Resumo Historia 3 Periodo

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Resumo Historia 3 Periodo

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De Portugal às ilhas atlânticas e ao cabo da Boa Esperança

O caminho do mar

No início do séc. XV, a Europa vivia isolada do resto do mundo. Apenas se conhecia, além da Europa, a Ásia e o norte de África.

Nesta altura, Portugal era um reino pobre, devido à escassez de cereais, à falta de ouro, necessário para as trocas comerciais e à falta de mão de obra. No entanto, encontrava-se num período de paz e sentiu a necessidade de alargar os seus territórios. Os portugueses não podiam alargar as suas fronteiras para território castelhano, de forma a evitar entrar em guerra com Castela, por isso decidiram encontrar novos territórios pelo mar.

Portugal tinha boas condições para levar a cabo os Descobrimentos. Como estava situado na Península Ibérica e no extremo ocidental da Europa, estava mais perto das terras a descobrir. Por outro lado, tinha uma grande experiência dos mares em resultado da pesca e do comércio que fazia com outras regiões da Europa. Haviam ainda outras razões: o desejo de expandir a fé cristã, o desejo de se apoderarem do ouro da Guiné e a procura das especiarias orientais.

A procura de novas terras interessou todos os grupos sociais: a burguesia procurava novos produtos e regiões para fazer negócios a nobreza queria novos cargos e terras o clero pretendia espalhar a fé cristã e converter novos povos ao cristianismo o povo desejava melhores condições de vida

 

Início da expansão portuguesa

Em 1415, Portugal conquistou Ceuta, no norte de África, com o desejo de dominar o comércio das rotas do ouro, dos cereais e das especiarias do mar Mediterrâneo. Ceuta era uma cidade importante que controlava o estreito de Gibraltar. Contudo, os mouros, ao perderem Ceuta, desviaram as rotas do ouro e das especiarias para outras cidades.Para obterem as riquezas que tanto ambicionavam os portugueses tinham então que descobrir a origem dos produtos que os mouros comerciavam mas, para isso, tinham que ir para terras desconhecidas.

Mercadores e aventureiros tinham criado várias lendas sobre o mundo desconhecido. Pensava-se que os navios que navegassem para sul ao longo da costa africana seriam atacados por monstros marinhos e que o calor era tanto que os homens brancos se tornavam negros. Imaginava-se também que nas terras desconhecidas existiam seres maravilhosos e fantásticos: animais estranhos e homens sem cabeça, só com uma perna e só com um olho.

Os portugueses, aventureiros e corajosos, decidiram enfrentar os medos sobre o mundo desconhecido e navegaram para sul ao longo da costa africana para áreas totalmente desconhecidas pelos europeus. O infante D. Henrique foi quem planeou e organizou estas viagens e foi ele o responsável pelos Descobrimentos até à chegada a Serra Leoa, em 1460. 

Acontecimentos mais importantes na época de D. Henrique:

1415 – Conquista de Ceuta  – D. João I com os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique1419 – Redescoberta do arquipélago da Madeira  – João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira1427 – Descoberta do arquipélago dos Açores  – Diogo de Silves1434 – Passagem do cabo Bojador  – Gil Eanes1460 – Chegada a Serra Leoa  – Pedro de Sintra1460 – Morte do infante D. Henrique

A expansão terrestre e marítima

O rei D. Afonso V interessou-se, sobretudo, pela conquista de praças (cidades fortificadas) no norte de África. Em contrapartida, o seu filho D. João II dedicou-se à expansão marítima.

D. Afonso V conquistou Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger. Contudo porque estava pouco interessado nas descobertas marítimas, entregou a exploração da costa de África a Fernão Gomes um rico-homem de negócios de Lisboa.

Depois da morte do infante D. Henrique, D. Afonso V encarregou ao burguês Fernão Gomes de continuar as descobertas na costa africana. Em troca, tinha o direito de comerciar nas terras descobertas por ele. 

Acontecimentos mais importantes na época de Fernão Gomes:

1471 – descoberta das ilhas de S. Tomé e Príncipe1474 – chegada ao cabo de Santa Catarina 

Em 1474, o infante D. João passa a dirigir os descobrimentos porque as terras descobertas tinham muitas riquezas como o ouro, marfim e escravos. Em 1488 subiu ao trono e ordenou que nas terras descobertas se colocassem padrões (um pilar de pedra gravado com uma cruz, as armas reais e a data de implantação). Mandou também afundar os navios de outros reinos que se encontrassem a sul das ilhas Canárias. Foi na sua época que se descobriu o limite a sul do continente africano e a passagem para o oceano Índico. 

Acontecimentos mais importantes na época de D. João II:

1482 – Chegada à foz do rio Zaire – Diogo Cão1488 – Passagem do cabo da Boa Esperança  – Bartolomeu Dias 

 

Tratado de Tordesilhas

O grande desejo de D. João II era chegar à Índia por mar por causa do comércio das especiarias. No entanto, também Castela tinha o mesmo desejo. Em 1492, Cristóvão Colombo, ao serviço de Castela, chega à América quando procurava chegar à Índia navegando para oeste. Esta descoberta criou um conflito entre Portugal e Castela porque segundo o Tratado de Alcáçovas, assinado em 1480, as terras a sul das ilhas Canárias pertenciam a Portugal. Sendo assim, as terras descobertas por Cristóvão Colombo deveriam pertencer a Portugal.Para resolver este conflito foi necessária a intervenção do papa que levou os dois monarcas dos dois reinos a assinar um novo acordo – o Tratado de Tordesilhas. Segundo este tratado o mundo ficava dividido em duas partes por um meridiano a passar a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde. As terras que fossem descobertas a oriente pertenceriam aos portugueses e a ocidente seriam para Castela.

Técnicas de navegação

A navegação em alto mar, sem a costa à vista, obrigou a utilizar aparelhos de orientação. Quando navegavam no mar alto orientavam-se pelos astros (estrela polar e sol), utilizando para isso o quadrante, o astrolábio e a balestilha. Usavam também a bússola (indica o norte).Os primeiros barcos utilizados foram as barcas e os barinéis. A partir da passagem do cabo Bojador passou a usar-se um novo tipo de barco – a caravela.A caravela era um navio inovador pois possuía velas triangulares que permitiam bolinar, ou seja, navegar com ventos contrários.Após a passagem do cabo da Boa Esperança (em 1488) passou a utilizar-se um novo tipo de barco – a nau. Este barco tinha velas redondas e triangulares e uma maior capacidade carga. Possuía, em geral, três mastros, castelos à popa e à proa e peças de artilharia.Começaram a ser desenhadas as cartas náuticas com as novas terras descobertas e com informações sobre os ventos para facilitar as viagens futuras.

Sendo assim, as viagens marítimas feitas pelos portugueses contribuíram para o desenvolvimento das técnicas de navegação, da cartografia, da astronomia e da matemática. 

 

Chegada à Índia e ao Brasil

D. João II acabou por não ver o seu sonho realizado. Após a sua morte, sucedeu-lhe o seu primo D. Manuel I que decidiu continuar os descobrimentos. Em 1497 nomeou Vasco da Gama capitão-mor de uma armada constituída por três naus mais uma embarcação com mantimentos. O objetivo desta armada era chegar à Índia por mar. A viagem durou um ano e em maio de 1498 os portugueses chegam a Calecut.Quando Vasco da Gama chega à Índia, os portugueses foram no início bem recebidos. No entanto, começaram a sentir algumas hostilidades e para garantir o domínio português partiu de Portugal uma armada em Março de 1500. Esta nova armada, chefiada por Pedro Álvares Cabral, ao dirigir-se para a Índia para afirmar o domínio de Portugal, descobriu o Brasil.

O Império português no século XVI

No fim do século XVI, Portugal tinha um império de grande extensão. Possuía territórios na África, Ásia e na América mais as ilhas atlânticas. 

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores foram bastante importantes porque as embarcações que se dirigiam para África e para a Índia iam-se abastecer de alimentos frescos nestas ilhas.Na Madeira predominavam as árvores, por isso o seu nome. O arquipélago da Madeira é constituído pelas ilhas da Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens.

Nos Açores, encontraram muitas aves de nome açores e outras.

 Relevo

O relevo das ilhas atlânticas é muito montanhoso e de origem vulcânica. É na ilha do Pico que se encontra o pico mais alto de Portugal, com 2351 metros de altitude.

Os cursos de água existentes são pouco extensos por isso têm o nome de ribeiras. Nos Açores são famosas algumas lagoas formadas nas crateras de vulcões extintos.

Clima e vegetação

A Madeira, situada mais a sul e próximo de África, tem um verão quente e seco e um inverno ameno, com precipitações mais elevadas na montanha e vertente norte.

Estava coberta de densas matas onde predominavam os dragoeiros, loureiros, urzes, giestas, zimbro e jasmim.

 Por seu lado, nos Açores não se notam grandes diferenças de temperatura nas diferentes estações do ano. É frequente o nevoeiro e as chuvas são abundantes, sobretudo nos meses de Outubro a Janeiro.

Nas matas predominavam os cedros, loureiros, faias, urzes, giestas e fetos gigantes.

Colonização

Quando os portugueses descobriram a Madeira e os Açores encontravam-se desabitadas. O clima ameno e as terras férteis levaram o infante D.Henrique a realizar de imediato a sua colonização, ou seja, o povoamento e aproveitamento dos seus recursos naturais.As ilhas foram divididas em capitanias, cada uma com um capitão que tinha como função povoá-las e cultivar as suas terras. As pessoas que saíram do continente para as ilhas chamavam-se colonos.O infante  D. Henrique entregou as ilhas da Madeira e Porto Santo a capitães-donatários para as povoarem e desenvolverem. Os capitães-donatários tinham nas suas terras grandes poderes, podiam distribuir terras, receber impostos e aplicar a justiça.

Principais atividades e produtos

Os colonos dedicaram-se sobretudo à agricultura e à criação de gado. Na Madeira introduziram-se as culturas da vinha, cana de açúcar e cereais. Nos Açores o trigo, o gado bovino e as plantas tintureiras foram as principais riquezas. 

Territórios na África

A vida dos povos africanos

Os portugueses avistaram povos de raça negra abaixo do deserto do Sara. Estes povos viviam do aproveitamento dos recursos naturais existentes: caçavam, criavam animais, pescavam, recolhiam frutos, cultivavam o inhame (batata-doce) e faziam o aproveitamento de alguns minerais como o ouro e o cobre que trocavam por outros produtos.

Os povos africanos estavam organizados em reinos que se guerreavam entre si. Normalmente os vencidos eram feitos escravos. Andavam todos nus da cintura para cima e vivam em palhotas. 

Contatos entre portugueses e africanos

Ao longo da costa ocidental e oriental de África, os portugueses fundaram feitorias (posto de comércio criado com autorização da população local ou imposto pela força). Os seus funcionários compravam às populações locais ouro, escravos, marfim e malagueta e em troca, davam-lhes espelhos, argolas de latão, sal, panos e vinho. Entre as feitorias destacaram-se, pela sua importância, as de Arguim e Mina. O clero procurou evangelizar as populações locais. Para isso foram enviados missionários para África que converteram ao Catolicismo, ente outros, o rei do Congo.

 

Territórios da Ásia

Com a descoberta do caminho marítimo para a Índia (em 1498) as especiarias orientais passaram a ser transportadas diretamente para a Europa (sem intermediários).

A expansão portuguesa no oriente ocupou uma área muito extensa, estendia-se desde a África oriental até à Índia, Indonésia, China e Japão.Na Ásia os portugueses conquistaram  Goa, Malaca e Ormuz que eram pontos estratégicos do domínio português no oriente.

Entre Goa e Lisboa foi estabelecida uma rota comercial. Os barcos da “carreira da Índia” transportavam especiarias (pimenta, canela, gengibre, cravo, noz-moscada), porcelanas, sedas e muitos outros produtos. Este comércio rendia a Portugal elevados lucros. 

 

Territórios da América

Inicialmente os portugueses deslocavam-se ao Brasil apenas para trazer o pau-brasil e aves exóticas. Em 1530, iniciou-se a colonização. O rei dividiu as terras em capitanias, tal como nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Os colonos portugueses começaram a cultivar a cana-de-açúcar e a bananeira.Os índios não eram fáceis de escravizar por isso os portugueses levaram para o Brasil muitos escravos africanos.

As capitanias eram muito extensas e os capitães não dispunham de meios suficientes. Por isso, em 1549, D. João III, para administrar o Brasil estabeleceu o Governo-Geral.

Os Jesuítas fundaram povoações e colégios, converteram os índios brasileiros e defenderam-nos da escravatura.

A vida urbana no século XVI – Lisboa quinhentista

 

Importância da cidade de Lisboa no séc. XVI

No séc. XVI Lisboa era uma das cidades mais importantes da Europa devido à chegada de mercadorias oriundas do Oriente, África e Brasil, que depois eram distribuídas pelo centro e norte da Europa. 

Crescimento da cidade

Nos reinados de D. João II e de D. Manuel I Lisboa teve um desenvolvimento tão grande que as suas construções começaram a ocupar espaços fora das muralhas construídas por D. Fernando (Cerca Nova ou Cerca Fernandina).

O rei D. Manuel deixou o Paço de Alcáçova, junto ao Castelo, para ir viver mais junto ao Tejo, no Paço da Ribeira, para melhor vigiar o movimento marítimo.

Produtos que chegavam a Lisboa

- Oriente: especiarias, sedas, porcelanas, pedras preciosas- África: ouro, malagueta, marfim, escravos- Brasil: açúcar, pau-brasil, animais exóticos

Locais importantes da cidade

- Paço da Ribeira: onde se encontravam os aposentos do rei e a Casa da Índia (local abastecido de produtos vindos do Oriente)- Rossio: onde os camponeses vendiam os seus produtos- Rua Nova dos Mercadores: onde havia mercadores de toda a parte do mundo- Ribeira das Naus: onde se construíam navios- Hospital Todos-os-Santos: recebia doentes, pobres e órfãos- Misericórdia: recebia pobres e crianças abandonadas- Feira da Ladra: onde se vendiam produtos usados A coroa tinha o monopólio do comércio com o oriente. A casa da India era o organismo régio que controlava o envio das armadas e todos os negócios respeitantes aos produtos orientais.

Movimento de pessoas

- Emigração: muitas pessoas partiram para as ilhas atlânticas, Brasil e Oriente, à procura de melhores condições de vida.- Imigração: chegaram a Lisboa muitas pessoas vindas de todo o mundo: comerciantes, artesãos, artistas, escravos…- Migração interna: muitos camponeses abandonaram os campos e foram para a cidade à procura de melhores condições de vida. 

Distribuição da riqueza

- Nobreza: recebia riquezas gastava dinheiro em luxos, vestuário e na habitação as famílias mais ricas tinham todas escravos

 - Clero:

foi beneficiado com a construção e adornação de igrejas e mosteiros

 - Grande parte do povo:

vivia em extrema pobreza muitos eram vagabundos, mendigos, miseráveis

 - Corte:

das mais ricas e luxuosas da Europa eram frequentes os banquetes e saraus com músicos, poetas e escritores o rei realizava ainda cortejos para exibir a sua riqueza, onde desfilavam músicos

ricamente vestidos e animais raros

 Cultura

- Literatura Luís de Camões: “Os Lusíadas” Fernão Mendes: “A Peregrinação” Pêro Vaz de Caminha: “Carta do Achamento do Brasil” Damião de Góis e Rui de Pina: crónicas de reis Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e Garcia de Resende

- Matemática Pedro Nunes

- Medicina Garcia de Orta e Amato Lusitano

- Geografia e Astronomia: Duarte Pacheco Pereira

- Zoologia e Botânica: Garcia da Orta

- Arte Arte Manuelina na arquitetura: decoração com elementos alusivos às viagens

marítimas (cordas, redes, conchas, naus, caravelas, esferas armilares) como no Mosteiro dos Jerónimos e Convento de Cristo.

Arte Manuelina na escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica e mobiliário: revelam também influências dos Descobrimentos.