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Lago localizado ao lado da Praça Ayrton Senna, formado pelas nascentes do bosque.
Ano
1 –
Ed
ição
11 –
Fev
erei
ro 2
015
NASCENTES DO PANAMBY: mobilização pela preservação
CASA DE VIDRO: destaque arquitetônico
no Morumbi
3
4
DIRETORES: Luiza Oliva (luiza@leituraprima.com.br) e Marcelo Santos (marcelo@leituraprima.com.br) FOTOGRAFIA: Juliana Amorim CRIAÇÃO E ARTE: Adalton Martins e Vanessa Thomaz ATENDIMENTO AO LEITOR: Catia Gomes IMPRESSÃO: Laser Press PERIODICIDADE: Mensal CIRCULAÇÃO: Condomínios de alto padrão e comércio do Panamby JORNALISTA RESPONSÁVEL: Luiza Oliva MTB 16.935
PANAMBY MAGAZINE é uma publicação mensal da Editora Leitura Prima. PANAMBY MAGAZINE não se responsabiliza pelos serviços, informes publicitários e produtos de empresas que anunciam neste veículo.
REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO: Al. dos Jurupis, 1005, conj. 94 – Moema – São Paulo – SP Tel. (11) 2157-4825, 2157-4826 e 98486-3000 – contato@leituraprima.com.br – www.leituraprima.com.brM Tecnologia e Comunicação Ltda.
SuMárIO
FOTO DA CAPA: Juliana Amorim
06
CAPA Nossas preciosas nascentes
16 ARQUITETURA Casa de Vidro
ANO 1 | Nº 11 | Fevereiro 2015
21 LEITURA recicle sua biblioteca. Doe livros!
Foto
: Julia
na
Am
orim
Foto
s: Divu
lgaçã
o
Foto
: Julia
na
Am
orim
22 SAÚDE Pilates: o equilíbrio do corpo e da mente
para uma melhor qualidade de vida
23 PARQUE Lazer e esporte no Burle Marx
5
EDITOrIAL
Caro morador do PANAMBY
Ahora é agora. A crise hídrica expôs a urgente ne-
cessidade de repensarmos o desenvolvimento
da cidade e o uso que fazemos dos recursos na-
turais. Para Marcia Vairoletti, da Frente de moradores e
entidades que atuam em defesa da região do Morumbi,
Panamby e Vila Andrade, o poder público está atrasado,
por exemplo, sobre a questão da água. “O Plano Diretor
da cidade não contempla nada que se refere à preser-
vação de nascentes, cursos d´água e regiões de fundo
de vale. Ele fala em drenagens, mas não podemos tratar
nascentes como drenagens. Não adianta pensarmos em
preservar Zonas Estritamente residenciais, as ZErs, se
não temos infraestrutura necessária para receber pesso-
as que irão morar em megaempreendimentos aprovados
justamente nessas áreas”, diz. A cidade peca, acredita,
por não ter um planejamento em relação ao fornecimen-
to de água e energia. “O Plano Diretor poderia atuar de
forma mais rigorosa em relação a grandes empreendi-
mentos em áreas de Proteção Permanente. No caso do
Panamby, são terrenos importantes não só para o bairro
mas para a cidade. Como pensar em compactar a cidade
se não temos infraestrutura básica?”, questiona Márcia.
Além de água e energia, o transporte completa as ne-
cessidades que não têm se mostrado sufi cientes para a
população. A opção pelo monotrilho para atender a re-
Foto
: Pa
na
mb
y Ma
gazin
e
gião do Morumbi continua polêmica e apenas no papel.
O trecho 2, entre a Marginal Pinheiros e a linha 4 do Me-
trô, atravessaria quatro áreas de Proteção Permanente
além de áreas contaminadas, construções irregulares e
o Cemitério Morumby, informa Márcia: “Está claro que foi
um equívoco de planejamento. Não foram feitos os le-
vantamentos adequados quando se realizou o estudo de
impacto ambiental. Ou seja, não houve um real levanta-
mento da área.” Hoje há quatro liminares barrando tanto
a construção do condomínio Parque Global como a do
monotrilho.
Nesta edição, saiba como a defesa do verde está in-
timamente ligada a das nascentes e córregos da cidade.
E como defender o verde do Panamby é mais do que um
movimento dos moradores desse bairro em pleno desen-
volvimento – mas uma ação em defesa de mais qualida-
de de vida para os moradores de São Paulo.
Boa leitura.
Luiza Oliva
Editora
www.panambymagazine.com.br
www.facebook.com/panambymagazine
6
CAPA
Nossas preciosas NASCENTES
Se você é morador do Panamby, certamente já
caminhou na Praça Ayrton Senna. A área foi re-
vitalizada em 2001 pela Associação Cultural e
de Cidadania do Panamby. Antes, o local se assemelha-
va mais a um depósito de lixo e entulho. Hoje, a área é
cuidada diariamente por um jardineiro da Associação e é
possível caminhar pela praça, sentar nos bancos ou pas-
sear com os cães. Mais do que uma área de lazer para os
moradores, talvez o maior tesouro da Praça Ayrton Senna
Desconhecidas, quase incógnitas. Assim são as nascentes do Panamby e do Morumbi, escondidas em praças e áreas verdes, verdadeiras preciosidades
em tempos de seca e economia de água.
esteja do outro lado da rua Clipperton. Ali começa uma
área verde de 13.500 metros quadrados, com três nas-
centes. Não é à toa que aquele pedaço do bairro se cha-
ma originalmente Jardim Fonte do Morumbi. Também re-
cuperada pela Associação Panamby através de um con-
vênio com a Prefeitura, a área foi reurbanizada e recebeu
árvores como pau-brasil, ipês de diversas variedades e
ingá (vegetação própria para beira d´água). Na época, a
Associação Panamby consultou o ornitólogo Dalgas Fris-
Fotos: Juliana Amorim
Lago formado pelas águas das nascentes próximo à Praça Ayrton Senna.
7
ch sobre quais espécies de árvores ornamentais seriam
mais adequadas para atrair pássaros para a região.
Bem próximo à calçada, o local ganhou um pequeno
lago, que recebe água vinda das nascentes e deságua em
um bueiro de drenagem. A água também é aproveitada
no sistema de irrigação da Praça Ayrton Senna. O lago
chegou a receber carpas, doadas por um morador, que
foram roubadas tempos depois.
Nascentes como as vizinhas à Ayrton Senna não são
raridade na cidade – apesar de muitas serem pratica-
mente desconhecidas dos moradores. Só no Morumbi e
no Panamby, há mapeadas nascentes em locais como o
Parque Burle Marx, o Parque Sergio Vieira de Mello (pró-
ximo ao Cemitério Gethsêmani), o Parque Paraisópolis,
a Praça Cidade de Leiria e a Praça Cidade de Chaves (as
duas próximas ao Portal do Morumbi). “São Paulo assas-
sinou a maioria de suas nascentes. A cidade
foi construída sem nenhum respeito pelas
águas que brotam do chão. Felizmente uma
parte da população tomou consciência de
que acabar com as nascentes é um risco
ambiental. Há um movimento, do qual eu
faço parte, de se preservar o que resta e
recuperar o que for recuperável. É urgente pararmos de
assorear nascentes e canalizar córregos”, sustenta o ve-
reador Gilberto Natalini, presidente da Comissão de Meio
Ambiente da Câmara Municipal.
No dia em que conversou com a reportagem de Pa-
namby Magazine, Natalini havia visitado uma nascente
existente no Parque Santo Dias, no Capão redondo. “Ain-
da existem muitas nascentes e as do Panamby e Morumbi
são apenas um exemplo do que há na cidade”, diz, comple-
tando que a presença da água é fundamental para man-
ter o equilíbrio ambiental e atrair a fauna. “Em São Paulo
temos uma grande contaminação do solo, causada pelo
lixo urbano e por resíduos industriais, que muitas vezes
poluem as águas. Mas isso não signifi ca que as nascentes
não devem ser preservadas. O que a população não deve
fazer é beber essas águas. Mas a preservação do verde e
do que resta de nossas nascentes deve ser
entendida como a luta pela preservação da
própria vida nas cidades”, constata. Natalini
comemora as recentes vitórias judiciais de
ações em defesa do verde, e contra a cons-
trução de grandes empreendimentos no
Panamby e Morumbi. “Travamos uma luta
Associação Panamby
recuperou Praça
Ayrton Senna e criou
lago que recebe água
das nascentes do
bosque.
áreas permeáveis, como a da Praça Ayrton Senna, ajudam na manutenção das águas subterrâneas da cidade.
8
Foto
: Pa
na
mb
y Ma
gazin
e
CAPA
diária contra a indústria imobiliária e contra medidas da
atual administração da cidade de São Paulo, que são ex-
tremamente nocivas ao verde”, completa.
DESASTRE AMBIENTAL
A ambientalista Helena Caldeira, da Associação Morumbi
Melhor (AMM), acrescenta que em diversas decisões judi-
ciais a favor da preservação de áreas verdes no bairro, os
juízes têm feito um paralelo entre a proteção de nascentes
e de áreas vegetadas. “A cidade está toda adensada, qua-
se não existe mais solo permeável. Em uma situação de
seca como a atual, não podemos descartar a importância
de áreas com características de solo permeável como o
Morumbi e o Panamby. Nosso remanes-
cente verde é de extrema importância
para a manutenção das águas do lençol
freático”, avalia Helena.
Em uma ação conjunta com várias
entidades de moradores da região e de
defesa do meio ambiente, Helena tem
coordenado um grande mapeamento
das nascentes do Morumbi e do Pa-
namby, realizado pelo geólogo e doutor em geociências
Sergio Kleinfelder rodriguez. Segundo o especialista, a ci-
dade de São Paulo tem mais de 4 mil drenagens naturais.
“São Paulo e sua população parecem sentir vergonha de
seus córregos, enterrando-os em canalizações fechadas
e impedindo que a água da chuva escoe naturalmente. A
cidade retifi cou seus rios meandrantes transformando-
-os em longos trechos retilíneos, com o objetivo de esco-
ar mais rapidamente toda a água de chuva. Ocupou-se
toda a várzea sem critério técnico que pudesse justifi car
essa invasão do espaço natural. Com a impermeabiliza-
ção de áreas com ruas asfaltadas, calçadas contínuas,
quintais cimentados e construções nos limites máximos
de ocupação dos terrenos a água não
mais infi ltra escoando livremente e os
córregos enterrados e canalizados não
dão conta de dar vazão a esse excesso
de água, provocando constantes inun-
dações”, explica.
Na opinião de Sergio, São Paulo
vive um cenário de desastre ambien-
tal: áreas verdes são substituídas por
Área de bosque entre as ruas
Clipperton, Clinton, Diego de
Castilho e Deputado Laércio
Corte guarda nascentes de
água. Novas construções nas
proximidades contribuem
para o assoreamento e o
enfraquecimento do solo.
construções, a retenção da água pela vege-
tação mostra-se insuficiente, há des-
perdício no uso da água e ela retorna
ao ciclo na forma de esgotos, des-
pejados nos córregos e principais
drenagens. “A cidade foi total-
mente construída para eliminar
toda água que cai sobre ela. um
erro grotesco de engenharia que
infelizmente não ocorre somente
em São Paulo ou na metrópole. Eli-
mina-se rapidamente a água da vida
urbana, impede-se sua retenção pela
vegetação e pela infiltração nos solos e faz-
-se o lançamento dos esgotos com tratamentos
mínimos para os córregos, misturando água de boa qua-
lidade com água contaminada. Não se pode esperar ou-
tro resultado que não o desastre total de não podermos
dispor do recurso natural essencial para a vida, que é a
água em quantidade necessária e em qualidade admis-
sível”, sustenta.
Para Sergio, é mais do que hora de refletir sobre o sig-
nificado de nossos rios escondidos e polu-
ídos e sobre como colaboramos na im-
permeabilização dos solos. “A crise
que ainda está no início será lon-
ga e com tempo suficiente para
todo tipo de reflexão. Até lá, cada
um deverá encontrar uma saída
através da economia de água,
seu reuso ou obter o recurso em
outras fontes de captação. To-
das as ações, no entanto, não são
confortáveis e significam custos
adicionais para se sobreviver a essa ca-
tástrofe ambiental. um bom planejamento
familiar ou por condomínios pode gerar algumas
alternativas para o enfrentamento da crise de distribui-
ção que se tornará maior entre maio e agosto, quando as
chuvas são normalmente raras em São Paulo.”
FALTA DE ÁGUA. E EU COM ISSO?
Bosques e nascentes como as da Praça Ayrton Senna
trazem agradáveis lembranças aos moradores mais an-
“A preservação das nascentes da cidade é importantíssima. Elas
colaboram para a formação dos grandes rios. Matando
as nascentes, diminuímos a quantidade de água que chega
aos rios.”
Osvaldo Barbosa, engenheiro da Deca
10
tigos do Morumbi. É o caso de
Vital Battaglia, criado no Butan-
tã, que morou no Morumbi e che-
gou ao Panamby em 1996. Vital
se lembra de, na infância, tomar
água da nascente que hoje fi ca
dentro do Parque Burle Marx. “Ela
formava um verdadeiro riacho.
Hoje, mesmo com a seca que
vivemos, temos água lá, inclusi-
ve no brejo próximo à Marginal”,
comenta Vital, referindo-se ao
terreno para onde a construtora
Cyrela tem o projeto de um empreendimento.
Para Osvaldo Barbosa, engenheiro de aplicação da
Deca, o momento é de refl etir sobre o desenfreado cres-
cimento urbano. Segundo Osvaldo, durante muito tempo
foi usual canalizar córregos e rios, jogando suas águas
para as tubulações de água de chuva. “Hoje, a população
começa a ter mais sensibilidade para o tema. Sabemos
que é preciso alterar o meio ambiente da maneira mais
racional e menos degradante para o meio ambiente pos-
CAPA
área identifi cada como de proteção ambiental, em frente à Praça Ayrton Senna.
Foto
: Ju
lian
a A
mo
rim
sível. A preservação das nascentes da cidade é impor-
tantíssima. Elas colaboram para a formação dos grandes
rios. Matando as nascentes, diminuímos a quantidade
de água que chega aos rios”, pontua Osvaldo, que sem-
pre atuou com foco na economia de água. Seu mestrado
foi voltado para novas tecnologias em bacias sanitárias
e deu origem à norma ABNT que orienta para a fabrica-
ção de modelos econômicos, que consomem seis litros
de água por acionamento, contra os antigos que gastam
11
de 12 a 15 litros de água. Já nos es-
tudos que faz para seu doutora-
do, Osvaldo busca respostas para
o imenso desperdício de água
ocorrido em vazamentos. “70%
da água das cidades chegam a
ser perdidas em vazamentos. Isso
é uma realidade em cidades do
Norte e Nordeste, que têm grandes vazamentos enterra-
dos. Estamos jogando fora energia e insumos gerados no
tratamento da água”, explica.
O engenheiro orienta que o primeiro passo na pre-
servação das nascentes das cidades é o cuidado com
as matas ciliares. “A presença da flora garante que não
haverá assoreamento. A mata funciona como um supor-
te garantindo que o formato do relevo se mantenha para
que a água aflore. O ponto crucial é a preservação das
matas”, avalia. Helena Caldeira, ambientalista e morado-
ra do Morumbi, concorda: “O assoreamento em volta de
áreas de nascentes provoca deslizamentos, deixando o
solo mais frágil. Protegendo praças e áreas verdes prote-
gemos as nascentes.”
POPULAÇÃO EM AÇÃO
Muitos moradores já despertaram
para a necessidade da preserva-
ção – e tomam iniciativas com
esse objetivo. Eliana Chumer mora
no Panamby desde 1992. “Via pelo
bairro muitas placas indicando
áreas de Preservação Permanen-
te. Hoje, vejo essas áreas sumindo.” Diretora do colégio
CPV, ela buscou autorização na Prefeitura para cuidar
da manutenção da Praça Cidade de Leiria, onde há uma
nascente. O longo processo burocrático não fez Eliana
desanimar. Hoje, o CPV cuida do jardim da praça e retira
o lixo da área. “É uma questão de cidadania”, acredita.
Também há uma grande mobilização pela cidade vi-
sando a defesa da água escondida em nossos subsolos
e dos rios e córregos poluídos. O projeto rios (In)visíveis,
das jornalistas Stephanie Kim Abe e Iana Chan e da de-
signer Pamela Bassi é um deles. “O nosso projeto busca
dar visibilidade aos rios de São Paulo, por meio de uma
plataforma colaborativa de mapeamento desses cursos
d´água. A ideia é chamar atenção para a paisagem da ci-
“A chuva que cai na cidade de São
Paulo não é aproveitada para o
abastecimento, exceto aquela que
infiltra e alimenta o manancial de
águas subterrâneas.”
Sergio Kleinfelder Rodriguez, geólogo
12
dade, para a forma como ela se desenvolveu e continua
se desenvolvendo – e as consequências que esse cresci-
mento urbano gerou em nosso estilo de vida e no relacio-
namento com os elementos naturais com que convive-
mos”, conta Stephanie.
O pontapé inicial para esse trabalho foi a participa-
ção no Ecohack World, em maio do ano passado em São
Paulo. “Foi lá que realizamos o mapa dos rios de São Pau-
lo, por meio da visualização dos dados do Plano Diretor
de Drenagem e Manejo de águas Pluviais do Município
de São Paulo na plataforma Mapas Coletivos. Contamos
com a ajuda de Victor George, Gustavo Faleiros e Emer-
son Marques desde o começo, além do Luiz de Campos,
do rios e ruas. Ainda que de uma maneira bem rascu-
nhada, levamos ao ar esse nosso mapa criado no Ecoha-
ck e acabamos compartilhando com amigos. O retorno
foi enorme. Pessoas de diversas áreas vieram comentar
que tinham achado incrível e que era uma iniciativa im-
portante”, lembram.
O trio acredita que é essencial a participação da po-
pulação no mapeamento, daí o projeto ser colaborati-
vo. Segundo Stephanie, ainda que por registros oficiais
pode-se ter a dimensão da quantidade de rios que exis-
tem em São Paulo, é possível encontrar muito mais com
CAPA
A região de Vila Andrade e par-
te do Panamby estão inseridas na
microbacia hidrográfica do córre-
go Panamby (veja ilustração). Esta
área tem aproximadamente 65
hectares, ou seja, 650.000 m².
uma chuva de 10 mm signifi-
ca que em 1 metro quadrado de
área choveu o equivalente a 10 li-
tros de água. Assim, em uma área
de 650.000 m² com uma chuva
de 10 mm são recebidos na ba-
cia 6.500.000 litros de água, ca-
pazes de atender 26 mil pessoas
em um dia consumindo 250 litros
por pessoa.
Em uma área preservada e não
impermeabilizada o volume de
chuvas fica 80% retido na própria
área pela vegetação e por infiltra-
ção nos solos. Ao contrário, em
uma área intensamente urbani-
zada 80% do volume das chuvas
BACIA DO CóRREGO PANAMBY
Cemitério Morumbi
área da operação urbana água espraiada
drenagens e faixas de áreasde preservação permanente
área com alta declividade
nascentes
lagoas da várzea do rio pinheiros
ximadamente 1375 mm. Assim,
em uma bacia como a região do
Panamby e Vila Andrade, em um
ano chove o equivalente a 893,75
milhões de litros; água suficien-
te para atender uma população
de pouco mais de 22 mil pessoas
durante todo o ano atendendo o
consumo recomendado pela Or-
ganização Mundial de Saúde.
Veja como a preservação do
verde e das áreas de drenagem
do nosso bairro podem ajudar o
meio ambiente e a população de
toda a cidade.
Por Sergio Kleinfelder Rodriguez
escoam superficialmente e produ-
zem alagamentos na cidade.
Com a impermeabilização de
toda a bacia hidrográfica, essa
água vai direto para o rio Pinhei-
ros juntando-se com os esgotos e
seguindo para o Tietê, produzindo
inundações pelo caminho.
A precipitação média anual na
cidade de São Paulo é de apro-
14
a ajuda da população. “Dentro das casas podem estar
escondidas muitas nascentes. E são as lembranças dos
moradores que viviam na região antes que estas fos-
sem tamponadas que ajudarão a fazer esse mapea-
mento ainda mais efi ciente. É uma via de duas mãos: ao
mesmo tempo em que os órgãos responsáveis podem
proteger de forma legal, demarcando áreas de preser-
vação, a população pode ajudar a preservar informan-
do os vizinhos sobre a nascente, cuidando do espaço e
principalmente fazendo pressão junto aos órgãos pú-
blicos para que mantenham o local preservado.”
Adriano Sampaio e ramon Bonzi são outros pau-
listanos que trilham o caminho das águas. Depois de
descobrirem sete olhos d´água do rio água Preta
na Praça Homero Silva, no bairro da Pompeia, eles se
lançaram a mapear as nascentes da cidade e nasceu
o projeto Existe água em São Paulo. “Tudo começou
informalmente. Já encontramos muitos rios limpos
na cidade e ainda não canalizados, em praças, parques e
até em propriedades privadas. Nossa meta hoje é pres-
sionar o poder público e conscientizar a população. É
hora de agir, juntar os amigos e buscar ações positivas
no próprio bairro”, acredita Adriano. “É muito importante
envolver as crianças e escolas. São microações pela ci-
dade que podem contaminar o todo para mudanças de
atitudes”, completa.
Na Kinder Kampus, escola bilíngue localizada no Pa-
namby, as ações já começaram. No ano passado, a esco-
la passou a envolver funcionários, pais e alunos em um
grande projeto de sustentabilidade. “Temos o foco de ob-
jetivos a médio e longo prazos. Não adianta só focarmos a
crise. Trabalhamos com um conceito de sustentabilidade
mais amplo, atuando com toda a comunidade escolar”,
explica Lívia de Campos ribeiro, engenheira ambiental e
consultora de sustentabilidade da Kinder Kampus. Os re-
sultados chegaram rápido: o colégio reduziu o consumo
de água em 20%, comparando o segundo semestre de
2014 com o mesmo período de 2013. “As crianças come-
moram o resultado porque se sentem parte do processo.
Temos que repensar nossa relação com os recursos natu-
rais, preservá-los, e não apenas economizar água quando
ela falta”, fi naliza Lívia.
CAPA
SERVIÇO
CPVwww.cpv.com.br
www.colegiocpv.com.br
Decaproagua@deca.com.br
Existe água em SP
Facebook: Existe água em SP
Gilberto Natalininatalini@natalini.com.br
Kinder Kampus
secretaria.infantil@kampus.com.brpachamama@kampus.com.br
Rios (In) visíveis
www.riosdesaopaulo.org Facebook: rios Invisíveis
“São Paulo assassinou a maioria de suas nascentes. A cidade foi construída sem nenhum respeito
pelas águas que brotam do chão. Felizmente uma parte da população tomou consciência de que
acabar com as nascentes é um risco ambiental.” Gilberto Natalini, vereador.
15
Qual a idade certa para iniciar
A partir dos 7 anos de idade é recomendado que a criança faça uma avaliação ortodôntica.
Alguns tratamentos podem começar até antes, mas isto depende de cada caso. Algumas
crianças sofrem por ter dentes tortos, grandes ou por faltar algum dente. Os pais podem
procurar um ortodontista para uma avaliação inicial de seu fi lho e o especialista irá diagnosticar
se existe alguma má oclusão e qual o melhor tratamento para aquele caso. Isto traz segurança e
confi ança para os pais e para o paciente.
Na faixa etária entre 5 e 7 anos, normalmente a criança não tem paciência para escovar os dentes
e passar o fi o dental com o cuidado necessário para manter a saúde da boca. Pensando nisso,
realizamos o programa de prevenção Crescendo sem Cáries, para que as crianças treinem a escovação,
supervisionadas por um profi ssional e logo em seguida passam por uma profi laxia.
Esta avaliação inicial é necessária para se estabelecer o tratamento ideal para cada um.
Dra. Trygvy Subtil KutkiewiczClínica Oca
Rua Mal. Hastimphilo de Moura, 277 casa 1 Tel: 3742-1615www.clinicaoca.com.br
um tratamento ortodôntico?
ClinicaOCA_meia_Fev15.indd 1 13/02/15 15:13
16
Casa de VIDrO
ArQuITETurA
OMorumbi guarda endereços importantes, que
ajudam a contar a história do bairro e da ci-
dade de São Paulo. A Casa de Vidro, projetada
pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi, é um deles. Formada
na Faculdade de Arquitetura de roma, Lina se casou com
o jornalista e crítico de arte Pietro Maria Bardi em 1946,
ano em que o casal se mudou para o Brasil.
Construída em 1951 para ser a residência de Lina e
Vizinha ao Panamby, a Casa de Vidro, projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi, é um endereço imperdível para os amantes da arquitetura, do design
e da preservação ambiental.
Bardi, a casa foi tombada pelo Conpresp (Conselho Mu-
nicipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural
e Ambiental da Cidade de São Paulo) e pelo Condephaat
(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueoló-
gico, Artístico e Turístico) como patrimônio histórico, e
está com o tombamento pelo Iphan (Instituto do Patri-
mônio Histórico e Artístico Nacional) aguardando a fi na-
lização. Na época da construção, o Morumbi começava
Fotos: Juliana Amorim
17
a nascer em uma fazenda de chá desativada e loteada, com al-
guns remanescentes de mata.
No terreno de cerca de 7500 metros quadrados, a casa se in-
tegra à paisagem. A construção e seu amplo bosque são visitados
frequentemente por arquitetos e designers, muitos estrangeiros.
Na casa é possível também conhecer móveis projetados por Lina,
como as cadeiras Bowl e Tripé. “Lina planejou a casa e o bosque.
Nos desenhos da concepção do projeto a mata já aparece desen-
volvida. Lina aguardou a vegetação crescer”, conta o arquiteto re-
nato Anelli, professor do Instituto de Arquitetura e urbanismo da
uSP em São Carlos e diretor do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, que
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Casa de Vidro, São Paulo, SP, 1951. Perspectiva interna.Lápis de cor, nanquim, sobre papel offset. Cadeira Bowl.
Cadeira Tripé de madeira com acento de couro.
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ArQuITETurA
funciona na Casa de Vidro.
O Instituto foi criado em 1990. O acervo pessoal, reu-
nido por Lina e Bardi ao longo de sua vida, foi doado para
o Instituto com o objetivo de promover, pesquisar e divul-
gar os campos da arte e da arquitetura no Brasil. É cons-
tituído de obras de arte, móveis, documentos e objetos
que pertenceram ao casal – são cerca de 7.800 desenhos
de Lina, 17 mil fotografi as, 114 áudio-vídeos digitais, 160
livros e revistas, além de 240 obras de arte. Em 2014,
ano do centenário de Lina Bo Bardi, peças do acervo do
Instituto estiveram em diversas exposições, entre elas a
Projeto Barroquinha, Salvador, BA, 1986"Lina Bo Bardi / Marcelo Ferraz /Marcelo Suzuki"Lina Bo BardiPerspectiva de cadeira abertaAquarela, esferográfi ca, sobre papel manteiga
Casa do Benin na Bahia, Salvador, BA, 1987"Lina Bo Bardi / Marcelo Ferraz / Marcelo Suzuki"Lina Bo BardiEstudo para cadeira girafi nhaEsferográfi ca sobre papel offset
Museu de Belas Artes, São Paulo, SP, 1956Lina Bo BardiElevação frontal / PerspectivaGrafi te, lápis de cor, nanquim, sobre papel manteiga
Casa Valéria Cirell, São Paulo, SP, 1958Lina Bo Bardi
Elevação frontalGrafi te, nanquim, sobre papel vegetal
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Casa Valéria Cirell, 1958
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ArQuITETurA
SERVIÇOCASA DE VIDRO – INSTITUTO LINA BO E P.M.BARDI – rua General Almério de Moura, 200 – Morumbi
Visitas devem ser agendadas pelo e-mail visita@institutobardi.com.br – www.institutobardi.com.br
ser acompanhada pelo site www.institutobardi.com.br.
“Cumprimos uma função de preservação do Morumbi
como um bairro jardim. Como a Casa de Vidro há outras
casas modernas na região que podem ajudar na preser-
vação do bairro, tanto a preservação cultural como das
próprias construções históricas”, explica. Entre as casas
abertas para a paisagem do Morumbi estão outro projeto
de Lina, próximo à Casa de Vidro, construído também no
fi nal dos anos 1950 para Valéria Piacentini Cirell (um dos
destaques da casa é o terraço de madeira elevado sobre
a piscina e suportado por pilares dentro da água). Outra
casa moderna do Morumbi é a construída pelo arquiteto
austríaco Hans Broos, falecido em 2011, com jardins pro-
jetados por Burle Marx. O arquiteto é considerado um dos
representantes da arquitetura brutalista, que privilegiava
a estrutura das edifi cações, sem escondê-las. Ele morou
e trabalhou na casa, que é uma importante referência
para o estudo da arquitetura na cidade de São Paulo.
realizada pelo Museu de Arquitetura de Munique, na Ale-
manha. “Há muitas exposições e seminários pelo mundo
pensando a atualidade da obra de Lina”, diz Anelli.
A Casa de Vidro também tem uma programação
que inclui exposições e atividades culturais de arte, ar-
quitetura, urbanismo e design. A programação pode D
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Lina Bo e Pietro Maria Bardi na Casa de Vidro, s/d
TProjetos de incentivo à leitura retiram
doações de livros no Panamby.
alvez você já tenha notado pelo Panamby algu-
mas placas em postes solicitando doação de
livros. O pedido é de robinson Padial, o Binho,
morador do Campo Limpo e criador de várias iniciativas
visando a difusão e o incentivo à leitura.
Os livros arrecadados ajudam a aumentar o acervo da
Biblioteca Comunitária do Campo Limpo, que hoje conta
com cerca de quatro mil títulos, e também são doados
em ações organizadas por Binho no Terminal do Campo
Limpo. Binho conta que as doações no Terminal são um
sucesso: “Forramos o chão e distribuímos tudo muito
rápido, aquilo vira um formigueiro de gente querendo os
livros, principalmente infantis, que têm muita procura.”
Recicle sua biblioteca. DOE LIVrOS!
LEITurA
Binho ainda desenvolve o projeto Bicicloteca, circulando
pela cidade em uma bicicleta equipada com uma caixa
de livros para doação. Binho também é poeta e organiza
o Sarau do Binho, toda a segunda segunda-feira do mês
no Espaço de Teatro Clariô, em Taboão da Serra.
Mais informações sobre as doações de livros pelo telefo-
ne 5844-4532 ou na página do Facebook Sarau do Binho.
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SAÚDE
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A prática do Pilates mistura exercício físico com alongamento. Melhora a tonifi cação dos músculos, a postura e alivia estresse e tensões.
m plena ascensão no Brasil, Pilates é uma ativida-
de física que envolve tanto o corpo quanto a men-
te, focado não na quantidade de movimentos mas
na qualidade. Na hora de praticar o exercício, poucos mo-
vimentos equivalem a muitas horas de academia.
O Pilates mistura força com alongamentos, que me-
lhoram a postura e tonifi cam os músculos. Durante a ati-
vidade trabalham vários grupos musculares ao mesmo
tempo, por meio de movimentos suaves e contínuos. São
285 exercícios que podem ser feitos no solo ou em equi-
pamentos e as primeiras mudanças no corpo começam
a se perceber a partir da décima aula.
A técnica prioriza o equilíbrio e a respiração, essen-
cial na prática do Pilates, porque ajuda a controlar os
movimentos, relaxar os músculos e aliviar tensões. Além
disso, permite a estabilização da coluna e enviar energia
para o grupo muscular que se encontra trabalhando.
O Pilates é indicado para homens, mulheres, gestan-
tes e pessoas da terceira idade. Os exercícios são feitos
de acordo com o ritmo de cada um, respeitando as par-
ticularidades para obter os melhores resultados. O mé-
todo serve também para preparar o corpo para realizar
outras atividades, como ciclismo ou atletismo.
Com a difusão da atividade proliferaram diversos es-
túdios e técnicas, porém a mais destacada é a técnica
STOTT, baseada nos conceitos de Joseph Pilates, funda-
dor do método original.
Trata se de um estilo canadense, moderno e reco-
nhecido em todo o mundo, com um diferencial muito im-
portante: a capacitação do professor. Para dar aulas de
STOTT Pilates o profi ssional deve ser formado em Edu-
cação Física ou Fisioterapia.
Graças ao grande êxito do método, médicos reco-
mendam a prática do Pilates, que serve também para
prevenir e recuperar lesões, fortalecer a coluna, melhorar
a mobilidade e a circulação sanguínea.
um dos mitos do Pilates é que se trata de uma ativi-
dade cara, porém deve ser levado em consideração que
o aluno recebe um atendimento personalizado. O profes-
sor está sempre perto para corrigir a postura, respiração
e movimentos. As aulas têm no máximo quatro alunos e
uma duração média de 60 minutos.
Portanto, a prática do Pilates oferece uma melhor
qualidade de vida com benefícios físicos e mentais – mais
alongamento, tonifi cação e equilíbrio –, como também
melhoras na postura e alívio do estresse e tensões.
PILATES: o equilíbrio do corpo e da mente para uma melhor qualidade de vida
Por Artur Ribeiro de Souza
PILATES FOR LIFErua Jandiatuba, 550 – Morumbi – Tel: 4327-5333
Higienópolis 3564-3303 – Vila Leopoldina 2366-4706
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Confira a programação das atividades gratuitas do Parque Burle Marx. Não há necessidade de cadastro. Em caso de chuva, as atividades são canceladas.
TAI CHI CHUANTodas as quartas-feiras, das 10h às 11h, no Gramado das PalmeirasEstúdio Caminho Morumbi – Prof. Paulo Meirelles
UNIVERSO AQUARELATodo domingo, das 8h30 às 11h, no Gramado CentralProfa regina Komatsu
Lazer e esporte NO BurLE MArX
PArQuE
CONTOURS - AULAS DE ZUMBATodo sábado, das 9h às 10h, no Jardim Burle MarxProfa Bruna
PILATES NO PARQUE - EQUILÍBRIOTodo 1º sábado do mês, das 10:30h às 11:30h, no Gramado das PalmeirasEquilíbrio Phisio Studio Pilates e Spa
ALTA PERFORMANCE - MÉTODO DeROSETodo 4º domingo do mês, das 9h às 10h, no Gramado CentralProfº William Câmara – Espaço Cultural Morumbi
CORRIDA E SLACKLINE NO PARQUETodo 2º e 4º domingo do mês, pela manhã, no Gramado das PalmeirasEquipe Fit Five
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