído. Entretanto, isso se torna uma ideologia do bem “coletivo”,
devido sua desigual distribuição social geradora da segregação social e espacial
84
(LOJKINE, 1997 [1981]).
Quanto aos meios de consumo individuais, sejam eles objetos materiais
(salsichas) ou serviços (aulas)8, a possibilidade de obtê-los está diretamente
relacionada ao poder de compra e à satisfação pessoal de cada cidadão.
A análise da segregação socioespacial relacionada aos meios de consumo
permite-nos entender as relações contraditórias entre a cidade (todo) e os
bairros (as partes), pois revela a desigual distribuição dos meios e as condições
de vida que estão inseridas parcelas da população.
Ao trabalhar com a questão da segregação social e espacial, Lojkine (1997
[1981], p.244-245) destaca três tipos de segregação: a primeira no nível da
habitação; a segunda no nível dos equipamentos coletivos (creches, escolas,
equipamentos esportivos, sociais, etc.); e a terceira segregação no nível do
transporte domicílio-trabalho.
Nesse sentido, o autor (1997 [1981]) correlaciona as dinâmicas
segregativas à distribuição socioespacial dos meios de consumo coletivo na
escala intra-urbana como na escala interurbana, pois a existência dos meios
define a localização das unidades destinadas ao desenvolvimento do capital e da
força de trabalho.
Nessa linha de raciocínio podemos entender uma das questões
relacionadas à permanência das cidades locais híbridas, ou seja, sua existência
se dá em parte pela presença de meios de consumo coletivo necessários a
reprodução da força de trabalho e capital, ao mesmo tempo, a presença desses
meios se dá para manutenção dessa reprodução, assim, tornando as cidades
locais híbridas reservatório de mão de obra.
A produção e manutenção dos meios de consumo coletivo correlacionados
à segregação socioespacial tem no poder público um importante agente social.
Nessa perspectiva, Lojkine (1997 [1981], p. 193) apresenta três principais
intervenções estatais: o controle da localização das atividades industriais e
terciárias (e também de seus meios diretos ou indiretos de incitação); o controle
da localização dos diferentes tipos de habitação; a localização dos meios de
consumo coletivo e, destaca, o Estado como principal agente de distribuição
social e espacial dos equipamentos urbanos para diferentes classes. Assim, o
Estado monopolista reflete negativamente as contradições e as lutas de classes
geradas pela segregação social.
8 Os exemplos arrolados são os mesmos utilizados por Lojkine (1997 [1981], p. 131).
85
No mesmo sentido de analisar as intervenções estatais na produção do
espaço, Rodrigues (2008) afirma que a presença e a aparente ausência do
Estado aprofundam as contradições inerentes ao modo de produção capitalista.
No que tange à presença, dentre outras dinâmicas, destaca-se à implantação de
infraestrutura e equipamentos de uso coletivo e ao não promover o acesso
universal a esses o Estado parece ausente.
O Estado atua de forma heterogênea no espaço urbano e esse tipo de ação
acentua a apropriação diferenciada das vantagens e desvantagens locacionais. O
maior ou menor preço dos lotes está diretamente ligado à localização que, por
conter vantagens ou desvantagens locacionais, passam a exercer forte influência
no preço do solo “criando uma hierarquia intra-urbana de áreas mais ou menos
valorizadas” (MELAZZO, 1993).
Nesse sentido, Villaça (2001) aponta que a produção da segregação
socioespacial, qualificada por ele como espacial, é resultado da luta de classes,
que estrutura as desigualdades expressas no espaço urbano, devido à
apropriação diferenciada das vantagens e desvantagens que se distribuem na
cidade.
Nessa dinâmica, além do Poder Público, os promotores imobiliários, são
importantes agentes sociais segregadores e no nível econômico da produção do
espaço as ações dos promotores imobiliários, do sistema financeiro e da gestão
pública às vezes de modo conflitante, em outras, convergente, orientam e
organizam o processo de reprodução espacial através da divisão socioespacial do
trabalho, promovendo especializações de áreas, hierarquizando lugares e
fragmentando os espaços (CARLOS, 2008).
Portanto, nessa sociedade baseada na propriedade privada marcada por
processos segregativos a produção da cidade é pensada pela lógica do processo
de valorização (CARLOS, 2006). Essa lógica da mercadoria e da valorização,
promove no espaço urbano vantagens locacionais e acesso desigual aos meios de
consumo coletivo.
A análise dos meios de consumo coletivo é uma das dimensões que nos
permite entender o processo de segregação socioespacial, pois através do acesso
aos espaços, às infraestruturas e serviços urbanos é possível apreender como a
cidade se apresenta de modo extremamente desigual e quais são os resultados
dessa ausência/presença e/ou qualidade/quantidade dos meios de consumo
coletivo nas condições de vida urbana.
86
E como indicamos em Roma (2008, p. 56):
No que concerne à urbanização, em que as diferenciações
socioespaciais estão cada vez mais acentuadas, o que se observa
hoje é a constituição de processos segregativos retalhando as
cidades e constituindo enclaves de riqueza e de pobreza, que
independem da vontade das pessoas, mas que se fortalecem por
meio de decisões, ações e práticas por uma parcela da sociedade
que luta por manter a separação social.
As desigualdades sociais acentuam as diferenciações socioespaciais. Por
sua vez, a diferenciação reforça a manutenção das desigualdades sociais. Nesse
processo:
a segregação socioespacial de parcelas da sociedade é expressa no
espaço urbano pela forma como ele se estrutura e como nele se
distribuem os diferentes usos do solo e o resultado disso é “a
implantação na paisagem geográfica do capitalismo de todo tipo de
divisão de classe, de gênero, e de outras divisões” (HARVEY,
2004) (ROMA, 2008, p. 37).
Nesse espaço geográfico baseado em divisões o processo de segregação
não é uma simples consequência, mas está na base do capitalismo, que se apoia
no desenvolvimento dos empreendimentos imobiliários, nos quais encontrou
possibilidades para fortalecer o regime jurídico da propriedade privada,
melhorando as condições para os negócios particulares (SABATINI, 2001). Por
causa disto, concordamos com Carlos (2006, p. 48) quando afirma que o desafio
para a construção do conceito de segregação deve se deslocar da constatação
prática para a análise do “conteúdo do processo histórico que a produz como
condição de realização da reprodução social fundada na propriedade privada (e
sua extensão)”.
Nesse sentido, o espaço urbano incorpora o universo da reprodução,
funcionalizando a cidade e, desta forma, o acesso à moradia e demais
equipamentos e serviços passa pela compra e venda, e as necessidades do
mercado se impõem sobre a vida humana, capturando-a (CARLOS, 2006).
Assim, na lógica fundada na propriedade privada, o processo de produção
dos espaços incorpora vantagens locacionais, resultando na diferenciação social e
espacial que intensifica os conflitos sociais. Os espaços perdem seu valor de uso
e se constituem, sobretudo, em valor de troca. O uso é submetido às trocas
relacionadas ao mundo da mercadoria, materializando-se, assim, a dissolução
das relações sociais (LEFÈBVRE, 1969).
87
Desta forma, a produção da segregação esfacela a cidade produzida
enquanto lugar da vida, para a cidade reproduzida pela lógica do processo de
valorização. No “momento em que o uso vira troca”, a sociedade baseada na
propriedade constrói uma cidade de “acessos desiguais aos lugares de realização
da vida numa sociedade de classes onde os homens se situam dentro dela e no
espaço de forma diferencial e desigual” (CARLOS, 2006, p. 49).
Nessa perspectiva, a cidade vista enquanto local de moradia, lazer, trocas
de experiências, amizade, convivência, conflitos é deixada em segundo plano,
pois as funções econômicas e o mundo da mercadoria é o que constrói e
caracteriza a cidade das trocas. Assim, concordando com Carlos (2006), uma
sociedade que sustenta na propriedade privada sua principal forma de
reprodução social, mantém na estruturação de seus espaços um acesso desigual
aos lugares que resulta na diferenciação, afastamento e isolamento entre
moradores e frequentadores de diferentes áreas da cidade.
Esse processo de diferenciação, afastamento e isolamento foi analisado
originalmente segundo o modelo centro-periferia. No entanto, os espaços
periféricos na cidade brasileira contemporânea contêm uma maior pluralidade de
contextos e práticas socioepaciais e, conceitualmente, não cabe mais a simples
adoção da noção ou conceito de periferia para fazer referência a uma realidade
urbana, pois esses espaços se diversificam cada vez mais (SPOSITO, 2007).
Em Roma (2008, p. 40) destaca-se que a separação socioespacial
repercute de diversas formas nos diferentes segmentos sociais e em diferentes
espaços e tempos:
Dinâmicas segregativas causam uma tensão entre a distância
social e a distância espacial, considerando-se que há distinção
entre elas, pois pode haver a primeira e não haver a segunda. Os
condomínios e loteamentos fechados, de um lado, e os
loteamentos populares, regulares ou não, mais os conjuntos
habitacionais e favelas, de outro estão, ao mesmo tempo,
separados espacial e socialmente, evidenciando em seus “muros”,
cada vez mais, a tensão entre os segmentos sociais.
Nesse sentido, a segregação como estratégia de classe e de poder separa
e implode a cidade enquanto sociabilidade. Segundo Carlos (2006, p. 56), “a
segregação tem um sentido estratégico: a separação das práticas socioespaciais
na cidade, visando à reprodução social que ao delimitar um lugar para cada um
escamoteia o conflito.”
88
Essa escamoteação do conflito que é gerado pelo processo de segregação
socioespacial apresenta-se ““dissolvido” no tecido urbano, por meio de uma
diferenciação tida como natural” (PEREIRA, 2006, p. 130). Também na
perspectiva de naturalização dos processos socioespaciais excludentes, Vieira
(2009, p. 16), analisando a realidade de cidades médias, destaca que:
a separação espacial entre ricos e pobres é banal, uma vez que a
definição do “lugar de cada um” é fetichizada por meio das
possibilidades de escolha e do poder de compra. Assim, torna-se
banal que os ricos morem em locais com as melhores condições de
vida e com as melhores infra-estruturas públicas e privadas,
geralmente na “cidade legal”. Por sua vez, torna-se natural que os
pobres morem naqueles locais que lhes restam, com as piores
condições e infra-estrutura precária e, em alguns casos, na “cidade
ilegal”.
Pensamos que esse processo não seja exclusivo de cidades médias, mas
presentes na sociedade contemporânea. É nesse sentido que a proximidade
espacial – não social – entre os diferentes evidencia os conflitos sociais, mas ao
mesmo tempo, a distância social mantida através dos muros, guaritas e
shopping centers que revela a cidade enquanto segregação socieospacial
possibilita escamotear e naturalizar os conflitos.
Ainda nesse sentido, Lefèbvre (1969, p. 124) afirma que:
A separação e a segregação rompem a relação. Constituem, por si
só, uma ordem totalitária, que tem por objetivo estratégico
quebrar a totalidade concreta, espedaçar o urbano. A segregação
complica e destrói a complexidade.
A segregação divide o espaço urbano, rompendo as relações entre áreas,
separando os segmentos da sociedade e dificultando a convivência entre as
diferenças. Ainda, conforme aponta Lefèbvre (1969), o rompimento das relações,
que pode ser espacial, social ou cultural, é determinado por objetivos
estratégicos ou ações previamente definidas por agentes sociais que, na maioria
das vezes, promovem os conflitos sociais na estruturação do espaço urbano.
No processo de urbanização a segregação socioespacial é um produto da
lógica de produção do espaço urbano sob o capitalismo, segundo a qual o solo
urbano é uma mercadoria, o que resulta num acesso diferenciado ao espaço a
partir da desigual distribuição de renda, acirrando as desigualdades e os conflitos
sociais. Isto transforma a cidade, que deveria ser o espaço dos encontros, em
89
espaço que se torna apenas lugar de passagem, sem a possibilidade de
encontros entre os diferentes (ROMA, 2008).
Ainda no sentido de apreensão do processo de segregação socioespacial
podemos perceber sua efetivação em outras dimensões como de maneira
voluntária ou involuntária ou no processo de auto-segregação9.
Como também, através da dimensão subjetiva, nesse sentido, Sabatine,
Cáceres e Cerda (2004, p. 63 e 64) demostram a importância da dimensão
subjetiva no processo de segregação socioespacial e frisam que essa dimensão
nos possibilita entender os aspectos mais negativos da segregação, tais como, a
desintegração social e o sentimento de marginalidade. O sentimento de não
pertencimento à cidade se insere nos aspectos subjetivos que permitem
entender como as pessoas se sentem em relação aos espaços da cidade e como
percebem os diferentes espaços.
Essa forma de apreender e analisar a segregação nos permite destacar os
extremos e visualizar claramente o rompimento das relações. No entanto,
Prèteceille (2003 e 2004) defende que a tese da dualização dos espaços que
destaca exemplos contrastantes não possibilita uma visão de conjunto e, frisa
que, entre as condições extremas encontram-se situações intermediárias e,
nesse sentido, indica que a localização residencial das categorias intermediárias
seja considerada.
O autor (2003 e 2004) trabalha na perspectiva das grandes metrópoles,
porém em Roma (2008) e na área de pesquisa atual, observamos que nas
localidades com contingente populacional reduzido – cidades locais híbridas – nas
quais, a proximidade espacial é marcante, a segregação socioespacial percebida
em seus extremos não se configura, ou seja, não existem loteamentos e/ou
condomínios fechados e favelas. Contudo, podemos perceber, através da
observação do espaço urbano e nas relações sociais, uma diferenciação na
estruturação dos segmentos sociais no espaço intra-urbano da cidade.
No entanto, devemos pontuar que nos centros sub-regionais já se
identifica a presença de loteamentos e/ou condomínios fechados e de
aglomerados subnormais, como estudado por Roma (2008).
9 A conceituação de auto-segregação é utilizada por Corrêa (1993), Sposito
(1996); Souza (2003) trabalha com as conceituações de auto-segregação e segregação
induzida; e Villaça (2001) refere-se a processo como segregação voluntária e
involuntária.
90
Portanto, essas realidades revelam as desigualdades sociais presentes na
sociedade capitalista em que vivemos, pautada cada vez mais na individualização
e pela separação social.
Estes e outros aspectos da segregação socioespacial podem ser
aprofundados em vários trabalhos produzidos no programa de Pós-graduação em
Geografia da Unesp - Presidente Prudente. Dentre eles destacamos: Marisco
(2003); Silva (2005); Vieira (2005) e Pereira (2006), dentre outros.
3.2. Segregação socioespacial interurbana
Nas cidades locais híbridas as funções urbanas são incipientes, mas
existem, apresentando a dimensão mínima do urbano. Nesse contexto, uma
parte das necessidades da população são, necessariamente, satisfeitas em
localidades com um nível funcional mais elevado, mantendo uma vida de
relações10 entre os diferentes níveis de cidade.
No plano econômico as incipientes funções urbanas em um caráter
dialético, negam o urbano e, o limite entre o urbano e não urbano se processa
intensamente. No entanto, mesmo estas cidades estando inseridas no limite
inferior da complexidade urbana há em seus espaços a coalescência entre as
funções, não nos permitindo negar por completo seu caráter urbano. As funções
urbanas que negam o urbano fazem parte dele mesmo e está no seu próprio
conteúdo e a aparente contradição entre em um momento revelar o caráter
urbano e em outro não, não significa destruir o primeiro. E como frisado por
Lefèbvre (1975), denota, ao contrário, descobrir um complemento de
determinações.
Além disso, são locais de moradia, locais onde se materializam as relações
de vizinhança, de amizade, política e manifestações culturais. É nesse sentido,
que para além das funções urbanas econômicas e de reservatório de mão de
obra rural a dimensão do urbano se apresenta, expressando, ainda mais, a
complexidade do híbrido entre urbano e não urbano. E como destacamos no
capítulo um, esse híbrido nos permite compreender que a vida de relações
reafirma o urbano pelas práticas socioespaciais que são geradas a partir delas,
10 O conceito de vida de relações foi cunhado por P. George, no livro “A Ação do
Homem”, para referir-se às solidariedades internas aos lugares, no entanto, esses
lugares se relacionam uns com os outros. Mais recentemente, Milton Santos e Maria
Laura Silveira mencionam o conceito de vida de relações no livro o Brasil: território e
sociedade do século XXI (2006 [2001]).
91
sendo estas práticas um elemento da própria produção do espaço dessas
localidades.
O espaço é entendido enquanto forma, estrutura, função e processo
(SANTOS, 1985). A forma e a estrutura expressam e traduzem as materialidades
observadas no espaço urbano, embora não se restrinjam a essa dimensão, pois
ultrapassam o que é efetivamente material. As funções e os processos referem-
se ao urbano, uma vez que tratam dos papéis exercidos pelas cidades e do
próprio movimento das transformações. As funções apoiam-se nos equipamentos
e serviços urbanos que dão suporte para a existência da vida em sociedade como
educação, saúde, sistema financeiro, comércio, etc. Os processos são as
dinâmicas da sociedade que promovem, por exemplo, a segregação
socioespacial, a exclusão social, a segregação socioespacial interurbana.
Portanto, devemos trabalhar com as relações inerentes ao urbano, pois,
sob o prisma da materialidade, não podemos negar a existência das cidades
locais híbridas, ainda que possamos questionar a incipiência das funções urbanas
econômicas nelas existentes.
É o caráter dialético entre urbano e não urbano que possibilita-nos
defender a existência de segregação socioespacial interurbana. Afinal, em seu
nível urbano essas localidades apresentam uma forte correlação entre incipiência
das funções urbanas, meios de consumo coletivo e segregação socioespacial -
considerando que somente as necessidades básicas da população são satisfeitas.
Contudo, nas cidades locais híbridas a localizações de serviços e
equipamentos urbanos não nos permite correlacionar localização intra-urbana
com o processo de segregação socioespacial, pois esses meios são em sua
grande maioria localizados no centro das cidades. Além do mais, a distância do
centro às áreas periurbanas é pequena. Porém, para esse tipo de cidade, a
presença/ausência dos meios de consumo coletivo, necessários à reprodução da
vida, nos possibilita compreender o processo de segregação socioespacial
interurbana, pois é na comparação com o outro – meios de consumo existentes
em outras localidades – que percebemos a presença/ausência e
qualidade/quantidade dos meios de consumo coletivo e individuais.
Destacamos que em todas as diferentes realidades urbanas – metrópoles,
cidades médias, cidades sub-regionais e cidades locais híbridas – há entre os
espaços urbanos uma vida de relações, devido à divisão territorial do trabalho
existente na estruturação da rede urbana, possibilitando a complementariedade
e a complexidade do urbano. No entanto, as cidades locais híbridas contemplam
92
particularidades que lhe são peculiares, pelo seu contingente populacional,
proximidade e visibilidade dos processos sociais, dinâmica econômica e política
que imprimem nesses espaços características próprias.
É justamente, nesse sentido, que podemos falar que a urbanidade nas
cidades locais híbridas se processa na vida de relações com outras localidades,
diferentemente da realidade das metrópoles ou cidades médias, que mantém
intensa vida de relações entre as diferentes cidades, mas sua urbanidade não se
expressa, majoritariamente, nessa dimensão. Essa intensa vida de relações
fortalecida pela necessidade de deslocamento para acesso aos meios de consumo
coletivo e individuais se transformam, pela intensidade, em práticas
socioespaciais da população, pois fazem parte do cotidiano dessas pessoas.
As práticas socioespaciais se revelam nos elevados índices de
deslocamentos realizados pela população para terem acesso aos meios de
consumo coletivo e individuais, como expressos nas tabelas um e dois, como
também na definição de cidade, na qual, os entrevistados identificam sua
localidade como um bairro de outras cidades.
Portanto, se devido às funções urbanas incipientes a população de uma
localidade precisa se deslocar para outros lugares para ter suprida boa parte de
suas necessidades e que uma parcela da população não se sente inserida em
uma realidade urbana, não estaríamos frente a um processo de segregação
socioespacial interurbana? Ou seja, uma cidade toda não poderia estar
segregada socioespacialmente?
Esta hipótese já vem sendo explorada por outros autores.
Prèteceille (2003) apreendeu a inter-relação escalar no estudo da
segregação socioespacial e também correlacionou equipamentos e serviços
urbanos para pensar o processo de segregação socioespacial, utilizando-se da
escala intra-urbana de Paris e dos municípios ao redor da cidade principal.
Por sua vez, Lojkine (1997 [1981], p. 171-172) aponta que a “armação
urbana”, no estágio monopolista, estrutura uma segregação espacial e social
entre os espaços urbanos centrais e os destinados à execução e aos meios de
reprodução empobrecidos, como segue:
A “armação urbana”, no estágio monopolista, aparece então antes
de tudo através de sua rede de cidades médias, de metrópoles
provinciais, nacionais e internacionais, como uma distribuição
social e espacial das diferentes condições gerais da produção, em
função do tipo de atividade que dela faz um uso privilegiado:
zonas industriais – portuárias para a indústria pesada (siderurgia,
petroquímica); universidades, centros de pesquisa, centros de
93
atividade intelectual e de formação de dirigentes, centros de
gestão, de informática, etc., nas metrópoles mundiais, para as
atividades de direção geral; extensões regionais das
universidades, dos centros de pesquisa, de gestão e de informática
nas metrópoles provinciais ou nas cidades novas, para as
atividades de direção, de exploração, etc.
Mas, bem mais do que descrever rigorosamente a correlação entre
formas de urbanização e formas da divisão social do trabalho, essa
problemática permite, a nosso ver, substituir uma sociologia da
estratificação social, por uma sociologia da segregação social.
Enquanto toda sociologia urbana que reduz seu campo à
reprodução da força de trabalho só pode revelar os conflitos sociais
sob a forma de oposição entre “estratos” de consumidores,
podemos, ao contrário, formular a hipótese de uma segregação
espacial e social fundamental entre o espaço urbano “central”
monopolizado pelas atividades de direção dos grandes grupos
capitalistas e do Estado e as zonas periféricas onde estão
disseminadas as atividades de execução assim como os meios de
reprodução empobrecidos, mutilados, da força de trabalho. (grifo
nosso)
Devemos pontuar, como destacaremos no capítulo posterior, que as
alterações agrícolas que ocorreram na região da Nova Alta Paulista com a
intensificação do agronegócio da cana-de-açúcar mantem as cidades locais
híbridas e até mesmo sub-regionais como reservatório de mão de obra. Nesse
processo podemos observar a diferenciação entre as atividades localizadas nas
cidades sub-regionais e locais híbridas. Para as locais híbridas a função destinada
pela atividade agroindustrial canavieira é somente a de reservatório de mão de
obra, ou seja, espaços dos “meios de reprodução empobrecidos, mutilados, da
força de trabalho” (LOJKINE (1997 [1981] p. 172).
Para se desenvolver as condições necessárias à reprodução global
capitalista há uma junção entre os meios de consumo coletivo aos meios de
circulação material e, também, a concentração espacial dos meios de reprodução
– meios de consumo coletivo e individuais - e produção da força de trabalho, que
vai duplamente caracterizar a cidade capitalista (LOJKINE, 1997 [1981]). Esse
processo é destinado a permitir e facilitar materialmente o conjunto da
reprodução do capital e da força de trabalho, pois os meios materiais para
continuidade da reprodução da força de trabalho e do capital se inscrevem como
auxiliares necessários do ponto de vista social, mas mantendo-se improdutivos
(LOJKINE, 1997 [1981]).
Nesse sentido, as cidades locais híbridas, sendo reservatório de mão de
obra rural destinada à atividade agroindustrial canavieira, desenvolvem em seus
espaços as formas materiais – meios de consumo coletivo e individuais –
94
necessárias à reprodução da força de trabalho. No entanto, mesmo que
necessária para a própria reprodução do capital, a oferta desses meios é
destinada somente para suprir as necessidades básicas destinadas à reprodução
da força de trabalho e capital. Na rede urbana as atividades mais diversificadas e
desenvolvidas estão localizadas nas cidades sub-regionais e médias, mesmo que
isso reflita negativamente nas condições de vida da população residente nas
cidades locais híbridas.
Os custos referentes à oferta dos meios para manter a reprodução da
força de trabalho são repassados pelo monopólio privado ao financiamento
público (LOJKINE, 1997 [1981]). Por sua vez, os conjuntos habitacionais, os
meios de consumo coletivos como escolas, postos de saúde, lazer dentre outros
são financiados pelo Poder Público Municipal.
Nas cidades locais híbridas a esfera pública empobrecida mantém os meios
de consumo para a reprodução da vida dos trabalhadores. Contudo, essas
localidades que vivem majoritariamente dos fundos de repasses governamentais,
somente conseguem suprir os meios de sobrevivência destinados às
necessidades básicas implicando uma vida de relações.
No sentido da vida de relações, Lojkine (1997 [1981], p. 180), pensando
nos bens coletivos, aponta que “a cidade, a região e os diversos tipos de
aglomeração espacial seriam a combinação de infra-estruturas em parte
indissociáveis, estreitamente complementares, que forneciam uma base
indispensável às diferentes atividades”. Desta forma, a reprodução da força de
trabalho e da vida dos trabalhadores nas cidades locais híbridas se possibilita
pela relação existente com as demais localidades, sendo esta indissociável e
complementar. Desta maneira, a cidade local híbrida não se apresenta como
todo, mas como parte de um todo que se completa em outras cidades e até
mesmo na região.
Diante do exposto entendemos que, para se reconhecer o processo de
segregação socioespacial interurbana numa cidade, seja necessário que essa
realidade urbana apresente alguns pressupostos que foram por nós
materializados em indicadores, quais sejam:
1. depender das relações interurbanas para suprir suas necessidades de
acesso aos meios de consumo coletivo e individuais;
2. apresentar elementos que levam ao questionamento da existência ou não
do caráter urbano desse espaço;
95
As indagações que vimos desenvolvendo nos levam à necessidade da
constatação desses indicadores sem os quais não é possível defender a hipótese
levantada, pois eles nos possibilitam entender o grau de dependência da cidade
em relação à rede urbana que vai, justamente, expressar ou não a segregação
socioespacial interurbana.
3.2.1. Dependência das relações interurbanas para suprir
necessidades de acesso aos meios de consumo coletivo e
individuais
Os meios de consumo coletivo e bens de consumo individuais presentes
e/ou ausentes nesses aglomerados, demonstram a incipiência dos equipamentos
e serviços urbanos nelas disponíveis, além da pequena expressão do comércio e
da rede bancária, dados que são reforçados pelos índices de deslocamentos
interurbanos realizados pela população para ter acesso a esses meios.
Contudo, para entendermos esses índices de deslocamentos e a
dependência das relações interurbanas para suprir a necessidade de acesso aos
meios de consumo coletivo e individuais, torna-se necessário discutir a
prevalência do circuito inferior da economia urbana nessas localidades.
3.2.1.1. Prevalência do circuito inferior da economia urbana
Para melhor compreender a reprodução da desigualdade na economia
urbana dos países mais pobres, geógrafos passaram a analisar as cidades
através de dois subsistemas da economia urbana, que seriam o circuito superior
ou “moderno” e o circuito inferior. Mas o que caracterizaria cada um dos dois
circuitos? Qual a diferença fundamental entre eles? A teoria dos dois circuitos
formulada na década de 1970 possui força explicativa para compreender
processos atuais em um período de globalização?
Segundo Santos (2004 [1979]), o que diferenciaria as atividades do
circuito superior do circuito inferior seria a tecnologia empregada e o modo de
organização do trabalho. Assim, o circuito superior manteria sua base
diretamente relacionada à modernização tecnológica e aos grandes monopólios,
detentores das novas tecnologias e de poder no mercado financeiro. Por sua vez,
o circuito inferior seria formado pelas atividades de pequena escala, como dos
pequenos comerciantes, mascates e vendedores ambulantes, voltados para o
mercado de consumo local e a população com menor mobilidade (os mais
pobres). Mas não se trata de um setor tradicional porque é produto indireto da
96
modernização e uma parte do seu abastecimento vem do setor moderno, do qual
depende (SILVEIRA, 2007).
Já o circuito superior marginal nascido, sobretudo em função da relevância
que adquire a circulação, está próximo do circuito superior pela funcionalidade de
seu trabalho, mas se relaciona com o circuito inferior pelo comportamento de
seus atores (SILVEIRA, 2004). O circuito superior marginal é importante para
difundir novas tecnologias inserindo em sua dinâmica algo moderno, mas, ao
mesmo tempo, é residual.
Nas análises de Maria Laura Silveira, a cidade não é apenas lugar do
circuito superior, “mas também do trabalho não especializado, das produções e
serviços banais, das ações ligadas aos consumos populares” (SILVEIRA, 2004, p.
60). Assim, para a autora, o circuito inferior e superior marginal, nos dias atuais,
encontra maior desenvolvimento e, acrescenta, os circuitos da economia urbana
são “vasos comunicantes, pois sendo ambos um resultado da modernização,
encontram, atualmente, as condições de sua reprodução” (SILVEIRA, 2004, p.
66).
Nessa mesma perspectiva, Oliveira (2009) destaca que os circuitos da
economia urbana são expressões das divisões territoriais do trabalho nos lugares
e frisa que essa discussão, em consequência do projeto neoliberal dos anos
1990, se torna de extrema relevância, pois multiplicam-se os trabalhadores ditos
“informais”, aumenta as dívidas sociais, se acelera o processo de urbanização,
intensificando, ainda mais, a concentração de renda e a segmentação da
produção e do consumo que para o autor está na base da existência dos
circuitos. Destaca, ainda, que a intensificação do consumo e da circulação, em
conjunção com o desemprego crônico e o fortalecimento da pobreza urbana,
incide sobre as dinâmicas dos circuitos, especialmente do circuito inferior.
Portanto, para Oliveira (2009, p. 139):
Em face às características do período atual, a teoria dos dois
circuitos, especialmente o conceito de circuito inferior, oferece
possibilidades realmente heurísticas de interpretação da dinâmica
de atualização da pobreza urbana.
Assim, observa-se que no período atual, marcado por processos de
reestruturações, se dota o espaço de fluidez, de ciência, técnica, informação e
racionalidade, no qual se inscrevem, também, o aumento do desemprego, da
precarização das relações de trabalho e da pobreza estrutural. Nesse sentido, a
97
teoria dos dois circuitos da economia urbana se reforça, ainda mais, como uma
possibilidade de apreensão das dinâmicas urbanas.
Os circuitos não são estanques, não podendo ser analisados
separadamente, mas são “vasos comunicantes” (Silveira, 2007), em movimento,
que a cada nova divisão territorial do trabalho modifica suas lógicas e a
estruturação do espaço urbano.
Nos espaços urbanos metropolitanos, por exemplo, coexistem inúmeros
elementos constituintes dos dois circuitos, porém, nas cidades locais híbridas a
economia urbana é marcada, predominantemente, pelo circuito inferior. Mas
devemos destacar que não se trata de uma tipologia, pois há elos que as
articulam também ao circuito superior, mas, a base da economia urbana são as
relacionadas ao circuito inferior.
No entanto, não podemos trabalhar com os circuitos da economia urbana
em cidades que apresentam somente as dinâmicas do circuito inferior, como nas
locais híbridas, pois para a estruturação dos circuitos é necessária à dialética
entre ambos. Somente podemos pensar a questão do circuito inferior, em
cidades locais híbridas, acoplada à análise da divisão do trabalho interurbana.
Portanto, a análise do circuito inferior dessas localidades se faz possível
pela intensa vida de relações existente com outros aglomerados que
desenvolvem as dinâmicas do circuito superior e superior marginal, permitindo-
nos a compreensão de uma economia política da urbanização e da cidade. A
relação entre as escalas intra e interurbana permite-nos visualizar as dinâmicas
dos circuitos da economia urbana na produção da cidade, que para as locais
híbridas se expressam no circuito inferior.
A complementariedade dos circuitos, através das relações interurbanas, se
apresenta pelo acesso da população às instituições financeiras, aos
supermercados inseridos no circuito superior e superior marginal, às lojas de
departamentos como, por exemplo, Casas Pernambucas, Casas Bahia, dentre
inúmeros outros nexos. Nesse processo o circuito inferior existente nas cidades
locais híbridas encontra condições para sua reprodução. Isso demonstra-nos que
a economia urbana é um conjunto solidário e contraditório de divisões do
trabalho, como indicado por Silveira (2004) para pensar as cidades.
A prevalência do circuito inferior, nas localidades analisadas, não significa
que essa população não consuma objetos técnicos modernos. Ao contrário, a
interdependência com o circuito superior e superior marginal pelas relações
interurbanas possibilita, como indicado por Silveira (2007, p. 12) “a participação
98
dos pobres nos eventos contemporâneos”. E é, nesse sentido, que concordamos
com a autora quando afirma que todas as classes podem consumir fora dos
circuitos ao qual estão ligados.
A população empobrecida das cidades locais híbridas, mesmo não tendo
pleno acesso aos meios de consumo coletivo – bens coletivos – consome alguns
objetos técnicos modernos, mas mantem a pobreza estrutural. Assim, Silveira
(2007) destaca que há um equívoco quando se pretende associar pobreza e falta
de consumo, pois o crédito se processa em todos os lugares e classes sociais.
Portanto, circuito superior e inferior se correlacionam sendo opostos e
complementares e, no período atual de globalização, o hibridismo existente em
suas relações se intensifica. Contudo, cada circuito apresenta suas próprias
características, mas a complementariedade para o circuito inferior ganha forma
de dominação (SILVEIRA, 2007).
No entanto, sem levar em consideração o circuito inferior, a compreensão
da cidade é incompleta, principalmente se considerarmos para as cidades locais
híbridas, a relação entre circuito inferior e pobreza, considerando que “pobreza e
circuito inferior aparecem com relação de causa e efeito inegável” (SANTOS,
2004 [1979], p. 196).
Analisando alguns itens da tipologia presente na teoria dos dois circuitos
da economia, observamos quais as principais diferenças existentes entre os dois
e como o circuito inferior - nosso foco de análise – se utiliza das variáveis
existentes no período, demonstrando que, cada vez mais, a teoria nos permite
entender a realidade da economia urbana. Principalmente em um período
marcado por processos acelerados de modernizações, que levam consigo o
desemprego crônico, a obsolescência dos saberes, as técnicas de automação, a
concentração de propriedade e do excedente resultando em uma pobreza
estrutural (SILVEIRA, 2007).
Para a realidade da economia urbana das cidades locais híbridas
apreendemos que as dinâmicas do circuito inferior se modificam diante das
transformações presentes no período atual, mas também constatamos que
algumas variáveis mantêm suas características e outras se mesclam.
Na estruturação do circuito inferior das três cidades analisadas,
observamos que os motivos que levaram a população desempenhar tal atividade
se relacionam, principalmente, as questões ligadas às melhores oportunidades
financeiras, obtenção de renda, melhor lucro, liberdade financeira, trabalhar por
99
conta própria como, também, a falta do comércio ou serviços na cidade. Esses
motivos demonstram-nos duas questões.
A primeira é que um dos fatores preponderantes para abertura de um
comércio ou serviço ligados ao circuito inferior é a pobreza material, pois com
pouco capital inicial podem ter a oportunidade de aumento da renda, alternativa
ao desemprego, além da questão de trabalhar por conta e ser dono do seu
próprio negócio. A segunda questão está relacionada à reduzida quantidade de
comércios e serviços existentes nessas localidades, como destacado pelos
entrevistados, ou seja, não havia esse tipo de atividade na cidade para suprir a
necessidade da cidade, dentre outros.
No entanto, ainda no que tange aos motivos para desempenharem
determinada atividade, destaca-se, para as três cidades, a questão da herança.
Esse fator demonstra que a dinâmica desse circuito nas cidades locais híbridas se
difere das demais realidades urbanas, pois a questão herança tangencia que a
abertura das atividades não é efêmera, dito de outra maneira, a mortalidade
dessas atividades existe, mas a forte permanência predomina.
Silveira (2004), ao analisar a cidade de São Paulo, destaca que graças aos
baixos custos de produção, ampla oferta de insumos, mão de obra e clientes
surgem um considerável número de pequenas empresas e mesmo que a
mortalidade seja alta, a demanda possibilita que outras possam nascer.
Ao contrário, nas cidades locais híbridas onde não há o dinamismo das
grandes metrópoles, é reduzida a possibilidade de expansão do número de
atividades e a dinâmica de abertura de novas empresas.
Isso se reflete quando analisamos o tempo de abertura das empresas, que
para Mariápolis está na categoria mais de dez anos (57,14%); para Pracinha
temos mais de um até cinco anos (46,67%), de cinco a dez anos (33,33%) e,
mais de dez anos (20,00%); e para Flora Rica observa-se que até um ano,
corresponde há (12,00%); mais de um até cinco anos (32,00%), mais de cinco
até dez anos (28,00%) e, mais de dez anos de abertura (28,00%).
Nas principais características que compõem o circuito superior e inferior,
destacamos as mudanças ocorridas em ambos os circuitos na era da
globalização, pautada em inovações tecnológicas, telecomunicações e uma maior
e crescente organização do mercado financeiro global.
- Tecnologia e organização;
No circuito inferior está havendo uma adoção de tecnologia, como
observamos com a utilização de computadores e máquinas de cartão de crédito,
100
pois das empresas entrevistadas as que têm computador perfazem 57,14%,
53,33 e 28,00% para Mariápolis, Pracinha e Flora Rica, respectivamente. As que
possuem máquina de cartão de crédito correspondem 25,00%, 60,00% e
16,00%, respectivamente. Assim, mesmo que em um ritmo mais lento, está
havendo uma mudança nas características do circuito inferior dessas localidades
seguindo a dinâmica de transformações do período atual.
No entanto, mesmo com a introdução de tecnologia, o trabalho continua
sendo intensivo e não o capital intensivo, pois o que gera renda é o trabalho,
seja o familiar, doméstico, ou o trabalho assalariado, de baixa qualificação e
remuneração. Nesse mesmo sentido, a organização continua sendo primitiva,
como, por exemplo, no que tange aos estoques e na forma de demarcação de
preços, necessitando de trabalho intensivo.
Assim, referindo-se a essas duas variáveis, observamos que na
organização dos estoques, em Mariápolis, 53,57% das empresas realiza este
procedimento manualmente, 21,43% computadorizado e 14,29% as duas
formas; para Pracinha 73,33% procedem de forma manual, e apenas 6,67% o
procedem de forma computadorizada; já para Flora Rica temos 92,00%
manualmente e apenas 4,00% computadorizado. Para a demarcação de preços
segue-se quase a mesma dinâmica, como podemos observar nas tabelas 87, 99
e 111, em anexo.
Ainda no sentido de discutir a organização do circuito inferior que continua
sendo primitiva, temos os dados referentes à estrutura administrativa dessas
empresas. Os dados demonstram que, na grande maioria, não há tarefas
específicas e, predominantemente, as funções não são fixas, o que significa que
uma mesma pessoa realiza diferentes atividades no mesmo estabelecimento,
representando 96,43% em Mariápolis, 63,33% em Pracinha e 88,00% em Flora
Rica.
Assim, a inserção de tecnologia não modifica substancialmente a
organização e as formas de trabalho predominantes no circuito inferior dessas
cidades. Esse mesmo fator foi observado por Montenegro (2006) ao trabalhar
com o circuito inferior na cidade de São Paulo, demonstrando que essas
dinâmicas podem estar ocorrendo em diferentes espaços.
-Capital;
O que substancia o circuito inferior não é, como apontamos, capital
intensivo. Nas questões sobre o capital das empresas, contatamos que, nas três
cidades, os investimentos realizados para melhoria dos estabelecimentos é quase
101
inexistente e, quando ocorre, se refere a reparos na pintura, pequenas reformas
e em apenas um estabelecimento na cidade Mariápolis, investe-se, anualmente,
na troca e manutenção dos equipamentos (computadores) e renovação dos
móveis.
O capital/faturamento das empresas está relacionado à renda familiar,
pois, mesmo com a existência de conta bancária específica para empresa
57,17% dos estabelecimentos de Mariápolis, 66,67% de Pracinha e 24,00% de
Flora Rica a separação entre o capital da empresa e a renda familiar é de apenas
28,57% para Mariápolis, 46,67% para Pracinha e somente 4,00% para Flora
Rica.
-Arranjo organizacional;
As poucas e pequenas empresas instaladas nas cidades locais híbridas
estão baseadas em um arranjo organizacional não burocrático, mantém a forma
de contratação familiar, típico do circuito inferior da economia, com pouca
introdução do trabalho assalariado. Esse quadro se apresenta distribuído da
seguinte maneira: Para Mariápolis 53,57% de mão de obra familiar e 46,43%
assalariada; para Pracinha 40,00% familiar, 46,67% assalariada e 13,33% mista
e; para Flora Rica temos 64,00% familiar e 36,00% assalariada.
Devido ao pequeno porte dos estabelecimentos, nos quais a relação com a
clientela é direta e personalizada, persiste o sistema de registro das despesas em
cadernetas, com pagamento mensal. Mesmo que a adoção de novas tecnologias
tenha permitido a inserção do sistema de crédito, baseado no cartão de débito e
crédito - em alguns estabelecimentos das cidades locais híbridas - a grande
maioria das transações ainda consiste no registro de cadernetas, como podemos
observar nas tabelas 89, 101 e 113, em anexo.
Essa característica do circuito inferior presente nas cidades locais híbridas
se reforça devido à pobreza existente nesses espaços, ou seja, a falta de crédito
ou dinheiro líquido faz com que a população mais pobre adquira os produtos, nas
cidades locais híbridas, mesmo sendo estes sensivelmente mais caros, mas, o
fator determinante está justamente na possibilidade de crédito via caderneta,
“fiado”, além da possibilidade de diminuir os deslocamentos para outras cidades
para adquirir bens e produtos.
O trabalho de Montenegro (2006), com base na cidade de São Paulo, faz
contraponto interessante ao nosso estudo. Diferentemente das cidades locais
híbridas, para as metrópoles, mesmo com a intensificação do circuito inferior, as
102
formas de créditos via cartão de crédito, cheque e boleto bancário prevalecem,
tornando o “fiado” quase inexiste.
-Estoques;
Anteriormente, no modelo da sociedade industrial os estoques para o
circuito superior deveriam ser em grande quantidade. Já no período atual, com
as facilidades de deslocamento e comunicação, este sistema de estoque baseia-
se no modelo just-in-time, no qual os estoques são nulos, ou quase nulos
dependendo da demanda. No circuito inferior os estoques reduzidos continuam
sendo característicos – como podemos observar nas tabelas em anexo – devido à
limitação financeira dos estabelecimentos para realização de grandes estoques e
também, em certo sentido, seguindo a lógica do circuito superior e superior
marginal.
No que concerne aos estoques para cidade de Mariápolis a forma mais
usual de realização dos pedidos é através do vendedor, representando 39,29%
dos pedidos, seguido de vendedor e telefone, vendedor, telefone e internet,
telefone e internet e outra forma (adquire diretamente em outras cidades)
variando, percentualmente, entre 17,14% a 17,86%; o tempo para recebimento
das mercadorias varia de um a três dias em 28,57% dos casos e, no
contraponto, mais de 15 dias, corresponde a 14,29% dos pedidos. Para Pracinha
e Flora Rica temos 46,67% e 52,00% dos pedidos realizados por vendedores,
seguido de vendedor e telefone, com 33,33% para Pracinha e, na categoria
vendedor e outra forma (busca em outras cidades), 36,00% para Flora Rica.
Referente ao tempo necessário para recebimento das mercadorias tem-se: um a
três dias, correspondendo a 60,00% (Pracinha) e 20,00% (Flora Rica) seguido de
oito a 15 dias com 6,67% para Pracinha e quatro a sete dias com 48,00% para
Flora Rica.
Podemos observar que mesmo com a introdução de tecnologia em
algumas empresas os pedidos via internet ainda continuam limitados,
principalmente para as cidades de Pracinha e Flora Rica, demonstrando-nos,
acoplado a outros fatores pontuados, que o circuito inferior nas cidades locais
híbridas mantém em sua organização uma dinâmica da divisão territorial do
trabalho característica de um momento anterior, mas, se insere numa nova
forma de divisão do trabalho que altera as dinâmicas de estruturação do circuito,
mas não destrói por completo as formas pretéritas.
-Lucros;
103
Para o circuito inferior, ainda que o lucro por unidade comercializada nas
vendas possa parecer alto em comparação com os preços das mercadorias
adquiridas nas cidades sub-regionais (Lucélia, Adamantina, Dracena), como
informam os entrevistados, ele se reduz em função do pequeno montante
comercializado. Esse fato associa-se às relações interurbanas que se
estabelecem entre as cidades locais híbridas e as cidades maiores da região,
determinadas, justamente, pela reduzida oferta e os elevados preços dos
produtos nos estabelecimentos locais.
-Publicidade;
Ainda devemos ponderar que a publicidade no circuito inferior passa de
nula para pequena, mas existente. Dentre as três localidades analisadas a cidade
de Mariápolis foi a que mais introduziu na dinâmica do circuito inferior essa
questão; assim, das empresas entrevistadas, 64,29% já realizaram algum tipo
de publicidade e 35,71% declararam que não ter. Para Pracinha 40,00%
afirmaram buscar o recurso da publicidade e 60,00% não. E, para Flora Rica,
apenas 8,00% das empresas fazem publicidade e 92,00% nunca realizaram
algum tipo de publicidade. As formas utilizadas para publicidade são:
propagandas em rádios AM e FM, jornal da cidade, anúncios em agenda
telefônica, internet, panfletos, sistema de altos falantes em carro de som,
sacolas plásticas, calendários e propagandas em eventos realizados na cidade.
-Crédito;
Como destacado por Silveira (2007), as transformações atuais ocorridas
no circuito inferior também podem ser observadas na relação ao crédito, pois as
camadas da sociedade inseridas no circuito inferior passam a usufruir, cada vez
mais, de linhas de crédito, pois a organização do sistema financeiro ligado ao
circuito superior se utiliza do crédito para drenar a renda dos inseridos no
circuito inferior.
Nas cidades locais híbridas, das empresas entrevistadas, 100%
declararam nunca terem recebido ajuda governamental, como empréstimos para
manutenção dos estabelecimentos, dentre outros. Considerando que a relação
entre capital da empresa e renda familiar é intensa, podemos dizer que a
questão do crédito pode estar atrelada a dimensão pessoal, mesmo que este seja
utilizado na empresa e, como aponta Silveira (2007) à expansão dos nexos
financeiros – crédito – se relaciona à população inserida no circuito inferior,
drenando a renda dos que estão inseridos nesse circuito, aumentando a pobreza
do circuito inferior e as conexões entre os circuitos da economia urbana.
104
Ainda no sentido dos nexos entre os circuitos, destacamos, novamente, a
vida de relações, mas, também, a presença das usinas e/ou destilarias na região
e a cooperativa de consumo de Inúbia Paulista, que geram processos que
fortalecem a presença do circuito inferior da economia urbana nessas
localidades.
A grande quantidade de usinas e/ou destilarias na região da Nova Alta
Paulista, pauta-se, na monocultura com concentração de terra e renda
desapropria os camponeses de suas terras. Esses, por sua vez, passam a residir
nas cidades e com o tempo vivenciam ainda mais o empobrecimento,
participando, desta maneira, como consumidores – como já o faziam – e
também passam a constituir o circuito inferior enquanto trabalhadores desse
circuito.
Pensando na mecanização da cana-de-açúcar, processo que começa a se
devolver na região, pode-se dizer que os trabalhadores manuais dessa
monocultura vivenciam a substituição da mão de obra humana pela mecanizada
e esse processo leva, consequentemente, ao aumento do desemprego. Um
exemplo claro desse fator pode ser observado na substituição da plantação
manual da cana-de-açúcar pela mecanizada11. Nesse sentido, o circuito inferior
se reforça ainda mais nessas cidades locais híbridas perpetuando a pobreza, mas
sendo a única opção de obtenção de renda.
Ainda nesse sentido, destacamos a presença da cooperativa de consumo
na cidade Inúbia Paulista que gera um elevado fluxo de pessoas para a cidade
contribuindo para o fortalecimento e, ao mesmo tempo, enfraquecimento do
circuito inferior. Ao possibilitar a aglomeração de diversos camelôs nos seus
arredores, ou seja, proliferam pequenos trailers de venda de lanches, pastéis
etc., vendedores de roupas e outros produtos aumenta em quantidade e
dinamiza o circuito inferior, mas, também enfraquece o pequeno comércio ligado
11 Segundo informações obtidas no trabalho de campo para o plantio manual são
necessários: 2 tratoristas para preparar a terra; 5 ônibus de trabalhadores para o corte
da muda; um operador de carregadeira para o transporte das mudas; diversos
motoristas de caminhão para o transporte de mudas do local de corte para o de plantio;
aproximadamente dois ônibus de trabalhadores para distribuir as mudas nas valas de
plantio e; um tratorista para cobrir as valas e aplicar defensivo agrícola; já para o plantio
mecanizado tem-se: um maquinista que opera a cortadeira; 2 tratoristas que transferem
as mudas para dois caminhões e; três tratoristas que transferem as mudas para a
plantadeira que executa todo o processo final de plantio.
105
ao circuito inferior existente na cidade, justamente, pela presença da
cooperativa12.
Dentre as três cidades analisadas, podemos perceber que Flora Rica, na
estruturação do circuito inferior da economia urbana foi à localidade que menos
absorveu as transformações do período atual. A dinâmica do circuito inferior
presente nesse aglomerado, mantém, dentre as três cidades, o modelo de
organização mais primitivo, com menos inserção de tecnologia, dentre outros. E
a pobreza urbana, como nas demais localidades continua sendo parte de seu
conteúdo estruturador.
Mariápolis e Pracinha, mesmo de maneira mais lenta, inserem na dinâmica
do circuito inferior transformações tangenciadas pelos processos de
modernização tecnológicos, mas, ao mesmo tempo, mantém elementos
característicos do circuito inferior da economia urbana observados na década de
1970.
Assim, diante do exposto, para as cidades locais híbridas analisadas por
nós, podemos refletir sobre as características dos circuitos da economia urbana,
principalmente do circuito inferior. Porém, destacamos que as ponderações sobre
o circuito superior, no quadro dois, vem substanciadas pelo referencial teórico
utilizado nesse trabalho e para o circuito inferior as informações referem-se às
dinâmicas presentes nas cidades locais híbridas.
12 Para discussões referente a cooperativa de consumo na cidade Inúbia Paulista
consultar Roma e Vieira (2009).
106
Quadro 2
Características dos Dois Circuitos da Economia Urbana
Circuito Superior Circuito Inferior
Tecnologia capital intensivo trabalho intensivo, mas adoção de tecnologia
Organização do trabalho burocrática primitiva mesmo com introdução de tecnologia
Capital elevado reduzido
Emprego reduzido volumoso
Relações de trabalho assalariado dominante Familiar e assalariado
Estoques quantidade reduzida alta qualidade
pequena quantidade qualidade inferior
Preços fixos (em geral) submetida à discussão entre comprador e vendedor
Crédito bancário institucional pessoal não-institucional
Margem de Lucro reduzido ou por unidade, mas importante pelo volume de negócios
elevado por unidade, mas pequena em relação ao volume de negócios
Relação com a clientela (exceção produtos de luxo)
impessoais e/ou com papéis
diretas personalizadas
Custos fixos importantes desprezíveis
Publicidade necessária Passa de inexistente para incipiente, vem se transformando em necessária
Reutilização dos bens nula frequente
Ajuda governamental importante para cidades analisadas, inexistentes
Dependência direta do exterior grande, atividade voltada para o exterior
reduzida ou nula
Fonte: Santos (2004 [1979]), Silveira (2004, 2007, 2008), Montenegro (2006) e Trabalho de Campo, 2012.
Por fim, pontuamos que a predominância do circuito inferior da economia
urbana nas cidades locais híbridas reforça a necessidade de deslocamento de
seus moradores para outras cidades para o acesso a bens e serviços na rede
urbana.
3.2.1.2. Índices de deslocamentos para acesso aos meios de
consumo coletivo e individuais
Para discutir os índices de deslocamentos para acessar os meios de
consumo coletivo e individuais apresentaremos as tabelas cinco, seis e sete13.
Nelas destacam-se a utilização de hospital, posto de saúde, serviço médico
(particular), serviço de dentista (particular e público), creche, igreja, comércio
alimentar, confecções, calçados e armarinho, área de lazer e escola. As
informações sobre as cidades e os meios de consumo coletivo e individuais e os
principais locais de consumo nos substanciará para pensar a
13 Nesse capítulo estamos aprofundando as analises a partir da realidade empírica
de três cidades: Mariápolis, Pracinha e Flora Rica, assim, se repete a apresentação da
tabela um – Mariápolis e os meios de consumo coletivo e individuais e os principais locais
de consumo – para facilitar a leitura do trabalho). No entanto, pontuamos que para todas
as cidades locais híbridas do nosso recorte empírico, também foram levantados os
mesmos dados os quais se encontram em anexo.
107
complementariedade e dependência das cidades locais híbridas às localidades
com funções urbanas mais desenvolvidas e, dessa forma, como essa vida de
relações se materializa em práticas socioespaciais, permitindo-nos compreender
como a urbanidade dessas localidades se expressa no outro e o processo de
segregação socioespacial interurbana, intrínseco. Como, também, observar a
relação entre os circuitos da economia urbana na escala interurbana. (tabelas
cinco, seis e sete)
Tabela 5
Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Junqueirópolis 27 35,53
Junqueirópolis/Dracena 25 32,89
Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 10 13,16
Dracena 4 5,26
Dracena/Presidente Prudente 6 7,89
Junqueirópolis/Presidente Prudente 3 3,94
Dracena/Adamantina 1 1,32
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X Flora Rica 76 100
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Dracena 18 23,68
X Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 6 7,89
Dracena/P. Prudente 16 21,05
Junqueirópolis/Dracena 10 13,16
Presidente Prudente 5 6,58
Junqueirópolis 9 11,84
Marília 1 1,32
Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32
Dracena/Junqueirópolis/Adamantina 2 2,63
Não utiliza 8 10,53
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 56 73,68
X Flora Rica/Dracena 4 5,26
Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32
Irapuru/Flora Rica 1 1,32
Dracena 3 3,94
Irapuru 4 5,26
Não utiliza 7 9,21
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 1o 13,16
X Não utiliza 83 83,00
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 73 96,05
X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32
Não utiliza 2 2,63
108
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Dracena 2 2,63
X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32
Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32
Flora Rica 8 10,53
Irapuru 32 42,1
Irapuru/Pacaembu 7 9,21
Irapuru/Pacaembu/Dracena 4 5,26
Pacaembu 10 13,16
Inúbia Pta/Adamantina 4 5,26
Presidente Prudente 2 2,63
Dracena/Junqueirópolis 3 3,94
Emilianópolis 1 1,32
Irapuru/Mascate 1 1,32
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Irapuru/Dracena 14 18,42
X Presidente Prudente 5 6,58
Irapuru 30 39,48
Dracena 2 2,63
Pacaembu 3 3,94
Irapuru/Pacaembu/Dracena 1 1,32
Flora Rica 3 3,94
Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32
Irapuru/P. Prudente/Adamantina 1 1,32
Dracena/Junqueirópolis 2 2,63
Irapuru/Dracena/Presidente Prudente 5 6,58
Dracena/Presidente Prudente 4 5,26
Junqueirópolis/Flora Rica 1 1,32
Irapuru/Flora Rica 1 1,32
Mascate/Dracena 1 1,32
Outros 1 1,32
Não utiliza 1 1,32
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 11 14,48
X Região 9 11,84
Irapuru/Dracena 1 1,32
Presidente Prudente 1 1,32
Não utiliza 54 71,05
Pescaria e zona rural (Região) Atividades da Terceira Idade
(Flora Rica) Shopping (P.Prudente)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 30 39,48
X Adamantina 2 2,63
Adamantina/Flora Rica 2 2,63
Flórida Paulista 1 1,32
Lucélia 2 2,63
Não utiliza 39 51,32
Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)
Lucélia (Faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
109
Tabela 6
Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual -
Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Adamantina 85 85,00
Adamantina/Marília 7 7,00
Adamantina/Presidente Prudente 2 2,00
Adamantina/Marília/Pte Prudente 1 1,00
Presidente Prudente/Marília 1 1,00
Marília 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Não utiliza 2 2,00
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 95 95,00
X Mariápolis/Adamantina 2 2,00
Não utiliza 3 3,00
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 79 79,00
X Adamantina/Presidente Prudente 5 5,00
Adamantina/Lucélia 2 2,00
Adamantina/Marília/Pte Prudente 2 2,00
Presidente Prudente 2 2,00
Adamantina/Tupã 1 1,00
Adamantina/Marília 1 1,00
Adamantina/Dracena/Pte Prudente 1 1,00
Marília 1 1,00
Lucélia 1 1,00
Não utiliza 5 5,00
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 65 65,00
X Adamantina 16 16,00
Adamantina/Mariápolis 4 4,00
Não utiliza 15 15,00
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 17 17,00
X Não utiliza 83 83,00
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 92 92,00
X Adamantina 1 1,00
Não utiliza 7 7,00
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 37 37,00
X Mariápolis 34 34,00
Adamantina/Mariápolis 22 22,00
Adamantina/Inúbia Paulista 3 3,00
Adamantina/Pte Prudente/Mariápolis 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Mariápolis/Inúbia Paulista 1 1,00
Inúbia Paulista 1 1,00
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 73 73,00
X Adamantina/Mariápolis 12 12,00
Mariápolis 5 5,00
Presidente Prudente 4 4,00
Adamantina/Presidente Prudente 3 3,00
110
Adamantina/Inúbia Paulista 1 1,00
Não utiliza 2 2,00
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 29 29,00
X Adamantina 9 9,00
Cidades da região 3 3,00
Panorama 1 1,00
Adamantina/Mariápolis 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Não utiliza 56 56,00
Pescaria, igreja, lanchonete, rua e praça (Mariápolis)
Festas e lanchonetes (Adamantina e cidades da região)
Balneário (Panorama)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 39 39,00
X Adamantina 6 6,00
Adamantina/Mariápolis 1 1,00
Londrina 1 1,00
Araçatuba 1 1,00
Não utiliza 52 52,00
← Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)
← Londrina e Araçatuba (Faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 7
Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Lucélia 56 86,15
Lucélia/Adamantina 5 7,69
Lucélia/Marília 2 3,08
Lucélia/Marília/Presidente Prudente 1 1,54
Lucélia/Presidente Prudente 1 1,54
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 65 100,00
X
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Lucélia 23 35,38
X Lucélia/Adamantina 12 18,46
Adamantina 7 10,77
Lucélia/Presidente Prudente 5 7,69
Presidente Prudente 3 4,61
Adamantina/Presidente Prudente 2 3,08
Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08
Marília/Presidente Prudente 1 1,54
Osvaldo Cruz 1 1,54
Marília/Tupã 1 1,54
Osvaldo Cruz/Presidente Prudente 1 1,54
Lucélia/Dracena/Adamantina 1 1,54
Lucélia/Adamantina/Tupã 1 1,54
Não Utiliza 5 7,69
Serviço de dentista
(público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 42 64,61
111
X Lucélia 5 7,69
Lucélia/Pracinha 4 6,15
Adamantina 3 4,61
Lucélia/Adamantina 2 3,08
Não utiliza 9 13,85
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 4 6,15
X Lucélia 1 1,54
Não utiliza 60 92,31
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 62 95,38
X Pracinha/Lucélia 2 3,08
Não utiliza 1 1,54
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 37 56,92
X Lucélia 13 20,00
Pracinha/Lucélia 9 13,85
Inúbia Paulista 6 9,23
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Lucélia 45 69,23
X Lucélia/Adamantina 7 10,77
Pracinha/Lucélia 3 4,61
Lucélia/Adamantina/Presidente Prudente
3 4,61
Adamantina 2 3,08
Presidente Prudente 2 3,08
Lucélia/Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08
Lucélia/Mascate 1 1,54
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 19 29,23
X Adamantina/Lucélia 1 1,54
Cidades da região 1 1,54
Panorama 1 1,54
Lucélia 1 1,54
Martinópolis 1 1,54
Não utiliza 41 63,08
Pescaria, igreja, quermesse, praça (Pracinha)
Festas (Adamantina, Lucélia) Balneário (Panorama,
Martinópolis)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 27 41,54
X Pracinha/Adamantina 2 3,08
Adamantina 2 3,08
Lucélia 2 3,08
Não utiliza 32 49,23
Adamantina (Faculdade, técnico)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Os índices de deslocamentos, no que tangem o acesso a hospital e médico
particular, nos indicam que dos entrevistados das três cidades 100% necessitam
se deslocar para outras localidades para obterem os serviços. Esses se destinam
com diferenças, para os centros sub-regionais A e B de Dracena, Adamantina,
Junqueirópolis, Tupã, Osvaldo Cruz e Lucélia e para as cidades médias de
Presidente Prudente e Marília.
Já referente ao posto de saúde, 100% dos entrevistados de Flora Rica e
Pracinha utilizam-se desse serviço na própria cidade e para Mariápolis esse
112
percentual é de 95%, sendo que 2% declararam utilizar concomitantemente em
Mariápolis e Adamantina e 3% não utilizam.
O acesso aos serviços de dentista (público e particular) apresenta a
seguinte proporção, dos entrevistados - 73,68%, 65%, 64,61%, para Flora Rica,
Mariápolis e Pracinha , respectivamente. Utilizam-no na localidade os demais, ao
mesmo tempo, tem acesso ao serviço na própria cidade como em outros
aglomerados. Dentre os entrevistados os que declararam não utilizar-se dos
serviços, perfazem 9,21% para Flora Rica, 15% para Mariápolis e 13,85% para
Pracinha.
No que concerne aos serviços de saúde devemos destacar que os
atendimentos realizados nos postos de saúde são destinados para atender
apenas procedimentos básicos, como pequenos curativos e inalações e as
especialidades médicas existentes são: clínico geral (para as três cidades, com
atendimento diário no período matutino em todas elas), ginecologista (no
período matutino, duas vezes na semana para Flora Rica e Pracinha e
diariamente em Mariápolis), pediatra (Mariápolis e Flora Rica, duas vezes na
semana, no período matutino) e ortopedista (apenas Mariápolis, duas vezes na
semana, no período vespertino) e, ainda, para Mariápolis tem-se o atendimento
odontológico (diariamente, no período vespertino e noturno). Para Flora Rica e
Pracinha o horário de funcionamento do posto de saúde é de segunda a sexta
feira, das 7h00 às 17h00. Em Mariápolis o atendimento no posto se estende até
as 21h, mas somente para o serviço odontológico. O posto de saúde não
funciona no período noturno, aos sábados, domingos e feriados, faz parte da
política municipal pela autonomia que exerce para decidir/investir nisto.
Assim, intensifica-se a necessidade de deslocamentos por parte da
população para ter acesso aos serviços de saúde, como constatado nos índices
de deslocamentos para os hospitais e médico particular, fortalecendo a
indissociabilidade entre espaços intra e interurbano. Este fator é um dado do
funcionamento das redes urbanas e a lógica por trás dessa vida de relações é a
divisão territorial do trabalho.
Os serviços de alta complexidade, por uma questão de escala, devem
estar localizados nos maiores centros. No entanto, os moradores das cidades
locais híbridas precisam se deslocar para terem acesso a esses serviços e podem
113
morrer no caminho14. Uma pessoa que teve um enfarto, por exemplo, se mora
perto de um hospital, pode, ainda, ter recurso de emergência (cateterismo, por
exemplo). Contudo, é inviável instalar os serviços de alta complexidade em cada
local, mas, o fato de morar nas cidades locais híbridas os coloca em
desvantagem do ponto de vista de acesso aos recursos tecnológicos, que são
seletivos.
Esse fator penaliza ainda mais os moradores dessas localidades,
considerando que os postos de saúde realizam procedimentos muito
elementares, não dispondo de recursos suficientes para um bom atendimento
entre os primeiros socorros, na cidade local híbrida, e o atendimento nos
hospitais localizados nas cidades sub-regionais ou médias.
No Brasil observamos grandes barreiras no acesso aos serviços
ambulatoriais e hospitalares, embora a saúde seja direito de todos, com acesso
universal e igualitário e essas barreiras, dentre outros fatores, são impostos pela
indisponibilidade da oferta de serviços básicos e especializados à grande maioria
da população (GUIMARÃES; AMARAL; SIMÕES, 2006, p. 17). E os autores
acrescentam:
A discussão sobre o acesso aos serviços de saúde é de
fundamental importância em qualquer estudo sobre as condições
de vida da população, uma vez que as barreiras ou dificuldades
encontradas no atendimento às necessidades de saúde podem
afetar a qualidade de vida e mesmo pôr em risco a sobrevivência
do indivíduo.
Ainda no sentido de discutir o acesso aos meios de consumo coletivo,
Silveira (2008) destaca que a nova rede urbana apresenta áreas luminosas e
áreas opacas, as primeiras são locus dos eventos da nova ordem e as segundas
deixam de contar com o apoio do Estado. Portanto, as pessoas e aos lugares que
não fazem parte da novíssima divisão territorial do trabalho lhes faltará o acesso
a certos consumos coletivos. A autora se refere às densas periferias paulistanas
e outras grandes metrópoles, como as pequenas aglomerações do interior do
Nordeste e da Amazônia.
As cidades que vimos estudando não são pequenas aglomerações no
interior do Nordeste ou da Amazônia, mas por suas dinâmicas de acesso aos
14 Conforme relatado por entrevistados na cidade de Arco-Íris, uma moradora da
cidade teve parada cardiorrespiratória e no deslocamento para a cidade de Tupã veio a
óbito.
114
meios de consumo coletivo fazem parte das áreas opacas, no sentido da
racionalidade na distribuição dos equipamentos e serviços de saúde. Não
estamos dizendo que essa população não tenha acesso a esses recursos, pois
podem ser encaminhados para centros maiores, mas, o fator deslocamento ou a
falta de recursos financeiros os coloca em desvantagem em relação aos recursos
tecnológicos.
Portanto, Silveira (2007, p 11 e 12) destaca que a consequência desse
processo é que são privilegiados áreas e pontos em detrimento de extensas
partes, assim se “produz uma enorme dívida social” e acrescenta que não é
inerente ao princípio organizacional dos agentes hegemônicos a busca de justiça
espacial, como destaca vários autores, ao contrário, a globalização tal como é
aceita somente fortalece as polarizações socioespaciais e seu corolário “es la
escasez de recursos, bienes y servicios universales en el resto del territorio y,
por ello, un desigual ejercicio de la democracia, llevando a su fragilidad como
condición de vida de una sociedade”.
A desvantagem no acesso aos serviços universais, tanto os ditos “raros”
como os que deveriam ser básicos, são negados a essa população fragilizando a
vida em sociedade. Assim, o acesso desigual aos serviços e equipamentos de
saúde sendo um fator que aufere nas condições de vida desses moradores, indica
a ocorrência do processo de segregação socioespacial interurbana.
E, ainda mais, reforça a pobreza política que discutimos no capítulo dois,
demonstrando-nos que o circuito de pobreza perpassa por diferentes vieses e as
questões não são estanques ou lineares, se perpassam. Silveira (2007, p. 16)
destaca que os nexos do individualismo mercantil substituem os nexos da vida
coletiva, e acrescenta:
De un modo general, los partidos políticos, unánimemente
preocupados con el crecimiento (Hamilton, 2006), acaban por
aceptar la ley de la oferta y la demanda aplicada a la vida social
como un todo, allí incluidos los servicios universales, ofreciendo
cuando es posible soluciones puntuales y asistencialistas a quien
queda fuera del juego del mercado. La topología es más fuerte que
el espacio banal.
Nas cidades locais híbridas os problemas relacionados aos serviços de
saúde, em alguns casos, são mantidos para que haja o “problema” e possa ser
atendido. Assim, “doa-se” uma ambulância, desloca-se um doente com seu
próprio carro, ao invés de investir em uma política pública municipal de melhoria
no atendimento do ponto de saúde da cidade, na abertura 24 horas, em mais
115
especialidades médicas, ou seja, as soluções pontuais e assistencialistas reforça
a pobreza politica. E como os nexos individuais substituem os coletivos, a
população, em certo sentido, perpetua essa dinâmica.
Assim, as desvantagens de acesso aos recursos tecnológicos, a falta de
estrutura nos postos de saúde e a autonomia municipal em não oferecer
atendimento no período noturno, sábados, domingos e feriados, efetivamente
penalizam a população dessas cidades e essas são privações inaceitáveis do
ponto de vista da justiça social.
Retornando a análise das tabelas, pontuamos a utilização de creche e
igreja. No que tange ao primeiro, dos entrevistados da cidade Flora Rica,
Mariápolis e Pracinha 13,16%, 17%, 6,15%, respectivamente, utilizam o serviço
e o acesso se dá na própria cidade, também dos que declararam frequentar
igreja 96,05%, 92%, 95% para Flora Rica, Mariápolis e Pracinha o fazem na
própria localidade. Esses dados nos revelam que o acesso à creche e igreja se
realiza, predominantemente, nas cidades locais híbridas.
Referente ao serviço de educação constatamos que para Flora Rica
51,32%, Mariápolis 52,00% e Pracinha 49,23% dos entrevistados não utilizam-
se do serviço. Dos que declararam utilizar 39,48%, 39% e 41,54%,
respectivamente, o fazem na cidade. Os demais têm acesso nas cidades de
Adamantina, Flórida Paulista, Lucélia, Londrina e Araçatuba e dizem respeito ao
ensino superior, técnico e ensino particular. Volta-se a questão da divisão
territorial do trabalho, pois os serviços educacionais como ensino superior,
ensino técnico, escolas particulares necessitam, para o seu funcionamento, uma
demanda que não é suprida nas cidades locais híbridas. No entanto, ressaltamos
que o oferta de ensino técnico não deveria estar inserido nessa lógica,
considerando que a pobreza material, associada ao desemprego e má
remuneração existente nessas localidades vai ao encontro da necessidade de
investimentos na área de educação profissionalizante.
Pedro Demo, já em 1978, discutia que uma política social que se diga
distributiva deveria, além de outros fatores, centrar na via “ocupação-renda” e,
assim, educação e profissionalização seriam elementos essenciais pelo impacto
que poderiam causar nas condições ocupacionais.
Contudo, no que se refere à população das cidades locais híbridas,
observamos que os deslocamentos necessários para ter acesso a esse tipo de
serviço educacional se traduz em não utilização do mesmo, considerando o
desgaste com deslocamento, o custo, dentre outros fatores, como destacado
116
pelos entrevistados. Portanto, a dificuldade de acesso aos serviços educacionais
profissionalizantes é um fator que reforça o processo de segregação
socioespacial interurbana.
No que concerne ao lazer dos entrevistados, uma porcentagem elevada
declarou não frequentar locais destinados ao lazer, dentre os motivos destacados
temos o de ordem pessoal, ou seja, não utilizam porque não gostam, preferem
ficar em casa, mas também há os que afirmaram não ter opção de lazer na
própria cidade, como show, teatro, festa, parque, clube – eventos e locais
públicos - e o deslocamento para outras cidades acarreta, também, em
dificuldade de acesso, pois só poderiam se deslocar de “carona” ou de carro
próprio, já que o transporte coletivo não funciona no período noturno, por
exemplo, e ainda acrescenta-se o custo financeiro.
A falta de incentivo à cultura também pode ser observada nas
ponderações realizadas por um entrevistado da cidade de Flora Rica de 72 anos:
ele declarou que participa de um grupo folclórico - Folia de Reis - financiado pelo
Ministério da Cultura e também de grupos de viola, no entanto, não consegue
apoio municipal e para qualquer procedimento burocrático em torno dos projetos
precisa se deslocar a Presidente Prudente e, segundo ele, o prefeito da cidade
sugeriu que se mudasse, porque ali não conseguiria recursos, como poderia
obter, por exemplo, na cidade de Presidente Prudente.
Dos entrevistados que frequentam locais de lazer somente na cidade,
temos: 14,48%, 29% e 29,23% para Flora Rica, Mariápolis e Pracinha, os
demais utilizam-se na própria cidade e, concomitantemente, nas localidades de
Irapuru, Presidente Prudente, Adamantina, Panorama, Lucélia, Martinópolis e nas
demais cidades da região.
Na discussão referente à “qualidade de vida”, Demo (1978) aponta que
satisfazer as necessidades da população não significa garantir acesso a bens
materiais (geladeira, etc.), mas de outras necessidades igualmente importantes
como segurança, liberdade, privacidade, criatividade, lazer e cultura, dentre
outros. Assim, acrescenta que a base material é fundamental, mas a parte
qualitativa não pode ser acréscimo consequente e o acesso a condições mínimas
satisfatórias de subsistência material deva ser de primeira necessidade, mas não
única.
Os moradores dessas localidades não tem acesso ao lazer por falta de
opção e incentivo a cultura na própria cidade, isso se acopla ao fator
117
deslocamento, ou seja, essa população está em desvantagem e limitada pelo
deslocamento, reforçando o processo de segregação socioespacial interurbana.
Ainda referente aos dados das tabelas acima, pontuamos o acesso aos
bens individuais que, para nossa análise, destaca-se o comércio alimentar,
confecções, calçados e armarinhos.
Assim, para a cidade de Flora Rica o acesso da população se distribui da
seguinte forma: para o comércio alimentar os que declararam consumir somente
na cidade de Flora Rica perfazem somente 10,53% dos entrevistados, e para
confecções, calçados e armarinhos esses são apenas 3,94%. O acesso dos
demais se distribuem entre as cidades de Dracena, Adamantina, Amelianópolis,
Pacaembu, Irapuru, Inúbia Paulista, Junqueirópolis e Presidente Prudente.
Na cidade de Mariápolis, referente ao acesso ao comércio alimentar,
temos: 34,00% dos entrevistados consomem somente na localidade, os que
declararam consumir, concomitantemente, em Mariápolis e Adamantina são
22,00%, 37,00% afirmaram consumir exclusivamente em Adamantina e os
demais se distribuem entre Inúbia Paulista e Presidente Prudente. Para
confecções, calçados e armarinhos o percentual dos que somente tem acesso na
cidade é de 5,00%, os que utilizam em Mariápolis e Adamantina são 12,00% e
somente em Adamantina 73,00%, os demais para as mesmas cidades do
consumo alimentar.
Para Pracinha, os entrevistados que consomem o comércio alimentar
exclusivamente no aglomerado tem-se um percentual de 56,92%, os que
declararam consumir, simultaneamente, em Pracinha e Lucélia perfazem
13,85%, unicamente em Lucélia 20,00% e Inúbia Paulista 9,23%. Já o acesso a
confecções, calçados e armarinhos nenhum dos entrevistados declarou consumir
esses produtos somente na cidade e 4,61% utilizam-se destes em Pracinha e
Lucélia, e 69,23% exclusivamente em Lucélia e 10,77% em Adamantina, os
demais na cidade de Osvaldo Cruz e Presidente Prudente. Segundo
entrevistados, a predominância de utilização do comércio alimentar na própria
cidade se dá devido à possibilidade de comprar “fiado” e o valor dos produtos
não diferir muito dos encontrados em outras localidades, diferentemente do que
observamos nas demais cidades.
Pela prevalência do circuito inferior da economia os índices de
deslocamentos necessários para obtenção de boa parte dos meios individuais de
reprodução, acoplado ao fator custo financeiro, coloca a população em
desvantagem de acesso. Assim, essa população tem acesso aos bens individuais
118
na própria localidade ou em outras cidades, mas, no geral, pagando um preço
mais elevado nos bens e produtos.
Ao correlacionarmos os deslocamentos necessários para acesso aos meios
de consumo coletivo e individuais para pensar a estruturação do processo de
segregação socioespacial interurbana nos suscita a indagação referente ao
acesso aos bens individuais (pela prevalência do circuito inferior da economia
urbana).
Lojkine (1997 [1981]), como discutimos anteriormente, ao trabalhar com
meios de consumo coletivo, divide esses meios em de consumo coletivo
(necessidade social) e consumo individual – organização do processo de
consumo –; o consumo individual pode ser aulas, por exemplo, mas, também,
meio de subsistência e o valor de uso desses se cristaliza no próprio objeto
material. Assim, para o autor, os meios de consumo individuais são meios de
reprodução da força de trabalho e do capital, auxiliares do ponto de vista social.
Somente analisando os deslocamentos necessários para se ter acesso ao
consumo individual não podemos dizer que se estrutura o processo de
segregação socioespaical interurbana, pois esses são auxiliares do ponto de vista
social e não uma necessidade social.
Ainda no sentido de pensar o acesso aos bens individuais e sua correlação
ou não com o processo de segregação socioespacial, podemos utilizar-nos das
ponderações realizadas por Sposito (2011, p. 131):
Corrêa (2007, p. 64) frisa que, na escala da rede urbana,
poderíamos observar a diferenciação funcional dos centros urbanos
como as diferenças entre os tamanhos de cidades. Nesses termos,
tanto se pode observar, a meu ver, as desigualdades como as
diferenças, porque a dimensão quantitativa expressa pelo tamanho
das cidades, reflete-se numa qualidade diversa dos papéis
urbanos. Isso nos possibilita, no que se refere aos tamanhos das
cidades, ler as desigualdades demográficas por meio das
diferenças expressas na complexidade dos papéis urbanos
exercidos por cada cidade na rede urbana e as formas e os cortes
segundo os quais seus moradores se apropriam mais ou menos de
seus espaços urbanos.
A diferenciação funcional está estritamente relacionada ao tamanho da
cidade, que expressa diferenças na complexidade dos papeis urbanos,
intensificando, assim, a vida de relações entre as diferentes cidades. Portanto,
essas diferenças podem, também, revelar desigualdades pelo desigual acesso
aos quais estão submetidas uma parcela da sociedade.
119
Os deslocamentos necessários para acesso aos bens individuais, mesmo
não estruturando o processo de segregação socioespacial, afeta, negativamente,
as condições de vida dos moradores, nos permitindo correlaciona-los ao processo
de exclusão social, pois como destacam Vieira, Furini, Nunes e Libório (2010, p.
47), a dimensão econômica da exclusão social:
relacionada principalmente ao aumento das desigualdades e da
pobreza, levando uma grande parcela da população a ter acesso
restrito aos bens de consumo básicos e simbólicos, aos
equipamentos urbanos etc., o que é agravado pela baixa
remuneração e ao desemprego estrutural.
Porém, no sentido que vimos discutindo, os deslocamentos realizados pela
população para acesso aos bens individuais são dados necessários para pensar o
processo de segregação socioespacial interurbana. Esses índices de
deslocamentos reforçam a complementariedade e dependência entre as cidades
locais híbridas e as localidades com complexidade funcional mais desenvolvida,
intensificando a vida de relações, materializando-se em práticas socioespaciais,
sendo as práticas a possibilidade de compreendermos a urbanidade e essa se
expressando no outro.
Assim, os deslocamentos das pessoas para acesso aos bens individuais
fazem parte da divisão territorial do trabalho e esse processo não quer dizer que
haja segregação socioespacial, todavia, a prevalência do circuito inferior nos
ajuda à substânciar a tese da estruturação do processo de segregação
interurbana.
Após analisar os dados de deslocamentos e a questão do acesso aos meios
de consumo coletivo e individuais, podemos associar falta de acesso e
localização, pois estar localizado numa cidade local híbrida impede e/ou dificulta
os moradores de terem pleno acesso, por exemplo, à cultura e lazer, aos
serviços de saúde e educacionais (profissionalizantes).
Os índices de deslocamentos e as questões correlacionadas a este fator,
como discutimos, são reforçados pelos dados contidos nas tabelas referentes às
relações interurbanas (fluxos de deslocamentos). Nas tabelas oito, nove e 10,
identificamos a intensidade dos deslocamentos realizados pelos entrevistados.
120
Tabela 8
Flora Rica Relação interurbana com Dracena - 2010
Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 5 6,58
2 vezes na semana 10 13,16
3 vezes na semana 4 5,26
4 vezes na semana 1 1,32
Raramente 8 10,53
Sempre 3 3,94
Quando necessita 45 59,21
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 9 Mariápolis
Relação interurbana com Adamantina - 2010 Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 20 20,00
2 vezes na semana 10 10,00
3 vezes na semana 6 6,00
4 vezes na semana 2 2,00
5 vezes na semana -- --
6 vezes na semana -- --
7 vezes na semana -- --
Raramente 7 7,00
Sempre -- --
Quando necessita 55 55,00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 10
Pracinha Relação interurbana com Lucélia - 2010
Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 4 6,15
2 vezes na semana 6 9,23
3 vezes na semana 4 6,15
4 vezes na semana -- --
5 vezes na semana 1 1,54
6 vezes na semana -- --
7 vezes na semana 4 6,15
Raramente 4 6,15
Sempre 7 10,77
Quando necessita 35 53,85
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
121
Dentre os entrevistados os maiores índices de deslocamentos para as três
cidades está na categoria “quando necessário”, o que evidencia que para
qualquer coisa que necessite a população se desloca para outras localidades.
Segundo os entrevistados, existem semanas em que não há necessidade de
deslocamento, mas, em outras seja indispensável ou até mesmo ocorra várias
vezes na semana. Seguido das ocorrências que indicam uma a duas vezes na
semana, e para cidade de Pracinha, também se expressa a ocorrência sete vezes
na semana e sempre. Os que declararam se deslocar raramente perfazem
10,53% para Flora Rica, 7% para Mariápolis e 6,15% para Pracinha.
A intensa vida de relações interurbanas nos demonstra que as cidades
locais híbridas, pela incipiência dos meios de consumo coletivo e bens de
consumo individual, dependem das demais cidades da rede urbana e, também,
como esses fatores estão relacionados às condições de vida das pessoas
residentes nesses aglomerados. Assim, a lógica dessa vida de relações se
apresenta na divisão territorial do trabalho nos permitindo entender, a partir dos
dados de deslocamentos, por exemplo, como se dão as práticas socioespaciais da
população, como se apresenta a indissociação entre os espaços intra e
interurbano, a dependência e complementariedade.
Ainda nesse sentido, apresentamos as observações dos entrevistados
sobre a própria cidade, como sua relação com o outro – demais localidades com
as quais mantém relações. Assim, destacamos que as questões postas não
significam somente um dado da divisão territorial do trabalho ou hierarquia
urbana, mas reforçam, como demonstramos, uma desvantagem, uma limitação
ou não acesso aos recursos tecnológicos, uma possibilidade de melhor impacto
na questão ocupação-renda e no acesso ao lazer.
Quando analisamos as Tabelas 22, 45 e 62, em anexo – os entrevistados e
a cidade (você gosta de morar na cidade?) – nas quais se apresentam as
opiniões dos moradores sobre a cidade, observamos que as justificativas porque
não gostam de morar no local estão relacionados à dificuldade de acesso aos
equipamentos e serviços urbanos na própria cidade, a dependência da cidade em
relação às outras cidades da rede urbana e a questão relacionada ao emprego
e/ou trabalho, assim para Flora Rica destaca-se: “não tem emprego”; “falta
tudo”. Para Mariápolis apresenta-se as seguintes questões: “não tem emprego e
não proporciona oportunidades”; “tudo depende de Adamantina”; “falta de
acesso ao comércio”. Para Pracinha “muito calma não tem lazer”; “não tem
opção”; “para ganhar dinheiro tem que sair”; “não tem opção de emprego”.
122
Observa-se que os assuntos discutidos acima retornam nas ponderações
dos entrevistados. Pois, ao apontarem a questão do emprego, ou poderia ser
trabalho, demonstra que a prevalência do circuito inferior, mesmo gerando
emprego e renda, não é capaz de suprir a oferta de mão de obra, pelo número
reduzido, perpetuando a pobreza. Mas, também, se inscreve o fato de residir
nessas localidades, ou seja, a necessidade de deslocamento é um fator de
desvantagem para obtenção de emprego, como destaca a entrevistada de 18
anos, desempregada da cidade de Pracinha: “aqui não tem emprego, quando
vamos pedir emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha,
eles acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem”.
Acrescenta-se a isso a questão da ocupação-renda, por não ter emprego e
não ser proporcionado mecanismos como formação profissionalizante e, ainda, o
deslocamento ser mais um limitador ao acesso, no mesmo sentido, para a
questão do lazer.
As informações sobre o entrevistado e a cidade nos quadros três, quatro e
cinco (quais as melhorias que faltam na cidade), também nos permitem perceber
essas questões.
Quadro 3 Flora Rica
O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em Flora Rica?
Esporte, lazer, educação e saúde Conservação do asfalto Mais médicos e médico 24 horas Lazer e emprego para os jovens Lazer para crianças e jovens Escola Mais horários de ônibus Policiamento Conservar a cidade Terminar a piscina pública Esporte Limpeza pública Melhorar administração há mais de 20 anos está
parada Vereadores acomodados Assistência social para população Mais casas populares Ensino profissionalizante População depende muito da assistência social,
diminuir isso
Mais comércio, mais emprego e mais lazer Emprego para os jovens Indústrias Emprego Mais supermercado e comércio forte Emprego para as pessoas não irem embora Emprego para tirar da cana-de-açúcar Farmácia Emprego para mulher Construir outra cidade Faltam muitas coisas Falta tudo e um pouco mais Não sabe Não falta nada
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
123
Quadro 4
Mariápolis O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em Mariápolis?
Rodoviária Lazer Médicos plantonistas Mais policiamento Mais médicos no posto de saúde Pavimentação Lazer para as crianças Hospital
Pronto socorro Mais vagas na creche, faculdades Melhorar qualidade da creche Mais limpeza pública Conservação dos espaços públicos Conservar a cidade como um todo – limpeza,
ruas, campo de futebol e asfalto Não fechar posto de saúde nos feriados Academia ao ar livre Ginástica para terceira idade Mais remédio no posto de saúde Lazer para idosos Saneamento básico Transporte Ambulância pequena para Marília Melhorar atendimento no posto de saúde Maior número de médicos e mais horários de
atendimento Se as melhorias dependerem do prefeito
estamos enrolados, precisa mudar a política Atendimento sem preferências no posto de
saúde Mais democracia no clube dos idosos
Emprego Mercados, lojas e fábricas Industrias Emprego para os jovens Comércio Incentivo a lavoura Fábrica para as mulheres Uma cooperativa, fábrica de bolsas, roupas
Feira livre Médico direto, dia e noite, para não precisarmos
ir para Adamantina Médico que morasse na cidade Pavimentação para melhorar acesso a Presidente
Prudente Melhorar conservação da vicinal (asfalto) entre
Mariápolis e Adamantina Fábrica, para as mulheres não precisarem ir para
Adamantina Cursos profissionalizantes Casas populares Assistência social Tudo bom, acostumado a sofrer Tudo bom Bastante coisa Falta tudo Menos fofoca
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 5 Pracinha
O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em Pracinha?
Lazer, atendimento de saúde Lazer para jovens, crianças Mais horários de ônibus Hospital, pronto socorro Bons médicos plantonistas Festas, mais movimento Acabar a construção das casas populares Eleição roubada Melhor organização Eles estão fazendo, mas a cidade é pequena é
não tem muito recurso Tudo bom, quando não tem serviço o prefeito
ajuda com comida Melhorar o prefeito Tudo bom, depois que entrou esse prefeito as
coisas ficaram melhor Cursos profissionalizantes
Emprego Emprego para jovens quase todos tem que sair
para arrumar emprego fora Emprego para mulheres Emprego para tirar do facão Fábricas, indústrias Mais lavouras, café, tomate, feijão Mais comércio Mais facilidade de acesso à cidade Seria bom não precisar sair da cidade para tudo A cidade não vai para frente porque nada se
instala aqui Aqui não tem emprego, quando vamos pedir
emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha eles acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem
Falta quase tudo Tudo bom De tudo um pouco
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
A cada nova informação que apresentamos, mesmo apreendidas de
maneiras diferentes, as mesmas questões são tangenciadas. Essas remetem-se a
124
pobreza política, ao desemprego, mas, também, uma parcela das respostas está
correlacionada aos deslocamentos, dependência a outras cidades e acesso aos
equipamentos e serviços urbanos e individuais.
Dentre essas destacamos as questões referentes aos serviços de saúde
para os quais as principais indagações são a falta de médicos, principalmente de
médicos plantonistas, pronto socorro, não fechamento e mais horários de
funcionamento; a questão do lazer e dos relacionados aos bens e serviços
individuais.
Também nas tabelas 23, 46 e 63, em anexo – o entrevistado e a cidade
(você gostaria de morar em outra cidade?) – observamos que dos entrevistados
que declararam que gostariam de morar em outras localidades os motivos,
dentre outros, foram para Flora Rica “mais opção de emprego”; “mais eventos
culturais, acesso a projetos e oficinas culturais”. Para Mariápolis “mais emprego”;
“ficar mais perto de supermercados, lojas e hospitais”; “uma cidade onde tudo
seja mais fácil, médicos, hospitais, lojas, serviços”. Para Pracinha, destaca-se
“mais opção de emprego”; “Adamantina, tem mais lazer e emprego”.
Na relação com o outro, ou seja, na comparação entre a cidade local
híbrida e a cidade com a qual a população mantém maior interdependência, as
questões apontadas, igualmente, destacam o acesso aos equipamentos e
serviços urbanos, os deslocamentos, a dependência, ou seja, fatores
correlacionados à vida de relações com as demais localidades – Quadros 47, 31,
15 – (em anexo) - o entrevistado e as relações interurbanas (O que você acha de
Lucélia, Dracena, Adamantina, para os entrevistados de Pracinha, Flora Rica e
Mariápolis, respectivamente) – os fatores de maior expressividade foram: ”mais
facilidade de acesso”; “mais bancos, opção de compras, tudo”; “cidade maior, a
população não precisa sair para fazer compras”; “cidade maior, mais
possibilidade de acesso aos serviços e infra-estruturas urbanas”; “bastante opção
para as crianças no lazer, mais faculdades”; “mais facilidade de acesso”;
“melhor, tem hospital e médicos”; “tem faculdade e a escola técnica é boa”;
“dependemos muito de Adamantina”; “tudo de melhor, carro, som..... tem
escolhas coisa que em Mariápolis não tem”; “comércio mais dinâmico e melhor
preço”; “tem opção de escolhas”.
Esses dados confirmam a dependência dos moradores das cidades locais
híbridas em relação a outras localidades, principalmente Lucélia, Adamantina e
Dracena, por oferecerem mais recursos referentes aos meios de consumo
coletivo e individuais. Portanto, a incipiência dos equipamentos e serviços
125
urbanos implica uma vida de relações, pois, mesmo sendo capaz de responder às
necessidades vitais mínimas de sua população, suas demandas são supridas,
necessariamente, em outras localidades e é justamente essa interdependência
com outros centros que possibilita a permanência de cidades locais híbridas,
mas, por outro lado, a perda relativa de centralidade.
Assim, a dependência e a falta de opção é um dado da realidade que se
processa na estruturação da segregação socioespacial interurbana. A população,
em determinados momentos, deixa de realizar atividades ou ter acesso aos
meios de consumo coletivo e individuais pelo motivo deslocamento e, a falta de
acesso ou acesso limitado aos equipamentos e serviços de saúde, educação
(principalmente cursos profissionalizante), lazer/cultura, comércio são privações
que penalizam as condições de vida da população indo de encontro à justiça
social e espacial.
Nesse sentido, a dependência das relações interurbanas para suprir a
necessidade da população, no que tange aos meios de consumo coletivo e
individuais, demonstra que as cidades locais híbridas não podem ser analisadas
como uma totalidade, mas na interdependência todo-parte. Esse processo
revela-nos que a totalidade dos processos sociais existentes nas cidades locais
híbridas se processa nas relações entre elas e as demais cidades da rede urbana.
Porém essa totalidade é menor e inserida na totalidade da formação
socioespacial brasileira (SANTOS, 1977).
Santos (1985) indica que sendo a função, ação, a interação supõe
interdependência funcional e nos estudos das interações que se recupera a
totalidade social, ou seja, o espaço como todo. No caso em análise essa
interdependência funcional pela sua intensidade se revela enquanto práticas
socioespaciais.
Pensar sobre os pares dialéticos todo-parte no processo de segregação
socioespacial na escala interurbana nos remete às distinções de Sposito (2004),
entre continuidade/descontinuidade territorial e continuidade/descontinuidade
espacial. Para Sposito (2004, p. 204) a análise da descontinuidade territorial é
diferente de se avaliar a continuidade ou descontinuidade espacial:
Com efeito, muitas vezes, a descontinuidade territorial é possível
porque a continuidade espacial se fortalece por meio de ampliação
de infra-estruturas de circulação e comunicação (sistema viário,
sistema de fornecimento de água ou captação de esgoto, redes de
telefonia, televisão e internet etc) e pela difusão do acesso aos
126
equipamentos que possibilitam os deslocamentos e os contatos
(veículos automotivos, antenas, microcomputadores etc).
Quando essas duas dinâmicas – descontinuidade territorial e
continuidade espacial – ocorrem simultaneamente e se articulam,
pode se reconhecer, no plano da forma urbana, a constituição de
rupturas no tecido urbano e, no plano das dinâmicas e processos,
a realização da integração espacial. (grifo do autor)
Na análise interurbana entre as relações das cidades locais híbridas e sub-
regionais, observamos o processo de descontinuidade territorial medido pela
distância física entre as localidades e, concomitantemente, continuidade espacial,
no mesmo sentido descrito pela autora (2004) para escala intra-urbana. Para
haver continuidade espacial a frequência dos fluxos deve ser alta, por isso sua
utilização para pensar processos em aglomerações urbanas, mas devido à
intensidade dos fluxos entre as cidades locais híbridas e sub-regionais esse
processo se perfaz entre diferentes realidades urbanas. Desta forma, a
segregação socioespacial interurbana se efetiva e a integração espacial se
processa pela intensa vida de relações entre as localidades.
Assim, tomando o todo (relações interurbanas) e a parte (cidade local
híbrida e/ou sub-regional), a segregação socioespacial interurbana se materializa
na descontinuidade territorial e na continuidade espacial existente entre os
espaços.
Sposito (2004, p. 2006) aponta que “é seletivo o acesso aos meios que
propiciam a integração espacial, a descontinuidade territorial tem repercussões
profundas nas práticas socioespaciais e no direito à cidade (...)”. A autora
acrescenta ainda que a descontinuidade territorial tem reflexo direto nas práticas
socioespaciais.
Quando uma localidade não oferece o pleno acesso aos bens e serviços
urbanos, os deslocamentos interurbanos tornam-se essenciais para qualquer
indivíduo, como observa Santos (2004, p. 336):
Para certos tipos de consumo, todo indivíduo, qualquer que seja
sua condição ou seu nível de renda, é prisioneiro da cidade. É o
caso dos bens e serviços que, por sua natureza ou devido à
frequência da demanda, exigem uma proximidade no espaço e no
tempo. Para outros consumos, a capacidade de escapar da
sujeição ao mercado local depende da mobilidade do individuo,
que está em estreita ligação com sua posição na escala das
rendas.
127
Assim, retomando Santos (2004, p. 338), “a rede urbana não tem,
portanto, o mesmo significado para as diferentes camadas socioeconômicas”.
Mesmo analisando uma sub-totalidade da rede urbana podemos dizer que as
pessoas de maior poder aquisitivo residentes nas cidades locais híbridas têm
acesso à cidade como totalidade por meio dos deslocamentos interurbanos desse
segmento social. É desta forma que a parte (cidade local híbrida) e o todo
(relações interurbanas) sejam apreendidos como totalidade. No entanto, os de
menor poder aquisitivo tem menos possibilidade de consumir e se apropriar da
cidade (cidade local híbrida e relações interurbana) enquanto totalidade, pois
esbarram em suas condições econômicas, que os tornam prisioneiros da parte
(cidade local híbrida)15.
Assim, partindo das premissas de incipientes funções urbanas, da
dificuldade de acesso aos meios de consumo coletivo e individuais, da
dependência de bens e serviços disponíveis em outras cidades, podemos
questionar o caráter urbano das cidades locais híbridas.
3.2.2. Elementos que levam ao questionamento da existência ou
não do caráter urbano da cidade
Quando se avaliam não apenas a cidade como realidade material, mas
também a clara distinção de seus papéis em relação ao campo, é que podemos
questionar se as cidades locais híbridas podem ser consideradas realmente
urbanas, uma vez que somente as necessidades elementares da população são
atendidas, caracterizando forte grau de dependência interurbana.
É no híbrido entre o urbano e não urbano que os questionamentos acerca
da existência ou não de claros papéis urbanos, nessas localidades, se processam.
Nesse processo dialético a incipiência dos equipamentos e serviços urbanos e a
pequena expressão do comércio possibilita que a urbanidade da cidade local
híbrida se expresse no outro. Mas, a vida de relações e a coalescência existente
entre as funções urbanas, presentes nas cidades locais híbridas, mantém sua
urbanidade, além do mais, as características próprias dessas localidades como as
relações entre os agentes sociais/sujeitos e a dos processos e a tríade
rural/urbano/agrícola reafirmam seu caráter urbano.
15 Consideramos que a “totalidade” dos processos que estamos nos referindo não
está restrita a esse recorte de análise, sendo uma abstração considerar os processos
enquanto totalidade, pois são tantos outros nexos que podem ser utilizados para
entender o mesmo processo que a totalidade somente se explica enquanto um método
de apreensão da realidade de acordo com o objetivo proposto para análise.
128
Dito de outra maneira, a vida de relações entre as localidades é intensa,
se completam e se conflitam, e as interações passam a representar e objetivar-
se como práticas socioespaciais e essas práticas dão conteúdo à vida de relações
as transformando em conteúdos urbanos. Assim, dizer que a urbanidade se
expressa no outro demostra que o conteúdo urbano das cidades locais híbridas
deixa de ser restrito a sua unidade e se estabelece na interconexão e nos fluxos
que expressam um conteúdo relacional.
O questionamento da existência ou não do caráter urbano dessas
localidades pode ser analisado para além das funções urbanas, considerando que
são lugares de moradia, das relações de vizinhança, amizade, política e conflitos
e, também, pode ser apreendido por meio da análise das concepções de cidade
que seus próprios moradores têm, ainda que o discurso que elaborem esteja
fortemente marcado pelas imagens hegemônicas de cidades grandes
apresentadas pela mídia, pelos livros, sobretudo, didáticos e, por outros gêneros
de literatura.
Mesmo as funções urbanas sendo incipientes, os deslocamentos
necessários e a pobreza, característicos desses espaços, a maior parte dos
entrevistados residentes nas cidades locais híbridas declarou gostar de morar na
cidade e apontou como principais fatores: “pessoas se tratam como irmão, todo
mundo se preocupa comigo”; “conhece todo mundo na cidade”; “amizade”;
“liberdade”; “tranquilidade”; “sem violência”; “não tem roubos”; “não tem muita
droga e tiroteio”; “casa própria”; “só sai da cidade quando morrer”; “criou os
filhos e foi criado já estamos aqui por três gerações”; “é uma família”.
Essas questões elucidam a vida em comunidade muito característica de
um modo de vida rural, mas, igualmente, um modo de vida urbano que se faz
presente em relações não estritamente econômicas numa perspectiva que pensa
o urbano em uma multiplicidade de aspectos. Esse ponto reafirma a tríade
rural/urbano/agrícola enquanto possibilidade de leitura da realidade dessas
localidades elucida que mesmo esses espaços se estruturando com base na
amizade, na moradia, no conhecimento mútuo, no pertencimento ao local,
atributo de um modo de vida rural, os ritmos e signos urbanos também se
perfazem através das funções urbanas que negam e afirmam a urbanidade, nas
dinâmicas políticas.
Assim, mesmo que as funções urbanas econômicas possam negar em
certos momentos o urbano, elas próprias e as demais relações o reafirmam,
demostrando à complexidade do urbano.
129
A análise da concepção de cidade dos entrevistados nega e, ao mesmo
tempo, reafirma as cidades locais híbridas enquanto urbanas, conforme
observamos nos quadros seis, sete e oito.
Quadro 6 Flora Rica
Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Cidade maior, grande Onde tenha de tudo Maior que essa Melhor que Flora Rica Com mais mercados Grande movimentação Que seja grande mais
sem violência São Paulo, grande e
agitada Toda estrutura para não
precisar sair do seu lugar Rio de Janeiro Tenha muitos habitantes
Saúde, comércio, prefeito, população
Tenha lazer e supermercados
Bastante comércio Lugar que tenha conforto,
médicos e escolas
Segurança Opção de vida Oportunidades Coisa boa Calma e tranquilidade Onde se encontra tudo de
bom e ruim Que tenha emprego e
tudo mais, mas que não seja grande e não tenha violência
Flora Rica já é cidade boa Onde tem muita violência Boa administração
Comunidade População maior Grupo de pessoas Local de convivência com
outras pessoas
Emprego Indústrias Bancos Progresso Desenvolvimento
Muito bem cuidada e o povo seja respeitado
Moradia Prédios Calçadão
Lugar para viver bem, pois o sítio não dá mais
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 7
Mariápolis Concepção de cidade dos entrevistados - 2010
Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Lazer Saúde Hospital Médicos, escolas e
serviços em geral Eventos Limpeza Ter praça de lazer e
vários restaurantes Tenha tudo, recursos
médicos, saúde e lazer Posto de saúde Tenha rodoviária Lugar com prefeitura Lugar que tenha
prefeito, banco, posto
de saúde Tem que ter de tudo,
fábricas, lazer Lugar que tem tudo Ter conforto, como
lazer, médicos, emprego
É ter mais estrutura e não precisar sair
Lugar bom de morar Atormento, medo,
agitação Correria e atormento Moda Sossego, descanso Centro da sociedade,
recursos Muita coisa, advogados
etc. Lugar para morar
tranquilo Dificuldades Violência Lugar que tenhamos
dignidade, respeito e
cidadania Conforto Vida melhor
Bem grande Uma coisa grande com
transito, poluição Lugar maior,
prosperidade Tem que ter tudo, para
não precisar sair da sua cidade, como acontece com Mariápolis
Maior, que tenha tudo Adamantina é cidade,
tem de tudo, movimento
Não precisar sair do seu lugar para ir longe
Igual à cidade de
Marília Tem que ter de tudo,
médico, trabalho - exemplo a cidade de Adamantina
Cidade grande como Presidente Prudente
São Paulo, lá é cidade Conforto com acesso a
escolas, médicos e supermercados melhores – exemplo a cidade de Adamantina
130
População com mais de 50 mil habitantes
Grande e cheia de diversão, indústrias
Bauru, Adamantina, Marília, São Paulo, Campinas
Tipo Adamantina lá tem rodoviária, casa da sopa e vários supermercados
População Pessoas Conjunto de pessoas
morando juntas Movimento de pessoas Aglomeração Lugar que morra
bastante pessoas Convivência com outras
pessoas
Onde temos firmas, emprego
Supermercado, bancos e movimento nas ruas
Oportunidade de emprego, fábricas, comércio
Lugar com lojas Lugar com grandes
supermercados e lojas Bancos Mercadorias mais
acessíveis e baratas
Casas, prédios, carros Lugar cheio de casas
Diferente de sítio Tudo de bom, diferente
do sítio que não dá nada
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 8 Pracinha Concepção de cidade dos entrevistados - 2010
Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Lugar maior Grande, desenvolvida Melhor que Pracinha Osvaldo Cruz, São Paulo,
Presidente Prudente, Campinas
Ser grande, muito movimento
Grande cheia de prédios Um determinado território
com muita gente e bastante emprego
Ser grande, árvores, parques
Ofereça lazer Médicos Infraestrutura Lugar com hospital Escolas Recursos Água encanada, energia
elétrica, médico, farmácia, proximidade do comércio
Tem que ter tudo, lojas
Facilidade Tudo de bom Melhor que aqui Violência Correria Lugar que encontra tudo
que procura Várias coisas Opção de vida Onde podemos resolver
problemas, tarefas Oportunidade Tecnologia Lugar de viver Conforto Sossego Cidade é um lugar para
sobreviver
Pessoas
Grande movimento Convívio entre as pessoas Conjunto de pessoas
Um lugar onde tem
emprego, tudo que uma cidade deve ter
Progresso, desenvolvimento, evolução, crescimento
Empregos Comércio Bancos
Boa administração, se
não, não pode ser chamada de cidade
Organização
Lugar de moradia Casas Prédios
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
131
As concepções de cidade dos entrevistados contrapõem à diferença
existente entre a vida na cidade e no campo, mas, também, apontam elementos
que negam o urbano das cidades locais híbridas, como por ter hospitais, fábricas,
população com mais de 50 mil habitantes, uma coisa grande com trânsito e
poluição, ou seja, a ideia de cidade relacionada aos serviços e equipamentos
urbanos e de cidade grande são os principais elementos que, na concepção dos
entrevistados, estruturaria uma cidade, portanto negando esses aglomerados
enquanto urbanos.
Mas, ao mesmo tempo, há concepções que reafirmam o urbano, como, por
exemplo, a existência de equipamentos e serviços que atendem as necessidades,
mesmo sendo incipientes como escolas, supermercados dentre outros, ser local
de moradia, a questão da vizinhança, da comunidade e de opção de vida.
Diante das concepções de cidade expressadas pelos entrevistados,
indagamos se sua localidade poderia ser considerada como sendo cidade. Nas
cidades de Flora Rica, Mariápolis, Pracinha e 55,26%, 58,00%, 52,31% dos
entrevistados responderam sim, respectivamente. Enquanto uma parcela
significativa dos entrevistados 47,69%, 42,00% e 44,74%, respectivamente
declarou não considerar sua localidade enquanto cidade, conforme constatamos
nas tabelas subsequentes.
Tabela 11 Flora Rica
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Flora Rica pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
42 55,26 34 44,74
Justificativa do Sim Justificativa do não
Tem prefeito Município é cidade
Não chega a ser cidade é um distrito É uma fazenda Uma vila muito pequena Patrimônio igual ao sítio É um município Comunidade rural
É uma cidade pacata mais é É uma cidade, mas é pequena Tranquila e pequena
Poucos habitantes Muito parada não tem futuro
É uma cidade, mas precisa melhorar muito
Uma cidadezinha mais ou menos É, mas está incompleta faltam muitas
coisas É uma cidade sem nada
Está se acabando o povo está indo embora
Se melhorar sim, desta forma, não Está muito acabada, desta forma, vai
virar distrito
É boa para morar todos se conhecem Sim porque gosto dela
Só tem nome de cidade Falta muita coisa para ser cidade Não, porque o pastor mora fora, padre
mora fora, delegado não mora aqui, médico e assistente social vem de fora e até o prefeito anterior morava em
132
Presidente Prudente.
É muito pequena não mereceria ter prefeito
É muito pequena não temos as coisas que precisamos
Muito pequena e não tem emprego Muito pequena
É uma vila. Quando fala que vai para cidade vai para Junqueirópolis ou Dracena e ainda vem um ônibus que leva a população para fazer compras no supermercado de Pacaembu porque aqui não tem
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 12 Mariápolis
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Mariápolis pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
58 58,00 42 42,00
Justificativa do Sim Justificativa do não
Tem prefeito é cidade Está como cidade Há mais de 60 anos é uma cidade
É um município É um patrimônio Colônia das usinas É um sítio não tem nada
Cidade pequena mais é Cidade pequena, boa para morar não tem
perigo É pequena mais é uma cidade É pequena, mas tem de tudo tem um
pouco Cidadezinha Pequena, mas é cidade, tem rico, pobre e
da mesma forma que tem São Paulo grande precisa de cidade pequena
Cidade pequena do interior Mini cidade Cidade pequena, não como Adamantina
Para ser cidade tem que ter de tudo e não precisar buscar em outra cidade
Falta muita coisa Falta oportunidade de acesso Tá considerado como cidade, mas não é.
Falta muita coisa Faltam investimentos Para ser cidade tem que ter fábricas
Pode moramos aqui, mas está difícil porque as mulheres só podem trabalhar na roça ou fazendo, faxina em Adamantina e nem de boia-fria tem mais como trabalhar, pois acabou o amendoim, o feijão
É uma cidade fraca mais é É, mais falta aperfeiçoar
Não é uma cidade ainda Quase uma cidade
Para mim não tem outra Para mim é cidade Para nós é, mas comparando com as
outras não
Muito pequena Ainda não, por causa do porte pequeno
Não podemos considerar só porque tem prefeito
É um bairro
É uma cidade rural Deveria ser igual à Adamantina
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 13 Pracinha
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Pracinha pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
34 52,31 31 47,69
Justificativa do Sim Justificativa do não
Considero, porque passou oficialmente a ser cidade, mas é fraca
Conta no mapa É cidade, porque depois que foi
reconhecida melhorou sistema de saúde
Diz que é mais não é, na verdade é um sítio
Falta muito para ser cidade, é um sítio Diz que é mais é tipo colônia É um sítio
133
Pode, quando era distrito de Lucélia era um curau de boi
Cidade constituída já é, mas ainda não foi para frente, no entanto, depois que deixou de ser distrito melhorou 200%
Aqui é o meio do mato É igual o sítio depende de outras cidades É uma fazenda grande
Cidade pequena mais é É uma mini cidade, poderia ser melhor Bem pequenininha
Aqui esta como cidade, mas não considero é muito pequena
Pequena para cidade Pelo nome é pelo tamanho não Miúdo
Cidade que está progredindo Por enquanto ainda não Cidade, cidade não, mas já melhorou
Falta tudo Falta mais conforto Ainda não, não tem tudo que deve ter
em uma cidade se fosse cidade não
precisaríamos sair para fazer pequenas compras
Tem pouca estrutura para ser cidade Poucos recursos Poucas coisas para fazer
Só é cidade para os idosos
Esta mais para um bairro É um bairro de Lucélia
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
As respostas que confirmam a existência de cidade relacionam-se à
situação legal, como a existência de prefeito ou porque está no mapa, como
também às questões ligadas ao tamanho da cidade, ou seja, são cidades
pequenas, mas não deixam por isso de serem cidades, como podemos destacar:
“pequena, mas é cidade, tem rico, tem pobre e da mesma forma que tem São
Paulo, que é grande, precisa de cidade pequena”. Podemos observar, ainda, as
respostas que indicam a existência de cidade pela presença dos equipamentos e
serviços urbanos, mesmo sendo esses incipientes. E em alguns casos os
entrevistados fazem a comparação entre o “sítio” (área rural) e a cidade
considerando essas localidades como “uma cidade rural”, destacando a relação
entre a tríade rural/urbano/agrícola.
Nas respostas em que as localidades não são consideradas cidades,
apontam-nas como: “é uma fazenda grande não uma cidade”; “patrimônio”;
“colônia das usinas”, novamente reforçando a tríade. Outros entrevistados fazem
o exercício da comparação entre sua cidade (cidade local híbrida) e outras
cidades da rede urbana: “cidade é Tupã, aqui eles exploram a gente”; “deveria
ser igual à Adamantina” e; “meu pai quando vai para Osvaldo Cruz fala que vai
para a cidade, então aqui não é cidade”.
O caráter dialético entre urbano e não urbano se expressa nas diversas
questões, pois os elementos apontados pelos entrevistados afirmam e negam a
existência do caráter urbano da cidade.
134
Os que consideram suas localidades enquanto sendo cidade, dentre outras,
apontam a questão do tamanho da cidade, a comparação com área rural, à
existência dos equipamentos e serviços urbanos. Os que não as consideram
cidades destacam os mesmos pontos, mas, com conteúdos distintos, ou seja, de
um lado, cidade pequena, mas é; é uma cidade rural; tem de tudo, banco,
correio, mercado; de outro lado: não é cidade porque é muito pequena; é uma
fazenda, parece um sítio; tem que sair para fazer tudo, falta de oportunidade de
acesso.
Destacam também o tamanho das localidades e uma grande maioria não
considera essas cidades como tais devido à ausência de equipamentos e serviços
urbanos e o intenso grau de dependência é reforçado, quando a própria
população considera essas localidades como sendo um bairro de outras
cidades16, conforme revelam os relatos a seguir: “de jeito nenhum, parece um
bairro das outras cidades” – Inúbia Paulista; “é um bairro” – Mariápolis; “é um
bairro de Lucélia” – Pracinha; “podemos dizer que é uma vila de Dracena” – São
J. do Pau D’Alho; “é um bairro” - São J. do Pau D’Alho” e; “É uma vila. Quando
fala que vai para cidade vai para Junqueirópolis ou Dracena e ainda vem um
ônibus que leva a população para fazer compras no supermercado de Pacaembu
porque aqui não tem” – Flora Rica.
Esses aglomerados serem percebidos enquanto um bairro de outra
localidade não significa somente uma hipótese, mas, sim, demonstra-nos que as
práticas socioespaciais da população se expressam na vida de relações, pois os
deslocamentos são cotidianos, fazem parte da estruturação da dinâmica dessas
cidades que não nega por completo a urbanidade, pois sendo um bairro estão
inseridos em uma realidade urbana, mesmo que esta se completa no outro.
Nesse sentido, a percepção dos moradores materializa a dinâmica todo e parte
na estruturação do espaço urbano dessas cidades.
3.2.2.1. indicadores de condições de vida
Prosseguindo nas análises todo-parte, relacionamos alguns indicadores de
condições de vida que nos revelam as desigualdades socioespaciais existentes
entre os espaços. Destacamos esses, pois a desigualdade pode intensificar o
processo de segregação socioepacial, nos permitindo entender as relações
16 As respostas indicando que as localidades parecem um bairro são muito
importantes para fundamentar a ideia de segregação socioespacial interurbana, por esse
motivo, nos utilizaremos dos dados das demais cidades para demostrar que esse
processo não é restrito as três localidades selecionadas para análise nesse capítulo.
135
contraditórias entre todo e parte. Além disso, esses indicadores nos revelam as
condições de vida que estão submetidas parcelas da sociedade, possibilitando
melhor compreender a pobreza urbana e perceber que o circuito de pobreza,
sendo multidimensional, se expressa através de diferentes elementos.
Para isto foi fundamental o mapeamento realizado, que permite entender
o contexto socioespacial intra-urbano e abrange a escala interurbana. Esse
recurso metodológico nos permite melhor entender a relação todo/parte. Ou
seja, podemos materializar as cidades locais híbridas como sendo um bairro das
localidades com as quais mantém relações de complementariedade e
dependência.
Desta forma, concordamos com Préteceille (2004) ao discutir sobre os
problemas metodológicos em torno da dificuldade de definir o recorte espacial e
procuramos, em nosso mapeamento, ir além da definição política-administrativa
dos setores censitários definidos para o espaço intra-urbano das cidades.
Neste sentido, Préteceille (2004), aponta que na literatura das ciências
sociais sobre a cidade ou se analisa certos espaços ou o conjunto de uma cidade.
A primeira escolha metodológica tem a vantagem de concentrar a análise nos
fenômenos mais intensos, porém nos dá uma imagem parcial e dicotômica da
estrutura social urbana; por outro lado, a segunda considera o conjunto da
cidade como uma unidade econômica e social, entretanto, a identificação dos
limites do espaço urbano da cidade se apresenta como um problema de método
(PRÉTECEILLE, 2004).
Nesse sentido, Préteceille (2004, p. 15) frisa que:
Alguns países, a maioria da América Latina, limitam-se a uma
definição político-administrativa – além de um patamar de
tamanho, uma municipalidade é considerada como urbana – e não
identificam automaticamente os espaços metropolitanos, quando
estes incluem várias municipalidades diferentes. (...) Fica claro,
nesses casos, que a apreensão do espaço de uma cidade no seu
conjunto se revela bastante difícil, o que conduz vários autores a
limitar-se ao estudo do território da municipalidade principal, o que
pode induzir numerosos vieses e erros nas conclusões.
Na maioria das vezes as análises dos processos socioespaciais se
restringem ao espaço intra-urbano devido a delimitações politico-administrativa
das municipalidades e, portanto, uma dificuldade de obtenção de dados
referentes aos espaços urbanos passíveis de comparações entre diferentes
realidades. Portanto, nossa análise consiste metodologicamente em pensar a
136
articulação entre as escalas intra e interurbanas utilizando-se de dados
referentes aos setores censitários de cada localidade. Considerando que não há
recorte espacial que se imponha a priori sendo preciso escolher a escala
correspondente à prática social que se quer privilegiar na análise (PRÉTECEILLE,
2004), definimos a escala interurbana.
Assim, temos os mapas três, quatro e cinco – responsável pelo domicílio
alfabetizado (mapas seis, sete e oito) responsável pelo domicílio sem
rendimento mensal (mapas nove, dez e 11) responsável pelo domicílio com
rendimento mensal de até meio salário mínimo (mapas 12, 13 e 14), responsável
pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio até dois salários mínimos
(mapas 15, 16 e 17) referente ao responsável pelo domicílio com rendimento
mensal de mais de 15 salários mínimos.
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
Nos indicadores sociais destacamos os que concernem à escolaridade. Nos
mapas cinco, seis e sete (responsáveis pelos domicílios alfabetizados), para a
cidade de Mariápolis e Adamantina, constatamos a presença dos indicadores
classificados como melhor e intermediário, mas, apenas na cidade de Mariápolis
tem-se um setor classificado com o pior indicador.
Para as cidades de Dracena e Flora Rica, observamos que para a primeira
apresentam-se setores classificados como melhor e intermediário e nenhum
setor com o pior índice, enquanto que para Flora Rica somente constatamos os
indicadores classificados como intermediário e pior.
Em Lucélia e Pracinha encontramos o indicador classificado como pior, no
entanto, para a cidade de Pracinha não observamos nenhum setor com o
indicador sendo intermediário ou melhor.
Assim, constatamos que nas cidades locais híbridas, com exceção de um
setor na cidade de Mariápolis, não há indicadores relacionados aos melhores
níveis de escolaridade, diferentemente das cidades sub-regionais (Adamantina-
Dracena-Lucélia) que inscrevem, em seus espaços, áreas com piores, mas,
também, a presença dos melhores indicadores.
Nos indicadores econômicos podemos observar, tanto nas cidades locais
híbridas (Mariápolis – Flora Rica – Pracinha) como nos centros sub-regionais
(Adamantina – Dracena – Lucélia), a presença de setores com indicadores
classificados como piores, intermediários e melhores. Para as cidades locais
híbridas podemos observar que a renda mensal dos responsáveis pelos domicílios
concentra-se em até meio salário mínimo e mais de meio até dois salários
mínimos. Contudo, não constatamos nenhum setor classificado no indicador mais
de 15 salários mínimos para as cidades locais híbridas.
Essas cidades não apresentaram nenhum setor censitário com os melhores
indicadores econômicos, enquanto Adamantina, Dracena e Lucélia mesmo
apresentando setores com piores indicadores também se observa a presença dos
melhores.
Concordamos com as análises de Torres (2004, p. 90) de que a
probabilidade de se conseguir trabalho é afetada pelo seu local de residência,
pois o principal fator para se conseguir trabalho é a rede de relações sociais da
pessoa. Assim:
...o indivíduo mora num local onde só tem gente precariamente
empregada ou desempregada, a probabilidade dela conseguir
trabalho é muito mais baixa. Nesse sentido, do ponto de vista do
153
seu contato com uma rede de relações sociais com mais acesso ao
mercado de trabalho, um pobre no centro da cidade é muito
diferente de um pobre da periferia.
Na área educacional isso também ocorre, pois um homem pobre (homens
e mulheres são diferentes) que mora na periferia e tem pais de baixa
escolaridade, tem muito menos probabilidade de completar o ensino médio se
esse sujeito for pobre com pais de baixa escolaridade, que mora no centro da
cidade, o que significa que residir num lugar com alta concentração de pobres
afeta seu desempenho escolar (TORRES, 2004).
Correlacionando os indicadores sociais e econômicos, observamos que as
cidades locais híbridas apresentam, no geral, os piores indicadores nos níveis de
escolaridade e econômicos, corroborando negativamente nas condições de vida
da população, reforçando a pobreza.
A probabilidade das pessoas conseguirem trabalho, melhorar a
remuneração e os níveis de escolaridade é menor nas cidades locais híbridas do
que em outras localidades, como destacamos nos indicadores analisados acima.
Devemos destacar, ainda, que a rede de relações das pessoas residentes nas
cidades locais híbridas é de certa maneira restrita e, como aponta uma jovem
entrevistada na cidade de Pracinha, “Aqui não tem emprego, quando vamos
pedir emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha eles
acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem”.
Ou seja, estar localizado em uma cidade local híbrida propicia a
constituição de um circuito de pobreza urbana e, como vimos demostrando, esse
circuito se materializa pela presença de diversos fatores sendo multidimensional.
A análise dos indicadores que demonstram as condições de vida podem
revelar a ocorrência de processos excludentes e segregativos. Ao observarmos os
espaços intra-urbanos das localidades à luz desses indicadores, percebemos que
em ambos os espaços destacam-se áreas de piores e melhores condições de
vida. No entanto, a análise do todo (cidades locais híbridas e sub-regionais) e
das partes (cidades sub-regional e/ou local híbrida) destacam-se as piores
condições de vida nas cidades locais híbridas, principalmente em relação aos
indicadores sociais e econômicos.
154
Como indicamos anteriormente, a segregação socioespacial atrelada à
análise dos meios de consumo coletivo nos permite entender as relações
contraditórias entre o todo e as partes, revelando-nos a desigual distribuição
desses meios e as condições de vida da população.
Após as análises e discussões realizadas, podemos constatar que a
indissociabilidade entre a escala intra e interurbana é um dado do funcionamento
das redes urbanas e que não é possível instalar todos os serviços e
equipamentos urbanos em todas as cidades, fortalecendo a vida de relações,
fundada na divisão territorial do trabalho.
No entanto, a ausência e/ou precariedade no oferecimento de
equipamentos e serviços de saúde, educacional (profissionalizante), lazer e
cultura, como discutido, são privações inaceitáveis do ponto de vista da busca de
uma justiça socioespacial. E essas são privações que penalizam os habitantes
das cidades locais híbridas estruturando o processo de segregação socioespacial
interurbana, pois esses não são somente elementos da divisão territorial do
trabalho ou hierarquia urbana, mas, fatores que os colocam em desvantagem ou
privações de acesso.
Acrescenta-se, ainda, os indicadores de desigualdades e os de
deslocamentos necessários para o acesso aos bens individuais que ao auferirem
piores condições de vida da população, reforçam ou são reforçados, pelo
processo de segregação socioespacial.
Portanto, agrupando-os ao primeiro indicador – depender de relações
interurbanas para suprir as necessidades da população no acesso aos meios de
consumo coletivo e individuais – temos todos os fatores para a afirmarmos a
dependência interurbana das cidades locais híbridas. E, apreendida essa
dependência, inserimos o segundo indicador: apresentar elementos que levem
ao questionamento da existência ou não de um caráter urbano.
Assim, somando-se à dependência da rede urbana ao caráter dialético
entre urbano e não urbano dessas cidades, podemos afirmar que há a
estruturação do processo de segregação socioespacial interurbana, pois os
processos ocorridos nas cidades locais híbridas não podem ser pensados somente
na escala intra-urbana, uma vez que a vida urbana se totaliza a partir de
relações interurbanas.
Portanto, considerando a dimensão urbana, a estruturação do processo de
segregação socioespacial interurbana é um dos vieses que nos permitem pensar
155
em um circuito de pobreza que perpassa para “além” do urbano e, como iremos
apresentar no capítulo posterior, se expressa na realidade que vimos discutindo
através da expansão da atividade agroindustrial canavieira, que é a cidade da
exclusão social que deve estar associada a expansão da atividade agroindustrial
canavieira.
156
CAPÍTULO 4
OS IMPACTOS DA
AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA
NAS CIDADES LOCAIS
HÍBRIDAS
157
Nesse capítulo, primeiramente, iremos demonstrar através de dados as
transformações ocorridas na estrutura fundiária e na utilização das terras. Esses
dados indicam que a intensificação da atividade agroindustrial canavieira vem
promovendo um crescimento econômico cada vez mais desigual, acentuando as
desigualdades socioespaciais.
Portanto, discutiremos a expansão da atividade agroindustrial canavieira
na Nova Alta Paulista e sua territorialização, que altera padrões pré-existentes,
gera impactos nas cidades, intensificando, principalmente nas cidades locais
híbridas, problemas como a falta de oferta de moradias, a elevação no valor dos
aluguéis, aumento no atendimento na área de saúde e assistência social.
Ainda no sentido de pensar os impactos gerados pela atividade
agroindustrial canavieira realizaremos uma análise sobre a estigmatização dos
trabalhadores migrantes demonstrando que este processo configura a relação
entre “estabelecidos” e “outsiders” (ELIAS & SCOTSON, 2000), o que fortalece
ainda mais o processo de exclusão social em cidades locais híbridas.
Assim, procuraremos evidenciar que mesmo a atividade agroindustrial
canavieira sendo vista como o motor do desenvolvimento produz e reforça, com
muita intensidade, espaços da exclusão social, da pobreza urbana e da
expropriação.
Para aprofundar nossas análises nos utilizaremos da realidade empírica
das cidades de Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo,
Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho e, para análise
comparativa, os centros sub-regionais de Tupã, Osvaldo Cruz, Lucélia,
Adamantina e Dracena.
4.1. A estrutura fundiária e a utilização das terras
A estrutura fundiária e a utilização das terras se transformaram na região
em análise – Nova Alta Paulista – refletindo um processo amplo que engloba a
reestruturação da agropecuária brasileira17. Conforme apontado por Elias
(2006), três momentos identificam a reestruturação produtiva da agropecuária.
Segundo a autora o primeiro momento seria o da mudança na base
técnica, por meados da década de 1950, que se constituiu no emprego de
17
Ressaltamos que há um amplo debate crítico referente a este termo, porém nesta
tese procuramos entender a introdução da ciência, técnica e tecnologia, para demonstrar
como esse processo intensifica, cada vez mais, o emprobrecimento e a exclusão social.
Assim, o trabalho não se resume à discussão em torno da reestruturação produtiva da
agropecuátia, mas dos sujeitos envolvidos nesse processo.
158
insumos artificiais, na difusão de inovações químicas e mecânicas. Neste período
os insumos, em sua grande maioria, eram importados. O segundo momento, na
década de 1960, as grandes corporações se apropriaram do processo de
produção agropecuária brasileira, promovendo um intenso processo de instalação
de indústrias que assumiram as transformações do setor e a autora, utilizando-
se de Graziano da Silva (1996, 1999), indica que essa mudança caracterizou-se
pela desarticulação do chamado complexo rural para a constituição dos
complexos agroindustriais. Estes, baseados nas atividades agrícolas integradas à
indústria, intensificaram a divisão do trabalho e das trocas intersetoriais e a
especialização da produção agropecuária. E na terceira fase, na década de 1970,
o processo de reestruturação produtiva da agropecuária é centrado na integração
de capitais com a centralização destes e, principalmente, a difusão da
biotecnologia afetando a velocidade de rotação do capital.
Para Elias (2006, p, 07), esse processo de reestruturação produtiva da
agropecuária tem profundos impactos nos espaços agrícolas e acrescenta:
onde a atividade agropecuária se dá baseada na utilização
intensiva de capital, tecnologia e informação, é visível a expansão
do meio técnico-científico-informacional, revelando o dinamismo
da produção do espaço resultante das reestruturação produtiva da agropecuária.
Por outro lado, esse dinamismo da produção do espaço, resultante da
reestruturação produtiva da agropecuária, também promove um crescimento
econômico cada vez mais desigual, como destacado por Elias (2006, p. 10):
Acirrou-se a expansão das relações capitalistas de produção no
campo, conduzida de forma extremamente prejudicial à maioria da
população rural, à organização do território e ao meio ambiente.
Desse modo, promoveu um crescimento econômico cada vez mais
desigual, gerador de desequilíbrios, exclusão e pobreza, e
acentuou as históricas desigualdades socioeconômicas e territoriais
brasileiras.
A estrutura fundiária da Nova Alta Paulista foi constituída de pequenas e
médias propriedades rurais. No entanto, profundas mudanças estruturais que
vêm ocorrendo nas últimas décadas no cenário internacional e nacional
dinamizam o complexo de reestruturação produtiva do capital e, assim, da
agropecuária brasileira e que, para Thomaz Junior (2009), no âmbito da
agricultura, a reestruturação produtiva do capital engendra uma diversidade de
transformações, tais como: avanços tecnológicos e gerenciais; novas formas de
contratação; redefinição das funções e papéis do Estado; novas regras do
159
mercado internacional de commodities para os produtos agrícolas e
agroindustrializados. Esse conjunto de modificações se expressa territorialmente,
produzindo uma reformulação na agricultura brasileira e profundas alterações no
espaço e no território.
Em um contexto de globalização as transformações no processo produtivo
demandam a introdução da ciência, da tecnologia e da informação, do que
“resultou, então, um novo modelo técnico, econômico e social de produção
agropecuária, ao qual aqui chamaremos, conforme Santos (2000), de agricultura
científica, oferecendo novas possibilidades para a acumulação ampliada do
capital” (ELIAS, 2006, p.02).
Esse novo modelo técnico, econômico e social de produção agropecuária, a
denominada agricultura científica se estrutura através de relações entre a
agropecuária e o restante da economia, pois os circuitos espaciais da produção
extrapolam os limites da propriedade rural, da região ou país, reforçando a
presença do circuito superior da economia; introdução de ciência, tecnologia e
informação substituindo o meio natural e meio técnico pelo meio-técnico-
científico-informacional numa crescente racionalização do espaço agrário e
aumento da quantidade produzida em relação às superfícies plantadas; produção
agrícola com referência planetária (ELIAS, 2005, 2006).
E “a modernização aparece, então, como a cara visível de um processo
menos explícito de forte concentração do capital e das terras” (SILVEIRA, 1995,
P. 97). Portanto, a atividade agroindustrial canavieira, baseada na introdução de
uma agricultura científica ao se territorializar na Nova Alta Paulista, altera os
padrões pré-existentes e introduz transformações locais e regionais.
Além desses fatores, dois elementos favorecem a expansão da cana-de-
açúcar na região analisada. Primeiro, a atividade agroindustrial canavieira,
dotada de tecnologia, ciência e informação, altos investimentos, expressiva
contratação de trabalhadores e ligado à dinâmica global. Segundo elemento:
camponeses, com predomínio de mão de obra familiar. Entre os dois, existem
propriedades rurais, cujos proprietários, com idade média superior a 50 anos,
contam “com pouco capital para investimento e com dificuldade para reiniciar
uma atividade lucrativa. São pessoas que substituíram os cafezais por pastagens,
que, neste momento, disponibilizam condições favoráveis para a expansão da
cana-de-açúcar” (GIL, 2007, p. 257).
Ao analisar a dinâmica territorial da cana-de-açúcar na Nova Alta Paulista,
utilizamos informações oriundas do projeto CANASAT (INPE) (mapas 18 e 19) e
160
destacamos dois momentos – 2002 e 2008 – para demonstrar a expansão dessa
cultura. O ano de 2002 demarca o início desse processo e 2008 uma etapa já
bem consolidada da expansão18.
Mapas 18 e 19 Nova Alta Paulista
Área de ocupação de cana-de-açúcar 2002 e 2008
18 Observamos que segundo Thomaz Junior (2009) e Gil (2007) o boom da cana-
de-açúcar na Nova Alta Paulista ocorreu no ano de 2006.
161
162
163
Para 2003/2004 a área plantada de cana-de-açúcar correspondia a 53.400
ha, já em 2007/2008 que demarca um momento de consolidação da cultura a
área passa para 126.273 ha, perfazendo um aumento de 120,22% na área
plantada, conforme cartografado. Prosseguindo, na safra 2011/2012 temos
223.205 ha, correspondendo um crescimento de 76,76% em relação à safra
2007/2008.
Isso demostra que mesmo após o boom apresentado pela cultura seu
crescimento continua substancial, ou seja, a cana-de-açúcar continua a se
expandir e a se territorializar.
A expansão da cana-de-açúcar está atrelada ao elevado número de usinas
e destilaria de açúcar e álcool presentes na região da Nova Alta Paulista (mapa
20) reestruturando a dinâmica dos municípios, principalmente, em uma região
basicamente composta por pequenas propriedades. Além das agroindústrias
canavieiras existentes no território da Nova Alta Paulista, encontram-se ainda
usinas e/ou destilarias em Nova Independência, Castilho, Mirandópolis,
Valparaíso, Bento de Abreu, Guararapes, Clementina e Presidente Prudente
(distrito de Ameliópolis), que merecem destaque pela sua proximidade
geográfica com a região analisada, pois a dinâmica da agroindústria canavieira
extrapola os limites municipais/regionais.
Como se pode observar no gráfico seis, sete e oito e na tabela 14, a
expansão da monocultura da cana-de-açúcar, além de transformar a estrutura
fundiária e a utilização das terras, engendra mudanças nos processos
socioespaciais.
164
Mapa 20
Nova Alta Paulista Agroindústria canavieira – 2010
Gráfico 5
Nova Alta Paulista Estrutura Fundiária: Número de Estabelecimentos Agropecuários - 1995 e 2006
0
10
20
30
40
50
60
70
menos de20
20-50 50-100 100-200 200-500 500-1000 de 1000 amais
Hectares
(%) 1995
2006
Fonte: Censo Agropecuário 1995 e 2006 (IBGE); Org. autor, 2010.
165
Gráfico 6
Nova Alta Paulista Estrutura Fundiária: Área dos Estabelecimentos Agropecuários - 1995 e 2006
0
5
10
15
20
25
30
35
menos de20
20 - 50 50 - 100 100 - 200 200 - 500 500 - 1000 de 1000 amais
Hectares
(%) 1995
2006
Fonte: Censo Agropecuário 1995 e 2006 (IBGE); Org. autor, 2010.
Como já citado, a estrutura fundiária da Nova Alta Paulista caracteriza-se
pelo elevado número de pequenas propriedades. As propriedades que possuem
menos de 20 hectares representavam, em 1995 e 2006, respectivamente, 56,0%
e 59,72% do total dos estabelecimentos, seguido das que detêm entre 20 e 50
hectares, com 13,23% em 1995 e 11,68% em 2006, enquanto nos demais
extratos houve uma pequena diminuição nesse período de 1995 a 2006,
observando-se um discreto aumento nos estabelecimentos com área de 1.000
hectares ou mais (0,72% para 0,80%).
Analisando os municípios individualmente, é possível constatar que as
propriedades com menos de 20 hectares apresentam, no geral, pequenas
variações no que tange à redução e ao aumento do número de estabelecimentos
agropecuários. Destacam-se, com diminuição, os municípios de Irapuru e
Dracena, que passaram de 521 e 731 para 349 e 464 propriedades,
respectivamente. Com aumento, apontamos o município de Herculândia, que
passou de 185 para 369 propriedades, uma mudança atribuída principalmente à
iniciativa da Prefeitura Municipal19.
Quando a área é considerada, observa-se o decréscimo de todas as faixas
(gráfico seis), exceto a dos estabelecimentos com 1.000 hectares ou mais, cujos
índices passam de 175.089,282 hectares (22,35%) para 233.842,000 hectares
(29,97%). A maioria dos municípios apresentou ampliação das áreas com 1.000
19 A Prefeitura Municipal adquiriu uma área com cerca de cinco hectares e
subdividiu-a em pequenas unidades de 500 m² cada, concedendo-as, com direito de uso,
a 146 famílias, para plantarem mudas ornamentais e frutíferas.
166
hectares ou mais, destacando-se, dentre eles, Adamantina, Dracena,
Junqueirópolis, Osvaldo Cruz, Parapuã, Queiroz e Tupã.
Observando à ampliação das áreas com 1.000 hectares ou mais podemos
dizer que está havendo, mesmo que de maneira incipiente, uma tendência para
concentração fundiária, considerando ainda que o dado é de 2006 e que a
expansão da atividade agroindustrial canavieira se intensificou após esse
período. Assim, a Nova Alta Paulista começa a seguir o padrão de concentração
fundiária presente no Brasil. Para Oliveira (2003, p. 127), o Brasil “apresenta
elevadíssimos índices de concentração de terra” e “os maiores latifúndios que a
história da humanidade já registrou”. O aumento da concentração fundiária na
região está atrelado à expansão da cana-de-açúcar que, cada vez mais,
desterritorializa os camponeses em favor do agronegócio.
No entanto, Oliveira (2003, p.126) mostra que o discurso dos grandes
proprietários de terra é de que:
não há mais “latifúndios no Brasil” e sim, o que há agora, são
modernas empresas rurais. Alguns mesmos, acreditam que a
modernização conservadora transformou os grandes proprietários
de terra, que agora produzem de forma moderna e eficiente,
tornando seu latifúndio propriedades produtivas. Esses são alguns
dos muitos mitos que se tem produzido no Brasil, para continuar
garantindo no Brasil 132 milhões de hectares de terras
concentradas nas mãos de pouco mais de 32 mil latifundiários.
A ampliação da área de cultivo da cana-de-açúcar também altera a
utilização das terras e a produção de culturas permanentes e temporárias, como
observamos nos gráficos e na tabela abaixo.
Gráfico 7 Nova Alta Paulista Estrutura fundiária: Utilização das Terras - 1995 e 2006
050000
100000150000200000250000300000350000400000450000500000550000600000650000
LavourasPermanentes
LavourasTemporárias
Pastagens Matas e Florestas
Áre
a em
Hec
tare
s
1995 2006
Fonte: Censo Agropecuário 1995 e 2006 (IBGE); Org. autor, 2010.
167
Considerando-se a área, há uma pequena diminuição das lavouras
permanentes, que passam de 34.254,725 para 33.493,000 ha, um acréscimo
das lavouras temporárias, sobretudo pela presença da cana-de-açúcar, e uma
redução das terras com pastagem, utilizadas, principalmente, com pecuária
extensiva.
Gráfico 8 Nova Alta Paulista
Estrutura fundiária: Área plantada (ha) com lavoura permanente ou temporária - 2002, 2006 e 2008
326 15
454
735
242
2544
2121
5
720
4754
7
8356 23
640
246 13
812
435
188
1460 16
067
238
9502
4
3400 17
690
221 92
53
392
189
582 15
163
213
1637
69
3820 13
070
Banana Café Maracujá Uva Algodão Amendoim Arroz Cana-de-açúcar
Feijão Milho
Áre
a P
lant
ada
em H
ecta
res
200220042008
Fonte: Produção Agrícola Municipal de 2002, 2006 e 2008 – (IBGE); org. autor, 2010.
Tabela 14 Nova Alta Paulista
Estrutura fundiária: Produção em toneladas das lavouras permanentes ou temporárias - 2002, 2006 e 2008
Ano/Produção 2002 2006 2008
Banana 4.503 5.730 4.260
Café 12.701 8.687 6.188
Maracujá 12.701 7.493 7.172
Uva 5.740 5.480 4.992
Algodão 4.110 2.503 1.260
Amendoim 36.627 33.404 39.669
Arroz 1.052 303 306
Cana-de-açúcar 3.635.557 8.363.015 13.517.469
Feijão 7.498 3.341 3.510
Milho 79.941 72.107 50.624
Fonte: Produção Agrícola Municipal de 2002, 2006 e 2008 – (IBGE); org. autor, 2010.
Analisando as principais lavouras da Nova Alta Paulista, observa-se uma
redução em área plantada dessas culturas, sendo a cana-de-açúcar a única a se
expandir, passando de 47.547ha em 2002 para 163.769ha em 2008. Este fator
demonstra uma estagnação das lavouras tradicionais, com a consequente
descapitalização e expropriação dos camponeses.
No que tange à produção, o mesmo cenário se estrutura. Nota-se redução,
principalmente, nas lavouras de café, maracujá, algodão, arroz, feijão e milho, e
168
acréscimo nas de cana-de-açúcar e amendoim. O aumento da produção de
amendoim se dá por dois motivos: a) recuperação das áreas de cana-de-açúcar,
devido a sua capacidade de fixação de nitrogênio no solo; b) melhoramento
genético das sementes, que possibilita um amento de 100% das sacas colhidas,
em média.
No geral, observa-se que a cana-de-açúcar destaca-se tanto na extensão
de área utilizada quanto na quantidade produzida, o que leva a uma redução das
áreas de plantio das culturas tradicionais e, consequentemente, das quantidades
produzidas pois, inserido na agricultura científica globalizada, a atividade
agroindustrial canavieira “induz ao aumento exponencial das quantidades
produzidas em relação às superfícies plantadas” (ELIAS, 2006, p. 02), rebatendo
negativamente na estrutura produtiva familiar.
Esta atividade está organizada em um modelo de dominação do capital,
que comercializa alimentos no mercado mundial pelas práxis difundidas por
transnacionais agro-químico-alimentar e financeiras de que a produção
agropecuária tem que servir ao mercado, influindo negativamente na produção
camponesa (THOMAZ JUNIOR, 2009).
Ainda segundo Thomaz Junior (2009) as mudanças macroestruturais no
formato produtivo das matérias primas de origem agropecuárias, alimenta a
voracidade inflacionária no setor de alimentos à casa de 50,00% para 2007 e
2008, “e fazendo da fome a principal chaga da humanidade em pleno século XXI”
(THOMAZ JUNIOR, 2009, p. 158). E acrescenta:
Dessa forma, não se trata de utilizar argumentos extemporâneos,
já que a essência do problema não é a produção dita dos
agrocombustíveis, ou em particular, do etanol, mas os
expedientes, o formato e a estrutura da produção, e o conteúdo do
projeto social lhe dá fundamento para estarem assentados em
grandes extensões de terra, na exploração do trabalho, e
totalmente desatrelada de um programa nacional e sustentável de
produção de alimentos, edificado nas unidades de produção
familiar e enraizado nos referenciais da soberania alimentar dos
povos (THOMAZ JUNIOR, 2009, p. 168).
A territorialização da atividade agroindustrial canavieira rebate
negativamente na produção camponesa e ameaça a soberania alimentar, como
podemos observar na Nova Alta Paulista ao analisarmos o quadro nove referente
ao agronegócio e a cidade.
169
Quadro 9 Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia,
Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho A cidade e o agronegócio: Agricultura camponesa - 2010
O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Depois da cana-de-açúcar piorou muito as coisas. Acabou com todas as lavouras com o gado, quando morávamos no sítio era muito melhor, tínhamos fartura e hoje é tudo comprado
Tinha mais lavouras e agora é só cana-de-açúcar e isso é ruim
Ruim, tirou as lavouras Ruim, só se vê cana-de-açúcar Acabou com toda agricultura e ainda está
acabando com a oferta de mão de obra Ninguém planta mais nada nas lavouras,
assim a salvação são as usinas Antes era café, amendoim etc. agora só tem
cana-de-açúcar, é o que tem, temos de achar bom
Acabou com todos os outros tipos de lavoura Acabou com o sítio. Antes tinha famílias com
até 10 pessoas morando e trabalhando no sítio agora está tudo desempregado na cidade
Não é bom, se não fosse a cana-de-açúcar teríamos outras lavouras que geram mais renda
Ficou muito ruim, pois arrendou o sítio e não tem o que fazer
Como acabou com as lavouras tirou renda dos agricultores
Menos renda para cidade, pois o forte era a agricultura
Pior, acabou com as lavouras que empregava muito boia-fria e as usinas não pega todo mundo
Com a lavoura tinha emprego para a família toda, com a cana-de-açúcar não
O lado bom é o emprego, mas, o lado ruim supera. Pois, estão somente plantando cana-de-açúcar e não existe mais lavoura branca. Deveria ser repartido o tanto que vai de cada plantação porque não vamos ter mais alimentos para comer
Somente ter cana-de-açúcar no campo não vai desenvolver de forma abrangente, além disso na cana somente trabalha homens sendo que nas outras lavouras todos podiam trabalhar
Acabou com as lavouras e pecuária, só tem álcool e açúcar
Acabando com todas as lavouras só está sobrando cana-de-açúcar, mas ninguém irá beber garapa
Não dá mais para plantar um é de milho Muito ruim para criação de gado Quando tinha outras lavouras tinha mais
emprego e a cana-de-açúcar gera menos emprego
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
A percepção dos entrevistados nas cidades analisadas, principalmente dos
camponeses que devido às reestruturações da agropecuária foram
desapropriados de suas terras, de seu modo de vida e vivem nas cidades locais
híbridas, empobrecidos, materialmente e simbolicamente, é de que a introdução
da atividade agroindustrial canavieira acabou com a lavoura “branca”, referindo-
se a produção de alimentos como feijão e outros, ou seja, com a produção stricto
senso, mas, para além, desta, com a sua reprodução. Ou seja, intensificou o
desemprego no campo, a diminuição de renda e a desapropriação.
Ainda, entre os resultados desses processos, Elias (2006, p. 12) aponta
para o acirramento da dialética na organização do espaço agrícola brasileiro:
Formam-se vários diferentes arranjos territoriais produtivos, a
culminar num espaço agrícola extremamente fragmentado. A
fragmentação dos espaços agrícolas aumenta a diferenciação na
lógica de sua organização, na qual denota-se a seletividade de
distribuição das políticas públicas e dos sistemas de objetos. Desse
modo, reforçam-se as diferenças, cada vez mais complexas e
devastadoras. Isto significa que os lugares escolhidos para receber
investimentos transformam-se em pontos de modernização da
economia e do território enquanto todo o restante fica à margem
170
desse processo. Intensifica-se, portanto, a existência de grandes
diferenciações do espaço agrícola, que apresenta distintas densidades técnicas e normativas.
Nesse espaço fragmentado a cana-de-açúcar se territorializa de forma
acelerada, modifica a estrutura fundiária e a utilização das terras, altera a
quantidade produzida de produtos alimentícios, expulsa os camponeses de suas
terras, intensifica os fluxos migratórios, introduz formas regressivas de relações
de trabalho e transforma os pares dialéticos rural/urbano na tríade
rural/urbano/agrícola.
Quando se trabalha com a territorialização do agronegócio, nesse caso a
atividade agroindustrial canavieira, a análise da expulsão dos camponeses de
suas terras e as formas regressivas de relações de trabalho se fazem
extremamente importantes. Essa discussão vem sendo desenvolvida de maneira
intensa pelo grupo de pesquisa CEGET (Centro de Estudos de Geografia do
Trabalho)20. Portanto, nesse trabalho iremos pontuar a ocorrência desses
processos na Nova Alta Paulista, mas, nos debruçaremos nos fluxos migratórios
gerados pela demanda da atividade agroindustrial canavieira e os impactos desse
processo nas cidades locais híbridas.
4.2. Alguns apontamentos sobre a desapropriação dos camponeses e as
formas regressivas de trabalho
Como pudemos observar nas análises de Thomaz Junior (2009) e nas
próprias ponderações dos entrevistados, nas cidades analisadas a expulsão dos
camponeses de suas terras, além de alterar a estrutura produtiva familiar
também os expropria de seu modo de vida, do saber fazer. Pois, “a terra de
negócio ao substituir a terra de trabalho (Martins, 1988b) provoca, além da
expropriação objetiva, a expropriação simbólica” (SILVA, 1999, p. 47)
É nesse sentido que se apresenta o circuito de pobreza, abrangendo as
duas dimensões do empobrecimento do camponês, ou seja, o empobrecimento
material, mas, sobretudo, o empobrecimento simbólico. Essas duas dimensões,
resultantes da expansão da atividade agroindustrial canavieira, podem ser
observadas nas ponderações dos entrevistados residentes nas cidades locais
híbridas analisadas.
20 Grupo de Pesquisa vinculado ao Programa de Pós-graduação em Geografia da
UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Presidente Prudente.
171
O empobrecimento material se expressa, principalmente, na redução da
renda, no desemprego familiar e até mesmo na necessidade de recorrer à
compra de todos os produtos consumidos pela família.
Ao vender sua terra esse sujeito que tem sua identidade ligada a ela,
muitas vezes, não consegue, nas cidades, inserir-se em outro setor produtivo,
provocando uma diminuição acentuada da renda familiar. Quando a “opção” é o
arrendamento, essa redução ocorre com a revisão dos contratos, com o
empobrecimento do solo e, também, como destacado, o desemprego familiar e a
compra dos produtos alimentares que refletem na renda, como esclarecem dois
entrevistados: “a cana-de-açúcar acabou com os sítios, antes tinha família com
até dez pessoas morando e trabalhando no sítio, agora está tudo desempregado
na cidade”; “a cana-de-açúcar acabou com as lavouras, na cidade não dá para
plantar um pé de milho, temos que comprar tudo.”
Nesse sentido, Thomaz Junior (2009) destaca que ir para a cidade não
necessariamente piora a vida das pessoas, mas, devido às condições que
predominaram no Brasil, através da brutalidade do processo de industrialização,
que ao dinamizar o campo rompeu para um número significativo de camponeses
e trabalhadores os vínculos com a terra, faz com que esses, ao migrarem para as
cidades, conheçam a mesma piora das condições de vida. Resumindo, perda de
vínculos com a terra, diminuição de renda, desemprego, dentre outros
processos.
Thomaz Junior (2009) e Oliveira (2003) apontam as pequenas unidades de
produção como as que mais geram emprego e renda e as responsáveis pela
maior produção de alimentos no campo brasileiro, em contraponto ao discurso do
agronegócio, que atribui este papel de destaque às grandes propriedades.
Portanto, o empobrecimento simbólico é o que caracteriza, para o
camponês, a perda de sua “possibilidade de existência”, como afirma Thomaz
Junior (2009, p. 65):
A respeito das sociabilidades que não se restringem ao circuito da
relação essencialmente capitalista, podemos tomar os exemplos
das práticas socioculturais que envolvem diretamente as
comunidades à memória da terra, ou seja, a terra vista não como
mercadoria, mas sim território de vida, da própria existência, o
que significa então, ao perdê-la perde-se juntamente a
possibilidade da existência.
172
Ao serem desapropriados de suas terras, acrescenta Silva (1999, p. 222),
são desenraizados da própria experiência vivida:
O passado dos lugares, das casas, dos objetos é condição básica
de enraizamento. O desenraizamento é uma condição
desagregadora da memória. Portanto, a ação das máquinas, ao
provocar demolição, arrasando os terrenos, não tem somente o
efeito de expulsar os moradores das casas, mas expulsar de suas
lembranças, de suas memórias, os espaços da sociabilidade, do
modo de vida, da cultura, enfim, da própria experiência vivida,
enquanto significados. Ao chegarem à cidade, mesmo que levem
tijolos, telhas das antigas casas, os trabalhadores não conseguem
recriar os espaços de antes.
Nas cidades esses sujeitos, mesmo reproduzindo no espaço dos quintais –
como observamos no capítulo cinco – suas vivencias não conseguem recriar
todas as dinâmicas de antes, ou seja, não compartilham mais o espaço da
produção e reprodução, das lembranças, das memórias, da sociabilidade, do
modo de vida, da cultura e da experiência vivida, além de terem suas próprias
memórias desenraizadas.
Assim, a expansão das relações capitalistas de produção é conduzida de
maneira extremamente prejudicial à maioria da população, especialmente os que
têm na relação com a terra sua forma de reprodução. Desta forma, o
crescimento econômico se apresenta cada vez mais desigual gerando
desequilíbrios, exclusão e pobreza (ELIAS, 2006).
Além da diversidade de transformações que a reestruturação produtiva da
agropecuária engendra, ela também é responsável por profundas redefinições no
mundo do trabalho. Assim, com a expansão da cultura canavieira, verificamos
um aumento significativo do número de migrantes, principalmente nordestinos,
para as pequenas cidades da Nova Alta Paulista.
Tal processo revela um fluxo de trabalhadores
desterritorializados/expropriados em busca de emprego no corte da cana-de-
açúcar, particularmente em São Paulo. Assim, esses trabalhadores migrantes,
mão de obra não qualificada, oriundos dos pequenos municípios empobrecidos,
são alvo da super-exploração do trabalho com prolongamento das jornadas,
trabalho degradante e remuneração por produção (THOMAZ JUNIOR 2009).
Além dos fatores apontados, a reestruturação produtiva da agropecuária
também promove profundas transformações nos espaços urbanos.
173
4.3. O agronegócio globalizado e as cidades locais híbridas
Como já discutido em capítulos anteriores e no subitem anterior, na região
analisada se expande o agronegócio globalizado. Nesse espaço o meio natural e
o meio técnico são substituídos pelo meio-técnico-científico-informacional, o que
significa que os espaços agrícolas se mecanizam e as atividades agropecuárias
ligadas ao agronegócio passam a serem baseadas na utilização intensiva de
capital, tecnologia, ciência e informação (ELIAS, 2008). Pois, a introdução da
ciência, da tecnologia e da informação na agropecuária resulta em um novo
modelo técnico, econômico e social de produção agropecuária, que é agricultura
científica (SANTOS, 1996 [1993]; ELIAS, 2005).
No contexto de reestruturação produtiva da agropecuária, as alterações
apresentam-se nas relações entre campo e cidade, transformando os pares
dialéticos rural/urbano na tríade rural/urbano/agrícola (ROMA, 2008). Ou seja, o
capitalismo transforma o meio rural que, por sua vez, transforma o tipo de
produção dos domicílios e das relações sociais, logo, o par rural/urbano na tríade
rural/urbano/agrícola.
Utilizando-nos de Elias (2007) elencamos elementos para se compreender
nas cidades a materialização e os impactos desse processo que, para ela, pode
ser compreendido como as chamadas cidades do agronegócio.
O agronegócio globalizado adapta as cidades próximas às suas principais
demandas e exigências (ELIAS, 2006, 2007, 2008). Assim, consiste apreender
quais os pontos luminosos e/ou de exclusão que se processam nas cidades
analisadas.
Abrindo um parêntese, frisamos que nosso foco de análise consiste em
pontuar os impactos da atividade agroindustrial canavieira nas cidades locais
híbridas - Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo,
Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho. Contudo, em alguns
momentos, torna-se necessário, para entender a própria realidade das cidades
analisadas, apontar as dinâmicas que se materializam nas cidades sub-regionais,
considerando que a expansão do agronegócio globalizado não se restringe
somente as cidades específicas, mas interfere numa dinâmica de âmbito
regional. E este exercício nos permitirá uma análise comparativa entre as
dinâmicas existentes nas cidades locais híbridas e os centros sub-regionais.
Elias (2007) apresenta três temáticas que podem reconhecer as
especificidades existentes nas cidades, por ela denominadas de cidades do
agronegócio globalizado, quais sejam: 1) formação das redes agroindustriais e as
174
novas relações campo-cidade; 2) mercado de trabalho agropecuário e dinâmica
populacional e; 3) aprofundamento das desigualdades socioespaciais.
Considerando essas temáticas, a autora (2007) elenca indicadores que
podem expressar a materialização do processo.
No que tange aos sistemas de objetos existentes nas cidades sub-
regionais, temos: aeroportos particulares, pista de pouso, rodovias estaduais,
estradas vicinais, rodoviárias, que funcionam enquanto terminais rodoviários
urbanos; agência de correios, caixa de coleta de correspondência, centrais
telefônicas, terminais telefônicos em serviço, emissoras de rádio, provedores da
internet, antenas parabólicas; centrais de geração e transformação, urbana e
rural; hotéis; espaços destinados à realização de feiras agropecuárias, festas de
peão de boiadeiro e; perímetros irrigados, canais de irrigação, adutoras.
Para as cidades locais híbridas, podemos considerar as estradas vicinais;
agência de correios, centrais telefônicas, terminais telefônicos em serviço,
antenas parabólicas; centrais de geração e transformação, urbana e rural;
perímetros irrigados, canais de irrigação, adutoras.
Nos indicadores associados à economia urbana temos, para as cidades
sub-regionais: equipamento industrial de máquinas agrícolas; cursos de
graduação e cursos técnicos como gestão do agronegócio, engenharia de
alimentos, veterinária, açúcar e álcool, agronomia; empresas comerciais de
máquinas de implementos agrícolas, produtos veterinários e agrotóxicos; aviação
agrícola, informática, empresas de gestão de recursos humanos, de transportes
de cargas, entre outras que se desenvolvem no próprio interior das usinas e/ou
destilarias de açúcar e álcool; empresas provedoras de internet; bancos públicos
e privados; caixas eletrônicos; corretoras. Para as cidades locais híbridas, banco
público e/ou correspondente bancário.
Muitos desses nexos não são utilizados nessas localidades pelas usinas
e/ou destilarias de açúcar e álcool, mesmo sendo uma base técnica e
informacional importante para o setor, como, por exemplo, compra de máquinas
e implementos agrícolas mais sofisticados, dentre outras. Essas agroindústrias
canavieiras estão instaladas na região, porém suas dinâmicas se inserem em
outras escalas, não necessariamente regionais.
Destacamos também que na região da Nova Alta Paulista os itens como,
por exemplo, agência de correios, emissoras de rádio, antenas parabólicas,
centrais de geração de energia, são objetos que existiam antes da entrada
massiva do agronegócio globalizado. O que se observa é uma maior dinamização
175
desses com a intensificação da atividade agroindustrial canavieira. E frisamos,
ainda, que a irrigação existente nas cidades locais híbridas se faz, na grande
maioria, pelas próprias usinas e/ou destilarias de açúcar e álcool que ao
arrendarem terras implementam-na nos diversos espaços destinados ao cultivo
da cana-de-açúcar.
Quando o viés de análise é o mercado formal de trabalho agropecuário,
optamos em dividi-lo por categoria ocupacional21. Assim, para o período de
Janeiro de 2007 a Julho de 2012, observa-se que a composição do trabalho
formal agropecuário é extremamente dinâmica e de difícil apreensão, pois no
conjunto da composição do trabalho formal há ocupações que podem ser
exercidas tanto no setor agrícola (cana-de-açúcar) como relacionada a outras
dinâmicas do setor agropecuário, como, por exemplo, “operador de
colheitadeira” – que pode colher cana-de-açúcar, como milho, amendoim, etc..
Assim, nos esforçamos para subdividir esse quadro ocupacional a fim de
caracterizar o emprego formal agropecuário da área em análise.
O emprego formal ligado à atividade agroindustrial canavieira admitiu no
período, aproximadamente, 21.876 pessoas, composto pelo trabalhador da cana-
de-açúcar, sendo uma mão de obra não especializada, como também por
motorista de caminhão, tratorista agrícola, operador de caldeira, auxiliar de
laboratório, dentre outras. No que tange às demais ocupações foram admitidas
16.173 pessoas, aproximadamente, composto por uma diversidade de
ocupações, tais como: trabalhador da avicultura de postura, trabalhador da
agropecuária em geral, trabalhador volante da agricultura, pecuária (bovino de
corte), trabalhador da cultura de mamona, da suinocultura, seringueiro, na
cultura de café, dentre outras.
Para a atividade agroindustrial canavieira há, no período analisado, um
saldo positivo de 2.874 postos de trabalho formal, enquanto que para os demais
setores ligados às atividades do campo identificamos um saldo negativo de 35
postos de trabalho formal. Ou seja, numa análise preliminar notamos que a
atividade agroindustrial canavieira continua gerando novos postos de trabalho
em detrimento das outras atividades.
21 Na tabela 79, em anexo, destacamos as ocupações que mais admitiram no
período analisado, ou seja, as que admitiram até dez trabalhadores devido à infinidade
de ocupações exististes
176
Devemos ressaltar que esses dados refletem a estrutura do emprego
formal e que o trabalhador do campo, na maioria das vezes, não está dentro
desta lógica, seja o chamado “boia-fria” que trabalha todos os dias, mas, em
diferentes culturas e para diferentes empregadores, dificilmente, inserido na
estrutura do emprego formal ou o camponês que é reconhecido enquanto
trabalhador rural, no entanto, muitas vezes não está dentro dessa estrutura,
como outras inúmeras situações.
A produção ligada a outros setores, mesmo que num conjunto geral,
apresente saldos negativos é responsável pela geração de emprego e renda. Por
exemplo, foi admitido, no período, 7.095 pessoas na avicultura de postura, 236
pessoas no cultivo de trepadeiras frutíferas, ou seja, há outras alternativas além
da cana-de-açúcar.
Ainda analisando a estrutura formal do emprego, observa-se a presença
de mão de obra qualificada do ponto de vista da formação. Foram contratados,
aproximadamente, quarenta profissionais ligados ao setor agropecuário, tais
como: técnico agrícola, engenheiro agrícola, agrônomo, economista
agroindustrial, analista de transporte e comércio exterior, enfermeiro do trabalho
e economista financeiro. No entanto, numa região com a presença de 10
unidades de produção de açúcar e álcool22, ligadas ao circuito superior da
economia urbana, que apresenta elementos de produção e organização de uma
agricultura científica, a quantidade desses profissionais não representa um
grande dinamismo.
Esse quadro representa um período (Jan/2007 – Jul/2012); quando se
analisa a atividade agroindustrial canavieira anualmente, percebe-se que está
havendo uma redução no numero de admissões, principalmente de mão de obra
não qualificada. Em 2008, na Nova Alta Paulista, o setor admitiu 4.690
trabalhadores da cultura da cana-de-açúcar, já para 2011 as admissões foram de
931 e até julho de 2012, esse número perfaz 706 trabalhadores. Há uma
alteração na estrutura das contratações, ou seja, diminui a mão de obra não
especializada e aumenta a presença de tratoristas, operadores de máquinas
agrícolas etc.. No entanto, o aumento dessa mão de obra, dita mais
especializada, não corresponde à diminuição apresentada.
22 Este é o número de unidades em funcionamento. Segundo informações no site da
UDOP (União das Destilarias do Oeste Paulista) há 04 unidades projetadas ou em
processo de instalação na região da Nova Alta Paulista.
177
Sendo assim, podemos dizer que o a atividade agroindustrial canavieira,
na Nova Alta Paulista, segue a dinâmica de contratações e elevação do número
de empregos formais agropecuários, conforme caracterizado para pensar as
cidades do agronegócio.
No entanto, isso confirma que a monocultura da cana-de-açúcar rebate
negativamente no meio rural, na produção camponesa e na segurança alimentar-
se, por um lado, a atividade agroindustrial canavieira está ligada à produção de
commodities, por outro lado, temos a diversidade presente nos demais setores,
ou seja, planta-se alimentos. Além disso, empregam-se mulheres, pessoas com
mais idade, uma mão de obra praticamente descartada pela atividade
agroindustrial canavieira.
Ainda no sentido de pensarmos as dinâmicas do agronegócio globalizado e
as cidades locais híbridas, podemos observar a migração campo-cidade. O
trabalho de Gil (2007) e nossos trabalhos de campo demonstram estar havendo
um fluxo migratório do campo, principalmente para as cidades sub-regionais,
mas, também, para as locais híbridas devido à expansão do agronegócio
globalizado e a desapropriação dos camponeses de suas terras. Para as cidades
locais híbridas, no que tange à migração de mão de obra especializada - cidade
maior para menor – não observamos sua ocorrência. Esses profissionais passam
a residir nas cidades sub-regionais que apresentam uma maior diversificação de
equipamentos e serviços urbanos, fator preponderante para escolha das cidades
sub-regionais por esses profissionais.
Já a migração de mão de obra não qualificada provinda, principalmente,
do nordeste brasileiro destina-se para as cidades locais híbridas. No entanto, as
estatísticas ainda não são sensíveis a esse fluxo devido ao período que tais
trabalhadores permanecem nas cidades – que é aproximadamente oito meses,
correspondente ao período de safra – sendo recenseados em suas cidades de
origem. Assim, a evolução da população dessas cidades não se alterou na última
década ou mesmo involuíram (tabela 16, apêndice 1). Mas, apreendendo essa
questão de maneira qualitativa, através dos trabalhos de campo, observa-se o
aumento substancial de uma população migrante, destinada ao trabalho nas
usinas e/ou destilarias de açúcar e álcool.
A dinâmica do trabalho também se apresenta diversa, com a intensificação
do aparecimento de novas categorias de trabalhador agrícola, como agrícola não
rural – a luz de nossos trabalhos de campo e como analisamos no capítulo três,
178
observamos que uma parcela considerável dos trabalhadores das cidades locais
híbridas estão inseridos no trabalho agrícola, mas residem nas cidades, sendo
agrícola não rural.
Portanto, todas essas dinâmicas reforçam as questões discutidas no
capítulo cinco, no qual apontamos as relações que envolvem a tríade
rural/urbano/agrícola, transformando esses espaços, que podem ser analisados e
apreendidos separadamente, mas que se estruturam em espaços híbridos.
A reestruturação produtiva da agropecuária, com a expansão da cana-de-
açúcar, ao se territorializar não apenas ampliou e reorganizou a estrutura
fundiária, a produção agrícola e industrial, mas, também, impactou as cidades,
aprofundando as desigualdades socioespaciais.
Como apontamos, a atividade agroindustrial canavieira necessita de um
contingente elevado de trabalhadores, principalmente braçais, sua expansão
amplia as migrações pendulares de mão de obra para a lavoura da cana-de-
açúcar. Esse processo, considerando a realidade socioespacial das cidades locais
híbridas, intensifica os problemas como a falta de moradias, a elevação no valor
dos alugueis, aumento no atendimento na área de saúde e assistência social e
ampliação do consumo consumptivo.
As alterações no mercado imobiliário dessas localidades estão relacionadas
à oferta de moradias e ao aumento no valor dos aluguéis. Analisando dados
censitários de 2000 e 2010 constata-se, em um âmbito regional, que das 30
cidades da Nova Alta Paulista, em 21 cidades houve redução no número de
domicílios não-ocupados. Considerando os centros sub-regionais de Adamantina,
Dracena, Lucélia, Osvaldo Cruz e Tupã observamos uma redução pequena dos
domicílios não-ocupados. Para as cidades locais híbridas analisadas, temos: um
aumento de domicílios não-ocupados para a cidade de Arco Íris, Flora Rica,
Mariápolis e Paulicéia que passam de 33,30%, 17,52%, 16,59%, 26,60% em
2000 para 42,51%, 21,51%, 20,55%, 34,96% em 2010, respectivamente.
Dentre as localidade que apresentaram diminuição no percentual de domicílios
não-ocupados temos: Inúbia Paulista, Monte Castelo, Pracinha, Queiroz e São
João do Pau D’Alho que passam de 11,13%, 27,62%, 22,24%, 18,95% e
25,68% em 2000 para 12,81%, 15,32%, 15,38%, 13,37% e 15,41% em 2010,
respectivamente.
Para a cidade de Pracinha a diminuição dos domicílios não-ocupados
relaciona-se a presença de uma Unidade Prisional, conforme constatado em
179
trabalho de campo, e para Paulicéia o aumento no percentual está atrelada a
dinâmica turística pela presença de ranchos.
Já para a cidade de Mariápolis, por exemplo, houve um aumento no
número de domicílios não-ocupados, ou seja, aumentou o número de imóveis
disponíveis23. Contudo, já em Roma (2008) e em nossos inúmeros trabalhos de
campo e entrevistas junto à secretária de assistência social apreendemos um
aumento no número de migrantes, sendo, esse, um dos principais fatores
apontado pela população pela redução da oferta de imóveis para venda ou
locação, além do aumento no valor dos alugueis.
As alterações nas dinâmicas imobiliárias podem ser observadas
analisando-se, principalmente, os apontamentos dos entrevistados que
destacam: “ajuda o desenvolvimento do comércio e aumenta o número de casas
existentes na cidade”; “aumento movimento na cidade e no valor dos alugueis”;
“aumentou muito, muito o preço dos alugueis”; “além de aumentar o valor dos
alugueis também diminuiu o número de casas disponíveis para alugar”; “piora
muito as coisas, principalmente, pelo valor dos alugueis”; “valorizou muito os
imóveis”; “ficou muito fácil alugar casa”; “como para os baianos o aluguel é
cobrado por cabeça o valor dos alugueis sobe muito”; “nos sorteios de casas
populares eles pegam tudo e as pessoas da cidade não pega nada”.
As pessoas que dependem do aluguel e/ou pretendem a compra de imóvel
pontuam a dificuldade de se encontrar casas na cidade, mas, principalmente, a
elevação no valor dos alugueis e dos imóveis. Por outro lado, os proprietários de
imóveis destacam a valorização dos imóveis e a facilidade de locação, reforçando
a diferenciação social existente entre os segmentos sociais da cidade.
No período atual a pobreza é estrutural e globalizada (SANTOS, 2004
[2000]) e grande parte dos trabalhadores é excluída do processo produtivo,
aprofundando a pobreza e as desigualdades socioespaciais.
As cidades locais híbridas se caracterizam pela presença massiva do
circuito inferior da economia, uma pobreza material relacionada ao desemprego
23
O responsável pela unidade do IBGE na cidade de Adamantina nos informou que
essa constatação, também foi indagada pelas lideranças políticas de Mariápolis e, nos
apresentou dois elementos que levam a essa configuração. O primeiro refere-se à coleta
das informações pelos recenseadores. Por exemplo, no terreno existem dois domicílios, o
da frente é utilizado como residência propriamente dita e o imóvel do fundo mais deteriorado serve de depósito ou até mesmo para residência dos filhos, no entanto ao
responder o recenseador o proprietário indica o imóvel como não-ocupado. O segundo
elemento sugere que os moradores dessas localidades não querem alugar os domicílios
para migrantes, alegando que seus imóveis serão deteriorados e os declaram como não-
ocupados.
180
e má remuneração, baixos índices de escolaridade, insuficiência dos
equipamentos e serviços urbanos e os principais recursos administrativos são
provindos dos fundos de repasses governamentais gerando uma pobreza
material e política, como discutimos no capítulo dois. E é justamente essa
pobreza que vai intensificar os impactos gerados pelo agronegócio globalizado,
aprofundando as desigualdades socioespaciais.
Dentre os problemas apontados pela população, além daqueles referentes
à moradia, os que mais se destacam estão correlacionados aos serviços de saúde
e assistência social: “acaba com a cidade, os recursos vão tudo para eles”; “pega
tudo que é nosso – casa popular, leite”; “não é certo, faltam as coisas para nós e
eles tomam frente de tudo”; “eles tomam frente na saúde, nas coisas do governo
e em tudo”; “os baianos tomaram conta da cidade”; “não é bom, tinha que ter
um limite no número de baianos que poderiam ficar na cidade, pois eles pegam
todo leite do posto e brigam muito”; “não pode julgar, mas exagera o tanto de
gente que toma nossos empregos”; “utilizam muito os médicos”; “baianos
utilizam todas as vagas da creche”; “não é bom. Eles gastam mais no comércio,
mas acabam com nossos medicamentos (EX: 16 vagas de consulta no posto de
saúde 10 são deles”); “eles vem tirar o pouco que nós temos”.
Portanto, as principais questões como pobreza material e política
corroboram para que a presença dos trabalhadores agrícolas provindos de outros
estados brasileiros acentuem ainda mais os problemas urbanos. Essas questões
urbanas são problemas agrários, pois, são gerados pelo modelo adotado de
produção, ou seja, pode-se afirmar que o problema urbano é um problema
agrário e vice-versa.
Outro elemento que transforma a dinâmica das cidades locais híbridas é o
aumento no consumo consumptivo. Nas ponderações de Elias (2005, 2007,
2008) observamos que o campo desencadeiam necessidades de consumo
produtivo e consumptivo.
Assim, para Elias (2005), a reestruturação produtiva da agropecuária gera
um processo de modernização do agrícola, aumenta a demanda pelo consumo
produtivo do campo, adaptando as cidades próximas às suas exigências e essas
passam a fornecer a maioria dos aportes técnicos, financeiros, mão de obra e
dos demais produtos e serviços necessários. Mesmo o consumo produtivo do
campo se ampliando mais rapidamente que o consumo consumptivo, esse
igualmente se amplia (ELIAS, 2005).
181
O aumento do consumo produtivo do campo na região da Nova Alta
Paulista desenvolveu-se em parte nas cidades sub-regionais de Dracena,
Adamantina, Lucélia, Osvaldo Cruz e Tupã. Logo nas cidades locais híbridas o
aumento do consumo produtivo não se expressa substancialmente, mas se
atrela as dinâmicas da atividade agroindustrial canavieira como reservatório de
mão de oba rural, destinada a suprir as demandas do setor.
O que constatamos para as cidades locais híbridas é que o consumo
consumptivo é mais elevado do que o produtivo. Esse fator se expressa pelo
aumento da mão de obra de trabalhadores agrícolas provindos, principalmente,
do nordeste brasileiro que movimenta a economia local através do consumo de
bens e produtos. Ainda, destacamos que os trabalhadores migrantes
temporários consomem os bens e produtos nas cidades locais híbridas, ao
contrário da própria população “natural” da cidade, elevando o consumo
consumptivo.
As cidades locais híbridas desenvolvem somente o fator ligado à mão de
obra, ou seja, reservatório de mão de obra rural e, não oferece os aportes
técnicos e financeiros demandados pela atividade agroindustrial canavieira,
como os existentes nos centros sub-regionais, mesmo que estes sendo
incipientes comparativamente a outros espaços. Assim, ainda que o consumo
consumptivo se amplie nas cidades locais híbridas não se processa os
incrementos produtivos e não se transformam em pontos de modernização da
economia.
Pois, para Elias (2007), são escolhidos pontos para receber os
incrementos produtivos e estes se transformam em pontos de modernização,
ficando todo o restante à margem desse processo. A autora aponta que a
fragmentação do espaço agrícola forma arranjos territoriais produtivos agrícolas,
assim as regiões agrícolas dinâmicas são os espaços escolhidos para receber as
Políticas Públicas e a maior parte dos investimentos públicos e privados.
Esses arranjos produtivos agrícolas estruturam os pontos luminosos do
espaço agrícola, pontos de difusão da agricultura científica, verticalidades com
predominância sobre horizontalidades, a escala local-regional articula-se com a
internacional, fluxos rápidos, o território organiza-se sobre imposição do
mercado e ideologias e, também, enquanto território de exclusão e reprodução
das desigualdades sociais (ELIAS, 2007).
182
No Brasil agrícola moderno diversas cidades mantêm como função
principal as demandas produtivas dos setores de difusão do capitalismo no
campo. Assim, a urbanização dessas localidades se deve a expansão do
agronegócio e são responsáveis pela materialização das condições gerais de
reprodução do capital (ELIAS, 2007).
Porém, a reestruturação produtiva da agropecuária não se processa de
maneira homogênea em todos os espaços, mesmo no Estado de São Paulo, como
indicado por Elias (2006, p. 32):
Algumas áreas são mais intensamente beneficiadas pelos sistemas
técnicos e sistemas normativos inerentes a agricultura científica e
ao agronegócio. É o caso da região de Ribeirão Preto, a nordeste
do Estado, um dos principais, se não o principal, exemplos do
Brasil agrícola moderno (ELIAS, 1996, 1997, 2003ab), na qual se
concentram os complexos agroindustriais da cana-de-açúcar e da
laranja.
A reestruturação produtiva da agropecuária é seletiva. Enquanto algumas
estruturas sociais, territoriais e políticas permanecem intactas, outras se tornam
enclaves de modernização, privilegiando determinados segmentos sociais,
econômicos e políticos (GOMES, 2009), estruturando um espaço agrícola
totalmente fragmentado (ELIAS, 2006).
Na região da Nova Alta Paulista, com a introdução do agronegócio
globalizado, os espaços rurais se transformam e se diferenciam, fragmentando
os espaços modernizados da atividade agroindustrial canavieira dos espaços
“vistos” como entraves e resquícios do “atraso”, que são a pequena produção e
os espaços de reprodução da vida.
Diante da fragmentação do espaço agrícola, observa-se que as dinâmicas
da atividade agroindustrial canavieira são pontos luminosos, de difusão da
agricultura científica e de todos os demais elementos supracitados a cima. No
entanto, devido a suas dinâmicas estarem baseadas nas verticalidades com
predominância sobre horizontalidades, articuladas com a escala internacional, os
pontos luminosos não se difundem para o restante da economia urbana. Alguns
objetos técnicos e financeiros de aporte à atividade agroindustrial canavieira se
difundem nas cidades sub-regionais, mas considerando uma economia de escala
esses não se processam como em outros espaços, e para as cidades locais
híbridas eles são ausentes.
183
Essa predominância das verticalidades sobre as horizontalidades e
articulação das escolas em âmbito internacional presente nas dinâmicas da
agricultura moderna, denota o que Santos e Silveira (2006 [2001], p. 143,144)
indicam como “a necessidade de substituir a noção de circuitos regionais de
produção por circuitos espaciais de produção”, pois, segundo os autores, devido
à crescente segmentação territorial das etapas do trabalho intensificam-se as
trocas e as relações entre as regiões, que não precisam ser entre áreas
contíguas.
Nesse mesmo processo, a rede de cidades da região baseada em cidades
pequenas se torna mais desigual, reforçando as disparidades e concorrências
entre elas e corroborando para o aumento da pobreza nas cidades com menos
complexidade funcional. As cidades sub-regionais passam a responder às
necessidades do agronegócio globalizado, como os cursos técnicos, as lojas de
insumos e adubos etc., ainda que de maneira incipientes. Contudo, nessa mesma
rede urbana, as cidades locais híbridas não apresentam esses elementos,
respondendo às necessidades do agronegócio apenas no que tange à mão de
obra destinada ao setor. Assim, nessa rede de cidades, as cidades sub-regionais
seriam os espaços ditos luminosos (SANTOS e SILVEIRA, 2001) e as cidades
locais híbridas cada vez mais se transformam em espaços de exclusão social.
No entanto, os pontos luminosos apresentados pelas cidades sub-regionais
da Nova Alta Paulista tornam-se incipientes e efêmeros, quando analisados em
relação às dinâmicas existentes na região de Ribeirão Preto (SP), que também
desenvolve o complexo da laranja (ELIAS, 2006), ou nas regiões produtoras de
frutas, como os municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), no baixo curso dos
rios Açu (RN) e Jaguaribe (CE) (ELIAS, 2006), ou ainda com a difusão intensiva
da soja em Barreiras (BA), no sul dos estados do Maranhão e do Piauí (ELIAS,
2006) e na região de Rio Verde (GO) (MENDONÇA, 2009). Afinal, os sistemas de
objetos e a economia urbana mais sofisticados como implementos e maquinários
agrícola, dentre outros, não são supridos na própria região.
Desta forma, se compararmos a Nova Alta Paulista com outras regiões do
Brasil inseridas no agronegócio globalizado, podemos observar que, mesmo
apresentando alguns pontos luminosos, a Nova Alta Paulista torna-se, em sua
totalidade – inserida em uma totalidade maior –, local onde se desenvolvem
mais intensamente os espaços de exclusão social.
Se pensarmos numa análise comparativa entre as diferentes cidades que
são impactadas pelo agronegócio globalizado, podemos dizer que as cidades da
184
Nova Alta Paulista apresentam os impactos das transformações ocorridas pela
reestruturação produtiva da agropecuária, mas não desenvolvem os espaços
luminosos em plenitude. Porém, se a comparação for entre as cidades da Nova
Alta Paulista, observamos que são nas cidades locais híbridas que os espaços de
exclusão social se apresentam de maneira mais intensa, reforçando a pobreza já
existente nessas localidades.
Ou seja, para as cidades locais híbridas que não apresentam difusão de
objetos técnicos e financeiros, mas apenas aporte de mão de obra rural e,
mesmo o consumo consumptivo se ampliando, não altera substancialmente a
questão da pobreza, processando em seus espaços os impactos gerados pela
atividade agroindustrial canavieira, como apontado.
Nesse sentido, essas localidades geram o outro lado da cidade do
agronegócio, que é a cidade da exclusão social. Mas, também, as cidades do
agronegócio, analisadas por Elias (2006), mesmo desenvolvendo os pontos
luminosos, também são espaços agrícolas de exclusão. No mesmo sentido, Silva
(2005, p. 32) acrescenta que “o interior paulista considerado uma das regiões
mais ricas somente o é graças à pobreza vigente nestes confins”. Assim,
podemos dizer que os espaços luminosos geram o seu outro que são os espaços
de exclusão.
Esses espaços de exclusão se acentuam ainda mais nas cidades locais
híbridas, se comtemplarmos, além dos problemas urbanos, os conflitos que são
gerados pela presença dos migrantes nordestinos que se deslocam de seus
espaços indentitários para trabalhar no corte da cana-de-açúcar.
4.4. As cidades locais híbridas e os “estabelecidos” e “outsiders”
Eu não gosto de vancê, Papai Noé!
Tamém não gosto desse seu papé de vendê ilusão pra tar da burguesia.
Se os meninu pobre da cidade soubessem o desprezo qui o se tem, pelos humirde, pela
humirdade eu acho que eles jogava pedra em sua fantasia.
Você talvez vancê nem se alembra mais.
Eu cresci, me tornei rapaz, sem nunca me esquecê, daquilo que passô.
Eu lhe escrevi um biete, pedindo um presente a noite inteira eu esperei contente,
chegou o sor, mais vancê num chegou.
Dias depois, meu pobre pai, cansado, me trouxe um trenzinho véio, enferrujado,
e me ponhou ansim na minha mão e me oiando baixinho me falou:
toma, é pra vancê, foi papai noé que mandou.
E vi quandu ele adisfarçou umas lágrima cum a mão.
Eu alegre e inocente nesse caso, pensei que o meu biete embora cum atraso tinha
chegadu em suas mão, no fim do mês.
Limpei ele bem limpado, dei corda, o trem partiu, deu muitas vorta,
meu pai então se riu e me abraçô pela urtima vez.
O resto, eu só pude cumpreender quando cresci e comecei a ver as coisa com a
185
realidade.
Um dia meu pai chegou ansim, cum quem tá cum medo e falou pra mim:
me dá aqui aquele seu brinquedo daqui vou trocá por outro na cidade .
Entônce eu entreguei pra ele o meu trenzinho quase a soluçá.
E, como quem não quer abandoná um mimo, um mimo que
lhe deu, quem lhe qué bem, eu supriquei medroso:
?Ô pai eu só tenhu ele! Eu num quero outro brinquedo, eu quero aquele.
Por favor pai, num vá levá meu trem?.
Meu pai calô e pelo seu rosto veio descendo uma lágrima que, inté hoje creio, tão pura e
santa ansim só Deus chorou!
Ele saiu correnu bateu a porta, ansim como um doido varido minha mãe gritou; pra ele:
José! ele num deu orvido. Foi embora e nunca mais vortô.
Vancê, Papai Noé, vancê me transformou num homem que hoje a infância arruinô.
Sem pai e sem brinquedo.
Afiná, dos seus presentes, num ai um que sobre da riqueza do menino pobre que sonha o
ano inteiro com a noite de natá.
Meu pobre pai coitado, mar vestido, pra num me vê naquele dia desiludido, pagô bem
caro a minha inlusão, num gesto nobre, humano e dicisivo, ele foi longe demais pra me
trazer aquele lenitivo, tinha robado aquele trem do filho do patrão.
Quando ele sumiu, pensei que tinha viajadu, no entanto, minha mãe despois deu grande,
me contou em pranto que ele foi preso coitado e tranformadu em réu.
Ninguém pra absolvê meu pai se atrevia.
Ele foi definhando na cadeia, inté,qui um dia, Deus entrou na sua cela e o libertô pro céu.
(Rolando Boldrin, Crônica do Natal Caipira)
O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade são, para
Santos (2004 [2000], p. 18), três mundos num só:
O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização
como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a
globalização como perversidade; e o terceiro o mundo como ele
pode ser: uma outra globalização.
A máquina ideológica para a continuidade do sistema nos apresenta uma
ideologização maciça exigida pelo mundo atual que tem como condição essencial
o exercício de fabulações (SANTOS, 2004 [2000]). Nesse contexto, a difusão do
agronegócio globalizado com base na agricultura científica se apresenta
enquanto motor e única opção de crescimento econômico, de fonte de emprego e
renda, de desenvolvimento e de existência. Através dessas fabulações, se
expande o agronegócio globalizado enquanto perversidade que, ao concentrar
riqueza e terra aprofunda as desigualdades sociais, intensificando processos
como o da exclusão social.
A expansão da atividade agroindustrial canavieira, além da desapropriação
dos camponeses de suas terras, da redução na produção de alimentos, dos
impactos gerados nas cidades, também faz emergir nesses espaços os conflitos
entre os moradores antigos das cidades locais híbridas e “os de fora”,
186
estabelecendo uma relação de “estabelecidos” e “outsiders”. Nesse processo se
intensifica a exclusão social dos trabalhadores migrantes destinados,
principalmente, ao corte da cana-de-açúcar.
A relação entre “estabelecidos” e “outsiders” foi apresentada por Elias &
Scotson, (2000) demonstrando o aprofundamento da exclusão social e é nessa
relação que as dimensões social e política da exclusão se intensificam. Assim,
contrariando Federico Neiburg (prefácio de Elias & Scotson, 2000), a tese dos
“estabelecidos” e dos “outsiders” não deve se colocar para criticar e reformular o
conceito de exclusão, mas, sim, reforça o processo entendido como
multidimensional (VIEIRA, 2009).
O estudo de Elias & Scotson (2000) foi realizado no fim da década de
1950 e início da década de 1960, numa pequena comunidade na Inglaterra –
Winston Parva – com aproximadamente cinco mil habitantes. Nessa tese mostra-
se uma clara divisão entre um grupo estabelecido desde longa data e um grupo
de novos residentes, os “outsiders”. Os primeiros, os “estabelecidos”,
estigmatizavam e consideravam os “outsiders” pessoas de menor valor humano.
Nessa pequena cidade havia uma interdependência entre os grupos
residenciais de famílias que suscitavam problemas próprios e específicos de uma
comunidade. As famílias mais antigas e/ou os nascidos nessa comunidade
desempenhavam um papel central em todos os setores da vida comunitária, seja
social, político e econômico (ELIAS & SCOTSON, 2000).
No estudo de Elias & Scotson (2000) o processo começa a ocorrer quando
uma fábrica de Londres se transfere para a Winston Parva, sendo acrescentado
mais de 1000 londrinos a essa pequena comunidade e, segundo os autores, essa
“migração em massa” teve impactos tanto nos antigos residentes como nos
migrantes.
José de Souza Martins realiza uma discussão sobre a questão do “outro” e
de “nós”. Essa relação consiste em considerar que o outro não se confunde
conosco e não é reconhecido como “nós”. Essa situação se define como um modo
de viver no limite, na fronteira. Para o autor a fronteira não se reduz ou se
resume à fronteira geográfica, mas a fronteira é, justamente, a situação de
conflito social. Esse conflito é a descoberta do outro e de desencontro, não se
limitando a diferentes concepções de vida, mas desencontros de temporalidades
187
históricas, “a fronteira é essencialmente o lugar da alteridade” (MARTINS, 2009,
133).
Analisando os trabalhadores destinados ao trabalho na cana-de-açúcar no
Estado de São Paulo, Silva (1999) identifica que, em relação aos migrantes, recai
o peso de serem de “fora”. Esse trabalhador migrante é percebido enquanto
diferente do, também, trabalhador do “lugar”. A autora não denomina esse
processo como “outsiders” e “estabelecidos”, mas o conteúdo do processo é o
mesmo. E acrescenta (SILVA, 1999, p. 237,238):
No que tange ao trabalhador migrante, torna-se “baiano”,
“mineiro” significa possuir um outro papel, até então inexistente.
Em seus lugares de origem, não possuem esses atributos. Dessa
sorte, há uma verdadeira metamorfose de suas identidades em
face do outro (o paulista, o antigo morador da cidade, o branco,
pobre ou rico).
A principal questão nessas discussões é a fronteira entre “nós” e “eles”, e,
essa fronteira, nas pequenas cidades, principalmente nas menores, como as
cidades locais híbridas, apresentam características próprias devido ao grau de
proximidade espacial entre os agentes sociais/sujeitos, que possibilita uma maior
visibilidade dos processos sociais. Nessas localidades o conhecimento mútuo
entre as pessoas é normal, permitindo um acompanhamento dos problemas
pessoais, corroborando para a manutenção de uma rede de “fofocas” que, de
certa forma, nutre uma coesão social. Além do mais, essas particularidades
mantém nesses espaços o controle social através da igreja, dos grupos políticos
e comunitários.
O sentimento de pertencimento como sendo “da cidade” nessas
localidades restringe a um pequeno grupo o poder político e econômico. Nesse
ponto a estruturação da sociedade brasileira difere das análises dos autores
(ELIAS & SCOTSON, 2000), pois na realidade analisada por eles, a “antiguidade”
era fator preponderante para manutenção do controle político e econômico que,
por sua vez, sustentava um grupo “estabelecido” e outro “outsider”. No entanto,
em nossa sociedade, na qual as desigualdades sociais e a pobreza são
estruturais (SANTOS, 2004 [2000]), a “antiguidade” é apenas um dos fatores de
coesão dos “estabelecidos” contra os ditos “outsiders”, pois nas cidades locais
híbridas analisadas, outros fatores se apresentam.
188
Portanto, as características das cidades locais híbridas fortalecem,
sobremaneira, a possibilidade de conflito entre os “da cidade” e “os de fora”. Na
região da Nova Alta Paulista, comparativamente, observamos que são nas
cidades locais híbridas onde mais fortemente se estabelece o conflito entre
“estabelecidos” e “outsiders”. Esse fator ocorre em espaços maiores que se
subdividem em comunidade de bairros, por exemplo. No entanto, em cidades
nas quais a proximidade espacial e a visibilidade dos processos configuram uma
vida própria a elas, esse processo é visível e intenso.
Nas cidades analisadas por nós, principalmente Queiroz, Arco-Íris,
Mariápolis, Monte Castelo e Paulicéia, o processo se faz com a chegada dos
migrantes destinados ao trabalho na atividade agroindustrial canavieira,
intensificado pelo aumento no número de usinas e/ou destilarias de açúcar e
álcool na região da Nova Alta Paulista. Porém, também percebemos que as
localidades de Inúbia Paulista, Pracinha, Flora Rica e São João do Pau D’Alho,
que praticamente não recebem mão de obra desses trabalhadores, desenvolvem
um estigma em relação aos migrantes, “por terem ouvido falar”, elevando esse
processo à escala regional.
Para Winston Parva, o que diferenciava os recém-chegados dos moradores
mais antigos da cidade não eram os salários – que se equiparavam aos das
famílias já residentes na localidade – nem mesmo o tipo de profissão exercida –
pois a maioria dos residentes também eram operários especializados ou semi-
especializados – e sim os costumes, a tradição, as ideias, as crenças e todo o
estilo de vida. Ou seja, os novos moradores tinham ideias e crenças diferentes
das valorizadas na comunidade (ELIAS & SCOTSON, 2000).
Em nossa realidade empírica, esse processo se configura no embate entre
os costumes, tradições, estilo de vida, valores e crenças, mas, também, na
relação entre a população e a assistência social, ou seja, o conflito se processa
na divisão dos recursos provindos da assistência social entre os “da cidade” e “os
de fora”.
Nesse sentido, observamos que há uma questão de classe social imbuída
nesse processo, pois a relação “estabelecidos” e “outsiders” se configura mais
fortemente nas localidades que estão recebendo a migração de uma mão de obra
não-especializada, composta basicamente de cortadores de cana-de açúcar –
Mariápolis, Arco-Íris, Paulicéia – do que nas cidades para as quais a migração
destinada foi das categorias mais especializadas, como maquinistas, motoristas
189
etc. – Queiroz e Monte Castelo. E, como aponta Martins (2009, p. 13), é na
situação de fronteira que se encontra o “desencontro genocida de etnias e no
radical conflito de classes sociais”.
No estudo de Elias & Scotson (2000), a questão da assistência social e de
classes não eram fatores preponderantes. Também no trabalho de Mondardo
(2009) não se constata a tese dos “estabelecidos” e “outsiders”, como
identificada pelos primeiros autores (2000), na qual, os moradores mais antigos,
“estabelecidos”, serravam fileiras aos “de fora”, os “outsiders”, os
estigmatizando.
Há no contexto estudado por Mondardo (2009) uma inversão dos papéis.
Os “de fora”, gaúchos e catarinenses, foram vistos como “estabelecidos” e os “de
dentro”, caboclos, passaram ao papel de “outsiders”. Ou seja, “na fronteira se
deu um processo contraditório: estabelecido virou outsiders, enquanto o ‘de fora’
virou estabelecido” (MONDARDO, 2009, p. 349).
Porém, devemos considerar o contexto político e histórico no qual se
insere esse processo, pois a mobilidade gaúcha e catarinense para o Sudoeste
paranaense produziu, como aponta o autor (2009), o mito fundador do “pioneiro”
que se cristalizou em uma “mitologia heroica” do povo ordeiro e trabalhador e
que, através do simbólico, utilizou o recurso do trabalho para criar o sentimento
de pertencimento.
Nesse contexto, também está imbuída uma questão de distinção social
entre os gaúchos e catarinenses e os caboclos, que auxiliou na inversão do
processo. Diferentemente do contexto analisado por nós, no qual se inserem os
trabalhadores migrantes, principalmente, os destinados ao corte da cana-de-
açúcar que, ao migrarem para as cidades locais híbridas empobrecidas, são
vistos como “os de fora”, que poderão “tomar” os parcos e exíguos recursos e
benfeitorias existentes e não como os “desbravadores”.
É nítida a diferença entre as cidades que recebem os cortadores de cana-
de-açúcar e as que vêm recebendo categorias mais especializadas de
trabalhadores agrícolas, como podemos perceber nas falas dos entrevistados:
“os baianos tomam conta da cidade”; “tem de dar valor para os da cidade”; “as
famílias pobres não pode mais pagar aluguel”; “tem uma chuva de alagoano
aqui”; “tirou a liberdade da cidade”; “o aluguel ficou mais caro por causa desse
povo”; “aqui não deveria chamar mais Paulicéia, deveria chamar Alagocéia”. Por
190
outro lado, nas cidades que não recebem a mão de obra dos cortadores, a
questão da estigmatização enquanto fábulas imaginárias também ocorrem: “os
cortadores são muito briguentos ‘baianos’”; “em Luziânia tem muita briga ‘o
povo do Maranhão!’”, mas, a valorização da cidade se processa mais
intensamente: “aqui não vem cortador, só quem trabalha dentro da usina”;
“aumentou a população, misturou as culturas”; “vem mais motorista, tratorista
para o corte é pouco”; “valorizou a cidade” e; “valorizou os imóveis”.
No que tange à questão da assistência social, como já destacamos no sub-
ítem anterior, os “estabelecidos” repassam aos migrantes (cortadores) a
“responsabilidade” por boa parte dos problemas sociais da cidade, pois: “eles
tomam a frente nas coisas do governo”; “posto de saúde lotado”; “tira o
emprego do povo da cidade”; “pega tudo que é nosso: casa popular, leite”.
Sendo assim, a relação “estabelecidos” e “outsiders” se apresenta, também, no
embate entre as classes e entre os direitos básicos de cidadania.
O migrante (cortador), além das condições de trabalho precárias, tem sua
vida empobrecida na esfera da reprodução, com o acesso precário à moradia e,
principalmente, no que tange à reprodução social, com a negação simbólica aos
direitos básicos de cidadania, por parte dos “estabelecidos”. Embora os
migrantes (cortadores) tenham, por direito constituído, acesso aos serviços de
saúde, educação e assistência social, estes lhes são negados simbolicamente no
discurso dos “estabelecidos”.
O perfil desse tipo de migração – mão de obra para a atividade
agroindustrial canavieira – na área analisada vem se alterando. No início
predominava a migração de homens que deixavam suas famílias em seu local de
origem; no período atual, alguns desses trabalhadores estão trazendo suas
famílias e, em muitos casos a família inteira, como filhos, esposas, mães etc..
Em nossos trabalhos de campo esse processo foi identificado claramente; tanto
na cidade de Paulicéia como em Mariápolis entrevistamos várias famílias de
migrantes. Segundo os entrevistados, alguns vem para que o marido não fique
sozinho; para ajudar na arrumação de casa, lavar as roupas, fazer comida;
outros para que a mulher também possa arrumar um emprego, como, por
exemplo, de “boia-fria”; mas, também, diversos entrevistados apontaram como
motivo a utilização dos serviços de saúde, ou seja, precisavam fazer exames,
realizar check-up e aqui era mais fácil.
191
Assim, a negação simbólica aos direitos básicos de cidadania se estende e
se intensifica, pois, como apontamos, as cidades locais híbridas são
empobrecidas e os repasses governamentais estão atrelados ao contingente
populacional. Acoplado a esse fator, temos os migrantes que não são contados
no recenseamento como moradores dessas cidades, pelo período que
permanecem nesses locais.
Para Martins (2009) a fronteira tem dois lados e, esse entendimento, do
lado de lá e cá, possibilita uma leitura mais abrangente do entendimento da
fronteira como concepção do humano.
Nesse sentido, uma primeira questão que precisa ser pontuada é a
realidade socioeconômica das cidades locais híbridas, que se caracterizam pela
presença massiva do circuito inferior da economia, uma pobreza material
relacionada ao desemprego e má remuneração, baixos índices de escolaridade,
insuficiência dos equipamentos e serviços urbanos e os principais recursos
administrativos são provindos dos fundos de repasses governamentais, gerando
uma pobreza que se processa a partir da pobreza material e política.
Neste contexto, a assistência social torna-se fundamental para a
população e é justamente aí que se fortalece o conflito entre os “da cidade” e os
“de fora”, configurando uma relação de “estabelecidos” e “outsiders”. Assim, a
questão da pobreza material e política são fatores que vão caracterizar os
“estabelecidos” e “outsiders”.
Além dessas questões, o grupo “estabelecido” utiliza-se do estigma para
manter um distanciamento entre “os de fora” e “os da cidade”. Os termos que
estigmatizam outros grupos são próprios de cada contexto de relação e, nessa
conjuntura, os “outsiders são vistos pelo grupo estabelecido como indignos de
confiança, indisciplinados e desordeiros”. Assim, a estigmatização se processa
em um tipo de fantasia coletiva criada pelo grupo estabelecido refletindo, ao
mesmo tempo, justificativa e aversão desse grupo pelos outsiders (ELIAS &
SCOTSON, 2000, p. 27).
Acrescente-se a isso o estranhamento, no sentido de uma coesão social,
por parte dos “estabelecidos”, que não aceitam os “outsiders” (cortadores) e por
isso os estigmatizam e excluem. Esses fatores estigmatizadores foram
percebidos nas cidades analisadas, tanto entre os idosos como entre os jovens,
demostrando que o processo se faz na relação entre os “da cidade” e os “de fora”
192
e não entre os mais velhos ou mais jovens, no sentido de grupo etário. Os
“outsiders” migrantes (cortadores), em nossa realidade empírica, também são
vistos pelos estabelecidos como indignos de confiança, indisciplinados e
desordeiros: “causa muita briga”; “ficam nos bares”; “incomoda, gera
desconfiança e nos deixa com medo”; “muita confusão”; “desordeiros”; “já deu
assassinato entre eles”; “a cidade ficou perigosa”; “não se pode deixar mais nada
para fora”; “muito atrito”; “drogas, roubos”; “só acontece coisa pesada”.
A estigmatização em alguns casos é velada. Alguns entrevistados mesmo
considerando os migrantes (cortadores) como trabalhadores que “não
incomodam”; “só vieram trabalhar e vão embora”, dentre outras, acabam
revelando desconfiança em relação aos “outsiders”.
Esse fator pode ser observado em diversos momentos. No entanto, na
cidade de Arco-Íris se explicitou, pois a migração (de cortadores) para essa
localidade é bem específica. Enquanto nas demais cidades, segundo
entrevistados e a Secretaria de Assistência Social, perfazem de 300 a 800
pessoas, para Arco-Íris foram somente 45 trabalhadores provindos do Maranhão
que passaram a residir na cidade durante o período da safra da cana-de-açúcar,
residindo em locais específicos, identificados por nós por motivo de entrevistas,
nos permitindo um conhecimento de tais migrantes.
Porém, na realização de campo nesta cidade fomos abordados de forma
coercitiva por um jovem da cidade e ao comentarmos o ocorrido em uma de
nossas entrevistas com os moradores “da cidade”, esses foram diretos ao atribuir
o ocorrido aos “de fora”, porque, “o povo da cidade não faz essas coisas”,
mesmo tendo anteriormente declarado que os migrantes (cortadores) “são bons,
não fazem nada de mal para ninguém”.
A presença dos migrantes em cidades locais híbridas, de certa maneira,
modifica o estilo de vida comum e o conjunto de normas pré-estabelecidas por
um grupo. Os “estabelecidos” perdem o controle do conhecimento mútuo e a
possibilidade de alteração do padrão de conduta já estabelecido gerando
instabilidade na coesão grupal existente. Mesmo os “estabelecidos” identificando
os “de fora”, conhecendo seus locais de trabalho e residência, não os
reconhecem enquanto iguais.
Assim: “acabou o sossego da cidade, não podemos ter confiança como
temos no povo da cidade e aumentou o barulho”; “é um povo que a gente não
193
conhece”; “tem bastante gente desconhecida”; “antigamente era mais próximo
todo mundo se conhecia, agora não”; “não se conhece mais as pessoas todas são
estranhas” e; “não se sabe mais nada da cidade”.
Por não “conhecer” e por reconhecer os migrantes como estranhos, as
fronteiras grupais se estabelecem entre “nós” e “eles”, excluindo os pertencentes
ao outro grupo denominado de “eles”, como descrito por Elias & Scotson (2000).
“Nós” e “eles”, dois pronomes pessoais que se materializam em sujeitos que
mantém a clara distinção entre “os da cidade” e “os de fora”, demarcando
fronteiras.
Nesse contexto, as “fofocas” se tornam uma rede poderosa na
manutenção dos estigmas e da coesão social entre o grupo “estabelecido”. Essa
rede de “fofocas” se baseia no “ouvi falar” e se mantém acesa pela proximidade
espacial e visibilidade dos processos existentes em pequenas cidades. Nesse
sentido: “confusão, brigas, muito preconceito contra eles: falam que já foram
presos e vieram para cá”; “o povo fala que eles são muito esquentados”; “ainda
bem que não vem para cá. Porque me disseram que em Luziânia acabou com
todo o medicamento no posto de saúde”; “tem gente que ficou com medo,
olhava como se fossem bicho” e; “tem gente que reclama, fica com medo”.
A estigmatização dos “outsiders” pelo grupo “estabelecido” é utilizada
como uma forma de coesão e controle social, reservando para os “estabelecidos”
os cargos mais importantes das organizações locais, tanto políticas, econômicas,
como sociais. Na campanha eleitoral de 2008 para os cargos do executivo e
legislativo municipal (prefeitos e vereadores), os slogans dos candidatos eram no
sentido de manter uma tradição e um conhecimento como, por exemplo: “vote
em Maria que tem sua família na cidade há mais de 30 anos”, demostrando o
peso da tradição familiar e do conhecimento. Outro fator muito observado é a
não integração dos migrantes nas organizações religiosas, escolares etc.. Os
migrantes (cortadores) não conseguem se inserir na vida local dessas cidades,
no sentido de uma coesão social, o que, para Elias & Scotson (2000), é uma
arma poderosa para que o grupo “estabelecido” preserve sua identidade e afirme
sua superioridade, mantendo os “outsiders” em seu lugar.
Assim, segundo Bourdieu (2007, p. 85), a estigmatização é uma miséria
coletiva:
194
(...) espécie de miséria coletiva que fere, como uma fatalidade,
todos aqueles que estão amontoados nos lugares de rejeição
social, onde as misérias de cada um são redobradas por todas as
misérias nascidas da coexistência e da coabitação de todos os
miseráveis e sobretudo, talvez, do efeito de destino que está
inscrito na pertença a um grupo estigmatizado.
A presença de um grupo estigmatizado perpetua uma espécie de miséria
coletiva, intensificando a presença de um circuito de pobreza urbana que
transcende os limites do urbano, mas se funde no espaço urbano.
Portanto, o estranhamento, no sentido de uma coesão social, por parte
dos “estabelecidos” que não aceitam os “outsiders” (cortadores), gera processos
de estigmatização e exclusão social. No nível do simbólico, segundo Haesbaert
(2005, p. 37), podemos falar:
então, de um migrante “desterritorializado” no sentido cultural ou
simbólico, na medida em que, destituído de seu lugar e de suas
paisagens de origem, ele se vê destituído também de valores
símbolos, que ajudam na construção de sua identidade. (...) O
migrante pode ser visto, como um desterritorializado, no sentido
da perda de uma “experiência total” ou “integrada” do espaço,
fruto, sobretudo, dos processos de exclusão socioespacial que ele
sofre.
O autor (2005, p. 38) pondera que falar de desterritorialização do
migrante é altamente complexo e diferenciado. Diferenciação, esta, que está
acoplada:
a) às classes sociais e aos grupos culturais a que está referida;
b) aos níveis de desvinculação com o território no sentido de:
b1.) presença de uma base física minimamente estável para a
sobrevivência do grupo social, o que inclui seu acesso à infra-
estrutura básica (redes de água, luz, esgoto e comunicações, por
exemplo);
b2.) acesso aos direitos básicos de cidadania, garantidos, ainda
hoje, sobretudo no interior do território estatal-nacional onde o
migrante esteja situado;
b3.) referenciais espaciais que compõem uma identidade
sociocultural.
Segundo o autor (2005), para os mais pobres, a desterritorialização é
multi, ou no limite, uma territorialidade insegura em que a mobilidade é
compulsória e resultado da falta de alternativas, em busca da sobrevivência
física. Os migrantes (cortadores), ao se inserirem no mundo do trabalho deixam
para trás os vínculos sociais que os identificam. Nesses “novos lugares” se vêm
195
numa situação de privação das relações sociais, pois, sendo estigmatizados pela
população local, passam a não serem reconhecidos como iguais.
Nesse não reconhecimento como “iguais”, os direitos básicos de cidadania
são negados simbolicamente pelo grupo “estabelecido”, gerando um processo de
desterritorialização, pois, para Haesbaert (2010 [2004], p. 313):
Desterritorialização, se é possível utilizar a concepção de uma
forma coerente, numa “total” ou desvinculada dos processos de
(re)territorialização, deve ser aplicada a fenômenos a efetiva
instabilidade ou fragilização territorial, principalmente entre grupos
socialmente mais excluídos e/ou profundamente segregados e,
como tal, de fato impossibilitados de construir e exercer efetivo
controle sobre seus territórios, seja no sentido de dominação
político-economica, seja no sentido de apropriação simbólica
cultural.
Esses trabalhadores, menosprezados, sentem-se como os “de fora” e, ao
não se inserirem completamente nessa nova territorialidade temporária,
permanecem em uma multiterritorialidade insegura, como aponta Haesbaert
(2005).
No que tange ao capital social para Bourdieu (2007, p. 165), é formado
de:
(...) relações ou ligações (e muito particularmente dessas ligações
privilegiadas que são as amizades de infância ou de adolescência)
ou de todos os aspectos mais sutis do capital cultural e lingüístico,
como os modos corporais e a pronúncia (o sotaque), etc. São
traços que conferem todo o seu peso ao lugar do nascimento (e,
em menor grau, ao lugar de residência).
Sendo assim, no movimento migratório, os trabalhadores agrícolas
diminuem o capital social que os compõem enquanto sujeitos. Os aspectos sutis
do capital cultural e linguístico são transformados em traços estigmatizadores
pelo grupo “estabelecido”. Nesse sentido, uma migrante, esposa de um cortador
de cana-de-açúcar, declarou-nos que a reação “do povo da cidade” é de
estranhamento e preconceito, pois há: “zombaria nas escolas com as crianças
por causa da maneira de falar e também são chamados de baianos cabeça
chata”, ainda, “não pude continuar catando tomate como boia-fria, pois as moças
‘da cidade’ ficavam rindo”.
O capital social, que os compõem enquanto sujeitos, é diminuído,
impossibilitando de construir e exercer controle de dominação política, mas,
principalmente, de apropriação simbólica cultural de seus territórios. No entanto,
196
como destaca Silva (1999), trata-se de migrações forçadas que provocam muitas
redefinições sociais, mas não significa uma total destruição das relações sociais,
pois segundo a autora “`dar conselhos´ é uma prática que cimenta as relações
sociais e as ações individuais”, essa migração temporária não significa somente
desenraizamento, mas, sim, dialética desenraizamento-reenraizamento, da
tradição-modernidade, da ressignificação da experiência.
No entanto, no campo simbólico, a perda dos laços identitários-territoriais
é, ao mesmo tempo, um dos elementos centrais do processo de
desterritorialização e, pelo qual, o migrante pode manter o mínimo da
territorialidade perdida. Assim, as “geografias imaginárias” permitem que sejam
revividos/rememorados elementos constituidores de sua cultura, reconstituindo a
identidade do migrante enquanto grupo (HAESBAERT, 2005). Essa “geografia
imaginária” se apresenta fortemente no grupo de “outsiders”, pois em todos os
momentos são lembradas as festas que participavam em seus locais de origem,
os grupos de amigos, as coisas da sua terra natal, os temperos, as músicas e,
consequentemente, a vontade de retornar.
Esse sentido reterritorializador não é um transplante da identidade de
origem, mas, um amálgama, um híbrido, permitindo que o sentimento de
pertencimento a seu lugar de origem não se desfaça. No entanto, a interferência
desse processo é dada pela leitura que o “outro” faz do indivíduo migrante
(HAESBAERT, 2005). E, nas cidades locais híbridas, a leitura que o “outro”
realiza em relação aos migrantes (cortadores) é de diferença, de desconfiança,
de fronteiras entre “nós” e “eles”, configurando um conflito entre “estabelecidos”
e “outsiders”.
Portanto, em meio à “barbárie pós-moderna” temos uma violência
indiscriminada que além da própria exclusão socioeconômica, tem-se a
identidade ética como elemento central para delimitação de espaços exclusivos e
excludentes, assim, a exclusão do outro pode transitar entre sua completa
dizimação ou sua reclusão em espaços quase completamente vedados
(HAESBAERT, 2010 [2004]).
Devemos pontuar que um dos principais motivos, mas não o único motivo,
para deixar seus locais de origem para trabalhar na atividade agroindustrial
canavieira no Estado de São Paulo, está atrelado ao fator econômico, como
expresso pelos entrevistados. Mas, também fatores ligados a uma cultura
migratória se inserem nos motivos por terem de sair do seu local de moradia, de
197
relações de vizinhança e amizade. Para Silva (2008, p. 173) é essa “cultura
migratória que redefine as práticas sociais, os estilos de vida e as visões de
mundo”.
Assim, para além das explicações puramente econômicas a dimensão da
interpenetração de saberes, também é essencial para o entendimento da
circulação das migrações (SILVA, 1999). Para Goettert (2008) a migração não é
um ato simples, mas, acúmulo de necessidades, desejos, sofrimentos e
esperanças. Ou seja, condicionada por uma multiplicidade de fatores que podem
ser puramente econômicos como também psicológicos, ou impulsos involuntários
vindos de fora e, acrescenta, que as situações e condições podem ser
estruturais, conjunturais e individuais ou subjetivas. Também no sentido de
pontuar as questões envoltas ao processo de migração, Woortmann (1990)
destaca que além da sobrevivência da família, fatores como ritual de passagem
para diferir os homens dos que continuaram sendo rapazes e o aprendizado, são
preponderantes nesse processo.
Portanto, considerando a exclusão social enquanto um processo
multidimensional que engloba aspectos econômicos, políticos e culturais, pode-se
dizer que os trabalhadores migrantes destinados ao corte da cana-de-açúcar
vivenciam esses múltiplos aspectos da exclusão social. Pois, além da exclusão
socioeconômica vivem uma multiterritorialidade insegura, na qual, seus direitos
de cidadania são simbolicamente negados, são estigmatizados, fortalecendo a
fronteira entre “nós” e “eles”, ou seja, nesses locais o capital social que os
compõem é muito baixo. Nesse sentido, a multiterritorialidade insegura se
reforça, pois vivenciam os múltiplos aspectos da exclusão, porém, ao mesmo
tempo, não perdem o capital social que os compõem em seu local de origem, no
qual, mantém solidariedade, amizade, vizinhanças e todos os processos sociais
que permeiam sua identidade.
E esse processo se perpetua, pois a migração desses trabalhadores se
transforma em uma migração temporária permanente (SILVA, 2008, p. 166),
pois, “a grande maioria deles migra todos os anos tendo sua vida dividida no
espaço e no tempo”. E acrescenta:
Em razão das inúmeras migrações que, muitas vezes, não se
destinam para os mesmos lugares, a vida desses trabalhadores
assemelha-se àquela do vôo das andorinhas, que partem em busca
de alimentação e melhores condições climáticas, retornando ao
local de origem, assim que a sobrevivência seja garantida.
198
Nesse sentido, os trabalhadores migrantes (cortadores) que possuem um
capital social muito baixo, são estigmatizados, vivenciando uma territorialidade
insegura que geram processos excludentes, reafirmando a configuração de um
circuito de pobreza.
Melazzo e Guimarães (2010, p. 31) consideram de fundamental:
importância o relacionamento dos processos excludentes com a
produção e reprodução da pobreza e desigualdade, espacialmente
quando se pretende compreender a realidade brasileira por meio
dos modos de apropriação dos territórios no interior das cidades.
(grifo nosso)
Portanto, o agronegócio globalizado que reproduz a globalização, enquanto
perversidade, gera o outro lado dos espaços ditos luminosos, a cidade da
exclusão social.
“Agronegócio e classe C levam interior de São Paulo a liderar consumo no
País” (JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, 02 de dezembro 2011). Segundo essa
matéria, sustentado pela renda do agronegócio da cana-de-açúcar, o interior
paulista foi à região que mais ampliou gastos com alimentação, que se justifica
pelo excepcional crescimento da classe C, tendo como pano de fundo a riqueza
proporcionada pela atividade agroindustrial canavieira e, acrescenta: “a receita
do produtor de cana-de-açúcar acaba sendo o principal indutor do crescimento
para outros segmentos da região, como os prestadores de serviço, a construção
civil e o comércio varejista”.
Apoiado nessa concepção de crescimento econômico, difundida pelos
meios de comunicação, uma grande parte da população da Nova Alta Paulista
também destaca o agronegócio globalizado como a possibilidade de existência da
região, único meio de obtenção de emprego e renda e até mesmo de
sobrevivência.
No entanto, o agronegócio globalizado reproduz a globalização enquanto
perversidade, pois a máquina ideológica apresenta a ideologização do
agronegócio globalizado como a grande possibilidade de crescimento econômico,
sem que esse crescimento esteja permeado por desenvolvimento, como
originalmente pensado, ou seja, busca do bem-estar humano.
199
Para Arbix (2001, p. 56), o desenvolvimento foi transformado em usina de
ilusão, e destaca que:
A redução do desenvolvimento a alguns poucos componentes
econômicos e a sua transformação em coadjuvante dos processos
de crescimento da produtividade esvaziaram completamente seu
conteúdo de busca de um ordenamento civilizado da vida em
sociedade.
Assim, o agronegócio globalizado é visto como o principal indutor do
crescimento. No entanto, em nossa perspectiva esse setor é o principal indutor
dos processos degradantes e excludentes que estão se materializando nas
regiões onde se territorializa.
A expansão da atividade agroindustrial canavieira na Nova Alta Paulista, ao
se territorializar, altera padrões pré-existentes, fortalecendo a fragmentação do
espaço agrícola; com a intensificação da monocultura, que concentra terra e
renda, modifica-se a estrutura fundiária e a utilização da terra, alterando a
quantidade produzida de gêneros alimentícios, rebatendo negativamente na
produção camponesa, expulsando o camponês de suas terras e, nesse processo
desapropriando-o de sua possibilidade de existência, que passam a residir nas
cidades, empobrecendo-se, material e simbolicamente. Ainda, há uma
intensificação do processo de migração de mão de obra destinada ao trabalho na
cana-de-açúcar fortalecendo processos de degradação na esfera da produção e
reprodução social, pois, vivenciam diminuição de capital social, estigmatização e
exclusão social, configurando um conflito entre “estabelecidos” e “outsiders” e;
acrescentando a esses fatores os problemas urbanos como os de moradia, saúde
e educação que impactam as cidades locais híbridas.
Todos esses processos reforçam um circuito de pobreza, considerando que
o circuito não deve ser apreendido como uma sucessão de acontecimentos que
se desencadeiam, mas, processos socioespaciais que se articulam e se
complementam.
Diante desses processos, que temos como parte do conteúdo estruturante
das cidades locais híbridas as relações que envolvem a tríade
rural/urbano/agrícola, uma vez que só compreendemos as dinâmicas urbanas
analisando as inter-relações como o modo de vida e os valores rurais e/ou com
as formas de produção agrícola, com as quais se articulam ou às quais se
vinculam.
200
CAPÍTULO 5
AS RELAÇÕES QUE
ENVOLVEM A TRÍADE
RURAL/URBANO/AGRÍCOLA
201
Aqui demostraremos que um dos elementos constitutivos das cidades
locais híbridas é as relações que envolvem a tríade rural/urbana/agrícola.
Entendemos esta tríade enquanto um híbrido, na qual a mistura, a relação, a
complementariedade e a síntese são estruturadores da mesma.
Para isso discutiremos as dinâmicas e processos que premeiam o rural, o
agrícola, o urbano e suas especificidades e interfaces. Assim, nos esforçaremos
para demonstrar cada elemento que compõe a tríade e as relações existentes
entre eles como fundamentais para pensar a complexidade que envolve o
processo.
Na região na qual estão inseridas as cidades analisadas, a tríade
rural/urbano/agrícola se explica, principalmente, pela entrada da cultura
canavieira.
Para aprofundarmos nossa análise, utilizaremos as observações e dados de
todas as cidades locais híbridas delimitadas na área de pesquisa, quais sejam:
Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia,
Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho, para demostrar que o processo é
intrínseco da dinâmica regional. No entanto, em alguns momentos, para fins de
exemplificação e/ou por maior ou menor ocorrência dos processos em
determinadas localidades, será necessário focar a análise em uma ou outra
cidade.
5.1. A tríade: suas relações, contradições e movimento
As relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola são vividas em
todas as cidades e de forma intensa, principalmente nas cidades locais híbridas.
Nelas, só é possível compreender as dinâmicas socioespaciais intra-urbanas
analisando as suas inter-relações com o modo de vida e os valores rurais e/ou
com as formas de produção agrícola, com as quais se articulam ou às quais se
vinculam. Para Endlich (2006, p.13) esse debate é extremamente importante
para a análise das pequenas cidades, “pois os limites estabelecidos entre essas
duas dimensões são procurados exatamente nessas localidades”.
Da mesma forma, na análise das cidades locais híbridas não podemos
considerar as dimensões rural e urbana separadamente, pois essa inter-relação é
visível e intensa. Nesse processo dialético, “rural e urbano fundem-se mas sem
se tornarem a mesma coisa, já que preservam suas especificidades” (RUA, 2006,
p. 85).
202
Assim, através da complementariedade, rural/urbano afirmam-se “em
função um do outro, não podendo ser compreendido isoladamente, nem ser
também reduzido ao outro, e um concorrendo ativamente para a vigência do
outro” (QUEIROZ, 1975, p. 281).
De acordo com Elias (2005), o processo de reestruturação produtiva da
agropecuária, baseado na ciência e na técnica, adapta as cidades próximas às
suas exigências e necessidades. A cidade torna-se o locus do que se faz no
campo, afeiçoando-se às exigências do campo, respondendo as suas demandas e
dando-lhes respostas cada vez mais imediatas (SANTOS 1996 [1993]).
Assim, a dialética entre rural e urbano se perfaz na tríade
rural/urbano/agrícola. No mesmo sentido que o rural e urbano se contêm
reciprocamente, se recobrem parcialmente, mas não perdem sua identidade
específica, fundindo-se, todavia, não se tornando a mesma coisa. Nesse mesmo
sentido, o agrícola, no período atual, marcado pelo meio-técnico-científico-
informacional, se une a esse processo dialético.
A lei da unidade dos contrários nos remete a contradição dialética sendo
esta uma inclusão dos contrários e, ao mesmo tempo, uma exclusão. Essa
contradição demostra que cada qual tem seu conteúdo concreto, o seu
movimento próprio, mas que agrega diferenças e semelhanças em suas
conexões (LEFEBVRE, 1975).
É claro que o agrícola, o rural e o urbano não são a mesma coisa. Cada
um contém suas próprias dinâmicas. Dito de outra maneira, pode-se pensar as
dinâmicas do rural e suas ressignificações, as do agrícola e suas lógicas, como,
também, no mesmo sentido o urbano. Contudo, através da análise das relações
que envolvem a tríade, observamos que os processos se incluem e, ao mesmo
tempo, se excluem. É neste sentido que a tríade se apresenta enquanto uma das
formas possíveis de leitura da realidade, pois permite apreender a multiplicidade
dos aspectos que envolvem a questão e com isto a diversidade, mas, e acima de
tudo, a contradição existente entre as lógicas de produção agrícola baseadas na
racionalização, na ciência e na técnica e as lógicas do rural balizadas na
produção, enquanto, reprodução da vida e, intrínseco, o urbano, locus dos dois
vieses.
Para entender além das formas – lógica formal – devemos nos atentar aos
conteúdos, e é através da análise do urbano e do rural que os processos
203
socioespaciais podem ser apreendidos. Assim, campo e cidade enquanto formas
e rural e urbano como seus conteúdos. Deste modo, ao tratarmos os conteúdos
do rural está imbuída à produção agrícola tanto destinado à reprodução do
camponês, como a produção voltada para as dinâmicas do agronegócio
globalizado.
No entanto, como nos referimos acima, tanto Elias (2006) como Santos
(1996 [1993]) apontam para a reestruturação da agropecuária que culmina com
a racionalização do espaço agrícola, baseado na ciência e na técnica. É por isto
que a cidade torna-se locus do que se faz no campo. E um dos principais vetores
dessa reorganização é a difusão da agricultura científica e do agronegócio
(ELIAS, 2005).
A introdução da ciência, da tecnologia e da informação resulta em um
novo modelo técnico, econômico e social de produção agropecuário denominado
de agricultura científica muito mais produtiva e competitiva, conforme aponta
Elias (2005), que acrescenta:
O estreitamento de relações entre a agropecuária e o restante da
economia é um fator importante quando se quer distinguir a
agricultura científica das demais, nas quais grande parte dos
circuitos espaciais da produção (Santos, 1986, 1988, 2001) se
esgotam no interior do próprio estabelecimento agrícola. Os
círculos de cooperação e os circuitos espaciais da produção da
agricultura científica extrapolam, de forma cada vez mais intensa,
os limites de uma propriedade rural, de uma região ou do país,
reforçando-se sua presença no circuito superior da economia
(Santos, 1979).(ELIAS, 2005, p. 4478).
Essa reestruturação da agricultura brasileira pode ser observada na região
na qual estão inseridas as cidades analisadas pela entrada da cana-de-açúcar. A
atividade agroindustrial canavieira se baseia na monocultura, com concentração
de renda e de terras e apresenta a introdução da tecnologia, da ciência e da
informação, diferentemente das demais formas de produção agrícola encontradas
na região, como a camponesa. Podemos destacar, ainda, que as cidades
próximas tornam-se locus dessa produção, mas, ao mesmo tempo, sua dinâmica
está muito mais ligada a outras escalas, tanto nacionais como globalizadas e
inseridas no circuito superior da economia.
As usinas e/ou destilarias de açúcar e álcool da região contam com capital
tanto de grandes grupos nacionais como também de grupos internacionais que
baseiam seus nexos em escalas que extrapolam a Nova Alta Paulista. Nesse
204
contexto, podemos dizer que nessa área vem se estruturando a chamada
agricultura científica e globalizada, fragmentando o espaço rural.
O rural tornou-se tão fragmentado com tantas novas ressignificações que
é difícil pensar como mesma coisa a produção agrícola a desenvolvida pelo
agronegócio globalizado como aquela produzida pelo campesinato, pois são
maneiras diferenciadas de utilização das técnicas e da própria relação com a
terra. E, também, estaríamos somente nos apoiando no fator produção e não nas
dinâmicas que extrapolam o estritamente material como a própria relação com a
terra e o modo de vida. No entanto, é difícil a distinção porque “o rural foi sendo
construído como sinônimo de agrícola”, mas, “rural torna-se, cada vez mais,
diferente de agrícola” (RUA, 2005, p. 48).
A separação da tríade para entendermos as dinâmicas concernentes a
cada elemento é apenas uma aspecto que não deve ser mantida, pois “conhecer
um objeto ou um fenômeno é justamente não considerá-lo como sendo isolado”
(LEFEBVRE, 1975, p. 184).
Portanto, o rural é entendido enquanto locus da existência camponesa.
Para Thomaz Junior (2009), a sociabilidade do camponês não se restringe ao
circuito das relações essencialmente capitalistas, a terra vista não como
mercadoria, mas território de vida, da existência.
As práticas agrícolas do camponês revelam um conhecimento complexo
que perpassa pelo triângulo Deus, Homem, Terra, e não somente a utilização de
diferentes técnicas. Portanto, há uma lógica simbólica da lavoura camponesa que
expressa uma ética de equilíbrio (WOORTMANN, 2009).
Também no sentido de pensar as dinâmicas do campesinato, Wanderley
(1996) destaca que este se baseia em formas particulares de agricultura familiar,
mas como esse sujeito está inserido e convive com outras categorias sociais, sua
sociabilidade ultrapassa os laços de parentesco.
O campesinato, mesmo se transformando, mantém-se enquanto
persistência, como demonstram Àvila e Suzuki (2011), e indicam que “o avanço
espacial da relação social capitalista não implica a destruição de outras formas
de sociabilidade, mas (de modo dialético) de sua recomposição (ou sua
subordinação)” (ÁVILA E SUZUKI, 2009, p. 02). Assim, os autores destacam que
o camponês com seu modo de vida e forma de produzir está imerso na relação
social capitalista, embora contraste com ela.
Desta forma, o rural é entendido enquanto local de produção e essa
produção voltada para a reprodução da vida. A relação com a terra representa a
205
própria existência do ser camponês. Ainda que este esteja inserido na lógica
capitalista sua razão de ser não desaparece, mesmo se transformando em alguns
aspectos.
Rua (2006, p. 85) frisa que uma lógica capitalista baseada em uma visão
produtivista, dominante, difunde novas representações e novos sentidos do
espaço rural, que se traduzem em novos qualificativos para outras relações entre
o rural e o urbano e entre cidade e campo. Essas novas relações remetem para
outra conceituação de urbano e rural, mas também de agrícola. “Rural torna-se
cada vez mais diferente de agrícola”.
O rural não é sinônimo de agrícola porque não se limita a dimensão da
produção e o agrícola se associa muito mais ao agronegócio globalizado baseado
na produção em grande escala, na monocultura e suas lógicas estão ligadas ao
contexto global e as técnicas de produção são baseadas, como destacado, na
racionalização, na ciência, na técnica e na informação, dissociando-se do
triangulo descrito por Woortmann (2009) Deus, Homem, Terra. A produção é
estritamente relacionada às lógicas capitalistas, na qual a relação com a terra
não está permeada pela sobrevivência e, como destaca Elias (2005), ligada ao
circuito superior da economia urbana. Tais características diferem
substancialmente da lógica camponesa.
Assim sendo, para nosso entendimento no período atual marcado por
reestruturações do espaço agrícola, rural é diferente de agrícola como apontado
por Rua (2005).
A introdução massiva da cana-de-açúcar baseada na monocultura, com
concentração de terra e renda, reforça fatores que levam a desapropriação dos
camponeses de suas terras e de seu modo de vida e esses passam a residir nas
cidades próximas, cidades sub-regionais, na maioria das vezes, mas também nas
cidades locais híbridas. Os camponeses que permanecem em suas terras
também mantém forte relação com a cidade, pois esta lhe oferece acesso a
bens, serviços e produtos.
É por isto que o urbano, na perspectiva de complementariedade com o
rural e o agrícola, se torna cada vez mais locus do campo, respondendo às suas
lógicas, mas, também se estabelecendo como espaço de gestão.
Na aparência, esses elementos podem ser entendidos separadamente,
mas estaríamos pensando de forma linear e estanque, pois os processos são e
estão em movimento e é assim que a tríade se permeia e se supera.
Rural/urbano/agrícola, sendo intrínsecos um no outro, apresentam contradições
206
devido às diferenças estruturais em suas concepções e dinâmicas, principalmente
entre o rural e o agrícola.
Como já destacado, a atividade agroindustrial canavieira adapta as cidades
as suas necessidades e exigências. Neste processo está inserida a questão da
mão de obra, pois as usinas/destilarias de álcool e açúcar requerem um grande
contingente de mão de obra, alterando a dinâmica do trabalho e o movimento
migratório da força de trabalho, impactando as cidades24.
Essa dinâmica do trabalho reforça o papel das cidades pequenas como
reservatório de mão de obra do agronegócio da cana-de-açúcar, como indicado
por Corrêa (1999). Por esse motivo, percebe-se a intensa presença das
profissões voltadas para o agrícola em nossa área de estudo.
Na cidade de Mariápolis 31,00% dos entrevistados declararam trabalhar,
41,00% não estão trabalhando e 28,00% são aposentados. Dos entrevistados
que trabalham 41,94% estão ligados diretamente ao setor agrícola. Ainda neste
sentido, 45,00% dos entrevistados declararam ter alguém da família ligado ao
setor agrícola ou ao rural, desses 95,56% estão no setor agrícola e 4,44% no
rural. Como podemos observar na tabela 15, juntamente com as demais cidades.
Tabela 15 Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia,
Pracinha, Queiroz, S. J. P. D’Alho A cidade e o campo - 2010
Cidades Não trabalha
%
Aposentado %
Trabalha
Trabalha %
No setor agrícola ou
rural %
Família no setor agrícola ou rural
%
Agrícola %
Rural %
Arco Íris 43,33 30,00 26,67 25,00 18,33 54,54 45,45
Flora Rica 42,10 31,58 26,31 20,00 31,58 91,67 8,33
Inúbia Paulista 42,35 15,29 42,35 25,00 38,82 81,82 18,18
Mariápolis 41,00 28,00 31, 00 41,94 45,00 95,56 4,44
Monte Castelo 50,53 24,21 25,26 25,01 41,05 100,00 --
Paulicéia 34,37 20,84 41,67 7,50 27,08 100,00 --
Pracinha 44,61 18,46 36,92 8,33 21,54 100,00 --
Queiroz 34,38 25,00 40,62 23,10 39,06 100,00 --
S. J. P. D’Alho 26,23 36,07 37,70 21,74 37,80 47,81 21,73
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
A intensa presença dos trabalhadores agrícolas nas cidades locais híbridas
reforça a complementaridade que se desenvolve por meio da existência de
trabalhadores temporários ou boias-frias que vivem na cidade e desempenham
24 Conforme demonstraremos no capítulo quatro referente a entrada da cana-de-
açúcar e seus impactos nas cidades.
207
papéis no espaço rural, sendo, portanto, parte do agrícola, ou seja, desenvolvem
hábitos e signos do urbano, mas adquirem seu sustento e experiência
profissional no mundo rural e nas atividades agrícolas.
Essa vivência urbana e laboral agrícola, devido aos períodos de safra e
entre-safra da cana-de-açúcar, desenvolve como descrito por Thomaz (2009)
uma plasticidade do trabalho, na qual, em uma safra o trabalhador pode ser
cortador de cana-de-açúcar e, em outros momentos, vivenciar diferentes
modalidades da informalidade do trabalho.
Alteram-se as dinâmicas internas das cidades e a dialética entre
rural/urbano não é capaz de explicar as transformações que se estruturam,
sendo necessário inserirmos na discussão a questão agrícola, pois, conforme
aponta Santos (1996 [1993], p. 33), “a população agrícola torna-se maior que a
rural exatamente porque uma parte da população agrícola formada por
trabalhadores do campo estacionais (os bóias-frias) (J. Graziano da Silva, 1989)
é urbana pela sua residência. Um complicador a mais para nossos velhos
esquemas cidade-campo”.
Suzuki (2009) aponta que na sociologia e na geografia da população
temos a denominação de população citadina de ocupação agrícola – boias-frias –
que residem na cidade, mas trabalham no campo, pois a ocupação agrícola não
se apresenta enquanto uma dimensão do urbano e acrescenta “não é urbana a
população agrícola que só reside na cidade, pois tal população não vive as
dimensões da sociabilidade urbana” (SUZUKI, 2009, p. 145).
Ainda, no sentido dessa discussão Suzuki (2009, p. 145), destaca que:
No entanto, não é possível aceitar que toda a população reconhecida como rural o seja, sobretudo aquela que vive em conjuntos habitacionais, construídos para além do perímetro urbano, mesmo que considerada, para fins de levantamento, como população rural, na verdade, ela se encontra integrada subalternamente à dinâmica da aglomeração urbana, definindo-se, então, como população urbana. Seguindo o mesmo raciocínio, não é urbana a população inserida no interior do perímetro urbano, mas marcada por práticas sociais rurais, tais como os pequenos olericultores de fundos de quintal, ou de fundos de vales, ou, ainda, cujos cultivos estejam sob os linhões de alta tensão que cortam muitas das grandes aglomerações urbanas brasileiras. População cujas práticas culturais recuperam muitas das tradições das populações camponesas, tal qual foi descrito por Margarida Maria Moura (1986): a religiosidade, o compadrio, o predomínio do direito consuetudinário em relação ao direito positivo (particularmente em relação à herança e à divisão da riqueza produzida pela família _ em muitos casos, extensa).
208
Em nosso trabalho estamos, diante das transformações observadas,
diferenciando os trabalhadores agrícolas – boias-frias – como aqueles destinados
a desenvolverem suas atividades laborais no setor agrícola, ou seja, do
agronegócio globalizado e a população rural que vive no campo ou na cidade.
A população agrícola não elimina as relações existentes entre o urbano e
rural. Os signos e costumes rurais presentes no espaço urbano e as funções
econômica rurais permanecem, mas com a inserção das dinâmicas agrícolas. Ou
seja, no espaço urbano marcado pelos signos e costumes rurais, acrescenta-se o
trabalhador agrícola e as funções econômicas passam a ser funções
rurais/agrícolas.
No que tange aos signos e costumes, a relação entre campo e cidade liga-
se à vida dos habitantes e seus ritmos. A percepção do espaço urbano por uma
parcela da população das cidades se confunde com o espaço da produção do
campo, materializada pelos habitantes da cidade através dos quintais25,
mantendo uma forma de imanência recíproca (QUEIROZ, 1975).
Esses hábitos fazem com “que suas culturas se aflorem através do sentido
imaterial, subjetivo, composto por ideias, hábitos, vontades e costumes”
(ROSAS, 2010, p. 25 e 193). Nas pequenas cidades, principalmente nas locais
híbridas o rural não se encontra apenas na paisagem, mas nas “relações
cotidianas de produção, funções e hábitos de vida”.
Essas questões são evidenciadas pelos entrevistados e suas percepções
sobre a definição de cidade e sua aplicação. Assim, os entrevistados apontam a
partir das observações sobre a realidade nas quais estão inseridos, qual seja,
cidades locais híbridas, que essas localidades não são cidades pois: “é uma
fazenda grande não uma cidade”; “é parada como um sítio” para a cidade de
Inúbia Paulista; “é um sítio não tem nada”; “colônia das usinas” para os
entrevistados da cidade de Mariápolis; “diz que é mais não é, na verdade é um
sítio”, “é igual um sítio depende de outras cidades”, definição de cidade pelos
entrevistados da cidade de Pracinha; “cidade rural”, “tem nome de cidade mas é
uma curutela” para São João do Pau D’Alho; “comunidade rural”; “patrimônio
igual ao sítio” para os entrevistados da cidade de Flora Rica; “parece um sítio,
25 A ideia dos quintais justifica-se pela utilização desses espaços como locais de
criação de animais e de plantações, reproduzindo os hábitos rurais.
209
muito pequena para ser cidade” para Arco-Íris. Nessas falas evidencia-se além
da materialidade da paisagem um modo de vida que está permeado pelo rural
em suas múltiplas dimensões, como a paisagem e o modo de vida.
O jeito de ser e o estilo de vida dos moradores das cidades locais híbridas
são transformados pela mídia, cinema, internet, pelas novas relações agrícolas.
No entanto, mantém suas tradições (permanências) – como um modo de ser
rural, mesmo vivendo na cidade. Assim há transformações, mas, também
permanências (complementariedade) entre o modo de vida rural/urbano.
Portanto, as relações entre urbano e rural se imbricam, pois a população
rural residente nesses aglomerados vivem as duas dimensões com níveis de
inserção diferenciados, vivem a sociabilidade urbana por estarem inseridos na
cidade, pois, tem-se a questão da vizinhança, dos ritmos urbanos, como
também e, sobretudo, manifestam e representam, contundentemente, a
sociabilidade rural, marcada, em alguns casos, pela própria produção de
alimentos e criações em quintais, mas, principalmente, pelas práticas culturais
como a religiosa, o compadrio (não no sentido do sistema coronelista), as festas,
dentre outras.
Nesse sentido, o híbrido se reforça e não temos como pensar rural/urbano
sem necessariamente entendermos essas relações. Ainda neste contexto, temos
a inserção da atividade agroindustrial canavieira que ao se territorializar insere
nessa dinâmica, como apontamos, os trabalhadores denominados boias-frias.
Esses são moradores das cidades que mantém sua vida laboral no campo, mas
vivem nas cidades. De acordo com os que foram entrevistados, podemos
perceber que o trabalho do boia-fria está estritamente ligado a uma determinada
função dentro da lógica da produtividade agrícola capitalista de commodities,
portanto, este sujeito não mantém uma base cultural como a do camponês,
sendo sua sociabilidade urbana26. Com isto se reafirma a imbricação das
dimensões rural/urbano/agrícola.
Referente às funções econômicas, observa-se que o rural/agrícola
complementa o urbano devido à incipiência das funções econômicas urbanas.
Nos municípios analisados, a função econômica do rural/agrícola é fundamental
26
Vários outros tipos não identificados por nós nos trabalhos de campo são
analisados pelos trabalhos desenvolvidos junto ao grupo de pesquisa CEGET (Centro de
Estudos de Geografia do Trabalho).
210
para as dinâmicas econômicas das cidades locais híbridas, como podemos
observar na tabela a cidade e o campo e no quadro sobre a cidade e o
agronegócio.
Destacamos que pelo processo de reestruturação da agropecuária e a
inserção da ciência e da técnica no campo, as funções econômicas agrícolas são
hegemônicas, mas, ainda sendo hegemônicas, permanecem, também, as
dinâmicas econômicas rurais, mesmo que essas possam ser lidas como
resistências ou formas de sobrevivência.
A dinâmica das localidades analisadas está fortemente ligada ao setor
agrícola, corroborando para que uma grande parcela dos entrevistados atribua
somente a esse setor a possibilidade de geração de emprego e renda. No quadro
10, observamos como os entrevistados atribuem ao agrícola à manutenção e a
possibilidade de desenvolvimento das cidades.
211
Quadro 10
Arco Íris, Flora Rica, Inúbia Paulista, Mariápolis, Monte Castelo, Paulicéia, Pracinha, Queiroz e São João do Pau D’Alho
A cidade e o agronegócio: emprego e renda – 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Única fonte de renda da cidade e dos pobres Melhorou a cidade, sendo a única opção de
emprego Muito emprego Crescimento da cidade, mais poder de compra Mais movimento na cidade, mais emprego É bom para o povo, dá emprego Pela renda é bom, mas tira outras opções É a sorte do povo para trabalhar Bom pela opção de emprego Bom pela parte do emprego, pois se não
fosse à cana-de-açúcar não teríamos outra coisa
Serviço de outra coisa não tem é só prefeitura e cana-de-açúcar
Único serviço do município se não fosse à cana-de-açúcar não teria mais ninguém aqui
Gera muito emprego se não fosse à cana-de-açúcar o povo estava morto
No interior para quem não tem estudo é a única oportunidade de emprego
Maioria das pessoas trabalham na cana-de-açúcar se acabar não teremos o que fazer
Aumento da renda Movimento no comércio Gera emprego, principalmente, para quem
não tem estudo Quem ia embora não vai mais pelo emprego
na cana-de-açúcar Antes não tinha emprego agora tem Emprega muita gente, fica desempregado
quem quer Para a região é muito útil Pela oportunidade de emprego melhorou a
qualidade de vida Se não fosse a cana-de-açúcar não teríamos
mais nada Não temos opção na cidade é somente na
cana-de-açúcar Para quem não tinha emprego a entrada da
cana-de-açúcar foi bom
Favorece muito o município, se não fosse isso estaria muito ruim, pois só temos emprego na prefeitura e um comércio fraco
Melhor qualidade de vida pela renda Mudou para melhor, mas eu não gostaria de
trabalhar na cana-de-açúcar Muito bom para os pobres e sem estudo A solução da nossa cidade Na geração de emprego e renda melhorou
muito, mas quem trabalha no setor precisará se especializar devido à entrada das máquinas
Progresso É a potencia do município Aumento populacional Bom, atrai mais habitantes para a cidade A cana-de-açúcar toma conta de tudo, mas se
não fosse ela não teríamos onde trabalhar Não dá emprego para as mulheres Ajuda muito as pessoas É o único meio de vida, mas as máquinas estão
tirando os empregos Se não fosse a cana-de-açúcar seria muito pior,
passaríamos fome Se não fosse a cana-de-açúcar estaríamos
bebendo pinga e comendo farinha Se não fosse isso a cidade tinha acabado É a única coisa que tem na cidade Salvação do povo A maioria das pessoas da cidade sobrevive da
cana-de-açúcar Se não fosse a cana-de-açúcar estaria pior Sem a cana-de-açúcar seria nosso fim Se não fosse a cana-de-açúcar muita gente
passaria fome Sustento do povo Bom para os pobres, se não fosse à cana-de-
açúcar numa cidade pequena como essa não teríamos outra coisa
Se não fosse a cana-de-açúcar seria difícil para a cidade
Só tem as usinas e coitado de nós se não fosse elas
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
O setor agrícola é visto pela população como o único meio de geração de
emprego e renda, como fortalecimento e desenvolvimento das cidades. Mas,
pontuamos que é igualmente responsável por diminuir a importância das
lavouras ditas tradicionais e auferir renda aos camponeses.
Com todas essas transformações, complementariedades e contradições
dos processos não podemos mais, como apontado por Santos (1996 [1993]),
dividir o Brasil em urbano e rural, mas, pensar em um Brasil urbano incluindo
áreas agrícolas e um Brasil agrícola incluindo áreas urbanas.
212
Analisando as colocações de Santos (1996 [1993]), podemos dizer que
para a região da Nova Alta Paulista as dinâmicas concernem às características de
um Brasil agrícola e rural que inclui áreas urbanas: as pequenas cidades da
região, principalmente as locais híbridas. Além do mais, é através da atividade
agroindustrial canavieira que a agricultura moderna se expressa, sendo
responsável pela área de exportação própria do Brasil Agrícola com áreas
urbanas.
Portanto, para as cidades da Nova Alta Paulista sua unidade se dá pela
inter-relação entre o mundo rural/agrícola e o mundo urbano, pois é o campo
que comanda a vida econômica e social do urbano, sobretudo nos níveis
inferiores da complexidade urbana.
No Brasil agrícola com áreas urbanas a agricultura científica comanda as
relações econômicas e as relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola.
Nesse sentido, emergem as cidades do campo (SANTOS, 1996 [1993]). No
momento atual segundo Elias (2007), estas cidades podem ser chamadas de
cidades do agronegócio. As cidades do agronegócio estão relacionadas
diretamente à consecução do agronegócio globalizado e, conforme Elias (2005,
p. 4482), as demandas das produções agrícolas e agroindustriais modernas:
têm o poder de adaptar as cidades próximas às suas principais
demandas, convertendo-as no seu laboratório, uma vez que
fornecem a grande maioria dos aportes técnicos, financeiros,
jurídicos, de mão-de-obra e de todos os demais produtos e
serviços necessários à sua realização.
O desenvolvimento do agronegócio globalizado representa um papel
fundamental para a expansão da urbanização e crescimento das cidades, médias,
sub-regionais e locais híbridas. Da mesma forma, a multiplicação e
fortalecimento dessas localidades compõem importante papel para a realização
do agronegócio globalizado e a difusão deste se dá de forma social e espacial
excludente, promovendo o acirramento das desigualdades socioespaciais (ELIAS,
2007), principalmente nas cidades sub-regionais e locais híbridas.
Mesmo considerando os elementos constitutivos existentes nas cidades do
campo (SANTOS, 1996 [1993]) e nas do agronegócio (ELIAS, 2007), pontuamos
que para a realidade estudada a utilização dessas denominações elimina em
certo sentido a tríade. Tanto os conteúdos presentes nas cidades do campo como
nas cidades do agronegócio estão contemplados nas localidades analisadas e
fazem parte de sua estruturação, devido às dinâmicas rurais e agrícolas como
213
pelas práticas socioespaciais dos moradores, pois como indicamos materializa na
paisagem urbana e nas suas concepções de cidade os hábitos e costumes rurais.
No entanto, também observa-se na concepção de cidade pelos entrevistados o
contrário, definições que as contemplam enquanto urbanas. Assim, considera-las
como cidade do campo ou do agronegócio privilegiaria um determinado viés,
como o agrícola, por exemplo.
Esses aglomerados apresentam dinâmicas rurais, agrícolas e urbanas e a
última não somente voltada para o rural e o agrícola, mesmo sendo locus dos
dois. As incipientes funções urbanas que negam e afirmam esse caráter, as
relações entre os agentes sociais/sujeitos e a visibilidade dos processos sociais, a
tríade rural/urbano/agrícola e o híbrido que perpassa as relações, apontado no
capítulo um, substanciam a cidade local híbrida. Assim, essas localidades são
cidades do campo, do agronegócio, mas, também das funções urbanas mesmo
que incipientes, da moradia, da realização da vida em seus múltiplos aspectos,
do sistema coronelista, do circuito inferior da economia, ou seja, um híbrido
entre todos estes elementos.
Também a denominação de rurbano não se insere nesta discussão. A
análise do projeto rurbano se concentra em entender as atividades não-agrícolas
e a população economicamente ativa envolvida nessas atividades e procura
demonstrar uma urbanização do rural, que não são contemplados pelos critérios
dos órgãos oficiais. Nesse debate se considera unicamente o quantitativo,
“Assim, há necessidade premente de superação de leituras marcadamente
quantitativas, como as de José Eli da Veiga e de José Graziano da Silva”
(SUZUKI, 2009, p. 147).
Todos esses elementos estruturam uma realidade extremamente
contraditória, mas, só é real aquilo que apresenta contradição, que, é a razão de
ser do movimento, nos permitindo captar o processo seja na vida, na sociedade
e no pensamento (LEFEBVRE, 1975). Para o autor, a contradição não significa
destruir o primeiro, esquecê-lo, ao contrário recobrir um complemento de
determinação.
No caso do urbano, por exemplo, as poucas funções urbanas existentes
nas cidades locais híbridas negam o urbano, mas isto está no seu conteúdo, faz
parte dele mesmo. Fechar-se no é ou não é urbano não aponta as contradições,
não torna o pensamento vivo, um pensamento real. A contradição entre em um
momento revelar-se o caráter urbano e, em outro não urbano, não significa
214
destruir o primeiro, ao contrário, denota descobrir um complemento de
determinações.
Cada um é aquele que nega o outro. O agrícola, nega o rural e vice-versa
e o rural nega o urbano, contudo este processo faz parte dele mesmo. A lógica
dialética da dupla determinação nos demonstra que cada referencial utilizado
para pensar os processos nos possibilita dizer que um mesmo enunciado seja
falso e/ou verdadeiro, como destacado no estudo de Ávila e Zusuki (2009).
Por isso insistimos na tríade porque a dialética não é dual e pode ser
aprendida de diferentes vieses. Na tríade rural/urbano/agrícola podemos
considerar diversas formas de apreensão da realidade, pois elas se
complementam e cada elemento se perfaz um no outro, assim temos:
Urbano (vida urbana), rural (negação do urbano); agrícola (reafirma o
urbano em uma escala maior, mas não elimina o rural, pois faz parte dele
mesmo);
Agrícola (agronegócio globalizado produção baseada na técnica, na
ciência, na informação e racionalização), rural (nega esse modo de
produzir); urbano (locus dos dois);
Rural (produção para reprodução da vida), agrícola (nega esse modo de
vida, fragmenta o espaço rural, desapropria os camponeses de seu modo
de vida, de sua existência); urbano (locus dos dois);
Urbano (local de reprodução das relações sociais dos camponeses
desapropriados de suas terras), agrícola (urbano, enquanto local de
reservatório de mão de obra), rural (resistência a esse processo, pois
mesmo fragmentado não se difunde no agrícola ou no urbano).
Esse confronto de teses demonstra a contradição dos elementos e ao
confrontar-se “as teses 'convertam-se uma na outra', ao invés de conservarem-
se exteriores e opostas a partir de fora, descubram seu conteúdo no movimento
que as atravessa e se superem nesse movimento” (LEFEBVRE, 1975, p. 233).
Assim, frisamos que nesse contexto de reestruturação produtiva da
agropecuária, as alterações no espaço e no território apresentam-se nas relações
entre campo e cidade, transformando os pares dialéticos rural/urbano na tríade
rural/urbano/agrícola (ROMA, 2008). Ou seja, o capitalismo transforma o meio
rural que, por sua vez, transforma o tipo de produção dos domicílios e das
relações sociais, logo, o par rural/urbano na tríade rural/urbano/agrícola.
215
Diante do exposto, observamos que perante as mudanças no modelo
produtivo e organizacional do campo, o modo de vida rural está permeado pelo
modo de vida urbano ou como estudado por Rua (2006, p. 94) “urbanidades no
rural”. No mesmo sentido, o modo de vida nas cidades é permeado pelo rural,
sendo denominado pelo mesmo autor de “ruralidades no urbano”. Essas
múltiplas territorialidades, vivenciadas pelos sujeitos, marcam o “surgimento de
espaços híbridos, inovadores, fruto da interação entre rural e urbano”.
Rua (2006, p.95), ao analisar a urbanização no rural, aponta que as
interações “não serão apenas novas ruralidades, e sim, o urbano presente no
campo, sem que cada espacialidade perca suas marcas. Logo o espaço híbrido
que resulta dessa interação, não é um urbano ruralizado nem um rural
urbanizado”.
E, concordando com Suzuki (2009, p. 145):
A distinção entre o rural e o urbano, muito mais vinculada à lógica
da reprodução das relações sociais que a materialidade espacial,
campo e cidade, permite pensar que há rural na cidade e urbano
no campo.
É nesse sentido que nas cidades locais híbridas, igualmente, podemos
apontar uma relação híbrida que envolve a tríade rural/urbano/agrícola. Ambas
as dimensões se entrecruzam não ruralizando ou urbanizando um ao outro, ou
ainda, substituindo as dinâmicas rurais e/ou urbanas pelas agrícolas, mas uma
complementaridade híbrida entre os espaços que não supera a dialética, mas
reforça sua dinâmica.
Esses elementos fortalecem a necessidade que apontamos de início, qual
seja, pensar a conceituação das cidades locais híbridas considerando dimensões
para além das funções urbanas econômicas, pois são nessas inter-relações que
se elucidam as dinâmicas estruturantes desses aglomerados urbanos.
216
CONSIDERAÇÕES FINAIS
217
Para pensar os diferentes processos que se estruturam nas localidades
analisadas – segregação socioespacial interurbana e impactos da atividade
agroindustrial canavieira que também gera o seu outro, a cidade da exclusão
social – tivemos de início compreender os conteúdos desses espaços.
Os processos sociais são produzidos e reproduzidos, dependendo das
características próprias de cada local, mesmo que este esteja inserido em uma
dinâmica maior. Assim, são os conteúdos das cidades locais híbridas que
substanciam e permeiam a estruturação dos processos analisados.
E os conteúdos dessas cidades se perfazm num híbrido. O híbrido perpassa
todas as dinâmicas e elementos que compõem essas localidades, o híbrido é a
relação essencial para entender as interdependências e inseparabilidades dos
processos. É a relação híbrida dos processos que nos permite entender que as
transformações do período atual expressam mudanças, permanências e mesclas;
que a as escalas intra e interurbana se imbricam; que a dicotomia cidade e
campo não é válida para entender a realidade da sociedade brasileira; que a
pobreza se processa em diferentes dimensões e se entrecruzam. Portanto, são
esses elementos que produzem o conteúdo das cidades analisadas que são
cidades locais, por sua dinâmica de organização, mas, que estruturam em seus
espaços elementos que as caracterizam, enquanto, cidades locais híbridas.
Portanto, as cidades locais híbridas mantêm, em sua estruturação,
incipientes funções urbanas, estando no limite inferior da complexidade urbana,
porém as necessidades básicas da população são supridas, mas, devido às
incipientes funções urbanas econômicas o limiar entre o urbano e não urbano se
expressa intensamente. Nesse limiar, entre urbano e não urbano se desenvolve
uma vida de relações entre as diferentes localidades e, também, possibilita-nos
apreender que a produção do espaço urbano se materializa em uma
multiplicidade de aspectos além do econômico. Contudo é na vida de relações
que a urbanidade desses espaços se completa, essa intensa vida de relações
fortalecida pela necessidade de deslocamento para acesso aos meios de consumo
coletivo e individuais se transformam, pela intensidade, em práticas
socioespaciais da população, pois fazem parte do cotidiano dessas pessoas,
sendo um elemento da produção do espaço dessas cidades. Também as
incipientes funções urbanas propiciam que se desenvolvam, majoritariamente, as
atividades do circuito inferior da economia urbana, perpetuando a pobreza e,
acoplado a este fator, estão às relações entre os agentes sociais/sujeitos,
218
marcada pelo sistema coronelista e seus desdobramentos e a visibilidade dos
processos sociais com sua base na proximidade espacial. Acrescenta-se, ainda,
as relações que envolvem a tríade rural/urbano/agrícola.
Portanto, são esses conteúdos que estruturam os dois vieses que
compõem o circuito de pobreza urbana. Ou seja, se a realidade empírica
expressasse outros conteúdos, como por exemplo, os existentes na realidade
metropolitana, de cidades médias ou mesmo de cidades pequenas inseridas em
outras dinâmicas, os processos por nós analisados, poderiam se estruturar, pois
estão inseridos no processo de urbanização e reestruturação da agropecuária
brasileira, contudo, em outras bases e dinâmicas que podem ir, ao encontro, do
que apreendemos, mas, também, divergir sobremaneira, sendo este o
movimento do pensamento vivo.
Os processos sociais materializados nos dois vieses demonstram as
condições de vida que estão inseridas parcela da sociedade. No primeiro viés a
constituição do processo de segregação socioespacial interurbana.
A segregação socioespacial processo que expressa o aprofundamento das
desigualdades socioespaciais, fruto das contradições social é estruturada a partir
da urbanização que transcende os limites da cidade. Assim, no bojo da
globalização, deve ser entendida a partir da justaposição e/ou superposição de
relações interurbanas, e sua análise não deve se restringir ao espaço intra-
urbano , mas também a partir das relações interurbanas.
Assim, se apresenta a contradição da segregação socioespacial
interurbana, pois a segregação socioespacial se estrutura no espaço intra-
urbano, mas o real que está em movimento, constitui o processo na escala
interurbana, podendo, em certo sentido, negar o intra-urbano, contudo, o
interurbano faz parte dele mesmo.
Portanto, o processo de segregação socioespacial interurbana é apreendido
na inter-relação entre as escalas intra e interurbana, pois as incipientes funções
urbanas, dialeticamente, acabam por negar o urbano e nesse processo se
estrutura um híbrido entre o urbano e o não urbano. Assim, no plano econômico,
essas incipientes funções urbanas, em um caráter dialético, negam o urbano e o
limite entre urbano e não urbano se apresenta, intensamente.
Sendo assim, a segregação socioespacial atrelada à análise dos meios de
consumo coletivo nos permite entender as relações contraditórias entre o todo e
219
as partes. Revelando-nos a desigual distribuição desses meios e as condições de
vida da população.
Portanto, a ausência e/ou precariedade no oferecimento de equipamentos
e serviços de saúde, educacional (profissionalizante), lazer e cultura, são
privações inaceitáveis do ponto de vista da busca de uma justiça socioespacial. E
essas são privações que penalizam os habitantes das cidades locais híbridas
estruturando o processo de segregação socioespacial interurbana, pois esses não
são somente elementos da divisão territorial do trabalho ou hierarquia urbana,
mas fatores que os colocam em desvantagem ou privações de acesso. Além das
condições que se apresentam, os indicadores de desigualdades e os
deslocamentos necessários para o acesso aos bens individuais que auferem
piores condições de vida da população, reforçam ou são reforçados, pelo
processo de segregação socioespacial interurbana.
Acrescenta-se que “a segregação tem um sentido estratégico: a separação
das práticas socioespaciais na cidade, visando à reprodução social que ao
delimitar um lugar para cada um escamoteia o conflito” (CARLOS, 2006, p. 56).
As práticas socioespaciais da população residente nas cidades locais híbridas se
perfazem no espaço intra-urbano como, também, na vida de relações. No
entanto, as práticas socioespaciais dos moradores de ambas as localidades, em
um primeiro olhar, são distintas. Pois, mesmo que as práticas socioespaciais dos
moradores das cidades locais híbridas se perfaze na relação, cada um tem seu
lugar, cada um está inserido em uma determinada realidade urbana com seus
problemas, suas características e dinâmicas, mas, ao mesmo tempo, fazem parte
da relação todo/parte. Assim, a aparente separação das práticas socioespaciais
reforça a segregação socioespacial, no sentido estratégico, que delimita o lugar
de cada um.
O segundo viés se apresenta com os impactos da atividade agroindustrial
canavieira que gera o seu outro - a cidade da exclusão social.
A intensificação da atividade agroindustrial canavieira promove um
crescimento econômico cada vez mais desigual, acentuando as desigualdades
sociais existentes. Assim, a cana-de-açúcar se territorializa de forma acelerada,
modifica a estrutura fundiária e a utilização das terras, altera a quantidade
produzida de produtos alimentícios, expulsa os camponeses de suas terras,
intensifica os fluxos migratórios, introduz formas regressivas de relações de
220
trabalho e transforma os pares dialéticos rural/urbano na tríade
rural/urbano/agrícola.
Esses processos geram impactos tanto no meio rural, como a
fragmentação, a redução na produção de alimentos e a desapropriação dos
camponeses, como no urbano, pois, nas cidades locais híbridas os problemas
relacionados à moradia, saúde e assistência social são intensificados, e ainda, se
estabelece a fronteira da alteridade, na qual, “nós” e “eles” se conflitam,
estabelecendo a relação “estabelecidos” e “outsiders”, esse não é um problema
urbano, mas se funde no urbano. Assim, essas questões urbanas são problemas
agrários, pois, são gerados pelo modelo adotado de produção, ou seja, pode-se
afirmar que o problema urbano é um problema agrário e vice-versa.
A contradição dialética é uma inclusão plena e concreta dos contrários um
no outro e, ao mesmo tempo, uma exclusão ativa (LEFEBVRE, 1975).
Nesse sentido, que se faz o pensamento em espiral. Pensar a constituição
de um circuito de pobreza urbana de forma linear espedaçaria os processos que
se articulam. Se assim fosse, nosso trabalho poderia ser lido em pedaços, ou
seja, a organização do espaço pela rede de cidades, a pobreza existentes nos
espaços, a relação que envolve a tríade rural/urbano/agrícola, a segregação
socioespacial interurbana e os impactos da atividade agroindustrial canavieira.
No entanto, é para entender a dialética e suas múltiplas inter-relações que
o pensamento em espiral se apresenta. E, como apontamos de início, uma coisa
não leva a outra como se fossem circuitos elétricos que se sucedem, mas, são
processos que se imbricam, se articulam e se superam, pondo o pensamento em
movimento.
Assim, os conteúdos das cidades locais híbridas propiciam processos
socioespaciais que conduzem à pobreza urbana e a exclusão social, constituindo
um circuito de pobreza, que se processa mais nitidamente no espaço intra-
urbano, mas, sua constituição não se limita a essa escala. Estar localizado numa
cidade local híbrida, no interior do Estado de São Paulo, é um fator
preponderante no fortalecimento dos circuitos de pobreza.
Por último, ao “terminar” ou “(re)começar” esse trabalho, ficamos,
enquanto sujeitos que somos, com um sentimento de tristeza, pois são tantos
processos que interferem nas condições de vida das pessoas as colocando em
desvantagem de acesso, em situações de pobreza material e política,
221
segregando-as, desapropriando-as, estigmatizando-as, fragmentando os espaços
de vida e inserindo lógicas excludentes que nos imprime a necessidade de pensar
outras possibilidades que possam existir diante desses processos. Ou seja, outra
realidade é possível.
Devemos estar comprometidos com o avanço socialmente justo da
modernidade. Se comprometer com esse avanço nos revela a necessidade de um
mercado socialmente necessário, no qual, a concepção hegemônica de mercado
não seja a única possível. Assim, este ator proposto é pensado de baixo para
cima, tanto, na economia urbana, como, nas formas sociais sobreviventes das
sucessivas modernizações (RIBEIRO, 2005). E nas palavras da autora, pois não
conseguiríamos traduzi-las:
A naturalização da escassez e da carência impõe o corpo reduzido
a objeto, negando a força que subjaz às tentativas de
complementariedade, do “homem lento”, com a ação dos
dominantes. Esta ação subordina-se à crença de que a velocidade
sistêmica é a única definição possível da eficácia. Porém, esta
crença oculta o fato de que aquele que se deixa seduzir por seus
encantos colabora na destruição da urdidura do social.
Ao evitar a co-presença de deserdados e anônimos, a última
versão do capitalismo, aceita pelos que podem consumir, traduz-
se em formas de circulação excludentes; amplifica,
desmesuradamente, a mancha urbana; privatiza serviços até
ontem considerados de responsabilidade do Estado; aumenta as
barreiras que impedem o direito de ir e vir; apropria-se de
tecnologias da informação para o controle social e, não, como
instrumentos de libertação. Além disto, a última versão do
capitalismo é particularmente dura por negar o próprio
evolucionismo, esta visão de mundo cuja crítica já permitiu a
denúncia de seus males etnocêntricos (Cf BADIOU, 1994). A atual
versão do moderno, com níveis crescentes de etnocentrismo,
advoga, ao contrário do evolucionismo, o eterno presente,
desobrigando-se de promessas de um futuro melhor e, sobretudo,
de compromissos com a igualdade (RIBEIRO, 2005, p. 12463)
Investir em meios de consumo coletivo em cidades locais híbridas e
valorizar a produção camponesa, a soberania alimentar em detrimento das
lógicas reproduzidas pelo mercado é dar ênfase ao valor de uso, dizer que a
racionalidade do mercado regida pelo valor de troca não deve imperar sobre a
cidadania. É nesse sentido que um mercado socialmente necessário inspira
caminhos para transformação do território em obra coletiva (Ribeiro, 2005).
222
Nesse contexto, a geografia sendo uma ciência que mantém o
pensamento em movimento, se apresenta enquanto uma possibilidade heurística
de interpretação e transformação da realidade.
Na maioria das vezes lemos os trabalhos geográficos de maneira
fragmentada, ou seja, os trabalhos ditos da área de humana, os da área de física
e, dentro destas uma infinidade de pensamentos. Diante de nossas limitações
teóricas, e até mesmo físicas, não conseguimos apreender as possibilidades de
interpretação e transformação da realidade que essa ciência é capaz de desvelar.
Mas, como já nos dizia Ives Lacoste, a geografia serve, antes de mais nada, para
fazer a guerra.
A geografia serve e deve servir para fazer a guerra, principalmente, de
ideias, e essas ideias, se complementando e se contrapondo. Assim, temos em
nossos textos, livros, monografias, dissertações, teses, nas lutas e movimentos
sociais a possibilidade de demostrar que há transformações e que outras
realidades são possíveis. Ver a sociedade em movimento.
223
APÊNDICE 1
NOVA ALTA PAULISTA:
RECORTE EMPÍRICO
224
Realizaremos um breve balanço sobre o conceito de região com base em
diferentes concepções teórico-metodológicas para apresentar os motivos que nos
levam a escolher a Nova Alta Paulista como recorte empírico, uma vez que nos
interessa desvendar o conteúdo político-cultural da sua configuração territorial,
indo além do entendimento apenas do recorte administrativo.
Assim, apresentaremos uma síntese do processo de formação da Nova Alta
Paulista que teve seu ordenamento socioespacial induzido pela ferrovia, um
caráter especulativo dos loteamentos, uma incipiente presença do Estado, uma
estrutura fundiária com elevado número de pequenas propriedades – em
extensão de área – e, ao mesmo tempo, concentração fundiária, predominância
da agricultura cafeeira e uma rede urbana inicial formada, predominantemente,
de pequenos núcleos, definiram a estruturação socioespacial da região.
Ainda analisaremos a estruturação regional, sua evolução e principais
características atuais da Nova Alta Paulista, tais como: população; presença e
localização de unidades carcerárias e; vias de acesso.
1. Região: um recorte administrativo ou uma construção política –
cultural
Sabemos que o conceito de região foi discutido como núcleo-chave da
Geografia e influenciou o pensamento geográfico como um todo, sendo sua força
advinda da chamada Geografia Clássica de tradição francesa e da Geografia
alemã do início do século XX. Desta forma, a produção geográfica referente ao
conceito de região perpassa por fases cíclicas, nas quais apresentam maior
produção e centralidade em determinados momentos ao seu quase esquecimento
ou abandono em outros. Em vista deste processo de desenvolvimento, podemos
considerar quatro abordagens conceituais, conforme Duarte (1980):
a) a regionalização como diferenciação de áreas – ligada a tradicional noção de
paisagem geográfica e de síntese regional, que “identifica espaços em diferentes
escalas, caracterizadas por diferentes paisagens”. Neste caso, a diferenciação de
áreas divide-se um espaço maior “em subespaços ou regiões complexas, com
alta coesão dos elementos que as definem” (DUARTE, 1980, p. 11), originando
as regiões naturais, a região humana, os complexos regionais e a hierarquia das
regiões.
225
b) regionalização como classificação, com base nos princípios da lógica formal,
cujo propósito da classificação é o de dar ordem aos objetos estudados,
sistematizar informações, fazer generalizações indutivas. Assim, o espaço é
classificado de acordo com os propósitos a serem atingidos, como por exemplo,
as regiões homogêneas agrícolas, regiões funcionais urbanas, regiões
administrativas. Para o autor nessa perspectiva o espaço é desagregado de sua
complexidade.
c) regionalização como instrumento de ação, focalizado nas décadas de 1940 e
1950, que apresenta preocupações com as desigualdades espaciais do
desenvolvimento econômico, assim como o planejamento regional utilizado como
estratégia para a política de “desenvolvimento econômico”. Em vista desta
abordagem, a “região passa ser sinônimo de espaços econômicos”, homogêneos
ou funcionais. (DUARTE, 1980, p. 14)
d) regionalização como processo cujas “diferenciações regionais eram o resultado
de processos sociais e econômicos”. Sob este ponto de vista, a região passa a
ser considerada em seus diferentes níveis de desenvolvimento e temos, assim,
as regiões enquanto totalidade social e diferenciações espaciais. (DUARTE, 1980,
p. 16)
Haesbaert (2005) é outro autor que faz uma revisão conceitual
importante. Segundo ele, haveria três “mortes e ressurreições” da região. A
primeira “morte” da região pôde ser observada com os chamados geógrafos
quantitativos de caráter neopositivista. A segunda através do materialismo
histórico discutindo a validade e os objetivos da abordagem regional. E a terceira
“morte”, sendo uma continuação da anterior, decorrente de diferentes posições
dentro do próprio materialismo histórico, enfatiza a predominância das redes e o
desaparecimento das regiões ou indicam a hibridização do mundo, e “a
capacidade do capitalismo de incorporar ou mesmo produzir a diferenciação
(cultural) a fim de criar novos nichos de mercado”. (HAESBAERT, 2005, p. 15)
Evidenciando essa discussão, Markusen (1981, p. 62), mesmo
representando uma posição intermediária entre os marxistas, inicia seu estudo
sobre região e regionalismo apontando que “o conceito de região e seu estudo,
conhecido como ciência regional, não é uma categoria marxista fundamental”,
preferindo considerar o regionalismo à região. No entanto, afirma que a teoria
marxista obriga-se a enfrentar a categoria região quando essa se configura como
um importante objeto da luta humana e como área de conflitos.
226
Para Haesbaert (2005) o resgate do conceito de região pela abordagem
neopositivista, consistiu em apresentar a região enquanto classificação de área e
ainda nessa mesma abordagem, mas com outra leitura aparecem as “regiões
funcionais”. A “ressureição” do conceito pelos marxistas enfatiza a dimensão
econômica, vendo a região, “sobretudo como produto da divisão territorial do
trabalho”, destacando os trabalhos de Francisco de Oliveira, Doreen Massey e
Neil Smith, e trabalhos como os de Markusen que enfatizam os movimentos
sociais. Por fim, a “ressurreição” da região nos anos 1990 apresenta-se em três
posições teóricas sendo: a corrente pós-estruturalista e a “região local”, e as
novas correntes materialistas, tanto neoliberais como crítica. E essas novas
proposições apontam, sobretudo a “ressurreição” da região baseada nas
dinâmicas da globalização.
A partir desse breve balanço ressaltamos que o conceito de região ainda
permanece válido. Nosso interesse ao analisar as diferentes abordagens teóricas-
metodológicas consiste em perceber que, mesmo considerando as regiões como
classificação ou enfatizando sua dimensão econômica, tal discussão exige o
aprofundamento da dimensão política. Evidenciando esta preocupação, Markusen
(1981, p. 91) aponta que nos trabalhos marxistas é comum considerar a região
como unidade econômica ou como sinônimo de classe econômica e, é enfática ao
frisar que as unidades econômicas não têm relações, mas “quem as tem são as
classes e instituições políticas nas nações e regiões”. Ele ainda pontua:
Mesmo que uma causa regional seja somente econômica na sua
natureza, seu objetivo é político, uma vez que ela se torna
regionalizada precisamente através de uma reivindicação frente a
uma instituição do Estado para uma mudança no tratamento das
questões territoriais. (MARKUSEN, 1981, p. 83)
Nesse sentido, embasamos nossas discussões sobre o conceito de região e
suas posturas teórico-metodológicas para apresentar os motivos que nos levam a
escolher a Nova Alta Paulista como recorte empírico, uma vez que nos interessa
desvendar o conteúdo político-cultural da configuração territorial da Nova Alta
Paulista, indo além do entendimento apenas do recorte administrativo.
O Estado de São Paulo é subdividido em Regiões Administrativas pela
Secretaria Estadual de Economia, Planejamento e Gestão. A Nova Alta Paulista,
juntamente com Alta Sorocabana e Pontal do Paranapanema, pertence a 10ª
227
Região Administrativa, com sede em Presidente Prudente. Nessa subdivisão a
Nova Alta Paulista é composta por 23 municípios. Como podemos observar no
mapa 21.
Mapa 21
Nova Alta Paulista 10ª Região Administrativa do Estado de São Paulo
O governo paulista realiza o zoneamento do Estado em Regiões
Administrativas, e esse modelo como descrevemos, pauta-se na regionalização
como classificação de área, ficando claro nos apontamentos de Duarte (1980)
que a classificação de áreas se dá de acordo com os propósitos a serem
atingidos.
Nesse tipo de zoneamento identifica-se uma cidade-sede, “implantando
sucursais institucionais, principalmente nas áreas de saúde, educação,
planejamento, fiscalização tributária, segurança pública, agricultura, e outras” (G
IL, 2007, p. 173).
Ainda segundo a autora:
Tais iniciativas governamentais, apesar de aparentemente
descentralizadas, contribuíram para o aumento das desigualdades
inter-regionais, pois dotou uma única cidade de infra-estrutura
228
tornando-a fortemente polarizadora, enquanto as cidades vizinhas,
polarizadas, foram perdendo capacidade de desenvolvimento.
No modelo adotado de regiões administrativas pelo Estado de São Paulo, o
espaço é desagregado de sua complexidade. A dimensão política e cultural da
região é desconsiderada em detrimento de decisões políticas que não levam em
questão as verdadeiras identidades regionais. Neste sentido, Geiger (1970, p.
168) ao tratar da elaboração das regiões administrativas comenta que:
Para elaboração das regiões administrativas, os estudos de
hierarquia urbana, centralidade, área de influência das cidades e
os espaços polarizados, são básicos. No entanto, não se deve
confundir estes espaços polarizados com as próprias regiões
administrativas, pois para fixar estas últimas, os governos
estaduais, além de recorrer a técnicos de diversas disciplinas,
inclusive geógrafos, finalmente, tomarão a sua decisão política.
Por sua vez, ao realizar um estudo específico sobre o desenvolvimento da
Nova Alta Paulista, Gil (2007) aponta-nos que a articulação pouco sistêmica e
abrangente das lideranças locais com a política central privilegia “interesses
setoriais e lobistas de regiões mais fortalecidas fizeram com que essa área se
posicionasse como periférica, reforçando o seu isolamento.” (GIL, 2007, p. 174)
Assim, na concepção da classe político-econômica da Nova Alta Paulista, o fato
da região não ser reconhecida oficialmente constitui-se um dos nós que
emperram seu desenvolvimento, uma vez que dificulta ações governamentais e
coloca a região em condição secundária quanto à dotação orçamentária.
É a partir desse “sentimento” de isolamento e de periferia que se cria em
1977 a Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista (AMNAP), dedicando em
sua trajetória, estratégias de ações de desenvolvimento regional, com intuito de
conseguir o reconhecimento de região administrativa. (GIL, 2007) De acordo
com a AMNAP, a Nova Alta Paulista seria composta por 30 municípios, sendo 23
pertencentes à 10a
Região Administrativa do Estado de São Paulo e os outros
sete são integrantes da 12a
Região Administrativa (mapa 22), com sede na
cidade de Marília. No entanto, todas elas se integrariam à região denominada
Nova Alta Paulista por se identificarem com os problemas e as características
dessa área.
229
Mapa 22 Nova Alta Paulista
Política-cultural - 2010
Sucintamente, a AMNAP surge para mediar às questões dos municípios
que compunham a região e o Estado. Afinal, segundo Gil (2007), “as regiões
administrativas, que fizeram emergir as capitais regionais, não tinham poder de
abrangência e articulação com todos os municípios sob sua jurisdição” (GIL,
2007, p.196). Muito pelo contrário, o estudo desta autora demonstra que a Nova
Alta Paulista não seria apenas uma área, mas o sentimento cultural de
pertencimento da população local seria o embasamento que a caracterizaria
como uma região.
Pautando-se na compreensão do conceito de região dotado de identidade
política e cultural podemos considerar a Nova Alta Paulista delimitada e
representada pela AMNAP como uma verdadeira região. Entendendo o conceito
de região, através desse viés analítico, é que escolhemos a Nova Alta Paulista
como recorte empírico desta pesquisa, preocupando-nos em compreender
melhor como vivem, trabalham e convivem a população ali residente.
230
Isto não quer dizer que desprezamos as diversas posturas teórico-
metodológicas de se apreender um recorte regional. Nos deparamos, nesta
pesquisa, com a necessidade de utilizar, como ponto de partida, os estudos da
REGIC sobre influência das cidades e discutimos questões de hierarquia urbana
em trabalhos anteriores (ROMA, 2008), como também utilizamos desses
apontamentos. Afinal, Corrêa (2006) frisa que a classificação funcional das
cidades, que parte da compreensão da divisão territorial do trabalho, não deve
ser considerada um fim em si mesma, mas um começo de pesquisa.
Com os apontamentos realizados pode-se dizer que o atual modelo de
regiões administrativas, não satisfaz. E a Geografia, como uma ciência que
manteve em sua trajetória a construção do conceito de região, com “mortes e
ressurreições”, tem condições e deve se apresentar nas discussões acerca dessa
temática.
2. Para se compreender os processos socioespaciais
Para realizar uma breve síntese do processo de formação da Nova Alta
Paulista, destacamos alguns trabalhos que enfatizam as características: Monbeig
(1984) que apresenta em seu clássico “Pioneiros e fazendeiros de São Paulo” um
estudo sobre a ocupação do Planalto Ocidental Paulista; Fresca (1993) que, ao
trabalhar com as cidades de Osvaldo Cruz e Inúbia Paulista, enfatiza a dinâmica
funcional da rede urbana; Oliveira (2003) que, analisa a configuração da
microrregião geográfica de Dracena e sua formação histórica; Silva (2006) que
discute a colonização e enfatiza o processo de produção dos espaços; Gil (2007),
que apresenta três fases distintas de formação da região ao trabalhar com o
desenvolvimento da Nova Alta Paulista; e, no estudo sobre tipologias das cidades
brasileiras (2005).
Segundo Monbeig (1984) o processo de ocupação da Nova Alta Paulista,
como todo o Planalto Ocidental Paulista, configurou-se como a “Marcha para o
Oeste” em busca de solos férteis para expansão da cafeicultura. Assim, a
colonização dessa região é recente, após 1930. Em um momento em que era
necessário recuperar as antigas regiões produtoras de café, procuravam-se
novas áreas com disponibilidade de recursos naturais como solos férteis,
condições favoráveis às lavouras cafeeiras, madeira e oferta de água.
231
Nesse contexto iniciou-se, na atualmente denominada Nova Alta Paulista,
uma colonização de mercado na qual, devido aos fatores de localização e a
ausência de infraestrutura, ofereceram-se aos fazendeiros e empresas loteadoras
os elementos estruturantes para reservas de valor.
Por sua vez, Gil (2007, p. 45) destaca que os fazendeiros e as empresas
loteadoras “foram as que mais se beneficiaram com as ações governamentais
voltadas à criação e oficialização de medidas regulamentadoras para a posse das
terras e instalação de infra-estruturas”.
As principais empresas colonizadoras foram a companhia ferroviária
atuando através de sua empresa de colonização, a Companhia de Agricultura e
Colonização (C.A.I.C.), a Colonização Alta Paulista de Max Wirth, a Companhia
de Indústria, Comércio, Mineração e Agricultura (CICMA) e a Sociedade
Colonizadora do Brasil LTDA, dentre outras. Desta forma, o extremo Oeste
Paulista, entre o espigão divisor dos rios Peixe-Aguapeí, foi a última porção do
estado de São Paulo a ser colonizada. Gil (2007, p. 78) descreve este processo
de colonização da seguinte forma:
A transposição da serra de Quintana impôs vários obstáculos aos
engenheiros e trabalhadores ferroviários, até que, finalmente, os
trilhos chegaram a Tupã, em 1928. Aquela cidade, então, passou a
comandar a colonização das cidades do seu entorno, que são Iacri,
Bastos, Quintana, Herculância, Arco-Íris e Queiroz. Desta cidade, a
ferrovia seguiu mais adiante, parando em Lucélia por alguns anos
e sendo inaugurada, em Adamantina, em abril de 1950. Enquanto
a microrregião de Tupã foi colonizada entre o final da década de
1920 e durante a década de 1930, a microrregião de Adamantina
foi colonizada principalmente nos anos de 1940, e a microrregião
de Dracena, com exceção de Tupi Paulista, que, naquela época, se
chamava Gracianópolis, foi colonizada na década de 1950, sendo
que esta última teve sua colonização um pouco anterior. A ferrovia
chegou a Dracena em 1960, de onde seguiu até Panorama, que é
a sua ponta final, à margem esquerda do rio Paraná.
Para Oliveira (2003) a principal diferença entre a colonização da Nova Alta
Paulista e da Alta Sorocabana e Alta Noroeste, é que mesmo antes de surgirem
os povoados, estas duas últimas regiões possuíam estradas de ferro em pleno
funcionamento em função do desenvolvimento da cafeicultura. Na Nova Alta
Paulista os trilhos chegaram depois da efetivação do povoamento. Isso significou
que o acesso para a Nova Alta Paulista ocorreu originalmente pelas rodovias.
Como as estradas existentes apresentavam más condições de tráfego, além da
enorme distância dos principais centros, os produtos comercializados nas
232
fazendas e nos novos núcleos urbanos que se formavam eram mais caros na
Nova Alta Paulista, o que representava uma desvantagem comparativa (FRESCA,
1993).
A chegada da estrada de ferro representou um grande incentivo à
colonização da Nova Alta Paulista, intensificando-se os fluxos os fluxos
migratórios para a região, principalmente de europeus. (GIL, 2007)
Como a maior parte dos novos proprietários eram ex-colonos das antigas
fazendas de café, contando com parcos recursos financeiros, tecnológicos e
técnicos podia comprar somente uma pequena gleba, contribuindo para que a
estrutura fundiária da região fosse constituída de pequenas e médias
propriedades rurais (GIL, 2007).
Com elevado número de pequenas propriedades houve um incremento no
contingente populacional. Aliado a este fator, verificava-se dificuldades de
locomoção por parte dos novos proprietários descapitalizados que não podiam
percorrer grandes distâncias, em sua maioria em lombos de cavalos, o que levou
a formação de pequenos povoados. (MONBEIG, 1984).
Dessa forma, propiciou-se a formação inicial de uma incipiente rede
urbana composta por pequenas cidades. Essas pequenas cidades eram
fundamentais na rede de relações econômicas envolvendo o urbano e o rural.
Situavam-se em uma cadeia de comercialização que, de um lado, beneficiava
alguns produtos do mundo rural, e de outro lado, era ponto de distribuição de
produtos industrializados, provenientes sobretudo das cidades maiores.
A ferrovia impulsionou a colonização dando unidade à região e, ligando-a à
Marília, Campinas, Jundiaí, São Paulo e ao porto de Santos. No entanto, à
medida que:
(...) a ferrovia foi diminuindo sua importância, transportando
menos carga e passageiros, sucateando-se e tornando-se morosa
em relação aos caminhões, ônibus e automóveis, o extremo Oeste
paulista, na porção localizada no espigão divisor Peixe Aguapeí, foi
percebendo quão isolado e desarticulado havia efetuado a sua
colonização. (GIL, 2007, p 135)
Com o sucateamento da ferrovia, a colonização de mercado se fortalece na
região. Para aumentar a valorização de suas terras, os colonizadores passaram
agilizar a instalação de infraestruturas, inaugurar órgãos públicos para tornarem-
233
se sedes de comarca e, consequentemente, aumentar seu prestígio junto ao
governo do Estado.
Um outro fator que marcou o processo de formação econômica e social da
região foi a geada de 1975 que, juntamente com a grande ocorrência de pragas
como a nematóide, desestruturou a economia regional pautada, principalmente,
na lavoura cafeeira.
Esse fator acelerou a decadência do setor cafeeiro e a substituição das
lavouras de café e de cereais por pastagens (pecuária bovina de corte,
especialmente), segundo Gil (2007).
O sucateamento da ferrovia e o desmantelamento de processo de
desenvolvimento pautado nas lavouras café o espaço regional da Nova Alta
Paulista apresentou evasão populacional, mudanças na produção agrícola,
desemprego, empobrecimento da maioria da população e aumento das periferias
urbanas.
Esse contexto foi explicitado em 1989, na edição do jornal O Estado de
São Paulo, de 26 de fevereiro, José Costa e Luiz Carlos Lopes publicaram uma
matéria denominando a Nova Alta Paulista (espigão divisor Peixe-Aguapeí) como
“Corredor da fome”, “referindo-se à letargia em que mergulhara, há anos, a
economia regional”. (GIL, 2007, p. 146)
O ordenamento socioespacial induzido pela ferrovia, o caráter especulativo
dos loteamentos, sempre reservando uma área à futura cidade, a incipiente
presença do Estado, uma estrutura fundiária com elevado número de pequenas
propriedades, em extensão de área a concentração fundiária, a presença da
policultura, mas com predominância do café e uma rede urbana inicial
predominando a formação de pequenos núcleos, definiram a estruturação
socioespacial da região.
3. Dinâmica populacional
A rede urbana da Nova Alta Paulista estrutura-se com a predominância de
pequenas cidades, fruto de períodos e divisões do trabalho passadas, que deu
origem a uma estrutura fundiária baseada em pequenas propriedades.
Com base nas informações do Censo Demográfico (IBGE, 2010) o maior
município da região é Tupã com 63.492 habitantes, seguida de Dracena com
234
uma população de 43.623, Adamantina e Osvaldo Cruz com 33.797 e 30.917
habitantes, respectivamente. Contudo, a maioria dos municípios possui um
contingente populacional de até 10 mil habitantes, destacando-se com menores
contingentes populacionais as cidades de Pracinha, Santa Mercedes, Queiroz,
Sagres, Nova Guataporanga, São João do Pau D”alho, Arco-Irís e Flora Rica
respectivamente com 2.863, 2.831, 2.808, 2.395, 2.178, 2.103, 1.925 e 1.752
mil habitantes, conforme o mapa 23 e tabela 16.
Entre os anos de 1991 e 2010, a região apresentou um crescimento
populacional de 5,86%, e uma diminuição no contingente da população rural em
detrimento da população urbana, seguindo um cenário presente no Estado de
São Paulo e no Brasil.
Analisando os municípios individualmente, observamos que no período
entre 1991 a 2000 o crescimento total no número de habitantes mantém uma
constante, com perda populacional em um período e recuperação em outros.
Já entre os anos de 2000 e 2010, com a consolidação da atividade
agroindustrial canavieira no ano de 2006 há uma diferenciação entre os
municípios, com acréscimo populacional significativo em uns e perda
populacional em outros. Nesse sentido, os destaques no que concerne ao
incremento populacional.
No que tange a diminuição da população rural, também se constata a
perda de população em todos os municípios, no período de 1991 a 2000, mas
apresentando percentualmente menor perda nos municípios maiores e maior
perda nos municípios menores. Destacamos aqui o município de Arco-Íris que,
pela primeira vez a população urbana supera a rural, mas mantendo um grande
percentual de sua população na zona rural (43%).
Dentre os municípios com faixa populacional acima de 20.000 mil
habitantes, há a inserção do município de Bastos no período entre 2000 e 2010;
a estagnação populacional de Tupã, o maior município da região e de
Adamantina e; Dracena e Osvaldo Cruz apresentando um incremento
populacional de 6,82% e 4,28%, respectivamente.
Entre a faixa populacional de 10.000 e 20.000 mil habitantes, o destaque
é de Rinópolis, com uma população de 10.255 passa para 9.935 mil habitantes.
Em termos populacionais, essa variação não é significativa, no entanto,
considerando que a principal fonte de arrecadação dos municípios pequenos
235
advém do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é distribuído pelo
número de habitantes e mudando seu percentual de repasse a cada 10.000 mil
habitantes, torna-se significativa a diminuição da população neste município. Nos
municípios que compõem essa faixa populacional, a perda de habitantes da área
rural entre 1991 e 2000 está entre 3,30% a 8,51%, com destaque para o
município de Flórida Paulista que apresentou uma diminuição de 14,88%. Já no
período seguinte – 2000 a 2010 – há municípios que ganham população rural,
como Lucélia e Flórida Paulista.
Nos municípios com população com até 10.000 mil habitantes destacamos
Pracinha. A população do município de Pracinha perfazia em 2000, 1.443
habitantes, em 2010 registra-se um contingente populacional de 2.863
habitantes. Este incremento populacional explica-se pela população carcerária
recebida após dezembro de 2006, com a inauguração da unidade prisional.
Observamos que os menores municípios são os que apresentam na região,
percentualmente, a maior perda de população total no período de 2000 a 2010,
destacando Flora Rica e Arco-Íris, com perda significativa de população (-19,52%
e -11,00%, respectivamente). Já com relação à população rural, entre 1991 e
2000, a perda fica entre 9,74% a 15,33% sendo que o incremento na população
urbana não acompanha as perdas. Destacamos, ainda que no período seguinte
Irapuru tem incremento de população rural de aproximadamente 25,00%.
Considerando que essas cidades estão no limite inferior da complexidade urbana,
seu pequeno dinamismo econômico não consegue absorver todo fluxo migratório
advindo do campo.
Mapa 23 Nova Alta Paulista
População - 2010
236
237
Tabela 16
Nova Alta Paulista - População Total, Rural e Urbana - 1991, 2000 e 2010. Municípios População Urbana Rural População Urbana Rural População Urbana Rural Total 1991 Total 2000 Total 2010
Municípios com mais de 50.000 mil habitantes Tupã 61.302 55.578 5.724 63.333 60.366 2.967 63492 60946 2546 90.66% 9,34% 95,32% 4,68% 96,00% 4,00%
Municípios com população entre 20.000 a 50.000 mil habitantes Dracena 39.693 34.863 4.830 40.500 37.153 3.347 43263 39946 3317 87,83% 12,17% 91,74% 8,26% 92,00% 8,00% Adamantina 32.091 27.662 4.429 33.497 30.368 3.129 33797 31948 1849 86,20% 13,18% 90,66% 9,34% 95,00% 5,00% Osvaldo Cruz 28.918 23.663 5.255 29.648 26.141 3.507 30917 27782 3135 81,83% 18,17% 88,17% 11,83% 90,00% 10,00%
Municípios com população entre 10.000 a 20.000 mil habitantes Lucélia 19.289 15.731 3.555 18.316 15.698 2.618 19885 17222 2663 81,55% 18,43% 85,71% 14,29% 87,00% 13,00% Bastos 19.116 15.191 3.925 20.588 17.040 3.548 20461 17624 2837 79,47% 20,53% 82,77% 17,23% 86,00% 14,00% Junqueirópolis 17.708 12.769 4.939 17.005 13.420 3.585 18726 15399 3327
72,11% 27,89% 78,92% 21,08% 82,00% 18,00% Tupi Paulista 14.045 10.621 3.424 13.286 10.877 2.409 14262 11203 3059 75,62% 24,38% 81,87% 18,13% 89,00% 21,00% Flórida Paulista 12.510 8.257 4.253 11.106 8.982 2.124 12849 10138 2711
66,00% 34,00% 80,88% 19,12% 79,00% 21,00% Pacaembu 12.365 8.317 4.048 12.518 9.497 3.021 12934 9745 3189 67,26% 32,74% 75,87% 24,13% 75,00% 25,00% Panorama 12.343 10.702 1.641 13.649 12.665 984 14603 14168 435 86,71% 13,29% 97,79% 7,21% 97,00% 3,00% Parapuã 11.418 7.477 3.941 11.104 8.494 2.610 10844 8896 1948 65,48% 34,52% 76,49% 23,51% 82,00% 18,00% Rinópolis 11.169 7.768 3.401 10.255 7.948 2.307 9935 8636 1299 69,55% 30,45% 77,50% 22,50% 87,00% 13,00%
Municípios com população até 10.000 mil habitantes Arco-Íris 2.163 1.068 1.095 1925 1097 828 49,38% 50,62% 57,00% 43,00% Flora Rica 2.380 1.476 904 2.177 1.568 609 1752 1418 334 62,02% 37,98% 72,03% 27,97% 81,00% 19,00% Herculândia 7.036 5.216 1.820 7.992 6.824 1.165 8696 7921 775 74,13% 25,87% 85,39% 14,58% 91,00% 9,00% Iacri 7.038 4.039 2.999 6.784 4.795 1.988 6419 5050 1369 57,39% 42,61% 70,68% 29,30% 79,00% 21,00% Inúbia Paulista 3.355 2.468 887 3.318 2.764 554 3630 3177 453 73,56% 26,44% 83,30% 16,70% 88,00% 12,00% Irapuru 8.257 5.399 2.858 7.454 5.629 1.828 7787 5505 2282 65,39% 34,61% 75,52% 24,52% 71,00% 29,00% Mariápolis 4.352 2.498 1.857 3.854 2.803 1.051 3916 3137 779 57,40% 42,60% 72,73% 27,27% 80,00% 20,00% Monte Castelo 4.718 2.897 1.821 4.089 3.004 1.085 4063 3211 852 61,40% 38,60% 73,47% 26,53% 79,00% 21,00% Nova Guataporanga 2.133 1.527 606 2.087 1.728 359 2178 1893 285
71,59% 28,41% 82,80% 17,20% 87,00% 13,00% Ouro Verde 7.093 5.666 1.427 7.148 6.345 803 7794 7170 624 79,88% 20,12% 88,77% 11,23% 92,00% 8,00% Paulicéia 4.157 3.074 1.083 5.302 3.934 1.368 6342 5271 1071 73,95% 26,05% 74,20% 25,80% 83,00% 17,00% Pracinha 1.431 1.186 245 2863 1369 1494 82,88% 27,12% 48,00% 52,00% Queiroz 1.936 1.300 636 2.171 1.659 512 2808 2385 423 67,15% 32,85% 76,42% 23,58% 85,00% 15,00% Sagres 2.653 1.214 1.439 2.439 1.578 861 2395 1819 576 45,76% 54,24% 64,70% 35,30% 76,00% 24,00% Salmourão 4.462 3.212 1.250 4.401 3.561 840 4818 4321 497 71,99% 28,01% 80,91% 19,09% 90,00% 10,00% Santa Mercedes 2.982 2.044 938 2.803 2.231 572 2831 2458 373
68,54% 31,46% 79,59% 20,41% 87,00% 13,00% São J. do P. D`Alho 2.814 1.673 1.141 2.180 1.611 569 2103 1705 398
59,45% 40,54% 73,90% 26,10% 81,00% 19,00% Total 357.333 282.302 75.031 362.598 310.937 51.660 378288 332560 45728 Fonte: IBGE, censo demográfico de 1991, 2000 e 2010. Org. Claudia Marques Roma, 2010.
238
4. Vias de acesso
A principal ligação entre a região e as cidades de São Paulo, Marilia,
Presidente Prudente e ao Estado de Mato Grosso do Sul é realizada pela
Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP 294) e localizam-se às
margens dela as cidades de Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina e Dracena,
além de Herculândia, Iacri, Parapuã, Inúbia Paulista, Lucélia, Flórida
Paulista, Pacaembu, Irapuru, Junqueiropólis, Santa Mercedes, Paulicéia e
Panorama.
Transversalmente observamos a presença das Rodovias Gal. Euclides
de Oliveira Figueiredo (SP 583), Júlio Budiski (SP 501), Assis Chateaubriand
(SP 245), principal ligação à cidade de São José do Rio Preto, e da SP 457,
às margens destas localizam-se as cidades de Tupi Paulista e Monte
Castelo, Irapuru e Flora Rica, Rinópolis e Parapuã e Bastos,
respectivamente. O acesso às cidades de Queiroz, Arco-Irís, Sagres,
Pracinha, Mariápolis, Salmourão, Ouro Verde, Nova Guataporanga e São
João do Pau D’alho se dá por vicinais com ou sem pavimentação, conforme
mapa 24.
Mapa 24
Nova Alta Paulista Vias de acesso
239
240
A localização geográfica, também, influi sobre as atividades presentes
nas cidades e encontramos cidades em que estão presentes,
principalmente, as atividades associadas ao circuito inferior, devido a seu
tamanho populacional, sua incipiente função urbana e até mesmo por sua
localização geográfica, pois como afirma Santos (2004, p. 263):
No que diz respeito às atividades do setor moderno, três
elementos essenciais permitem sua expansão: o tamanho da
cidade, seu nível funcional, as economias externas e as
externalidades presentes na cidade. Mas sua instalação
também pode depender seja da decisão dos poderes
públicos, seja da decisão de uma grande firma. Nesse último
caso, trata-se de iniciativas vindas, em geral, de organismos
externos e capazes de tomar macrodecisões que só
interessam ao setor moderno da cidade devido à localização.
As cidades, do porte populacional de Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina
e Dracena têm condições de estabelecer em seus espaços urbanos a inter-
relação entre os circuitos superior e inferior, mesmo que se verifique a
predominância do último. O tamanho das cidades não é inexpressivo,
possibilitando que se desenvolvam funções urbanas mais sofisticadas, fator
que, associado à suas posições geográficas, favorece uma melhor circulação
de produtos e mercadorias.
A circulação do capital pouco depende da posição geográfica, pois os
sistemas de telecomunicações permitem que as informações financeiras
sejam transmitidas via satélite. Porém, no que se refere aos bens materiais,
a posição geográfica ainda é relevante. No caso dos municípios citados
acima, suas localizações às margens da Rodovia Comandante João Ribeiro
de Barros (mapa 24) facilita a instalação de empresas ligadas ao circuito
superior, mas também se desenvolve uma série de atividades do circuito
inferior como, por exemplo, pequenas mercearias de bairros, oficinas e lojas
de conserto de equipamentos elétricos e eletrônicos, dentre outros. A
existência dos dois circuitos faz com que as cidades tenham possibilidades
de manterem, na rede urbana, uma relação de complementaridade mais
evidente com outros centros.
Ainda no que se refere à localização geográfica, as cidades que mais
se desenvolveram foram Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina e Dracena.
241
Dentre essas a única que não se constituiu como “Ponta de Trilho” ou “Boca
de Sertão” no período de colonização foi à cidade de Osvaldo Cruz.
Devemos ressaltar que para as cidades se estruturarem a ponto de
viabilizar uma maior complementaridade com outras localidades, a
localização geográfica deve associar-se aos fatores populacionais, políticos e
funcionais. Por exemplo, as cidades de Rinópolis, Lucélia, e Panorama estão
localizadas às margens de rodovias importantes, mas não apresentam o
mesmo dinamismo que as cidades da Nova Alta Paulista com população
acima de 20 mil habitantes.
Essa discussão nos remete as cidades que estão mais distantes das
principais rodovias e cujo acesso se dá por vicinais com ou sem
pavimentação. Cidades como Arco-Irís, Pracinha, Sagres, Mariápolis, Nova
Guataporanga e São João do Pau D’Alho, caracterizam-se pela
predominância maciça das atividades do circuito inferior. Seus tamanhos
populacionais determinam que as funções urbanas sejam destinadas apenas
a suprir as necessidades básicas da população e, juntamente, com suas
posições geográficas, inibem a instalação de empresas ligadas ao circuito
superior. Nesse contexto, as atividades econômicas urbanas são
predominantemente do circuito inferior da economia, fazendo com que seus
moradores dependam de outras cidades para o acesso a bens e serviços na
rede urbana.
Para que os ramos de atividades ligados ao circuito superior da
economia sejam atraídos para uma determinada área é preciso que haja
uma série de suportes e benfeitorias, como destaca Lojkine (1997 [1981],
p. 145):
(...) é o conjunto dos meios de formação de uma força de
trabalho complexa, adaptada às novas condições de
trabalho como à nova divisão das atividades, que é
adaptada a esta socialização do território nacional e
multinacional: para localizar suas unidades de produção, de
gestão, de pesquisa ou direção, os capitalistas exigem
mais, não só estradas ou instrumentos de telecomunicação
mas também conjuntos coletivos de habitação, escolas,
universidades, centros de pesquisa (...).
242
As cidades citadas acima, estão localizadas aproximadamente 600 km
da metrópole paulistana, distante de 70 a 160 km das cidades médias que
as circundam, com deficientes sistemas de transporte, dificilmente
apresentarão condições de oferecer suportes às empresas ligadas ao
circuito superior da economia.
5. Unidades prisionais
No Brasil, até o início da década de 1980, as questões regionais e as
políticas públicas foram tratadas de forma verticalizada, concentrando as
decisões políticas-administrativas no governo central. A Constituição de
1988 introduziu alterações nesse perfil, inaugurando um ciclo
descentralizador, no qual, os estados e municípios passam a desempenhar
um papel mais ativo no desenvolvimento de programas e projetos de
alcance local/regional.
O modelo de descentralização adotado, a partir de então, desobriga a
ação direta do estado Nacional e, também “procura estimular a autonomia
financeira de estados e municípios, transferindo parte do encargo relativo
ao desenvolvimento local para os governos subnacionais” (FARAH, 2003, p.
83). A autora ainda comenta que embora tenha havido transferências de
recursos para estados e municípios, esses ainda se defrontam com
dificuldades financeiras, levando-os a desenvolverem projetos de
desenvolvimento local e nesse esforço tendem estabelecer relações de
disputa pautando-se numa ideologia não cooperativa.
É nesse sentido que Vainer (2002) apresenta um debate teórico-
conceitual sobre o poder das escalas da ação política. O autor destaca que a
polaridade global x local domina o debate contemporâneo. De um lado os
que defendem a escala global apontam que o Estado Nacional torna-se cada
vez mais imponente frente aos novos desafios políticos, econômicos, sociais
e ambientais. De outro lado, os localistas apontam que os governos locais
seriam mais eficazes para atrair empresas e promover sua competitividade,
além de oferecer base histórica e cultural para integração dos indivíduos.
243
Neste novo contexto, Vainer (2002) aponta para necessidade de uma
articulação das escalas, ou seja, somente uma análise trans-escalar poderia
responder as questões postas atualmente.
As questões sobre centralização e descentralização política realizadas
até aqui, tornam-se relevantes para destacar que na prática são as políticas
verticalizadas, também nos governos estaduais, as mais propensas à
efetivação. Como podemos observar na decisão verticalizada de
descentralização penitenciária realizada no Estado de São Paulo.
O início desse processo deu-se com Mario Covas, a partir de 1997,
quando foram construídas simultaneamente 21 penitenciárias e três
presídios semi-abertos, a maioria no interior paulista, dos quais dez
unidades foram inauguradas na Nova Alta Paulista, concentrando mais de
onze mil detentos, conforme podemos observar no mapa 25.
Gil (2007, p. 27) ao realizar entrevistas com a classe político-
econômica da região destaca que “esse fato inaugura uma nova fase de
relacionamento da região com o governo estadual, que procurou estar mais
presente, atendendo algumas das antigas reivindicações, como
contrapartida da decisão.”. A autora ainda destaca que “nas lideranças
locais, percebe-se grande empenho em aproximar-se do governo do Estado,
acatando-lhe as políticas compensatórias”.
A desconcentração penitenciária, que para se efetivar devido a crise
orçamentária do governo estadual precisava de ““parcerias” com os
municípios, principalmente os mais pobres” (Gil, 2007, p. 236), passa
ideologicamente, de uma ação verticalizada para uma ação articulada com a
escala local.
O governo estadual necessita do “aceite” dos municípios para efetivar
sua decisão vertical, para isso oferece medidas compensatórias, tais como
atender algumas das antigas reivindicações da região, e a classe político-
econômica, para alcançar o “desenvolvimento regional”, as aceita sem
nenhuma discussão aprofundada de quais seriam as vantagens e
desvantagens dessa reestruturação espacial.
244
245
Não nos aprofundaremos a respeito das vantagens e desvantagens
dessa reestruturação da Nova Alta Paulista, pois a questão prisional
brasileira e de segurança pública vai muito além de um subitem para
caracterização de uma região. Porém algumas observações podem ser
suscitadas a fim de instigar novas investigações.
Os principais argumentos para instalação das unidades prisionais
estão relacionados à geração de emprego e renda e arrecadação de ISS na
fase de construção.
Assim, as unidades prisionais geram emprego e renda de forma
direta e indireta, movimentando o comércio local das cidades onde residem
os funcionários, além de vários itens da alimentação oferecida aos detentos
ser advindas do próprio município aquecendo a economia local.
As vagas de emprego oferecidas nas unidades prisionais são
preenchidas mediante realização de concurso público, desta forma, não
assegurando que os moradores das cidades onde se localizam uma unidade
prisional sejam os beneficiados diretos da ampliação de oferta de vagas. No
entanto, devemos considerar que esses trabalhadores residem em algum
lugar e, é, justamente nesse ponto que as cidades sub-regionais mais
desenvolvidas como Tupã, Osvaldo Cruz, Adamantina, Dracena e até
mesmo as cidades de Lucélia, Bastos e Junqueiropolis, por exemplo, se
destacam em relação às cidades locais híbridas, como Pracinha.
As cidades locais híbridas são aglomerações em seu nível mais
fundamental, localizadas no limite inferior da complexidade urbana e assim
possuindo funções urbanas mais simples, desempenhando papel de
dependência em relação a outras localidades. Essas aglomerações, para
conseguirem suprir as demandas consideradas básicas, recorrem à mão de
obra de outras cidades, além do acesso a serviços e equipamentos mais
especializados serem obtidos, necessariamente, em cidades que
apresentam funções urbanas mais elevadas.
Assim, indagamos: os servidores públicos da unidade prisional de
Pracinha residem na cidade? E concordando com Gil (2007, p. 236)
“mesmo que parte destes funcionários opte por morar na cidade sede de
trabalho, o aporte econômico proporcionado pelos novos salários ocorre de
246
modo pulverizado, não alavancando atividades que sejam geradoras de
desenvolvimento.”
Os municípios recebem o FPM pelo número de residentes em seu
território, alterando seu percentual de repasse a cada 10.000 mil
habitantes. Por exemplo, em entrevista realizada por (GIL, 2007, p. 240)
com Aristides Alonso Portela, 62 anos, PSDB, ex-prefeito de Tupi Paulista.
Observa-se que:
Tupi Paulista tinha uma população em torno de 13.000
habitantes e a divisão do FPM é proporcional ao número de
habitantes. Como perdemos muita gente nos últimos anos,
ficamos com o menor índice de arrecadação: 0,8%. A
diferença para atingirmos 1% era de apenas 200 pessoas e
isso representaria um acréscimo de 25% no total da receita.
Recebíamos R$ 400.000,00/mês e passaríamos a receber R$
100.000,00 a mais. Os presos supririam a diferença. Além
desse fator orçamentário, havia os empregos e o incremento
no comércio local, com o abastecimento do presídio. Quanto
à segurança, outros municípios já tinham abrigado presídios
e não apresentavam problemas. Inicialmente eu era contra,
mas diante dos fatos e dos números, mudei de idéia.
O município de Pracinha, como já destacado anteriormente, possuía
em 2000 um contingente populacional de 1.443. Em 2010 salta para 2.863,
sendo que 1.063 são detentos da unidade prisional. Qual foi o efetivo ganho
que a cidade de Pracinha obteve? Quais as questões relacionadas às
políticas de saúde?
Além disto, as unidades prisionais servem de justificativa, para o
acirramento da segmentação socioespacial do espaço urbano dessas
pequenas cidades, reforçado pela ação dos agentes imobiliários, como
observado por Roma (2008) ao trabalhar com a cidade de Osvaldo Cruz.
A região da Nova Alta Paulista é empobrecida, principalmente, no que
tange os municípios com menor contingente populacional.
Bitoun (2009) ao trabalhar com a tipologia das cidades brasileiras
realiza uma caracterização sub-regional, caracterizando, quatro tipos sub-
regionais do PNDR resultantes da combinação de níveis de rendimento e de
247
níveis de variação do PIB. Esses quatro tipos são: tipo 1 – alta renda; tipo 2
– dinâmica; tipo 3 – estagnada; tipo 4 – baixa renda.
Ao analisarmos o mapa com a caracterização desses quatro tipos,
podemos observar para o estado de São Paulo a predominância do tipo 1 –
“alta renda” -, no entanto, a área que se entende pela microrregião de
Dracena e Adamantina, nas quais, estão localizados a maior parte dos
municípios que compõem a Nova Alta Paulista, se caracteriza como tipo 3
“estagnadas”.
Com relação aos indicadores sociais, como os índices de pobreza e de
Gini, destacamos que na região os municípios com menor número de
habitantes são as que possuem os piores índices de referência.
Identificamos que Pracinha possui o pior índice de pobreza com 66,22%,
seguida de Queiroz (55,75%) e Santa Mercedes com 50,69%, enquanto que
em Tupã e Osvaldo Cruz temos um percentual de 20,12% e 18,12%,
respectivamente. No índice de Gini, os piores indicadores estão presentes
em Arco-Íris (0,33), Queiroz e Pracinha, ambos com 0,34 e, a melhor
avaliação é obtida pelos municípios de Tupã, Dracena e Adamantina, ambos
com 0,45.
Também no que se refere a indicadores econômicos, observamos que
na composição do PIB da indústria, da agropecuária e dos serviços os
municípios mais populosos também se destacam em relação às localidades
com contingente populacional menor, mesmo que no geral possamos
perceber algumas variações e especificidades.
Assim, atrelando a composição dos PIBs dos municípios com as
funções urbanas desempenhadas por cada cidade, podemos afirmar que as
cidades menores são as que apresentam o menor dinamismo no setor
agropecuário, industrial e de serviços, no número de empresas locais, no
número de estabelecimentos de saúde e os piores indicadores sociais.
Quando se refere à população que depende do circuito “marginal” da
economia, Gunder (1966), apud Santos (1978, p. 28), afirma que: “os
pobres ‘não são socialmente marginais, e sim rejeitados; não são
economicamente marginais, e sim explorados; não são politicamente
marginais e sim reprimidos’”. Podemos estender essa reflexão para as
cidades inseridas no circuito inferior da economia porque, mesmo sendo
248
vistas social, econômica e politicamente como marginalizadas, fazem parte
do sistema que possibilita e reproduz a divisão territorial do trabalho.
Ainda, a fim de compreender as cidades localizadas na Nova Alta
Paulista, com base no mapeamento realizado por Roma (2010) tendo como
referência o ano de 2000, apresentavam uma diferenciação socioespacial
existente entre os espaços.
Esse mapeamento (em anexo) permite-nos visualizar o espaço
intraurbano na escala interurbana, ou seja, os setores censitários das
cidades podem ser observados com os mesmos valores de referência na
escala interurbana, nos permitindo uma comparação entre as diferentes
cidades. Dessa forma, compreender as articulações escalares, identificando
que os processos sociais que ocorrem em uma determinada escala, não se
restringem a ela.
Assim, referente os indicadores relacionados aos domicílios e
infraestruturas urbanas não há uma diferenciação acentuada entre as
diferentes cidades, em praticamente todas as localidades podemos observar
setores com melhores e piores indicadores.
No entanto, analisando os indicadores econômicos, podemos ressaltar
claramente que as cidades com menor contingente populacional apresentam
os menores níveis de renda. Nos indicadores responsável pelos domicílios
sem rendimento mensal, responsável pelos domicílios com rendimento
mensal de até meio salário mínimo e responsável pelos domicílios com
rendimento mensal de meio a dois salários mínimos, destacamos: no
primeiro com o pior percentual a cidade de Panorama, no segundo as
cidades de Rinópolis, Ouro Verde, Monte Castelo, Flórida Paulista, Flora
Rica, Pracinha, Herculândia e Osvaldo Cruz e no terceiro as localidades de
Ouro Verde, Nova Guataporanga, Flora Rica, Queiroz e Osvaldo Cruz.
Ainda em relação a esses indicadores, constatamos que um número
elevado de setores censitários das cidades locais híbridas são classificados
como intermediários para pior. Já nos centros sub-regionais estão os
melhores indicadores e os intermediários para melhor. Destacamos nesse
grupo que a cidade de Osvaldo Cruz apresenta em seu espaço urbano dois
setores censitários classificado como pior e intermediário para pior, sendo
um deles o setor censitário denominado pelo IBGE como aglomerado sub-
normal “favela”.
249
Quando analisamos o indicador responsável pelo domicílio com
rendimento mensal com mais de 15 salários mínimos evidencia-se, ainda
mais, a diferença de nível socioeconômico presente nas cidades da Nova
Alta Paulista. Com os melhores indicadores temos somente as cidades de
Dracena, Adamantina e Tupã e, como intermediários as cidades de
Junqueirópolis, Pacaembu, Tupi Paulista, Lucélia, Bastos e Osvaldo Cruz.
Ressaltamos que praticamente todos os setores censitários das cidades com
população inferior a 5.000 habitantes, as quais estão inseridas no limite
inferior da complexidade urbana, apresentaram os piores indicadores
(Queiroz, Arco-Íris, Mariápolis, Pracinha, Inúbia Paulista, Salmourão,
Sagres, Flora Rica, Santa Mercedes, São João do Pau D’Alho, Ouro Verde e
Nova Guataporanga), somente em Monte Castelo e Inúbia Paulista
observamos setores censitários classificados como intermediários para pior,
perfazendo 3,85 a 6,55% dos domicílios.
Os indicadores sociais. No que concerne à escolaridade responsável
pelos domicílios sem instrução e menos de um ano de estudo, e responsável
pelos domicílios com 17 anos ao mais de estudo, identificamos também que
nas cidades locais híbridas estão os piores níveis de escolaridade.
No primeiro os setores censitários com os piores indicadores estão
nas cidades de Flora Rica e Osvaldo Cruz e os melhores percentuais podem
ser observados em Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz, Tupi
Paulista, Junqueirópolis, Parapuã, Herculândia, Bastos e Iacri. Destacamos,
novamente, que nas cidades menores não há ocorrência de nenhum
indicador classificado como melhor sendo que os intermediários estão
indicando para pior, enquanto nas maiores além de estruturarem em seus
espaços os melhores indicadores (exceto um setor de Osvaldo Cruz)
observamos os intermediários para melhor.
No segundo evidencia-se que os maiores níveis de escolaridade
acompanham o aumento no contingente populacional da região. Somente
na cidade de Tupã, constatamos a presença de setores censitários
classificados com os melhores indicadores, enquanto em Adamantina,
Dracena e Osvaldo Cruz e as localidades com população acima de 5.000
habitantes apresentam indicadores intermediários. Nesse indicador,
constatamos que todos os setores censitários das cidades locais híbridas,
250
inseridas no limite inferior da complexidade urbana, são considerados como
piores.
Essa caracterização da região da Nova Alta Paulista, enquanto
realidade empírica torna-se importante para que possamos melhor
compreender as dinâmicas estruturadora que se estrutura os processos
socioespaciais analisados nesse trabalho, ou seja, em que contexto
socioespacial estão inseridas as cidades analisadas nesse trabalho.
251
APÊNDICE 2
DESCRIÇÃO METODOLÓGICA
252
1. Coleta dos dados
A) Nossa principal fonte secundária de coleta de dados é o IBGE. Assim
utilizamos as informações disponibilizadas dos Censos Demográficos de
1991, 2000 e 2010, dos Censos Agropecuários de 1995 e 2006, da
Pesquisa Agrícola Municipal de 2002, 2006 e 2008, da base de dados
@cidades® e do projeto canasate.
No Censo Agropecuário de 2006, os dados referentes à área dos
estabelecimentos agropecuários estruturam-se da seguinte maneira:
Ouro Verde - SP Total 20360 Ouro Verde - SP Mais de 0 a menos de 0,1 ha - Ouro Verde - SP De 0,1 a menos de 0,2 ha - Ouro Verde - SP De 0,2 a menos de 0,5 ha - Ouro Verde - SP De 0,5 a menos de 1 ha X Ouro Verde - SP De 1 a menos de 2 ha X Ouro Verde - SP De 2 a menos de 3 ha 7 Ouro Verde - SP De 3 a menos de 4 ha 18 Ouro Verde - SP De 4 a menos de 5 ha 110 Ouro Verde - SP De 5 a menos de 10 ha 365 Ouro Verde - SP De 10 a menos de 20 ha 768 Ouro Verde - SP De 20 a menos de 50 ha 1630 Ouro Verde - SP De 50 a menos de 100 ha 1745 Ouro Verde - SP De 100 a menos de 200 ha 1896 Ouro Verde - SP De 200 a menos de 500 ha 4963 Ouro Verde - SP De 500 a menos de 1000 ha 2954 Ouro Verde - SP De 1000 a menos de 2500 ha X Ouro Verde - SP De 2500 ha e mais X Ouro Verde - SP Produtor sem área -
OBS: 1 - Os dados das Unidades Territoriais com menos de 3 (três) informantes estão
desidentificados com o caractere X.
Ao somarmos as áreas dos estabelecimentos agropecuários dos
municípios, observamos que o total obtido não corresponde ao total da área
do município. Nesse sentido, a diferença entre a soma das áreas e o total
foi por nós acrescentadas nos locais assinalados com o caractere “X”.
Exemplificando:
253
Ano 1995 Ouro Verde
menos de 20 1466,804
20 - 50 1855,955
50 - 100 1395,13
100 - 200 1683,86
200 - 500 5283,018
500 - 1000 6892,26
de 1000 a mais 8513,56
Total soma das áreas 27090,587
Total área do município 27090,587
Diferença 0
Ano 2006 Ouro Verde
menos de 20 hectares 1273
20 - 50 hectares 1630
50 - 100 hectares 1745
100 – 200 hectares 1896
200 – 500 hectares 4963
500 – 1000 hectares 2954
de 1000 a mais hectares 5899
Total soma das áreas 14456
Total área do município 20360
Diferença 5904
Constatamos que na maioria dos municípios o caractere “X” identifica
as áreas de 1.000 a mais hectares, ou seja, na escala municipal este
cuidado do IBGE para preservar a individualidade dos informantes de
poucas unidades acaba mascarando o aumento da concentração fundiária
na região. Sem essa adequação o percentual das áreas com mais de 1.000
hectares em 2006 passaria de 29,97% para 20,68% do total, não
correspondendo à realidade.
B) Coleta de dados mediante trabalho de campo.
- Realizamos trabalhos junto às unidades do IBGE, para esclarecimentos de
dúvidas sobre dados e informações encontrados nas fontes secundárias;
- Visitamos todas as trinta cidades da Nova Alta Paulista para confirmar
informações coletadas nas fontes secundárias; analisar a estruturação do
espaço intraurbano; efetuar levantamento dos usos do solo, dos meios de
consumo coletivo e individual e; verificar as formas e condições de acesso a
essas localidades.
254
- Trabalho de campo com aplicação de questionários junto à população das
cidades selecionadas para estudo;
-Entrevistas, nas cidades selecionadas, com trabalhadores migrantes
destinados ao corte da cana-de-açúcar.
- Trabalho de campo junto à população das cidades de Dracena,
Adamantina e Lucélia para verificar as questões correlacionadas ao processo
de segregação socioespacial interurbana.
- Trabalho de campo com aplicação de questionários junto ao comércio e
serviços referente as características do circuito inferior da economia urbana.
2. Levantamento de dados para mapeamento
Optamos por descrever essa metodologia e formas estatísticas de
compilação dos dados por entender que as modelagens estatísticas não
explicam os processos, mas facilitam uma melhor utilização e visualização
das informações.
Os indicadores utilizados para realizar o mapeamento do espaço
intraurbano das cidades, tiveram como fonte o Censo Demográfico de 2000
(para análise das cidades que seriam selecionadas para pesquisa) e 2010
(Dados do Universo), a partir das informações por setores censitários das
cidades, que apresentam uma infinidade de informações às quais tivemos
acesso, junto ao IBGE.
Para cada indicador – 19 no total (exemplo utilizando o mapeamento
com os dados do Censo Demográfico de 2000) – elaboramos uma tabela
contendo os setores censitários e as informações relacionadas de todas as
cidades analisadas. Desta forma, estaremos transformando as diferentes
cidades em partes de um todo e, posteriormente, realizando a análise
todo/parte.
Exemplo de tabela com apenas alguns setores:
255
Tabela
17
Nova A
lta P
aulista
Seto
res c
ensitários e
indic
adore
s,
2000
seto
res
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
Adam
antina 1
302
0,0
0
2,3
2
0,6
6
0,0
0
5,3
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
99,6
7
0,3
3
0,0
0
0,9
9
0,0
0
19,8
7
14,9
0
8,6
1
2,3
2
0,9
9
Adam
antina 2
306
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
3,2
7
100,0
0
0,3
3
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
12,9
1
2,2
9
0,3
3
23,5
3
10,4
6
9,8
0
0,9
8
0,6
5
Adam
antina 3
253
0,4
0
3,1
6
1,1
9
0,0
0
11,0
7
99,6
7
0,0
0
100,0
0
0,4
0
100,0
0
0,0
0
13,7
3
0,0
0
0,4
0
14,6
2
25,6
9
10,6
7
2,3
7
0,0
0
Adam
antina 4
291
0,0
0
0,0
0
7,9
0
0,0
0
4,8
1
100,0
0
0,0
0
99,6
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
17,0
0
6,5
3
0,3
4
22,6
8
20,9
6
11,0
0
3,0
9
0,6
9
Adam
antina 5
308
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
3,2
5
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
15,1
2
1,3
0
0,3
2
23,7
0
12,0
1
14,6
1
1,6
2
0,3
2
Adam
antina 6
303
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
1,9
8
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
13,6
4
4,2
9
0,3
3
30,0
3
7,2
6
15,1
8
1,3
2
0,0
0
Adam
antina 8
281
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
1,4
2
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
18,8
1
0,0
0
0,7
1
23,8
4
9,6
1
12,1
0
1,0
7
0,0
0
Adam
antina 9
202
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,5
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
17,7
9
0,0
0
0,5
0
50,0
0
1,9
8
18,3
2
0,5
0
0,0
0
Adam
antina 10
216
0,0
0
4,6
3
0,0
0
0,0
0
0,0
0
100,0
0
0,4
6
100,0
0
0,0
0
99,5
4
0,4
6
15,8
4
0,0
0
0,0
0
43,0
6
0,4
6
20,3
7
0,9
3
0,0
0
Adam
antina 11
303
0,0
0
0,3
3
4,9
5
0,0
0
1,6
5
99,5
4
0,3
3
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
20,8
3
0,0
0
0,3
3
26,4
0
12,5
4
12,8
7
0,3
3
0,3
3
Adam
antina 12
373
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,8
0
5,0
9
99,6
7
1,0
7
100,0
0
0,0
0
99,2
0
0,8
0
15,5
1
0,8
0
0,0
0
26,5
4
10,4
6
11,2
6
1,3
4
0,0
0
Adam
antina 1
3
353
0,0
0
0,0
0
0,8
5
0,0
0
0,0
0
98,1
2
1,7
0
100,0
0
1,7
0
100,0
0
0,0
0
13,6
7
0,2
8
0,5
7
41,9
3
1,7
0
21,8
1
0,0
0
0,5
7
Adam
antina 1
4
295
0,0
0
1,0
2
0,0
0
0,0
0
0,3
4
98,3
0
0,6
8
98,3
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
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0
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0
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antina 1
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0
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0
0,0
0
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0
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Adam
antina 1
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0
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0
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0
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antina 18
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0
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0
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0
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0
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0
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Adam
antina 2
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0
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antina 31
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##
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o-Í
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s 4
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3
58,2
8
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3
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0
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0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,7
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0,3
5
100,0
0
0,0
0
99,2
9
0,7
1
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7
1,0
6
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1
49,8
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0
0,0
0
Basto
s 2
0
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0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
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0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
28,2
7
0,6
0
0,6
0
44,3
1
0,0
0
13,1
7
0,6
0
0,6
0
Basto
s 2
1
234
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,4
3
0,0
0
99,5
7
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
25,1
5
1,2
8
3,8
5
52,5
6
0,4
3
10,2
6
0,0
0
0,4
3
Dra
cena 1
165
0,0
0
0,0
0
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4
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0
21,8
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0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
37,1
8
1,2
1
0,0
0
6,6
7
29,0
9
6,6
7
1,8
2
0,0
0
Dra
cena 2
167
0,0
0
0,0
0
0,0
0
0,0
0
10,7
8
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
98,2
0
1,8
0
7,2
7
1,2
0
0,0
0
14,3
7
26,9
5
5,3
9
2,4
0
0,0
0
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cena 3
255
0,0
0
0,0
0
0,3
9
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0
7,4
5
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
100,0
0
0,0
0
14,3
7
1,1
8
0,0
0
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1
17,6
5
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7
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0
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0
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0
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0
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0
100,0
0
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0
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7
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257
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19 a
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);
258
3. Definição das classes
Uma primeira observação é que inicialmente uma extensão constante de
cada classe parecia uma regra impreterível e o intervalo não deixava de ser
decimal: 0-10, 10-20, 20-30 etc.. Aperfeiçoando essa técnica adotamos os
intervalos correspondentes a uma porcentagem fixa de variável, a sucessão de
valores seria uma progressão geométrica. Nesse tipo de organização a maior
dificuldade é que os intervalos vão sempre aumentando, mas na maioria dos
casos o que mais interessa são os valores extremos, tanto máximo ou mínimo.
(Libault, 1975).
É a partir do princípio de valores extremos que, para a elaboração dos
mapas e de suas legendas, utilizamos a definição de classes por pares
recíprocos, técnica que permite aproximar os pares (parecidos) e destacar os
dados da tendência geral, tendências e exceções.
Exemplificando (por se tratar de um número elevado de dados,
demonstraremos essa técnica utilizando-se de dados ilustrativos, pois como
apontamos para definição das classes utilizamos o software estatístico
MiniTab®):
No que se refere ao indicador “domicílios com quatro banheiros ou mais”,
temos os seguintes percentuais: 0,00 - 12,82 – 4,00 – 1,37 – 5,12 – 0,97 – 4,14
– 10,09 – 6,76 – 13,54 – 1,27 – 0,47 – 0,31 – 0,77 – 0,30 – 0,43.
Na definição das classes por pares recíprocos ordenam-se,
primeiramente, os números do menor para o maior, distribuindo-os na tabela
(papel milimetrado) e obtendo o seguinte resultado: 0,00 - 0,30 – 0,31 – 0,43 –
0,47 – 0,77 – 0,97 – 1,27 – 1,37 – 4,0 – 4,14 – 5,12 – 6,76 – 10,09 – 12,82 e
13,54.
Posteriormente, como segundo passo, define-se o intervalo das classes,
que consiste na diferença entre o maior e o menor número que, nessa
exemplificação, é: 13,54 – 0,00 = 13,54 (100%).
Em seguida, agrupam-se os dados, observando os menores intervalos. Na
série analisada, o primeiro está entre o 0,30 e 0,31, resultando, portanto, em
um intervalo de 0,01.
Dessa forma: 0,01 = 13,24 então 0,01 x 100 = 0,07%
X 100 13,24
259
Então, no papel milimetrado, marcamos o ponto de 0,07%, depois, unimos
os pontos e, assim sucessivamente até a obtenção de 100%, conforme se
observa no exemplo a seguir.
Figura 1 Modelo de Pares Recíprocos
0,30 0,31 0,43 0,47 0,77 0,97 1,27 1,37 4,00 4,14 5,12 6,76 10,09 12,82 13,54
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
100
0,00
0,00 - 1,374,0 - 5,126,7610,0912,82 - 13,54M
OD
ELO
DE
PAR
ES
RE
CÍP
RO
CO
S
CLASSES
Elaboração: Claudia Marques Roma, 2008.
Essa técnica por pares recíprocos permite uma perda de até 15% dos
detalhes e, dessa maneira, a linha traçada no exemplo acima representa esses
15%, e é justamente no cruzamento entre as linhas que se define o intervalo das
classes.
No entanto, dependendo da quantidade de classes obtidas no cruzamento
da reta traçada na altura dos 15%, pode-se alterar para 10%, por exemplo, mas
não se recomenda a mudança para mais de 15%, devido à perda de detalhes.
Além disso, considera-se que o número máximo de classes viável para a
construção do mapa seja seis. Acima dessa quantidade, a visualização das
informações torna-se mais difícil. Board (1994) aponta que o mapa
sobrecarregado pode causar uma “confusão visual” e, dessa forma, prejudicar
sua leitura. Quando se trabalha com corocromatismo ou monocromatismo, que é
a correspondência entre cores e valores “como não se pode (em geral) utilizar
260
tantas cores quantos são os valores, há necessidade de agrupar os valores em
classes. A definição da classe torna-se um fator essencial na execução da carta”.
(Libalut, 1975, p. 274). Nesse mesmo sentido Martinelli (1991) ao trabalhar com
a variável cor, aponta que sobre o círculo das cores a rotação nos permite
escolher conjuntos de até seis cores.
Dessa forma, a organização do mapa contendo o indicador de “domicílios
com quatro banheiros ou mais” obteve seis classes que são: 0,00 a 1,37; 4,00 a
5,12; 6,76; 10,09; 12,82 e 13,54. Percebe-se um maior nível de agregação dos
dados na primeira classe, que vai do 0,00 a 1,37, e o destaque para informações
que se distanciam da tendência maior como, por exemplo, as classes 6,76 e
10,09.
As classes de um grupo de cidade, por exemplo, utilizando-se do
MiniTab® na definição de pares recíprocos com técnica estatística da distância
máxima euclidiana, apresentam-se da seguinte maneira:
Exemplo selecionando apenas um grupo de cidades, definição das classes.
setores Classes (%) responsável pelos
d. sem instrução e menos
de um ano de estudo
Adamantina 1 1 8,61
Adamantina 23 1 8,65
Adamantina 2 1 9,80
Adamantina 3 1 10,67
Adamantina 27 1 10,88
Adamantina 4 1 11,00
Adamantina 12 1 11,26
Adamantina 22 1 11,94
Adamantina 8 1 12,10
Adamantina 11 1 12,87
Adamantina 21 1 13,54
Adamantina 33 2 14,29
Adamantina 26 2 14,57
Adamantina 5 2 14,61
Adamantina 6 2 15,18
Flórida Paulista 8 2 15,66
Adamantina 24 2 15,99
Pacaembu 7 2 16,00
Adamantina 25 2 16,67
Adamantina 19 2 16,82
Adamantina 30 2 17,31
Flórida Paulista 2 2 17,54
Adamantina 18 2 17,69
Pacaembu 3 2 17,78
Adamantina 9 2 18,32
Pacaembu 6 2 19,11
Adamantina 34 3 20,00
Adamantina10 3 20,37
261
Pacaembu 4 3 20,48
Adamantina 14 3 21,36
Adamantina 13 3 21,81
Flórida Paulista 6 3 22,32
Flórida Paulista 1 3 22,63
Adamantina 17 3 23,01
Adamantina 28 3 23,25
Adamantina 20 3 23,27
Pacaembu 1 3 23,27
Pacaembu 9 3 23,90
Adamantina 31 3 24,50
Adamantina 16 3 24,72
Adamantina 15 4 25,60
Flórida Paulista 9 4 26,34
Pacaembu 5 4 26,55
Adamantina 29 4 27,53
Pacaembu 10 4 27,76
Flórida Paulista 3 4 28,18
Mariapólis 2 5 29,63
Pacaembu 8 5 29,81
Pacaembu 2 5 30,08
Mariapólis 4 5 30,92
Flórida Paulista 5 5 31,07
Flórida Paulista 4 5 31,90
Mariapólis 1 5 32,46
Flórida Paulista 7 6 33,76
Mariapólis 3 6 34,80
Pacaembu 11 6 35,00
OBS: Essa técnica foi elaborada para todos os indicadores e grupos de mapas.
Após o tratamento estatístico para definição das classes, obtivemos para o
indicador responsável pelos domicílios sem instrução e menos de uma ano de
estudo do grupo de cidades, os seguintes intervalos: 8,61 a 13,54; 14,29 a
19,11; 20,00 a 24,72; 25,60 a 28,18; 29,63 a 32,46 e ; 33,76 a 35,00. Assim
partimos para elaboração dos mapas.
4. Elaboração dos mapas
Como utilizamos dos dados do Censo Demográfico (IBGE) e estes são
agregados por setores censitários, houve a necessidade de delimitá-los nas
plantas das cidades estudadas. O IBGE através do software STATCART® e pelo
seu sitio somente disponibiliza a planta das cidades com os respectivos setores já
delimitados, para as cidades com mais de 20.000 habitantes.
Assim, conseguimos obter a planta com os setores censitários das cidades
de Tupã, Dracena, Adamantina e Osvaldo Cruz para as demais cidades, que em
262
nossa pesquisa representa a maioria, vetorizamos os setores censitários
manualmente27.
Ao delimitarmos os setores censitários de cada cidade, nos preocupamos
em não englobar os vazios urbanos juntamente com uma área urbanizada. Se
não houver a delimitação das áreas loteadas, excluindo da representação dos
setores censitários áreas que não foram ainda parceladas para finalidade urbana,
o fenômeno pode se diluir ou o mapa representar uma falsa realidade. Assim,
num mapa base das cidades, vetorizamos todos os setores censitários existentes
no perímetro urbano para posteriormente inserir os dados referentes a cada
indicador.
Ressaltamos que a classe definida para cada indicador é única para todas
as cidades, nos permitindo compreender o espaço intraurbano de cada cidade na
escala interurbana. No entanto, para que o software MapInfo® geocodifique as
informações com os respectivos setores censitário torna-se necessário que a
elaboração dos mapas seja individual. Assim, com os mapas finalizados juntam-
se todos em um único layout.
Desta forma para que apresentássemos o conjunto de 19 mapas para a
Nova Alta Paulista foi necessário a elaboração de 570 mapas.
Nos mapas, no que se refere a variável visual cor partimos dos
pressupostos apresentados por Libault (1975) e Martinelli (1991).
Libault (1975) destaca que “pelo menos nos países ocidentais, as cores
evocam vários sentimentos que o cartógrafo não pode desprezar”. (242), e que a
noção mais usual que corresponde às cores é a noção de calor, na qual, o
vermelho é considerado uma cor quente e o azul uma cor fria. Nesta técnica de
coloração tem-se o colorido corocromático convencional, sendo uma gama
simples crescente vermelho ao laranja, e colorido corocromático convencional,
sendo gama dupla que vai vermelho ao amarelo e no outro extremo azul escuro
aos tons mais claros. O autor acrescenta que “uma tradição no uso das cores
pode se estabelecer, mas uma normalização jamais conseguirá agregar todas as
adesões”. (p. 242)
27 Exemplo de descrição dos setores censitários: do ponto inicial - rua das araras -
rua bem-te-vi - rua pinguim - alameda yosakichi yoshida - segue por esta ate a rua juriti
- deflete a direita por 90º numa distancia de 400 mts. na divisa de propriedade de
natalino chagas - rua nabuco yoshikawa - por 225 mts. - deflete a direita por 90º na
divisa de propriedade de seisaburo ito por 400 mts. - prolongamento da alameda
yosakichi yoshida - rua das cerejeiras - rua dos canarios - ate o ponto inicial.
263
Libault (1994, p. 26) ao explicar a combinação da variável cor destaca que
sua composição não é fortuita:
Podemos tentar, intencionalmente, dar idéia de tensão por
antagonismos num mesmo campo ou, ao contrário, buscar a
sensação de harmonia e quietude.
Uma combinação é contrastante quanto as cores são totalmente
diversas entre si, como as opostas sobre o círculo cromático – as
complementares.
Uma combinação é harmônica quando as cores possuem uma
parte básica comum a todas, como a escala monocromática ou as
cores vizinhas sobre o fundo cromático.
É com base nessas considerações teóricas que podemos efetuar
modulações corretas da variável visual cor na representação
gráfica, em geral e na cartografia temática, em particular.
O autor ainda nos ressalta que a percepção das cores deve levar em conta
três fatores, ou três dimensões das cores: o matiz, a saturação e o valor. A
dimensão valor é a quantidade de energia refletida, organizados em
equidistâncias perceptivas. Essa dimensão consiste em uma série de valores que
podem ser uma sequência de cinzas, indo do preto ao branco, ou vermelho ao
amarelo, etc..
Por exemplo, podemos utilizar em mapas, a sequência do vermelho ao
amarelo. O vermelho por destacar-se pode ser utilizado para as áreas de
ocorrência dos piores indicadores até o amarelo representando as áreas de
ocorrência dos melhores indicadores. Nessa sequência utiliza-se do colorido
corocromático convencional, sendo uma gama simples crescente vermelho ao
laranja – amarelo.
Destacamos que em uma primeira versão dos mapas, utilizamos do
corocromatismo. No entanto, após diversos testes optamos por representar a
seqüência monocromática numa sequência de tons cinza para o preto. Da
mesma maneira que o corocromatismo, a sequência monocromática é utilizada
para manifestar a relação entre intensidade e valor.
264
5. Escolha das cidades a serem analisadas
Os dados e as análises apresentados na sessão anterior nos demostram
que na Nova Alta Paulista as cidades sub-regionais caracterizam-se por
apresentarem, em relação às cidades locais híbridas, os melhores indicadores.
Nesse contexto ressaltamos ainda que dentre o conjunto de indicadores
apresentados são classificados como piores na região os indicadores sociais e
econômicos que são justamente os que mais fortalecem a diferenciação
socioespacial entre os espaços intraurbanos reforçando a diferenciação entre as
cidades sub-regionais e locais híbridas.
As análises também nos indicam que as cidades locais híbridas inseridas
no limite inferior da complexidade urbana, são os espaços que apresentam os
piores indicadores econômicos, sociais e as piores formas de acesso aos
equipamentos e serviços urbanos.
Assim, para desenvolvermos a hipótese levantada nesta tese, qual seja,
da existência de um circuito de pobreza urbana em cidades locais híbridas,
partimos do estudo sobre as Regiões de Influência das Cidades (IBGE (2008) que
demonstra relações mais diretas e de dependência das cidades locais com a
cidade sub-regional que as agregam. Esse recorte possibilita-nos melhor
apreender as inter-relações entre as cidades locais híbridas e sub-regionais,
segundo característica pensado por nós.
No quadro 11, identificamos as cidades sub-regionais e locais, segundo
estudo IBGE (2008) existentes na Nova Alta Paulista.
265
Quadro 11
Cidades, rede urbana - 2008. CIDADES/REDE URBANA (REGIC)
Sub-reginal (A) Sub-regional (B) Local/Centro de Zona
Adamantina Florida Paulista Mariápolis Pacaembu
Dracena Flora Rica Irapuru Junqueirópolis Monte Castelo Nova Guataporanga Ouro Verde Panorama Paulicéia Santa Mercedes São João do Pau D’Alho Tupi Paulista
Lucélia Pracinha
Osvaldo Cruz
Inúbia Paulista Sagres Salmourão
Tupã Arco-Íris Bastos Herculândia Iacri Parapuã Queiroz Rinópolis
Fonte: IBGE, Regiões de influência das cidades, 2008. Org. Claudia M. Roma, 2010.
Assim, subdividimos a região em cinco grupos de cidades, quais sejam:
Tupã, Osvaldo Cruz, Lucélia, Adamantina e Dracena que correspondem à cidade
sub-regional e sua hinterlândia. Em cada grupo de cidade dessas hinterlândias,
selecionamos as cidades locais híbridas que apresentaram os piores indicadores
e/ou características próprias que nos auxiliariam no desenvolvimento de nossa
investigação, tais cidades foram: Arco-Íris (pior índice de Gini); Inúbia Paulista
(presença de uma Cooperativa de Consumo); Pracinha (pior índice de pobreza);
Mariápolis (aumento da população migrante destinada ao corte da cana-de-
açúcar); Flora Rica (destaca-se com os piores indicadores utilizados na
elaboração dos mapas); São João do Pau D’Alho (está entre os municípios que
apresentam os menores PBIs, mas, também consideramos sua localização
geográfica) – para o grupo de Dracena foram selecionados dois municípios
devido o maior número de cidades existentes.
A coleta de dados foi, predominantemente, das cidades locais híbridas,
mas, algumas análises foram realizadas entre as cidades locais híbridas e sub-
regionais, pois, para compreendermos as dinâmicas e os processos que se
estruturam nas cidades locais híbridas, é de suma importância analisar as inter-
relações entre as cidades locais híbridas e sub-regionais.
266
Observamos, ainda, a necessidade de acrescentarmos os municípios de
Queiroz, Monte Castelo e Paulicéia no que tange as questões relacionadas à
entrada da atividade agroindustrial canavieira, pois, Queiroz possui uma usina
e/ou destilaria de açúcar e álcool, destacando-se na composição do PIB
industrial; Monte Castelo e Paulicéia no que se refere à mão-de-obra destinada à
atividade agroindustrial canavieira.
6. Seleção da amostra
Após a elaboração dos questionários procuramos definir qual a amostra se
mostraria representativa para desvendar as problemáticas apresentadas.
Primeiramente definimos como referência a população urbana dos oito
municípios definidos como recorte empírico da pesquisa.
Assim, num primeiro momento nos reportamos à metodologia estatística
trabalhada na pesquisa de mestrado que teve como referência o trabalho de
Gerardi e Silva (1981) e também nas modelagens estatísticas utilizadas pelo
IBGE nas pesquisas PNAD e Censo Demográfico (questionário completo).
Porém, concluímos que as duas modelagens estatísticas não
contemplariam ou extrapolariam nossos objetivos. A primeira, aplicada no
mestrado (ROMA, 2008) se mostrou ultrapassada, pois a amostra apresentou
muito elevada (quantitativamente), tornando-se repetitiva. A segunda,
apresentou-se por demais complexa para os objetivos propostos, inclusive
considerando dados das áreas urbanas e rurais, contrariamente aos
questionamentos por nós apontados.
Dessa forma buscamos suporte no Laboratório de Epidemiologia e
Estatística, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que
disponibiliza on-line uma ferramenta de pesquisa que possibilita calcular a
amostra em pesquisas quantitativas.
Optamos pela metodologia de “estimação de uma média” que visa
“estimar um valor médio referente à população de interesse”, pois, “ao calcular a
amostra para este problema, estaremos supondo que a variável que contém a
resposta de interesse segue uma distribuição normal com desvio-padrão
supostamente conhecido” (LEE, 2010).
267
Portanto, como em nossa pesquisa as cidades locais híbridas analisadas
apresentam uma distribuição normal da população – pequena e estagnada no
período de 2000 (IBGE, Censo Demográfico) e 2007 (IBGE, Contagem
Populacional) – e com desvio padrão entre elas definido por uma variação
populacional de 2% (para mais ou para menos) optamos em trabalhar com esta
metodologia.
Além disso, para o cálculo da amostra é necessário à definição do “Erro
máximo da estimativa”, que “indica o quanto a estimativa deve se distanciar da
verdadeira média” e do “Nível de significância: que indica a porcentagem de
casos na população que estarão fora do intervalo estimado para a média” (LEE,
2010).
Dessa forma, identificada a população urbana de cada município, definido
o desvio padrão em cima da variação (acréscimo ou decréscimo) em torno de
2% do total da população urbana, um erro máximo de 20% (para cidades com
população inferior a 2.000 habitantes – municípios de Arco-Íris, Pracinha, Flora
Rica, São João do Pau D’Alho) ou 25% (cidades com mais de 2.000 habitantes –
Mariápolis, Queiroz, Monte Castelo, Paulicéia e Inúbia Paulista) e nível de
significância igual a 5% obtivemos as seguintes amostras, conforme apresentado
no quadro 12.
Quadro 12 Amostra de questionários, 2010
CIDADES POPULACÃO URBANA – 2000*
AMOSTRA (número de questionários a serem
aplicados)
ARCO-ÍRIS 1.068 60
FLORA RICA 1.568 75
INÚBIA PAULISTA 2.764 96
MARIÁPOLIS 2.803 96
PRACINHA 1.186 63
QUEIROZ 1.659 65
MONTE CASTELO 3.004 96
SÃO JOÃO DO PAU D’ALHO 1.611 61
PAULICÉIA 3.934 96
Fonte: IBGE (2000) e LEE (2010). Org. Alexandre Bergamin Vieira e Cláudia Marques Roma. * A referência da população urbana recai sobre o Censo Demográfico de 2000 pois a Contagem Populacional de 2007 não se subdivide em população rural e urbana.
Como o universo de referência é a população urbana das diferentes
cidades definimos como metodologia de aplicação dos questionários o inquérito
por domicílios, de forma a abranger geograficamente toda área urbana das
cidades selecionadas e entrevistar pessoas de diferentes idades, sexo e renda.
268
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298
ANEXOS
i
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 8 Quadro 2 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 9
Quadro 3 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 9 Quadro 4 Arco-Íris 2010 – Local de origem dos entrevistados.............. 15 Quadro 5 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 16
Quadro 6 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 16 Quadro 7 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas
com Tupã.......................................................................
16
Quadro 8 Arco-Íris 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados........ 17 Quadro 9 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 20
Quadro 10 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 21 Quadro 11 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 21
Quadro 12 Flora Rica 2010 – Local de origem dos entrevistados............. 27 Quadro 13 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade........................ 28 Quadro 14 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 29
Quadro 15 Flora Rica 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena..................................................................
29
Quadro 16 Flora Rica 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados..... 30 Quadro 17 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio................... 33
Quadro 18 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio................... 34 Quadro 19 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio................... 34 Quadro 20 Inúbia Paulista 2010 – Local de origem dos entrevistados...... 40
Quadro 21 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 41 Quadro 22 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 42
Quadro 23 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Osvaldo Cruz..........................................
42
Quadro 24 Inúbia Paulista 2010 – Concepção de cidade dos
entrevistados.................................................................
43
Quadro 25 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio........................ 47
Quadro 26 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio........................ 47 Quadro 27 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio......................... 48 Quadro 28 Mariápolis 2010 – Local de origem dos entrevistados............ 54
Quadro 29 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 56 Quadro 30 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 56
Quadro 31 Mariápolis 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Adamantina.............................................................
57
Quadro 32 Mariápolis 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados...... 59
Quadro 33 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio.................... 62 Quadro 34 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio................... 63
Quadro 35 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio.................... 64 Quadro 36 Monte Castelo 2010 – Local de origem dos entrevistados....... 65 Quadro 37 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 68
Quadro 38 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 68 Quadro 39 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio.......................... 69
Quadro 40 Paulicéia 2010 – Local de origem dos entrevistados.............. 70 Quadro 41 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 72 Quadro 42 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 73
Quadro 43 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 73 Quadro 44 Pracinha 2010 – Local de origem dos entrevistados............... 79
Quadro 45 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 80 Quadro 46 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade.......................... 81 Quadro 47 Pracinha 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas
ii
com Lucélia.................................................................... 81
Quadro 48 Pracinha 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados........ 82 Quadro 49 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................ 85
Quadro 50 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................. 86 Quadro 51 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................ 87
Quadro 52 Queiroz 2010 – Local de origem dos entrevistados............... 88 Quadro 53 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio...... 90 Quadro 54 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio....... 91
Quadro 55 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio....... 91 Quadro 56 São João do Pau D'Alho 2010 – Local de origem dos
entrevistados...................................................................
97 Quadro 57 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 99 Quadro 58 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 99
Quadro 59 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena................................................
100
Quadro 60 São João do Pau D'Alho 2010 – Concepção de cidade dos entrevistados...................................................................
101
Quadro 61 Flora Rica – Atividade desenvolvida no circuito inferior – 2012 104
Quadro 62 Flora Rica – Custos fixos – 2012......................................... 108 Quadro 63 Pracinha - Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012 108
Quadro 64 Pracinha - Custos fixos – 2012........................................... 112 Quadro 65 Mariápolis - Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012 112 Quadro 66 Mariápolis - Custos fixos – 2012......................................... 116
LISTA DE TABELAS Tabela 1 Arco-Íris 2010 – Ocupações dos entrevistados...................... 7
Tabela 2 Arco-Íris 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 8 Tabela 3 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e
individual – meios de locomoção para Tupã.........................
10 Tabela 4 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e
individual – transporte coletivo para Tupã............................
11
Tabela 5 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – infraestrutura.................................................
11
Tabela 6 Arco-Íris 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – principais locais de consumo.............................
11
Tabela 7 Arco-Íris 2010 – Assistência Social..................................... 12
Tabela 8 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo.............................................
13
Tabela 9 Arco-Íris 2010 – Relações interurbanas com Tupã................. 14 Tabela 10 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade.......................... 15 Tabela 11 Arco-Íris 2010 – O entrevistado e a cidade.......................... 16
Tabela 12 Arco-Íris 2010 Definição de cidade e sua aplicação............... 18 Tabela 13 Flora Rica 2010 – Ocupações dos entrevistados.................... 19
Tabela 14 Flora Rica 2010 – A cidade e o agronegócio......................... 20 Tabela 15 Flora Rica 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e
individual – meios de locomoção para Dracena e Presidente
Prudente.........................................................................
22 Tabela 16 Flora Rica 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo
e individual – transporte coletivo para Dracena e Presidente Prudente.........................................................................
23
Tabela 17 Flora Rica 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo
e individual – infraestrutura...............................................
23
Tabela 18 Flora Rica 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo 24
iii
e individual – principais locais de consumo..........................
Tabela 19 Flora Rica 2010 – Assistência Social.................................... 25 Tabela 20 Flora Rica 2010 – O entrevistado e as relações com
Presidente Prudente, Marília e São Paulo.............................
26
Tabela 21 Flora Rica 2010 – Relações interurbanas com Dracena.......... 26
Tabela 22 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 28 Tabela 23 Flora Rica 2010 – O entrevistado e a cidade......................... 30 Tabela 24 Flora Rica 2010 Definição de cidade e sua aplicação............ 31
Tabela 25 Inúbia Paulista 2010 – Ocupações dos entrevistados............. 32 Tabela 26 Inúbia Paulista 2010 – A cidade e o agronegócio.................. 33
Tabela 27 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – meios de locomoção para Adamantina e Osvaldo Cruz................................................................
35
Tabela 28 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – transporte coletivo para Adamantina e
Osvaldo Cruz...................................................................
36
Tabela 29 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – infraestrutura...................................
36
Tabela 30 Inúbia Paulista 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – principais locais de consumo...............
37
Tabela 31 Inúbia Paulista 2010 – Assistência Social............................. 38 Tabela 32 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e as relações com
Presidente Prudente, Marília e São Paulo............................. 39
Tabela 33 Inúbia Paulista 2010 – Relações interurbanas com Adamantina e Osvaldo Cruz...............................................
39
Tabela 34 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 41 Tabela 35 Inúbia Paulista 2010 – O entrevistado e a cidade.................. 43 Tabela 36 Inúbia Paulista 2010 Definição de cidade e sua aplicação...... 44
Tabela 37 Mariápolis 2010 – Ocupações dos entrevistados................... 45 Tabela 38 Mariápolis 2010 – A cidade e o agronegócio......................... 46
Tabela 39 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo e individual – meios de locomoção para Adamantina.............
49
Tabela 40 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo
e individual – transporte coletivo para Adamantina...............
50
Tabela 41 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo
e individual – infraestrutura...............................................
50
Tabela 42 Mariápolis 2010 – A cidades e os meios de consumo coletivo
e individual – principais locais de consumo..........................
50
Tabela 43 Mariápolis 2010 – Assistência Social.................................... 52 Tabela 44 Mariápolis 2010 – O entrevistado e as relações com
Presidente Prudente, Marília e São Paulo.............................
52
Tabela 45 Mariápolis 2010 – Relações interurbanas com Adamantina..... 53
Tabela 46 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade........................ 55 Tabela 47 Mariápolis 2010 – O entrevistado e a cidade........................ 58 Tabela 48 Mariápolis 2010 Definição de cidade e sua aplicação............. 60
Tabela 49 Monte Castelo 2010 – Ocupações dos entrevistados.............. 61 Tabela 50 Monte Castelo 2010 – A cidade e o agronegócio................... 62
Tabela 51 Paulicéia 2010 – Ocupações dos entrevistados..................... 66 Tabela 52 Paulicéia 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 66 Tabela 53 Pracinha 2010 – Ocupações dos entrevistados..................... 71
Tabela 54 Pracinha 2010 – A cidade e o agronegócio........................... 72 Tabela 55 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e
individual – meios de locomoção para Lucélia.......................
74
Tabela 56 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e 74
iv
individual – transporte coletivo para Lucélia.........................
Tabela 57 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – infraestrutura.................................................
75
Tabela 58 Pracinha 2010 – A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – principais locais de consumo.............................
76
Tabela 59 Pracinha 2010 – Assistência Social...................................... 77 Tabela 60 Pracinha 2010 – O entrevistado e as relações com Presidente
Prudente, Marília e São Paulo............................................. 78
Tabela 61 Pracinha 2010 – Relações interurbanas com Lucélia.............. 78 Tabela 62 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 80
Tabela 63 Pracinha 2010 – O entrevistado e a cidade........................... 81 Tabela 64 Pracinha 2010 – Definição de cidade e sua aplicação............. 83 Tabela 65 Queiroz 2010 – Ocupações dos entrevistados....................... 84
Tabela 66 Queiroz 2010 – A cidade e o agronegócio............................ 85 Tabela 67 São João do Pau D'Alho 2010 – Ocupações dos entrevistados. 89
Tabela 68 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e o agronegócio...... 90 Tabela 69 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de
consumo coletivo e individual – meios de locomoção para
Dracena e Tupi Paulista....................................................
92
Tabela 70 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de
consumo coletivo e individual – transporte coletivo para Dracena e Tupi Paulista.....................................................
93
Tabela 71 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de
consumo coletivo e individual – infraestrutura......................
93
Tabela 72 São João do Pau D'Alho 2010 – A cidade e os meios de
consumo coletivo e individual – principais locais de consumo.........................................................................
93
Tabela 73 São João do Pau D'Alho 2010 – Assistência
Social...................
95
Tabela 74 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e as relações
com Presidente Prudente, Marília e São Paulo.......................
95
Tabela 75 São João do Pau D'Alho 2010 – Relações interurbanas com Dracena e Tupi Paulista.....................................................
96
Tabela 76 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 98 Tabela 77 São João do Pau D'Alho 2010 – O entrevistado e a cidade...... 100
Tabela 78 São João do Pau D'Alho 2010 – Definição de cidade e sua aplicação.........................................................................
101
Tabela 79 Nova Alta Paulista – Emprego agropecuário formal – 2012..... 102 Tabela 80 Flora Rica – Motivo que levou desempenhar atividade – 2012 104 Tabela 81 Flora Rica – Tempo de atividade – 2012.............................. 105
Tabela 82 Flora Rica – Tecnologia – 2012........................................... 105 Tabela 83 Flora Rica – Estrutura administrativa – 2012........................ 105
Tabela 84 Flora Rica – Capitais – 2012............................................... 106 Tabela 85 Flora Rica – Empregos – 2012............................................ 106 Tabela 86 Flora Rica – Estoques – 2012............................................. 107
Tabela 87 Flora Rica – Preços das mercadorias -2012......................... 107 Tabela 88 Flora Rica – Margem de lucro – 2012.................................. 107
Tabela 89 Flora Rica – Relação com o cliente – 2012........................... 108 Tabela 90 Flora Rica – Publicidade – 2012.......................................... 108 Tabela 91 Flora Rica – Ajuda governamental p/ o estabelecimento –
2012..............................................................................
108
Tabela 92 Pracinha – Motivo que levou desempenhar atividade – 2012 109
Tabela 93 Pracinha – Tempo de atividade – 2012................................ 109 Tabela 94 Pracinha – Tecnologia – 2012....... ..................................... 109
v
Tabela 95 Pracinha – Estrutura administrativa – 2012......................... 110
Tabela 96 Pracinha – Capitais – 2012................................................ 110 Tabela 97 Pracinha – Empregos - 2012.............................................. 110
Tabela 98 Pracinha – Estoques – 2012............................................... 111 Tabela 99 Pracinha – Preços das mercadorias -2012............................ 111
Tabela 100 Pracinha – Margem de lucro – 2012.................................... 111 Tabela 101 Pracinha – Relação com o cliente – 2012............................. 112 Tabela 102 Pracinha – Publicidade – 2012............................................ 112
Tabela 103 Pracinha – Ajuda governamental p/ o estabelecimento - 2012 112 Tabela 104 Mariápolis – Motivo que levou desempenhar atividade – 2012 113
Tabela 105 Mariápolis – Tempo de atividade – 2012.............................. 113 Tabela 106 Mariápolis – Tecnologia – 2012.......................................... 114 Tabela 107 Mariápolis – Estrutura administrativa – 2012....................... 114
Tabela 108 Mariápolis – Capitais – 2012.............................................. 114 Tabela 109 Mariápolis – Empregos – 2012........................................... 115
Tabela 110 Mariápolis – Estoques – 2012............................................. 115 Tabela 111 Mariápolis – Preços das mercadorias -2012.......................... 115 Tabela 112 Mariápolis – Margem de lucro – 2012.................................. 116
Tabela 113 Mariápolis – Relação com o cliente – 2012........................... 116 Tabela 114 Mariápolis – Publicidade – 2012.......................................... 116
Tabela 115 Mariápolis – Ajuda governamental p/ o estabelecimento - 2012..............................................................................
116
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Arco-Íris 2010 – Idade dos entrevistados.......................... 7 Gráfico 2 Arco-Íris 2010 – Sexo dos entrevistados...................…........ 7
Gráfico 3 Arco-Íris 2010 – Renda familiar dos entrevistados................ 9 Gráfico 4 Arco-Íris 2010 – Situação do imóvel................................... 10
Gráfico 5 Arco-Íris 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados...................................................................
14
Gráfico 6 Flora Rica 2010 – Idade dos entrevistados.......................... 18
Gráfico 7 Flora Rica 2010 – Sexo dos entrevistados.................…......... 19 Gráfico 8 Flora Rica 2010 – Renda familiar dos entrevistados............... 22
Gráfico 9 Flora Rica 2010 – Situação do imóvel.................................. 22 Gráfico 10 Flora Rica 2010 – Tempo de residência em anos dos
entrevistados................................................................... 27
Gráfico 11 Inúbia Paulista 2010 – Idade dos entrevistados................... 31 Gráfico 12 Inúbia Paulista 2010 – Sexo dos entrevistados...............…... 32
Gráfico 13 Inúbia Paulista 2010 – Renda familiar dos entrevistados........ 35 Gráfico 14 Inúbia Paulista 2010 – Situação do imóvel........................... 35 Gráfico 15 Inúbia Paulista 2010 – Tempo de residência em anos dos
entrevistados...................................................................
40
Gráfico 16 Mariápolis 2010 – Idade dos entrevistados......................... 44
Gráfico 17 Mariápolis 2010 – Sexo dos entrevistados........................... 45 Gráfico 18 Mariápolis 2010 – Renda familiar dos entrevistados.............. 49 Gráfico 19 Mariápolis 2010 – Situação do imóvel................................ 49
Gráfico 20 Mariápolis 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados...................................................................
53
Gráfico 21 Monte Castelo 2010 – Idade dos entrevistados.................... 60 Gráfico 22 Monte Castelo 2010 – Sexo dos entrevistados...................... 61 Gráfico 23 Monte Castelo 2010 – Tempo de residência em anos dos
entrevistados...................................................................
64
Gráfico 24 Paulicéia 2010 – Idade dos entrevistados........................... 64
vi
Gráfico 25 Paulicéia 2010 – Sexo dos entrevistados............................. 65
Gráfico 26 Paulicéia 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados...................................................................
66
Gráfico 27 Pracinha 2010 – Idade dos entrevistados............................ 70 Gráfico 28 Pracinha 2010 – Sexo dos entrevistados..........................… 71
Gráfico 29 Pracinha 2010 – Renda familiar dos entrevistados............... 71 Gráfico 30 Pracinha 2010 – Situação do imóvel.................................... 73 Gráfico 31 Pracinha 2010 – Tempo de residência em anos dos
entrevistados...................................................................
74
Gráfico 32 Queiroz 2010 – Idade dos entrevistados............................ 79
Gráfico 33 Queiroz 2010 – Sexo dos entrevistados............................... 83 Gráfico 34 Queiroz 2010 – Tempo de residência em anos dos
entrevistados................................................................... 84
Gráfico 35 São João do Pau D'Alho 2010 – Idade dos entrevistados....... 87 Gráfico 36 São João do Pau D'Alho 2010 – Sexo dos entrevistados......... 88
Gráfico 37 São João do Pau D'Alho 2010 – Renda familiar dos entrevistados...................................................................
88
Gráfico 38 São João do Pau D'Alho 2010 – Situação do imóvel.............. 91
Gráfico 39 São João do Pau D'Alho 2010 – Tempo de residência em anos dos entrevistados............................................................
96
MAPAS Mapas Mapeando os indicadores intra-urbanos na escala interurbana
117
7
Gráfico 1 Arco-Íris
Idade dos entrevistados – 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 2
Arco-Íris Sexo dos entrevistados – 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 1 Arco-Íris
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
16 26,67 26 43,33 18 30,00
Profissão
Profissão Frequência % Profissão Frequência %
Boia-fria 3 18,75 Conselho tutelas 1 6,25
Doméstica 3 18,75 Pedreiro 1 6,25
Prefeitura Municipal 2 12,50 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 6,25
Comércio 2 12,50 Funcionário público 1 6,25
Cozinheira 1 6,25 Serviços gerais 1 6,25
Fonte: Trabalho de campo, 2010
8
Tabela 2 Arco-Íris
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
11 18,33 49 81,67
Profissão
Profissão Frequência % Entre-safra Frequência %
Boia-fria 5 45,45 Direto 2 18,18
Cortador de cana-de-açúcar 3 27,27 Fica parado 2 18,18
Maquinista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 9,09 Bico 3 27,27
Motorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 9,09 Não informou 4 36,36
Granja 1 9,09
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 1 Arco-Íris
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Muito, muito difícil Deve ser difícil Piores condições de trabalho Péssimo, muito difícil Pesado, mas precisa trabalhar A cana-de-açúcar não dá lucro, mas
temos poucas opções
Como qualquer outro
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
9
Quadro 2 Arco-Íris
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Bom, atrai mais habitantes para cidade Emprego Mais opção de emprego
Bom pela parte do emprego, mas acabou com todas as lavouras
Quando tinha outras lavouras tinha mais emprego a cana-de-açúcar gera menos emprego
Só dá cana-de-açúcar Acabou com a lavoura Menos renda para cidade, pois o forte era a
agricultura Menos emprego, acabou com as lavouras Pior, acabou com as lavouras que
empregava muito boia-fria e as usinas não pega todo mundo
Com a lavoura tinha emprego para família toda com a cana-de-açúcar não
Mais emprego, mas os caminhões que passam na cidade quebra a fiação e danifica os asfaltos, além da poluição
Acabou com as estradas e as pontes
O pessoal daqui ainda não está indo muito na cana-de-açúcar é mais prefeitura e diarista
Poluição Destruição da natureza
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 3 Arco-Íris A cidade e o agronegócio - 2010
O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-açúcar?
Toma todos os nossos serviços Tiram nossos empregos, mas não
perturbam
Mais movimento na cidade Vende mais no comércio
Tem muito maranhense. Dá medo, perdemos a liberdade, eles brigam e as
mulheres temem andar sozinhas Tem gente que ficou com medo, olhava
como se fossem bicho É um povo que a gente não conhece Tem gente que reclama, fica com medo Acho estranho, gente desconhecida, só
homem, sem família; preferia que fosse só dá cidade
Muita confusão, bebidas e mulheres de fora
Só foi para pior, só sai briga, estragou a cidade
Meu namorado fica com ciúmes
Foi bom a vinda deles Tem muita gente de fora, mas não muda
nada Os maranhense gostam daqui eles não
querem mais voltar Tem muita gente do maranhão, mas eles
não mexem com ninguém Não muda nada Não muda nada: os de fora vem trabalhar
aqui e os daqui vão para fora Nunca mexeram comigo São bem educados e respeita o povo Nem vejo eles Normal, vieram para trabalhar Indiferente Não muda nada, mas o maranhão tomou
conta da cidade
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 3
Arco-Íris Renda familiar dos entrevistados – 2010
10
Fonte: Trabalho de Campo, 2010
Gráfico 4 Arco-Íris Situação do imóvel – 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 3 Arco-Íris
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual - Meio de locomoção para Tupã - 2010
Principais meios de locomoção utilizados pela população
Meio locomoção N. %
Transporte Coletivo 36 60,00
Condução Própria / Transporte Coletivo
15 25,00
Condução Própria 4 6,67
Outros 5 8,33
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
11
Tabela 4 Arco-Íris
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo - 2010
Suficiência do transporte coletivo
SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE
N. %
40 66,67 15 25,00 5 8,33
Justificativa do sim Justificativa do não
Vários horários É bom, mais faltam horários Não sabe
Passagem cara Falta vaga para idoso Ônibus velho Não tem cobrador Não tem ponto de parada
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 5 Arco-Íris
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010
Existência de pavimentação?
SIM N. % NÃO N. %
60 100,00 00 00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 6
Arco-Íris A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
AExistência na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Tupã 50 83,33
Tupã/Marília 10 16,67
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 59 98,33
X Tupã 1 1,67
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Tupã 47 78,33
X Não utiliza 13 21,67
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 46 76,67
X Tupã/Arco Íris 2 3,33
Não utiliza 12 20,00
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco-Íris 15 25,00
X Não utiliza 45 75,00
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco-Íris 100 100,00
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
12
Sim Não Tupã 52 86,67
X Tupã/Arco Íris 5 8,33
Arco-Íris 3 5,00
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Tupã 57 95,00
X Ganha 2 3,33
Não utiliza 1 1,67
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 10 16,67
X Tupã 7 11,67
Não utiliza 43 71,67
CCI, Praça, futebol, pescaria, rio (Arco Íris)
Baile, festas, clube, pesqueiro (Tupã)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Arco Íris 17 28,33
X Tupã 3 5,00
Tupã/Arco Íris 1 1,67
Adamantina/Arco Íris 1 1,67
Osvaldo Cruz 1 1,67
Não utiliza 37 61,67
Tupã (ensino médio particular e faculdade)
Adamantina (faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 7
Arco-Íris Assistência social - 2010
Utiliza ou já utilizou assistência social do município?
SIM
N. % NÃO N. % Não respondeu
N. %
33 55,00 26 43,33 1 1,67
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
13
Tabela 8 Arco-Íris
O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente
SIM N. % NÃO N. %
7 11,67 53 83,33
Motivo Frequência %
Passeio 2 28,57
Médico 2 28,57
Trabalho 2 28,57
Presidio 1 14,28
Relação com Marília
SIM N. % NÃO N. %
51 85,00 91 15,00
MOTIVOS
Motivo Frequência %
Saúde 37 72,55
Lazer 5 9,80
Compras 1 1,96
Saúde/compras 1 1,96
Saúde/lazer 1 1,96
Saúde/lazer/compras 1 1,96
Trabalho 1 1,96
Relação com São Paulo
SIM N. % NÃO N. %
17 28,33 43 71,67
MOTIVOS
Motivo Frequência %
Passeio 10 58,82
Moradia 5 29,41
Trabalho 3 17,65
Compras 1 5,88
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
14
Tabela 9 Arco-Íris
Relações interurbanas com Tupã – 2010 Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 6 10,00
2 vezes na semana 6 10,00
3 vezes na semana 5 8,33
4 vezes na semana -- --
5 vezes na semana -- --
6 vezes na semana -- --
7 vezes na semana -- --
Raramente -- --
Sempre 5 8,33
Quando necessita 38 63,33
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 5 Arco-Íris Tempo de residência em anos dos entrevistados – 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
15
Quadro 4 Arco-Íris
Local de origem dos entrevistados - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Mariápolis?
Origem Motivo
Minas Gerais Paraná Bahia Sítio da região São Paulo (capital) Alagoas Tupã (SP) Pernambuco Borá (SP) Braúna (SP) Pompéia (SP) São José do Rio Preto (SP) Queiroz (SP) Garça (SP) Jaú (SP) Campinas (SP) Mato Grosso Mato Grosso do Sul Rinópolis (SP)
Família Lavoura não dava mais Trabalhar nas fazendas de café Casamento Doença Pai e mãe vieram Sossego Trabalho Concurso do filho
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 10 Arco-Íris
O entrevistado e a cidade - 2010
Você gosta de morar em Mariápolis?
SIM
N. % NÃO N. %
58 96,67 2 3,33
Justificativa Justificativa
Sossego Pacata Calma e sem violência Calma e tem liberdade Bom para adolescentes, sem drogas e
armas Muito tranquila Boa para criar os filhos Ninguém perturba ninguém Não tem ladrão É calma, não gosto de cidade grande
Porque não tem nada
Acostumou Amigos Muita gente boa Família Vizinho bom Adoro, não quero ir embora nunca
Porque é pequena, confortável e dão recursos
Porque tenho casa própria, mas não gosto muito
É melhor do que o sítio, tem posto de saúde
Boa para morar, mas falta emprego
Porque é o único jeito que tenho Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
16
Quadro 5 Arco-Íris
O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em Arco Íris?
Lazer Médico 24 horas Policiamento Hospital Pronto socorro 24 horas Cultura Médicos de diversas especialidades Rodoviária e ponto de ônibus para se proteger da
chuva
Emprego Tudo, principalmente emprego Fábricas Supermercado bom Emprego para mulheres Emprego para jovens É boa, mas falta emprego
Moradia Tá bom assim Nada Tudo bom
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 6 Arco-Íris
O entrevistado e a cidade – 2010 O que você acha de Arco Íris?
É uma cidade boa, pequena É calma Muito boa Maravilhosa É lugar bom não tem ladrão Sossegada
Deveria ter mais emprego e lazer para os jovens
É uma cidade mais ou menos É muito parada É boa para aposentado e para quem trabalha
na prefeitura
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 7 Arco-Íris O entrevistado e as relações interurbanas com Tupã - 2010
O que você acha de Tupã?
Ótima, tem de tudo Boa, gostaria de morar lá É boa porque é maior Grande, tudo que precisa tem É maior, tem mais opções Muito grande, tem mais lugar para compras Se eu pudesse morar lá. Aí de nós Se não fosse Tupã, não teria Arco Íris Maior é melhor Maior e mais problema É uma cidade melhor que aqui Mais desenvolvida
Boa, comercio Boa, lojas e festas Tem comércio Boa para trabalho Boa para comércio, mas também tem pouco
emprego
Bom para médicos É muito boa, todos são bem atendidos lá Nada Gosto muito Não sabe Eu amo Tupã
Não é muito bom tem muito roubo e o lugar pequeno é melhor que o grande
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
17
Tabela 11 Arco-Íris
O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?
SIM N. % NÃO N. %
15 25,00 45 75,00
Qual cidade Motivos
Tupã (SP) Birigui (SP) Jaú (SP) Campo Grande (MS) Clementina (SP) São José do Rio Preto
(SP)
Mais emprego Mais opção Cidade natal
Bem longe daqui
Uma cidade com mais emprego
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 8
Arco-Íris Concepção de cidade dos entrevistados – 2010
Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Igual a Tupã, Marília Grande, bastante carro Imagino ser grande Cidade grande São Paulo, Bauru, Marília Grande, onde as coisas
são longe
Hospital e médicos bons Lazer Lazer, hospital, vizinhos Atende as necessidades
(médico, escola, supermercado)
Violência Reunião de tudo Tem de tudo Melhor para viver oportunidade
Grupo de pessoas Povoamento Pessoas, prédios e
empresas e movimento
Bastante emprego Progresso, indústria,
emprego, lazer Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
18
Tabela 12 Arco-Íris
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Arco Íris pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
35 58,33 25 41,67
Justificativa do Sim Justificativa do não
Quando era distrito era ruim agora melhorou
Em vista do que era antigamente hoje é
É um distrito É um patrimônio Parece um sitio, muito pequena para
ser cidade É um patrimônio, não tem nada, tudo
caro É um município
Cidadezinha Pequena, mas é cidade Pelo tamanho não, mas tem esgoto,
creche aí pode ser cidade
É cidade, tem esgoto, correio e banco Pequena, mas é, tem de tudo Não tem de tudo, mas é cidade
Não é não é muito meia boca Ainda não, tudo vai para Tupã Não tem nada Não tem nada ainda pode ser que um
dia vire cidade Não tem estrutura Falta muito para ser cidade, mas já
melhorou
Agora está aumentando um pouco, mas precisa muito emprego. Não é fácil pegar serviço aqui. Precisa trazer firmas para as mulheres
Muito pequena Meio parada Muito pequena para ser cidade
Cidade pequena, parece um sítio Pequena, mas parece uma fazenda
grande
Cidade é Tupã. Aqui eles exploram a gente
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 6 Flora Rica Idade dos entrevistados – 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
19
Gráfico 7 Flora Rica
Sexo dos entrevistados – 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 13 Flora Rica
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
20 26,31 32 42,10 24 31,58
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Funcionário público 8 40,00 Revendedora natura 1 5,00
Cortador de cana-de-açúcar
3 15,00 Lavrador 1 5,00
Empregada doméstica 3 15,00 Não informou 2 10,00
Cabelereira 2 10,00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
20
Tabela 14 Flora Rica
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
24 31,58 52 68,42
Profissão
Profissão Frequência % Entre-safra Frequência %
Cortador de cana-de-açúcar 18 75,00 Direto 10 41,67
Administrador de fazenda 2 8,33 Bico 7 29,17
Auxiliar de destilaria (usina
e/ou destilaria de açúcar e
álcool)
1 4,17 Fica parado 5 20,83
Barraqueiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,17 Não informou 2 8,33
Tratorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,17
Motorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,17
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 9 Flora Rica
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Um trabalho muito difícil e penoso É muito sofrido É difícil e muito pesado Cansativo, escravo só trabalha por
necessidade É um serviço ruim É bravo Por ser muito pesado desgasta muito É difícil, admiro quem corta cana-de-
açúcar porque é desgastante Sofrido O corte é muito sofrido, mas as outras
profissões são boas
É bom não é ruim não É bom Ótimo, porque se não fosse a cana-de-
açúcar o que seria de mim
É o pão de cada dia É o único emprego que tem
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
21
Quadro 10 Flora Rica
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Foi bom, se não fosse a cana-de-açúcar muita gente passaria fome
É a única coisa que tem Não temos outro serviço só cana-de-
açúcar e usinas Só temos emprego na prefeitura e na
cana-de-açúcar É emprego para o povo, se não fosse a
cana-de-açúcar teríamos que sair trabalhar fora
Se não fosse a cana-de-açúcar não teríamos mais nada
O emprego que tem aqui é somente esse
Não temos opção na cidade é somente a cana-de-açúcar
Para quem não tinha emprego a entrada da cana-de-açúcar foi bom
Se não fosse a cana-de-açúcar, Flora Rica não existiria mais
Cana-de-açúcar é nosso sustento Favorece muito o município, se não
fosse isso estaria muito ruim, pois só temos a prefeitura e um comércio fraco
Só tem as usinas e coitados e nós se não fossem elas
Cruel, a cana-de-açúcar está matando nosso povo, aumentando as filas nos postos de saúde e acabou com a agricultura
Lado bom é o emprego, mas o lado ruim supera, pois somente estão plantando cana-de-açúcar e não existe mais lavoura branca. Deveria ser repartido o tanto que vai de cada plantação porque não vamos ter mais alimentos para comer
Somente ter cana-de-açúcar no campo não desenvolve de forma abrangente, além disso na cana somente trabalha homens sendo que nas outras lavouras todos podiam trabalhar
A maioria da população depende da cana-de-açúcar, no entanto está entrando as máquinas e teremos mais desemprego na região
Fonte de emprego que vai acabar A cana-de-açúcar não dá emprego para as
mulheres Acabou com as lavouras, pecuária. Só tem
álcool e açúcar
Mudou para melhor, mais emprego Mais emprego Geração de renda Na questão do emprego e renda melhorou
muito, mas quem trabalha no setor precisará se especializar devido à entrada das máquinas
A solução da nossa cidade
Muita sujeira, fuligem e poluição Deveria eliminar as queimadas e diminuir a
quantidade de veneno que é utilizado, pois acaba com tudo
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 11
Flora Rica A cidade e o agronegócio - 2010
O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-açúcar?
Tira nossas oportunidades com certeza Não vem, mas acho que são tranqueiras
Se viesse seria bom para aumentar a cidade
Não deve incomodar tem serviço para todo mundo
Não atrapalha cada uma tem seu modo de vida
Não sabe Não veem para Flora Rica Aqui não tem vindo, mas em Emilianópolis
tem bastante Eles não ficam aqui porque não acham
casa
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
22
Gráfico 8
Flora Rica Renda familiar dos entrevistados – 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 9 Flora Rica Situação do imóvel – 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 15
Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Meio de locomoção para Dracena e Presidente Prudente - 2010 Principais meios de locomoção utilizados pela população
Meio locomoção N. %
Transporte Coletivo 39 51,32
Condução Própria 15 19,74
Condução Própria/Transporte coletivo 6 7,89
Transporte Coletivo / Carona 8 10,53
Carona 3 3,94
Condução Própria / Carona 5 6,58
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
23
Tabela 16 Flora Rica
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Dracena e Presidente Prudente - 2010
Suficiência do transporte coletivo
SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE
N. %
56 73,68 12 15,79 8 10,53
Justificativa do sim Justificativa do não
Conhecimento com o motorista e cobrador
Tem horários de sábado e domingo
Poucos horários muita lotação Falta respeito com os idosos
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 17
Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010
Existência de pavimentação?
SIM N. % NÃO N. %
75 98,68 1 1,32
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
24
Tabela 18
Flora Rica A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Junqueirópolis 27 35,53
Junqueirópolis/Dracena 25 32,89
Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 10 13,16
Dracena 4 5,26
Dracena/Presidente Prudente 6 7,89
Junqueirópolis/Presidente Prudente 3 3,94
Dracena/Adamantina 1 1,32
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X Flora Rica 76 100
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Dracena 18 23,68
X Junqueirópolis/Dracena/P. Prudente 6 7,89
Dracena/P. Prudente 16 21,05
Junqueirópolis/Dracena 10 13,16
Presidente Prudente 5 6,58
Junqueirópolis 9 11,84
Marília 1 1,32
Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32
Dracena/Junqueirópolis/Adamantina 2 2,63
Não utiliza 8 10,53
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 56 73,68
X Flora Rica/Dracena 4 5,26
Junqueirópolis/Presidente Prudente 1 1,32
Irapuru/Flora Rica 1 1,32
Dracena 3 3,94
Irapuru 4 5,26
Não utiliza 7 9,21
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 1o 13,16
X Não utiliza 83 83,00
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 73 96,05
X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32
Não utiliza 2 2,63
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Dracena 2 2,63
X Flora Rica/Presidente Prudente 1 1,32
Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32
Flora Rica 8 10,53
Irapuru 32 42,1
Irapuru/Pacaembu 7 9,21
Irapuru/Pacaembu/Dracena 4 5,26
Pacaembu 10 13,16
Inúbia Pta/Adamantina 4 5,26
Presidente Prudente 2 2,63
Dracena/Junqueirópolis 3 3,94
25
Emilianópolis 1 1,32
Irapuru/Mascate 1 1,32
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Irapuru/Dracena 14 18,42
X Presidente Prudente 5 6,58
Irapuru 30 39,48
Dracena 2 2,63
Pacaembu 3 3,94
Irapuru/Pacaembu/Dracena 1 1,32
Flora Rica 3 3,94
Dracena/Adamantina/Pacaembu 1 1,32
Irapuru/P. Prudente/Adamantina 1 1,32
Dracena/Junqueirópolis 2 2,63
Irapuru/Dracena/Presidente Prudente 5 6,58
Dracena/Presidente Prudente 4 5,26
Junqueirópolis/Flora Rica 1 1,32
Irapuru/Flora Rica 1 1,32
Mascate/Dracena 1 1,32
Outros 1 1,32
Não utiliza 1 1,32
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 11 14,48
X Região 9 11,84
Irapuru/Dracena 1 1,32
Presidente Prudente 1 1,32
Não utiliza 54 71,05
Pescaria e zona rural (Região) Atividades da Terceira Idade
(Flora Rica) Shopping (P.Prudente)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Flora Rica 30 39,48
X Adamantina 2 2,63
Adamantina/Flora Rica 2 2,63
Flórida Paulista 1 1,32
Lucélia 2 2,63
Não utiliza 39 51,32
← Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)
← Lucélia (Faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 19
Flora Rica Assistência social - 2010
Utiliza ou já utilizou assistência social do município?
SIM
N. % NÃO N. %
47 61,84 29 38,16
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
26
Tabela 20 Flora Rica
O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente
SIM N. % NÃO N. %
68 89,47 8 10,53
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Saúde 27 39,7 Saúde/passeio 10 14,71
Passeio 15 22,06 Saúde/compras 13 19,12
Compras 3 4,41
Relação com Marília
SIM N. % NÃO N. %
26 34,21 50 65,79
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Saúde 15 57,7 Saúde/passeio 2 7,69
Passeio 7 26,92 Outros 2 7,69
Relação com São Paulo
SIM N. % NÃO N. %
30 39,47 46 60,53
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Passeio 21 70 Saúde 6 20
Moradia 3 10
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 21
Flora Rica Relação interurbana com Dracena - 2010
Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 5 6,58
2 vezes na semana 10 13,16
3 vezes na semana 4 5,26
4 vezes na semana 1 1,32
Raramente 8 10,53
Sempre 3 3,94
Quando necessita 45 59,21
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
27
Gráfico 10 Flora Rica
Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 12 Flora Rica
Local de origem - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Flora Rica?
Origem Motivo
Minas Gerais Pernambuco Bahia Alagoas Paraíba Sítio da região Adamantina (SP) Tarabaí (SP) Santa Cruz do Rio Pardo (SP) Presidente Epitácio (SP) São Paulo (SP) Mirandópolis (SP) Emilianópolis (SP) Santos (SP) Pacaembu (SP) Irapuru (SP) Norte do Brasil
Trabalhar usina/destilaria Família Emprego Cansou de morar em São Paulo (SP) Casamento Não respondeu
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
28
Tabela 22 Flora Rica
O entrevistado e a cidade - 2010
Você gosta de morar em Flora Rica?
SIM
N. % NÃO N. %
68 89,47 8 10,53
Justificativa Justificativa
Muito boa Calma Sossego Adora muito Tranquilidade Não tem violência É bastante quieto
Muito parada
Se adaptou e acostumou ao lugar Amizades Construiu a vida na cidade Família toda mora na cidade
Falta tudo Não tem emprego
Não sabe
Sem motivo
Sem motivo
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 13 Flora Rica
O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em Flora Rica?
3. Esporte, lazer, educação e saúde 4. Conservação do asfalto 5. Mais médicos e médico 24 horas 6. Lazer e emprego para os jovens 7. Lazer para crianças e jovens 8. Escola 9. Mais horários de ônibus 10. Policiamento 11. Conservar a cidade 12. Terminar a piscina pública 13. Esporte 14. Limpeza pública
Mais comércio, mais emprego e mais lazer Emprego para os jovens Indústrias Emprego Mais supermercado e comércio forte Emprego para as pessoas não irem embora Emprego para tirar da cana-de-açúcar Farmácia Emprego para mulher
Assistência social para população Mais casas populares Ensino profissionalizante População depende muito da assistência social,
diminuir isso
Faltam muitas coisas Falta tudo e um pouco mais Não sabe Não falta nada Construir outra cidade
Melhorar administração há mais de 20 anos parada
Vereadores acomodados
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
29
Quadro 14 Flora Rica
O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Flora Rica?
Boa Calma, sossegada, tranquila Limpa Não tem lugar melhor para morar do que
Flora Rica População é toda unida Gosta da cidade, pois todos são amigos um
ajuda o outro Cidade pequena mais é boa Não é ruim Organizada Solidária Bem administrada
As pessoas são legais, mais não gosta da cidade
Boa, mais falta uma administração mais competente
Boa, mais não tem emprego É preciso aumentar fazer benfeitorias É pacata precisa de desenvolvimento Agora acabou, mas já foi muito melhor Cidade muito fora de mão Não dá para fazer futuro tem de ir para fora Melhorar população É fraca Muito tranquila É preciso “limpar” a cidade É lugar para Aposentado Aqui não tem nada para tudo tem de sair,
buscar fora
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 15 Flora Rica O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena – 2010
O que você acha de Dracena?
Tem bons hospitais Tem opção de escolhas Boa para médicos e exames Tem mais festas Razoável, mas tem mercados Boa, comércio e mercados Boa, conforto, tudo que precisa As mercadorias são mais baratas Boa para alugar casa Conforto tem bancos Mais empregos, faculdade, hospital
Tem emprego Bom para emprego Muita opção de emprego e lazer
Ótima é grande Boa, grande Boa, é mais movimentada Melhor cidade da região
Boa Chique Não sabe Organizada
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
30
Tabela 23 Flora Rica
O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?
SIM N. % NÃO N. %
27 35,53 49 64,47
Qual cidade Motivos
Presidente Prudente (SP) Três lagoas (MS) São Paulo (SP) Dracena (SP) Americana (SP) Santa Rita do pardo (MS) Santos (SP) Bahia Junqueirópolis (SP) Indaiatuba (SP) Mato Grosso Adamantina (SP)
Mais opção de emprego Mais eventos culturais acesso a
projetos e oficinas culturais Trabalhar em refinarias Para melhorar de vida Família Cidade maior
Cidade maior
Qualquer uma menos Flora Rica
Área rural
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 16 Flora Rica Concepção de cidade dos entrevistados - 2010
Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Cidade maior, grande Onde tenha de tudo Maior que essa Melhor que Flora Rica Com mais mercados Grande movimentação Que seja grande mais sem
violência São Paulo, grande e agitada Toda estrutura para não
precisar sair do seu lugar Rio de Janeiro
Saúde, comércio, prefeito, população
Tenha lazer e supermercados Bastante comércio Lugar que tenha conforto,
médicos e escolas
Segurança Opção de vida Oportunidades Coisa boa Calma e tranquilidade Onde se encontra tudo de
bom e ruim
Que tenha emprego e tudo mais, mas que não seja grande e não tenha violência
Flora Rica já é cidade boa Onde tem muita violência Boa adminstração
Comunidade Tenha muitos habitantes População maior Grupo de pessoas Local de convivência com
outras pessoas
Emprego Indústrias Bancos progresso
Desenvolvimento Muito bem cuidada e o
povo seja respeitado
Moradia Prédios Calçadão
Lugar para viver bem, pois o sítio não dá mais
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
31
Tabela 24 Flora Rica
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Flora Rica pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
42 55,26 34 44,74
Justificativa do Sim Justificativa do não
Tem prefeito Município é cidade
Não chega a ser cidade é um distrito É uma fazenda Uma vila muito pequena Patrimônio igual ao sítio É um município Comunidade rural
É uma cidade pacata mais é É uma cidade, mas é pequena Tranquila e pequena
Poucos habitantes Muito parada não tem futuro
É uma cidade, mas precisa melhorar muito
Uma cidadezinha mais ou menos É, mas está incompleta faltam muitas
coisas É uma cidade sem nada
Está se acabando o povo está indo embora
Se melhorar sim, desta forma, não Está muito acabada, desta forma, vai
virar distrito
É boa para morar todos se conhecem Sim porque gosto dela
Só tem nome de cidade Falta muita coisa para ser cidade Não, porque o pastor mora fora, padre
mora fora, delegado não mora aqui, médico e assistente social vem de fora e até o prefeito anterior morava em Presidente Prudente.
É muito pequena não mereceria ter prefeito
É muito pequena não temos as coisas que precisamos
Muito pequena e não tem emprego Muito pequena
É uma vila. Quando fala que vai para cidade vai para Junqueirópolis ou Dracena e ainda vem um ônibus para comprar no supermercado de Pacaembu porque aqui não tem
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 11
Inúbia Paulista Idade dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
32
Gráfico 12 Inúbia Paulista
Sexo dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 25
Inúbia Paulista
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
36 42,35 36 42,35 13 15,29
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Diarista (faxineira) 1 2,78 Funcionário Público (prefeitura)
2 5,55
Costureira 1 2,78 Serviço gerais (usina e destilaria de açúcar e álcool)
1 2,78
Empregada doméstica
5 13,89 Bóia-fria 1 2,78
Cortador de cana-de-açúcar
3 8,33 Produtor rural 1 2,78
Servente de escola 2 5,55 Auxiliar de montador de móveis
1 2,78
Cabeleireira 1 2,78 Encarregado (usina e destilaria de açúcar e álcool)
1 2,78
Recenseador 1 2,78 Analista laboratório (usina e destilaria de açúcar e álcool)
1 2,78
Taxista 1 2,78 Tratorista (usina e destilaria de açúcar e álcool
2 5,55
Cozinheira 1 2,78 Pedreiro 1 2,78
Repositor (supermercado)
1 2,78 Auxiliar de enfermagem
1 2,78
Operador de caixa (supermercado)
1 2,78 Auxiliar educacional de escola infantil
1 2,78
Professora 1 2,78 Não informou 4 11,11
Fonte: Trabalho de campo, 2010
33
Tabela 26 Inúbia Paulista
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
33 38,82 52 61,18
Profissão
Profissão Frequência
%
Entre-safra Frequência
%
Cortador de cana-de-açúcar 23 69,70 Bico 18 54,54
Braçal em fazenda 1 3,03 -- 5 15,15
Motorista (usina e destilaria
de açúcar e álcool)
2 6,06 Direto 10 30,3
Tratorista em fazenda 1 3,03
Produtor rural 1 3,03
Bóia-fria 2 6,06
Pecuarista 1 3,03
Encarregado (usina e
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,03
Tratorista (usina e destilaria
de açúcar e álcool)
1 3,03
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 17 Inúbia Paulista A cidade e o agronegócio – 2010
O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Para cortador é muito cansativo, acaba com as pessoas
Muito sofrido, sol muito quente, poeira ← Desumano Duro, mais é a salvação dos pobres Ruim, mais é a única coisa que tem Difícil; pesado Muito serviço para pouco ganho Muito forçado, cansativo, mas permite
sobreviver Difícil, judia da pessoa Sofrimento, mas dá emprego para a
cidade. Não temos comércio, as únicas coisas são a cooperativa e a cana-de-açúcar
O povo da cidade não tem estudo o único emprego é a cana-de-açúcar
O trabalho por produção é muito difícil, a pessoa tem que ser máquina, mas é o único meio de vida
Perigoso Não tem outro Única fonte de renda para os pobres É um serviço de escravo
Bom Melhor serviço que tem é na cana-de-
açúcar ← Bom, ganha bem Bom pelo emprego, mas é muito pesado Bom, para quem não tem outro emprego Bom para ganhar dinheiro, mas o trabalho
é ruim
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
34
Quadro 18 Inúbia Paulista
A cidade e o agronegócio – 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Única fonte de renda da cidade e dos pobres
Melhorou a cidade, sendo a única opção de emprego
← Muito emprego, mais movimento Crescimento da cidade, mais poder de
compra Ajuda muito as pessoas É o único meio de vida, mas as
máquinas estão tirando os empregos Pelo emprego é bom para o povo Pela renda é bom, mas tira outras
opções Se não fosse a cana-de-açúcar seria
muito pior, passaríamos fome Se não fosse a cana-de-açúcar
estávamos bebendo pinga e comendo farinha
É a sorte do povo para trabalhar Ruim, passa ter somente emprego na
cana-de-açúcar não diversifica
Muita sujeira Muitas queimadas ← Devido das queimadas temos muita falta
de ar Para o meio ambiente é ruim Muito ruim, queimada causa doenças
Depois da cana-de-açúcar piorou muito as coisas, acabou com todas as lavouras, com o gado. Quando morávamos no sítio era muito melhor, tínhamos fartura e hoje é tudo comprado
Tinha mais lavouras agora é só cana-de-açúcar e isso é ruim
Ruim, tirou a lavoura Ruim, só se vê cana-de-açúcar
Progresso
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 19 Inúbia Paulista
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-
açúcar?
A gente não conhece mais quem é quem
Aumento da população piorou a cidade ← Aumento da população Muita gente diferente
Mesma coisa Não muda nada ← Inúbia Paulista ainda não mudou muita
coisa Não atrapalha Gosta do convívio Vem em busca de trabalho não toma frente
de ninguém Não faz nada para ninguém Muita mudança, mas não trouxe problemas Mistura de pessoas é melhor Não incomoda Cada um tem seu modo de vida, mas eles
vem em busca de emprego que lá não tem Não mudou nada para a cidade as brigas
são entre eles
Nos sorteios de casas populares eles pegam tudo e as pessoas da cidade não pega nada
Não deveria vir, eles tomam serviço do pessoal da cidade
Acaba com a cidade, os recursos vão tudo para eles
Diminuiu nossos empregos Tira nossas oportunidades, emprego
Dinamiza o comércio Mais renda, mais movimento para a cidade
Não sabe Não sabe, não tem muito contato
Aumento valor dos alugueis Aumento da procura por casas
Aumento da criminalidade, brigas Vinha muita gente para cá, mas depois
que teve morte parou Não tem briga, cada um na dele Bastante encrenca, mas tem alguns
bons
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
35
Gráfico 13 Inúbia Paulista
Renda familiar dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 14 Inúbia Paulista
Situação do imóvel - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 27
Inúbia Paulista A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Meio de locomoção para Adamantina e Osvaldo Cruz - 2010 Principais meios de locomoção utilizados pela população
Meio locomoção N. %
Condução Própria 10 11,76
Transporte Coletivo 50 58,82
Transporte Coletivo / Carona 5 5,88
Transporte Coletivo / Condução
Própria
13 15,29
Carona 7 8,23
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
36
Tabela 28 Inúbia Paulista
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Adamantina e Osvaldo Cruz – 2010
Suficiência do transporte coletivo
SIM N. % NÃO N. %
49 57,65 24 28,23
REGULAR N. % NÃO SABE N. %
3 3,53 9 10,59
Justificativa do sim Justificativa do não e regular
Bons horários Bom Bom, mais faltam horários
Falta horários Ônibus velhos com mais de 20 anos Lotação, sempre muito cheio Ruim, péssimo, não tem conforto, não tem
concorrência Má conservação, quebrados Chove dentro Poucas vagas para aposentados Valor elevado da passagem
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 29 Inúbia Paulista
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010
Existência de pavimentação?
SIM N. % NÃO N. %
79 92,94 6 7,06
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
37
Tabela30 Inúbia Paulista
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo – 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência
na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Adamantina 75 88,23
Adamantina/Osvaldo Cruz 4 4,7
Osvaldo Cruz 3 3,53
Adamantina/Marília 1 1,18
Adamantina/Osvaldo Cruz/Marília 1 1,18
Marília 1 1,18
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista 85 100
X
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Osvaldo Cruz 23 27,06
X Adamantina 20 23,53
Adamantina/Osvaldo Cruz 17 20
Marília 2 2,35
Lucélia 2 2,35
Osvaldo Cruz/Londrina 1 1,18
Rinópolis 1 1,18
Presidente Prudente 1 1,18
Tupã 1 1,18
Adamantina/Osvaldo Cruz/Tupã 1 1,18
Não utiliza 15 17,65
Não informou 1 1,18
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista 44 51,76
X Osvaldo Cruz 20 23,53
Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 5 5,88
Inúbia Paulista/Adamantina 2 2,35
Lucélia 1 1,18
Adamantina 1 1,18
Adamantina/Osvaldo Cruz 1 1,18
Não utiliza 11 12,94
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista 6 7,06
X Não utiliza 79 92,94
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista 78 91,76
X Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 1 1,18
Inúbia Paulista/Parapuã 1 1,18
Não utiliza 5 5,88
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista 83 97,65
X Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 1 1,18
Inúbia Paulista/Lucélia 1 1,18
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz 27 31,76
X Osvaldo Cruz 21 24,7
Inúbia Paulista 13 15,29
Adamantina/Osvaldo Cruz 9 10,59
Inúbia Paulista/Osvaldo Cruz/Adamantina/Lucélia
4 4,71
38
Lucélia 3 3,53
Adamantina 3 3,53
Presidente Prudente/Adamantina/Osvaldo Cruz
2 2,35
Mascate/Osvaldo Cruz 1 1,18
Não compra/Ganha 1 1,18
Não informou 1 1,18
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista 14 16,47
X Adamantina 4 4,71
Lucélia 2 2,35
Lucélia/Osvaldo Cruz 2 2,35
Osvaldo Cruz 2 2,35
Adamantina/Osvaldo Cruz 1 1,18
Não informou 1 1,18
Não utiliza 59 69,41
15. Pesqueiro (Lucélia) 16. Praça, rua , Futebol, Baile,
Ginástica terceira idade, esporte adaptado terceira idade, Igreja, Sítio (Inúbia Paulista)
17. Clube, Parquinho infantil, festa, (Osvaldo Cruz)
18. Festa (Adamantina)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Inúbia Paulista 38 44,7
X Osvaldo Cruz 2 2,35
Adamantina 1 1,18
Lucélia 1 1,18
Não utiliza 43 50,59
Adamantina (Faculdade) Osvaldo Cruz (Faculdade) Lucélia (Faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 31
Inúbia Paulista Assistência social - 2010
Utiliza ou já utilizou assistência social do município?
SIM
N. % NÃO N. %
45 52,94 40 47,06
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
39
Tabela 32 Inúbia Paulista
O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente
SIM Nº % NÃO Nº %
55 64,71 30 35,29
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Compras 17 30,91 Compras -saúde 2 3,64
Passeio 16 29,09 Trabalho 1 1,82
Saúde 13 23,64 Passeio - saúde 1 1,82
Passeio - compras 5 9,09
Relação com Marília
SIM Nº % NÃO Nº %
63 74,12 22 25,88
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Saúde 51 80,95 Passei - saúde 5 7,94
Passeio 6 9,52 Trabalho 1 1,59
Relação com São Paulo
SIM Nº % NÃO Nº %
31 36,47 54 63,53
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Passeio 22 70,97 Passeio - saúde 1 3,22
Moradia 3 9,68 Saúde 1 3,22
Trabalho 2 6,45 Não informou 1 3,22
Aeroporto 1 3,22
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 33
Inúbia Paulista Relação interurbana com Adamantina e Osvaldo Cruz - 2010
Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 10 11,76
2 vezes na semana 6 7,06
3 vezes na semana 5 5,88
4 vezes na semana -- --
5 vezes na semana 1 1,18
6 vezes na semana 2 2,35
7 vezes na semana 3 3,53
Raramente 11 12,94
Sempre 3 3,53
Quando necessita 44 51,76
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
40
Gráfico 15 Inúbia Paulista
Tempo de residência em anos dos entrevistados – 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 20 Inúbia Paulista
Local de origem – 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Inúbia Paulista?
Origem Motivo
Sítio na região Marília (SP) Parapuã (SP) Indiana (SP) Lucélia (SP) Paraná Salmourão (SP) Pernambuco Florida Paulista (SP) Garça (SP) São Paulo (SP) Osvaldo Cruz (SP) Rio de Janeiro Junqueirópolis (SP) Sorocabana (SP) Jaú (SP) Minas Gerais Olímpia (SP) Mato Grosso Pacaembu (SP) Maranhão Sergipe Bahia
Aracaju Bilac (SP)
Acabou o café Não dava mais para plantar Acabou lavoura Falecimento esposo Procura de emprego Casamento Cidade mais facilidade que o sítio Família Procura de sossego Trabalho
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
41
Tabela 34 Inúbia Paulista
O entrevistado e a cidade - 2010
Você gosta de morar em Inúbia Paulista?
SIM
N. % Razoável N. % NÃO N. %
69 81,18 1 1,18 15 17,65
Justificativa Justificativa
Paz Calma Tranquilidade Sossego
Cidade abençoada Sem barulho da cidade grande Boa de morar Mais liberdade
Falta opção de acesso aos equipamentos e serviços urbanos
Falta de lazer, lanchonetes, restaurantes
Falta de bancos, médicos Não tem nada
Não falta trabalho Falta de emprego Falta trabalho para jovens e mulheres Falta opção de emprego
Não tem violência Não tem bandido Sem assaltos Sem brigas Não tem vagabundo
Muito tranquilo Não tem o que fazer Não tem movimento Necessidade constante de
deslocamento
Conhece todo mundo Amizades
Não sabe
Comodismo
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 21
Inúbia Paulista O entrevistado e a cidade -2010
Quais as melhorias que faltam em Inúbia Paulista?
Lazer (festas, cinema, diversão para jovens, piscina pública, parque infantil, atividade para idosos)
Saúde (especialistas, atendimento 24 horas, maior quantidade de médicos)
Asfalto Tudo bom, tem ambulância, farmácia, dentista
Mais fábricas, comércio e indústrias Mais concorrência no comércio, não somente
cooperativa Emprego (mais opção, emprego para jovens,
emprego para mulheres, ) Bancos Desenvolvimento da cidade, sem ser a
cooperativa Emprego, sem ser na cana-de-açúcar
Conservação da cidade Voltar prefeito anterior Menos impostos
Casas populares Maior atuação assistência social Remédio
Melhorar sistema tratamento de esgoto Ta bom assim, se fosse cidade grande não estaria aqui
Não tem nada Falta de tudo um pouquinho Não falta nada Tudo bom Muitas coisas Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
42
Quadro 22 Inúbia Paulista
O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Inúbia Paulista?
Cidade para aposentado Muito boa, só falta emprego Muita fofoca Só tem lei para alguns, para outros não Cooperativa, não deixa crescer mais nada Só cooperativa domina a cidade Cidade parece abandonada
Muito boa, sossegada, aconchegante Cidade boa de morar Bem administrada Tem de tudo por causa da cooperativa
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 23 Inúbia Paulista O entrevistado e as relações interurbanas - 2010
O que você acha de Osvaldo Cruz?
Bons médicos
Boa, tem clubes, lanchonetes Tem, rodoviária para comprar passagem Tem hospital Mais facilidade de acesso Tem faculdade Mais lazer
Comércio muito bom
Variedade de lojas Várias agências bancárias Mais opção de compra Tem indústrias Mais empregos
Muito boa, é grande Muito desenvolvida Tudo fazemos em Osvaldo Cruz dependemos de
lá É maior, tem trabalho, comércio, mais opção de
lazer Boa, comparando com Inúbia Paulista lá tem
mais emprego, atendimento médico 24 horas e mais lazer
Para morar é ruim Mais movimento, ótima Maior que Inúbia Paulista, bom Cidade grande, mais conforto
Mais oportunidade Muito violenta Cidade regular Perfeita para tudo Tem de tudo Não respondeu Mais opção
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
43
Tabela 35 Inúbia Paulista
O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?
SIM N. % NÃO N. %
37 43,53 48 56,47
Qual cidade Motivos
Adamantina (SP) Osvaldo Cruz (SP) Salmourão (SP) Presidente Prudente (SP) Paraná São J. do Rio Preto (SP) Marília (SP) Indaiatuba (SP) Ribeirão Preto (SP) Curitiba (PR) Rinópolis (S) Sagres (SP)
Comércio Falta de cinema Opção de emprego Família Ter de tudo, lazer, médicos,
oportunidades
Uma cidade com mais oportunidade de emprego
Uma cidade maior
Cidade grande
Uma cidade que ofereça maior oportunidade de estudo
Uma cidade com mais oportunidade para viver
Sítio
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 24
Inúbia Paulista Concepção de cidade dos entrevistados - 2010
Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Rua Tem que ter hostital, boas
escolas Médico Lazer Faculdade Lojas, mercados,
farmácias Limpeza Infra-estrutura Boa estrutura na saúde Escolas Posto de Gasolina Cinema Comércio no geral
Opção de vida Tranquila, que não tenha
roubos, violência Recursos Lugar de oportunidade Várias opções Melhoria de vida Facilidade Tudo perto Sossego Segurança Melhor condição de vida Misturas Barulho
Lugar bem grande Uma cidade grande Campinas, São Paulo Tem que ser como
Adamantina, Osvaldo Cruz, Tupã, ter de tudo
Para ser cidade é de Adamantina para cima
Igual Inúbia Paulista, tem moradores, farmácia, e mercado
Organização boa Prefeito
Emprego Indústria
Diferente de sítio tem prédios, indústrias
População Pessoas reunidas Muito movimento Aglomeração de casas,
comércio, fábrica e pessoas
Movimento de carros Vizinhos Comunidade
Ambiente urbano Mais desenvolvida, que não
precisássemos sair para fora constantemente
Zona urbana
Casas Prédios Lugar de morar
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
44
Tabela 36 Inúbia Paulista
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Inúbia Paulista pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
57 67,06 28 32,94
Justificativa do Sim Justificativa do não
Parada mas é Tem de tudo
Para ser de verdade teria que ser maior É muito pequena para ser cidade
As pessoas moram juntas Como moro nela acho que sim Pela quantidade de habitantes
Tem que sair para fazer tudo Falta muita coisa Falta bastante para acontecer Cidade mesmo, ainda não Cidade não precisa ficar deslocando-se
para outros lugares, assim comparando com outras cidades, não é
Cidade pequena, mas é Cidade já cresceu muito Cidadinha
É uma fazenda grande, não uma cidade É um sítio, somente pela cooperativa
dá ar de cidade Patrimônio, depende de tudo Vila, falta tudo É parada como um sítio Vila ou bairro, menos cidade Povoado
Só é cidade pela presença da cooperativa, se não seria uma fazenda
Se não fosse a cooperativa Inúbia Paulista não existiria
De jeito nenhum, parece um bairro das outras cidades
Parece um bairro, só não falam que é pela presença da cooperativa
Não sabe População pequena
Não tem movimento
Meu pai quando vai para Osvaldo Cruz fala que vai para a cidade, então aqui não é cidade
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 16
Mariápolis Idade dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
45
Gráfico 17 Mariápolis
Sexo dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 37
Mariápolis
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
31 31,00 41 41,00 28 28,00
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Faxineira 5 16,13 Operador de máquina (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,22
Cortador de cana-de-açúcar
4 12,90 Supervisor (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,22
Pedreiro 3 9,68 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,22
Funcionário público municipal
3 9,68 Baba 1 3,22
Bico 2 6,45 Professor 1 3,22
Servente (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
2 6,45 Doméstica 1 3,22
Tratorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
2 6,45 Auxiliar enfermagem 1 3,22
Bóia-fria 2 6,45 Vendedor comércio 1 3,22
Fonte: Trabalho de campo, 2010
46
Tabela 38 Mariápolis
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
45 45,00 55 55,00
Profissão
Profissão Frequência
%
Entre-safra Frequência
%
Cortador de cana-de-açúcar 27 60,00 Direto 20 44,44
Boia-fria 3 6,67 Fica parado 5 11,11
Maquinista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 6,67 Bico 4 8,89
Tratorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 6,67 Não informou 16 35,55
Lavrador 2 4,44
Motorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 4,44
Auxiliar de empacotamento
(usina e/ou destilaria de
açúcar e álcool)
1 2,22
Desenvolvimento agrícola
(usina e/ou destilaria de
açúcar e álcool)
1 2,22
Mecânico (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 2,22
Encarregado (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 2,22
Ajudante geral (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 2,22
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
47
Quadro 25 Mariápolis
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Preço da cana de açúcar muito baixo, cansativo demais
Muito pesado, sofrido, mas é o único meio de sobrevivência
Não é bom, mas é um meio de vida Muito pesado, tem que ter força Maltrata muito Corte é muito pesado Terrível Sacrificado Não tem outra saída tem que ir
trabalhar, mas tem de ter saúde Para quem não tem estudo é bom Muito difícil, última opção de emprego Último trabalho do mundo A cinza deixa doente Não é serviço para mulher Não presta, mas, é o único para
sobreviver Paga-se muito pouco pela diária Pesado, dá dor nos braços, costas etc.
Bom, é o único que tem Feliz quem arruma emprego na cana de
açúcar Muito bom é o sustento
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 26 Mariápolis A cidade e o agronegócio - 2010
O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Bom pela pouca opção de emprego Bom pela parte do emprego, pois se
não fosse a cana de açúcar não teríamos outra coisa
Se não fosse ela iríamos passar fome Se não fosse isso Mariápolis tinha
acabado É a única coisa que tem na cidade Dá emprego mais explora muito e paga
pouco Serviço de outra coisa não tem é só
Prefeitura e cana de açúcar Salvação do povo Único serviço do município se não fosse
esse não teria mais ninguém aqui Gera muito emprego se não fosse a
cana de açúcar o povo estava morto A maioria das pessoas da cidade
sobrevive da cana de açúcar Se não fosse a cana de açúcar estaria
pior Sem a cana de açúcar seria nosso fim
Acabou com toda agricultura e ainda está acabando com a oferta de mão de obra
Ninguém planta mais nada nas lavouras, assim a salvação são as usinas
Acabo com as lavouras Ruim, só tem cana de açúcar Antes era café, amendoim etc. agora só
cana de açúcar, é o que tem, temos de achar bom
Muito bom Gera muito emprego para cidade Forte gerador de emprego Ajuda muito Aumento da renda Fundamental para cidade Bom, o sítio está arrendado da usina Bom para o município É a potência do município
As queimadas são ruins Não traz benfeitorias somente sujeira As queimadas são ruins poluição
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
48
Quadro 27 Mariápolis
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-
açúcar?
Pega tudo eu é nosso – casa popular, leite
Não é certo, falta as coisas para nós eles tomam frente de tudo
Eles tomam frente na saúde, nas coisas do governo e em tudo
Os Baianos tomaram conta da cidade Não é bom, tinha que ter um limite no
número de baianos que poderiam ficar na cidade, pois eles pegam todo leite do posto e brigam muito
Não pode julgar, mas exagera o tanto de gente que toma nossos empregos
Desfruta tudo que tem na cidade e vão embora e ainda acabam tendo mais chances que a gente.
Baiano só vem buscar o que tem aqui e vai embora. Deixa mulher grávida, filhos
Tira o emprego das pessoas da cidade Utilizam muito os médicos São sem educação. Querem ser donos
da cidade que não é deles Tem de dar valor para os dá cidade Baiano fica tudo rico e vai embora Baianos utilizam todas as vagas da
creche Não é bom. Eles gastam mais no
scomércio, mas acabam com nossos medicamentos (EX: 16 vagas de consulta no posto 10 são deles)
20% dos que vem são bons o restante só quer se encostar e bagunçar
Tira nossas oportunidades
Ajuda desenvolvimento do comércio, aumentou o número de casas existentes na cidade
Custo de vida mais alto
Aumento movimento na cidade, no valor dos alugueis
Aumentou muito, muito o preço dos alugueis
Aumento da população Mudou muito a cidade Além de aumentar o valor dos alugueis
também diminuiu o número de casas disponíveis para alugar
Piora muito as coisas, principalmente, pelo valor dos alugueis
Para o comércio é muito bom, eles ganham e gastam em Mariápolis
Valorizou muito os imóveis Ficou muito fácil alugar casa Como para os baianos o aluguel é cobrado
por cabeça o valor dos alugueis sobre muito
Causa muita briga Ficam nos bares Não atrapalha, mais sai muitas brigas Incomoda, gera desconfiança e nos
deixa com medo Muita confusão
Acabou o sossego da cidade, não podemos ter confiança como temos no povo da cidade e aumentou o barulho
Desordeiros Já deu assassinato entre eles
Não incomoda Só vieram para trabalhar e vão embora Só vem em busca de emprego Para mim não tem problemas, não vem na
minha casa Vem ganhar o pão
Não mudou nada Eles estão certos Vem ganhar dinheiro não atrapalha Os coitados vêm ganhar o pão É bom, melhora a vida deles Sol brilha para todos A cidade tem que ser aberta para todos Vem tentar a vida para melhor Uns heróis Eles não tem móveis nenhum, vem marido
e mulher para tentar a vida
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
49
Gráfico 18 Mariápolis
Renda familiar dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 19
Mariápolis Situação do imóvel - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 39 Mariápolis
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Meio de locomoção para Adamantina - 2010
Principais meios de locomoção utilizados pela população
Meio locomoção N. %
Transporte Coletivo 55 55,00
Condução Própria 20 20,00
Transporte Coletivo / Condução
Própria
14 14,00
Transporte Coletivo / Carona 7 7,00
Carona 2 2,00
Condução Própria / Carona 2 2,00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
50
Tabela 40 Mariápolis
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Adamantina - 2010
Suficiência do transporte coletivo
SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE
N. %
70 70,00 19 19,00 11 11,00
Justificativa do sim Justificativa do não
Bons horários Bom Único que tem Serve Ajuda Ótimo Bom, mas precisa melhorar
horário Bom, pouco movimento para
colocar mais horários Não sabe
Faltam horários Poucos horários No período da tarde temos
que vir em pé No período da noite não tem
circulação Empresa de ônibus implica
com as caronas Falta lugar nos ônibus Elevado valor da passagem Falta uma rodoviária Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 41
Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura – 2010
Existência de pavimentação?
SIM N. % NÃO N. %
89 89,00 11 11,00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 42 Mariápolis A cidade e os meios de consumo coletivo e individual -
Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência na cida
de
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Adamantina 85 85,00
Adamantina/Marília 7 7,00
Adamantina/Presidente Prudente 2 2,00
Adamantina/Marília/Pte Prudente 1 1,00
Presidente Prudente/Marília 1 1,00
Marília 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Não utiliza 2 2,00
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 95 95,00
X Mariápolis/Adamantina 2 2,00
Não utiliza 3 3,00
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 79 79,00
X Adamantina/Presidente Prudente 5 5,00
Adamantina/Lucélia 2 2,00
51
Adamantina/Marília/Pte Prudente 2 2,00
Presidente Prudente 2 2,00
Adamantina/Tupã 1 1,00
Adamantina/Marília 1 1,00
Adamantina/Dracena/Pte Prudente 1 1,00
Marília 1 1,00
Lucélia 1 1,00
Não utiliza 5 5,00
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 65 65,00
X Adamantina 16 16,00
Adamantina/Mariápolis 4 4,00
Não utiliza 15 15,00
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 17 17,00
X Não utiliza 83 83,00
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 92 92,00
X Adamantina 1 1,00
Não utiliza 7 7,00
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 37 37,00
X Mariápolis 34 34,00
Adamantina/Mariápolis 22 22,00
Adamantina/Inúbia Paulista 3 3,00
Adamantina/Pte Prudente/Mariápolis 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Mariápolis/Inúbia Paulista 1 1,00
Inúbia Paulista 1 1,00
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Adamantina 73 73,00
X Adamantina/Mariápolis 12 12,00
Mariápolis 5 5,00
Presidente Prudente 4 4,00
Adamantina/Presidente Prudente 3 3,00
Adamantina/Inúbia Paulista 1 1,00
Não utiliza 2 2,00
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 29 29,00
X Adamantina 9 9,00
Cidades da região 3 3,00
Panorama 1 1,00
Adamantina/Mariápolis 1 1,00
Presidente Prudente 1 1,00
Não utiliza 56 56,00
Pescaria, igreja, lanchonete, rua e praça (Mariápolis)
Festas e lanchonetes (Adamantina e cidades da região)
Balneário (Panorama)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Mariápolis 39 39,00
X Adamantina 6 6,00
Adamantina/Mariápolis 1 1,00
Londrina 1 1,00
Araçatuba 1 1,00
Não utiliza 52 52,00
Adamantina (Faculdade, técnico e ensino médio particular)
Londrina e Araçatuba (Faculdade)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
52
Tabela 43 Mariápolis
Assistência social - 2010
Utiliza ou já utilizou assistência social do município?
SIM
N. % NÃO N. %
61 61,00 39 39,00
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 44
Mariápolis O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010
Relação com Presidente Prudente
SIM N. % NÃO N. %
79 79,00 21 21,00
Motivo Frequência %
Saúde 31 31,00
Passeio 21 21,00
Compras 10 10,00
Saúde/passeio 10 10,00
Saúde/compras 6 6,00
Não informou 1 1,00
Relação com Marília
SIM N. % NÃO N. %
81 81,00 19 19,00
MOTIVOS
Motivo Frequência %
Saúde 75 75,00
Passeio 5 5,00
Saúde/passeio 1 1,00
Relação com São Paulo
SIM N. % NÃO N. %
44 44,00 56 56,00
MOTIVOS
Motivo Frequência %
Passeio 32 32,00
Moradia 4 4,00
Trabalho 3 3,00
Saúde 3 3,00
Passeio/compras 1 1,00
Passeio/saúde 1 1,00
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
53
Tabela 45 Mariápolis
Relação interurbana com Adamantina - 2010 Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 20 20,00
2 vezes na semana 10 10,00
3 vezes na semana 6 6,00
4 vezes na semana 2 2,00
5 vezes na semana -- --
6 vezes na semana -- --
7 vezes na semana -- --
Raramente 7 7,00
Sempre -- --
Quando necessita 55 55,00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 20 Mariápolis Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
54
Quadro 28 Mariápolis
Local de origem - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Mariápolis?
Origem Motivo
Minas Gerais Paraná Flora Rica (SP) Quintana (SP) Flórida Paulista (SP) Ameliópolis (SP) Adamantina (SP) Caiabú (SP) Osasco (SP) Birigui (SP) Bahia Floresta do Sul (SP) Sítio da região Rio de Janeiro Ceará Lucélia (SP) Pracinha (SP) São Paulo (capital) Araçatuba (SP) Alagoas Paraíba Bauru (SP)
Martinópolis (SP) Valparaíso (SP) Ouro Branco (SP) Tupã (SP) São João do Pau D`Alho (SP) Pernambuco Arco-Íris (SP)
Negócio iludido Trabalhar nas lavouras do município (boia-fria) Família Emprego Emprego público e não tinha muito facilidade
de acesso devido os poucos horários do transporte coletivo
Cidade mais sossegada Procurar melhoria de vida Lavoura não dava mais Pensou que era bom Os pais vieram derrubar mata Vendeu o sítio Parou de tocar lavoura Trabalhar na cana de açúcar Não pode mais trabalhar na roça Casamento Para ter a casa própria
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
55
Tabela 46 Mariápolis
O entrevistado e a cidade - 2010
Você gosta de morar em Mariápolis?
SIM
N. % NÃO N. %
92 92,00 8 8,00
Justificativa Justificativa
Tranquilidade Sossego Pode andar por tudo que não
acontece nada Não existe outra Para morar é muito tranquila, mas
para saúde é péssima Podemos dormir com a janela aberta Não tem roubos Sem violência Não tem muito barulho Liberdade
Muito calma, não tem lazer Muitas fofocas
Conhecimento Pessoas se tratam como irmãos, todo
mundo se preocupa comigo Acostumou Conhece todo mundo na cidade Gosto do lugar, do povo Criou os filhos Terra natal Não tem muita droga e tiroteios Amizade
Não tem empregos e não proporcionada oportunidades
Casa própria Tudo depende de Adamantina Falta de acesso ao comércio
Gosta daqui, mas a Bahia é melhor Tem que gostar
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
56
Quadro 29 Mariápolis
O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em Mariápolis?
Rodoviária Lazer Médicos plantonistas Mais policiamento Mais médicos no posto de saúde Pavimentação Lazer para as crianças Hospital Pronto socorro Mais vagas na creche, faculdades Melhorar qualidade da creche Mais limpeza pública Conservação dos espaços públicos Conservar a cidade como um todo – limpeza,
ruas, campo de futebol e asfalto Não fechar posto de saúde nos feriados Academia ao ar livre Ginástica para terceira idade Mais remédio no posto de saúde Lazer para idosos Saneamento básico Transporte Ambulância pequena para Marília Melhorar atendimento no posto de saúde Maior número de médicos e mais horários de
atendimento
Emprego Mercados, lojas e fábricas Industrias Emprego para os jovens Comércio Incentivo a lavoura Fábrica para as mulheres Uma cooperativa, fábrica de bolsas, roupas Feira livre
Se as melhorias dependerem do prefeito estamos enrolados, precisa mudar a política
Atendimento sem preferências no posto de saúde
Mais democracia no clube dos idosos
Médico direto, dia e noite, para não precisarmos ir para Adamantina
Médico que morasse na cidade Pavimentação para melhorar acesso a Presidente
Prudente Melhorar conservação da vicinal (asfalto) entre
Mariápolis e Adamantina Fábrica, para as mulheres não precisarem ir para
Adamantina
Cursos profissionalizantes Casas populares Assistência social
Tudo bom, acostumado a sofrer Tudo bom Bastante coisa Falta tudo Menos fofoca
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 30 Mariápolis
O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Mariápolis?
Que tem uma assistência social muito boa, sem preferências
É um bom lugar Cidade boa Agora está boa Povo muito amigo, conhecido Atende a pobreza. Do jeito deles, mas atende Assistência social está bem melhor Melhorou muito Não tenho do que reclamar
Muito parada Cidade pequena sem oportunidades para os
jovens é uma cidade para idosos Faltam muitas coisas Uma cidade pequena, uma pessoa faz ou fala
alguma coisa o outro está sabendo, mas, depois dos baianos ninguém mais sabe quem é quem
Precisa crescer Lugar fraco Policia muito bruta Boa para morar, mas não tem recursos Cidade para aposentado
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
57
Quadro 31 Mariápolis
O entrevistado e as relações interurbanas com Adamantina - 2010
O que você acha de Adamantina?
Bastante opção para as crianças no lazer, mais moradia e faculdades
Opção para os estudos Adamantina além de emprego tem lazer Mais médicos Mais opção. Tem fórum, INSS, lojas etc. Mais facilidade de acesso Ótima infraestrutura Melhor, tem hospital e médicos Tem faculdade, escola técnica é boa
Variedade no comércio Mais opção de compras Comércio mais dinâmico e melhor preço Melhor comércio, movimento Melhor para trabalho e comércio Mercadorias são mais baratas Emprego Boa para o comércio, mas também faltam
indústrias Adamantina é nosso centro comercial Tem fábrica
Bom gerenciamento Prefeito bom
Mais violenta, mas precisamos ir lá É uma cidade que vai pra frente, acho que é a
melhoria de vida
Grande, tem mais opção de emprego Dependemos muito de Adamantina Tudo que precisa acha, lá tem conforto aqui não Mais desenvolvida Gosta, nem muito grande nem pequena Muito boa, grande Uma cidade grande de movimento É grande tem mais coisas Muito desenvolvida, grande Adamantina é como uma arvore maior que
Mariápolis se precisamos pegar um fruto vamos Para lá, é, assim, com médicos e supermercados
Diferente de Mariápolis Mais evoluída que Mariápolis Cidade maior Bem melhor que Mariápolis, tem de tudo Melhor em tudo, emprego, compra, comércio Tudo de melhor, carro, som.... tem escolhas
coisa que em Mariápolis não temos
Nada Não sabe Boa Muitas coisas boas Movimentada Tem de tudo Lugar bom, mas opção Tudo que precisa tem lá Um recurso a mais Ótima Excelente
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
58
Tabela 47 Mariápolis
O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?
SIM N. % NÃO N. %
39 39,99 61 61,00
Qual cidade Motivos
Adamantina (SP) Jundiaí (SP) Marília (SP) Flórida Paulista (SP) Presidente Prudente (SP) Campinas (SP)
Mudar de vida Mais emprego Procurar por melhoras Família Ficar mais perto de
supermercados, lojas e hospitais
Para crescer na vida, ser alguém
Mais lazer
Uma cidade com mais oportunidade de emprego
Voltar para Bahia
Uma cidade maior, para conhecer pessoas diferentes
Uma cidade onde tudo seja mais fácil, médicos, hospitais, lojas, serviços
Uma cidade com mais diversão e emprego
Uma cidade com mais
opção
Cidade maior
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
59
Quadro 32 Mariápolis
Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Bem grande É ter mais estrutura e não
precisar sair Uma coisa grande com
transito, poluição Lugar maior, prosperidade Tem que ter tudo, para
não precisar sair da sua cidade, como acontece com Mariápolis
Maior, que tenha tudo Adamantina é cidade, tem
de tudo, movimento Não precisar sair do seu
lugar para ir longe Igual à cidade de Marília Tem que ter de tudo,
médico, trabalho - exemplo a cidade de Adamantina
Cidade grande como Presidente prudente
São Paulo, lá é cidade Conforto com acesso a
escolas, médicos e supermercados melhores – exemplo a cidade de Adamantina
População com mais de 50 mil habitantes
Grande e cheia de diversão, indústrias
Bauru, Adamantina, Marília, São Paulo, Campinas
Tipo Adamantina lá tem rodoviária, casa da sopa e vários supermercados
Lazer Saúde Hospital Médicos, escolas e serviços
em geral Eventos Limpeza Ter praça de lazer e vários
restaurantes Tenha tudo, recursos
médicos, saúde e lazer Posto de saúde Tenha rodoviária
Tem que ter de tudo, fábricas, lazer
Lugar que tem tudo Conforto Vida melhor Ter conforto, como lazer,
médicos, emprego Lugar bom de morar Atormento, medo,
agitação Correria e atormento Moda Sossego, descanso Centro da sociedade,
recursos Muita coisa, advogados
etc. Lugar para morar
tranquilo Dificuldades Violência
População Pessoas Conjunto de pessoas
morando juntas Movimento de pessoas Aglomeração Lugar que morra bastante
pessoas Convivência com outras
pessoas
Onde temos firmas, emprego
Supermercado, bancos e movimento nas ruas
Oportunidade de emprego, fábricas, comércio
Lugar com lojas Lugar com grandes
supermercados e lojas Bancos Mercadorias mais acessíveis
e baratas
Lugar que tenha prefeito, banco, posto de saúde
Lugar que tenhamos dignidade, respeito e cidadania
Lugar com prefeitura
Casas, prédios, carros Lugar cheio de casas
Diferente de sítio Tudo de bom, diferente do
sítio que não dá nada
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
60
Tabela 48 Mariápolis
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Mariápolis pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
58 58,00 42 42,00
Justificativa do Sim Justificativa do não
Tem prefeito é cidade Está como cidade Há mais de 60 anos é uma cidade
É um município É um patrimônio Colônia das usinas É um sítio não tem nada
Cidade pequena mais é Cidade pequena, boa para morar não tem
perigo É pequena mais é uma cidade É pequena, mas de tudo tem um pouco Cidadezinha Pequena, mas é cidade. Tem rico, pobre e
da mesma forma que tem São Paulo grande precisa de cidade pequena
Cidade pequena do interior Mini cidade Cidade pequena, não como Adamantina
Para ser cidade tem que ter de tudo e não precisar buscar em outra cidade
Falta muita coisa Falta oportunidade de acesso Tá considerado como cidade, mas não
é. Falta muita coisa Faltam investimentos
Para ser cidade tem que ter fábricas
Pode moramos aqui, mas está difícil porque as mulheres só podem trabalhar na roça ou fazendo faxina em Adamantina e nem de boia-fria tem mais como trabalhar, pois acabou o amendoim, o feijão
É uma cidade fraca mais é É, mais falta aperfeiçoar
Não é uma cidade ainda Quase uma cidade
Para mim não tem outra Para mim é cidade Para nós é, mas comparando com as
outras não
Muito pequena Ainda não, por causa do porte pequeno
Não podemos considerar só porque tem prefeito
É um bairro
É uma cidade rural Deveria ser igual à Adamantina
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 21 Monte Castelo Idade dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
61
Gráfico 22 Monte Castelo
Sexo dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 49
Monte Castelo
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
24 25,26 48 50,53 23 24,21
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Doméstica 3 12,50 Tratorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 4,17
Pedreiro 2 8,33 Técnico em logística 1 4,17
Boia-fria 2 8,33 Lavadeira de roupa 1 4,17
Comerciante 2 8,33 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 4,17
Prefeitura Municipal 1 4,17 Operador de máquina (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 4,17
Autônomo 1 4,17 Instalador de antena 1 4,17
Funcionário público 1 4,17 Reciclagem de lixo 1 4,17
Auxiliar de laboratório (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 4,17 Diarista 1 4,17
Cabeleireiro 1 4,17 Manicure 1 4,17
Jardineiro 1 4,17
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
62
Tabela 50 Monte Castelo
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
39 41,05 56 58,95
Profissão
Profissão Frequência % Entre-safra Frequência %
Cortador de cana-de-açúcar
(usina e/ou destilaria de
açúcar e álcool)
18 46,15 Bico -- --
Motorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
5 12,82 Direto -- --
Laboratório (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 7,69 Fica parado -- --
Dentro da usina (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 7,69 Depende da
safra
-- --
Mecânico (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 5,13
Operador de máquina (usina
e/ou destilaria de açúcar e
álcool)
2 5,13
Tratorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 5,13
Serviços gerais (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 5,13
Bombeiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 2,56
Medidor (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 2,56
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 33 Monte Castelo
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Muito pesado tem de ter coragem para encarar
Ruim Muito pesado Só corta porque não tem outro emprego Muito sofrido Não é aquelas coisas, mas precisa Não é fácil Difícil É um serviço escravo Não é bom não Sacrificado Cansativo
Bom, mas é pesado Bom Muito bom Bom ganha bem, mas é pesado Bom para os homens, ruim para as
mulheres Trabalho normal Gosto do emprego
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
63
Quadro 34 Monte Castelo
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Melhorou, mais renda, pode compras as coisas Só não trabalha quem não quer Melhorou muito Muito emprego A cidade não tinha movimento Antes não tinha empego Se não fosse a usina estava todo mundo parado Melhorou o movimento financeiro da cidade A maioria dos empregos na cana-de-açúcar é com carteira assinada Pelo emprego foi bom É a salvação dos boias-frias. Porque acabou com o serviço do povo Graças a Deus que tem o serviço na cana-de-açúcar, senão o que seria do povo Até mulher corta cana-de-açúcar Fora da usina não tem outra opção de emprego A cana-de-açúcar tomou conta de tudo, mas deu muito trabalho para o povo
Antes tinha roça, agora acabou. É só cana-de-açúcar
Ninguém planta mais nada. O boia-fria e o lavrador acabou tudo
Precisa diversificar só tem cana-de-açúcar Acabou com a lavoura. Mulher trabalhava
de boia-fria, na cana-de-açúcar não Acabou com a pecuária e subiu muito o
preço da carne Lavoura acabou, gado acabou, a carne e o
arroz estão caros O único emprego é a cana-de-açúcar e isso
acabou com as lavouras. Assim quem não pode trabalhar na cana-de-açúcar fica sem nada
Onde vai parar o preço dos alimentos? Quem vai continuar a plantando?
Emprego para uns e outros não. Antes na lavoura todos podiam trabalhar. A lavoura acabou: uns comem e outros não
Não se planta mais lavoura para comer. Ninguém vive só de cana-de-açúcar
É ruim, porque sem estudo e acima dos 50 anos não consegue trabalho e acabou com outras lavouras
A cana-de-açúcar tirou o que comer do povo. Não se planta mais nada
A cana-de-açúcar é bom, mas tá avançando demais e acabando com o gado
A cana-de-açúcar tira emprego, porque depois da safra não tem mais emprego
Poderia ter cana-de-açúcar e mais tipos de trabalho
Estragou a cidade agora só tem esse serviço
Para a maioria não melhorou nada Mudou para pior Ruim, o álcool está caro, o açúcar está
caro e a carne também A usina prefere os jovens Quando não tinha cana-de-açúcar tinha
mais emprego. A cana-de-açúcar tomou conta de tudo
Entra a cana-de-açúcar e mais nada. Em cinco anos não tem mais terra e ainda o açúcar é caro
Mais fumaça e poluição Sujeira Falta de ar Ardência nos olhos Ar poluído Muita queimada Mudou, abafado
Só tem cana-de-açúcar A cidade está ficando muito pequena, pois
a cana-de-açúcar está muito perto Além da cana-de-açúcar tem trabalho na
uva Cana-de-açúcar e uva são os trabalhos que
tem na cidade Tem colorau, uva, manga e cana-de-açúcar
dá para escolher Tem outros empregos sem ser a cana-de-
açúcar
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
64
Quadro 35 Monte Castelo
A cidade e o agronegócio – 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-
açúcar?
Tira o emprego do povo que já é pouco aqui na cidade
Tem que dar preferência para quem é daqui
Com certeza tira os empregos do povo daqui
Mais concorrência no emprego: mecânico e tratorista
Tira nossa vez no posto de saúde Tira nossas oportunidades. Mas cada
um na sua não faz brigas
Não mudou nada São gente boa Quem mora na cidade e quer trabalhar tem
serviço. Então não tira emprego
Vem muita gente, mas não percebi nada de diferente
Vem muita gente para trabalhar nas máquinas. Não mudou nada
Tem muita gente diferente, mas não mudou nada
Dificulta na parte do aluguel mais gente, mas não tem nenhum conflito
Vieram em busca de emprego dentro e fora da usina
Tem muito serviço na cana-de-açúcar, para todos
Vem muita gente, mas não tira o emprego de ninguém
Tem emprego para todos
Gente que não conhecemos Cheio de gente da usina, são diferentes,
povo esquisito não é amigo da gente Não sei de onde, mas tem muita gente
diferente Gente desconhecida, tira o sossego, fico
mais preocupada Não conheço mais ninguém Piorou devido o pessoal do corte da
cana-de-açúcar, muita gente estranha. Os motoristas são bons mais amigos
Mais violência, brigas, bebem demais
Aluguel ficou mais caro (de R$200 para R$500); preço das casas e dos terrenos também subiu
Subiu o valor dos alugueis
Valorizou os imóveis, o aluguel Mais movimento na cidade Mais gente na cidade As casas não estão mais fechadas Abriu mais comércio, então mudou
bastante Mais movimento no comércio Melhorou bastante. Corto bastante
cabelo do pessoal da usina Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 23 Monte Castelo
Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
65
Quadro 36 Monte Castelo
Local de origem dos entrevistados – 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Monte Castelo?
Origem Motivo
Nova Independência Catanduva (SP) Ceará Pernambuco Guararapes (SP) Iacri (SP) Rancharia (SP) Paraná Novo Horizonte (SP) Andradina (SP) Pirajuí (SP) Lutercia Pompéia (SP) Terra Nova Rio Claro (SP) Mirassol (SP) Mirandópolis (SP) Americana (SP)
Campinas (SP) Tupi Paulista (SP) Panorama (SP) Mato Grosso do Sul
Santa Mercedes (SP) Dracena (SP) Bauru (SP) Junqueirópolis (SP) Sítios da região Norte Bahia Minas Gerais Alagoas São Paulo (Capital)
Lavoura quebrou Filhos vieram para cidade e a lavoura acabou Cansou do trabalho no sítio Trabalho na cana-de-açúcar mais fácil que no
sítio Trabalho na usina Morar perto da mãe Família Trabalho Casamento Alagamento do lago para construção da usina
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 24
Paulicéia Idade dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
66
Gráfico 25 Paulicéia
Sexo dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 51 Paulicéia
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. % N. respondeu
N. %
40 41,67 33 34,37 20 20,84 3 3,12
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Doméstica 7 17,50 Assistente agrícola (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 2,50
Faxineira 4 10,00 Eletricista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 2,50
Professora 4 10,00 Costureira 1 2,50
Comerciante 4 10,00 Carpinteiro 1 2,50
Ceramista 2 5,00 Agente de saúde comunitária
1 2,50
Vassoureiro 2 5,00 Cabeleireiro 1 2,50
Funcionário público 2 5,00 Atendente 1 2,50
Pecuarista 1 2,50 Porteira 1 2,50
Pedreiro 1 2,50 Não respondeu 4 10,00
Açougueiro 1 2,50
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
67
Tabela 52 Paulicéia
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
26 27,08 70 72,92
Profissão
Profissão Frequência
%
Entre-safra Frequência
%
Operador de máquina (usina
e/ou destilaria de açúcar e
álcool)
4 15,38 Bico -- --
Dentro da usina (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 11,54 Direto -- --
Tratorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 7,69 Fica parado -- --
Mecânico (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 7,69 Depende da
safra
-- --
Motorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 7,69
Bombeiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 7,69
Carpinteiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Cortador de cana-de-açúcar
(usina e/ou destilaria de
açúcar e álcool)
1 3,85
Dosador de veneno (usina
e/ou destilaria de açúcar e
álcool)
1 3,85
Bituqueiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Escritório (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Irrigação (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Vigia (usina e/ou destilaria
de açúcar e álcool)
1 3,85
Fiscal (usina e/ou destilaria
de açúcar e álcool)
1 3,85
Auxiliar geral (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Carregamento (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Topografia (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
68
Quadro 37 Paulicéia
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Muito ruim Muito difícil Sol muito quente, muito abafado Muito pesado É um serviço para quem precisa
Muito bom Bom, muito bom, quero entrar na usina
para o corte da cana-de-açúcar É bom, ruim é a quentura Bom trabalho Alguns gostam
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 38
Paulicéia A cidade e o agronegócio - 2010
O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Gerou emprego antes era só cerâmica Desenvolvimento da região É bom, faz açúcar e álcool Desenvolvimento 100% da cidade;
grande empresa que gera emprego para centenas de pessoas a cidade era parada
Gera bastante emprego Melhor, mais emprego Aumento da população Aumentou movimento da cidade Se não fosse a usina não teria emprego
para o povo Muito bom para a cidade Melhorou a vida aqui Ajudou muito na nossa vinda para cá Tirou o povo da miséria A cana-de-açúcar é a salvação do povo Melhor, não tinha emprego agora tem.
O povo passava fome era um corredor de fome
Evoluiu bastante Revolucionou a cidade. Trouxe
progresso Quem trabalhava com gado fracassou e
arrendou para cana-de-açúcar Aumentou movimento no comércio
Acabou com outras lavouras, aumento no preço dos alimentos porque não sobra terra
Pior, acabou com as lavouras, gado. A
família não pode trabalhar na cana-de-açúcar. Tomávamos conta de uma fazendo, mas o patrão mandou embora para arrendar para cana-de-açúcar
Acabou com outras lavouras
Poluição Queimada, fumaça Matou os animais As aves estão vindo para a cidade As margens dos rios estão acabando Economicamente melhorou para o meio
ambiente é ruim Muito veneno Tirando as queimadas é bom
Gera mais emprego, mas temos as cerâmicas também
As cerâmicas dão mais emprego que as usinas
Por enquanto está bom pelo emprego, depois não se sabe
Ruim, aumento no valor dos alugueis A cidade está cheia já não conheço todo
mundo Ruim, o preço da carne subiu não tem
gado Trouxe trabalho para o povo de fora os
daqui não sabe trabalhar na cana-de-açúcar
Acabou com as estradas
Não alterou nada Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
69
Quadro 39 Paulicéia
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-
açúcar?
Levou as mulheres embora A verba de remédio, dentista é igual. O
povo da cidade fica sem usar Tem o dia deles no posto de saúde
O posto de saúde tá lotado Eles vão acabar tomando frente de tudo Tem uma chuva de alagoano aqui Não tem mais sossego eles querem ser
os donos da cidade e a gente não pode ficar por baixo
Tira emprego do pessoal daqui Porque esse povo vem tudo para cá e
não vai para outro lugar Alagoano é praga Aqui era Paulicéia agora é “alagocéia”
Não mudou nada Vem só para trabalhar O serviço está para todos não trabalha
quem não quer
Não incomoda São mais educados que o pessoal da
cidade Eles gostam daqui Teve atrito no começo, agora melhorou Não mexem com ninguém Tem muita gente, mas não tirou emprego
de ninguém Ninguém mexe com ninguém Veio muito alagoano eles já vem
contratados
Aumentou as brigas Muito atrito A cidade está desestabilizada; brigas,
roubos Confusão, brigas, muito preconceito
contra eles: falam que já foram presos e vieram para cá
O povo fala que eles são muito esquentados
Drogas, roubos Só acontece coisa pesada Barulho, bagunça A cidade ficou perigosa Tem muito furto na cidade Não se pode deixar mais nada para fora A cidade virou tumulto Muita gente diferente Tirou a liberdade da gente Mais gente mais assalto Eles bebem muito O pessoal reclama que eles quebram
orelhão. Muita bebedeira. Corre atrás das mulheres na rua
Aumentou o movimento; até roubo está tendo
Eu não vejo, mas falam que brigam
muito Não todos, mas o povo diz que eles
brigam muito. Nem pode ter festa na cidade que eles brigam
Tem bastante alagoano. Foi bom para o comércio; eles bebem e comem demais
Mais movimento no comércio Mais construção de casas Movimentou mais o comércio de pinga Em parte mudou para melhor (aumento no
comércio e valorizou os imóveis) em parte piorou ( aluguel subiu)
Mais movimento Aumentou a população Só melhorou A cidade cresceu Quanto mais gente melhor para o comércio É bom para a cidade
Não se conhece mais as pessoas; todos são estranhos
Muita gente estranha Não se sabe mais nada da cidade
Tirou a liberdade da cidade Ninguém mais é amigo, não dá para
confiar mais em ninguém São diferentes Gerou insegurança
Dobrou a população mais a verba para a saúde é a mesma
Ficou tudo mais caro Subiu o valor dos alugueis Não tem mais casas para alugar Não tem mais casa para alugar; eles
acabam com as casas. Tudo que ganha no aluguel precisa usar na reforma depois
O aluguel ficou mais caro por causa desse povo
As famílias pobres não pode mais pagar aluguel
Não sobra mais casa para alugar
Viemos para cá porque lá é muito ruim para serviço. Seis meses tem serviço, comemos mais ou menos e seis meses passamos necessidade
Fui bem recebido, todos são amigos. Eu vim em busca de emprego
Estou gostando, vim com a família toda e aos poucos tento fazer amizade mais é difícil.
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
70
Gráfico 26 Paulicéia
Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 40 Paulicéia Local de origem dos entrevistados - 2010
Onde nasceu? Motivo da mudança para Paulicéia?
Origem Motivo
Primavera (SP) Penápolis (SP) Tupi Paulista (SP) Panorama (SP) Brasilândia (MS) Ilha tibiriça Paraná Mato Grosso do Sul Osvaldo Cruz (SP) Novo Horizonte (SP) Promissão (SP) São João do Pau D’Alho (SP) Rosana (SP) Santa Mercedes (SP) Santos (SP) Ouro Verde (SP) Dracena (SP) Barra Bonita (SP) Bauru (SP) Junqueirópolis (SP) Santo Anastácio (SP) Monte Castelo (SP) Presidente Venceslau (SP) Araçatuba (SP) Jales (SP) Sítios de outros Estados Sítios da região Norte Bahia Minas Gerais
Alagoas Pacaembu (SP) São Paulo (Capital) Não respondeu
Com os pais Família Terreno barato Tentar a vida Trabalhar Casamento Alagamento do lago para construção da usina
hidrelétrica Não tinha emprego vim para trabalhar na
cerâmica e virei pescador Trabalho na cana-de-açúcar
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
71
Gráfico 27 Pracinha
Idade dos entrevistados - 2010
12%
15%
14%
9%
25%
25%
Até 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 anos ou mais
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 28
Pracinha Sexo dos entrevistados - 2010
57%
43%Feminino
Masculino
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 53 Pracinha
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
24 36,92 29 44,61 12 18,46
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Mecânico 1 4,17 Motorista 1 4,17
Pedreiro 4 16,67 Açougueiro 1 4,17
Empregada doméstica
2 18,33 Cortador de cana-de-açúcar
2 8,33
Funcionário público (prefeitura)
5 20,83 Comerciante 1 4,17
Projeto social (prefeitura)
3 12,50 Professor 1 4,17
Conselheiro Titular 1 4,17 Não informou 2 8,33
72
Tabela 54 Pracinha
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
14 21,54 51 78,46
Profissão
Profissão Frequência
%
Entre-safra Frequência
%
Cortador de cana-de-açúcar 10 71,43 Bico 4 28,57
Dentro da usina (não
especificou)
1 7,14 Direto 2 14,28
Barraqueiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 7,14 Fica parado 1 7,14
Tratorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 14,29 Depende da
safra
7 50,00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 41 Pracinha A cidade e o agronegócio - 2010
O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Terrível Péssimo, o ganho depende da qualidade
da cana-de-açúcar Muito pesado Pesado, mas preciso O trabalho na cana-de-açúcar já foi
melhor hoje abaixou muito o preço do metro de cana-de-açúcar cortada
Um trabalho sofrido Muito ruim, pesado só realiza porque
precisa Não é bom, mas não tem outra opção Cansativo, mas dá para ganhar o pão Para homem é bom para mulher
desumano
Não é muito ruim, é uma boa opção para quem não estuda
Bom, mas é pesado Digno Muito bom Ganha-se muito bem trabalhando na cana-
de-açúcar
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
73
Quadro 42 Pracinha
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Terrível, mais é a única fonte de emprego e renda
Dá emprego para a cidade No interior para quem não tem estudo é
a única oportunidade de emprego Aqui em Pracinha ou é cana-de-açúcar
ou prefeitura Se não fosse a cana-de-açúcar muita
gente passaria fome É o sustento do povo de Pracinha O povo de Pracinha maioria trabalha do
corte, dentro da usina é difícil pegar daqui
Só gera emprego para homem Maioria das pessoas trabalham na cana-
de-açúcar se acabar não teremos o que fazer
Bom para os pobres, se não fosse a cana-de-açúcar numa cidade pequena como esse não teríamos outra coisa
Melhor qualidade de vinda pela renda Muito mais renda para cidade Mudou para melhor, mas não gostaria de
trabalhar na cana-de-açúcar
Acabou com todos os outros tipos de lavoura
Acabou com o sítio, antes tinha famílias com até 10 pessoas morando e trabalhando no sítio agora está tudo desempregado na cidade
Não é bom, se não fosse a cana-de-açúcar teríamos outras lavouras que geram mais renda
As queimadas são ruins
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 43 Pracinha
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-
açúcar?
Em Pracinha ainda não chegou Veio mais já foram embora Eles não vem mais para Pracinha
porque é muito difícil arrumar casa para alugar
Não vem
Eles vêm em busca de emprego não atrapalham ninguém
Aqui só nos atrapalham os que vêm do presídio
Não incomoda Não atrapalha, tem muitas usinas Não tem nem para os que moram aqui,
para quem vir mais gente Eles tomam muito a frente do povo da
cidade Eles vem tirar o pouco que nós temos Tira emprego das pessoas da cidade
Aumento da população
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 29 Pracinha
Renda familiar dos entrevistados - 2010
39%
38%
2%3%
3%
15%Até 1 salário mínimo
Mais de 1 até 2salários mínimos
Mais de 2 até 3salários mínimos
Mais de 3 até 4salários mínimos
Mais de 4 saláriosmínimos
Não informou
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
74
Gráfico 30 Pracinha
Situação do imóvel - 2010
82%
2%
5%
11%
Própria
Alugada
Financiada
Cedida
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 55
Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Meio de locomoção para Lucélia - 2010 Principais meios de locomoção utilizados pela população
Meio locomoção N. %
Condução Própria 16 24,61
Transporte Coletivo 26 40,00
Transporte Coletivo / Carona 3 4,62
Transporte Coletivo / Condução
Própria
5 7,69
Carona 12 18,46
Condução Própria / Táxi 3 4,62
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 56
Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Lucélia - 2010
Suficiência do transporte coletivo
SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE
N. %
42 64,61 2 3,08 21 32,31
Justificativa do sim Justificativa do não
Antes não tinha circulação de transporte coletivo
Ótima Agora tem, antes tinha que
esperar carona
Ainda poucos horários Valor elevado da tarifa
Não sabe, porque ainda não utilizou
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
75
Tabela 57 Pracinha
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010
Existência de pavimentação?
SIM N. % NÃO N. %
63 96,92 2 3,08
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
76
Tabela 58
Pracinha A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Lucélia 56 86,15
Lucélia/Adamantina 5 7,69
Lucélia/Marília 2 3,08
Lucélia/Marília/Presidente Prudente 1 1,54
Lucélia/Presidente Prudente 1 1,54
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 65 100,00
X
Serviço médico
(particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Lucélia 23 35,38
X Lucélia/Adamantina 12 18,46
Adamantina 7 10,77
Lucélia/Presidente Prudente 5 7,69
Presidente Prudente 3 4,61
Adamantina/Presidente Prudente 2 3,08
Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08
Marília/Presidente Prudente 1 1,54
Osvaldo Cruz 1 1,54
Marília/Tupã 1 1,54
Osvaldo Cruz/Presidente Prudente 1 1,54
Lucélia/Dracena/Adamantina 1 1,54
Lucélia/Adamantina/Tupã 1 1,54
Não Utiliza 5 7,69
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 42 64,61
X Lucélia 5 7,69
Lucélia/Pracinha 4 6,15
Adamantina 3 4,61
Lucélia/Adamantina 2 3,08
Não utiliza 9 13,85
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 4 6,15
X Lucélia 1 1,54
Não utiliza 60 92,31
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 62 95,38
X Pracinha/Lucélia 2 3,08
Não utiliza 1 1,54
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 37 56,92
X Lucélia 13 20,00
Pracinha/Lucélia 9 13,85
Inúbia Paulista 6 9,23
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Lucélia 45 69,23
X Lucélia/Adamantina 7 10,77
Pracinha/Lucélia 3 4,61
Lucélia/Adamantina/Presidente Prudente
3 4,61
77
Adamantina 2 3,08
Presidente Prudente 2 3,08
Lucélia/Adamantina/Osvaldo Cruz 2 3,08
Lucélia/Mascate 1 1,54
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 19 29,23
X Adamantina/Lucélia 1 1,54
Cidades da região 1 1,54
Panorama 1 1,54
Lucélia 1 1,54
Martinópolis 1 1,54
Não utiliza 41 63,08
Pescaria, igreja, quermesse, praça (Pracinha)
Festas (Adamantina, Lucélia) Balneário (Panorama,
Martinópolis)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Pracinha 27 41,54
X Pracinha/Adamantina 2 3,08
Adamantina 2 3,08
Lucélia 2 3,08
Não utiliza 32 49,23
Adamantina (Faculdade, técnico)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 59 Pracinha
Assistência social - 2010
Utiliza ou já utilizou assistência social do município?
SIM
N. % NÃO N. %
44 67,69 21 32,31
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
78
Tabela 60 Pracinha
O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010 Relação com Presidente Prudente
SIM N. % NÃO N. %
42 64,62 23 35,38
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Passeio 14 33,33 Saúde/compras 2 4,76
Saúde 14 33,33 Esporte 1 2,38
Compras 9 21,42 Trabalho 1 2,38
Relação com Marília
SIM N. % NÃO N. %
49 75,38 16 24,62
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Saúde 45 91,84 Esporte 1 2,04
Passeio 3 6,12
Relação com São Paulo
SIM N. % NÃO N. %
32 49,23 33 50,77
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Passeio 20 62,50 Passeio/Moradia 2 6,25
Moradia 5 15,62 Esporte 1 3,12
Trabalho 3 9,37 Saúde 1 3,12
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 61
Pracinha Relação interurbana com Lucélia - 2010
Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 4 6,15
2 vezes na semana 6 9,23
3 vezes na semana 4 6,15
4 vezes na semana -- --
5 vezes na semana 1 1,54
6 vezes na semana -- --
7 vezes na semana 4 6,15
Raramente 4 6,15
Sempre 7 10,77
Quando necessita 35 53,85
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
79
Gráfico 31 Pracinha
Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 44 Pracinha Local de origem dos entrevistados - 2010
Onde nasceu? Motivo da mudança para Pracinha?
Origem Motivo
Mariápolis (SP) Paraná Martinópolis (SP) Lucélia (SP) Paraíba Bastos (SP) Osasco (SP) Minas Gerais Jundiaí (SP) Rondônia Sitio na região Flórida Paulista (SP) Sagres (SP) São Paulo (capital) Norte Araçatuba (SP) Pernambuco Pacaembu (SP)
Casamento Para trabalhar depois se casou Emprego Família São Paulo era muito perigoso Lavoura não deu mais nada, os filhos vieram
para a cidade Acabou os arrendamentos de café Tentar a vida e ficou Sitio começo a ter muitos gastos e vendia as
coisas muito barato, acabava não pagando as dívidas
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
80
Tabela 62 Pracinha
O entrevistado e a cidade - 2010
Você gosta de morar em Pracinha?
SIM
N. % Razoável N. % NÃO N. %
54 83,08 1 1,54 10 15,38
Justificativa Justificativa
Sossego Tranquilidade Gosta por que é tranqüilo, mas não é
bom
Gosta pelo sossego, mas não tem opções
Pelo sossego é bom para criar os filhos
Boa de morar
Muito calma, não tem lazer Não tem opções Não tem nada para fazer é um lugar
muito parado
Vizinhos, muitas fofocas
Acostumou com as pessoas Só sai da cidade quando morrer Conhecimento
Criou os filhos e foi criada já estamos aqui por três gerações
Conhece todo mundo, é pequeno Amizade Teve filhos e construiu tudo na cidade Não saio daqui de jeito nenhum
Para ganhar dinheiro tem que sair daqui
Não tem opção de emprego
Casa própria Cidade muito pequena
Tanto faz a cidade Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 45 Pracinha O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em Pracinha?
Lazer, atendimento de saúde
Lazer para jovens, crianças Mais horários de ônibus Hospital, pronto socorro Bons médicos plantonistas Festas, mais movimento Acabar a construção das casas populares
Emprego
Emprego para jovens quase todos tem que sair para arrumar emprego fora
Emprego para mulheres Emprego para tirar do facão Fábricas, indústrias Mais lavouras, café, tomate, feijão Mais comércio
Eleição roubada Melhor organização Eles estão fazendo mas a cidade é pequena é
não tem muito recurso Tudo bom, quando não tem serviço o prefeito
ajuda com comida Melhorar o prefeito Tudo bom, depois que entrou esse prefeito as
coisas ficaram melhor
Mais facilidade de acesso à cidade Seria bom não precisar sair da cidade para tudo A cidade não vai para frente porque nada se
instala aqui Aqui não tem emprego, quando vamos pedir
emprego em Lucélia não podemos falar que moramos em Pracinha eles acham que vamos chegar atrasados e tem a questão da passagem
Cursos profissionalizantes Falta quase tudo Tudo bom De tudo um pouco
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
81
Quadro 46 Pracinha
O entrevistado e a cidade - 2010 O que você acha de Pracinha?
As pessoas ajudam umas as outras por ser uma cidade pequena
Está boa Está crescendo Um lugar solidário
Muito parada Falta emprego, precisa de mais comércio Cidade pequena tem muita fofoca Cidade para aposentado Nada a declarar
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 47 Pracinha O entrevistado e as relações interurbanas com Lucélia - 2010
O que você acha de Lucélia?
Tem santa casa Mais facilidade de acesso Mais bancos, opção de compras, tudo que
precisa encontra na cidade
Mais emprego Mais opção de compra Mais bancos
A administração não é boa Razoável Tem mais futuro que Pracinha Tem mais coisas para fazer Não sabe Tem mais opção Divertida
Cidade maior, a população não precisa sair para fazer compras
Melhor que Pracinha, mais lazer e emprego Também é boa, mas Pracinha é melhor Comércio melhor do que Pracinha Mais desenvolvida É grande As coisas que não tem aqui têm lá Ta igual Pracinha Para morar é ruim é boa para compras Mais movimentada Cidade maior, mais possibilidade de acesso aos
serviços e infra-estruturas urbanas Ponto de referência, tudo resolve em Lucélia
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 63 Pracinha
O entrevistado e a cidade - 2010 Gostaria de morar em outra cidade?
SIM N. % NÃO N. %
29 44,62 36 55,38
Qual cidade Motivos
Lucélia (SP) Mariápolis (SP) Adamantina (SP) Campinas (SP) Birigui (SP) Presidente Prudente (SP) Exterior (Holanda) Jundiaí (SP) Alagoas Ribeirão Preto (SP)
Lucélia tem mais opção de emprego
Família Adamantina, campinas é bem
maior Mais opção de emprego Mais opção na vida Adamantina, tem mais lazer e
emprego
Uma cidade maior
Uma cidade boa para estudar
Uma cidade com mais emprego
Sítio
Tenha mais oportunidade de tudo
82
Quadro 48 Pracinha
Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Lugar maior Grande, desenvolvida Melhor que Pracinha Osvaldo Cruz, São Paulo,
Presidente Prudente, Campinas
Ser grande, muito movimento
Grande cheia de prédios Um determinado território
com muita gente e bastante emprego
Ser grande, árvores, parques
Ofereça lazer Médicos Infra-estrutura Lugar com hospital Escolas Recursos Água encanada, energia
elétrica, médico, farmácia, proximidade do comércio
Facilidade Tudo de bom Melhor que aqui Violência Correria Lugar que encontra tudo
que procura Várias coisas Opção de vida Onde podemos resolver
problemas, tarefas Tem que ter tudo, lojas
etc. Oportunidade Tecnologia Lugar de viver Conforto Sossego Cidade é um lugar para
sobreviver
Pessoas Grande movimento Convívio entre as pessoas Conjunto de pessoas
Um lugar onde tem emprego, tudo que uma cidade deve ter
Progresso, desenvolvimento, evolução, crescimento
Empregos Comércio Bancos
Boa administração, se não, não pode ser chamada de cidade
Organização
Lugar de moradia Casas Prédios
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
83
Tabela 64 Pracinha
Definição de cidade e sua aplicação - 2010 Pracinha pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
34 52,31 31 47,69
Justificativa do Sim Justificativa do não
Considero, porque passou oficialmente a ser cidade, mas é fraca
Conta no mapa É cidade, porque depois que foi
reconhecida melhorou sistema de saúde Pode, quando era distrito de Lucélia era
um curau de boi Cidade constituída já é, mas ainda não foi
para frente, no entanto, depois que deixou de ser distrito melhorou 200%
Diz que é mais não é, na verdade é um sítio
Falta muito para ser cidade, é um sítio Diz que é mais é tipo colônia É um sítio Aqui é o meio do mato É igual o sítio depende de outras
cidades É uma fazenda grande
Cidade pequena mais é
É uma mini cidade, poderia ser melhor Bem pequenininha
Aqui esta como cidade, mas não
considero é muito pequena Pequena para cidade Pelo nome é pelo tamanho não Miúdo
Cidade que está progredindo Por enquanto ainda não Cidade, cidade não, mas já melhorou
Falta tudo Falta mais conforto Ainda não, não tem tudo que deve ter
em uma cidade se fosse cidade não precisaríamos sair para fazer pequenas compras
Tem pouca estrutura para ser cidade Poucos recursos Poucas coisas para fazer
Só é cidade para os idosos
Esta mais para um bairro É um bairro de Lucélia
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 32
Queiroz Idade dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
84
Gráfico 33 Queiroz
Sexo dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de Campo, 2010. Tabela 65
Queiroz
Ocupações dos entrevistados - 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
26 40,62 22 34,38 16 25,00
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Serviços gerais (prefeitura municipal)
4 15,38 Operador de carregadeira (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Faxineira 2 7,69 Operador de máquina (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Babá 2 7,69 Tratorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Pedreiro 2 7,69 Serviços gerais (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Comerciante 1 3,85 Motorista (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Merendeira 1 3,85 Cozinheira (usina e/ou destilaria de açúcar e álcool)
1 3,85
Bancária 1 3,85 Pintor 1 3,85
Autônomo 1 3,85 Monitor de educação 1 3,85
Doméstica 1 3,85 Caminhoneiro 1 3,85
Corretor imobiliário 1 3,85 Inspetor de alunos 1 3,85
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
85
Tabela 66 Queiroz
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
25 39,06 39 60,94
Profissão
Profissão Frequência
%
Entre-safra Frequência
%
Maquinista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
6 24,00 Bico -- --
Motorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 12,00 Direto -- --
Escritório (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 12,00 Fica parado -- --
Dentro da usina (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 12,00 Depende da
safra
-- --
Tratorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
3 12,00
Borracheiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 8,00
Laboratório (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,00
Enfermeira do trabalho
(usina e/ou destilaria de
açúcar e álcool)
1 4,00
Vinhaça (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,00
Engatador (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,00
Caldeiro (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,00
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 49 Queiroz
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Muito pesado Muito difícil, mas quem precisa tem de
trabalhar É péssimo Horrível cortar cana-de-açúcar Um pouco pesado Uns falam que é pesado, mas depois
acostuma Ruim, sol quente cansativo
Bom Para quem quer trabalhar não tem serviço
pesado Serviço como outro qualquer
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
86
Quadro 50 Queiroz
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
Mais emprego para região toda Maravilhosa mais renda para a cidade Bom para a cidade trás emprego Só a usina gera emprego não tem outra
opção Gera emprego na roça Só tem prefeitura e cana-de-açúcar Emprego para todo mundo Aumentou a cidade, número de casas Muitas vantagens: combustível mais
barato; renda para os municípios; antes era diarista agora todo mês recebe
Desenvolveu a cidade e o comércio Para o nosso município é a nossa
salvação Setor mais produtivo que gera riqueza
para a cidade Valorizou os imóveis Se não fosse a cana-de-açúcar o povo
passava fome É uma grande oportunidade para
trabalhar Melhorou o movimento A cidade cresceu Bom, mais habitantes para trabalhar na
cana-de-açúcar Não tem emprego a cana-de-açúcar é a
alternativa
Só melhorou o emprego ficou ruim para as demais plantações
Bom para o usineiro; ruim para a lavoura Não tem mais um pé de plantação só cana-
de-açúcar Mudou 100% o dado ruim é que não tem
mais lavouras Bom pelo emprego, ruim porque acabou
com as outras lavouras Pior, tinha mais lavoura e mais emprego. A
cana-de-açúcar empega menos A roça não tem mais nada Menor renda para a cidade, pois o forte era
a agricultura
Mudou bastante a cidade, muita gente Mudou muito a cidade ela não estava
preparada para receber tantas modificações
Aumentou o número de casas, o preço dos aluguéis, o comércio e os problemas de vagas nas escolas
Subiu o preço do aluguel Mais emprego, mas queimadas e os
caminhões na cidade quebra os fios de o asfalto
Acabou com as estradas e pontes Não vejo vantagens ganha-se muito pouco A cana-de-açúcar aqui não dá emprego A usina para a cidade não é nada
Suja muito a cidade Poluição A usina é muito perto da cidade faz mal
para as crianças Progresso – bem e mal: valorizou a
cidade, o comércio, mas polui os rios Progresso e poluição
Trás emprego para os homens, mas as mulheres não tem opção
Dentro da usina só trabalha quem tem estudo. Os daqui não tem estudo e só tem a cana-de-açúcar
Todos querem trabalhar na usina, a usina que não quer o pessoal daqui
Aqui o serviço é só prefeitura, bem pouco vai para a cana-de-açúcar
Aqui não tem quase ninguém na cana-de-açúcar
Aqui todos trabalham mais na prefeitura ou em Tupã, principalmente as mulheres
Só tem cana-de-açúcar Não sabe Indiferente
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
87
Quadro 51 Queiroz
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-
açúcar?
Aqui não vem cortador só quem trabalha dentro da usina
No começo veio bastante cortador agora parou, mas aumenta do comércio
Já veio bastante, hoje não vem muito; mecanização
O cortador parou, mas tá vindo outros e isso fez aumentar a prostituição
Veio bastante, mas foram embora não tem mais facão
No corte já veio hoje parou. Vem muitos para trabalhar dentro da usina e muito serviço terceirizado
Muitos já foram embora Diminuiu cortador (mecanização) vem
alguns especializados Vem mais maquinista, tratorista para o
corte pouco
O povo daqui não quer trabalhar na cana-de-açúcar, sobra vaga para muitos
Tem trabalho para todos se não querem trabalhar tem outros que precisam
Todo mundo precisa trabalhar Não muda nada Tem emprego para todo mundo Aumento bastante a população e misturou
a cultura (músicas) Bastante gente de fora, mas não tem nada
de diferente Não tira emprego porque os daqui já estão
trabalhando e continuam Não tem o que reclamar Acho eles bacana, nunca ouvi falar nada.
Se der queixa na usina são mandados embora
Para os que tem estudo não tira Vem só para cortar cana-de-açúcar não
atrapalha Ainda bem que não vem para cá.
Porque me falaram que em Luziânia acabou com tudo até remédio no posto de saúde
Tira emprego do pessoal daqui. Eles vem com firma e deixa a população sem chance de emprego
Ruim, o serviço tem que ser gerado para quem mora na cidade
Tira emprego do pessoal da cidade. Tem pouca firma aqui e quando vem uma trás o pessoal de fora
Tem muito desempregado porque o pessoal de fora tira a vaga
Tira o emprego porque falta qualificação do pessoal daqui
Tem bastante gente desconhecida Antigamente era mais próximo todo mundo
se conhecia, agora não Pessoas diferentes Muita gente diferente que não conheço não
tenho contato
Tira a paz da cidade Fazem bagunça Algumas brigas e problemas que são
graves Aumentou as brigas Os cortadores são muito briguentos,
bravos “baianos” Em Luziânia tem muita briga “o povo do
Maranhão”
Aluguel mais caro Aumentou o comércio A cidade cresceu
A maioria fica na semana e vai embora ao final de semana
Vim em busca de oportunidade e emprego fora da minha cidade
Não sabe Prefiro não falar
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 34 Queiroz Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
88
Quadro 52 Queiroz
Local de origem dos entrevistados - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para Pracinha?
Origem Motivo
Pernambuco Sítio da região Norte Bahia Minas Gerais Pompéia (SP) Lins (SP) Sergipe Alagoas Pacaembu (SP) São Paulo (Capital) São Vicente (SP)
Trabalhar Família Construção da usina Tentar coisa melhor que o sítio Desempregado em São Paulo Marido faleceu teve de sair do sítio Para descansar Casamento Lavoura não deu mais
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 35
São João do Pau D’Alho Idade dos entrevistados - 2010
7%20%
16%7%10%
40%
Até 19 anos
20 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 anos ou mais
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 36
São João do Pau D’Alho Sexo dos entrevistados - 2010
70%
30%
Feminino
Masculino
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
89
Tabela 67 São João do Pau D’Alho
Ocupações dos entrevistados – 2010
Trabalha?
SIM N. % NÃO N. % Aposentado N. %
23 37,70 16 26,23 22 36,07
Profissão
Profissão Frequência
%
Profissão Frequência
%
Funcionário Público (prefeitura)
1 4,35 Mecânico (usina e destilaria de açúcar e álcool)
1 4,35
Diarista (faxineira) 2 8,69 Costureira 1 4,35
Lavrador 1 4,35 Manicure 2 8,69
Operador de caldeira (usina e destilaria de açúcar e álcool)
1 4,35 Professor 1 4,35
Serralheiro 1 4,35 Bóia-fria 2 8,69
Serviços gerias (Asilo)
1 4,35 Acompanhante de idoso
1 4,35
Empregada doméstica
3 13,04 Vendedor 3 13,04
Pescador 1 4,35
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
90
Tabela 68 São João do Pau D’Alho
A cidade e o agronegócio - 2010
Alguém da família que trabalha em usinas e destilarias de açúcar e álcool e/ou no campo?
SIM N. % NÃO N. %
23 37,80 38 62,30
Profissão
Profissão Frequência
%
Entre-safra Frequência
%
Cortador de cana-de-açúcar 2 8,69 Bico -- --
Dentro da usina (não
especificou)
3 13,04 Direto 4 40,00
Mecânico (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 8,69 Fica parado 1 10,00
Tratorista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
4 17,39 Depende da
safra
4 40,00
Bóia-fria 3 13,04
Lavrador 2 8,69
Analista (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
2 8,69
Operador de máquina (usina
e/ou destilaria de açúcar e
álcool)
2 8,69
Encarregado (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,35
Serviços gerais (usina e/ou
destilaria de açúcar e álcool)
1 4,35
Não informou 1 4,35
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 53 São João do Pau D’Alho
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha do trabalho na cana-de-açúcar?
Para o braçal é muito difícil Não é bom Pesado, só trabalha na cana-de-açúcar
porque precisa muito Muito sol, muito ruim Muito perigoso Depende da função, para o cortador é
bravo Não gostaria de forma alguma trabalhar
na cana-de-açúcar Muito bruto
Bom para quem não tem outro emprego É bom para não ficar parado sem emprego
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
91
Quadro 54 São João do Pau D’Alho
A cidade e o agronegócio - 2010 O que você acha da cana-de-açúcar para cidade?
A cana-de-açúcar toma conta de tudo, mas se não fosse ela não teríamos onde trabalhar
Bom para quem não tem outro emprego Mais emprego Aumento da renda Mais movimento no comércio Mais movimento na cidade Se não fosse a cana-de-açúcar o povo
passaria fome Gera emprego principalmente para
quem não tem estudo Quem iria embora da cidade não vai
mais pelo emprego na cana-de-açúcar Aqui só tem emprego na cana-de-
açúcar e na prefeitura Se não fosse a cana-de-açúcar seria
difícil para a cidade Aumento populacional Antes não tinha emprego agora tem Emprega muita gente, fica
desempregado quem quer Para a região é muito útil Muito bom para os pobres e sem estudo Pelas oportunidades de emprego
melhorou a qualidade de vida
Acabou com todas as lavouras Ficou muito ruim, arrendou o sítio e não
tem mais o que fazer Como acabou com as lavouras tirou renda
dos agricultores Acabando com todas as lavouras só está
sobrando cana-de-açúcar, mas ninguém irá beber garapa
Não dá mais para plantar um pé de milho Muito ruim para criação de gado
Fumaça das queimadas faz muito mal para saúde
Muita queimada Muita poluição
Igual a época do café
Acabou com todas as estradas
É um mar de cana-de-açúcar
Melhorou tudo
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Quadro 55
São João do Pau D’Alho A cidade e o agronegócio – 2010
O que você acha dos trabalhadores que vem de outras cidades para trabalhar na cana-de-açúcar?
Para cá não vem Não tem muita casa disponível, então
eles não vem Está indo para Paulicéia Não vem, mas também não quero que
vem não
Muita gente estranha Pouco mais está vindo, passa ter pessoas
diferente Aqui é poucos e já não conhecemos mais
todo mundo imagine se fosse igual a Paulicéia
Tira um pouco da oportunidade dos dá cidade Emprego tem para todos
Tem muitas usinas Não atrapalha
Não sabe
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 37
São João do Pau D’Alho Renda familiar dos entrevistados - 2010
92
23%
39%
15%
5%
3%
15%Até 1 salário mínimo
Mais de 1 até 2salários mínimos
Mais de 2 até 3salários mínimos
Mais de 3 até 4salários mínimos
Mais de 4 saláriosmínimos
Não informou
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Gráfico 38 São João do Pau D’Alho
Situação do imóvel - 2010
11%
8%
8%
73%
Própria
Alugada
Financiada
Cedida
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 69
São João do Pau D’Alho A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Meio de locomoção para Dracena e Tupi Paulista - 2010
Principais meios de locomoção utilizados pela população
Meio locomoção N. %
Condução Própria 13 21,31
Transporte Coletivo 22 36,06
Transporte Coletivo / Carona 9 14,75
Transporte Coletivo / Condução
Própria
12 19,67
Carona 3 4,92
Condução Própria / Carona 2 3,28
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
93
Tabela 70 São João do Pau D’Alho
A cidade e os meios de consumo coletivo e individual Transporte coletivo para Dracena e Tupi Paulista - 2010
Suficiência do transporte coletivo
SIM N. % NÃO N. % NÃO SABE
N. %
39 63,93 14 22,95 8 13,11
Justificativa do sim Justificativa do não
Tem poucos horários mais está bom
Está bom, tem poucos horários mais o aumento não compensa pela quantidade de usuários
Não sabe
Poucos horários Horários ruins, sábados,
domingos e feriados não tem ônibus, assim não podemos sair daqui para se divertir ou passear aos sábados e domingos
Tiraram todos os horários Vai para Dracena depois não
tem horário para voltar Como têm poucos horários
os ônibus circulam lotados
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 71
São João do Pau D’Alho A cidade e os meios de consumo coletivo e individual – Infraestrutura - 2010
Existência de pavimentação?
SIM N. % NÃO N. %
61 100 -- --
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Tabela 72
São João do Pau D’Alho A cidade e os meios de consumo coletivo e individual
Principais locais de consumo - 2010
MEIOS DE CONSUMO COLETIVO
Existência na cidade
Hospital
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não
X
Tupi Paulista 27 44,26
Tupi Paulista/Dracena 22 36,06
Dracena 6 9,84
Dracena/Tupi Paulista/Presidente Prudente
2 3,28
Dracena/Presidente Prudente 1 1,64
Tupi Paulista/ Andradina 1 1,64
Dracena/Andradina 1 1,64
Tupi Paulista/Presidente Prudente 1 1,64
Posto de saúde
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não São João do Pau D’ Alho 61 100,00
X
Serviço médico (particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Dracena 23 37,70
94
X Dracena/Tupi Paulista 16 26,23
Tupi Paulista 6 9,84
Dracena/Presidente Prudente 4 6,56
Dracena/Andradina 2 3,28
Andradina 1 1,64
Não utiliza 9 14,75
Serviço de dentista (público/particular)
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não São João do Pau D’ Alho 37 60,65
X Tupi Paulista 9 14,75
São João do Pau D’ Alho/Tupi Paulista 3 4,92
Dracena 3 4,92
Dracena/Tupi Paulista 2 3,28
São João do Pau D’ Alho/Andradina 1 1,64
Panorama 1 1,64
Não utiliza 5 8,20
Creche onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não São João do Pau D’ Alho 54 88,52
X Não utiliza 7 11,48
Igreja onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não São João do Pau D’ Alho 60 98,36
X São João do Pau D’ Alho/Dracena 1 1,64
Comércio alimentar onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não São João do Pau D’ Alho 29 47,54
X Tupi Paulista 15 24,59
São João do Pau D’ Alho/Tupi Paulista 11 18,03
Dracena/Tupi Paulista 2 3,28
São João do Pau D’ Alho/Dracena 2 3,28
Nova Guataporanga 2 3,28
Confecções, calçados e armarinhos
onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não Tupi Paulista 25 40,98
X São João do Pau D’ Alho/Tupi Paulista 14 22,95
São João do Pau D’ Alho 11 18,03
Tupi Paulista/Dracena 7 11,47
Dracena 1 1,64
São João do Pau D’ Alho/Dracena 1 1,64
Depende da ocasião 1 1,64
Não compra 1 1,64
Área de Lazer onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não São João do Pau D’ Alho 16 26,23
X Tupi Paulista 5 8,20
Panorama/Paulicéia/Dracena 2 3,28
Dracena/Tupi Paulista 1 1,64
Não utiliza 37 60,65
CCI, baile, lanchonete, rio, escola da família, praça, pescaria, igreja e rodeio (São João do Pau D’ Alho)
Lanchonete, festas (Tupi Paulista e Dracena)
Balneário (Panorama e Paulicéia)
Escola onde obtém o serviço Frequência %
Sim Não São João do Pau D’ Alho 18 29,51
X Dracena 2 3,28
Tupi Paulista/Dracena 1 1,64
São João do Pau D’ Alho/Dracena 1 1,64
Não utiliza 39 63,93
Dracena (faculdade e técnico)
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
95
Tabela 73 São João do Pau D’Alho
Assistência social - 2010
Utiliza ou já utilizou assistência social do município?
SIM
N. % NÃO N. %
44 72,13 17 27,87
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 74
São João do Pau D’Alho O entrevistado e as relações com Presidente Prudente, Marília e São Paulo - 2010
Relação com Presidente Prudente
SIM N. % NÃO N. %
43 70,49 18 29,51
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Saúde 28 65,12 Compras 2 4,65
Passeio 7 16,28 Concurso 2 4,65
Passeio/saúde 3 6,98 Saúde/compras 1 2,32
Relação com Marília
SIM N. % NÃO N. %
18 29,51 43 70,49
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Saúde 12 66,67 Passeio 6 33,33
Relação com São Paulo
SIM N. % NÃO N. %
26 42,62 35 57,38
MOTIVOS
Motivo Frequência % Motivo Frequência %
Passeio 20 76,92 Passeio/Moradia 1 3,85
Moradia 3 11,54 Igreja 1 3,85
Trabalho 1 3,85
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
96
Tabela 75 São João do Pau D’Alho
Relação interurbana com Dracena e Tupi Paulista - 2010 Fluxo
Ocorrência Frequência %
1 vez na semana 7 11,47
2 vezes na semana 8 13,11
3 vezes na semana 1 1,64
4 vezes na semana -- --
5 vezes na semana -- --
6 vezes na semana -- --
7 vezes na semana 3 4,92
Raramente 9 14,75
Sempre 3 4,92
Quando necessecita 29 47,54
Não informou 1 1,64
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
Gráfico 39
São João do Pau D’Alho Tempo de residência em anos dos entrevistados - 2010
Fonte: Trabalho de campo, 2010.
97
Quadro 56 São João do Pau D’Alho
Local de origem dos entrevistados - 2010 Onde nasceu? Motivo da mudança para São João do Pau D’Alho?
Origem Motivo
Rinópolis (SP) Pernambuco (PE) Sítio da região Monte castelo (SP) Paraíba São José do Rio Preto (SP) Andradina (SP) Mirandópolis (SP) Pacaembu (SP) Jaú (SP) Santa Mercedes (SP) Nova Guataporanga (SP) Maranhão Votuporanga (SP) Junqueirópolis (SP) Presidente Prudente (SP) Americana (SP) Norte Flórida Paulista (SP) Bahia (BA) Paulicéia (SP) Marília (SP)
Mariápolis (SP) Minas Gerais
Com os pais Café acabou Não sabe Concurso público Casamento Emprego Lavoura não deu mais O café acabou, os filhos vieram embora e nós
ficamos velhos Tentar a vida Trabalhávamos como diarista e foi acabando a
lavoura
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
98
Tabela 76 São João do Pau D’Alho
O entrevistado e a cidade - 2010
Você gosta de morar em São João do Pau D´Alho?
SIM
N. % Razoável N. % NÃO N. %
59 96,72 -- -- 2 3,28
Justificativa Justificativa
Calma, tranquila Pode dormir de porta aberta que
ninguém mexe com ninguém, amo essa cidade
Não tem violência Sossegada Porta aberta ninguém entra Não tem perigo de roubo Não tem bandido
Falta de lazer
Amizade é tudo uma família. Cidade grande ninguém conhece ninguém, não se ajudam. Cidade pequena é
uma família um precisa o outro ajuda. Não tem melhor Acostumou Gosta do lugar Conhecimento Amizade Criou-se na cidade Vizinhos Aconchegante Um ajuda o outro Conhece todo mundo Cidade grande éramos presos, aqui
somos mais soltos Pessoas boas Apego
Não tem emprego Falta opção de emprego
Bom para criar os filhos Cidade pequena melhor para criar os
filhos Por ser pequena
Casa própria
Tem que gostar
Assistência social fornece tudo, o prefeito nos ajuda
Ajudas Tem todos os recursos quando precisa
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
99
Quadro 57 São João do Pau D’Alho
O entrevistado e a cidade - 2010
Quais as melhorias que faltam em São João do Pau D’Alho?
Médicos Saúde em geral e lazer Mais diversão para os jovens Hospital, bons médicos Mais, médico posto de saúde Médicos 24 horas Lazer Mais recursos na área de saúde
Emprego Indústrias Emprego para as mulheres Tirar a cana de açúcar para gerar outro tipo de
trabalho Opção de emprego para os jovens Uma firma para dar empregos sem ser na cana
de açúcar Mercados Mais comércio Farmácia, Posto de gasolina
Tudo bom Como todos se ajudam não precisamos de mais
nada
Emprego para não precisar sair da cidade Mais horários de ônibus, para melhor
deslocamento
Cursos profissionalizantes Administração pública
Acabar com o mau cheiro da granja
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Quadro 58
São João do Pau D’Alho O entrevistado e a cidade - 2010
O que você acha de São João do Pau D’Alho?
Cidade boa, calma Cidade pacata, não tem brigas Maravilhosa, limpa, sossegada Organizada Boa para morar não para emprego Como morava em cidade grande acho que
falta mais comércio Nosso prefeito é maravilhoso Cidade boa, todos unidos Bem administrada Quando preciso sou atendido
Cidade para idosos Tão pequena que não tem muito que falar Para idosos é sossegada já os jovens tem de
arrumar emprego fora Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
100
Quadro 59 São João do Pau D’Alho
O entrevistado e as relações interurbanas com Dracena - 2010
O que você acha de Dracena?
Mais médicos Boa, mas também faltam médicos Bom para todas as infraestruturas Tudo que precisa encontra na cidade Bastante lugar de lazer Hospital Todos os recursos Melhor infraestrutura Festas e restaurantes
Mais movimento no comércio Mais opção de comércio Emprego Muita opção de compra e emprego É maravilhosa tem mais farmácias, lojas etc.
Cidadão, boa, melhor, mais movimento Para tudo que precisa Cidade mais desenvolvida Utiliza tudo nela Grande, mais opção em tudo Muito grande, mais opção no comércio Melhor que São João do Pau D´Alho Tem tudo Outra coisa, grande metrópole Cidade grande
Não respondeu Não sabe Cidade boa Não tem muito que falar
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 77 São João do Pau D’Alho O entrevistado e a cidade - 2010
Gostaria de morar em outra cidade?
SIM N. % NÃO N. %
14 22,95 47 77,05
Qual cidade Motivos
Bauru (SP) Andradina (SP) Dracena (SP) São J. do Rio Preto (SP) Curitiba (PR)
Falta de emprego Cidade pequena Família Não sabe
Cidade que tiver melhor proposta de emprego
Cidade que possibilite uma renda maior
Cidade maior
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
101
Quadro 60 São João do Pau D’Alho
Concepção de cidade dos entrevistados - 2010 Os entrevistados e a definição de cidade
Definição
Dracena, Adamantina, Tupi Paulista, Marília, São Paulo, Americana
São Paulo, Rio de Janeiro (violência), cidade pequena (sossego)
Grande, correria, badalação
Cidade grande Lugar maior Maior que São João do Pau
D’Alho Muito grande Cidade grande (emprego),
pequena (morar e criar os filhos)
Tem que ter tudo que necessita para não precisar ir buscar fora
Mais desenvolvida que São João do Pau D´Alho (como Dracena, Presidente Prudente)
Mais movimento
Faculdade Centro de saúde Ofereça infraestrutura Lazer Opção na área de saúde
Lugar onde vive Conforto Acesso Bonita Limpeza Melhorias Paraíso Tem que ter tudo,
grande Diferente de sítio e muito
barulho Convívio Violência Melhor condição de vida
Conjunto de moradores Povoamento, com
comércio, bar e farmácia
Progresso Muito emprego Indústrias
Bem organizada, limpa e grande
Casas Ruas, carros e prefeitura Prédios
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
Tabela 78
São João do Pau D’Alho Definição de cidade e sua aplicação - 2010
São João do Pau D´Alho pode ser considerada cidade?
SIM N. % NÃO N. %
46 75,41 15 24,59
Justificativa do Sim Justificativa do não
Tem prefeito É um município
É um patrimônio Cidade rural
Tem o nome de cidade mais é uma curutela
Curutela
Cidade pequena mais é Cidadinha
Mais ou menos, falta um pouco Cidade ainda não é Não é cidade, mas é bom de morar
Tem de tudo Tem banco e igreja Tem mercado, tem correio
Falta comércio tem que sair para tudo Não tem opções
Para quem mora aqui Pode dizer que é uma vila de Dracena É um bairro
Não sabe
Fonte: Trabalho de Campo, 2010.
102
Tabela 79 Nova Alta Paulista
Emprego formal – 2012
FUNÇÃO
Período Jan/2007 a Jul/2012
ADMISSÃO DEMISSÃO SALDO
Trabalhador da cultura da cana-de-açúcar 17.382 15.072 2.310
Trabalhador da avicultura de postura 7.095 6.426 669
Trabalhador agropecuário em geral 3.451 4.709 -1.258
Trabalhador volante da agricultura 2.815 2.225 590
Tratorista agrícola 1.366 1.238 128
Motorista de caminhão 1.184 1.005 179
Trabalhador pecuária (bovino corte) 883 910 -27
Operador de pá carregadeira 494 346 148
Aux. De excritório em geral 327 236 91
Aux. De produção farmaceutica 240 207 33
Operador de máquina de beneficiamento de produtos agrícolas 238 163 75
Trabalhador no cultivo de trepadeiras frutíferas 233 260 -27
supervisor de exploração agrícola 208 249 -41
Trabalhador pecuária (bovino de leite) 163 209 -46
Aux. De laboratório de imunobiologia 163 150 13
Trabalhador pecuário polivalente 131 159 -28
Operador de caregadeira 129 117 12
Trabalhador pecuária (bovino leite) 121 150 -29
Mecânico de manutenção de máquinas agrícolas 107 96 11
Operador de colheitadeira 101 121 -20
Continuo 100 32 68
Alimentador linha de produção 94 113 -19
Motorista de furgão ou veículos similares 93 57 36
Operador de motoniveladora 84 76 8
Trabalhador cultura café 84 72 12
Seringueiro 80 65 15
Carpinteiro 69 59 10
Trabalhador produção de mudas e sementes 67 40 27
Operador de máquinas fixas, em geral 66 60 6
Supervisor de exploração agropecuária 63 71 -8
Recreador 56 40 16
Tropeiro 56 47 9
Trabalhador na suinocultura 53 52 1
criador de peixes 51 43 8
Operador de incubadora 50 54 -4
Caseiro (agricultura) 46 61 -15
Trabalhador da avicultura de corte 46 68 -22
Trabalhador da cultura de mamona 44 33 11
Assistente administrativo 43 50 -7
Administrador 39 44 -5
103
Ajudante de motorista 39 34 5
Trabalhador da cultura do amendoim 36 45 -9
Trabalhador na siricicultura 34 49 -15
Trabalhador cultivo de árvores frutiferas 31 33 -2
Trabalhador pecuária (budalinos) 28 22 6
Apontador de mão de obra 28 35 -7
Soldador 27 23 4
Mecânico manutenção de automóveis, motonetas e similares 25 11 14
Mecânico de veículos automotores a disel 24 26 -2
Operador de máquinas de abrir valas 24 19 5
Almoxerife 23 14 9
Operador de caldeira 21 18 3
Apontador de produção 20 21 -1
Balanceiro 19 13 6
Eletricista de instalação 19 12 7
Operador de equipamento de refinação de açúcar 18 13 5
Lubrificador industrial 18 11 7
Técnico agrícola 17 13 4
Engenheiro agronomo 16 12 4
Viveirista florestal 15 14 1
Técnico em segurança do trabalho 13 9 4
Contador 11 8 3
Técnico em secretáriado 9 8 1
Engenheiro segurança do trabalho 9 7 2
Técnico laboratório industrial 6 9 -3
Técnico florestal 6 3 3
Secretária executiva 6 5 1
Médico veterinário 5 2 3
Engenheiro agrícola 4 5 -1
Biologo 3 2 1
Aux. De enfermagem do trabalho 3 0 3
Enfermeiro do trabalho 3 1 2
Analista de suporte computacional 3 1 2
Psicologo do trabalho 3 2 1
Economista agroindustrial 3 2 1
Técnico contabilidade 3 3 0
Médico do trabalho 3 1 2
Enfermeiro 2 0 2
Nutricionista 2 2 0
Períto contábil 2 1 1
Técnico em manutenção equiapamento de informática 2 1 1
Economista financeiro 2 2 0
Secretária bi e trilingue 2 1 1
Topográfo 2 2 0
Técnico agropecuário 1 2 -1
104
Engenheiro ambiental 1 1 0
Engenheiro florestal 1 0 1
Engenheiro mecânico automotivo 1 1 0
Analista de transporte e comércio exterior 1 1 0
Tecnologo em logistica de transporte 1 0 1
Técnico em caldeira 1 2 -1
Programador sistema de informaçãp 1 0 1
Técnico controle meio ambiente 1 0 1
Técnico enfermagem do trabalho 1 0 1
Técnico de apoio em pesquisa e desenvolvimento agroflorestal 1 2 -1
Técnico obras cívis 0 2 -2
Analista pesquisa de mercado 0 1 -1
Zootecnista 0 2 -2
Fonte: Ministério do trabalho e emprego, 2012. Organizado por Claudia Marques Roma, 2012.
Quadro 61
Flora Rica Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012
Revenda de gás Loja de roupas (2) Bazar Açougue Quitanda
Padaria Sorveteria Borracharia Lotérica Restaurante
Farmácia Loja e armarinhos Bar e lanchonete (6) Minimercado (5) Salão de Beleza
Fonte: Trabalho de Campo, 2012.
Tabela 80
Flora Rica Motivo que levou desempenhar a atividade? - 2012
Motivo Frequência (%)
Sempre teve vontade de ter um comércio 1 4
Falta de outras opções 1 4
Surgiu a oportunidade 1 4
Não havia o tipo de loja na cidade 2 8
Liberdade financeira e melhorar de vida 3 12
Cansou de trabalhar na lavoura e resolveu abrir a loja 4 16
Herança 5 20
Gosta do ramo 7 28
Não respondeu 1 4
Fonte: trabalho de campo, 2012.
105
Tabela 81 Flora Rica
Tempo de atividade - 2012
Período Frequência (%)
Até 1 ano 3 12
Mais de 1 ano até 5 anos 8 32
Mais de 5 anos até 10 anos 7 28
Mais de 10 anos 7 28
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 82
Flora Rica Tecnologia - 2012
3.1
Tem computador?
SIM – 7 (28%) NÃO – 18 (72%)
3.2
Sistema de demarcação de preços?
Manual – 22 (88%) Computador – 2 (8%) As duas formas – 1 (4%) Não respondeu ou não se aplica – --
3.3
Forma de controle de estoque?
Manual – 23 (92%) Computador – 1 (4%) As duas formas – -- Não respondeu, não se aplica ou não tem estoque – 1 (4%)
3.4
Possui maquina de cartão de crédito?
SIM – 4 (16%) NÃO – 21 (84%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 83
Flora Rica Estrutura administrativa - 2012
4.1 Como é dividido o serviço no estabelecimento. Tem uma pessoa específica para desenvolver cada atividade?
Não tem divisão – 19 (76%)
Tem divisão – 6 (24%)
Não respondeu – ----
4.2 As funções são fixas
Sim – 3 (12%) Não – 22 (88%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
106
Tabela 84 Flora Rica
Capitais -2012
Faturamento-Investimento
5.1
Tem uma conta bancária específica para empresa ou junto com a conta pessoal?
Junta – 17 (68%) Separada – 6 (24%) Não respondeu ou não tem conta bancária – 2 (8%)
5.2
Tem separação entre o dinheiro da empresa e a renda familiar? Ou é tudo junto?
Junto – 23 (92%) Separada – 1 (4%) Não respondeu – 1 (4%)
5.3 Investimento
Realiza investimentos mensais para melhor a empresa?
Sim – 19 (76%)
- apenas responderam q faz investimentos
Não – 3 (12%) Não respondeu – 3 (12%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 85 Flora Rica
Empregos - 2012
6.1 Quantas pessoas trabalham no estabelecimento? E qual a forma de contratação?
Quantidade Frequência (%) Forma Frequência (%)
1 7 28 Familiar 16 64
2 7 28 Assalariado 9 36
3 7 28
4 4 12
5 ou mais 1 4
Fonte: trabalho de campo, 2012.
107
Tabela 86 Flora Rica
Estoques - 2012
7.1 quantidade
Grande – 21 (84%) Pequena – 1 (4%) Não se aplica ou sem estoque – 3 (12%)
7.2 Qual a forma que se utiliza para fazer pedidos?
Forma Frequência (%)
Vendedor 13 52
Vendedor e telefone 1 4
Telefone 1 4
Vendedor e outra forma (busca em outras cidades – abate e vende)
9 36
Não se aplica 1 4
7.4 Quanto tempo em média que demora para chegar os produtos?
Período (em dias) Frequência (%)
1 a 3 5 20
4 a 7 12 48
8 a 15 2 8
Não se aplica 6 24
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 87 Flora Rica Preços das mercadorias - 2012
Fixos – 17 (68%) Negociável – 8 (32%) Fixo e negociável – ---
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 88
Flora Rica Margem de lucro -2012
Porcentagem Frequência (%)
20 a 29% 3 12
30 a 39% 14 56
40 a 49% 3 12
50 ou mais% 4 16
Não respondeu 1 4
Fonte: trabalho de campo, 2012.
108
Tabela 89 Flora Rica
Relação com o cliente - 2012
10.1 Qual é a forma de atendimento ao cliente?
Pessoal – 25 (100%)
10.2 Forma de venda oferecida aos clientes?
Forma de pagamento Frequência (%)
Cheque e a vista 3 12
Caderneta, cheque e a vista 14 56
Caderneta, cheque, a vista e cartão 3 12
Caderneta e cheque 2 8
Caderneta e a vista 2 8
Somente a vista 1 4
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Quadro 62 Flora Rica
Custos fixos - 2012
Apenas custo de manutenção – água, luz e produtos – 13 (52%) Aluguel mais custos de manutenção – 3 (12%) Aluguel, custos de manutenção, salários funcionários e escritório – 9 (36%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 90 Flora Rica
Publicidade - 2012
Sim – 2 (8%) Não – 23 (92%)
Panfleto – 1 (50%) Eventos na cidade – 1 (50%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 91
Flora Rica Ajuda governamental para o estabelecimento - 2012
Sim – --- Não – 25 (100%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Quadro 63 Pracinha
Atividade desenvolvida do circuito inferior -2012
Material de Construção (2) Conveniência Loja atendimento Loja e armarinhos Restaurante (2)
Posto de Gasolina Bar e restaurante Minimercado (2) Telefônica
Bar Sorveteria Salão de Beleza Farmácia
Fonte: trabalho de campo, 2012.
109
Tabela 92 Pracinha
Motivo que levou desempenhar essa atividade? - 2012
Motivo Frequência (%)
Para suprir a necessidade da cidade 1 6,67
Aumentar a renda 1 6,67
Necessidade financeira 1 6,67
Na lavoura estava difícil 1 6,67
Para obter renda 2 13,33
Herança 2 13,33
Não havia o tipo de loja na cidade 4 26,67
Não respondeu 3 20,00
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 93 Pracinha
Tempo de atividade - 2012
Período Frequência (%)
Até 1 ano -- --
Mais de 1 ano até 5 anos 7 46,67
Mais de 5 anos até 10 anos 5 33,33
Mais de 10 anos 3 20,00
Não respondeu -- --
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 94 Pracinha
Tecnologia - 2012
3.1
Tem computador?
SIM – 8 (53,33%) NÃO – 7 (46,67%)
3.2
Sistema de demarcação de preços?
Manual – 9 (60%) Computador – 5 (33,33%)
As duas formas – 1 (6,67%) Não respondeu ou não se aplica – 3 (20%)
3.3
Forma de controle de estoque?
Manual – 11 (73,33%)
Computador – 1 (6,67%)
As duas formas – --
Não respondeu, não se aplica ou não tem estoque – 3 (20%)
3.4
Possui maquina de cartão de crédito?
SIM – 9 (60%) NÃO – 6 (40%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
110
Tabela 95 Pracinha
Estrutura administrativa -2012
4.1 Como é dividido o serviço no estabelecimento. Tem uma pessoa específica para desenvolver cada atividade?
Não tem divisão – 5 (33,33%)
Tem divisão – 7 (46,67%)
Não respondeu – 3 (20%)
4.2 As funções são fixas
Sim – 1 (6,67%) Não – 14 (93,33%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 96 Pracinha
Capitais - 2012
Faturamento-Investimento
5.1
Tem uma conta bancária específica para empresa ou junto com a conta pessoal?
Junta – 4 (26,67%) Separada – 10 (66,67%) Não respondeu ou não tem conta bancária – 1 (6,67%)
5.2
Tem separação entre o dinheiro da empresa e a renda familiar? Ou é tudo junto?
Junto – 8 (53,33%) Separada – 7 (46,67%) Não respondeu – --
5.3 Investimento
Realiza investimentos mensais para melhor a empresa?
Sim – 2 (13,33%)
- anualmente reforma e pintura
Não – 13 (86,67%) Não respondeu --
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 97 Pracinha Empregos - 2012
6.1 Quantas pessoas trabalham no estabelecimento? E qual a forma de contratação?
Quantidade Frequência (%) Forma Frequência (%)
1 -- -- Familiar 6 40,00
2 8 53,33 Assalariado 7 46,67
3 4 26,67 Os dois 2 13,33
4 1 6,67
5 ou mais 2 13,33
Fonte: trabalho de campo, 2012.
111
Tabela 98 Pracinha
Estoques - 2012
7.1 quantidade
Grande – 2 (13,33%)
Pequena – 10 (66,67%)
Não se aplica ou sem estoque – 3 (20%)
7.2 Qual a forma que se utiliza para fazer pedidos?
Forma Frequência (%)
Vendedor 7 46,67
Vendedor e telefone 5 33,33
Vendedor, telefone e internet 1 6,67
Vendedor e internet 1 6,67
Vendedor, telefone e outra forma (busca em outra cidade) 1 6,67
Não se aplica 1 6,67
7.4 Quanto tempo em média que demora para chegar os produtos?
Período (em dias) Frequência (%)
1 a 3 9 60,00
4 a 7 4 26,67
8 a 15 1 6,67
Não se aplica 1 6,67
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 99
Pracinha Preços - 2012
Fixos – 7 (46,67%) Negociável – 7 (46,67%) Fixo e negociável – 1 (6,67%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 100
Pracinha Margem de lucro - 2012
Porcentagem Frequência (%)
20 a 29% 6 40,00
30 a 39% 5 33,33
40 a 49% 2 13,33
50 ou mais% 2 13,33
Fonte: trabalho de campo, 2012.
112
Tabela 101 Pracinha
Relação com o cliente - 2012
10.1 Qual é a forma de atendimento ao cliente?
Pessoal – 15 (100%)
10.2 Forma de venda oferecida aos clientes?
Forma de pagamento Frequência (%)
Cheque e a vista 3 20,00
Caderneta, cheque e a vista 5 33,33
Caderneta, cheque, a vista e cartão 5 33,33
Caderneta e cheque 2 13,33
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Quadro 64 Pracinha
Custos fixos - 2012
Apenas custo de manutenção – água, luz e produtos – 8 (53,33%) Aluguel mais custos de manutenção – 3 (20%) Aluguel, custos de manutenção, salários funcionários e escritório – 4 (26,67%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 102 Pracinha Publicidade - 2012
Sim – 6 (40%) Não – 9 (60%)
Jornal – 2 (33,33%) Eventos na cidade – 2 (33,33%)
Rádio – 1 (16,67%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 103 Pracinha Ajuda governamental - 2012
Sim – --- Não – 15 (100%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Quadro 65
Mariápolis Atividade desenvolvida no circuito inferior - 2012
Minimercado e açougue Loja de material esportivo Funerária (2) Loja de roupas (2 Posto de Gasolina Auto-elétrica Bar (4)
Academia (2) Bar e mercearia (2) Mercado (2) Sorveteria e Restaurante Loja de material de alumínio e portões Escritório de Contabilidade
Salão de Beleza Nutrimar Farmácia (2) Bazar LanHouse Açougue
Fonte: trabalho de campo, 2012.
113
Tabela 104 Mariápolis
Motivo que levou desempenhar essa atividade? - 2012
Motivo Frequência (%)
Não havia o tipo de loja na cidade 1 3,57
Para ter lucro e já tinha experiência como vendedora 1 3,57
Necessidade: tinha outro comércio que faliu e já trabalhou no ramo anteriormente como assalariado e decidiu abrir o próprio negócio.
1 3,57
Era motorista e resolveu abrir o próprio negócio pois estava velho 1 3,57
Na época em que abriu o negócio não havia outro na cidade 1 3,57
Expandir o negócio, pois tem outras duas lojas em cidades diferentes e pela carência na cidade
1 3,57
Era da capital e resolveu trazer o negócio para o interior 1 3,57
Queria trabalhar por conta 1 3,57
Estabelecimento é da família 1 3,57
Porque gosta da profissão e da lucro 1 3,57
Sonho 1 3,57
Já trabalhava na área 1 3,57
Gosta do ramo 1 3,57
Trabalho 1 3,57
Trabalhava na roça e montou o bar com a intenção de estudar os filhos 1 3,57
Para ter autonomia financeira – fonte de renda 2 7,14
Herança 3 10,71
Para suprir a necessidade da cidade 7 25,00
Não respondeu 2 7,14
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 105
Mariápolis Tempo na atividade - 2012
Período Frequência (%)
Até 1 ano 3 10,71
Mais de 1 ano até 5 anos 4 14,29
Mais de 5 anos até 10 anos 4 14,29
Mais de 10 anos 16 57,14
Não respondeu 1 3,57
Fonte: trabalho de campo, 2012.
114
Tabela 106 Mariápolis
Tecnologia - 2012
3.1
Tem computador?
SIM – 16 (57,14%) NÃO – 12 (42,86%)
3.2
Sistema de demarcação de preços?
Manual – 14 (50%) Computador – 8 (28,57%)
As duas formas – 4 (14,29%) Não respondeu ou não se aplica – 2 (7,14%)
3.3
Forma de controle de estoque?
Manual – 15 (53,57%)
Computador – 6 (21,43%)
As duas formas – 1 (3,57%)
Não respondeu, não se aplica ou não tem estoque – 6 (21,43%)
3.4
Possui maquina de cartão de crédito?
SIM – 7 (25%) NÃO – 21 (75%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 107 Mariápolis Estrutura administrativa – 2012
4.1 Como é dividido o serviço no estabelecimento. Tem uma pessoa específica para desenvolver cada atividade?
Não tem divisão – 19 (67,86%)
Tem divisão – 9 (32,14%)
Não respondeu – --
4.2 As funções são fixas
Sim – 1 (3,57%) Não – 27 (96,43%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 108 Mariápolis
Capitais - 2012
Faturamento-Investimento
5.1
Tem uma conta bancária específica para empresa ou junto com a conta pessoal?
Junta – 10 (35,71%) Separada – 16 (57,14%) Não respondeu ou não tem conta bancária – 2 (7,14%)
5.2
Tem separação entre o dinheiro da empresa e a renda familiar? Ou é tudo junto?
Junto – 20 (71,43%) Separada – 8 (28,57%) Não respondeu – 2 (7,14%)
5.3 Investimento
Realiza investimentos mensais para melhor a empresa?
Sim – 7 (25%)
- anualmente renovação de móveis e computadores - anualmente - sim - em produtos - pintura e infraestrutura do imóvel - na melhoria e diversidade da mercadoria - reforma geral
Não – 18 (64,29%) Não respondeu – 3 (10,71%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
115
Tabela 109 Mariápolis
Empregos - 2012
6.1 Quantas pessoas trabalham no estabelecimento? E qual a forma de contratação?
Quantidade Frequência (%) Forma Frequência (%)
1 8 28,57 Familiar 15 53,57
2 7 25,00 Assalariado 13 46,43
3 5 17,86
4 3 10,71
5 ou mais 5 17,86
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 110
Mariápolis Estoques - 2012
7.1 quantidade
Grande – 2 (7,14%) Pequena – 20 (71%) Não se aplica ou sem estoque – 6 (21,43%)
7.2 Qual a forma que se utiliza para fazer pedidos?
Forma Frequência (%)
Vendedor 11 39,29
Vendedor e telefone 3 17,86
Telefone e fax 2 17,14
Vendedor, telefone e internet 2 17,14
Vendedor, telefone e outra forma (busca em outra cidade) 1 3,57
Telefone e internet 2 17,14
Internet 1 3,57
Outra forma (busca em outra cidade) 3 17,86
Não se aplica 3 17,86
7.4 Quanto tempo em média que demora para chegar os produtos?
Período (em dias) Frequência (%)
1 a 3 8 28,57
4 a 7 6 21,43
8 a 15 4 14,29
Mais de 15 4 14,29
Não se aplica 6 21,43
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 111 Mariápolis Preços - 2012
Fixos – 10 (35,71%) Negociável – 17 (60,71%) Fixo e negociável – 1 (3,57%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
116
Tabela 112 Mariápolis
Margem de lucro - 2012
Porcentagem Frequência (%)
20 a 29% 9 32,14
30 a 39% 8 28,57
40 a 49% 1 3,57
50 ou mais% 7 25,00
Não respondeu 3 17,86
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 113
Mariápolis Relação com o cliente - 2012
10.1 Qual é a forma de atendimento ao cliente?
Pessoal – 28 (100%)
10.2 Forma de venda oferecida aos clientes?
Forma de pagamento Frequência (%)
Cheque e a vista 1 3,57
Caderneta, cheque e a vista 14
Caderneta, cheque, a vista e cartão 6
Caderneta e cheque 1 3,57
Caderneta e a vista 3 17,86
Somente a vista 1 3,57
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Quadro 66
Mariápolis Custos fixos - 2012
Apenas custo de manutenção – água, luz e produtos – 9 (32,14%) Aluguel mais custos de manutenção – 9 (32,14%) Aluguel, custos de manutenção, salários funcionários e escritório – 10 (35,71%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 114
Mariápolis Publicidade – 2012
Sim – 18 (64,29%) Não – 10 (35,71%)
Jornal – 9 (50%) Jornal e internet – 1 (5,56%)
Rádio – 1 (5,56%) Panfleto e carro de som – 1 (5,56%)
Jornal, internet e rádio – 1 (5,56%) Sacola plástica e calendário – 1 (5,56%)
Jornal e rádio – 2 (11,12%) Jornal e agenda telefônica – 1 (5,56%)
Agenda telefônica – 1 (5,56%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
Tabela 115
Mariápolis Ajuda governamental - 2012
Sim – -- Não – 28 (100%)
Fonte: trabalho de campo, 2012.
117
Mapeando os indicadores intra-urbanos na escala interurbana
A fim de compreender a estruturação das cidades localizadas na Nova Alta
Paulista, elaboramos um mapeamento dos espaços intraurbano dessas localidades. Os
indicadores que compõem o mapeamento revelam a diferenciação socioespacial
existente nesses espaços.
O mapeamento que apresentaremos permite-nos visualizar o espaço
intraurbano na escala interurbana, ou seja, os setores censitários das cidades podem
ser observados com os mesmos valores de referência na escala interurbana, nos
permitindo uma comparação entre as diferentes cidades. Dessa forma, compreender
as articulações escalares, identificando que os processos sociais que ocorrem em uma
determinada escala, não se restringem a ela. Assim, optamos apresentar os mapas
em quatro subgrupos28:
- indicadores habitacionais ( mapa – domicílios improvisados; mapa – domicílios tipo
cômodo; mapa – domicílios coletivos; mapa – domicílios sem banheiro ou sanitário;
mapa – domicílios com quatro banheiros ou mais; mapa – domicílios com cinco
moradores ou mais).
- indicadores de infraestrutura de saneamento básico (mapa - domicílios com
abastecimento de água ligado à rede geral; mapa - domicílios com abastecimento de
água de outra forma; mapa - domicílios com esgotamento sanitário ligados à rede
geral; mapa - domicílios com esgotamento sanitário outro destino; mapa - domicílios
com lixo coletado pelo serviço de limpeza e; mapa - domicílios com lixo outro
destino).
- indicadores econômicos (mapa - responsável pelo domicílio sem rendimento
mensal; mapa - responsável pelo domicílio com rendimento mensal até meio salário
mínimo; mapa - responsável pelo domicílio com rendimento mensal mais de meio a
dois salários mínimos e; mapa - responsável pelo domicílio com rendimento mensal
mais de 15 salários mínimos).
- indicadores sociais (mapa - responsável pelo domicílio sem instrução e menos de
um ano de estudos; mapa - responsável pelo domicílio com 17 anos ou mais de
estudos e; mapa - responsável pelo domicílio com 10 a 19 anos de idade).
28 A metodologia que estamos discutindo e foi utilizada para elaboração desse
mapeamento está descrita nos procedimentos metodológicos contido neste trabalho.
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Os indicadores habitacionais revelam a localização dos diferentes segmentos
sociais no espaço intraurbano da Nova Alta Paulista a partir da característica das
moradias, ou seja, boa condição (mapa - domicílios com quatro banheiros ou mais)
ou condição ruim (mapa - domicílios improvisados; mapa - domicílios tipo cômodo;
mapa - domicílios coletivos; mapa - domicílios sem banheiro ou sanitário e; mapa
domicílios com cinco moradores ou mais).
Numa análise geral dos mapas, observamos que as cidades locais começam a
se destacar com os melhores indicadores (por exemplo, quando verificamos que em
Dracena e Tupã estão localizados os setores censitários com melhor avaliação em
relação a presença de domicílios com quatro banheiros ou mais, além disso, a quase
totalidades dos setores das cidades locais classificam-se no pior indicador), enquanto
as cidades menores apresentam os piores indicadores (como Bastos, Paulicéia,
Parapuã, Iacri e Rinópolis,que possuem os piores setores censitários em relação aos
domicílios improvisados, ou Ouro Verde em relação aos domicílios sem banheiro ou
sanitário).
Os mapas estão relacionados aos domicílios com infraestrutura de saneamento
básico. Nessa análise podemos identificar pontualmente, em todos os seis mapas, os
poucos setores censitários que se classificam com os piores indicadores
No entanto, mesmo que pontualmente, nos indicadores de domicílios com água
ligados a rede geral e domicílios com água outra forma notamos a presença dos
piores indicadores nas cidades de Flora Rica, Adamantina e Tupã. No mesmo sentido
(mapa - domicílios com lixo coletado pelo serviço de limpeza e mapa – domicílios
com lixo outro destino), destacamos com os piores indicadores as cidades de Tupã,
Flora Rica e Flórida Paulista.
Comparando os indicadores relacionados à água com os de esgoto sanitário,
observamos que na região o segundo apresenta um número mais elevado de setores
censitários classificados como pior. Assim, destacamos nos piores indicadores de
esgotamento sanitário as cidades de Ouro Verde, Pacaembu, Flora Rica, Dracena,
Osvaldo Cruz, Parapuã, Adamantina, Rinópolis, Tupã e Paulicéia. Nesta última
localidade observamos esse fator no espaço intraurbano como um todo. Além disso,
como apontamos anteriormente, há na cidade um crescimento acelerado da atividade
turística voltada principalmente para pesca, ampliando o número de loteamentos para
atender a demanda turística. As demais cidades da região classificam-se nesse
indicador como intermediárias, destacando-se com os melhores indicadores as cidades
de Tupi Paulista, Iacri, Bastos e Arco-Íris.
Constatamos que os piores indicadores localizam-se praticamente nos mesmos
setores censitários nas diferentes cidades, demonstrando uma diferenciação
socioespacial entre os espaços da cidade. E, ainda, percebemos que nesses
indicadores há uma maior homogeneidade ao compararmos as cidades sub-regionais
e as cidades locais, ou seja, no âmbito das pequenas cidades da Nova Alta Paulista, as
infraestruturas de saneamento básico, apresentam-se com bons e intermediários
indicadores, seguindo um padrão presente no estado de São Paulo.
Analisando os indicadores econômicos contidos nos mapas, podemos ressaltar
claramente que as cidades com menor contingente populacional apresentam os
menores níveis de renda. Nos indicadores responsável pelos domicílios sem
rendimento mensal – mapa, responsável pelos domicílios com rendimento mensal de
até meio salário mínimo – mapa , responsável pelos domicílios com rendimento
mensal de meio a dois salários mínimos – mapa, destacamos: no primeiro com o pior
percentual a cidade de Panorama, no segundo as cidades de Rinópolis, Ouro Verde,
Monte Castelo, Flórida Paulista, Flora Rica, Pracinha, Herculândia e Osvaldo Cruz e no
terceiro as localidades de Ouro Verde, Nova Guataporanga, Flora Rica, Queiroz e
Osvaldo Cruz.
Ainda em relação a esses indicadores, constatamos que um número elevado de
setores censitários das cidades híbridas são classificados como intermediários para
pior. Já nas cidades locais estão os melhores indicadores e os intermediários para
melhor. Destacamos nesse grupo que a cidade de Osvaldo Cruz apresenta em seu
espaço urbano dois setores censitários classificado como pior e intermediário para
pior, sendo um deles o setor censitário denominado pelo IBGE como aglomerado sub-
normal “favela”.
Quando analisamos o indicador responsável pelo domicílio com rendimento
mensal com mais de 15 salários mínimos evidencia-se, ainda mais, a diferença de
nível socioeconômico presente nas cidades da Nova Alta Paulista. Com os melhores
indicadores temos somente as cidades de Dracena, Adamantina e Tupã e, como
intermediários as cidades de Junqueirópolis, Pacaembu, Tupi Paulista, Lucélia, Bastos
e Osvaldo Cruz. Ressaltamos que praticamente todos os setores censitários das
cidades híbridas com população inferior a 5.000 habitantes, as quais estão inseridas
no limite inferior da complexidade urbana, apresentaram os piores indicadores
(Queiroz, Arco-Íris, Mariápolis, Pracinha, Inúbia Paulista, Salmourão, Sagres, Flora
Rica, Santa Mercedes, São João do Pau D’Alho, Ouro Verde e Nova Guataporanga),
somente em Monte Castelo e Inúbia Paulista observamos setores censitários
classificados como intermediários para pior, perfazendo 3,85 a 6,55% dos domicílios.
Neste último grupo de mapas, demonstramos os indicadores sociais. No
que concerne à escolaridade responsável pelos domicílios sem instrução e menos
de um ano de estudo – mapa, e responsável pelos domicílios com 17 anos ao
mais de estudo – mapa, identificamos também que nas cidades híbridas estão os
piores níveis de escolaridade.
No primeiro os setores censitários com os piores indicadores estão nas
cidades de Flora Rica e Osvaldo Cruz e os melhores percentuais podem ser
observados em Tupã, Dracena, Adamantina, Osvaldo Cruz, Tupi Paulista,
Junqueirópolis, Parapuã, Herculândia, Bastos e Iacri. Destacamos, novamente,
que nas cidades híbridas não há ocorrência de nenhum indicador classificado
como melhor sendo que os intermediários estão indicando para pior, enquanto
nas cidades locais além de estruturarem em seus espaços os melhores
indicadores (exceto um setor de Osvaldo Cruz) observamos os intermediários
para melhor.
No segundo evidencia-se que os maiores níveis de escolaridade
acompanham o aumento no contingente populacional da região. Somente na
cidade de Tupã, constatamos a presença de setores censitários classificados com
os melhores indicadores, enquanto em Adamantina, Dracena e Osvaldo Cruz e as
localidades com população acima de 5.000 habitantes apresentam indicadores
intermediários. Nesse indicador, constatamos que todos os setores censitários
das cidades híbridas, inseridas no limite inferior da complexidade urbana, são
considerados como piores.
No mapa - responsável pelos domicílios com 10 a 19 anos de idade os
piores indicadores são observados em Tupã, Panorama e Herculândia e nas
demais cidades da região, apresentam-se os indicadores intermediários.
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