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UNIDADE EXECUTORA
ESTADUAL DO
PRODETUR DE
PERNAMBUCO
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SECRETARIA DE TURISMO – SETUR
UNIDADE EXECUTORA ESTADUAL DO PRODETUR – UEE/PE
ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO
DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO
FORTE DE TAMANDARÉ
2ª ETAPA
ENCARTE 1 Contexto
Agosto/2011
Rua Hermógenes de Morais, 120 - Madalena – CEP 50.610-160 – Recife-PE Fone/Fax: (81) 3445-7033 – CNPJ: 70.073.275/0001-30 – E-mail: geosistemas@geosistemas.com.br
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FICHA TÉCNICA GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Governador: Eduardo Henrique Accioly Campos
SECRETARIA DE TURISMO
Secretário: Alberto Feitosa
Secretária Executiva de Programas de
Desenvolvimento do Turismo: Eugênio Morais
Gerente Geral do PRODETUR: Stélio Cuentro
Superintendente Técnico e de Gestão do PRODETUR: Mauro Pastick
Superintendente de Meio Ambiente do PRODETUR: Raul Perrelli
PREFEITURA MUNICIPAL DE TAMANDARÉ
Prefeito: José Hildo Hacker Júnior
Vice-prefeita: Maria da Conceição Cavalcanti do
Nascimento
Secretária de turismo: Julyanne Oliveira
GEOSISTEMAS Engenharia e Planejamento Ltda
Coordenação Geral: Eng° Civil Roberto Lemos Muniz
Eng° Civil Henrique Pinto Silva
Arq. Elaine Fernanda de Souza
Coordenação Técnica: Clarisse Fraga - Turismóloga
Coordenação de Articulação e Gestão: Arq. Telma Buarque
Resp. Técnico Quadro Ambiental-Meio Físico: Geol. Margareth Alheiros
Resp. Técnico Quadro Ambiental-Meio Biótico: Paula Braga Gomes - Bióloga
Resp. Técnico Quadro Ambiental-Meio
Socioeconômico:
Elaine Fernanda Souza- Arquiteta e
Urbanista
Tatiana Ribeiro- Arquiteta e Urbanista
Cobertura Vegetal: Ana Santos – Engenheira Florestal
Turismo e Ecoturismo: Geog. Vanice Selva
Turism. Clarisse Fraga
Cartografia e Geoprocessamento: Gustavo Sobral – Especialista em
Geoprocessamento
Assessoria Jurídica: Adv. Fernanda Costa
Processo Participativo e Educação Ambiental: Ass. Social Mª Socorro Cavalcanti
Psic. Janaina Gabriel Gomes
CÂMARA TÉCNICA DE ACOMPANHAMENTO DO PLANO DE MANEJO DO PNMFT
Gestor do PNMFT: Julyanne Oliveira
PRODETUR/UEE: Raul Perrelli
APA Costa dos Corais: Eduardo Almeida
APA de Guadalupe: João Oliveira
Rebio de Saltinho: Walter Moura
FUNDARPE: Nazaré Reis
Representante do IRCOS: Edson Coimbra
Fundação Gilberto Freyre: Gilberto Freyre Neto
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APRESENTAÇÃO
A Geosistemas Engenharia e Planejamento apresenta, em conformidade
com as orientações do Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque Nacional,
Reserva Biológica e Estação Ecológica (IBAMA 2002), o presente documento
denominado ENCARTE 1 – Contextualização da Unidade de Conservação, parte
integrante de uma série de 04 Encartes que juntos vem a constituir o Plano de
Manejo do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré (PNMFT).
Plano de Manejo, segundo a Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, é definido como o
“documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de
uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que
devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a
implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da Unidade.”
A produção de Encartes, complementares e com especificidade crescente,
atende à lógica processual que permeia a elaboração gradativa, participativa e
multidisciplinar de Planos de Manejo de Unidades de Conservação, ainda mais
necessária quando envolve diferentes atores sociais, como aqueles que interagem
em uma Área de Proteção Ambiental.
Recife, agosto de 2011.
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APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL -------------- 5
1.1 Parques Municipais no contexto do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação -----------------------------------------------------------------------------------------------
14
1.2 Unidades de Conservação em Pernambuco --------------------------------------------- 15
2. CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO FORTE DE
TAMANDARÉ (PNMFT) -------------------------------------------------------------------
2.1 Histórico da criação do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré,
instrumentos normativos e especificidades -----------------------------------------------------
2.2 A importância cultural turística e ambiental -----------------------------------------------
2.3 Os programas de Desenvolvimento Turístico e de Gerenciamento Costeiro -
23
24
32
39
3. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO FORTE DE TAMANDARÉ: ECOSSISTEMAS,
BIODIVERSIDADE E HISTÓRIA -----------------------------------------------------------
3.1 Implicações ambientais ---------------------------------------------------------------------------
3.2 Patrimônio Histórico ---------------------------------------------------------------------------------
49
50
56
4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO FORTE DE TAMANDARÉ: GESTÃO -----------
4.1 Relações institucionais de gestão --------------------------------------------------------------
4.2 Potencialidades de Cooperação (internacional, nacional e estadual) --------
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60
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REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------- 69
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1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1.1 Parques Municipais no contexto do Sistema
Nacional de Unidade de Conservação
1.2 Unidades de Conservação em Pernambuco
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1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
A elevada degradação ambiental em todo o mundo tornou a preservação
ambiental necessária e com grande relevância social e política. Desta forma, a
gestão ambiental busca práticas que assegurem a conservação e preservação da
biodiversidade, a reciclagem de matérias-primas e a redução do impacto
ambiental das atividades humanas sobre os recursos naturais (LAYRARGUES, 1998). A
criação de áreas protegidas se insere neste contexto como uma das principais
estratégias para a conservação da natureza (GODOY, 2000; MEDEIROS et al., 2004;
FREITAS, 2004; HASSLER, 2005; RIBEIRO, 2007).
A Declaração de Bali, elaborada durante o III Congresso Mundial de Parques,
realizado em 1982, enfatiza a importância das unidades de conservação como
elementos indispensáveis para a conservação de biodiversidade, já que
assegurariam, se adequadamente distribuídas geograficamente e em extensão, a
manutenção de amostras representativas de ambientes naturais, da diversidade de
espécies e de sua variabilidade genética, além de promover oportunidades para
pesquisa científica, educação ambiental, turismo e outras formas menos
impactantes de geração de renda, juntamente com a manutenção de serviços
ecossistêmicos essenciais à qualidade de vida.
Essa premissa foi reforçada pela Convenção das Nações Unidas sobre a
Diversidade Biológica, adotada pela Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento – CNUMAD (Rio-92). No âmbito da convenção,
assinada por 175 países, um sistema adequado de unidades de conservação é
considerado o pilar central para o desenvolvimento de estratégias nacionais de
preservação da diversidade biológica.
De acordo com análise histórica sobre a criação de Unidades de
Conservação, a criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos,
em 1872, serviu de inspiração a André Rebouças, em 1876, para propor a criação
de dois parques no Brasil (HASSLER, 2005; RYLANDS; BRANDON, 2005). Apesar desta
proposição, o primeiro Parque Nacional, o Itatiaia, localizado no Estado do Rio de
Janeiro, surgiu apenas em 1937 (PEDLOWSKI et al., 1999; RYLANDS; BRANDON, 2005)
em decorrência das ações do movimento ambientalista brasileiro.
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Em seguida (1939), foram criados o Parque Iguaçu, Serra dos Órgãos e Sete
Quedas. No Brasil, entre 1930 e 1970, o governo iniciou a criação de áreas para
proteger as belezas naturais e monumentos de valor histórico e artístico e, de 1980
até os dias de hoje, a preservação da biodiversidade passou a ser realizada sob
critérios técnicos e científicos, mantendo ainda a preocupação com a beleza
natural ou artificial, cultura humana, lazer, pesquisa, estudo ou investigação
científica (MEDEIROS et al., 2004; HASSLER, 2005; TEIXEIRA,2005).
De 1974 a 1989, unindo esforços do SEMA e IBDF, foram criados 22 Parques
Nacionais, 20 reservas biológicas e 25 Estações Ecológicas. Em 1990, foram
decretadas 6 unidades de conservação no Amazonas e, em 2003, foram
decretadas mais sete, totalizando uma área de 155.858 km2. Ao longo dos anos,
estas Unidades de Conservação se multiplicaram, tendo atingido seu ápice nas
últimas três décadas.
A visão preservacionista foi aos poucos sendo substituída por um olhar
conservacionista, considerando que o homem faz parte da natureza. A partir dos
anos de 1970, a perspectiva conservacionista foi sendo substituída pela
possibilidade de manutenção da ocupação humana em áreas protegidas,
mediante o controle do uso dos recursos naturais. Isso pode ser observado na
mudança das diretrizes de organismos internacionais, particularmente da IUCN
(International Union for Conservation of Nature), referência internacional das
diretrizes das áreas protegidas, que condicionou a ocupação ao uso sustentável
dos recursos naturais, garantindo assim a prioridade da conservação (DIEGUES,
2000).
O Brasil incorporou as reflexões sobre ocupação humana em UC, seguindo o
programa Man and Biosphere, a partir dos anos de 1980, e elaborou sua primeira
proposta de criação de um Sistema Nacional de Unidades de Conservação, com
categorias nas quais o uso sustentável era permitido (BRITO, 2000).
Para regulamentar as Unidades de Conservação, foi sancionada a Lei nº
9.985, de 18 de julho de 2000 que regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – SNUC, constituído pelo conjunto das Unidades de Conservação Federais,
Estaduais e Municipais, sendo regulamentado pelo Decreto 4340, de 22 de agosto
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de 2002. Este sistema estabelece critérios e normas para a criação, implantação e
gestão de Unidades de Conservação, que compreendem, conforme a referida Lei:
Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção.
O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais,
estaduais e municipais (Art. 3º da Lei 9.985/200) e tem como objetivos:
I. contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
II. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e
nacional;
III. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de
ecossistemas naturais;
IV. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza
no processo de desenvolvimento;
VI. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII. proteger as características relevantes de natureza geológica,
geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX. recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica,
estudos e monitoramento ambiental;
XI. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII. favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e
promovendo-as social e economicamente.
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O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) define e
regulamenta as categorias de unidades de conservação nas instâncias federal,
estadual e municipal, separando-as em dois grupos: de proteção integral, com a
conservação da biodiversidade como principal objetivo, e áreas de uso sustentável,
que permitem várias formas de utilização dos recursos naturais, com a proteção da
biodiversidade como um objetivo secundário (MMA-SNUC, 2000). Elas
correspondem aos termos unidades de conservação de uso indireto (proteção
integral) e de uso direto (uso sustentável) utilizados anteriormente ao SNUC.
São cinco tipos de Unidades de Conservação de Proteção Integral:
1) Estação ecológica, as áreas assim determinadas são de domínio público,
ou seja, se alguma propriedade particular estiver incluída no projeto ela é
desapropriada, sendo aberta somente a visitação com objetivo educacional desde
que previstas em seu Plano de Manejo e, até mesmo as pesquisas científicas devem
ser autorizadas;
2) Reserva Biológica, possui as mesmas características da Estação Ecológica,
porém seu uso é mais restrito, a Estação Ecológica tem como objetivo a
preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, já a Reserva
Biológica tem o objetivo único de proteger integralmente a biota sem qualquer
interferência humana, a não ser para medidas de recuperação;
3) Parque Nacional, também é de domínio público (que também pode ser
Estadual ou Municipal), mas ao contrário das UCs (Unidades de Conservação)
anteriores podem ser utilizados para recreação, pesquisa científica, turismo
ecológico e demais atividades educativas desde que previstas no seu Plano de
Manejo e, as pesquisas, autorizadas;
4) Monumento Natural é uma reserva que pode ser particular desde que o
uso pelos seus proprietários corresponda ao objetivo da UC que é “… preservar sítios
naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.”;
5) Refúgio da Vida Silvestre tem como objetivo proteger áreas naturais
necessárias para a reprodução e manutenção de espécies. Da mesma forma que
o Monumento Natural, o Refúgio da Vida Silvestre pode ser particular desde que
respeitados os objetivos da UC, caso contrário a área pode ser desapropriada.
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Todas estas UCs são criadas através de legislação específica e necessitam de
um Plano de Manejo, um regulamento baseado em estudo prévio da região que
determinará os usos possíveis daquela reserva, além de medidas administrativas.
O SNUC ainda define outra categoria de UC, as Unidades de Uso Sustentável
constituídas por:
1) Área de Proteção Ambiental (APA), que pode ser tanto pública como
privada e se constitui de regiões com certo grau de ocupação humana que
apresentam aspectos importantes para a “(…) qualidade de vida e o bem-estar
das populações (…)”, para tanto deve ser criado um Conselho que irá administrar a
APA e abri-la a visitação;
2) Área de Relevante Interesse Ecológico, em geral de pequena proporção e
sem ocupação humana que abrigam alguma espécie rara ou características
naturais extraordinárias que merecem ser preservadas;
3) Floresta Nacional, ou FLONA, como o nome já diz é uma floresta, mas que
possui predominantemente espécies nativas. De domínio público, seu uso é garantir
o uso sustentável dos recursos florestais;
4) Reserva Extrativista, área pública destinada às comunidades tradicionais
extrativistas, sendo proibida a mineração e a caça amadora ou profissional;
5) Reserva da Fauna, unidade de domínio público que abriga espécies
nativas, aqui não é permitida a caça, mas seus recursos naturais podem ser
comercializados desde que obedecendo ao Plano de Manejo;
6) Reserva de Desenvolvimento Sustentável, criada para assegurar ao mesmo
tempo a preservação da natureza e de comunidades tradicionais que já viviam ali,
mas a ocupação e desenvolvimento da comunidade são controlados;
7) Reserva Particular do Patrimônio Natural, ou RPPN, área particular que uma
vez convertida em RPPN não poderá mais deixar de sê-lo, mesmo que mude de
dono e, é criada com o intuito de preservar a biodiversidade e onde só poderão ser
realizadas atividades recreativas, educacionais, turísticas e científicas.
Além das unidades de conservação federais e estaduais, existem muitos
outros tipos de áreas que pertencem, ou são controladas por um grupo de interesse
diverso e que fazem importantes contribuições ao sistema brasileiro de unidades de
conservação. As mais importantes delas são as reservas indígenas, que em um
aspecto – a enorme área que cobrem – estão entre as mais importantes áreas para
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conservação, especialmente na Amazônia. Outras áreas formalmente manejadas
para a conservação pertencem aos governos municipais, ONGs, instituições
acadêmicas e setor privado.
As circunstâncias e o contexto social para a criação de uma unidade de
conservação influenciam o manejo da área, mesmo anos após a criação
(BRANDON, 1998). As Unidades de Conservação exercem uma função ambiental
de grande importância, quanto ao uso sustentável dos recursos, o que pode resultar
em uma melhor qualidade de vida. Ao mesmo tempo, a gestão da unidade de
conservação deve considerar a população local, buscando ações participativas e
equilíbrio (CAVALCANTE, 2001). A existência destas áreas contribui para a
preservação dos recursos naturais, pois incentiva um uso adequado desses espaços.
Kinker (2002) ressalta os benefícios trazidos pela presença natural e participativa dos
Parques para a sociedade, pois além da conservação da biodiversidade, a
recreação, turismo, educação ambiental e pesquisas, são fundamentais para a
proteção de valores culturais, históricos e existenciais para a população. Estas áreas
servem como instrumento de aprendizagem ambiental, através de um saber
pedagógico, prático, com desenvolvimento de estratégias e ações que irão
necessitar ampla reflexão (VARGAS, 2003). Para Leff (2003), a educação ambiental
ocupa cada vez mais os espaços de reflexão e de atuação, com o intuito de
conhecer e compreender as mudanças globais de nosso tempo e deve estar
contemplada em planos de manejo das unidades.
A gestão das Unidades de Conservação federais brasileiras era efetuada
apenas pelo IBAMA até de 28 de agosto de 2007, quando o governo federal criou
por meio da Lei nº 11.516 (BRASIL, 2007), o Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. A
partir de então, estas duas autarquias passaram a ser os órgãos executores, em
caráter supletivo, dos órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar
o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as Unidades de
Conservação Federais, Estaduais e Municipais, nas respectivas esferas de atuação
(art. 6º, III, da Lei nº 9.985, de 18/07/2000, conforme redação dada pelo art. 7º da Lei
nº 11.516/2007) (SIRVINSKAS, 2008).
De acordo com o último mapeamento realizado pelo ICMBio, o Brasil possui
319 UCs federais, sendo, 137 de Proteção Integral (com área total de 35.074.566,15
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hectares); e 173 de Uso Sustentável (totalizando de 749.832 km2). Existem ainda 545
UCs Estaduais (268 de Proteção integral e 277 de Uso sustentável) e 83 UCs
Municipais (45 de Proteção Integral e 38 de Uso Sustentável) (Tabela 1).
Tabela 1. Unidades de Conservação brasileiras
Fonte: CNUC/MMA (WWW.mma.gov.br/cadastro_uc), atualizado em 25/07/2011.
A tabela 2 apresenta a representação dos Biomas brasileiros nas Unidades de
Conservação.
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Tabela 2. Representação dos Biomas brasileiros nas Unidades de conservação
Fonte: CNUC/MMA (WWW.mma.gov.br/cadastro_uc), atualizado em 25/07/2011.
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1.1 Parques Municipais no contexto do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação
Segundo o Instituto Chico Mendes (ICMBio), os parques nacionais são a mais
popular e antiga categoria de unidades de conservação. Seu objetivo, segundo a
legislação brasileira, é preservar ecossistemas de grande relevância ecológica e
beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas, realização de
atividades educacionais e de interpretação ambiental, recreação e turismo
ecológico, por meio do contato com a natureza. O manejo dos parques, feito pelo
Instituto Chico Mendes, leva em consideração a preservação dos ecossistemas
naturais, a pesquisa científica, a educação, a recreação e o turismo. O regime de
visitação pública é definido no Plano de Manejo da respectiva unidade.
O Parque Natural Municipal é previsto no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, estabelecido pela Lei 9985/2000, no seu Artigo 11, Parágrafo 4º, no
qual se define que “as unidades dessa categoria (Parque Nacional), quando
criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque
Estadual e Parque Natural Municipal.” É, portanto, uma Unidade de Conservação
de Proteção Integral com os objetivos e restrições de um Parque Nacional, diferindo
apenas a denominação para evidenciar que se tratar de iniciativa municipal.
Sendo o correspondente municipal do Parque Nacional, o Parque Natural
Municipal tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de
grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.
A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano
de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração e àquelas previstas em regulamento (Lei 9985/2000, Art.11, Parágrafo
2º. A visitação pública deve atender, portanto, às normas e restrições estabelecidas
para garantir a consecução dos objetivos do Parque: pesquisa, educação e
interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico, aliados à preservação dos
ecossistemas.
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Conforme previsto no Art. 22 da Lei 9985/2000, a criação de um Parque
Natural Municipal deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública.
Como Unidade de Conservação de Proteção Integral, o Parque Natural
Municipal disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por
sua administração (Art. 29 da Lei 9985/2000).
Parques Naturais Municipais devem possuir uma zona de amortecimento,
com limites e normas de ocupação e uso dos recursos naturais definidos no ato de
criação ou posteriormente (Art. 25 da Lei 9985/2000).
Como Unidade de Conservação de Proteção Integral, é proibida a
introdução de espécies não autóctones (Art. 31 da Lei 9985/2000), a não ser
aquelas espécies de animais e plantas necessárias à administração do Parque. Essa
proibição é justificável diante do objetivo de preservação dos ecossistemas naturais.
A área de um Parque Natural Municipal, como Unidade de Conservação do
grupo de Proteção Integral, é considerada zona rural, para efeitos legais, bem
como sua zona de amortecimento (Art. 49 da Lei 9985/2000).
O Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) de Pernambuco foi
estabelecido pela Lei 13787/2009 e, de forma semelhante ao SNUC, define Parque
Natural Municipal (PMN) como a denominação a ser dada aos parques
equivalentes ao Parque Estadual, quando os mesmos forem criados pelos
municípios. Em todos os outros aspectos referentes à categoria Parque, o SEUC
repete o SNUC, acrescentando que a proteção do patrimônio histórico, cultural e
artístico também poderá ser incorporada aos objetivos do Parque, desde que seja
possível compatibilizá-la com a conservação da biodiversidade existente em seu
domínio.
1.2 Unidades de Conservação de Pernambuco
No Estado de Pernambuco este processo, que se iniciou nos anos 70 e teve
seu ápice nos anos 80, apresenta, ao contrário do que acontece no país, uma
diminuição na criação de Unidades de Conservação, desde os anos 90 até a
atualidade.
Em Pernambuco, a Lei Estadual 13787/2009, institui o Sistema Estadual de
Unidades de Conservação em Pernambuco. As Unidades de Conservação
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Estaduais, em Pernambuco, são de competência da Agência Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos de Pernambuco (CPRH-PE), autarquia vinculada à
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco (SECTMA).
Embora a CPRH-PE tenha sido originalmente fundada em 1976, sua criação
somente foi autorizada em 2003.
A partir de consultas a diversas fontes, foi organizada a Tabela 3 que
apresenta as Unidades de Conservação sob a responsabilidade federal e estadual
em Pernambuco. São poucas as Unidades de Conservação municipais em
Pernambuco e não existe cadastro dessas áreas; algumas são criadas por decreto
sob nomes como “Parque Ecológico” ou “Reserva Florestal”, sem correspondência
com categorias do SNUC nem, muito menos, limites, sistema de gestão e tipo de
manejo definidos.
Na Tabela não foram incluídas as Reservas Ecológicas da Região
Metropolitana, estabelecidas pela Lei Estadual 9989/1987 – a não ser aquelas que
foram, posteriormente, efetivamente criadas como Unidades de Conservação.
Não se trata simplesmente de discordância de nomenclatura ou indefinição de
categorias, mas de inexistência de objetivos definidos e de regime especial de
administração, assim como ausência de “medidas adequadas de proteção”. Essas
áreas podem ser consideradas “protegidas” lato sensu, mas não atendem à
definição de Unidade de Conservação do SNUC nem ao conceito adotado pela
UICN para “áreas protegidas”:
A clearly defined geographical space, recognised, dedicated and
managed, through legal or other effective means, to achieve the
long-term conservation of nature with associated ecosystem services
and cultural values.
Também não foram consideradas as áreas estuarinas cuja proteção se
encontra prevista na Lei Estadual 9931/1986, não só pelo equívoco de sua redação
– “define como área de proteção ambiental as reservas biológicas constituídas
pelas áreas estuarinas do Estado de Pernambuco (...)”, como pela inexistência de
regulamentação da lei e evidente mau uso da expressão “área de proteção
ambiental” que, no caso, não parece ter correspondência com a definição de
APA. Essas áreas podem ser consideradas, de acordo com Rodrigues (2005),
“unidades de conservação atípicas”, consideradas pelo autor como “extra-
sistema”.
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Tabela 3: Unidades de Conservação sob as gestões federal e estadual, em Pernambuco
Categoria / Nome da Unidade de Conservação
Grupo Município Domínio Ecossistema Protegido Diploma Legal Área (ha)
RPPN Fazenda Tabatinga US Goiana Particular Mata Atlântica: floresta e
manguezal Portaria CPRH 093/97 19,39
RPPN Fazenda Bituri US Brejo da Madre de Deus Particular Brejo de Altitude Portaria CPRH 225/99 110,21
RPPN Pedra do Cachorro US São Caetano Privado Caatinga e vegetação
rupestre. Portaria CPRH 88/01 18,00
RPPN Reserva Ecológica Mauricio Dantas US Betânia e Floresta Particular Caatinga Portaria IBAMA 104/97-
N 1.485,00
RPPN Santa Beatriz do Carnijó US Jaboatão dos Guararapes/
Moreno Particular Mata Atlântica Portaria IBAMA 024/01 25,00
RPPN Nossa Senhora do Oiteiro de Maracaípe
US Ipojuca Particular Mata Atlântica: restinga e
manguezal Portaria IBAMA- 058/00 76,88
RPPN Reserva Cabanos US Altinho Particular Caatinga Portaria IBAMA - 092/02 6,00
RPPN Frei Caneca US Jaqueira Particular Mata Atlântica Portaria IBAMA - 091/02 630,43
RPPN Cantidiano Valgueiro Carvalho Barros US Floresta Particular Caatinga Portaria IBAMA - 117/02 285,00
RPPN Reserva Natural Brejo US Saloá Particular Brejo de altitude Portaria IBAMA 90/02 52,39
RPPN Siriema US Belém de São Francisco Particular Caatinga (sem informações) Portaria ICMBio 35/2007 290,93
RPPN Jurema US Belém de São Francisco Particular Caatinga (sem informações) Portaria ICMBio 33/2007 267,50
RPPN Umburana US Belém de São Francisco Particular Caatinga (sem informações) Portaria ICMBio 34/2007 131,02
RPPN Laje Bonita US Quipapá Particular Mata Atlântica: floresta Portaria CPRH 57/06 12,12
RPPN Jussaral US Catende Particular Mata Atlântica: floresta
ombrófila Portaria CPRH/ SECTMA 08/06
331,0
RPPN – Bicho Homem US Catende Particular Mata Atlântica: floresta
ombrófila Portaria CPRH/ SECTMA 07/06
90,0
RPPN – Fazenda Santa Rita US São Caetano Particular Mata Atlântica Portaria CPRH 71/06 122,71
RPPN - Calaça US Lajedo Particular Caatinga (sem informações) Portaria ICMBio 32/2007 208,63
RPPN Engenho Contestado US Maraial Particular Mata Atlântica: floresta
ombrófila Portaria
CPRH/SECTMA 02/08 87,0
RPPN Karawa-tã US Gravatá Particular Caatinga Portaria
CPRH/SECTMA 01/09 101,58
Continua...
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Tabela 3 continuação Categoria / Nome da Unidade de Conservação
Grupo Município Domínio Ecossistema Protegido Diploma Legal Área (ha)
APA Costa dos Corais US S.Jose da C. Grande, Barreiros,
Tamandaré, Rio Formoso e Municípios de AL
Público Marinho Dec. Fed. S/N de
23.10.97 413.563,00
APA da Chapada do Araripe US
Araripina, Trindade, Ouricuri, Ipubi, Exu, Santa Cruz, Bodocó,
Cedro, Moreilândia, Granito, Serrita.
Público/Particular
Caatinga e cerrado (vegetação das chapadas)
Decreto Federal S/N de 04.08.1997
368.583,57 em PE, do
total de 1.053.000,00
APA Fernando de Noronha, Rocas, S. Pedro e S. Paulo
US Arquipélago de Fernando de
Noronha, Ilhas de São Pedro e São Paulo
Público/Particular
Ilhas oceânicas: ecossistemas marinho e
vegetação terrestre. Dec. Fed. 92.755/1986 79.706,00
APA de Guadalupe
US Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré e Barreiros
Público/Particular
Mata Atlântica: fragmentos de floresta ombrófila,
manguezais. Ecossistemas marinhos.
Decreto Estadual 19.635/97
44.255,00
APA de Sirinhaém US Sirinhaém, Rio Formoso Público/Parti
cular
Mata Atlântica: floresta ombrófila, manguezais. Ecossistemas marinhos.
Decreto Estadual nº21.229/98
6.589,00
APA Santa Cruz US Itapissuma, Igarassu e Goiana Público/Parti
cular Mata Atlântica: Ambientes estuarinos; manguezais
Decreto Estadual 32488/2008
38.692,32
APA Aldeia-Beberibe US
Camaragibe, Recife, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Araçoiaba, Paudalho e
Tracunhaém
Público/Particular
Mata Atlântica: fragmentos de floresta ombrófila
- 29.984,00
RESEX Acaú-Goiana US Goiana e municípios da Paraíba sem
informações Manguezais
Decreto Federal S/N de 26/11/2007
6.668,0 (total)
(a)
Floresta Nacional de Negreiros US Serrita Público Caatinga Dec. Fed. S/N de
11/10/2007), 3.000,40
Estação Ecológica de Caetés PI Paulista Público
Estadual Mata Atlântica: floresta
ombrófila Lei Estadual 11.622/98 157,00
Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha
PI Fernando de Noronha Sem
informações Marinho – ilhas oceânicas Dec. Fed. 96693/1988 11.270
Reserva Biológica de Saltinho PI Tamandaré e Rio Formoso Público Mata Atlântica: floresta
ombrófila Dec. Fed. 88444/1983 538,00
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Tabela 3 continuação Categoria / Nome da Unidade de Conservação
Grupo Município Domínio Ecossistema Protegido Diploma Legal Área (ha)
Reserva Biológica de Serra Negra PI Floresta, Inajá e Tacaratu Público Caatinga: mata serrana Dec. Fed. 87591/1982 1.100,00
Reserva Biológica Pedra Talhada PI Lagoa do Ouro (PE) e
Quebrangulo (AL) em
informações Mata Atlântica: floresta
ombrófila Dec. Fed. 98524/1989
4.469,0 (total)
(a)
Parque Estadual Dois Irmãos PI Recife Público Mata Atlântica: floresta
ombrófila
Lei Estadual 11622/98, modificada pela Lei
Estadual 13159/2006 384,42
Parque Nacional do Catimbau PI Buíque, Ibimirim e Tapanatinga Público/partic
ular Caatinga
Dec. Fed. S/N de 13/12/2002
62.300,00
Refúgio de Vida Silvestre Mata de Santa Cruz
PI Itamaracá Particular Mata Atlântica Lei Estadual 13.539/08 54,28
Refúgio de Vida Silvestre Mata do Amparo
PI Itamaracá Público Mata Atlântica Lei Estadual 13.539/08 172,9
Refúgio de Vida Silvestre Mata do Engenho São João
PI Itamaracá Público Mata Atlântica Lei Estadual 13.539/08 34,0
Refúgio de Vida Silvestre Mata do Jaguaribe
PI Itamaracá Público/Parti
cular Mata Atlântica Lei Estadual 13.539/08 107,36
Refúgio de Vida Silvestre Mata Engenho Macaxeira
PI Itamaracá Público Mata Atlântica Lei Estadual 13.539/08 60,84
Refúgio de Vida Silvestre Mata Lanço dos Cações
PI Itamaracá Particular Mata Atlântica Lei Estadual 13.539/08 50,12
APA Aldeia Beberibe US
Camaragibe, Recife, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu,
Araçoiaba, São Lourenço da Mata, Paudalho
Público /Particular
Mata Atlântica Decreto Estadual
34692/2010 31.697,00
(a) Sem informações sobre extensão em Pernambuco.
Fontes: Site do Centro Nordestino de Informações sobre Plantas (CNIP). Disponível em http://www.cnip.org.br/uc_arquivos/PE_estados.html .Site da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) Disponível em: http://www.cprh.pe.gov.br/unidades_conservacao/ESTADUAIS/40035%3B32133%3B2238%3B0%3B0.asp. Site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/rppn/download.php?id_download=100
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Duas outras Unidades de Conservação com diplomas legais não foram
incluídas na Tabela 3: a APA Estadual de Fernando de Noronha, criada pelo
Decreto estadual Nº 13.553/89 e o Parque Estadual de Fernando de Noronha,
criado pela Lei Orgânica do Distrito Estadual de Fernando de Noronha (Lei Nº
11.304, de 28/12/1995). Compreende-se que o estabelecido por ambos os
instrumentos legais não corresponde a Unidades de Conservação não só por não
contar com o necessário regulamento, nem atender aos objetivos das respectivas
categorias, mas principalmente por se sobrepor a Unidades de Conservação
equivalentes, de gestão federal, consolidadas e regulamentadas (APA de Fernando
de Noronha - Rocas - São Pedro e São Paulo e Parque Nacional Marinho de
Fernando de Noronha). É interessante observar que, no site da Agência Estadual de
Meio Ambiente (CPRH), aquelas duas áreas protegidas não são elencadas como
unidades de conservação estaduais. Além disso, não há regulamento, zoneamento
nem plano de gestão, constando do Decreto Nº 13.553/89 apenas as seguintes
restrições de uso:
Art. 2º - Na Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de
Fernando de Noronha ficam proibidas:
I - a implantação de atividades potencialmente poluidoras ou
que provoquem sensível alteração nas condições ecológicas
locais;
II - a utilização indiscriminada ou em desacordo com as
normas e recomendações técnicas oficiais, de biocidas e
fertilizantes;
III - a implantação de projetos que, por suas características,
possam provocar deslizamento de solos e outros processos
erosivos.
Encontram-se, portanto, na Tabela 3, 42 Unidades de Conservação em
Pernambuco, sendo 13 de proteção integral e 29 de uso sustentável. A
responsabilidade pela gestão se reparte de forma igualitária: 21 estão sob
responsabilidade estadual e 21 sob a administração federal.
A área total sob regime de proteção não pôde ser calculada porque de
algumas unidades interestaduais não foi possível obter a informação sobre a fração
em território pernambucano. Também se observaram algumas inconsistências entre
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dados de extensão territorial das unidades de conservação, provenientes de
diferentes fontes, por vezes apresentados em um mesmo documento.
A categoria com mais unidades é a das Reservas Particulares do Patrimônio
Natural (RPPN), integrada por 20 unidades. O maior número de RPPN é encontrado
no Domínio da Caatinga: onze, sendo duas das quais em áreas de brejo de altitude.
O número de RPPN vem crescendo desde sua instituição em 1990, pelo
Decreto 98.914/90, revogado pelo Decreto 1.922, de 5 de junho de 1996, que dispõe
sobre o reconhecimento dessas áreas protegidas, consolidando-se com a
aprovação do SNUC. As condições para criação e reconhecimento de RPPN em
Pernambuco foram estabelecidas em 1997, por meio do Decreto Nº 19.815, de 02
de junho de 1997. De 1997 a 2000, quatro RPPN foram criadas, número que passou a
seis, entre 2001 e 2005, e chegou a 10, entre 2006 e 2010.
A despeito de não se contar com avaliações periódicas dos resultados
obtidos em termos de conservação e de sustentabilidade socioeconômica dos
projetos, pode-se concluir que a criação de RPPN mostra-se atrativa aos
proprietários, cabendo aos órgãos estadual e federal competentes incentivar a
ampliação do número de unidades.
Publicada pelo Governo do Estado no diário oficial em 4 de junho de 2011, a
Lei 14.324/2011 categoriza as 32 reservas ecológicas da Região Metropolitana do
Recife instituídas pela Lei 9.989/1987 que estavam a quatro dias de deixarem a existir
devido ao término do prazo de reclassificação estabelecido pela Lei 13.787/2009
que instituiu o SEUC – Sistema Estadual de Unidades de Conservação.
De acordo com o Art. 1º da Lei 14.324/2011, do total de Unidades de
Conservação da RMR que careciam recategorização, 20 passam a ser Refúgio de
Vida Silvestre, 08 Reservas de Florestas Urbanas e outras 02 Parques Estaduais.
Com isto, Pernambuco passa a ter 66 Unidades estaduais reconhecidas pelo
Governo, todas em Domínio de Mata Atlântica, divididas em 35 unidades
sustentáveis como a Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, que
compreende oito municípios metropolitanos, e outras 31 unidades de proteção
integral, a exemplo do Parque Estadual Horto de Dois Irmãos, no Recife, e a Estação
Ecológica de Caetés, em Paulista.
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Além disso, no dia 8 de junho do corrente ano o Governador do Estado,
Eduardo Campos, assinou um decreto que institui o Comitê Executivo de Gestão de
Unidades Ambientais que pretende efetivar uma política pública voltada para a
preservação ambiental. Este decreto irá permitir a implantação e implementação
de 71 unidades de conservação ambiental nos próximos 36 meses, a começar pela
criação das cinco primeiras unidades de preservação no Bioma da Caatinga. Os
novos espaços de preservação da Caatinga ficam em Carnaíba (Serra da
Matinha), Afrânio, Parnamirim, São Caetano (Pedra do Cachorro) e Serra Talhada
(Fazenda Saco).
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2. Criação e implantação do Parque Natural
Municipal do Forte de Tamandaré
2.1 Histórico da criação do Parque Natural Municipal do
Forte de Tamandaré e instrumentos normativos
2.2 A importância cultural, turística e ambiental e os
programas de Desenvolvimento Turístico e de
Gerenciamento Costeiro
2.2.1 A importância cultural, turística e ambiental
2.2.2 Os programas de Desenvolvimento Turístico e de
Gerenciamento Costeiro
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2. CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO FORTE DE
TAMANDARÉ
2.1 Histórico da criação do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré
e instrumentos normativos
A proposta de criação de uma unidade de conservação do grupo de
proteção integral no município de Tamandaré partiu do Conselho Municipal de
Defesa do Meio Ambiente de Tamandaré – COMDEMA, tendo como principal fator
motivacional o início das obras do Programa de Desenvolvimento do Turismo no
Nordeste – PRODETUR/NE, na área do Centro Turístico Guadalupe, que envolve os
municípios de Tamandaré, Rio Formoso, Sirinhaém e Barreiros. O Programa, nesta
sua primeira etapa baseava-se, especialmente, na dotação de infraestrutura viária
para essa região, a fim de atrair investimentos para formação de um polo turístico
no Litoral Sul. Estes investimentos, no entanto, ocasionaram diversos impactos nos
ambientes costeiros e marinhos, que começaram a ser sentidos nas localidades.
Em novembro de 2000, deu-se início a uma série de reuniões entre
representantes do Governo do Estado de Pernambuco, da Unidade Executora
Estadual (UEE) do PRODETUR e o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
(COMDEMA) de Tamandaré, para discutir sobre os impactos causados e cobrar
ações para mitigar e prevenir futuros impactos e conflitos gerados pelo Programa.
Através da mobilização do COMDEMA, em parceria com a CPRH, o
município de Tamandaré conseguiu paralisar as obras do PRODETUR devido à
ausência de Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto no Meio
Ambiente (EIA/RIMA), específicos para cada obra (figura 01).
Com a intervenção do Ministério Público Estadual, por meio da abertura de
um Inquérito Civil para apurar as responsabilidades dos danos ambientais, foram
discutidas as bases para a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC), que mencionava as responsabilidades das partes envolvidas e as medidas
mitigadoras, compensatórias e preventivas, relacionadas aos danos causados,
entre elas estava a criação do Parque Natural Municipal de Tamandaré.
Inicialmente, a proposta era a criação de um Parque Estadual na área da
Praia dos Carneiros, em função desta região estar inserida na área afetada pelos
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impactos das obras e, para conservação de sua biodiversidade e beleza
paisagística. Todavia, a ideia foi descartada pela inviabilidade de desapropriação
apontada pelo Governo de Pernambuco (Figura 02).
Figura 01: Via de Penetração Sul e os impactos ambientais:
erosão decorrente da paralisação da obra, impedindo o
reestabelecimento da vegetação. Fonte: Geosistemas, 2005
Figura 02 : Vista da Mata de Carneiros em seu estado atual e das
obras da ponte sobre o rio Ariquindá. Fonte: Geosistemas, 2010
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Como alternativa à área dos Carneiros, foi recomendada pela equipe
técnica do Instituto Recifes Costeiros1, uma nova área, para a qual foi elaborada
uma “Exposição de Motivos” que justificava a criação de um Parque na área do
Forte Santo Inácio de Loyola e seu entorno, e incluía a área marinha de exclusão de
uso (área fechada para recuperação dos recifes de coral). Esta alternativa não
incorria em desapropriações, por se tratar de área pública (FERREIRA & MAIDA, 2001
apud ESTIMA, 2004).
A justificativa técnica consubstanciada no documento “Exposição de
Motivos”, elenca, entre os vários fatores que influenciaram na escolha da área:
1) A importância histórica e ambiental da Bahia de Tamandaré, referenciada
historicamente como o melhor porto natural de Pernambuco;
2) As pesquisas e atividades socioambientais desenvolvidas pelo Projeto
Recifes Costeiros (UFPE/CEPENE-IBAMA/FMA/BID), desde 1998;
3) A proximidade do Centro de Pesquisas e Extensão Pesqueira do Nordeste
(CEPENE/IBAMA);
4) A falta de integração do Forte Santo Inácio de Loyola com a comunidade
local;
5) A existência de três Unidades de Conservação no município – REBIO
Saltinho, APA de Guadalupe e APA Costa dos Corais; e
6) A necessidade de recuperação e preservação do Forte Santo Inácio de
Loyola (ESTIMA, 2004 e 2008).
Em setembro de 2003, considerando a aprovação dessa área pelos
conselheiros do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Tamandaré (COMDEMA),
o Executivo Municipal de Tamandaré editou o decreto de criação do Parque
Natural Municipal do Forte de Tamandaré.
O COMDEMA – criado pela Lei Municipal nº 072/99, de 17 de maio de 1999,
com modificação pela Lei Complementar nº 01/99, de 17 de junho de 1999 – trata-
se de um Órgão Colegiado representativo da comunidade, de função deliberativa,
consultiva, normativa e fiscalizadora. É composto por representantes de entidades
governamentais e da sociedade civil organizada e é a instância superior de política
ambiental do município e integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente.
1 O Instituto Recifes Costeiros foi criado em outubro de 2001 a partir do trabalho desenvolvido por um
grupo de pesquisadores que atuavam no Projeto "Iniciativa de Manejo Integrado para o Sistema
Recifal Costeiro entre Tamandará á PE e Paripueira à AL", conhecido como "Projeto Recifes Costeiros".
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A proposta formulada pelo COMDEMA buscava garantir a aplicação de
recursos decorrentes de compensação ambiental em uma unidade de
conservação municipal, uma vez que o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza – SNUC (Lei 9.985, de 18/07/00), em seu Cap. IV, artigo
36, determina que nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de
significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental
competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo
relatório – EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e
manutenção de unidade de conservação do Grupo Proteção Integral.
O montante do recurso a ser destinado pelo empreendedor para esta
finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a
implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental
licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo
empreendimento.
O Parque Natural Municipal de Tamandaré instituído pela Prefeitura, através
do Decreto n.º 013, em 10 de setembro de 2003, possui 349 hectares e contempla
uma área terrestre, que inclui o Forte Santo Inácio de Loyola, a Capela e o antigo
cemitério; e uma área marinha, que engloba a Zona de Recuperação Recifal de
Tamandaré (ESTIMA, 2004).
A criação do Parque teve como objetivos:
I – manter a integridade do patrimônio histórico-cultural que o Forte de
Tamandaré representa para o município;
II – ordenar o uso da área pública onde está inserido o Forte de Tamandaré;
III – preservar os ambientes naturais costeiros e marinhos da Baía de
Tamandaré;
IV – incentivar as manifestações culturais e turísticas compatíveis com a
preservação ambiental e do patrimônio histórico-cultural;
V – possibilitar o desenvolvimento de pesquisa científica e programas de
educação ambiental.
O artigo 4º determinou que o “Parque Natural Municipal Forte de Tamandaré
será administrado pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente –
COMDEMA, instituído pela Lei Municipal no. 072/99 de 17 de maio de 1999, o qual
será responsável pela regulamentação do Parque”. Já o artigo 5º estabelece que
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“o Poder Público Municipal poderá firmar convênios, acordos e contratos com
órgãos de entidades públicas ou privadas para a gestão do Parque Natural
Municipal Forte de Tamandaré”.
Em 2004, houve a edição do Decreto Municipal nº. 33/2004 que promoveu
alterações no decreto anterior – Decreto nº. 13/2003. O artigo 4º passou a ter a
seguinte redação: “O Parque Natural Municipal de Tamandaré será administrado
pela Prefeitura de Tamandaré. Resta, facultada a mesma, solicitar ao conselho
consultivo parecer sobre a regulamentação do referido Parque”.
O Decreto nº. 33/2004 também estabeleceu através dos artigos 2º o e 3º que
o Parque Natural Municipal de Tamandaré é parte integrante da Diretoria de
Turismo, Cultura, Comércio e Meio Ambiente e que o Parque terá como gestor nato
o titular da Secretaria de Meio Ambiente e será ainda designado um coordenador
administrativo, nomeado pelo prefeito municipal.
Em 2007, foi editado o Decreto nº. 15/2007, o qual revogou o Decreto
nº.13/2003. Já em 2008 foi editado novo decreto tratando sobre o assunto. Falamos
do Decreto nº. 011/2008 que revogou o Decreto nº. 15/2007, e restabelece as regras
contidas no Decreto nº. 13/2003, que criou o Parque Natural Municipal do Forte de
Tamandaré. Esse novo instrumento determinou ainda que:
O Poder Público Municipal, no prazo máximo de 12 (doze) meses,
contados da assinatura deste Decreto, promoverá estudos técnicos
que permitam identificar a categoria, a localização, a dimensão e os
limites mais adequados para a implantação de unidade de
conservação ambiental no âmbito do Município de Tamandaré (Art.
3º).
O Artigo 4º estabeleceu ainda que:
Após a conclusão do competente estudo técnico, será realizada
consulta pública, onde serão fornecidas por parte do Poder Público,
informações adequadas e claras à população local e a outras
partes interessadas, para que estas possam também determinar e
identificar, a categoria, a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a implantação de unidade de conservação
ambiental no âmbito do Município de Tamandaré.
O artigo 5º atribui ao titular da Secretaria de Turismo Comércio, Cultura, Meio-
ambiente a responsabilidade de coordenar os trabalhos da consulta popular, na
qual será submetido o resultado da pesquisa científica encomendada para
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identificar: a categoria, a localização, a dimensão e os limites mais adequados
para a implantação de unidade de conservação ambiental. Seria a consulta
pública a instância máxima para a aprovação da criação de unidade de
conservação no Município de Tamandaré (Art. 6º).
Por fim, cabe um registro ao artigo 7º que determina que “Por quanto durar a
pesquisa técnica e a consulta pública, o Parque Natural Municipal do Forte de
Tamandaré, terá o seu uso disciplinado pela Lei do uso e ocupação do solo urbano,
consoante o que dispõe a Lei Municipal nº 188, de 27 de dezembro de 2002”. O
Decreto também determina que a utilização da área do entorno do Forte Santo
Inácio, se dará mediante prévia licença, sendo permitido a sua utilização pela
população como área de lazer, prática de esportes, eventos culturais e artísticos e
que fica vetado por toda a área a edificação de caráter permanente, sendo
admitida a instalação de equipamentos móveis de estruturação porquanto durar o
evento (§§1º e 2º do artigo 7º).
O Parque Natural Municipal de Tamandaré, como Unidade de Conservação
de proteção integral, segue determinações semelhantes às dos Parques nacionais,
de acordo com o artigo 11º da Lei do SNUC:
Art. 11º O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação
de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza
cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico.
§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as
áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de
acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições
estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas
estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e
àquelas previstas em regulamento.
§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão
responsável pela administração da unidade e está sujeita às
condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas
previstas em regulamento.
§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou
Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e
Parque Natural Municipal.
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Como pode ser apreendido do texto normativo, o parque nacional tem
como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica, com permissão para a realização de
pesquisas científicas. Os parques nacionais devem possuir esses dois requisitos
especiais. A exigência da beleza cênica se relaciona com os objetivos de turismo e
de recreação em contato com a natureza. Um sítio com tais qualificações
certamente está mais apto a atrair as pessoas, sobretudo para o turismo
contemplativo e de aventura.
Nos parques a visitação pública é permitida, condicionada às restrições do
plano de manejo e às normas do órgão gestor da unidade. A posse e o domínio
devem ser públicos e a pesquisa científica depende de autorização prévia do
órgão responsável pela administração da unidade, estando sujeita às condições e
restrições por este estabelecidas.
A criação do Parque Natural Municipal de Tamandaré, Unidade de
Conservação de proteção integral, buscou conciliar interesses de preservação
ambiental e preservação histórica.
A baía de Tamandaré, região onde se encontra o Parque Natural Municipal
de Tamandaré tem grande valor histórico, tendo sido citada desde a época da
colonização como o melhor porto natural do estado de Pernambuco.
Segundo o memorial justificativo da escolha da área do PNMFT, esta baía
também tem um grande valor ambiental:
Do ponto de vista ambiental, a Baía de Tamandaré também é muito
importante. De acordo com o sistema de classificação citado por
Guerra (1969), a Baía de Tamandaré é uma reentrância na costa
formada em decorrência da estrutura de falhamento típico de litorais
atlânticos. Morfologicamente apresenta-se de forma semicircular
com concavidade e simetria quase perfeita. A perfeição de sua
concavidade demonstra a forte ação regularizadora do mar em suas
características geomorfológicas, modulada pelo efeito de fortes
ondas, ventos e correntes de deriva litorânea e maré (MOURA, 1991).
Em sua região central a Baia de Tamandaré apresenta uma praia estreita e
de declive acentuado até a isóbata de 10 metros. A variação da amplitude de
maré atinge suas variações extremas por ocasião dos equinócios e borrascas
(REBOUÇAS, 1962 e 1966), com valores médios de 2,7 metros. Durante períodos de
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preamar e em situações de ventos fortes, as águas avançam a berna da praia que
se modifica sazonalmente em processos de retirada e deposição de sedimentos.
Apesar da forte hidrodinâmica sazonal, a praia da Baia de Tamandaré até o
momento se encontra estável em relação aos processos de erosão, devido à
presença de um cinturão verde de vegetação fixadora do sedimento na região da
berma e do pós-praia. Também contribuí para a proteção da praia a ocorrência de
recifes de coral em frente à Baía.
Considerados um dos ambientes mais ameaçados do Planeta, os recifes –
ecossistemas marinhos tropicais, formados pela deposição de carbonato de cálcio
de organismos como corais, algas e moluscos, que abrigam uma grande
diversidade de vida – também são importantes para a proteção da costa,
atividades de pesca e turismo (PROJETO RECIFES COSTEIROS, 2001).
Pelo que se pode observar, o Parque Natural Municipal de Tamandaré possui
funções ambientais e de preservação do patrimônio histórico. Ele também possui
importantes funções urbanas considerando a sua localização e a relação que
população desenvolve com ele. Tal análise poderá ser bem apreendida quando
do diagnóstico.
Em resumo, os instrumentos normativos que regulamentam o Parque Natural
Municipal do Forte de Tamandaré, unidade de conservação de proteção integral,
são os seguintes:
Leis que estabelecem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC) – Lei 9985/2000 - e Sistema Estadual de Unidades de Conservação
(SEUC) – Lei Estadual 13787/2009 e Decreto Federal 4340/2002, que
regulamenta o SNUC.
Ofício do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Tamandaré ao
Coordenador do PRODETUR, em 7 de fevereiro de 2002.
Decretos Municipais Nº 013/2003 que cria o Parque Natural Municipal do Forte
de Tamandaré e Nº 011/2008 que restabelece as regras contidas no Decreto
Nº 013/2003.
Termo de Ajustamento de Conduta MPF/PE/MC Nº002/2008.
Subsídios para o Plano de Manejo do Parque Natural Municipal do Forte de
Tamandaré (documento não datado e sem autoria explícita, com identificado
como procedente da pela Secretaria de Educação e Cultura de
Pernambuco).
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Exame técnico do Processo de Tombamento do Forte de Tamandaré, com
parecer conclusivo da FUNDARPE, em 1985.
Resolução 7/85 do Conselho Estadual de Cultura (Declara o tombamento do
Forte e define o perímetro de tombamento), homologada pelo Decreto
Nº20914/1998.
Termo de Cessão de Uso em que a Capitania dos Portos de Pernambuco
concede à Prefeitura de Tamandaré o uso do Forte Santo Inácio de Loyola,
com o propósito de restauração do imóvel para preservação histórica e
cultural da Marinha e do Município.
2.2 A importância cultural, turística e ambiental
O município de Tamandaré, situado no litoral Sul de Pernambuco, segundo os
dados da Secretaria de Turismo do Estado e pela Empresa Pernambucana de
Turismo (EMPETUR), é considerado um dos principais destinos turísticos do litoral sul
do Estado de Pernambuco. A inclusão do município no Polo Costa dos Arrecifes
(PRODETUR/NE), em função dos diversos atrativos naturais e culturais, pela
considerável demanda turística e pelo poder de atração de grandes investimentos,
reforça o potencial e o grande interesse na região para o desenvolvimento da
atividade turística.
A área continental do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré é de
grande relevância cultural por ter sido palco de fatos importantes da história local
e, especialmente, pela presença do Forte Santo Inácio de Loyola, tombado em
nível estadual em reconhecimento à importância histórica desse monumento. Visto
o seu valor inestimável para a história de Pernambuco e seu potencial de
atratividade turística, a FUNDARPE homologou o Tombamento da Fortaleza de
Santo Inácio de Tamandaré, através do ofício n.º 970/99, enviado à Prefeitura
Municipal de Tamandaré. Dessa forma, o imóvel e seu polígono de tombamento
passou a ser amparado por legislação específica e incorporado ao Patrimônio
Histórico do Estado de Pernambuco.
O Forte foi tombado através do Decreto Estadual n.º 20.914, de 08 de outubro
de 1998 e republicado em 08 de abril de 1999. A partir do tombamento, toda e
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qualquer intervenção física no imóvel e em seu polígono de tombado deve passar
por análise prévia da FUNDARPE e do Conselho Estadual de Cultura (FUNDARPE,
2005).
Segundo Santos (2000), no território onde hoje se encontra o PNMFT funcionou
o Porto de Tamandaré, da segunda metade do século XVI até o início do século XX,
sendo considerado o melhor ancoradouro da região. O Porto serviu para transportar
o açúcar dos engenhos e teve grande importância na época para o povoamento
da região, tendo entrado em decadência com o surgimento das ferrovias e
rodovias.
Atestando a importância do Porto de Tamandaré, pode-se destacar a
construção de um lazareto no período de 1897 a 1901 que, todavia, nunca
funcionou como tal, tendo suas edificações adaptadas para a instalação de uma
escola profissional, o Patronato João Coimbra, inaugurado em 1926. Sob vários
aspectos, a origem da Vila de Tamandaré está bastante ligada ao antigo
patronato, sendo inclusive a primeira rede de abastecimento de água (LIMA, 2006).
Entre 1898 e 1902, construiu-se um farol metálico num dos baluartes da
fortaleza “que, então, já estava sem uso, pois com o declínio do porto, cuja função
principal era exportar o açúcar fabricado na região, o forte também perde suas
características de defesa e de importante ponto de convergência econômica de
uma região” (OLIVEIRA, s.d. apud FARIAS, 2002). Em 1932, o farol metálico foi
substituído por outro em concreto e, em 1978, a Marinha inicia negociações para
requisição da fortaleza, que até então pertencia ao Exército.
Atualmente observa-se que a fortaleza, que fica a 500 metros do mar,
encontra-se em precário estado de conservação, inclusive com perda de algumas
características originais. “Mesmo sendo um patrimônio tombado, nenhuma ação
de proteção ou conservação foi realizada até o momento por parte do órgão
competente” (ESTIMA, 2008, p.128).
Na Capela de Santo Inácio de Loyola, construída no interior do forte, em
1780, ainda são celebradas missas durante a Festa de Santo Inácio de Loyola. A
capela em estilo colonial sofreu modificações na década de 1990, quando
trocaram o piso de pedra por cerâmica (FUNDARPE, 2005), figuras 03 e 04.
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Figuras 03 e 04: Vista do interior da fortificação, apresentando a Capela de Santo Inácio de Loyola e seu
altar(dir). Foto: Geosistemas, 2010.
Alguns eventos são realizados na área do PNMFT, com instalação de
infraestrutura provisória, como os shows realizados todos os anos no mês de janeiro,
durante as comemorações em homenagem ao do Santo Inácio de Loyola. Essas
comemorações envolvem a celebração de missa ao ar livre, feirinha de artesanato e
comidas típicas, bem como eventos ligados à educação ambiental, como a Regata
dos Jangadeiros de Tamandaré (Figuras 05 e 06).
Figuras 05 e 06: Festa de Santo Inácio Loyola – julho/2005, e Regata dos Jangadeiros de Tamandaré –
2004. Fonte: (ESTIMA, 2008) e (COMDEMA, 2004).
A realização desses eventos de menor porte tem sido incentivada pela
Prefeitura e o COMDEMA, uma vez que se relaciona com um dos objetivos do Parque
de “incentivar as manifestações culturais e turísticas compatíveis com a preservação
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ambiental e do patrimônio histórico-cultural" (PMT, Decreto nº 013/2003). Esses
eventos têm proporcionado lazer e entretenimento para a comunidade e turistas
que desejam vivenciar a cultura local.
Além da área do Parque do Forte, outros atrativos turísticos naturais e
culturais complementam a atratividade do município que propiciam no verão,
período de alta estação, um fluxo de 60.000 visitantes. Grande parte destes números
corresponde a um turismo de segunda residência, advindo da Região
Metropolitana do Recife e agreste pernambucano, a procura de sol e mar (ESTIMA,
2008).
Todavia, grande parte dos atrativos turísticos não está em bom estado de
conservação, nem adequada ao uso turístico, comprometendo a experiência
vivenciada, como por exemplo, a Casa do Artesão, situada na Praça Almirante
Tamandaré. Inaugurada em 2001, funciona como ponto de apoio e venda de
peças confeccionadas pelos artesões da região, incluindo a Associação das
Mulheres do Bairro Estrela do Mar, esposas de pescadores, que têm nesta atividade
um complemento da renda familiar. A casa conta com um acervo criado com
matéria prima proveniente do coqueiro, cipó, além de artesanato com forte
referência aos animais marinhos, como peixes, crustáceos e estrela do mar, (Figura
07).
Figura 07: Casa do Artesão de Tamandaré
Fonte: Geosistemas, 2010.
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As manifestações folclóricas no município estão ligadas às festividades
relacionadas ao ciclo carnavalesco (trios elétricos e blocos de rua); da quaresma
(encenação da Paixão de Cristo; e ao período junino (quadrilhas, concurso de
sanfoneiros, shows com artistas regionais e a culinária a base de milho), Figuras 08 e
09).
Figuras 08 e 09: Encenação da Paixão de Cristo em Tamandaré, em 1998 e 2003, respectivamente.
Fonte: Arquivo Prefeitura Municipal de Tamandaré, 2010.
De acordo com a PMT (2010) um folguedo tradicional do município é o
samba do matuto, que havia desaparecido das festas do local, mas foi reavivado,
num trabalho de resgate histórico cultural com jovens da cidade. O samba do
matuto é considerado uma manifestação folclórica do município que sofreu
diversas influências rítmicas e assim se fundou um ritmo novo e uma dança nova
com particularidades impares. (...) teria surgido em Tamandaré quando o local
ainda era uma vila de pescadores, por volta da segunda metade do século XX. O
samba de matuto teria chegado a Tamandaré por influência de alguns mestres de
Alagoas, que influenciaram o folguedo com ornamentos das roupas e chapéus,
espelhos e muito brilho, como os que são usados nas roupas do reisado e do
guerreiro.
Em relação aos atrativos naturais, Tamandaré possui grande beleza
paisagística, rico ecossistema e, notadamente por suas praias, dentre as quais se
destacam:
Praia de Tamandaré: formada por duas baías, com águas tranquilas e
cristalinas ideais para o mergulho. Localiza-se ao sul da Praia de Campas (Figura 10).
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Praia Boca da Barra/Mamocabinha: também conhecida como praia
Mamocabinha, está localizada ao sul da Praia de Tamandaré, nas imediações do
Forte de Tamandaré e do Farol de Tamandaré. É uma praia urbanizada e bastante
frequentada, com mar tranquilo e recifes de coral.
Recifes de Corais: em todo o litoral de Tamandaré são estas formações, lugar
onde se formam as piscinas naturais (Figuras 11 e 12).
Figuras 11 e 12: vista dos recifes de corais e piscinas naturais a partir de passeio de jangada. Fonte: Geosistemas, 2010.
Figura 10: Vista da praia de Tamandaré
Fonte: Geosistemas, 2010
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Piscinas Naturais: As piscinas naturais de Tamandaré são uma das grandes
atrações e estão localizadas a poucos metros das margens da praia. Com águas
cristalinas são ideais para a prática do mergulho, um dos esportes mais praticados
graças à beleza de seus recifes de coral, onde vivem numerosas espécies de peixes.
Passeios de barco e jangada: Uma das atrações mais frequentadas pelos
turistas que visitam o município. As rotas mais freqüentes são as que vão até a Ilha
de Santo Aleixo, a Ilha de Coqueiro solitário e os mangues do Rio Ariquindá
(Figura12).
Mirante do Oitizeiro: Localiza-se no ponto mais alto da cidade e serviu na
segunda guerra mundial como observatório. No tronco do Oitizeiro encontra-se
uma fenda natural onde foi colocada uma imagem de São Pedro.
Reserva Biológica de Saltinho: Consiste em uma das poucas áreas de Mata
Atlântica conservadas. Nos seus mais de 500 hectares convive uma grande
variedade de espécies vegetais e da fauna nativa. Em seu interior encontra-se a
cachoeira do Bulha, com 7,0m de altura e o Museu da Árvore (Figura 13).
Figura 13: Reserva de Saltinho. Fonte: Geosistemas, 2010
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2.3 Os Programas de Desenvolvimento Turístico e de Gerenciamento Costeiro
O Litoral Sul de Pernambuco tem ilustrado um processo intenso de
urbanização turística em função dos investimentos do Estado em conjunção com
investidores internacionais e nacionais. Observa-se que os programas e projetos
direcionados para esta região e as oportunidades que se delineiam para a área
litorânea, referem-se basicamente ao ordenamento do turismo e o incentivo ao
dinamismo econômico regional associado à sustentabilidade ambiental. Dentre os
programas destacam-se o Projeto Orla, o Programa de Desenvolvimento do Turismo
– PRODETUR e o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata –
PROMATA.
O Programa de Gerenciamento Costeiro de Pernambuco (GERCO/PE),
coordenado pela Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH),
foi implantado em 1990 com o objetivo de orientar o processo de ocupação e uso
do solo e de manejo dos recursos naturais na zona costeira. Emergiu da Lei Federal
nº 7661/88, que instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC),
fundamentado na Política Nacional do Meio Ambiente e aprovado pelo CONAMA
e CIRM (Comissão Interministerial para os Recursos do Mar).
No âmbito da CPRH, o GERCO/PE está sendo desenvolvido na Diretoria de
Recursos Hídricos e Florestais (DHF) e na Supervisão de Gestão Territorial - Urbana,
Rural e Costeira, através da Coordenação Estadual do Projeto, com o apoio do
Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Em 2003, publicou o Diagnóstico Socioambiental do Litoral Sul, contendo
Proposta de Zoneamento, com as diretrizes para gestão dessa zona costeira, onde
o turismo vem desempenhando papel de destaque, tendo como um dos objetivos
elaborar o Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro (ZEEC) do Estado de
Pernambuco, a fim de estabelecer normas de uso e ocupação do solo e de
manejo dos recursos naturais na zona costeira, visando promover o
desenvolvimento sustentável da área e a melhoria da qualidade de vida das
populações locais.
O Projeto Orla, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), foi concebido com o
objetivo de contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável, através da
identificação e discussão dos conflitos existentes de usos da zona costeira a qual é
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definida no Brasil na Lei nº 7.661 (BRASIL, 1988), como “o espaço geográfico de
interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não,
abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre”. O Orla também objetivou a
elaboração e implementação de propostas e ações coordenadas, com base na
situação atual, que compatibilizem as políticas ambientais e patrimoniais, no nível
federal, estadual e municipal.
Embora não esteja ainda estruturado e em funcionamento, a implantação
do Projeto Orla trará um impacto positivo na região uma vez que, em cada
município, deve ser criado um comitê gestor da orla local, que foque o espaço e as
ações definidas pelos planos de cada município. O Projeto Orla sugere que esse
Comitê seja composto por integrantes do grupo de gestores local e de outras
instituições integrantes dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente, que discutem e
buscam soluções para os problemas e conflitos nos territórios municipais, havendo
também um Conselho Gestor Regional para discussões mais abrangentes, ao nível
de região.
O Orla repassa a gestão da orla para o município, que assume a função de
gerir e arrecadar impostos e multas da ocupação indevida desses espaços,
favorecendo sua regularização. Já foi assinado o convênio com o município de
Tamandaré, instalado um conselho composto pelos mesmos membros do
COMDEMA e redigido o Regimento Interno para o Projeto.
O Plano de Intervenção do Projeto Orla (PIO) de Tamandaré tem como
objetivo apresentar diretrizes para promover o desenvolvimento sustentável desse
espaço, através da identificação e discussão dos conflitos existentes e da
elaboração e implementação de propostas e ações coordenadas que
compatibilizem as políticas ambiental e patrimonial nos níveis federal, estadual e
municipal.
O Programa de Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata – Promata
vem sendo implantado na região desde 2004. O Promata teve como objetivo
principal apoiar o desenvolvimento sustentável da Zona da Mata Pernambucana,
através de três subprogramas básicos: melhoramento de serviços básicos, gestão e
proteção ambientais e apoio à diversificação econômica.
No contexto do turismo, o objetivo do Promata é estimular o
“desenvolvimento do turismo integrado às atividades produtivas locais, à
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conservação ambiental e à valorização do patrimônio cultural, de modo a
promover a dinamização econômica do território e agregar valor à sociedade
local” no tocante aos aspectos sociais, culturais e ambientais da região.
Este programa abrange projetos capazes de contribuir para a gestão de
problemas e conflitos referentes à conservação dos recursos ambientais por meio
dos Planos de Investimento Municipal – PIM, definidos para cada município. Mas a
estratégia do Promata de atuar em diferentes frentes encontra dificuldades, ora na
estrutura organizacional dos municípios, ora nas dificuldades inerentes à
mobilização dos atores sociais participantes do programa, ou seja, população,
administração municipal, empresários locais e governo estadual, enquanto
fomentador do programa, assim como em relação à administração dos prazos de
execução e financiamento das atividades.
Por sua vez, o Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo) foi criado
na década de 1990 para contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do
Nordeste do Brasil por meio do desenvolvimento da atividade turística.
Este programa surgiu a partir do Plano Nacional de Turismo elaborado
durante a gestão do Presidente Fernando Collor de Melo, no intuito de gerar
empregos e divisas, distribuir a renda nacional, promover a proteção ambiental,
fornecer subsídios às ações do setor privado no concernente ao planejamento e
execução de suas atividades e, por fim, diversificar a oferta turística, que se
concentrava nas regiões Sul e Sudeste.
Dessa forma, emergiu como um instrumento de desenvolvimento regional,
que objetivava, entre outras ações, dotar o litoral do Nordeste da infraestrutura
necessária para a implantação de polos integrados de turismo. Dentre as propostas
apresentadas pelos estados destacaram-se o Projeto Costa Dourada, em
Pernambuco e Alagoas, o Projeto Linha Verde, na Bahia, o Projeto Costa do Sol, na
Paraíba, o Projeto Orla, em Sergipe e o Projeto Rota do Sol no Rio Grande do Norte.
Todos apresentavam características semelhantes, desde a idealização até a
implantação do empreendimento; à extensão territorial das áreas abrangidas e ao
volume de capital empregado.
O Prodetur/NE foi delineado como um programa global de investimentos
múltiplos, cujo objetivo era reforçar a capacidade da Região Nordeste em manter
e expandir sua crescente indústria turística, contribuindo assim para o
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desenvolvimento socioeconômico regional (BNB, 2005). Este programa é fruto de
negociações entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), a
Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), a Comissão de
Turismo Integrado do Nordeste (CTI/NE) e os governos estaduais.
Na sua operacionalização, foi dividido em duas etapas. Na primeira, o
Prodetur/NE I, os estados deveriam apresentar projetos para áreas turísticas
consideradas estratégicas, destinos já consolidados ou factíveis de consolidação
em curto prazo, por se tratarem de áreas com demanda e investimentos
comprovados. Nesta etapa, seriam financiadas ações nos seguintes componentes:
obras múltiplas em infraestrutura básica e serviços públicos, incluindo melhoramento
de aeroportos; e desenvolvimento institucional, a fim de ampliar a capacidade das
entidades beneficiárias de executar suas respectivas funções, proporcionando
assistência técnica nas áreas de reestruturação organizacional, desenvolvimento e
implantação de sistemas de apoio administrativo, financeiro e instrumentos
operacionais.
As obras múltiplas em infraestrutura básica e em serviços públicos incluíam
investimentos em cinco setores: saneamento, administração de resíduos sólidos,
recuperação e proteção ambiental, transportes e recuperação do patrimônio
histórico. Estas obras objetivavam a estruturação e diversificação dos produtos
turísticos e a melhoria das condições ambientais e de saneamento.
Nessa primeira fase, entre os anos de 1996 e 2002, foram aplicados mais de
U$670 milhões, em cerca de 384 projetos, promovendo significativas melhorias na
infraestrutura turística da Região. No exercício de 2003, ocorreram desembolsos da
ordem de US$ 8,001 mil e foi prorrogado o prazo de execução para até dezembro
de 2004 (BNB, 2006).
Enquanto todos os estados seguiam as indicações dos financiadores do
Prodetur/NE I e investiam em destinos consolidados, Pernambuco apresentava
como principal projeto para financiamento no Estado, o Projeto Costa Dourada,
situado numa região carente de investimentos privados e com demanda turística a
ser criada.
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O objetivo principal deste projeto era criar uma região de exploração
intensiva do turismo, por meio da concepção de pólos turísticos dotados da
infraestrutura necessária à implantação de megaprojetos hoteleiros e de lazer. As
diretrizes gerais do Projeto Costa Dourada, adequadas à sua concepção inicial,
previam dois setores diferenciados de intervenções: o corredor turístico, delimitado
espacialmente em cerca de 120 km de litoral entre as cidades de Recife e de
Maceió (precisamente entre o município de Cabo de Santo Agostinho ao sul de
Pernambuco e o município de Barra de Santo Antônio ao norte de Alagoas), e os
centros integrados de turismo, espaços restritos cuja proposta era fundar áreas
planejadas exclusivamente para a atividade turística (Figura 14).
Cabe observar que o Centro Turístico de Guadalupe foi idealizado para ser o
primeiro polo planejado de maneira integrada do Brasil e foi determinante na
criação da APA. Em 1996, quando foi assinado o contrato de inclusão no
PRODETUR/NE, o BID exigiu que fossem realizadas profundas modificações no Projeto
do CT Guadalupe, acatando proposta do então Governo Estadual, às quais
deveriam considerar como prioritárias obras de saneamento e de abastecimento
de água para as cidades de Tamandaré e Rio Formoso, além de atender aos
critérios impostos pela CPRH, responsável pelo processo de aprovação do EIA-RIMA.
Desenvolvido para uma região inexplorada e com grande potencial para o
desenvolvimento turístico, o projeto urbanístico do CT Guadalupe foi preparado de
modo a ordenar a ocupação e a utilização dos espaços, a partir da delimitação de
sete zonas e setores de atividades: Zona Turística de Carneiros, Zona Turística
Gamela-Guadalupe, Zona Turística Campestre, Zona Marítima, Zona de Reserva
Biológica, Zona Turística do Rio Formoso e Zona Rural. Este zoneamento propunha a
preservação de 6.460 ha, que compreendia regiões de coqueirais e de vegetação
nativa – representada pela Mata Atlântica e pelos mangues, totalizando cerca de
73% da área de todo o Centro.
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Figura 14: Extensão do Projeto Costa Dourada. Em Alagoas o local onde seria construído o Centro Turístico de Barra do Camaragibe, e em
Pernambuco, o Centro Turístico de Guadalupe que se instalaria na região estuarina do Rio Formoso. Estes pólos seriam interligados por um
eixo de serviços turísticos e de apoio, formado pelas cidades existentes ao longo das rodovias PE-60 e AL-101.
Fonte: Jornal do Commercio, 1992, apud OLIVEIRA; SILVA & GALVÃO, 2009.
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Para garantir as condições de acessibilidade a essas zonas foi proposta a
construção de um sistema viário, formado por quatro importantes vias: a Via
Litorânea de Guadalupe, com extensão de 9 km, que vai do entroncamento da PE-
61 até o píer sobre o Rio Formoso; a Via Litorânea de Carneiros; a Via de Contorno
de Tamandaré (atualmente em construção); e a Via de Penetração Sul, com o
objetivo de encurtar o acesso à Praia dos Carneiros, a partir do município de Rio
Formoso, incluindo uma ponte sobre o Rio Ariquindá (Figura 15).
Figura 15: Infraestrutura viária turística implantada na região da APA de Guadalupe. Fonte: Geosistemas, 2010.
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A realização das obras para implantação da infraestrutura viária foi
considerado o principal fator de degradação ambiental, com impactos
significativos, muitos deles irreversíveis nos ecossistemas da região. Considerado o de
maior envergadura e, por conseguinte, de maior impacto, o projeto da Via
Litorânea de Guadalupe consumiu US$ 4 milhões, cerca de um terço de todos os
recursos empregados em infraestrutura rodoviária.
Entretanto, alguns desses investimentos não atingiram seus objetivos, como o
caso das obras do Píer do CT Guadalupe e da Via de Penetração Sul, que
objetivava ligar a PE-60 às Zonas Turísticas dos Carneiros e de Rio Formoso. A área
do Píer nunca foi devidamente aproveitada (figuras 16 e 17) e a Via de Penetração
Sul ainda está sendo concluída, por ter sido embargada em função dos diversos
impactos ambientais causados quando da sua construção (figura 18).
Figuras 16 e 17: Píer de Guadalupe. Fonte: Acervo Geosistemas, 2010.
A complementação das obras da Via de Penetração Sul está em processo
de finalização, em atendimento ao Termo de Ajustamento de Conduta com o
Ministério Público, para a implantação da Ponte sobre o Rio Ariquindá (figura 19).
Um dos poucos financiamentos do PRODETUR/NE I que se efetivaram no
Litoral Sul foi o que subsidiou a criação do Centro de Visitação da APA de
Guadalupe para receber turistas, pesquisadores e alunos, além da comunidade
local, com a assinatura do Decreto nº 21.135, de 16 de dezembro de 1998, que
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Figura 18: Trecho da Via de Penetração Sul no
município de Rio Formoso. Fonte: Geosistemas, 2010.
Figura 19: Vista das obras da ponte sobre o rio
Ariquindá, em construção. Fonte: Geosistemas, 2010.
aprovou o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e criou o Conselho Gestor da
APA de Guadalupe, estabelecendo os mecanismos de gestão ambiental.
Na atual fase do Prodetur II (final) tem havido o financiamento de projetos de
apoio a instrumentos normativos necessários ao desenvolvimento municipal a
exemplo de Planos Diretores municipais, da revisão do Plano de Manejo da APA de
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Guadalupe e da elaboração do plano do PNMFT, ampliando as possibilidades de
conservação dessa região, embora outros instrumentos como o licenciamento
ambiental, se façam necessários tendo em vista a expansão de hotéis e venda de
áreas de faixa de praia.
As ações do Prodetur na região podem trazer inúmeros aspectos positivos
além da simples elevação do número de turistas e aumento do número de hotéis.
As obras de infraestrutura contribuem para a geração de emprego e renda, assim
como representam um impacto positivo referente à melhoria das condições de
saneamento ambiental, drenagem e ordenamento da orla.
O PRODETUR/NE II previa ainda recursos para a restauração do Forte, mas em
função do seu término previsto para agosto de 2011, o financiamento desse projeto
tem a possibilidade de ser realizado via Prodetur Nacional, operacionalizado pelo
Ministério do Turismo (MTur), que orienta tecnicamente as propostas estaduais e
municipais; em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a
Corporação Andina de Fomento.
No Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil (PRT), o
município de Tamandaré está representado no roteiro integrado Rota Costa dos
Arrecifes, composta pelos municípios de Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré,
Barreiros e São José da Coroa Grande, sendo direcionada para os mercados
regional e nacional.
Dentre as principais ações desenvolvidas pelo PRT destacam-se: a realização
de oficinas de sensibilização em cada rota, a formação de uma Câmara Temática
para estruturar os roteiros e prepará-los para os Salões do Turismo, desde 2005; e a
instalação de Instâncias Regionais de Governança de cada rota.
Entretanto, até o momento, é difícil apontar a repercussão da
implementação do PRT no estado de Pernambuco, pois a única ferramenta posta
em prática tem sido a promoção dos roteiros nos salões do turismo e a realização
de rodadas de negócios entre agências de viagens e operadoras do Estado com
empresas nacionais, mas das quais ainda não se possui dados estatísticos quanto à
aceitação dos roteiros nos mercados supracitados, nem quanto ao incremento do
turismo na região em função desse programa.
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3. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO
FORTE DE TAMANDARÉ: ECOSSISTEMAS,
BIODIVERSIDADE E HISTÓRIA
3.1 Implicações ambientais
3.2 Patrimônio Histórico
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3. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO FORTE DE TAMANDARÉ:
ECOSSISTEMAS, BIODIVERSIDADE E HISTÓRIA
3.1 Implicações ambientais
O Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré, com 349 hectares,
representa cerca de 0,03% da área do Estado de Pernambuco e 1,8% da área do
Município de Tamandaré. Tem a peculiaridade de abranger uma área marinha e
outra continental, sendo que a última é de domínio da Marinha do Brasil, que, em
fevereiro de 2005, repassou à Prefeitura de Tamandaré a cessão de uso da área. A
área marinha está inserida na APA Costa dos Corais cuja responsabilidade pela
administração, fiscalização e gestão estão a cargo do IBAMA conforme art. 6º do
Decreto Federal s/nº de 23 de outubro de 1997, que cria a referida unidade de
conservação.
Esta característica mista favorece o manejo do Parque uma vez que a
proteção da área continental contribui com a minimização dos impactos no setor
marinho adjacente, que constitui a maior parte da Unidade (cerca de 95,5% da sua
área total) o que é fundamental em uma unidade de Proteção Integral.
Outro aspecto de relevância é que a área do Parque também integra as
Áreas de Proteção Ambiental Costa dos Corais (sob a administração do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio) e de Guadalupe (sob
a gestão da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH). Desta forma, a região no
entorno, em especial, da parte marinha do Parque constitui área de uso
sustentável, funcionando como excelente zona de amortecimento dos impactos e
favorecendo estratégias conjuntas de manejo e gestão, envolvendo as três esferas
da administração pública.
A maior parte da área marinha do Parque abrange a zona de recuperação
de recife de coral da APA Costa dos Corais – Zona de Recuperação Recifal de
Tamandaré (ESTIMA, 2004), estabelecida através de portaria do IBAMA. Nessa área,
que ocupa um total de 270 ha, representando cerca de 10% do litoral do município
de Tamandaré, foram proibidas atividades náuticas de pesca, exploração e
turísticas.
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Inicialmente, essa ação foi uma iniciativa do Projeto Recifes Costeiros que
obteve apoio de parte da comunidade de pescadores e posteriormente, o assunto
foi discutido no âmbito do COMDEMA, com a participação de outros setores da
sociedade, além daqueles ligados à pesca.
Esta área foi delimitada por boias, sendo monitorada e patrulhada pelo
Projeto Recifes Costeiros, para acompanhar o processo de recuperação do
ambiente. Os estudos realizados na área fechada também são repetidos em áreas
de livre acesso a fim de avaliar os resultados da medida adotada. Resultados
recentes demonstraram a efetividade da medida para a recuperação ambiental.
Em torno da área do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré é
realizada, basicamente, a pesca artesanal de subsistência ou comercial de
pequena escala. Na região da baía de Tamandaré a pesca mais frequente é a
praticada com linha em catraias a remo ou a vela.
A APA Costa dos Corais é a maior área de proteção marinha do país com
413.563 km2. Desde sua criação, em 1997, diversos estudos foram desenvolvidos na
área através do Projeto Recifes Costeiros (parceria da Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE, Centro de Pesquisa e Extensão Costeira do Nordeste – CEPENE,
IBAMA, Projeto Peixe-boi e apoio dos municípios contemplados pela APA) e, mais
recentemente, através do Instituto Recifes Costeiros (IRCOS). Esta grande
quantidade de informações geradas sobre a biota, impactos, características físicas
e químicas, além de informações socioeconômicas da região subsidiaram a
criação do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré e servirão como base
para elaboração do Plano de Manejo desta unidade.
Pernambuco possui importantes áreas de proteção tanto na esfera federal,
como a APA Costa dos Corais, como estadual, como a APA de Guadalupe, ambas
abrangendo o litoral Sul do estado. No entanto, estas duas UCs são de uso
sustentável. A criação do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré soma-
se às unidades citadas, acrescentando uma área marinha de Proteção Integral. A
inserção de uma área de proteção integral dentro de unidades de uso sustentável
poderá favorecer a conservação deste bioma e facilitar planos de manejo para a
área. Para o estado é importante a ampliação das áreas costeiras protegidas.
No estado de Pernambuco, a Zona Costeira abrange 21 municípios e
corresponde a uma faixa de 187 km. De fato, é uma das menores extensões
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litorâneas do país, mas a valorização no mercado imobiliário e a localização da
capital trazem um complicador: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE) mostram que 56% da população urbana residem em área
litorânea, que corresponde a apenas 4% do território estadual. É o maior índice
nacional de ocupação costeira, com densidade demográfica de 913 hab/km,
seguido pelo Rio de Janeiro (806 hab/km) e Paraíba (373 hab/km) (CPRH, 2010).
Em todo o Brasil o cadastramento das Unidades de Conservação municipais
ainda é falho, não permitindo comparações sobre a área real que cobrem. Em
Pernambuco, a maior parte das UCs é de Uso sustentável e estão na esfera
estadual. O Bioma mais protegido através de Unidades de Conservação é a Mata
Atlântica que, segundo o Governo do Estado (CPRH, 2010) conta com 66 UCs.
Dessas, 35 são unidades de uso sustentável (18 Áreas de Proteção Ambiental – APA,
09 Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN e 08 Reservas de Floresta
Urbana – FURB). Outras 31 unidades são de proteção integral (27 Refúgios da Vida
Silvestre – RVS, 03 Parques Estaduais – PE, e 01 Estação Ecológica – ESEC).
Algumas destas unidades foram criadas como reservas ecológicas da Região
Metropolitana do Recife (Lei 9.989/1987) e, seguindo o prazo de reclassificação
determinado pela Lei 13.787/2009 que instituiu o SEUC – Sistema Estadual de
Unidades de Conservação, foram recentemente alteradas (Lei nº. 14.324/2011).
Dessas, 20 passaram a ser Refúgio de Vida Silvestre, 08 Reservas de Florestas Urbanas
e outras 02 Parques Estaduais.
O Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré soma-se as outras 31
Unidades de Conservação costeiras ou marinhas em Pernambuco, incluindo
Fernando de Noronha, no esforço de conservação da área com maior impacto
antrópico, devido ao histórico de ocupação humana na região litorânea do
Nordeste.
Os meios marinhos do Brasil representam um real interesse para a
conservação e a criação de UCs (AMARAL & JABLONSKI, 2005). De fato, o Brasil
sozinho representa quase inteiramente a biogeorregião do Atlântico Oeste
(AMARAL & JABLONSKI, 2005). Essa é uma zona com grande endemismo, por
exemplo, de peixes de recifes de coral (ROBERTS et al., 2002).
Na área costeira e marinha, o Brasil tem 24 Unidades de Conservação de
Proteção Integral sob jurisdição federal (409.100 ha) e 14 sob jurisdição estadual
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(8.800 ha), totalizando 38 UCs de Proteção Integral que cobrem 417.900 ha
(DIEGUES, 2008). Tem também 28 Unidades de Conservação Federal de Uso
Sustentável (1.057.200 ha) e 25 estaduais (375.800 ha), que cobrem 1.433.000 ha
totalizando 53 (DIEGUES, 2008).
Os problemas de implementação das unidades de conservação na zona
costeira/marinha são originados por diferentes fatores. Como é a parte do país que
possui a maior densidade demográfica, abrigando aproximadamente a metade da
população, os problemas relacionados com o lixo, saneamento básico,
especulação imobiliária, turismo desordenado, eliminação de vegetação fixadora
de dunas, destruição de manguezais e aterramento de zonas úmidas estão sempre
presentes (MMA/UFRJ/FUJB/LAGET,1996).
Em estudo que avalia a conservação da biodiversidade marinha e costeira
no Brasil, Amaral & Jablonski (2005) a consideram bastante inadequada, a despeito
da legislação existente e das áreas protegidas marinhas implantadas. As unidades
de conservação são insuficientes em número e extensão e, em alguns casos, não
tiveram seus planos de manejo elaborados ou implementados ou carecem de
infraestrutura para efetivá-los. Desta forma, são imperativas iniciativas de criação de
Unidades de conservação neste setor e, principalmente, investimentos e esforços
para a elaboração dos planos de manejo destas unidades.
A elaboração dos Planos de Manejo para parques nacionais foi iniciada em
1979 com o decreto de sua regulamentação. Muitas unidades costeiras e marinhas
não possuem plano de manejo, mas deve-se destacar que o Parque Nacional
Marinho de Fernando de Noronha e o Parque Nacional Marinho de Abrolhos
possuem planos elaborados em 1990 e 1991 respectivamente.
Outra unidade costeira federal com plano de planejo é o Parque Nacional
de Monte Pascoal. A exigência das instituições internacionais de financiamento fez
com que novas metodologias para estabelecer as atividades em unidades de
conservação fossem criadas. São os Planos de Ação Emergencial (PAE) e os Planos
Operativos Anuais (POA). Eles se diferem do plano de manejo tanto na
profundidade quanto no tempo de elaboração. O PAE é um instrumento que prevê
a efetivação de medidas em 2 anos e visa planejar as atividades de modo
participativo. O POA é o planejamento de um ano que detalha previsões
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orçamentárias e o período de execução das metas do PAE (WWF, 1994 apud
BRITO,1995).
Na área marinha do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré
predominam recifes de arenito (beach rocks) com presença também de recifes de
corais. Os recifes de coral são verdadeiras joias do nosso planeta. O seu valor é
inestimável devido às suas contribuições numerosas e diversificadas para as
sociedades e para o planeta. Eles dão serviços ecossistêmicos numerosos (DIGHT &
SHERL, 1997; MOBERG & FLOKE, 1999) e são, com as florestas tropicais úmidas, os
sistemas biológicos mais produtivos (BIRKELAND, 1997; OSBORNE, 2000). Ele apoia
uma biodiversidade excepcional e muito concentrada (CONNELL, 1978) cobrindo
0,5 % dos fundos oceânicos (MOBERG & FOLKE, 1999). Mais de 10 milhões de pessoas
dependem dos recifes como fonte de comida ou renda (MOBERG & FOLKE, 1999). A
suas contribuições abrangem as esferas econômicas, sociais e culturais, têm uma
importância na proteção de costas, oportunidades econômicas interessantes,
potencial de comida assim como benefícios estéticos (DIGHT & SCHERL, 1997).
Apesar da grande importância dos recifes de corais, eles são muito frágeis e
fortemente ameaçados. De fato, os recifes atualmente sofrem um declínio
(WILKINSON, 2000) e várias causas parecem ser antropogênicas (BIRKELAND, 1997).
A presença deste ecossistema dentro da área do Parque Natural Municipal do Forte
de Tamandaré reforça a importância desta Unidade de Conservação.
No Brasil, os recifes ocorrem apenas na costa nordeste, do Maranhão ao sul
da Bahia, representando as únicas formações recifais do Atlântico Sul. Das mais de
350 espécies de corais existentes no mundo, dezoito delas ocorrem no Brasil, sendo
que destas, oito são endêmicas dos mares brasileiros (MAIDA & FERREIRA, 1997). Dos
aproximadamente 3 mil Km de extensão dos recifes brasileiros, apenas uma
pequena parte está protegida por lei através de unidades de conservação, como é
o caso dos Parques Nacionais de Abrolhos (BA) e Fernando de Noronha (PE),
Parque Estadual Parcel Manoel Luis (MA), Reserva Biológica de Atol das Rocas (RN)
e da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais.
Os recifes brasileiros têm modelos de zonação atípico em comparação com
recifes de outros lugares no mundo, até em comparação com o Mar do Caribe, o
vizinho mais próximo. De um modo geral, a zonação depende de ondas e de
direções de ventos (OSBORNE, 2000). Uma das suas características principais é a
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contribuição de algas calcárias (KIKUCHI & LEÃO, 1997) e algumas espécies de
gastrópodes a algumas construções, notavelmente na crista do recife intertidal
(MAIDA & FERREIRA, 1997). Esta zona é imediatamente sucedida ao longo da
encosta do recife por uma banda de Palythoa sp. e Millepora sp. (MAIDA &
FERREIRA, 1997) que resistem à exposição ao ar e ondas. Então, um pouco mais
longe ao longo da mesma encosta que se mergulha no oceano, há uma
concentração alta de escleractínios que pertencem ao gênero Mussismilia (MAIDA
& FERREIRA, 1997). As partes mais baixas da encosta do recife são ocupadas por
outro gênero de escleractínio, Montastrea (MAIDA & FERREIRA, 1997). Esta zonação
está presente para os recifes mais complexos que têm uma verdadeira encosta de
recife. O planalto de recife e também as zonas intertidais, que é pouco profunda,
muitas vezes é habitada por zoantideos, como P. caribaeorum (KAY & LIDDLE, 1989;
MENDONÇA-NETO & DA GAMA, 2009).
No Nordeste do Brasil, ocorre a formação de bancos de arenito de praias,
geralmente estreitos, alongados e adjacentes às linhas de praias. Entre a região Sul
de Pernambuco e Norte de Alagoas, são encontrados recifes de corais numerosos e
bem desenvolvidos, região onde está localizado o complexo recifal de Tamandaré
(LABOREL, 1969, MAIDA & FERREIRA, 1997). Nesta região são verificados 3 linhas
recifais em formações paralelas a praia, formando uma espécie de lagoa rasa
entre a linha de praia e a última linha de recifes (MAIDA & FERREIRA, 1997).
Em outra parte da área marinha do Parque, em frente ao CEPENE-IBAMA,
está proibida a pesca, normatização estabelecida pela antiga SUDEPE desde 1976.
Adjacente à área marinha em frente ao CEPENE, em direção norte, tendo como
referência o píer da instituição, localiza-se um área destinada à atração de
embarcações de pesca, dos pescadores de Tamandaré, e por vezes de veleiros de
viajantes.
A área continental do Parque abrange apenas 4,5% da Unidade e é de
Domínio da Marinha que passou ao Município a cessão de uso. Esta área inclui o
Forte de Santo Inácio de Loyola e seu entorno. Nesta área predomina a vegetação
típica de áreas costeiras urbanizadas, com predomínio de coqueiros, vegetação
rasteira e outras espécies arbóreas formando ilhas. Destacam-se várias frutíferas
como mangueira, mamoeiro, cajueiro, jamelão e coqueiros. Também há áreas de
plantação de mandioca, feijão, milho (ROJAS, 2002). Estudos prévios mostraram o
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predomínio das famílias Europhorbiacea, Fabaceae e Myrtaceae (CPRH/PRODETUR,
2000; CANTARELLI & ZICKEL, 2002).
É necessário ainda considerar que o Parque Natural Municipal do Forte de
Tamandaré pode integrar a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, uma vez que os
ecossistemas costeiros são considerados como parte do Domínio de Mata Atlântica
e, portanto, integrantes da Reserva. Isto amplia ainda mais as potencialidades
desta Unidade de Conservação e sua relação com outras UCs do Estado e do país.
3.2 Patrimônio Histórico
O Parque Natural Municipal de Tamandaré tem a peculiaridade de possuir
em seu território um rico patrimônio histórico-cultural, formado pelo Forte Santo
Inácio de Loyola, a Capela que se encontra no seu interior e o antigo cemitério da
cidade, hoje desativado e em total estado de abandono (figura 20). Nesta área
onde hoje se encontra o PNMFT funcionou o Porto de Tamandaré, da segunda
metade do século XVI até o início do século XX, sendo considerado o melhor
ancoradouro da região.
O Forte, tombado pelo Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco, teve
sua construção iniciada em 1646, por João Fernandes Vieira, por intermédio dos
movimentos em defesa do território brasileiro, objetivando guardar o porto contra as
tentativas de ataque de invasores. Além de proteger, serviria também como abrigo
às embarcações portuguesas, constantemente ameaçadas pelos inimigos.
A fortificação, entretanto, foi abandonada após a invasão holandesa. A
construção da fortificação foi finalizada em 1677, possuindo um formato
quadrangular e baluartes em ponta nos quatros vértices, estes ligados entre si pelos
terraplenos e pelo pavimento superior. O fosso e a rampa, dos quais não existe mais
vestígio, circundavam o Forte Santo Inácio de Loyola. O Forte foi construído com
blocos de arenito provenientes dos recifes de corais existentes na baía de
Tamandaré, muito utilizado na época para construções (ESTIMA, 2004), Figuras 21 e
22.
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Figura 20: Localização do Forte, do antigo cemitério e da Escola Municipal.
Fonte: Geosistemas, 2010.
Figuras 21 e 22: Vista frontal do Forte Santo Inácio de Loyola e da parte exterior, apresentando os
canhões remanescentes. Fotos: Geosistemas, 2010.
O Forte de Tamandaré foi cenário importante de diversos acontecimentos, a
exemplo da Guerra dos Mascates, da Revolução Republicana de 1817 e da Guerra
dos Cabanos, quando ficou ocupado durante cinco anos, de 1831 a 1836,
funcionando como prisão e abrigo às tropas que partiam do Recife em direção ao
interior. Entretanto, durante o período da Segunda Guerra Mundial, foi transformado
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em alojamento para tropas do Exército que protegiam a costa brasileira e, que ali
permaneceram até o ano de 1945 (FARIAS, 2002).
Além destes bens culturais, existem no município outros bens de grande
potencial, que podem ser aproveitados, de forma integrada e somados aos
atrativos naturais, para o desenvolvimento do turismo cultural no município e na
região, como alguns bens dos séculos XVII a XIX, como igrejas, capelas, e o casario
das comunidades tradicionais de pescadores, além das festas tradicionais, o
artesanato e a gastronomia (figura 23 e 24).
Figuras 23 e 24 – Vista frontal das igrejas de São Pedro (LIMA, 2006) e de São José de Botas de Ouro.
Fonte: Geosistemas, 2010.
.
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4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO
FORTE DE TAMANDARÉ: GESTÃO
4.1 Relações institucionais de gestão
4.2 Potencialidades de Cooperação (internacional,
nacional e estadual)
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4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO FORTE DE TAMANDARÉ:
GESTÃO
4.1 Relações institucionais de gestão
O Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré tem como gestor a
Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente e poderá ser feita de forma
compartilhada entre a Prefeitura e organizações da sociedade civil. Os recursos
arrecadados das atividades de uso público a serem oferecidas pelo Parque, serão
administrados pelo Fundo Municipal de Meio Ambiente (Lei Municipal nº. 072/99).
O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA de
Tamandaré, Órgão Colegiado representativo da comunidade, de função
deliberativa, consultiva, normativa e fiscalizadora, é composto por representantes
de entidades governamentais e da sociedade civil organizada e é a instância
superior de política ambiental do município e integrante do Sistema Nacional do
Meio Ambiente.
Os órgãos públicos que participam do COMDEMA são a Prefeitura, Câmara
de Vereadores, CEPENE, Reserva Biológica de Saltinho, APA Costa dos Corais, APA
de Guadalupe, CIPOMA, Ministério Público Estadual e Fundarpe (Fundação do
Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. A comunidade de Tamandaré está
representada pelas seguintes entidades: Associação dos Barraqueiros, Associação
Pe. Paulo Punt, Associação de Hotéis, Pousadas, Restaurantes e Similares, Sindicato
dos Trabalhadores Rurais, Colônia de Pescadores, Paróquia de São Pedro, Projeto
Recifes Costeiros e Fundação Gilberto Freyre.
A capacidade institucional e técnica que existe no COMDEMA é um
importante instrumento para gestão ambiental. Esse Conselho tem atuado como
ponto de consolidação e continuidade das ações propostas, agindo ainda como
entidade fiscalizadora da gestão ambiental municipal.
Em função de o PNMFT estar inserido nas Áreas de Proteção Ambiental Costa
dos Corais (Federal) e de Guadalupe (Estadual) onde a gestão está a cargo do
ICMBio e do CPRH, respectivamente, é preciso haver articulação entre os órgãos, e,
especialmente, observância aos planos de manejo de cada unidade e as
determinações legais de cada instância.
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De acordo com o art. 3º do Decreto 013 de 10 de Setembro de 2003, o PNMFT
terá sua gestão baseada nos princípios estabelecidos nas Leis Federais nº 9.985 de
18 de julho de 2000, nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998 e no Decreto Federal nº
3.179 de 21 de Setembro de 1999. O parque será administrado pela Prefeitura de
Tamandaré juntamente com o COMDEMA (PMT, 2003). Este Conselho deverá:
Acompanhar a elaboração, implementação e revisão do plano de
manejo do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré; Buscar
a integração do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré
com as demais unidades e espaços territoriais especialmente
protegidos e com seu entorno; Esforçar-se para compatibilizar os
interesses dos diversos segmentos sociais relacionados com o Parque
Natural Municipal do Forte de Tamandaré; Elaborar o regimento
interno do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré; Avaliar
e aprovar o orçamento, plano de gastos e relatório financeiro
elaborado pela Secretaria Municipal de Turismo, Comércio, Meio
Ambiente e Cultura; Ratificar a contratação e os dispositivos de
contratos, convênios, ajustes, acordos e outros instrumentos a serem
firmados com o Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré;
Acompanhar a execução dos instrumentos citados; Avaliar e aprovar
obra ou atividade potencialmente causadora de impactos na área
do Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré, em sua zona
de amortecimento, mosaico ou corredores ecológicos; Aprovar o
nome do coordenador do Parque Natural Municipal do Forte de
Tamandaré (FUNDARPE, 2005, p. 20).
Tendo em vista o papel da Marinha do Brasil na gestão da área do PNMFT, a
mesma foi convidada para ser conselheira no COMDEMA, fórum onde todos os
assuntos relacionados com o parque são tratados. Contudo, a Marinha não
aceitou, colocando-se apenas no papel de supervisionar as obras e instalações a
serem executadas na área do parque e sua envolvente, de acordo com suas
normas internas e com o Termo de Cessão da área tombada. Vale a pena ressaltar
que a Marinha solicitou à Prefeitura de Tamandaré um representante para fazer o
elo entre ela e o PNMFT. Assim o Prefeito, da época, determinou que esse
representante seria a pessoa que assumisse o cargo de Secretário de Turismo,
Comércio, Cultura e Meio Ambiente (ESTIMA, 2008).
Um ponto de conflito na gestão do PNMFT é a ausência de recursos para as
ações ambientais. Espera-se que depois de finalizadas as obras de restauração do
Forte e Capela de Santo Inácio e com o Parque em funcionamento, haverá aporte
de recursos provenientes da visitação e dos serviços que serão ofertados. Para
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assegurar uma gestão participativa do PNMFT, cabe ao gestor (Prefeitura) enviar
anualmente ao conselho gestor o orçamento do parque para que haja um controle
externo ao executivo municipal. Cabe também enviar, trimestralmente, a este
conselho o plano de gastos, acompanhado de relatório financeiro (ESTIMA, 2008).
A atuação do Projeto Recifes Costeiros em Tamandaré tem sido fundamental
para um maior conhecimento da área e aproximação com a comunidade local,
uma vez que ele desenvolve diversas atividades de pesquisa, manejo e educação
ambiental. Uma das principais ações do Projeto refere-se a área de recuperação
de recifes de coral, criada em 1999 por Portaria do IBAMA, onde estão proibidos
todo tipo de pesca, exploração, visitação, atividades náuticas e turísticas. Em
pouco mais de dois anos de isolamento, foram observados sinais de recuperação
do ambiente através do aumento na densidade de peixes e moluscos.
Outra medida experimental adotada em Tamandaré com o apoio das
instituições presentes no COMDEMA é a municipalização do controle e
ordenamento do tráfego marítimo na orla, através de convênio realizado entre a
Marinha do Brasil, Prefeitura Municipal e Polícia Militar de Pernambuco, para criação
da Guarda Municipal Marítima, responsável pela fiscalização.
Quanto à gestão da área continental do Parque, é preciso haver uma maior
articulação do órgão gestor do parque e a Diretoria de Preservação Cultural da
Fundarpe para fiscalização da área e implementação de programas de restauro,
conservação e educação patrimonial.
4.2 Potencialidades de Cooperação (internacional, nacional e estadual)
Estadual
Os gestores do PNMFT terão direta interlocução com a Agencia
Pernambucana de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (CPRH) devido a seu papel
de órgão ambiental no estado e pelo seu papel de gestor da APA de Guadalupe.
Diversas parcerias e colaborações poderão ser estabelecidas. De fato o CPRH já
atua junto ao PNMFT uma vez que está representado na câmara técnica que
contribui e analise o Plano de Manejo em elaboração.
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Da mesma forma, o Centro de Pesquisas e Extensão Pesqueira do Nordeste
(CEPENE/IBAMA), localizado em Tamandaré, em área vizinha ao Parque, vem há
anos atuando na pesquisa da região de Tamandaré sendo importante agente de
cooperação na geração de informações que contribuam para o manejo da
unidade e membro também da câmara técnica. Da mesma forma, estão previstas
colaborações com os gestores da Reserva Biológica de Saltinho, próxima à área do
PNMFT.
O Instituto Recifes Costeiros (IRCOS) vem sendo importante agente na
criação do PNMFT e em gerar informações que subsidiem a elaboração do seu
plano de manejo. No final do ano de 2002, o Projeto Recifes Costeiros (atualmente
Instituto Recifes Costeiros) enviou ao COMDEMA um documento contendo a
exposição de motivos para criação do Parque Natural Municipal do Forte de
Tamandaré. Desde a sua criação, na década de 1990, este instituto em parceria
com o CEPENE/IBAMA, Universidade Federal de Pernambuco, Prefeitura dos
Municípios costeiros abrangidos pela APA Costa dos Corais, associações civis e
organismos internacionais, vem desenvolvendo estudos na área costeira de
Tamandaré de dos municípios vizinhos, abarcando a área pertencente ao PNMFT.
Todas estas informações serão consideradas na elaboração do plano de manejo e
a parceria do PNMFT através, da Prefeitura e seus gestores com o IRCOS deverá ter
continuidade.
Centros de Pesquisa estaduais como o Instituto de Pesquisa Agronômico de
Pernambuco (IPA) e a Universidade de Pernambuco também devem ser
considerados como colaboradores potenciais.
Nacional
O Parque Natural Municipal do Forte de Tamandaré tem direta relação com
outras duas Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental Costa dos
Corais e APA de Guadalupe, o que resulta em grande potencial de cooperação
com os gestores destas unidades (ICMBio e CPRH). Além dessas unidades a região
costeira sul do estado de Pernambuco tem outras unidades como a APA de
Sirinhaém, de uso sustentável ocupando áreas dos municípios de Sirinhaém e Rio
Formoso; a Reserva Biológica de Saltinho, de proteção integral, nos municípios de
Tamandaré e Rio Formoso. Além dessas, existem as áreas estuarinas consideradas
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com protegidas pela Lei Estadual 9931/1986 e diversas áreas de proteção
permanente, definidas posteriormente na Resolução CONAMA no. 303 de março de
2002. Considera-se área de preservação permanente a área protegida nos termos
dos artigos 2º e 3º da Lei 4.771, “coberta ou não por vegetação nativa, com função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica,
a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem
estar das populações humanas.” Estão nessas condições as faixas marginais ao
longo dos rios, lagos e reservatórios, as nascentes, os topos de morros, montes e
montanhas, as encostas com declividade superior a 100%, as restingas fixadoras de
dunas ou estabilizadoras de mangues, entre outros biótopos, cujas definições se
encontram na citada Resolução No 303/2002. Estes conjuntos de áreas protegidas
poderiam compor o Mosaico da costa sul de Pernambuco.
O mosaico é a gestão integrada e participativa de um conjunto de Unidades
de Conservação, que estejam próximas, sobrepostas ou justapostas. Este
instrumento de gestão integrada tem a finalidade de ampliar as ações de
conservação para além dos limites das UCs,compatibilizando a presença da
biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável
no contexto regional (art. 26; SNUC; ICMBio).
O mosaico é reconhecido por meio de ato do Ministério do Meio Ambiente,
que institui um conselho consultivo para promover a integração entre as Unidades
de Conservação que o compõem. A Portaria nº 482, de 14 de dezembro de 2010,
institui os procedimentos necessários para o reconhecimento dos mosaicos. Existem
atualmente 11 mosaicos reconhecidos oficialmente e inúmeras iniciativas
envolvendo UCs federais (ICMBio).
Além disso, o Parque pode integrar a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica,
uma vez que os ecossistemas costeiros são considerados como parte do Domínio de
Mata Atlântica e, portanto participar de todos os mecanismos e projetos
relacionados a isso, incluindo aqueles do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera
da Mata Atlântica de Pernambuco.
A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) inclui todos os tipos de
formações florestais e outros ecossistemas terrestres e marinhos que compõem o
Domínio Mata Atlântica, bem como os principais remanescentes florestais e a
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maioria das unidades de conservação da Mata Atlântica, onde está protegida
grande parte da megabiodiversidade brasileira.
A RBMA abrange uma área de cerca de 35 milhões de hectares em 15
estados brasileiros: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso
do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A RBMA inclui também áreas
marinhas na zona costeira e ilhas oceânicas, como Fernando de Noronha, Atol das
Rocas e o Arquipélago São Pedro e São Paulo.
Suas Zonas Núcleo correspondem a mais de 700 Unidades de Conservação
de Proteção Integral. Em suas Zonas de Amortecimento vivem alguns milhares de
pessoas, em grande parte comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas,
pescadores, etc...) que representam uma grande riqueza sociocultural e grande
diversidade étnica.
A inserção do PNMFT como unidade de proteção integral dentro da Reserva
de Biosfera da Mata Atlântica, facilitará a obtenção de recursos para gestão e
financiamentos de projetos de pesquisas na área, uma vez que a RBMA tem
contribuído significativamente para o esforço brasileiro de obtenção de volumosos
recursos internacionais para a Mata Atlântica (BID, BIRD, KfW etc), bem como para
o reconhecimento e gestão de Sítios do Patrimônio Mundial neste Bioma
(informações da página web da RBMA). Diversos programas são desenvolvidos pela
RBMA, incluindo o de Ecoturismo (que já capacitou mais de 150 jovens de
comunidades locais para atuar na área, apoiou a criação de várias associações de
guias de ecoturismo (monitores ambientais) e de pousadas, promoveu intercâmbio
de experiências e participou da elaboração das normas de certificação do turismo
sustentável no Brasil) e de Cooperação Internacional, através do qual o CN-RBMA
vem participando de vários Grupos de Trabalho da UNESCO e parceiros e
colaborado igualmente para a consolidação das Redes Regionais de Reservas da
Biosfera.
Ainda no âmbito federal, as universidades e Institutos Técnicos poderão
colaborar no desenvolvimento de pesquisas na área do PNMFT. É o caso das
Universidades Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE) que já atuam em pesquisas na região. Novas colaborações poderão ser
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estabelecidas através dos gestores do Parque para estratégias conjuntas de
avaliação e acompanhamento da unidade de conservação.
A possibilidade de colaboração com instituições de ensino e pesquisa facilita
a obtenção de financiamento para pesquisas na área do Parque e
desenvolvimento de projetos de educação ambiental e de gestão, através de
organismos de fomento federais (CNPq) e estaduais (FACEPE). De fato, diversas
pesquisas desenvolvidas na APA Costa dos Corais foram realizadas por alunos de
pós-graduação de vários cursos destas instituições com financiamento dos órgãos
acima citados e também da CAPES, através de bolsas de estudo.
Gestores do Parque também poderão buscar colaborações com outras
instâncias públicas como o Ministério de Meio Ambiente, Secretaria de Recursos
Hídricos e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. A Companhia
Independente de Policiamento do Meio Ambiente (CIPOMA) e a Capitania dos
Portos também serão importantes parceiros na gestão do Parque.
Além de órgãos públicos, algumas Organizações não governamentais
também fornecem subsídios para o desenvolvimento de projetos em Unidades de
Conservação. Como exemplo pode ser citada a Conservação Internacional do
Brasil, a Fundação pró-natureza (Funatura), Fundação Biodiversitas, entre outras.
A Organização não-governamental Conservação Internacional do Brasil,
atua na detecção de áreas de ameaça, estabelecimento de prioridades em
conservação e formação de corredores ecológicos. Entre os ecossistemas
contemplados pela instituição estão a Mata Atlântica e os ecossistemas marinhos,
com programas voltados para o Ecoturismo e para a Educação e articulação
social.
A Fundação Pró-natureza (Funatura) é uma organização não-governamental
foi criada em 1986 por profissionais ligados à área ambiental. Tem grande
importância devido aos projetos que desenvolve e pelo destaque nas participações
que tem em diversos conselhos, redes e outros fóruns de decisão tanto locais,
regionais, quanto nacionais. Dentre os mais importantes projetos desenvolvidos pela
Funatura, de caráter participativo e relacionados à conservação da biodiversidade,
destacam-se o Projeto de Implementação do Parque Nacional Grande Sertão
Veredas (em co-gestão com o IBAMA); o Projeto de Implementação de RPPNs no
Cerrado (em parceria com proprietários particulares); o Projeto Alternativas de
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Desenvolvimento do Cerrado; e a execução do Plano de Desenvolvimento
Sustentável (PDS) do entorno do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Pode ser
importante parceiro no PNMFT.
Internacional
No âmbito internacional, várias entidades sem fins lucrativos colaboram
financeiramente com projetos de conservação brasileiros. É o caso da ONG
Conservation International, que financia algumas pesquisas em áreas consideradas
hotsposts de biodiversidade como a Mata Atlântica e seus ecossistemas associados.
O Instituto Aware (EUA) também disponibiliza verbas para pequenos projetos em
áreas marinhas e costeiras.
Outra possível fonte de recurso financeiro para a gestão do Parque pode ser
o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que fornece subsídios a
programas de cooperação técnica. Até o final de 2007, o Banco tinha aprovado
um total de US$ 2,4 bilhões em subsídios. Só em 2007, o financiamento do BID para
empréstimos de cooperação técnica não-reembolsáveis superou a marca de US$
167 milhões. Um dos projetos contemplados com financiamento do BID foi “Iniciativa
de Manejo Integrado para o Sistema Recifal Costeiro entre Tamandaré e
Paripueira”. Este projeto, conhecido como Projeto Recifes Costeiros teve início em
fevereiro de 1998 tendo como um de seus objetivos fornecer a base científica e
assistência técnica para a elaboração do plano de manejo da Área de Proteção
Ambiental Costa dos Corais. O projeto teve participação conjunta do
Departamento de Oceanografia UFPE, IBAMA, através do CEPENE, Centro Peixe-Boi,
que conta com o apoio das Superintendências do IBAMA em Pernambuco e
Alagoas, da APA Costa dos Corais, e das 10 prefeituras existentes na área, sendo
administrado pela Fundação Mamíferos Marinhos e financiado com recursos do
Banco Interamericano de Desenvolvimento e contrapartida brasileira garantida
através do apoio de custos básicos de pessoal, infra-estrutura e manutenção
relacionadas à participação das instituições brasileiras no projeto.
Outros orgãos internacionais contribuem financeiramente em projetos
conservacionistas através de cooperações com órgãos federais como o IBAMA ou
ICMBio. É o caso do Japan Bank for International Cooperation (JBIC).
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O Instituto de Conservação Ambiental do Brasil – The Nature Conservancy
(TNC) é uma Organização Não-Governamental, sem fins lucrativos, criada em 1951
nos Estados Unidos, e tem como missão preservar plantas, animais e ecossistemas
que representam a diversidade biológica da Terra, pela proteção das terras e
águas necessárias à sua sobrevivência. Esta organização tem escritórios em todos
os estados dos Estados Unidos, com mais de um milhão de membros, e apóia
projetos em 27 países, pelo seu programa internacional. No Brasil, a atuação da TNC
teve inicio em meados da década de 80, para apoiar o país na conservação de
sua diversidade biológica e contribuir para o fortalecimento do sistema de UC, o
que a levou a firmar acordo com o IBAMA para alcançar este objetivo.
A Fundación AVINA, fundada em 1994 por um empresário suiço, tem por
objetivo impulsionar o desenvolvimento sustentável através de uma aliança entre a
empresa privada com êxito e responsável e as organizações filantrópicas que
tenham liderança e inovação. Em toda a América Latina, várias iniciativas
ambientais estão recebendo financiamento desta fundação, incluindo a proposta
de ampliação do diálogo entre o segundo e o terceiro setor na região do Pantanal
e projeto na APA Costa dos Corais através do Instituto Recifes Costeiros.
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil) atua desde 1971 no Brasil,
com a missão de contribuir para que a sociedade conserve a natureza,
harmonizando as atividades antrópicas com a preservação da biodiversidade e
com o uso racional dos recursos naturais, para o benefício dos cidadãos de hoje e
das futuras gerações. O WWF-Brasil executa atualmente 71 projetos em parceria
com outras Organizações Não-Governamentais regionais, universidades e órgãos
públicos. Desenvolve atividades de apoio à pesquisa, legislação e políticas
públicas, educação ambiental e comunicação. Além disso, há também os projetos
de campo voltados para a viabilização de UC, pelo estímulo à alternativas. Dessa
forma, projetos que contribuam para o êxito do PNMFT estariam dentro do escopo
de colaboração com a WWF-Brasil.
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