View
2
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ
“Cenários do Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí”
Setembro de 2014
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................3
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................5
2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS...........................................................................19
3. CONDICIONANTES DE FUTURO.............................................................................................313.1 Variáveis Condicionantes de Futuro...........................................................................313.2 As Incertezas Críticas..................................................................................................35
4. CENÁRIOS...................................................................................................................................384.1 Cenário Otimista.........................................................................................................394.2 Cenário Pessimista......................................................................................................42
5. DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL (POSSÍVEL) PARA A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ..........................................................................................................................46
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................53
ANEXOS...........................................................................................................................................54
APRESENTAÇÃO
É fenômeno da modernidade a elaboração de planejamento estratégico para nortear as
decisões futuras. Seja nas empresas, seja no setor público ou nas organizações da sociedade
civil, a construção de cenários têm sido crescentemente utilizada como instrumental capaz
de contribuir para delimitar os espaços possíveis de evolução da realidade.
Norteados por essas premissas, o presente documento tem o objetivo de apresentar o
caminho percorrido e os resultados obtidos na construção social dos cenários para a Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí. O texto está estruturado em secções como se segue.
Na primeira secção, a INTRODUÇÃO, apresenta-se os conceitos e a legislação norteadora
da cenarização. Contempla também os objetivos almejados e método e instrumentais
utilizados em cada fase da elaboração. São descritas as sete etapas que compõem a
metodologia utilizada, bem como, como foram planejadas, as ferramentas utilizadas, de que
forma foram executadas e a que resultados remetem.
A segunda secção, A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS, apresenta-se os
resultados das oficinas públicas da fase prognostica realizada conjuntamente com os atores
sociais relevantes para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
A secção seguinte, a terceira, CONDICIONANTES DE FUTURO apresenta as variáveis
“condicionantes de futuro” e as “Incertezas Críticas” reveladas pela avaliação e ratificação
da matriz multicritério e pela hierarquização das variáveis relevantes para a Bacia. Processo
realizado conjuntamente pelo Grupo de Apoio Técnico do Plano – GAT, membros dos
Comitês Gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Sergipe, Piauí e Japaratuba e técnicos
de empresas públicas das esferas municipal, estadual e federal com interesse nos Planos de
Bacia Hidrográfica em execução.
Na quarta secção, CENÁRIOS, são apresentadas as hipóteses de futuro. Demonstra o
comportamento dos 2 cenários alternativos: Cenário Otimista e Cenário Pessimista,
definidos socialmente para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. A Secção apresenta também
a prospecção dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos
hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo prazo, ou seja, 2013, 2018, 2023,
2028 e 2033.
Na seção seguinte, DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL, descreve-se o cenário
normativo para a Bacia. Trata-se do cenário possível construído a partir da percepção dos
principais atores sociais nos seminários, dos resultados das oficinas públicas e do olhar dos
membros dos comitês e dos técnicos e consultores da COHIDRO.
Na última secção têm-se AS CONSIDERAÇÕES FINAIS, com as contribuições possíveis
sobre o processo de cenarização da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
1. INTRODUÇÃO
Os Cenários são ferramentas de planejamento utilizadas para aglutinar racionalidades
existentes dando coerência a uma série de elementos difusos e procurando extrais deles
orientações norteadoras de ações futuras1. Diante disso, o intuito deste relatório é apresentar
a base metodológica que norteou a identificação dos principais processos e variáveis que
condicionam os cenários socioeconômicos dos recursos hídricos para a Bacia Hidrográfica
do Rio Piauí. E, a partir dessas condicionantes, desenvolver os cenários de planejamento
para a gestão de recursos hídricos e a proposição de ações futuras. Trata-se de uma análise
prospectiva2 sistemática com vistas a atender ao que determina a Política Nacional dos
Recursos Hídricos Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 e ao Art. 12 da Resolução do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH nº 145, que estabelece as diretrizes para
a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas e dá outras
providências. Busca ainda atender ao disposto na legislação do Estado de Sergipe,
especificamente, na Lei n° 3.870/97, que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos e
o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Sergipe – SEGRSH.
O processo de desenvolvimento dos Cenários consiste na utilização de ferramentas de
Planejamento que permitem confrontar condições futuras imprevistas com uma tendência
que foi definida com base em condições dadas no passado. Busca-se, assim, identificar
quais os atores e as variáveis mais relevantes do sistema e apresentá-los de forma
sistemática.
Os principais atributos dos cenários3 são: i) a visão sistêmica da realidade; ênfase em
aspectos descritos em termos qualitativos; ii) explicitação das relações entre variáveis e
atores como estruturas dinâmicas; iii) visão de futuro como construção social e não como
1 Conceito construído tendo como referência o Plano Estadual de Recursos Hídricos do Paraná. Águas do Paraná (Produto 2.5) – Cenários Alternativos do Plano Estadual de Recursos Hídricos (2010, p.49) 2 A análise prospectiva trata de uma visão de futuro abrangente, com enfoque em oportunidades existentes. No prognóstico, os principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos hídricos são apresentados de forma sistemática. PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DE MATO GROSSO DO SUL (2010).3 Vide Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p. 16), Volume II – Cenários.
fatalidade. Para tanto, é necessária uma metodologia capaz de identificar atores e as
variáveis relevantes ao sistema.
Norteados por essas premissas, busca-se, então, apresentar o caminho percorrido no
estabelecimento dos Cenários de Planejamento, construídos socialmente, para Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí. A metodologia utilizada compreende 7 etapas, descritas de
forma detalhada, a seguir.
Os cenários fundamentam-se no confronto entre a situação atual e as tendências de
evolução, considerando que as condições socioeconômicas não sofrerão alterações
significativas, no período de tempo estabelecido. Assim, a primeira etapa consistiu na
Elaboração do Diagnóstico Produtivo da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí - leitura
técnico descritiva da realidade local e regional, dos principais problemas e dificuldades
enfrentadas na Bacia. Respaldados pela interpretação de informações e dados
socioeconômicos, buscou-se reconhecer, definir e descrever a natureza e características das
principais variáveis de mudança e permanência do Sistema de recursos hídricos nos últimos
cinco anos. O objetivo foi caracterizar, com base na informação existente, a situação atual
dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí e em suas Unidades de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI4. A importância deste procedimento
consiste no estabelecimento do quadro de referência do Plano de Bacia Hidrográfica,
constituindo a base para a identificação de áreas críticas e/ou temas críticos para a gestão,
para a elaboração de prognósticos e para a priorização de intervenções, visando à melhoria
das condições dos recursos hídricos.
Quanto à metodologia empregada na construção das informações que o fundamentam, tem-
se a pesquisa a dados secundários, cuja fonte é o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, Ministério do Meio Ambiente – MMA, aos documentos da Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH, aos dados da Secretaria
de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, da Companhia de Saneamento de
4 Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHI: Unidade físico-territorial de uma bacia hidrográfica com limites que podem ser ajustados à divisão geopolítica com finalidades de planejamento e gestão de seus recursos hídricos.
Sergipe – DESO e da Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado
de Sergipe – SEPLAG.
Enfim, o diagnóstico produtivo apresenta as constatações possibilitadas pela análise dos
dados, além da determinação das áreas e atividades responsáveis pelo maior dinamismo
econômico. Entende-se que a partir dessas análises, pode-se contribuir para uma visão mais
ampla da estrutura econômica dos Municípios e das Unidades de Planejamento – UP que
compõe a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. E, com isso, compreender o comportamento
tendencial dos setores e facilitar, mais adiante, a mensuração da demanda por recursos
hídricos.
Na segunda etapa - Consulta às Comunidades, o objetivo foi contribuir para a
identificação dos principais problemas e variáveis de impacto sobre os recursos hídricos na
Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. Para tanto, foram desenvolvidas atividades desde a
proposição da metodologia até a realização das consultas públicas5 em forma de oficinas
por Comitê Gestor de Bacia, com vistas a estimular a discussões prévias nas bases de
representação. Acredita-se que as contribuições oferecidas pelas oficinas permitem orientar
o cruzamento da visão que a Bacia faz de si própria com os dados apresentados no
diagnóstico de forma a elaborar as possíveis visões de futuro.
Norteados por esses valores, o processo iniciou-se pela realização de uma reunião, em
Aracaju, na data de 19 de fevereiro de 2014, nas dependências da SRH/SEMARH, reunindo
os membros da equipe técnica e os membros dos Comitês de Bacia Hidrográfica6: CBH
Sergipe, CBH Piauí e CBH Japaratuba. O objetivo foi definir a metodologia de participação
social na fase do Prognóstico dos Planos de Bacia dos Rios Japaratuba, Sergipe e Piauí.
5 Consulta Pública: é um instrumento de participação que consiste de um sistema que objetiva auxiliar na elaboração e na coleta de opiniões da sociedade sobre temas de importância. Esse sistema permite intensificar a articulação entre a representatividade e a sociedade, permitindo que a sociedade participe da formulação e definição de políticas públicas (CONSULTA PÚBLICA. 2009). No caso dos PBH a Consulta Pública tem com o objetivo de dar transparência e publicidade aos objetivos e metas para a gestão dos recursos hídricos da UGRHI.
6 As discussões para a elaboração do Plano de Bacia Hidrográfica no Estado de Sergipe foram realizadas conjuntamente com os membros dos Comitês das Bacias do Rio Sergipe, do Rio Japaratuba e do Rio Piauí.
A oficina elaborou uma proposta a ser submetida aos membros dos Grupos de
Acompanhamento dos Comitês em uma reunião prevista para o dia 14 de março. Dessa
oficina, resultou uma proposta, sistematizada como se segue:
i. Antecipar as consultas públicas da fase prognóstica para a realização de oficinas
com membros dos Comitês de Bacias;
ii. Definir o público participante das oficinas, convidar e mobilizar todos os membros
dos CBH (titulares e suplentes) e um número de convidados a serem definidos na
reunião, não ultrapassando um total de 60 participantes;
iii. Realizar três oficinas prognósticas sendo uma em cada bacia.
iv. Consultados os comitês definir previamente as datas para a realização das oficinas.
No dia 14 de março, nas dependências da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
EMBRAPA, foi realizada uma reunião com os membros dos Grupos de Acompanhamento
dos Planos – GAP, dos Comitês de Bacia Hidrográfica: CBH Japaratuba, CBH Piauí e CBH
Sergipe. O intuito foi o de apreciar a proposta para a participação social na etapa
prognóstica de elaboração dos Planos de Bacia dos referidos CBH, assim como traçar uma
estratégia acordada para isso.
A reunião contou com a presença de representantes do poder Público executivo e
legislativo municipal, Instituições públicas, Empresas, Universidades, Associações de
moradores e organizações sociais do terceiro setor: Prefeitura Municipal de Nossa Senhora
do Socorro, Prefeitura Municipal de Itabaiana, Prefeitura Municipal Nossa Senhora da
Glória, Prefeitura Municipal de Laranjeiras, Câmara de Aracajú, Associação Comunitária e
Cidadania João Bebe Água, ASMANE - Nossa Senhora do Socorro, Colônia de Pescadores
Z-2, OSCATMA /Barra dos Coqueiros, Universidade Tiradentes, IBAMA, SEMARH /
SRH e PETROBRÁS.
A proposta da reunião foi avaliada, iniciando-se a fase de planejamento das oficinas.
Definiu-se, então, que as oficinas prognósticas deveriam atender ao objetivo de analisar as
tendências em curso a impactar (positiva/negativamente) sobre a quantidade e/ou qualidade
das águas nas Bacias Hidrográficas. Em relação à mobilização, determinou-se que deveria
informar, convidar e estimular a discussão prévia nas bases de representação. Na
oportunidade, foram definidas as atribuições dos membros do Grupo de Acompanhamento
Técnico dos Planos das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Sergipe e Piauí – GAT e
do Grupo de Acompanhamento do Plano dos Comitês Gestores de cada Bacia na execução
das oficinas, datas e locais das oficinas prognóstica, material e infraestrutura necessária à
execução e os convidados. No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, a data acordada foi
o dia 27 de março de 2014, no Município de Estância - SE.
Definida a estratégia, foram elaborados os instrumentais para a mobilização, encaminhados
pelos mobilizadores para os convidados das oficinas, no caso do convite e para todas as
outras instituições cadastradas na Bacia, questionários por meio de correio eletrônico. Para
estes últimos - questionário por meio eletrônico, foi extrapolado o âmbito dos Comitês
Gestores, optando-se pela entrevista inúmeras instituições. Esse proceder tornou o processo
mais transparente e auxiliou na coleta de dados.
A metodologia utilizada nas consultas públicas da fase do prognóstico contemplou uma
hierarquização das atividades, planejadas pelos membros do GAT e representantes dos
Comitês das três Bacias, conforme dito anteriormente. Assim, a oficina da Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí iniciou-se pela abertura pelo presidente do Comitê da Bacia
Hidrográfica e a apresentação dos 43 participantes – membros da Bacia e convidados
destes.
Após a exposição dos objetivos da participação da sociedade, através de suas
representações na fase do prognóstico e das etapas necessárias a sua construção, ocorreu a
apresentação da Síntese dos Fatores de Impacto verificados na Fase Diagnóstica. De posse
das informações, os participantes foram agrupados em quatro eixos de semelhança:
Problemas Relativos à Disponibilidade, Desperdício e Conflitos Pelo Uso, Poluição dos
Corpos Hídricos, Decorrentes do Mau Uso do Solo e Fragilidades Institucionais.
Apresentados os eixos a serem trabalhados, foram formados quatro grupos de trabalho por
livre adesão, um para cada eixo apresentado, sendo negociado um equilíbrio de participação
entre os mesmos. É importante ressaltar que os Grupos de trabalho foram orientados a
selecionar os principais Fatores de Impacto dentro do Eixo de discussão e analisar as
questões, norteados pelos conceitos previamente estruturados, conforme apresentado
abaixo:
1. FATOR DE IMPACTO – Cada um dos elementos que contribuem para um resultado
positivo ou negativo sobre a qualidade e/ou quantidade dos recursos hídricos na bacia.
O impacto é positivo ou negativo?
2. TENDÊNCIA APONTADA – A direção geral ou sequência de eventos que indicam
como os fatores de impacto estão se movimentando. Qual a tendência do mesmo nos
próximos anos: aumentar, diminuir, permanecer sem alterações significativas?
JUSTIFICATIVA – Explicação das causas que contribuíram para a tomada de decisão
sobre a tendência apontada. Justificar o porquê.
3. . AÇÕES EM CURSO – Planos, projetos, programas que estão sendo executados no
momento atual da análise. Identificar quais as ações que são necessárias para
incentivar (em caso de impacto positivo) ou enfrentar (em caso negativo) que já estão
em curso;
4. AÇÕES PROJETADAS – Planos, projetos, programas que estão em fase de
projeção, negociação, contratação, ou seja, já existe decisão tomada para suas
implementações. que estão projetadas; Quais ações precisão ser projetadas No
caso de alguma ação identificada apontar as organizações responsáveis;
AÇÕES SUGERIDAS - Planos, projetos, programas que são vistos como
necessários ao enfrentamento da problemática, mas que ainda não são
verificadas pelos participantes. Sugerir ações.
O Grupo foi ainda orientado a escolher um (a) relator (a) para o registro das discussões em
fichas sintéticas e organização da apresentação em tarjetas coloridas, como apresentados na
Figura, como se segue.
Figura 1 – Esquema de apresentação dos resultados de trabalhos nos grupos
Fonte: Oficina do Prognóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, 2014.
A terceira etapa - Organização e Consolidação das Informações - organizou e
consolidou as informações evidenciadas pelas fases anteriores – diagnóstico produtivo e
oficinas públicas. Portanto, nessa etapa realizou-se um trabalho de filtro, organização das
informações, análise e consolidação. Buscou-se, assim, organizar as informações e
estabelecer um formato adequado – na forma de matriz, para a avaliação das variáveis pelos
membros dos Comitês gestores e do GAT e o estabelecimento do comportamento destas em
cada um dos cenários, conforme realizado na etapa seguinte.
O percurso metodológico para a construção dessa etapa incluiu uma reunião, na sede da
empresa COHIDRO Consultoria, com técnicos e consultores envolvidos com o prognóstico
das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Sergipe e Piauí, durante dois dias, em junho
de 2014. O resultado dessa reunião foi a identificação das variáveis consideradas relevantes
para a construção de hipóteses coerentes de futuro: Os cenários. Assim, apresenta-se na
matriz 1, em Anexos, os temas, sub temas e variáveis relevantes para o sistema de recursos
hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
O elemento central da matriz é a identificação dos problemas mais relevantes do sistema de
recursos hídricos de cada Bacia neste momento e de como eles se relacionam entre si. Essa
relação foi estabelecida pelos técnicos e consultores da COHIDRO, norteados por
informações e dados do diagnóstico produtivo e oficinas públicas para o prognóstico.
Nesse sentido, foram enumerados 9 TEMAS - Crescimento Econômico, Disciplinamento
da Ocupação do Solo, Saneamento, Usos Econômicos, Recursos Hídricos, Disponibilidade
Exemplo
Hídrica Superficial, Fatores Ambientais, Conflitos de Usos e Governança e 31
SUBTEMAS - Demografia, Economia, Área de Reserva Legal, Proteção do Solo contra a
Erosão, Unidades de Conservação, Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário,
Drenagem, Coleta e disposição de Lixo, Agricultura, Pecuária, Irrigação, Aqüicultura,
Indústria, Mineração, Atividades Turísticas, Qualidade da Água, Captação de Água
Subterrânea, Adoção de Práticas de Reuso, Preservação de Nascentes, Conflitos de Usos,
Tecnologias, Construção de Barragens / Açudes, Desmatamento, Erosão das Margens dos
Corpos Hídricos, Barramentos, Uso irregular, Irrigação x Usos Diversos, Aqüicultura
(Peixes), Implementação dos Instrumentos de Gestão e Situação institucional dos atores do
SINGREH.
As 25 variáveis elencadas incluem a matriz institucional, o marco regulatório e os aspectos
naturais e socioeconômicos, são elas: Crescimento populacional, Imigração, Emigração,
Variação PIB, Controle de perdas, Atendimento, Petróleo, Extração (lavra) de área, Poluição
esgoto doméstico, Poluição esgoto industrial, Poluição Vinhoto, Poluição agrotóxicos, Poluição
Chorume, Calcário, Outorga, Cobrança, Sistema Informação, Monitoramento quanti-qualitativo,
Planos Diretores, Enquadramento, Compensação a Municípios, Educação ambiental, Órgão
Gestor Estadual, Comitês de Bacias e Agência.
É importante ressaltar que, aceita-se de antemão, a impossibilidade de esgotar todas as
nuances da realidade, devido à complexidade das situações produzidas pela sociedade.
A estratégia eleita socialmente para a quarta etapa - oficinas de subsídios aos cenários
foram oficinas, que ocorreram nos dias 20 e 21 de agosto de 2014, em Aracaju.
Participaram os membros do Grupo de Acompanhamento Técnico dos Planos – GAT,
representantes dos Comitês gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Sergipe, Japaratuba
e Piauí e Técnicos de órgãos governamentais da esfera estadual e federal. Os participantes
foram divididos em 4 grupos de discussão: três por Comitê de Bacia Hidrográfica e um
com técnicos.
As discussões na oficina obedeceram as seguintes fases:
i) Validar o conjunto de temas, subtemas e variáveis;
ii) Eleger os cenários mais representativos;
iii) Hierarquizar as variáveis conforme o seu impacto em recursos hídricos;
iv) Descrever o comportamento das variáveis em cada cenário.
O primeiro passo foi a apresentação para a discussão do conjunto de temas, sub temas e
variáveis construídos a partir do diagnóstico produtivo das Bacias e das oficinas públicas de
prognóstico, para consolidação e ratificação pelo grupo. As variáveis foram ratificadas e
também tiveram a inclusão de outras, conforme cada grupo. Optou-se então, por adotar
todas as sugestões em uma única matriz.
Na seqüência, houve a definição do comportamento das variáveis para cada um dos
cenários representativos para cada Bacia a serem projetados, ou seja, dois cenários
alternativos (otimista e Pessimista) e um cenário factível. Trata-se de cenários de caráter
qualitativo, com orientações quantitativas, estabelecidos a partir dos parâmetros definidos
pelo grupo.
O próximo passo foi hierarquizar as variáveis conforme seu impacto em recursos hídricos e
descrever o comportamento – tendência, das variáveis eleitas em cada cenário. Para tanto, a
metodologia – Análise multicritério, incluiu a utilização da pontuação de acordo com o
impacto, como se segue: 0 – Nenhum impacto, 1- Baixo impacto, 2 – Médio Baixo impacto
e 3 – Alto impacto.
Os resultados das discussões realizadas e do preenchimento da matriz no seminário dos dias
20 e 21 de agosto de 2014 com os membros do Grupo de Acompanhamento Técnico –
GAT e dos membros dos Comitês Gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba,
Piauí e Sergipe, Técnicos de órgãos Estaduais e Federais foram representados em uma
matriz.
Confirmadas as variáveis e seus impactos, o grupo de trabalho faz os ajustes e define
índices, que possibilitam a definição das incertezas críticas e das condicionantes de futuro,
possibilitando a futura quantificação e a descrição dos cenários.
A quinta etapa - Condicionante de futuro e incertezas críticas, consistiu em um trabalho
interno realizados pelos consultores, no qual se identificou as principais variáveis
identificadas como “Condicionantes de Futuro” e também aquelas consideradas como
“Incertezas Críticas”, identificadas a partir da consolidação e análise das variáveis obtidas
na oficina descrita na quarta etapa.
As “condicionantes de futuro”7 são atores e processos sistêmicos ou pontuais (variáveis), de
natureza social, cultural, política, ambiental, tecnológica, entre outras, que têm influência
relevante na trajetória futura do objeto de cenarização.
Identificadas as condicionantes de futuro, é importante delimitar também aquelas com alto
grau de incerteza e elevado impacto em relação ao futuro do objeto de cenarização – as
Incertezas Críticas. Estas últimas, podem ser específicas ou estarem agrupadas em uma ou
mais incertezas-síntese. E, este é o principal resultado da quinta etapa, apresentado mais
adiante no capítulo que trata das condicionantes de futuro.
Na sexta etapa - Descrição e Prospecção dos Cenários Alternativos e Tendencial, são
descritos os cenários alternativos: Otimista e Pessimista e o Tendencial. Estes, construídos
a partir dos resultados do diagnóstico produtivo e das oficinas públicas com os atores
sociais relevantes para as Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe e das
oficinas da fase prognóstica com os membros dos Comitês Gestores das Bacias e o GAT,
conforme explicitado anteriormente.
A etapa consistiu também na Projeção dos Cenários dos Recursos Hídricos em um
horizonte de planejamento de 20 anos. Para tanto, utilizou-se como quadro de referência
o diagnóstico produtivo, que mostra o grau do dinamismo econômico e as tendências atuais
dos principais indicadores econômicos por setores e por produto na Bacia Hidrográfica.
As prospecções dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos
recursos hídricos – otimista, pessimista e factível foram desenhadas para um horizonte
temporal de curto, médio e longo prazo, ou seja, 2013, 2018, 2023, 2028 e 2033. As
7 Vide Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p. 78), Volume II – Cenários.
variáveis utilizadas foram o Valor Adicionado Bruto Total, o Valor Adicionado Bruto Total
para o setor Industrial, a produção agrícola – cana-de-açúcar e demais lavouras temporárias
e lavouras permanentes, o rebanho – aves e demais (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno,
Caprino e Ovino), o crescimento populacional e a área irrigada. Trata-se de um esforço para
delimitar a interface entre as principais variáveis econômicas e o consumo de recursos
hídricos ao longo do tempo.
Os pressupostos utilizados na caracterização – qualitativa, dos cenários foram os seguintes:
Cenário Tendencial é caracterizado pela continuidade da situação atual, ou seja, sem
grandes alterações da situação atual e da tendência de médio e longo prazo. Portanto,
espera-se a manutenção dos fatores que determinam as condições atuais.
No Cenário Otimista há a conjugação de fatores que modificam o status quo e
ultrapassam as aspirações sociais a serem atendidas em um horizonte de planejamento de
médio e longo prazos. Projeta-se um mudo que cresce de maneira contínua – modelo de
desenvolvimento econômico com altos índices de crescimento, capaz de reduzir pobreza e
desigualdades, com fortes, mas declinantes impactos sobre os recursos hídricos. A gestão é
operativa, com o uso da água eficiente, incluindo o uso múltiplo.
Demonstra uma hipótese de melhoria, acima do esperado, dos diversos fatores que
modificam o “status quo” atual e que ultrapassam as aspirações sociais a serem atendidas
em um horizonte médio e longo prazo. As principais características são: Crescimento
econômico no Brasil e no exterior, avanço da agricultura e pecuária na Bacia. Ampliação da
área irrigada. Demanda industrial é ampliada, mas com melhoria de sistemas de reuso.
Melhoria da implementação do Sistema e dos instrumentos de gestão. Maior participação
social na Bacia. Aumento da pressão sobre os recursos hídricos. Ampliação do
investimento público sobre a oferta e demanda de Recursos Hídricos. Melhoria dos serviços
de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto sanitário. Taxas de perdas do
sistema de água e esgoto reduzem. Sistema de meio ambiente mais rígido, com maior
controle ambiental.
No Cenário Pessimista o ambiente apresenta reduzido crescimento econômico, com
manutenção dos índices de pobreza e desigualdade social. Não há expansão significativa no
fornecimento de energia hidrelétrica. Os investimentos em proteção dos recursos hídricos
são pequenos, seletivos e corretivos. A gestão é burocrática. Os conflitos em torno das
águas crescem, com ocorrência de contaminação dos recursos disponíveis.
Evidencia, hipoteticamente, a piora dos diversos fatores que modificam o “status quo”
atual, ou seja, consiste na deterioração das aspirações sociais e econômicas no horizonte de
médio e longo prazo. As principais características são: Estagnação econômica no Brasil e
no exterior, redução da agricultura e pecuária na Bacia. Área irrigada constante. Demanda
industrial constante, sem grandes melhorias no sistema de reuso e controle de perdas.
Enfraquecimento do Sistema de Recursos Hídricos e pouco avanço na implementação dos
instrumentos de gestão. Maior centralização do Sistema. Maior descrédito social na Bacia –
redução da participação social. Consumo perdulário de recursos hídricos. Redução do
investimento público em oferta e demanda de Recursos Hídricos. Redução do patamar de
investimento atual nos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto
sanitário. Redução das perdas nos sistemas de abastecimento reduz o ritmo. Sistema de
meio ambiente permanece constante, com fiscalização e controle atuais e permanência do
marco legal institucional. Ampliação do Desmatamento.
Na quantificação dos Cenários, os pressupostos e fonte de dados foram os seguintes:
Crescimento Populacional: O desenho dos cenários foi baseado em projeções do IBGE
para o Estado de Sergipe;
Crescimento Econômico: As projeções do Valor Adicionado Bruto Total foram baseadas
na tendência apontada pelo diagnóstico produtivo e na trajetória da economia brasileira e
do Estado de Sergipe nos últimos anos. Para o cenário otimista, a taxa média de
crescimento do Valor Adicionado Bruto Total foi de 3%aa. Para o pessimista, 0,5%aa e,
para o factível, 1,5%aa;
Setor Industrial: Projetou-se o Valor Adicionado Bruto do setor Industrial baseado no
diagnóstico produtivo. O Cálculo foi baseado na Taxa Média de crescimento do setor no
período de 2006 a 2011. A partir desse cálculo, determinou-se para o cenário otimista, a
taxa média de crescimento do Valor Adicionado Setor seria 1% a mais que a média
encontrada.Para o pessimista, 1% a menos e, para o factível, a tendência, ou seja, a taxa
média do período, 3,6%aa.
Produção Agrícola: Optou-se pela análise da cultura cana-de-açúcar separada das demais
culturas. Isso, porque o diagnóstico produtivo evidenciou que a produção dessa cultura foi
responsável, em 2012, por 0,4% da produção agrícola total da Bacia Hidrográfica do Rio
Piauí, com tendência à expansão. Aliado a isso, o processo de construção social dos
cenários demonstrou que o avanço dessa cultura é um fator de impacto negativo para a
Bacia. As projeções foram baseadas no comportamento dessa cultura no período 2007 a
2012, medida através de dados secundários cuja fonte foi o IBGE. As demais lavouras
temporárias e lavouras permanentes, foram projetadas seguindo a mesma lógica, ou seja, no
comportamento dessa cultura no período 2007 a 2012, evidenciadas pelo diagnóstico
produtivo, cuja fonte foram os dados secundários cuja fonte foi o IBGE.
Pecuária: A exemplo da produção agrícola, optou-se pela análise do rebanho de aves
separada restante do plantel. A justificativa para tal procedimento está no fato de que o
consumo de água para a dessedentação desse tipo de criação é menor que os demais. Além
disso, o diagnóstico produtivo da Bacia demonstrou o acelerado crescimento de aves no
período de 2005 a 2012, fator de impacto para a Bacia, com tendência a expansão. As
projeções foram baseadas no comportamento na taxa média de crescimento do rebanho de
aves no período 2005 a 2012 (7%aa), medida através de dados secundários cuja fonte foi o
IBGE presentes no diagnóstico produtivo. A partir desse cálculo, determinou-se para o
cenário otimista, a taxa média de crescimento em cabeças seria 2,5% a mais que a média
encontrada. Para o pessimista, 2,5% a menos e, para o factível, a tendência, ou seja, a taxa
média do período, ou seja, 7%aa.
Para os outros rebanhos, Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino, os
cenários foram projetados seguindo a mesma lógica, ou seja, no comportamento do rebanho
no período 2005 a 2012, evidenciadas pelo diagnóstico produtivo, cuja fonte foram os
dados secundários cuja fonte foi o IBGE. De posse desse cálculo, determinou-se para o
cenário otimista, a taxa média de crescimento em cabeças seria 1 % a mais que a média
encontrada. Para o pessimista, 1% a menos e, para o factível, a tendência, ou seja, a taxa
média do período, ou seja, 2,1%aa.
Área irrigada: Os dados que serviram de referência foram do IBGE, 2006. Para o cálculo
da área irrigada, utilizou-se das taxas e projeções do Ministério da Integração Nacional
(2011) para 2030.
Na sétima etapa - a Construção do Cenário Factível (Possível), foi elaborado o cenário
normativo ou factível.
De acordo com o Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p.64), os enredos
prospectivos permitem identificar as invariâncias dos cenários juntamente com suas
implicações em termos de desafios e oportunidades vigentes em qualquer situação e tecer
as considerações para elaboração de uma estratégia robusta na gestão dos recursos hídricos
(...). A importância de se definir cenário Normativo ou factível, segundo as diretrizes para a
elaboração de planos de Recurso Hídricos de Bacias Hidrográficas, Resolução8 CNR nº
145, artigo VII é a seguinte:
Definição do cenário de referência para o qual o Plano de Recursos Hídricos orientará suas ações.
No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, o cenário factível foi construído a partir dos
resultados do diagnóstico produtivo e das oficinas públicas com os atores sociais relevantes
para as Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe e das oficinas da fase
prognóstica com os membros dos Comitês Gestores das Bacias e o GAT nos dias 20 e 21
de agosto, conforme explicitado anteriormente.
8 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS. RESOLUÇÃO CNRH No 145, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012 (Publicada no D.O.U de 26/02/2013)
Os resultados obtidos a partir das discussões e do preenchimento realizado nas oficinas de
subsídios aos cenários – para o cenário factível, está apresentado na Matriz 2, em Anexos.
2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS
Os resultados das contribuições oferecidas pelo grupo, sistematizados em fichas, uma para
cada fator de impacto analisado, conforme apresentado como se segue.
FATOR DE IMPACTO
Desperdício de água nos diversos usos (irrigação e
abastecimento)
TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Implantação de programas de perdas Mudanças nos sistemas de irrigação Ampliação do programa de redução de perdas pelo DESO
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Implantação de programa de perdas.
Substituição de produtos químicos no tratamento da água.
Mudança no sistema de irrigação (aspersão, micro-aspersão, gotejamento)
Substituição de bombas para maior eficiência na irrigação.
Ampliação do programa de redução de perdas.
Criação de programa de preservação de mananciais e pontos de captação da DESO e COHIDRO.
Programa de educação ambiental e incentivos para o uso racional da água e seu reúso.
DESO
COHIDRO
DESO
COHIDRO
Governos estadual – federal – municipais.
Sociedade civil.
FATOR DE Descontrole na perfuração de poços
PROBLEMAS RELATIVOS À DISPONIBILIDADE, DESPERDÍCIO E CONFLITOS PELO USO
IMPACTO
TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar.
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Falta de informação Quadro deficitário de técnicos para outorga e fiscalização. Irregularidades no abastecimento Ausência de mapeamento atualizado dos poços Falta de estudos conclusivos sobre a qualidade e quantidade
das águas subterrâneas.
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Elaboração do Plano da Bacia Hidrográfica
Cadastramento de usuários de água subterrânea
Realização de concurso público para técnicos de outorga e fiscalização.
Cadastro de empresas que perfuram poços no Estado.
Campanhas informativas e educativas sobre outorga e importância da água subterrânea.
SRH - CBH SRH
Governo do Estado
COHIDRO
SRH
Em relação aos problemas relativos à disponibilidade, desperdício e conflitos pelo uso, os
participantes nas oficinas do prognóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí avaliaram que
os principais fatores de impacto são o desperdício de água nos diversos usos (Irrigação e
abastecimento) e descontrole na perfuração dos poços. O primeiro – desperdício nos
diversos usos, segundo o grupo de participantes, é um impacto negativo com tendência à
redução. A justificativa para que tal ocorra está nos seguintes argumentos: Implantação de
programas de perdas; Mudanças nos sistemas de irrigação e ampliação do programa de
redução de perdas pelo DESO. Já o segundo impacto (Descontrole na perfuração dos
poços), foi avaliado como sendo negativo, com tendência a expansão. De acordo com os
atores sociais consultados o comportamento de tal fator será impulsionado pela falta de
informação; Quadro deficitário de técnicos para outorga e fiscalização; Irregularidades no
abastecimento; Ausência de mapeamento atualizado dos poços e falta de estudos
conclusivos sobre a qualidade e quantidade das águas subterrâneas.
Outro problema que impacta a Bacia, segundo os participantes da oficina, é a poluição dos
corpos hídricos, os resultados das discussões estão representados abaixo.
FATOR DE IMPACTO
Poluição por lixões
TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido.
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
A política de resíduos sólidos em curso. Ações do Ministério Público. Estruturação de Consórcios
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Ação do Ministério Público
Estruturação de Consórcios.
Concursos públicos para ampliar o número de fiscais.
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS Ministério Público Governo Estadual
FATOR DE IMPACTO
Poluição por esgotos
TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido.
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Elaboração dos planos de saneamento municipais Legislação do saneamento Ações do Ministério Público Investimentos de recursos do Banco Mundial para o
POLUIÇÃO DOS CORPOS HÍDRICOS
Saneamento Movimentos sociais.
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Os Planos de Saneamento da DESO e de Municípios
Ações definidas nos planos municipais
Investimentos com execução dos sistemas de esgotamento sanitário
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
DESO
Prefeituras
SAAE
Prefeituras
DESOGovernos Municipais, Estadual e Federal
FATOR DE IMPACTO
Poluição por esgotos industriais
TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido.
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Resolução CONAMA 430/11 Controle de lançamentos pela ADEMA Exigências do consumidor Estações compactas de tratamento de efluentes
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Controle da eficiência das estações de tratamento.
ADEMA
Ações do Ministério Público.
Ampliação do número de fiscais através de concursos públicos
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS ADEMA MP Governo do Estado
FATOR DE IMPACTO
Contaminação por agrotóxicos
TENDÊNCIA APONTADA
Fator de impacto negativo que tende a permanecer sem grandes alterações.
JUSTIFICATIVA Desconhecimento de uma legislação específica
PARA ISSO
Pouca adesão dos produtores ao manual de uso Incentivo à produção de orgânicos Recomendações para proibição em Conferencia Estadual Indisponibilidade de outras maneiras de controle de algumas
pragas. Forças das empresas multinacionais que produzem os
agrotóxicos.
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Conferências
Ações do Ministério Público
Melhoria na fiscalização
Elaboração de Leis específicas
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
CBH
Órgãos ambientais
MP
COHIDRO
EMDAGRO
Ministério da Agricultura
Poder Legislativo
De acordo com os atores sociais consultados na oficina, a poluição dos corpos hídricos da
Bacia Hidrográfica do Rio Piauí apresenta impactos negativos, representados como
poluição por lixão, poluição por esgotos, poluição por esgotos industriais e contaminação
por agrotóxicos. O primeiro deles, a poluição por lixões, avaliou-se que tem tendência a
diminuir devido à política de resíduos sólidos em curso, às ações do Ministério Público e à
estruturação de Consórcios Públicos para tratamento e gerenciamento dos resíduos sólidos.
Já a Poluição por esgotos domésticos, apresenta também tendência à redução. Isso, porque,
de acordo com os participantes da oficina, os impactos podem ser minimizados pela
elaboração dos planos de saneamento municipais, pela Legislação do saneamento, por
ações do Ministério Público, por investimentos de recursos do Banco Mundial para o
saneamento e pelos movimentos sociais. O terceiro fator de impacto apontado, a poluição
por esgoto industrial, acredita-se que tende a diminuir devido à Resolução CONAMA
430/11, ao controle de lançamentos pela ADEMA, às exigências do consumidor e às
estações compactadas de lançamento de efluentes. O último impacto, contaminação por
agrotóxicos, os participantes da oficina avaliaram que tende a continuar sem grandes
alterações devido ao desconhecimento de uma legislação específica, à reduzida adesão dos
produtores ao manual de uso, às dificuldades impostas à produção de orgânicos, à
indisponibilidade de outras maneiras de controle de algumas pragas e às forças das
empresas multinacionais que produzem os agrotóxicos.
Outro eixo analisado foi os problemas decorrentes do mau uso do solo, como demonstrado
abaixo.
FATOR DE IMPACTO
Degradação de Nascentes
TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Desmatamento em curso Pouca conscientização dos usuários
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Programas de recuperação
Assistência técnica em assentamentos
Programas de recuperação e educação ambiental
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
Prefeituras – Estado
INCRA/CEFAC
Estados, MunicípiosONGInstituições privadas
FATOR DE IMPACTO
Retirada de areia dos leitos
TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Expansão imobiliária Falta de fiscalização Burocracia para regulamentar a retirada
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Fiscalizações pontuais
Ação mais efetiva dos órgãos municipais.
Ampliação do
DECORRENTES DO MAU USO DO SOLO
quadro de fiscalização.
Educação ambiental.
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
ADEMA
Pelotão AmbientalADEMAPrefeituras
FATOR DE IMPACTO
Assoreamento dos corpos d’água
TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Retirada de vegetação ciliar Retirada de areia dos leitos Práticas inadequadas em manejo do solo na agricultura
(plantio morro abaixo) Monocultura em crescimento.
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Projetos pontuais de recuperação da mata ciliar.
Assistência técnica e conscientização.
Programa de educação ambiental
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
ONG
Governos do estado
EMDAGRO
INCRA
PrefeiturasEstadoGoverno Federal
FATOR DE IMPACTO
Desmatamento
TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar
JUSTIFICATIVA PARA ISSO
Falta de fiscalização dos órgãos competentes (ADEMA, IBAMA, Ministérios Públicos)
Falta de conscientização ambiental da sociedade. Expansão a agropecuária. Expansão urbana.
AÇÕES EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
NECESSÁRIAS
Projeto Adote um Manancial
Distribuição de mudas
Assistência Técnica
Programas de recuperação ambiental
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
Governo do Estado
SEMEAR
UFS
EstadoMunicípiosONG
A análise dos resultados da oficina demonstra que os fatores de impacto apontados foram:
Degradação de nascentes, retirada de areia dos leitos, assoreamento dos corpos d’água e o
desmatamento, todos com tendência a aumentar. Revela também que os problemas
relativos à degradação das nascentes são atribuídos ao desmatamento em curso e a pouca
conscientização dos usuários. Quanto à retirada de areia dos leitos, avaliou-se que é devido
à expansão imobiliária, ausência de fiscalização e à lentidão do processo burocrático para
regulamentar a retirada. Em relação assoreamento dos corpos d’água, atribui-se à retirada
de vegetação ciliar, retirada de areia dos leitos, às práticas inadequadas em manejo do solo
na agricultura (plantio morro abaixo) e à expansão da monocultura. O ultimo fator apontado
– o desmatamento, é impulsionado, de acordo com os membros da oficina, pela falta de
fiscalização dos órgãos competentes (ADEMA, IBAMA, Ministérios Públicos), a pouca
conscientização ambiental da sociedade e à expansão urbana e da agropecuária.
O ultimo eixo discutido tratou das fragilidades institucionais, cujos resultados estão
representados abaixo.
FATOR DE IMPACTO
Deficiência no gerenciamento dos recursos hídricos
TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a diminuir
JUSTIFICATIVA Existência de conflitos
FRAGILIDADES INSTITUCIONAIS
PARA ISSO Planejamento ineficaz Pouca sensibilidade dos gestores
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Sensibilização e capacitação das equipes técnicas e usuários.
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS
COHIDRODESOEMDAGROPrefeiturasGoverno do Estado.
FATOR DE IMPACTO
Monitoramento quanti-qualitativo
TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto positivo que tende a aumentar
JUSTIFICATIVA PARA ISSO Sem justificativa.
AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS
Amostragem e análise laboratorial das águas dos rios da bacia hidrográfica.
Plano de BaciaAmpliação da ação de monitoramento da rede.
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS ADEMA SRH ADEMA
Os resultados revelam que, de acordo com os membros da oficina, os principais fatores que
levam às fragilidades institucionais percebidas na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí são:
Deficiência no gerenciamento dos recursos hídricos e monitoramento quanti-qualitativo.
Quando solicitados para descrever a tendência de cada impacto, avaliaram o primeiro como
sendo negativo, com tendência a diminuir e, o segundo, como positivo, com tendência a ser
ampliado. As justificativas apresentadas pelos atores sociais para que tais impactos
ocorram no caso de deficiência no gerenciamento dos recursos hídricos, são: Existência de
conflitos; Planejamento ineficaz e pouca sensibilidade dos gestores. Já para o fator de
impacto ritmo quanti-qualitativo, não foi apresentada justificativa. Porém, o Plano de Bacia
Hidrográfica é identificado como ação em curso capaz de mitigar tais impactos.
As oficinas técnicas voltadas para a contribuição qualificada das instituições que compõem
os colegiados das Bacias foram avaliadas pelos participantes da seguinte forma :
a) O envolvimento dos membros dos comitês, fortalecendo o seu papel de articulação e a
responsabilidade dos mesmos com a qualidade do produto encomendado: o plano. A
participação de boa parte dos membros dos CBH assegura que os planos em elaboração
articulam uma aproximação favorável entre o que desejam as instituições da Bacia e o que a
equipe técnica produz;
b) A qualidade das contribuições dadas à visão sobre os possíveis cenários futuros nas Bacias a
partir das observações de quem vive o dia a dia das mesmas, acompanhando suas
transformações;
c) A identificação de diversas ações em curso que poderão impactar de forma positiva ou negativa
os recursos hídricos das bacias e que contribuem para uma análise prognóstica mais
aprofundada;
d) A indicação de ações necessárias que deverão constituir-se as ações, projetos e programas dos
planos em elaboração;
e) O estreitamento das relações entre os comitês, os demais entes do sistema e a equipe técnica.
Em relação às consultas públicas à distância, foi encaminhado via mobilizadores,
questionário orientador para a contribuição institucional na fase prognostica. Solicitou-se
das instituições e/ou entidades identificadas com interesse na elaboração e futura
implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe, colaborasse
com a construção do prognóstico, indicando qual é sua visão sobre as tendências em curso
que irão caracterizar a situação futura para a respectiva Bacia Hidrográfica, quais são os
elementos que levam a essa projeção e que ainda descrevesse quais são os programas,
projetos e ações que desenvolve ou que pretende desenvolver com impactos (positivos ou
negativos) sobre as águas na Bacia. Os resultados da consulta estão apresentados no
Quadro 1 e Quadro 2, a seguir.
Quadro 1 – Contribuições, Via Correio Eletrônico, de Instituição Relevante na Bacia Hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
INSTITUIÇÃO 1FATORES DE IMPACTO TENDENCIAS O QUE JUSTIFICA A
TENDÊNCIAAÇÕES PREVISTAS
Poluição Industrial Aumentar Falta de fiscalização e de políticas públicas
Nenhuma. Não se dá cumprimento à Legislação Hídrica em nosso Estado, Outorga e cobrança nunca mais ouvimos falar
Poluição domiciliar Aumentar Falta de compromisso das autoridades constituídas
Como sempre ouvimos promessas de administradores que nunca são cumpridas
Degradação de Mata Ciliar
Aumentar Falta de fiscalização e de políticas públicas, Falta de compromisso das autoridades constituídas e dos proprietários de terras ribeirinhas.
Só conheço um Projeto de Recuperação de Nascentes no Rio Piauitinga, realizado graças a ação de um Promotor Público
Barramento de Rios e riachos e Assoreamento Do Rio Fundo, Piauitinga e Capivaras
Aumentar Falta de fiscalização Causar problemas sérios aos usuários à jusante e Diminuição da vazão dos Rios
Poluição por agrotóxicos
Aumentar Falta de fiscalização e capacitação do homem do campo.
Programas de Educação Ambiental no campo.
Fonte: COHIDRO, 2014.
Quadro 2 – Contribuições, Via Correio Eletrônico, de Instituição Relevante na Bacia Hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
INSTITUIÇÃO 2FATORES DE IMPACTO TENDÊNCIAS O QUE JUSTIFICA A
TENDÊNCIAAÇÕES PREVISTAS
Maior Urbanização Crescimento das cidades e atividades econômicas que integram a bacia.
- Atração Urbana;- Diversificação das Atividades Econômicas.
Maior Demanda por RH Crescimento das cidades e atividades econômicas que integram a bacia.
- Crescimento Urbano;- Desenvolvimento econômico.
Ação Educativa nas Unidades de Ensino.
Diminuição das Matas Ciliares
Redução do pequeno percentual de matas ciliares.
Ampliação de Práticas Agrícolas Predatórias.
Assoreamento dos Cursos Fluviais
- Ampliação do Desmatamento;
Ausência de uma maior fiscalização ambiental.
- Ausência de Reflorestamento.
Fonte: COHIDRO, 2014.
Diante disso, pode-se constatar que tanto na consulta pública como nos resultados com as
instituições, o desmatamento e a poluição dos cursos dos rios aparecem como fatores de
impacto negativo na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. É importante ressaltar que, para
ambos, a educação ambiental e o fortalecimento institucional são agentes de transformação
capaz de reduzir os impactos negativos do desmatamento na Bacia.
3. CONDICIONANTES DE FUTURO
A necessidade de planejar o aperfeiçoamento da gestão das águas impõe-se pela
complexidade decorrente do desenvolvimento econômico, do aumento populacional, da
expansão da agricultura, das pressões locais, da urbanização, das mudanças tecnológicas e
das necessidades e demandas ambientais e sociais, em meio às incertezas do futuro sobre
quando, como, onde e com que intensidade. Diante disso, o objetivo dessa secção é
apresentar as condicionantes de futuro e as incertezas críticas do sistema de Recursos
hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, as quais foram identificadas a partir dos
seminários de validação e hierarquização das variáveis, atribuídas pelos representantes dos
Comitês da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, dos técnicos do Governo do Estado de Sergipe
e do GAT.
A seguir são apresentadas as principais variáveis condicionantes de futuro.
3.1 Variáveis Condicionantes de Futuro
A Dinâmica Econômica:
O ritmo e a forma de crescimento da economia brasileira e sergipana vão determinar o
crescimento ou retração das atividades produtivas na Bacia, mensurado por um importante
indicador econômico, o Valor Adicionado Bruto. O setor econômico com maior dinamismo
no Estado é o industrial. O comportamento desse setor contribui para influenciar os
possíveis cenários futuros, na medida em que impactam o acesso, consumo e a conservação
da água.
Outro fator importante é a superação dos gargalos de infraestrutura para o desenvolvimento
dos pólos industriais existentes Ao todo existem também 05 polos/núcleos industriais na
Bacia, localizados nos municípios de Boquim, Estância, Lagarto, Itabaianinha e Simão
Dias. Nas proximidades da BR-101, no município de Estância, encontram-se o mais
desenvolvido pólo industrial das regiões Sul e Centro Sul do Estado, com várias indústrias
que se utilizam de recursos hídricos da Bacia do Rio Piauí: a Cervejaria Águas Claras,
Maratá (Café, Chás), Mabel (Biscoitos), Crow (Embalagens Metálicas: Latinhas de
Alumínio), além da empresa de Água Mineral “Entre Rios”.
Os cenários futuros dependerão também do grau de modernização que alcançará o Estado,
que conseguirá ou não gestar os impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes da
atividade industrial na Bacia.
Expansão do Agronegócio
O processo de expansão do setor primário - atividade agrícola, principalmente o cultivo de
monoculturas de milho e cana de açúcar e da pecuária, pode imprimir maior pressão sobre
os recursos hídricos na Bacia. No Sul e Centro-Sul de Sergipe o processo de expansão da
monocultura do milho tem crescido significativamente, principalmente nos Municípios de
Simão Dias e Poço Verde, situados na área de drenagem do alto curso do Rio Piauí.
Em decorrência desta intensa atividade agrícola, os canais fluviais merecem grande
atenção em relação à poluição por diversos processos, dentre estes o uso indiscriminado de
agrotóxicos agrícolas. Este tipo de produção agrícola também acarreta uma maior erosão
laminar, produzindo, a médio e longo prazo, conseqüências ao longo da Bacia, tais como:
Redução da fertilidade natural dos solos, assoreamento dos cursos d’água e alterações na
dinâmica dos sedimentos.
Crescimento dos Investimentos em Saneamento
Em decorrência da ação antrópica, em especial do lançamento de esgotos domésticos é
forte a tendência em aumentar a poluição das águas na Bacia. Torna-se assim, necessária a
aplicação de investimentos em infraestrutura básica de redes de escoamento e tratamento do
esgoto produzido nos aglomerados urbanos.
Outro aspecto a ser considerado é a existência de lixões, muitas vezes próximos dos
mananciais sem tratamento e a correta destinação dos resíduos sólidos, comprometendo a
qualidade das águas superficiais e subterrâneas. A poluição dos rios é uma constante
também em relação aos núcleos industriais.
Diante disso, O montante de investimentos em saneamento ambiental, a ser desenvolvido
tanto nas áreas rurais, como no perímetro urbano e uma atuação eficiente nos Municípios
em relação ao tratamento dos esgotos, à construção dos aterros sanitários e ao controle no
uso de agrotóxicos é ator privilegiado na minimização dos impactos na qualidade e
quantidade de recursos hídricos na Bacia. As ações, do Projeto Água de Sergipe e
instalação/ampliação da rede de esgoto da capital e de outros municípios – em curso, o
Programa de Aceleração do Crescimento, o monitoramento da potabilidade das águas e
outros programas, relacionados a resíduos sólidos e esgotamento sanitário, além da
conclusão dos Planos Municipais de Saneamento, que irão subsidiar a elaboração de
projetos ambientais de proteção às águas superficiais e subterrâneas. Estes são exemplos de
investimentos capazes de minimizar impactos e potencializar a qualidade das águas da
Bacia.
O Desmatamento
Embora seja um problema que ocorre em toda extensão da Bacia, destaca-se desmatamento
na área de nascentes do Rio Piauí, na povoação de Palmares, Município de Riachão dos
Dantas. Aliado a isso tem ocorrido a retirada da mata ciliar em toda a extensão da Bacia,
mas, principalmente, no Município de Estância. Isso, impacta de forma significativa o uso
do solo e por conseqüência a quantidade e a qualidade da água na Bacia.
Dificuldades financeiras do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos
O apoio, os recursos humanos e financeiros e a estrutura operacional Sistema estão aquém
das necessidades. Se as condições institucionais atuais se mantiverem no futuro imediato
haverá claramente um forte impacto negativo colocando em risco a viabilização da Política
Estadual de Recursos Hídricos, assim como todas as iniciativas de gestão ambiental e
territorial. O recurso hídrico estadual caminharia para um processo de degradação intenso.
Dinâmica populacional
A taxa de crescimento populacional do Estado de Sergipe acompanha a tendência nacional
de redução com projeção de zerar o crescimento na década de 2030. Mas, até lá a
população continuará crescendo a uma taxa anual cada vez menor.
Existem dois fenômenos migratórios em Sergipe: (1) a imigração intra-estadual e (2) a
imigração interestadual. Sergipe, ao lado do Rio Grande do Norte, são os únicos estados do
Nordeste que apresentam saldos positivos de imigração interestadual, mas o destino
principal é Aracaju. Já a imigração intra-estadual é diferente entre os municípios, mas o
destino mais escolhido é a Região Metropolitana - RM de Aracaju. O que se observa é que
nos municípios mais pobres ficam as crianças, os idosos e alguns pequenos produtores
rurais, enquanto suas esposas se mudam para a RM de Aracaju para trabalhar. Com isso as
Bacias Hidrográficas do Rio Piauí (mais) e do Rio Japaratuba (menos) tem perda de
população por migração, enquanto a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é a que mais recebe
os imigrantes.
O padrão inverso ocorre com as Bacias em função dos mesmos fenômenos descritos na
Imigração. Ou seja, a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí é a que mais perde com emigração,
seguida pela Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba.
Outro fenômeno relevante é que, no baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, após a
construção das Pontes Jornalista Joel Silveira (Aracaju-Itaporanga D’Ajuda) e Gilberto
Amado (Estância – Indiaroba), tende a ocorrer o aumento do turismo de 2ª residência (casas
de veraneio), já havendo a construção de condomínios horizontais fechados próximos às
Lagoas do Abais. Aliado a isso, a crescente construção de casas no baixo curso do Rio,
implicará numa maior demanda de recursos hídricos pelo aumento e concentração
populacional.
3.2 As Incertezas Críticas
Identificadas as condicionantes de futuro, é importante delimitar aquelas com alto grau de
incerteza e elevado impacto em relação ao futuro do objeto de cenarização – as Incertezas
Críticas. Estas últimas, podem ser específicas ou estarem agrupadas em uma ou mais
incertezas-síntese. Desse modo, apresenta-se a seguir as variáveis eleitas socialmente para a
Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. Resulta da visão e conhecimentos diversos usuários,
segmentos organizados da sociedade e de setores públicos relacionados à gestão dos
recursos hídricos.
Ritmo do Crescimento Econômico do Brasil
Os cenários, nacional e internacional apresentam um ambiente de incertezas gerado pelas
mudanças econômicas e comerciais, tecnológicas, sociais e político-institucionais, que por
sua interface com processos em desenvolvimento, imprimem indefinições de futuro para o
Estado de Sergipe e para Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
A influência das políticas macroeconômicas brasileiras podem gerar um aumento na
produção industrial sergipana, com exportação de produtos industrializados e os
provenientes do setor primário, como cana-de-açúcar e milho ou uma retração dos setores,
levando a uma redução do ritmo de crescimento, com reflexos sociais importantes. Devido
ao processo migratório no Estado para atender à indústria, a retração do setor poderá
produzir uma grande massa de desempregados em Aracaju e região metropolitana.
Dinâmica Econômica Regional
O setor industrial em Sergipe, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Sergipe
(2012) tem grande relevância para o crescimento da economia estadual. Outro fator
importante é a superação dos gargalos de infraestrutura para o desenvolvimento dos pólos
industriais existentes Ao todo existem também 5 pólos/núcleos industriais na Bacia,
localizados nos municípios de Boquim, Estância, Lagarto, Itabaianinha e Simão Dias. Nas
proximidades da BR-101, no município de Estância, encontram-se o mais desenvolvido
pólo industrial das regiões Sul e Centro Sul do Estado, com várias indústrias que utilizam-
se de recursos hídricos da Bacia do Rio Piauí: a Cervejaria Águas Claras, Maratá (Café,
Chás), Mabel (Biscoitos), Crow (Embalagens Metálicas: Latinhas de Alumínio), além da
empresa de Água Mineral “Entre Rios”.
Do ponto de vista dos recursos hídricos, tal panorama significa forte e acelerado aumento
de uso, pois o crescimento acelerado da atividade industrial impacta no crescimento
populacional e numa maior demanda de água para abastecimento, uso industrial e agrícola.
Este panorama pode repercutir negativamente sobre a qualidade e quantidade das águas já
que a Bacia também conta com expressiva área de atividades agrícolas e agropecuárias,
inclusive, com o uso de irrigação.
Irrigação
Os montantes de área irrigada para 2006 indicam que cerca de 0,35 % da área total da Bacia
Hidrográfica do Piauí. Trata-se de uma área de 1.383 hectares utilizando sistemas de
irrigação. Este pode ser considerado de baixa intensidade.
De acordo com a Secretaria de Agricultura,9 no tocante ao segmento da irrigação pública, o
estado de Sergipe conta com oito perímetros irrigados, com área irrigável superior a 13 mil
hectares, dos quais três (Betume, Cotinguiba-Pindoba e Propriá) foram implantados pelo
governo federal, através da Codevasf. Os demais foram implantados pelo governo estadual,
geralmente com a participação de recursos federais e internacionais. À exceção do Platô de
Neópolis, dividido em lotes empresariais, os demais são subdivididos em lotes parcelares
de exploração familiar.
Além daqueles em operação, encontram-se em fase final de implantação os projetos de
9 Disponível em: http://www.cohidro.se.gov.br/
irrigação Jacarecica II e Jacaré-Curituba, respectivamente em Itabaiana e Canindé do São
Francisco. Estão em estudos para implantação: o projeto Xingó, com abrangência nos
municípios de Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Monte Alegre de Sergipe, e o
Canal Dois Irmãos, que levará água a municípios da Bahia e de Sergipe, alcançando neste
estado o município de Carira.
A empresa pública responsável pela gestão dos recursos hídricos no Estado de Sergipe é a
Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (COHIDRO),
órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural
(SEAGRI).
A COHIDRO10 administra seis perímetros irrigados, responsáveis pela produção de
alimentos variados, tais como: batata-doce, quiabo, milho, cana-caiana, inhame, macaxeira,
maracujá, goiaba, tomate, pimentão, alface, coentro, cebolinha e outros. Os perímetros
estão localizados nos municípios de Itabaiana, Canindé, Tobias Barreto, Lagarto e
Malhador, e ocupam uma área total de mais de 12 mil hectares.
A expansão da Pecuária
O ritmo de crescimento da pecuária, principalmente do rebanho aves e bovinos possui um
alto grau de impacto e incerteza por se tratar de uma atividade intensiva no uso de recursos
hídricos.
A expansão das Monoculturas de Cana-de-açúcar e Milho:
É incerteza crítica o comportamento do crescimento da área destinada ao plantio de milho.
No Sul e Centro-Sul de Sergipe o processo de expansão da monocultura do milho tem
crescido significativamente, principalmente nos municípios de Simão Dias e Poço Verde,
situados na área de drenagem do alto curso do Rio Piauí. Este tipo de produção agrícola
também acarreta uma maior erosão laminar, produzindo a médio e longo prazo
10 Ver mais detalhes em: http://www.sagri.se.gov.br
conseqüências ao longo da Bacia, tais como: redução da fertilidade natural dos solos,
assoreamento dos cursos d’água, assim como alterações na dinâmica dos sedimentos.
O cultivo da cana-de-açúcar tende a se expandir na Bacia, principalmente no município de
Santa Luzia do Itanhy, com uma produção de 4.400 toneladas em 2012. Do ponto de vista
ambiental, o impacto se dá pela poluição por diversos processos, dentre estes o uso
indiscriminado de agrotóxicos agrícolas. Aliado a isso, o uso intensivo de água pode
acarretar uma sobrecarga no sistema de recursos hídricos caso esse avanço não seja
monitorado pelos órgãos competentes.
Outro aspecto a ser considerado é que a criação extensiva promove o avanço das pastagens
sobre terras antes destinadas a uma diversidade de culturas, principalmente a criação de
Caprinos, que obteve uma taxa de crescimento de 67% no período de 2005 a 2012. Em
relação às culturas temporárias observa-se uma queda no cultivo de feijão, amendoim,
mandioca, batata-doce e fumo. Em termos das culturas permanentes, observou-se uma
queda no cultivo de banana, maracujá e limão.
4. CENÁRIOS
Os estudos prospectivos constituem parte importante do processo de planejamento, na
medida em que oferecem uma orientação para as tomadas de decisões sobre iniciativas e
ações para a construção do futuro almejado pela sociedade e pelas empresas. A própria
atividade planejadora tem como pressuposto central o fato de o futuro não estar
predeterminado e ser uma construção social, resultante, portanto, das ações e das decisões
da sociedade. O processo de planejamento não teria nenhum sentido se a natureza e a
sociedade tivessem histórias futuras predefinidas, retirando qualquer espaço de liberdade
para definir o próprio futuro. (Godet, 1997).11
Nos estudos prospectivos, a técnica de elaboração de cenários tem se consolidado como o
principal recurso metodológico. Em sua caracterização, é possível distinguir dois grupos:
Cenários Alternativos e Cenário Desejado ou Normativo.11 GODET, et. al BUARQUE (2003, p.20)
No caso do estudo prospectivo da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, elaborou-se a matriz
multicritérios com contribuições dos representantes dos Comitês Gestores de Bacia
Hidrográfica, dos técnicos da COHIDRO Consultoria e as principais instituições envolvidas
com o sistema de recursos hídricos do Estado de Sergipe, conforme processo descrito
anteriormente.
Desse ponto de vista, apresenta-se a seguir o comportamento das variáveis, nos respectivos
cenários futuros para Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
4.1 Cenário Otimista
Sob a influência de uma economia nacional que cresce de maneira integrada e contínua, a
economia sergipana cresce de forma mais intensiva. A Variação do Valor Adicionado
Bruto – VAB da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí é da ordem de 3% a.a, impulsionado pelo
setor agrícola e pela indústria, que possui uma taxa de variação do Valor Adicionado Bruto
estimada de 4,6% a.a.Tendência de ampliação do setor com a atuação do Programa
Sergipano de Desenvolvimento Industrial – PSDI, que investe em apoio locacional, apoio
fiscal e tem um Fundo de Apoio à industrialização, relocalização e normatização. Ocorre
incremento da renda da população.
Ocorre redução das desigualdades regionais, seja entre os municípios do Estado, seja entre
os Estados do Nordeste. Isso reduz o movimento migratório causando maior estabilidade
entre as populações das Bacias Hidrográficas. O crescimento populacional desacelera mais
rapidamente, mas com tendência de crescimento até a década de 2030. Para o cenário
otimista, a projeção de crescimento da população do Estado de Sergipe para o período de
2010 a 2033 é de 17,81%. O Estado se antecipa à pressão populacional e cria infraestrutura.
Aumenta os investimentos em infraestrutura hídrica e saneamento básico. Ocorre aumento
do atendimento em abastecimento de água e saneamento, com 100% dos domicílios
atendidos. Aumenta os índices de atendimento aos indicadores específicos da legislação e a
cobertura de atendimento da rede de esgotamento atinge a meta de 90% dos domicílios
atendidos. Implementação dos projetos do Programa Águas de Sergipe para ampliação das
redes de esgoto e tratamento. As taxas de mortalidade são reduzidas em função de políticas
mais eficazes de saúde e saneamento. O sistema de gerenciamento de resíduos sólidos,
tanto urbano quanto rural, é eficaz no atendimento a demanda da população.
Em uma perspectiva otimista, a tendência apontada para a irrigação na Bacia, aponta para
um aumento da área irrigada de 3,3% aa. As projeções demonstram que será 3.323 hectares
de área irrigada na Bacia.
O Estado atua no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares de 40% de redução
das perdas e metas da Agência Nacional de Águas - ANA. Estimula o reuso pela indústria.
Amplia a fiscalização do tratamento dos rejeitos industriais. Amplia os investimentos para
atender às demandas setoriais de água. Maior investimento privado em produção e em
tecnologias mais eficientes de reuso.
Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, o Estado intensifica a implementação
de programas de recuperação e preservação dos solos, cria projetos para minimizar a erosão
e amplia a fiscalização. Aumento do número de municípios com Planos Diretores
implementados. Há incentivo à criação de novas Unidades de Conservação, com atuação
dos Conselhos Gestores.
Quanto aos usos econômicos, considera um avanço das culturas temporárias de milho e
cana-de-açúcar. A cana alcança uma produção projetada de 161.036 toneladas em 2033,
uma taxa média de crescimento de 18,7% aa. Para as demais lavouras temporárias, há uma
projeção de expansão de 7% aa. Em relação às lavouras permanentes, a tendência projetada
evidencia um aumento de 7,3% aa.
O Território é ocupado com grandes áreas de pastagem. A tendência apontada é de
crescimento do plantel de aves de 9,5% aa. Em 2033, projeta-se que haverá na Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí, 9.630.723 cabeças de aves. Para os outros rebanhos (Bovino,
Eqüino, Asininos, Muares, Suínos, Caprinos e Ovinos), projeta-se uma taxa média de
crescimento de 3,1% aa. Assim, em um cenário otimista, projeta-se que haverá 575.555
cabeças na Bacia em 2033.
No que diz respeito à Governança e a implementação dos Instrumentos de gestão, ocorre
um avanço da estruturação do órgão estadual de Gestão de Recursos Hídricos. Este,
fortalecido tecnicamente, viabiliza a ampliação da restrição à outorga, com início da
cobrança – com valor monetário atualizado, pelo uso dos recursos hídricos e ampliação do
enquadramento. Implementa-se planos com restrições a usos específicos. Neste cenário,
ocorre um avanço na implantação dos instrumentos, com avanços em outorga,
enquadramento e Cobrança de forma amplamente participativa..
Quanto à Situação institucional dos atores do SINGREH, ocorre avanço da estruturação do
Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. O Órgão Estadual de Gestão de
Recursos Hídricos com maior autonomia e estruturado, fortalecido técnica e
financeiramente, com quadro de pessoal próprio adequado às suas atribuições. O Conselho
Estadual de Recursos Hídricos é fortalecido, desempenhando todas as atribuições que lhe
são previstas legalmente, promovendo a articulação e integração das diferentes políticas
setoriais com interface na gestão de recursos hídricos. Maior participação social.
Apresenta-se, a seguir, a Tabela 1 – Projeções das Variáveis de Futuro para a Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí no Cenário Otimista. Trata-se de prospecções dos principais
processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos hídricos em horizonte
temporal de curto, médio e longo, prazos, ou seja, 2013, 2018, 2023, 2028 e 2033.
É importante salientar, que os dados quantitativos apresentados se referem a projeções
desenhadas a partir da evolução das variáveis para cada cenário, evidenciadas pelo
diagnóstico produtivo e pelo processo de construção social dos cenários.
4.2 Cenário Pessimista
A economia sergipana é induzida pela brasileira, que não consegue aproveitar as poucas
oportunidades de um mundo instável e fragmentado. O resultado disso é um cenário de
estagnação econômica e aumento da inflação. O reduzido crescimento da atividade
econômica é traduzida, pela Variação do Valor Adicionado Bruto – VAB da Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí é da ordem de em 0,5% aa, impulsionado pelos setores agrícola e
industrial. Este último, possui, uma taxa de variação do Valor Adicionado Bruto, para o
cenário pessimista, estimada de 2,6% a.a.
Há o agravamento das desigualdades regionais, seja entre os municípios do Estado, seja
entre os Estados do Nordeste. Devido a este fato, ocorre um aumento do movimento
migratório causando maior instabilidade da população da Bacia. Aumenta o movimento
migratório da população inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí – com mais
intensidade, e da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, principalmente para a Região
Metropolitana de Aracaju. Aumento das crises e da insatisfação da população.
O crescimento populacional desacelera, com menor intensidade, com tendência de
crescimento até a década de 2030. Para o cenário pessimista, a projeção de crescimento da
população do Estado de Sergipe para o período de 2010 a 2033 é de 24,1%. O Estado não
se antecipa à pressão populacional para a criação de infraestrutura.
A inoperância do Estado é ineficaz no atendimento da demanda para o consumo humano.
Piora da situação do abastecimento, principalmente, nos Municípios de Aruá, Boquim,
Itabaianinha, Poço Verde, Salgado, Umbaúba e Poço Verde. O Poder Público não consegue
atender às demandas setoriais.
O sistema de abastecimento de água e tratamento de esgotos não consegue atender à
demanda, ocorre o declínio da população atendida, ocorrendo taxas inferiores a 91,25%.
Crescimento populacional piora a qualidade do abastecimento e saneamento básico. Ocorre
o declínio do percentual do atendimento em abastecimento de água e saneamento. As taxas
de mortalidade aumentam em função da ineficácia de políticas de saneamento. Ocorre a
desmatamento na área de nascentes do Rio Piauí, na povoação de Palmares, Município de
Riachão dos Dantas. Agrava a retirada da mata ciliar em toda a extensão da Bacia,
principalmente, no Município de Estância.
O grau de eficiência não se mantém em consonância com a legislação, ocorrendo maior
incidência de sanções. O sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, tanto urbanos
quanto rurais é ineficaz no atendimento à demanda, gerada pelo aumento populacional. São
evidentes os danos causados por resíduos provenientes de matadouros e lixões.
Em uma perspectiva pessimista, a tendência apontada para a irrigação na Bacia, aponta para
um aumento da área irrigada de 1,8% aa. As projeções demonstram que para 2033, a área
irrigada será 6.628 hectares de área irrigada na Bacia.
O Estado tem menor participação no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares
de 60% de perdas. Pouca ou nenhuma melhoria de tecnologia de usos de recursos hídricos.
É pouco expressivo o estímulo ao reuso pela indústria. As regras para a fiscalização do
tratamento dos rejeitos industriais estão formalmente implantadas, mas sem efetividade.
Faltam recursos para os investimentos em infraestrutura para atender às demandas setoriais
de água. Menor avanço do setor privado em produção e em tecnologias mais eficientes de
reuso.
Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, o Estado é ineficaz na implementação
de programas de recuperação e preservação dos solos. O desmatamento das nascentes é
agravado na região semiárida. Aumento da especulação imobiliária e expansão da
construção de casas no baixo curso do Rio. Devido ao baixo rigor no cumprimento da
legislação, aumenta a contaminação das águas e ocorre uma piora da qualidade do solo
devido ao uso intensivo de agrotóxicos. Ocorre resistência à adesão ao sistema. Ingerência
políticas e interferências econômicas dificultam a implementação dos Planos Diretores. Há
pouca informação sobre as Unidades de conservação, com reduzida atuação dos Conselhos
Gestores.
Quanto aos usos econômicos, considera o crescimento das culturas temporárias de milho e
cana-de-açúcar a menores taxas que nos cenários otimista e factível. A cultura de cana-de-
açúcar alcança uma produção projetada de 38.639 toneladas em 2033, uma taxa média de
crescimento de 10,9% aa. Para as demais lavouras temporárias, há uma projeção de um
aumento menos acentuado, 3% aa. Em relação às lavouras permanentes, a tendência
projetada evidencia um aumento de 2,3% aa.
O Território é ocupado com áreas de pastagem. A tendência apontada é de crescimento do
plantel de aves de 2,7% aa. Em 2033, projeta-se que haverá na Bacia Hidrográfica do Rio
Piauí, 3.609.146 cabeças de aves. Para os outros rebanhos (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar,
Suíno, Caprino e Ovino), projeta-se uma taxa média de crescimento de 1,1% aa. Assim, em
um cenário pessimista, projeta-se que haverá 381.443cabeças na Bacia em 2033.
A produção industrial alcança R$ 1.427.429,00 em 2033. Mas, o acréscimo do setor
industrial de 2,6%aa, não é acompanhado por um aumento no rigor da fiscalização, gerando
os seguintes impactos: Retirada de areia dos leitos dos rios e poluição dos rios localizados
nos pólos industriais. Não ocorre um fortalecimento institucional dos órgãos de controle e
atendimento nas normas pela iniciativa privada, bem como a adoção de novas tecnologias
menos impactantes (produção limpa) no cultivo e beneficiamento da cana-de-açúcar e para
as fontes de poluição industrial.
No que diz respeito à Governança e a implementação dos Instrumentos de gestão, o Estado
se mostra incapaz de implementar a outorga e planos com restrições a usos específicos.
Faltam recursos para obras de infraestrutura. Quanto à Situação institucional dos atores do
SINGREH, ocorre estagnação e até recuo da estruturação do Sistema Estadual de Gestão de
Recursos Hídricos. Órgão Estadual de Gestão de Recursos Hídricos com pouca autonomia
e estruturado de forma pouco operativa, fragilizado por mudanças na conjuntura política
institucional. A atuação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos fica estagnada,
desempenhando poucas atribuições que lhe são previstas legalmente e não consegue
promover a articulação e integração das diferentes políticas setoriais com interface na
gestão de recursos hídricos. Menor participação social e aumento dos conflitos.
Dados esses aspectos, apresenta-se, a seguir, a Tabela 2 – Projeções das Variáveis de
Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí no Cenário Pessimista. Trata-se de
prospecções dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos
hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo, prazos, ou seja, 2013, 2018, 2023,
2028 e 2033.
5. DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL (POSSÍVEL) PARA A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ
O cenário factível é fruto da vontade coletiva, expressa pela representatividade da Bacia
Hidrográfica. É baseado nos resultados da compatibilização das disponibilidades com as
demandas hídricas, após ajustes e refinamentos ditados por critérios de viabilidade técnica e
de aceitação política. No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, o comportamento desse
cenário, construído socialmente, está descrito como se segue.
O comportamento da economia do Estado de Sergipe é dependente do padrão nacional. A
tendência continua sendo de aumento do emprego e renda, mas com alta taxa de
informalidade e de pessoas que não buscam colocação no mercado de trabalho. A variação
do Valor Adicionado Bruto no Estado de Sergipe apresenta variações bruscas de um ano
para outro, impulsionado pelo crescimento da Indústria de Têxtil, papel, madeira,
mobiliário, agronegócio e serviços. Em função do impacto que investimentos de grandes
empresas têm sobre a economia relativamente pequena do Estado, anos de crescimento do
Valor Adicionado Bruto, são, muitas vezes, seguidos de anos de queda nesse crescimento,
sendo os efeitos desses fluxos de grandes empresas, severamente sentidos pelos municípios.
A Bacia Hidrográfica do Rio Piauí se beneficia pelas plantas industriais instaladas:
Cervejaria Águas Claras, Maratá (Café, Chás), Mabel (Biscoitos), Crow (Embalagens
Metálicas: Latinhas de Alumínio), além da empresa de Água Mineral “Entre Rios”. A
tendência projetada para o setor industrial é uma taxa média de variação do Valor
Adicionado Bruto estimada de 3,6% a.a. Ocorre incremento da renda da população.
A taxa de crescimento populacional de Sergipe acompanha a tendência nacional de
desaceleração, com projeção de zerar o crescimento na década de 2030. Mas, até lá, a
população continuará crescendo a uma taxa anual cada vez menor. A projeção é de
crescimento da população do Estado de Sergipe para o ano de 2014 de 1,09% e para 2033,
de 0,56%.
O comportamento da dinâmica populacional revela dois fenômenos migratórios no Estado
de Sergipe - a imigração intra-estadual e a imigração interestadual. Sergipe, ao lado do
Estado do Rio Grande do Norte, são os únicos estados do Nordeste que apresentam saldos
positivos de imigração interestadual, mas o destino principal é Aracaju. Já a imigração
intra-estadual é diferente entre os municípios, mas o destino principal é a Região
Metropolitana de Aracaju. O que se observa é que nos municípios mais pobres ficam as
crianças, os idosos e alguns pequenos produtores rurais, enquanto suas esposas se mudam
para a RM de Aracaju para trabalhar. Com isso, as Bacias Hidrográficas do Rio do
Piauí(mais) e do Rio Japaratuba (menos) têm perda de população por migração, enquanto a
Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é a que mais recebe os imigrantes. O crescimento
populacional, o crescimento Industrial e a urbanização geram aumento pela demanda de
água para o abastecimento humano e industrial.
Os investimentos em infraestrutura hídrica, incluindo as intervenções em termos de
abastecimento de 13 projetos – Águas de Sergipe e PAC, melhoram os índices de
abrangência e o grau de tratamento de esgotos. Efetivação do Programa: Águas de Sergipe
para melhoria das condições hídricas da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. As taxas de
mortalidade são reduzidas em função de políticas mais eficazes de saúde e saneamento. O
grau de eficiência mantém-se em consonância com a legislação.
Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, ocorre a ampliação das áreas de
reserva legal e APP’s para atendimento à legislação. A tendência é que sejam realizadas
ações para a redução do risco de erosão dos solos e estabilização das áreas degradadas,
principalmente, as decorrentes da monocultura do milho em Simão Dias e Poço Verde. Há
manutenção das Unidades de conservação, ou seja, não ocorre expansão de novas áreas.
Tendência de implementação dos Planos Diretores para as cidades com mais de 20.000
habitantes.
O Estado atua no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares de 50% de redução
das perdas no abastecimento de água. Manutenção do atual patamar de investimento em
drenagem. Ocorre a ampliação do atendimento em abastecimento de água com 91,25% dos
domicílios atendidos. Elevação do índice de cobertura de atendimento da rede de
esgotamento de 35% para 90%. Para o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, a
tendência apontada é que serão mais nítidos os níveis de tratamento de resíduos. Serão mais
nítidos os níveis de tratamento de resíduos, com implantação de aterros controlados para
disposição final de resíduos, encerramento de Lixões e o fortalecimento de organizações de
catadores.
Quanto aos usos econômicos, a tendência apontada é o crescimento Industrial (Sul
Sergipano), a intensificação de atividades agrícolas e ampliação de serviços ( Campus
Universitário ) na região Centro sul gera um aumento populacional e aumento da demanda
para atender ao abastecimento humano e setores produtivo e de serviços. Considera que o
aumento populacional aumenta o consumo, sendo que o aumento da produção dependerá
dos cultivos e da técnica ou uso de água com sustentabilidade e técnicas corretas.
Considera a previsão de crescimento do setor agrícola de 5,2% aa, com predominância do
crescimento da cultura de cana-de-açúcar 14,8% aa. Para as demais lavouras temporárias, a
tendência é acréscimo de 5%aa. Observa-se também uma expansão das culturas
permanentes de 5,3% aa. A cultura de cana-de-açúcar alcança uma produção projetada de
79.843 toneladas em 2033.
Considera que a tendência de crescimento dos rebanhos de aves na Bacia é de 7% aa e
outros (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino) com tendência de
crescimento de 2,1% aa. Assim, em um cenário factível ou desejável, projeta-se que, no
longo prazo, 20anos, a tendência é que haja na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí,
5.929.550 cabeças de aves.
Tendência de crescimento da agroindústria, com aumento de abatedouros, granjas,
laticínios e do processamento da cana-de-açúcar, muito intensivo no uso de recursos
hídricos. Considera um crescimento da área irrigada de 2,4%aa.
A tendência observada para o setor industrial na Bacia é de 3,6%aa. As projeções, para um
cenário factível, apontam uma tendência de que, em 2033, o setor industrial da Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí produza R$ 1.766.962,00.
A extração de areia no leito dos rios está presente na Bacia notadamente em Nossa Senhora
do Socorro e rio Siriri (Rosário do Catete. Assim, considera-se a tendência de ampliação e
intensificação da extração de areia devido as novas empresas produtoras de vidro no
Estado. Aumento da Fiscalização.
Quanto à disponibilidade de recursos hídricos, a tendência apontada é que a qualidade da
água pode sofrer alterações com a poluição proveniente do esgoto doméstico e industrial,
do vinhoto, de agrotóxicos e do chorume. No que diz respeito à poluição advinda do esgoto
doméstico, considera-se que para o cenário factível, trabalha-se com hipótese de que os
índices de abrangência e grau de tratamento de esgotos são ampliados de 35% par 90%,
conforme dito anteriormente. Já para a poluição industrial, a tendência apontada é que
haverá melhorara em função instituição da outorga de lançamento pela SEMARH. Para a
poluição advinda do vinhoto, considera-se a ampliação da atividade industrial, mas com
tendência de redução da poluição em função das ações de fiscalização pela ADEMA. Da
proveniente de agrotóxico, considera-se a redução em função da legislação e de maior
fiscalização EMDAGRO. Para a poluição causada pelo chorume, considera-se que a
tendência é melhorar devido ao encerramento de antigos lixões e à remediação.
Analisando-se as variáveis relacionadas à disponibilidade dos recursos hídricos, tem-se
uma prospecção positiva. Isso, porque a Captação água Subterrânea tende a diminuir e ser
mais racional em função dos levantamentos e estudos realizados; A adoção de práticas de
reuso tende a se expandir em função das questões de disponibilidade de água e da adoção
das ISO’s pelo setor industrial; A preservação das Áreas de Proteção Permanentes,
principalmente das relacionadas às nascentes, tende a ser mais eficiente em função dos
programas que estão sendo instruídos pela SEMARH e DESO; A construção de barragens
tende a se manter em função de poucos eixos possíveis de serem barrados. É importante
ressaltar, que as transposições podem levar a uma tendência de agravamento dos impactos
sobre a oferta de recursos hídricos em função das diminuições da vazão imposta pela
política energética.
Dos fatores ambientais com impacto na Bacia, tem-se que a recuperação florestal possui
uma tendência de aumento, com ampliação da área plantada em função para atendimento ao
Novo Código Florestal e que o desmatamento e a erosão das margens dos corpos hídricos
apresentam tendência de redução devido, principalmente, ao aumento do monitoramento,
da fiscalização e do controle do desmatamento e da erosão pela ADEMA.
Em relação às questões que acirram os conflitos na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, tem-
se: Barramentos; Uso irregular Irrigação x usos diversos; Lançamento de efluentes
industriais, principalmente o vinhoto e a Aqüicultura nos Municípios de Estância e
Indiaroba. Todos eles apresentam tendência de redução em função do aumento da
fiscalização da ADEMA e mudanças no sistema de irrigação pela COHIDRO.
A implementação dos Instrumentos de gestão está condicionada a uma maior estruturação
do Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. A tendência para a Bacia
Hidrográfica do Rio Piauí é o avanço na implementação, com critérios de outorga mais
restritivos e a melhoria em função da rede de monitoramento e dos sistemas adotados pela
SEMARH. Outra tendência é o inicio da implantação da cobrança nas Bacias estaduais,
com implantação gradativa, pois contribui para racionalização do uso dos recursos hídricos.
Contribui também a implantação prevista pela SEMARH do Sistema de Informação.
Neste cenário, há a perspectiva de melhora do monitoramento qualitativo e quantitativo, em
função da ampliação e do acompanhamento da rede de monitoramento. Contribui também a
elaboração dos Planos Diretores de Recursos Hídricos nas demais Bacias estaduais –
inclusive a costeira; a tendência de grande ampliação da fiscalização devido ao convênio de
estruturação da SEMARH ou ADEMA, a criação de um Fundo com recursos, com
intervenções específicas e a ampliação das ações de educação ambiental nas Bacias.
Quanto à Situação institucional dos atores do SINGREH, ocorre avanço da estruturação do
Sistema Estadual de Gestão de Recursos. Considera a possibilidade de estruturação e maior
autonomia do Sistema em decorrência da pressão social por água em quantidade e
qualidade para os diversos usos. Existência de órgão gestor, desempenhando atribuições
previstas na legislação, com melhora da estrutura física, recursos humanos e da autonomia.
Órgão Estadual de Gestão de Recursos Hídricos fortalece-se em relação à autonomia,
estrutura e amplia o quadro técnico e a questão financeira. A atuação do Conselho Estadual
de Recursos Hídricos - CONERH é mais intensiva na regulamentação dos instrumentos de
gestão e resolução de conflitos. Há a implantação de Agência de águas no Estado,
vinculado à implementação da Cobrança. Os Comitês Gestores de Bacia Hidrográfica,
desde 2002 desempenhando atribuições previstas na legislação, fortalecem-se com maior
apoio institucional e passam a possuir maior autonomia.
Dados esses aspectos, apresenta-se, a seguir, a Tabela 3 – Projeções das Variáveis de
Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí no Cenário Factível. Trata-se de prospecções
dos principais processos e variáveis que condicionam o cenário desejável dos recursos
hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo prazo, ou seja, 2013, 2018, 2023,
2028 e 2033.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção social dos cenários para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí contou com a
visão e os conhecimentos de diversos usuários, segmentos organizados da sociedade civil e
de setores públicos relacionados à gestão dos recursos hídricos. O processo de elaboração
foi dividido em 7 etapas. Desde a elaboração do diagnóstico produtivo até a descrição e
prospecção dos cenários, foram desenvolvidas oficinas públicas e reuniões que deram
origem aos resultados apresentados. Nos cenários alternativos (otimista e pessimista) e
factível, desenhou-se tendências de caráter quantitativo e qualitativo para um horizonte de
planejamento de 20 anos, divididos em períodos de 5 anos.
O trabalho de análise e consolidação dos dados obtidos no diagnóstico produtivo e nas
oficinas públicas demonstrou os principais processos e variáveis de futuro que condicionam
os recursos hídricos para 2033. As variáveis eleitas foram: O crescimento econômico, a
dinâmica populacional, o comportamento do setor agrícola e pecuária, do setor industrial e
da área irrigada. Dentre as variáveis de futuro projetadas, merece destaque o avanço da
cana-de-açúcar, que no cenário otimista, atingirá 2.182.778 toneladas e 1.427.429 toneladas
para o cenário pessimista para prospecções realizadas para 2033.
A construção dos cenários evidenciou a fragilidade do atual sistema e possibilita a
construção das estratégias de atuação para se consolidar o cenário almejado. Demonstra que
as fragilidades do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos podem ser modificadas,
principalmente pela consolidação e fortalecimento política-institucional dos atores do
SINGREH através da ampliação dos recursos humanos e da normalização técnica e jurídico
– administrativa.
ANEXOSMatriz 1 - Etapa 3 – Organização e Consolidação das Variáveis
VARIÁVEIS DOS CENÁRIOSTEMA SUBTEMA
Crescimento Econômico DemografiaCrescimento populacionalImigraçãoEmigração
Economia Variação PIB
Disciplinamento da Ocupação do Solo
Áreas de Reserva LegalProteção do Solo contra a ErosãoUnidades de Conservação
Saneamento
Abastecimento de Água Controle de perdasAtendimentoEsgotamento SanitárioDrenagemColeta e Disposição de Lixo
Usos Econômicos
AgriculturaPecuáriaIrrigaçãoAquicultura (peixes)Indústria
MineraçãoPetróleoExtração (lavra) de áreaOutros
Atividades Turísticas
Recursos Hídricos
Qualidade da água
Poluição esgoto domésticoPoluição esgoto industrialPoluição VinhotoPoluição agrotóxicosPoluição ChorumeCalcárioOutros Captação água subterrâneaAdoção de Práticas de ReusoPreservação de nascentesConflitos de usosTecnologiasOutros
Disponibilidade Hídrica Superficial
Construção de Barragens / Açudes
Fatores AmbientaisDesmatamentoErosão das margens dos Corpos Hídricos
Conflitos de usos
BarramentosUso irregularIrrigação x usos diversosAquicultura (peixes)
Governança
Implementação dos Instrumentos de Gestão
OutorgaCobrançaSistema InformaçãoMonitoramento quanti-qualitativoPlanos DiretoresEnquadramentoCompensação a MunicípiosEducação ambiental
Situação institucional dos atores do SINGREHÓrgão Gestor EstadualComitês de BaciasAgências
Fonte: COHIDRO, 2014.
Matriz 2 – Cenário Normativo - Factível da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.
TEMA SUBTEMA CENÁRIO NORMATIVO
VARIÁVEIS DOS CENÁRIOS COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NO CENÁRIO PROPOSTO
Crescimento Econômico
Demografia
Crescimento populacional
O crescimento populacional continua desacelerando, mas com tendência de crescimento até a década de 2030. A projeção de crescimento da população do Estado de Sergipe para o ano de 2014 é de 1,09% e para 2033, de 0,56% .
Imigração
O Estado possui dois fenômenos migratórios: intra-estadual e inter-estadual. Sergipe, apresenta saldos positivos de imigração inter-estadual, mas o destino principal é Aracaju. Já a imigração intra-estadual é diferente entre os municípios, mas o destino principal é a Região Metropolitana de Aracaju. O que se observa é que nos municípios mais pobres ficam as crianças, os idosos e alguns pequenos produtores rurais, enquanto suas esposas se mudam para a RM de Aracaju para trabalhar. De modo geral, o agronegócio da cana-de-açúcar e a atividade Industrial surgem como principais fatores de atração populacional nos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, com tendência ao adensamento urbano nas sedes municipais.
Emigração
Na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí ocorre perda de população pelo fenômeno de emigração. O destino é, principalmente, a RM de Aracaju.
Economia
Emprego e Renda
A tendência do Estado de Sergipe continua sendo de aumento de emprego e renda, mas ainda com alta informalidade e alta taxa de pessoas que não procuram emprego.
Variação PIB
A tendência é de Crescimento econômico moderado. Taxa de crescimento média estimada do Valor Adicionado Bruto é de 1,5% a.a.
Disciplinamento da Ocupação do Solo
Áreas de Reserva Legal e APPs Ampliação das áreas de reserva legal e APP´s, para atendimento à legislação.
Proteção do solo contra erosão - Áreas degradadas
Aumento da proteção do solo contra erosão e estabilização das áreas degradadas.
Plano DiretorTendência de implementação dos planos Diretores para as cidades com mais de 200.00 habitantes.
Unidades de Conservação Manutenção das Unidades de Conservação – Sem expansão de novas áreas.
Saneamento
Abastecimento de Água
Controle de perdasNo controle das perdas no abastecimento de água, a tendência é que se mantenha um percentual de 50%.
AtendimentoHá uma tendência de que os índices de abastecimento de água atinjam um patamar de 91,25%.
Esgotamento Sanitário
Considera que os índices de abrangência e grau de tratamento de esgotos são ampliados de 35% para 90%.
Drenagem Manutenção do atual patamar de investimento em drenagem
Coleta e Disposição de
Lixo
Considera que serão mais nítidos os níveis de tratamento de resíduos. Implantação de aterros controlados para disposição final de resíduos. Encerramento de lixões.
ReciclagemAmpliação da reciclagem, com atuação das associações de catadores em Lagarto e de organizações em outros municípios da Bacia.
Saúde PúblicaDoenças de veiculação hidricas
Tendência de redução devido a melhoria nas condições de saneamento básico.
Usos Econômicos
Agricultura
Considera que aumenta a população, aumenta o consumo. O aumento da produção dependendo dos cultivos e da técnica ou uso de água com sustentabilidade e técnicas corretas. Considera a previsão de crescimento do setor agrícola de 5,2% aa, com predominância do crescimento da cultura de cana-de-açúcar, 14,8% aa. Para as demais lavouras temporárias, a tendência é de um aumento de 5%aa. Observa-se também uma expansão das culturas permanentes de 5,3% aa.
Pecuária
Tendência de crescimento dos rebanhos de aves na Bacia é de 7%aa e outros (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino) com tendência de crescimento de 2,1% aa.
Irrigação Considera um crescimento da área irrigada de 2,4%aa.
Aquicultura (peixes)
A tendência é de crescimento, pelo conhecimento do que existe cadastro pelo IBGE e contratação de técnicos pela EMBRAPA.
Indústria IndústriaA Bacia Hidrográfica do Rio Piauí se beneficia pelas plantas industriais instaladas. A tendência projetada para o setor industrial é
uma taxa média de variação do Valor Adicionado Bruto estimada de 3,6% a.a. Ampliação da atuação do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial –
Agroindústria
Tendência de crescimento de abatedouros, granjas, laticínios e do processamento da cana-de-açúcar, muito intensivo no uso de recursos hídricos. O crescimento industrial e do agronegócio gera um aumento populacional, aumentando a demanda de água para o abastecimento humano e para os setores produtivos.
Mineração
Energéticos (Petróleo) _
Não energético Extração (lavra) de areia e argila
Tendência de ampliação e intensificação da extração devido às novas empresas produtoras de vidro no Estado. Aumento da Fiscalização.
Comércio Tendência moderada de ampliação, acompanhando as taxas de crescimento do PIB.
Disponibilidade Recursos Hídricos
Qualidade da Água
Poluição esgoto domésticoConsidera que os índices de abrangência e grau de tratamento de esgotos são ampliados de 35% par 90%.
Poluição esgoto industrial Tende a melhorar em função instituição da outorga de lançamento pela SEMARH.
Poluição Vinhoto
Ampliação da atividade industrial, mas tendência de redução da poluição por vinhoto em função das ações de fiscalização pela ADEMA
Poluição Agrotóxicos Redução em função da legislação e de maior fiscalização EMDAGRO.
Poluição Chorume Tende a melhorar em função do encerramento de antigos lixões e com a remediação.
Quantidade de Água
Captação água SubterrâneaTende a diminuir e ser mais racional em função dos levantamentos e estudos realizados.
Adoção de Práticas de Reuso (tecnologia)
Tende a se expandir em função das questões de disponibilidade de água e da adoção das ISO’s pelo setor industrial.
Preservação de APPs (Nascentes)Tende a melhorar em função dos programas que estão sendo instituídos pela SEMARH e DESO.
TransposiçõesTende a aumentar os impactos em função das diminuições da vazão imposta pela política energética.
Construção de Barragens / Açudes
Tendência de se estabilizar em função de poucos eixos possíveis de serem barrados. As ampliações da crista estão sendo ocupadas a exemplo de Dionisio Machado - ocupação urbana.
Fatores Ambientais
Recuperação florestal Aumento da área plantada em função para atendimento ao Novo Código Florestal.
DesmatamentoRedução do desmatamento a taxas atuais, devido a manutenção do controle pela ADEMA.
Erosão das margens Corpos Hídricos
Tendência de redução da erosão devido, principalmente, a fiscalização e ao controle do desmatamento pela ADEMA.
Conflitos de usos Conflitos
Barramentos Tendência a redução em função do aumento da fiscalização da ADEMA.
Uso irregular Tende a diminuir em função do aumento da fiscalização da ADEMA.
Irrigação x usos diversos
Tende a diminuir os conflitos em função do aumento da fiscalização da ADEMA e mudanças no sistema de irrigação pela COHIDRO.
Indústria (lançamento do VINHOTO)
Tende a diminuir em função do aumento da fiscalização da ADEMA.
Aquicultura Tende a diminuir em função do aumento da fiscalização da ADEMA.
Governança
Implementação dos
Instrumentos de Gestão
Outorga Melhoria em função da rede de monitoramento e dos sistemas adotados pela SEMARH.
Cobrança Inicio da implantação da cobrança nas Bacias estaduais. Avanço gradativo.
Sistema de Informação Implantação prevista pela SEMARH.
Monitoramento qualitativo Melhoria em função da ampliação e do acompanhamento da rede de monitoramento.
Monitoramento quantitativo Melhoria em função da rede de monitoramento.
Planos DiretoresElaboração dos Planos Diretores de Recursos Hídricos nas demais Bacias Estaduais – inclusive a costeira.
EnquadramentoPerspectiva de implementação gradativa do enquadramento, tendo em vista as diretrizes do PERH.
FiscalizaçãoTendência de grande ampliação da fiscalização devido ao convênio de estruturação da SEMARH ou ADEMA.
FUNERH Fundo com recursos, financiando intervenções especificas.
Educação Ambiental Ampliação das ações de educação ambiental nas Bacias.
Situação institucional dos
atores do SINGREH
Órgão Gestor EstadualFortalecimento institucional do órgão gestor de recursos hídricos. Reestruturação e ampliação do quadro técnico.
Comitês de Bacias Fortalecimento dos Comitês com maior apoio institucional e maior autonomia.
CONERHFortalecimento do CONERH. Atuação mais intensiva na regulamentação dos instrumentos de gestão e resolução de conflitos.
AgênciasImplantação de Agência de águas no Estado, vinculado à implementação da Cobrança – Modelo em estudo.
Fonte: Dados do GAT, 2014.
Recommended