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IBIMM - Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente
Relatório de Estágio Voluntário
Gabriela Coleta Ferreira
Peruíbe – Janeiro/2018
Sumário
Introdução........................................................................................................ 3
Objetivo .............................................................................................................3
Roteiro .............................................................................................................. 3
Atividades .........................................................................................................6
Animais .............................................................................................................8
Recintos ...........................................................................................................14
Enriquecimento Ambiental ............................................................................17
Alimentação ....................................................................................................23
Monitoramento ................................................................................................24
Osteomontagem ..............................................................................................28
Conclusão ........................................................................................................31
Referências ......................................................................................................31
1. Introdução
O Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (IBIMM), localizado em
Guaraú-Peruíbe, é uma organização não governamental sem fins lucrativos
que conta com uma área de 58.000 m2 de Mata Atlântica, onde se desenvolve
projetos e pesquisas relacionados à área de conservação e preservação de
animais ameaçados, além de atividades de educação ambiental, que
promovem a conscientização da população e disseminação de informações
necessárias para um convívio harmônico e, consequentemente, a manutenção
da homeostasia entre as espécies.
Atualmente, existem três projetos que são desenvolvidos, sendo eles: SOS
Tartarugas Marinhas, SOS Tubarões e SOS Educação Ambiental. Durante todo
o ano, também são realizados cursos para graduandos, professores e
população interessada, expandindo nossos conceitos e conhecimentos, visto
que dentro da universidade ainda não temos uma grande variedade de
conteúdo sobre os animais selvagens.
Além disso, no instituto encontram-se diversos animais, que chegaram devido a
doações, que recebem diariamente o tratamento necessário para que
mantenham uma vida saudável. E é com eles que nós estagiários passamos a
maior parte do tempo, não apenas cuidando da alimentação e limpeza, mas
também desenvolvendo atividades para que esses animais, silvestres, possam
ter o bem estar esperado.
2. Objetivo
O objetivo do estágio foi aprimorar e aprofundar meus conhecimentos na área
de conservação de animais silvestres. Porém, no decorrer dos dias no IBIMM,
fui descobrindo novas metas e vontades, enquanto convivia com todos animais
do local. Pude aprender sobre osteomontagem, trilhas e aves e mamíferos, não
apenas os marinhos.
3. Roteiro
07:30-12:00 13:00-17:00 17:00-19:00
20/01/2018 Educação
ambiental na
Praia do Guaraú
Acompanhamento e
assistência no 16º
Curso de Extensão
Universitária
Alimentação das
corujas
21/01/2018 Tratamento dos
animais
Acompanhamento e
assistência no 16º
Curso de Extensão
Universitária;
Alimentação das
serpentes, teiú e
Monitoramento da
Praia do Guaraú
pogônia com os
ratinhos;
Confecção de
brinquedos para os
quatis.
22/01/2018 Tratamento dos
animais
Confecção de
brinquedos para as
araras;
Introdução das
garrafas pet com
ração para os quatis
Monitoramento da
Praia do Guaraú
23/01/2018 Tratamento dos
animais
Análise e atualização
das Fichas de
Identificação dos
animas
Pesagem de todos os
jabutis do recinto
Alimentação e
pesagem das corujas
24/01/2018 Tratamento dos
animais
Pesagem das araras
para a Ficha de
Identificação
Brinquedos para os
quatis;
Alimentação das
corujas
25/01/2018 Tratamento dos
animais
Recepção da família e
escoteiros e
apresentação do
IBIMM
Digitalização e
formatação da Ficha
de Identificação dos
animais;
Alimentação das
corujas;
26/01/2018 Monitoramento
das 5 praias
Monitoramento das 5
praias
Monitoramento das 5
praias
27/01/2018 Tratamento dos
animais
Análise dos Achados
durante o
monitoramento do dia
anterior;
Análise e atualização
das Fichas de
Identificação dos
Alimentação das
corujas;
animas
28/01/2018 Tratamento dos
animais
Limpeza do museu Monitoramento da
Praia do Guaraú
29/01/2018 Tratamento dos
animais
Limpeza da geladeira;
Análise de osso do
encontrado durante
monitoramento
(manúbrio de
golfinho)
Alimentação das
corujas;
30/01/2018 Tratamento dos
animais
Limpeza do museu;
Limpeza dos ratinhos
do laboratório;
Limpeza do banheiro;
Verificação da
vacinação e
vermifugação dos
cachorros do IBIMM;
Introdução das
garrafas pet com
ração para os quatis
Montagem da pasta
com a Ficha de
Identificação dos
animais;
Preparação dos
alimentos do dia
seguinte dos quatis e
jabutis;
Monitoramento da
Praia do Guaraú às
20h30
31/01/2018 Tratamento dos
animais
Osteomontagem com
ossos de tartaruga
encontrados durante
monitoramento;
Alimentação das
corujas;
01/01/2018 Tratamento dos
animais
Osteomontagem com
ossos de tartaruga
encontrados durante
monitoramento;
Monitoramento da
Praia do Guaraú
02/01/2018 Tratamento dos
animais
Osteomontagem com
ossos de tartaruga
encontrados durante
monitoramento;
Alimentação das
corujas;
03/01/2018 Tratamento dos
animais
- -
4. Atividades
As atividades do IBIMM dividiram-se em 4 vertentes: o tratamento dos animais,
em que nós cuidávamos de suas alimentações e limpeza do recinto, o apoio
nos cursos e trilhas, onde organizávamos a sala e os materiais para os alunos
que participavam dos cursos oferecidos pelo instituto e o apresentávamos para
visitantes e escoteiros, o monitoramento das praias, em que podíamos fazer
um levantamento dos animais que estavam no local e o que havia acontecido
com eles, por meio da análise dos ossos encontrados, pegadas e rastros, e o
estudo da literatura e teoria sobre os animais marinhos e sua anatomia, quando
procurávamos explicação para tudo aquilo que havíamos achado na prática e
realizávamos limpeza da carcaça e osteomontagem, com ajuda de livros e dos
professores.
Limpeza dos potes dos animais
Apoio e acompanhamento dos cursos
Monitor
amento de praias
4.1. Dos animais
No IBIMM são encontradas duas corujas, sendo que uma é fêmea (Fani) o
outro é macho(Thor), assim como as duas araras, Lara e Dara, os dois cães,
Amora e Aquira e a mini pig recém chegada. Dois quatis, Kiwi e Puff e uma
calopsita, Flor. No museu, tem-se a jiboia, os teiú, o pogônia, o hedgehog, a
tarântula, a barata e os camundongos.
Arara
Minipig
Calopsita
Quati
Coruja
Jabuti
4.1.2 Ficha de Identificação
Uma das principais funções é cuidar e avaliar esses animais, por isso a ficha
de identificação, feita anteriormente por outros estagiários, foi atualizada, pois
ainda não havia todos os jabutis nela e nem o Thor e a Fani. Segue o modelo
que fizemos para todos os animais:
FICHA DE ACOMPANHAMENTO VETERINÁRIO BIOLÓGICO
JABUTI B
Nome popular: Jabuti-piranga;
Sexo: macho;
Idade: cerca de 50 anos
Espécie: Chelonoides carbonária;
Sem microship;
DATA Janeiro/2018 Observações Recomendações
Estado geral Bom
Comportamento Ok Ausência de
estereotipias
Pele Ok Boa elasticidade
e hidratação
Olhos
Agosto/2017:
Secreção
espumosa clara
Janeiro/2018:
Ok
Janeiro/2018:
Ausência da
secreção
observada
anteriormente;
Agosto/2017: Manter em observação
Janeiro/2018:
-
Narinas Ok
Cavidade bucal -
Bico córneo Ausência de
crescimento
excessivo
Aprumos e unhas Ok
Descamação NDN (Nada
digno de nota)
Carapaça Bom
Plastrão Bom
Ectoparasitos Ausentes
Peso 4,5kg
Para que a ficha fosse completada e atualizada, foi necessário que
avaliássemos os animais um a um, verificando suas funções vitais, peso e se
apresentavam alguma anomalia que indicasse alguma enfermidade ou
problema genético.
Pesagem das araras
Pesagem dos jabutis
Análise de aprumos e unhas dos jabutis
Teste de reflexo nos olhos
Auscultação de quati
4.2. Dos recintos
No instituto, cada grupo de animais aloja-se em um recinto apropriado para a
espécie em questão. A ambientação do recinto é de extrema importância para
o bem-estar desses animais. Visto que são animais selvagens, é de suma
importância mimetizar seu ambiente em vida livre. Se for um animal que vive
na mata, por exemplo, é primordial que haja, por exemplo, galhos, cordas e
obstáculos fazendo com que ele corra, pule e cave. Já para aves, é importante
que tenha poleiros também. Isso permite que eles apresentem seus
comportamentos naturais e se exercitem, o que diminuirá, assim, o stress da
vida em cativeiro.
Recinto dos jabutis
Recinto dos quatis
Recinto das araras
Recinto das corujas
Recinto da calopsita
4.3. Do Enriquecimento Ambiental
Quando um animal de vida livre é mantido em cativeiro, é primordial que se crie
um ambiente que proporcione seu bem estar, visando que ele não desencadeie
nenhum problema fisiológico, psicológico ou comportamental, ou seja, é
importante que ele cresça saudável, com conforto e num ambiente em que
possa apresentar seu comportamento natural. Para isso, utilizamos o
enriquecimento ambiental, que é a criação de um ambiente mais complexo e
dinâmico, proporcionando desafios físicos e mentais e inserindo estímulos no
ambiente do animal.
Para isso, montamos brinquedos que visavam principalmente dificultar a
obtenção dos alimentos fornecidos a eles, chamado de enriquecimento
alimentar.
Passo a passo:
1. Separar os matérias necessários para montar o brinquedo: corda,
garrafa pet e tesoura.
2. Cortar a garrafa pet em filetes com a tesoura.
3. Separar 3 filetes.
4. Encaixá-los de forma a ficarem espaços entre eles que os animais
possam pegar (com o bico ou pata).
5. Para os quatis, colocar frutas dentro.
6. E colocar no recinto.
7. Para as aves, fazer um furo em todas os filetes de garrafa pet e passar
uma corda, dando um nó.
8. Colocar frutas e prender no recinto.
Além disso, mantivemos o brinquedo desenvolvido pelas estagiárias anteriores
para os quatis.
Quatis com as garrafas pet com ração
Há também o chamado Enriquecimento Social, que é uma técnica utilizada no
instituto, que permite que haja uma interação intraespecífica (por exemplo,
entre as araras e entre os quatis).
Interação entre indivíduos da mesma espécie
4.4. Da alimentação
O preparo da alimentação dos animais era realizado na noite anterior, quando
selecionávamos e cortávamos aquilo que os animais iriam comer no dia
seguinte, balanceando a necessidade calórica e de nutrientes diária com o que
havia no Instituto.
Animal Alimentação Horário
Amora e Akira Ração 7h30 e 17h
Dara e Lara
Ração, sementes, frutas, e, ao longo
do dia, são fornecidos petiscos
(pinhão, amendoim, batata doce)
7h30
Thor e Fani Rato, carne, frango ou codorna.
*Um por dia, intercalando.
19h
Flor 7h30
Kiwi e Puff
Frutas (laranja, maça, pera, mamão),
batata doce assada, ovo cozido,
baratas.
*Ração de cachorro é colocada
durante à tarde dentro de um
brinquedo para enriquecimento
ambiental
7h30
*
Jabutis Verduras (repolho), legumes (batata
doce), frutas (laranja, maça, pera,
mamão, casca de manga e de
abacaxi) e um pouco de ração
7h30
Jiboia Rato Quinzenalmente
Tarântula Baratinhas Semanalmente
Camundongos Mistura de ração 6h30
Alimentaçã
o dos jabutis
Alimentaç
ão das Araras
4.5. Do monitoramento
O encalhe ocorre quando o animal, podendo estr vivo ou morto, vem à faixa de
areia da praia, rochas ou recifes de corais e não apresenta condições de voltar
ao seu local de origem. Para identificá-lo e entender o porquê de sua
ocorrência, é feito o monitoramento das praias.
Durante o estágio, foram realizados dois monitoramentos: o da praia do Guaraú
e a trilha de 18km, que abrange 5 praias.
4.5.1 Praia do Guaraú
O monitoramento na praia do Guaraú é realizado todos os dias, intercalando os
estagiários em duplas, assim cada estagiária ia, pelo menos, um dia sim, um
dia não.
Para um monitoramento mais completo, era importante que um estagiária
ficasse mais próximo a orla, enquanto o outro no início da areia. Assim, era
possível encontrar animais que tinham encalhado recentemente e aqueles que
já estavam há um tempo lá.
No Guaraú, encontramos bastantes carcaça de uma cabeça de bagre, de siris
e carangueijos. No último dia, foi encontrado ossos do plastrão, úmero,
escápula e crânio de tartaruga. Ao fazermos uma análise do encontrado com
os livros, vimos que era ossos referentes a Chelonia mydas.
Carcaça de bagre encontrado no monitoramento
Ossos do plastrão
Parte do crânio e ranfoteca de tartaruga
Identificação da espécie da tartaruga encontrada
Além disso, o que mais encontramos durante toda a extensão da praia foi lixo,
como plásticos, papel, latinhas, tampinhas de metal e sacolas.
Durante esses dias de monitoramento, um pescador local relatou para mim que
nessa temporada havia percebido que, ao se aproximarem com os barquinhos,
as tartarugas não “se escondiam” mais, elas apenas viam os barcos e
afundavam e logo levantavam a cabeça novamente. Ele queria então saber se
a tartaruga tem uma “bexiga natatória” assim como os peixes e porque aquilo
estava ocorrendo. A Luana e a Isabel explicaram que no verão muita gente
alimenta as tartarugas e isso faz com que elas vejam os pescadores e turistas
e não se escondam e sim esperem por comida, o que é bastante prejudicial
pois elas podem se machucar.
4.5.2 Praias 18km
O outro monitoramento realizado foi o de 18km em que passamos pelas praias:
Guarauzinho, Arpoador, Parnapuã, Brava e Juquiazinho.
Os principais achados foram:
Na praia do Guarauzinho, encontrada uma tartaruga chelonia mydas. Na praia
Parnapuã, foi encontrado casco de tartaruga Caretta caretta. Infelizmente,
todas essas praias, embora muito mais desertas, não escaparam de todo lixo
que os seres humanos jogam, sendo encontrado, em toda a extensão da areia,
muito resíduo.
Monitoramento na praia do Arpoador
4.6 Osteologia e Osteomontagem
Com o material coletado durante o monitoramento, era possível estudar os
ossos que era encontrados durante o dia. Assim, podíamos fazer a
identificação de qual osso era e a qual animal pertencia.
No monitoramento realizado na trilha de 18km, encontramos um osso que de
início não havíamos identificado. Por isso, fomos ao museu para tentar
identificar de qual animal aquele osso poderia ser. Após a análise, concluímos
que era um manúbrio de golfinho.
Manúbrio
O manúbrio constitui a parte superior do osso esterno e se une ao corpo deste
no chamado ângulo infraesternal.
Também foram achados ossos de tartarugas e, com eles, pudemos realizar a
osteomontagem. A espécie utilizada no estágio foi a Chelonia mydas e a
montagem de seu esqueleto foi baseada no livro The Anatomy of Sea Turtles,
Jeanette Wyneken.
Identificação dos ossos
Identificação
Montagem e colagem
Resultado da osteomontagem
Resultado da osteomontagem
5. Conclusão
Durante os dias de estágios, foi possível ter um amplo contato com os animais
e fazer parte da rotina do instituto e expandir os conhecimentos na área de
animais marinhos, através das atividades realizadas e do estudo dos livros
para a realização de técnicas como a osteomontagem. Participar da
organização dos cursos e limpeza do museu também fez com que eu pudesse
entender o funcionamento por trás de um curso completo, além de lidar e
conhecer pessoas de diversas áreas e com múltiplos interesses, ampliando
não apenas meu conhecimento profissional, mas também o pessoal.
7. Referências
Silva, A. T; Macêdo, M. E. A IMPORTÂNCIA DO ENRIQUECIMENTO
AMBIENTAL PARA O BEM ESTAR DOS ANIMAIS EM ZOOLÓGICOS.
NASCIMENTO, L. R., SANTOS, M. S., ALMEIDA, L. A.,MATTOS, J. F. A.,
SALGADO, A. P. B. IMPORTÂNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL
PARA O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS NO ZOOLÓGICO VALE DOS BICHOS –
THERMAS DO VALE.
WYNEKEN, J. The anatomy of sea turtles. Jacksonville: NOAA Technical Memorandum MNFS-SEFSC, 2001.
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