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DIAGNSTICO SITUACIONAL DE HARDINESS EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITRIO: ESTUDO
QUANTITATIVO
Valria Paes de Castro Barreto
Orientadora: Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira
Co-Orientadora: Prof. Dr. Dayse Mary da Silva Correia
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de
Mestrado em Enfermagem Assistencial da Escola de
Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade
Federal Fluminense para obteno do Ttulo de Mestre
em Enfermagem. Linha de Pesquisa: O Contexto do
Cuidar em Sade.
Niteri
Fevereiro de 2017
DIAGNSTICO SITUACIONAL DE HARDINESS EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITRIO: ESTUDO
QUANTITATIVO
Valria Paes de Castro Barreto
Orientadora: Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira
Co-Orientadora: Prof. Dr. Dayse Mary da Silva Correia
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de
Mestrado em Enfermagem Assistencial da Escola de
Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade
Federal Fluminense para obteno do Ttulo de Mestre
em Enfermagem. Linha de Pesquisa: O Contexto do
Cuidar em Sade.
Niteri
Fevereiro de 2017
VALRIA PAES DE CASTRO BARRETO
DIAGNSTICO SITUACIONAL DE HARDINESS EM PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITRIO: ESTUDO QUANTITATIVO
Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Sade
Dissertao de mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense para obteno do Ttulo de Mestre em Enfermagem. Linha de Pesquisa: O contexto do Cuidador em Sade.
Orientadora: Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira (UFF)
Coorientadora: prof. dr. Dayse Mary da Silva Correia (UFF)
Niteri 2017
B 273 Barreto, Valria Paes de Castro. Diagnstico situacional de Hardiness em profissionais de enfermagem de um hospital universitrio: estudo quantitativo. / Valria Paes de Castro Barreto. Niteri: [s.n.], 2017.
163 f.
Dissertao (Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial) Universidade Federal Fluminense, 2017.
Orientador: Prof. Simone Cruz Machado Ferreira.
Coorientado: Prof. Dayse Mary da Silva Correia.
1. Enfermagem. 2. Trabalho. 3. Esgotamento Profissional. I. Ttulo. CDD 616.9803
VALRIA PAES DE CASTRO BARRETO
DIAGNSTICO SITUACIONAL DE HARDINESS EM PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITRIO: ESTUDO QUANTITATIVO
Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Sade
Dissertao de mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense para obteno do Ttulo de Mestre em Enfermagem. Linha de Pesquisa: O contexto do Cuidador em Sade.
Aprovada em __________
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________ Presidente - Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira (UFF) (orientadora)
_________________________________________________ 1 Examinadora- Prof. Dr. Renata Flvia Abreu da Silva (UNIRIO)
___________________________________________________________ 2 Examinadora - Prof. Dr. Dayse Mary da Silva Correia (UFF) (coorientador)
_________________________________________________ Suplente- Prof. Dr. Karinne Cristinne da Silva Cunha (UNIRIO)
________________________________________________ Suplente - Prof. Dr. Brbara Pompeu Christovam (UFF)
Niteri 2017
AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus por ter me apoiado sempre. Nesta caminhada, fazendo-se
mais que presente, atravs de pessoas que me conduziram neste desafio.
s Professoras Simone Cruz e Dayse Correia, minhas orientadoras que me
receberam com ateno, gentileza, incentivando cada etapa do trabalho.
Profissionais brilhantes que, com pacincia e sabedoria, orientaram a construo
deste estudo.
Aos profissionais de enfermagem do Hospital Universitrio, pois sem vocs
este trabalho no existiria. Foi atravs da convivncia de anos de trabalho, em
diversas situaes e setores, que cresci como ser humano. Aprendi tudo que no
pude encontrar nos livros de Enfermagem, lidar com tantas adversidades e manter
intocvel o respeito ao paciente e sua famlia.
s minhas filhas Ana Carolina e Mariana, minha base de vida, sem vocs
nada seria construdo, pois foi com o nosso crescimento e amadurecimento que
pude encontrar o equilbrio, fora e determinao.
s Tcnicas de Enfermagem Berenice e Rosane, agradeo pela colaborao
to importante.
Minha irm Andra, sempre me apoiando incondicionalmente em todos
momentos de minha vida.
Aos colegas do Mestrado Profissional, onde formamos um grupo com muita
unio e solidariedade, sempre com cooperao.
Que os nossos esforos desafiem as
impossibilidades, lembrando que as grandes
realizaes do homem foram conquistadas do que
parecia impossvel.
(Charles Chaplin)
RESUMO
O tema deste estudo trata-se da elaborao de um diagnstico situacional do
profissional de Enfermagem de um hospital universitrio em relao personalidade
resistente, Hardiness, visando preveno da Sndrome de Burnout (SB). O
objetivo principal foi realizar o diagnstico situacional utilizando a Escala Hardiness
em profissionais de Enfermagem do Hospital Universitrio Antnio Pedro (HUAP).
Est apoiado em bases conceituais nas quais a Enfermagem um dos grupos com
mais expostos Sndrome de Burnout, a qual se caracteriza pelo estresse crnico
relacionado ao trabalho, ocasionando o adoecimento fsico e psquico, e
comprometendo os resultados do trabalho. As estratgias pessoais eficazes podem
significar mais resistncia ao estresse, denominado Hardy personality ou Hardiness,
ou seja, personalidade resistente. Para a qual h trs dimenses de estimativa:
compromisso, controle e desafio. Metodologia: estudo descritivo-exploratrio, com
abordagem quantitativa, cuja amostra foram 171 profissionais de Enfermagem do
contexto hospitalar, no perodo de abril a outubro de 2016. Para coleta de dados
utilizou-se a Escala Hardiness, tipo Likert, composta por 30 itens Resultados:
somente trs (1,8%) dos profissionais possuem Hardiness elevado no referido
hospital, enquanto os demais profissionais tm alta pontuao no escore
compromisso e baixo no escore desafio. As correlaes foram apresentadas em 05
(cinco) dimenses de anlise que compem este estudo. Ou seja, perfil
sociodemogrfico da amostra, associao dos domnios de Hardiness com variveis
qualitativas nominais, associao dos domnios de Hardiness com variveis
qualitativas ordinais e quantitativas, anlise descritiva de escores dos domnios de
Hardiness, associao dos profissionais de Hardiness elevado com variveis
qualitativas nominais e ordinais e quantitativas. Concluso: o produto de pesquisa
apresentado no estudo como um Diagnstico Situacional de Hardiness de
profissionais de Enfermagem apoiar medidas preventivas na instituio.
Palavras-chave: Enfermagem. Estresse. Trabalho. Esgotamento Profissional.
ABSTRACT
The object and the main topic of this research aims to conduct a situational diagnosis
of the staff nurses of a university hospital in connection with the resistant personality,
Hardiness. In order to address the Burnout Syndrome prevention (SB) and
management, the situational diagnosis was performed using the Hardiness Scale to
assess staff nurses at Antnio Pedro University Hospital (HUAP). It is supported by
conceptual basis where Nursing is one of the groups most exposed to Burnout
Syndrome, which main characteristic is chronic stress related to work, causing
physical and psychic illnesses, and compromising the job performance outcomes.
Effective personal strategies lead to more stress resistance, called Hardy personality
or Hardiness, to which there are three estimation of dimensions: commitment, control
and challenge. Methodology: a descriptive and exploratory study, with a quantitative
approach, and a sample of 171 nurses in hospital environment, from April to October
2016. A 30-item Hardiness Scale, Likert type, was used for collecting data. Results:
only three (1.8%) of the professionals have high Hardiness in the mentioned hospital,
whereas the other professionals have high level on commitment and low level on
challenge. The correlations were presented in 05 (five) dimensions of analysis, which
this study is consisted of. That is, the sample socio-demographic profile, association
of Hardiness domains with nominal qualitative variables, association of Hardiness
domains with ordinal and quantitative qualitative variables, descriptive analysis of
Hardiness domain levels, association of Hardiness professionals with nominal
qualitative variables, and Ordinal and quantitative. Conclusion: the research findings
presented in the study as "Situational Diagnosis of Hardiness among staff nurses"
will support preventive measures in the institution.
Keywords: Nursing; Stress; Job; Professional Exhaustion; Adaptation Psychological.
RESUMEN
El tema de este estudio se trata de la elaboracin de un diagnstico de la situacin
de los profesionales de enfermera en un hospital universitario en relacin con la
personalidad resistente, Hardiness, para la prevencin del Sndrome de Burnout
(SB). El principal objetivo era hacer el diagnstico de situacin con el profesional de
enfermera utilizando la Escala de Hardiness en el Hospital Universitario Antonio
Pedro (HUAP). Se apoya en las bases conceptuales en que la enfermera es uno de
los grupos ms expuestos al agotamiento, el sndrome que se caracteriza por el
estrs laboral crnico, que causa la enfermedad fsica y mental, y compromentiendo
los resultados del trabajo. Las estrategias efectivas personales pueden significar
ms resistencia al estrs, llamada personalidad resistente, Hardiness, es decir, el
carcter resiliente. Para lo cual existen tres dimensiones estimadas: compromiso,
control y reto. Metodologa: Estudio descriptivo y exploratorio con enfoque
cuantitativo, cuya muestra fueron 171 profesionales de enfermera del hospital de
contexto, de abril a octubre de 2016. Para la recoleccin de datos se utiliz la Escala
de Hardiness, Likert, que consta de 30 artculos Resultados: slo tres (1,8%) de los
profesionales tienen un alto Hardiness en el hospital, mientras que los otros
profesionales tienen puntuaciones ms altas en el compromiso y la puntuacin baja
en desafo. Las correlaciones se presentan en 05 dimensiones (cinco) de anlisis
que componen este estudio. Es decir, el perfil sociodemogrfico de la muestra, la
asociacin de dominios Hardiness con variables cualitativas nominales, la asociacin
de las zonas de Hardiness con variables cuantitativas y cualitativas ordinales,
anlisis descriptivo de las puntuaciones del dominio de la resistencia, la asociacin
de profesionales de alta hardiness con variables cualitativas nominales y ordinales y
cuantitativas. Conclusin: el producto de la investigacin presentada en el estudio
como medidas preventivas de apoyo a los profesionales de enfermera "Diagnstico
situacional de Hardiness 'en la institucin.
Palabras clave: Enfermera; el estrs; trabajar; El agotamiento profesional.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Ensaio comparativo entre itens geradores de estresse ocupacional conforme a OMS e fatores estressantes do trabalho de Enfermagem. Niteri, 2016................................ 30
Quadro 2 - Domnios da Escala de Hardiness e itens correspondentes ................................ 45
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Quadro de busca de artigos nas Bases de Dados .......................................................... 34
Figura 2 - Distribuio do sexo dos profissionais de Enfermagem ................................................... 51
Figura 3 - Histograma da distribuio da idade dos profissionais. ................................................... 52
Figura 4 - Mdias de idade dos profissionais, global e por sexo. ..................................................... 53
Figura 5 - Distribuio de frequncias do estado civil dos profissionais de Enfermagem, por sexo e global ......................................................................................................................................... 54
Figura 6 - Distribuio de frequncias do cargo dos profissionais, por sexo e global. ....................... 55
Figura 7 - Distribuio de frequncias do setor que o profissional atua. ........................................... 57
Figura 8 - Distribuio de frequncias dos profissionais nos setores crticos .................................... 58
Figura 9 - Histograma da distribuio do tempo de atividade profissional dos participantes da pesquisa. .................................................................................................................................... 59
Figura 10 - Mdias do tempo de atividade profissional, global e por sexo. ....................................... 60
Figura 11 - Histograma da distribuio de trabalho na instituio dos participantes da pesquisa. ...... 61
Figura 12 - Mdias do tempo de atividade profissional, global e por sexo ........................................ 63
Figura 13 - Distribuio do vnculo com a instituio ...................................................................... 64
Figura 14- Distribuio de frequncias do turno de trabalho dos profissionais, por sexo e global ...... 65
Figura 15 - Distribuio do nmero de empregos dos profissionais, por sexo e global ...................... 66
Figura 16 - Distribuio do tempo dedicado ao sono diariamente.................................................... 67
Figura 17 - Distribuio de frequncias para as frias anuais. ........................................................ 68
Figura 18 - Distribuio de frequncias do nmero de dependentes dos profissionais de enfermagem, por sexo e global. Niteri,2016 ..................................................................................................... 69
Figura 19 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por sexo.................................... 70
Figura 20 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por estado Civil .......................... 71
Figura 21 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por Cargo. ................................. 72
Figura 22 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness para setor no Crtico e Crtico. .. 73
Figura 23 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por Turno .................................. 74
Figura 24 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por nmero de empregos. .......... 75
Figura 25 - Mdia e Mediana dos escores dos domnios da Escala Hardiness para os profissionais da enfermagem. ............................................................................................................................... 78
Figura 26 - Distribuio de Frequncias da classificao do escore em cada domnio e na Escala Global Hardiness ......................................................................................................................... 79
LISTA DE TABELA
Tabela 1 - Distribuio de Frequncias da Idade dos Profissionais ................................................. 51
Tabela 2 - Principais estatsticas de idade dos profissionais, global e por sexo ................................ 53
Tabela 3 - Distribuio do Estado Civil dos profissionais de Enfermagem, por sexo e global ............ 54
Tabela 4 - Distribuio de frequncias do Cargo exercido pelos profissionais de Enfermagem, por sexo e global ............................................................................................................................... 55
Tabela 5 - Distribuio de frequncias do setor que o profissional atua, por sexo e global ............... 56
Tabela 6 - Distribuio de frequncias dos setores crticos que o profissional atua, por sexo e global .................................................................................................................................................. 57
Tabela 7 - Distribuio de Frequncias do tempo de trabalho no HUAP .......................................... 60
Tabela 8 - Principais estatsticas do tempo de trabalho na instituio, global e por sexo. Niteri,2016. .................................................................................................................................................. 62
Tabela 9 - Distribuio de frequncias do vnculo com a instituio, por sexo e global .................... 63
Tabela 10 - Distribuio de frequncias do turno de trabalho na instituio dos profissionais de Enfermagem, por sexo e global .................................................................................................... 64
Tabela 11 - Distribuio de frequncias do turno de trabalho na instituio dos profissionais de enfermagem, por sexo e global. ................................................................................................... 65
Tabela 12 - Distribuio de frequncias do tempo dedicado ao sono pelos profissionais de Enfermagem, por sexo e global. ................................................................................................... 66
Tabela 13 - Distribuio de frequncias sobre as frias anuais, por sexo e global. Niteri, 2016. ...... 67
Tabela 14 - Distribuio de frequncias do nmero de dependentes dos profissionais de enfermagem, por sexo e global. ........................................................................................................................ 68
Tabela 15 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por sexo .................................. 70
Tabela 16 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por estado civil ......................... 71
Tabela 17 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por Cargo ................................ 72
Tabela 18 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness para setor no Crtico e Crtico. . 73
Tabela 19 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por Turno ................................ 74
Tabela 20 - Mdia dos escores dos domnios da escala Hardiness por nmero de empregos .......... 75
Tabela 21 - Coeficiente de Correlao de Spearman entre as variveis quantitativas e os escores dos Domnios da Escala Hardiness. .................................................................................................... 76
Tabela 22 - Principais Estatsticas dos Escores dos Domnios da Escala Hardiness ........................ 77
Tabela 23 - Distribuio de Frequncias da classificao do escore em cada domnio e na Escala Global Hardiness ......................................................................................................................... 78
Tabela 24 - Distribuio de Frequncias das variveis categricas nos grupos que tem Escore Elevado nos trs domnios: Compromisso, Controle e Desafio ....................................................... 80
Tabela 25 - Perfil dos trs profissionais que tinham Hardiness elevado, variveis qualitativas .......... 81
Tabela 26 - Perfil dos trs profissionais que tinham hardiness elevado, variveis quantitativas. Niteri,2016. ............................................................................................................................... 82
Tabela 27 - Distribuio de Frequncias das variveis categricas nos grupos que tm Escore Elevado em cada domnio: Compromisso, Controle e Desafio ........................................................ 83
Tabela 28 - Mdia das variveis quantitativas nos grupos que tem Hardiness Elevado nos trs domnios: Compromisso, Controle e Desafio ................................................................................. 84
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIS American Institute of Stress
APA American Psychological Association
BVS Biblioteca Virtual de Sade
CAAE Certificado de Apresentao para Apreciao tica
CASQ Coordenao de Ateno Integral Sade e Qualidade de vida
CEP Comit de tica e Pesquisa
CLT Consolidao das Leis Trabalhistas
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
CTI Centro de Terapia Intensiva
CV Coeficiente de Variao
DECS Descritores em Cincia da Sade
DIP Doenas Infecto Parasitrias
EUA Estados Unidos da Amrica
HSE Health Safety Executive
HUAP Hospital Universitrio Antnio Pedro
LFS Labor Force Survey
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade
MPOG Ministrio do Planejamento Oramento e Gesto
MPS Ministrio Previdncia Social
NSS Nursing Stress Scale
OMS Organizao Mundial da Sade
PASS Poltica de ateno sade do servidor
PNPIC Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares
PROGEPE Pr-Reitoria de gesto de pessoas
PTSD Ps Traumatic stress disorder
SAG Sndrome Geral de Adaptao
SIASS Subsistema integrado de ateno sade do servidor:
SPSS Statistical Package for the Social Science
SUS Sistema Nacional de Sade
UCO Unidade Coronariana
UFF Universidade Federal Fluminense
UTI Unidade de Terapia Intensiva
SUMRIO
1 INTRODUO....................................................................................................................... 18
1.1 IDENTIFICAO DO PROBLEMA ............................................................................... 18
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 21
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 21
2 BASES CONCEITUAIS ......................................................................................................... 24
2.1 CONTEXTUALIZAO DOS RISCOS DE ADOECIMENTO NO TRABALHO DE ENFERMAGEM............................................................................................................... 24
2.2 ESTRESSE .................................................................................................................... 26
2.2.1 Alteraes fisiolgicas.............................................................................................. 28
2.2.2 Estressores no trabalho de Enfermagem ................................................................ 29
2.3 SNDROME DE BURNOUT .......................................................................................... 31
2.4 PERSPECTIVAS DE ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE ........................................ 35
2.4.1 Hardiness ................................................................................................................. 35
2.4.2 Mindfulness .............................................................................................................. 37
3 METODOLOGIA ................................................................................................................... 42
3.1 TIPO DE ESTUDO......................................................................................................... 42
3.2 CAMPO DE PESQUISA ............................................................................................... 42
3.3 DETERMINAO DO TAMANHO AMOSTRAL ........................................................... 43
3.4 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ............................................................................. 44
3.4.1 Instrumentos de Abordagem.................................................................................... 44
3.4.2 Coleta de Dados....................................................................................................... 45
3.4.3 Estudo Piloto ............................................................................................................ 46
3.5 ANLISE ESTATSTICA ............................................................................................... 47
3.6 PRECEITOS TICOS.................................................................................................... 49
4 RESULTADOS ...................................................................................................................... 50
4.1. PERFIL SOCIODEMOGRFICO DA AMOSTRA ..................................................... 50
4.2 ASSOCIAO DOS DOMNIOS DE HARDINESS COM VARIVEIS QUALITATIVAS NOMINAIS ........................................................................................... 69
4.3 ASSOCIAO DOS DOMNIOS DE HARDINESS COM VARIVEIS QUALITATIVAS ORDINAIS E QUANTITATIVAS...................................................................................... 76
4.4 ANLISE DESCRITIVA DE ESCORES DOS DOMNIOS DE HARDINESS ............... 77
4.5 ASSOCIAO DOS PROFISSIONAIS DE HARDINESS ELEVADO COM VARIVEIS QUALITATIVAS NOMINAIS, ORDINAIS E QUANTITATIVAS ..................................... 81
5 DISCUSSO .......................................................................................................................... 85
6 CONCLUSO .......................................................................................................................114
REFERNCIAS .......................................................................................................................116
APNDICE 1............................................................................................................................141
APNDICE 2............................................................................................................................143
APNDICE 3............................................................................................................................145
APNDICE 4............................................................................................................................145
ANEXO 1 .................................................................................................................................146
ANEXO 2 .................................................................................................................................149
ANEXO 3 .................................................................................................................................150
18
1 INTRODUO
1.1 IDENTIFICAO DO PROBLEMA
O objeto deste estudo o Hardiness ou personalidade resistente, definido
como um conjunto de caractersticas da personalidade que funciona como fonte de
resistncia aos acontecimentos estressantes1. Portanto, o Hardiness pode ser
entendido como uma estratgia de enfrentamento ao estresse ocupacional e apoio
preveno da Sndrome de Burnout 2. Para sua avaliao, utiliza-se a Escala de
Hardiness, cuja adaptao transcultural para a lngua portuguesa foi realizada em
2009, com a autorizao do Dr. Paul T. Bartone, autor da Hardiness Scale 1.
O propsito da referida escala consiste na anlise de 03 (trs) dimenses, ou
seja, compromisso, controle e desafio, as quais compem a personalidade
resistente, ou Hardiness. Este diagnstico situacional trar subsdios para que o
Hardiness possa ser desenvolvido e aprimorado, tornando o profissional de
Enfermagem mais resistente ao estresse ocupacional1.
As questes do trabalho, suas formas de organizao em diferentes
processos de produo e seus reflexos, especialmente no que diz respeito sade
dos trabalhadores, se intensificaram com o desenvolvimento do capitalismo e tm
sido longamente discutidos. Tal fato foi ocasionado pelo aumento de trabalhadores
no setor tercirio de produo, especialmente no ramo dos servios, onde est
includo o trabalho em sade, o qual compartilha ao mesmo tempo caractersticas do
processo de produo e da economia. Logo, sofre profunda influncia da lgica de
acumulao de capital, pela tecnologia e formas de organizao de trabalho
utilizados nas indstrias3,4. Por estimativa, no setor da sade, estariam envolvidos 59,8 milhes de
trabalhadores, aproximadamente divididos em 2/3 de prestadores de servio, e 1/3
restante, composto de gestores em diferentes nveis. E que ainda, 57 pases
necessitariam de mais de quatro milhes de trabalhadores de sade para cobrir as
carncias5.
Contudo, as ltimas estimativas, do perodo 2013-2014, sob elaborao da
Labor Force Survey (LFS), da Health Safety Executive (HSE), rgo regulador da
sade do trabalhador da Gr-Bretanha, demonstram que o nmero total de casos
19
novos e antigos de estresse ocupacional, depresso e ansiedade foram de 487.000,
(30%) do total de 1.241.000 casos de adoecimentos relacionados ao trabalho no
pas. E os setores que apresentaram maior ndice de profissionais adoecidos por
estresse ocupacional foram os profissionais de sade, previdncia social, educao
e segurana pblica6.
Diante da preocupao com o trabalhador de sade e o aumento das
estatsticas de adoecimento deste profissional pelo mundo, a Organizao Mundial
da Sade (OMS) destacou, para o decnio 2006-2016, a valorizao deste
profissional5. Portanto, em funo de inmeros trabalhadores de Enfermagem, das
caractersticas deste trabalho, dos riscos a que esto expostos, e das mudanas no
modelo de organizao num mundo globalizado, faz-se necessrio buscar auxiliar
este profissional para o enfrentamento do estresse ocupacional6.
No Brasil, as estatsticas do Ministrio da Previdncia Social (MPS),
referentes ao ano de 2013, apresentam o ndice de afastamento do trabalho, com
concesso de auxlio-doena, igual a 6.635 casos, devido aos transtornos mentais e
comportamentais, e em sua subdiviso, transtornos neurticos, transtorno
relacionado com o estresse, dos quais foi concedido o total de 3.816 auxlios-
doena, que caracterizam 57,51%, do total da concesso deste benefcio7,8.
A Previdncia Social Brasileira reconhece a Sndrome de Burnout como
agente patognico, e o Decreto n 3.048, de 06 de maio de 1999, aprovou o anexo II
do Regulamento da Previdncia Social, que trata dos Agentes Patognicos que
causam Doenas Profissionais, onde citado como sensao de estar acabado
(Sndrome de Burnout, Sndrome de Esgotamento Profissional)9.
Dentre os transtornos relacionados com o estresse, identifica-se a Sndrome
de Burnout ou estresse ocupacional, definida como um fenmeno psicossocial que
emerge da resposta crnica aos estressores ocorridos em situaes de trabalho
influenciadas pela organizao inadequada do trabalho e pelas demandas da
atividade desenvolvidas em conjunto com as caractersticas individuais e cognitivas
do trabalhador10. Essa sndrome caracterizada por exausto emocional,
despersonalizao e baixa realizao profissional11; na qual, a exausto emocional
tida como uma falta ou carncia de energia, entusiasmo e um sentimento de
esgotamento de recursos. Enquanto a despersonalizao caracteriza-se por tratar
os clientes, colegas e a organizao de forma distante e impessoal. E a baixa
20
realizao profissional remete o trabalhador para uma auto-avaliao negativa. Tal
quadro pode levar as pessoas a se sentirem infelizes e insatisfeitas com seu
desenvolvimento profissional, experimentando um declnio no sentimento de
competncia e xito no trabalho12,13.
Como consequncia para as instituies de trabalho, pode-se enumerar, alm
da diminuio da produo, baixa qualidade do trabalho, aumento do absentesmo,
alta rotatividade, elevao da taxa de acidentes ocupacionais, aumento de gastos,
ocasionando prejuzos financeiros14, e o presentesmo entendido como presena
fsica do profissional, porm mentalmente e emocionalmente ausente; sintoma
silencioso, considerado como indicador de estresse, depresso, tendo efeitos
negativos no desenvolvimento do trabalho15.
Como enfermeira do HUAP, tive a oportunidade de atuar em diversos setores
de internao e exames, tanto na coordenao e na assistncia quanto na
superviso. Enquanto Supervisora de Enfermagem, portanto com uma viso geral
da grande maioria dos profissionais de Enfermagem deste hospital, pude perceber,
com apreenso, as declaraes e comentrios que expressavam desmotivao,
insatisfao e desnimo. A sobrecarga de trabalho, aliada a exigncias econmicas
pessoais, parece favorecer que o profissional se apresente, muitas vezes, para
trabalhar sem estmulo em buscar aprimoramento profissional, descontente com a
organizao em geral do hospital e, em muitos casos, com a prpria profisso. Tal
situao demanda que algo precisa ser feito, a partir de uma interveno sria e
aprofundada, buscando conhecer este trabalhador para que se possa traar o seu
perfil, criando meios de suporte a este profissional em risco de adoecimento fsico
e/ou psquico, uma vez que essa situao poder afetar no somente sua atividade
profissional ou social, mas a assistncia ao paciente e comunidade.
Nesse movimento de reflexo, emerge o seguinte questionamento: como os
profissionais de Enfermagem do Hospital Universitrio Antnio Pedro esto diante
do enfrentamento do estresse a partir da auto-avaliao pela Escala Hardiness?
O contexto hospitalar, de maneira geral, reconhecido como insalubre
penoso e perigoso para os que nele trabalham. Muitos so os estressores
ocupacionais vivenciados pelos trabalhadores do campo da sade e que afetam
diretamente o seu bem-estar, principalmente, o profissional da Enfermagem,
independente do tipo de instituio, regio ou pas onde o mesmo se d. Seu
21
exerccio profissional marcado por mltiplas exigncias como lidar com a dor,
sofrimento, morte e perdas, condies desfavorveis de trabalho, baixa
remunerao e pouco reconhecimento profissional 13,16,17.
Acredito ser importante entender esse problema, buscar ouvir esse
profissional que, por muitas vezes, nas instituies, no encontra espao para
colocar suas questes emocionais e profissionais. Da a relevncia de aprofundar o
conhecimento junto ao profissional de sade e sua capacidade de enfrentamento no
dia a dia.
1.2 OBJETIVOS
Objetivo Geral
-Realizar diagnstico situacional utilizando a Escala Hardiness em profissionais de
Enfermagem do Hospital Universitrio Antnio Pedro.
Objetivos Especficos
- Caracterizar o perfil sociodemogrfico dos profissionais de Enfermagem do HUAP.
- Aplicar a Escala Hardiness junto aos profissionais de Enfermagem no HUAP.
- Analisar o Hardiness dos profissionais de Enfermagem do HUAP, estabelecendo o
diagnstico situacional.
1.3 JUSTIFICATIVA
A organizao do trabalho exerce sobre o homem um impacto no aparelho
psquico que, em certas condies, emerge sofrimentos relacionados sua histria
individual, portadora de projetos, esperanas e desejos, frente a um contexto que o
ignora.
Dessa maneira, novas enfermidades surgem decorrentes das mudanas
introduzidas ao mundo do trabalho, e uma das consequncias psquicas geradas
nos trabalhadores a Sndrome de Burnout, que corresponde a resposta emocional
s situaes de estresse crnico, em razo de relaes intensas de trabalho com
22
outras pessoas. Pode acometer profissionais que apresentem grandes expectativas
com relao a seu desenvolvimento profissional e dedicao profisso, porm sem
alcanar o retorno esperado. Tambm, uma organizao de trabalho que gera
sobrecarga e tenso ocupacional favorece o desenvolvimento da Sndrome de
Burnout. O desenvolvimento da sndrome decorre de um processo gradual de
desgaste no humor e desmotivao acompanhado de sintomas fsicos e psquicos 2,13,17,18,19.
Nessa perspectiva, percebe-se a necessidade de ateno no gerenciamento
da situao de sade dos trabalhadores de Enfermagem e da sua qualidade de vida,
pois possuindo maior proximidade fsica e psicolgica com doentes/familiares, ou
seja, um relacionamento mais efetivo com pessoas, necessita de maior apoio
institucional para o desenvolvimento de sua atividade e meios para enfrentamento
do estresse ocupacional. Do ponto de vista organizacional, o profissional em estado
de Burnout prejudicar o processo de trabalho, afetando a qualidade da assistncia
de Enfermagem prestada. A relao de trabalho e existncia de suporte social tem
impacto positivo na qualidade de vida do trabalhador, uma vez que a satisfao no
trabalho ir contribuir com melhor sade mental e enfrentamento do estresse 20.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), desde maro de 2011, a
Coordenao de Ateno Integral Sade e Qualidade de Vida (CASQ), vinculada
Pr-Reitoria de Gesto de Pessoas (PROGEPE), responsvel pela coordenao
da promoo de sade e qualidade de vida do servidor da UFF. Ela tem como
objetivo integrar as aes de ateno integral ao servidor, agilizando os trs eixos
bsicos: Promoo/Vigilncia em Sade; Percia em Sade; Assistncia em Sade.
Visam atender Poltica de Ateno Sade do Servidor (PASS) e tambm ao
Subsistema Integrado de Ateno Sade do Servidor (SIASS) regulamentada pelo
Decreto de lei no 6. 833, de 29/04/2009, do Ministrio do Planejamento Oramento e
Gesto (MPOG).
Os resultados deste estudo sero apresentados CASQ, no intuito de
fornecer um diagnstico situacional que possa subsidiar aes articuladas com
outros profissionais de sade, visando apresentar, aos servidores da equipe de
Enfermagem, ferramentas de enfrentamento do estresse ocupacional e,
consequentemente, preveno da Sndrome de Burnout, melhor qualidade de vida,
23
refletindo positivamente na assistncia de Enfermagem e relacionamento com os
trabalhadores, usurios, docentes e discentes.
24
2 BASES CONCEITUAIS
2.1 CONTEXTUALIZAO DOS RISCOS DE ADOECIMENTO NO TRABALHO DE ENFERMAGEM
A Enfermagem subdividida em trs categorias profissionais: enfermeiros,
tcnicos de Enfermagem e auxiliares de Enfermagem. Essas categorias constituem
a equipe de Enfermagem e tm seu exerccio regulamentado pela Lei 7498/8621,
com foco no cuidado direto ao paciente, em toda a integralidade, como ser biolgico
e social 4.
Em junho de 2016, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN), est registrado um total de 1.896.293 profissionais, sendo
444.535(23,44%) enfermeiros, 1.014.755(53,51%) tcnicos de Enfermagem,
436.742(23,03%) auxiliares de Enfermagem e 261(0,01%) obstetrizes22.
Na organizao do trabalho de Enfermagem, ocorre diviso parcelar ou
pormenorizada, cabendo a diferentes categorias profissionais o cuidado direto4.
Entretanto, cabe somente ao enfermeiro atividades de administrao de setores e de
grupos profissionais, que atendem a um mesmo conjuntos de pacientes. Dessa
forma, h uma ciso entre os momentos de concepo e execuo do cuidado.
uma profisso de grande representatividade numrica entre as profisses
de sade, a qual mantm contato direto com os pacientes por 24 horas e em
consequncia dos cuidados prestados, h exposio a fluidos orgnicos, roupas,
instrumentos e aparelhos utilizados em procedimentos diagnsticos e teraputicos23.
Sua atividade permeada pela constante incorporao de tecnologias
denominadas: duras, representadas por equipamentos, dispositivos materiais; leves-
duras, constitudas pelos saberes profissionais e cientficos; e leves, cuja expresso
dar-se- no relacionamento com usurios e trabalhadores, elemento essencial no
trabalho de sade24. Na produo do cuidado, utiliza-se as trs tecnologias,
arranjando de modo diferente uma com a outra, conforme o seu modo de produzir o
cuidado25.
Os profissionais de Enfermagem, para atender as necessidades dos cidados
e do prprio sistema de sade, devem ampliar o conhecimento, habilidades e
mltiplas funes que, associadas, repercutem em novas prticas e dinmicas de
trabalho. Toda diversidade do processo de trabalho, no setor sade, implicar
25
exposio a riscos variados e frequentemente sobrepostos, afetando vrios sistemas
do organismo3.
Suas atividades fazem com que convivam diariamente com a morte e o
morrer, com o sofrimento alheio, com as carncias da populao e com a dificuldade
no processo de assistir. Situaes que trazem impacto na vida desses profissionais
e, de certa forma, pela histria e problemtica daqueles de quem cuidam, resultando
num cotidiano repleto de emoes26.
Desde sua organizao, a profisso predominantemente subordinada e
assalariada, inserida no sistema capitalista, tendo sua fora de trabalho vendida ao
empresrio hospitalar ou Estado. Apesar de ser assalariada e no participar dos
lucros da empresa, assume a posio de gerente da assistncia de Enfermagem e,
at certo ponto, da organizao institucional4,27.
A Enfermagem enfrenta uma sobrecarga de trabalho tanto quantitativa,
evidenciada pela responsabilidade por mais de um setor hospitalar, quanto
qualitativa, verificada na complexidade das relaes humanas, por exemplo,
enfermeiro/cliente, enfermeiro/profissional de sade; enfermeiro/familiares28, e
enfermeiro/equipe.
O exerccio de Enfermagem desenvolve-se em local de grande interposio
de atividades e a Enfermagem encontra-se no centro dessas interferncias,
coordenando a assistncia ao paciente, assegurando a interface do tratamento
mdico, por vezes adiando-as ou antecipando-as. Alm de suas prprias funes
administrativas, possui uma viso ampla de todo processo envolvido na assistncia
ao paciente29.
O ambiente laboral compe-se de um conjunto de fatores que, de forma direta
ou indireta, podem provocar riscos ao profissional, camuflando ou retardando sinais
e sintomas de comprometimentos sade do trabalhador30. Existem fatores no meio
ambiente de trabalho que so nocivos ao organismo, tais como as condies fsicas,
biolgicas e emocionais31.
A soma das atribuies do enfermeiro para com sua equipe, vivncia com
fatores estressantes, longas jornadas de trabalho que diminuem o pensamento
cognitivo, o desgaste dirio e a baixa remunerao podem ocasionar adoecimento,
se o trabalhador no estiver preparado para trabalhar com esses elementos
26
estressores que, quando acumulados e associados a emoes, aumentam os riscos
de adoecimento.
Os trabalhadores de Enfermagem vm enfrentando situaes danosas
sade por meio do uso de estratgias coletivas de defesa frente s adversidades no
ambiente de trabalho, tais como o distanciamento que assumem frente morte e a
despersonalizao, que se constata pela frieza/humor em suas atitudes no
trabalho32.
O estresse psicolgico est em nossas rotinas de trabalho, e o organismo
precisa reagir contra este, como uma resposta natural e necessria. Quando a
resposta negativa, pode levar ao adoecimento do trabalhador 33,34.
2.2 ESTRESSE
O interesse mdico pelo estresse remonta a Hipcrates (470-377 a.C.), mas
somente em 1929, com os trabalhos do fisiologista Cannon, formulando o conceito
de homeostase, a reao ao estresse passou a ser compreendida como um
fenmeno relacionado interao corpo-mente35.
Hans Selye ampliou os estudos de Cannon, definindo o estresse em sua
dimenso biolgica. Observou que todos doentes, independentemente da
enfermidade que apresentavam, produziam certas modificaes na estrutura e na
composio qumica do corpo, as quais podem ser observadas e mensuradas. O
estresse o estado que se manifesta atravs da Sndrome Geral de Adaptao
(SGA)36,37.
Sndrome Geral de Adaptao (SAG) encerra trs fases: alarme, resistncia e
exausto. Contudo o estresse pode ser positivo, necessrio e estimulante, desde
que ocorra dentro dos limites fisiolgicos e psicolgicos de cada organismo. Por
natureza, o ser humano procura manter um equilbrio de suas foras internas com
todos os rgos, de maneira que seu organismo possa trabalhar em harmonia.
Entretanto, quando esse equilbrio passa a ser alterado por algum agente estressor,
ou seja, por qualquer situao que desperte uma emoo boa ou m, isso se
constituir numa fonte de estresse38.
A fase de alarme caracterizada por uma resposta do organismo ao impacto
psicolgico e fisiolgico do estresse, visando estabilizar a homeostase, nessa
27
situao, as respostas corporais entram em prontido, o organismo mobilizado
sem o envolvimento especfico de algum rgo, preparando para luta ou fuga. Na
fase resistncia, o organismo permanece na tentativa de restabelecer o equilbrio e
acostumar-se aos estressores por um perodo de tempo. A reao ao estressor pode
ser canalizada para um rgo ou um sistema especfico. Na fase exausto, o
organismo submetido ao estressor, de uma forma mais severa, perder sua
capacidade adaptativa; e ocorrer sinais semelhantes aos sinais da fase de alarme
de forma mais intensa, caracterizando a deteriorizao do organismo, podendo
originar doenas ou mesmo levar a morte10,38.
Na dcada de 1980, foi desenvolvido o conceito do modelo de traos de
personalidade, na qual variveis pessoais explicam e determinam a maioria de
condutas do indivduo. O modelo interacionista ou transacional considera as
variveis da situao, ou seja, a forma como o sujeito a valoriza, percebe e
interpreta o ambiente, somadas a caractersticas de personalidade, reaes
emocionais e cognitivas1,18,38.
O processo de trabalho em sade de carter relacional, no qual a busca
centrada em tecnologias e modelos de gesto do trabalho voltados para o usurio,
gerando consequncias positivas e negativas, caracterstica de todas as relaes
humanas24. O estresse ocupacional crnico, que pode culminar com a sndrome do
esgotamento profissional (Burnout) e transtornos mentais comuns, tem sido cada
vez mais identificado e pesquisado entre profissionais de sade 10,13,14,17,18,19,20,40.
Podendo causar incapacitao e alto custo social, econmico e individual,
absentesmo, queda da produtividade, alta rotatividade de profissionais, elevao da
demanda de servios de sade, uso abusivo de tranquilizantes, lcool e outras
drogas afetando negativamente a sade, satisfao no trabalho, produtividade,
qualidade da assistncia e risco para o paciente40.
As causas desse processo de adoecimento so, alm da caracterstica
relacional do trabalho em sade, a estrutura organizacional da atividade, condies
ergonmicas e de proteo, exposio constante aos acidentes e contaminao,
burocracia dos servios e o contato com o sofrimento e morte, situaes que exigem
do indivduo muito equilbrio emocional13, mas, sobretudo, com alteraes
fisiolgicas do indivduo.
28
2.2.1 Alteraes fisiolgicas
O corpo ir utilizar suas fontes de energia para combater as alteraes que o
agente estressor lhe causa. A reao iniciada no hipotlamo, onde um dos trs
eixos fisiolgicos, quais sejam, eixos I, II, III, respectivamente, Neural,
Neuroendcrino e Endcrino, sero ativados41.
O hipotlamo corresponde a uma pequena rea no Sistema Nervoso Central,
localizado na regio central do crebro, protegido pela calota craniana.
responsvel por funes vitais do organismo. Comanda a endocrinologia em geral,
exercendo ao direta sobre a hipfise e indireta sobre outras glndulas41.
O Eixo I, Eixo Neural acionado imediatamente diante da situao de alerta
ativa o Sistema Nervoso Simptico, aumentando a frequncia respiratria, ritmo
cardaco, presso arterial, liberao da glicose e sistema nervoso perifrico 18,42.
No Eixo II, Eixo Neuroendcrino, ocorre a ativao da Medula Adrenal, sendo
liberadas Epinefrina e Noradrenalina (catecolaminas), assegurando suprimento
rpido de oxignio e glicose para os tecidos, principalmente cerebral, aumentando o
tnus cardiovascular e alterando a atividade digestiva. O risco de infarto agudo do
miocrdio, hipertenso arterial sistmica, formao de trombos, angina e outras
alteraes cardacas aumentam 18,42. A ativao do Eixo Neuroendcrino depende
de como o indivduo vai interpretar a situao de alerta e de sua capacidade de
enfrent-la.
O Eixo III, Eixo endcrino, onde os efeitos mais crnicos do estresse so
includos, ser ativado caso a situao estressante no puder ser controlada. A
hipfise ser ativada e ocorre a liberao de glicocorticoides (cortisol e
corticosterona), aumentando a produo de glicose, ureia, liberao de cidos
graxos, produo de corpos cetnicos, suco gstrico, e, como consequncia, maior
risco de arteriosclerose, necrose de miocrdio, reduo do mecanismo imunolgico,
depresso18,42.
Assim, estresse um estado manifesto por uma sndrome especfica,
constituda por todas as alteraes no especficas produzidas num sistema
biolgico.
29
2.2.2 Estressores no trabalho de Enfermagem
O trabalho de Enfermagem possui caractersticas particulares associadas
sua essncia e contexto, citados por vrios autores como estressante13, 16, 17, 18, 23, 28,
29, 31, 34, 40, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 55. Assim, apresenta fragmentao, tcnicas
normatizadas, rotatividade de horrios, trabalho por turnos, exigncia de constante
atualizao tcnica, contato com o sofrimento, dor e morte, alm de exigncias
administrativas burocrticas sempre maiores, carga de responsabilidade elevada e
exigncia de relacionamento interpessoal16, 17, 18, 20, 23, 28, 31,40.
Dependendo de onde se insere, apresenta dificuldades de estrutura para
desenvolver suas aes devido falta de material e pessoal, tanto quantitativamente
quanto qualitativamente, devido insalubridade e sobrecarga de trabalho; alm do
pouco status profissional que a Enfermagem possui, apesar de sua grande
importncia na equipe de sade, associado baixa remunerao. Apesar de todas
as dificuldades citadas, muitos profissionais lutam para exercer suas atividades com
qualidade respeito e competncia, enquanto outros no conseguem suportar as
presses e acabam abandonando a profisso12,17.
O ambiente hospitalar apresenta uma srie de condies passveis de gerar
insalubridade e sofrimento aos profissionais de Enfermagem - considerada a mais
numerosa, dentre as equipes que compe o quadro de profissionais intra-hospitalar.
Convive com um alto nvel de estresse ocupacional, como a exposio ao sofrimento
do paciente, forte carga emocional e fsica, horrios de trabalho atpicos, falta de
material ou mesmo material inadequado, ao desenvolvimento das atividades, longas
jornadas de trabalho, nmero insuficiente de profissionais, falta de autonomia e de
motivao 3,4.
A Organizao Mundial da Sade (OMS) elaborou, em 2008, um guia visando
ao esclarecimento e preveno dos riscos psicossociais do estresse ocupacional
devido grande prevalncia de agravos relacionados ao estresse no trabalho, bem
como violncia, bullying e assdio43.
Entendendo que o risco psicossocial para o desenvolvimento do estresse
ocupacional originado de diversos fatores de risco, o quadro abaixo busca
relacionar aspectos e estgios apontados pela OMS, os quais tm grande
pertinncia com a Enfermagem, segundo a literatura.
30
Quadro 1 - Ensaio comparativo entre itens geradores de estresse ocupacional conforme a OMS e fatores estressantes do trabalho de Enfermagem. Niteri,
2016. Organizao Mundial da Sade (OMS) Fatores estressantes associados ao trabalho da
Enfermagem
Organizao do trabalho: M
comunicao, baixo nveis de apoio para
resoluo de problemas e
desenvolvimento pessoal, falta de
definio ou acordos sobre objetivos
organizacionais43, 44.
Conflito e ambiguidade de papis, falta de participao
nas decises, plantes (diurno/noturno), longas
jornadas de trabalho, rodzio de horrios, nmero
insuficiente de pessoal, recursos escassos, sobrecarga
de trabalho, falta de treinamento, excesso de
burocracia, excesso de horas extras13, 18, 45, 46, 47, 48,49.
Relaes interpessoais no trabalho:
Isolamento social e fsico, relao ruim
com superiores hierrquicos ou colegas
de trabalho, conflitos interpessoais, falta
de apoio social 43,44.
Relacionamento muitas vezes conflituoso com a equipe
mdica, falta de apoio e/ou suporte social, falta de
reconhecimento profissional, alta competitividade,
presses por produtividade, falta de confiana e
companheirismo, pouco contato com demais
integrantes da equipe. 13,18,45,46,47,48,49.
Ambiente e equipamento: Eficcia dos
equipamentos, adequao e manuteno,
ms condies ambientais tais como falta
de espao, m iluminao e excesso de
rudo43,44.
Ambiente com riscos qumicos (medicamentos,
desinfetantes), biolgicos (bactrias, fungos, vrus,
etc.), fsicos (rudos, radiaes, etc.), mecnicos
(transporte e/ou movimentao de pacientes, preparo
de materiais, etc.) e psicossociais (contato com
pacientes agitados, descontrolados, agressivos) 13, 18, 45,
46, 47, 48,49.
Interface casa/trabalho: Demandas
conflitantes no trabalho e em casa, pouco
apoio em casa, problemas de dupla
jornada43,44.
Turnos rotativos dificultando a convivncia social e
familiar, dificuldade em conciliar o trabalho com
atividades extraprofissionais. 13,18,45,46,47,48,49.
Contedo do trabalho: Ausncia de
variao de ciclos de trabalho, curtos e
fragmentados, uso de habilidades, alto
grau de incerteza, trabalho com contnua
exposio a outras pessoas43,44.
Interao prxima com o paciente, ateno constante
(medicao, horrio de procedimentos, etc.), contato
constante com o sofrimento, a dor e muitas vezes a
morte, complexidade de alguns procedimentos,
responsabilidade com a vida de outrem. 13,18,45,46,47,48,49.
Fonte: Organizao Mundial de Sade
Sendo o estresse ocupacional um fenmeno frequentemente relacionado aos
profissionais de Enfermagem, na prtica, existem instrumentos sistematizados para
31
avaliar a problemtica. Foram desenvolvidas diversas formas de mensurar o
estresse ocupacional do enfermeiro, dentre as quais podemos citar a entrevista livre,
o registro cursivo e a utilizao de questionrios, identificando os estressores, a
intensidade e a frequncia destes na profisso 49.
Quanto ao uso de escalas, destaca-se a NSS (Nursing Stress Scale), ou
Escala de estresse na Enfermagem com categorias referentes sobrecarga de
trabalho, morte e ao morrer, incerteza, ao conflito com os mdicos, ao conflito
com outras enfermeiras, falta de suporte e preparao inadequada. Outro
instrumento de auto relato estruturado o Inventrio para Estresse no Trabalho com
Enfermeiros em Oncologia (Work Stressor Inventory for Nurses in Oncology), que foi
desenvolvido usando metodologia quantitativa e qualitativa, subdividida em cinco
sub escalas relacionadas a temas como carga de trabalho, processo de morte,
sofrimento, conflitos interpessoais, relao com pacientes e familiares50.
No Brasil, a Escala Bianchi de Stress51 foi desenvolvida para avaliar o nvel de
estresse do enfermeiro hospitalar no desempenho bsico de suas atividades. A
escala autoaplicvel, formado por domnios compostos por atividades envolvendo
a assistncia e o gerenciamento do cuidado. Com sua utilizao, pode-se verificar o
domnio mais estressante para o grupo de enfermeiros ou para cada indivduo, e
tambm avaliar as atividades mais estressantes naquela instituio52.
A maneira como os profissionais de Enfermagem conseguem enfrentar as
situaes do cotidiano de trabalho pode gerar estresse ocupacional, que surge como
responsvel pelo adoecimento fsico e/ou psquico, comprometendo os resultados
do trabalho, em resposta aos estmulos deletrios provenientes do ambiente laboral,
originando a ocorrncia de Sndrome de Burnout como um agravo do estresse
ocupacional nos profissionais de Enfermagem13,53.
2.3 SNDROME DE BURNOUT
A partir da obra de Ramazzini54, publicada em 1700, primeiro estudo
sistematizado sobre os efeitos do trabalho nos processos de adoecimento dos
trabalhadores, a epidemiologia passa a ter relao com o campo da sade dos
trabalhadores 55.
32
Os estudiosos afirmam que a Sndrome de Burnout um desequilbrio
que determinados indivduos desenvolvem consequente ao trabalho e seu ambiente,
caracterizado principalmente, por alteraes psicolgicas e comportamentais2.
Freudenberg (1974) caracteriza Burnout como um conjunto de sintomas que podem
progredir para depresso e suicdio, e que surge decorrente da atividade laboral,
com grande participao de caractersticas individuais. Para Malash e Jackson,
Burnout, uma sndrome psicolgica que envolve exposio prolongada a
estressores interpessoais crnicos decorrentes do ambiente laboral, caracterizados
por trs dimenses: desgaste emocional ou exausto, despersonalizao ou
ceticismo e incompetncia profissional ou reduzida realizao profissional12.
Estudos recentes evidenciam essa problemtica em diversas profisses,
porm verificado que os profissionais de sade se apresentam como um grupo de
risco extremo, cujas consequncias podem refletir-se em nvel da qualidade dos
servios prestados aos doentes, bem como na qualidade de vida e bem-estar dos
profissionais 2,5,12,17,23,56.
O estresse inevitvel, pois adaptativo. Entretanto, quando o
estresse ocorre no ambiente ocupacional, ele pode levar a um grande desgaste para
o profissional e isso pode refletir na sua produtividade, ocasionando assim prejuzos
individuais e para a organizao14. Mudana nas organizaes e, especificamente,
nos servios de sade (sobrecarga de trabalho, insegurana, mudanas frequentes
nas equipes, conflito e ambiguidade de papis), somada aos fatores de natureza
humana em contexto organizacional podem traduzir-se em fatores de resilincia ou
risco para o bem-estar dos indivduos. Nesse mbito, o desenvolvimento e uma
gesto adequada dos recursos humanos, tm vindo a assumir uma importncia
crescente em nvel organizacional, no sentido da promoo da qualidade de vida
dos profissionais56.
Para a realizao desta investigao, foi realizada uma pesquisa bibliogrfica
visando construo dos fundamentos tericos do estudo, para a qual foram
utilizadas as seguintes bases: Biblioteca Virtual de Sade (BVS); Bases de Dados
de Enfermagem (BDENF); Literatura Latino-Americana do Caribe em Cincias da
Sade (LILACS); Literatura Internacional da rea Mdica e Biomdica (MEDLINE);
Biblioteca COCRHANE, referente aos ltimos cinco anos, mediante os Descritores
em Cincias da Sade (DECS) Enfermagem (Nursing), Estresse (Stress); Trabalho
33
(Work); Esgotamento profissional (Burnout) e palavra chave Hardiness. Com a
elaborao dessa etapa, objetivou-se identificar a afinidade do tema proposto com
os achados capturados da literatura especializada, assim como verificar a relevncia
dessa construo, e por fim, elencar novos conhecimentos, s lacunas, que possam
existir sobre a temtica proposta.
Os artigos foram selecionados com textos completos, escritos em portugus
ou lngua estrangeira, publicados no espao temporal assinalado, que traziam no
ttulo um dos descritores supracitados e que tinham realizado estudo da associao
da Enfermagem, estresse ocupacional e Hardiness. Foram excludos os artigos
repetidos e que no apresentavam conotao com os propsitos do estudo.
Posteriormente, o resultado destas buscas foi disponibilizado conforme os conceitos
embasadores: os objetivos, metodologia utilizada; identificao das informaes a
serem utilizadas na discusso e categorizao; avaliao; correlao e amostragem
dos mesmos em formas de fluxogramas a serem criados57.
Na BVS, a busca foi realizada atravs dos descritores acima citados no
campo de busca avanada, utilizando o recurso boleando and. O resultado da
busca inicial foi 1.727 artigos; aplicado o filtro relacionado a textos disponveis,
permaneceram 527 artigos. Com os filtros de recorte temporal e critrios de incluso
e excluso acima citados, permaneceram 61 artigos, destes, 10 repetidos e 22 sem
relao com o trabalho proposto. Finalizando com 29 artigos, sendo 05 da LILACS e
24 MEDLINE, conforme a figura abaixo.
34
Figura 1 - Quadro de busca de artigos nas Bases de Dados
Fonte: Dados da pesquisa
35
2.4 PERSPECTIVAS DE ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE
2.4.1 Hardiness
O mundo moderno do trabalho e de relaes sociais traz, ao ser humano,
cada vez mais complexas e maiores exigncias, que envolvem tecnologia,
especializaes, produo, falta de estabilidade, com consequente desumanizao
dos contatos humanos e afetivos dentro do ambiente de trabalho. Dentro deste
contexto, existem profisses que tm como objetivo o contato com o ser humano e
suas necessidades como os professores, enfermeiros, mdicos e policiais, por
exemplo, que com longas jornadas de trabalho, ambiente insalubre e potencialmente
gerador de conflitos, esto lidando constantemente com a dificuldade do outro.
Assim, esto sujeitos, no seu dia a dia de trabalho, a situaes estressantes com
muita frequncia 2,13,20,46,55,58.
A viso romntica, ideologicamente citada pelos ditos populares, do trabalho
enobrecedor, tem sido contestada pelos resultados de pesquisas realizadas, que
buscam identificar a natureza do sofrimento proveniente das relaes de trabalho.
Dejours, em seus estudos sobre a psicopatologia do trabalho, desde os anos 90,
destacou a associao de trabalho e sofrimento e chamou de organizao de
trabalho a diviso do trabalho, o contedo das tarefas, os sistemas de hierarquia, as
modalidades de comando e as relaes de poder e responsabilidade, estabelecendo
as interferncias dessas instncias no adoecimento do trabalhador, demonstrando
que o trabalhador adoece em virtude da organizao no local e das condies de
trabalho2.
Alguns trabalhadores possuem maior resistncia ao estresse ocupacional,
mesmo se submetidos constantemente a ele. Estratgias pessoais eficazes podem
significar maior resistncia ao desenvolvimento da Sndrome de Burnout. A
constatao desse fato levou inquietao acerca da Hardy personality ou
hardiness, personalidade resistente, que comeou a ser estudada na dcada de
1970, e a denominao que recebe este grupo de profissionais que possuem, em
sua personalidade, estrutura que os tornam capazes de no desenvolver o estresse
ocupacional, ou seja, Burnout. O conceito terico do Hardiness provm do
existencialismo, que defende que o indivduo ao longo de sua vida vai elaborando
36
sua personalidade com mudanas inevitveis associadas situao estressantes 1, 2,
10, 11, 16,17.
O conjunto das caractersticas da Personalidade Resistente, tambm
conhecido como Hardiness, uma varivel que est associada a uma sade melhor,
sendo uma das caractersticas importantes para o no desenvolvimento da
Sndrome de Burnout 1,10.
Outra definio de Hardiness encontrada refere que seria um conjunto de
caractersticas da personalidade, que funciona como fonte de resistncia aos
acontecimentos estressantes, caracterizada por trs dimenses: compromisso,
controle e desafio 58.
Alguns indivduos possuem a Personalidade Resistente, ou seja, diante do
estresse se sentem comprometidos com o trabalho (Compromisso), se percebem
com o domnio de controlar e modificar a situao estressante (Controle), diante das
mudanas, no as percebem como ameaas, mas como estmulo para o
desenvolvimento pessoal e profissional, ou seja, uma oportunidade positiva
(Desafio)1,2,10,16,17.
O processo individual e dinmico que cada indivduo desenvolve diante das
situaes estressantes, no intuito de resolv-las e control-las, foi denominado de
coping, que so estratgias na maioria das vezes inconscientes, que serviro no
enfrentamento das situaes de estresse, porm no evitaro que tais situaes
afetem o bem-estar do indivduo 59,60.
Hardiness considerado um caminho para resilincia, termo da Fsica e
Engenharia, que se refere capacidade que um material tem de absorver energia
sem sofrer deformaes permanentes. Foi emprestado para as cincias da sade, e
entendido como enfrentamento de adversidades e de adaptao de maneira flexvel
s situaes estressantes e conflituosas sem perder o equilbrio e sade, tornando
fonte para alcanar os objetivos propostos61,62.
Hardiness pode ser medido com a Hardiness Scale (Escala de Hardiness),
encontrada na Literatura Internacional, bem como aprendido e aprimorado,
proporcionando melhor qualidade de vida para o profissional de Enfermagem,
tornando-o mais resistente ao estresse ocupacional1, 2, 10, 16,17. A Escala de
Hardiness tem por objetivo avaliar quais caractersticas Hardiness esto presentes
no indivduo. No Apndice 1, pode ser observado um levantamento bibliogrfico de
37
estudos relacionados diante da aplicao da Escala Hardiness e a profisso de
Enfermagem.
2.4.2 Mindfulness
As questes do trabalho, suas formas de organizao em diferentes
processos de produo e seus reflexos, especialmente no que diz respeito sade
dos trabalhadores, que se intensificaram com o desenvolvimento do capitalismo, tm
sido longamente discutidos. Tal fato foi ocasionado pelo aumento de trabalhadores
no setor tercirio de produo, especialmente no ramo dos servios, onde est
includo o trabalho de sade, o qual compartilha ao mesmo tempo de caractersticas
do processo de produo e da economia. Logo, sofre profunda influncia da lgica
de acumulao de capital, pela tecnologia e formas de organizao de trabalho
utilizado nas indstrias 3,4.
Sendo um dos setores que apresentaram maior ndice de profissionais
adoecidos por estresse ocupacional, os profissionais de sade6, a Organizao
Mundial da Sade (OMS) destacou a valorizao desses profissionais5,63. Portanto,
em funo de inmeros trabalhadores de Enfermagem, das caractersticas desse
trabalho, dos riscos a que esto expostos, e das mudanas no modelo de
organizao num mundo globalizado, faz-se necessrio buscar auxiliar este
profissional para o enfrentamento do estresse ocupacional64.
Atualmente, h estudos que evidenciam ajuda nesse enfrentamento, nos
quais o Mindfulness tem recebido ateno em pesquisas internacionais, porm de
forma reduzida no Brasil. Consiste em um termo que pode ser traduzido para
portugus como Ateno Plena, no qual seu construto deriva de tradies orientais
com razes no Budismo Thevarada, e foi ocidentalizado por Jon Kabat-Zinn, no
Centro Mdico da Universidade de Massachusetts EUA64, 65,66. A efetividade do
Mindfulness vem sendo estudada em uma variedade de grupos, incluindo pessoas
com cncer, depresso, doenas cardacas e profissionais de sade.64,65,66,67,68,69.
Segundo a literatura, no possui nenhuma ligao religiosa ou esotrica, estando a
neurocincia na base dessa prtica. Pois, com o conhecimento da neuroplasticidade
do crebro, sabe- se que a maneira como utilizamos a ateno tem um papel
determinante no funcionamento do crebro. Dessa forma, o treinamento da ateno
38
pode aperfeioar as nossas capacidades mentais, e, quando aplicado em equipes,
pode melhorar a capacidade de comunicao e resoluo de conflitos 70.
No Brasil, a Poltica Nacional de Prticas Integrativas e Complementares
(PNPIC) no mbito do Sistema nico de Sade71, com origem no documento
Traditional Medicine Strategy 2002-2005, da OMS72, tem por finalidade combater o
racionalismo tecnoassistencial biomdico, onde prticas como a de Mindfulness
estariam inseridas por corresponder com suas metas: preveno de agravos,
promoo e recuperao da sade, com nfase na ateno bsica, voltada para o
cuidado continuado, humanizado e integral em sade; contribuio ao aumento da
resolubilidade e ampliao do acesso, garantindo qualidade, eficcia, eficincia e
segurana no uso; promoo e racionalizao das aes de sade; e, estmulo das
aes de controle/participao social, promovendo o envolvimento responsvel e
continuado dos usurios, gestores e trabalhadores da sade 71,72,73.
Pesquisa realizada nas bases de dados encontrou 84 artigos, dos quais foram
selecionados 12, publicados no perodo de 2010 a 2015. Ao analisar o perodo de
publicao, observa-se que recente, nos ltimos anos, na literatura, a associao
do Mindfulness na rea de Enfermagem para profissionais (Apndice 2), no qual, o
ano de 2013 agrega 75 % (4) das publicaes. Enquanto 25% (3) das publicaes
so direcionadas aos estudantes (Apndice 3).
Em sade, o cuidado com o outro seria uma finalidade primordial do
trabalho, tendo como foco tecnologias relacionais, como acolhimento do usurio, de
suas queixas e o estabelecimento de vnculo com essa razo, pela qual os
envolvidos nesse processo de trabalho no esto livres de complicaes, incluindo
custos, principalmente em sua qualidade de vida 3,5,63.
Igualmente, o profissional de sade vive em seu dia a dia a influncia direta
da presso de seu objetivo, o cuidado, bem como sofre com decises a serem
tomadas em situaes adversas, por exemplo, com materiais e recursos fsicos
reduzidos ou ineficientes, falta de pessoal, falta de autonomia e reconhecimento da
sociedade e do governo64, 65.
Tais aspectos tm impacto direto como estressor, os quais influenciam em
nvel espiritual, biolgico e emocional este profissional; considerada, entre as
categorias profissionais, juntamente com a dos professores, uma das mais expostas
Sndrome de Burnout13,40,58,74,75.
39
No cotidiano, a predisposio ao adoecimento do trabalhador em sade
parece resultar da falta de acordo das exigncias de trabalho e prticas de gesto,
ou seja, as exigncias atuais do trabalho em sade no so observadas pelas
prticas de gesto tradicionais4,40,75. Portanto, associado a todos os efeitos para a
vida do profissional de Enfermagem, soma- se o impacto econmico.
Dada a dificuldade de avaliar exatamente o dano causado pelo estresse, o
American Institute of Stress (AIS) e American Psychological Association (APA)
estimam um prejuzo em torno de US$ 250 bilhes anuais76.
Dentre estratgias de enfrentamento, o Mindfulness particularmente efetivo
para reduzir o estresse, ansiedade, depresso e outras emoes negativas, com a
prtica regular. A meditao baseada no Mindfulness pode mudar o crebro,
fortalecendo reas associadas alegria e relaxamento e enfraquecendo as
envolvidas em emoes negativas e estresse. Alguns resultados, como a mudana
na produo de hormnios, foram observados por pesquisadores do Davis Center
for Mind and Brain da University of California, onde se analisou o nvel de
adrenalina, cortisol e endorfinas antes e depois de um grupo de voluntrios que
meditaram77. O nvel de cortisol elevado em condies de estresse, interferindo na
memria e processamento de informaes, funo digestiva, incluindo lceras,
sndrome do intestino irritvel, colite ulcerativa, doenas cardiovasculares como
hipertenso65.
O Mindfulness aplicado em diversas clnicas de tratamento de estresse, e
vrias universidades possuem centro de estudo sobre prtica como: University of
Massachussets, University of Harvard, ambas nos Estados Unidos da Amrica
(EUA), e Oxford University na Inglaterra, alm de grandes empresas como: Google,
Nike e Apple77. Foi comprovado que quanto mais profundo o estado de relaxamento,
menor a produo de hormnios do estresse78.
Entretanto, o Mindfulness como estratgia de enfrentamento ao estresse
ocupacional, aos profissionais e estudantes de Enfermagem, tem sido descrito mais
recentemente. Dos 12 artigos selecionados e analisados, foi possvel apontar duas
categorias sobre a temtica: Mindfulness aplicado a enfermeiros (as) e Mindfulness
aplicado a estudantes de Enfermagem.
40
Mindfulness aplicado aos enfermeiros (as)
Os trabalhos relatam a aplicao de treinamento de Mindfulness em grupos
de enfermeiros, em diversas locais de atuao, como oncologia, pediatria, terapia
intensiva e sade mental.
Em estudos, foram utilizados pr e ps teste como Malash Iventory Burnout;
Escala de depresso; ansiedade e estresse; Escala de Sade Geral; bem como
anlise qualitativa, buscando aferir a efetividade do treinamento de
Mindfullness79,80,81,82.
Como resultado, os estudos ressaltavam a importncia da resilincia como
estratgia essencial de resposta ao estresse ocupacional do trabalho do enfermeiro,
ajudando o profissional no equilbrio emocional e encontrando ferramentas internas
para enfrentar as adversidades. Vale ressaltar a citao em vrios trabalhos da alta
rotatividade e escassez desse profissional em diversos pases, sendo estes mais um
ponto de estresse para os profissionais de Enfermagem, alm de causar elevado
custo para as instituies de sade 79,80,81,82,83,84.
Um recente estudo, utilizado como teste piloto, nos Estados Unidos e Israel,
em grupo de profissionais de sade, composto em sua maioria de enfermeiros,
apresentou ndice de aproximadamente 100% dos profissionais com sinais de
Burnout. Aps o treinamento, no foi observado melhoria significativa dos nveis de
Burnout, ou escala de depresso, porm revelou diminuio do estresse, sensao
de paz interior, compaixo, alegria, conscincia de si prprio e diminuio dos
sintomas somticos associados ao estresse79.
Outra investigao com um grupo de 28 enfermeiras com idade entre 45 e 66
anos no Hospital da Universidade de Novo Mxico, associou o treinamento de
Mindfulness, exerccio de respirao profunda, anlise de nveis de cortisol no
sangue, e questionrio de avaliao de nvel de Distrbio de Estresse Ps-
Traumtico (Pos-traumatic stress disorder-PTSD). O nvel de cortisol sanguneo foi
medido nas 4a, 8a e 16a semanas durante o treinamento, sendo constatado que o
nvel de cortisol se normalizou e os nveis de PTSD foram reduzidos aps oito
semanas de treinamento 83. Dessa forma, ampliando perspectivas para a
necessidade eminente de enfrentamento causa do pela ocupao profissional.
41
Mindfulness aplicado aos estudantes de Enfermagem
Para os estudos que envolveram os estudantes de Enfermagem, h o relato
de experincias de treinamento em Mindfulness 85,86, no qual foram aplicados pr e
ps testes, utilizando o Self rating anxiety scale, Self rating depression, com o intuito
de verificar a efetividade do treinamento, e apontando resultados para reduo dos
nveis de depresso, ansiedade e estresse, bem como melhor qualidade de sono 85,86.
Um estudo chins associou testes para verificao de nveis de ansiedade e
depresso, avaliao do funcionamento do sistema nervoso autnomo atravs da
medida de presso arterial sistlica, antes e aps o treinamento em Mindfulness. O
grupo que passou pelo treinamento apresentou grande melhora nos ndices de
ansiedade e de estresse, alm de diminuio em mdia de 2,2 mmHg na presso
arterial sistlica, sendo observado que os participantes que obtiveram mximo
benefcio com o treinamento, eram aqueles que possuam nvel mdio de ansiedade 85.
Mindfulness um treinamento de ateno, no qual possvel, segundo os
estudos, se aprimorar as capacidades mentais como: manter o foco; capacidade de
meta-cognio; inteligncia emocional; capacidade de auto-regularo e bem-estar
fsico e emocional. H tambm atributos associados: um processo transformador,
no qual, a pessoa desenvolve uma habilidade aumentada de experincia de estar
presente com aceitao e ateno; um conceito significativo para a disciplina de
Enfermagem, com aplicao prtica para o bem-estar do enfermeiro no
desenvolvimento e sustentao das qualidades da Enfermagem e promoo da
sade holstica. Pois o bem-estar do profissional de Enfermagem importante e
deve ser foco de pesquisas e educao tanto na graduao quanto exerccio de sua
funo.
Demonstra ser uma interveno de baixo custo, eficiente e em pouco tempo
consegue controlar os sintomas do Burnout e melhorar o bem-estar. Contudo, mais
estudos so necessrios para confirmar seus efeitos no contexto complexo da interao
entre estresse profissional, cuidado ao paciente, satisfao profissional, custos
administrativos e estudantes em formao, vislumbrando programas de suporte aos
envolvidos com a Enfermagem, melhorando sua qualidade de vida e o cuidado ao
paciente.
42
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE ESTUDO
A trajetria metodolgica escolhida, com vistas ao alcance dos objetivos
traados por esta investigao cientfica, foi o estudo descritivo, com abordagem
quantitativa. A pesquisa descritiva correlaciona os fatos, as variveis; observa,
registra e analisa sem manipulaes, descrevendo as caractersticas existentes em
uma comunidade, formulando claramente os problemas apresentados87. O objetivo
principal explicar, ao invs de simplesmente descrever, uma situao a qual se
isola os efeitos de variveis especficas e o entendimento dos mecanismos de
ao87. Visa tambm implementar investigaes empricas, com o objetivo de
formular questes ou problemas, no intuito de desenvolver hipteses, aumentar
familiaridade do pesquisador com o ambiente, fato ou fenmeno, para realizao de
pesquisa futura ou entender conceitos88. Em relao ao tipo de comparao utilizado
para esclarecer os processos, o intersujeitos foi o mais apropriado, pois sero
incorporadas comparaes para interpretao dos resultados 88.
As pesquisas com abordagens quantitativas usam o raciocnio dedutivo para
gerar predies, movimentando-se de modo sistemtico, ou seja, segundo uma srie
de passos em concordncia com o plano de pesquisa pr-estabelecido. Renem
evidncias empricas, que tm razes na realidade objetiva57.
Portanto, esta pesquisa constitui-se de um estudo descritivo-exploratrio, com
abordagem quantitativa, no Hospital Universitrio Antnio Pedro (HUAP) da
Universidade Federal Fluminense (UFF).
3.2 CAMPO DE PESQUISA
A formulao de dados empricos teve como cenrio o Hospital Universitrio
Antnio Pedro (HUAP), situado na cidade de Niteri Regio Metropolitana do Rio
de Janeiro. Atualmente, o HUAP a maior e mais complexa unidade de sade da
grande Niteri e, portanto, considerado, na hierarquia do SUS, como hospital de
nvel tercirio e quaternrio, isto , unidade de sade de alta complexidade de
atendimento. Atende a populao da Regio Metropolitana II, que engloba, alm de
43
Niteri, as cidades de Itabora, Maric, Rio Bonito, So Gonalo, Silva Jardim e
Tangu. Sua rea de abrangncia atinge uma populao estimada em mais de dois
milhes de habitantes e, pela proximidade com a cidade do Rio de Janeiro, atende
tambm parte da populao desse municpio.
Como participantes da pesquisa, foi solicitado a colaborao dos
componentes da equipe de Enfermagem, compreendidos entre enfermeiros,
tcnicos e auxiliares de Enfermagem, que aceitaram participar e no se
encontravam de licena mdica, frias ou afastados por qualquer outro motivo por
ocasio da realizao da pesquisa. A equipe de Enfermagem, no perodo da
pesquisa, no Hospital Universitrio, era composta de 749 trabalhadores de
Enfermagem, distribudos nas categorias da seguinte forma: 184 enfermeiros, 342
tcnicos de Enfermagem e 205 auxiliares de Enfermagem.
3.3 DETERMINAO DO TAMANHO AMOSTRAL
A populao deste estudo foi determinada a partir de todos os profissionais de
Enfermagem que trabalham no HUAP. Registros da instituio mostram que, no ano
de 2016, o hospital tinha 307 profissionais aptos para a pesquisa, entendidos como
os que prestam assistncia direta ao paciente internado nas unidades crticas e
enfermarias de internao para tratamento clnico ou cirrgico, sendo excludos os
setores de diagnsticos e ambulatoriais, diretoria, gerncias, superviso e diversas
comisses hospitalares. Assim, a populao de interesse teve tamanho estimado
de 307 casos.
Para consecuo dos resultados de interesse e pela impossibilidade envolver
toda a populao na pesquisa, foi determinada uma amostra aleatria da populao
definida anteriormente. Considerando-se uma seleo por amostragem aleatria
simples e margem de erro global resultante de no mximo 5% na estimao de
frequncias relativas para a classificao do escore Hardiness, o tamanho total da
amostra ( n ), corrigido pelo tamanho da populao , foi determinado por:
2
2
2
2
1Nd
pqzd
pqz
n
44
Aqui, z refere-se ao valor da varivel aleatria com distribuio normal padro
para o qual o valor da funo de distribuio acumulada igual a 2/)1( ( nvel
de confiana). Sendo assim, o valor de z est intimamente ligado ao intervalo de
confiana desejado para as propores de interesse. No presente caso, foi usado
um intervalo de confiana de 95%, cujo valor correspondente a esta rea na curva
normal de 1,96; p a estimativa preliminar da proporo de interesse e pq 1 .
Devido insuficincia preliminar de estimativa para as propores desejadas, o
produto pq foi substitudo pelo seu valor mximo: 0,25 e d refere-se a margem de
erro (no caso, 0,05)89. Assim, o tamanho mnimo da amostra de estudo determinado
para este trabalho foi de 171 profissionais. Com este tamanho amostral e
populacional, a presente pesquisa est sujeita a erros mximos de 5% nas
propores estimadas, ao nvel de 95% de confiana. A determinao dos
profissionais que compuseram a amostra foi feita de forma aleatria simples.
3.4 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
3.4.1 Instrumentos de Abordagem
Aps ajustes no estudo piloto, os questionrios foram apresentados aos
profissionais, bem como a finalidade da pesquisa, sendo observado que o
profissional se sentia interessado em participar, relatando vrias dificuldades de sua
atividade diria e a carncia de ateno para suas necessidades. Alguns
profissionais preferiram responder durante o planto, no horrio de menor carga de
trabalho. Enquanto, os lotados nas unidades de terapia intensiva e emergncia
optaram, em sua grande maioria, em preencher os questionrios em horrio mais
livre ou mesmo em sua residncia.
Para coleta de dados, foram utilizados dois instrumentos. O primeiro, um
questionrio para Caracterizao da Amostra (Apndice 4), elaborado para este
estudo e composto de 13 perguntas estruturadas de mltipla escolha ou de
complemento, com abrangncia de diferentes esferas da vida do participante como:
sexo, idade, estado civil, nmero de dependentes, tempo de exerccio profissional,
cargo, rea de atuao, turno de trabalho, tempo de trabalho na instituio, situao
contratual, nmero de empregos, horas de sono, e frias anuais.
45
E o segundo instrumento utilizado foi a Escala de Hardiness (Anexo 1),
originalmente elaborada por Maddi, Bartone e Pucetti (1989)11 dos Estados Unidos
da Amrica, adaptada culturalmente por Patrcia Serrano, em 2009, para o idioma
portugus, com enfermeiros que atuam em sade pblica, e obtendo a consistncia
interna atravs do Alfa de Cronbach de 0,741.
Trata-se de uma escala tipo Likert, com escores que variam de 0 (nada
verdadeiro) a 3 (totalmente verdadeiro), com 30 itens divididos em trs domnios:
compromisso, controle e desafio, com o objetivo medir o quanto de Hardiness o
indivduo tem e qual dos domnios ele apresenta maior desempenho. Cada domnio
possui 10 itens, sendo 5 em cada um deles invertidos, como apresentado no quadro
abaixo:
Quadro 2 Domnios da Escala de Hardiness e itens correspondentes
DOMNIOS ITENS
Compromisso 1, 6, 7, 11, 16, 17, 22, 27,28 e 30
Controle 2, 3, 8, 9, 12, 15, 18, 20, 25 e 29
Desafio 4, 5, 10, 13, 14, 19, 21, 23, 24 e 26
Adaptado de Serrano, P.M. Adaptao Cultural da Hardiness Scale (HS). Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo.2009
O resultado desta escala obtido atravs da soma dos itens, tendo os
escores dos itens 3, 4, 5, 6, 8, 13, 16, 18, 19, 20, 22, 23, 25, 28 e 30 invertidos para
ento ser somados, permitindo o resultado por domnio e pela composio total da
escala, classificando a presena das atitudes hardy em Baixo (0-30), Mdia (31-
60) e Alto (61-90). Cada domnio possui 10 itens, sendo 5 em cada um deles
invertidos.
3.4.2 Coleta de Dados
A coleta de dados do estudo piloto deu-se em maro de 2016, enquanto da
investigao, foi realizada de abril a outubro de 2016 pela pesquisadora, com
durao mdia de 30 minutos por profissional, nos trs turnos de trabalho (planto
diurno, planto noturno, diarista) do Hospital Universitrio Antnio Pedro. Os setores
foram escolhidos de maneira aleatria a saber: Clnica Mdica, Clnica Cirrgica,
46
Centro de Terapia Intensiva (CTI), Emergncia, Ambulatrio, Unidade Coronariana
(UCO), Hematologia, Centro Cirrgico, Central de Material, Pediatria, Maternidade,
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