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PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar
- Artur Semedo
“Não me zango com este futebol medíocre”
Centrais
Pág. 4 e 6
TEMA DA SEMANA2 Savana 28-04-2017
São as mais barulhentas
eleições de sempre na
história da Confederação
das Associações Econó-
micas de Moçambique (CTA). O
actual Conselho Directivo (CD),
de que Agostinho Vuma actual-
mente faz parte, é que escolheu a
Comissão Eleitoral (CE), a mes-
ma que, na última segunda-feira,
chumbou a candidatura de Ques-
sanias Matsombe. Os apoiantes
de Matsombe acusam Vuma de
manipular o processo, o que é ne-
gado pelo actual vice-presidente
da organização em declarações ao
SAVANA.
Desde que foi anunciado o processo
eleitoral para a sucessão de Rogério
Manuel na presidência da CTA,
iniciou-se uma forte campanha de
assassinato de carácter contra o úni-
co adversário de Vuma. Em textos
que se confundem com expedientes
de natureza propagandística, servi-
dos nas redes sociais e em alguma
imprensa, Quessanias Matsombe
chegou a ser catalogado como “bur-
lador” e “mentiroso” e, como tal, o
candidato que não merece ser pre-
sidente da CTA.
O que parecia uma luta de jornais e
redes sociais terminou com a repro-
vação da candidatura de Quessanias
pela CE da CTA por alegada falta
de requisitos, vícios e tentativas de
fraude.
“É considerada e aprovada para as
eleições da CTA, previstas para o
próximo dia 4 de Maio, a lista úni-
ca da Federação Moçambicana de
Empreiteiros (suporte de Vuma)”,
disse, em conferência de imprensa,
esta segunda-feira, Pedro Baltazar,
presidente da CE.
Pedro Baltazar explicou que, após
receber as candidaturas dos respec-
tivos mandatários a 19 de Abril, os
mesmos foram analisados. Fez notar
que, neste dia (19 de Abril), Keko-
bad Patel, mandatário de Ques-
sanias Matsombe, não apresentou
nenhuma carta de suporte. Alegou,
Patel, segundo Baltazar, que pos-
suía todas as cartas, porém havia se
esquecido. Patel entregou as cartas
requeridas no dia seguinte.
Segundo Baltazar, como manda o
regulamento, os dois mandatários
foram integrados na CE para a aná-
lise dos documentos. Explicou que
das 10 cartas de suporte de candida-
tura de Matsombe, que representa a
Federação Moçambicana de Turis-
mo e Hotelaria (FEMOTUR), ape-
nas duas foram validadas e aceites.
Oito restantes cartas foram rejeita-
das, por, segundo Baltazar, apresen-
tarem irregularidades.
O CE argumentou que três das car-
tas invalidadas pertenciam ao mes-
mo associado, com cabeçalhos, datas
e assinaturas diferentes, emanadas
por três órgãos da mesma pessoa
colectiva.
“É uma clara intenção premeditada,
deliberada e intencional de tentati-
Eleições mais barulhentas de sempre na casa dos empresários
va de fraude, na convicção de que
os membros da Comissão Eleitoral
não iriam julgar relevante a prática
desta ilicitude”, frisou Baltazar.
Pedro Baltazar disse igualmente
que os documentos de Agostinho
Vuma também continham irregu-
laridades. Das 24 cartas somente
oito foram validadas, as 16 restantes
estavam em situação irregular. Vic-
tor Miguel, mandatário de Vuma,
regularizou e procedeu à entrega de
três cartas, em substituição das que
foram anuladas. Ao todo, de acor-
do com Baltazar, a candidatura de
Vuma ficou com 11 cartas válidas.
Pedro Baltazar precisou ainda que a
candidatura de Matsombe ficou su-
portada apenas com sete cartas, não
reunindo o número de 10 exigidas.
O outro lado da históriaDe acordo com o Regulamento
Eleitoral da CTA, a CE é nomeada
pelo CD, o qual, conforme o dis-
posto no artigo 29º dos estatutos da
CTA, é composto por um presiden-
te e quatro vice-presidentes.
Entretanto, a equipa do candidato
Quessanias Matsombe diz não ha-
ver evidências de ter sido, formal-
mente, convocada uma sessão do
CD para a nomeação da CE.
“O que se sabe é que, na ausência
dos vice-presidentes Rogério Samo
Gudo e Rui Monteiro, o presiden-
te da CTA (Rogério Manuel) e os
vice-presidentes Agostinho Vuma e
Prakash Prehelad, reuniram e esco-
lheram, a dedo, as pessoas que de-
viam fazer parte da Comissão Elei-
toral”, apurou a equipa que suporta
a candidatura de Matsombe.
Mas o entendimento da candidatu-
ra de Quessanias Matsombe é que,
sendo o vice-presidente, Agostinho
Vuma, pessoa directamente inte-
ressada na corrida à presidência
da CTA, não poderia participar da
deliberação sobre a nomeação dos
membros da CE por evidente con-
flito de interesse.
Admitindo que Vuma não se fez
presente dessa reunião ou lhe foi
vedado o direito a voto favorável,
por conflitos de interesse, a equipa,
que inclui o advogado José Caldeira,
refere que, então, a constituição da
CE violou o n° 3 do Artigo 31, que
preconiza que o CD só pode delibe-
rar estando presente a maioria dos
seus membros.
“É nosso entender que a Comissão
Eleitoral foi constituída de forma
irregular e com o único propósito
de prejudicar a nossa candidatura,
pois não faz sentido que uma pes-
soa candidata a um cargo seja ela
própria a participar da eleição dos
membros da Comissão Eleitoral,
quando, agora se sabe, que os mem-
bros daquela sessão não o apoiam”,
refere um comunicado de imprensa
da equipa de Matsombe.
Numa conferência de imprensa, na
tarde desta quarta-feira, Quessanias
Matsombe denunciou ilegalidade
na prorrogação, pela CE, de 11 para
17 de Abril, do prazo para apresen-
tação de reclamações e para a regu-
larização de quotas, cujo pagamento
constitui um dos requisitos para
concorrer à presidência da CTA.
“Este acto não passa de uma usur-
pação de poderes, uma vez que
a Comissão Eleitoral tem como
mandato dirigir e supervisionar o
processo eleitoral, de acordo com o
regulamento e nos termos do calen-
dário eleitoral fixado e nunca alterar
as datas para a apresentação de can-
didaturas, fixação dos cadernos elei-
torais ou apresentação de reclama-
ções”, disse o candidato reprovado.
Explicou que, na hora, o mandatário
da sua candidatura, Kekobad Patel,
chamou atenção ao presidente da
CE, Pedro Baltazar, para o cum-
primento da circular emitida pelo
presidente de mesa da Assembleia
Geral da CTA, mas o presidente da
CE insistiu na necessidade de tais
alterações.
Para Quessanias, a prorrogação do
prazo pela CE, para a apresenta-
ção das reclamações e consequente
pagamento de quotas, não somen-
te constitui usurpação de poderes,
como também é ilegal.
Suportes recusadosCom as eleições já prorrogadas para
o dia 20, o mandatário submeteu a
candidatura no dia 19, tendo como
suporte a FEMOTUR, em repre-
sentação das 11 associações mem-
bros que, a 12 de Dezembro do ano
passado, deliberaram, em Assem-
bleia Geral, apoiar a candidatura
agora reprovada.
Embora a FEMOTUR represente
11 associações, a CE exigiu a Keko-
bad Patel que, na sessão seguinte,
trouxesse cartas de suporte às can-
didaturas.
Foi assim que, no dia 20, Patel sub-
meteu 10 cartas de suporte, mas a
CE aceitou apenas dois e rejeitou
as restantes oito alegadamente por
serem cópias.
Na conferência de imprensa des-
ta semana, o candidato reprovado
anotou que, ao recusar as oito cartas
recebidas por scan, de associações
provinciais, a CE violou o n°2, do
Artigo 24, da Lei das Transacções
Electrónicas, aprovado pela Lei n°
3/2017, de 9 de Janeiro (que entrou
em vigor a 9 de Abril), segundo o
qual “toda a informação apresentada
sob a forma de mensagem electróni-
ca goza de forma probatória”.
Enquanto isso, a 21 de Abril, o
mandatário solicitou a validação de
uma dentre três cartas de suporte
da Associação dos Empreiteiros da
Província de Sofala (AECCOPS).
A equipa de Matsombe diz que
apresentou três cartas da mes-
ma associação, mas assinadas por
pessoas distintas, em virtude de a
AECCOPS ser membro da Fede-
ração Moçambicana de Empreitei-
ros (FME), dirigida pelo candidato
Agostinho Vuma. Assim, com as
três versões, se estava a tomar todas
as precauções para afastar qualquer
pretexto que levasse à reprovação de
apenas uma carta, sabendo-se que a
FME é que suporta a candidatura
de Vuma. Foi assim deixado ao cri-
tério da CE a escolha, dentre as três,
do exemplar que lhe parecesse mais
aceitável.
Mesmo assim, a CE chumbou a
candidatura e, para Matsombe, pe-
rante tamanha falta de imparciali-
dade, o presidente da Comissão, Pe-
dro Baltazar, referindo-se a este
caso, fez insinuações de tentati-
Máfia na CTA?
Da esquerda à direita: Kekobad Patel, Quessanias Matsombe e José Caldeira, na conferência de imprensa em que denunciaram irregularidades nas eleições da CTA
Agostinho Vuma
TEMA DA SEMANA 3Savana 28-04-2017 TEMA DA SEMANA
vas de fraude, falsificação, entre ou-
tras acusações contra o mandatário
Kekobad Patel.
Matsombe anota que, na mesma
sessão, o seu mandatário apresentou
mais quatro cartas de poio, vindas
da Associação Comercial de Cabo
Delgado, da “ACTIVA”, da Associa-
ção Comercial e Industrial da Zam-
bézia e da “ASTRA” de Nampula,
mas a da “ACTIVA” foi chumbada.
Patel terá pedido permissão para
apresentar, posteriormente, outras,
mas também lhe foi vedado.
Patel lembrou que a candidatura
que representava tinha suporte da
FEMOTUR, onde se acham fede-
radas 11 associações, das quais 10
constam do Caderno Eleitoral.
“Perante a recusa do mandatário
do candidato Agostinho Vuma, o
presidente da Comissão convidou a
todos para um intervalo de 10 mi-
nutos. Regressado do intervalo, o se-
gundo vogal, Sr. Paulino Cossa, dis-
se que a acta da Assembleia Geral
da FEMOTUR não devia ser con-
siderada, alegadamente, porque não
tinha sido autenticada. Argumenta
ainda o Sr. Paulino Cossa que a acta
arrolava cinco pontos da agenda,
mas só apresentava a deliberação
sobre um único ponto de agenda
que era o apoio da candidatura da
FEMOTUR à presidência da CTA,
facto que, segundo ele, não procedia
para os efeitos que se pretendia al-
cançar. Apenas isso”, explicou Mat-
sombe, que reparou que a acta não
devia mostrar o desenvolvimento
dos restantes pontos de agenda por
se tratar de questões internas da
FEMOTUR de cujo domínio não
deve ser público.
O candidato reprovado rebate a
CE da CTA, que arguiu que o Re-
gulamento exige que a candidatura
seja proposta por mais do que um
membro, isto é, por um grupo de
proponentes. Matsombe argumenta
que grupos de membros e grupos de
proponentes são realidades total-
mente diferentes, por isso, o apoio
da FEMOTUR, suportado pelas
11 associações federadas, já bastava
para validar a sua candidatura.
Refere ainda que, contrariamente ao
que resulta do regulamento eleitoral,
a CE, depois de analisar e deliberar
sobre as candidaturas, em nenhum
momento comunicou, por escrito,
ao mandatário Patel, a lista das irre-
gularidades que deveriam ser sana-
das no prazo legal de 48 horas.
“Preocupou-se, antes, nas reuniões
da Comissão Eleitoral, em justificar
as suas decisões, todas elas para in-
deferir todo e qualquer argumento
O candidato reprovado entende que a violação de diversas
normas e estatutos, desde o incumprimento de prazos e
procedimentos legais até à usurpação de competências,
é suficiente para suspender o acto eleitoral.
Por isso, Quessanias Matsombe promete recorrer a todos os
meios legais para restituir a legalidade do acto eleitoral na CTA.
Garantiu mesmo que as eleições não serão realizadas na próxima
quinta-feira, 4 de Maio, porque irá levar o caso ao Tribunal e
o seu grande advogado são os 75% das associações que disse o
apoiarem.
Quessanias, que actualmente é presidente do Conselho Fiscal da
CTA, lembrou que esta é a primeira vez na história da casa dos
empresários que há dois candidatos, por isso que há barulho.
Na verdade, todos os presidentes da CTA, que foram candidatos
únicos, vieram das fileiras da antiga direcção. Foi assim com Sali-
mo Abdula, o segundo presidente da CTA que veio do elenco do
primeiro presidente, Egas Massanhane e com Rogério Manuel,
que veio da direcção de Salimo Abdula. A história parece estar
para se repetir com Agostinho Vuma, aliado de Rogério Manuel,
que presidiu a CTA por seis anos, divididos por dois mandatos
de três anos cada.
“Antes era uma espécie de dinastias e nós queremos romper esse
ciclo de dinastias”, promete Quessanias. Para ele, o barulho à
volta das eleições deste ano, que disse constituírem um caso de
estudo, surge porque se sabe que os associados vão escolher o me-
lhor programa, sugerindo que Agostinho Vuma está por detrás de
todo o expediente iniciado nas redes sociais e na imprensa até à
reprovação da sua candidatura.
“Estou desiludido”
Kekobad Patel, que participou na CE como mandatário de
Quessanias, denunciou divergências, em muitos aspectos, entre
o conteúdo das deliberações assinadas pelo presidente da CE
com o conteúdo das actas e questionou: “quem é o aldrabão neste
processo”. Esclareceu que o conteúdo da deliberação é obra dos
membros da CE nomeados pela direcção de Vuma, incluindo o
seu mandatário de candidatura.
Patel, que é um dos membros fundadores da CTA, diz estar desi-
ludido com o que está a acontecer na CTA.
Lembra que o nascimento da CTA, por volta de 1996/7, foi mar-
cado por muitas dificuldades, mas sempre pesou o interesse or-
ganizacional.
“A minha desilusão é que há candidatos com interesses pesso-
ais, mas sem interesse institucional”, desabafou, frisando que as
falhas do passado foram ultrapassadas porque havia interesse co-
lectivo pela CTA.
Romper dinastias na sucessão dos presidentes
que fosse apresentado pelo manda-
tário da nossa candidatura, factos
que indiciam, de forma clara, o in-
teresse da Comissão Eleitoral em
prejudicar esta candidatura”, conde-
na Matsombe, para quem, tendo em
conta o firme interesse de defender
o associativismo e a democracia nos
órgãos sociais da CTA, a Assembleia
Geral desta agremiação estabeleceu
o direito de suprir quaisquer irregu-
laridades, sendo que era da respon-
sabilidade da CE, de forma clara,
transparente e democrática, conce-
der o prazo regulamentar de 48 ho-
ras para a eliminação de eventuais
vícios.
Diz que nada disso foi feito porque
o interesse da CE era e é de permitir
que as eleições aos órgãos sociais da
CTA sejam ganhas pelo candidato
Agostinho Vuma.
Lamenta ainda que a CE tenha re-
cusado, ilegalmente, a recepção de
documentos, alegando estar fora do
horário.
Abordado pelo SAVANA, Agosti-
nho Vuma recusou estar a influen-
ciar o processo eleitoral. Lembrou
que não faz parte da CE e precisou
que esse é o órgão responsável pela
eleição e age em respeito aos instru-
mentos normativos da CTA. “Um
problema institucional não pode ser
personificado em Vuma”, rematou
Vuma.
TEMA DA SEMANA4 Savana 28-04-2017
inte e quatro horas depois
de um estranho assalto e
sabotagem a uma viatura
da Polícia da República de
Moçambique (PRM), que culmi-
nou com o resgate de dois perigosos
cadastrados por seus supostos com-
parsas, a Procuradoria Geral da Re-
pública (PGR) ordenou a revogação
da liberdade condicional e emitiu
um mandado de captura internacio-
nal contra o cidadão Momade Assif
Abdul Satar, mais conhecido por
Nini Satar.
Nini saiu em liberdade condicional
no dia 05 de Setembro de 2014, de-
pois de cumprir metade da pena de
24 anos, em conexão com o assassina-
to do jornalista Carlos Cardoso, em
Novembro de 2000.
Com o número 04/PGR/
GC/012.3/2017, o documento da
PGR, distribuído na noite desta
terça-feira, refere que cerca das 12:40
horas do dia 24 de Abril de 2017, um
grupo de quatro indivíduos, todos
encapuzados, fazendo-se transportar
numa viatura de marca Toyota Co-
rolla, modelo Runx, de cor cinzenta,
sem chapa de inscrição, seguindo da
Avenida Vladimir Lenine em direc-
ção à Av. 25 de Setembro, chegado
à rua de Ngungunhana, bloqueou a
viatura da PRM, que transportava
dois reclusos, onde se presume que
tenham efectuado mais de vinte tiros,
perfurando pneus da viatura celular
e de seguida resgatado os referidos
reclusos do seu interior, pondo-se de
seguida em fuga.
De acordo com o comunicado da
PGR, trata-se de José Ali Couti-
nho e Alfredo José Muchanga, que
se encontravam a cumprir penas de
prisão maior em conexão com crimes
hediondos no Estabelecimento Peni-
tenciário Especial de Máxima Segu-
rança, vulgo BO, junto às celas anexas
ao Comando da PRM da Cidade de
Maputo.
A PGR diz que a revogação da li-
berdade condicional e a consequente
ordem de captura de Nini Satar re-
sultam do facto deste ter violado, de
forma persistente, todas as injunções
impostas aquando da sua concessão,
principalmente no que se refere a não
se fazer acompanhar de pessoas de
má conduta e ao não cometimento de
outros crimes.
Na tarde desta terça-feira, Inácio
Dina, porta-voz do Comando Ge-
ral da PRM, disse à imprensa que
os dois reclusos foram resgatados
quando eram conduzidos à Primeira
Esquadra, na baixa da cidade capital,
onde seriam ouvidos pelas autorida-
des policiais.
Segundo Dina, trata-se de uma dupla
que era indiciada de sabotagem ao
sistema de segurança prisional, des-
truição do património prisional, pla-
nificação e preparação de fuga, bem
como a prática de actos de violência
contra os restantes reclusos.
Até ao fecho desta edição, a PRM
ainda não tinha pistas sobre o pa-
radeiro dos reclusos, mas, segundo
Inácio Dina, a corporação accionou
todos os meios operativos para a re-
captura dos fugitivos, bem como dos
responsáveis pelo resgate.
A par dos esforços da PRM visando
a captura dos fugitivos, também está
a PGR, que apelou à colaboração da
sociedade moçambicana na denúncia
de qualquer movimento dos mesmos.
No entanto, Nini Satar, um dos sujei-
tos a monte e procurado pela justiça,
contraria as autoridades e apresenta
outra versão.
Para Nini Satar, quer a PRM, bem
como a PGR sabem, perfeitamente,
que não se tratou de uma fuga, mas
sim de um assassinato.
Na sua página no facebook, Nini
Satar diz que os dois reclusos foram
retirados das celas para serem mortos.
Sustenta a sua tese, argumentando
que a PGR sabe que qualquer recluso
que sai das celas do Comando, sem-
pre está escoltado com mais de duas
ou três viaturas e, no caso em alusão,
toda a ordem foi invertida porque as
pessoas que tiraram José Ali Couti-
nho e o comparsa das celas tinham
intenção de matá-los. Acredita que
os dois reclusos morreram no local do
cerco da viatura da polícia, por terem
sido atingidos pelas balas disparadas
para o local onde estavam os supostos
foragidos.
Quem também duvida da versão po-
licial e estranha os moldes em que foi
executado o processo que culminou
com a imobilização da viatura policial
é o bastonário da Ordem os Advo-
gados, Flávio Menete, bem como do
antigo director da Polícia de Investi-
gação Criminal na cidade de Maputo,
António Frangoulis.
Em entrevista ao canal privado, STV,
Flávio Menete disse que há muita
coisa estranha neste processo, na me-
dida em que, se tratando de pessoas
condenadas e em cumprimento de
pena, num estabelecimento peniten-
ciário, qualquer interrogatório devia
ser no seu local de reclusão e median-
te autorização do juiz.
Menete duvida que tal procedimento
tenha sido observado.
Continua referindo que é também
estranha a argumentação da PRM de
que os dois reclusos iam ser ouvidos
numa esquadra por factos relaciona-
dos com práticas de algumas infrac-
ções dentro da prisão. No entender de
Menete, esse facto mostra a perigosi-
dade dos sujeitos, pelo que mereciam
fortes medidas de segurança, não se
percebendo as razões que levaram a
polícia a retirá-los duma cadeia de se-
gurança extrema para uma esquadra.
Menete questiona ainda o facto de
a PRM ter se encarregue de movi-
mentar reclusos dum estabelecimen-
to prisional para uma esquadra, en-
quanto essa tarefa é da competência
do Serviço Nacional Penitenciário
(SERNAP).
Para o bastonário da OAM, em con-
dições normais, as balas que foram
disparadas para a viatura policial
deviam ter sido direccionadas para
a zona que constituísse perigo, neste
caso agentes da polícia que escolta-
vam os reclusos e não para os com-
parsas que iam ser resgatados, mas foi
o contrário.
Terminou a sua explanação referindo
que foi a primeira vez que ouviu que
uma viatura de escolta com sirenes
parou num semáforo e deixou a via-
tura escoltada continuar sozinha.
Por seu turno, António Frangoulis é
da opinião de que os atacantes tive-
ram toda a informação sobre a ope-
ração, o que leva a crer que a infor-
mação saiu de dentro da corporação.
Para Frangoulis, outro espanto é a
qualidade das balas disparadas. Na
sua óptica, dificilmente um crimi-
noso gasta cerca de 20 balas numa
operação.
A PGR ordenou ainda uma investi-
gação para saber em que termos foi
engendrada a operação que culminou
com a fuga dos dois reclusos.
O SAVANA sabe que os três agen-
tes que se encontravam na viatura no
momento do resgate foram detidos.
No seu comunicado, a PGR diz que
Nini Satar formou uma organização
criminosa cujo propósito consistia
em raptar cidadãos moçambicanos
para posteriormente exigir avultadas
quantias em dinheiro.
Nini Satar nunca aceitou o crime,
porém, a realidade mostra um cenário
totalmente diferente.
A 06 de Fevereiro de 2012, um ano
depois de registo dos primeiros casos
de sequestros em Moçambique, o en-
tão director da Polícia de Investiga-
ção Criminal (PIC), Dias Balate, or-
denou a transferência de Nini Satar,
Vicente Ramaya e Ayob Satar da BO
para as celas do Comando da cidade.
Balate entendia que a onda de se-
questros que abalava o país era or-
questrada a partir da BO, com Nini
Satar na liderança.
Dois meses depois da sua transfe-
rência para as celas do Comando da
cidade, mais concretamente no dia 09
de Abril de 2012, Dias Balate orde-
nou a prisão de Danish Satar e Sheila
Adão Issufo, sobrinho e esposa de
Nini Satar. Na mesma altura, reco-
lheu aos calabouços a irmã de Nini
Satar, Rachida Satar, todos em cone-
xão com os raptos.
O trio veio a ser solto dias depois por
ordens do Tribunal que alegou insu-
ficiência de provas.
Ainda no mês de Abril de 2012, a
Polícia deteve os primeiros operativos
dos raptos. Trata-se de Hélder Nae-
ne, Bendene Chissano (Angolano),
Dominique Mendes, Luís Chitsotso,
Albino Primeiro, Arsénio Chitsotso e
Joaquim Chitsotso.
A quadrilha indiciou, em sede de ins-
trução preparatória, Danish Satar, o
sobrinho de Nini Satar, como um dos
mandantes dos crimes de sequestros.
Dias depois da denúncia, Danish Sa-
tar fugiu de Moçambique, ignorando
ordens judiciais que o obrigavam a
permanecer no país, enquanto o pro-
cesso seguia seus trâmites legais.
Em Maio de 2012, a PGR termi-
nou a instrução preparatória contra
os arguidos Hélder Naene, Bendene
Chissano (Angolano), Dominique
Mendes, Luís António Chitsotso,
Albino Primeiro, Arsénio Chitsotso
e Joaquim Chitsotso.
Procurado pela justiçaNa investigação, a PGR encontrou
provas que indiciassem os sete réus
de prática de crimes de raptos. No
mesmo processo, com o número
16/2012/10 foi também acusado o
arguido Nini Satar.
O processo, que já tinha também
Nini Satar como arguido, foi encami-
nhado para a Décima Secção do Tri-
bunal Judicial da Cidade de Maputo
para o prosseguimento de trâmites
legais.
Porém, para o espanto e decepção do
Ministério Público, o juiz da causa,
Adérito Malhope, não pronunciou
Nini Satar do crime dos raptos.
É importante frisar que o juiz Adéri-
to Malhope foi o mesmo que assinou,
contra a vontade da PGR e da direc-
ção da cadeia, o pedido de liberdade
condicional a favor de Nini Satar,
dois anos depois de ter negado a sua
pronúncia no caso de sequestros.
Meses depois de o juiz Adérito Ma-
lhope salvá-lo dos raptos, Nini Satar
apareceu, publicamente, em activida-
des similares a de detectives privados,
e conduziu a polícia à identificação,
captura e abate de alguns raptores.
Na altura, Nini Satar referiu que in-
vestiu pouco mais de 200 mil meti-
cais na compra de informação, dentro
da cadeia, para auxiliar a polícia a
neutralizar os malfeitores.
Contudo, a 19 de Maio de 2014, em
entrevista ao jornal “Notícias”, o en-
tão Comandante Geral da Polícia,
Jorge Khalau, disse que Nini não
estava a ajudar a Polícia na identifi-
cação de raptores como tentava dar a
entender à sociedade.
De acordo com Khalau, Nini que-
ria tapar a cara às pessoas, fingindo
que não sabe de nada sobre os raptos.
Para o ex-comandante, Nini estava
sim por detrás de grande parte dos
raptos e a única verdade é que ele é
que era o verdadeiro patrão.
Jorge Khalau disse na altura que che-
gou a essa conclusão porque aqueles
que iam sendo neutralizados pela Po-
lícia é que revelavam que Nini é que é
o patrão dos raptos.
“A profissão de Nini é orientar o cri-
me organizado e, infelizmente, vai
tentando enganar a sociedade, di-
Por Raul Senda
Nini Satar, de liberdade condicional à foragido, PGR ordena mandado de busca e captura
Edith Antónia da Câmara, uma das acusadas pela morte do Procurador Vilanculos
TEMA DA SEMANA 5Savana 28-04-2017 TEMA DA SEMANAPUBLICIDADE
TEMA DA SEMANA6 Savana 28-04-2017
zendo que não sabe de nada ou que
tem estado a prestar colaboração na
identificação dos criminosos. É tudo
mentira. Ele é que comanda os rap-
tos. Grande parte dos raptores deti-
dos aponta o seu nome”, rebateu o
então Comandante-geral da Polícia.
Sobre os foragidos, a PGR diz que
José Ali Coutinho encontrava-se em
cumprimento de uma pena de 16 anos
de prisão maior pelo crime de roubo
concorrendo com cárcere privado no
processo n° 51/2009/7-C, do Tribu-
nal Judicial da Cidade de Maputo,
7ª secção criminal e, recentemente,
foi pronunciado pela autoria do cri-
me de homicídio qualificado contra
o Procurador Marcelino Vilanculos,
no âmbito do processo n° 59/2016,
do Tribunal Judicial da Província de
Maputo, 5ª secção criminal.
O mesmo é igualmente acusado, no
processo 35/PCM/2017, pela autoria
material do crime de rapto de dois ci-
dadãos e, ainda sobre ele, encontra-se
em instrução preparatória um outro
processo pelo seu envolvimento na
prática de crime de rapto, com o re-
gistado nº 1061-N-2017 e que corre
termos no SERNIC, da Província de
Maputo e sob a direcção do Ministé-
rio Público.
No âmbito da instrução dos referidos
processos, dentre os quais, o processo
número 131/PCM/17 e o processo
n.º 35/PCM/2017, confirmou-se que
Nini Satar formou aliança crimino-
sa com os reclusos José Ali Couti-
nho e Edith Antónia D`Compta da
Camara Cylindo, arguidos no pro-
cesso acima referido (processo 35/
PCM/2017) e já acusado.
Segundo a PGR, Edith Antónia
d`Compta da Câmara Cylindo foi
também acusada num outro proces-
so autónomo que ostenta número
2/2017, 5ª secção criminal, do Tri-
bunal Judicial da Província de Ma-
puto, por envolvimento no homicídio
qualificado do Procurador Marcelino
Vilanculos.
Edith da Câmara Cylindo, ora detida
nas celas da Cadeia Civil de Maputo,
manteve relações amorosas com Nini
Satar, no seu tempo de reclusão e, em
algum momento, serviu como ponta
de lança nos negócios de Nini Satar
no mundo externo.
o assassinato do procura-
Em Julho de 2016, a então PIC, ao
nível da província de Maputo, captu-
rou três indivíduos em conexão com
o assassinato do procurador Marceli-
no Vilanculos, ocorrido a 11 de Abril
de 2016, no município da Matola,
província de Maputo.
O grupo era constituído por perigo-
sos cadastrados e parte deles ligados
ao mundo de sequestros e em cum-
primento de penas de prisão maior
na BO.
Consta na acusação que o recluso
José Ali Coutinho foi contactado
através de exterior, para dirigir uma
operação cujo objectivo era silenciar
o magistrado.
Para tal, foram contratados Amad
António Mabunda e Abdul Afonso
Tembe, na altura em liberdade condi-
cional, para executar o crime.
Nos autos consta que, dias antes do
assassinato de Marcelino Vilanculos,
José Coutinho, que serviu de ponte
entre os executores e os mandantes,
manteve, com alguma frequência,
contactos telefónicos com o mundo
externo, até no estrangeiro.
Os telefonemas cessaram logo após a
materialização do crime.
Ora, Nini Satar, que já foi apelidado
como mandante dos raptos, reside no
exterior há mais de dois anos.
Segundo a acusação, no interrogató-
rio feito ao arguido José Ali Couti-
nho, este terá dito por diversas vezes
que a coragem que o magistrado ti-
nha na tomada de certas decisões, nos
processos sob sua direcção, devia ser
limitada e uma das formas era elimi-
ná-lo, fisicamente, para os restantes
procuradores terem lição.
Os três co-réus, em algum momento,
terão convivido com Nini Satar du-
rante a reclusão na BO.
À altura do seu assassinato, Vilan-
culos tinha sob sua direcção vários
“processos quentes” dentre eles os re-
lacionados com crimes de sequestros,
incluindo do suposto envolvimento
de Danish Satar, sobrinho de Nini
Satar.
O resgate de José Ali Coutinho, na
última segunda-feira, vem represen-
tar a segunda baixa no esclarecimen-
to da morte de Marcelino Vilanculos,
que já caminhava para a fase final
com a detenção, acusação e pronúncia
dos três executores.
O processo do assassinato de Mar-
celino Vilanculos já caminhava para
o julgamento e lá presumia-se que o
trio indicasse o verdadeiro mandante,
para além de desvendar outros crimes
movidos, a partir do exterior.
Antes da saída de José Coutinho, o
motorista da viatura que conduziu a
quadrilha e executor confesso, Abdul
Tembe, fugiu, em circunstâncias tam-
bém estranhas, das celas do Estabe-
lecimento Penitenciário da Província
de Maputo, ex-Cadeia Central, no
dia 24 de Outubro de 2016.
Antes da fuga de Abdul Tembe, as
direcções da Cadeia Central, bem
como da BO, violaram vários proce-
dimentos internos, bem como o regu-
lamento prisional.
A fuga de Abdul Afonso Tembe criou
um mal estar no seio da equipa dos
agentes dos Serviços de Investigação
Criminal (SERNIC) encarregues de
investigar o crime, juntamente com o
Ministério Público.
Sentindo que o seu esforço estava a
ser relegado para o segundo plano, os
agentes devolveram à PGR todos os
meios de auxílio à investigação mor-
mente, viaturas e telemóveis.
A reacção criou ira à procurado-
ra chefe da província de Maputo,
Evelina Gomane, que de imediato
ordenou a detenção do director do
Estabelecimento Penitenciário de
Maputo (ex-Cadeia Central da Ma-
chava), Castigo Machaieie, e mais
oito subordinados.
A prisão dos nove gestores do Esta-
belecimento Penitenciário de Mapu-
to (EPM) foi legalizada pelo juiz de
instrução e os detidos aguardam pe-
los procedimentos criminais nas celas
da Cadeia Civil.
Neste momento, o único acusado
que continua preso, é Amad António
Mabunda, o suposto atirador.
Depois de cumprir 13 anos, interca-
lados entre a BO e as celas do Co-
mando da Cidade, Nini Satar saiu do
país, há mais de dois anos, mediante
autorização do juiz Adérito Malho-
pe, supostamente, para tratamento
médico na Índia. Há muito que os 90
dias que tinha para permanecer fora
do país venceram, mas o homem que
indignou meio mundo ao tratar em
público dez mil dólares como “quan-
tias irrisórias”, continua em parte in-
certa.
Do exterior tem desafiado a tudo e
todos, incluindo o Estado moçambi-
cano, particularmente, a administra-
ção da justiça. A comunicação social
que expõe as suas conexões com o
mundo do crime também não escapa
das suas investidas. Apenas uma im-
prensa acrítica e mancomunada com
o crime organizado é que escapa e,
em contrapartida, reproduz os textos
que Nini publica no seu facebook,
com forte teor insultuoso.
Não se sabe ao certo onde é que está
Nini Satar. Em entrevista ao SAVA-NA, este ano, a alta comissária bri-tânica, Joanna Kuenssberg, quando chamada a confirmar se realmente Nini está no Reino Unido, respondeu que “a única indicação de o Nini Sa-tar ficar no meu país são algumas fo-tografias no facebook (...) tem havido nos últimos meses um debate sobre notícias falsas que mostram o poten-cial das nossas tecnologias modernas em criarem toda a impressão que se quiser”.Observadores atentos ao caso anotam que a fuga de Nini para parte incerta só foi possível graças a uma desor-ganização organizada do sistema da justiça moçambicana, onde o jovem milionário é acusado de ter fortes in-fluencias. À STV, esta quarta-feira, o antigo bastonário da Ordem dos Ad-vogados de Moçambique, Gilberto Correia, disse que a saída de Nini das
celas foi graças à descoordenação do
sistema da justiça.
Depois de escapar a pronuncia de Adérito Malhope, a justiça volta ao encalço de Momade Assif
SOCIEDADE 7Savana 28-04-2017 PUBLICIDADE
TEMA DA SEMANA8 Savana 28-04-2017SOCIEDADE
O académico e filósofo moçambicano Severino Ngoenha considera que a corrupção que flagela
as sociedades modernas resulta de
uma grave falha de inserção do in-
divíduo na sociedade. Entende que
há muito trabalho a ser desenvolvi-
do no sentido de restituir os valores
da moral e de direito aos cidadãos
para que se volte a uma sociedade
de partilha do bem comum.
Severino Ngoenha, autor de um
vasto naipe de obras publicadas,
defende que a história da corrupção
em Moçambique começa a desen-
volver-se logo depois da assinatura
do Acordo Geral de Paz (AGP) em
1992, em Roma, capital italiana.
Porque, nota, depois, emerge um
indivíduo egoísta e egocentrista,
que se aproveita da sua pertença a
Moçambique para acumular e que
nunca pensa que aquilo que tem
como rendimento vem da comu-
nidade.
“Nasceu entre nós e se implantou
o individualismo, pessoa que só
pensa em si próprio, pensa em tirar
proveito da sociedade e não para
beneficiá-la”, disse.
O também reitor da Universidade
Técnica de Moçambique (UDM)
falava esta terça-feira sobre o tema
“O sentido do bem comum como
antídoto à corrupção”, que está in-
serido num ciclo de palestras orga-
Corrupção resulta de falha de inserção social Por Argunaldo Nhampossa
que a existência do indivíduo só
tem sentido quando há deveres
com a sociedade em que está inse-
rido.
Porém, hoje, continuou, o cenário
mudou drasticamente e as socie-dades são dirigidas por pessoas que seguem a máxima de que os fins justificam os meios. “Quando se materializa este pen-samento é sinal de que os valores morais que são ou deveriam servir de base de convivência comum no meio de uma sociedade começaram a claudicar e recorre-se ao uso do direito para tirar proveito”, frisou Ngoenha, numa palestra moderada pelo investigador Thomas Sulema-ne. Severino Ngoenha considera que a corrupção constitui uma falha de inserção de um indivíduo na socie-dade. Erode o factor ético, moral e todas as manipulações em termos de estatuto tornam-se coisas artifi-cias e banais.Destaca que cada membro da so-ciedade luta para ser feliz e tem o dever de realizar o que sonha para ser feliz, mas impõe-se a definição de um limite de felicidade, que deve respeitar o outro. Para Ngoenha, que já foi semina-rista diocesano, o problema com que as sociedades se confrontam não tem a ver com a existência de ricos ou empreendedores, mas com o limite da acção humana. Asso-ciou a corrupção como corolário
- diz Severino Ngoenha
ficou destruído e desde então a pa-
lavra de ordem é reconstrução”.
Diz que Moçambique perdeu a
guerra pelo número de mortes,
pelas crescentes desconfianças,
fragmentação do tecido social e si-
tuação de permeabilidade a novos
conflitos que são intercalados por
tréguas.
Foi justamente, rematou, dessa ma-
triz que, depois dos anos 90, emer-
giu o individualismo.
nizadas pela Comissão Episcopal
da Justiça e Paz, que vão decorrer
até ao próximo dia 09 de Maio.
Individualismo Numa plateia composta por sa-
cerdotes, freiras, crentes da igreja
católica, governantes e deputados,
Severino Ngoenha defendeu que
o indivíduo em causa é aquele que
não tem o sentido de comunidade,
o que significa partilha de bens ma-
teriais e imateriais.
É, prosseguiu, aquele que pretende
ser autossuficiente a ele próprio ou
que busca na pertença social os ele-
mentos para o próprio crescimento,
mas em nenhum momento pensa
restituir o que tirou para o benefí-
cio do próprio grupo.
O filósofo moçambicano referiu
dos conflitos que o país foi vivendo
ao longo dos tempos.
A guerra contra o colonialismo
português, observou, era necessária
e todos os moçambicanos se revê-
em nela, pois foi possível alcançar a
independência.
A independência abriu espaço para
que se começasse a construir os
alicerces do novo Estado e fizesse
transitar a população ao estatuto de
povo, mas houve deficiências que se
sentem até hoje, acrescentou.
Entende que “povo é um tecido
unido, um tecido homogéneo que
consegue resistir às intempéries
e às veleidades dos tempos, sendo
a prova disso o eclodir da guerra
dos 16 anos, na qual nem a Freli-
mo, nem a Renamo ganharam, mas
Moçambique perdeu porque o país
Severino Ngoenha
9Savana 28-04-2017 SOCIEDADEPUBLICIDADE
10 Savana 28-04-2017SOCIEDADESOCIEDADE
O mentor da Lei da Pro-bidade Pública (LPP), Abdul Carimo Issá, não isenta a Assembleia da
República (AR) pelas impreci-
sões e lacunas existentes naquele
dispositivo legal que tem como
objectivo assegurar o bom com-
portamento dos funcionários
públicos, bem como a gestão do
património.
Carimo diz que a AR fez altera-
ções profundas da proposta-lei
enviada pelo Governo, facto que
desagua nas lacunas de interpre-tação. Por via disso, reconhece o mérito da revisão, para uma me-lhor clarificação das situações que configurem conflito de interesse e não empacotar tudo num saco tal como aconteceu.A necessidade da revisão da Lei de Probidade Pública manifes-tada esta semana pela presiden-te da Comissão Central de Ética Pública (CCEP), Graciete Xavier, alegando vícios de interpretações e lacunas foi bem acolhida por Abdul Carimo, que aponta haver necessidade de uma melhor clari-ficação daquele instrumento que parecia estar esquecido.A LPP foi determinante para eli-minar funcionários públicos que ganhavam duas vezes no mesmo Estado, com destaque para depu-tados do partido governamental que ao mesmo tempo ocupavam cargos de PCA´s e administrado-res nas empresas públicas. Outro caso vistoso em que se teve de recorrer a esta lei foi aquando da atribuição de uma luxuosa via-tura de marca Mercedes Benz ao antigo chefe de estado, Armando Guebuza, pela CTA, na altura di-rigida por Rogério Manuel. Em declarações ao SAVANA, esta quarta-feira, Abdul Carimo es-clarece que a proposta de lei tinha inicialmente a designação de “Có-digo de Ética do Servidor Público” que depois foi transformada em Lei de Probidade Pública e estava dividida em três grandes títulos: Ética governativa, ética parlamen-tar e ética judicial, cujo objectivo era tratar de forma uniforme e dentro dos mesmos valores e prin-cípios os poderes do Estado. Isto
porque até à aprovação desta lei
havia um tratamento diferenciado
daqueles poderes. Ou seja, exigia-
-se a declaração de património por
parte dos membros do Governo,
mas o mesmo não se verificava na
classe dos magistrados e dos par-
lamentares.
Sucede que o parlamento eliminou
os capítulos específicos para cada
poder e resolveu juntar “tudo no
mesmo saco”, facto que está a difi-
cultar a interpretação. Diz Carimo
que, após a aprovação da lei e a res-
pectiva criação da CCEP, orientou
uma palestra para aquele órgão
na qual chamou atenção sobre os
vícios e problemas criados pelos
deputados, tendo recentemente
feito o mesmo para com os actuais
dirigentes da comissão.Falou das alterações feitas nas formulações de artigos, como é o caso da designação dos cargos po-líticos, a remoção do capítulo ética parlamentar e judicial, pontos que necessitavam de um tratamento especial.Disse não perceber as motivações da retirada de um dos artigos que vedava a militância política dos magistrados, a sua participação em eventos de angariação de fun-dos para partidos políticos e ainda prerrogativa de denúncia dos actos que perturbem a sua independên-cia na actuação.
Caso Carlos MesquitaNuma altura em que o debate está centrado à volta da existência de conflitos de interesse por parte do ministro dos Transportes e Comu-nicações, Carlos Mesquita, quanto à adjudicação directa dos serviços de transporte de carga para uma das suas empresas e na redução das taxas portuárias para as concessio-nárias dos portos de Maputo, Bei-ra e Nampula, mas onde sobressai a Cornelder da Beira, empresa em que é accionista, Carimo diz fazer todo o sentido rever a lei e espera que estes assuntos sejam bem clarificados. Este exercício
será fundamental para analisar
eventuais situações dos restantes
membros do Conselho de Minis-
tros que também são empresários,
com destaque para casos em que o
próprio dirigente é quem toma as
decisões.
“A questão de fundo é o que é que
a CCEP foi propor ao Parlamen-
to e ao Governo. De momento eu
não sei. Se for uma proposta para
melhorar assino por baixo, mas se
for uma proposta para eventual-
mente reduzir algumas obrigações,
aí já tenho alguma discordância”,
anotou.
Carimo, que discorda da decisão da CCEP em relação ao caso Mes-quita, levantou uma questão de fundo quanto à promoção da ca-botagem no país, visto que consta do Plano Quinquenal do Gover-no. Visto que o ministro do pelou-ro é accionista duma empresa que opera num dos portos, questiona quem deverá assinar um provável
memorando nesse sentido com
empresas.
“Mandatar-se a vice-ministra será
a solução ou vai o primeiro-minis-
tro ou ainda a solução passa pela
exoneração do ministro ou tudo
será engavetado até que termine o
mandato”, indagou.
De seguida, apelou ao Parlamento,
que tem o último martelo na apro-
vação das leis, para que desta vez
não embuta os artigos no mesmo
saco tal como aconteceu doutra
vez. Mas, antes disso, sugere que
haja um debate público amplo so-
bre o assunto de modo a se colher
mais subsídios.
Outro vício constatado pelo an-
tigo director da Unidade Técnica
da Reforma Legal (UTREL) foi
a introdução de medidas penais
naquele instrumento. Refere que
a LPP faz parte da área do direi-
to administrativo e não é lei penal,
mas estranhamente foram intro-
duzidas na LPP medidas penais, o
que está errado.
“Se há um conflito de interesses
que resultou num proveito pesso-
al, aí há um enriquecimento ilícito
que deve ser punido nos termos do
Código Penal e não da LPP. Hoje
temos o enriquecimento ilícito no
Código Penal e na LPP em si-
multâneo, temos prevaricação no
Código Penal e prevaricação na
LPP”, disse.
Prosseguindo, explicou que se um
ministro não apresenta a sua de-
claração de património, na primei-
ra vez é multado e, na segunda vez,
estamos perante uma desobediên-
cia que é crime. Aqui pode se ins-
taurar um processo-crime nos ter-
mos do direito penal e não na LPP.
Esta dupla penalização dificulta a
actuação do aplicador do direito.
Passados cinco anos após a apro-
vação da Lei número 15/2012 de
14 de Agosto, diz estranhar que
nos órgãos centrais (Conselho de
Ministros, Assembleia da Repú-
blica e nos Tribunais) não existam
comissões de ética. É esta situação
que levou o Primeiro-Ministro a
remeter esclarecimentos sobre o
caso Mesquita à CCEP, enquanto
deveria ter solicitado na primeira
instância à comissão do Executi-
vo, sendo que, em caso de dúvidas,
esta iria recorrer à CCEP.
À luz da lei, cabe à CCEP o papel
de fiscalizar, orientar, regrar, escla-
recer e tirar dúvidas, mas agora a
CCEP está a fazer o papel doutras
comissões. Para além dos órgãos
centrais, as comissões de ética pú-
blica devem ser alastradas para as
instituições subordinadas ou sob
sua tutela, para as instituições au-
tónomas e nas empresas públicas
ou de capitais públicos, facto que
não existe até ao momento.
A proposta de revisão da LPP deve ser submetida a debate público
Abdul Carimo culpa AR pelas imprecisões da lei da probidade
A Assembleia da Repú-blica (AR) concluiu, na tarde desta quarta--feira, a apreciação da
Conta Geral do Estado (CGE) referente ao exercício económi-co de 2015, com a bancada par-lamentar da Frelimo a garantir, sozinha, a aprovação do docu-mento. Na verdade, a sessão ser-viu apenas para confirmar o que já se sabia que ia acontecer, no caso, a aprovação através do voto maioritário da Frelimo.
Esta bancada fundamentou o seu
voto favorável, na voz do depu-
tado Danilo Teixeira, afirmando
que a conta apresenta “uma exe-
cução orçamental e financeira sa-
tisfatória”. Para a Frelimo, “as fa-
lhas nela reportadas são próprias
de um processo de construção e
crescimento”.
As bancadas da oposição, tal
como deram a entender desde
o primeiro dia da apreciação do
referido instrumento, fizeram jus
às suas promessas e optaram pelo
“não” categórico. O Movimento
Democrático de Moçambique
(MDM) foi a única que exerceu
o seu poder de voto, desfavorável,
tendo em conta que a Renamo
preferiu simplesmente abando-
nar a sala das sessões plenárias.
Arrolando as razões pelas quais
decidiram pelo “não”, José de
Sousa, deputado do MDM, no
espaço reservado às declarações
de voto, disse que assim procedeu
a sua bancada porque a CGE de
2015 legaliza os empréstimos
criminosos e contratados às es-
condidas pelas empresas ProIn-
dicus e Mozambique Asset Ma-
nagment (MAM).
Para além da questão da legali-
zação das chamadas “dívidas es-
condidas”, acrescentou De Sousa,
concorreu para este posiciona-
mento o facto de ainda não ter
havido qualquer esclarecimento
às razões por detrás do incum-
primento das amortizações dos
créditos concedidos a alguns di-
rigentes do partido no poder, em
2002, com os fundos do tesouro.
Já a bancada da Renamo, que
convocou a imprensa para expli-
car o boicote da votação do pro-
jecto de resolução que aprova a
Conta Geral do Estado de 2015,
socorreu-se dos mesmos argu-
mentos apresentados nas sessões
que aconteceram nos dias 12 e 13
de Abril.
Maria Ivone Soares, chefe daque-
la bancada parlamentar, disse que
a Renamo abandonou a sala por-
que não concorda com a inscrição
na Conta Geral dos empréstimos
contratados pela administração
de Armando Guebuza a favor de
duas empresas públicas, à revelia
da Assembleia da República.
Reiterou que a sua bancada é
contra a ideia de que as dívidas
devem ser pagas por todos os
moçambicanos, quando no seu
entender foram contraídas por
um “grupinho” identificado que
circula ante o olhar impávido e
sereno das autoridades de justiça.
“Não aceitamos a inclusão das
dívidas ilegais e inconstitucionais
na Conta Geral do Estado de
2015. Para a bancada parlamen-
tar da Renamo é inaceitável que
estado moçambicano assuma dí-
vidas particulares e as transforme
em dívidas que todos os moçam-
bicanos terão de pagar”, explicou
Ivone Soares.
(Ilódio Bata)
Por Argunaldo Nhampossa
Frelimo aprova sozinha a CGE de 2015
11Savana 28-04-2017 SOCIEDADEPUBLICIDADE
12 Savana 28-04-2017SOCIEDADEINTERNACIONAL
Até onde conseguirá ir Marine Le Pen? Ela esforça-se. Anunciou domingo que “suspen-
dia” o seu desempenho do cargo
de presidente da Frente Nacio-
nal, o partido de extrema-direita
que lidera. Para poder ser “Presi-
dente de todos os franceses”, se
for eleita a 7 de Maio, na segunda
volta das presidenciais.
Muito depende de como votarão
os eleitores da direita nesse dia e
um mês depois, nas legislativas.
Rendem-se a ela ou darão o seu
voto a Emmanuel Macron? Le
Pen, em entrevista à televisão
France 2, confirmou que tem con-
tactos com o partido Os Republi-
canos, para ter o apoio de alguns
dos seus líderes. François Fillon,
o derrotado e desacreditado líder
deste partido de centro-direita,
uma das grandes formações po-
líticas tradicionais, reconheceu
“não ter legitimidade para liderar
esse combate” e afastou-se.
O que defende Le Pen?O comité político de Os Republi-
canos reuniu-se depois de Fillon
se afastar, anunciando que ficaria
como militante de base e reco-
mendando o voto em Macron.
Mas a direita francesa tem muito
a fazer nos próximos tempos. Os
Republicanos entregaram-se a
uma troca de acusações.
Alguns dos mais conservadores,
como Christine Boutin, anuncia-
ram que irão votar em Marine Le
Pen. Nicolas Sarkozy não se pro-
nunciou. O deputado George Fe-
nech, próximo do ex-Presidente,
anunciou que não apoiaria Ma-
cron: “Os eleitores que se desen-
rasquem com Macron e Le Pen.
Foi o que escolheram.”
Enquanto liderou os Republica-
nos, Sarkozy seguiu o princípio
do “nem, nem” nas segundas vol-
tas — não apoiar nem a esquerda
nem a Frente Nacional, se o can-
didato do seu partido tivesse sido
eliminado na primeira votação
— recusando fazer a tradicional
“barreira republicana” contra a
extrema-direita, que a esquerda
tem continuado a praticar.
Christian Estrosi (Republicanos)
lamentava a posição assumida pe-
los que não apelaram ao voto em
Macron, como a Associação Sen-
so Comum, saída do movimento
católico conservador que liderou
as manifestações de contestação
ao casamento gay, legalizado por
François Hollande, e que se tor-
nou no grande apoio do candida-
to Fillon. “Pensei que partilháva-
mos todos mesmos princípios”,
criticou.
Se há coisa que estas eleições es-
tão a mostrar, para angústia de
Estrosi, é que vai uma grande dis-
tância entre partilhar princípios e
pô-los em prática. Os socialistas,
apesar do humilhante resulta-
do de Benoît Hamon — 6,3%,
o que fez desaparecer o rosa dos
mapas — lançaram múltiplos
apelos ao voto em Macron, ape-
sar das enormes divisões internas.
O Presidente François Hollande
manifestou-lhe o seu apoio, tal
como o ex-primeiro-ministro
Manuel Valls, ou o ex-ministro
da Economia Arnaud Monte-
bourg, apoiante de Hamon.
Em busca de aliadosO que não se entende ainda é
qual será o PS que vai disputar
as legislativas de 11 de 18 de Ju-
nho (duas voltas). “Dentro em
dias Marine Le Pen vai ter dez
milhões de votos. É o fim de um
ciclo”, disse Manuel Valls. Mas
que vai ele fazer? Vai continuar
no PS? Ou vai criar uma nova
formação, para oferecer o seu
apoio a Emmanuel Macron no
Parlamento, já que este não tem propriamente um partido políti-co? Aguarda-se para ver.Até porque haverá necessaria-mente uma recomposição nas listas, porque pelo menos três dezenas de deputados não se irão recandidatar — desiludidos com a política parlamentar ou, expli-cação talvez mais terra-a-terra, porque ficam impedidos de acu-mular cargos com a nova legisla-ção (antes era possível ser depu-tado, presidente da câmara e ter outros cargos ainda).O que falta a Marine Le Pen para conseguir chegar ao Eliseu, todas as análises o dizem, é ter uma grande reserva de votos para a segunda volta. Não tem nem um aliado político que diga “votem nela”, embora ao contrário do que aconteceu quando o seu pai, Jean--Marie, passou à segunda volta, em 2002, ela não suscite uma re-jeição tão profunda.Jean-Luc Mélenchon, que se opôs de forma intransigente ao pai Le Pen, não está a conseguir dizer que apoia Macron — e tal-vez metade dos seus sete milhões de eleitores se abstenham na se-gunda volta.Le Pen e Macron falam para duas Franças diferentes. Os eleitores de Marine vivem fora das grandes cidades, na França rural ou nas aglomerações urbanas na perife-ria. Se Macron obteve 34,83% em
Paris, Le Pen não chegou sequer a
5% na capital. E na região Norte,
onde Marine construiu o seu feu-
do eleitoral — 28,22% —, conse-
guiu apenas 13,83% em Lille.
Público.ptOs angolanos vão a votos a 23 de Agos-to. A data foi anun-ciada pelo porta-voz
do Conselho da República, o procurador-geral angolano João Maria de Sousa, citado pela TPA.“Todas as condições de natu-
Angolanos escolhem sucessor de JES a 23 de Agosto
Se a “barreira republicana” não funcionar, até onde irá Le Pen?
reza política, legislativa, financeira,
logística, de segurança e ordem
pública estão praticamente criadas
para que as eleições gerais decor-
ram de forma transparente e sem
quaisquer constrangimentos sobre
os seus principais protagonistas”,
disse o Presidente angolano, José
Eduardo dos Santos, durante a
reunião do conselho, de acordo
com a televisão pública.
A votação em Agosto deter-
minará a futura composição da
Assembleia Nacional, onde o
partido mais votado indicará o
nome do sucessor de José Edu-
ardo dos Santos, que anunciou
que não voltará a ser candidato
à chefia de Estado.
João Lourenço, actual vice-
-presidente do MPLA, é o
candidato do partido no poder
e o mais provável sucessor do
actual Presidente, há 38 anos
no cargo.
A UNITA e a CASA-CE,
principais partidos da oposição,
concordam com a data avança-
da para o escrutínio, apesar da
primeira força reclamar uma
auditoria independente aos ca-
dernos eleitorais, que sofreram
um processo de actualização
concluído a 31 de Março. Exis-
tem à data mais de 9 milhões
eleitores registados.
Público.pt
Marine Le Pen não suscita uma reacção de rejeição tão violenta como o pai, Jean-Marie Le Pen Pascal Rossignol/REUTERS
— Como vai votar a direita na segunda volta das presidenciais francesas? Macron vai recebendo apoios. Le Pen já se afastou da liderança da FN para se mostrar como uma “Presidente de todos os franceses”
uma reunião do Conselho da República.
José Eduardo dos Santos está no poder há 38 anos. O nome do seu suces-sor será conhecido em Agosto. Reuters/© SIPHIWE SIBEKO/Reuters
Emmanuel Macron é tido como favorito na segunda volta das eleições francesas
13Savana 28-04-2017 SOCIEDADEOPINIÃO
Jean-Marie Le Pen somou 5,5 milhões de votos, 18% dos sufrágios, na disputa contra Jacques Chirac na
segunda volta das presidenciais
em Maio de 2002, e Marine par-
te para o confronto com Emma-
nuel Macron contando com 7,8
milhões de apoiantes, 21% dos
votantes - nisto se resume a de-
gradação da Quinta República.
O segundo mandato de Chirac
foi um fiasco, a presidência de
Nicolas Sarkozy, lamentável, o
quinquénio de François Hollan-
de, deplorável, e, consequente-
mente, passados 15 anos sobre a
derrota de Jean-Marie, metade
do eleitorado apoiou candidatos
contestatários do sistema político,
soberanistas e proteccionistas.
França em quebra de rendimen-
tos e perda de estatuto, temente
ao futuro, expressa-se de forma
cada vez mais estridente nas vota-
ções por candidatos politicamen-
te extremistas.
A outra face da moeda radical é a
defesa de um estatismo regulató-
rio apostado em proteger sectores
com escassas ou nulas expecta-
tivas de promoção social e baixa
capacidade competitiva ante a
introdução de novas tecnologias,
técnicas de gestão e concorrência
estrangeira.
Estes deserdados são efeito, e si-
multaneamente uma das causas,
da perda relativa de peso de Fran-
ça desde a década de 1970 em
relação à Alemanha e Grã-Bre-
tanha, acentuando-se a tendência
neste século pelas disfunções do
mercado laboral e da gestão em-
presarial, apesar da sofisticação
de sectores de ponta como a in-
dústria aeroespacial ou de arma-
mento.
Uma carga fiscal excessiva, repre-
sentando 55% do PIB, enquanto
a dívida pública equivale a 96%,
ou um défice orçamental cronica-
mente acima dos 3% são alguns
dos sintomas de um regime eco-
nómico incapaz de continuar a
assegurar prestações sociais eleva-
das (57% do orçamento, excluin-
do educação).
A celebrada “douceur de vivre”
tem um contraponto no acen-
tuar das assimetrias sociais e na
alienação da grande maioria dos
7,3 milhões de descendentes de
imigrantes (11% dos franceses,
representando os actuais 5,9 mi-
lhões de imigrantes, menos de 9% da população).Entre esta população jovem e urbana (47% com menos de 25 anos, enquanto a média nacional desta faixa etária se cifra nos 30% - dados INSEE de 2017) assina-la-se no caso dos descendentes de magrebinos (o maior contingen-te - 31%, seguindo de italianos, portugueses e espanhóis, 29%) repúdio crescente pelos valores republicanos e comportamentos em violação das leis e interditos morais.Ao clima de permanente tensão social e violência nos subúrbios acresce a incidência do jihadis-mo entre cerca de 6 milhões de muçulmanos, maioritariamente sunitas, a alimentar sucessivos atentados terroristas que justifi-cam um estado de emergência em vigor desde Novembro de 2015. O repúdio pela frequente imora-lidade de próceres políticos ins-titucionais para proveito pessoal (caso de François Fillon, sua es-posa e rebentos) fez-se sentir na primeira volta das presidenciais, sem afectar Marine que no Parla-mento Europeu cultiva a tradição galesa de empregos fictícios para financiamento partidário. A recomposição da direita, repu-diando o seu fracassado candi-dato, e possíveis cisões entre os socialistas, autonomizando alas sociais-democratas de facções anticapitalistas, vão dificultar a criação de maiorias de coligação estáveis na Assembleia Nacional nas votações de Junho.A margem de vitória de Macron a 7 de Maio contará, também, para a sorte do partido centrista que intenta patrocinar, com todas as ambiguidades que o caracterizam.Reforma constitucional é tema a
que Macron é alheio; exemplo de
equilibrismo político é a promes-
sa do manifesto de candidatura
de preservar a semana de 35 ho-
ras, deixando à negociação a nível
empresarial as horas efectivas de
laboração.
Macron teve sorte até agora, mas,
dependente de acordos parti-
dários numa assembleia e num
França: a litania dos fracassosPor João Carlos Barradas*
senado onde não contará com
maiorias a seu mando, será um
Presidente sem margem políti-
ca para empreender reformas de
fundo.
As expectativas que Macron irá
defraudar nada auguram de bom
para a Quinta República, institu-
ída em 1958 à imagem de Char-
les de Gaulle e que, agora, ameaça
ruptura pela ascensão dos extre-
mos.
*Jornalista e colunista do jornalde-negocios.pt
Arrenda-seArrenda-se uma residência R/C
e Primeiro andar, tipo três, sala de visitas, sala de jantar, duas casas de banho e garagem para
dois carros. A casa localiza-se no bairro da Malhangalene, largo da
Ilha de Moçambique, número 22.
Contacto 842552183
14 Savana 28-04-2017Savana 28-04-2017 15NO CENTRO DO FURACÃO
Imprevisível e irreverente, di-
rão uns, frontal e vertical, di-
rão outros, este é Artur Seme-
do o nosso entrevistado desta
semana. E como peculiar conti-
nua com o seu discurso ora meio-
-filosófico ora incendiário. Diz
que o futebol moçambicano tem
donos e que são esses que ditam
as regras de jogo; que sempre foi
alvo a abater nestes últimos quin-
ze anos, que mesmo impedido
de treinar qualquer equipa pelos
donos do futebol nunca vai pe-
dir desculpas a ninguém. E mais:
enganam-se os que julgam que
ele passa necessidade até porque
escolhe os clubes que quer treinar.
Seguem os excertos da conversa.
Mister, muitos adeptos ligados ao
futebol questionam o seu desapare-
cimento. Afinal, onde anda o Artur
Semedo?
Eu acho que os adeptos deviam
questionar as entidades deste fute-
bol, deviam questionar alguns dos
dirigentes deste futebol, deviam
questionar toda a orgânica deste
futebol por que razão estou ausente
dos clubes e do futebol no seu todo,
embora fazendo algumas aparições,
ajudando algumas colectividades
comunitárias e outras com menor
expressão no país. Embora precisem
deste apoio, na verdade não deviam
perguntar a mim, mas aos donos
deste futebol, porque, como sempre
sublinhei, este futebol tem donos.
Quem são, de facto, esses donos do
futebol?
No nosso futebol há sempre, em
determinado momento, alguns per-
sonagens que surgem como os mais
influenciadores do próprio sistema,
eles conseguem aglutinar, à volta
de si mesmos, todos os conceitos
de futebol, usando, algumas vezes,
o seu poderio financeiro (os que o
têm) porque nem todos o têm, di-êm, di-m, di-
zia, conseguem manipular a vontade
colectiva e angariar para si mesmos
o poder de decisão no futebol. Eles
existem e vão variando de época para
época, alguns conseguem se man-, alguns conseguem se man-
ter por mais tempo no activo que
os outros mercê da sua capacidade
de esperteza, de aproveitamento da
conjectura, do seu poderio financeiro
e da influência que conseguem mo-
ver em vários sectores de actividade
da nossa sociedade. Não é segredo
para ninguém que, paulatinamente,
vão aparecendo estes poderes insta- insta-
lados todos os anos, todas as épocas,
e uns, como disse, ficam mais tempo,
outros vão sucumbindo, mas aí estão.
Insisto, esses poderes têm nome?
É evidente que têm nome, mas não
estou aqui para tratar ou retratar
quem quer que seja, muito embora
possa afirmar, de alguma maneira,
que o facto de não estar em activi-
dade deve-se a algum destes pode-
res. Há pessoas que têm feito de
tudo, ao longo destas épocas, para
que eventualmente eu abandone o
meu país, há pessoas que sentem a
minha presença como um incómodo
por defender as causas de futebol, e o
facto de estar em inactividade deve-
-se a essas pessoas. Deve-se a indiví-
duos como Latifo Issufo ou Simões
Cossa, por um lado, e, por outro lado,
a indivíduos como António Simões
ou apenas Latifo. Estas personali-
dades de tanto gostarem de mim e
terem muito poder neste futebol,
na verdade são os responsáveis pela
minha inactividade, são responsáveis
pelo facto de eu estar, neste momen-
to excluído, porque conseguiram
manipular e instrumentar os outros
subalternos que existem e são muitos
e a situação mantém-se como está,
mas a minha preocupação é zero em
relação a isso porque se de facto este
futebol está bem assim e não preci-
sa dos meus préstimos na verdade
é porque sou incompetente e tenho
muito pouca capacidade para poder
ser um elemento inovador e estru-
turante para que este futebol possa
atingir níveis altos. Diria, portanto,
que tenho pouca capacidade, sou in-
competente e também devo ser um
elemento transgressor, no bom sen-
tido da palavra, e incomode os pode-
res instalados. Isso pode servir como
razão para o meu afastamento, mas
sempre continuarei na defesa da cau-
sa de futebol. Claramente é isso que
faço, não tenho truques, sou trans-
parente, é exactamente assim como
me bato pelo futebol, pela melhoria
da sua capacidade, pela elevação dos
seus níveis, pela elevação dos padrões
de qualidade e não tenho interesses
particulares nem de outra natureza.
Alvo a abaterDesde quando Artur Semedo tor-
nou-se num alvo a abater?
Sou alvo a abater já há quinze anos,
concretamente, desde que regressei
ao país, mas por ser tão incompeten-
te ainda estou aí, porque caso fosse
competente tenho a impressão de
que teria sucumbido, mas mesmo
sendo incompetente continuo ro-
busto, vivo e com muito ainda para
dar ao futebol.
Tem um discurso meio- filosófico
mas as suas palavras não transmi-
tem uma sensação desagradável.
Está zangado com o nosso futebol,
com os dirigentes desportivos de
alguns clubes?
Como é que posso estar zangado
com um futebol medíocre, não estou
zangado, se estivesse teria abandona-
do o futebol há muito tempo, mas é
evidente que com alguns conceitos
estabelecidos, com a gestão que é
feita em determinados momentos,
com a via escolhida para o desenvol-
vimento do futebol, sublinhe-se en-
tre aspas a palavra desenvolvimento,
porque este não é nenhum desenvol-
vimento, na verdade eu não poderia
estar zangado porque todo o meu
interesse vai sempre ao encontro do
desenvolvimento do futebol, o meu
interesse é só na preservação dos va-
lores que caracterizam o futebol e o
desporto em geral.
Com essa perseguição de que diz
estar a ser vítima pelos donos do
futebol certamente que ainda não
chegou a ser convidado, este ano,
para treinar uma equipa. Confir-
ma?
Têm surgido abordagens, mas as
minhas escolhas são feitas com cri-
térios, posso dizer-lhe categorica-
mente que é algo que faço há algum
tempo. Eu escolho os clubes que
quero treinar e, por causa desta as-
sumpção, tenho merecido da parte
dos meus detractores muitas críti-
cas. Na verdade, escolho os clubes
que quero treinar com critérios, não
faço escolhas marginais, pois com
todo o capital e experiência que co-
lhi ao longo da minha carreira, como
praticante e depois como treinador,
cheguei a uma encruzilhada tal que
me permite, claramente, escolher os
clubes em função das pessoas que
o dirigem e, sendo assim, escolho as
pessoas com quem quero trabalhar.
Por isso, quando tiver os critérios
bem delineados poderei aceder, pro-
vavelmente, a qualquer convite que
surja, mas também sei que muitos
destes dirigentes que por aí pulu-
lam são também instrumentalizados
por este poder para, eventualmente,
impedir a minha contratação, mas
continuem a impedir quantas vezes,
quantas épocas, quantos anos quise-
rem, que continuarei a ser o mesmo
despreocupado e a trilhar os cami-
nhos que eu bem entendo para mim.
Como profissional com credenciais
no panorama futebolístico nacio-
nal alimenta esperança de vir a trei-
nar uma equipa este ano?
Não estou preocupado, até este mo-
mento não esbocei qualquer tentati-
va para treinar quem quer que seja,
tal como disse, as dinâmicas impos-
tas no futebol fazem com que todos
os treinadores exibam uma subal-
ternidade intelectual para andarem
a reboque dos dirigentes, comigo
isso não vai acontecer, nunca acon-
teceu e não vai ser nunca. Por isso
que digo que não é este futebol que
claramente vai prescindir do meu
trabalho, se alguém julgou, porque
alguns desses poderes usam muitas
vezes redes sociais propalam e veicu-
lam os seus discursos e algumas ver-
dades provisórias, julgavam que me
colocavam numa situação de alguma
necessidade, eu estou aí tranquilo e
sereno. Eu ando no futebol desde
que me conhece, não voltei ao país
para pedir favores a ninguém, repi-ém, repi-m, repi-
to, não voltei para pedir favores de
qualquer espécie, a ninguém, pelo
contrário, vim dar muito da ajuda
que este futebol precisa porque, na
verdade, rege-se por lei e comporta-
mentos ainda demasiados primários.
A minha presença, passe alguma
modéstia, tem servido para catapul-
tar este futebol para níveis de acordo
com aquilo que se faz pelo mundo
fora.
Deserdado por discordar de muitas coisasDepois desta experiência amarga
e assumindo que está ser vítima da
sua verticalidade e frontalidade so-
bretudo no discurso, e estando de-
sempregado nunca lhe passou pela
cabeça moderá-lo, ou seja, fazer de
conta que tudo está bem para ga-
rantir o seu pão?
N ã o , eu não faço e nunca
f a r e i isso. A maneira
c o m o fui educado não
pe r - mite que me
oriente por
u m a
trans-
mutação
moral, ética
e intelectual para
servir interesses deste
ou daquele, para me benefi-
ciar disto ou daquilo. O mun-
do não é só Moçambique, por
isso estou à vontade para trilhar os
caminhos que sempre quis e quero.
Se estou aqui é porque o quis, se es-
tou neste futebol é porque quis estar,
não é a primeira vez que sou apea-
do deste futebol por discordar de
muitas coisas ou por contrariar ou
contestar, mas estas pessoas que me
contestam são as mesmas que, mui-
tas vezes, querem depois trabalhar
comigo quando estão em situação
de apuro. Quando estão em apuros,
quando precisam tirar dividendos de
diversa maneira, quando precisam
de voltar à ribalta, quando precisam
de exponenciar os seus interesses,
sempre pensam numa pessoa e eu,
como percebo e faço leitura das coi- e faço leitura das coi-ura das coi-
sas, só sou usado quando quero.
Mister, a situação económica do
país é preocupante e o custo de vida
atingiu níveis incomportáveis. A
maior parte das pessoas que têm
vínculo contratual com as empre-
sas, que trabalham ressentem-se
desta triste realidade. Numa situ-
ação como a sua é de esperar difi-
culdades acrescidas. Como é que o
mister Semedo vive e mantém-se
com a dignidade que sempre o ca-
racterizou, até porque treinadores
há que se oferecem de bandeja...
Não é uma questão de dinheiro, não
é uma questão de ter ou não dinhei-
ro, é uma questão de convicção, de
educação, de atitude, de princípios.
Eu continuarei a defender os meus
princípios.
Tem se dito que a ocasião faz o
ladrão, princípios sim, mas sem
dinheiro fica complicado...
É evidente que é preciso ter se
dinheiro para se poder
viver, é uma verdade
inegável, mas eu
não ando no fu-
tebol por ver os
outros, eu sei
o que ando a
fazer no fute-
bol, não vim
aprender a
ganhar di-
nheiro em
M o -
ç a m -
b i -
que, e digo-lhe mais: os meus pro-
ventos foram muito maiores como
praticante do que como treinador.
Não voltei ao meu país para ganhar
dinheiro, se fosse para ganhar di-
nheiro não voltava.
O mister Semedo é rotulado como
daqueles técnicos bastante caros.
Se for o caso não está aí mais uma
razão para que alguns clubes de
menor capacidade financeira te-
nham receio de contratá-lo?
Bem, sinceramente não consigo
perceber o que é isso de eu ser um
treinador caro, mas é evidente que a
qualidade que ostento merece uma
reciprocidade monetária, e mesmo
assim não é equivalente neste país,
não sou pago de acordo com o que
mereço ou julgo merecer. Provavel-
mente, sou pago em função da con-
jectura actual e da realidade econó-
mica do país, mas volto a dizer que
não voltei ao meu país por causa de
dinheiro, porque se fosse por causa
de dinheiro eu procuraria outros pa-
íses, outros mercados. Mas poderia,
eventualmente, ter continuado no
Songo, porque só mesmo pessoas
paranoicas, pessoas com outros in-
teresses teriam prescindido de mim,
dos meus serviços, o único treinador
ganhador que por lá passou. Isso não
cabe na cabeça de ninguém.
Subalternidade de dirigen-tes da União Desportiva do SongoA mudança da direcção, a saída de
Luís Canhemba e entrada de José
Costa não terá criado condições
para a sua saída, porque com Ca-
nhemba tudo indicava ser um ca-
samento duradouro. Qual é a sua
opinião?
Acha que mudando a direcção mu-
da-se ou põe-se em causa a idonei-
dade técnica de alguém? A subal- técnica de alguém? A subal-cnica de alguém? A subal-
ternidade das pessoas que lá estão,
subjugadas por esses poderes que
lhe falei anteriormente, criaram um
cenário de forma a que eu pudesse
transitar de um sítio para o outro.
Não estou claro, constou-me que
simples pedido formal de descul-
pas a alguém que, provavelmente
o teria ofendido, bastaria para que
as coisas passassem e, quem sabe,
continuasse como treinador. Foi
Artur Semedo igual a si próprio:
Por Paulo Mubalo
assim tão difícil pedir desculpas?
Estou a dizer que leia a minha res-
posta e tira as conclusões que quiser,
eu referi-me à subalternidade das
pessoas que lá estão, foram as pesso-
as que ao longo destes dois anos pu-
seram em causa o meu trabalho no
Songo, mas com a sua
subalternidade
em relação
aos po-
d e r e s
d e
q u e
lhe
falei anteriormente criaram um ce-
nário para que eu pudesse sair deste
clube e transitasse para o outro, sem
antes contar com o livre arbítrio das
minhas decisões. Mas eu não depen-
do de ninguém, a minha vida não
é comandada por ninguém, não me
transfiro dos clubes porque alguém
tem o comando total das circuns-
tâncias. Sair do clube posso ainda
admitir porque não mando nos clu- não mando nos clu- mando nos clu-
bes, mas alguém decidir para onde
devo ir não aceito, quem decide sou
eu. Como eu não estou a reboque de
ninguém, não sou instrumentalizado
por ninguém, estou nas circunstân-
cias em que estou, e quem determina
a trajectória da minha vida sou eu, e
por isso, será sempre assim.
Não acha que essa sua maneira de
ser pode não agradar a muitos di-
rigentes dos clubes e que vezes há
em que têm de se confirmar com
alguns cenários para se evitar um
mal maior?
Para quê, para pedinchar o quê, para
servir interesses de quem, para pôr
em causa o meu ego, para defender o
quê e quem? Não preciso, disso cla-
ramente não preciso.
mediocridadeMoçambique já esteve inundado
por treinadores estrangeiros mas
paulatinamente a tendência é de-
crescente. Será que o país já não
precisa desses técnicos vindos de
fora?
Tenho a minha opinião, mas devia
perguntar a esses poderes instala-
dos, porque eles é que determinam
quem treina e quem não deve treinar
e não eu. Já assistimos, em épocas
transactas, uma corrida desenfrea-
da para contratação de treinadores
estrangeiros, e volta e meia houve
um novo movimento de rotura com
esses treinadores e quase todos fo-
ram despedidos como se fossem uns
incompetentes. Criaram-se cenários
nos seus clubes, de modo que os
treinadores se revelassem incom-
petentes porque, na verdade,
foram criados esses cenários
em muitas ocasiões. Hoje
assistimos a uma situação
original de novo em
que a maioria es-
magadora são
treinadores
moçambi-
canos e
p o u c o s
e s t r a n -
g e i r o s .
Eu como
c i d a d ã o
acho que
era dese-
jável que a
maioria fos-
se treinadores
moçambicanos,
mas provavel-
mente não nestas
situações em que parece que se está
a massificar a mediocridade.
Estará a mostrar um atestado de
incompetência a muitos treinado-
res nacionais?
É preciso dotar as pessoas de capa- preciso dotar as pessoas de capa-
cidade e de competência para po-
derem exercer a sua actividade sem
andarem a reboque de ninguém. A
entrada de treinadores para os clu-
bes não obedece a critérios, quando
vos falava da idoneidade técnica este
não é o primeiro critério para estar
no clube. Hoje o primeiro critério é
de um treinador submisso, que faz
as vontades das direcções, que não
questiona nem põe em causa a vida
dos clubes, que oculta tudo o que
põe em causa o seu trabalho, por
isso, estamos como estamos.
O mister teve uma espécie de mu-
leta do seu lado, estou a falar de
Tiago Machaisse. O que faz com
que seja o seu eterno adjunto, será
pela maneira obediente e quiçá
modesta como ele é?
Depende do significado que quer
dar a ser modesto. Ele é uma pessoa
modesta, mas não no sentido pejo-
rativo que o termo possa conter. Nós
criamos uma cumplicidade muito
grande e eu tenho uma admiração
profunda por pessoas que são ínte-
gras, leais, profissionais, e ainda por
acima, quando agregam, na sua tra-
jectória profissional a tal idoneidade
técnica. Esta simbiose faz com que
me sinta reflectido também nessas
pessoas e é por isso que me dou bem
com ele.
Muitos clubes contratam apenas o
técnico principal e a prorrogativa
de escolher os adjuntos é da alçada
das respectivas direcções e muitas
vezes dão primazia aos filhos da
casa. Não tem sido difícil impor a
sua vontade?
Nunca me opus a isso, que essa pes-
soa possa trabalhar comigo. Se o clu-
be tiver condições para suportar uma
equipa técnica nestas circunstâncias,
eu não me oponho, não vejo porque
razão não possa ter um elemento que
faça a ligação entre quem chega e o
clube, isto é perfeitamente natural,
isso acontece em todas as partes do
mundo. Mesmo em alguns clubes
onde trabalhei isso sucedeu, repare
que no Songo eu tinha no meu qua-
dro técnico elementos que são do
quadro do clube. Nem houve pro-
blemas e trabalhei com eles de forma
profissional.
Artur Semedo já treinou os gran-
des clubes de Maputo, casos do
Maxaquene, Liga, Ferroviário,
Desportivo, não esquecendo o
Matchedje, mas a sua saída destes
clubes, salvo raras excepções, foi
atribulada e polémica. O que real-
mente aconteceu?
Quando se criam cenários para que
as pessoas abandonem os clubes de
forma desonesta, desumana, não es-
pera da minha parte que seja com-
placente com situações desta nature-
za. Vou lhe dizer com muita imodés-
tia, chamem me arrogante, chamem-
-me o que quiser, estou acima deste
futebol, eu estou acima deste futebol,
sei a importância que tenho e sei o
que poderia ser se todos comungas-
sem do mesmo desejo de elevação
do futebol, sei da importância que
eu teria e poderia dar para este fu-
tebol, e por isso não posso aceitar
situações criadas para pôr em causa a
minha pessoa, pôr em causa a minha
competência, isso não posso aceitar.
Nestas duas épocas que estive no
Songo, foram criados problemas ao
longo dos dois anos, problemas cria-
dos por pessoas que neste momento
estão à frente dos destinos do clube,
as mesmas circunstâncias vivi as na
Liga. Tendo sido campeão conse-
cutivamente, coisa que nunca tinha
acontecido anteriormente. E repi-
to o que lhe disse antes: quando as
pessoas têm necessidade de elevação
da qualidade dos níveis que desejam
para os seus clubes contratam-me,
quando acham que já estão numa
situação de luxúria criam um cenário
para que as pessoas abandonem os
clubes e eu não posso aceitar coisas
desta natureza. Aconteceu-me no
Matchedje, e posso lhe dizer hoje,
quem elevou os níveis de qualidade
deste clube depois de uma travessia
no deserto teria sido eu, o Matched-
je começou a aparecer para finais das
competições nacionais, ocupou lu-
gares cimeiros nas competições na-
cionais, teve os melhores jogadores
contemplados nesse período, quando
estive nesta colectividade e ainda por
cima tenho salários em atraso, que
até hoje não me foram pagos. Então,
tirem vocês as conclusões porque são
criados alguns cenários para os trei-
nadores saírem dos clubes.
Que avaliação faz do dirigismo
desportivo em Moçambique?
A minha resposta está subjacente
a tudo o que disse, embora tenha a
dizer , com alguma humildade, que
trabalhei com gente especial ao lon-
go destes anos, muito poucas mas
que souberam me entender, soube-
rem perceber-me. Algumas não ti-
nham a noção da pessoa que eu era e
foram capazes de mudar de opinião
depois de trabalhar comigo e isso é
comum nos clubes, porque sempre
foi veiculada uma ideia contrária à
pessoa que eu sou exactamente para
tirarem proveito disto e daquilo, mas
depois de anos de convivência as
pessoas acabam por reconhecer que
estavam erradas e têm outra opinião
quando trabalho com elas.
Qual tem sido o papel da associa-
ção de treinadores na resolução de
parte dos vossos problemas?
Nem me pergunte isso, porque se
fosse algo que pudesse ter opinião
deveria ter assistido algo que fosse
representativo, por isso não sei se
essa associação existe ou não, porque
se existisse teria outros procedimen-
tos. Pode até existir fisicamente mas
na prática não se faz sentir.
A terminar
Estou bem como estou neste mo-
mento, apesar de estar a gozar umas
férias merecidas, mas forçadas, repa-
re bem, férias merecidas embora for-
çadas por determinadas pessoas. Es-
tou a sentir-me bem até porque que
vejo hoje o futebol de uma forma
mais simples, desapaixonada e lúdi-
ca, por isso quando vou aos campos
tenho sentido da parte dos adeptos
e simpatizantes um carinho enorme,
um respeito enorme, o que contraria
a versão destes poderes que temos
no nosso desporto e isso para mim
é gratificante e diz bem da minha
trajectória neste futebol. O resto não
conta para mim e na verdade nem
estou interessado em aprofundar
determinadas coisas. E a partir desta
entrevista que lhe dou não creio que
daqui para o futuro esteja disponível
para falar sobre o futebol, opinar, dar,
perspectivas do que acho e que não
acho sobre determinadas circunstân-
cias que ocorrem.
“Não é este futebol que vai prescindir do meu trabalho”ão voltei para pedir favores de
quer espécie, a ninguém, pelo
rário, vim dar muito da ajuda
este futebol precisa porque, na
ade, rege-se por lei e comporta-
tos ainda demasiados primários.
minha presença, passe alguma
éstia, tem servido para catapul-
ste futebol para níveis de acordo
aquilo que se faz pelo mundo
erdado por discordar de tas coisasois desta experiência amarga
umindo que está ser vítima da
verticalidade e frontalidade so-
udo no discurso, e estando de-
pregado nunca lhe passou pela
ça moderá-lo, ou seja, fazer de
a que tudo está bem para ga-
r o seu pão?
o , eu não faço e nunca
i isso. A maneira
o fui educado não
mite que me
oriente por
u m a
s-
ação
al, ética
electual para
r interesses deste
aquele, para me benefi-
disto ou daquilo. O mun-
ão é só Moçambique, por
estou à vontade para trilhar os
nhos que sempre quis e quero.
tou aqui é porque o quis se es-
ro, é uma questão de convicção, de
educação, de atitude, de princípios.
Eu continuarei a defender os meus
princípios.
Tem se dito que a ocasião faz o
ladrão, princípios sim, mas sem
dinheiro fica complicado...
É evidente que é preciso ter se
dinheiro para se poder
viver, é uma verdade
inegável, mas eu
não ando no fu-
tebol por ver os
outros, eu sei
o que ando a
fazer no fute-
bol, não vim
aprender a
ganhar di-
nheiro em
M o -
ç a m -
b i -
assim tão difícil pedir desculpas?
Estou a dizer que leia a minha res-
posta e tira as conclusões que quiser,
eu referi-me à subalternidade das
pessoas que lá estão, foram as pesso-
as que ao longo destes dois anos pu-
seram em causa o meu trabalho no
Songo, mas com a sua
subalternidade
em relação
aos po-
d e r e s
d e
q u e
lhe
mediocridadeMoçambique já esteve
por treinadores estrang
paulatinamente a tendê
crescente. Será que o p
precisa desses técnicos
fora?
Tenho a minha opinião
perguntar a esses pode
dos, porque eles é que d
quem treina e quem não
e não eu. Já assistimos,
transactas, uma corrida
da para contratação de
estrangeiros, e volta e m
um novo movimento de
esses treinadores e quas
ram despedidos como se
incompetentes. Criaram-
nos seus clubes, de mo
treinadores se revelasse
petentes porque, n
foram criados ess
em muitas ocas
assistimos a um
original de
que a
ma
t
c
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se
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masArtur Semedo
16 Savana 28-04-2017PUBLICIDADE
A ENI EAST AFRICA S.p.A. convida as empresas interessadas à sub-meterem a sua Manifestação de Interesse para o fornecimento de ser-ão de Interesse para o fornecimento de ser-ser-viços de Monitoria de Implementação dos Planos de Gestão Ambiental para Eni East Africa S.p.A.
ÂMBITO DE TRABALHO1. Realização de auditorias ambientais em conformidade com os re-
quisitos legais aplicáveis e boas práticas internacionais;2. Monitoria e Controlo da implementação de Planos de Gestão Am-
-tividades de campo e de gabinete);
3. Alocação de recursos humanos para garantir o cumprimento dos
4. Realização de formações ambientais e campanhas de consciencia-lização ambiental;
5. Condução de processos de participação pública durante a fase de implementação dos projectos;
6. Elaboração de Relatórios de Progresso e de Desempenho Ambien--
tras partes interessadas e afectadas);7. Actualização de Planos de Gestão Ambiental; 8. Elaboração de adendas a Relatórios de Estudo de Impacto Ambien-
tal;9. Elaboração e revisão de Declarações de Método Ambiental.
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS As empresas interessadas neste convite podem apresentar a sua Ma-nifestação de Interesse devidamente assinada pela pessoa autorizada
autoridade da pessoa autorizada a assinar pela empresa), e com a se-guinte informação obrigatória e documentação que comprove :
1. Cópia autenticada e digitalizada do Registo Comercial, nome Legal de Entidade e pessoa de contacto para receber informações comer-
2.
3. Estrutura da empresa e do grupo com a lista dos principais accio-
Bolsa de Valores);4. -
dução de processos de Avaliação de Impacto Ambiental em Moçam-bique;
5. -
6. -mentação de Planos de Gestão Ambiental;
7. --
cializados; 8.
que comprovem a conformidade da empresa com as normas de
9. comprovem a conformidade da empresa com as normas do Am-
As empresas interessadas podem submeter a sua Manifestação de In-ão de In-In-
Aplicação):-
que-Application
-ra-Mozambico
IMPORTANTE:
indicado:
SS01AC02 - RISK ANALYSIS AND ENVIRONMENTAL IMPACT ASSESSMENT
“combustíveis para automóveis -midade com os documentos acima mencionados.
válida da Eni S.p.A e que já se auto candidataram no passado para a mesma actividade, se aplicável, a documentação necessária deverá ser enviada para o seguinte endereço de email:eea.procurement@eni.com.Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e ao cumprimento com toda a documentação acima indicada, as empresas interessadas
A Eni East Africa S.p.A fará uma avaliação da documentação acima solicitada e, caso o resultado da avaliação seja satisfatório, irá incluir
empresa em futuros processos de concurso relacionados com as acti-vidades em questão.
--
viço acima exigido serão considerados para potenciais propostas no âmbito do serviço acima descrito.A solicitação de informação e documentação tem como objectivo iniciar
-sas seleccionadas de fornecer detalhes da sua estrutura legal, gestão,
Este manifestação de interesse não deverá ser considerada um convi-te para concurso e portanto, não representa nem constitui nenhuma promessa, obrigação ou compromisso de qualquer tipo por parte da Eni East Africa S.p.A em celebrar contratos ou acordos com qualquer empresa que participe do presente manifestação de interesse.Consequentemente, todos os dados e informações fornecidos pela em-presa não deverão ser considerados como um compromisso por parte da Eni East Africa em celebrar um contrato ou acordo com a empresa, nem deverá possibilitar que a empresa reivindique qualquer indemini-zação da parte da Eni East Africa S.p.A.Todos os dados e informações fornecidos no âmbito desta manifesta-
serão divulgados ou comunicados á pessoas ou empresas não autori-zadas, com excepção da Eni East Africa S.p.A.
nosso website termina á 05 de Maio de 2017.-
ção da Manifestação de Interesse serão da total responsabilidade das empresas, as quais não terão direito a qualquer reembolso por parte da Eni East Africa S.p.A.
PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSEPARA MONITORIA DE IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DE GESTÃO
AMBIENTAL E OUTROS SERVIÇOS AMBIENTAIS PARA ENI EAST AFRICA SpA NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
17Savana 28-04-2017 PUBLICIDADE
Eni East Africa S.p.A. (“EEA”) invites interested companies to sub-mit the Expressions of Interest for monitoring of environmental and management plan for Eni East Africa S.p.A.
SCOPE OF WORK:1. Conduct environmental audits in accordance with applicable legal
requirements and international best practices;2. Monitoring and control of the implementation of Environmental
-
3. Allocation of human resources to ensure compliance with the re---
munication);4. Conducting environmental training and environmental awareness
campaigns;5. Conduct public participation processes during the project imple-
mentation phase;6. Preparation of Progress Reports and Environmental Performance
interested and affected parties);7. Updating of Environmental Management Plans;8. Elaboration of addenda to Environmental Impact Study Reports;9. Elaboration and revision of Declarations of Environmental Method.
CANDIDATES:Companies interested in this invitation may submit their Expression of Interest Powers of attorney or other evidence of authority of such authorized person) along with the following mandatory information and documen-tation providing evidence of:
1. -
mation; 2. 3. Company and group structure with the list of major shareholders
4. Documented evidence of at least 10 years of experience in conduct-ing Environmental Impact Assessment processes in Mozambique;
5. Documented evidence of at least 5 years of experience in conduct-ing environmental audits for environmental authority and other purposes;
6. Documented evidence of at least 5 years of experience in the imple-mentation of Environmental Management Plans;
7.
8. Copy of the valid permits of the consultant of the EIA and environ-mental Auditor issued by the environmental authority; the company must be provided;
9. -
10.
following URL: -
bique-Application
-ra-Mozambico
IMPORTANT:The submission must refer to the following commodity code: SS01AC02 - RISK ANALYSIS AND ENVIRONMENTAL IMPACT ASSESSMENT
-
“vehicle fuels”
from Eni Group and which already self-applied or applied in the past
if applicable, the required documentation can be sent to the following email address: eea.procurement@eni.com.
Subject to the submission of the application and to the compliance of all the above documentation, Companies interested in this Expression
Eni East Africa will evaluate the above requested documentation and,
in future tender processes regarding the referred activities.
and recent experience of supplying the above required services will be considered for potential tenders for the scope of service described above.
The purpose of the information and documents request is to start a
companies to provide details of their legal structure, management, experience, resources and overall capability to perform the service.
have the resources, management and all the capability to act as a
of quality, HSE, standards and program.
All responses are to be supported by such narrative, organization charts, resource charts and other information that the company con-siders necessary to substantiate the individual responses and provide
-ties and experiences.
This enquiry shall not be considered as an invitation to bid and there-fore it does not represent or constitute any promise, obligation or com-mitment of any kind on the part of Eni East Africa, to enter into any agreement or arrangement with you or with any company participating in this pre-enquiry.
Consequently, all data and information provided within the application shall not be considered as a commitment on the part of Eni East Africa to enter into any agreement or arrangement with the company, nor even shall entitle the company to claim any indemnity from Eni East Africa.
All data and information provided under this expression of interest will -
nicated to unauthorized persons or companies with the exception of Eni East Africa S.p.A.
The deadline for submission of Expression of Interest through our web-site is set for Maio 05th, 2017
In this regard, any costs incurred by the companies interested in the preparation of this Expression of Interest will be on the entire respon-sibility of the companies, which will not be entitled to any reimburse-ment by Eni East Africa S.p.A.
REQUEST FOR EXPRESSION OF INTERESTFOR MONITORING OF ENVIRONMENTAL MANAGEMENT PLAN IN THE RE-
PUBLIC OF MOZAMBIQUE
18 Savana 28-04-2017OPINIÃO
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CartoonEDITORIAL
Se há lição de França é
esta: acelera-se o co-
lapso das famílias po-
líticas tradicionais que
têm governado a União e os
seus principais Estados. Isso é
imparável.
Um suspiro de alívio atraves-
sou as chancelarias no domin-
go e houve governos europeus
que, mesmo antes de Hollande
o fazer, se precipitaram para
apelar ao voto em Macron. No
centro e até na esquerda ou-
vem-se vozes indignadas exi-
gindo essa mesma entroniza-
ção, castigando quem se atreva
a sugerir que se deve perceber
o risco para o vencer.
Tal precipitação partilha aliás
um consenso que convém a
ambos os candidatos da segun-
da volta das presidenciais fran-
cesas: como anunciam os car-
tazes de Le Pen, “Já não existe
esquerda e direita mas sim pa-
triotas ou globalistas”, e o mes-
mo repetem os macronistas da
primeira como da última hora.
É portanto neste terreno de bi-
polarização que ambos jogam.
É-lhes confortável fingir que
acabaram os programas e que
A França, cantando e rindo agora é tudo ou nada, ou o iso-
lamento ou o desvanecimento.
É um sinal do estado da políti-
ca francesa: “cantando e rindo,
levados, levados, sim”, resolve-
-se o problema? É mesmo pre-
ciso um “som tremendo” e um
“clamor sem fim” para que nin-
guém ouça nada.
Pergunto-me como podem
alguns intelectuais colaborar
nesta fraude, que é a verdadei-
ra alavanca de Le Pen. Pacheco
Pereira resumiu bem todo esse
paradoxo: “(a Europa) vai an-
dar feliz uma semana ou duas
e depois tudo começa na mes-
ma”. Ora, ficar tudo na mesma
é a garantia de dois erros fatais:
primeiro, perante a degradação
institucional, persistir na solu-
ção (entregar o poder soberano
a autoridades europeias) que
garante o desastre (os regimes
deixam de ser representativos);
segundo, baixar ainda mais o
nível dos protagonistas. De-
pois de Hollande é a vez de
um político postiço cuja qua-
lificação para ser Presidente é
ter ganho uns milhões em pi-
ratarias financeiras.
De resto, entendamo-nos: não
tem o leitor a sensação de déjà
vu? Hollande dera o golpe ga-
rantindo que com ele a Europa
se endireitaria, respeitaria as
pessoas e as nações, corrigiria
os tratados – e tudo em três
semanas. Macron dá um passo
mais: tudo se há-de resolver,
mas não me pergunte como,
basta um beatífico “referendo
europeu na segunda volta”.
Mas se há lição de França é
esta: acelera-se o colapso das
famílias políticas tradicionais
que têm governado a União
e os seus principais Estados.
Isso é imparável, não ocorre
por causa de inimigos exterio-
res, não é por Putin e Trump
apoiarem Le Pen, o que tem
forte significado mas escasso
impacto eleitoral, acontece por
causa dos inimigos internos.
Numa palavra, é o liberalismo
económico que corrói a con-
fiança. A continuar a forma de
ser da União, a desunião é o re-
sultado; a continuar a sua polí-
tica, Le Pen tem uma chance e
essa chance chama-se Macron,
ou tudo recomeçar na mesma
depois da festa.
*Colunista do Publico.pt
Dois acontecimentos esta semana são auto-explanatórios so-
bre como Moçambique terá muitas dificuldades para obter
progressos no índice mundial sobre a percepção da facili-
dade de fazer negócios no país.
São acontecimentos aparentemente marginais, mas que são de-
vidamente anotados por parte de quem possa eventualmente ter
algum interesse em colocar o seu dinheiro por estas margens do
Índico.
O primeiro incidente toca a própria agremiação que anualmente se
tem batido junto do governo para que este melhore o ambiente que
permita a plena realização de negócios em Moçambique. É que
o processo preparativo para as eleições para os órgãos directivos
desta mesma organização deixa tanto a desejar, que não se pode
conferir credibilidade à própria organização.
Se os empresários locais são vistos eles próprios como sendo um
bando de mafiosos, que garantias tem qualquer investidor estran-
geiro de que terá com eles uma relação justa nas suas transações?
Colocado de outra maneira, se os empresários locais se podem al-
drabar entre eles, qual é a garantia que tem o estrangeiro, de que
em caso de alguma disputa, o empresário local não irá comprar o
sistema de justiça local (ele próprio já visto com muita suspeita)
para tirar vantagens e lesar a contraparte estrangeira?
O segundo caso é um episódio que tem todas as facetas para o
manuscrito de um blockbuster fresquinho das entranhas de
Hollywood. Aconteceu na segunda-feira desta semana, quando
dois perigosos cadastrados, sob guarda da polícia, foram libertados
pelos seus próprios comparsas, ante a incapacidade dos seus acom-
panhantes de agir para impedir que os criminosos desaparecessem.
Criminosos há em todo o mundo. Mas poucos existem que de-
safiam o Estado com tamanho amadorismo e desprezo como o
fazem em Moçambique. E quando é assim, o sentimento de fragi-
lidade absoluta entre os cidadãos torna-se arrepiante.
Não deve haver dúvidas para ninguém, de que o incidente de se-
gunda-feira foi orquestrado pelos próprios agentes da polícia que
acompanhavam os dois criminosos. Ou para lhes dar o benefício da
dúvida, caso o plano não tenha sido urdido por eles, então podiam
estar a cumprir ordens dos seus superiores hierárquicos, longe de
se aperceberem de que estavam envolvidos numa missão criminosa.
De qualquer das formas, a conclusão a que se chega é que não é a
este tipo de polícia que qualquer país deve confiar a sua segurança.
Os dois episódios aqui vertidos interligam-se no sentido de que
um país não pode ter um bom ambiente na condução de negócios,
se por um lado os seus próprios empresários actuam com métodos
de um autêntico gangsterismo, e por outro, se o seu sistema de
segurança interna estiver mergulhado na corrupção a um nível tão
profundo que o Estado já não é mais capaz de isolar os crimino-
sos do resto da sociedade. Como alguém já fez notar, é altamente
improvável que uma viatura de escolta fique retida no meio do
trânsito, deixando o objecto da sua cobertura avançar sozinho.
A sujeira e os golpes baixos que estamos a testemunhar na cam-
panha para as eleições na CTA demonstram o quão inapta é
esta organização como representativa de interesses genuinamen-
te empresariais. É o gangsterismo ao mais alto nível, espelhando
provavelmente o carácter dos seus próprios membros. Nenhum
empresário sério poderá se rever numa organização de tão baixa
probidade.
A combinação da imagem de um sector empresarial despido de va-
lores éticos e de um sistema de segurança pública profundamente
comprometido com o crime são, para além de tantos outros, fac-
tores que concorrem para que este país continue a registar índices
de confiança extremamente baixos nos esforços para se tornar num
destino privilegiado de investimentos. Este é um país nas mãos da
máfia.
Moçambique: Um país nas mãos da máfia
É toda vossa, Chefe!
Por Francisco Louçã*
19Savana 28-04-2017 OPINIÃO
525
Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com“O oxigénio que respiramos
também é um ganho da paz”,
afirma António Luvualu de
Carvalho, embaixador-itine-
rante e membro do Comité Central
do MPLA, em declarações à Tele-
visão Pública de Angola (TPA).
Trata-se de uma declaração cujo
intuito é endeusar o presidente
– o arquitecto da paz – e colocar
o MPLA ao mesmo nível que o
conselho de apóstolos de Jesus
Cristo, ou seja, “intangível”, para
usar uma palavra muito cara a
Luvualu.
Nas redes sociais, as palavras de
Luvualu correm a uma velocidade
extraordinária. Nem mesmo João
Lourenço, cuja figura monopoliza
agora, diariamente, as atenções e
laudas da TPA, RNA e do Jornal
de Angola, consegue ter tanto
impacto quanto o ilustre acadé-
mico do MPLA.
O MPLA deve começar a reflec-
tir sobre os efeitos contraprodu-
centes de tantos anos a amorda-
çar os intelectuais, a censurar e a
pisotear a inteligência dos ango-
lanos que pensam de forma livre
e independente.
Temos, assim, uma comunicação
social do Estado que passou a ser
o repositório da estupidez da-
queles que, a coberto da sua mi-
litância nas mais altas esferas do
MPLA, transformaram o “falar à
toa” na ciência política do regime.
Quando o dirigente general Ben-
to Kangamba fala publicamente
sobre o trabalho do MPLA em
garantir-nos “energia potável”,
rimo-nos todos da ignorância
do homem e ficamos por aí. Mas
Bento Kangamba é uma figu-
ra extraordinária, é um lúmpen
bem-sucedido que entretém os
angolanos que troçam da sua pró-
pria tragédia.
Kangamba tem graça, Luvualu
não.
Luvualu é um Kangamba que fala
bem português, com mestrado
de universidade portuguesa. Não
passa pela cabeça do ilustre re-
presentante do MPLA que, sem
oxigénio, nem sequer teria havido
guerra. Estaríamos todos mortos.
Eventualmente, só o presidente
José Eduardo dos Santos teria
sobrevivido à falta de oxigénio no
seu papel de “Deus pagão”. Mas
o que é um deus sem seres para
criar e orientar? É nada.
Algo parece revelar que no seio do
MPLA começa mesmo a faltar
oxigénio suficiente para garantir
a sobrevivência de um regime tão
minado pela malandragem e as-
túcia. Já não conseguem prometer
nada, nem água, nem luz, e agora
querem chantagear-nos com o ar
que respiramos! Só pode.
*makaangola.org
A impulsividade de Trump
é um pesadelo, não ape-
nas porque faz com que
ele seja explorado por
aqueles que têm agendas inten-cionais, mas também porque Trump comanda muitos brinque-dos mortais. A última palavra, claramente, não foi ainda proferida sobre o ataque com armas químicas, em Khan Sheikhoun, na província síria de Idlib, a 4 de Abril, e que fez 85 mortos e, apontam as estimativas, 555 feridos. Mas três pontos – em relação à responsabilidade pelo ataque, à resposta militar norte--americana a esse mesmo ataque e o efeito que este episódio tem na guerra civil na Síria – têm de ser clarificados.Em primeiro lugar, todos os go-vernos mentem, não de uma for-ma congénita, mas quando lhes convêm e pensam que podem sair impunes. Esta tem de ser a premissa de qualquer esforço para esclarecer a verdade sobre o que aconteceu. Um bom ponto de partida é que os governos de-mocráticos mentem com menos frequência que os regimes auto-ritários, porque é menos provável que consigam sair impunes. As-
sim, é preferível a explicação do
presidente russo, Vladimir Putin,
à do presidente da Síria, Bashar
al-Assad, e é preferível a do pre-
sidente dos Estados Unidos, Do-
nald Trump, à de Putin.
De acordo com Assad, o massa-
cre foi “fabricado”. Por outro lado,
Putin admite que o massacre
aconteceu, mas alega que as ar-
mas químicas estavam no territó-
rio dos rebeldes e que estas armas
químicas foram libertadas ou de
forma deliberada, para desacre-
ditar o regime, ou de forma aci-
dental pelos bombardeamentos
do governo. Finalmente, a admi-
nistração Trump cita provas con-
clusivas que referem que o ata-
que foi planeado e levado a cabo
pelo governo de Assad. Os três
pedem um inquérito “objectivo”
às circunstâncias que envolvem
o “evento”, embora discordem
sobre o que pode ser tido como
“objectivo”.
Apesar das provas de Trump não
terem sido reveladas, creio que o
mais provável é ter existido um
ataque com gás sarin ordenado
pelo regime de Assad. Mas há
espaço para dúvidas. Assumindo
que Assad não é completamente
irracional, os ganhos militares,
relativamente pequenos, de gase-
ar alguns rebeldes (mas também
civis) seriam fortemente suplan-
tados pelo efeito provável na opi-
nião internacional, pelo embaraço
dos seus aliados russos, e pelo
perigo de provocar uma resposta
americana. Além disso, para justi-
ficar a invasão do Iraque em 2003,
os Estados Unidos (e o Reino
Unido) produziram igualmente
provas “conclusivas” que Saddam
Hussein tinha armas de destrui-
ção maciça, o que acabou por ser
falso. E a crescente “segurança do
Estado” aumentou a capacidade
dos governos democráticos para
saírem impunes com mentiras.
Em segundo lugar, Trump reve-
lou a sua instabilidade psicológi-
ca. O seu objectivo enquanto pre-
sidente, que constantemente tem
proclamado, é reparar a economia
norte-americana e não policiar o
mundo. Trump avisou repetida-
mente Obama para não entrar
numa guerra na Síria. Ainda as-
sim, foi precisamente o que fez ao
lançar 59 mísseis Tomahawk na
base aérea síria três dias depois do
massacre em Khan Sheikhoun.
Trump pode, de facto, ter tido um
espasmo de emoção quando viu
as imagens de morte e de crianças
a morrer na televisão, como tem
sido amplamente reportado; mas
as provas visuais dos métodos
sangrentos de Assad há muito
que estão disponíveis.
Quer a sua resposta tenha sido
emocional, ou nascida da frustra-
ção do falhanço das suas iniciati-
vas de política doméstica, ou de-
senhada para assustar a Coreia do
Norte, ou uma mistura das três,
enquadra-se no que o psicólogo
e prémio Nobel, Daniel Kahne-
man, identificou como sistema
1 de pensamento: a propensão
para responder impulsivamente
a problemas complexos quando é
necessária uma ponderação mais
cuidadosa (sistema 2 de pensa-
mento).
A impulsividade de Trump é
um pesadelo, não apenas porque
faz com que ele seja explorado
por aqueles que têm agendas in-
tencionais, mas também porque
Trump comanda muitos brinque-
dos mortais. A resposta de siste-
ma 1 de Trump ao ataque com
gás sarin contrasta com a reacção
deliberada em Outubro de 1962
do presidente John F. Kennedy, e
dos seus conselheiros, à decisão
de Nikita Khrushchev de colocar
mísseis nucleares em Cuba.
Em terceiro lugar, o que o secre-
tário de Estado dos EUA, Rex
Tillerson, disse em Moscovo -
que o “reinado da família Assad
está a chegar ao fim” – não faz
sentido. Dos 16 milhões de sírios
que continuam na Síria, 65,5%
vive em territórios controlados
pelo governo. A menos que Til-
lerson tenha em mente uma polí-
tica oculta para retirar Assad, por
assassinato ou por golpe de Esta-
do, insistir na sua saída como uma
condição para a solução política
para a Síria significa um pro-
longamento da guerra civil: mais
apoio em termos de armamento
para a oposição vai significar mais
apoio russo ao regime.
De qualquer maneira, a política
americana - se é que há uma - é
simplesmente uma política de
guerra, sem um limite temporal e
com consequências incalculáveis.
O Instituto Internacional de Es-
tudos Estratégicos, após o ataque
com os Tomahawk, referiu que:
“se aparentemente Trump está no
caminho para alcançar um equi-
líbrio político apropriado, a sua
impulsividade, ignorância em ter-
mos de assuntos internacionais,
natureza inconsequente, contra-
riedade natural e disposição ‘tran-
sacional’ provavelmente impedem
a consolidação de uma ‘doutrina
Trump’ distintiva”.
Uma política externa prudente
é completamente diferente de
uma resposta “proporcional” a um
evento específico porque envolve
saber que os fins se alcançam com
os meios escolhidos. Por outras
palavras, política externa exige
pensamento estratégico. Trump
não mostrou qualquer sinal disso.
De facto, a sua impulsividade po-
lítica arrisca-se a cavar um buraco
ainda mais profundo na Síria, no
qual os EUA, o Reino Unido e a
Rússia vão ficar presos.
Em 1903, um estudante da Uni-
versidade de Cambridge, John
Maynard Keynes, escreveu um
ensaio sobre o filósofo conser-
vador Edmund Burke, no qual
incluiu uma pérola de sabedoria
do seu próprio tempo. “Além do
risco que envolve qualquer mé-
todo violento de progresso”, ar-
gumentava Keynes “há ainda esta
consideração que frequentemente
precisa de ênfase: não é suficien-
te que os assuntos de Estado que
procuramos promover sejam me-
lhores do que os que o precede-
ram; têm de ser suficientemente
melhores para compensarem os
males da transição”.
*Membro da Câmara dos Lordes britânica, é professor emérito de
Economia Política na Universida-de de Warwick.
A política de guerra de Trump na Síria
Luvualu: o Oxigénio do Camarada PresidentePor Rafael Marques de Morais*
Não há melhor maneira para justificar a pobreza senão
dotá-la da irremediabilidade da natureza, fazer dela
não um dado social, mas natural. Por outras palavras: o
mundo é naturalmente feito de ricos e de pobres, sem-pre assim será. A naturalização da pobreza encontra na esmola
um reprodutor ideal, estimulado a vários níveis, religiosos e pro-
fanos. A pobreza surge como um estado tecnicamente tratável,
exterior às relações de produção.
Uma outra maneira de extrair a pobreza de relações sociais con-
siste em fazer dela um problema de preguiça. A conclusão, mui-
to prezada por certos extractos sociais, é a de que se as pessoas
forem enérgicas, se quiserem vencer, poderão deixar de ser po-
bres. A pobreza é, então, neste prisma, um problema psicológico
particular e é desta maneira que se passa a mensagem de que os
ricos trabalham e os pobres preguiçam.
Pobreza
Robert Skidelsky*
20 Savana 28-04-2017OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
Marchar, acompanhar os
discursos de ocasião, exi-
bir o boné ou a camiseta
da instituição, exibir car-
tazes de luta pacífica pelo bem-estar
do trabalhador e melhoria da quali-
dade de trabalho, acompanhar tudo
isso em gritos de lamentos, gritos que
não mudam no seu conteúdo e nem
na sua forma, …marchar para não
apanhar uma falta ou uma repreensão,
…marchar porque fica mal não estar
entre os coagidos. Enfim, marchar/
desfilar porque, simplesmente, é o 1º
de Maio. Pelo menos em Moçambi-
que, pelas características da marcha/
desfile, não há o perigo de os mani-
festantes serem surpreendidos com
uma forte chambocada ou um jato de
água, ninguém volta ao convívio fa-
miliar com hematomas ou a reclamar
o uso de força ou excesso de zelo por
parte dos homens da lei e ordem. O
1º de Maio é sempre caracterizado
Por melhores condições de trabalhopor uma marcha/desfile que não espelha
o profundo campo de reivindicação do
trabalhador, não sendo por isso um dos
picos mais altos, senão o mais alto, da
jornada de luta por melhores condições
salariais e de trabalho.
No último 1º de Maio, o de 2016, notou-
-se claramente que a equidistância entre
o Governo e a cúpula da organização dos
trabalhadores precisa de ser saudável. Ou
seja, esta última deve adequar-se às mu-
danças políticas que se operaram no país
após o Acordo Geral de Paz. Pode ser
que seja difícil ganhar alguma autono-
mia como organização que representa os
trabalhadores se considerarmos a história
da sua criação e, sobretudo, o suporte fi-
nanceiro. Uma génese que deve valer pelo
seu simbolismo. O lado saudável deve ser
entendido no sentido de a “Organização”
percorrer a razão sem comprometimen-
to com a “costela política”. É saudável
porque obriga a crescentes melhorias na
qualidade de governação. Quando o con-
luio é a regra, então, por inércia, prejudica
essa mesma qualidade. Neste sentido, a
teatralidade pró-governativa, parecendo
que não, gera um efeito contrário, ou seja,
não produz determinação nos governan-
tes. Adormece a proactividade deste ou
daquele governante porque a suposta luta
por melhores condições salariais e de tra-
balho “está sob controlo”. E, quem con-
trola? O grupo do camarada fulano e si-
crano. E os interesses dos trabalhadores?
Ah, esses já estão satisfeitos por estarem
fora das estatísticas referentes à popula-
ção de desempregados. O problema não
é o salário e muito menos as condições
de trabalho, mas sim a luta pela manu-
tenção dos seus postos de trabalho. Será?
Claro que é um pensamento à margem
da realidade vivida e defendida pelo tra-
balhador. A “Organização” pode, pro-
vavelmente, estar a jogar em função da
realidade política e económica do país.
A luta por uma clara autonomia que a
determine ou determinasse como mo-
vimento plenamente sindical pode
ou poderia custar alguma “agitação
nacional”. Alguma intensidade de
actuação (da “Organização”) tem
ou teria uma forte probabilidade de estabelecer novas relações de po-der, novas plataformas que flexibili-zassem o alcance dos objectivos do movimento sindical. Num primeiro momento pode perturbar a rotina, a zona de conforto governativo, mas em última instância poderá patro-cinar uma proactividade gerada pela meritocracia. A mudança é sempre um desafio de curto, médio ou lon-go prazos, e, muitas vezes, a mesma depende da percepção que se tem sobre a sua importância na vida das pessoas. Quando essa percepção é clara, as probabilidades de mudança de mentalidade tendem a ser rápidas
e os ganhos são visíveis. Continue-
mos a desfilar. Continuemos a lutar
por melhores salários e condições de
trabalho.
Vou-te contar uma pequena men-
tira envolta numa grande verda-
de. Em meados da década de 60,
andava eu pelos meus 20 anos de
idade, engatei o meu primeiro emprego.
Foi como aprendiz de encadernadora
numa empresa gráfica situada numa das
margens da Av. Angola, em Lourenço
Marques.
Nessa gráfica, a secção onde eu trabalhava
era sui generis por várias razões: uma delas
é que o pessoal que aí se encontrava era
exclusivamente do sexo feminino. Éramos
por aí umas 5 ou 7 mulheres. A excepção
era o chefe, que – como era óbvio para esse
tempo – era um homem. Por outro lado,
todas nós tínhamos em comum o facto de
termos sido forçadas a abandonar os estu-
dos antes mesmo de concluir a primária
ou quase a concluí-la, por razões várias, a
principal das quais era o facto de os nos-
sos pais não terem condições para conti-
nuarmos a estudar. Outro factor comum
era o facto de quase todas nós sermos des-
quitadas, depois de uma experiência curta
e quase sempre traumática de tentar uma
vida “decente” de esposas e mães.
Tudo isto, conjugado com o facto de au-
ferirmos um salário, nos dava uma certa
margem de independência e fazia com
que, mesmo sem ser de modo consciente,
nos sentíssemos um pouco com o direito
de exercer uma liberdade pessoal maior
do que era a norma. E isto podia manifes-
tar-se no facto de muitas de nós vivermos
em casas ou dependências arrendadas, so-
zinhas, e termos hábitos mais licenciosos
do que seria aceitável na altura.
Fosse porque razão fosse, ganhei muito
cedo a alcunha de Mapilissi. Penso que
este nome vem de uma corruptela da pa-
lavra “comprimidos”, em inglês, como me
disseram mais tarde. O que é facto é que
nas nossas aventuras – eu e as minhas co-
legas – eu era a mais atrevida e bem-su-
cedida. O ambiente que se vivia naquela
faixa da Av. Angola era favorável a isso.
Na verdade, todo aquele universo era um
formigueiro constante de operários e ope-
rárias, de vendedoras, de boémios aman-
tes de bom vinho, de homens de tasca e de
toda a sorte de seres humanos. Para dizer
como dizem os nordestinos, curto e gros-
so, ali tudo podia acontecer.
Tive muitas aventuras, tal como a maior
parte de nós, mas sem grandes desenvol-
vimentos, até que já a caminho dos 40
anos tive aquela que me ia valendo tudo
o resto, o que aliás aconteceu. Foi quando
me envolvi com o Enoque T. N., que era
na altura chefe da secção de empacota-
mento na Sabrina. Enquanto eu vivia so-
zinha e curtia a minha independência, o
Enoque era casado e já tinha 3 filhos na
fase da adolescência. Foi uma loucura! No
princípio contentava-se em passar uma
noite de sexta-feira na minha companhia,
regressando a casa a meio da manhã de
sábado para contar uma história qualquer
à mulher, que nunca me interessei em sa-
ber. A coisa pegou fogo quando ele, uns
meses depois desta relação sazonal, deci-
diu instalar-se na minha casa de armas e
bagagens.
Entrei em pânico, como devem imaginar.
Já me bastava a alcunha de Mapilissi, que
me foi dada porque eu “enfeitiçava os ho-
mens”, tal como as drogas o fazem, quan-
do mal aplicadas. Só me faltaria agora ser
acusada de ter destruído o lar de um ho-
mem, lar que estava solidamente constru-
ído. Não foi preciso, aliás, que eu me de-
cidisse muito, porque numa manhã destas
o quintal onde eu tinha a dependência
arrendada foi invadido por uma turba de
gente encabeçada pela Amélia, esposa do
Enoque. Estava acompanhada pelas tias,
pelos filhos e por alguns vizinhos. Ame-
açaram-me de morte se não deixasse o
Enoque definitivamente em paz.
Disse isso a ele, mais tarde, mas ele me
respondeu que, se assim era, preferia
abandonar de vez o lar para vir viver co-
migo. Eu disse que não, decididamente
não, mas perante a sua recusa tomei a mi-
nha resolução: nessa noite, enquanto ele
fazia tempo como habitualmente na tasca
do Rodrigues, uns metros mais adiante,
reguei a minha cama e a cabana com pe-
tróleo, tranquei a porta por dentro, deitei-
-me, fechei os olhos e pus fogo a tudo
aquilo. Imolei-me valente e deliberada-
mente no altar da paixão. Preferi isso a ter
de carregar aos ombros, pelo resto da vida,
a cruz de uma mulher que destruiu um lar.
P.S. Conseguiste descobrir onde está a men-tira?
Mapilissi
21Savana 28-04-2017 PUBLICIDADE
1. INTRODUÇÃO
O Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI, em parceria com o Observatório do Meio Rural (OMR) anunciam a realização de um cur-so avançado para a formação de jornalistas e editores nas áreas de economia e agricultura.
O curso facultará aos jornalistas e editores um maior conhecimento e capacidade de análise de assuntos económicos e agrários, o que lhes permitirá ter um
-nais, consequentemente, elevar a qualidade dos con-teúdos informativos dos respectivos órgãos de comu-nicação social.
2. ORGANIZAÇÃO DO CURSO
O curso está desenhado para um máximo de 25 parti-cipantes, e terá a duração de cerca de 180 horas.
O programa está estruturado em seis módulos. Cada módulo terá a duração de 30 horas, leccionadas com uma carga horária de 6 horas por semana (o que equi-vale a 2h/dia, três vezes por semana).
Cada módulo terá a duração de 5 semanas e mais uma
trabalhos, totalizando seis semanas por módulo. Des-te modo, o curso terá a duração de 9 meses.
Os módulos do curso são os seguintes:1. Noções de economia2. Desenvolvimento económico e rural.3. Governação e Acesso à Informação4. Políticas públicas.5. Agricultura.6. Seminários.
A disciplina “Seminários” será constituída de sessões de debate sobre temas a serem acordados no decurso da próxima formação, em serão tidas em conta suges-tões dos participantes.
conceitos, teorias e debates teóricos e práticos de for-
ma a existirem aulas participativas e de troca de ex--
rão convidados especialistas de diferentes áreas para apresentação de temas actuais e relevantes da reali-dade moçambicana. Estes temas serão seleccionados com contribuições dos formandos.
3. HORARIO E CRITERIOS DE ADMISSÃO
O curso funcionará em regime pós-laboral, entre as 17:30 horas e as 19:30 horas, conforme o horário esta-belecido.
Podem inscrever-se para frequentar o curso jornalis-tas moçambicanos em actividade em qualquer órgão de Comunicação social legalmente estabelecido em Moçambique. Os/as candidatos/as devem ter, no mí-
Os/as jornalistas interessadas devem submeter a sua candidatura, acompanhada dos seguintes documen-tos:
a) Carta de candidatura, indicando a sua motiva-ção para a frequência do curso;
b) Documento comprovando a sua vinculação a um órgão de informação nacional,
c) Fotocópia do Bilhete de Identidade ou de qual-
Sempre que possível, encoraja-se os/as candidatas a juntarem uma declaração do Editor, Director de Infor-mação ou Gestor da Empresa, abonando a sua candi-datura ao curso.
4. PERIODO DE SUBMMISSÃO DE CANDI-DATURAS
Os/as jornalistas interessadas devem submeter as suas candidaturas no período entre o dia 26 de Abril e 2 de Maio de 2017, através dos seguintes endereços:Endereço Físico:Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANIAv. Olof Palme, nº 940 -1º andar. MaputoEndereço electrónico: .info@sekelekani.org.mz
SEKELEKANI e OMR encorajam vivamente a partici-pação de mulheres jornalistas no curso.
CURSOS DE JORNALISMO NAS ÁREAS DE ECONOMIA E AGRICULTURA
22 Savana 28-04-2017DESPORTODESPORTO
Empatados na tabela classi-ficativa (13 pontos) e dis-tantes nos objectivos e nos investimentos, o Costa do
Sol e Maxaquene protagonizam, este fim-de-semana, o jogo mais importante da oitava jornada do campeonato nacional de futebol, Moçambola Zap-2017.
No derby das antigas, os “canari-
nhos” e “tricolores” sobem para o
relvado sintéctico da “Matchiki-
-Tchiki” com as mesmas aspirações,
que é a conquista dos três pontos.
Com quatro vitórias consecutivas,
após um arranque em falso, o “ca-
nário” parte endiabrado para o jogo,
apesar da derrota, no último fim-
-de-semana, em Lichinga, diante
da equipa local (UP de Lichinga)
por 1-0.
Nelson Santos, que desde a primei-
ra jornada reclama o décimo título
canarinho, considera a derrota do
último domingo como um acidente
de percurso e promete provar isso,
neste sábado, perante seu público.
Aliás, tendo em conta o nível de in-
vestimento e os últimos resultados
(quatro vitórias, em cinco jogos), o
Costa do Sol parte em vantagem,
porém, ciente das dificuldades que
terá pela frente.
O facto é que pela frente está uma
equipa jovem, comandada por An-
toninho Muchanga, que já roubou
pontos ao campeão nacional, Fer-
roviário da Beira, assim como ao
Ferroviário de Maputo.
Além disso, o Costa do Sol terá
pela frente o seu carrasco dos últi-
mos anos. O facto é que a equipa
de Nelson Santos não vence, para
o campeonato, os comandados de
Antoninho Muchanga há cinco
épocas, facto que motiva os pupilos
“tricolores”.
No último fim-de-semana, a equi-
pa “tricolor” arrancou a sua pri-
meira vitória caseira, ao derrotar a
Moçambola Zap
Por Abílio Maolela
ENH de Vilanculo por uma bola
a zero, numa partida em que, mais
uma vez, as duas equipas denota-
ram falta de maturidade.
Como sempre, o técnico do Maxa-
quene promete uma equipa aguer-
rida do primeiro ao último minuto,
tendo a vitória como sendo o seu
principal objectivo.
Songo em casa para re-gressar às vitóriasEnquanto isso, a União Desportiva
do Songo (UDS) recebe, domin-
go, a sensacional UP de Lichinga,
numa partida também aguardada
com maior expectativa.
A equipa de Chiquinho Conde
vem de uma derrota diante do Des-
portivo de Nacala, resultado que
lhe colocou lado-a-lado com a Liga
Desportiva de Maputo, enquanto a
equipa de Niassa vai surpreenden-
do o país, ao se colocar na sexta po-
sição, com 13 pontos.
Para além destas duas partidas, a
jornada nove reserva ainda a parti-
da entre os Ferroviários de Nampu-
la e de Maputo, separadas por dois
pontos, maior para os “locomotivas”
de Maputo que ocupam a terceira
posição com 14 pontos.
A Liga Desportiva de Maputo, que
na última jornada visitou e venceu
o Ferroviário da capital do país, em
pleno Estádio da Machava, recebe
o Chingale de Tete que continua
sem rumo, apesar do afastamen-
to de Mussá Osman, do comando
técnico.
Por sua vez, o campeão nacional,
Ferroviário da Beira, visita a cidade
de Quelimane, onde vai defrontar
o 1º de Maio local; enquanto o
Ferroviário de Nacala recebe a As-
sociação Desportiva de Macuácua,
que no último jogo impôs-se ao
Chibuto, ao empatar sem golos.
Aliás, o Clube de Chibuto recebe
o Desportivo de Nacala, enquanto
o Textáfrica de Chimoio recebe a
“Canários” e “Tricolores” numa disputa de posições... ENH de Vilankulo.
Referir que o Moçambola é lide-
rado pela Liga Desportiva de Ma-
puto com 16 pontos, os mesmos
da União Desportiva do Songo.
Enquanto a Associação Desportiva
de Macuácua é o lanterna vermelha,
com quatro pontos e sem nenhuma
vitória.
23Savana 28-04-2017 DESPORTODESPORTO
Já são conhecidos os adver-sários do Ferroviário da Beira, na fase de grupo da Liga dos Campeões Africa-
nos, em futebol, edição 2017.
Em sorteio realizado, esta quarta-
-feira, no Cairo, capital do Egipto,
a Confederação Africana de Fu-
tebol (CAF) colocou o campeão
nacional no grupo A, ao lado dos
tunisinos do Étoile Sportive du
Sahel e dos sudaneses do Al-Hilal
Club e do Al-Merrikh Sporting
Club.
O combinado nacional estreia-se
na fase de grupo da maior compe-
tição africana de futebol, ao nível
de clubes, a 12 de Maio próximo,
frente ao Étoile Sportive du Sahel,
na capital tunisina.
Os “locomotivas” da Beira rece-
bem, jornada seguinte, no caldei-
rão, o Al-Hilal, terminando a pri-
meira volta frente ao Al-Merrikh.
No grupo, onde fazem parte duas
equipas sudanesas, o favoritismo
vai para a equipa tunisina. O Étoi-
le Sportive du Sahel, nove vezes
campeão nacional, é um cliente
assíduo das competições africanas,
tendo já conquistado uma Liga
dos Campeões (2007), duas Taças
CAF (2006 e 2015) e duas Super-
taças Africanas (1998 e 2008).
Ferroviário da Beira com Étoile Sahel, da Tunísia, no Grupo A da Liga dos Campeões Africanos
A difícil tarefa moçambicana num grupo sudanêsequipas, em particular do combi-
nado tunisino, o treinador “loco-
motiva” afirma que a sua equipa
vai a cada jogo com o objectivo de
mostrar o seu poderio e melhorar
a sua qualidade.
“A preparação vem sendo feita há
muito tempo, porém, agora será
na base de equipas concretas. O
Étoile é um gigante africano, mas
acreditamos que podemos fazer
melhor”, diz aquele técnico, ques-
tionado sobre os passos a seguir
até à primeira jornada.
“O Ferroviário pode so-nhar”, Fernando DiasO Presidente da Associação
Provincial de Futebol de Sofala
(APFS), Fernando Dias, reconhe-
ce o poderio dos adversários do
Ferroviário da Beira, mas acredita
na passagem do campeão nacional
à fase eliminar.
Apesar de estranhar a presença de
duas equipas sudanesas no mesmo
grupo, Dias considera isso como
uma vantagem porque “as duas
equipas vão lutar por um lugar na
fase seguinte, pois, a equipa tuni-
sina é favorita”.
“Mas, pode ser uma desvantagem,
pois, em caso de aperto, podem
unir-se numa única frente”, consi-
dera a fonte, sublinhando a neces-
Aliás, em 2007, a equipa tunisi-
na ocupou a quarta posição, no
campeonato do mundo de clubes,
competição ganha pelo AC Milan,
da Itália, batendo Boca Juniores,
da Argentina por 4-2.
Para além dos tunisinos, o Ferro-
viário da Beira terá de contrariar
o poderio dos sudaneses, também
clientes desta fase das provas afri-
canas.
O primeiro chama-se Al-Hilal
Club, o maior clube daquele país
africano, com 28 campeonatos na-
cionais e nove taças, tornando-se
no principal rival do Al-Merrikh,
o segundo maior clube, com 19
títulos nacionais e 24 taças nacio-
nais e uma Taça das Confedera-
ções (1989).
“Não queremos ser partici-pantes”, Aleixo FumoContactado pelo SAVANA para
reagir ao sorteio, na noite desta
quarta-feira, o treinador do Fer-
roviário da Beira, Aleixo Fumo,
disse que a sua equipa não vai à
competição para ser participante,
mas para competir.
“Não queremos ser participantes.
Era nossa ambição estar na fase
de grupos e agora faremos o nosso
melhor para representar, condig-
namente, o nosso clube e país”,
disse Fumo.
Reconhecendo o poderio das três
sidade dos “locomotivas” trabalha-
rem de forma profissional.
“Precisamos procurar, desde já,
toda a informação relativa a estas
equipas. Temos de procurar vídeos
destas equipas para não jogarmos
no escuro e nem sermos surpreen-
didos”, destaca.
O presidente da APFS afirma
que o entusiasmo que se vive na
sua cidade merecia desaguar num
palco como o Estádio Nacional
do Zimpeto, pois, o “caldeirão” do
Chiveve mostra-se pequeno para
acolher “tanta gente”.
Outros gruposRefira-se que, para além do gru-
po do Ferroviário da Beira, o sor-
teio da CAF definiu o seguinte
parcelamento: Group B (Zama-
lek Sports Club, Egipto; Union
Sportive Médina d’Alger, Argélia;
Alahly Sports Club, Líbia; Caps
United, Zimbabwe); Group C
(Mamelodi Sundowns, África do
Sul; Espérance Sportive de Tu-
nis, Tunísia; AS Vita (Association
Sportive Vita Club), RDC; Saint
George Sports Club, Etiópia);
Group D (Al Ahly Sporting Club,
Egipto; Wydad Athletic Club,
Marrocos; Coton Sport Football
Club de Garoua, Camarões; Za-
naco, Zâmbia).Ferroviário da Beira com missão difícil, num grupo dominado por equipas
sudanesas
24 Savana 28-04-2017CULTURA
A Fundação Fernando Lei-te Couto e a Trassus Mo-biliário lançaram, no dia 20 de Abril, o Prémio Li-
terário Fernando Leite Couto, que
anualmente revelará, alternando
a poesia e a prosa, um novo nome
para a literatura.
Para a estreia do Prémio foi esco-
lhida a poesia, género de eleição de
Fernando Leite Couto, patrono da
Fundação e homem que em vida se
dedicou ao jornalismo e à literatura.
Este intelectual e homem de cultu-
ra falecido em 2013 foi mentor de
muitos autores consagrados e novos
para o mundo literário nacional, so-
bretudo através da Ndjira, editora
que fundou e dirigiu.
O Prémio Literário Fernando Lei-
te Couto pretende ser uma janela
e um novo alento para que mais
Prémio Literário Fernando Leite Coutoautores, sobretudo jovens, despon-
tem para a literatura moçambicana.
Está destinado para autores sem
nenhum ou com apenas um livro
publicado no período de dois anos
até ao mês do anúncio do vencedor,
que nesta primeira edição será Se-
tembro.
Ao vencedor será atribuído um va-
lor pecuniário de 150 mil meticais,
ganhando ainda o direito de ver
o seu livro editado pela Fundação
Fernando Leite Couto.
Fernando Leite Couto foi poeta,
jornalista e editor que muito contri-
buiu para o crescimento da literatu-
ra moçambicana, dedicando grande
parte da sua vida ao apoio a vários
autores. Esta sua contribuição pos-
sibilitou que o sonho de dezenas de
autores moçambicanos se realizasse
e as respectivas obras nascessem,
ampliando, assim, o horizonte dos
antologias poéticas e tradutor de
poesia. Na década dos anos 1980,
foi director da Escola de Jornalis-
mo em Maputo. Nos últimos anos
da sua vida, assumiu a direcção da
editora Ndjira, a seu tempo a maior
janela de publicação de livros lite-
rários em Moçambique. Fernando
Leite Couto faleceu em Maputo
em 2013 aos 89 anos.
A Fundação é um espaço de cultura
inaugurado na cidade de Maputo
em 2015 pela família de Fernando
Leite Couto, que desta forma pre-
tende continuar o seu legado. De-
dica-se à promoção da literatura e
das artes, concebendo e organizan-
do, todas as semanas, eventos que
vão dos encontros literários, acções
de formação e edição de livros a
apresentações de música, teatro, ex-
posições de artes e outras manifes-
tações artístico-culturais. A.S
A MPDC (Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Mapu-to) promoveu, nesta
quarta-feira, 26 de Abril, um
espectáculo nunca antes visto
em Moçambique denomina-
do “Classic Feminissimo!”, no
Gloria Hotel, em Maputo. “A
MPDC orgulha-se pelo traba-
lho e valor que as mulheres, cada
vez em maior número, agregam
ao nosso porto. Achamos que
este concerto é uma forma de
homenageá-las, para além de
outras acções que foram levadas
a cabo durante o mês de Abril”,
afirmou o Director-Executivo
Osório Lucas.
O concerto foi um verdadeiro
hino à Mulher Moçambicana e
juntou, no mesmo palco, todos
os nomes femininos da música
clássica moçambicana, inclu-
sive solistas na diáspora, Stella
Mendonça (soprano), Sónia
Mocumbi (alto), Mariana Car-
rilho (mezzo-soprano), Kika
Materrula (oboé) e Linda Pau-
lino (contrabaixo). “Este concerto
junta mulheres para celebrar o mês
da mulher, para mostrar que a mu-
lher é muito forte e que precisa de
ser valorizada. Estamos a mostrar
que a mulher pode realizar coisas
no mundo. Portanto, é um con-
certo que juntou mulheres que fa-
zem música erudita”, explica Stella
Mendonça.
A estas, juntaram-se ainda nomes
sonantes da música clássica cubana
- Alena Bravo (piano), Ekaterina
James (violino) e Deyanira Silva
(saxofone), e ainda a pianista sul-
-africana Susan Swanepoel. O es-
pectáculo foi ainda poeticamente
narrado pela escritora Sónia Sultu-
ane. “Procuramos trazer figuras que
têm muita relevância naquilo que é
música erudita. Juntamos mulheres
com quem temos trabalhado há
bastante tempo. O concerto serve
para mostrar que a música erudi-
ta pode ser consumida em todo o
mundo, não tem fronteira e quando
é protagonizada por mulheres traz
outra beleza. É agradável fazer esse
tipo de eventos e serem apresenta-
dos no nosso país”, referiu Sónia
Mocumbi.
O espectáculo não foi apresen-
tado ao público, mas apenas por
convite e contou com cerca de 400 convidados, entre distin-tas figuras das esferas social, política e empresarial moçam-bicanas. “Esperamos ter mais oportunidades para apresentar este tipo de projectos na so-ciedade moçambicana, para quebrarmos o tabú de que a música erudita não tem espaço nos países do terceiro mundo. Como disse anteriormente, a música não tem fronteiras. O que é preciso é mostrar que ela precisa de alguns condimentos para ser apresentada e ser agra-dável ao público. Uma excelente apresentação, ensaios, estudos científicos e outros aspectos da música erudita participam para uma excelente apresentação. Precisamos mostrar os jovens que engrenam nesta área musi-
cal que precisam de ferramentas
para que os seus trabalhos sejam
apresentados de uma melhor
forma”, finaliza Mendonça.
A.S
“Classic Feminissimo!”, hino a mulher
Mia Couto falando do concurso
O conceituado saxofonista moçambicano, radicado na Noruega, Ivan Mazuze, é o convidado da noite de celebração do Dia In-ternacional do Jazz que se assinala a 30 de Abril.
O músico vai apresentar um concerto na cidade de Fano, Itália. O concerto
terá lugar no Teatro della Fortuna às 18h30. Nestas celebrações do dia do
Jazz, Moçambique será muito bem representado pelo incontornável Ivan
Mazuze, mas também por Isidro Novela (baixo), moçambicano radicado
na Dinamarca. A estas duas figuras da música moçambicana, juntam-se
igualmente Bjørn Vidar Solli da Noruega (guitarra) e Raciel Torres, cubano
radicado na Noruega.
Este quarteto, com raízes diferentes, une os seus instrumentos produzindo
uma única sonoridade rica e incontestável para quem navega nas ondas do
Jazz.
O concerto é organizado pela Fano Jazz Network da Itália com apoio da
Unesco Itália, Jazz Forum Norueguês, Music Norway, Embaixada da No-
ruega em Roma e União dos Músicos da Noruega.
Mazuze tem estado envolvido nas actividades das celebrações do dia inter-
nacional do Jazz desde 2013. Nesse mesmo ano, foi indicado como director
artístico junto com a saxofonista norueguesa Frøy Aagre, Steve Wilson sa-
xofonista norte-americano e o director académico do Manhattan Music of
School, Justin Diciocio.
Mazuze teve um papel de destaque na iniciação das celebrações do dia
internacional de Jazz, em 2015, em Moçambique, junto com a organização
cultural Moçambicana Phiane, tendo sido a sua primeira edição em 2015.
O Dia Internacional do Jazz reúne comunidades, escolas, artistas, historia-
dores, acadêmicos e entusiastas do jazz de todo o mundo para celebrar e
aprender sobre o jazz, suas raízes, futuro e impacto.
Todos os anos, a 30 de Abril, o jazz é reconhecido por promover a paz, o
diálogo entre as culturas, a diversidade e o respeito pelos direitos humanos
e à dignidade humana, reforçando o papel da juventude na implementação
de mudanças sociais. A.S
produtores da literatura.
Também escreveu, tendo publi-
cado nove livros, maior parte dos
quais como poesia. Mas a sua obra
inclui também ensaios e crónicas
jornalísticas. Foi coordenador de
Ivan Mazuze celebra o jazz na Itália
Do
bra
po
r aq
ui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1216 DE ABRIL DE 2017
Best Seller da semanaRECOLONIZAR ÁFRICA:
AS NOVAS UTOPIAS
Uma obra escrita a 4 mãos brevemente nas livrarias... Por falar em recolonização...
SUPLEMENTO2 3Savana 28-04-2017Savana 28-04-2017
27Savana 28-04-2017 OPINIÃO
Abdul Sulemane (Texto)
Naíta Ussene (Fotos)
“Esta é a minha geração, a geração da Charrua, a geração que recusou, por
princípio, alinhar no espírito cortesão então em voga. Estas cartas a ela per-
tencem.
Mas há outra geração a que pertenço, a chamada geração 8 de Março,
aquela a quem recaiu o famoso discurso de 8 de Março de 1977, do então
Presidente da República, Samora Moíses Machel. É a geração do Francisco Esaú
Cossa, a geração dos funcionários zelosos, cumpridores das orientações centrais. É
a geração que não ousou questionar, mas que cumpriu sempre. E hoje, essa geração,
a caminho dos sessenta anos, anda, aos fins-de-semana, atrás de blocos e cimento
e pedra, tentando construir a casa do tal homem novo. A eles também dedico estas
cartas de Inhaminga. E aos outros, nossos filhos e netos, espero que não façam do
espírito de adulação, o tal espírito cortesão, o seu modo de estar. Nós precisamos de
autonomizar os discursos. Queremos que o discurso literário, científico, desportivo,
económico, informático, jornalístico, e todos outros discursos possíveis, não sejam
contaminados pelo discurso político. Que todos os discursos tenham o seu lugar de
honra na grelha de partida. Que haja pluralidade. Que haja democracia”.
Estas foram algumas das palavras ditas pelo escritor Ungulani Ba Ka Khosa, aquan-
do do lançamento do seu mais recente livro, intitulado Cartas de Inhaminga.
No seu discurso, Ungulani Ba Ka khosa disse ainda: “estas cartas, caros presentes,
podem resumir-se a uma ou duas frases: O direito de pensar diferente. O direito de
dissentir. O medo de desafiar a doutrina oficial, o discurso do dia.
Nas imagens, vemos uma geração de moçambicanos que de alguma forma concord-
am com os dizeres de Ungulani. Chegou o momento de contar as coisas sem medo.
Reparem nesta primeira imagem onde aparece o Primeiro-ministro da Saúde de
Moçambique pós-independência, Hélder Martins, a conversar com o médico, escri-
tor, Filipe Matusse, é bem visível o nível de concordância no que falam.
Na segunda imagem, também temos o mesmo cenário de consentimento. As pes-
soas parecem concordar que é momento de abandonar o silêncio perante a realidade
que nos rodeia. Vejam como os dizeres da Directora do Museu Nacional de Arte,
Julieta Massimbe, deixam o antigo Ministro da Cultura, Armando Artur. Como se
estivesse a dizer que as questões culturais do nosso país estariam melhor se tives-
sem sido tratados de forma diferente durante esses 40 anos de independência. Que
independência?
O olhar também tem a sua linguagem nesta questão de conformidade. É uma das
formas para evitar as palavras. Concordar via telepatia é outra virtude. Talvez é
o que acontece na troca de olhares entre o Presidente do Conselho Superior de
Comunicação Social, Tomás Viera Mário e o Director da Escola Internacional de
Maputo, diplomata e escritor, Florentino Dique.
Nem todos os momentos são de ambiente de concordância. Às vezes, o caminho
da conformidade pode ser longo. Por várias razões. Muitas vezes, as justificações
têm sido um dos principais elementos que nos dificultam chegar à consonância.
Deduzimos que seja o que está a acontecer na conversa entre o Director do Instituto
Nacional de Cinema, Djalma Lourenço e o Jorge Oliveira, da AEMO.
Deixamos para o fim um cenário de plena uniformidade. É agradável ver um jovem
saxofonista a estar no mesmo momento com uma das suas referências. Referimo-
nos ao saxofonista Moreira Chonguiça que juntou o seu professor de música, Or-
lando da Conceição, no centro, e o saxofonista, Manu Dibango, na apresentação
do seu novo disco. Não são todos que têm estes privilégios. Com muito trabalho é
possível.
A verdade chegou
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz o 1216
Diz-se... Diz-se
Naíta Ussene
O Ministro da Economia e Fi-nanças, Adriano Maleiane, está a negociar com o Banco Nacional de Desenvolvimen-
to Económico e Social (BNDES),
uma instituição financeira estatal do
Brasil, a restruturação do empréstimo
de 125 milhões de dólares que a mes-
ma concedeu para a construção do
Aeroporto Internacional de Nacala,
noticia o sítio de notícias Zitamar.
-
e Finanças moçambicano, disse o
administrador-financeiro da empresa
Aeroportos de Moçambique, Artur
Magalhães, citado pela Zitamar.
a notícia, pretende o alargamento do
remoção da obrigação de depósito de
mais de 15 milhões de dólares para o
pagamento do encargo.
honrar esse compromisso financeiro.
-
-
para pagar parte dos 300 milhões de
-
brecht para a construção do Aeropor-
-
lares de bancos moçambicanos, para a
mesma empreitada.
tendo um índice de procura bastante
aquém da sua capacidade.
-
-
Tal como o SAVANA
-
A Zitamar assinala que o Brasil é
negociada num quadro multilateral e
não bilateral.
empréstimo de 80 milhões de dólares
em Abril de 2011 para a construção
-
dard Bank tinha disponibilizado 10
2010.
construir o aeroporto, que dista cer-
ca de 200 quilómetros do Aeroporto
-
-
lhões de dólares.
recursos, contraindo um empréstimo
-
de dólares para a reabilitação do Ae-
26 milhões de dólares para o mesmo
propósito, em 2016.
-
na, emprestou 23,3 milhões de dólares
-
nal de Maputo.
As negociações entre o Ministério da
-
mais de dois biliões de dólares de dí-
A Zitamar entende que o incumpri-
moçambicanos estão neste momento
-
que uma sociedade que não controla os seus bandidos, acaba por ser
controlada por eles.
-
bayfour-bayfour.
crime de raptos...
-
a serem paridos...
-
-
-
-
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nhias aéreas que pretendam operar em algumas rotas domésticas
e internacionais a partir dos aeroportos moçambicanos. A questão
dormir.
-
-
apresenta Moçambique como o país mais limpo na utilização de
energia, numa lista onde se destacam também as boas classificações
-
Em voz baixa
-
parece ter sido a mais sacrificada neste processo, mas como dizia um
Aeroporto Internacional de Nacala
Moçambique negoceia restruturação da dívida com Brasil
Savana 28-04-2016EVENTOS
1
o 1216
EVENTOS
O Banco Comercial e de
Investimentos (BCI) e o
Centro de Aprendizagem e
Capacitação da Sociedade
Civil (CESC) assinaram, nesta se-
gunda-feira, em Maputo, um proto-
colo financeiro e de cooperação que
estabelece relações mutuamente
Apoio à sociedade civil
Banco particularmente focado com
as causas mais relevantes do de-
senvolvimento económico e social
sustentado de Moçambique e dos
moçambicanos”.
Manuel Soares indicou ainda: “o
compromisso do BCI com o de-
senvolvimento de Moçambique
está patente na actividade que de-
senvolvemos no País. Hoje, conta-
mos com uma Rede Comercial de
196 unidades de negócio, a maior
do País. O apoio multifacetado
que prestamos a instituições e or-ganismos, públicos e privados, nos mais diversos sectores da vida do país, através de Protocolos com Universidades moçambicanas, com Associações e Confederações Profissionais e com organismos da Cultura e do Desporto, são disso alguns exemplos”.Por seu turno, a directora executiva do CESC, Paula Monjane, apre-sentou a entidade que dirige como uma organização que promove a cidadania, mobiliza as comunida-des para que elas tomem consci-ência da importância de participar no seu próprio desenvolvimento, e fortalece capacidades de grupos organizados de cidadãos que quei-ram também agir nas áreas de de-senvolvimento, governação, saúde e educação. Em relação ao acordo firmado, Monjane considerou “o facto de o BCI ter aberto a possibilidade des-ta parceria é para nós extremamen-te importante. Vemos vantagens importantes neste acordo, para a organização e para os colaborado-res”. Enumerou como vantagens, o acesso a serviços prestados pelo BCI, quer em termos de atendi-mento, quer em termos de finan-
ciamento. “Para nós, é uma honra
esta parceria, particularmente na
viabilização das nossas actividades
e nas intervenções que pensamos
que contribuem para o desenvolvi-
mento do nosso país”, rematou.
(E.C.)
vantajosas. O protocolo irá propor-
cionar ao CESC e seus colaborado-
res, em todo o país, acesso a uma
vasta gama de serviços e produtos
em condições competitivas.
Falando na ocasião, o Adminis-
trador do BCI, Manuel Soares,
afirmou: “no actual contexto de
Moçambique, o fortalecimento de
instituições que reforcem a cidada-
nia constitui um desafio extraordi-
nariamente complexo, exigindo, por
isso, uma mobilização conjugada de
esforços, por parte dos principais
actores da sociedade moçambica-
na, daí o nosso envolvimento como
A Embaixada dos Emirados Árabes Unidos (EAU) visitou, na última
quinta-feira, em Maputo, ao Hospital Geral de Mavalane, com objec-
tivo de fazer a entrega de um donativo. Trata-se da terceira instituição
beneficiada no âmbito do projecto responsabilidade social levado a
cabo mensalmente pela EAU. Neste projecto, a embaixada escolhe um tópico
para cada ano com vista a apoiar instituições de cariz social nos países onde está
acreditada. Para este ano, o lema escolhido é o “Year of Giving” (Ano de Doar
ou de Dar), que pretende fazer ofertas a várias instituições do país uma vez por
mês em todo o ano.
No âmbito desta iniciativa, o hospital recebeu cerca de 50 cestas para mães
recém internadas, compostas por uma banheira, uma mantinha, capulana, sa-
bonetes, biberões, pó, entres outros produtos destinados à maternidade daquela
unidade sanitária.
Na ocasião, o Embaixador da EAU, Asam Al Rahmah, disse que este apoio a
maternidade, representava uma iniciativa humanitária do povo dos EAU para
com o povo Moçambicano amigo.
Savana 28-04-2017EVENTOS2
Termina nesta sexta-feira, 28 de Abril, a Feira do Livro e da Cultura promovida pela Universidade Politécnica,
uma iniciativa, que teve início na
última terça-feira e que tem ocor-
rido no pátio da Biblioteca Central
desta instituição privada de ensino
superior, na cidade de Maputo.
A cerimónia de abertura do even-
to foi presidida pelo vice-reitor da
Universidade Politécnica, o Pro-
fessor Catedrático Armando Jorge
Lopes, que na ocasião referiu que
a Feira do Livro e da Cultura é um
evento organizado anualmente
pela universidade, inserido nas ce-
lebrações do Dia Mundial do Li-
vro e do Direito do Autor, efemé-
ride que se assinala a 23 de Abril.
Sobre as expectativas em torno da
feira, Armando Jorge Lopes avan-
çou que “nesta edição temos mais
editores a expor, temos mais obras
e, como podemos ver neste pri-
meiro dia, há muita gente interes-
sada em participar neste evento”.
“Esperamos que isto se reflicta no
futuro, no que diz respeito à leitura
e à escrita. Portanto, a nossa expec-
tativa é muito grande”, acrescentou.
Ainda na sua intervenção, o vice-
-reitor deixou garantias de que a
Universidade Politécnica continua-
rá empenhada no apoio à literatura
moçambicana, sobretudo no incen-
tivo à leitura e à escrita. Durante a
cerimónia de abertura desta feira,
foi também anunciado o vencedor
do prémio literário Maria Odete
de Jesus, referente à edição do ano
2016. Trata-se de Pedro Pereira
Lopes, com a obra infanto-juvenil
intitulada “O Comboio que andava
de Chinelos”, tendo recebido um
cheque no valor de 60 mil meticais,
com direito à publicação da sua
obra e dos outros dois concorrentes
aos quais coube uma menção hon-
rosa.
Paralelamente à Feira do Livro e da
Cultura, a Universidade Politécnica
organizou o Dia Aberto na Esco-
la Superior de Gestão, Ciências e
Tecnologias-ESGCT, uma uni-
dade orgânica daquela instituição
privada de ensino superior. Trata-
-se de um evento durante o qual
a ESGCT recebe estudantes de
várias escolas pré-universitárias da
cidade de Maputo, com o objecti-
vo de dar a conhecer os cursos e as
respectivas disciplinas por si minis-
tradas, bem como as vantagens de
cada uma na formação do homem.
No decurso da Feira do Livro e da
Cultura, a Universidade Politécnica
levou ainda a cabo outras activida-
des paralelas, tais como interacção
entre escritores e os alunos da Es-
cola Secundária das Acácias e da
ESGCT. Houve, ainda, uma pa-
lestra sobre cultura, para além da
exibição de danças tradicionais e
doação de sangue.
Entretanto, o reitor da Universida-
de Politécnica, Professor Doutor
Lourenço do Rosário, empossou
ainda dois novos quadros desta ins-
tituição de ensino superior. Com
efeito, Girlane da Silva passou a
chefiar o recém-criado Departa-
mento de Organização e Méto-
dos, da plataforma de interligação
entre a Fundação Universitária
para o Desenvolvimento da Edu-
cação-FUNDE e a Universidade
Politécnica, para além de Marisa
da Costa Trindade que passou a
assumir o cargo de coordenado-
ra do Centro de Estudos de Pós-
-Graduação e Pesquisa Aplicada da
Escola Superior de Altos Estudos e
Negócios-ESAEN.
Na ocasião, Lourenço do Rosário
justificou estas nomeações com o
facto de a Universidade Politécni-
ca encontrar-se, actualmente, num
processo paulatino de mudança.
Conforme explicou, “quer do ponto
de vista de recursos humanos, quer
de recursos materiais e financeiros,
temos de pensar em tudo. Como
Grupo A Politécnica, temos de
pensar sobre de que forma faremos
a articulação entre os diversos sec-
tores deste mesmo grupo”.
“O mais importante é as pessoas
deixarem de pensar que a nossa ac-
tividade se esgota na universidade.
Nós somos um grupo e temos de
pensar como um grupo, sendo nes-
sa perspectiva que estas mudanças
estão a ser feitas”, disse Lourenço
do Rosário.
Sudecar Novela, estudante da escola secundária da Es-cola Secundária Francisco Manyanga e filho de Sudecar
Novela, presidente da Associação dos Pequenos Importadores de Mo-çambique (Mukhero), venceu, na úl-tima sexta-feira, a 15ª edição do Pré-mio Eloquência Camões. Esta é uma iniciativa levada a cabo pelo Centro Cultural Português, que pretende motivar os estudantes para a impor-tância da oralidade em português no
mercado de trabalho, em áreas tão variadas como a comunicação social, a docência, as relações públicas, a publicidade, o teatro, o cinema, entre outras.
Em segundo lugar ficou Jéssica Ma-
cuácua, da Escola Secundária de Ma-
lhazine e em terceiro Aldevina dos
Anjos Zimba, da Escola Secundária
Laulane. Os alunos vencedores, os
professores e as escolas participantes
receberam conjuntos de livros ofere-
cidos pela Plural Editores, bem como
os respectivos certificados de partici-
pação. Os três primeiros classificados
receberam ainda prémios pecuniários
atribuídos pelo Camões – Centro
Cultural Português em Maputo para
aquisição de material escolar. Os 13
finalistas apresentaram os seus traba-
lhos publicamente e foram avaliados
pelo júri, constituído pelo escritor
Ungulani Ba Ka Khosa, pela actriz
Ana Magaia e pela docente universi-
tária Carla Maciel.
Savana 28-04-2016EVENTOS
3
A Água da Namaacha, uma marca propriedade Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), e o
músico Wazimbo anunciaram, re-
centemente, um acordo de parceria
entre ambos. O acordo visa o de-
senvolvimento de vários projectos
conjuntos para um futuro próximo.
No que concerne a projectos, Wa-
zimbo salientou a criação de algu-
mas canções especialmente dedica-
das às crianças que pretende lançar
brevemente, bem como as inúmeras
actuações que estão agendadas para
terem lugar um pouco por todo o
país.
Por sua vez, a representante do de-
partamento de marketing da Água
da Namaacha, Manuela Magaia,
referiu que o trabalho a ser desen-
volvido por Wazimbo e pela So-
ciedade de Águas de Moçambique
(SAM) visa uma difusão transver-
sal de uma mensagem carregada de
valor simbólico, fundamental para
cimentar valores na construção da
grande nação moçambicana, para
que o futuro seja sorridente e prós-
pero.
O Barclays Bank Moçambi-que e a revista EXAME promoveram, na passada sexta-feira, uma confe-
rência sob o tema “Parceiros Eco-nómicos de Moçambique/China”. O evento, que decorreu em Ma-puto, contou com a presença de empresários de diferentes secto-res, gestores de empresas públicas e privadas, para além do próprio Embaixador da China, Su Jian, e de Belmiro José Malate, Director do MINEC, para Ásia e Oceânia. Este evento teve como principal
objectivo dar a conhecer as reais
oportunidades de investimento en-
tre nos dois países.
Falando na ocasião, Rui Barros,
Administrador-delegado do Bar-
clays Bank Moçambique, afirmou
durante o evento: “é com muito or-
gulho que o Banco se associa à re-
vista Exame para este debate sobre
o investimento e as relações econó-
micas entre Moçambique e China,
um dos blocos mais importantes
para o país em termos comerciais e
a qual decidimos dedicar uma das
edições do Ciclo de Conferências
Barclays e Exame: Parceiros Eco-
nómicos de Moçambique”.
Por sua vez, Su Jian referiu que,
desde a independência nacional de
Moçambique, a relação entre estes
dois países tem-se desenvolvido
firme e estavelmente. Pode-se dizer
que, nos primeiros 20 anos das re-
lações entre ambos os países, a po-
lítica e a diplomacia foram privile-
giadas devido às realidades dos dois
Países. No entanto, nos últimos 20
anos, a China tem participado acti-
vamente no desenvolvimento eco-
nómico e social de Moçambique,
e a cooperação económica passou
a ser gradualmente o protagonista
das relações bilaterais”.
Segundo o diplomata, o valor acu-
mulado de investimento chinês em
Moçambique totaliza cerca de 6
mil milhões de dólares, cobrindo
as áreas de exploração de energia,
recursos naturais, agricultura entre
outras.
Savana 28-04-2017EVENTOS4
O Ecobank Moçambique lançou, na última quinta--feira, na cidade de Ma-puto, o serviço “Ecobank
Mobile App”. Trata-se de um apli-
cativo que tem em vista responder
aos desafios do mercado. O banco
assume que o aplicativo irá fazer a
diferença no mercado pela parti-
cularidade de não ser um produto
para um país, mas sim um produ-
to de vários países, unificando os
33 países africanos onde o Grupo
Ecobank actua.
A Aplicação permite que os clientes
transaccionem a qualquer hora e em
qualquer lugar, tendo como princi-
pais funcionalidades: Consulta de
saldos, Transferências, Pagamentos
de serviços, Abertura de conta, e
mais funcionalidades.
Actualmente, existem mais de 700
milhões de usuários de telefones ce-
lulares em África, dos quais 226 mi-
lhões são usuários de smartphones.
É neste contexto que, no final de
2015, o Ecobank divulgou a sua es-
tratégia 2016-2020, com a sua base
na Banca de Retalho e Comercial
apostando na inclusão financeira e
um acesso mais fácil aos canais ban-
cários e de distribuição alternativos.
“A nossa estratégia é designada Go
Digital e foi concebida nesse con-
texto. Nosso objectivo como um
Grupo é ser capaz de multiplicar
até 2020 o nosso número de clien-
tes por 10 e ser capaz de atender
a 100 milhões de clientes. Mobile
App é um dos canais oferecidos aos
nossos clientes e que nos permitirá
atingir a meta de 100 milhões de
clientes nos próximos cinco anos.
Está operacional nos 33 países onde
actuamos no continente”, explicou a
Administradora-delegada do banco,
Adama Cisse.
um ano de enormes pres-sões inflacionárias que con-tribuíram para influenciar as taxas Prime Rate de to-
dos os bancos comerciais moçam-bicanos, agravando extraordinaria-mente o preço do crédito bancário e dificultando a capacidade de reem-bolso dos mutuários, o Banco Terra Moçambique (BTM) conseguiu apresentar para o ano de 2016 resul-tados positivos.
Ao fechar o exercício referente ao
ano de 2016, com um rácio de sol-
vabilidade de cerca de 32%, quatro
vezes mais que o limite regulamen-
Pelo menos 30 professores e formadores moçambicanos deslocam-se está semana para a República Popular da China
com vista a beneficiarem dos cursos
de capacitação técnica e tecnológica.
Este treinamento surge no âmbito da
cooperação bilateral entre a China e
Moçambique.
Trata-se do primeiro grupo de um
total de 100 professores e formado-
res do Ensino Técnico-Profissional
(ETP), oriundos das províncias de
Niassa, Cabo Delgado, Nampula,
Tete, Inhambane, Gaza e Maputo
Província, que durante cinco me-
ses vão beneficiar de capacitação em
técnicas, tecnologias e didácticas nas
áreas de Desenho e Fabricação de
Máquinas, Tecnologia de Integração
Mecatrónica, Tecnologia de Contro-
lo Digital, Desenho e Fabricação de
Moldes e Automação.
Discursando à margem da cerimó-
nia havida quinta-feira em Maputo,
Leda Hugo, vice-ministra da Ciên-
cia e Tecnologia, Ensino Superior e
Técnico Profissional, referiu que o
programa de capacitações é parte de
um convénio entre os Governos da
República de Moçambique e da Re-
pública Popular da China, o qual par-
ticularmente prevê o estabelecimento
de um programa de bolsas de estudo
de curta-duração para Formadores
do Ensino Técnico Profissional, que
vai ter lugar na província chinesa de
Chandong e a ser ministrado no Co-
légio Vocacional de Jinan, a 3ª maior
província económica Chinesa.
“Estas áreas foram eleitas pela sua
particular importância para poten-
ciar o Ensino Técnico Profissional e
impulsionar as áreas da manutenção
industrial, nesta fase das acções da
Reforma da Educação Profissional.
Por isso, a exortação do Governo de
Moçambique e de que tirem o má-
ximo proveito desta oportunidade
de formação, aprendendo para além
da técnica e pedagogia que prosse-
guem, outra língua e outras formas de
estar na sociedade, que seguramente
encontrarão na província chinesa de
Shandong”, disse Leda Hugo.
Por sua vez, o embaixador da Repú-
blica Popular da China em Moçam-
bique, Su Jiam, avançou que o seu país
atribui maior importância à coopera-
ção na área de educação profissional,
para que reafirma o compromisso em
apoiar programas de capacitação e
construção de infra-estruturas.
tar actual, o BTM continuou a
apresentar-se como uma das boas
referências de robustez no mercado
bancário nacional. Não só o rácio de
solvabilidade supera largamente o
rácio de 12% que o Banco de Mo-
çambique exige para os próximos
três anos, como o Capital Social
também excede em muito o mínimo
exigível para 2020.
Desta feita, o BTM conseguiu
apresentar um resultado positivo
de cerca de 12 milhões de meticais,
após impostos, o que representa um
crescimento em relação ao período
anterior de cerca de 120%, reflectin-
do o esforço dos colaboradores do
BTM na criação de uma proposta,
cada vez mais evoluída, de produtos
e serviços ao cliente.
Apesar do crescimento muito té-
nue da economia moçambicana, a
carteira de crédito do BTM cresceu
28%, enquanto a carteira de depó-
sitos registou um crescimento de
34%, o que demonstra a confiança
dos nossos clientes.
Nesta senda, o banco pretende con-
tinuar com a sua estratégia de cres-
cimento gradual, mas consistente,
baseado na crescente melhoria da
sua proposta de produtos e serviços
bancários, sempre, a custos compe-
titivos.
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