86
PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ “Cenários do Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí”

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ

“Cenários do Plano da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí”

Setembro de 2014

Page 2: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO..............................................................................................................................3

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................5

2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS...........................................................................19

3. CONDICIONANTES DE FUTURO.............................................................................................313.1 Variáveis Condicionantes de Futuro...........................................................................313.2 As Incertezas Críticas..................................................................................................35

4. CENÁRIOS...................................................................................................................................384.1 Cenário Otimista.........................................................................................................394.2 Cenário Pessimista......................................................................................................42

5. DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL (POSSÍVEL) PARA A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ..........................................................................................................................46

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................53

ANEXOS...........................................................................................................................................54

Page 3: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

APRESENTAÇÃO

É fenômeno da modernidade a elaboração de planejamento estratégico para nortear as

decisões futuras. Seja nas empresas, seja no setor público ou nas organizações da sociedade

civil, a construção de cenários têm sido crescentemente utilizada como instrumental capaz

de contribuir para delimitar os espaços possíveis de evolução da realidade.

Norteados por essas premissas, o presente documento tem o objetivo de apresentar o

caminho percorrido e os resultados obtidos na construção social dos cenários para a Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí. O texto está estruturado em secções como se segue.

Na primeira secção, a INTRODUÇÃO, apresenta-se os conceitos e a legislação norteadora

da cenarização. Contempla também os objetivos almejados e método e instrumentais

utilizados em cada fase da elaboração. São descritas as sete etapas que compõem a

metodologia utilizada, bem como, como foram planejadas, as ferramentas utilizadas, de que

forma foram executadas e a que resultados remetem.

A segunda secção, A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS, apresenta-se os

resultados das oficinas públicas da fase prognostica realizada conjuntamente com os atores

sociais relevantes para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

A secção seguinte, a terceira, CONDICIONANTES DE FUTURO apresenta as variáveis

“condicionantes de futuro” e as “Incertezas Críticas” reveladas pela avaliação e ratificação

da matriz multicritério e pela hierarquização das variáveis relevantes para a Bacia. Processo

realizado conjuntamente pelo Grupo de Apoio Técnico do Plano – GAT, membros dos

Comitês Gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Sergipe, Piauí e Japaratuba e técnicos

de empresas públicas das esferas municipal, estadual e federal com interesse nos Planos de

Bacia Hidrográfica em execução.

Page 4: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Na quarta secção, CENÁRIOS, são apresentadas as hipóteses de futuro. Demonstra o

comportamento dos 2 cenários alternativos: Cenário Otimista e Cenário Pessimista,

definidos socialmente para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. A Secção apresenta também

a prospecção dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos

hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo prazo, ou seja, 2013, 2018, 2023,

2028 e 2033.

Na seção seguinte, DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL, descreve-se o cenário

normativo para a Bacia. Trata-se do cenário possível construído a partir da percepção dos

principais atores sociais nos seminários, dos resultados das oficinas públicas e do olhar dos

membros dos comitês e dos técnicos e consultores da COHIDRO.

Na última secção têm-se AS CONSIDERAÇÕES FINAIS, com as contribuições possíveis

sobre o processo de cenarização da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

Page 5: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

1. INTRODUÇÃO

Os Cenários são ferramentas de planejamento utilizadas para aglutinar racionalidades

existentes dando coerência a uma série de elementos difusos e procurando extrais deles

orientações norteadoras de ações futuras1. Diante disso, o intuito deste relatório é apresentar

a base metodológica que norteou a identificação dos principais processos e variáveis que

condicionam os cenários socioeconômicos dos recursos hídricos para a Bacia Hidrográfica

do Rio Piauí. E, a partir dessas condicionantes, desenvolver os cenários de planejamento

para a gestão de recursos hídricos e a proposição de ações futuras. Trata-se de uma análise

prospectiva2 sistemática com vistas a atender ao que determina a Política Nacional dos

Recursos Hídricos Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997 e ao Art. 12 da Resolução do

Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH nº 145, que estabelece as diretrizes para

a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas e dá outras

providências. Busca ainda atender ao disposto na legislação do Estado de Sergipe,

especificamente, na Lei n° 3.870/97, que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos e

o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Sergipe – SEGRSH.

O processo de desenvolvimento dos Cenários consiste na utilização de ferramentas de

Planejamento que permitem confrontar condições futuras imprevistas com uma tendência

que foi definida com base em condições dadas no passado. Busca-se, assim, identificar

quais os atores e as variáveis mais relevantes do sistema e apresentá-los de forma

sistemática.

Os principais atributos dos cenários3 são: i) a visão sistêmica da realidade; ênfase em

aspectos descritos em termos qualitativos; ii) explicitação das relações entre variáveis e

atores como estruturas dinâmicas; iii) visão de futuro como construção social e não como

1 Conceito construído tendo como referência o Plano Estadual de Recursos Hídricos do Paraná. Águas do Paraná (Produto 2.5) – Cenários Alternativos do Plano Estadual de Recursos Hídricos (2010, p.49) 2 A análise prospectiva trata de uma visão de futuro abrangente, com enfoque em oportunidades existentes. No prognóstico, os principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos hídricos são apresentados de forma sistemática. PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DE MATO GROSSO DO SUL (2010).3 Vide Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p. 16), Volume II – Cenários.

Page 6: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

fatalidade. Para tanto, é necessária uma metodologia capaz de identificar atores e as

variáveis relevantes ao sistema.

Norteados por essas premissas, busca-se, então, apresentar o caminho percorrido no

estabelecimento dos Cenários de Planejamento, construídos socialmente, para Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí. A metodologia utilizada compreende 7 etapas, descritas de

forma detalhada, a seguir.

Os cenários fundamentam-se no confronto entre a situação atual e as tendências de

evolução, considerando que as condições socioeconômicas não sofrerão alterações

significativas, no período de tempo estabelecido. Assim, a primeira etapa consistiu na

Elaboração do Diagnóstico Produtivo da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí - leitura

técnico descritiva da realidade local e regional, dos principais problemas e dificuldades

enfrentadas na Bacia. Respaldados pela interpretação de informações e dados

socioeconômicos, buscou-se reconhecer, definir e descrever a natureza e características das

principais variáveis de mudança e permanência do Sistema de recursos hídricos nos últimos

cinco anos. O objetivo foi caracterizar, com base na informação existente, a situação atual

dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí e em suas Unidades de

Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI4. A importância deste procedimento

consiste no estabelecimento do quadro de referência do Plano de Bacia Hidrográfica,

constituindo a base para a identificação de áreas críticas e/ou temas críticos para a gestão,

para a elaboração de prognósticos e para a priorização de intervenções, visando à melhoria

das condições dos recursos hídricos.

Quanto à metodologia empregada na construção das informações que o fundamentam, tem-

se a pesquisa a dados secundários, cuja fonte é o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística – IBGE, Ministério do Meio Ambiente – MMA, aos documentos da Secretaria

de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH, aos dados da Secretaria

de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, da Companhia de Saneamento de

4 Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos - UGRHI: Unidade físico-territorial de uma bacia hidrográfica com limites que podem ser ajustados à divisão geopolítica com finalidades de planejamento e gestão de seus recursos hídricos.

Page 7: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Sergipe – DESO e da Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado

de Sergipe – SEPLAG.

Enfim, o diagnóstico produtivo apresenta as constatações possibilitadas pela análise dos

dados, além da determinação das áreas e atividades responsáveis pelo maior dinamismo

econômico. Entende-se que a partir dessas análises, pode-se contribuir para uma visão mais

ampla da estrutura econômica dos Municípios e das Unidades de Planejamento – UP que

compõe a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. E, com isso, compreender o comportamento

tendencial dos setores e facilitar, mais adiante, a mensuração da demanda por recursos

hídricos.

Na segunda etapa - Consulta às Comunidades, o objetivo foi contribuir para a

identificação dos principais problemas e variáveis de impacto sobre os recursos hídricos na

Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. Para tanto, foram desenvolvidas atividades desde a

proposição da metodologia até a realização das consultas públicas5 em forma de oficinas

por Comitê Gestor de Bacia, com vistas a estimular a discussões prévias nas bases de

representação. Acredita-se que as contribuições oferecidas pelas oficinas permitem orientar

o cruzamento da visão que a Bacia faz de si própria com os dados apresentados no

diagnóstico de forma a elaborar as possíveis visões de futuro.

Norteados por esses valores, o processo iniciou-se pela realização de uma reunião, em

Aracaju, na data de 19 de fevereiro de 2014, nas dependências da SRH/SEMARH, reunindo

os membros da equipe técnica e os membros dos Comitês de Bacia Hidrográfica6: CBH

Sergipe, CBH Piauí e CBH Japaratuba. O objetivo foi definir a metodologia de participação

social na fase do Prognóstico dos Planos de Bacia dos Rios Japaratuba, Sergipe e Piauí.

5 Consulta Pública: é um instrumento de participação que consiste de um sistema que objetiva auxiliar na elaboração e na coleta de opiniões da sociedade sobre temas de importância. Esse sistema permite intensificar a articulação entre a representatividade e a sociedade, permitindo que a sociedade participe da formulação e definição de políticas públicas (CONSULTA PÚBLICA. 2009). No caso dos PBH a Consulta Pública tem com o objetivo de dar transparência e publicidade aos objetivos e metas para a gestão dos recursos hídricos da UGRHI.

6 As discussões para a elaboração do Plano de Bacia Hidrográfica no Estado de Sergipe foram realizadas conjuntamente com os membros dos Comitês das Bacias do Rio Sergipe, do Rio Japaratuba e do Rio Piauí.

Page 8: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

A oficina elaborou uma proposta a ser submetida aos membros dos Grupos de

Acompanhamento dos Comitês em uma reunião prevista para o dia 14 de março. Dessa

oficina, resultou uma proposta, sistematizada como se segue:

i. Antecipar as consultas públicas da fase prognóstica para a realização de oficinas

com membros dos Comitês de Bacias;

ii. Definir o público participante das oficinas, convidar e mobilizar todos os membros

dos CBH (titulares e suplentes) e um número de convidados a serem definidos na

reunião, não ultrapassando um total de 60 participantes;

iii. Realizar três oficinas prognósticas sendo uma em cada bacia.

iv. Consultados os comitês definir previamente as datas para a realização das oficinas.

No dia 14 de março, nas dependências da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -

EMBRAPA, foi realizada uma reunião com os membros dos Grupos de Acompanhamento

dos Planos – GAP, dos Comitês de Bacia Hidrográfica: CBH Japaratuba, CBH Piauí e CBH

Sergipe. O intuito foi o de apreciar a proposta para a participação social na etapa

prognóstica de elaboração dos Planos de Bacia dos referidos CBH, assim como traçar uma

estratégia acordada para isso.

A reunião contou com a presença de representantes do poder Público executivo e

legislativo municipal, Instituições públicas, Empresas, Universidades, Associações de

moradores e organizações sociais do terceiro setor: Prefeitura Municipal de Nossa Senhora

do Socorro, Prefeitura Municipal de Itabaiana, Prefeitura Municipal Nossa Senhora da

Glória, Prefeitura Municipal de Laranjeiras, Câmara de Aracajú, Associação Comunitária e

Cidadania João Bebe Água, ASMANE - Nossa Senhora do Socorro, Colônia de Pescadores

Z-2, OSCATMA /Barra dos Coqueiros, Universidade Tiradentes, IBAMA, SEMARH /

SRH e PETROBRÁS.

A proposta da reunião foi avaliada, iniciando-se a fase de planejamento das oficinas.

Definiu-se, então, que as oficinas prognósticas deveriam atender ao objetivo de analisar as

tendências em curso a impactar (positiva/negativamente) sobre a quantidade e/ou qualidade

das águas nas Bacias Hidrográficas. Em relação à mobilização, determinou-se que deveria

Page 9: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

informar, convidar e estimular a discussão prévia nas bases de representação. Na

oportunidade, foram definidas as atribuições dos membros do Grupo de Acompanhamento

Técnico dos Planos das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Sergipe e Piauí – GAT e

do Grupo de Acompanhamento do Plano dos Comitês Gestores de cada Bacia na execução

das oficinas, datas e locais das oficinas prognóstica, material e infraestrutura necessária à

execução e os convidados. No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, a data acordada foi

o dia 27 de março de 2014, no Município de Estância - SE.

Definida a estratégia, foram elaborados os instrumentais para a mobilização, encaminhados

pelos mobilizadores para os convidados das oficinas, no caso do convite e para todas as

outras instituições cadastradas na Bacia, questionários por meio de correio eletrônico. Para

estes últimos - questionário por meio eletrônico, foi extrapolado o âmbito dos Comitês

Gestores, optando-se pela entrevista inúmeras instituições. Esse proceder tornou o processo

mais transparente e auxiliou na coleta de dados.

A metodologia utilizada nas consultas públicas da fase do prognóstico contemplou uma

hierarquização das atividades, planejadas pelos membros do GAT e representantes dos

Comitês das três Bacias, conforme dito anteriormente. Assim, a oficina da Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí iniciou-se pela abertura pelo presidente do Comitê da Bacia

Hidrográfica e a apresentação dos 43 participantes – membros da Bacia e convidados

destes.

Após a exposição dos objetivos da participação da sociedade, através de suas

representações na fase do prognóstico e das etapas necessárias a sua construção, ocorreu a

apresentação da Síntese dos Fatores de Impacto verificados na Fase Diagnóstica. De posse

das informações, os participantes foram agrupados em quatro eixos de semelhança:

Problemas Relativos à Disponibilidade, Desperdício e Conflitos Pelo Uso, Poluição dos

Corpos Hídricos, Decorrentes do Mau Uso do Solo e Fragilidades Institucionais.

Apresentados os eixos a serem trabalhados, foram formados quatro grupos de trabalho por

livre adesão, um para cada eixo apresentado, sendo negociado um equilíbrio de participação

entre os mesmos. É importante ressaltar que os Grupos de trabalho foram orientados a

Page 10: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

selecionar os principais Fatores de Impacto dentro do Eixo de discussão e analisar as

questões, norteados pelos conceitos previamente estruturados, conforme apresentado

abaixo:

1. FATOR DE IMPACTO – Cada um dos elementos que contribuem para um resultado

positivo ou negativo sobre a qualidade e/ou quantidade dos recursos hídricos na bacia.

O impacto é positivo ou negativo?

2. TENDÊNCIA APONTADA – A direção geral ou sequência de eventos que indicam

como os fatores de impacto estão se movimentando. Qual a tendência do mesmo nos

próximos anos: aumentar, diminuir, permanecer sem alterações significativas?

JUSTIFICATIVA – Explicação das causas que contribuíram para a tomada de decisão

sobre a tendência apontada. Justificar o porquê.

3. . AÇÕES EM CURSO – Planos, projetos, programas que estão sendo executados no

momento atual da análise. Identificar quais as ações que são necessárias para

incentivar (em caso de impacto positivo) ou enfrentar (em caso negativo) que já estão

em curso;

4. AÇÕES PROJETADAS – Planos, projetos, programas que estão em fase de

projeção, negociação, contratação, ou seja, já existe decisão tomada para suas

implementações. que estão projetadas; Quais ações precisão ser projetadas No

caso de alguma ação identificada apontar as organizações responsáveis;

AÇÕES SUGERIDAS - Planos, projetos, programas que são vistos como

necessários ao enfrentamento da problemática, mas que ainda não são

verificadas pelos participantes. Sugerir ações.

O Grupo foi ainda orientado a escolher um (a) relator (a) para o registro das discussões em

fichas sintéticas e organização da apresentação em tarjetas coloridas, como apresentados na

Figura, como se segue.

Figura 1 – Esquema de apresentação dos resultados de trabalhos nos grupos

Page 11: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Fonte: Oficina do Prognóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, 2014.

A terceira etapa - Organização e Consolidação das Informações - organizou e

consolidou as informações evidenciadas pelas fases anteriores – diagnóstico produtivo e

oficinas públicas. Portanto, nessa etapa realizou-se um trabalho de filtro, organização das

informações, análise e consolidação. Buscou-se, assim, organizar as informações e

estabelecer um formato adequado – na forma de matriz, para a avaliação das variáveis pelos

membros dos Comitês gestores e do GAT e o estabelecimento do comportamento destas em

cada um dos cenários, conforme realizado na etapa seguinte.

O percurso metodológico para a construção dessa etapa incluiu uma reunião, na sede da

empresa COHIDRO Consultoria, com técnicos e consultores envolvidos com o prognóstico

das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Sergipe e Piauí, durante dois dias, em junho

de 2014. O resultado dessa reunião foi a identificação das variáveis consideradas relevantes

para a construção de hipóteses coerentes de futuro: Os cenários. Assim, apresenta-se na

matriz 1, em Anexos, os temas, sub temas e variáveis relevantes para o sistema de recursos

hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

O elemento central da matriz é a identificação dos problemas mais relevantes do sistema de

recursos hídricos de cada Bacia neste momento e de como eles se relacionam entre si. Essa

relação foi estabelecida pelos técnicos e consultores da COHIDRO, norteados por

informações e dados do diagnóstico produtivo e oficinas públicas para o prognóstico.

Nesse sentido, foram enumerados 9 TEMAS - Crescimento Econômico, Disciplinamento

da Ocupação do Solo, Saneamento, Usos Econômicos, Recursos Hídricos, Disponibilidade

Exemplo

Page 12: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Hídrica Superficial, Fatores Ambientais, Conflitos de Usos e Governança e 31

SUBTEMAS - Demografia, Economia, Área de Reserva Legal, Proteção do Solo contra a

Erosão, Unidades de Conservação, Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário,

Drenagem, Coleta e disposição de Lixo, Agricultura, Pecuária, Irrigação, Aqüicultura,

Indústria, Mineração, Atividades Turísticas, Qualidade da Água, Captação de Água

Subterrânea, Adoção de Práticas de Reuso, Preservação de Nascentes, Conflitos de Usos,

Tecnologias, Construção de Barragens / Açudes, Desmatamento, Erosão das Margens dos

Corpos Hídricos, Barramentos, Uso irregular, Irrigação x Usos Diversos, Aqüicultura

(Peixes), Implementação dos Instrumentos de Gestão e Situação institucional dos atores do

SINGREH.

As 25 variáveis elencadas incluem a matriz institucional, o marco regulatório e os aspectos

naturais e socioeconômicos, são elas: Crescimento populacional, Imigração, Emigração,

Variação PIB, Controle de perdas, Atendimento, Petróleo, Extração (lavra) de área, Poluição

esgoto doméstico, Poluição esgoto industrial, Poluição Vinhoto, Poluição agrotóxicos, Poluição

Chorume, Calcário, Outorga, Cobrança, Sistema Informação, Monitoramento quanti-qualitativo,

Planos Diretores, Enquadramento, Compensação a Municípios, Educação ambiental, Órgão

Gestor Estadual, Comitês de Bacias e Agência.

É importante ressaltar que, aceita-se de antemão, a impossibilidade de esgotar todas as

nuances da realidade, devido à complexidade das situações produzidas pela sociedade.

A estratégia eleita socialmente para a quarta etapa - oficinas de subsídios aos cenários

foram oficinas, que ocorreram nos dias 20 e 21 de agosto de 2014, em Aracaju.

Participaram os membros do Grupo de Acompanhamento Técnico dos Planos – GAT,

representantes dos Comitês gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Sergipe, Japaratuba

e Piauí e Técnicos de órgãos governamentais da esfera estadual e federal. Os participantes

foram divididos em 4 grupos de discussão: três por Comitê de Bacia Hidrográfica e um

com técnicos.

As discussões na oficina obedeceram as seguintes fases:

i) Validar o conjunto de temas, subtemas e variáveis;

Page 13: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

ii) Eleger os cenários mais representativos;

iii) Hierarquizar as variáveis conforme o seu impacto em recursos hídricos;

iv) Descrever o comportamento das variáveis em cada cenário.

O primeiro passo foi a apresentação para a discussão do conjunto de temas, sub temas e

variáveis construídos a partir do diagnóstico produtivo das Bacias e das oficinas públicas de

prognóstico, para consolidação e ratificação pelo grupo. As variáveis foram ratificadas e

também tiveram a inclusão de outras, conforme cada grupo. Optou-se então, por adotar

todas as sugestões em uma única matriz.

Na seqüência, houve a definição do comportamento das variáveis para cada um dos

cenários representativos para cada Bacia a serem projetados, ou seja, dois cenários

alternativos (otimista e Pessimista) e um cenário factível. Trata-se de cenários de caráter

qualitativo, com orientações quantitativas, estabelecidos a partir dos parâmetros definidos

pelo grupo.

O próximo passo foi hierarquizar as variáveis conforme seu impacto em recursos hídricos e

descrever o comportamento – tendência, das variáveis eleitas em cada cenário. Para tanto, a

metodologia – Análise multicritério, incluiu a utilização da pontuação de acordo com o

impacto, como se segue: 0 – Nenhum impacto, 1- Baixo impacto, 2 – Médio Baixo impacto

e 3 – Alto impacto.

Os resultados das discussões realizadas e do preenchimento da matriz no seminário dos dias

20 e 21 de agosto de 2014 com os membros do Grupo de Acompanhamento Técnico –

GAT e dos membros dos Comitês Gestores das Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba,

Piauí e Sergipe, Técnicos de órgãos Estaduais e Federais foram representados em uma

matriz.

Confirmadas as variáveis e seus impactos, o grupo de trabalho faz os ajustes e define

índices, que possibilitam a definição das incertezas críticas e das condicionantes de futuro,

possibilitando a futura quantificação e a descrição dos cenários.

Page 14: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

A quinta etapa - Condicionante de futuro e incertezas críticas, consistiu em um trabalho

interno realizados pelos consultores, no qual se identificou as principais variáveis

identificadas como “Condicionantes de Futuro” e também aquelas consideradas como

“Incertezas Críticas”, identificadas a partir da consolidação e análise das variáveis obtidas

na oficina descrita na quarta etapa.

As “condicionantes de futuro”7 são atores e processos sistêmicos ou pontuais (variáveis), de

natureza social, cultural, política, ambiental, tecnológica, entre outras, que têm influência

relevante na trajetória futura do objeto de cenarização.

Identificadas as condicionantes de futuro, é importante delimitar também aquelas com alto

grau de incerteza e elevado impacto em relação ao futuro do objeto de cenarização – as

Incertezas Críticas. Estas últimas, podem ser específicas ou estarem agrupadas em uma ou

mais incertezas-síntese. E, este é o principal resultado da quinta etapa, apresentado mais

adiante no capítulo que trata das condicionantes de futuro.

Na sexta etapa - Descrição e Prospecção dos Cenários Alternativos e Tendencial, são

descritos os cenários alternativos: Otimista e Pessimista e o Tendencial. Estes, construídos

a partir dos resultados do diagnóstico produtivo e das oficinas públicas com os atores

sociais relevantes para as Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe e das

oficinas da fase prognóstica com os membros dos Comitês Gestores das Bacias e o GAT,

conforme explicitado anteriormente.

A etapa consistiu também na Projeção dos Cenários dos Recursos Hídricos em um

horizonte de planejamento de 20 anos. Para tanto, utilizou-se como quadro de referência

o diagnóstico produtivo, que mostra o grau do dinamismo econômico e as tendências atuais

dos principais indicadores econômicos por setores e por produto na Bacia Hidrográfica.

As prospecções dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos

recursos hídricos – otimista, pessimista e factível foram desenhadas para um horizonte

temporal de curto, médio e longo prazo, ou seja, 2013, 2018, 2023, 2028 e 2033. As

7 Vide Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p. 78), Volume II – Cenários.

Page 15: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

variáveis utilizadas foram o Valor Adicionado Bruto Total, o Valor Adicionado Bruto Total

para o setor Industrial, a produção agrícola – cana-de-açúcar e demais lavouras temporárias

e lavouras permanentes, o rebanho – aves e demais (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno,

Caprino e Ovino), o crescimento populacional e a área irrigada. Trata-se de um esforço para

delimitar a interface entre as principais variáveis econômicas e o consumo de recursos

hídricos ao longo do tempo.

Os pressupostos utilizados na caracterização – qualitativa, dos cenários foram os seguintes:

Cenário Tendencial é caracterizado pela continuidade da situação atual, ou seja, sem

grandes alterações da situação atual e da tendência de médio e longo prazo. Portanto,

espera-se a manutenção dos fatores que determinam as condições atuais.

No Cenário Otimista há a conjugação de fatores que modificam o status quo e

ultrapassam as aspirações sociais a serem atendidas em um horizonte de planejamento de

médio e longo prazos. Projeta-se um mudo que cresce de maneira contínua – modelo de

desenvolvimento econômico com altos índices de crescimento, capaz de reduzir pobreza e

desigualdades, com fortes, mas declinantes impactos sobre os recursos hídricos. A gestão é

operativa, com o uso da água eficiente, incluindo o uso múltiplo.

Demonstra uma hipótese de melhoria, acima do esperado, dos diversos fatores que

modificam o “status quo” atual e que ultrapassam as aspirações sociais a serem atendidas

em um horizonte médio e longo prazo. As principais características são: Crescimento

econômico no Brasil e no exterior, avanço da agricultura e pecuária na Bacia. Ampliação da

área irrigada. Demanda industrial é ampliada, mas com melhoria de sistemas de reuso.

Melhoria da implementação do Sistema e dos instrumentos de gestão. Maior participação

social na Bacia. Aumento da pressão sobre os recursos hídricos. Ampliação do

investimento público sobre a oferta e demanda de Recursos Hídricos. Melhoria dos serviços

de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto sanitário. Taxas de perdas do

sistema de água e esgoto reduzem. Sistema de meio ambiente mais rígido, com maior

controle ambiental.

Page 16: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

No Cenário Pessimista o ambiente apresenta reduzido crescimento econômico, com

manutenção dos índices de pobreza e desigualdade social. Não há expansão significativa no

fornecimento de energia hidrelétrica. Os investimentos em proteção dos recursos hídricos

são pequenos, seletivos e corretivos. A gestão é burocrática. Os conflitos em torno das

águas crescem, com ocorrência de contaminação dos recursos disponíveis.

Evidencia, hipoteticamente, a piora dos diversos fatores que modificam o “status quo”

atual, ou seja, consiste na deterioração das aspirações sociais e econômicas no horizonte de

médio e longo prazo. As principais características são: Estagnação econômica no Brasil e

no exterior, redução da agricultura e pecuária na Bacia. Área irrigada constante. Demanda

industrial constante, sem grandes melhorias no sistema de reuso e controle de perdas.

Enfraquecimento do Sistema de Recursos Hídricos e pouco avanço na implementação dos

instrumentos de gestão. Maior centralização do Sistema. Maior descrédito social na Bacia –

redução da participação social. Consumo perdulário de recursos hídricos. Redução do

investimento público em oferta e demanda de Recursos Hídricos. Redução do patamar de

investimento atual nos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto

sanitário. Redução das perdas nos sistemas de abastecimento reduz o ritmo. Sistema de

meio ambiente permanece constante, com fiscalização e controle atuais e permanência do

marco legal institucional. Ampliação do Desmatamento.

Na quantificação dos Cenários, os pressupostos e fonte de dados foram os seguintes:

Crescimento Populacional: O desenho dos cenários foi baseado em projeções do IBGE

para o Estado de Sergipe;

Crescimento Econômico: As projeções do Valor Adicionado Bruto Total foram baseadas

na tendência apontada pelo diagnóstico produtivo e na trajetória da economia brasileira e

do Estado de Sergipe nos últimos anos. Para o cenário otimista, a taxa média de

crescimento do Valor Adicionado Bruto Total foi de 3%aa. Para o pessimista, 0,5%aa e,

para o factível, 1,5%aa;

Page 17: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Setor Industrial: Projetou-se o Valor Adicionado Bruto do setor Industrial baseado no

diagnóstico produtivo. O Cálculo foi baseado na Taxa Média de crescimento do setor no

período de 2006 a 2011. A partir desse cálculo, determinou-se para o cenário otimista, a

taxa média de crescimento do Valor Adicionado Setor seria 1% a mais que a média

encontrada.Para o pessimista, 1% a menos e, para o factível, a tendência, ou seja, a taxa

média do período, 3,6%aa.

Produção Agrícola: Optou-se pela análise da cultura cana-de-açúcar separada das demais

culturas. Isso, porque o diagnóstico produtivo evidenciou que a produção dessa cultura foi

responsável, em 2012, por 0,4% da produção agrícola total da Bacia Hidrográfica do Rio

Piauí, com tendência à expansão. Aliado a isso, o processo de construção social dos

cenários demonstrou que o avanço dessa cultura é um fator de impacto negativo para a

Bacia. As projeções foram baseadas no comportamento dessa cultura no período 2007 a

2012, medida através de dados secundários cuja fonte foi o IBGE. As demais lavouras

temporárias e lavouras permanentes, foram projetadas seguindo a mesma lógica, ou seja, no

comportamento dessa cultura no período 2007 a 2012, evidenciadas pelo diagnóstico

produtivo, cuja fonte foram os dados secundários cuja fonte foi o IBGE.

Pecuária: A exemplo da produção agrícola, optou-se pela análise do rebanho de aves

separada restante do plantel. A justificativa para tal procedimento está no fato de que o

consumo de água para a dessedentação desse tipo de criação é menor que os demais. Além

disso, o diagnóstico produtivo da Bacia demonstrou o acelerado crescimento de aves no

período de 2005 a 2012, fator de impacto para a Bacia, com tendência a expansão. As

projeções foram baseadas no comportamento na taxa média de crescimento do rebanho de

aves no período 2005 a 2012 (7%aa), medida através de dados secundários cuja fonte foi o

IBGE presentes no diagnóstico produtivo. A partir desse cálculo, determinou-se para o

cenário otimista, a taxa média de crescimento em cabeças seria 2,5% a mais que a média

encontrada. Para o pessimista, 2,5% a menos e, para o factível, a tendência, ou seja, a taxa

média do período, ou seja, 7%aa.

Para os outros rebanhos, Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino, os

cenários foram projetados seguindo a mesma lógica, ou seja, no comportamento do rebanho

Page 18: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

no período 2005 a 2012, evidenciadas pelo diagnóstico produtivo, cuja fonte foram os

dados secundários cuja fonte foi o IBGE. De posse desse cálculo, determinou-se para o

cenário otimista, a taxa média de crescimento em cabeças seria 1 % a mais que a média

encontrada. Para o pessimista, 1% a menos e, para o factível, a tendência, ou seja, a taxa

média do período, ou seja, 2,1%aa.

Área irrigada: Os dados que serviram de referência foram do IBGE, 2006. Para o cálculo

da área irrigada, utilizou-se das taxas e projeções do Ministério da Integração Nacional

(2011) para 2030.

Na sétima etapa - a Construção do Cenário Factível (Possível), foi elaborado o cenário

normativo ou factível.

De acordo com o Plano Nacional de Recursos Hídricos (2006, p.64), os enredos

prospectivos permitem identificar as invariâncias dos cenários juntamente com suas

implicações em termos de desafios e oportunidades vigentes em qualquer situação e tecer

as considerações para elaboração de uma estratégia robusta na gestão dos recursos hídricos

(...). A importância de se definir cenário Normativo ou factível, segundo as diretrizes para a

elaboração de planos de Recurso Hídricos de Bacias Hidrográficas, Resolução8 CNR nº

145, artigo VII é a seguinte:

Definição do cenário de referência para o qual o Plano de Recursos Hídricos orientará suas ações.

No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, o cenário factível foi construído a partir dos

resultados do diagnóstico produtivo e das oficinas públicas com os atores sociais relevantes

para as Bacias Hidrográficas dos Rios Japaratuba, Piauí e Sergipe e das oficinas da fase

prognóstica com os membros dos Comitês Gestores das Bacias e o GAT nos dias 20 e 21

de agosto, conforme explicitado anteriormente.

8 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS. RESOLUÇÃO CNRH No 145, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012 (Publicada no D.O.U de 26/02/2013)

Page 19: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Os resultados obtidos a partir das discussões e do preenchimento realizado nas oficinas de

subsídios aos cenários – para o cenário factível, está apresentado na Matriz 2, em Anexos.

2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS

Os resultados das contribuições oferecidas pelo grupo, sistematizados em fichas, uma para

cada fator de impacto analisado, conforme apresentado como se segue.

FATOR DE IMPACTO

Desperdício de água nos diversos usos (irrigação e

abastecimento)

TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Implantação de programas de perdas Mudanças nos sistemas de irrigação Ampliação do programa de redução de perdas pelo DESO

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Implantação de programa de perdas.

Substituição de produtos químicos no tratamento da água.

Mudança no sistema de irrigação (aspersão, micro-aspersão, gotejamento)

Substituição de bombas para maior eficiência na irrigação.

Ampliação do programa de redução de perdas.

Criação de programa de preservação de mananciais e pontos de captação da DESO e COHIDRO.

Programa de educação ambiental e incentivos para o uso racional da água e seu reúso.

DESO

COHIDRO

DESO

COHIDRO

Governos estadual – federal – municipais.

Sociedade civil.

FATOR DE Descontrole na perfuração de poços

PROBLEMAS RELATIVOS À DISPONIBILIDADE, DESPERDÍCIO E CONFLITOS PELO USO

Page 20: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

IMPACTO

TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar.

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Falta de informação Quadro deficitário de técnicos para outorga e fiscalização. Irregularidades no abastecimento Ausência de mapeamento atualizado dos poços Falta de estudos conclusivos sobre a qualidade e quantidade

das águas subterrâneas.

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Elaboração do Plano da Bacia Hidrográfica

Cadastramento de usuários de água subterrânea

Realização de concurso público para técnicos de outorga e fiscalização.

Cadastro de empresas que perfuram poços no Estado.

Campanhas informativas e educativas sobre outorga e importância da água subterrânea.

SRH - CBH SRH

Governo do Estado

COHIDRO

SRH

Em relação aos problemas relativos à disponibilidade, desperdício e conflitos pelo uso, os

participantes nas oficinas do prognóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí avaliaram que

os principais fatores de impacto são o desperdício de água nos diversos usos (Irrigação e

abastecimento) e descontrole na perfuração dos poços. O primeiro – desperdício nos

diversos usos, segundo o grupo de participantes, é um impacto negativo com tendência à

redução. A justificativa para que tal ocorra está nos seguintes argumentos: Implantação de

programas de perdas; Mudanças nos sistemas de irrigação e ampliação do programa de

Page 21: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

redução de perdas pelo DESO. Já o segundo impacto (Descontrole na perfuração dos

poços), foi avaliado como sendo negativo, com tendência a expansão. De acordo com os

atores sociais consultados o comportamento de tal fator será impulsionado pela falta de

informação; Quadro deficitário de técnicos para outorga e fiscalização; Irregularidades no

abastecimento; Ausência de mapeamento atualizado dos poços e falta de estudos

conclusivos sobre a qualidade e quantidade das águas subterrâneas.

Outro problema que impacta a Bacia, segundo os participantes da oficina, é a poluição dos

corpos hídricos, os resultados das discussões estão representados abaixo.

FATOR DE IMPACTO

Poluição por lixões

TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido.

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

A política de resíduos sólidos em curso. Ações do Ministério Público. Estruturação de Consórcios

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Ação do Ministério Público

Estruturação de Consórcios.

Concursos públicos para ampliar o número de fiscais.

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS Ministério Público Governo Estadual

FATOR DE IMPACTO

Poluição por esgotos

TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido.

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Elaboração dos planos de saneamento municipais Legislação do saneamento Ações do Ministério Público Investimentos de recursos do Banco Mundial para o

POLUIÇÃO DOS CORPOS HÍDRICOS

Page 22: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Saneamento Movimentos sociais.

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Os Planos de Saneamento da DESO e de Municípios

Ações definidas nos planos municipais

Investimentos com execução dos sistemas de esgotamento sanitário

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

DESO

Prefeituras

SAAE

Prefeituras

DESOGovernos Municipais, Estadual e Federal

FATOR DE IMPACTO

Poluição por esgotos industriais

TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a ser reduzido.

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Resolução CONAMA 430/11 Controle de lançamentos pela ADEMA Exigências do consumidor Estações compactas de tratamento de efluentes

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Controle da eficiência das estações de tratamento.

ADEMA

Ações do Ministério Público.

Ampliação do número de fiscais através de concursos públicos

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS ADEMA MP Governo do Estado

FATOR DE IMPACTO

Contaminação por agrotóxicos

TENDÊNCIA APONTADA

Fator de impacto negativo que tende a permanecer sem grandes alterações.

JUSTIFICATIVA Desconhecimento de uma legislação específica

Page 23: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

PARA ISSO

Pouca adesão dos produtores ao manual de uso Incentivo à produção de orgânicos Recomendações para proibição em Conferencia Estadual Indisponibilidade de outras maneiras de controle de algumas

pragas. Forças das empresas multinacionais que produzem os

agrotóxicos.

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Conferências

Ações do Ministério Público

Melhoria na fiscalização

Elaboração de Leis específicas

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

CBH

Órgãos ambientais

MP

COHIDRO

EMDAGRO

Ministério da Agricultura

Poder Legislativo

De acordo com os atores sociais consultados na oficina, a poluição dos corpos hídricos da

Bacia Hidrográfica do Rio Piauí apresenta impactos negativos, representados como

poluição por lixão, poluição por esgotos, poluição por esgotos industriais e contaminação

por agrotóxicos. O primeiro deles, a poluição por lixões, avaliou-se que tem tendência a

diminuir devido à política de resíduos sólidos em curso, às ações do Ministério Público e à

estruturação de Consórcios Públicos para tratamento e gerenciamento dos resíduos sólidos.

Já a Poluição por esgotos domésticos, apresenta também tendência à redução. Isso, porque,

de acordo com os participantes da oficina, os impactos podem ser minimizados pela

elaboração dos planos de saneamento municipais, pela Legislação do saneamento, por

ações do Ministério Público, por investimentos de recursos do Banco Mundial para o

saneamento e pelos movimentos sociais. O terceiro fator de impacto apontado, a poluição

por esgoto industrial, acredita-se que tende a diminuir devido à Resolução CONAMA

430/11, ao controle de lançamentos pela ADEMA, às exigências do consumidor e às

estações compactadas de lançamento de efluentes. O último impacto, contaminação por

agrotóxicos, os participantes da oficina avaliaram que tende a continuar sem grandes

alterações devido ao desconhecimento de uma legislação específica, à reduzida adesão dos

produtores ao manual de uso, às dificuldades impostas à produção de orgânicos, à

Page 24: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

indisponibilidade de outras maneiras de controle de algumas pragas e às forças das

empresas multinacionais que produzem os agrotóxicos.

Outro eixo analisado foi os problemas decorrentes do mau uso do solo, como demonstrado

abaixo.

FATOR DE IMPACTO

Degradação de Nascentes

TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Desmatamento em curso Pouca conscientização dos usuários

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Programas de recuperação

Assistência técnica em assentamentos

Programas de recuperação e educação ambiental

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

Prefeituras – Estado

INCRA/CEFAC

Estados, MunicípiosONGInstituições privadas

FATOR DE IMPACTO

Retirada de areia dos leitos

TENDENCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Expansão imobiliária Falta de fiscalização Burocracia para regulamentar a retirada

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Fiscalizações pontuais

Ação mais efetiva dos órgãos municipais.

Ampliação do

DECORRENTES DO MAU USO DO SOLO

Page 25: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

quadro de fiscalização.

Educação ambiental.

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

ADEMA

Pelotão AmbientalADEMAPrefeituras

FATOR DE IMPACTO

Assoreamento dos corpos d’água

TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Retirada de vegetação ciliar Retirada de areia dos leitos Práticas inadequadas em manejo do solo na agricultura

(plantio morro abaixo) Monocultura em crescimento.

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Projetos pontuais de recuperação da mata ciliar.

Assistência técnica e conscientização.

Programa de educação ambiental

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

ONG

Governos do estado

EMDAGRO

INCRA

PrefeiturasEstadoGoverno Federal

FATOR DE IMPACTO

Desmatamento

TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a aumentar

JUSTIFICATIVA PARA ISSO

Falta de fiscalização dos órgãos competentes (ADEMA, IBAMA, Ministérios Públicos)

Falta de conscientização ambiental da sociedade. Expansão a agropecuária. Expansão urbana.

AÇÕES EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Page 26: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

NECESSÁRIAS

Projeto Adote um Manancial

Distribuição de mudas

Assistência Técnica

Programas de recuperação ambiental

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

Governo do Estado

SEMEAR

UFS

EstadoMunicípiosONG

A análise dos resultados da oficina demonstra que os fatores de impacto apontados foram:

Degradação de nascentes, retirada de areia dos leitos, assoreamento dos corpos d’água e o

desmatamento, todos com tendência a aumentar. Revela também que os problemas

relativos à degradação das nascentes são atribuídos ao desmatamento em curso e a pouca

conscientização dos usuários. Quanto à retirada de areia dos leitos, avaliou-se que é devido

à expansão imobiliária, ausência de fiscalização e à lentidão do processo burocrático para

regulamentar a retirada. Em relação assoreamento dos corpos d’água, atribui-se à retirada

de vegetação ciliar, retirada de areia dos leitos, às práticas inadequadas em manejo do solo

na agricultura (plantio morro abaixo) e à expansão da monocultura. O ultimo fator apontado

– o desmatamento, é impulsionado, de acordo com os membros da oficina, pela falta de

fiscalização dos órgãos competentes (ADEMA, IBAMA, Ministérios Públicos), a pouca

conscientização ambiental da sociedade e à expansão urbana e da agropecuária.

O ultimo eixo discutido tratou das fragilidades institucionais, cujos resultados estão

representados abaixo.

FATOR DE IMPACTO

Deficiência no gerenciamento dos recursos hídricos

TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto negativo que tende a diminuir

JUSTIFICATIVA Existência de conflitos

FRAGILIDADES INSTITUCIONAIS

Page 27: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

PARA ISSO Planejamento ineficaz Pouca sensibilidade dos gestores

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Sensibilização e capacitação das equipes técnicas e usuários.

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

COHIDRODESOEMDAGROPrefeiturasGoverno do Estado.

FATOR DE IMPACTO

Monitoramento quanti-qualitativo

TENDÊNCIA APONTADA Fator de impacto positivo que tende a aumentar

JUSTIFICATIVA PARA ISSO Sem justificativa.

AÇÕES NECESSÁRIAS EM CURSO PROJETADAS SUGERIDAS

Amostragem e análise laboratorial das águas dos rios da bacia hidrográfica.

Plano de BaciaAmpliação da ação de monitoramento da rede.

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS ADEMA SRH ADEMA

Os resultados revelam que, de acordo com os membros da oficina, os principais fatores que

levam às fragilidades institucionais percebidas na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí são:

Deficiência no gerenciamento dos recursos hídricos e monitoramento quanti-qualitativo.

Quando solicitados para descrever a tendência de cada impacto, avaliaram o primeiro como

sendo negativo, com tendência a diminuir e, o segundo, como positivo, com tendência a ser

ampliado. As justificativas apresentadas pelos atores sociais para que tais impactos

Page 28: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

ocorram no caso de deficiência no gerenciamento dos recursos hídricos, são: Existência de

conflitos; Planejamento ineficaz e pouca sensibilidade dos gestores. Já para o fator de

impacto ritmo quanti-qualitativo, não foi apresentada justificativa. Porém, o Plano de Bacia

Hidrográfica é identificado como ação em curso capaz de mitigar tais impactos.

As oficinas técnicas voltadas para a contribuição qualificada das instituições que compõem

os colegiados das Bacias foram avaliadas pelos participantes da seguinte forma :

a) O envolvimento dos membros dos comitês, fortalecendo o seu papel de articulação e a

responsabilidade dos mesmos com a qualidade do produto encomendado: o plano. A

participação de boa parte dos membros dos CBH assegura que os planos em elaboração

articulam uma aproximação favorável entre o que desejam as instituições da Bacia e o que a

equipe técnica produz;

b) A qualidade das contribuições dadas à visão sobre os possíveis cenários futuros nas Bacias a

partir das observações de quem vive o dia a dia das mesmas, acompanhando suas

transformações;

c) A identificação de diversas ações em curso que poderão impactar de forma positiva ou negativa

os recursos hídricos das bacias e que contribuem para uma análise prognóstica mais

aprofundada;

d) A indicação de ações necessárias que deverão constituir-se as ações, projetos e programas dos

planos em elaboração;

e) O estreitamento das relações entre os comitês, os demais entes do sistema e a equipe técnica.

Em relação às consultas públicas à distância, foi encaminhado via mobilizadores,

questionário orientador para a contribuição institucional na fase prognostica. Solicitou-se

das instituições e/ou entidades identificadas com interesse na elaboração e futura

implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe, colaborasse

com a construção do prognóstico, indicando qual é sua visão sobre as tendências em curso

que irão caracterizar a situação futura para a respectiva Bacia Hidrográfica, quais são os

elementos que levam a essa projeção e que ainda descrevesse quais são os programas,

projetos e ações que desenvolve ou que pretende desenvolver com impactos (positivos ou

negativos) sobre as águas na Bacia. Os resultados da consulta estão apresentados no

Quadro 1 e Quadro 2, a seguir.

Page 29: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Quadro 1 – Contribuições, Via Correio Eletrônico, de Instituição Relevante na Bacia Hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

INSTITUIÇÃO 1FATORES DE IMPACTO TENDENCIAS O QUE JUSTIFICA A

TENDÊNCIAAÇÕES PREVISTAS

Poluição Industrial Aumentar Falta de fiscalização e de políticas públicas

Nenhuma. Não se dá cumprimento à Legislação Hídrica em nosso Estado, Outorga e cobrança nunca mais ouvimos falar

Poluição domiciliar Aumentar Falta de compromisso das autoridades constituídas

Como sempre ouvimos promessas de administradores que nunca são cumpridas

Degradação de Mata Ciliar

Aumentar Falta de fiscalização e de políticas públicas, Falta de compromisso das autoridades constituídas e dos proprietários de terras ribeirinhas.

Só conheço um Projeto de Recuperação de Nascentes no Rio Piauitinga, realizado graças a ação de um Promotor Público

Barramento de Rios e riachos e Assoreamento Do Rio Fundo, Piauitinga e Capivaras

Aumentar Falta de fiscalização Causar problemas sérios aos usuários à jusante e Diminuição da vazão dos Rios

Poluição por agrotóxicos

Aumentar Falta de fiscalização e capacitação do homem do campo.

Programas de Educação Ambiental no campo.

Fonte: COHIDRO, 2014.

Quadro 2 – Contribuições, Via Correio Eletrônico, de Instituição Relevante na Bacia Hidrográfica da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

INSTITUIÇÃO 2FATORES DE IMPACTO TENDÊNCIAS O QUE JUSTIFICA A

TENDÊNCIAAÇÕES PREVISTAS

Maior Urbanização Crescimento das cidades e atividades econômicas que integram a bacia.

- Atração Urbana;- Diversificação das Atividades Econômicas.

Maior Demanda por RH Crescimento das cidades e atividades econômicas que integram a bacia.

- Crescimento Urbano;- Desenvolvimento econômico.

Ação Educativa nas Unidades de Ensino.

Diminuição das Matas Ciliares

Redução do pequeno percentual de matas ciliares.

Ampliação de Práticas Agrícolas Predatórias.

Assoreamento dos Cursos Fluviais

- Ampliação do Desmatamento;

Ausência de uma maior fiscalização ambiental.

Page 30: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

- Ausência de Reflorestamento.

Fonte: COHIDRO, 2014.

Diante disso, pode-se constatar que tanto na consulta pública como nos resultados com as

instituições, o desmatamento e a poluição dos cursos dos rios aparecem como fatores de

impacto negativo na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. É importante ressaltar que, para

ambos, a educação ambiental e o fortalecimento institucional são agentes de transformação

capaz de reduzir os impactos negativos do desmatamento na Bacia.

3. CONDICIONANTES DE FUTURO

A necessidade de planejar o aperfeiçoamento da gestão das águas impõe-se pela

complexidade decorrente do desenvolvimento econômico, do aumento populacional, da

expansão da agricultura, das pressões locais, da urbanização, das mudanças tecnológicas e

das necessidades e demandas ambientais e sociais, em meio às incertezas do futuro sobre

quando, como, onde e com que intensidade. Diante disso, o objetivo dessa secção é

apresentar as condicionantes de futuro e as incertezas críticas do sistema de Recursos

hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, as quais foram identificadas a partir dos

seminários de validação e hierarquização das variáveis, atribuídas pelos representantes dos

Comitês da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, dos técnicos do Governo do Estado de Sergipe

e do GAT.

A seguir são apresentadas as principais variáveis condicionantes de futuro.

3.1 Variáveis Condicionantes de Futuro

A Dinâmica Econômica:

O ritmo e a forma de crescimento da economia brasileira e sergipana vão determinar o

crescimento ou retração das atividades produtivas na Bacia, mensurado por um importante

indicador econômico, o Valor Adicionado Bruto. O setor econômico com maior dinamismo

no Estado é o industrial. O comportamento desse setor contribui para influenciar os

Page 31: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

possíveis cenários futuros, na medida em que impactam o acesso, consumo e a conservação

da água.

Outro fator importante é a superação dos gargalos de infraestrutura para o desenvolvimento

dos pólos industriais existentes Ao todo existem também 05 polos/núcleos industriais na

Bacia, localizados nos municípios de Boquim, Estância, Lagarto, Itabaianinha e Simão

Dias. Nas proximidades da BR-101, no município de Estância, encontram-se o mais

desenvolvido pólo industrial das regiões Sul e Centro Sul do Estado, com várias indústrias

que se utilizam de recursos hídricos da Bacia do Rio Piauí: a Cervejaria Águas Claras,

Maratá (Café, Chás), Mabel (Biscoitos), Crow (Embalagens Metálicas: Latinhas de

Alumínio), além da empresa de Água Mineral “Entre Rios”.

Os cenários futuros dependerão também do grau de modernização que alcançará o Estado,

que conseguirá ou não gestar os impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes da

atividade industrial na Bacia.

Expansão do Agronegócio

O processo de expansão do setor primário - atividade agrícola, principalmente o cultivo de

monoculturas de milho e cana de açúcar e da pecuária, pode imprimir maior pressão sobre

os recursos hídricos na Bacia. No Sul e Centro-Sul de Sergipe o processo de expansão da

monocultura do milho tem crescido significativamente, principalmente nos Municípios de

Simão Dias e Poço Verde, situados na área de drenagem do alto curso do Rio Piauí.

Em decorrência desta intensa atividade agrícola, os canais fluviais merecem grande

atenção em relação à poluição por diversos processos, dentre estes o uso indiscriminado de

agrotóxicos agrícolas. Este tipo de produção agrícola também acarreta uma maior erosão

laminar, produzindo, a médio e longo prazo, conseqüências ao longo da Bacia, tais como:

Redução da fertilidade natural dos solos, assoreamento dos cursos d’água e alterações na

dinâmica dos sedimentos.

Crescimento dos Investimentos em Saneamento

Page 32: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Em decorrência da ação antrópica, em especial do lançamento de esgotos domésticos é

forte a tendência em aumentar a poluição das águas na Bacia. Torna-se assim, necessária a

aplicação de investimentos em infraestrutura básica de redes de escoamento e tratamento do

esgoto produzido nos aglomerados urbanos.

Outro aspecto a ser considerado é a existência de lixões, muitas vezes próximos dos

mananciais sem tratamento e a correta destinação dos resíduos sólidos, comprometendo a

qualidade das águas superficiais e subterrâneas. A poluição dos rios é uma constante

também em relação aos núcleos industriais.

Diante disso, O montante de investimentos em saneamento ambiental, a ser desenvolvido

tanto nas áreas rurais, como no perímetro urbano e uma atuação eficiente nos Municípios

em relação ao tratamento dos esgotos, à construção dos aterros sanitários e ao controle no

uso de agrotóxicos é ator privilegiado na minimização dos impactos na qualidade e

quantidade de recursos hídricos na Bacia. As ações, do Projeto Água de Sergipe e

instalação/ampliação da rede de esgoto da capital e de outros municípios – em curso, o

Programa de Aceleração do Crescimento, o monitoramento da potabilidade das águas e

outros programas, relacionados a resíduos sólidos e esgotamento sanitário, além da

conclusão dos Planos Municipais de Saneamento, que irão subsidiar a elaboração de

projetos ambientais de proteção às águas superficiais e subterrâneas. Estes são exemplos de

investimentos capazes de minimizar impactos e potencializar a qualidade das águas da

Bacia.

O Desmatamento

Embora seja um problema que ocorre em toda extensão da Bacia, destaca-se desmatamento

na área de nascentes do Rio Piauí, na povoação de Palmares, Município de Riachão dos

Dantas. Aliado a isso tem ocorrido a retirada da mata ciliar em toda a extensão da Bacia,

mas, principalmente, no Município de Estância. Isso, impacta de forma significativa o uso

do solo e por conseqüência a quantidade e a qualidade da água na Bacia.

Page 33: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Dificuldades financeiras do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos

O apoio, os recursos humanos e financeiros e a estrutura operacional Sistema estão aquém

das necessidades. Se as condições institucionais atuais se mantiverem no futuro imediato

haverá claramente um forte impacto negativo colocando em risco a viabilização da Política

Estadual de Recursos Hídricos, assim como todas as iniciativas de gestão ambiental e

territorial. O recurso hídrico estadual caminharia para um processo de degradação intenso.

Dinâmica populacional

A taxa de crescimento populacional do Estado de Sergipe acompanha a tendência nacional

de redução com projeção de zerar o crescimento na década de 2030. Mas, até lá a

população continuará crescendo a uma taxa anual cada vez menor.

Existem dois fenômenos migratórios em Sergipe: (1) a imigração intra-estadual e (2) a

imigração interestadual. Sergipe, ao lado do Rio Grande do Norte, são os únicos estados do

Nordeste que apresentam saldos positivos de imigração interestadual, mas o destino

principal é Aracaju. Já a imigração intra-estadual é diferente entre os municípios, mas o

destino mais escolhido é a Região Metropolitana - RM de Aracaju. O que se observa é que

nos municípios mais pobres ficam as crianças, os idosos e alguns pequenos produtores

rurais, enquanto suas esposas se mudam para a RM de Aracaju para trabalhar. Com isso as

Bacias Hidrográficas do Rio Piauí (mais) e do Rio Japaratuba (menos) tem perda de

população por migração, enquanto a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é a que mais recebe

os imigrantes.

O padrão inverso ocorre com as Bacias em função dos mesmos fenômenos descritos na

Imigração. Ou seja, a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí é a que mais perde com emigração,

seguida pela Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba.

Outro fenômeno relevante é que, no baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, após a

construção das Pontes Jornalista Joel Silveira (Aracaju-Itaporanga D’Ajuda) e Gilberto

Amado (Estância – Indiaroba), tende a ocorrer o aumento do turismo de 2ª residência (casas

Page 34: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

de veraneio), já havendo a construção de condomínios horizontais fechados próximos às

Lagoas do Abais. Aliado a isso, a crescente construção de casas no baixo curso do Rio,

implicará numa maior demanda de recursos hídricos pelo aumento e concentração

populacional.

3.2 As Incertezas Críticas

Identificadas as condicionantes de futuro, é importante delimitar aquelas com alto grau de

incerteza e elevado impacto em relação ao futuro do objeto de cenarização – as Incertezas

Críticas. Estas últimas, podem ser específicas ou estarem agrupadas em uma ou mais

incertezas-síntese. Desse modo, apresenta-se a seguir as variáveis eleitas socialmente para a

Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. Resulta da visão e conhecimentos diversos usuários,

segmentos organizados da sociedade e de setores públicos relacionados à gestão dos

recursos hídricos.

Ritmo do Crescimento Econômico do Brasil

Os cenários, nacional e internacional apresentam um ambiente de incertezas gerado pelas

mudanças econômicas e comerciais, tecnológicas, sociais e político-institucionais, que por

sua interface com processos em desenvolvimento, imprimem indefinições de futuro para o

Estado de Sergipe e para Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

A influência das políticas macroeconômicas brasileiras podem gerar um aumento na

produção industrial sergipana, com exportação de produtos industrializados e os

provenientes do setor primário, como cana-de-açúcar e milho ou uma retração dos setores,

levando a uma redução do ritmo de crescimento, com reflexos sociais importantes. Devido

ao processo migratório no Estado para atender à indústria, a retração do setor poderá

produzir uma grande massa de desempregados em Aracaju e região metropolitana.

Dinâmica Econômica Regional

O setor industrial em Sergipe, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Sergipe

(2012) tem grande relevância para o crescimento da economia estadual. Outro fator

Page 35: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

importante é a superação dos gargalos de infraestrutura para o desenvolvimento dos pólos

industriais existentes Ao todo existem também 5 pólos/núcleos industriais na Bacia,

localizados nos municípios de Boquim, Estância, Lagarto, Itabaianinha e Simão Dias. Nas

proximidades da BR-101, no município de Estância, encontram-se o mais desenvolvido

pólo industrial das regiões Sul e Centro Sul do Estado, com várias indústrias que utilizam-

se de recursos hídricos da Bacia do Rio Piauí: a Cervejaria Águas Claras, Maratá (Café,

Chás), Mabel (Biscoitos), Crow (Embalagens Metálicas: Latinhas de Alumínio), além da

empresa de Água Mineral “Entre Rios”.

Do ponto de vista dos recursos hídricos, tal panorama significa forte e acelerado aumento

de uso, pois o crescimento acelerado da atividade industrial impacta no crescimento

populacional e numa maior demanda de água para abastecimento, uso industrial e agrícola.

Este panorama pode repercutir negativamente sobre a qualidade e quantidade das águas já

que a Bacia também conta com expressiva área de atividades agrícolas e agropecuárias,

inclusive, com o uso de irrigação.

Irrigação

Os montantes de área irrigada para 2006 indicam que cerca de 0,35 % da área total da Bacia

Hidrográfica do Piauí. Trata-se de uma área de 1.383 hectares utilizando sistemas de

irrigação. Este pode ser considerado de baixa intensidade.

De acordo com a Secretaria de Agricultura,9 no tocante ao segmento da irrigação pública, o

estado de Sergipe conta com oito perímetros irrigados, com área irrigável superior a 13 mil

hectares, dos quais três (Betume, Cotinguiba-Pindoba e Propriá) foram implantados pelo

governo federal, através da Codevasf. Os demais foram implantados pelo governo estadual,

geralmente com a participação de recursos federais e internacionais. À exceção do Platô de

Neópolis, dividido em lotes empresariais, os demais são subdivididos em lotes parcelares

de exploração familiar.

Além daqueles em operação, encontram-se em fase final de implantação os projetos de

9 Disponível em: http://www.cohidro.se.gov.br/

Page 36: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

irrigação Jacarecica II e Jacaré-Curituba, respectivamente em Itabaiana e Canindé do São

Francisco. Estão em estudos para implantação: o projeto Xingó, com abrangência nos

municípios de Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Monte Alegre de Sergipe, e o

Canal Dois Irmãos, que levará água a municípios da Bahia e de Sergipe, alcançando neste

estado o município de Carira.

A empresa pública responsável pela gestão dos recursos hídricos no Estado de Sergipe é a

Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (COHIDRO),

órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural

(SEAGRI).

A COHIDRO10 administra seis perímetros irrigados, responsáveis pela produção de

alimentos variados, tais como: batata-doce, quiabo, milho, cana-caiana, inhame, macaxeira,

maracujá, goiaba, tomate, pimentão, alface, coentro, cebolinha e outros. Os perímetros

estão localizados nos municípios de Itabaiana, Canindé, Tobias Barreto, Lagarto e

Malhador, e ocupam uma área total de mais de 12 mil hectares.

A expansão da Pecuária

O ritmo de crescimento da pecuária, principalmente do rebanho aves e bovinos possui um

alto grau de impacto e incerteza por se tratar de uma atividade intensiva no uso de recursos

hídricos.

A expansão das Monoculturas de Cana-de-açúcar e Milho:

É incerteza crítica o comportamento do crescimento da área destinada ao plantio de milho.

No Sul e Centro-Sul de Sergipe o processo de expansão da monocultura do milho tem

crescido significativamente, principalmente nos municípios de Simão Dias e Poço Verde,

situados na área de drenagem do alto curso do Rio Piauí. Este tipo de produção agrícola

também acarreta uma maior erosão laminar, produzindo a médio e longo prazo

10 Ver mais detalhes em: http://www.sagri.se.gov.br

Page 37: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

conseqüências ao longo da Bacia, tais como: redução da fertilidade natural dos solos,

assoreamento dos cursos d’água, assim como alterações na dinâmica dos sedimentos.

O cultivo da cana-de-açúcar tende a se expandir na Bacia, principalmente no município de

Santa Luzia do Itanhy, com uma produção de 4.400 toneladas em 2012. Do ponto de vista

ambiental, o impacto se dá pela poluição por diversos processos, dentre estes o uso

indiscriminado de agrotóxicos agrícolas. Aliado a isso, o uso intensivo de água pode

acarretar uma sobrecarga no sistema de recursos hídricos caso esse avanço não seja

monitorado pelos órgãos competentes.

Outro aspecto a ser considerado é que a criação extensiva promove o avanço das pastagens

sobre terras antes destinadas a uma diversidade de culturas, principalmente a criação de

Caprinos, que obteve uma taxa de crescimento de 67% no período de 2005 a 2012. Em

relação às culturas temporárias observa-se uma queda no cultivo de feijão, amendoim,

mandioca, batata-doce e fumo. Em termos das culturas permanentes, observou-se uma

queda no cultivo de banana, maracujá e limão.

4. CENÁRIOS

Os estudos prospectivos constituem parte importante do processo de planejamento, na

medida em que oferecem uma orientação para as tomadas de decisões sobre iniciativas e

ações para a construção do futuro almejado pela sociedade e pelas empresas. A própria

atividade planejadora tem como pressuposto central o fato de o futuro não estar

predeterminado e ser uma construção social, resultante, portanto, das ações e das decisões

da sociedade. O processo de planejamento não teria nenhum sentido se a natureza e a

sociedade tivessem histórias futuras predefinidas, retirando qualquer espaço de liberdade

para definir o próprio futuro. (Godet, 1997).11

Nos estudos prospectivos, a técnica de elaboração de cenários tem se consolidado como o

principal recurso metodológico. Em sua caracterização, é possível distinguir dois grupos:

Cenários Alternativos e Cenário Desejado ou Normativo.11 GODET, et. al BUARQUE (2003, p.20)

Page 38: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

No caso do estudo prospectivo da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, elaborou-se a matriz

multicritérios com contribuições dos representantes dos Comitês Gestores de Bacia

Hidrográfica, dos técnicos da COHIDRO Consultoria e as principais instituições envolvidas

com o sistema de recursos hídricos do Estado de Sergipe, conforme processo descrito

anteriormente.

Desse ponto de vista, apresenta-se a seguir o comportamento das variáveis, nos respectivos

cenários futuros para Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

4.1 Cenário Otimista

Sob a influência de uma economia nacional que cresce de maneira integrada e contínua, a

economia sergipana cresce de forma mais intensiva. A Variação do Valor Adicionado

Bruto – VAB da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí é da ordem de 3% a.a, impulsionado pelo

setor agrícola e pela indústria, que possui uma taxa de variação do Valor Adicionado Bruto

estimada de 4,6% a.a.Tendência de ampliação do setor com a atuação do Programa

Sergipano de Desenvolvimento Industrial – PSDI, que investe em apoio locacional, apoio

fiscal e tem um Fundo de Apoio à industrialização, relocalização e normatização. Ocorre

incremento da renda da população.

Ocorre redução das desigualdades regionais, seja entre os municípios do Estado, seja entre

os Estados do Nordeste. Isso reduz o movimento migratório causando maior estabilidade

entre as populações das Bacias Hidrográficas. O crescimento populacional desacelera mais

rapidamente, mas com tendência de crescimento até a década de 2030. Para o cenário

otimista, a projeção de crescimento da população do Estado de Sergipe para o período de

2010 a 2033 é de 17,81%. O Estado se antecipa à pressão populacional e cria infraestrutura.

Aumenta os investimentos em infraestrutura hídrica e saneamento básico. Ocorre aumento

do atendimento em abastecimento de água e saneamento, com 100% dos domicílios

atendidos. Aumenta os índices de atendimento aos indicadores específicos da legislação e a

cobertura de atendimento da rede de esgotamento atinge a meta de 90% dos domicílios

Page 39: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

atendidos. Implementação dos projetos do Programa Águas de Sergipe para ampliação das

redes de esgoto e tratamento. As taxas de mortalidade são reduzidas em função de políticas

mais eficazes de saúde e saneamento. O sistema de gerenciamento de resíduos sólidos,

tanto urbano quanto rural, é eficaz no atendimento a demanda da população.

Em uma perspectiva otimista, a tendência apontada para a irrigação na Bacia, aponta para

um aumento da área irrigada de 3,3% aa. As projeções demonstram que será 3.323 hectares

de área irrigada na Bacia.

O Estado atua no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares de 40% de redução

das perdas e metas da Agência Nacional de Águas - ANA. Estimula o reuso pela indústria.

Amplia a fiscalização do tratamento dos rejeitos industriais. Amplia os investimentos para

atender às demandas setoriais de água. Maior investimento privado em produção e em

tecnologias mais eficientes de reuso.

Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, o Estado intensifica a implementação

de programas de recuperação e preservação dos solos, cria projetos para minimizar a erosão

e amplia a fiscalização. Aumento do número de municípios com Planos Diretores

implementados. Há incentivo à criação de novas Unidades de Conservação, com atuação

dos Conselhos Gestores.

Quanto aos usos econômicos, considera um avanço das culturas temporárias de milho e

cana-de-açúcar. A cana alcança uma produção projetada de 161.036 toneladas em 2033,

uma taxa média de crescimento de 18,7% aa. Para as demais lavouras temporárias, há uma

projeção de expansão de 7% aa. Em relação às lavouras permanentes, a tendência projetada

evidencia um aumento de 7,3% aa.

O Território é ocupado com grandes áreas de pastagem. A tendência apontada é de

crescimento do plantel de aves de 9,5% aa. Em 2033, projeta-se que haverá na Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí, 9.630.723 cabeças de aves. Para os outros rebanhos (Bovino,

Eqüino, Asininos, Muares, Suínos, Caprinos e Ovinos), projeta-se uma taxa média de

Page 40: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

crescimento de 3,1% aa. Assim, em um cenário otimista, projeta-se que haverá 575.555

cabeças na Bacia em 2033.

No que diz respeito à Governança e a implementação dos Instrumentos de gestão, ocorre

um avanço da estruturação do órgão estadual de Gestão de Recursos Hídricos. Este,

fortalecido tecnicamente, viabiliza a ampliação da restrição à outorga, com início da

cobrança – com valor monetário atualizado, pelo uso dos recursos hídricos e ampliação do

enquadramento. Implementa-se planos com restrições a usos específicos. Neste cenário,

ocorre um avanço na implantação dos instrumentos, com avanços em outorga,

enquadramento e Cobrança de forma amplamente participativa..

Quanto à Situação institucional dos atores do SINGREH, ocorre avanço da estruturação do

Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. O Órgão Estadual de Gestão de

Recursos Hídricos com maior autonomia e estruturado, fortalecido técnica e

financeiramente, com quadro de pessoal próprio adequado às suas atribuições. O Conselho

Estadual de Recursos Hídricos é fortalecido, desempenhando todas as atribuições que lhe

são previstas legalmente, promovendo a articulação e integração das diferentes políticas

setoriais com interface na gestão de recursos hídricos. Maior participação social.

Apresenta-se, a seguir, a Tabela 1 – Projeções das Variáveis de Futuro para a Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí no Cenário Otimista. Trata-se de prospecções dos principais

processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos hídricos em horizonte

temporal de curto, médio e longo, prazos, ou seja, 2013, 2018, 2023, 2028 e 2033.

Page 41: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

É importante salientar, que os dados quantitativos apresentados se referem a projeções

desenhadas a partir da evolução das variáveis para cada cenário, evidenciadas pelo

diagnóstico produtivo e pelo processo de construção social dos cenários.

4.2 Cenário Pessimista

A economia sergipana é induzida pela brasileira, que não consegue aproveitar as poucas

oportunidades de um mundo instável e fragmentado. O resultado disso é um cenário de

estagnação econômica e aumento da inflação. O reduzido crescimento da atividade

econômica é traduzida, pela Variação do Valor Adicionado Bruto – VAB da Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí é da ordem de em 0,5% aa, impulsionado pelos setores agrícola e

industrial. Este último, possui, uma taxa de variação do Valor Adicionado Bruto, para o

cenário pessimista, estimada de 2,6% a.a.

Há o agravamento das desigualdades regionais, seja entre os municípios do Estado, seja

entre os Estados do Nordeste. Devido a este fato, ocorre um aumento do movimento

migratório causando maior instabilidade da população da Bacia. Aumenta o movimento

migratório da população inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí – com mais

intensidade, e da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, principalmente para a Região

Metropolitana de Aracaju. Aumento das crises e da insatisfação da população.

Page 42: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

O crescimento populacional desacelera, com menor intensidade, com tendência de

crescimento até a década de 2030. Para o cenário pessimista, a projeção de crescimento da

população do Estado de Sergipe para o período de 2010 a 2033 é de 24,1%. O Estado não

se antecipa à pressão populacional para a criação de infraestrutura.

A inoperância do Estado é ineficaz no atendimento da demanda para o consumo humano.

Piora da situação do abastecimento, principalmente, nos Municípios de Aruá, Boquim,

Itabaianinha, Poço Verde, Salgado, Umbaúba e Poço Verde. O Poder Público não consegue

atender às demandas setoriais.

O sistema de abastecimento de água e tratamento de esgotos não consegue atender à

demanda, ocorre o declínio da população atendida, ocorrendo taxas inferiores a 91,25%.

Crescimento populacional piora a qualidade do abastecimento e saneamento básico. Ocorre

o declínio do percentual do atendimento em abastecimento de água e saneamento. As taxas

de mortalidade aumentam em função da ineficácia de políticas de saneamento. Ocorre a

desmatamento na área de nascentes do Rio Piauí, na povoação de Palmares, Município de

Riachão dos Dantas. Agrava a retirada da mata ciliar em toda a extensão da Bacia,

principalmente, no Município de Estância.

O grau de eficiência não se mantém em consonância com a legislação, ocorrendo maior

incidência de sanções. O sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, tanto urbanos

quanto rurais é ineficaz no atendimento à demanda, gerada pelo aumento populacional. São

evidentes os danos causados por resíduos provenientes de matadouros e lixões.

Em uma perspectiva pessimista, a tendência apontada para a irrigação na Bacia, aponta para

um aumento da área irrigada de 1,8% aa. As projeções demonstram que para 2033, a área

irrigada será 6.628 hectares de área irrigada na Bacia.

O Estado tem menor participação no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares

de 60% de perdas. Pouca ou nenhuma melhoria de tecnologia de usos de recursos hídricos.

É pouco expressivo o estímulo ao reuso pela indústria. As regras para a fiscalização do

tratamento dos rejeitos industriais estão formalmente implantadas, mas sem efetividade.

Page 43: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Faltam recursos para os investimentos em infraestrutura para atender às demandas setoriais

de água. Menor avanço do setor privado em produção e em tecnologias mais eficientes de

reuso.

Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, o Estado é ineficaz na implementação

de programas de recuperação e preservação dos solos. O desmatamento das nascentes é

agravado na região semiárida. Aumento da especulação imobiliária e expansão da

construção de casas no baixo curso do Rio. Devido ao baixo rigor no cumprimento da

legislação, aumenta a contaminação das águas e ocorre uma piora da qualidade do solo

devido ao uso intensivo de agrotóxicos. Ocorre resistência à adesão ao sistema. Ingerência

políticas e interferências econômicas dificultam a implementação dos Planos Diretores. Há

pouca informação sobre as Unidades de conservação, com reduzida atuação dos Conselhos

Gestores.

Quanto aos usos econômicos, considera o crescimento das culturas temporárias de milho e

cana-de-açúcar a menores taxas que nos cenários otimista e factível. A cultura de cana-de-

açúcar alcança uma produção projetada de 38.639 toneladas em 2033, uma taxa média de

crescimento de 10,9% aa. Para as demais lavouras temporárias, há uma projeção de um

aumento menos acentuado, 3% aa. Em relação às lavouras permanentes, a tendência

projetada evidencia um aumento de 2,3% aa.

O Território é ocupado com áreas de pastagem. A tendência apontada é de crescimento do

plantel de aves de 2,7% aa. Em 2033, projeta-se que haverá na Bacia Hidrográfica do Rio

Piauí, 3.609.146 cabeças de aves. Para os outros rebanhos (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar,

Suíno, Caprino e Ovino), projeta-se uma taxa média de crescimento de 1,1% aa. Assim, em

um cenário pessimista, projeta-se que haverá 381.443cabeças na Bacia em 2033.

A produção industrial alcança R$ 1.427.429,00 em 2033. Mas, o acréscimo do setor

industrial de 2,6%aa, não é acompanhado por um aumento no rigor da fiscalização, gerando

os seguintes impactos: Retirada de areia dos leitos dos rios e poluição dos rios localizados

nos pólos industriais. Não ocorre um fortalecimento institucional dos órgãos de controle e

atendimento nas normas pela iniciativa privada, bem como a adoção de novas tecnologias

Page 44: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

menos impactantes (produção limpa) no cultivo e beneficiamento da cana-de-açúcar e para

as fontes de poluição industrial.

No que diz respeito à Governança e a implementação dos Instrumentos de gestão, o Estado

se mostra incapaz de implementar a outorga e planos com restrições a usos específicos.

Faltam recursos para obras de infraestrutura. Quanto à Situação institucional dos atores do

SINGREH, ocorre estagnação e até recuo da estruturação do Sistema Estadual de Gestão de

Recursos Hídricos. Órgão Estadual de Gestão de Recursos Hídricos com pouca autonomia

e estruturado de forma pouco operativa, fragilizado por mudanças na conjuntura política

institucional. A atuação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos fica estagnada,

desempenhando poucas atribuições que lhe são previstas legalmente e não consegue

promover a articulação e integração das diferentes políticas setoriais com interface na

gestão de recursos hídricos. Menor participação social e aumento dos conflitos.

Dados esses aspectos, apresenta-se, a seguir, a Tabela 2 – Projeções das Variáveis de

Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí no Cenário Pessimista. Trata-se de

prospecções dos principais processos e variáveis que condicionam os cenários dos recursos

hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo, prazos, ou seja, 2013, 2018, 2023,

2028 e 2033.

5. DEFINIÇÃO DO CENÁRIO FACTÍVEL (POSSÍVEL) PARA A BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ

Page 45: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

O cenário factível é fruto da vontade coletiva, expressa pela representatividade da Bacia

Hidrográfica. É baseado nos resultados da compatibilização das disponibilidades com as

demandas hídricas, após ajustes e refinamentos ditados por critérios de viabilidade técnica e

de aceitação política. No caso da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, o comportamento desse

cenário, construído socialmente, está descrito como se segue.

O comportamento da economia do Estado de Sergipe é dependente do padrão nacional. A

tendência continua sendo de aumento do emprego e renda, mas com alta taxa de

informalidade e de pessoas que não buscam colocação no mercado de trabalho. A variação

do Valor Adicionado Bruto no Estado de Sergipe apresenta variações bruscas de um ano

para outro, impulsionado pelo crescimento da Indústria de Têxtil, papel, madeira,

mobiliário, agronegócio e serviços. Em função do impacto que investimentos de grandes

empresas têm sobre a economia relativamente pequena do Estado, anos de crescimento do

Valor Adicionado Bruto, são, muitas vezes, seguidos de anos de queda nesse crescimento,

sendo os efeitos desses fluxos de grandes empresas, severamente sentidos pelos municípios.

A Bacia Hidrográfica do Rio Piauí se beneficia pelas plantas industriais instaladas:

Cervejaria Águas Claras, Maratá (Café, Chás), Mabel (Biscoitos), Crow (Embalagens

Metálicas: Latinhas de Alumínio), além da empresa de Água Mineral “Entre Rios”. A

tendência projetada para o setor industrial é uma taxa média de variação do Valor

Adicionado Bruto estimada de 3,6% a.a. Ocorre incremento da renda da população.

A taxa de crescimento populacional de Sergipe acompanha a tendência nacional de

desaceleração, com projeção de zerar o crescimento na década de 2030. Mas, até lá, a

população continuará crescendo a uma taxa anual cada vez menor. A projeção é de

crescimento da população do Estado de Sergipe para o ano de 2014 de 1,09% e para 2033,

de 0,56%.

O comportamento da dinâmica populacional revela dois fenômenos migratórios no Estado

de Sergipe - a imigração intra-estadual e a imigração interestadual. Sergipe, ao lado do

Estado do Rio Grande do Norte, são os únicos estados do Nordeste que apresentam saldos

positivos de imigração interestadual, mas o destino principal é Aracaju. Já a imigração

Page 46: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

intra-estadual é diferente entre os municípios, mas o destino principal é a Região

Metropolitana de Aracaju. O que se observa é que nos municípios mais pobres ficam as

crianças, os idosos e alguns pequenos produtores rurais, enquanto suas esposas se mudam

para a RM de Aracaju para trabalhar. Com isso, as Bacias Hidrográficas do Rio do

Piauí(mais) e do Rio Japaratuba (menos) têm perda de população por migração, enquanto a

Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é a que mais recebe os imigrantes. O crescimento

populacional, o crescimento Industrial e a urbanização geram aumento pela demanda de

água para o abastecimento humano e industrial.

Os investimentos em infraestrutura hídrica, incluindo as intervenções em termos de

abastecimento de 13 projetos – Águas de Sergipe e PAC, melhoram os índices de

abrangência e o grau de tratamento de esgotos. Efetivação do Programa: Águas de Sergipe

para melhoria das condições hídricas da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí. As taxas de

mortalidade são reduzidas em função de políticas mais eficazes de saúde e saneamento. O

grau de eficiência mantém-se em consonância com a legislação.

Em relação ao disciplinamento da ocupação do solo, ocorre a ampliação das áreas de

reserva legal e APP’s para atendimento à legislação. A tendência é que sejam realizadas

ações para a redução do risco de erosão dos solos e estabilização das áreas degradadas,

principalmente, as decorrentes da monocultura do milho em Simão Dias e Poço Verde. Há

manutenção das Unidades de conservação, ou seja, não ocorre expansão de novas áreas.

Tendência de implementação dos Planos Diretores para as cidades com mais de 20.000

habitantes.

O Estado atua no controle dos recursos hídricos, alcançando patamares de 50% de redução

das perdas no abastecimento de água. Manutenção do atual patamar de investimento em

drenagem. Ocorre a ampliação do atendimento em abastecimento de água com 91,25% dos

domicílios atendidos. Elevação do índice de cobertura de atendimento da rede de

esgotamento de 35% para 90%. Para o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, a

tendência apontada é que serão mais nítidos os níveis de tratamento de resíduos. Serão mais

nítidos os níveis de tratamento de resíduos, com implantação de aterros controlados para

Page 47: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

disposição final de resíduos, encerramento de Lixões e o fortalecimento de organizações de

catadores.

Quanto aos usos econômicos, a tendência apontada é o crescimento Industrial (Sul

Sergipano), a intensificação de atividades agrícolas e ampliação de serviços ( Campus

Universitário ) na região Centro sul gera um aumento populacional e aumento da demanda

para atender ao abastecimento humano e setores produtivo e de serviços. Considera que o

aumento populacional aumenta o consumo, sendo que o aumento da produção dependerá

dos cultivos e da técnica ou uso de água com sustentabilidade e técnicas corretas.

Considera a previsão de crescimento do setor agrícola de 5,2% aa, com predominância do

crescimento da cultura de cana-de-açúcar 14,8% aa. Para as demais lavouras temporárias, a

tendência é acréscimo de 5%aa. Observa-se também uma expansão das culturas

permanentes de 5,3% aa. A cultura de cana-de-açúcar alcança uma produção projetada de

79.843 toneladas em 2033.

Considera que a tendência de crescimento dos rebanhos de aves na Bacia é de 7% aa e

outros (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino) com tendência de

crescimento de 2,1% aa. Assim, em um cenário factível ou desejável, projeta-se que, no

longo prazo, 20anos, a tendência é que haja na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí,

5.929.550 cabeças de aves.

Tendência de crescimento da agroindústria, com aumento de abatedouros, granjas,

laticínios e do processamento da cana-de-açúcar, muito intensivo no uso de recursos

hídricos. Considera um crescimento da área irrigada de 2,4%aa.

A tendência observada para o setor industrial na Bacia é de 3,6%aa. As projeções, para um

cenário factível, apontam uma tendência de que, em 2033, o setor industrial da Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí produza R$ 1.766.962,00.

A extração de areia no leito dos rios está presente na Bacia notadamente em Nossa Senhora

do Socorro e rio Siriri (Rosário do Catete. Assim, considera-se a tendência de ampliação e

Page 48: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

intensificação da extração de areia devido as novas empresas produtoras de vidro no

Estado. Aumento da Fiscalização.

Quanto à disponibilidade de recursos hídricos, a tendência apontada é que a qualidade da

água pode sofrer alterações com a poluição proveniente do esgoto doméstico e industrial,

do vinhoto, de agrotóxicos e do chorume. No que diz respeito à poluição advinda do esgoto

doméstico, considera-se que para o cenário factível, trabalha-se com hipótese de que os

índices de abrangência e grau de tratamento de esgotos são ampliados de 35% par 90%,

conforme dito anteriormente. Já para a poluição industrial, a tendência apontada é que

haverá melhorara em função instituição da outorga de lançamento pela SEMARH. Para a

poluição advinda do vinhoto, considera-se a ampliação da atividade industrial, mas com

tendência de redução da poluição em função das ações de fiscalização pela ADEMA. Da

proveniente de agrotóxico, considera-se a redução em função da legislação e de maior

fiscalização EMDAGRO. Para a poluição causada pelo chorume, considera-se que a

tendência é melhorar devido ao encerramento de antigos lixões e à remediação.

Analisando-se as variáveis relacionadas à disponibilidade dos recursos hídricos, tem-se

uma prospecção positiva. Isso, porque a Captação água Subterrânea tende a diminuir e ser

mais racional em função dos levantamentos e estudos realizados; A adoção de práticas de

reuso tende a se expandir em função das questões de disponibilidade de água e da adoção

das ISO’s pelo setor industrial; A preservação das Áreas de Proteção Permanentes,

principalmente das relacionadas às nascentes, tende a ser mais eficiente em função dos

programas que estão sendo instruídos pela SEMARH e DESO; A construção de barragens

tende a se manter em função de poucos eixos possíveis de serem barrados. É importante

ressaltar, que as transposições podem levar a uma tendência de agravamento dos impactos

sobre a oferta de recursos hídricos em função das diminuições da vazão imposta pela

política energética.

Dos fatores ambientais com impacto na Bacia, tem-se que a recuperação florestal possui

uma tendência de aumento, com ampliação da área plantada em função para atendimento ao

Novo Código Florestal e que o desmatamento e a erosão das margens dos corpos hídricos

Page 49: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

apresentam tendência de redução devido, principalmente, ao aumento do monitoramento,

da fiscalização e do controle do desmatamento e da erosão pela ADEMA.

Em relação às questões que acirram os conflitos na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, tem-

se: Barramentos; Uso irregular Irrigação x usos diversos; Lançamento de efluentes

industriais, principalmente o vinhoto e a Aqüicultura nos Municípios de Estância e

Indiaroba. Todos eles apresentam tendência de redução em função do aumento da

fiscalização da ADEMA e mudanças no sistema de irrigação pela COHIDRO.

A implementação dos Instrumentos de gestão está condicionada a uma maior estruturação

do Sistema Estadual de Gestão de Recursos Hídricos. A tendência para a Bacia

Hidrográfica do Rio Piauí é o avanço na implementação, com critérios de outorga mais

restritivos e a melhoria em função da rede de monitoramento e dos sistemas adotados pela

SEMARH. Outra tendência é o inicio da implantação da cobrança nas Bacias estaduais,

com implantação gradativa, pois contribui para racionalização do uso dos recursos hídricos.

Contribui também a implantação prevista pela SEMARH do Sistema de Informação.

Neste cenário, há a perspectiva de melhora do monitoramento qualitativo e quantitativo, em

função da ampliação e do acompanhamento da rede de monitoramento. Contribui também a

elaboração dos Planos Diretores de Recursos Hídricos nas demais Bacias estaduais –

inclusive a costeira; a tendência de grande ampliação da fiscalização devido ao convênio de

estruturação da SEMARH ou ADEMA, a criação de um Fundo com recursos, com

intervenções específicas e a ampliação das ações de educação ambiental nas Bacias.

Quanto à Situação institucional dos atores do SINGREH, ocorre avanço da estruturação do

Sistema Estadual de Gestão de Recursos. Considera a possibilidade de estruturação e maior

autonomia do Sistema em decorrência da pressão social por água em quantidade e

qualidade para os diversos usos. Existência de órgão gestor, desempenhando atribuições

previstas na legislação, com melhora da estrutura física, recursos humanos e da autonomia.

Órgão Estadual de Gestão de Recursos Hídricos fortalece-se em relação à autonomia,

estrutura e amplia o quadro técnico e a questão financeira. A atuação do Conselho Estadual

Page 50: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

de Recursos Hídricos - CONERH é mais intensiva na regulamentação dos instrumentos de

gestão e resolução de conflitos. Há a implantação de Agência de águas no Estado,

vinculado à implementação da Cobrança. Os Comitês Gestores de Bacia Hidrográfica,

desde 2002 desempenhando atribuições previstas na legislação, fortalecem-se com maior

apoio institucional e passam a possuir maior autonomia.

Dados esses aspectos, apresenta-se, a seguir, a Tabela 3 – Projeções das Variáveis de

Futuro para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí no Cenário Factível. Trata-se de prospecções

dos principais processos e variáveis que condicionam o cenário desejável dos recursos

hídricos em horizonte temporal de curto, médio e longo prazo, ou seja, 2013, 2018, 2023,

2028 e 2033.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção social dos cenários para a Bacia Hidrográfica do Rio Piauí contou com a

visão e os conhecimentos de diversos usuários, segmentos organizados da sociedade civil e

de setores públicos relacionados à gestão dos recursos hídricos. O processo de elaboração

foi dividido em 7 etapas. Desde a elaboração do diagnóstico produtivo até a descrição e

prospecção dos cenários, foram desenvolvidas oficinas públicas e reuniões que deram

origem aos resultados apresentados. Nos cenários alternativos (otimista e pessimista) e

factível, desenhou-se tendências de caráter quantitativo e qualitativo para um horizonte de

planejamento de 20 anos, divididos em períodos de 5 anos.

Page 51: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

O trabalho de análise e consolidação dos dados obtidos no diagnóstico produtivo e nas

oficinas públicas demonstrou os principais processos e variáveis de futuro que condicionam

os recursos hídricos para 2033. As variáveis eleitas foram: O crescimento econômico, a

dinâmica populacional, o comportamento do setor agrícola e pecuária, do setor industrial e

da área irrigada. Dentre as variáveis de futuro projetadas, merece destaque o avanço da

cana-de-açúcar, que no cenário otimista, atingirá 2.182.778 toneladas e 1.427.429 toneladas

para o cenário pessimista para prospecções realizadas para 2033.

A construção dos cenários evidenciou a fragilidade do atual sistema e possibilita a

construção das estratégias de atuação para se consolidar o cenário almejado. Demonstra que

as fragilidades do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos podem ser modificadas,

principalmente pela consolidação e fortalecimento política-institucional dos atores do

SINGREH através da ampliação dos recursos humanos e da normalização técnica e jurídico

– administrativa.

Page 52: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

ANEXOSMatriz 1 - Etapa 3 – Organização e Consolidação das Variáveis

VARIÁVEIS DOS CENÁRIOSTEMA SUBTEMA

Crescimento Econômico DemografiaCrescimento populacionalImigraçãoEmigração

Economia Variação PIB

Disciplinamento da Ocupação do Solo

Áreas de Reserva LegalProteção do Solo contra a ErosãoUnidades de Conservação

Saneamento

Abastecimento de Água Controle de perdasAtendimentoEsgotamento SanitárioDrenagemColeta e Disposição de Lixo

Usos Econômicos

AgriculturaPecuáriaIrrigaçãoAquicultura (peixes)Indústria

MineraçãoPetróleoExtração (lavra) de áreaOutros

Atividades Turísticas  

Recursos Hídricos

Qualidade da água

Poluição esgoto domésticoPoluição esgoto industrialPoluição VinhotoPoluição agrotóxicosPoluição ChorumeCalcárioOutros Captação água subterrâneaAdoção de Práticas de ReusoPreservação de nascentesConflitos de usosTecnologiasOutros

Disponibilidade Hídrica Superficial

Construção de Barragens / Açudes   

Fatores AmbientaisDesmatamentoErosão das margens dos Corpos Hídricos

Conflitos de usos

BarramentosUso irregularIrrigação x usos diversosAquicultura (peixes)

Governança

Implementação dos Instrumentos de Gestão

OutorgaCobrançaSistema InformaçãoMonitoramento quanti-qualitativoPlanos DiretoresEnquadramentoCompensação a MunicípiosEducação ambiental

Situação institucional dos atores do SINGREHÓrgão Gestor EstadualComitês de BaciasAgências

Fonte: COHIDRO, 2014.

Page 53: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Matriz 2 – Cenário Normativo - Factível da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí.

TEMA SUBTEMA CENÁRIO NORMATIVO

VARIÁVEIS DOS CENÁRIOS COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NO CENÁRIO PROPOSTO

Crescimento Econômico

Demografia

Crescimento populacional

O crescimento populacional continua desacelerando, mas com tendência de crescimento até a década de 2030. A projeção de crescimento da população do Estado de Sergipe para o ano de 2014 é de 1,09% e para 2033, de 0,56% .

Imigração

O Estado possui dois fenômenos migratórios: intra-estadual e inter-estadual. Sergipe, apresenta saldos positivos de imigração inter-estadual, mas o destino principal é Aracaju. Já a imigração intra-estadual é diferente entre os municípios, mas o destino principal é a Região Metropolitana de Aracaju. O que se observa é que nos municípios mais pobres ficam as crianças, os idosos e alguns pequenos produtores rurais, enquanto suas esposas se mudam para a RM de Aracaju para trabalhar. De modo geral, o agronegócio da cana-de-açúcar e a atividade Industrial surgem como principais fatores de atração populacional nos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí, com tendência ao adensamento urbano nas sedes municipais.

Emigração

Na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí ocorre perda de população pelo fenômeno de emigração. O destino é, principalmente, a RM de Aracaju.

Economia

Emprego e Renda

A tendência do Estado de Sergipe continua sendo de aumento de emprego e renda, mas ainda com alta informalidade e alta taxa de pessoas que não procuram emprego. 

Variação PIB

A tendência é de Crescimento econômico moderado. Taxa de crescimento média estimada do Valor Adicionado Bruto é de 1,5% a.a.

Disciplinamento da Ocupação do Solo  

Áreas de Reserva Legal e APPs Ampliação das áreas de reserva legal e APP´s, para atendimento à legislação.

Proteção do solo contra erosão - Áreas degradadas

Aumento da proteção do solo contra erosão e estabilização das áreas degradadas.

Plano DiretorTendência de implementação dos planos Diretores para as cidades com mais de 200.00 habitantes.

Page 54: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

Unidades de Conservação Manutenção das Unidades de Conservação – Sem expansão de novas áreas.

Saneamento

Abastecimento de Água

Controle de perdasNo controle das perdas no abastecimento de água, a tendência é que se mantenha um percentual de 50%.

AtendimentoHá uma tendência de que os índices de abastecimento de água atinjam um patamar de 91,25%.

Esgotamento Sanitário  

Considera que os índices de abrangência e grau de tratamento de esgotos são ampliados de 35% para 90%.

Drenagem  Manutenção do atual patamar de investimento em drenagem

Coleta e Disposição de

Lixo

 

Considera que serão mais nítidos os níveis de tratamento de resíduos. Implantação de aterros controlados para disposição final de resíduos. Encerramento de lixões. 

ReciclagemAmpliação da reciclagem, com atuação das associações de catadores em Lagarto e de organizações em outros municípios da Bacia.

Saúde PúblicaDoenças de veiculação hidricas

Tendência de redução devido a melhoria nas condições de saneamento básico.

Usos Econômicos

Agricultura  

Considera que aumenta a população, aumenta o consumo. O aumento da produção dependendo dos cultivos e da técnica ou uso de água com sustentabilidade e técnicas corretas. Considera a previsão de crescimento do setor agrícola de 5,2% aa, com predominância do crescimento da cultura de cana-de-açúcar, 14,8% aa. Para as demais lavouras temporárias, a tendência é de um aumento de 5%aa. Observa-se também uma expansão das culturas permanentes de 5,3% aa.

Pecuária  

Tendência de crescimento dos rebanhos de aves na Bacia é de 7%aa e outros (Bovino, Eqüino, Asinino, Muar, Suíno, Caprino e Ovino) com tendência de crescimento de 2,1% aa.

Irrigação Considera um crescimento da área irrigada de 2,4%aa.

Aquicultura (peixes)  

A tendência é de crescimento, pelo conhecimento do que existe cadastro pelo IBGE e contratação de técnicos pela EMBRAPA.

Indústria IndústriaA Bacia Hidrográfica do Rio Piauí se beneficia pelas plantas industriais instaladas. A tendência projetada para o setor industrial é

Page 55: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

uma taxa média de variação do Valor Adicionado Bruto estimada de 3,6% a.a. Ampliação da atuação do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial –

Agroindústria

Tendência de crescimento de abatedouros, granjas, laticínios e do processamento da cana-de-açúcar, muito intensivo no uso de recursos hídricos. O crescimento industrial e do agronegócio gera um aumento populacional, aumentando a demanda de água para o abastecimento humano e para os setores produtivos.

Mineração

Energéticos (Petróleo) _

Não energético Extração (lavra) de areia e argila

Tendência de ampliação e intensificação da extração devido às novas empresas produtoras de vidro no Estado. Aumento da Fiscalização.

Comércio  Tendência moderada de ampliação, acompanhando as taxas de crescimento do PIB.

Disponibilidade Recursos Hídricos

Qualidade da Água

Poluição esgoto domésticoConsidera que os índices de abrangência e grau de tratamento de esgotos são ampliados de 35% par 90%.

Poluição esgoto industrial Tende a melhorar em função instituição da outorga de lançamento pela SEMARH.

Poluição Vinhoto

Ampliação da atividade industrial, mas tendência de redução da poluição por vinhoto em função das ações de fiscalização pela ADEMA

Poluição Agrotóxicos Redução em função da legislação e de maior fiscalização EMDAGRO.

Poluição Chorume Tende a melhorar em função do encerramento de antigos lixões e com a remediação.

Quantidade de Água

Captação água SubterrâneaTende a diminuir e ser mais racional em função dos levantamentos e estudos realizados.

Adoção de Práticas de Reuso (tecnologia)

Tende a se expandir em função das questões de disponibilidade de água e da adoção das ISO’s pelo setor industrial.

Preservação de APPs (Nascentes)Tende a melhorar em função dos programas que estão sendo instituídos pela SEMARH e DESO.

Page 56: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

TransposiçõesTende a aumentar os impactos em função das diminuições da vazão imposta pela política energética.

Construção de Barragens / Açudes

Tendência de se estabilizar em função de poucos eixos possíveis de serem barrados. As ampliações da crista estão sendo ocupadas a exemplo de Dionisio Machado - ocupação urbana.

Fatores Ambientais  

Recuperação florestal Aumento da área plantada em função para atendimento ao Novo Código Florestal.

DesmatamentoRedução do desmatamento a taxas atuais, devido a manutenção do controle pela ADEMA.

Erosão das margens Corpos Hídricos

Tendência de redução da erosão devido, principalmente, a fiscalização e ao controle do desmatamento pela ADEMA.

Conflitos de usos Conflitos

Barramentos Tendência a redução em função do aumento da fiscalização da ADEMA.

Uso irregular Tende a diminuir em função do aumento da fiscalização da ADEMA.

Irrigação x usos diversos

Tende a diminuir os conflitos em função do aumento da fiscalização da ADEMA e mudanças no sistema de irrigação pela COHIDRO.

Indústria (lançamento do VINHOTO)

Tende a diminuir em função do aumento da fiscalização da ADEMA.

Aquicultura Tende a diminuir em função do aumento da fiscalização da ADEMA.

Governança

Implementação dos

Instrumentos de Gestão

Outorga Melhoria em função da rede de monitoramento e dos sistemas adotados pela SEMARH.

Cobrança Inicio da implantação da cobrança nas Bacias estaduais. Avanço gradativo.

Sistema de Informação Implantação prevista pela SEMARH.

Monitoramento qualitativo Melhoria em função da ampliação e do acompanhamento da rede de monitoramento.

Monitoramento quantitativo Melhoria em função da rede de monitoramento.

Planos DiretoresElaboração dos Planos Diretores de Recursos Hídricos nas demais Bacias Estaduais – inclusive a costeira.

EnquadramentoPerspectiva de implementação gradativa do enquadramento, tendo em vista as diretrizes do PERH.

FiscalizaçãoTendência de grande ampliação da fiscalização devido ao convênio de estruturação da SEMARH ou ADEMA.

Page 57: PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JAPARATUBA€¦  · Web view1. INTRODUÇÃO 5. 2. A CONSTRUÇÃO SOCIAL DOS CENÁRIOS 19. 3. CONDICIONANTES DE FUTURO 31. 3.1 Variáveis Condicionantes

FUNERH Fundo com recursos, financiando intervenções especificas.

Educação Ambiental Ampliação das ações de educação ambiental nas Bacias.

Situação institucional dos

atores do SINGREH

Órgão Gestor EstadualFortalecimento institucional do órgão gestor de recursos hídricos. Reestruturação e ampliação do quadro técnico.

Comitês de Bacias Fortalecimento dos Comitês com maior apoio institucional e maior autonomia.

CONERHFortalecimento do CONERH. Atuação mais intensiva na regulamentação dos instrumentos de gestão e resolução de conflitos.

AgênciasImplantação de Agência de águas no Estado, vinculado à implementação da Cobrança – Modelo em estudo.

Fonte: Dados do GAT, 2014.