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AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
• O preço do solo é o instrumento de mercado fundamental na organização espacial da produção capitalista em geral e na grande aglomeração urbana em particular. (...)
• Sua análise ficou obstruída pela Teoria de Renda da Economia Política, segundo a qual, o preço do solo é (...) apenas a forma capitalizada de sua renda. (…)
• No espaço aberto pela rejeição da teoria de renda esboça-se um arcabouço de uma análise da organização espacial da produção mediante uma construção de categorias novas, próprias do capitalismo, tais como espaço, localização e preço do solo como forma de pagamento pela localização e parte integrante do preço das mercadorias. (...)
(Deák, 1992:26)
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
RIQUEZA DAS NAÇÕES E A TEORIA DE RENDA DA TERRA
Mercantilismo (pensamento econômico predominante na Europa na época de Adam Smith) -• Riqueza é constituída por moeda • Riqueza das nações depende do comércio exterior• Volume de moeda de um país não produtor de metais depende do comércio exterior
Fisiocratas (alternativa ao mercantilismo) –• Agricultura => única atividade que requer insumo de bens (sementes e meios de subsistência) menor que o
produto que proporciona• É apenas da agricultura que provem o excedente que depois é repartido entre as demais classes da sociedade
Economia Política (Adam Smith e Ricardo) –• Teoria do valor-trabalho • Distinção entre valor de uso e valor de troca• Riqueza é constituída pelos valores de uso• O valor de troca reflete o trabalho gasto na produção da mercadoria• O trabalho anual de cada nação é o fundo que originalmente supre de todas as coisas necessárias e
convenientes à vida• Herda o conceito de renda dos fisiocratas• Para Ricardo, renda era uma conseqüência da produção capitalista na terra
Crítica à economia política (Marx) –• Mantém com poucas alterações, os pressupostos da Teoria da Renda da Terra da Economia Política• Marx em sua análise da renda diferencial mostra que é suficiente abandonar a assunção do equilíbrio no retorno
marginal e a relação causal entre produção e renda é revertida: é a existência da renda que força os capitalistas a sub-investir e assim consegue extrair “sobre-lucros”
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA RENDA1 – renda é um pagamento por uma dádiva da natureza
2 – renda é uma transferência de trabalho excedente de uma classe para outra (capitalistas para proprietários de terra) na forma de pagamento por uma condição de produção
PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA RENDA DIFERENCIAL
1 – Equilíbrio – permite que todos os capitais estejam em uma situação semelhante para serem remunerados com o mesmo retorno marginal = Fluidez de capital – permite que, após uma alteração das condições de produção ou introdução de uma nova técnica de produção, um novo equilíbrio possa ser atingido instantaneamente (não considera investimentos em capital fixo)
2 – Produto único – pressuposto da existência de um produto único ou básico (um grão) cujo preço no mercado unificado estabelece os diferenciais de produtividade das terras de diferentes qualidades
3 – A pior terra não paga renda – pressuposto de que o preço do produto agrícola é definido pelo custo de produção na terra de pior qualidade. A produção realizada em terras melhores pagariam o lucro maior obtido ao dono da terra na forma de renda. Assim, não existiria pagamento pela utilização da pior terra.
Fonte imagem: Csaba Deák
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
CRÍTICA AOS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA RENDA
1 – Pagamento por uma dádiva da natureza - O pagamento pelo uso da terra advém da propriedade privada da terra e não de uma dádiva da natureza
2 – Transferência de trabalho excedente de uma classe para outra - No capitalismo não existem 3 classes e sim duas –trabalhadores e capitalistas.
CRÍTICA AOS PRESSUPOSTOS DA TEORIA DA RENDA DIFERENCIAL
1 – Equilíbrio = fluidez de capital – a existência (crescente) de capital investido em equipamentos, edificações e terrenos (localização) –capital fixo- impede a fluidez do capital de um ramo de produção para outro, ou de uma técnica produtiva para outra.
2 – Produto único –o pressuposto de um produto único cujo custo de produção na terra de pior qualidade definiria tanto o preço desse produto quanto a renda a ser paga pelo uso de terras de melhor qualidade, perde sentido com a existência da produção de diversos produtos agrícolas.
3 – A pior terra não paga renda – ninguém cederia o direito de uso sobre sua propriedade sem qualquer custo.
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
TEORIA DE RENDA DA TERRA
• A teoria da renda é inglesa e somente pode ser interpretada a partir das peculiaridades da sociedade que lhe deu origem.
• Tais peculiaridades decorrem do modo pelo qual se deu a transição do feudalismo para o capitalismo na Inglaterra.
• Segundo Christopher Hill “a revolução francesa garantiu a sobrevivência do campesinato na França: a revolução inglesa cuidou de seu desaparecimento na Inglaterra”.
• Por outro lado houve uma aliança entre a classe dominante velha (nobreza) e a nova (burguesia), resultando naquilo que tem sido visto como uma espécie de dominação dual da burguesia e dos senhores de terra.
• Essa aliança se mantém durante dois séculos, com o fortalecimento progressivo da burguesia. Essa é a época de florescimento da Economia Política, a ciência da burguesia ascendente.
• Assim em toda a historia da economia política pôde permanecer a visão de uma sociedade estruturada em 3 grandes classes:
– Capitalistas– Senhores de terra– Trabalhadores
(Deák, 1992)
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
PRODUÇÃO DO ESPAÇO
“Com o surgimento de um mercado de terras e a transformação dos direitos feudais sobre a terra em propriedade privada, o significado social de “terra” como distinto de “capital” desaparece e o pagamento pela localização é absorvido no processo do capital.”
(DEÁK, 1985:151)
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
O ESPAÇO É DEFINIDO PELA RELAÇÃO ENTRE SEUS PONTOS
No espaço físico:as relações precisam ser construídas
• infra-estruturaas localizações se materializam em porções finitas do espaço
• p. ex. lotes
Produção do espaço = provisão de infra-estrutura por parte do Estado + uso das localizações por processos individuais de produção e de reprodução
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
ESPAÇO É PRODUZIDO (pela ação do Estado e pelo uso das localizações por processos individuais de produção e de reprodução)
LOCALIZAÇÕES RESULTAM (da ação do Estado e do uso por processos individuais de produção e de reprodução)
• Uma intervenção no espaço altera o valor de uso de todas as localizações
• Localizações não podem ser produzidas enquanto mercadorias
• Localizações podem estar definidas no solo, abaixo ou acima dele e sendo um bem durável, pode-se especular com elas
• Localizações na cidade, geralmente, são constituídas em propriedade privada (lotes) e vendidas por um preço de mercado
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Toda produção industrial implica na combinação de:
• Mão-de-obra• Insumos = Capital circulante• Materiais
+ = Custo de produção• Máquinas ou ferramentas • Fábrica (edificação) = Capital fixo• Localização (terreno)
+• Lucro = Preço de produção
+• Oferta e procura = Preço de mercado
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
PREÇO DAS LOCALIZAÇÕES = > como não existe produção de localizações – elas resultam da produção do espaço como um todo-, não existe um custo de produção e não existe um lucro sobre o capital investido (não existe capital investido na produção). O preço da localização (do terreno, da terra ou do solo) é resultado da oferta e da procura, é um preço de mercado.
• Mão-de-obra• Insumos = Capital circulante• Materiais
+ = Custo de produção• Máquinas ou ferramentas • Fábrica (edificação) = Capital fixo• Localização (terreno)
+• Lucro = Preço de produção
+• Oferta e procura = Preço de mercado
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
REGULAÇÃO DA PRODUÇÃO E USO DO ESPAÇO: DIALÉTICA DO MERCADO E DO ESTADO
Mercado: pelo instrumento do preço
Estado: valores de uso através de planejamento (‘intervenção’)
Na sociedade capitalista é postulada primazia do mercado:a ação do Estado é necessária para a extensão da forma-mercadoria, mas antagônica à forma-mercadoria (retira do mercado parte da produção)
‘Intervenção’ do Estado•instituições (ex.: propriedade)•violência (monopólio)•ideologia•infra-estrutura•indústrias nascentes e obsoletas
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INFRA-ESTRUTURA resulta sempre em:
1)diferenciação do espaço –•localizações diferenciadas quanto a centralidade
e em:
2)diferenciação do espaço –• estruturação do espaço com níveis diferentes de infra-estruturaouhomogeneização do espaço –• estruturação do espaço com níveis semelhantes de infra-estrutura
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REGULAÇÃO DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO
Estado: produção de infra-estrutura• Estado produz espaço mais diferenciado ou mais homogêneo => resultando em uma dinâmica de uso das localizações por processos individuais de produção e de reprodução
Fonte imagem: Csaba Deák
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
REGULAÇÃO DO USO DAS LOCALIZAÇÕES (uso do solo)
Mercado: através de preços• incidência do custo de m2 do terrenopor m2 de edificação
Estado: restrições ao uso do solo• tipo de uso• intensidade de uso• implantação
Fonte imagens: Csaba Deák
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PRODUÇÃO DO ESPAÇO E FORMAÇÃO DA METROPOLE DE SÃO PAULO
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TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO
• Extensão da forma-mercadoria – transformação dos valores de uso em mercadorias (comida, roupas, moradia, etc.)
• Implantação da propriedade privada dos meios de produção (especificamente da propriedade privada da terra)
• Processo de assalariamento da mão de obra
• Processo de urbanização – imigração e migrações internas
• Processo de industrialização – produção mecanizada de mercadorias
• Formação de mercado unificado – através da produção de infra-estrutura
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ACUMULAÇÃO CAPITALISTA – ESTÁGIOS
Extensivo (transição para o capitalismo):• aumento da produção de excedente = aumento da produtividade
+• extensão do modo de produção = incorporação de maior parcela da
população
Intensivo:• aumento da produção de excedente = aumento da produtividade
Crise do intensivo:• crise da expansão dos mercados = tentativa de remercadorização de
setores da produção assumidos pelo Estado
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
CRISE CONTEMPORÂNEA: neoliberalismo - tentativa de remercadorizar a economia
Desenvolvimento da produção: aumento da participação do Estado na produção
Fonte imagem: Csaba Deák
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DINÂMICA DE CRESCIMENTO DA AGLOMERAÇÃO URBANA DE SÃO PAULO
(processo de urbanização)
fonte: CESAD
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NA SOCIEDADE DE ELITE
No âmbito da organização espacial manifestam-se os princípios da acumulação entravada
• Baixo nível de reprodução da força de trabalho
• Infra-estrutura precária
• Espaço fragmentado
• Extrema heterogeneidade da estrutura urbana
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Áreas industriais da metrópole fonte: Bolsa de Imóveis de São Paulo
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Vias de primeira e segunda categoria fonte: Csaba Deák
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Crescimento demográfico (% ao ano) fonte: Csaba Deák
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Valor venal município de São Paulo (R$/m2) fonte:MACHADO, 2000
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo fonte: EMBRAPA
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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA METRÓPOLE DE SÃO PAULO (espaço fragmentado)
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Região metropolitana de São Paulo (39 municípios) fonte: EMPLASA
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Município de São Paulo (31 sub-prefeituras) fonte: PMSP
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Planos Diretores Regionais (descontinuidade de Operação Urbana entre sub-prefeituras) fonte: elaborado sobre base da PMSP
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Planos Diretores Regionais (descontinuidade de Operação Urbana entre sub-prefeituras –em azul a O.U.) fonte: elaborado sobre base da PMSP
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Planos Diretores Regionais (divisão da região central em duas sub- prefeituras) fonte: elaborado sobre base da PMSP
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OPERAÇÕES URBANAS Plano Diretor Estratégico – 2002 / 2004
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Operações Urbanas aprovadas
Operações Urbanas propostas
Operações urbanas (significativa proporção do espaço do município) fonte: elaborado sobre base da PMSP
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Operações urbanas (significativa proporção do espaço urbanizado da metrópole) fonte: elaborado sobre base da PMSP
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Leis de anistia (abrangendo quase toda a área urbanizada do município) fonte imagem: ROLNIK, 1997:273
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Leis de anistia x mancha urbana (abrangendo quase toda a área urbanizada do município) fonte: elaborado com base em ROLNIK, 1997:273 e CESAD
Mancha urbana
1952 –vermelho
1962 – amarelo
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1974
Evolução da mancha urbana sobre área de preservação de mananciais (trecho do limite da área de preservação -ao sul- em vermelho)fonte: elaborado com base em DERSA
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Expansão da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo
1980
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Expansão da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo
1985
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Expansão da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo
1992
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Expansão da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo
1997
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Evolução da legislação de zoneamento (legislação garantindo as zonas exclusivamente residenciais da elite) fonte imagem: FELDMAN, 2005:161/167
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Lei de zoneamento de 1972/2004 (maior detalhamento na região sudoeste do município com as zonas exclusivamente residenciais da elite) fonte imagem: PMSP
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Lei de zoneamento de 2004 (maior detalhamento na região sudoeste do município com as zonas exclusivamente residenciais da elite) fonte imagem: PMSP
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Limite das ZEIS na lei de zoneamento de 2004 (zonas de diversas dimensões, definidas sem critérios que permitam algum planejamento)
fonte imagem: PMSP
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES (alternativas de desenho da rede de metrô, comparando soluções
que objetivam estrutura mais homogênea ou mais diferenciada para a metrópole de São Paulo)
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Metrô 2000
PITU 2020 Rede Aberta
Fonte: elaborado sobre base da EMBRAPA
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Metrô 2000
PITU 2020 Rede
Central
Fonte: elaborado sobre base da EMBRAPA
AUP 840 Nuno Fonseca Crítica da teoria de renda
Metrô 2000
PITU 2020 Rede Densa
Fonte: elaborado sobre base da EMBRAPA
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