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PDE - O plano de desestruturação da educação superior
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Produzido pelo Grupo de Trabalho Políticas Educacionais epela Assessoria de Comunicação do ANDES-SN - Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino SuperiorSCS, Qd. 2, Bl.C, Edifício Cedro II, 5º andar CEP 70.302-914 – Brasília-DFTelefone: 61 3322 7561
Diretor responsável: Evson Malaquias de Moraes SantosEdição de texto, projeto gráfico e editoração eletrônica: Elizângela Araújo (MTB 1494)Ilustrações: Ricardo BorgesRevisão: Maria Margarida Pinto CoelhoTiragem: 40 mil exemplares
A versão eletrônica para reprodução pode ser obtida em:www.andes.org.br.
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PDE - o plano de desestruturação da educação superior
BrasíliaOutubro de 2007
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Sumário
Apresentação.............................................................................................
Por que o PDE desestrutura a universidade pública.................................
REUNI maquia estatísticas........................................................................
Expansão apenas “inchará” as universidades públicas.............................
Aprovação em massa.................................................................................
A Diretrizes Gerais do REUNI e as metas impossíveis..............................
Ataque à autonomia universitária..............................................................
Aumento das verbas é ilusório..................................................................
Professor-equivalente: empobrecimento do ensino..................................
IFET - centrais de instituições...................................................................
A comunidade se mobiliza e reafirma a defesa dauniversidade pública e gratuita.................................................................
Para saber mais........................................................................................
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OPlanodeDesenvolvimentodaEducação-PDEdogovernoLulaéumconjuntodedecretos,projetosdelei,re-soluçõeseportariasqueserefereàeducaçãoemgeral,en-treosquaishádoisdecretoseduasportariasinterministe-riaisquedãocontinuidadeàreformauniversitáriaepodemtrazerconseqüênciasnegativasparaaeducaçãosuperior.
Apesardetrazeroconceitodedesenvolvimentoemsuanomenclatura,oPDEsimplesmente“desmonta”auni-versidadebaseadanaindissociabilidadeentreensino,pes-quisa e extensão com os Decretos n° 6.096/07, que cria oREUNI, e n° 6.095/07, que cria osInstitutosFederaisdeEducação,Ci-ência e Tecnologia - IFET, editadosno final de abril de 2007.
Alémdosdecretos,háaspor-tarias interministeriais nº 22/07 e nº 224/07, que criam e consolidam o banco de professores equivalentes.Nodiscursodogoverno,essasporta-rias visam a facilitar a contrataçãode professores pelas universidadesfederais.Naprática,levarãoàsubs-tituiçãogradativadosprofessorescomdedicaçãoexclusivapor professores substitutos em regime de 20 ou 40 horas
Apresentação
Apesardetrazeroconceitodedesen-volvimentoemsuanomenclatura,oPDEsimples-mente“desmonta”auniversidadeba-seadanaindisso-ciabilidadeentreensino,pesquisaeextensão
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semanais,oumesmoporprofessoressubstitutos,oquein-tensificará a precarização do trabalho docente e piorará a qualidadedoensino.
ComooSindicatoNacionaldosDocentesdas Insti-tuiçõesdeEnsinoSuperior-ANDES-SNvemalertandoemsuasanálises,areformauniversitáriadogovernoLulatemcomo objetivo principal ampliar o acesso à universidadesema correspondenteampliaçãodos investimentos feitospeloEstado.
Ogoverno,emsuaânsiademaquiarasestatísticasdeacessoaoensinouniversitárioparacriarailusãodequeefetivouavançosnaáreadaeducação,executasuareformade maneira autoritária, por meio de decretos e portariassemdiscuti-lacomasociedade.
Apesardodiscursoderespeitoàautonomiauniver-sitária,osdecretospressionamosdirigentesuniversitáriosaaderiremàssuasregrascomapromessadeaumentodeverbas.As drásticas alterações previstas pelos decretos eportariasinterministeriais,noentanto,nemsequerpodemserdiscutidassatisfatoriamentepelacomunidadeuniversi-táriadevidoaosprazosexíguosestipuladospeloMEC.
Assim,oobjetivodestapublicaçãoéchamaraaten-ção da comunidade universitária e da sociedade para osmalefíciosqueoPDEtraráparaoensinosuperiordopaís,quesão,basicamente,aprecarizaçãodotrabalhodocenteeatransformaçãopaulatinadeuniversidadeseminstitui-ções com um ensino cada vez mais superficial.
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Sob o argumento dequeasuniversidadesfunda-mentadasnoensino,pesqui-saeextensãodemandamal-tosinvestimentos,ogovernoquermantê-lasempequenonúmero(oscentrosdeexce-
Por que o PDE desestrutura a universidade pública
lência),entreoutrosmotivos,paraatenderaosinteressesdomercadopormeiodaLeideInovaçãoTecnológica. Assim,ogovernotematribuído à universidadebrasileiraumpapelquenão
Noatualestágiomundialdocapitalismo,aeducaçãoéumespaçonovodevalori-zaçãodocapitalexcedentedeoutrossetores.Emfun-çãodisso,sãoimplemen-tadasaçõesqueaceleramaprivatizaçãodesetorescomoaeducação,comojáaconteceucomasaúdeevemacontecendocomaPrevidência.
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A Lei de Inovação Tec-nológica (Lei nº 10.973, de 02.12.2004) permite a
utilização do corpo docente e da estrutura física de uni-versidades e outras institu-ições públicas de pesquisa por empresas privadas, por
meio de convênios, para a “geração de produtos e
processos inovadores”.
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lhe corresponde em outraspartesdomundo:instituiçãodestinada exclusivamenteao ensino, à profissionali-zação rápida, em cursos decurtaduraçãoe,conseqüen-temente,desprovidadeam-bientedepesquisaverdadei-ramenteacadêmico.
Tal instituição jáexiste largamente no se-tor privado brasileiro: oscentros universitários. Emoutros países, quando exis-tem, instituições desse tiponão são consideradas uni-versidades, e sim colleges(instituições preparatóriaspara a universidade, pare-cidascomociclobásicoqueos proponentes do projetoUniversidade Nova preten-dem instituir no Brasil).
Utilizando como jus-tificativa a inegável necessi-dadededemocratizaroaces-soaoensinouniversitário,ogovernoLulapropõeumen-sino“pobreparaospobres”,com ênfase na formação docidadão trabalhador para a
sociedade do desemprego,naqualasrelaçõesdetraba-lhoestãocadavezmaispre-carizadas.Assim,oPlanodeReestruturação e ExpansãodasUniversidadesFederais-REUNI–Decreto6.096/07,queépartedoPDE,promo-ve significativas alterações nosistemaeducacionaluni-versitário para operaciona-lizaressaestratégia.
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O Decreto 6.096/07começouaserdelineadonosegundo semestre de 2006, a partir de uma forte cam-panha contra a universida-de fundamentada na indis-sociabilidade entre ensino,pesquisaeextensão.
Essa campanha foibaseadanadivulgaçãodeda-dosestatísticossobreafaltadevagasnasuniversidadespúblicaseastaxasrelativa-mentealtasdeevasãonoen-sinosuperior,semumaaná-lise qualitativa consistente.
OREUNIsegueumalógicaprodutivistamesquinha,poisvisaagerarestatísti-caspositivascompensandoafaltadeinvestimentosnasinstituiçõesdeensinosuperior-IEScomapre-carizaçãodotrabalhodo-cente,tornandooensinouniversitáriocadavezmaissuperficial.
REUNI maquiaestatísticas
Na urgência da con-solidação do novo modelo,o Presidente da Repúblicainstituiu,pormeiodoDecre-to n° 6.096 de 24 de abril de 2007, o Programa de Apoio aPlanosdeReestruturaçãoeExpansãodasUniversida-desFederais,cujoobjetivoé“criarcondiçõesparaaam-pliação do acesso e perma-nêncianaeducaçãosuperior,noníveldegraduação”,uti-lizando-sedo “melhorapro-veitamento da estrutura fí-sicaedosrecursoshumanosatualmenteexistentes”nes-
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sasinstituições.
O decreto, porém,desconsideraosucateamen-to das universidades fede-rais e o déficit significativo de professores, que resultanasuperlotaçãodassalasdeaula.Alémdisso,emgrandepartedessasinstituições,asatividades de ensino e pes-
quisa nãodispõem deapoiotécniconecessário.
Em quepese o co-nhecimentodessa re-alidade, oREUNI nãoprevê o au-mento dosinvestimen-tos corres-pondentesao númerodas vagas
que pretende criar. Commetas numéricas definidas, massemosrecursosneces-sários,apropostadogoverno
nãoserácapaznemmesmodemelhorarasjáprecáriascondiçõesemqueseencon-tram praticamente todasas universidades públicasbrasileiras e, menos ainda,acolhersatisfatoriamenteosnovosestudantes.Semoau-mento real dos investimen-tos na educação superior, ogoverno não possibilitaráo acesso com garantia depermanência, uma das lu-tashistóricasdoMovimentoDocente.
Commetasnuméricas defini-
das,massemosrecursosnecessá-
rios,apropostadogovernonãoserácapaznem
mesmodemelho-rarasjáprecá-
riascondiçõesemqueseencontram
praticamentetodasasuniver-sidadespúblicas
brasileiras
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Essas metas sãoapresentadas em todos osdocumentos preliminaresaodecreto,porisso,sãocha-madaspelosmovimentosdedocentesedeestudantesdemetaspétreas.
Historicamente,are-lação numérica é de até 10alunosporprofessornagra-duação,poiso tripéuniver-sitário – ensino, pesquisa
A expansão apenas“inchará” as universidades públicas
OREUNIadotaduasmetasprincipais:
-aumentodequase100%donúmerodealunosporprofessornagraduação,atingindoamédiade18alunospordocente.
-ampliaçãodataxadecon-clusãonoscursosdegradu-açãopara90%emmédia.
e extensão – prevê atribui-ções adicionais ao docente.A maioria das instituiçõesmaisantigasecompós-gra-duação mais consolidada,situadas quase exclusiva-mente no eixo Sul-Sudeste,apresenta relação próximaa essa. Entretanto, nos úl-timos anos, sob pressão dodéficit de professores, esse número vem aumentandoemquasetodasasuniversi-
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dadesfederais.
A atual relação estu-dante/professor no Brasil émuitopróximaàsdeoutrospaísesquetêmorganizaçãoacadêmica semelhante ànossa,porexemplo,ospaísesnórdicos da Europa, a Ale-manha e também o Japão.A razão professsor/aluno e o número de alunos por classes
Arazãomédiadees-tudantes por professor noscursosdegraduaçãonãoéamesma coisa que o númerodealunosporclasses–trêsvezes maior em função decada estudante cursar vá-rias disciplinas simultane-amente e por haver várioscursosdetempointegralouquenecessitemdeatividadesexperimentaisoudeatendi-mentoindividualizadocomoo de Medicina e outros nasáreas de ciências e artes.
Alémdisso,osprofes-
soresatendemaestudantesde pós-graduação – o que,emprincípio,não entra-ria no cálcu-lo –, fazemp e s q u i s a s ,executamta-refas admi-nistrativas esupervisio-namativida-desdeexten-são.Assim,quantomaioraproporçãodealunosporpro-fessor,maisprecário seráoatendimento.
Aumentar o número de alunos por professor para 18 é uma maneira irrespon-
sável de praticamente dobrar o número de ingressantes,
por meio de uma sobrecarga atroz imposta aos docentes e de uma conseqüente diminu-ição da qualidade do ensino:
não há como atender bem ao estudante em classes de 60 a
80 alunos.
Quantomaioraproporçãodealunosporprofessor,maispre-cárioseráoatendimentoaosalunos.
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Aprovaçãoem massa
AoutrametadoREUNI,queéestabelecerataxadeconclusãomédiadoscursospresenciaisdegraduaçãoem90%,resultanumaam-pliaçãoadicionaldototaldealunosmatriculados,jáqueasvagasdosdesistentesoutemporariamenteafastadosteriamqueserimediata-menteocupadas.
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Números para inglês ver
Junto com a ampliação do ingresso, o aumento da taxa
média de conclusão dos cursos de graduação poderá
resultar num aumento de quase 200% nas matrículas.
Sem o necessário aporte de recursos, num passe
de mágica malévola, serão triplicados os estudantes das
universidades federais e os dados a serem fornecidos
às estatísticas internacionais terão uma melhoria forjada.
Além de aumentara taxa de conclusão média,háanecessidadedegaran-tirqueataxadereprovaçãomédiaalcancevaloresmuitomaisbaixosdoqueospermi-tidospelasatuaiscondiçõesdeensinonopaís.
Em geral, baixas ta-xasdereprovaçãoestãorela-cionadasaumatendimentomaisindividualizadodoalu-nopeloprofessor.Portanto,oíndicedeconclusãode90%
é incompatí-vel com os 18alunosporpro-fessor previs-tos no REUNI.Se o governoinsistir nessameta, institui-rá a aprovaçãoautomáticanas
universidadespúblicas. Atualmente, a taxadeconclusãomédianoscur-sos das universidades fede-rais é de 60%, segundo osúltimos dados do InstitutoNacionaldeEstudosePes-
quisas Educacionais AnísioTeixeira - Inep. Nos paísesdaOrganizaçãoparaaCoo-peração e DesenvolvimentoEconômico - OCDE, a taxamédia de conclusão é de70%. Nos Estados Unidos,Bélgica, França e Suécia,elaestáabaixodessamédia,caindo, na Itália, para 42%.
Oíndicedeconclusãode
90%éincom-patívelcom
os18alunosporprofessorprevistosno
REUNI
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As Diretrizes Gerais do REUNIe as metas impossíveis
AsDiretrizesGeraisdoREUNI,quedetalhamosmétodosdecálculodosindicadoresnúmericosparaasmetaspétreas,foramdefinidas por uma comissão compostapor13professo-resuniversitários,sobaresponsabilidadedoMEC.No final de julho de 2007, a comissãolançouumdo-cumentopreliminare,emagosto, um documento final.
Embora não constemde portaria ou instrumentolegalsemelhante,oque,emprincípio, singnifica que po-demseralteradosaqualquermomento,essesmétodosdecálculo foram oficializados pelaChamadaPúblicaMEC/SESU nº 08/2007 - REUNI, queconvocaasIFESaapre-sentarpropostasdestinadasàexecuçãodoprograma. Uma análise compa-rativadasduasversõesdasDiretrizesGeraisdoREUNI
mostra que a comissão en-vidoutodososesforçosparanegarqueasmetassãopre-judiciais à organização doensino superior e, na prá-tica, impossíveis de serematingidas. Isso deveria serevidente para qualquer umquetenhaexperiêncianesseníveldeensino.
A comissão não seopôsàreceitapropostapelogoverno brasileiro: deixarsobreviver apenas algu-mas poucas instituições
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valente” (Portarias Inter-ministeriais nº 22/07 e nº 224/07), a comissão tentou aumentar a razão de alu-nos por professor - RAP eincluiu a atividade de pós-graduação no cálculo, di-minuindo, por meio de umdesconto, o número de pro-fessores a considerar. Essedesconto, no entanto, só semostrou significativo para cerca de 12 universidades federais, todas praticamen-tesituadasnasregiõesSuleSudeste.Porumerrodecál-culo, a Universidade Fede-
com características verda-deiramente universitárias,enquantooutrassetransfor-mam em escolões, emboracontinuem a sustentar, porenquanto, o pomposo títulodeuniversidades.
Essesescolõescomensinoaligeirado,super-
ficial, são destinados à populaçãomaispobresob
odisfarcedeampliaçãodoensinosuperior.
Amparando-se no“banco de professores-equi-
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raldePernambuco-UFPE,queeraaúnicadoNordestecombônusmaiordoque5%pelaatividadedapós-gradu-ção,perdeuesse“privilégio”.
Mesmo com todo omalabarismo utilizado nes-sesrearranjosnuméricos,oresultado foi pífio: a razão aluno/professor de 13,2, en-contradahojenamédiadas
Consolidação da elitização das universidades maiores
Os critérios apresen-tados consolidam a condição
de “elite” das universidades maiores, mais antigas e com pós-graduação bem avaliada pela Capes, ou seja, as que
já têm doutorados consolida-dos e que podem continuar
sendo universidades na ver-dadeira acepção do termo.
As demais universidades fe-derais - cerca de 80% - ficam
condenadas à condição de escolões, já que o aumento
de estudantes de graduação exigido só pode ser atingido
por meio de aulas gerais para grandes turmas, dispensan-
do-se a pesquisa.
universidadesfederais,estátãolongedametapétreaes-tabelecidaquesemostraim-possíveldeseratingidasema reestruturação profundadavidaacadêmicaqueoDe-creto6.096/07impõe.
A comissão tentoutambémchegaraumíndicemaispróximode90%paraataxamédiadeconclusãodecursosdegraduação-TCG.Aregraqueprevaleceufoiade considerar o número to-taldediplomadosemcursospresenciais e dividi-lo pelototal de vagas de ingressooferecidascincoanosantes,por cada instituição, quan-do boa parte dos cursos degraduaçãotemaduraçãodequatroanos.
Ficaaimpressãodequeacomissãoapostanaconta-gemdadupladiplomação,apontadapelareestrutura-çãodasestruturascurricu-lares,segundoareceitadoprojetoUniversidadeNovapormeiodecursoscurtosemgrandesáreas.
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Segundo análises doANDES-SN,essaimposiçãoatacaopreceitoconstitucio-nal da autonomia universi-tária, pois numa situaçãode coerção e, por vezes co-optação, os dirigentes uni-versitáriossão levadosasecomprometerem,atoquedecaixa,comumvastoprogra-ma de reestruturação paraoqualfornecemindicadoresnuméricos de acompanha-mento do cumprimento dasrespectivas etapas, em seisdimensões absolutamenteabrangentes.
Oreitorqueaderirao
REUNI, com anuência doseu conselho universitário,estará submetendo a uni-versidade, por cinco anos,a um controle tecnocráticoque obedecerá à lógica doacompanhamento de metasquantitativas, método quecaracteriza o funcionamen-to de algumas empresasinternacionalizadas, e quenem para essas representaamelhorsolução.Paraati-vidadetãocomplexaquantoaeducação,omelhorméto-doéodaação-reflexão-ação,que avalia os resultados ecorrigeocurso,semprequenecessário.
Ataque à autonomiauniversitária
Aimposiçãodasmetaspétreasdeformaindiscri-minadaatodasasuniver-sidadesfederais,antigasounovas,consolidadasounão,destoadodiscursopró-au-tonomiauniversitáriadogoverno.
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A maior partedototaldasverbasprometi-das,emparticular67%dasverbasdecusteio,teriaqueser liberada em 2011 e 2012, ou seja, no próximo gover-no,enãohágarantiadequeverbas adicionais sejam in-corporadas ao orçamentomesmo após o cumprimen-to das metas estabelecidaspeloREUNI.
Aumento das verbas é ilusório
Ogovernoprometeàsuni-versidadesqueaderiremaoREUNIecumpriremsuasmetas um acréscimo de 20% nosseusorçamentos.En-tretanto,oDecreto6.096/07ressalvaqueoatendimentoaosplanosécondicionadoàcapacidadeorçamentáriaeoperacionaldoMECeteráqueestardentrodoorça-mentoanualdoMinistério.Conhecendo-seaincapaci-dadehistóricadoMECemvenceradisputaporverbascomoMinistériodoPla-nejamento,issoviraumapromessavã.
É muito provávelque, no decorrer dos próxi-mos anos, até mesmo os 20% signifiquem apenas o cresci-mento natural das verbas,em razão da inflação previs-ta pelo próprio governo em4,5% ao ano e do possível au-mento de arrecadação, semnenhuma verba adicionalreal. Expansões ocorridasem outros momentos, tam-
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bém nas esferas estaduais,sãoexemplosmarcantesda
táticadedobrarasmatrícu-lassemaumentodeverbas.
Ampliação real requer mais financiamento
Para promoveruma ampliação daofertadoensinouni-
versitário com quali-dade, o governo teria
que aumentar o financia-mentopúblicoparaaedu-
cação,comoumtodo,até10%doPIB,conformeprevistono
Plano Nacional da Educação -PNEdasociedadebrasileira.Es-
tabilizadaaofertadevagasnopatamarnecessárioerespeitadoodireitodapopulaçãoàeducaçãodequalidadesocialmentereferenciada,talproporçãopoderiaserreduzidagradualmentepara7%doPIBeassimpermanecer.Hoje,oEstadobrasileiro in-vesteapenas3,5%doPIBemeducação.
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Sob a justificativa de aumentaronúmerodepro-fessores sem aumento nosgastos, esse instrumentosubstituirá gradativamente
Professor-equivalente: empobrecimento do ensino
O“bancodeprofessores-equivalente”(PortariasIn-terministeriais nº 22/07 e n° 224/07) traduz muito bem o desmontedaindissociabili-dadeentreensino,pesquisaeextensão.
os professores com dedica-ção exclusiva (DE) por pro-fessores em regimes de 40 horas ou 20 horas sem DE ou, mesmo, substitutos em
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regime de 20 horas.
A partir do dispos-to nas portarias, é possíveltransformar o cargo de umprofessor com dedicaçãoexclusiva, que se ocupa do
ensino, dapesquisa eda exten-são,alémdeprestaraten-dimentoper-sonalizadoaoaluno,emcargos paratrês profes-sores em re-
gime de 20 horas, que vão trabalharpormenosdeumterço do salário, cada um,porémapenascomaobriga-çãorestritaaoensino.
No entanto, na pro-pagandadoPDE,ogovernovemcriandoailusãodequeoobjetivoprincipaldo“ban-codeprofessores-equivalen-te”édesburocratizaracon-tratação de professores. Defato, enquanto dentro doslimitesdobanco,acontrata-
çãodeprofessoresnãoneces-sitará mais da autorizaçãodoMECoudoMinistériodoPlanejamento,noentanto,épossívelpreverque,alongoprazo,aqualidadedoensinoserátotalmenterebaixada.
Equivalência prevista na Portaria Interministerial n°
224/07
- 1 Professor Adjunto, nível I, no regime de trabalho de
quarenta horas semanais = 1 professor-equivalente
- 1 docente efetivo no regime de 40 horas semanais com dedicação exclusiva = 1,55
professor-equivalente
- 1 docente efetivo no regime de 20 horas semanais = 0,5
professor-equivalente
- 1 docente substituto no regi-me de 40 horas ou 20 horas =
1 professor-equivalente
6ogovernovem
criandoailusãodequeoobjetivo
principaldo“ban-codeprofessores-
equivalenteӎdesburocratizar
acontrataçãodeprofessores
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Precarização do trabalho docente A Portaria Intermi-nisterial nº 224/07 corrigiu, em parte, a distorção veri-ficada na Portaria Intermi-nisterial nº 22/07 quanto aos professores substitutos,contratadosnolugardeumprofessorcomdedicaçãoex-clusiva,masnãoeliminouo
O professor substituto não pode assumir cargos administrativos, desenvol-ver ou orientar pesquisas, nem submeter ou coordenar projetos. Essas tarefas estão sendo acumuladas por um número cada vez menor de professores efetivos. Além da precarização salarial, o professor substituto ainda deve assumir a responsabili-dade pela sua aposentadoria e não fará parte do quadro de aposentados, “liberando” gastos e responsabilidades futuras do governo com a Previdência Social.
perigo da gradual precari-zaçãodasfunçõesdocentes,emcontradiçãocomastare-fasuniversitárias.Éprecisolembrarqueapróprialegis-lação em vigor afirma que o regime de 40 horas sema-nais semdedicaçãoexclusi-vadeveriaseraplicadoape-nasemcasosexcepcionais.
Atualmente,30%doscargos docentes na maio-ria das universidades sãoocupados por professoressubstitutos,oqueéumare-alidadeaviltantetantoparaa instituiçãoquantoparaapessoaqueexerceessafun-ção, em geral com compe-tência e dedicação, emborarecebasaláriosreduzidos.
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Ouseja,acabarãoporesvaziar as faculdades deeducação e as licenciaturasdas universidades, promo-vendo, muito provavelmen-te, uma formação aindamais tecnicista dos profes-sores dessas áreas do queaquelaqueatualmentepro-duztraumasdesnecessáriosemmuitosalunos,emespe-cialdematemáticae física.ComonosIFETnãohácur-sos de bacharelado dessasdisciplinas e seus docentesnãotêmformaçãopedagógi-ca, tais instituições não es-
IFET – centrais de instituições
OsInstitutosFederaisdeEducação,CiênciaeTec-nologia-IFET,criadospormeiodoDecretonº6.095/07,tambémafetarãoaeducaçãosuperior,poispoderãoserresponsáveispelaformaçãodosprofesso-resdematemática,física,biologiaequímica,dentreoutrasdisciplinas.
tão preparadas para ofere-cerbonscursosdeformaçãodeprofessores.
Os IFET serão cons-tituídosapartirdaintegra-çãodoscentrosdeeducaçãotecnológica e das escolastécnicaseagrotécnicasfede-rais de cada estado ou ma-cro-regiãoqueseencontramespalhados por todo o país,inclusive as ligadas a uni-versidades.
Concebidasdessafor-ma, essas instituições são
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condicionadas a tornarem-semaisumespaço,mantidocom dinheiro público, a sermanipulado pelo interessecomercial privado para odesenvolvimentodetecnolo-gias a baixo custo e para aformaçãoderecursoshuma-nos,freqüentementedescar-táveis a médio prazo, paracobrirsuasnecessidadeses-pecíficas.
Na prática, os IFET são mais uma for-ma de substituição da universidade produtora
de conhecimento crítico e inovador, defendida pelo
ANDES-SN, por um modelo de instituição que promove
uma formação incompleta, já que descarta a possibilidade de atuação nos vários ramos do conhecimento e não visa à constituição de verdadeiro
ambiente acadêmico.
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Acomunidadeuniversitária,representadapelossin-dicatosepelasorganizaçõesestudantis,vemacompanhan-do, alerta, as tentativas do governo Lula, eleito em 2002 com forte apoio da sociedade organizada, em justificar-seperan-te a opinião pública em relação à sua promessa eleitoralde,pelomenos,dobraraofertadeensinopúblicosuperior.
Todasaspropostasdeampliaçãoencaminhadaspelogovernoatéagoranãoabordamaquestãocentral,queéafalta de financiamento público adequado, e tentam resgatar apromessaàscustasdorebaixamentodaqualidadedafor-
mação profissional e do trabalho acadêmico. Os decretos do PDEsãomaisessalinhadeação. Expandir a oferta do en-sino universitário para atenderodireito socialà educaçãoéumanseio antigo da sociedade e dacomunidade universitária, como
bemdemonstraoprocessodeconstruçãodoPlanoNacio-naldeEducação,elaboradoem1997pelosmovimentosor-ganizadosdasociedadebrasileira,comoprotagonismodoANDES-SNederepresentantesdomovimentoestudantil,dentreoutros.AlémdoPNE,váriosdocumentosqueosuce-deramtambémrevelamoempenhodasentidadesnadefesadessedireito.
A comunidade se mobiliza ereafirma a defesa da
universidade pública e gratuita
Todasaspropostasdeampliaçãoencaminha-
daspelogovernoatéagoranãoabordama
questãocentral,queéafalta de financiamento
públicoadequado
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Asmesmasforçassociaisestãosereagrupando,comdestaqueparaaFrentedeLutacontraaReformaUniversi-tária,paraenfrentaraopçãoadotadapelogoverno e proclamar para o conjunto dasociedade que, sem o devido financiamen-to,expansãoésucateamento.
A universidade pública, por cujaexpansãocomqualidadeestudanteseprofessoresvêmlu-tando há muito tempo, não pertence aos seus dirigentes,nemaogovernodeplantão.Foiconstruídanumtempore-lativamentecurto,peloesforçodetodaasociedadeepelosquenela trabalhameestudamhágerações.Sãoessasasforçasquenãopermitirãoquepatrimôniotãovaliososejaapropriadoprivadamenteedesmontadonoseuâmago.
Façapartedessa lutapormaisverbasepelame-lhoriadaqualidadedaeducaçãopública,queéumdireitoconstitucionaldetodoobrasileiro.
Semodevidofinanciamento, expansãoésucateamento
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- Decreto 6.096/2007- Decreto 6.095/2007- Portaria Interministerial nº 22/2007- Portaria Interministerial nº 224/2007-DiretrizesgeraisdoREUNI-AsnovasfacesdaReformaUniversitáriadoGovernoLulaeosimpactosdoPDEparaaEducaçãoSuperior–notadoANDES-SN-AUniversidadeNova,oREUNIeaquedadaqualidadedauniversidadepública- Chamada Pública MEC/SESU nº 08/2007 - REUNI
EssesdocumentosestãonoDossiêREUNI,napáginaeletrônicadoANDES-SN:www.andes.org.br
Para saber mais
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SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
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