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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
GÊNERO TEXTUAL NOTÍCIA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO
PARA O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA
Neide Sanfelice Brógio Sena1
Soraia T. Sonsin 2
RESUMO: O ensino da Língua Estrangeira Moderna, neste caso a Língua Inglesa, não deve ser visto mais como modelo para se atingir fins apenas comunicativos, mas deve superar a ideia do ensino com o objetivo apenas linguístico. De acordo com as Diretrizes Curriculares de Educação do estado do Paraná (2008), o ensino da Língua Inglesa deve ser capaz de contribuir para que o aluno faça uso da língua de forma significativa em situações de comunicação, produção e compreensão dos textos verbais e não verbais, e desta forma contribua para a inclusão social do aluno numa sociedade diversa e complexa. Portanto, o objetivo principal deste projeto foi trazer para o ambiente da sala de aula gêneros textuais diversos, para além dos textos postos pelo livro didático público. Como neste caso, o processo de ensino e aprendizagem da Língua Inglesa ocorreu pelo estudo do Gênero Textual notícia online, retiradas da rede da Internet, de forma que o estudo com este Gênero partiu da exploração do conhecimento do senso comum dos alunos para a apropriação do conhecimento científico por meio do desenvolvimento sócio cultural e sócio linguístico com o estudo das características de tal Gênero, o estilo linguístico discursivo, o estudo da gramática, incentivando-os à leitura crítica de mundo por meio da discussão dos diversos temas abordados nos textos e contribuiu para a inclusão digital, com a orientação para o uso correto das ferramentas tecnológicas para fins didáticos de aprendizagem. O Gênero proposto foi abordado por meio do estudo de 03 notícias online, nas formas escrita e oral, e dois gêneros periféricos Cartuns, veiculados pelos diversos meios de comunicação da esfera jornalística existentes na Rede de Internet e no Portal Dia a Dia para alunos de um terceiro ano do Ensino Médio do período noturno do Colégio Estadual Vila Guaíra, no município de Goioerê, Núcleo Regional de Educação de Goioerê. O embasamento teórico foi pautado na teoria sócia discursiva apontada pelas Diretrizes Curriculares Estaduais (2008), em Bakhtin (2003), Bronckart (2007) e, Marcuschi (2008), que defendem o ensino de línguas por meio do trabalho com Gêneros Textuais. Dessa maneira, o projeto contribuiu para formar o aluno leitor crítico de mundo, com conhecimento significativo dos conteúdos trabalhados na Língua Inglesa, capaz de reconhecer e interagir com o gênero estudado, de forma que no final do projeto os alunos reescreveram a sua produção textual com conhecimento adquirido e aprenderam a utilizar as ferramentas tecnológicas e as redes sociais para auxiliá-los no desenvolvimento do seu conhecimento científico.
Palavras-chave: Ensino e Aprendizagem; Língua Inglesa; Gênero Textual; Notícias Virtuais; Tecnologia; Teoria Sócia discursiva.
1 Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, Turma 2013 – SEED/PR,
Especialista em Ensino de Inglês, Professora da Rede Pública Estadual na cidade de Goioerê – Paraná.
neidesena@hotmail.com.
2 Professora Mestre do Colegiado de Letras da UNESPAR – câmpus de Campo Mourão e orientadora no PDE.
soraiasonsin@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, (DCE 2008), é o documento
orientador que fundamenta o trabalho pedagógico dos professores das diversas
disciplinas do currículo básico da Educação Pública do Estado do Paraná e contribui
de maneira decisiva para o fortalecimento do processo de ensino e de aprendizagem
dentro das nossas escolas públicas.
E foi fundamentado neste documento que elaboramos dentro do Programa de
Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná (PDE), o Projeto de intervenção
Pedagógica, e a unidade didática com a abordagem do “Gênero Textual Notícia”,
com o desenvolvimento do ensino da LI por meio das práticas discursivas da leitura,
escrita e oralidade.
Constatamos com a nossa experiência em sala de aula, que o atual ensino de
Língua Inglesa (LI) perpassa ainda pelo método tradicional, onde a Língua é vista
como um conjunto de regras gramaticais a ser ensinada, e a partir daí o aluno deve
desenvolver o aprendizado da escrita e da fala, aliado também ao método
comunicativo, onde o professor já é o mediador do processo pedagógico e as
atividades pedagógicas devem priorizar a comunicação, por meio de jogos e
dramatizações. E quando abordamos o estudo da LI com o foco no Gênero Textual,
muitas vezes o fazemos apenas para compreensão e interpretação do texto e o
estudo da gramática, e deixamos de lado o objetivo principal que seria trabalhar a LI
com o foco nas características próprias do gênero, de forma a ensinar o aluno a
produzir seu próprio gênero textual de acordo com o gênero estudado. Isso ainda se
deve a formação tradicional de muitos professores e as metodologias e conteúdos
que refletem estes métodos postos pelos livros didáticos públicos. Como salienta
Cristóvão (2007.p. 204) “... a gramática normativa trabalhada isoladamente tolhe
uma interpretação textual, pois deixa de ser vista como um conjunto de decisões
tomadas para funcionar o discurso...“.
E diante desta realidade das nossas salas de aula da Rede Pública de
Ensino, onde impera um grande desânimo, falta de interesse, alienação e
indisciplina por parte dos nossos alunos para o aprendizado da LI, que se contrapõe
a motivação que os mesmos têm pelo uso diário da tecnologia, é que decidimos
desenvolver o Projeto de ensino da LI por meio da abordagem do Gênero Textual
Notícia, com textos retirados da rede da Internet e do site Dia a dia Educação, de
forma a envolver os alunos nas discussões de temas atuais por meio da notícia, que
traz os fatos reais, de forma ágil e dinâmica pela rede da Internet, mantendo a todos
informados do que acontece no mundo. Assim desenvolvemos o processo de ensino
e da aprendizagem da LI com a contribuição dessas tecnologias, também postas no
ambiente da escola, mas com orientação para os alunos sobre o uso correto das
mesmas como ferramenta pedagógica para o ensino e a aprendizagem do conteúdo
científico.
Desta forma, o presente projeto justifica-se por propor-se a resgatar o ensino
da LI por meio do gênero textual notícia. Uma vez que o ensino através do gênero
possibilita motivar a aprendizagem e melhorar a qualidade do ensino, pois incentiva
a leitura crítica, estimula a compreensão, indo além da informação explícita no texto,
em busca do desenvolvimento linguístico e sócio cultural que auxilia na formação do
indivíduo crítico, apto para atuar e interferir na sociedade em que vive.
2. METODOLOGIA
Nosso trabalho foi desenvolvido com alunos de um 3°Ano do Ensino Médio do
Colégio Estadual Vila Guaíra – EFM, Município de Goioerê - Paraná, no período
noturno, de fevereiro a junho de 2014. O objetivo principal desta proposta foi à
implementação de uma sequência de atividades que favorecesse o ensino e a
aprendizagem da Língua Inglesa por meio do estudo do Gênero Textual Notícia,
com uma carga horária de 32h/aulas, desenvolvida no primeiro semestre de 2014,
que contribuísse para resgatar o ensino de LI de forma a estimular o uso das
tecnologias postas no ambiente escolar como ferramentas pedagógicas para
contribuir com o processo do ensino e da aprendizagem e desenvolver a leitura
crítica, a compreensão e a interpretação dos alunos em busca do desenvolvimento
linguístico e sociocultural que auxilia na formação do indivíduo crítico para atuar e
interferir na sociedade em que vive.
Durante a implementação desenvolvemos 06 módulos com 72 atividades
diversas que contemplaram o processo de ensino e de aprendizagem das práticas
discursivas da leitura, escrita e oralidade, embasadas pelas DCE, com o foco
principal no estudo do Gênero Textual Notícia em LI e o aprendizado das
características de sua construção composicional, bem como o desenvolvimento do
conhecimento dos temas escolhidos por meio do estudo complementar do gênero
textual cartum, em dois dos módulos aplicados.
Iniciamos as atividades explicando aos alunos que iríamos trabalhar uma
sequência didática de atividades abordando o ensino da LI por meio do gênero
textual notícia, onde aplicamos um questionário oral com questões relacionadas aos
hábitos de leitura dos alunos, o interesse deles pela leitura do gênero textual notícia
em LI e em LM e sobre outras preferências de leitura de gêneros textuais em LI e
qual o ambiente preferido para realizarem essas leituras. Utilizamos as respostas
desse questionário para fazer uma análise do conhecimento prévio dos alunos em
relação ao gênero textual notícia em Língua Materna (LM) e em LI. Partindo sempre
do conhecimento que eles trazem do senso comum para transformá-lo em
conhecimento científico.
No desenvolvimento das atividades orais utilizamos o laboratório de
informática da escola, onde apresentamos vídeos sobre a importância da mídia na
divulgação da notícia e uma crítica social sobre a manipulação que a mídia televisiva
exerce nas pessoas, bem como apresentamos em um dos módulos o gênero textual
notícia oral, também por meio de um vídeo. Nas atividades de produção escrita,
orientamos os alunos a elaborarem uma entrevista em LM para colher dados
importantes para a produção da sua própria notícia, informando-os sobre a
importância deste gênero para a criação da notícia. Os alunos escreveram sua
própria notícia com o conhecimento prévio que possuíam sobre este gênero e com o
auxílio também das tecnologias postas no ambiente escolar. A seguir, por meio do
material didático “apostila impressa”, apresentamos a definição das características
do Gênero Textual Notícia com o auxílio da figura Pirâmide Invertida e da análise de
uma notícia retirada do site Dia a Dia Educação.
A partir do segundo módulo, e em todos os módulos seguintes essas
características foram estudadas por meio de diversas atividades orais, escritas e de
leitura, por meio da apresentação do gênero textual notícia oral e escrita e do gênero
cartum, onde diversos temas foram abordados e estudados fazendo uma
comparação entre as características textuais próprias de cada gênero, de forma
mais crítica na notícia e contextualizada pelo humor, que é uma das principais
características do cartum.
Utilizamos também como metodologia de ensino uma das práticas de leitura
com o foco no reconhecimento das palavras chaves; como os nomes próprios, as
palavras cognatas e as palavras conhecidas em LI. Abordamos outras atividades
ressaltando o estudo da LI por meio da exploração da gramática própria do gênero,
com destaque para o ensino dos verbos no tempo passado, regulares e irregulares,
a identificação e o aprendizado da classificação das classes gramaticais que
permeiam a linguagem do gênero e a sua disposição correta dentro do texto; como
sujeito, verbo e complemento, e atividades diversas para fixação do vocabulário
aprendido. Esse trabalho foi desenvolvido sempre com a mediação da professora
PDE e com o auxílio das tecnologias postas no ambiente escolar.
Na sequência, e ao final de cada módulo, os alunos foram reescrevendo o
seu texto Notícia conforme o aprendizado adquirido na LI, por meio do estudo das
características apresentadas em cada módulo, até que a sua Notícia ficasse pronta
no final do último módulo. Também escreveram um relatório apontando o sucesso
do aprendizado dos conteúdos e as dificuldades apresentadas, que foram essenciais
para a avaliação do trabalho desenvolvido pela professora PDE.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para maior elucidação da história do ensino e aprendizagem da Língua
Estrangeira no Brasil iniciaremos nossa fundamentação teórica, de maneira
resumida para então chegarmos à LI, que é o foco do nosso trabalho, no momento.
Desde o período colonial quando a educação no Brasil era de
responsabilidade dos padres jesuítas, que o ensino de Línguas iniciou-se com base
no Grego e no Latim. Línguas clássicas que deveriam ser ensinadas para contribuir
com o desenvolvimento do pensamento e da literatura.
Somente em 1.809 que o ensino de Línguas passou a ser valorizado e foram
criadas as cadeiras de Inglês e Francês.
Nesse período, a herança jesuítica no ensino com a abordagem pedagógica
tradicional prevaleceu no ensino de Língua Estrangeira Moderna (LEM). A Língua
era concebida como um conjunto de regras e privilegiava a escrita, o aluno deveria
dominar a gramática normativa e com isso teria melhor desempenho tanto na fala
quanto na escrita.
Esse método de ensino foi suplantado pelo método direto que foi importado
da Europa em 1931 e se baseava no ensino das habilidades orais, visando à
comunicação na língua alvo.
Até então a Língua Francesa era a mais ensinada no Brasil, devido à
influência cultural que exercia na nossa cultura e ciência, só ultrapassada pela
Língua Inglesa devido à dependência econômica do Brasil em relação aos Estados
Unidos e a influência da produção cultural americana que adentrou as portas do
nosso país desde aquela época e permanece até hoje com o advento da
globalização.
A Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB) n. 4.024, promulgada em
1.961 que criou os Conselhos Estaduais de Educação aos quais cabia decidir acerca
da inclusão ou não da obrigatoriedade do ensino de LE nos currículos, determinou a
retirada da obrigatoriedade do ensino de LE no colegial e na época instituiu o ensino
profissional.
Pautados na concepção do Behaviorismo de Pavlov e Skinner, partindo da
forma para se chegar ao significado, foram criados dois novos métodos de Ensino
da LEM em 1.942, pelos linguistas Leonardo Bloomfield, Charles Fries e Robert
Lado, os Métodos, Audiovisual e o Áudio-Oral.
De acordo com esses métodos, a Língua passou a ser vista como um
conjunto de hábitos a serem automatizados e não mais como um conjunto de regras
a serem memorizadas. O pressuposto do Método Áudio-Oral era a aprendizagem
feita através da repetição. A língua deveria ser ensinada como recurso instrumental.
Surgiu então em 1.965 a teoria inatista de aquisição de linguagem postulado
por Chomsky, a Língua é concebida como parte do sujeito, que nasce com um
sistema linguístico internalizado.
Essas teorias contribuíram com significativas mudanças no ensino da LEM, já
que se passou a permitir o uso da LM com o intuito de verificar a compreensão dos
conceitos aprendidos em LEM, até então não permitidos, a gramática era explicada
de forma dedutiva e iniciaram as atividades em grupo, com o intuito de melhorar a
motivação e a interação no ensino de LEM.
A Lei n. 5.692/71 desobrigou a inclusão de LEM nos currículos de primeiro e
segundo graus, sob o argumento de que a escola não deveria ser a porta de entrada
de mecanismos de impregnação cultural estrangeira.
Mas em 1.976 o ensino de LEM voltou a ser valorizado e passou a ser
obrigatório no segundo grau. E no primeiro grau tinha caráter de recomendação, de
acordo com o parecer 581/76.
No Estado do Paraná aconteceram diversos movimentos liderados pelos
professores pelo retorno da pluralidade da oferta de LEM nas escolas públicas, que
resultou em diversas ações, como a criação dos CELEM, Centros de Línguas
Estrangeiras Modernas em 1.986, e a inclusão da LEM nos vestibulares a partir de
1.982.
Neste mesmo período adentra em nossas escolas um novo método de ensino
de LEM, a Abordagem Comunicativa, onde a Língua é concebida como instrumento
de comunicação ou de interação social, concentrada nos aspectos semânticos, e
não mais no código linguístico. Com o objetivo de tornar o aluno mais competente
em sua comunicação, esse método pautava-se no cognitivismo para desenvolver a
competência comunicativa.
O Método de ensino de LEM baseado na Abordagem Comunicativa teve
contribuições de vários linguistas, como, Chomsky, o antropólogo Hymes, Savignon,
Halliday, Canale e Swain.
Nesta abordagem o professor deixa de ser o centro do ensino e passa à
condição de mediador do processo pedagógico e o aluno passa a ser sujeito de sua
aprendizagem. As atividades pedagógicas devem priorizar a comunicação, por meio
de jogos, dramatizações, onde o erro é visto como um estágio provisório do
processo ensino aprendizagem.
Em 1.996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394
determinou a oferta obrigatória de pelo menos uma LEM no currículo do Ensino
Fundamental e Ensino Médio, este último contemplado com uma segunda língua,
em caráter optativo, ambas escolhidas pela comunidade de acordo com as
possibilidades de atendimento.
Até hoje sabemos que alguns educadores se utilizam da abordagem
comunicativa como método de ensino da LEM, que é a teoria que fundamenta os
nossos livros didáticos, principalmente no Ensino Fundamental até os dias atuais e
que são pautados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Mas as DCE (2008) tem
seu referencial teórico para o ensino de LEM baseado na pedagogia crítica,
inspirado pelas ideias de Paulo Freire, que atenda as demandas da sociedade
brasileira e contribua para uma consciência crítica de aprendizagem que sirva para
reduzir as desigualdades sociais e desvelar as relações de poder que as apoiam.
Portanto essa pedagogia crítica que permeia as DCE baseia-se na corrente
sociológica e nas teorias de Bakhtin, que concebem a Língua como discurso, e não
como código a ser decifrado, constrói significados e não apenas os transmite.
Significados esses que são sociais e historicamente construídos e, portanto,
passíveis de transformação na prática social.
Deste modo, em conformidade com as DCE, o processo de ensino e
aprendizagem só acontece quando nossos alunos não assimilam o saber apenas
através do resultado, mas quando eles aprendem por meio do processo de sua
produção, bem como as tendências de sua transformação. A escola, por meio de
seus educadores, tem o papel principal de ensinar aos seus alunos conteúdos
científicos, visando à formação crítica e transformadora do indivíduo social.
Ainda de acordo com as DCE, o ensino de LEM deve servir como meio de
progressão no trabalho e estudos posteriores, desenvolvendo a produção e a
compreensão de textos verbais e não verbais que permitam tratar a Língua de forma
dinâmica com a exploração das práticas de leitura, da escrita e da oralidade,
práticas essas que realmente efetivam o discurso, além de incentivar a pesquisa e a
reflexão.
Assim, baseada na teoria sócio discursiva, contemplada pelas DCE, o ensino
de LEM se concretiza no desenvolvimento da prática pedagógica por meio dos
diversos gêneros textuais, não apenas para ensinar os significados de forma linear,
significados que estão transparentes nas estruturas materiais do texto, mas de forma
não linear, que permita ao aluno comunicar-se com eles, conferir-lhes sentido e
buscar o melhor significado construído pelo leitor por intermédio da leitura e
compreensão da mesma.
Partindo do princípio de que seria impossível criarmos um novo gênero textual
cada vez que tivéssemos que nos comunicar, assim a comunicação ancora-se pelos
gêneros textuais na linguagem.
Neste sentido, é importante que no processo de ensino e aprendizagem o
nosso aluno se relacione por intermédio da linguagem com os diferentes tipos de
gêneros textuais existentes na sociedade, o momento histórico e o contexto sócio
cultural nos quais os mesmos foram produzidos.
Todas as nossas ações diárias mais significativas estão revestidas de
linguagem. Por outro lado, as atividades sociais e cognitivas marcadas pela
linguagem são sempre colaborativas e não atos individuais, portanto a compreensão
humana depende da cooperação mútua, pois não é um simples ato de identificação
de informações, mas uma construção de sentidos com base em atividades
inferenciais. (MARCUSHI 2008, p.233).
Segundo Bronckart (1999, p.48), conhecer um gênero de texto também é
conhecer suas condições de uso, sua pertinência, sua eficácia ou, de forma mais
geral, sua adequação em relação às características desse contexto social.
Esses textos podem ser orais, escritos e hipertextos e podemos considerar
como textos desde uma figura, um slogan, as frases em linguagem verbal escrita ou
em linguagem oral.
Segundo Bakhtin (2000): “os gêneros textuais são tipos relativamente
estáveis de enunciados”.
Segundo (BRONCKART, 1999, p.137), [...] os gêneros textuais são produtos da atividade da linguagem em funcionamento permanente nas formações sociais em função de seus objetivos, interesses e questões específicas, essas formações elaboram diferentes espécies de textos que apresentam características relativamente estáveis (justificando-se que sejam chamadas de gêneros de texto) e que ficam disponíveis no intertexto como modelos indexados, para os contemporâneos e para as gerações posteriores.
Nesse sentido Bakhtin (2006, p.262) também afirma que:
[...] todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos). Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo, não só pelo conteúdo temático, pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua, mas, acima de tudo, por sua construção composicional que estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais ele denomina gêneros do discurso.
Assim, é sabido que existe uma infinidade de gêneros textuais desenvolvidos
nos diversos campos da atividade humana, portanto a heterogeneidade dos gêneros
textual é tão grande que nós não podemos ensiná-los ou estudá-los de uma única
forma. Diante disso, há diversas linhas teóricas preocupadas com o ensino e
aprendizagem norteadas pelos gêneros textuais objetivando contemplar o estudo
das características próprias de cada gênero, mas que leve em conta a questão
linguística e a natureza geral do enunciado. Levar em conta também a diferença
entre os gêneros textuais, o primário e o secundário. O gênero textual primário são
os enunciados presentes no nosso dia a dia, como as prosas, os diálogos, e os
secundários são aqueles enunciados mais complexos, que necessitam de um
convívio cultural mais completo, mais organizado, geralmente há a predominância
desse gênero na forma escrita (romances, dramas, pesquisas científicas e outros).
Desta forma, o gênero primário pode também se converter em secundário.
Segundo Bakhtin (2006, p.265), a língua passa a integrar a vida através de
enunciados concretos (que a realizam); é igualmente através de enunciados
concretos que a vida entra na língua.
Para que possamos por meio da LEM ensinar nossos alunos a atribuir
significados reais aos textos além daqueles permitidos com o aprendizado por
intermédio da LM, é necessário o desenvolvimento da leitura e compreensão para
que o aluno desenvolva a prática analítica e crítica, que contribua para aumentar o
seu conhecimento linguístico-cultural, bem como, as implicações sócias culturais e
históricas presentes no discurso, e que interaja com a cultura, a língua e a
capacidade interpretativa trazida pelos alunos do meio em que vivem. Dessa forma,
o Ensino de LEM deve ser capaz de ir muito além de focar o ensino nos gêneros
textuais apenas para transmissão de conhecimentos gramaticais. Deve ser capaz de
despertar os nossos alunos para o entendimento de que os gêneros textuais são
construções sociais e que por intermédio dos diferentes discursos presentes neles
os alunos sejam capazes de desenvolver outras maneiras de construir sentidos,
outros procedimentos interpretativos que aumentam suas possibilidades de
entendimento e participação social no mundo em que vivem. Desse modo a
consciência só é adquirida por meio da linguagem e é por meio dela que os sujeitos
começam a intervir no meio real e passam a entender o papel que ocupam na
sociedade de forma a agir para a sua transformação.
Para Marcuschi, (2008, p.229, 230),
Compreender bem um texto não é uma atividade natural nem uma herança genética; nem uma ação individual isolada do meio e da sociedade em que se vive. Compreender exige habilidade, interação e trabalho. Compreender não é uma ação apenas linguística ou cognitiva. É muito mais uma forma de inserção sobre o mundo e um modo de agir no mundo na relação com o outro dentro de uma cultura e uma sociedade.
Assim, para se compreender bem um texto, tem-se que sair dele, pois o texto
sempre monitora o seu leitor para além de si próprio e esse é um aspecto notável
quanto à produção de sentido. (MARCUSCHI, p.233).
Considerando o papel desempenhado pela mídia na contemporaneidade é
imprescindível que gêneros jornalísticos façam parte do currículo de ensino da LEM,
uma vez que são gêneros significativos que fazem parte do dia a dia da vida dos
nossos alunos.
Para Lage (1999 apud CANATO, 2009), Notícia é o fato redigido a partir do
dado mais importante ou capaz de gerar maior interesse, seguindo-se as demais
informações em ordem decrescente de importância.
De acordo com Franceschini, (2004, p.148),
[...] a notícia usufrui da aura da imparcialidade que leva o leitor a aceitar, a priori, aquele relato dos fatos como verdadeiro e isento. É principalmente em torno dela que foi construído o mito da objetividade, responsável pela enorme acolhida e o potencial de convencimento que o jornalismo tem.
Conforme Cristóvão e Nascimento (2004), o intrínseco, a dinamicidade
temporal e a multitematização são características que revestem a notícia, tornando-a
uma ferramenta capaz de auxiliar o indivíduo a apurar o seu senso crítico.
O papel da escola também é formar esse aluno leitor crítico. Pois ao
apresentar esse mundo de informações regionais e nacionais ao nosso aluno
através do ensino da LI focado no Gênero Textual Notícia por intermédio da rede da
Internet, o educador tem como objetivo que ele desperte o interesse para se
aprofundar no estudo do tema social abordado por meio das notícias estudadas.
Para que ele aprenda a utilizar a ferramenta tecnológica para o aprendizado. Para
que o aluno desperte o interesse pelo aprendizado da LEM, e que ele se torne um
leitor convicto, com sede de aprendizagem e informações sobre diversos
acontecimentos, desde os políticos, sociais, culturais, policiais, esportivos e
religiosos para poder realizar a leitura discursiva e interagir com a infinita variedade
de discursos presente nas diversas práticas sociais.
Para Cristóvão e Nascimento (2004, p. 202) ainda,
[...] um potencial leitor das notícias virtuais em LEM será internauta; saberá inglês; procurará saber algo mais sobre determinado tópico, procurará saber como fontes alternativas profusoras de notícias cobrem um mesmo assunto; procurará agilidade na busca de notícias, busca esta realizada no próprio banco de dados do site; terá opção por fazer comentários sobre as notícias que ficarão disponíveis no site.
Portanto, em consonância com as DCE, que embasam o processo de ensino
e aprendizagem da Escola Pública na teoria sócio discursiva, e com os autores
mencionados, que defendem o ensino de Línguas pautado no estudo dos Gêneros
Textuais, que vem em contraposição aos conteúdos do livro didático público, que
ainda se encontram na abordagem comunicativa, é que optamos por trabalhar o
Gênero Textual Notícia no EM do Colégio Estadual Vila Guaíra, de forma a contribuir
para a formação do aluno leitor crítico, com conhecimento científico dos conteúdos
trabalhados em LI, para garantir o seu acesso a estudos posteriores e sua entrada
para o mundo do trabalho, principal objetivo da escola pública na formação do
cidadão.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para apresentar a análise dos resultados participamos da realização das
diversas atividades postas pela unidade didática, de forma direta, contemplando e
mediando as dificuldades e as soluções encontradas pelos alunos e também
fazendo a análise dos relatos escritos por eles no final de cada módulo. Aqui
apresentamos as considerações mais importantes sobre esta unidade, que
contribuiu para a construção do conhecimento científico dos alunos em LI.
Iniciamos a implementação realizando uma atividade de Warm UP, com o
objetivo de levar os alunos a fazerem uma reflexão sobre suas práticas de leitura em
LM e leitura do gênero textual notícia em LI. No qual, constatamos que a maioria dos
nossos alunos limitam suas leituras por meio do livro didático público e de outros
materiais didáticos disponibilizados pelos professores das diversas disciplinas. E
quanto à leitura do gênero textual notícia em LI, nenhum aluno havia feito ainda,
apenas em LM, por meio da rede Internet e da mídia televisiva. Conforme sugere as
DCE, ativar a capacidade de interpretação e reflexão dos alunos sobre a realidade
do mundo que os cerca, são essenciais para auxiliar na construção de novos
significados de conhecimento, a partir do contato com o conhecimento científico.
Diante da análise desses dados, percebemos a importância do real papel do
educador como responsável pela mediação do conhecimento, oportunizando seus
alunos ao contato com diversos gêneros textuais que circulam pela sociedade, além
dos que estão postos pelo livro didático público, pelo contato com os diferentes
discursos que ampliam a discussão de vários temas importantes, a percepção da
pluralidade das linguagens postas nos diferentes gêneros como conteúdos
relevantes para o desenvolvimento sócio cultural e sócio linguístico da LI e de outras
disciplinas.
Portanto, para despertar a atenção dos alunos sobre a importância do estudo
do Gênero Textual Notícia, de forma que contribua para o desenvolvimento do senso
crítico e auxilie na construção do conhecimento, desenvolvemos as atividades
partindo da realidade dos alunos, do conhecimento que os mesmos trazem sobre o
Gênero, do interesse que eles têm para se manterem informados, e incentivamos os
mesmos a escreverem uma notícia de repercussão em LM. Muitas notícias foram
relatadas, mas a notícia de maior interesse naquele momento foi descrita pela
maioria dos alunos, “O Incêndio na Boate Kiss”, em Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Onde fizeram uma análise crítica sobre a tragédia que despertou o interesse de
todos em aprender mais sobre o assunto. Portanto, diante desta constatação, só
nos certificamos que o gênero textual notícia é mais do que convidado a adentrar o
ambiente escolar.
As proposições de Bronckart confirmam que os gêneros operam na
sociedade, refletindo desse modo, os valores sociais em que circulam. Trabalhá-los
implica em, além de expor suas configurações, verificar suas raízes. Conforme
Cristóvão, trazer os Gêneros Textuais para serem estudados em sala de aula como
conteúdo didático só vai contribuir para que os nossos alunos se apropriem do
conhecimento global dos diversos Gêneros existentes na sociedade e de seus
valores socioculturais.
Ainda para ampliar a criticidade dos alunos, provocamos um debate em sala
de aula após a apresentação de um vídeo em LI, que relatava a importância da
mídia televisiva para o desenvolvimento do conhecimento no mundo e também
alertava sobre a influência manipuladora que essas mídias exercem nas pessoas.
Os alunos tiveram algumas dificuldades para interpretar o vídeo, e conforme relato
de alguns o que os auxiliou um pouco na compreensão foram às palavras cognatas
e as figuras que identificavam os personagens envolvidos no vídeo. Diante da
dificuldade, trabalhamos o vídeo também na forma escrita.
Na sequência encaminhamos os alunos para a produção da sua primeira
Notícia, baseada nos dados colhidos com a realização de uma Entrevista em LM
sobre a importância da mídia online para a divulgação das Notícias. Deixando claro
que o Gênero Entrevista é um dos principais gêneros usados como suporte para a
criação da Notícia. Os alunos fizeram a atividade com o conhecimento prévio que
tinham sobre o Gênero Notícia e contaram com o auxílio do laboratório de
informática da escola e o ambiente da Internet para a realização da atividade.
Alguns escreveram a notícia primeiramente em LM, pois possuem dificuldades para
produzir textos em LI sem o auxílio do dicionário e pelo reduzido vocabulário que
detém em LI. E o trabalho com o foco no gênero textual tem como um dos principais
objetivos o enriquecimento do vocabulário em LI por parte dos alunos.
Após a realização da atividade acima, todos apresentaram suas notícias em
sala de aula para os demais alunos por meio da leitura das mesmas. Na sequência
os alunos resolveram em grupo uma atividade de identificação do Gênero Textual
Notícia em LI, onde não encontraram nenhuma dificuldade, pois as características
que compõem o texto Gênero Notícia, mesmo que superficialmente já eram do
conhecimento dos alunos, portanto visíveis para identificação, mesmo em LI. Na
sequência, a professora PDE por meio do material didático “apostila impressa”,
apresentou a definição das características do Gênero Textual Notícia com o auxílio
da figura “Pirâmide Invertida” e da análise de uma Notícia retirada do site Dia a Dia
Educação.
A apresentação do símbolo da Pirâmide Invertida auxiliou os alunos a
compreenderem as características composicionais da notícia: a Headline, que com o
emprego de uma linguagem clara e objetiva deixa claro o assunto principal a ser
abordado no texto, o Lead com os 05 W que é o resumo do gênero notícia, e o Body
of News que é onde aparecem mais detalhes do fato ocorrido, a ordem em que as
mesmas se localizam no texto, bem como a importância que cada uma ocupa na
narração dos fatos, dos mais importantes para os menos importantes.
Houve bastante interesse por parte dos alunos para aprenderem as
características que compõem o gênero textual Notícia, pois isso era novidade para
eles. Abordamos a Headline da notícia que foi estudada por meio de atividades de
identificação das mesmas, de acordo com o tema abordado, sendo identificadas
sem muita dificuldade pelos alunos mesmo em LI, pois contaram com o auxílio do
desenvolvimento da técnica de leitura com a exploração das palavras cognatas,
conhecidas e nomes próprios, assim como o estudo do Lead da notícia, onde
exploraram as respostas para os 05 W, Who, What, How, Why, Where, When, que
trazem as informações mais importantes dentro do contexto do assunto abordado
pelo gênero, de forma que auxilia numa interpretação mais crítica e detalhada do
texto, assim como o estudo do Body of News, que traz as últimas informações
detalhadas e algumas menos relevantes para a compreensão do texto para depois
aprofundarem no estudo das características próprias da sua linguagem e a
gramática empregada.
Diversos temas foram abordados e estudados nos textos orais e escritos
apresentados aos alunos por meio do gênero textual notícia e cartum. Os alunos
debateram, interpretaram e compreenderam por meio do desenvolvimento de
diversas atividades, temas sociais polêmicos que envolvem o povo brasileiro e o
mundo em geral desenvolvendo o conhecimento de forma interdisciplinar, com a
notícia “Brazil, 300.000 Protests in Rio”, que mostrou claramente o
descontentamento do povo brasileiro com o fracasso do sistema da saúde, da
educação e da política brasileira. A notícia “Crisis in Syria” que culminou com
conflitos de violência e guerra na Síria, contribuindo para desenvolver
conhecimentos culturais sobre outros países e aprender mais sobre o seu sistema
político. Problema social de Prostituição de menores no Brasil abordados pelo
gênero textual notícia “18 Years Old, Elected Miss Prostitute 2013 in Belo Horizonte”
e a aplicação da Lei Maria da Penha.
Por meio dessas atividades os alunos puderam desenvolver sua interpretação
crítica e reflexiva sobre os temas abordados, partindo do significado do discurso em
língua inglesa para além do significado em LM, de forma que os alunos
construíssem seus próprios sentidos para os textos, superando a visão tradicional de
leitura condicionada à extração de informações, mas o ensino da língua por meio do
estudo do discurso próprio de cada gênero, levando em consideração os aspectos
relevantes que compõem o discurso; aspecto cultural, social e histórico. Nesta
perspectiva, a língua é mais que um simples instrumento de comunicação, mais do
que um código ou uma estrutura. Como atividade, ela é indeterminada sob o ponto
de vista semântico e sintático. Por isso, as significações e os sentidos textuais e
discursivos não podem estar aprisionados no interior dos textos pelas estruturas
linguísticas, nem podem ser confundidos com conteúdos informacionais. Para
Marcuschi, a língua em si é neutra, a linguagem do discurso é que é carregada de
significados que permitem diversas interpretações para os sentidos produzidos.
Utilizamos também como metodologia de ensino uma das práticas de leitura
com o foco no reconhecimento das palavras chaves; como os nomes próprios, as
palavras cognatas e as palavras conhecidas em LI. Abordamos outras atividades
ressaltando o estudo da gramática própria do gênero, com destaque para o ensino
dos verbos no tempo passado, regulares e irregulares, a identificação e o
aprendizado da classificação das classes gramaticais que permeiam a linguagem do
gênero e a sua disposição correta dentro do texto; como sujeito, verbo e
complemento, e atividades diversas para fixação do vocabulário aprendido.
A realização das atividades foi desenvolvida sem maiores problemas, a
maioria foi realizada em grupos, sempre com o auxílio da tecnologia, laboratório de
informática, TV Multimídia, de forma que todos se envolveram no processo de
ensino e aprendizagem sempre com a mediação da professora PDE. Quanto ao
aprendizado da gramática dos verbos irregulares no tempo passado, que é o tempo
próprio da linguagem da notícia, pois relatam fatos já acontecidos, os alunos
apresentaram maiores dificuldades para identificação e aprendizagem, e foi
necessário a implementação de outras atividades para suprir as dificuldades.
Gostaram muito de realizar a atividade com as palavras falsas cognatas, acharam
muito interessante, pois nem todas as palavras que parecem ser transparentes,
quase idênticas em LI e em LP realmente são. Deram como exemplo, o verbo
“Push”. No último módulo os alunos identificaram sozinhos e com facilidade as
características das notícias, a Headline, o Lead e o Body of News, também
construíram Headlines para algumas notícias, de forma a constatar a importância do
título da notícia para incentivar a chamada dos leitores para a leitura dos fatos,
identificaram também, que a maioria dos títulos das Notícias é escrito com os verbos
no simple present, pois a intenção do jornalista é que o leitor perceba a Notícia como
algo do aqui-agora, e, consequentemente leia a Notícia. Um exemplo disso, a
headline trabalhada com os alunos: “Japan: Oldest Woman in the World Dies at Age
115”. Também identificaram o Lead da notícia como uma das características mais
importantes na narração dos fatos acontecidos, pois é nesta característica que
encontraram as respostas para as questões, O que aconteceu, Onde os fatos
aconteceram, Quando, Por que, Como e Quando. Portanto, concluíram que se trata
do resumo dos fatos, que auxilia numa interpretação mais detalhada e crítica do
assunto. Reconheceram a baixa frequência de adjetivos utilizados no discurso da
notícia, de forma que a linguagem seja neutra e objetiva. Para interpretação e
compreensão dos textos trabalhados a professora PDE aplicou uma sequência
didática com questões elaboradas com o uso dos pronomes interrogativos que foram
revisados o seu uso, e que foram repetidas em todos os textos, questões que
focavam dando opções de respostas objetivas e subjetivas para os alunos
responderem de acordo com o contexto de produção do texto, bem como o
reconhecimento do tema abordado e outras questões de interpretação e
compreensão do texto, até chegarem às questões que abordavam a gramática
aplicada.
Os temas foram debatidos pelos alunos juntamente com a professora PDE
que contribuiu com o seu conhecimento para fortalecer a discussão e alguns temas
foram até pesquisados na Internet para melhor entendimento dos mesmos. Exemplo
foi a pesquisa feita sobre a aplicação da Lei Maria da Penha. E no final de cada
módulo, após todo o conhecimento aprendido sobre a LI, baseado na interpretação
dos textos e no aprendizado das características do Gênero Textual Notícia, os
alunos reescreveram dentro da sua primeira produção do Gênero Notícia as
características apresentadas módulo por módulo, de forma que no final do último
módulo o seu texto Notícia estava reescrito, agora com maior conhecimento sobre o
Gênero. E para reforçar o aprendizado do tema a professora PDE trabalhou o
gênero textual cartum, gênero também da esfera jornalística em dois módulos,
fazendo uma comparação entre as características textuais próprias de cada gênero,
mas principalmente para aprofundar o conhecimento sobre o tema já estudado, na
notícia de forma mais crítica e contextualizada pelo humor, que é uma das principais
características do cartum. E na sequência, no final de cada módulo, os alunos
escreveram um relatório apontando o sucesso do aprendizado dos conteúdos e as
dificuldades apresentadas que foram essenciais para a avaliação do trabalho
desenvolvido.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Faço uma avaliação positiva da Implementação Didático Pedagógica do
trabalho com o Gênero Textual Notícia, pois contribuiu para melhorar o ensino da LI,
de forma a enriquecer o vocabulário dos alunos, ensiná-los a técnica de leitura por
meio da identificação das palavras cognatas e conhecidas, fortaleceu o
desenvolvimento do conhecimento da gramática, a interpretação crítica do discurso,
ensinou aos alunos as características próprias do gênero abordado, de forma que
foram capazes de identificar essas características por meio do desenvolvimento de
várias atividades teóricas e contextualizadas, desenvolveram o conhecimento sobre
o contexto de produção do gênero e contribuiu para a inclusão digital, de forma a
ensinar aos alunos o uso correto e pedagógico das tecnologias para o
desenvolvimento do conhecimento, culminando com os alunos fazendo a produção
textual de uma notícia, que embasa todo o conhecimento aplicado durante as aulas.
As dificuldades maiores foram apresentadas pelo reduzido vocabulário que os
alunos detém em LI, e pelo fato de que algumas Notícias trabalhadas serem
extensas, o que dificultou um pouco o desenvolvimento das atividades e necessitou
do auxílio constante da tecnologia, do google tradutor, dos dicionários e da
mediação da professora PDE. As notícias brasileiras foram de melhor entendimento
para os alunos, mesmo a mais extensa, pois o tema era brasileiro, muitas palavras
cognatas e conhecidas e muitos nomes próprios originários do Brasil. A notícia
genuína estrangeira foi apresentada aos alunos por meio de um vídeo, onde tiveram
que realizar a primeira atividade oral, e apresentaram maior dificuldade para a
realização desta e das outras atividades propostas, pois o tema não era do
conhecimento dos alunos, tiveram que pesquisar e debater para entender mais
sobre o assunto, e o texto era mais complexo, menos palavras cognatas e
conhecidas. Mas com o desenvolvimento das atividades amparadas pelas práticas
discursivas da leitura, escrita e oralidade acabaram por completar as atividades com
um pouco mais de esforço.
REFERÊNCIAS
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CRISTÓVÃO, Vera Lúcia Lopes e Nascimento, Elvira Lopes, orgs. Gêneros Textuais, Teoria e Prática II, União da Vitória, Kaygangue, 2004, p. 200 a 207.
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LAGE, Nilson. Estrutura da Notícia-Técnicas estrutural fundamental para a composição da noticia impressa jornalística. São Paulo. Ática, 2004.
MARCUSCHI, Luiz Antônio, Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão, São Paulo Parábola Editorial, 2008, p. 228 a 241.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado. Língua Estrangeira Moderna, Curitiba, PR: SEED, 2008.
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