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sid.inpe.br/mtc-m19/2014/02.06.16.18-TDI
PRODUÇÃO DE SILÍCIO POROSO POR PROCESSO
ELETROQUÍMICO E ESTUDOS DA EVOLUÇÃO
MORFOLÓGICA E DO TAMANHO DOS CRISTALITOS
Miguel Angelo do Amaral Junior
Dissertação de Mestrado do Cursode Pós-Graduação em Engenhariae Tecnologia Espaciais/Ciência eTecnologia de Materiais e Sensores,orientada pelos Drs. Maurício Ri-beiro Baldan, e Antonio FernandoBeloto, aprovada em 24 de fevereirode 2014.
URL do documento original:<http://urlib.net/8JMKD3MGP7W/3FMP3NB>
INPESão José dos Campos
2014
PUBLICADO POR:
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPEGabinete do Diretor (GB)Serviço de Informação e Documentação (SID)Caixa Postal 515 - CEP 12.245-970São José dos Campos - SP - BrasilTel.:(012) 3208-6923/6921Fax: (012) 3208-6919E-mail: pubtc@sid.inpe.br
CONSELHO DE EDITORAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA PRODUÇÃOINTELECTUAL DO INPE (RE/DIR-204):Presidente:Marciana Leite Ribeiro - Serviço de Informação e Documentação (SID)Membros:Dr. Antonio Fernando Bertachini de Almeida Prado - Coordenação Engenharia eTecnologia Espacial (ETE)Dra Inez Staciarini Batista - Coordenação Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA)Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenação Observação da Terra (OBT)Dr. Germano de Souza Kienbaum - Centro de Tecnologias Especiais (CTE)Dr. Manoel Alonso Gan - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos(CPT)Dra Maria do Carmo de Andrade Nono - Conselho de Pós-GraduaçãoDr. Plínio Carlos Alvalá - Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CST)BIBLIOTECA DIGITAL:Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenação de Observação da Terra (OBT)REVISÃO E NORMALIZAÇÃO DOCUMENTÁRIA:Marciana Leite Ribeiro - Serviço de Informação e Documentação (SID)Yolanda Ribeiro da Silva Souza - Serviço de Informação e Documentação (SID)EDITORAÇÃO ELETRÔNICA:Maria Tereza Smith de Brito - Serviço de Informação e Documentação (SID)André Luis Dias Fernandes - Serviço de Informação e Documentação (SID)
sid.inpe.br/mtc-m19/2014/02.06.16.18-TDI
PRODUÇÃO DE SILÍCIO POROSO POR PROCESSO
ELETROQUÍMICO E ESTUDOS DA EVOLUÇÃO
MORFOLÓGICA E DO TAMANHO DOS CRISTALITOS
Miguel Angelo do Amaral Junior
Dissertação de Mestrado do Cursode Pós-Graduação em Engenhariae Tecnologia Espaciais/Ciência eTecnologia de Materiais e Sensores,orientada pelos Drs. Maurício Ri-beiro Baldan, e Antonio FernandoBeloto, aprovada em 24 de fevereirode 2014.
URL do documento original:<http://urlib.net/8JMKD3MGP7W/3FMP3NB>
INPESão José dos Campos
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Amaral Junior, Miguel Angelo do.Am13p Produção de silício poroso por processo eletroquímico e estudos
da evolução morfológica e do tamanho dos cristalitos / MiguelAngelo do Amaral Junior. – São José dos Campos : INPE, 2014.
xxiv + 81 p. ; ( sid.inpe.br/mtc-m19/2014/02.06.16.18-TDI)
Tese (Doutorado em Engenharia e Tecnologia Espaci-ais/Ciência e Tecnologia de Materiais e Sensores) – Instituto Na-cional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2014.
Orientadores : Drs. Maurício Ribeiro Baldan, e Antonio Fer-nando Beloto.
1. modelo de confinamento de fônons. 2. evolução morfológica.3. cristalitos. 4. aplicações eletroquímicas. I.Título.
CDU 620.196:661.68
Esta obra foi licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 NãoAdaptada.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0 Unported Li-cense.
ii
v
Dedicatória:
A minha família...
Ana Cristina, Miguel Angelo e Luiz Guilherme.
vi
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
A Deus, por sempre me dar saúde e garra para alcançar meus objetivos.
Ao instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, pela oportunidade de estudos e
utilização de suas instalações.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, pelo
auxílio financeiro durante estes dois anos.
Aos meus orientadores Dr. Antonio Fernando Beloto e Prof. Dr. Maurício Ribeiro
Baldan, pela orientação, conhecimento passado, confiança depositada em mim e
amizade. Também, Gostaria de agradecer as horas de discussões que tivemos ao longo
destes dois anos de trabalho.
À Profa. Dra. Neidenêi Gomes Ferreira, pelo apoio na realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Luiz Angelo Berni, pelo valioso conhecimento compartilhado e discussões
sobre Óptica.
À Profa. Dra. Patrícia Abramof, pelas valiosas discussões sobre o modelo de
confinamento de fônons.
À Maria Lúcia Brizon, pela paciência na obtenção das melhores imagens MEV
realizadas no Laboratório Associado de Sensores e Materiais.
À Lilian Mieko da Silva, por ter sido como uma irmã para mim durante esse tempo
todo, por sempre me incentivar, me dar força nos momentos mais difíceis, por ser uma
amiga de verdade.
Ao Dalmo Geraldo Pasin, pelo auxílio técnico prestados neste trabalho.
Ao meu amigo Belchior Silva, o qual me ajudou muito no processo de obtenção de
silício poroso. E também gostaria de parabeniza-lo por sua dedicação.
À namorada Priscila Fernandes Lobo, por estar sempre ao meu lado nos momentos
bons e ruins.
A meus Pais, Ana Cristina Aguiar do Amaral e Miguel Angelo do Amaral, por sempre me
incentivarem a estudar e por fazerem diversos sacrifícios em nome do sucesso dos
filhos.
viii
ix
RESUMO
O Silício Poroso é um material muito versátil, apresenta alta área superficial,
propriedade de fotoluminescência no espectro visível e uma grande diversidade
de tamanho e formato de poros. Normalmente pode ser facilmente obtido
através de um ataque químico em meio a Ácido Fluorídrico (HF). Neste
trabalho foi produzido pela técnica de ataque eletroquímico em uma solução
contendo HF/ H2O deionizada/ Etanol, nas seguintes proporções volumétricas
(1:2:1). Utilizou-se laminas de Silício monocristalino tipo-n com orientação
cristalográfica (100) e resistividade de 1-20 Ω.cm. Este trabalho pode ser
resumido em duas partes: (a) parte experimental; que envolve a obtenção do
silício poroso em duas condições diferentes (tempo de ataque e densidade de
corrente) e as técnicas de caracterização (Microscopia Eletrônica de Varredura
(MEV), Perfilometria Óptica e Espectroscopia Raman), e (b) parte teórica;
aplica o modelo de confinamento de fônons para estimar o tamanho dos
cristalitos. O principal objetivo é analisar a evolução morfológica da camada
porosa, tamanho do poro, profundidade do ataque, área superficial, rugosidade
e tamanho do cristalito, à medida que o tempo de ataque e a densidade de
corrente variam. Foi desenvolvido um programa com interface gráfica para
calcular o tamanho do cristalito nas duas condições diferentes de ataque.
x
xi
PRODUCTION OF POROUS SILICON BY ELECTROCHEMICAL PROCESS AND STUDIES OF
MORPHOLOGICAL EVOLUTION AND CRYSTALLITE SIZE
ABSTRACT
The Porous Silicon is a very versatile material with high surface area, property
of photoluminescence in the visible spectrum and a wide range of pore shape
and size. Usually the porous silicon can be easily obtained by chemical etching
in an environment containing hydrofluoric acid (HF). In this work, porous silicon
was produced by electrochemical etching technique in a solution containing HF/
deionized water / Ethanol. It was used silicon wafers monocrystalline n-type
with crystallographic orientation (100) and resistivity of 1-20 Ω.cm. This work
can be summarized in two parts: (a) experimental part, which involves the
porous silicon preparation in two different conditions (etching time and current
density) and characterization techniques (Scanning Electron Microscopy (SEM),
Raman Spectroscopy and Optical Profilometry), and (b) theoretical part, which
apply the phonon confinement model to estimate the crystallite size. The main
objective is to analyze the morphological evolution of the porous layer, pore
size, depth, surface area, roughness and crystallite size, as a function of
etching time and of current density. A program as developed with a graphical
interface to calculate the size of the crystallites for the two different conditions.
xii
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Esquema de uma amostra de PS com diâmetro de poro dp e
espessuras da haste cristalina máxima tma e mínima tmi. Fonte:
Abramof (2006). ..................................................................................... 10
Figura 2.2 - Ilustração do processo de formação do PS. ................................. 13
Figura 2.3 - Ilustração da concentração de lacunas em regiões mais profundas
do Si e formação do poro. ...................................................................... 14
Figura 2.4 - Orientação da ligação, para três planos cristalográficos comuns:
(100), (110) e (111). O Diagrama é representado em duas dimensões, à
linha tracejada indica superfície, que está entre a solução e o silício. A
ligação Si – F foi arbitrariamente escolhida, embora a ligação Si – HF
seja a mais provável. De todos os planos cristalográficos, somente o
plano (100) apresenta duas ligações simétricas direcionadas para a
solução. ................................................................................................. 19
Figure 3.1 - Rede de platina (Catodo) e amostras de silício monocristalino,
antes do processo de obtenção do PS por ataque eletroquímico. ......... 22
Figure 3.2 - Aparelho utilizado para realizar a técnica de EB-PVD para
metalização da parte de trás das amostras de Si. ................................. 23
Figura 3.3 - Diagrama da cuba eletrolítica.(1) Eletrodo de Platina (Catodo), (2)
Corpo de teflon, (3) Oring, (4) Amostra de Silício, (5) Contato de latão
(Anodo), (6) Suporte da lâmpada. ......................................................... 24
Figure 3.4 - Processo de produção do PS por ataque eletroquímico. .............. 25
Figura 3.5 - Equipamento utilizado para microscopia. ...................................... 27
Figura 3.6 - Perfilômetro óptico (Wyko, Modelo NT 1100, Veeco, EUA*). ........ 29
Figura 3.7 - Espalhamento de luz: (a) espalhamento inelástico (região Stokes),
(b) espalhamento elástico (Rayleiglt) e (c) espalhamento inelástico
(região anti-Stokes)................................................................................ 30
xiv
Figura 3.8 - Diagrama do espectrômetro de espalhamento Raman. ................ 31
Figura 4.1 - Imagens MEV com aumento de resolução de 5000x das amostras
de Si-poroso obtidas por ataque eletroquímico, durante (a)5, (b)10,
(c)15, (d)20 e (e)30 minutos. ................................................................. 37
Figura 4.2 - Diâmetro do poro obtido através das imagens MEV para diferentes
tempos de ataque. ................................................................................. 38
Figura 4.3 - Imagens MEV das seções transversais das amostras de PS
obtidas por ataque eletroquímico, durante (a)5, (b)10, (c)15, (d)20 e
(e)30 minutos de ataque. ....................................................................... 40
Figura 4.4 - Profundidade do ataque para diferentes tempos. ......................... 41
Figura 4.5 - Imagens MEV com aumento de resolução de 5000x das amostras
de PS obtidas por ataque eletroquímico, com (a)15, (b)30, (c)45, (d)60,
(e)75, ( f)90 e (g)105 mA/cm². ............................................................... 44
Figura 4.6 – Diâmetro do poro obtido por MEV para diferentes densidades de
corrente. ................................................................................................. 45
Figura 4.7 - Imagens MEV da secção transversal das amostras de PS obtidas
por ataque eletroquímico, com (a)15, (b)30, (c)45, (d)60, (e)75, ( f)90 e
(g)105 mA/cm². ...................................................................................... 46
Figura 4.8 - Profundidade do ataque em função da densidade de corrente. .... 47
Figura 4.9 - Ocorrência de nanoestruturas na amostra de silício poroso. ........ 48
Figura 4.10 - Resultados obtidos com Perfilometria Óptica para amostras com
tempo de ataque variado. (a) Profundidade, (b) Área Superficial e (c)
Rugosidade (Continua) .......................................................................... 50
Figura 4.11 - Resultados obtidos com Perfilometria Óptica para amostras com
densidade de corrente variada. (a) Profundidade, (b) Área Superficial e
(c) Rugosidade (Continua). .................................................................... 52
Figura 5.1 - Cálculo do Espectro Raman para diferentes tamanhos de
cristalitos. ............................................................................................... 59
xv
Figura 5.2 - Os três formatos de cristalitos; O esférico proposto por Richter. E o
de filme fino e colunar expandido por Campbell e Fauchet. .................. 60
Figura 5.3 - Ilustração do programa desenvolvido para cálculo do tamanho dos
cristalitos. A-) Os pontos experimentais estão em vermelho, a linha
tracejada azul representa o modelo de confinamento de fônons e a verde
representa a gaussiana para parte amorfa. B-) Soma das intensidades
do modelo de Richter e o Espectro amorfo. C-) Variáveis do modelo de
Richter. D-) Variáveis da Gaussiana. ..................................................... 61
Figura 5.4 - Cálculo do Espectro Raman para amostra com tempo de (a)5,
(b)10, (c)15, (d)20 e (e)30 minutos de ataque. ...................................... 63
Figura 5.5 - Cálculo do Espectro Raman para amostra com densidade de
corrente de (a)15, (b)30, (c)45, (d)60, (e)75, (f)90 e (g)105 mA.cm-2. ... 64
Figura 5.6 - O tamanho do cristalito em função do tempo de ataque. .............. 65
Figura 5.7 - O tamanho do cristalito em função da densidade de corrente. ..... 66
xvi
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Variações na condição de ataque eletroquímico. ......................... 26
Tabela 4.1 – Classificação do PS quanto ao tamanho do poro. ....................... 33
Tabela 4.1 - Imagens MEV da superfície do PS para diferentes tempos de
ataque. ................................................................................................... 35
Tabela 4.2 - MEV da face das amostras com densidade de corrente variada. 42
xviii
xix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CELSOL Células Solares
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
EB-PVD Deposição Física de Vapor por Feixe de Elétrons
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada
J Densidade de Corrente
JPS Densidade de Corrente Critica
LABEMAC Laboratório de eletroquímica e materiais carbonosos
LAS Laboratório Associado de Sensores e Materiais
MEV Microscopia Eletronica de Varredura
PL Fotoluminescência
PS Silício Poroso – Porus Silicon
SPG Serviço de Pós-Graduação
Teflon® Produto da DuPont
UNITAU Universidade de Taubaté
xx
xxi
LISTA DE SÍMBOLOS
µm Micrômetro
A Ampères
cm Centímetro
E Campo Elétrico
e- Portador de carga negativa
Ec Energia da banca de condução
Ev Energia da banda de valência
F- Íon de Flúor
FZ Zona de flutuação
h Constante de Planck
h Horas
H+ Íon de Hidrogênio
h+ Portador de carga positiva (Lacuna)
H2 Gás Hidrogênio
H2O DI Água Deionizada
HF Ácido Fluorídrico
In Índio
L Tamanho do Cristalito
Lw Largura da depleção da região de cargas espaciais
w Posição do pico do espectro Raman do Silício
m Metro
me Massa efetiva do Elétron
mh Massa efetiva da lacuna
xxii
min Minutos
nm Nanômetro
q Módulo do Vetor de Onda da Luz
s Segundos
Si Silício
SiF4 Tetrafluoreto de Silício
SiH Hidreto de Silício
SiO2 Dióxido de Silício
tma Diâmetro máximo de uma haste cristalina de silício
tmi Diâmetro mínimo de uma haste cristalina de silício
w(q) Relação de Dispersão de Fônons
wa posição do pico da gaussiana
Γ Largura a meia altura
Ω Ohm
( ) Intensidade do espalhamento Raman
xxiii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 5
2.1. Primeiros Estudos Eletroquímicos realizados no Silício ..................... 5
2.2. Noções Básicas da Formação dos Poros ................................................. 7
2.3. Mecanismo de Formação do Silício Poroso ............................................. 8
2.4. Formação do Silício Poroso ....................................................................... 11
2.5. Condições que influenciam a camada porosa ....................................... 14
3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ................................................. 21
3.1. Preparação do Substrato de Silício .......................................................... 21
3.2. Processo de Anodização para Obtenção do Silício Poroso .............. 23
3.4. Técnicas de Caracterização ........................................................................ 26
3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura ....................................................... 27
3.7. Espectroscopia de Espalhamento Raman .............................................. 29
4. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO SILÍCIO POROSO ............ 33
4.1. Análise por MEV ............................................................................................. 33
4.2. Análise por Perfilometria ............................................................................. 49
5. CARACTERIZAÇÃO DA CAMADA POROSA POR
ESPECTROSCOPIA DE ESPALHAMENTO RAMAN .......................... 55
5.1. Análise por Espectroscopia de Espalhamento Raman ....................... 55
5.2. Modelo de Confinamento de Fônons ....................................................... 56
5.2.1. Programa Desenvolvido para Calculo do Modelo de Confinamento
de Fônons ........................................................................................................ 60
5.2.2. Obtenção do Tamanho dos Cristalitos .................................................... 62
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 67
7. CONCLUSÃO ........................................................................................ 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 71
xxiv
APÊNDICE A - PARTICIPAÇÕES EM CONGRESSOS .................................. 81
1
1. INTRODUÇÃO
Segundo os cientistas, o Silício Poroso (PS) (PS, do Inglês: Porous Silicon) é
obtido por processos químicos de desgaste da superfície da placa de silício. O
PS tornou-se um material muito pesquisado após a descoberta de sua
propriedade de fotoluminescência no espectro visível e em temperatura
ambiente. O primeiro a observar este material peculiar foi Uhlir em 1956
(UHLIR, 1956), através da corrosão anódica do Si monocristalino em meio
aquoso com HF e densidade de corrente da ordem de mA/cm. Ao realizar o
experimento, Uhlir esperava-se que a oxidação devesse formar Dióxido de
Silício (SiO2), que reagiria com HF, resultando no tetrafluoreto de silício (SiF4),
o qual escaparia como um gás. De fato, foi observado um gás, mas era na
realidade gás hidrogênio (H2). Uhlir descreveu o material como uma espécie de
filme de sub-óxido de Si, que em vez de ser brilhante, era fosco preto,
vermelho ou marrom. Somente após 30 anos da sua descoberta, a sua
propriedade de fotoluminescência e eletroluminescência no visível e em
temperatura ambiente foram descobertas (CANHAM, 1990), aumentando assim
o nível de interesse das indústrias na produção de dispositivos optoeletrônicos
e estudos da comunidade científica (FRENCH et al., 1997). Uma característica
física do PS é sua porosidade, a qual pode variar dependendo das condições e
métodos de obtenção. O espectro visível observado na fotoluminescência do
PS estende-se de 540 a 850 nm, dependendo da porosidade da camada
(BAYLISS et al., 1994; ZHANG; BAYLISS, 1996). No entanto, sua propriedade
de emissão de luz não é totalmente compreendida pela comunidade científica,
onde existem várias teorias envolvendo este assunto.
O PS é considerado um material estruturado e constituído por cristalitos de Si
de dimensões micro/nanométricas que se distribuem aleatoriamente espaçados
por poros sobre o Si. As formas de obtenção mais conhecidas são através de
ataques químicos, eletroquímicos e exposição a vapor. Cada técnica resulta
em uma morfologia diferente (MACEDO, 2006). Neste trabalho, adotou-se a
técnica eletroquímica, que permite a obtenção de uma camada porosa mais
2
homogênea em relação às técnicas descritas acima, pois existe o controle do
fluxo de corrente e da taxa de ataque (MIRANDA, 2009).
Durante o processo, a corrente elétrica que flui pelo substrato é uniforme.
Genericamente, ocorre a formação de poros na superfície quando a corrente
elétrica flui da interface do Si para a solução, fornecendo portadores elétricos
(lacunas) para a interface.
O PS pode apresentar diversas estruturas, dependendo do tipo de dopante,
concentração do eletrólito e potencial de anodização. Seu processo de
formação é também função da intensidade de luz, densidade de corrente e
orientação cristalográfica. Sua porosidade e o tamanho do poro podem variar
amplamente dependendo dos parâmetros eletroquímicos e das condições de
dopagem da lâmina inicial de Si (PROPST; KOHL, 1994; PONOMAREV; LÉVY-
CLEMENT, 2000; KANG et al., 2003).
Um dos eletrólitos convencionais mais utilizados para formação do PS é
baseado na solução de HF (48%), água deionizada e etanol (95%), na
proporção de (1:2:1). Muitas outras composições de eletrólitos são sugeridas
na literatura (O’ HALLORAN et al., 1997) Entretanto, deve-se ressaltar que a
alta concentração de etanol na solução causa corrosão da superfície porosa
durante a formação do PS e, consequentemente, obtêm-se camada porosas
menos espessas que as processadas somente com HF (KANEKO et al., 1993).
Neste trabalho serão preparados dois conjuntos de amostras de PS através do
método eletroquímico. O primeiro conjunto com tempo de ataque variado e o
segundo sob densidade de corrente variada. Após o crescimento do filme
poroso, será investigada a evolução morfológica da camada porosa e também
estimado o tamanho dos cristalitos.
A dissertação está organizada da seguinte forma: no capítulo 2 é realizada uma
revisão bibliográfica, contendo, fatores históricos, noções básicas de formação
de poros, modelos que explicam a formação do PS e condições de ataque
3
eletroquímico que influenciam na produção de silício poroso. No capítulo 3, são
descritos os procedimentos experimentais realizados para a obtenção do PS. e
as técnicas de caraterização empregadas para análise da camada porosa. No
capítulo 4, é estudada a evolução da camada porosa e as propriedades tais
como tamanho do poro e profundidade do ataque por Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV). O capítulo 5 apresenta a caracterização das amostras de PS
através da técnica de Espectroscopia Raman e o estudo do tamanho dos
cristalitos aplicando o Modelo Teórico de confinamento de fônons junto ao
programa desenvolvido para realizar o calculo dos cristalitos. No capítulo 6, são
descritas as considerações finais deste trabalho. E finalmente, no capítulo 7
são apresentadas as conclusões.
4
5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Primeiros Estudos Eletroquímicos realizados no Silício
Está seção apresenta uma breve história da eletroquímica do Si. A
Eletroquímica é uma ciência muito mais velha do que a física de estado sólido
de semicondutores. As baterias já haviam sido construídas, por Volta em 1799,
quando Berzelius realizou o primeiro preparo de Si elementar, em 1823,
reduzindo SiF4 com potássio. Em 1854, Deville preparou Si por métodos
eletroquímicos. No entanto, demorou um século para uma compreensão mais
profunda do estado de semicondução ser desenvolvido. Em um dos primeiros
trabalhos sobre a junção de semicondutores e eletrólitos, por Brattain e Garrett
(1955), já se percebeu que a oxidação anódica controla os buracos e que
efeitos de corrente de multiplicação em eletrodos do tipo-n iluminados são
causados por injeção de elétrons durante o processo de dissolução química. O
primeiro transistor, no entanto, foi feito a partir de germânio, porque o Si
monocristalino não tinha sido obtido até 1950. O primeiro transistor baseado
em Si foi apresentado em 1954 por Teal.
O Si tem sido objeto de numerosas investigações eletroquímicas. As primeiras
tentativas experimentais para crescer óxidos sobre o Si foram realizadas por
Guentherschulze e Betz (1937). Schmidt e Michel realizaram um estudo mais
detalhado em 1957 (SCHMIDT; MICHEL, 1957), levando a um método de
oxidação anódica, utilizando padrões de luz sobre os eletrodos de Si tipo-n
(SCHMIDT et al., 1964). Uhlir (1956) foi o primeiro a relatar o PS quando
trabalhava com o processo de anodização sobre o germânio e silício. Uhlir
descreveu o material como um depósito fosco preto, marrom ou vermelho em
amostras de Si anodizado e timidamente supôs ser um sub-óxide de Si. Uhlir
descobriu que o suave ataque ocorreu para maiores densidades de correntes
com uma dissolução de valência de quatro (4e), enquanto em densidades de
correntes mais baixas a dissolução ocorreu com a evolução de hidrogênio em
uma valência de cerca de dois (2e). Pouco tempo depois, Fuller e Ditzenberger
6
(1956) relataram filmes semelhantes, que se desenvolveram sem qualquer
diferença de potencial aplicado em uma solução de HF/HNO3. Os filmes
anodicamente formados foram estudados com maior detalhe por Turner (1958)
e por Schmidt e Keiper (1959), enquanto que os filmes formados quimicamente
foram investigados por Archer (1960). Turner descobriu que o eletropolimento
ocorria a partir de valores acima da densidade de corrente crítica, o qual
aumentava com a concentração de HF e temperatura, mas diminuía com a
viscosidade. Ele interpretou este valor crítico para ser um resultado de
transferência de massa no eletrólito. Abaixo da densidade de corrente crítica,
observou um filme espesso de cor laranja-vermelho com uma aparência vítrea
e especulou que era um sub-óxido de Si. Turner (1958) assumiu que o SiO2
aparecia durante o eletropolimento, e observou oscilações no potencial para
densidades de corrente acima do valor crítico. Em 1960, Gee (1960) observou
a eletroluminescência (EL) anódica em diferentes eletrólitos de filmes crescidos
quimicamente ou electroquimicamente sobre eléctrodos de Si.
Em 1965, Beckmann (BECKMANN, 1965) investigou filmes de PS por meio de
Espectroscopia Infravermelha (IV). Beckmann encontrou que a composição
química dos filmes formados eletroquimicamente estão entre SiH e SiH2, e
interpretou isso como Si híbrido polimerizado. Ao contrário destes resultados,
os filmes crescidos quimicamente em misturas de HF e HNO3 mostraram
grandes quantidades de oxigênio. Em 1966, Memming e Schwandt
(MEMMING; SCHWANDT, 1966) apresentaram um mecanismo de dissolução
para eletrodos de Si em HF e propuseram que os filmes resultantes do ataque
eletroquímico eram SiF2. A dependência dos macroporos dos substratos tipo-n
com a orientação cristalográfica foi relatada por Theunissen e colaboradores
(1970). Nesse mesmo ano, os primeiros estudos das técnicas eletroquímicas
(DIKJ; JONGE, 1970) e ataque fotoeletroquímico (DITTRICH; FLEIETNER,
1995) do Si tipo-n foram publicados.
O número de publicações do processo eletroquímico do Si e do PS aumentou
rapidamente desde 1971. O primeiro modelo para formação de poros em
7
eletrodos de Si tipo-n, baseada no colapso da camada de depleção, foi
proposto por Theunissen em 1972 (THEUNISSEN, 1972). Em 1988, Lehmann
(LEHMANN, 1988) mostrou que os macroporos poderiam ser atacados por
padrões arbitrários usando um eletrodo de Si pré-estruturado tipo-n. Utilizando
a difração de elétrons, Arita e Sunohara provaram em 1977 (ARITA;
SUNOHARA, 1977) que o PS sobre o eletrodo de Si, independentemente de
seus dopantes, eram monocristalino com a mesma orientação do substrato.
Isto permitiu então concluir que a dissolução localizada gerava poros no
eletrodo e o substrato restante formava o PS. Bomchile e colaboradores
demonstraram em 1983 (BOMCHIL et al., 1983), utilizando absorção de gás,
que os diâmetros dos poros no PS poderiam ser tão pequeno como 2nm.
Em 1980, Unagami (UNAGAMI, 1980) realizou experimentos de oxidação
térmica no PS, o qual poucos anos mais tarde resultou na obtenção de um Si
isolante tecnologicamente baseado no PS oxidado.
Em 1984, Pickering e colaboradores (PICKERING et al, 1984) observaram a
fotoluminescência do PS no espectro visível, para uma temperatura de
aproximadamente 4.2 K. Em 1990, Caham (CANHAM, 1990) descobriu que o
PS era capaz de emitir fotoluminescência no visível em temperatura ambiente.
Com a descoberta desta surpreendente propriedade óptica, os estudos e
pesquisas sobre o PS cresceram estrondosamente, resultando em mais de mil
publicações, bem como, vários livros e revisões bibliográficas. Porém, até
1990-91 o entendimento da fotoluminescência permaneceu sem resposta,
quando em 1991, Lehmann e Gosele (LEHMANN; GOSELE, 1991) propuseram
o modelo quântico, que foi capaz de explicar a fotoluminescência do PS.
2.2. Noções Básicas da Formação dos Poros
A formação de poros é uma característica comum de muitos metais e eletrodos
semicondutores em condições anódicas. Produtos comuns, como por exemplo,
capacitores de alumínio, foram fabricados por décadas usando técnicas de
formação de poros eletroquímicas. No entanto, em muitos casos, a física de
8
formação e propagação de poros é pouco compreendida. O que faz com que a
diferença notável na taxa de dissolução entre a ponta dos poros e na parede
dos poros seja a questão fundamental para qualquer sistema que mostra a
formação de poros.
Nos próximos capítulos usaremos o termo “lacuna” ou “portador de carga
positiva” (h+) sempre se referindo a um defeito eletrônico, enquanto que
ataques no eletrodo serão designados como “poro”
2.3. Mecanismo de Formação do Silício Poroso
É surpreendente que um pedaço monocristalino de Si desenvolva em questão
de minutos uma estrutura porosa e esponjosa ou poros que crescem ao longo
de uma orientação cristalográfica devido a uma simples anodização em uma
solução com HF. A explicação de tais efeitos é um desafio para a imaginação
de qualquer pesquisador e muitos modelos de formação de poros têm sido
exaustivamente discutidos na literatura. Atualmente são destacadas três
hipóteses para a formação do PS: (1) modelo de Beale, (2) modelo de difusão-
limitada e (3) modelo quântico. O modelo mais básico é o modelo de Beale, por
isto será o primeiro ser discutido. Em sequência, o modelo da difusão-limitada
será apresentado e comparado com o modelo de Beale. Finalmente, uma
discussão do novo modelo quântico será apresentada.
(a) Modelo de Beale
Umas das primeiras propostas para a explicação da formação do silício poroso
por processo eletroquímico foi proposta por Beale em 1985 que não é tão
diferente das teorias da descarga eletrostática e ruptura dielétrica. As linhas do
campo elétrico geradas pelos eletrodos concentram-se em regiões irregulares
da superfície do Si (defeitos), obtendo um maior fluxo de corrente nestas
regiões, ocasionando um aumento da dissolução próximo as regiões
irregulares. A principal vantagem do modelo de Beale é sua construção em
diagramas de bandas de energia, barreira de Schottky e regiões de
9
esgotamento. A completa descrição do modelo de Beale se encontra nas Refs
(BEALE et al., 1985 e 1986).
(b) Modelo da Difusão-Limitada
A hipótese chamada de modelo da difusão-limitada também é uma proposta de
explicação para o mecanismo de formação dos poros no Si cristalino por
processo químico. Ela foi desenvolvida por Smith e Collins (SMITH; COLLINS,
1989), que consideraram a formação dos poros como resultado de uma difusão
de espécies eletroativas da solução para a interface do Si cristalino. Na
camada do substrato, essa difusão-limitada estaria relacionada com ocupações
aleatórias que teriam as extremidades dos poros como os sítios mais prováveis
de contato para as partículas difundirem-se para o substrato do semicondutor,
determinando, assim, irregularidades na superfície por processo de dissolução
seletiva.
O modelo de Beale e da difusão-limitada são adequados para explicar a
formação do PS, porém não contribuem para explicar as propriedades ópticas
da fotoluminescência.
(c) Modelo Quântico
O modelo quântico baseia-se em efeitos de tunelamento na estrutura de
dimensão nanométrica dos poros isolados eletricamente entre si pelo óxido de
Si. Nessas dimensões é confirmado que o semicondutor apresenta efeitos
quânticos específicos promovidos pelo confinamento geométrico. Entre as
propriedades do confinamento está o aumento da energia da banda proibida
necessária para que o elétron da banda de valência se desloque para a banda
de condução. Esse aumento da banda proibida diminui o comprimento de onda
emitido pelo material durante uma excitação passando do infravermelho para o
comprimento de onda no visível. Uma forma de avaliar o PS é através do
processo de anodização do Si, pois quando as paredes dos poros encontram-
se esgotadas de lacunas (h+), elas tornam-se protegidas da dissolução
10
química. Essa condição é possível de ser realizada em qualquer eletrodo de Si
sob polarização anódica.
Figura 2.1 - Esquema de uma amostra de PS com diâmetro de poro dp e espessuras
da haste cristalina máxima tma e mínima tmi. Fonte: Abramof (2006).
Lehmann e Gosele (LEHMANN; GOSELE, 1991), propuseram em 1991 um
modelo estrutural para amostras de PS para estudar as condições estruturais
da camada, nas quais fosse possível o acontecimento de efeitos de
tunelamento e, por conseguinte o aparecimento da fotoluminescência. A Figura
2.1 mostra o modelo proposto onde tma e tmi são os diâmetros máximo e
mínimo da haste cristalina e dp o diâmetro do poro. As relações tma/dp e
tmi/dp em função da porosidade também são mostradas. Os valores medidos
para as hastes cristalinas estão de acordo com os valores esperados para
efeitos de tunelamento. A condição para que ocorra depleção total nas paredes
dos poros é que o diâmetro máximo tma das hastes de Si cristalino seja menor
que duas vezes a largura da depleção da região de cargas espaciais, Lw
(tma<2Lw), condição esperada para que não ocorram reações no PS. Para
amostras altamente dopadas, Lw será pequeno o suficiente para que a
transferência ocorra por tunelamento de elétrons ou lacunas, continuando a
dissolução. Nas amostras tipo-p, não há região de carga espacial Lw para
produzir a depleção das paredes entre os poros e parar a reação durante a
11
polarização anódica. No entanto, é observada uma depleção das paredes. Foi
proposto, então, que a depleção é causada pelo confinamento quântico dos
portadores devido às reduzidas dimensões laterais das hastes. Esse
confinamento quântico leva a um aumento da energia potencial e, portanto, a
um incremento na energia da banda proibida de Ev para lacunas e Ec para
elétrons entre os poros. Essas regiões podem ser consideradas como ligações
quânticas de diâmetro tma ou em uma maior aproximação, consideradas como
ligações quânticas com o quadrado da seção transversal do lado de
comprimento tm. Para esse modelo temos que:
( ) (2.1)
( ) (2.2)
Onde h é a constante de Planck, mh a massa efetiva da lacuna e me a do
eletron.
O modelo apresenta diferenças consideráveis entre cálculos e resultados
experimentais, que foram atribuídas ao fato da geometria real do PS ser bem
mais complexa que a geometria básica proposta pelo modelo. Assim, o modelo
quântico para explicar a formação do PS e a fotoluminescência confirmou-se
como o mais aceito entre os pesquisadores (SMITH et al., 1992; CULLIS et al.,
1997).
2.4. Formação do Silício Poroso
O método convencional para formação do PS é através de um processo de
anodização sob condições galvanostáticas (TURNER, 1958). Neste processo,
o substrato de Si monocristalino, que pode ter tipos de dopagem e
resistividades diferentes, será o eletrodo de trabalho, que é polarizado
anodicamente. O contra eletrodo é formado por um metal inerte ao eletrólito,
12
normalmente constituído por grade ou chapa de platina. Estes eletrodos são
inseridos em uma cuba eletrolítica inerte ao eletrólito. Durante o processo de
anodização, a corrente elétrica que flui pelo substrato de Si é uniforme, devido
ao contato ôhmico na face oposta do mesmo. Genericamente, ocorre a
formação de poros na superfície do substrato de Si quando a corrente elétrica,
aplicada no processo eletroquímico, flui da interface do Si para a solução,
fornecendo portadores elétricos (lacunas) para a interface, de maneira que a
superfície do Si é oxidada pelos íons de F-, seguido pela formação do
complexo solúvel em água H2SiF6. A reação eletroquímica global para o
processo de dissolução do Si é descrita a seguir na Equação 2.3, (SMITH et
al., 1992).
Si + 6HF + 2h+ → H2 + H2SiF6 + 2H+ (2.3)
Os passos químicos durante a formação do PS podem ser expressos da
seguinte maneira:
Si + 2HF + 2h+ → SiF2 + 2H+ (2.4)
SiF2 + 4HF + → H2 + H2SiF6 (para reação anodicadi valente) (2.5)
Si + 4HF + 4h+ → SiF4 + 4H+ (2.6)
SiF4+ 2HF+ → + H2SiF6 ( para reação anódica tetravalente) (2.7)
Como pode ser observado na equação (2.1), o PS necessita de lacunas (h+)
para que possa ocorrer o ataque sobre a lâmina de Si. Como neste trabalho, foi
utilizado Si do tipo-n, o qual apresenta excesso de elétrons, foi necessário
utilizar uma fonte de iluminação, com comprimentos de ondas abaixo de 1100
nm, criar portadores de carga negativa e positiva. Os portadores de carga
negativa são atraídos pela diferença de potencial aplicada, permanecendo
assim as lacunas na superfície. Ao misturar H2O com HF, o HF se dissocia em
íons hidratados pelas moléculas de água H+ e F-. Assim, os íons F- interagem
com os átomos de Si presentes na superfície, removendo material da lâmina
para a solução em forma de H2SiF6, formando defeitos, os quais facilitam ainda
13
mais o ataque sobre a amostra de Si, originando poros. A Figura 2.2, exibe o
processo de formação do PS.
Figura 2.2 - Ilustração do processo de formação do PS.
O ataque não é homogêneo, devido à presença de irregularidades sobre a
superfície do Si. Os poros são originados na região abaixo da superfície do Si,
onde sempre haverá mais portadores positivos, fazendo assim com que o
ataque concentre-se em defeitos mais fundos (Figura 2.3).
14
Figura 2.3 - Ilustração da concentração de lacunas em regiões mais profundas do Si e
formação do poro.
Entre os outros métodos de obtenção do PS citados na literatura, destacam-se:
o processo de exposição em vapores químicos (MACEDO, 2006), corrosão
fotoinduzida (NOGUCHI; SUEMUNE, 1993) e induzida por laser (DIMOVA-
MALINOVSKA et al., 1996), ataque químico stain etching (FATHAUER et al,
1992) e ciclos de oxidação e corrosão (JONES et al, 1995) Todos estes
métodos têm como objetivo comum à obtenção de camadas de PS com alto
desempenho de emissão de luz e a maior estabilidade possível, sem afetar sua
rigidez mecânica. Entretanto, problemas como reprodutibilidade fazem com que
o método de anodização seja preferencialmente adotado, além de possibilitar a
obtenção de camada de PS de diversas espessuras e porosidades.
2.5. Condições que influenciam a camada porosa
As propriedades estruturais e ópticas de camadas do PS são fortemente
influenciadas pelos seus parâmetros de formação. O principal efeito da
variação dos parâmetros é a alteração da sua porosidade e consequentemente
a mudança de suas propriedades ópticas e eletrônicas.
15
Os principais fatores que influenciam a formação do PS são relacionados a
seguir:
a) Tempo de ataque;
b) Densidade de corrente;
c) Iluminação sobre a amostra durante a anodização;
d) Concentração do eletrólito - Etanol;
e) Orientação cristalográfica, e
f) Resistividade do Substrato.
a) Tempo de anodização eletroquímica
Considerando um processo de anodização onde a densidade de corrente e a
concentração do eletrólito são mantidas fixas, a profundidade ou espessura das
camadas porosas serão determinadas pelo tempo do processo. Maiores
tempos de anodização resultam em camadas com espessuras variadas, além
de ocasionar a anisotropia nas camadas porosas (ROSSOW et al, 1995). Outro
fator que conduz a uma maior anisotropia da camada porosa em função da
profundidade é a dificuldade do transporte das espécies reativas através dos
poros em direção à interface PS/substrato. Estudos relacionados com a
variação do tempo de ataque mostram que o tamanho do poro e espessura da
camada porosa aumenta com o tempo de ataque, e dependendo da
concentração do eletrólito ou densidade de corrente, ocorre a ruptura dos
poros, pois pequenos poros são criados e aumentam a tensão sobre a
superfície e formando morfologias mais complexas (LU; CHENG, 2007).
b) Densidade de corrente
A especificação da densidade de corrente (J) é muito importante na formação
do PS, quando todos os outros fatores permanecem constantes (tempo,
iluminação e solução). No processo de obtenção do PS por ataque
eletroquímico, existe um valor limite na J aplicada, conhecido como densidade
de corrente critica (JPS), que é a densidade de corrente máxima para a
16
obtenção de PS. A JPS pode ser descrita através da equação abaixo
(BALAGUROV et al., 2006):
(
) (2.8)
Onde: B = 3.3 x 109 mA/cm², E= 0,345 eV, k = 1,38 x 10-10 J/K ( constante de
Boltzmann), c é a concentração de HF no eletrólito, T é a temperatura absoluta
(em K).
Deste modo, para a formação do PS, é muito importante que a densidade de
corrente aplicada (J) seja mantida abaixo da densidade de corrente critica (Jps).
Assim, para valores de J<JPS, temos a formação de PS, pois os portadores de
cargas positivas ficam na superfície do Si, podendo interagir com os íons F- na
solução (WANG et al., 2010). Em baixa densidade de corrente os buracos do
eletrodo estão esgotados e o HF acumula na superfície do eletrodo, facilitando
a oxidação na superfície. Por outro lado, quando J >JPS, as lacunas (h+) são
insuficientes para consumir, pois os h+ são atraídos para a solução, devido à
presença do campo elétrico (E). Assim, o HF permanece sobre a superfície do
Si e torna-se ineficiente na formação do PS. Neste caso, ocorre o processo de
eletropolimento da superfície em vez da formação de poros. O tamanho do
poro depende do mecanismo de transferência de carga. Quando a densidade
de corrente aumenta em substratos muito dopados, a não homogeneidade
pode privilegiar o local do campo elétrico, que passará a atuar como sitio ativo.
Isto significa que algum sitio ativo pode permitir o consumo dos buracos
resultando em um local de dissolução (LEHMANN, 1995). Deste modo, a
densidade de corrente é um dos principais fatores que influenciam a estrutura
microscópica do PS. Em trabalhos experimentais observa-se que a utilização
de maiores densidades de corrente durante o processo de anodização produz
camadas porosas com maior intensidade luminescente e com deslocamento do
pico fotoluminescente para maiores energias em relação às amostras formadas
com baixa densidade de corrente. Alguns resultados experimentais
apresentados na literatura relacionam o deslocamento do espalhamento
17
Raman para menores energias e alargamento dos espectros com o aumento
da densidade de corrente, tomando-se como referência o substrato de Si,
indicando que com o aumento da densidade de corrente há um afinamento dos
cristalitos de Si nas camadas de PS (CHANG; LUE, 1995).
c) Iluminação sobre a amostra no processo de anodização
A iluminação pode afetar a morfologia das camadas porosas. Para o caso
específico de formação de PS a partir de substratos do tipo-n a iluminação é
fundamental, pois gera portadores minoritários (lacunas) necessárias no
processo de anodização. Assim, a geração de lacunas assistida por luz permite
um ataque adicional da estrutura dos poros, promovendo dissolução adicional,
reduzindo o tamanho dos poros (THÖNISSEN et al., 1996). A iluminação
durante a formação do PS envolve a fotogeração de portadores tanto na
interface entre o Si monocristalino quanto em toda a camada porosa. Para a
formação de poros nos substratos, tipo-p, geralmente não se utiliza luz, devido
ao excesso de buracos.
d) Concentração do Eletrólito - Etanol
O eletrólito mais utilizado no processo de anodização é o ácido fluorídrico (HF).
Menores concentrações de HF produzem camadas de PS com maior
porosidade. No entanto, alguns aditivos são misturados a esta solução para
otimizar a formação da camada de PS, atuando como surfactantes, reduzindo
as tensões superficiais do substrato, e possibilitando formar camadas porosas
com maior homogeneidade (BOMCHIL et al, 1983).
O aditivo mais utilizado para a formação do PS é o etanol. O etanol não
participa diretamente da reação, porém serve para aumentar a molhabilidade
da superfície do Si monocristalino e ajudar na formação dos poros e
penetração do eletrólito dentro dos poros, além de reduzir bolhas de
hidrogênio, geradas no processo de anodização, produzindo bolhas com
18
tamanhos menores e com maior facilidade de serem eliminadas da superfície
do filme, possibilitando formar camadas porosas com maior homogeneidade.
Entretanto, deve-se ressaltar que a alta concentração de etanol no HF causa
corrosão da superfície porosa durante a formação do PS e, consequentemente,
obtêm-se camadas porosas menos espessas que as processadas somente
com HF (KANEKO et al., 1993). Atualmente, o eletrólito convencional para
formação do PS é baseado na solução de HF (48%), etanol (95%) e água
deionizada, na proporção de 1:1:2. Muitas outras composições de eletrólitos
são sugeridas na literatura (O’HALLORAN et al., 1997).
e) Orientação cristalográfica
A orientação cristalográfica desempenha um papel muito importante na
formação do PS, pois os átomos superficiais de silício estão compactados de
maneiras diferentes sobre a superfície da lâmina, o qual está em contato direto
com a solução. A taxa de crescimento da camada porosa é maior para o
substrato com orientação (100) do que no substrato (110) e (111), onde os
átomos da superfície têm três ligações com os átomos internos na rede,
enquanto os da superfície (100) têm somente duas ligações e assim existe uma
ligação mais fraca comparada com as ligações do plano (110) e (111),
facilitando o desprendimento do átomo de Si da superfície e, desta maneira,
criando defeitos que facilitam no ataque do PS (SMITH; COLLINS, 1992;
LEHMANN; FOLL, 1988). Na Figura 2.4, são exibidos os três planos
cristalográficos mais simples. Estudos comparativos entre dopagem e
orientação cristalográfica dos substratos de Si concluem que a dopagem do
material é predominante em relação à orientação, através da análise de suas
características luminescentes (PHILIP et al., 1984).
19
Figura 2.4 - Orientação da ligação, para três planos cristalográficos comuns: (100),
(110) e (111). O Diagrama é representado em duas dimensões, à linha
tracejada indica superfície, que está entre a solução e o silício. A ligação
Si – F foi arbitrariamente escolhida, embora a ligação Si – HF seja a
mais provável. De todos os planos cristalográficos, somente o plano
(100) apresenta duas ligações simétricas direcionadas para a solução.
f) Resistividade e Dopagem do Substrato
O substrato utilizado para produção de PS pode ser do tipo-n, geralmente
dopado com átomos de fosforo, gerando elétrons livres pelo substrato ou do
tipo-p, geralmente dopado com átomos de boro, produzindo a falta de elétrons
(buracos / lacunas). Dependendo do nível de dopagem, existe uma variação na
resistividade do material e quanto mais dopado for o material, menor será a sua
resistividade e vice-versa.
20
É importante produzir camadas de PS sobre substratos de Si com diferentes
resistividades, pois a variação da dopagem dos substratos de Si influencia na
taxa de corrosão eletroquímica. Amostras de Si mais resistivas, apresentam
maior fotoluminescência (PL) que amostras mais dopadas, independente da
sua orientação cristalográfica. É importante ressaltar que camadas de PS
formadas através de substratos menos resistivos, apresentam uma natureza
anisotrópica, ou seja, a região superficial é mais porosa, e as camadas são
constituídas por uma matriz de longos buracos deslocando-se
perpendicularmente à superfície e separadas por hastes de Si (BERBEZIER;
HALIMAOUI, 1993).
21
3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Neste capítulo, são apresentados os métodos de preparo e caracterização dos
substratos de PS obtidos pela técnica eletroquímica. As etapas de preparação
das lâminas de Silício tipo-n serão descritas. Também serão descritas as
técnicas utilizadas para análise das propriedades morfológicas e estruturais
dos substratos de PS.
3.1. Preparação do Substrato de Silício
As amostras utilizadas foram de Si monocristalino tipo-n (dopado com fosforo),
com resistividade de 1-20 Ω.cm e orientação cristalográfica (100). Inicialmente,
as lâminas de Si são clivadas em pequenas amostras de 1x1 cm e, antes da
realização da anodização, as amostras têm que passar por um processo de
limpeza, com finalidade de retirar a camada de óxido e possíveis gorduras.
Para isso, as amostras são colocadas em um suporte de Teflon e mergulhadas
em solução de HF:H2O deionizada (1:10), onde permanecem por 1 minuto e
em seguida passam por um processo repetitivo, onde as amostras são
colocadas em um recipiente com água deionizada por 10 segundos e, em
seguida colocadas em outro recipiente com uma solução de HF e água
deionizadas nas proporções de (1:10). O processo é repetido 10 vezes e este
procedimento garante a retirada da camada de óxido e gorduras. Após esta
limpeza, é realizada a secagem das amostras com nitrogênio, para eliminar a
umidade sobre a amostra, que pode causar manchas ao serem secadas
naturalmente.
22
Figure 3.1 - Rede de platina (Catodo) e amostras de silício monocristalino, antes do
processo de obtenção do PS por ataque eletroquímico.
Após o término do processo de limpeza, é realizado o processo de metalização
com Índio (In) na região de trás da amostra utilizando a técnica de Deposição
Física de Vapor por Feixe de Elétrons (EB-PVD) (EB-PVD, do inglês: Electron
Beam Physical Vapor Deposition) (Figura 3.2). A espessura da camada de
índio depositado foi de aproximadamente 1 µm, para obter uma condução
elétrica sobre o eletrodo de trabalho (Si), esperando-se com isso uma maior
homogeneidade da camada porosa.
23
Figure 3.2 - Aparelho utilizado para realizar a técnica de EB-PVD para metalização da
parte de trás das amostras de Si.
3.2. Processo de Anodização para Obtenção do Silício Poroso
No processo de anodização para a obtenção do PS foram realizadas variações
nas condições de ataque (tempo de ataque, densidade de corrente e
iluminação), com o intuito de estudar as diferentes morfologias e cristalitos
obtidos em função da solução utilizada e também de comparar as modificações
que ocorrem nestas superfícies do PS quando alguns parâmetros
experimentais são alterados. O eletrólito foi colocado em uma célula
eletroquímica de polipropileno com dois eletrodos, sendo o Si o eletrodo de
trabalho e o contra eletrodo um disco de platina. A Figura 3.3 mostra a seção
de corte da célula eletroquímica onde o substrato de Si é considerado o anodo
e é mantido na posição horizontal. A área de contato do anodo com o eletrólito
possui diâmetro de 6,5 mm, sendo o sistema vedado por um oring. Um suporte
de Teflon® foi utilizado para manter o disco de platina fixo na posição
horizontal. A distância entre os dois eletrodos pode ser regulada através das
24
hastes do porta eletrodo de Teflon® e a tampa traseira da célula é rosqueada
como uma função de trava. O contato elétrico no anodo é realizado através de
um flange de latão que pressiona o substrato de Si contra o anel de vedação
da cuba, que mantém o latão fixa na traseira da amostra.
Figura 3.3 - Diagrama da cuba eletrolítica.(1) Eletrodo de Platina (Catodo), (2) Corpo
de teflon, (3) Oring, (4) Amostra de Silício, (5) Contato de latão (Anodo),
(6) Suporte da lâmpada.
25
Figure 3.4 - Processo de produção do PS por ataque eletroquímico.
3.3. Obtenção do PS por Anodização
Para obtenção do PS através do ataque eletroquímico foi utilizada uma solução
contendo HF (48%): água deionizada: etanol (95%) em uma proporção de
volume (1:2:1).
Utilizou-se um Potenciostato Microquímica MQPG-01 para o método
galvanostático. O eletrodo de trabalho utilizado foi o Si enquanto a rede de
platina foi utilizada como contra eletrodo. As amostras foram preparadas com
diferentes condições de ataque. A Tabela 3.1 exibe os dois conjuntos de
amostras preparados, sendo o primeiro com variação no tempo de ataque, e o
segundo com variação na densidade de corrente. Durante o processo de
ataque eletroquímico da lâmina de Si, a única condição que não foi alterada foi
a distância entre a lâmpada e a amostra que foi mantida em 20 cm. Depois da
anodização, as amostras de PS foram enxaguadas com água deionizada, para
eliminar vestígios do eletrólito, e secadas sobre gás nitrogênio (N2). Para
conservar a superfície do PS contra oxidação e umidade do meio ambiente, as
amostras foram introduzidas em um dessecador.
26
Tabela 3.1 - Variações na condição de ataque eletroquímico.
Conjunto de Amostras
Tempo de Ataque
(min)
Densidade de Corrente
(mA/cm²)
Eletrólito
(HF/H2ODI/Etanol)
Iluminação
(W)
Variação do Tempo de
Ataque Eletroquímico
5 75 (1:2:1) 50
10 75 (1:2:1) 50
15 75 (1:2:1) 50
20 75 (1:2:1) 50
30 75 (1:2:1) 50
Variação da Densidade de
corrente
20 15 (1:2:1) 50
20 30 (1:2:1) 50
20 45 (1:2:1) 50
20 60 (1:2:1) 50
20 75 (1:2:1) 50
20 90 (1:2:1) 50
20 105 (1:2:1) 50
3.4. Técnicas de Caracterização
Neste tópico, será apresentada uma breve descrição das principais técnicas
utilizadas para a caracterização dos substratos de PS. O PS foi caracterizado
quanto à morfologia por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e
Perfilometria e o tamanho dos cristalitos foi estimado pelo ajuste do Espectro
Raman utilizando o modelo de confinamento de fônons.
27
3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura
A principal função do MEV é produzir uma imagem de aparência tridimensional
varrendo em linhas paralelas à superfície de uma amostra com um feixe muito
fino de elétrons de energia variável, em geral de 10 a 50 keV. Assim, a forma e
o tamanho dos acidentes topográficos na superfície de uma amostra sólida
podem ser visualizados com uma resolução e riqueza de detalhes impossíveis
de serem alcançados em um microscópio óptico. É um instrumento muito
versátil e usado comumente para analise microestrutural dos materiais,
podendo também analisar a seção de corte transversal da amostra, permitindo
verificar detalhes de contorno de grão, diferenciação de fases, trincas e
interface. Este equipamento foi utilizado com o propósito de investigar a
morfologia formada na estrutura das camadas de PS com a variação dos
parâmetros experimentais. Neste trabalho, utilizou-se um Microscópio
eletrônico de varredura JEOL com capacidade de análise de energia dispersiva
por raios X (Figura 3.5).
Figura 3.5 - Equipamento utilizado para microscopia.
28
3.6. Perfilometria Óptica
A caracterização superficial das amostras de PS foi realizada através de um
perfilômetro óptico. Este instrumento é utilizado para fazer medições de
rugosidade, pois é capaz de traçar o perfil da superfície em duas ou três
dimensões. Existem basicamente dois tipos de perfilômetros: os mecânicos e
os ópticos. Perfilômetros mecânicos possuem uma espécie de apalpador que
desliza pela superfície da amostra ajustando-se aos seus contornos, os
movimentos verticais do apalpador são convertidos em sinais eletrônicos que
são interpretados de forma que se obtenham as características do relevo da
superfície. Esse equipamento, contudo, possui alguns comportamentos
indesejáveis tais como um tempo de medição muito prolongado, deformação
da superfície e erros nas medidas de rugosidade em função do tamanho do
apalpador. Em contrapartida, os perfilômetros ópticos eliminam esses
inconvenientes já que não necessitam de contato físico entre o instrumento e a
superfície a ser analisada. Nesse instrumento, um feixe de luz passa por um
divisor de feixes e metade do feixe refletido segue para a amostra e a outra
metade para uma superfície de referência que deve ser quase perfeitamente
plana. A diferença de fase entre os feixes de luz são medidos através das
franjas de interferência.
A topografia da superfície é então obtida depois de uma análise computacional
das medidas registradas pelos fotosensores. Perfilômetros ópticos possuem
também algumas desvantagens, uma delas é a ineficiência em traçar o perfil de
filmes parcialmente ou totalmente transparentes ao comprimento de onda
empregado. Softwares apropriados têm obtido bons resultados na correção
dessa e outras fontes de erro.
Para avaliar a influência na morfologia por diferentes condições de ataques
eletroquímicos, foi utilizando um perfilômetro óptico digital (Wyko, Modelo NT
1100, Veeco, EUA) o qual é conectado a uma unidade computadorizada
contendo o programa computacional Wyko Vision 32 (VEECO, EUA) para
29
análise dos dados. As medições dos parâmetros foram realizadas com um
aumento de 20X e em uma área de aproximadamente 0,069 mm2. Através dos
estudos de Perfilometria Óptica foi possível caracterizar a superfície da camada
porosa (Figura 3.6).
Figura 3.6 - Perfilômetro óptico (Wyko, Modelo NT 1100, Veeco, EUA*).
3.7. Espectroscopia de Espalhamento Raman
Trata-se de uma técnica que usa uma fonte monocromática de luz a qual, ao
atingir um objeto, é espalhada por ele, gerando luz de mesma energia ou de
energia diferente da incidente. A espectroscopia de espalhamento Raman é
baseada no efeito Raman. O espalhamento Raman pode ser observado na
Figura 3.7 explicado como sendo uma colisão inelástica entre um fóton
incidente e uma molécula em um determinado estado inicial de energia; o
termo “inelástico” denota o fato de que o processo de espalhamento resulta no
ganho ou na perda de energia pela molécula. Assim, as energias dos fótons
30
espalhados são maiores ou menores em relação à energia dos fótons
incidentes, através de incrementos quantizados (também chamados de
deslocamento Raman) que correspondem às diferenças de energia entre níveis
de energia inicial e final, seja eletrônico, vibracional, ou entre níveis rotacionais
da molécula em um gás, em um líquido ou em um sólido.
Figura 3.7 - Espalhamento de luz: (a) espalhamento inelástico (região Stokes), (b)
espalhamento elástico (Rayleiglt) e (c) espalhamento inelástico (região
anti-Stokes).
Estas diferenças são características intrínsecas de cada material e assim, a
espectroscopia de espalhamento Raman tem sido por muitos anos, uma
ferramenta para a investigação dos modos de vibração e rotação moleculares.
O espectro de espalhamento Raman também pode ser utilizado na
determinação dos tamanhos dos cristalitos, bem como na fração da fase
amorfa presente nas camadas de PS, além de permitir estimar a tensão
residual. A espectroscopia de espalhamento Raman pode também ser utilizada
ainda no estudo da fotoluminescência. Os espectros foram obtidos usando um
equipamento MicroRaman Sistema 2000 da Renishaw, do Laboratório
Associado de Sensores e Materiais (LAS) do INPE (Figura 3.8)
31
Figura 3.8 - Diagrama do espectrômetro de espalhamento Raman.
Os fótons incidentes são provenientes de um laser de Ar+ com potencia de 6
mW e comprimento de onda λ = 514,5 nm, o qual incide através de um espelho
praticamente transmissor acoplado a um microscópio ótico. Com isto, pode-se
focalizar um feixe de 0,45 um de diâmetro para uma objetiva de 50x (N.A.
0,75), o que permite a realização de analises de microestruturas. Os fótons
emitidos pela amostra são coletados pelo próprio sistema de lentes do
microscópio, que no caso inverso age como telescópio, e enviados para um
monocromador de rede que permite a separação espectral das frequências. Os
fótons separados são detectados por um sensor fotomultiplicador e os sinais
elétricos digitalizados e armazenados em um microcomputador. Os espectros
Raman são medidos em deslocamento Raman, dado em cm-1.
32
33
4. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO SILÍCIO POROSO
A caracterização morfológica da camada porosa foi feita utilizando MEV e
Perfilômetria Óptica e, com isto, foi possível observar a evolução da camada
porosa de acordo com a variação das condições de ataque eletroquímico, e
identificar como o tempo e densidade de corrente afeta a estrutura da camada
porosa, bem como, o diâmetro do poro, a profundidade do poro, rugosidade,
área superficial e espessura. Na Tabela 4.1, pode ser observada a
classificação do PS quanto ao tamanho dos poros segundo a União
Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) International Union of Pure
and Applied Chemistry (CULLIS et al., 1997).
Tabela 4.1 – Classificação do PS quanto ao tamanho do poro.
Tipo de Silício Poroso Tamanho dos poros (nm)
Microporos ≤2
Mesoporos 2-50
Macroporos >50
4.1. Análise por MEV
Utilizando MEV, foi possível observar a camada porosa em uma alta resolução,
que permite a observação dos poros com um aumento de 500x, 1000x e
5000x. Com a técnica de microscopia de varredura eletrônica foi possível obter
o tamanho médio dos poros e a espessura da camada porosa para cada
condição diferente de ataque eletroquímico e também fazer a análise da
evolução morfológica da camada porosa.
34
(a) Variação do Tempo de Ataque:
Diferentes tempos de ataques foram utilizados para verificar mudanças na
formação do PS. A Tabela 4.1 apresenta as amostras atacadas durante os
tempos de 5, 10, 15, 20 e 30 minutos, e com um aumento na resolução de
500x, e 1000x. Todas as amostras foram atacadas em solução HF/H2O
DI/Etanol (1:2:1) e densidade de corrente de 75 mA/cm² e sobre a iluminação
de uma lâmpada dicroica 50W.
35
Tabela 4.1 - Imagens MEV da superfície do PS para diferentes tempos de
ataque.
Tempo (min) 500x 1000x
5
10
15
20
30
36
Os estudos com tempo de ataque iniciaram-se para tempos de ataque de 1min.
No entanto, não foi observada a existência de poros através das imagens MEV,
apenas uma mancha bem fraca sobre as amostras. O valor mínimo para
observar a formação de poros, foi de 5 min. Isto não significa que não seja
possível obter PS com tempos inferiores a 5 min. Autores como Yaakob e
colaboradores (YAAKOBet al.,2012), observaram a existência de uma camada
porosa com apenas 30 segundos. Jingmei e Xuan (JINGMEI; XUAN, 2008),
observaram o aparecimento de poros com 1 minuto de ataque. Outros, como
Deb e colaboradores (DEB et al., 1994), obtiveram PS com 50 minutos de
ataque. Com as condições utilizadas neste trabalho, como a concentração de
HF no eletrólito, densidade de corrente, resistividade e orientação
cristalográfica da amostra, conseguiu-se obter o PS com tempo de ataque de 5
minutos.
A Figura 4.1 apresenta a evolução morfológica da camada porosa por imagens
de MEV. Na Figura 4.1(a), com tempo de ataque de 5 minutos, foi possível
observar o crescimento de poros maiores e também o aparecimento de poros
menores em maiores quantidades. Na Figura 4.1(b), com 10 minutos de ataque
é possível observar o aumento dos poros, juntamente com a formação de
fendas. Na Figura 4.1(c), para um tempo de ataque de 15 minutos, observa-se
uma melhor definição na fenda originando macroporos sobre a superfície do Si
(JEYAKUMARAN et al., 2007). Para este tipo de camada porosa, o poro foi
considerado como a distância entre os cristalitos envolvidos pelas fendas
(distância entre as paredes), como ilustrado pela seta na Figura 4.1(c). A partir
da Figura 4.1 (d) e (e), fica evidente que a camada porosa começa a se
estabilizar e os cristalitos começam a se quebrar devido ao aumento da tensão
superficial sobre do mesmo.
37
Figura 4.1 - Imagens MEV com aumento de resolução de 5000x das amostras de Si-
poroso obtidas por ataque eletroquímico, durante (a)5, (b)10, (c)15, (d)20
e (e)30 minutos.
Uma análise comparativa dos resultados mostra uma mudança da morfologia
em função do tempo de ataque. Através do MEV, foi possível estimar o
diâmetro dos poros que são obtidos entre as paredes da cada cristalito (Figura
4.2). Foi notado um grande aumento das distâncias entre os cristalitos para a
variação do tempo de ataque entre 5 a 15 minutos. Após os 15 minutos, não foi
observada uma grande variação entre as distancias dos cristalitos. Através
destes resultados, nos podemos afirmar que a aplicação de uma baixa
densidade de corrente para longos períodos de tempo resultam em uma
camada porosa homogênea. Outros autores também investigaram os
parâmetros para preparar o PS via ataque eletroquímico e analisar a superfície
porosa por MEV. Jeyakumaran e colocaboradores (JEYAKUMARAN et al.,
2007), relataram um aumento de 2,1 a 3,5 μm no diâmetro do poros para
tempos de ataque de 10 a 20 minutos. No entanto, para tempos de ataque
longos, como 30 e 40 minutos alguns poros têm suas paredes destruídas,
38
interligando pequenas porções da camada porosa com outros poros. Este
efeito, para altos tempos de ataque foi observado neste trabalho porém em um
tempo de 15 a 30 minutos. Acredita-se, que os poros foram destruídos em
tempos de ataque menores, devido ao uso de uma densidade de corrente
maior que a de Jeyakumaran, originando assim uma camada porosa com
formato de “trilha” que interliga os poros. Yaakob e colaboradores (YAAKOB et
al.,2012), também relataram uma mudança na morfologia da camada porosa
em função do tempo de ataque, observando que para tempo de ataque de 30 s
os poros eram finos e com ramificações laterais e, com o aumento do tempo de
ataque para 300 s, que os poros aumentaram seu diâmetro e não
apresentavam ramificações. Jingmei e Xuan (2008) observaram que o diâmetro
dos poros diminuíram de 20 para 10 nm com o aumento do tempo de ataque e
também uma modificação morfológica na superfície, ou seja, para longos
tempos de ataque pequenos poros emergiram levando à microestruturas
complexas.
Figura 4.2 - Diâmetro do poro obtido através das imagens MEV para diferentes tempos
de ataque.
39
Para investigar a morfologia em função a profundidade dos poros, as amostras
foram clivadas ao longo do plano horizontal após a anodização. A seção
transversal de cada amostra foi analisada. Destes resultados, a profundidade
do ataque pôde ser estimada. Durante os primeiros 5 minutos (Figura 4.3(a))
de ataque, os poros cresceram em uma direção paralela a superfície. O efeito
sobre o tempo de ataque torna-se aparente quando comparamos os tempos de
5 e 10 minutos. A direção preferencial de crescimento é a mesma, porém os
poros se tornam mais estreitos e não apresentam ramificações e atingem
profundidades maiores (Figura 4.3(b)). Para tempo de ataque entre 15 a 20
minutos, a superfície é mais atacada, permitindo a penetração do eletrólito em
regiões mais profundas, criando assim poros em direções perpendiculares aos
próprios poros, assim os poros começam a se ramificar em outras direções.
Para os tempos de 20 e 30 minutos, a morfologia da superfície não sofre
grandes mudanças, mas os poros e a profundidade do ataque aumentam
(Figura 4.3(d) e (e)). Com o aumento do tempo de ataque, a profundidade
mostrou ser maior, obtendo uma camada de PS mais espessa (Figura 4.4).
Autores como Arita e Jingmei (ARITA; SUNOHARA, 1977; JINGMEI; XUAN,
2008), também observaram um aumento na espessura da camada porosa em
função do tempo de ataque. Isto ocorre, pois à medida que o tempo de ataque
aumenta, existe o crescimento de novos poros e o aumento do estresse na
superfície, criando fissuras, que podem aumentar o diâmetro do poro e assim
permitir a penetração do eletrólito em regiões mais profundas. Yaakobe e
colaboradores (YAAKOB et al.,2012), mostraram que a espessura da camada
porosa aumenta linearmente em função do tempo, variando de 10 a 52 µm de
espessura, que estão completamente de acordo com os resultados do nosso
trabalho.
40
Figura 4.3 - Imagens MEV das seções transversais das amostras de PS obtidas por
ataque eletroquímico, durante (a)5, (b)10, (c)15, (d)20 e (e)30 minutos de
ataque.
41
Figura 4.4 - Profundidade do ataque para diferentes tempos.
(b) Variação da Densidade de Corrente:
A Tabela 4.2 exibe as amostras atacadas durante o tempo de ataque de 20
minutos, em solução HF/H2O DI/Etanol (1:2:1), lâmpada dicroica 50W e
densidades de corretes variadas. As correntes utilizadas foram de
5,10,15,20,25,30 e 35 mA. Como o diâmetro do oring é de 0,65 cm, para se
encontrar a densidade de corrente foi divido o valor da corrente medida pela
área circular do Oring, resultando nos valores 15, 30, 45, 60, 75, 90 e 105
mA/cm².
42
Tabela 4.2 - MEV da face das amostras com densidade de corrente variada.
Densidade de
Corrente
(mA/cm²)
500x 1000x
15
30
45
60
Continua
Continua
43
75
90
105
Na Figurar 4.5 é apresentada a evolução morfológica da superfície das
amostras de PS. Para valores com densidade de corrente abaixo de 15 mA/cm²
e nas condições utilizadas, não foi observado aparecimento de poros. Com a
aplicação de uma densidade de corrente de 15 mA/cm² (Figura 4.5(a)) foi
observada a primeira aparição de pequenos poros. Durante todo o estudo da
evolução morfológica em função da densidade de corrente, a maior variação da
morfologia da camada porosa foi entre 15 a 30 mA/cm². Aplicando 30 mA/cm²
(Figura 4.5(b)) surgiu uma estrutura mais complexa, devido ao aumento do
fluxo de corrente, aumentando assim o ataque sobre a amostra. Este aumento
causou uma ruptura nos poros, interligando-os entre si, formando pequenas
rachaduras.
Uma nova morfologia começa a aparecer para valores entre 75 a 105 mA/cm²,
apresentando um formato de “estrela” (Lehman et al, 2002). Esta estrutura,
Tabela 4.2 - Conclusão
Continua
44
também foi observada para o estudo com tempo de ataque variado, onde se
inicia para os tempos de 20 e 30 min (Figura 4.1 (d) e (e)). Aparentemente, as
imagens MEV da superfície das amostras não apresentaram uma grande
modificação na sua morfologia quando comparada com os resultados da
profundidade do ataque, que serão exibidos a seguir (Figura 4.7).
Figura 4.5 - Imagens MEV com aumento de resolução de 5000x das amostras de PS
obtidas por ataque eletroquímico, com (a)15, (b)30, (c)45, (d)60, (e)75, (
f)90 e (g)105 mA/cm².
45
Através da análise das imagens MEV, foi obtido o diâmetro médio do poro
presente na superfície da camada porosa. A Figura 4.6 exibe o gráfico do
diâmetro do poro em função da densidade de corrente. À medida que a
densidade de corrente foi aumentada o diâmetro médio destes aumentou
também, até que em 75 mA/cm² a morfologia da camada porosa não
apresentou diferença significativa para valores maiores de densidade de
corrente. Deste modo, foi feita a média aritmética do diâmetro dos poros para
as amostras com densidade de corrente entre 75 e 105 mA/cm², resultando em
9,22 µm.
Figura 4.6 – Diâmetro do poro obtido por MEV para diferentes densidades de corrente.
46
Figura 4.7 - Imagens MEV da secção transversal das amostras de PS obtidas por ataque eletroquímico, com (a)15, (b)30, (c)45, (d)60, (e)75, ( f)90 e (g)105 mA/cm².
Após caracterização da superfície das amostras de PS através do MEV, as
amostras foram clivadas para análise da secção transversal (Figura 4.8).
Apesar da Figura 4.5 revelar pouca variação na morfologia da superfície das
amostras de PS, as imagens MEV de sua secção transversal apresentadas na
Figura 4.8 apresentam profundidades e tipos de poros extremamente variados.
A amostra com 15 mA/cm² (Figura 4.7(a)) apresentou poros largos, sem
47
ramificações e com crescimento dos poros em direção paralela a superfície.
Com o aumento da densidade de corrente para 30 mA/cm² (Figura 4.7(b)), os
poros obtidos foram mais profundos e largos, crescendo aparentemente em
direções desordenadas. Aumentando para 45 mA/cm² (Figura 4.7(c)),
observou-se que o Si foi atacado mais profundamente, criando poros
superficiais com ramificações que se estendem à uma profundidade de
aproximadamente 40µm. Foi observado que para valores maiores que 45
mA/cm² os poros começam a apresentar ramificações e também um aumento
na profundidade do ataque em função da densidade de corrente. A Figura 4.8
apresenta o gráfico da profundidade do ataque em função da densidade de
corrente, onde se verifica uma tendência linear da profundidade com o
aumento da densidade de corrente.
Figura 4.8 - Profundidade do ataque em função da densidade de corrente.
48
Para finalizar as análises com MEV, aumentou-se a resolução 10000x. Deste
modo, foi possível verificar a presença de nanoestruturas que estão presentes
na superfície das amostras e dentro das paredes dos poros e trincas (Figura
4.9), as nanoestruturas serão estudadas a partir do Capitulo 5.
Figura 4.9 - Ocorrência de nanoestruturas na amostra de silício poroso.
49
4.2. Análise por Perfilometria
Utilizando o Perfilômetro Óptico foram analisadas as características superficiais
das amostras de PS com variação do tempo de ataque e densidade de
corrente (profundidade superficial do poro, rugosidade média e área
superficial). As medições dos parâmetros foram realizadas com um aumento de
20X em uma área de aproximadamente 0,069 mm².
(a) Variação do Tempo de Ataque
Os resultados mostram que aumentando o tempo de ataque (Figura 4.10),
aumenta a rugosidade média bem como o da área superficial. Este fato, é
justificado pelo aumento do diâmetro e aparecimento das trincas (mostrado nas
imagens MEV), o que leva a uma presença irregular na superfície. O aumento
da área superficial foi de aproximadamente 131% para a amostra com 30
minutos de ataque. Miranda (MIRANDA, 2009), obteve PS pelo processo
eletroquímico, utilizou uma solução contendo HF e acetonitrila, e depositou
diamante sobre o substrato (PS). Deste modo, a acetonitrila tinha a finalidade
de aumentar o diâmetro dos poros e não a sua profundidade, aumentando
assim a área superficial do PS. Assim, o PS pode ser utilizado como um
excelente substrato para deposição de filmes que necessitam de uma grande
aderência.
Finalmente, a profundidade em função do tempo de ataque, obtido pelas
imagens MEV da secção transversal das amostras, teve valor superior ao valor
obtido através do perfilômetro óptico, porém com a mesma tendência de
aumento em função do tempo. Tal fator pode ser justificado, pois o feixe de luz
emitido pelo perfilômetro durante a caracterização somente alcança os poros e
fendas da superfície. No entanto, ambas as caracterizações mostraram
comportamentos semelhantes.
50
(a)
(b) Figura 4.10 - Resultados obtidos com Perfilometria Óptica para amostras com
tempo de ataque variado. (a) Profundidade, (b) Área Superficial e
(c) Rugosidade (Continua)
51
(c)
Figura 4.10 - Conclusão
No caso do PS, a rugosidade aumenta à medida que novos poros e
imperfeições sobre a camada porosa vão aparecendo. Os resultados da Figura
4.10 (c) indicam que com o aumento do tempo de ataque, os poros vão
imergindo da camada porosa e este resultado está de acordo com a Figura 4.1.
(b) Variação da Densidade de Corrente
Através da Figura 4.11, observa-se que a densidade de corrente teve um efeito
significativo nas características do PS. A Figura 4.11(a) sugere um aumento na
profundidade do poro até a densidade de corrente de 40 mA/cm², todavia
verifica-se uma estabilização na profundidade do poro a partir da amostra com
75 mA/cm², indicando que o aumento da densidade de corrente não afeta de
maneira considerável a profundidade do poro.
52
Comparando-se os resultados da profundidade obtidos por MEV (Figura 4.4 e
4.8) com os resultados da profundidade obtidos por Perfilômetria Óptica (Figura
4.10(a) e 4.11(a)), observa-se que o Perfilômetro Óptico não oferece
confiabilidade com relação à profundidade do ataque, pois seu feixe de luz não
consegue alcançar camadas muito profundas. Isso mostra que a análise da
secção transversal por MEV é a mais eficiente para análise de profundidade de
ataque ou poro.
(a)
Figura 4.11 - Resultados obtidos com Perfilometria Óptica para amostras com
densidade de corrente variada. (a) Profundidade, (b) Área
Superficial e (c) Rugosidade (Continua).
53
(b)
(c)
Figura 4.11 - Conclusão.
54
A partir dos resultados da área superficial (exposto na Figura 4.11(b)), pode-se
observar que, com o aumento da densidade de corrente, a área superficial
também aumenta. Todavia, os valores tornam-se aproximadamente constantes
nas amostras com densidades de corrente entre 60 a 105 mA/cm². A área
superficial presentou um aumento de 185% para a amostra com densidade de
corrente de 90 mA/cm². O aumento na rugosidade e área superficial
evidenciado pela Figura 4.11 (b) e (c) indicam que assim como ocorreu com o
tempo de anodização, o aumento da densidade de corrente provoca um
aumento no número de poros, resultado que corrobora com as imagens obtidas
em MEV.
55
5. CARACTERIZAÇÃO DA CAMADA POROSA POR
ESPECTROSCOPIA DE ESPALHAMENTO RAMAN
5.1. Análise por Espectroscopia de Espalhamento Raman
A técnica de Espalhamento Raman é um método não destrutível muito utilizado
para analisar a superfície de materiais, bem como filmes finos como no caso do
PS. Com o espectro de espalhamento Raman de primeira ordem do Si, pode-
se definir se o filme de Si é cristalino ou amorfo. Em um Si amorfo a regra de
seleção não pode ser aplicada, devido às tensões, que distorcem a rede do Si
e providenciam mais níveis de vibrações (desordenados) na rede do Si
(CAMPBELL; FAUCHET, 1986). Para o caso do PS, existe um alargamento do
Espectro Raman, modificando sua posição do pico e alargamento do espectro,
devido às tensões e distorções da rede. Pode ser observada uma pequena
contribuição gaussiana, o pico aproximadamente em 500 cm-1, que faz parte da
fase amorfa (ABRAMOF, 2006).
Os chamados cristalitos são encontrados no PS em diversos tamanhos. Os
cristalitos são pequenos cristais, geralmente microscópicos, unidos através de
fronteiras altamente defeituosas, constituindo um sólido policristalino. O
tamanho do cristal é normalmente medido por parâmetros de difração de raios
X e o tamanho de grão por outras técnicas experimentais, como microscopia de
transmissão eletrônica. A maioria dos materiais são policristalinos, formados
por um grande numero de cristais únicos – cristalitos – mantidos juntos por
uma camada fina de solido amorfo, ou seja, são constituídos por um pequeno
arranjo atômico cada um com a sua própria orientação cristalográfica diferente.
O tamanho do cristalito pode variar de poucos nanômetros a vários milímetros.
O espectro Raman de primeira ordem para o Si cristalino à temperatura
ambiente corresponde ao intervalo de aproximadamente 300 a 600 cm-1 e
apresenta um estreito pico centrado em 520,5 cm-1, simétrico e com largura a
meia altura de 4,5 cm-1. Para o PS o pico Raman ocorre deslocado para
energias menores, entre 500 a 520,5 cm-1, com um evidente alargamento
56
assimétrico devido à baixa dimensionalidade dos cristalitos que compõem a
camada porosa. O pico do Si cristalino puro é bem definido, pois seus átomos
se encontram bem orientados e, portanto, existem poucos fônons distribuídos
pela rede do Si. À medida que as irregularidades passam a existir a largura do
espectro começa a sofrer uma relaxação, criando diferentes arranjos atômicos
para os átomos de Si. Deste modo existem mais fônons distribuídos próximos
ao pico do Si cristalino, o que ocasiona o alargamento do pico. Além disso, o
pico Raman apresenta-se superposto a uma banda simétrica centrada por volta
de 480 a 500 cm-1, a qual corresponde à fase amorfa do Si. O espectro
expandido de 300 a 8000 cm-1 corresponde à resposta de fotoluminescência
caracterizada por uma larga e simétrica banda centrada em torno de 4500 cm-1.
A literatura conta com alguns estudos sobre o PS utilizando espectroscopia de
espalhamento Raman (MANOTAS et al., 2000; CHANG; LUE, 1995; SUI et al.,
1992).
5.2. Modelo de Confinamento de Fônons
Neste trabalho, para caracterização física e estrutural do PS
micro/nanoestruturados, o espectro de espalhamento Raman de primeira
ordem será simulado utilizando o modelo de confinamento de fônons, proposto
por Richter em 1981 (RICHTER et al.,1981) e estendido por Campbell e
Fauchet em 1986 (CAMPBELL; FAUCHET,1986). A ideia essencial desse
modelo é a associação do confinamento do fônon com as dimensões laterais
de cristalitos estruturados no material. Neste capitulo, são apresentados os
resultados da investigação por espectroscopia de espalhamento Raman para
amostras de PS produzidas por ataque eletroquímico.
O modelo de confinamento de fônons simula a curva do espectro Raman de
primeira ordem do Si. Para isto, propõe-se que a forma do cristalito seja
esférica e utilizando difração de raios x pode-se obter o tamanho dos cristalitos
(CAMPBELL; FAUCHET, 1986). Deste modo, os fônons estão aprisionados
dentro do volume da esfera e ajustando a curva do modelo de confinamento de
57
fônons com a curva experimental do espectro Raman, determina-se o tamanho
do cristalito do filme de PS. A ideia essencial desse modelo é a associação do
confinamento do fônon com as dimensões laterais de cristalitos estruturados no
material. Dessa forma, descrever o espectro Raman de primeira ordem em
termos do relaxamento da conservação do momento dos fônons confinados
nos nanocristalitos torna-se um conveniente método para caracterizar camadas
de PS.
Neste trabalho, foi utilizado o modelo de Richter. No modelo de confinamento
quântico de fônons a função de onda do fônon com vetor de onda em um
cristal infinito é:
( ) ( )
(5.1)
Onde ( ) tem a periodicidade da rede. Considerando que o fônon está
confinado em um volume de cristal com simetria esférica de diâmetro L, a
função de onda torna-se:
( )
( )
( ) ( ) ( ) (5.2)
Com ( ), expandida em série de Fourier:
( ) ∫ ( ) (5.3)
Logo o coeficiente ( ) será:
( )
( ) ∫ ( )
(5.4)
58
( )
( ) (
(
) ( ) )
(5.5)
Para , podemos escrever ( ) da seguinte forma:
( ) ( ) (5.6)
Para cristalitos em formatos esféricos, a intensidade do espectro Raman de
primeira ordem do Si é escrita como:
( ) ∫ ( )
( ( )) (Γ )
(5.7)
Onde w é o deslocamento Raman dado em cm-1, = 520,5 cm-1 é o
deslocamento Raman do pico de primeira ordem para o Si cristalino na
ausência de efeitos de desordem ou de tensão, ( ) ( ) é a
relação de dispersão do fônon, = 0,54 nm é o parâmetro de rede do Si
cristalino, e Γ ≈ 4.5 cm-1 e a largura de linha intrínseca do pico Raman do Si
cristalino. Por simplificação , devido à integral ser realizada em
uma casca esférica
O espectro de espalhamento Raman para o PS pode ser calculado
considerando apenas a contribuição da fase cristalina pelo modelo de
confinamento quântico. No entanto, em alguns casos torna-se importante
considerar a fase amorfa e, portanto, deve-se descrever o espectro com duas
componentes: a componente devida ao confinamento do fônon nos cristalitos
dada pela equação acima e a componente devida à fase amorfa descrita por
uma Gaussiana.
( ) ∫ ( )
( ( (
) ))
(
)
(√
)
( )
(5.8)
59
Utilizando a equação 5.6 na equação 5.8, temos o espectro Raman de primeira
ordem do Si, escrito como:
( ) ∫ (
⁄)
( ( (
) ))
(
)
(√
)
( )
(5.9)
Onde é a linha central da gaussiana, a é a largura de linha da banda
correspondente à fase amorfa e A e B são constantes de proporcionalidade.
Figura 5.1 - Cálculo do Espectro Raman para diferentes tamanhos de cristalitos.
O modelo de Richter foi estendido por Campbell e Fauchet em 1986
(CAMPBELL; FAUCHET, 1986), em vez de trabalharem com o confinamento
em um volume esférico, eles aplicaram o modelo para fônons contidos em um
formato cilíndrico e de filmes finos.
60
Figura 5.2 - Os três formatos de cristalitos; O esférico proposto por Richter. E o de filme fino e colunar expandido por Campbell e Fauchet.
Aplicando os formatos de filme finos (5.9) e colunar (5.10), temos os seguintes
valores para o Coeficiente de Fourier :
( )
(
)
(
√ ) (5.10)
( )
(
)
(
)
(
√ ) (5.11)
5.2.1. Programa Desenvolvido para Calculo do Modelo de Confinamento
de Fônons
Este programa já foi utilizado anteriormente por ex-alunos do grupo LABEMAC.
Iniciou-se com Abramof (ABRAMOF, 2006), para estimar o tamanho dos
cristalitos sob o PS produzido por ataque químico. Depois foi utilizado por
Ramos (2007), para estimar o tamanho dos cristalitos sob amostras de
diamante.
O programa para calculo do tamanho do cristalito foi desenvolvido primeira
mente em Matlab (ABRAMOF, 2006). Este trabalho teve como objetivo
melhorar este programa. Primeiramente, o programa foi reescrito em
61
Linguagem de Programação Python. O sistema de calculo da integral foi
melhorado, o que fez com que o programa fica-se mais rápido. Também foi
desenvolvida uma interface gráfica, para melhorar a visualização da equação
de Richter, facilitando assim a compreensão de cada variável. Além disso,
foram implementadas três bibliotecas de muita importância:
NumPy: é um pacote para a linguagem Python que suporta arrays e matrizes
multidimensionais, possuindo uma larga coleção de funções matemáticas para
trabalhar com estas estruturas.
SciPy: é uma biblioteca Open Source em Linguagem Python que foi feita
para matemáticos, cientistas e engenheiros. As integrais foram calculadas pelo
SciPY.
Matplotlib: é uma biblioteca de plotagem 2Dpython que produz figuras de
qualidade de publicação em uma variedade de formatos impressos e
ambientes interativos em todas as plataformas.
Figura 5.3 - Ilustração do programa desenvolvido para cálculo do tamanho dos cristalitos. A-)
Os pontos experimentais estão em vermelho, a linha tracejada azul representa o
modelo de confinamento de fônons e a verde representa a gaussiana para parte
amorfa. B-) Soma das intensidades do modelo de Richter e o Espectro amorfo. C-
) Variáveis do modelo de Richter. D-) Variáveis da Gaussiana.
62
O programa foi criado de modo que facilite a visualização das variáveis da
equação (5.8), melhorando assim os ajustes. Na região A-) foi utilizado o
cálculo modelo de confinamento de fônons e da Gaussiana separadamente,
afim de melhorar o ajuste manual. Após o melhor ajuste, a região B-) do
programa exibe a soma das duas equações (equação 5.8). Na região C-) foram
utilizadas barras, que servem para alterar os valores das variáveis da equação
do modelo de confinamento de fônons: (largura a meia altura), wo (posição do
pico) e L (tamanho do cristalito). Na região D-) as barras alteram apenas os
valores das variáveis da gaussiana: wa (posição do pico) , (largura a meia
altura) e B (constante de proporcionalidade). Após obter o melhor ajuste para
cada parâmetro utilizando o menor chi-quadrado, foi extraído o melhor tamanho
de cristalito (L).
5.2.2. Obtenção do Tamanho dos Cristalitos
A investigação do espectro Raman foi realizada no centro da amostra, variando
o deslocamento Raman de 300 até 600 cm-1. Para melhorar a confiabilidade
dos dados, foram realizadas várias medições do espectro Raman na mesma
posição para cada amostra, a fim de se obter uma média e um desvio padrão.
Muitos trabalhos realizaram medições do espectro Raman, sem se preocupar
com um melhor ajuste do espectro Raman com o modelo teórico. (RISTIC et
al., 2009; RANBER; PRAKASH, 2003; DOSSOT et al., 2011). A principal
preocupação foi com o melhor ajuste dos pontos experimentais e teórico. Deste
modo, após a obtenção do espectro Raman, foi realizado um “fit”, para
aumentar o número de pontos do espectro Raman e encontrar pontos mais
próximos ao pico do espectro Raman (a fim de melhorar o ajuste). A Figura 5.4
e Figura 5.5 apresentam o espectro Raman junto aos cálculos do modelo, para
as amostras de PS obtida com tempo de ataque e densidade de corrente
variada. Os pontos vermelhos correspondem aos pontos experimentais logo
após o fit e a linha azul representa o ajuste realizado utilizando-se a equação
do modelo de confinamento de fônons.
63
Figura 5.4 - Cálculo do espectro Raman para amostra com tempo de (a)5, (b)10, (c)15,
(d)20 e (e)30 minutos de ataque.
64
Figura 5.5 - Cálculo do espectro Raman para amostra com densidade de corrente de
(a)15, (b)30, (c)45, (d)60, (e)75, (f)90 e (g)105 mA.cm-2.
65
O tamanho do cristalito pode variar com as variações nas condições de
obtenção do PS. De acordo com a Figura 5.6, o tamanho dos cristalitos
obedece a um comportamento oscilatório, com uma leve tendência a diminuir
seu tamanho em função do tempo. Foram obtidos cristalitos com tamanho
aproximadamente de 10 a 12 nm.
Outros autores também estudaram a influência do tempo para o tamanho dos
cristalitos dispostos sobre o PS. Autores como Abramof e colaboradores
(ABRAMOF et al., 2004), que utilizaram a técnica de ataque químico para a
obtenção do PS, mostraram que o cristalito obedeceu a um comportamento
decrescente até os 4 minutos de ataque com tamanho entre 9 a 12,5nm. Após
este período, também foi relatado um comportamento oscilatório no tamanho
dos cristalitos. Jingmei (JINGMEI; XUAN, 2008), relatou que o tempo de ataque
tem alta influência sobre a morfologia e estrutura da camada porosa. Sendo
assim, observou que os cristalitos arranjados sobre o PS sofreram forte
influência, e decresceram com o aumento do tempo de ataque.
Figura 5.6 - O tamanho do cristalito em função do tempo de ataque.
66
A Figura 5.7, mostra que a densidade de corrente influencia no tamanho dos
cristalitos. Os cristalitos aumentaram em função da densidade de corrente,
variando de 9 a 12nm.
Conforme mostrado nas Figuras 5.6 e 5.7, o tamanho dos cristalitos
encontrados no centro das amostras estão entre 10 a 12 nm. Deste modo,
podemos afirmar que o tempo de ataque e densidade de corrente influencia
diretamente no tamanho dos cristalitos. Deb e colaboradores (DEB et al., 1994)
reforçam estes resultados, pois também utilizou o modelo de confinamento de
fônons com cristalitos no formato esférico para PS obtido por ataque
eletroquímico em condições parecidas a este trabalho. Deb observou que o
tamanho dos cristalitos variam sobre a camada porosa e que os cristalitos
menores se encontravam no centro das amostras e os maiores arranjados
sobre as bordas das amostras. Seus tamanhos eram respectivamente de 10
nm no centro da amostra e 30 nm nas bordas. Estes resultados encontraram
com grande concordância com os relatados deste trabalho.
Figura 5.7 - O tamanho do cristalito em função da densidade de corrente.
67
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, o PS foi produzido por ataque eletroquímico, em solução de
HF-Etanol. A formação do silício poroso foi estudada levando-se em
consideração o tempo de ataque e a densidade de corrente. Para isso, foram
utilizadas as técnicas de MEV, perfilometria óptica e Raman para a
caracterização das amostras. Utilizando-se o espectro Raman e aplicando-se o
modelo de confinamento de fônons, foi possível obter o tamanho dos cristalitos.
As amostras obtidas com tempo entre 5 e 10 minutos, apresentaram grandes
poros em pequenas quantidades e pequenos poros em maiores quantidades. A
transição do tempo de 10 para 15 minutos de ataque apresentou uma forte
variação na morfologia, com os pequenos poros se transformando em trincas,
tensionando a camada porosa e provocando a destruição dos poros. Para
tempos de ataque entre 20 e 30 minutos, observou-se a formação de poros em
formato de “estrela”, e também uma alta homogeneidade da camada porosa
entre os respectivos tempos. Observou-se que o diâmetro e a profundidade dos
poros aumentam com o aumento do tempo, bem como a rugosidade e área
superficial. A área superficial apresentou o seu maior aumento para amostra
com 30 minutos de ataque, que foi de aproximadamente de 131% com relação
à amostra de silício antes do ataque eletroquímico.
Para as amostras obtidas com a variação da densidade de corrente, observou-
se uma maior homogeneidade na morfologia de suas respectivas superfícies,
quando comparadas com as amostras obtidas com a variação do tempo. A
densidade de corrente mínima para a formação de silício poroso foi de 15
mA/cm². Abaixo deste valor, foram observadas apenas pequenas manchas
sobre a amostra, e através das imagens MEV não se conseguiu observar poros
sobre a superfície do silício. As imagens MEV, mostraram que a maior variação
morfológica da superfície ocorreu para valores entre 15 a 30 mA/cm², onde os
pequenos poros em grandes quantidades, sofreram rupturas e se interligaram
formando pequenas rachaduras sobre a superfície. Também foi observada, a
68
partir do valor de 75 mA/cm², a formação do poro em formato “estrela”, também
observado para tempo de ataque entre 20 a 30 minutos, também relatado na
literatura. Através do MEV, foi identificado o tamanho do poro bem como sua
profundidade. O tamanho do poro apresentou um significativo aumento nos
intervalos entre 15 a 30 mA/cm². A partir do valor de 30 a 105 mA/cm², a média
do tamanho do poro foi mantido quase que constante, ficando entre 6 e 7 µm.
Por outro lado, sua profundidade seguiu um comportamento muito linear,
aumentando em função do aumento da densidade de corrente, chegando até a
profundidade de 105 µm. A rugosidade apresentou um comportamento
crescente até 60 mA/cm². No entanto, com o aumento da densidade de
corrente, houve um comportamento oscilatório, diminuindo de 3 para 2,5 µm. O
valor da área superficial, também apresentou um comportamento crescente até
60 mA/cm². Após este valor, a área superficial apresentou um comportamento
constante. A amostra com 90 mA/cm² foi a que teve maior área superficial, um
valor de 0,197 mm², apresentando um aumento de 185% em relação a amostra
de silício.
As condições de tempo de ataque e densidade de corrente mostraram que
influenciam o tamanho dos cristalitos sobre o PS. Utilizando-se do espectro
Raman do PS foi possível aplicar o modelo de confinamento de fônons, para
obter o tamanho dos cristalitos. As amostras com tempo de ataque variado
apresentaram tamanho de cristalitos entre 10 e 11,7 nm. O tamanho do
cristalito em função do tempo de ataque foi decrescente e oscilatório. Com a
variação da densidade de corrente, observou-se o inverso, o tamanho dos
cristalitos ficou entre 9 e 12 nm e aumentou em função da densidade de
corrente, exibindo uma tendência linear. O intervalo do tamanho do cristalito
encontrado em outros trabalhos, que utilizam o modelo de confinamento de
fônons proposto por Richter, está entre 10 e 12 nm.
69
7. CONCLUSÃO
Esta dissertação apresentou importantes contribuições para o estudo e
compreensão do processo de formação do silício poroso obtido por
anodização. A morfologia resultante da camada porosa obtida foi analisada em
função do tempo de ataque e da densidade de corrente. Também foi estudado
e aprimorado um programa que estima o tamanho dos cristalitos, que são
responsáveis pela fotoluminescência apresentada pelo material, resultando em
dados mais precisos do que os apresentados na literatura.
Através das imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV), obteve-se
o diâmetro do poro e a profundidade do ataque. Também foi possível estudar a
evolução morfológica da camada porosa à medida que as condições do ataque
eletroquímico foram variadas. Utilizando-se o perfilômetro óptico foram
calculadas a rugosidade e a área superficial, porém não foi possível mensurar
a profundidade de ataque, pois os poros apresentam ramificações e, deste
modo, os fótons provenientes do perfilômetro óptico não conseguem extrair
informação da profundidade máxima que o ataque alcança. Sendo assim, as
medições da profundidade através das imagens MEV da secção transversal,
foram mais confiáveis.
Através da simulação do espectro de espalhamento Raman de primeira ordem
e utilizando o modelo de confinamento de fônons, um programa já existente no
laboratório para o cálculo do tamanho dos cristalitos que foi aprimorado,
resultou em uma forma mais rápida e útil de se estimar o tamanho dos
cristalitos. Para isso, foi introduzida uma interface gráfica que auxilia na
realização do melhor ajuste facilitando de forma considerável as analises.
70
71
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THÖNISSEN, M.; BERGER, M. G.; ARENS-FISCHER, R.; GLÜCK, O.;
KRÜGER, M.; LÜTH, H. Ilumination-assisted formation of porous silicon. Thin
Solid Films, v.276, n.1-2, p.21-24, 1996.
TURNER, D. R. Electropolishing silicon in hydrofluoric acid solutions. Journal
of the Electrochemical Society, v.105, n.7, p.402–408, 1958.
UHLIR, A. Electrolytic shaping of germanium and silicon. Bell System
Technology Journal, v.35, p.333, 1956.
UNAGAMI, T. Oxidation of porous silicon and properties of its oxide film.
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WANG, G.; CHEN, L.; QIN, X.; WANG, J.; FU, S.; DUANMU, Q. Influence of
etching current density on the morphology of macroporous silicon arrays by
photo-electrochemical etching. Journal of Semiconductors, v.31, n.7, p.1-4,
2010.
80
YAAKOB, S., ABU, M. B., ISMAIL, J., HANA, N. H. A. B. AND IBRAHIM. K. The
formation and morphology of highly doped N-type porous silicon: effect of short
etching time at high current density and evidence of simultaneous chemical and
electrochemical dissolutions. Journal of Physical Science, v.23, n.2, p.17-31,
2012.
ZHANG, Q.; BAYLISS, S.C. The correlation of dimensionality with emitted
wavelength and ordering of freshly produced porous silicon. Journal of
Applied Physics, v.79, n.3, p.1351-1356, 1996.
81
APÊNDICE A - PARTICIPAÇÕES EM CONGRESSOS
SILVA, L. M.; AMARAL JR., M. A.; SANTOS, M.; BALDAN, M. R.; BELOTO, A.
F.; FERREIRA, N. G. Influência da concentração de metano no crescimento de
filmes de diamante ultrananocristalino dopados com boro sobre substrato de
silício poroso. XXXIV Congresso Brasileiro de Aplicações de Vácuo na
Indústria e na Ciência. Ilhéus – BA, 21 a 25 de outubro de 2013.
SILVA, B. E. L.; AMARAL JR., M. A.; SILVA, L. M.; FERREIRA, N. G.;
BALDAN, M. R.; BELOTO, A. F. Effect of current density in optical and
morphological characteristics of porous silicon. XII Encontro da SBPMat.
Campos do Jordão – SP, 29 de setembro a 03 de outubro de 2013.
AMARAL JR., M. A.; SILVA, B. E. L.; SILVA, L. M.; PAES, T. F.; FERREIRA, N.
G.; BELOTO, A. F.; BALDAN, M. R. Caracterização e obtenção de silício
poroso através de ataque eletroquímico em solução de HF-etanol. 4º
Workshop de Engenharia e Tecnologia Espaciais. São José dos Campos –
SP, 06 a 08 de agosto de 2013.
SILVA, L. M.; PAES, T. F.; AMARAL JR., M. A.; BELOTO, A. F.; FERREIRA, N.
G.; BALDAN, M. R.; BERNI, L. A. Filmes de nanodiamante dopados com boro,
sobre substrato de silício poroso anodizados sob diferentes condições de
iluminação. 68º Congresso ABM Internacional. Belo Horizonte – MG, 30 de
julho a 02 de agosto de 2013.
AMARAL JR., M. A.; PAES, T. F.; SILVA, L. M.; BERNI, L. A.; FERREIRA, N.
G.; BALDAN, M. R.; BELOTO, A. F. Study of porous silicon by Raman
spectroscopy using the phonon confinement model. XXXVI Encontro Nacional
de Física da Matéria Condensada. Águas de Lindóia – SP, 13 a 17 de maio
de 2013.
PAES, T. F.; SILVA, L. M.; AMARAL JR., M. A.; BERNI, L. A.; FERREIRA, N.
G.; BALDAN, M. R.; BELOTO, A. F. Incident radiation influence in the formation
of porous silicon obtained by electrochemical etching in HF-acetonitrile solution.
XXXVI Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada. Águas de
Lindóia – SP, 13 a 17 de maio de 2013.
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