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COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA CTEEP ANDRE CALAIS SALLES GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS DO PROGRAMA DE P&D ANEEL São Paulo 2016

Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

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COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA

CTEEP

ANDRE CALAIS SALLES

GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS DO PROGRAMA DE P&D ANEEL

São Paulo

2016

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COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA

CTEEP

ANDRE CALAIS SALLES

GESTÃO DE RISCOS EM PROJETOS DO PROGRAMA DE P&D ANEEL

Projeto de estágio supervisionado, como requisito do Projeto de Estágio da

CTEEP.

São Paulo

2016

Page 3: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................... 1

2. Objetivo ............................................................................................................... 2

3. Justificativa ......................................................................................................... 2

4. Referencial Teórico............................................................................................. 2

4.1 Gestão de Riscos em Projetos .................................................................... 2

4.2 Programa de Pesquisa e Desenvolvimento ANEEL .................................. 7

5. Projeto ................................................................................................................. 9

5.1 Avaliação final dos projetos de P&D ANEEL ............................................. 9

5.2 Gestão de Riscos aplicada aos projetos do programa de P&D ANEEL 10

6. Investimentos .................................................................................................... 16

7. Resultados Esperados / Conclusão ................................................................ 16

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 17

FOLHA DE APROVAÇÃO ........................................................................................ 18

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Lista de Figuras

Figura 1 - Ciclo de Gestão de Riscos .......................................................................... 3

Figura 2 – Valoração de Riscos .................................................................................. 5

Figura 3 - Valoración de Riscos por Recurso .............................................................. 6

Figura 4 - Valoração do Risco no Recurso ................................................................ 14

Figura 5 – Gráfico do Nível de Risco Puro para evento Reprovação de Projeto ....... 15

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1. Introdução

Desde a implementação do programa de P&D ANEEL na CTEEP, em 2001,

em conformidade com a Lei nº 9.991, foram investidos cerca de R$ 70 milhões em

104 projetos de pesquisa e desenvolvimento. Os projetos envolveram parcerias com

universidades, laboratórios, centros de pesquisa e outras concessionárias para o

desenvolvimento ou aprimoramento de tecnologias e processos que venham atender

o setor elétrico brasileiro.

A companhia, num trabalho conjunto com as suas subsidiárias: IE Madeira,

IE Serra do Japi, IE Pinheiros, Evrecy, IEMG, IENNE e IESUL tem utilizado o

Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da ANEEL como alavanca no processo

de inovação, proporcionando aos seus colaboradores a oportunidade de participar

de projetos em parceria com as melhores universidades, laboratórios e centros de

pesquisa do Brasil, contribuindo também para o aumento do número de profissionais

com especialização, mestrado e doutorado.

Neste contexto, a atividade de gestão de projetos é intensa, os projetos

estão sujeitos a eventos de impactos variados a todo o momento e este cenário

exige planejamento e ações eficazes. Segundo Júnior e Carvalho (2015, p. 238), o

risco é inerente à atividade de projeto, desta maneira, o gerenciamento de riscos se

confunde com o próprio gerenciamento de projetos. Se estivermos desenvolvendo

um projeto no limiar da fronteira tecnológica ou projetos muito complexos, que

envolvem centenas de empresas subcontratadas, a gestão de riscos é uma área

crítica.

A Gestão de Riscos em projetos pode identificar os eventos incertos que

afetam os projetos, mensurar o nível de risco a que eles estão expostos, mensurar o

apetite ao risco desses projetos e levantar os controles e medidas administrativas de

prevenção e proteção aos impactos e à probabilidade de ocorrência dos eventos de

risco.

Projetos do programa de Pesquisa e Desenvolvimento da ANEEL estão

sujeitos a diversos eventos de risco considerando as características específicas de

cada projeto e as exigências regulatórias a que eles estão sujeitos.

Este projeto de estágio é um estudo de aplicação da metodologia de Gestão

de Riscos em projetos do programa de P&D ANEEL da CTEEP e demonstra os

benefícios que a aplicação proporciona à gestão do programa.

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2. Objetivo

Aplicar a metodologia de Gestão de Riscos em projetos do programa de

P&D ANEEL, considerando principalmente os riscos envolvidos na aplicação dos

recursos destinados ao programa.

Analisar as contribuições da Gestão de Riscos na etapa de seleção de

projetos do programa de P&D ANEEL da CTEEP.

3. Justificativa

Dentre as motivações para realização deste projeto de estágio, estão:

A importância do programa de P&D ANEEL da CTEEP que, desde

2001 já foram investidos mais de R$ 70 milhões em 104 projetos de

pesquisa.

A rigorosa avaliação final dos projetos de pesquisa feita pela ANEEL

que exige uma gestão de riscos nos projetos para atender aos

critérios de avaliação do programa.

A importância da gestão de riscos em projetos que, atualmente é pré-

requisito para aprovação do investimento em projetos de engenharia

da CTEEP.

4. Referencial Teórico

Este capítulo apresenta todo conteúdo teórico que sustenta o estudo deste

projeto de estágio. Isso inclui obras acadêmicas e metodologias aplicadas na

CTEEP.

4.1 Gestão de Riscos em Projetos

Segundo a Associação de Normas Técnicas Brasileiras (2009, p. 2), gestão

de riscos é definida como um conjunto de atividades coordenadas para dirigir e

controlar uma organização no que se refere a riscos.

Em 2016 as atividades de Gestão de Riscos em Projetos na CTEEP foram

retomadas utilizando metodologia com base em referenciais como COSO, NBR ISO

31000 de Gestão de Riscos e diretrizes da sua holding ISA (Interconexión Eléctrica

S.A.). A iniciativa utilizou dois projetos de engenharia como pilotos e contou com o

apoio imprescindível das áreas envolvidas no projeto para a realização do exercício.

Page 7: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

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A Gestão de Riscos sempre existiu na CTEEP, porém, as atividades se

intensificaram em 2016 quando a CTEEP passou a se preparar para participar de

novos leilões e, como consequência, as atividades de Gestão de Riscos em Projetos

se tornaram um pré-requisito para a aprovação de investimento em projetos de

engenharia.

No planejamento do projeto, a gestão de riscos mapeia todo evento incerto

que afeta o projeto, mensura sua probabilidade de ocorrência, seu impacto nos

recursos financeiro, prazo e reputação e levanta os controles que irão reduzir ambas

probabilidade e impacto do evento em análise.

A identificação dos riscos é feita partindo da análise da linha de base da

composição do CAPEX dos projetos, que contém aspectos já considerados para o

projeto em questão.

O processo segue o ciclo de Gestão de Riscos (Figura 1) e envolve a

elaboração de uma matriz de riscos com cinco seções: Identificação de Riscos,

Análise Qualitativa – Valoração do Risco Puro, Gestão dos Controles, Análise

Qualitativa – Valoração de Risco Residual e Impacto.

Figura 1 - Ciclo de Gestão de Riscos

Na Identificação de riscos, é apresentada a descrição de todos os eventos

de risco identificados no projeto, descrição das causas, consequências destes

Page 8: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

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eventos de risco, a etapa do projeto em que se apresentam e em que grupo de risco

se enquadram da metodologia corporativa, tais grupos são: Tecnologia da

Informação, Ambiental, Capital Humano, Erros e Omissões, Falta de Equipamentos

e Materiais, Financeiro, Social, Falha de Equipamentos e materiais, Fenômenos

Naturais, Fraude, Fornecedores, Jurídico Regulatório, Governabilidade e Predial.

Na Análise Qualitativa – Valoração do Risco Puro é apresentada a

probabilidade de materialização do evento, a valoração referente aos custos do

projeto (severidade, nível de severidade, valor esperado e nível de risco), valoração

referente ao tempo do projeto (severidade de prazo, nível de severidade, valor

esperado, nível de risco), valoração referente à reputação (severidade, nível de

risco) e comentários para explicar as métricas utilizadas na valoração.

Na Gestão dos Controles são descritos os controles (medidas

administrativas de prevenção e proteção), responsáveis pela implementação dos

controles, etapa em que se aplica (estruturação, execução e operação), data final –

periodicidade, custo do controle e comentários para a métrica utilizada e maiores

explicações.

Na Análise Qualitativa – Valoração do Risco Residual é levantada a

probabilidade do evento de risco, nível de probabilidade, valoração sobre o custo do

projeto (Severidade, nível de severidade, valor esperado e nível de risco), valoração

referente ao tempo do projeto (Severidade tempo, nível de severidade, valor

esperado, nível de risco), valoração referente à reputação (severidade, nível de

risco) e são apresentados comentários para a métrica utilizada e maiores

explicações.

Por fim, é definido se o Impacto do evento de risco afeta o escopo e a

qualidade do projeto.

A matriz concluída proporciona uma visão integrada de todos os eventos

incertos que afetam o projeto, seus respectivos valores de impacto, suas

probabilidades de ocorrência e os controles para prevenção e proteção frente aos

efeitos desses eventos de risco.

Com o preenchimento da matriz concluído, os eventos de risco irão compor

um mapa de nível de risco composto por um gráfico de probabilidade por severidade

classificando-os em uma escala de quatro níveis (leve, moderado, crítico e muito

crítico) conforme a Figura 2 demonstra.

Page 9: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

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Figura 2 – Valoração de Riscos

PROB.

MUITO ALTA

ALTA

BAIXA

MUITO BAIXA

LEVE MODERADO CRÍTICO MUITO

CRÍTICO

SEVERIDADE

Os eventos são distribuídos em dois gráficos, um da valoração do risco puro

e outro da valoração do risco residual para cada um dos impactos (reputação, prazo

e custo). Para melhor entendimento, vide Figura 3 na página a seguir.

Page 10: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

6

Figura 3 - Valoración de Riscos por Recurso

PROB. PROB.

PROB. PROB.

PROB. PROB.

VALORAÇÃO DE RISCOS

CUSTO DO PROJETO

MATRIZ VALORAÇÃO PURA CUSTO DO PROJETO MATRIZ VALORAÇÃO RESIDUAL CUSTO DO PROJETO

MUITO ALTA MUITO ALTA

ALTA ALTA

BAIXA BAIXA

MUITO BAIXA MUITO BAIXA

CRÍTICA MUITO CRÍTICA

SEVERIDADE SEVERIDADE

TEMPO DO PROJETO

MATRIZ VALORAÇÃO PURA TEMPO DO PROJETO MATRIZ VALORAÇÃO RESIDUAL TEMPO DO PROJETO

MUITO LEVE LEVE CRÍTICA MUITO CRÍTICA MUITO LEVE LEVE

ALTA ALTA

MUITO ALTA MUITO ALTA

BAIXA BAIXA

MUITO BAIXA MUITO BAIXA

CRÍTICA MUITO CRÍTICA

SEVERIDADE SEVERIDADE

REPUTAÇÃO

MATRIZ VALORAÇÃO PURA REPUTAÇÃO MATRIZ VALORAÇÃO RESIDUAL REPUTAÇÃO

MUITO LEVE LEVE CRÍTICA MUITO CRÍTICA MUITO LEVE LEVE

ALTA ALTA

MUITO ALTA MUITO ALTA

BAIXA BAIXA

MUITO BAIXA MUITO BAIXA

CRÍTICA MUITO CRÍTICA

SEVERIDADE SEVERIDADE

MUITO LEVE LEVE CRÍTICA MUITO CRÍTICA MUITO LEVE LEVE

Page 11: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

7

O risco puro é o gerado na primeira análise qualitativa da matriz em que não

são considerados os controles internos, como se a empresa e o projeto estivessem

expostos completamente ao evento de risco. Já o risco residual é mensurado após o

levantamento dos controles que irão reduzir a probabilidade de ocorrência dos

eventos e seus impactos nos recursos reputação, prazo e custos.

O objetivo da gestão de riscos é a redução do nível de risco dos eventos

identificados frente às medidas administrativas aplicadas, a distribuição das matrizes

permite a visualização da evolução do risco puro para o residual.

4.2 Programa de Pesquisa e Desenvolvimento ANEEL

A Lei nº 9.991/2000 estabelece os investimentos mínimos em P&D a serem

realizados pelas empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor.

Regulamentada pelo Decreto n.º 3.867, de 16 de julho de 2001, e em atendimento

ao Art. 4º, inciso II dessa Lei, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por

meio de publicação de Resolução Normativa, aprova o Manual do Programa de

Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, contendo os

parâmetros para execução dos projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

(PD&I) e para seu acompanhamento e avaliação. Por lei, as empresas do setor

devem, compulsoriamente, investir uma parcela da sua Receita Operacional Líquida

(ROL), calculada conforme procedimento estipulado pela ANEEL, no Programa de

P&D regulado pela ANEEL. Cabe à empresa realizar e/ou articular as atividades de

PD&I com centros de pesquisa, universidades e o setor produtivo em conformidade

com as normas do programa de P&D ANEEL. Nesse caso, a empresa firma

convênios de cooperação com as instituições parceiras, realizando sua gestão e

cumprindo os requisitos para aprovação da pesquisa junto à ANEEL. A esta cabe

aprovar os projetos executados e reconhecer os respectivos investimentos

(CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2015, p. 20).

O valor desembolsado para aplicação em projetos de P&D é descontado de

conta específica, cujo saldo remanescente é corrigido por taxa Selic e também faz

parte da obrigação de ser desembolsado em projetos do programa. Segundo a

ANEEL (2012, p. 13), a empresa que acumular em 31 de dezembro de cada ano, na

Conta Contábil de P&D montante superior ao investimento obrigatório dos 24 (vinte e

quatro) meses, incluindo o mês de apuração, estará sujeita às penalidades previstas

na Resolução Normativa nº 63/2004 que equivale a 1% anual da RAP prevista.

Page 12: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

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Projetos de P&D regulados pela ANEEL são aqueles destinados à

capacitação e ao desenvolvimento tecnológico das empresas de energia elétrica,

visando à geração de novos processos ou produtos, ou o aprimoramento de suas

características. Devem ser gerenciados pela empresa, por meio de uma estrutura

própria e de gestão tecnológica (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA,

2012, p. 14).

Não são considerados como P&D os projetos que, em seu escopo, objetivos

e/ou resultados estejam resumidos a:

a) Projetos técnicos ou de engenharia, cujas atividades estejam associadas

ao dia a dia das empresas, consultoras e fabricantes de materiais e

equipamentos;

b) Formação e/ou capacitação de recursos humanos, próprios ou de

terceiros;

c) Estudos de viabilidade técnico econômica;

d) Aquisição ou levantamento de dados;

e) Aquisição de sistemas, materiais e/ou equipamentos;

f) Desenvolvimento ou adaptação de software, que consista de integração

de softwares ou de banco de dados;

g) Melhoramento de software desenvolvido em projeto de P&D anterior,

exceto se houver complexidade científica e/ou tecnológica que justifique

o enquadramento do projeto como atividade de P&D;

h) Implantação de projetos de P&D já realizados ou em execução, excluídos

os casos de cabeça de série, lote pioneiro e inserção no mercado;

i) Lote pioneiro com abrangência maior que 1% da base de unidades

consumidoras ou superior a uma amostra considerada representativa do

caso em estudo;

j) Projetos de gestão coorporativa, consistindo na aplicação ou adaptação

de técnicas de gestão, avaliação e conjunto de ferramentas concebidas

para otimizar a gestão;

k) Utilização do recurso de P&D para cumprimento de qualquer obrigação

presente no contrato de concessão e pelo qual o Agente já é remunerado

pela tarifa de energia elétrica, no caso das distribuidoras e geradoras, ou

pela Receita Anual Permitida, no caso das transmissoras, nos casos

Page 13: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

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onde não se caracterize o teor de pesquisa e desenvolvimento

(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012, p. 15-16).

Todos os projetos do programa de P&D são encaminhados à ANEEL pela

concessionária e desenvolvidos em parcerias com universidades, centros de

pesquisa e outros, sendo gerenciados com estrutura própria e de gestão

tecnológica.

Apenas na sua conclusão, os projetos são submetidos à avaliação por parte

da ANEEL. Neste momento, são avaliados os critérios: originalidade, aplicabilidade,

relevância e razoabilidade dos custos. Também é realizada a auditoria contábil dos

gastos dos projetos. A reprovação de um projeto leva ao estorno parcial ou total dos

gastos com o projeto corrigidos pela taxa Selic com desembolso efetuado por

recursos próprios da empresa.

Os critérios e o processo de avaliação final são apresentados mais

detalhadamente no capítulo 5.2 devido à sua importância na gestão dos riscos de

projetos de P&D.

5. Projeto

Neste capítulo, é apresentado um estudo da aplicação da metodologia de

gestão de riscos em projetos do programa de P&D ANEEL da CTEEP utilizando um

exemplo de risco inerente a todo projeto de P&D.

5.1 Avaliação final dos projetos de P&D ANEEL

O programa de P&D ANEEL exige que os projetos realizados pelas

concessionárias tenham resultados acadêmicos, técnicos, de aderência ao setor e

de desenvolvimento nacional. Para impulsionar esses resultados, a agência inseriu

uma etapa de avaliação dos projetos no programa de P&D.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (2012, p. 18), o foco das

avaliações é o resultado do projeto frente ao investimento previsto ou realizado. Os

projetos serão avaliados utilizando os seguintes critérios: originalidade,

aplicabilidade, relevância e razoabilidade dos custos. A cada critério é atribuída uma

pontuação que determinará a nota do projeto, a qual definirá sua aprovação, total ou

parcial, ou, ainda, sua reprovação.

A avaliação final será realizada somente após o envio dos Relatórios Final e

de Auditoria Contábil e Financeira pela empresa à ANEEL. A critério da

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10

superintendência responsável pela avaliação do projeto, poderá ser solicitada às

áreas de fiscalização da ANEEL a averiguação das informações descritas nos

Relatórios Final e de Auditoria Contábil e Financeira. Após a avaliação final, com

base nos relatórios apresentados pela empresa e, quando for o caso, pela(s) área(s)

de fiscalização ANEEL, ocorrerá o reconhecimento contábil do investimento

considerado pertinente. Em casos de reprovação ou reconhecimento parcial dos

gastos realizados, a empresa deverá realizar o estorno dos gastos não reconhecidos

à Conta contábil de P&D da empresa corrigidos pela taxa Selic (AGÊNCIA

NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012, p. 18-19).

5.2 Gestão de Riscos aplicada aos projetos do programa de P&D ANEEL

Considerando os critérios de avaliação final dos projetos de P&D ANEEL, é

possível afirmar que a reprovação de um projeto é um evento de risco inerente a

todo projeto do programa. Desta forma, utilizando este evento como exemplo, é

possível demonstrar a aplicação da metodologia de Gestão de Riscos em projetos

de P&D a seguir:

Aplicado à matriz de riscos em projetos, a “reprovação de um projeto de

P&D na avaliação final da ANEEL” pode ser caracterizada como um evento de risco

do grupo JR (Jurídico Regulatório). Suas causas seriam:

Gastos realizados com rubricas não permitidas pela regulamentação do

programa de P&D ANEEL e desembolsos sem comprovação fiscal.

Projeto não obter nota suficiente nos critérios de originalidade,

razoabilidade dos custos, aplicabilidade e relevância.

Não atingir resultado inicial previsto no projeto original encaminhado à

ANEEL.

Suas consequências:

Apontamento de não conformidade de auditoria contábil, possibilitando o

reconhecimento de glosa parcial ou total dos gastos realizados no projeto

pela ANEEL corrigido pela taxa Selic.

Reprovação nos critérios de avaliação final, possibilitando o estorno dos

gastos não reconhecidos pela ANEEL à conta contábil de P&D corrigidos

pela taxa Selic com desembolso efetuado por recursos próprios da

empresa.

Page 15: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

11

Perda de credibilidade junto à ANEEL e demais grupos de interesse.

O evento se materializaria com o projeto enviado à avaliação final.

Consideramos o projeto de pesquisa concluído quando ele já passou pela avaliação

da ANEEL, portanto, o evento de risco se materializaria na execução do projeto de

pesquisa.

Quanto à valoração do risco puro, a probabilidade de ocorrência das causas

do evento pode ser mensurada considerando a simples possibilidade de acontecer

ou não, portanto, foi adotado 50% para o exemplo.

É importante ressaltar que, dependendo das características específicas do

projeto em análise, os valores de probabilidade e impacto do risco puro podem

variar. Por exemplo, projetos de pesquisa estratégicos costumam apresentar risco

de reprovação menor do que os outros projetos mais convencionais, ou seja,

probabilidade de ocorrência menor.

O impacto financeiro, no pior caso, seria a glosa do valor total do projeto

corrigida pela taxa Selic e com desembolso efetuado por recursos próprios da

empresa, pois, como citado anteriormente, a ANEEL pode reconhecer o valor total

ou parcial do projeto.

Não há impacto no recurso prazo devido ao fato do projeto de pesquisa estar

encerrado e enviado para avaliação final da ANEEL.

Os controles podem ser medidas administrativas de prevenção ou proteção

aos efeitos do evento de risco. Na gestão dos controles, alguns exemplos são

apresentados a seguir para as respectivas causas:

Reprovação nos critérios de: originalidade; aplicabilidade; relevância, e

razoabilidade dos custos.

o Títulos de doutorados, mestrados, pós-graduação, outros cursos

assim como publicações acadêmicas que reforçam a originalidade

do projeto e a capacitação de profissionais brasileiros.

o Busca de anterioridade para avaliar potencial inovador da

tecnologia desenvolvida.

o Participação em eventos do setor.

o Programa de implementação ao encerrar o projeto.

o Aquisições e contratações enquadradas nos critérios de

razoabilidade de custos por região e setor correspondente.

Page 16: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

12

Não reconhecimento dos gastos do projeto realizados por ocasião de

auditoria contábil e financeira, com acompanhamento de pessoa jurídica

inscrita na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar a

auditoria.

o Contratação de empresa de auditoria reconhecida pelo mercado.

o Gestão dos projetos pela metodologia PMI com a realização de

reuniões periódicas de acompanhamento, e emissão mensal de

relatórios de acompanhamento físico/financeiro do projeto.

Não atingir resultados previstos no projeto original.

o Gestão dos projetos pela metodologia PMI com a realização de

reuniões periódicas de acompanhamento.

o Elaboração de justificativa em resposta aos questionamentos da

ANEEL.

Os custos para a implementação dos controles deverão ser contabilizados

considerando-se as movimentações financeiras para suas implementações. Por

exemplo, o custo relacionado à participação de uma universidade de renome

nacional e de seus pesquisadores, assim como, os custos de pesquisador(es) que

obterão o grau de doutorado. O doutorado pode caracterizar um controle ao risco de

originalidade e relevância do tema desenvolvido no projeto.

Outros eventos de risco com impactos técnicos, ambientais, financeiros,

capital humano, erros e omissões, social, tecnologia da informação, fenômenos

naturais, falhas em equipamentos, jurídico e regulatório, deverão ser levantados por

todos os profissionais envolvidos, considerando as características específicas do

projeto em questão.

Por fim, os riscos deverão ser apresentados na escala de prioridade nos

gráficos de nível de risco para os recursos custo, prazo e reputação, para riscos puro

e residual. Os critérios para calcular o posicionamento dos riscos na matriz para

cada recurso são apresentados nos tópicos a seguir:

Custo:

o Probabilidade: Leve (<25%) nível 1; Moderado (26% até 50%)

nível 2; Crítico (51% até 75%) nível 3 e; Muito Crítico (>76%) nível

4.

Page 17: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

13

o Nível de severidade do impacto no custo do projeto: Leve (menor

que 1,5% do valor total do projeto) nível 8; Moderado (entre 1,5%

e 3% do valor total do projeto) nível 13; Crítico (entre 3% e 6% do

valor total do projeto) nível 21 e; Muito Crítico (maior que 6% do

valor total do projeto) nível 34.

o Para distribuir os riscos à matriz deve-se realizar o cálculo de

multiplicação da Severidade Custo versus o Nível de

Probabilidade. A Figura 4 apresenta aonde os riscos irão se

distribuir após o resultado do cálculo.

Prazo do projeto

o Probabilidade igual à anterior.

o Nível de severidade do prazo impactado do projeto: Leve (menor

ou igual a 30 dias) nível 8; Moderado (entre 31 e 60 dias) nível 13;

Crítico (Entre 61 e 90 dias) nível 21 e; Muito Crítico (maior ou igual

a 91 dias) nível 34.

o Para distribuir os riscos à matriz deve-se realizar o cálculo de

multiplicação da Severidade Prazo versus o Nível de

Probabilidade. A Figura 4 apresenta aonde os riscos irão se

distribuir após o resultado do cálculo.

Reputação

o Probabilidade igual à anterior.

o Escala de severidade para o recurso reputação:

Leve nível 8: O risco gera um conceito público desfavorável

que não afeta a credibilidade da empresa e não é veiculado

pelos meios de comunicação.

Moderado nível 13: O risco gera um conceito público

desfavorável que afeta a credibilidade da empresa e é

veiculado pelos meios de comunicação local e regional de

maneira isolada.

Crítico nível 21: O risco gera um conceito público

desfavorável à credibilidade da empresa e é veiculado

continuamente pelos meios de comunicação local e regional

e de maneira isolada pelos meios de comunicação nacional,

internacional e de redes sociais.

Page 18: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

14

Muito Crítico nível 34: O risco gera um conceito público

desfavorável que afeta a credibilidade da empresa e é

veiculado continuamente pelos meios de comunicação

local, regional, nacional, internacional e de redes sociais.

o Para distribuir os riscos à matriz deve-se realizar o cálculo de

multiplicação da Severidade Reputação versus o Nível de

Probabilidade. A Figura 4 apresenta aonde os riscos irão se

distribuir após o resultado do cálculo.

Figura 4 - Valoração do Risco no Recurso

Finalmente, os riscos serão distribuídos nos gráficos de riscos puro e

residual para os três recursos: custo, prazo e reputação. Desta forma, o evento de

risco “reprovação do projeto de P&D na avaliação final da ANEEL” estaria distribuído

nos três recursos para risco puro conforme apresentado a seguir:

Custo: se a probabilidade é 50%, o nível é 2. Se estamos considerando o

valor total do projeto como impacto financeiro, está acima de 6%,

portanto, o nível de severidade custo é de 34. Multiplicando o nível de

severidade custo pela probabilidade obtemos 34 x 2 = 68, o evento será

classificado como muito crítico para o recurso custo.

Prazo: não se aplica ao evento em questão.

Reputação: se a probabilidade é de 50%, o nível é 2. Este evento afeta

somente nossa reputação com a agência reguladora, portanto, é

classificado como leve nível 8. Multiplicando o nível de severidade

Prob.

Mayor al 75% 4 32 52 84 136

Entre 50% y 75% 3 24 39 63 102

Entre 25% y 50% 2 16 26 42 68

Menor o igual al 25% 1 8 13 21 34

8 13 21 34 Sev.

Page 19: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

15

reputação pelo nível de probabilidade obtemos 8 x 2 = 16, o evento será

classificado como leve para o recurso reputação.

Para melhor visualização, na Figura a seguir é apresentado somente um

gráfico que demonstra como o risco seria distribuído nos respectivos gráficos de

custo e reputação para o risco puro:

Figura 5 – Gráfico do Nível de Risco Puro para evento Reprovação de Projeto

Com os eventos de risco valorados por recurso nos respectivos gráficos, é

possível observar a distribuição dos riscos na escala de leve a muito crítico. Com as

medidas administrativas para controle dos riscos levantadas, os gráficos de risco

residual poderão ser elaborados (utilizando o mesmo método de cálculo) e será

possível observar a redução do nível de risco do projeto frente aos controles

implementados.

PROB.

CRÍTICO

MUITO

CRÍTICO

MODERADO

LEVE

SEVERIDADE

LEVE MODERADO CRÍTICOMUITO

CRÍTICO

CUSTOREPUTAÇÃO

Page 20: Projeto de Estagio 2016 - Andre Calais Salles

16

6. Investimentos

Os investimentos necessários à implementação dos resultados deste projeto

estão inseridos no trabalho dos profissionais envolvidos de adequar a metodologia

ao processo de gestão de projetos do programa de P&D ANEEL.

7. Resultados Esperados / Conclusão

Se a concessionária é obrigada por lei a investir em projetos de pesquisa, a

seleção dos projetos é uma etapa chave para o sucesso do programa. Segundo

Martino (1995, apud SANCHES, 2014, p. 5), todos os gestores de P&D enfrentam

um problema em comum: eles possuem mais projetos para desenvolver do que

recursos para conduzir todos estes projetos. Uma das chaves do sucesso da

inovação está na seleção de projetos.

Projetos de inovações radicais, sistêmicas e disruptivas costumam

apresentar risco elevado devido à chance de não atingirem os resultados previstos

no projeto original, em contrapartida, esses projetos também costumam apresentar

retorno elevado.

A aplicação da metodologia de Gestão de Riscos nesses projetos pode

identificar os eventos que elevam o nível de risco desses projetos, mensurar suas

probabilidades de ocorrência e impactos, levantar as medidas administrativas que

irão controlar seus efeitos e, por fim, mensurar com acurácia o nível e o apetite ao

risco desses projetos tornando a tomada de decisão de investimentos mais segura e

assertiva.

Os resultados esperados da implementação da metodologia de Gestão de

Riscos em projetos do programa de P&D ANEEL são de otimização da gestão do

programa e da seleção dos projetos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Manual do Programa de

Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica. Distrito

Federal: Agência Nacional de Energia Elétrica, 2012.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 31000: Gestão de Riscos –

Princípios e Resumos. Rio de Janeiro, 2009.

CARVALHO, Marly M.; JÚNIOR, Roque R. Fundamentos em gestão de projetos:

Construindo competências para gerenciar projetos. 4. Ed. São Paulo: Editora Atlas,

2015.

COMPANHIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA.

Departamento de Gestão Estratégica. Relatório Anual e de Sustentabilidade. São

Paulo, 2014. Relatório.

PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – PMI. Um guia do conhecimento em

gerenciamento de projetos: Guia PMBOK. 4 ed. Newton Square: Project

Management Institute, 2008.

SANCHES, Cida. Discussão de alguns critérios de avaliação financeira na decisão

de projetos de inovação em processos. Revista Científica Hermes, São Paulo, n.

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