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COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA
CTEEP
ANDRE CALAIS SALLES
GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS DO PROGRAMA DE P&D ANEEL
São Paulo
2016
COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA
CTEEP
ANDRE CALAIS SALLES
GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS DO PROGRAMA DE P&D ANEEL
Projeto de estágio supervisionado, como requisito do Projeto de Estágio da
CTEEP.
São Paulo
2016
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................................................... 1
2. Objetivo ............................................................................................................... 2
3. Justificativa ......................................................................................................... 2
4. Referencial Teórico............................................................................................. 2
4.1 Gestão de Riscos em Projetos .................................................................... 2
4.2 Programa de Pesquisa e Desenvolvimento ANEEL .................................. 7
5. Projeto ................................................................................................................. 9
5.1 Avaliação final dos projetos de P&D ANEEL ............................................. 9
5.2 Gestão de Riscos aplicada aos projetos do programa de P&D ANEEL 10
6. Investimentos .................................................................................................... 16
7. Resultados Esperados / Conclusão ................................................................ 16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 17
FOLHA DE APROVAÇÃO ........................................................................................ 18
Lista de Figuras
Figura 1 - Ciclo de Gestão de Riscos .......................................................................... 3
Figura 2 – Valoração de Riscos .................................................................................. 5
Figura 3 - Valoración de Riscos por Recurso .............................................................. 6
Figura 4 - Valoração do Risco no Recurso ................................................................ 14
Figura 5 – Gráfico do Nível de Risco Puro para evento Reprovação de Projeto ....... 15
1
1. Introdução
Desde a implementação do programa de P&D ANEEL na CTEEP, em 2001,
em conformidade com a Lei nº 9.991, foram investidos cerca de R$ 70 milhões em
104 projetos de pesquisa e desenvolvimento. Os projetos envolveram parcerias com
universidades, laboratórios, centros de pesquisa e outras concessionárias para o
desenvolvimento ou aprimoramento de tecnologias e processos que venham atender
o setor elétrico brasileiro.
A companhia, num trabalho conjunto com as suas subsidiárias: IE Madeira,
IE Serra do Japi, IE Pinheiros, Evrecy, IEMG, IENNE e IESUL tem utilizado o
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da ANEEL como alavanca no processo
de inovação, proporcionando aos seus colaboradores a oportunidade de participar
de projetos em parceria com as melhores universidades, laboratórios e centros de
pesquisa do Brasil, contribuindo também para o aumento do número de profissionais
com especialização, mestrado e doutorado.
Neste contexto, a atividade de gestão de projetos é intensa, os projetos
estão sujeitos a eventos de impactos variados a todo o momento e este cenário
exige planejamento e ações eficazes. Segundo Júnior e Carvalho (2015, p. 238), o
risco é inerente à atividade de projeto, desta maneira, o gerenciamento de riscos se
confunde com o próprio gerenciamento de projetos. Se estivermos desenvolvendo
um projeto no limiar da fronteira tecnológica ou projetos muito complexos, que
envolvem centenas de empresas subcontratadas, a gestão de riscos é uma área
crítica.
A Gestão de Riscos em projetos pode identificar os eventos incertos que
afetam os projetos, mensurar o nível de risco a que eles estão expostos, mensurar o
apetite ao risco desses projetos e levantar os controles e medidas administrativas de
prevenção e proteção aos impactos e à probabilidade de ocorrência dos eventos de
risco.
Projetos do programa de Pesquisa e Desenvolvimento da ANEEL estão
sujeitos a diversos eventos de risco considerando as características específicas de
cada projeto e as exigências regulatórias a que eles estão sujeitos.
Este projeto de estágio é um estudo de aplicação da metodologia de Gestão
de Riscos em projetos do programa de P&D ANEEL da CTEEP e demonstra os
benefícios que a aplicação proporciona à gestão do programa.
2
2. Objetivo
Aplicar a metodologia de Gestão de Riscos em projetos do programa de
P&D ANEEL, considerando principalmente os riscos envolvidos na aplicação dos
recursos destinados ao programa.
Analisar as contribuições da Gestão de Riscos na etapa de seleção de
projetos do programa de P&D ANEEL da CTEEP.
3. Justificativa
Dentre as motivações para realização deste projeto de estágio, estão:
A importância do programa de P&D ANEEL da CTEEP que, desde
2001 já foram investidos mais de R$ 70 milhões em 104 projetos de
pesquisa.
A rigorosa avaliação final dos projetos de pesquisa feita pela ANEEL
que exige uma gestão de riscos nos projetos para atender aos
critérios de avaliação do programa.
A importância da gestão de riscos em projetos que, atualmente é pré-
requisito para aprovação do investimento em projetos de engenharia
da CTEEP.
4. Referencial Teórico
Este capítulo apresenta todo conteúdo teórico que sustenta o estudo deste
projeto de estágio. Isso inclui obras acadêmicas e metodologias aplicadas na
CTEEP.
4.1 Gestão de Riscos em Projetos
Segundo a Associação de Normas Técnicas Brasileiras (2009, p. 2), gestão
de riscos é definida como um conjunto de atividades coordenadas para dirigir e
controlar uma organização no que se refere a riscos.
Em 2016 as atividades de Gestão de Riscos em Projetos na CTEEP foram
retomadas utilizando metodologia com base em referenciais como COSO, NBR ISO
31000 de Gestão de Riscos e diretrizes da sua holding ISA (Interconexión Eléctrica
S.A.). A iniciativa utilizou dois projetos de engenharia como pilotos e contou com o
apoio imprescindível das áreas envolvidas no projeto para a realização do exercício.
3
A Gestão de Riscos sempre existiu na CTEEP, porém, as atividades se
intensificaram em 2016 quando a CTEEP passou a se preparar para participar de
novos leilões e, como consequência, as atividades de Gestão de Riscos em Projetos
se tornaram um pré-requisito para a aprovação de investimento em projetos de
engenharia.
No planejamento do projeto, a gestão de riscos mapeia todo evento incerto
que afeta o projeto, mensura sua probabilidade de ocorrência, seu impacto nos
recursos financeiro, prazo e reputação e levanta os controles que irão reduzir ambas
probabilidade e impacto do evento em análise.
A identificação dos riscos é feita partindo da análise da linha de base da
composição do CAPEX dos projetos, que contém aspectos já considerados para o
projeto em questão.
O processo segue o ciclo de Gestão de Riscos (Figura 1) e envolve a
elaboração de uma matriz de riscos com cinco seções: Identificação de Riscos,
Análise Qualitativa – Valoração do Risco Puro, Gestão dos Controles, Análise
Qualitativa – Valoração de Risco Residual e Impacto.
Figura 1 - Ciclo de Gestão de Riscos
Na Identificação de riscos, é apresentada a descrição de todos os eventos
de risco identificados no projeto, descrição das causas, consequências destes
4
eventos de risco, a etapa do projeto em que se apresentam e em que grupo de risco
se enquadram da metodologia corporativa, tais grupos são: Tecnologia da
Informação, Ambiental, Capital Humano, Erros e Omissões, Falta de Equipamentos
e Materiais, Financeiro, Social, Falha de Equipamentos e materiais, Fenômenos
Naturais, Fraude, Fornecedores, Jurídico Regulatório, Governabilidade e Predial.
Na Análise Qualitativa – Valoração do Risco Puro é apresentada a
probabilidade de materialização do evento, a valoração referente aos custos do
projeto (severidade, nível de severidade, valor esperado e nível de risco), valoração
referente ao tempo do projeto (severidade de prazo, nível de severidade, valor
esperado, nível de risco), valoração referente à reputação (severidade, nível de
risco) e comentários para explicar as métricas utilizadas na valoração.
Na Gestão dos Controles são descritos os controles (medidas
administrativas de prevenção e proteção), responsáveis pela implementação dos
controles, etapa em que se aplica (estruturação, execução e operação), data final –
periodicidade, custo do controle e comentários para a métrica utilizada e maiores
explicações.
Na Análise Qualitativa – Valoração do Risco Residual é levantada a
probabilidade do evento de risco, nível de probabilidade, valoração sobre o custo do
projeto (Severidade, nível de severidade, valor esperado e nível de risco), valoração
referente ao tempo do projeto (Severidade tempo, nível de severidade, valor
esperado, nível de risco), valoração referente à reputação (severidade, nível de
risco) e são apresentados comentários para a métrica utilizada e maiores
explicações.
Por fim, é definido se o Impacto do evento de risco afeta o escopo e a
qualidade do projeto.
A matriz concluída proporciona uma visão integrada de todos os eventos
incertos que afetam o projeto, seus respectivos valores de impacto, suas
probabilidades de ocorrência e os controles para prevenção e proteção frente aos
efeitos desses eventos de risco.
Com o preenchimento da matriz concluído, os eventos de risco irão compor
um mapa de nível de risco composto por um gráfico de probabilidade por severidade
classificando-os em uma escala de quatro níveis (leve, moderado, crítico e muito
crítico) conforme a Figura 2 demonstra.
5
Figura 2 – Valoração de Riscos
PROB.
MUITO ALTA
ALTA
BAIXA
MUITO BAIXA
LEVE MODERADO CRÍTICO MUITO
CRÍTICO
SEVERIDADE
Os eventos são distribuídos em dois gráficos, um da valoração do risco puro
e outro da valoração do risco residual para cada um dos impactos (reputação, prazo
e custo). Para melhor entendimento, vide Figura 3 na página a seguir.
6
Figura 3 - Valoración de Riscos por Recurso
PROB. PROB.
PROB. PROB.
PROB. PROB.
VALORAÇÃO DE RISCOS
CUSTO DO PROJETO
MATRIZ VALORAÇÃO PURA CUSTO DO PROJETO MATRIZ VALORAÇÃO RESIDUAL CUSTO DO PROJETO
MUITO ALTA MUITO ALTA
ALTA ALTA
BAIXA BAIXA
MUITO BAIXA MUITO BAIXA
CRÍTICA MUITO CRÍTICA
SEVERIDADE SEVERIDADE
TEMPO DO PROJETO
MATRIZ VALORAÇÃO PURA TEMPO DO PROJETO MATRIZ VALORAÇÃO RESIDUAL TEMPO DO PROJETO
MUITO LEVE LEVE CRÍTICA MUITO CRÍTICA MUITO LEVE LEVE
ALTA ALTA
MUITO ALTA MUITO ALTA
BAIXA BAIXA
MUITO BAIXA MUITO BAIXA
CRÍTICA MUITO CRÍTICA
SEVERIDADE SEVERIDADE
REPUTAÇÃO
MATRIZ VALORAÇÃO PURA REPUTAÇÃO MATRIZ VALORAÇÃO RESIDUAL REPUTAÇÃO
MUITO LEVE LEVE CRÍTICA MUITO CRÍTICA MUITO LEVE LEVE
ALTA ALTA
MUITO ALTA MUITO ALTA
BAIXA BAIXA
MUITO BAIXA MUITO BAIXA
CRÍTICA MUITO CRÍTICA
SEVERIDADE SEVERIDADE
MUITO LEVE LEVE CRÍTICA MUITO CRÍTICA MUITO LEVE LEVE
7
O risco puro é o gerado na primeira análise qualitativa da matriz em que não
são considerados os controles internos, como se a empresa e o projeto estivessem
expostos completamente ao evento de risco. Já o risco residual é mensurado após o
levantamento dos controles que irão reduzir a probabilidade de ocorrência dos
eventos e seus impactos nos recursos reputação, prazo e custos.
O objetivo da gestão de riscos é a redução do nível de risco dos eventos
identificados frente às medidas administrativas aplicadas, a distribuição das matrizes
permite a visualização da evolução do risco puro para o residual.
4.2 Programa de Pesquisa e Desenvolvimento ANEEL
A Lei nº 9.991/2000 estabelece os investimentos mínimos em P&D a serem
realizados pelas empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor.
Regulamentada pelo Decreto n.º 3.867, de 16 de julho de 2001, e em atendimento
ao Art. 4º, inciso II dessa Lei, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por
meio de publicação de Resolução Normativa, aprova o Manual do Programa de
Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, contendo os
parâmetros para execução dos projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(PD&I) e para seu acompanhamento e avaliação. Por lei, as empresas do setor
devem, compulsoriamente, investir uma parcela da sua Receita Operacional Líquida
(ROL), calculada conforme procedimento estipulado pela ANEEL, no Programa de
P&D regulado pela ANEEL. Cabe à empresa realizar e/ou articular as atividades de
PD&I com centros de pesquisa, universidades e o setor produtivo em conformidade
com as normas do programa de P&D ANEEL. Nesse caso, a empresa firma
convênios de cooperação com as instituições parceiras, realizando sua gestão e
cumprindo os requisitos para aprovação da pesquisa junto à ANEEL. A esta cabe
aprovar os projetos executados e reconhecer os respectivos investimentos
(CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2015, p. 20).
O valor desembolsado para aplicação em projetos de P&D é descontado de
conta específica, cujo saldo remanescente é corrigido por taxa Selic e também faz
parte da obrigação de ser desembolsado em projetos do programa. Segundo a
ANEEL (2012, p. 13), a empresa que acumular em 31 de dezembro de cada ano, na
Conta Contábil de P&D montante superior ao investimento obrigatório dos 24 (vinte e
quatro) meses, incluindo o mês de apuração, estará sujeita às penalidades previstas
na Resolução Normativa nº 63/2004 que equivale a 1% anual da RAP prevista.
8
Projetos de P&D regulados pela ANEEL são aqueles destinados à
capacitação e ao desenvolvimento tecnológico das empresas de energia elétrica,
visando à geração de novos processos ou produtos, ou o aprimoramento de suas
características. Devem ser gerenciados pela empresa, por meio de uma estrutura
própria e de gestão tecnológica (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA,
2012, p. 14).
Não são considerados como P&D os projetos que, em seu escopo, objetivos
e/ou resultados estejam resumidos a:
a) Projetos técnicos ou de engenharia, cujas atividades estejam associadas
ao dia a dia das empresas, consultoras e fabricantes de materiais e
equipamentos;
b) Formação e/ou capacitação de recursos humanos, próprios ou de
terceiros;
c) Estudos de viabilidade técnico econômica;
d) Aquisição ou levantamento de dados;
e) Aquisição de sistemas, materiais e/ou equipamentos;
f) Desenvolvimento ou adaptação de software, que consista de integração
de softwares ou de banco de dados;
g) Melhoramento de software desenvolvido em projeto de P&D anterior,
exceto se houver complexidade científica e/ou tecnológica que justifique
o enquadramento do projeto como atividade de P&D;
h) Implantação de projetos de P&D já realizados ou em execução, excluídos
os casos de cabeça de série, lote pioneiro e inserção no mercado;
i) Lote pioneiro com abrangência maior que 1% da base de unidades
consumidoras ou superior a uma amostra considerada representativa do
caso em estudo;
j) Projetos de gestão coorporativa, consistindo na aplicação ou adaptação
de técnicas de gestão, avaliação e conjunto de ferramentas concebidas
para otimizar a gestão;
k) Utilização do recurso de P&D para cumprimento de qualquer obrigação
presente no contrato de concessão e pelo qual o Agente já é remunerado
pela tarifa de energia elétrica, no caso das distribuidoras e geradoras, ou
pela Receita Anual Permitida, no caso das transmissoras, nos casos
9
onde não se caracterize o teor de pesquisa e desenvolvimento
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012, p. 15-16).
Todos os projetos do programa de P&D são encaminhados à ANEEL pela
concessionária e desenvolvidos em parcerias com universidades, centros de
pesquisa e outros, sendo gerenciados com estrutura própria e de gestão
tecnológica.
Apenas na sua conclusão, os projetos são submetidos à avaliação por parte
da ANEEL. Neste momento, são avaliados os critérios: originalidade, aplicabilidade,
relevância e razoabilidade dos custos. Também é realizada a auditoria contábil dos
gastos dos projetos. A reprovação de um projeto leva ao estorno parcial ou total dos
gastos com o projeto corrigidos pela taxa Selic com desembolso efetuado por
recursos próprios da empresa.
Os critérios e o processo de avaliação final são apresentados mais
detalhadamente no capítulo 5.2 devido à sua importância na gestão dos riscos de
projetos de P&D.
5. Projeto
Neste capítulo, é apresentado um estudo da aplicação da metodologia de
gestão de riscos em projetos do programa de P&D ANEEL da CTEEP utilizando um
exemplo de risco inerente a todo projeto de P&D.
5.1 Avaliação final dos projetos de P&D ANEEL
O programa de P&D ANEEL exige que os projetos realizados pelas
concessionárias tenham resultados acadêmicos, técnicos, de aderência ao setor e
de desenvolvimento nacional. Para impulsionar esses resultados, a agência inseriu
uma etapa de avaliação dos projetos no programa de P&D.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (2012, p. 18), o foco das
avaliações é o resultado do projeto frente ao investimento previsto ou realizado. Os
projetos serão avaliados utilizando os seguintes critérios: originalidade,
aplicabilidade, relevância e razoabilidade dos custos. A cada critério é atribuída uma
pontuação que determinará a nota do projeto, a qual definirá sua aprovação, total ou
parcial, ou, ainda, sua reprovação.
A avaliação final será realizada somente após o envio dos Relatórios Final e
de Auditoria Contábil e Financeira pela empresa à ANEEL. A critério da
10
superintendência responsável pela avaliação do projeto, poderá ser solicitada às
áreas de fiscalização da ANEEL a averiguação das informações descritas nos
Relatórios Final e de Auditoria Contábil e Financeira. Após a avaliação final, com
base nos relatórios apresentados pela empresa e, quando for o caso, pela(s) área(s)
de fiscalização ANEEL, ocorrerá o reconhecimento contábil do investimento
considerado pertinente. Em casos de reprovação ou reconhecimento parcial dos
gastos realizados, a empresa deverá realizar o estorno dos gastos não reconhecidos
à Conta contábil de P&D da empresa corrigidos pela taxa Selic (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012, p. 18-19).
5.2 Gestão de Riscos aplicada aos projetos do programa de P&D ANEEL
Considerando os critérios de avaliação final dos projetos de P&D ANEEL, é
possível afirmar que a reprovação de um projeto é um evento de risco inerente a
todo projeto do programa. Desta forma, utilizando este evento como exemplo, é
possível demonstrar a aplicação da metodologia de Gestão de Riscos em projetos
de P&D a seguir:
Aplicado à matriz de riscos em projetos, a “reprovação de um projeto de
P&D na avaliação final da ANEEL” pode ser caracterizada como um evento de risco
do grupo JR (Jurídico Regulatório). Suas causas seriam:
Gastos realizados com rubricas não permitidas pela regulamentação do
programa de P&D ANEEL e desembolsos sem comprovação fiscal.
Projeto não obter nota suficiente nos critérios de originalidade,
razoabilidade dos custos, aplicabilidade e relevância.
Não atingir resultado inicial previsto no projeto original encaminhado à
ANEEL.
Suas consequências:
Apontamento de não conformidade de auditoria contábil, possibilitando o
reconhecimento de glosa parcial ou total dos gastos realizados no projeto
pela ANEEL corrigido pela taxa Selic.
Reprovação nos critérios de avaliação final, possibilitando o estorno dos
gastos não reconhecidos pela ANEEL à conta contábil de P&D corrigidos
pela taxa Selic com desembolso efetuado por recursos próprios da
empresa.
11
Perda de credibilidade junto à ANEEL e demais grupos de interesse.
O evento se materializaria com o projeto enviado à avaliação final.
Consideramos o projeto de pesquisa concluído quando ele já passou pela avaliação
da ANEEL, portanto, o evento de risco se materializaria na execução do projeto de
pesquisa.
Quanto à valoração do risco puro, a probabilidade de ocorrência das causas
do evento pode ser mensurada considerando a simples possibilidade de acontecer
ou não, portanto, foi adotado 50% para o exemplo.
É importante ressaltar que, dependendo das características específicas do
projeto em análise, os valores de probabilidade e impacto do risco puro podem
variar. Por exemplo, projetos de pesquisa estratégicos costumam apresentar risco
de reprovação menor do que os outros projetos mais convencionais, ou seja,
probabilidade de ocorrência menor.
O impacto financeiro, no pior caso, seria a glosa do valor total do projeto
corrigida pela taxa Selic e com desembolso efetuado por recursos próprios da
empresa, pois, como citado anteriormente, a ANEEL pode reconhecer o valor total
ou parcial do projeto.
Não há impacto no recurso prazo devido ao fato do projeto de pesquisa estar
encerrado e enviado para avaliação final da ANEEL.
Os controles podem ser medidas administrativas de prevenção ou proteção
aos efeitos do evento de risco. Na gestão dos controles, alguns exemplos são
apresentados a seguir para as respectivas causas:
Reprovação nos critérios de: originalidade; aplicabilidade; relevância, e
razoabilidade dos custos.
o Títulos de doutorados, mestrados, pós-graduação, outros cursos
assim como publicações acadêmicas que reforçam a originalidade
do projeto e a capacitação de profissionais brasileiros.
o Busca de anterioridade para avaliar potencial inovador da
tecnologia desenvolvida.
o Participação em eventos do setor.
o Programa de implementação ao encerrar o projeto.
o Aquisições e contratações enquadradas nos critérios de
razoabilidade de custos por região e setor correspondente.
12
Não reconhecimento dos gastos do projeto realizados por ocasião de
auditoria contábil e financeira, com acompanhamento de pessoa jurídica
inscrita na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar a
auditoria.
o Contratação de empresa de auditoria reconhecida pelo mercado.
o Gestão dos projetos pela metodologia PMI com a realização de
reuniões periódicas de acompanhamento, e emissão mensal de
relatórios de acompanhamento físico/financeiro do projeto.
Não atingir resultados previstos no projeto original.
o Gestão dos projetos pela metodologia PMI com a realização de
reuniões periódicas de acompanhamento.
o Elaboração de justificativa em resposta aos questionamentos da
ANEEL.
Os custos para a implementação dos controles deverão ser contabilizados
considerando-se as movimentações financeiras para suas implementações. Por
exemplo, o custo relacionado à participação de uma universidade de renome
nacional e de seus pesquisadores, assim como, os custos de pesquisador(es) que
obterão o grau de doutorado. O doutorado pode caracterizar um controle ao risco de
originalidade e relevância do tema desenvolvido no projeto.
Outros eventos de risco com impactos técnicos, ambientais, financeiros,
capital humano, erros e omissões, social, tecnologia da informação, fenômenos
naturais, falhas em equipamentos, jurídico e regulatório, deverão ser levantados por
todos os profissionais envolvidos, considerando as características específicas do
projeto em questão.
Por fim, os riscos deverão ser apresentados na escala de prioridade nos
gráficos de nível de risco para os recursos custo, prazo e reputação, para riscos puro
e residual. Os critérios para calcular o posicionamento dos riscos na matriz para
cada recurso são apresentados nos tópicos a seguir:
Custo:
o Probabilidade: Leve (<25%) nível 1; Moderado (26% até 50%)
nível 2; Crítico (51% até 75%) nível 3 e; Muito Crítico (>76%) nível
4.
13
o Nível de severidade do impacto no custo do projeto: Leve (menor
que 1,5% do valor total do projeto) nível 8; Moderado (entre 1,5%
e 3% do valor total do projeto) nível 13; Crítico (entre 3% e 6% do
valor total do projeto) nível 21 e; Muito Crítico (maior que 6% do
valor total do projeto) nível 34.
o Para distribuir os riscos à matriz deve-se realizar o cálculo de
multiplicação da Severidade Custo versus o Nível de
Probabilidade. A Figura 4 apresenta aonde os riscos irão se
distribuir após o resultado do cálculo.
Prazo do projeto
o Probabilidade igual à anterior.
o Nível de severidade do prazo impactado do projeto: Leve (menor
ou igual a 30 dias) nível 8; Moderado (entre 31 e 60 dias) nível 13;
Crítico (Entre 61 e 90 dias) nível 21 e; Muito Crítico (maior ou igual
a 91 dias) nível 34.
o Para distribuir os riscos à matriz deve-se realizar o cálculo de
multiplicação da Severidade Prazo versus o Nível de
Probabilidade. A Figura 4 apresenta aonde os riscos irão se
distribuir após o resultado do cálculo.
Reputação
o Probabilidade igual à anterior.
o Escala de severidade para o recurso reputação:
Leve nível 8: O risco gera um conceito público desfavorável
que não afeta a credibilidade da empresa e não é veiculado
pelos meios de comunicação.
Moderado nível 13: O risco gera um conceito público
desfavorável que afeta a credibilidade da empresa e é
veiculado pelos meios de comunicação local e regional de
maneira isolada.
Crítico nível 21: O risco gera um conceito público
desfavorável à credibilidade da empresa e é veiculado
continuamente pelos meios de comunicação local e regional
e de maneira isolada pelos meios de comunicação nacional,
internacional e de redes sociais.
14
Muito Crítico nível 34: O risco gera um conceito público
desfavorável que afeta a credibilidade da empresa e é
veiculado continuamente pelos meios de comunicação
local, regional, nacional, internacional e de redes sociais.
o Para distribuir os riscos à matriz deve-se realizar o cálculo de
multiplicação da Severidade Reputação versus o Nível de
Probabilidade. A Figura 4 apresenta aonde os riscos irão se
distribuir após o resultado do cálculo.
Figura 4 - Valoração do Risco no Recurso
Finalmente, os riscos serão distribuídos nos gráficos de riscos puro e
residual para os três recursos: custo, prazo e reputação. Desta forma, o evento de
risco “reprovação do projeto de P&D na avaliação final da ANEEL” estaria distribuído
nos três recursos para risco puro conforme apresentado a seguir:
Custo: se a probabilidade é 50%, o nível é 2. Se estamos considerando o
valor total do projeto como impacto financeiro, está acima de 6%,
portanto, o nível de severidade custo é de 34. Multiplicando o nível de
severidade custo pela probabilidade obtemos 34 x 2 = 68, o evento será
classificado como muito crítico para o recurso custo.
Prazo: não se aplica ao evento em questão.
Reputação: se a probabilidade é de 50%, o nível é 2. Este evento afeta
somente nossa reputação com a agência reguladora, portanto, é
classificado como leve nível 8. Multiplicando o nível de severidade
Prob.
Mayor al 75% 4 32 52 84 136
Entre 50% y 75% 3 24 39 63 102
Entre 25% y 50% 2 16 26 42 68
Menor o igual al 25% 1 8 13 21 34
8 13 21 34 Sev.
15
reputação pelo nível de probabilidade obtemos 8 x 2 = 16, o evento será
classificado como leve para o recurso reputação.
Para melhor visualização, na Figura a seguir é apresentado somente um
gráfico que demonstra como o risco seria distribuído nos respectivos gráficos de
custo e reputação para o risco puro:
Figura 5 – Gráfico do Nível de Risco Puro para evento Reprovação de Projeto
Com os eventos de risco valorados por recurso nos respectivos gráficos, é
possível observar a distribuição dos riscos na escala de leve a muito crítico. Com as
medidas administrativas para controle dos riscos levantadas, os gráficos de risco
residual poderão ser elaborados (utilizando o mesmo método de cálculo) e será
possível observar a redução do nível de risco do projeto frente aos controles
implementados.
PROB.
CRÍTICO
MUITO
CRÍTICO
MODERADO
LEVE
SEVERIDADE
LEVE MODERADO CRÍTICOMUITO
CRÍTICO
CUSTOREPUTAÇÃO
16
6. Investimentos
Os investimentos necessários à implementação dos resultados deste projeto
estão inseridos no trabalho dos profissionais envolvidos de adequar a metodologia
ao processo de gestão de projetos do programa de P&D ANEEL.
7. Resultados Esperados / Conclusão
Se a concessionária é obrigada por lei a investir em projetos de pesquisa, a
seleção dos projetos é uma etapa chave para o sucesso do programa. Segundo
Martino (1995, apud SANCHES, 2014, p. 5), todos os gestores de P&D enfrentam
um problema em comum: eles possuem mais projetos para desenvolver do que
recursos para conduzir todos estes projetos. Uma das chaves do sucesso da
inovação está na seleção de projetos.
Projetos de inovações radicais, sistêmicas e disruptivas costumam
apresentar risco elevado devido à chance de não atingirem os resultados previstos
no projeto original, em contrapartida, esses projetos também costumam apresentar
retorno elevado.
A aplicação da metodologia de Gestão de Riscos nesses projetos pode
identificar os eventos que elevam o nível de risco desses projetos, mensurar suas
probabilidades de ocorrência e impactos, levantar as medidas administrativas que
irão controlar seus efeitos e, por fim, mensurar com acurácia o nível e o apetite ao
risco desses projetos tornando a tomada de decisão de investimentos mais segura e
assertiva.
Os resultados esperados da implementação da metodologia de Gestão de
Riscos em projetos do programa de P&D ANEEL são de otimização da gestão do
programa e da seleção dos projetos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Manual do Programa de
Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica. Distrito
Federal: Agência Nacional de Energia Elétrica, 2012.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 31000: Gestão de Riscos –
Princípios e Resumos. Rio de Janeiro, 2009.
CARVALHO, Marly M.; JÚNIOR, Roque R. Fundamentos em gestão de projetos:
Construindo competências para gerenciar projetos. 4. Ed. São Paulo: Editora Atlas,
2015.
COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA.
Departamento de Gestão Estratégica. Relatório Anual e de Sustentabilidade. São
Paulo, 2014. Relatório.
PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – PMI. Um guia do conhecimento em
gerenciamento de projetos: Guia PMBOK. 4 ed. Newton Square: Project
Management Institute, 2008.
SANCHES, Cida. Discussão de alguns critérios de avaliação financeira na decisão
de projetos de inovação em processos. Revista Científica Hermes, São Paulo, n.
10, p. 1-22, 2014.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Recommended